“A FUNÇÃO SAGRADA DE TODA MULHER”: O DISCURSO CATÓLICO SOBRE A MATERNIDADE EM TERESINA NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX Paula Poliana Olimpio de Melo Sousa (Bolsista Voluntária Pibic/ UESPI); Joseanne Zingleara Soares Marinho (Orientadora, Professora Assistente / UESPI) 1 – INTRODUÇÃO/ APRESENTAÇÃO: A pesquisa histórica tem passado, nos últimos anos, por vários questionamentos e mudanças. Uma delas é o despertar de um olhar, antes desavisado, para grupos sociais marginalizados historicamente, como é o caso das mulheres. De fato, diante dos processos de efetivação enfrentados pela História das Mulheres, tanto no mundo quanto nacionalmente, pode-se dizer que, hoje, ela é constituída enquanto campo de estudo no Brasil. Ao entrar em contato com algumas produções do campo da História das Mulheres, foi possível perceber que, a partir do século XIX, um processo de modernização se iniciava e, na segunda metade desse século, a incorporação das idéias modernas apontava para a necessidade de se educar a mulher, pois esta seria indispensável para a educação das futuras gerações. Com isso, o desempenho das mulheres em algumas atividades fora do lar passou a ser intensificado, especialmente naquelas atividades que, na época, eram consideradas atribuições “naturalmente” femininas, dentre elas: professora, enfermeira, datilógrafa, taquígrafa, secretária, telefonista ou operária das indústrias têxtil, de confecções e alimentícia. Nesse período, dava-se o crescimento da vida urbana, a valorização dos espaços urbanos; fatos que levaram as mulheres, que antes tinham uma vida predominantemente doméstica, a frequentar cada vez mais as ruas e suas novas atrações (CASTELO BRANCO, p.39, 2005). Porém, a Igreja Católica passou a combater novos comportamentos e formas de pensar que iam de encontro com o ideal cristão, o qual defendia a manutenção da família por meio da moral feminina, que tinha o papel de unir e preservar o núcleo familiar. Com base nesses aspectos, propõe-se nesse trabalho investigar a condição histórica das mulheres no Piauí na primeira metade do século XX, tomando como base o discurso católico e a importância do seu papel para a afirmação dessa condição. 2 – OBJETIVOS: Pretende-se, com essa pesquisa, analisar o discurso católico sobre a maternidade em Teresina na primeira metade do século XX, buscando responder as seguintes questões: identificar o discurso construído pela instituição católica com relação à mulher no exercício do papel de mãe; detectar os interesses que influenciavam a veiculação desse padrão de conduta tradicional pela Igreja Católica; e situar o discurso católico sobre a maternidade no âmbito das transformações decorrentes do processo de modernização. 3 – MÉTODOS UTILIZADOS: O procedimento metodológico que se tem utilizado é a leitura das bibliografias de fundamentação teórica, o levantamento e a análise da documentação primária em revistas e jornais (fotografias, crônicas, propagandas e artigos) e da documentação oficial da Igreja (encíclicas, ofícios, catecismos). 4 – RESULTADOS OBTIDOS: A pesquisa apresentada ainda se encontra em andamento. Até o momento, tem-se pesquisado no “Arquivo Público Casa Anísio Brito”, onde foi possível encontrar o jornal “O Dominical” de 1948/1949, jornal pretensamente católico, que explicita o discurso católico em relação à mulher. Porém, não foi possível localizar edições anteriores desse jornal. Foram encontrados também no Arquivo Público do Piauí alguns exemplares das revistas da “Academia Brasileira de Letras”, “Voz do Estudante” e “Zodíaco”. Outra instituição visitada foi o Centro Pastoral Paulo VI, mas lá foram encontradas praticamente as mesmas documentações do Arquivo Público. Porém, a visita foi proveitosa, já que se conseguiu sugestões de outras instituições católicas que possam contribuir com fontes primárias para o andamento da pesquisa. 5 – REFERÊNCIAS: BESSE, Susan K. Modernizando a Desigualdade: reestruturação da ideologia de gênero no Brasil: 1914-1940. São Paulo: EDUSP, 1999. p.125. CAPELATO, Maria Helena. O Estado Novo: o que trouxe de novo? In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucília de Almeida Neves (orgs.). O Tempo do Nacional Estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p.119. CASTELO BRANCO, Pedro Vilarinho. Mulheres Plurais: a condição feminina na Primeira República. Teresina, Edições Bagaço, 2005. p.39. QUEIROZ, Teresinha. Do Singular ao Plural. In: CASTELO BRANCO, Pedro Vilarinho. Mulheres Plurais: a condição feminina na Primeira República. Teresina, Edições Bagaço, 2005.