Reunião do Grupo de Trabalho das Minorias Étnicas Data: 2008/05/30 Presenças: Mª Helena Torres e Maria Santos, do Alto Comissariado Para a Imigração e Diálogo Intercultural (ACIDI); José Guerra, Joaquina Montinhos, Inês Rodrigues, do Centro Distrital de Segurança Social de Beja; Ilda Lopes e Sara Serrano do Conselho Local de Acção Social de Beja; Custódia Lopes do Conselho Local de Acção Social de Moura; Maria de Deus Davide da Direcção Regional de Educação do Alentejo; Candeias, da Guarda Nacional Republicana; Anselmo Prudêncio, do Núcleo de Beja da Rede Europeia Anti-Pobreza; Lídia Mestre da Câmara Municipal de Vidigueira; Maria Gertrudes Teles da Sub-região de Saúde de Beja. Resumo da Reunião: A Dra. Mª Inês Rodrigues informou que, foi feita uma avaliação no âmbito do Rendimento Mínimo Garantido em 2002 em relação ás minorias étnicas, pelo que, pode constatar-se que desde 1997 o nº de crianças de etnia cigana a frequentar a escola tem vindo a aumentar. Houve uma melhoria significativa no acesso das crianças ciganas à escola, e actualmente, o grande desafio que se coloca é como fixar estes alunos na escola, no sentido de criar condições de um percurso escolar bem sucedido. Estão identificados alguns problemas, nomeadamente ao nível do abandono escolar, desajuste das expectativas, dificuldade na forma de como lidar com estas crianças e com as suas especificidades culturais/comportamentais/relacionais, e, também o facto das raparigas abandonarem a escola a partir dos 12 anos. Foram ainda referidas algumas estratégias que foram identificadas no âmbito de um encontro realizado em 2004, neste Centro Distrital, com os coordenadores e os representantes da educação das então CLAS do RMG dos concelhos com maior incidência de famílias ciganas, nomeadamente: - Dar continuidade à inserção destas pessoas ao nível dos cursos de formação e alfabetização, como exemplo, foram referidos os cursos EFA B1, B2; - Garantir o sucesso escolar ás crianças nómadas; (Generalizar e potenciar o “Livro de Controlo da Assiduidade do Aluno Nómada” enquanto instrumento de acompanhamento do percurso das aprendizagens) - Identificar boas práticas / medidas que possam ser disseminadas noutros territórios. A Dra. Mª de Deus salientou que a escola é inclusiva e é para todos. Um dos grandes problemas das escolas prende-se com o abandono escolar, sendo que este problema tem elevada expressão nas crianças de etnia cigana. Várias são as causas explicativas deste fenómeno, mas é importante salientar que a idade das raparigas (entre os 12 e 13 anos), bem como a questão do nomadismo, são os factores que mais agravam o abandono escolar precoce. A maior parte dos alunos de etnia cigana conclui a escola com o 1º ciclo, apesar de estar a aumentar o número de alunos a frequentar no 3ºciclo. A grande preocupação do Ministério de Educação é o insucesso e o abandono escolar, pelo que é urgente tornar mais eficiente o acompanhamento da assiduidade no quadro do RSI. Controlo mensal da assiduidade dos alunos de etnia cigana beneficiários de RSI. A técnica da Câmara de Moura informou que, no âmbito do projecto Encontros, em parceria com a ADC Moura tem sido possível fazer algum trabalho em conjunto com estas famílias, nomeadamente ao nível da dinamização de recreios, da sensibilização da própria família cigana para a questão da escola, bem como da dinamização de uma biblioteca de rua. Foi referido que as escolas têm autonomia para apresentar os seus projectos, em termos de percursos curriculares alternativos, para alunos até aos 15 anos com insucesso escolar repetido. Compete à escola ponderar qual a melhor estratégia para manter os alunos na escola, podendo a mesma passar pela criação de turmas só com alunos de etnia cigana, à semelhança das turmas de PIEF. Outra experiência interessante está a decorrer na escola da Ameixoeira, em que existem duas turmas de raparigas de etnia cigana a frequentar o 5ª e o 6º ano, a funcionar num espaço fora da escola, tendo sido possível, desta forma, criar o clima de segurança necessário às exigências familiares e culturais. O factor idade não pode ser um constrangimento ao percurso escolar das raparigas de etnia cigana, desde que as mesmas demonstrem vontade de continuar a estudar é importante negociar alguns aspectos com a família, no sentido de não inviabilizar este processo. Ao nível da Educação existem os cursos de educação extra curricular de alfabetização para adultos, que é outro dos recursos ao nível da alfabetização de adultos, nos quais já se encontram inseridos 50 adultos de RSI. Estas turmas podem sempre ser constituídas desde que exista número de alunos suficiente. A questão da escola nómada tem sido muito discutida, e está a ser trabalhada esta ideia ao nível da Direcção Geral da Educação. O SESIS tem um projecto no âmbito da Rede Social de Beja para dar formação a professores e técnicos. Também o ACIDI faz formação para quem estiver interessado. O GTME recomenda as seguintes medidas: - Considerando que está a ser realizado um estudo de caracterização da população de etnia cigana no distrito de Beja, pela REAPN, é importante incluir os fenómenos do abandono escolar em articulação com os dados da DREA. - É importante reforçar e tornar mais eficientes, no quadro dos Núcleos Locais de Inserção, os mecanismos de monitorização e informação (com periodicidade mensal) sobre a assiduidade escolar das crianças cujas famílias celebraram Acordo de Inserção na área da Educação, a fim de que possa haver uma actuação adequada e atempada no sentido da prevenção do abandono. (Responsáveis: Educação e Segurança Social) - Compilação de intervenções ao nível dos projectos que existem com a etnia cigana. - Os CLAS de Moura, Beja, Serpa assumem a responsabilidade de organizar umas Jornadas, para apresentação das experiências existentes com a população de etnia cigana ao nível da escola, bem como preencher uma grelha de compilação de experiências. - É importante que cada concelho comece a identificar a figura do mediador, através dos técnicos que trabalham no terreno. - Promover, no âmbito dos NLI ou de outras parcerias locais para o Desenvolvimento Social, a organização de cursos de educação formação de adultos que garantam, nos diferentes concelhos e de acordo com as necessidades locais, a continuidade dos percursos de aprendizagem. - Promover o acesso de público cigano aos processos de revalidação e certificação de competências - Estudar, no quadro de uma parceria entre Rede Social e Centro de Formação de Professores, a organização de acções de formação específicas para professores nos domínios da educação intercultural e da cultura cigana. A próxima reunião do GTME, em que o tema é a Empregabilidade e Formação Profissional, ficou agendada para o mês de Setembro/Outubro de 2008, e irá ser convidado a participar o IEFP.