GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE r. Amparo, 159 – Vila Prudente – CEP: 03151-060 – São Paulo – Tel: 2347-3110 MEDIUNIDADE FÍSICA ESPIRITUAL - 2ª PARTE GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 1 MANIFESTAÇÕES FÍSICAS E MANIFESTAÇÕES INTELIGENTES As manifestações mediúnicas (Livro dos Médiuns, 2ª Parte, Caps. II e III) ocorreram em todas as épocas da Humanidade, pois a mediunidade é um fenômeno natural, e enquanto o homem não compreendia a lógica dos fenômenos, considerava-os como efeito do “sobrenatural”. Muitos médiuns eram considerados “feiticeiros”, por possibilitarem a produção de manifestações mediúnicas. Com o advento do Espiritismo, o homem pode compreender, mais claramente, as causas da mediunidade e qual a melhor maneira de utilizá-la para o bem de todos. Há várias formas de acontecerem fenômenos mediúnicos. Dentre estes, encontram-se os conhecidos como “manifestações físicas”, que, como todos os demais, sempre aconteceram em todas as épocas da Humanidade. No inicio da Doutrina Espírita, estas manifestações foram as quais mais se destacaram, pois eram mais perceptíveis e chamavam mais a atenção do homem. Isto era necessário para que o homem se interessasse pela mediunidade, tanto para acreditar na possibilidade de comunicação entre o Plano Físico e o Espiritual, como para convidar todos a estudar a mediunidade, a fim de utilizá-la melhor, rompendo com os “tabus”, medos e preconceitos que sempre giraram ao redor do assunto, tornando o homem uma “presa” fácil para mistificadores, para charlatães. As manifestações físicas são as que ocorrem através de ruídos, movimentação e deslocamento de objetos. Podem ser espontâneas ou provocadas. Para que possam ocorrer, há necessidade da presença de várias pessoas ou de uma só, que favoreçam a produção do fenômeno. São os chamados médiuns de efeitos físicos. Estes médiuns possuem uma facilidade maior, por uma disposição orgânica, para doar “ectoplasma”, fluido universal, anima os objetos com uma espécie de “vida fictícia”, que permanece até que o fluido se esgote. Todos os homens que não encararam as manifestações apenas como uma curiosidade ou passatempo, mas empenharam-se em estudos mais profundos sobre o assunto, puderam chegar a tais conclusões. No inicio, as manifestações físicas mais comuns foram as “mesas girantes”, consideradas até como o ponto de partida da Doutrina Espírita. Tais fenômenos produziam-se com a colocação das mãos dos médiuns sobre a mesa, a fim de que esta se movesse de várias formas: erguendo-se, virando-se, pulando ou girando. Deste modo, ouviam-se pequenos estalos nas mesas; depois, estas iniciavam movimentos rotativos; erguiam-se em pés alternados; balançavam-se e voltavam suaves ou, às vezes, de forma violenta. Em outras ocasiões, ouviam-se pancadas na própria estrutura da mesa, das portas, paredes, teto, etc. Para a produção destas manifestações não era necessário nenhum ritual como alternância de sexos dos médiuns, para se sentarem à mesa, encostar dedos para formar uma corrente, etc. Também não interferia a forma da mesa, a matéria desta, de metais ou seda nas vestes dos médiuns, dias, horários, luz ou escuridão, na hora da manifestação. O que, realmente, era necessário, era a paciência e o recolhimento em silencio total. Tais procedimentos podiam ser observados nas manifestações espontâneas, pois os médiuns nem tinham consciência de sua mediunidade, e as manifestações ocorriam normalmente, sem nenhuma das precauções mencionadas. Nas manifestações provocadas, a única diferença que valia a pena ser observada era o fato que a vontade do médium podia aumentar a força mediúnica, especialmente em casos onde o volume da mesa fosse muito grande e a força mediúnica não fosse suficiente para vender a resistência. Além destas espécies de manifestações físicas, mais tarde, o homem percebeu que várias outras também poderiam ocorrer, seguindo este mesmo principio, como levitação, transporte de objetos, tipologia, materialização, voz direta, etc. Após a observação das manifestações físicas, tornou-se indispensável considerar quem direcionava os movimentos das mesas, de forma que demonstrassem inteligência. “Todo efeito inteligente deve ter uma causa inteligente”, e as manifestações físicas respondiam a um pensamento, além de demonstrarem movimentos intencionais, como quando se erguiam em ordem de alternância, lateralidade, imitando sons de instrumentos musicais, com marcação de ritmo, etc. E o mais significativo dos fenômenos, por meio de pancadas, respondiam “sim” ou “não”, através de um determinado número de pancadas para cada uma das respostas, demonstrando o comando oculto de uma inteligência e não uma simples ação mecânica. O mesmo se deu para as letras do alfabeto, possibilitando a comunicação de palavras e frases, num processo, obviamente, muito moroso. Posteriormente, adaptou-se um lápis ao pé de uma pequena mesa, sobre uma folha de papel; depois, diminuíram, ainda mais, o tamanho das mesas, usaram cestas de vime e, finalmente, pranchetas. Tudo isto facilitou e muito a escrita de mensagens, até que perceberam a inutilidade de tais objetos, quando o próprio GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 2 médium começou a segurar o lápis, escrevendo sob o impulso de uma vontade alheia à sua, de outra inteligência. Muitos duvidavam que as ideias expressas não do próprio médium, porém a experiência demonstrou que as mensagens apresentavam conteúdos que não estavam de acordo com o pensamento deste, como fora de seu alcance intelectual, em outras línguas ou que relatavam fatos por ele desconhecidos. Um exemplo disto ocorreu durante uma manifestação física em um navio. Um dos participantes teve a ideia de evocar o Espírito de um tenente que havia falecido naquele navio, dois anos antes. O Espírito evocado, (do tenente) solicitou que pagassem ao capitão do navio certa quantia, em dinheiro, que o capitão lhe havia emprestado, antes de seu falecimento, que ele não tivera oportunidade de lhe restituir. Ninguém sabia do fato, e o próprio capitão havia esquecido esse acontecimento, tanto que foi verificar em suas anotações, encontrando o valor da dívida idêntico ao que fora mencionado na comunicação. Este exemplo torna patente a prova de que as manifestações não são mecânicas, nem puramente físicas, pois demonstram uma inteligência alheia à do médium, ou seja, a inteligência de um Espírito que as está comandando. MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS Ensina Paulo (I Epístola aos Coríntios, 12:7) que “a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil". Nas searas espíritas, a maioria dos trabalhadores inquieta-se pelo desenvolvimento imediato de faculdades mediúnicas incipientes. Em alguns Centros, exigem-se realizações superiores às possibilidades dos trabalhadores, e, em outros, buscam-se fenômenos de grande repercussão. Todavia, a mediunidade não se resume em manifestações exteriores, e sim no aprimoramento interior de cada ser, através do conhecimento e do amor, as duas coordenadas que possibilitam a efetiva evolução, até a condição suprema de Espírito puro. Também não há que buscar destaque em nenhuma das diferentes espécies de mediunidade, querendo o médium, por exemplo, ser um grande vidente ou um grande psicógrafo, pois isso seria fruto do orgulho, vicio que, antes de tudo, deve ser combatido pelo verdadeiro aprendiz. O que se deve buscar, constantemente, é o progresso espiritual, resultante do esforço e do trabalho de cada indivíduo. Todos os homens possuem mediunidade em maior ou menor grau, nas mais variadas posições evolutivas, e seu desenvolvimento não deve ser precipitado, mas, sim, através da educação, do trabalho fraterno e da boa vontade do aprendiz. A espontaneidade é indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do Plano espiritual. Segundo Emmanuel (O Consolador, 389): “Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus afins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor, da seara e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas expiações, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos”. Ainda o instrutor espiritual ensina (O Consolador, 392): “Os mentores de um médium, por mais dedicados e evolvidos, não lhe poderão tolher a vontade, nem lhe afastar o coração das lutas indispensáveis da vida, em cujos benefícios todos os homens resgatam o passado delituoso e obscuro, conquistando méritos novos. O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela própria iluminação. Somente desse modo poderá habilitar-se para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando, eficazmente, com os Espíritos sinceros e devotados ao bem e à verdade...” É o apostolado mediúnico repleto de dificuldades (O Consolador, 410): “O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo”. Frequentemente é o personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 3 Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelo cultivo da humildade, pela boa vontade, com o melhor esforço de autoeducação, à claridade do Evangelho. O segundo inimigo mais poderoso do apostolado mediúnico não reside no campo das atividades contrárias à expressão da Doutrina, mas no próprio seio das organizações espirituais, constituindo-se daquele que se convenceu quanto aos fenômenos, sem se converter ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do Consolador os seus caprichos pessoais, as suas paixões inferiores, tendências nocivas, opiniões cristalizadas no endurecimento do coração, sem reconhecer a realidade de suas deficiências e a exiguidade dos seus cabedais íntimos. Habituados ao estacionamento, esses irmãos infelizes desdenham o esforço próprio, única estrada de edificação definitiva e sincera para recorrerem aos Espíritos amigos, nas menores dificuldades da vida...” O mediunato, portanto, não se resume apenas no exercício puro e simples das mais diferentes faculdades, porque exige, antes de tudo, o trabalho e o sacrifício, com amor, na sublime tarefa de vivenciar Jesus. “Enriqueça o homem a própria iluminação intima, intensifique o poder espiritual, através do conhecimento e do amor, e entrará na posse de tesouros eternos, de modo natural” (Pão Nosso, lição 162) TEORIA DAS MANIFESTAÇÕES FÍSICAS “Demonstrada pelo raciocínio e pelos fatos, a existência dos Espíritos, assim como a possibilidade de agirem sobre a matéria, devemos agora saber como se efetua essa operação e como eles agem para mover as mesas e outros corpos inertes” (Livro dos Médiuns, 2ª parte, cap. IV, item 72). Quando se conhecem a natureza dos Espíritos, as propriedades semimateriais do Perispirito, a ação mecânica que podem exercer sobre a matéria, a atuação deles nas aparições, como no caso das mãos fluídicas e até mesmo tangíveis que pegam objetos e os carregam, fica sempre a pergunta: Qual a necessidade de médiuns? O Espírito não poderia agir sozinho? O Espírito de São Luiz explicou: “O Fluído Universal é o próprio elemento universal; é o principio elementar de todas as coisas. É a fonte que anima a matéria (Livro dos Médiuns, cap. VI, item 74, §6). O fluido elétrico é um dos seus elementos”. Para encontrá-lo na sua simplicidade absoluta seria preciso remontar aos Espíritos puros. No mundo terreno está modificado para formar todos os corpos físicos. O mais próximo dessa simplicidade é o fluido magnético animal. “As teorias cientificas atuais, no campo da Fisiologia e da psicologia, tentam negar a existência do fluido magnético. A palavra fluido tornou-se uma heresia científica. Mas o Espiritismo a conserva e já agora estamos vendo a sua volta ao campo científico sob outras formas, como na teoria física de campo, na dos elétrons livres e assim por diante.” É do fluido do planeta em que vai reencarnar, que o Espírito tira elementos para formar o seu perispírito; por isso, apresenta uma espécie de condensação que, de certa maneira, o aproxima da matéria propriamente dita, mas não possui todas as suas propriedades. Sua condensação é maior ou menor, segundo a natureza dos Mundos. Combinando, portanto, uma porção do Fluido Universal com o fluido que se desprende do médium, para esses efeitos, o Espírito pode mover um corpo sólido. Ele o envolve com matéria fluídica, dando-lhe uma vida factícia ou artificial. Assim, ele o atrai e o movimento, sob a influência do seu próprio fluido, emitido por sua vontade. O Espírito propriamente dito não pode agir sobre a matéria grosseira sem um liame que o ligue a ela; esse liame é o seu Perispírito que, bem compreendido, é a chave de todos os fenômenos espirituais materiais. Essa densidade do Perispírito estabelece maior afinidade com a matéria e o torna mais apto para as manifestações físicas. Nesses fenômenos, o médium participa consciente ou inconscientemente, doando, por sua vontade ou a sua revelia, seu fluido magnético animal. Certos Espíritos não percebem a verdadeira causa dos efeitos que produzem, como um homem sem cultura não compreende a teoria dos sons que pronuncia. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 4 Fala Kardec (Livro dos Médiuns, no item 75) que “a emissão do fluido animalizado pode ser mais ou menos abundante e sua combinação mais ou menos fácil, e daí os médiuns mais ou menos poderosos. Mas essa emissão não é permanente, o que explica a intermitência da força”. Herculano Pires diz, em nota ao item 81, que essa faculdade mediúnica de efeitos físicos está “sujeita a intermitências e variações que mostram a sua independência da vontade pessoal do médium”. Essa independência poderia ser determinada por condições orgânicas ou psíquicas, como Kardec já acentuou, mas acusam também, em muitas ocasiões, a participação ou não de inteligência estranha ao médium, sem as quais ele não consegue a produção dos fenômenos de maneira satisfatória”. NO SERVIÇO MEDIÚNICO Todos sabem que há variedade de dons mediúnicos, mas o Espírito manifestante pode ser o mesmo. Há, também, diversidades e tarefas no campo da Espiritualidade, mas Deus é sempre o mesmo. Há multiplicidade de fenômenos e de ações, mas é sempre Deus a origem de tudo e a fonte geratriz de todos esses atos. A manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for edificante. Porque a mediunidade de cada um poderá variar: a um é dada a incorporação; a outro, a possibilidade de expor assuntos de ordem científica; a outro, a faculdade de tratar de assuntos doutrinários; a outro, o dom de curar enfermos; outros têm premonição, falando sobre os eventos futuros; a outros, a mediunidade poliglota; a outros, o poder de interpretar línguas estrangeiras. O mesmo Espírito pode fazer todas essas coisas. Quem ler estas linhas julgará que está apreciando a transcrição de um trecho de compêndio sobre Espiritismo. Dificilmente percebe que está lendo, em linguagem atualizada, um trecho do capítulo 12, da I Epístola de Paulo aos Coríntios. No capitulo 14, a definição é ainda mais clara: “Quando houver uma reunião de médiuns, cada um deverá atuar por sua vez, obedecendo à ordem e ao critério. Pois um pode recitar salmos, outro poderá receber ensinamentos doutrinários, outro poderá revelar novas verdades, outro ainda poderá falar em língua desconhecida; um ultimo poderá, pelo Espírito, interpretar esta língua estranha” (I Epístola aos Coríntios, 14:26). Foi, portanto, o apóstolo Paulo de Tarso quem afirmou, a quase dois mil anos, as mesmas verdades hoje apregoadas pelo Espiritismo. Consequentemente, aquilo que a Doutrina dos Espíritos ensina aos homens, no tocante à mediunidade, não é novidade, pois está solidamente alicerçado nos ensinamentos contidos nas Epístolas de Paulo, o grande apóstolo dos gentios, o consolidador dos ensinamentos de Jesus Cristo. Isso evidencia, claramente, que a mediunidade era prática comum entre os cristãos primitivos; do contrário, o grande apóstolo jamais falaria sobre esse assunto em suas famosas cartas. Cumpre, pois, ao homem, abster-se do contato com as forças que operam a perturbação e a desordem, visíveis ou invisíveis, na certeza de que dará conta do uso de seus dotes mediúnicos, porque o Mestre Jesus Cristo, através dos seus mensageiros, aquinhoa-o com tudo aquilo que for necessário para conseguir a sua reforma íntima, e a mediunidade é poderoso coadjuvante para atingir essa meta. AUXÍLIO DO INVISÍVEL Após a crucificação de Jesus Cristo, o apóstolo Tiago Maior tornou-se o coordenador da ação dos apóstolos, sendo, portanto, aquele que tinha maior autoridade entre o pequeno grupo de seguidores do Mestre. Nessa época, Herodes ordenou que se fizesse rude e pertinaz campanha de perseguição aos cristãos, e o ponto alto foi a prisão de Tiago e sua morte pela espada, por ordem do Tetrarca. Notando que aquele ato de violência havia agradado aos Judeus, Herodes também ordenou a prisão do apóstolo Pedro, que possivelmente teria a mesma sorte de Tiago. No entanto, como era véspera da Páscoa, ele foi mantido na prisão, para ser apresentado a Herodes, tão logo terminassem aquelas festividades dos Judeus. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 5 Consumada a prisão, os cristãos da cidade, escondidos com receio da feroz perseguição, mantinhamse em orações constantes, pedindo a Deus que protegesse o velho apóstolo preso. Na prisão (Atos dos Apóstolos, cap. 12:10) Pedro teve suas mãos acorrentadas, sob a vigilância de soldados, que se revezavam constantemente. Na mesma noite, quando seria apresentado a Herodes, estando dormindo na cela, com dois soldados do lado de fora, ali apareceu um anjo do Senhor, iluminando a prisão com sua luz. O anjo acordou Pedro, fez com que caíssem as grossas cadeias que prendiam suas mãos e disse-lhe que se vestisse rapidamente. Orientando Pedro, passaram por duas portas e, ao chegarem ao portão principal, este se abriu. O anjo acompanhou-o até determinado trecho da rua e, em seguida, desapareceu. O caso da libertação do apóstolo Pedro encerra um ensinamento relevante: o Emissário de Deus acompanhou o apóstolo até um ponto de segurança, deixando-o ali entregue à própria liberdade, não interferindo em seus passos, nem lhe desvalorizando as iniciativas. Todas as pessoas esperam, ansiosamente, o auxílio do Mundo Maior. Não importa o nome pelo qual se designa esse amparo. Entre os Espíritas, ele é conhecido por “proteção dos benfeitores espirituais” e, nos círculos de outras religiões, é chamado de “Manifestações do Espírito Santo”. O importante é considerar que semelhante colaboração constitui elemento de suma importância nas atividades do crente sincero. O auxílio que o homem recebe do Plano Espiritual é incontestável e jamais falha, porém aquele que solicita esse auxílio não deve habituar-se a essa espécie de colaboração; deve aprender a caminhar sozinho, usando a independência e a vontade naquilo que for útil e justo, pois o homem está no mundo para aprender, não devendo esperar do mundo invisível a solução de problemas necessários à sua condição de aluno, em franco processo de aprendizagem. É preciso entender que, frequentemente, o homem é colocado diante de pessoas com quem se deve encontrar, pois o acaso não existe. Ademais, o homem recebe a inspiração de passar por determinado lugar. Tem a atenção voltada para outro ponto, tudo por influência dos Espíritos. Estes, no entanto, respeitam, acima de tudo, o livre-arbítrio do homem, que pode atender ou não o conselho. É necessário ao indivíduo, ajudar-se a si próprio, pois é relevante a máxima: “Ajuda-te que o Céu te ajudará”, equivalente à recomendação de Jesus: “Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e abrir-se-vosá. Porque todo o que pede, recebe; e o que busca acha; e a quem bate, abrir-se-á”. ANIMISMO E MISTIFICAÇÃO Animismo – Sistema fisiológico que considera a alma como causa primária de todos os fatos intelectuais e vitais (latim: anima – alma; ismo – doutrina). (Grande Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa). O Espiritismo, desde o início, expõe o fenômeno anímico como a manifestação da alma do médium, a alma do médium pode manifestar-se como qualquer outro Espírito, desde que goze de certo grau de liberdade, pois recobra os seus atributos de Espírito e fala como tal e não como encarnado. Para que se possa distinguir, se é o Espírito do médium ou outro que se comunica, é necessário observar a natureza das comunicações, através das circunstâncias e da linguagem. André Luiz em “Mecanismos da Mediunidade”, cap. XXIII, conceitua Animismo como “conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação”. Em “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 22, referindo-se a um caso de “imersão no passado”, conceitua o fenômeno anímico como uma forma de desdobramento da alma, que se arroja ao passado, de onde recolhe as impressões de que se vê possuída. É por isso que, apesar de diversos Espíritos se manifestarem pelo mesmo médium, as comunicações recebidas trazem sempre o cunho pessoal dele, quanto à forma e ao estilo. “Com efeito, embora o pensamento não seja absolutamente dele, embora o assunto não se enquadre em suas preocupações habituais, embora o que desejamos dizer não provenha dele de maneira alguma, nem por isso ele deixa de exercer sua influência na forma, dando-lhe as qualidades e propriedades características de sua individualidade” (Livro dos Médiuns, cap. XIX, item 225). GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 6 Mistificar – Enganar, burlar, trapacear, tapear, iludir. O primeiro sentido foi o de iniciar alguém nos mistérios de um culto, torná-lo iniciado. Deriva do grego, “mystés”, donde procede “mystérion”, mistério. Passou, depois, a abusar da boa-fé dos incautos, enganar, iludir etc. “Mistificar” vem de “mystés”, iniciado, e de “ficare”, do tema de “facere”, fazer, tornar. Mistificação – Diz o Espírito da Verdade (Livro dos Médiuns, cap. XXVII, item 303) “que as mistificações são os escolhos mais desagradáveis da prática espírita. Mas há um meio de evitá-los, o de não pedirdes ao Espiritismo nada mais do que ele pode e deve dar-vos; seu objetivo é o aperfeiçoamento moral da Humanidade. Desde que não vos afasteis disso, jamais sereis enganados, pois não há duas maneiras de compreender a verdadeira moral, aquela que todo homem de bom senso pode admitir; mesmo que o homem nada peça, nem evoque, sofre mistificações, se aceitar o que dizem os Espíritos mistificadores. Se o homem recebesse com reserva e desconfiança tudo o que se afasta do objetivo essencial do Espiritismo, os Espíritos levianos não o enganariam tão facilmente”. Do que se conclui que só é mistificado aquele que o merece. Por tudo isso, usar de toda cautela com as providências escritas ou aconselhadas pelos Espíritos, quando os fins não forem claramente razoáveis; ainda, não se deixar ofuscar pelos nomes usados, para darem validade às palavras dos Espíritos. Perguntou-se a Emmanuel (O Consolador, 401) se “a mistificação sofrida por um médium significa ausência de amparo dos mentores do plano espiritual?” Obteve-se como resposta: “A mistificação experimentada por um médium traz, sempre, uma finalidade útil, que é a de afastá-lo do amor-próprio, da preguiça no estudo de suas necessidades próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo. Os fatos de mistificação não ocorrem à revelia dos seus mentores mais elevados, que, somente assim, o conduzem à vigilância precisa e às realizações da humildade e da prudência no seu mundo subjetivo”. FIXAÇÃO MENTAL Um dos dramas do Espírito, encarnado ou desencarnado, reside na fixação mental, que é o estado em que a criatura “nada mais vê, nada mais houve, nada mais sente, além da esfera desvairada de si mesma”. Por isso, “a ideia fixa pode operar a indefinida estagnação da vida mental no tempo”. Pode perdurar por séculos e até milênios. Fixação mental ou ideia fixa ou ainda monoideísmo é a operação pela qual o Espírito dirige o pensamento a uma ideia central, única e atuante, atribuindo-lhe importância superior às outras. Ou, ainda, a tenacidade do pensamento em determinado ato danoso, a criar liame com seus agentes ou pacientes. “O Espírito isola-se do mundo externo, passando a vibrar, unicamente, ao redor do próprio desequilíbrio, cristalizando-se”. André Luiz continua em “Nos Domínios da Mediunidade”, cap. 25, tratando desse assunto com bastante clareza, mostrando a importância do conhecimento desse estado do Espírito, não só aos doutrinadores, que atendem nos trabalhos mediúnicos, como também a correção de nossos pensamentos, ainda na carne. Ele compara a reencarnação como linha de frente numa batalha, pelo aperfeiçoamento individual e coletivo, em que o indivíduo deve armar-se de ideias santificantes para conquistar a sublimação de si mesmo. A mente é o soldado que, vitorioso e morto, sobe, verticalmente, para outro plano. Se fracassa, entretanto, por incúria ou rebeldia, volta à retaguarda, onde se confunde com os desajustados para tratamento por tempo indeterminado. A retaguarda das lutas terrestres é sempre a faixa atormentada dos neuróticos, dos loucos, dos mutilados, dos feridos e dos enfermos de toda casta. Sabe-se que qualquer perturbação interior, de grandes proporções, como paixões ou desânimos, crueldade ou vingança, ciúme ou desespero, pode imobilizar, por tempo indefinido, nas sombras, toda criatura que se rebela contra o progresso para o bem. André Luiz explica, ainda (Nos Domínios da Mediunidade), a situação da alma do desencarnado, estacionaria, nessas vibrações, durante o tempo em que se mantém em repouso habitual, logo após o desencarne, sofre angustiosos pesadelos, despertando quase sempre em plena alienação, cultivando, GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 7 apaixonadamente, em que julga encontrar a felicidade. Diz, ainda, André Luiz que, muitas dessas almas, entendendo, por fim, suas situações buscam as regenerações por si mesmas, e outras acordam para as responsabilidades nas tarefas de assistência, buscando o próprio reajuste. Ajudam os que as ajudam, e regressam ao bom combate, acomodando-se aos serviços que lhes são possíveis desempenhar. Outras, ainda, recalcitrantes, com amor, a retornar ao corpo físico, para que se desvencilhem da prostração na qual se encontram. Reencarnadas, na maior parte das vezes, é lento o soerguimento dessas criaturas. Exemplo disso são os retardados, que só o amor extremado dos pais e familiares consegue infudir-lhes calor e vitalidade. Outros exemplos são os esquizofrênicos e os paranoicos, que perderam o senso das proporções, situando-se com o falso conceito de si mesmos. “Quase todas as perturbações congeniais da mente, na criatura reencarnada, dizem respeito a fixações que lhe antecederam a volta ao mundo”. Espíritos enleados nesses óbices seguem em recuperação gradativa, através das terapêuticas humanas e das exigências domésticas, dos costumes sociais, daí retirando as vantagens indispensáveis à cura das psicoses de que são portadores. A reencarnação, portanto, é a oportunidade bendita, de nova chance para o Espírito, a melhor terapia para a fixação mental. DOENÇAS DA ALMA “O Espírito sofre segundo o que fez sofrer, de maneira que sua atenção estando incessantemente voltado para as consequências desse mal, ele compreende melhor os inconvenientes do seu procedimento e é levado a se corrigir”. (O Céu e o Inferno, Cap. VII, item 7, 1ª parte.) O Espírito atua sobre o corpo espiritual, através do pensamento e, desta forma, marca nele as consequências de sua atuação, inclusive as predisposições para determinadas doenças; dizem-se “determinadas doenças”, porque muitos males que perturbam o homem vem da sua mente invigilante, como o desmazelo, a imprudência, a revolta sistemática, a preguiça, a falta de higiene, a displicência para com pequenos hábitos que a vida exige, o eterno repouso, ou então, o excesso de trabalho solicitado pela ambição, o permanente mau humor, o desânimo insistente, vida desregrada, vícios sociais, a bebida, o fumo, dormir sempre muito tarde, a falta de horário para se alimentar, a gula. Tudo isto é motivo que gera doenças. Ainda há outras moléstias que são consequências de outras vidas, Espíritos que usaram seu intelecto para desnortear os encarnados, criar viciações mentais nas criaturas, renascem com bloqueios cerebrais para o devido reajuste. Outros, que através da arte, perturbam a sensibilidade alheia, viciando-a em comportamentos abusivos, em verdadeiras afrontas à dignidade e bom senso, necessitam do renascimento com moléstias ou mutilações que os inibam de repetir o erro. Quando o homem se utiliza da palavra para ferir, caluniar, mentir, ofender, intrigar, não lhe resta outra alternativa senão a reencarnação com deficiências dos aparelhos vocais e auditivos. O silencio exterior para refazer o interior. O sexo traz uma esteira de comprometimentos, quando usado sem o critério do respeito e do amor. Renascem esses Espíritos com doenças e inibições genésicas, as mais variadas como recurso inibitório dos desmandos praticados. Há Espíritos que reencarnam conscientes das dificuldades com que terão de viver, mas, há outros, como os suicidas ou espíritos reincidentes na maldade, na crueldade, nas delinquências, que são trazidos para reencarnação como doentes em laboriosa restauração. “O mundo não é apenas a escola, mas também o hospital em que sanamos desequilíbrios recidivantes, nas reencarnações regenerativas, através do sofrimento e do suor, a funcionarem por medicação compulsória”. Se alguém te fere ou desgosta, debita-lhe o gesto menos felizes à conta de moléstia obscura de que ainda se faz portador. Se cada pessoa ofendida pudesse ouvir a voz inarticulada do Céu, no instante em que se vê golpeada, escutaria, de pronto, o apelo de Misericórdia Divina: Compadece-te. Todos somos enfermos, pedindo alta. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 8 “Compadeçamo-nos uns dos outros, a fim de que saibamos auxiliar.” (Emmanuel, Justiça Divina, lição “Doenças da Alma”.) O homem nunca, na verdade, engana os outros, mas só a si mesmo. O ensino de Jesus para o Espírito eterno é: “Orai e vigiai para não cairdes em tentação”. O remorso funciona como um fogo mental. A fixação dele é a brecha perigosa para a aproximação dos desafetos. Ele aprisiona a mente do indivíduo no erro cometido. Conclui-se, portanto, que o remorso em si, necessariamente não reeduca a criatura, que só encontra esse auxilio no Evangelho de Jesus, como terapia e orientação para novos rumos. PROBLEMAS MENTAIS Comenta André Luiz que “onde há pensamentos há correntes mentais, e onde há correntes mentais existe associação. E toda associação é interdependência recíproca”. Nestas condições, cada alma se envolve no círculo de forças vivas que transpira e na esfera das criaturas a que se une, em decorrência de suas necessidades de ajuste ou crescimento. Na mesma ordem de raciocínio, anota, ainda, André Luiz, que “do conjunto de nossas ideias resulta a nossa própria existência” e (...) “todos os seres vivos respiram na onda de psiquismo dinâmico que lhes é peculiar, dentro das dimensões que lhes são características ou na frequência que lhe é própria. Esse psiquismo independe dos centros nervosos, de vez que, fluindo da mente, é ele que condiciona todos os fenômenos da vida orgânica em si mesma”. O homem, por isso, reflete as imagens que o cerca e projeta para os outros as imagens que cria. Dependendo de sua natureza, esses reflexos mentais vão determinar a estagnação ou o progresso de cada criatura humana, que viverá no “céu “ou no “inferno” que edificar para si mesma, porque, como diz o autor citado, em seu livro “Entre a Terra e o Céu”, cap. IX, “somos herdeiros de nossas próprias obras”. Sabe-se que o corpo espiritual é reflexo do corpo mental, bem como o corpo físico reflete o espiritual. Portanto, todo aquele que se entrega em demasia às criações inferiores do tédio, do ódio, do desencanto, das aflições, condensa essas forças em si mesmo, coagulando-as no veiculo em que se manifesta, as quais deixarão de existir somente quando cessarem as energias que lhes dão vida, mediante o reajuste e a luz do esclarecimento. De modo geral, os problemas mentais decorrem da própria ação individual e normalmente são: a) Decorrentes dos processos de simbiose ou vampirismo espiritual; b) Originários de mentes invigilantes, desmazeladas e preguiçosas; c) Consequências de processos cármicos, expiatórios, por abuso do livre-arbítrio; d) Derivados da ação obsedante de Espíritos negativos. No primeiro caso, encontram-se os Espíritos ignorantes, não evangelizados, que, por criarem constantemente imagens deprimentes, submetem-se, via de regra, a processos de simbiose ou vampirismo espiritual. Diz André Luiz que esses processos aparecem largamente empregados pela mente desencarnada, ainda, tateante na existência do além-túmulo. ”O Espírito desenfaixado da veste física lança, habitualmente, para a intimidade dos tecidos fisiopsicossomáticos daqueles que o asilam, as emanações do seu corpo espiritual, como radículas alongadas ou sutis alavancas de força, subtraindo-lhes a vitalidade ... sustentandose, por vezes, largo tempo, nessa permuta viva de forças”. “Por decorrência, surgem os problemas de saúde, os desequilíbrios espirituais para o encarnado”. Em “Leis de Amor”, cap. I, Emmanuel ensina que é “necessário, pois, considerar, igualmente, que desequilíbrios e moléstias surgem também da imprudência e do desmazelo, da revolta e da preguiça. Pessoas que se embriagam, a ponto de arruinar a saúde; que esquecem a higiene até se tornarem presas de parasitas destruidores; que se encolerizam pelas menores razões, destrambelhando os próprios nervos; ou que passam todas as horas em redes leitos, poltronas e janelas, sem coragem de vencer a ociosidade e o desanimo pela movimentação do trabalho, prejudicando a função dos órgãos do corpo físico, em razão da própria imobilidade, são criaturas que geram doenças para si mesmas, nas atitudes de hoje mesmo, sem nenhuma ligação com causas anteriores de existências passadas”. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 9 Os problemas mentais oriundos de processos cármicos decorrem, invariavelmente, de causas anteriores, do sentimento de culpa e do remorso destrutivo. Por isso, diz Emmanuel, no mesmo capítulo da obra citada, que “encontramos numerosos casos de doenças compulsórias, impostas pela Lei Divina, na maioria das criaturas que trazem provações da idiotia ou da loucura, da cegueira ou da paralisia irreversíveis, ou ainda, nas crianças-problemas, cujos corpos irremediavelmente frustrados, durante todo o curso da reencarnação, se mostram na condição de celas regenerativas, para a internação compulsória daqueles que fizeram jus a semelhantes recursos drásticos da Lei”. O cérebro lesado por excessos ou deficiências de um comportamento individual pode acarretar a loucura, o idiotismo etc. A ausência, todavia, de manifestação inteligente não é condição original de um Espírito, mas, sim, o resultado da incapacidade do instrumento físico de que dispõe; outras vezes podem ser verificados problemas mentais em pessoas que não tem lesão no cérebro, principalmente quando ocorrem os casos de obsessões ou simbiose mental. “A obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau” (GE, cap. XIV n.º 46). Ela, “sob qualquer prisma em que se mostre, é uma enfermidade mental, reclamando, por vezes, tratamento de longo curso”. As causas das obsessões podem ser varias. Exemplo: vingança, desejo de fazer o mal, desejo de impor um falso saber etc. Algumas estão enraizadas em hábitos, por exemplo: o fumo, pelos danos que ocasiona no organismo, é por isso mesmo, perigo para o corpo e para a mente. Hábito vicioso, facilita a interferência de mentes desencarnadas também viciadas, que se ligam em intercambio obsessivo simples a caminho de dolorosas desarmonias. Da mesma maneira o álcool, as drogas, sexo desgovernado etc. (Nos Bastidores da Obsessão, cap. “Examinando a Obsessão”, de Manoel P. de Miranda). Os problemas mentais de cada um, seus desequilíbrios e consequentes doenças corpóreas, são de responsabilidade toda pessoal, pois “ninguém sofre por erros alheios, salvo se a eles deu origem, quer provocando-os pelo exemplo, quer não os impedindo, quando poderia fazê-lo”. Diz o Dr. Bezerra de Menezes, (Espírito), que “uma cura efetiva e definitiva só se poderá obter, atendendo a dois fatores principais: a) Reequilíbrio das correntes energéticas atingidas pelo processo mórbido; e b) Redução da atuação mental, a fim de afastar a causa do desequilíbrio patológico, o que só pode ser conseguido com a colaboração voluntaria e consciente do enfermo”. A melhor maneira de extinguir o fogo é recusar-lhe o combustível. Ao ódio, opõe-se o amor; à ociosidade, o trabalho, à ignorância, a sabedoria; aos erros, a reparação. Enfim, deve-se seguir o ensinamento de Jesus, que aconselhava o amor aos adversários, o auxilio aos que perseguem e a oração aos que caluniam. (Mt., 5:44). GUARDEMOS A SAÚDE MENTAL Saúde Mental quer dizer pensamentos elevados e apropriados ao trabalho e à evolução que pretendemos alcançar. Paulo estava constantemente com o seu pensamento voltado aos cristãos asiáticos, que eram fruto do seu incessante trabalho. Fazia constantemente preces por eles e os aconselhava sempre a se manterem próximos a Jesus e livres de toda e qualquer ligação com o passado pagão ou mesmo farisaico do Judaísmo. O Apóstolo também a todos aconselhava comportamento social equilibrado, respeitando as autoridades e adotando postura digna perante a coletividade. Paulo também excelente psicólogo e estava muito interessado em mostrar aos seus “filhos pela fé” os efeitos espirituais da mente bem equilibrada. O mundo romano daquela época estava cheio de problemas e de dificuldades, não apenas materiais, mas essencialmente espirituais: cultos e sacrifícios sangrentos de animais; a religião oficial regulamentada pelo Estado Romano, com altares e deuses pagãos; autoridades religiosas orgulhosas de seus privilégios coligado com interesses políticos e financeiros locais; devassidão moral e corrupção políticas assustadoras. Paulo aconselhava, então, aquela postura mental superior. Concitava-os a desligar-se desses problemas, dessas mazelas sociais que os afligiam, procurando ver em tudo os planos celestiais. É bom lembrar que Paulo não ensinava aos cristãos que se afastassem do mundo, de acordo com os ensinos do Mestre: “Não peço que os tire do mundo, mas o livres do mal”. Paulo os chamava a pensar no justo, no digno, no GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 10 equilibrado, no verdadeiro, no honesto, no puro, no amável e a regogizar-se sempre. Era Paulo um irresponsável sonhador? Sabe-se que não! Paulo conhecia os efeitos que o pensamento mórbido produz; antecipou de muito que a Psicologia e a Psicoterapia dos séculos XIX e XX vieram comprovar. Paulo sabia, também, que a mente insana escraviza e, por isso, ensinava o equilíbrio mental a seus discípulos. Hoje se sabe qual o papel da mente desequilibrada, nos processos de instauração e desenvolvimento da obsessão. A mediunidade é um fato da mente, e o processo da imantação mental é o caminho mais lógico e direto para o estabelecimento da sintonia com o Plano Espiritual, seja ele de que categoria for. Se, anteriormente, à doutrina Espírita, os fenômenos mediúnicos, que levaram à fogueira tantos médiuns acoimados de “feiticeiros”, não eram conhecidos, nem estudados, e tidos até por “diabólicos”, após Kardec, sabe-se perfeitamente qual o papel desempenhado pela mente na mediunidade. Mente desiquilibrada, médium desiquilibrado. Mente mórbida, médium defeituoso. Mente doentia, médium inseguro. As equivalências poderão ser multiplicadas até ao infinito. Como médium e, portanto, trabalhador com a Espiritualidade, tem o Espírita a inarredável obrigação de manter o equilíbrio mental, procurando zelo, segurança e verdadeiro amor fraterno o trato diário com a Espiritualidade, sem se perturbar com os problemas e mazelas da vida. Guardar a saúde mental, perante as mazelas da vida diária, perante os problemas da atualidade, perante o descaminho em que a coletividade está transitando hoje e perante os conflitos que, em todos os momentos, o cristão é chamado a enfrentar, é o sacrificial testemunho do espírita consciente de suas possibilidades e responsabilidades. É a luta constante consigo mesmo. É a certeza de que o destino da humanidade está nas mãos do Pai Celestial, mesmo quando tudo parecer comprovar o contrário: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo. Eu venci o mundo.” Foi o que o Mestre nos ensinou (Jô., 16:33). VIBRAÇÕES – RADIAÇÕES – DOAÇÕES – MÉDIUNS CURADORES “A Energia, condensando-se para criar a Forma, assume inúmeras modalidades e aspectos”, “ao estacionar, a massa de Energia condensada passa a vibrar na sua própria, de forma, de tom, de cor e de luz”. “Nos corpos simples, essa tonalidade é uniforme, uníssona, mas, nos compostos, resulta do amálgama de todas as tonalidades parciais, pertencentes aos diversos elementos individuais que formam o conjunto”. “Na criação de Deus tudo é som, luz, cor e movimento, e tudo resulta das inúmeras transformações que a todo instante ocorrem nos setores do Espírita, da Energia e da Matéria”. A tonalidade individual corresponde a determinada tensão vibratória funcional que se modifica com excessos, vícios e desenfreios passionais; e essas alterações podem ser bruscas ou lentas, de efeitos imediatos ou remotos, produzindo moléstias agudas ou crônicas. “Esse desequilíbrio vibratório interno desajusta também o indivíduo em relação ao ambiente exterior, causando-lhe perturbações mais ou menos serias, que, às vezes, se tornam mesmo incompreensíveis”. Diz Edgard Armond que “o ser humano, como um organismo celular dinâmico, é uma unidade vibratória que absorve e emite radiações diferentes: as físicas – calor, magnetismo, luz; as psíquicas – ondas vitais, essenciais, pensamentos, idéias, desejos, etc. Tudo isso age e reage sobre os outros seres, influenciando-os em sua vontade, sentimentos, pensamentos e atos, sofrendo por sua vez a influencia dos afins. Tudo se reflete na radiação tonal, na aura individual, criando atmosfera boa ou má, atrativa ou repulsiva. As afinidades vibratórias é que regulam esse intercambio de dar e receber, no plano invisível, forças e fluidos”. Pode se dizer que a vibração, como conceito, é ato ou efeito de vibrar, oscilar, balançar. É a forma ondulatória como se apresenta uma radiação, que é ato ou efeito de radiar, isto é, propagação de Energia sob a forma de ondas. Irradiar é lançar de si, emitir. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 11 Em síntese: todo ser humano irradia de si um fluido vital ou ectoplamastico, dando origem às radiações de energias eletromagnéticas, que se apresentam sob a forma vibratória. Por isso, deve-se tomar cuidado, porquanto, muitas vezes, um termo é empregado no lugar de outro, dada a semelhança conceitual. Todos os Espíritos, encarnados e desencarnados, possuem a faculdade de emitir e projetar radiações a quaisquer distancias. Quando a mente está voltada para os ideais superiores da fé ativa, a expressar-se em amor pelos semelhantes; quando a disciplina se faz constante, através da renuncia amorosa, da bondade, do esforço próprio no bem, e no estudo nobremente conduzido, a criatura adquire elevado teor de radiação mental. O estudo da mediunidade repousa nos alicerces da mente com seu prodigioso campo de radiações. Cada qual de nós respira em determinado tipo de onda. Quanto mais primitiva se revela a condição da mente, mais fraco é o influxo vibratório do pensamento, induzindo a compulsória aglutinação do ser às regiões da consciência embrionária ou torturada, onde se reúnem as vidas inferiores que lhe são afins. ONDAS – PERCEPÇÕES O planeta Terra é um magneto de proporções gigantescas, constituído de forças atômicas condicionadas e cercado por essas mesmas forças em combinações multiformes, que compõem o campo eletromagnético em que ele, no ritmo de seus próprios movimentos, se tipifica na imensidade cósmica. Em geral, o termo “onda” designa todo o impulso ou perturbação que se propaga num meio contínuo. Uma definição mais precisa, no entanto, é a que estabelece que uma onda é uma variação periódica de um estado físico, que se propaga através do espaço ou matéria. No homem a corrente mental assume feição mais elevada e mais complexa. Ela vitaliza, particularmente, todos os centros da alma e, consequentemente, todos os núcleos endócrinos se junturas plexiformes da usina física, em cuja urdidura dispõe o Espírito de recursos para os serviços da emissão e recepção ou exteriorização e assimilação de pensamentos. Pode dizer que todas as criaturas dispõem de oscilações mentais próprias “pelas quais entram em combinação espontânea com a onda de outras criaturas desencarnadas ou encarnadas, que se lhes afinem com as inclinações e desejos, atitudes e obras, no quimismo inelutável do pensamento” (Mecanismos da Mediunidade, cap. XI). Desta forma, elas percebem e assimilam o pensamento dos outros em decorrencia da lei de sintonia, pela associação das correntes mentais. AURAS – AS CORES NAS AURAS HUMANAS O conceito de aura é facilmente perceptível à compreensão, mas um tanto quanto difícil para sua exposição. André Luiz em “Evolução em Dois Mundos”, cap. XVII, esclarece: “Considerando-se toda célula me ação por unidade viva, qual motor microscópico, em conexão com a usina mental, é claramente compreensível que todas as agregações celulares emitam radiações, e que essas radiações se articulem, através de sinergias funcionais, a se constituírem de recursos que podemos nomear por “tecidos de força”, em torno dos corpos que as exteriorizam. Todos os seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um “halo energético” que lhes corresponde à natureza. No homem, contudo, semelhante projeção surge profundamente enriquecida e modificada pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas escolas espiritualistas, duplicata mais ou menos radiante da criatura”. A seguir, complementa André Luiz: “Aí temos, nessa conjugação de forças físico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar a cada individuo. Constitui, portanto, a aura humana a fotosfera psíquica do homem, apresentando cores variadas, segundo a onda mental emitida, retratando-lhe os pensamentos em cores e imagens, conforme os objetivos escolhidos, nobres ou deprimentes. Finaliza André Luiz: “A aura é, portanto, a nossa plataforma onipresente em toda comunicação com as rotas alheias, antecâmara do Espírito, em todas as nossas atividades de intercambio com a vida que nos GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 12 rodeia, através da qual somos vistos e examinados pelas Inteligências Superiores, sentidos e reconhecidos pelos nossos afins, e temidos e hostilizados ou amados e auxiliados pelos irmãos que caminham em posição inferior à nossa”. A aura humana compõe-se: a) de um campo estável, fundamental, indicativo do caráter das pessoas e de seu grau de espiritualidade (parte fixa); b) de faixas ondulantes que revelam as reações do Espírito encarnado às inúmeras circunstancias da vida exterior (parte variável); c) conjunto de estrias que são cintilações, radiações que indicam impulsos momentâneos, de caráter passageiro. Uma atitude de prece indica aura em azul-prata. Na prática de estudos edificantes, aura amarelopalido. Sentimento de amor, aura rosada. Na tristeza, depressão, temor a aura registra uma cor cinzaescuro; nos casos de vingança, violência, rancor ou ódio, a aura se reflete em vermelho-escuro. Ambientes pacíficos, pensamentos elevados resultam em efeitos límpidos, brilhantes, e, se as ideias são destrutivas e as vibrações negativas, tem-se auras com estrias escuras. Na desencarnação, a aura material ou duplo etéreo permanece com o corpo físico e depois de algum tempo se decompõe, devolvendo suas propriedades ao reservatório natural. A aura, propriamente dita, segue com o Perispírito, refletindo a ação e a natureza do Espírito. RENOVAÇÃO NECESSÁRIA Paulo de Tarso, em sua Primeira Epístola aos Tessalonicenses (5:19), foi o autor das palavras: “Não extingais o Espírito”. É indubitável que, ao escrever essa exortação, o Apóstolo não desejava dizer que o Espírito pode ser destruído, mas procurava renovar a atitude mental de todos aqueles que vivem sufocando as tendências superiores, preferindo ligar-se, exclusivamente, às coisas da Terra. O Apóstolo pretendeu dizer que não se devem malbaratar os valores que Pai Celestial concede, indistintamente, a todos os seus filhos, para que atinjam os estágios superiores da Espiritualidade. Os homens, em muitos casos, permanecem deliberadamente distanciados da grande verdade. Muito frequentemente preferem o convencionalismo do mundo e relutam em abrir o entendimento às realidades da alma. Muitos Espíritos regressam das encarnações terrenas pela mesma porta da ignorância e da indiferença pela qual entraram. Daí, a recomendação dos Espíritos aos homens: façam um balanço das atividades de cada dia, interrogando-se a si mesmos, analisando os pensamentos e ações e buscando modificações enobrecedoras. Para tanto, o Apóstolo Paulo ainda recomenda na Primeira Epístola aos Tessalonicenses, 5:16 a 22: “Regozijai-vos sempre. Em tudo daí graças, porque esta é a vontade de Deus. Examinai tudo e abraçai o que for bom, abstendo-vos de tudo aquilo que representar maldade”. As reencarnações são oportunidades de aprendizado para o homem adquirir qualidades nobres e elevadas, enveredando pela senda que leva à REFORMA ÍNTIMA e, consequentemente, á perfeição. Poderá acontecer que encontre obstáculos no caminho, e o ferrete da dor o fustigue, mas isso não deverá constituir motivação para descambar para o desalento ou para a revolta com Deus. Jesus recomendou aos homens a necessidade do acesso pela porta estreita, que leva à redenção espiritual, e não pela porta larga, que leva ao descalabro moral, retardando a marcha evolutiva do Espírito. “É necessário, portanto, não asfixiarmos os germes da vida edificante, os quais nascem, todos os dias, no coração, ao influxo do Pai Misericordioso”. ENTRE AS FORÇAS COMUNS GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 13 Na prática da mediunidade, o pensamento invisível do homem associa-se ao pensamento invisível das entidades espirituais que o assistem, estabelecendo uma série infinda de combinações em beneficio do trabalho de todos, no roteiro da evolução. É imperioso reconhecer, porem, que existem Espíritos reencarnados em condições especialíssimas que propiciam qualidades excepcionais para a prática do intercâmbio entre os encarnados e os desencarnados. Nem sempre os portadores dessas energias são possuidores de sublimação interior, pois existe uma quantidade enorme de almas que, na Terra, tem sua mentes enfermiças e moralmente endividadas com as Leis Divinas; podendo-se afiançar que mais de dois terços dos médiuns existentes no mundo demoram ainda nas zonas de desequilíbrio espiritual, sintonizados com as inteligências invisíveis que lhes são afins. Reclamam, em razão disso, estudo e boa vontade no serviço do Bem, a fim de retornarem a subida harmônica para a luz. Deve-se lembrar que o homem está sempre em contato com “geradores específicos de pensamentos”, isto é, livros, reuniões, laços afetivos, palestras, filmes, etc., e, através deles, sofre o envolvimento de outras inteligências. A obra da caridade tudo transforma em favor do Bem. “Os pensamentos honestos e nobres, sadios e generosos, belos e úteis, fraternos e amigos são a garantia do auxílio positivo” aos outros e ao próprio médium, conforme disse Emmanuel”. MISSÕES Todo aquele que labuta na Terra, desenvolvendo trabalhos, desde os mais humildes e rudes até os mais relevantes, está desempenhando uma tarefa. É certo que existem missões sublimadas, como as desempenhadas por Jesus Cristo, Paulo de Tarso, João Batista e outros, mas, todo aquele que encarna nesta Planeta incumbido de desenvolver uma tarefa e cumpre o seu dever, não se perdendo na ociosidade e nos vícios, está cumprindo o encargo espiritual, contribuindo para que haja uma melhoria nas condições de vida, no mundo. Todas as missões têm os seus encargos, as suas responsabilidades definidas e obedecem aos imperativos das Leis Divinas. Muitas pessoas aspiram ocupar posições de maior relevo, mas desconhecem, muitas vezes, os pesados ônus que acometem aqueles que as desempenham. O homem deve contentar-se com as tarefas que desempenha em qualquer ramo de atividade humana. Deve sempre ter em mente que o arado que prepara a terra para a semeadura é irmão da pena que escreve. Não existem personalidades notáveis no mundo, sem o devotamento silencioso de mães e pais, professores e companheiros que se apagam, pouco a pouco, para que elas se destaquem entre os homens, elevando-se na evidência terrena. Diante da Lei, todas as tarefas do Bem são missões de caráter divino. O homem deve afastar-se de si qualquer resquício de inveja e atender, alegremente, ao dever que lhe cabe e se, por acaso, ninguém se dá conta de sua posição obscura, ignorando-lhe a pessoa e a sua presença, nem por isso deve abandonar o trabalho humilde que a vida lhe confere, na certeza de que Deus é também o GRANDE ANÔNIMO, a ensinar a todos, na base de toda a sabedoria e de todo o amor, compenetrando-se de que o mais alto privilegio é o de servir à Humanidade. A propósito, convém aqui lembrar que Jesus Cristo, desempenhando a mais elevada e penosa missão terrena, disse claramente ter vindo “para servir e não ser servido”. Muitas missões terrenas são entrecortadas de amargos sofrimentos, mas, aquele que as desempenha e confia na Justiça Divina, não desconhece ser tudo aquilo necessário para a própria elevação na escalada do progresso espiritual. O apóstolo Paulo de Tarso, no desempenho de sua gloriosa missão terrena, recebeu dos Judeus cinco quarentas de açoites (39 de cada vez); três vezes foi açoitado com varas, uma vez foi apedrejado, passou por três naufrágios, um dia e uma noite permaneceu no abismo, sem contar os perigos pelos quais passou no meio de salteadores e nos rios, enfrentando perigos entre os Judeus, entre os Gentios, na cidade, no deserto, no mar e entre os falsos irmãos. Além disso, passou frio e nudez, fome e sede, bem GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 14 como numerosas noites de vigília e desempenhou trabalhos árduos, dos quais sobrevieram fadigas indescritíveis. Paulo tinha plena convicção de sua missão; sabia que deveria executar a vontade de Deus, propagando, numa vasta região, os maravilhosos ensinamentos revelados por Jesus Cristo. BENFEITORES Os benfeitores espirituais são mensageiros de Deus, que executam a sua vontade e ajudam os homens, no decurso de suas provações e expiações terrenas, inspirando-lhes bons sentimentos e orientadoos, quando se deparam com o sofrimento nas encruzilhadas da vida. A ação desses benfeitores se faz sentir, tanto quando os seus Espíritos recobram uma parte de sua liberdade. Será sempre fácil ao homem discernir a presença desses mensageiros divinos, ao seu lado, pela rota do Bem a que o induzam. Eles somente mostram o caminho certo, competindo aos homens resolverem sobre o caráter do auxilio que recebam. Esses amigos do Mundo Maior acordam a esperança e restauram o bom ânimo nos que se vêem a braços com assédios de ordem espiritual, sendo licito, no entanto, recordar em nome da Boa Doutrina que a tarefa de sustentação pertence aos próprios homens. Tanto o Antigo como o Novo Testamento são pródigos na demonstração dos efeitos benéficos da ação desses benfeitores espirituais sobre os encarnados. Um caso típico ocorreu com o Centurião Cornélio, na cidade de Cesaréia, o qual, sendo um homem caridoso e dotado de elevados dotes morais e de bons sentimentos, recebeu em sua casa a visita de um Espírito Benfeitor, que lhe recomendou enviar mensageiro à cidade de Jope, a fim de convidar o apóstolo Simão Pedro a ir esclarecê-lo sobre as verdades novas trazidas por Jesus Cristo. Eles permanecem em constante dialogo mental, sugerindo o melhor caminho. Não esperam que o homem se transforme em anjo, para ajudá-lo, mas atuam de maneira direta em seu favor até que possa abrir os olhos e enxergar os propósitos do Pai, no seu destino. Então, o homem começará a elevar-se e a identificar-se com os benfeitores que lhe ampararão os passos. Foi por isso que Kardec, na pergunta 464 de “O Livro dos Espíritos”, ao indagar: “Como distinguir se um pensamento sugerido procede de um Bom Espírito ou de um Espírito mau? Teve a seguinte resposta: “Estudai o caso. Os Bons Espíritos só para o Bem aconselham. Compete-vos discernir”. Esta distinção deverá ser feita com a mente e com o coração. A mensagem de um benfeitor será sempre vazada em termos claros e objetivos. Mesmo que o médium seja de pouco recursos, a mensagem do Espírito, dita com simplicidade, conterá profundos recursos de moral e trará conhecimentos para os ouvintes. Conhecem os vícios e tendências do médium e sabem como ludibriá-lo no dédalo de suas ambições pessoais. Por isso, disse Kardec, cabe ao homem e, particularmente, ao médium discernir. REFORMA ÍNTIMA Desde o início dos tempos, o homem vem recebendo lembretes, chamamentos, avisos e alertas, de diversas formas, a fim de compreender melhor a prática das Leis Divinas. O Mestre Jesus, quando veio ao Planeta, falou a todos em linguagem muita clara, quando proferiu o Mandamento Maior: “Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”. Se a Humanidade percebesse a profundidade deste ensinamento e procurasse praticá-los diariamente, os problemas sociais, materiais, morais e, especialmente, espirituais, seriam quase irrelevantes. A Humanidade, infelizmente, ainda permanece em profundo atraso moral. O “homem velho” ainda prevalece sobre o “homem novo”. A reforma interior, ou seja, o crescimento moral, o abandono dos velhos hábitos e defeitos, em troca de virtudes e qualidades, é um processo lento e insensível de modificação de tendências milenares de comportamento. A Doutrina Espírita vem, novamente, para chamar a Humanidade à pratica da moral cristã. Chama a atenção do homem para a importância da vigilância do pensamento e da pureza do coração. O bom pensamento emite vibrações positivas, que envolvem o homem em fluidos leves e sutis, favorecendo sua GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 15 sintonia com outros Espíritos, encarnados e desencarnados, com a mesma faixa vibratória. Assim, quando volta suas ações e pensamentos para o bem, o homem atrai para si Espíritos amigos e afins, que vão auxiliálo em sua caminhada. Da mesma forma, quando se sintoniza com baixo padrão vibratório, atrai Espíritos nas mesmas condições de desequilíbrio, os quais incentivarão ainda mais suas dificuldades, defeitos e fraquezas. Assim, cabe ao homem, especialmente ao que tem compromissos mediúnicos a cumprir, prevenir-se de tais desequilíbrios, que só contribuirão para o retardamento de sua evolução espiritual. Muitos Espíritos reencarnam para desvencilharem-se de graves problemas, através de uma vida em contato reta e equilibrada, mas, quando entram em contato com a atmosfera terrestre, acabam cedendo às suas paixões e inferiores e olvidam os compromissos assumidos anteriormente, contraindo novos débitos, ao invés de ressarci-los. Esta é, infelizmente, a situação de grande numero de habitantes do Planeta. Estes infelizes, por seu comportamento desregrado, atraem Espíritos afins e juntos permanecem em desequilíbrio, pois um está retardando o progresso do outro, consciente ou inconscientemente. Tal obsessão, ou simbiose, só vai interromper-se quando um dos dois lados conscientizar-se da moral cristã e, com muita renuncia, humildade e amor, conseguir sintonizar-se com Deus, abrindo espaço para que a ajuda possa penetrar em seu coração. A única forma pela qual o homem poderá prevenir-se desses desequilíbrios, é pela realização de sua Reforma íntima. A eliminação dos defeitos e erros do passado, dívidas morais para com o próximo, através da moral cristã, são extremamente necessárias para que ocorra a modificação interior de cada Espírito, encarnado ou desencarnado. Somente através da pratica do Bem em todas as situações, com todas as pessoas e em todos os momentos, o homem alcançará o progresso tão almejado. A prática do perdão, da compreensão, da justiça, da caridade e, acima de tudo, do Amor, principalmente nos momentos mais difíceis, pode elevar o caráter moral do homem. De na da adiantam o acúmulo de palavras, as longas pregações, as inúmeras tarefas mediúnicas ou as preces constantes, se não existe a verdadeira prática daquilo que é pregado teoricamente. Como diz o sábio provérbio popular: “O bom exemplo é o melhor sermão”. A Reforma íntima deve ser encarada como um processo contínuo e eterno, porque a modificação e a evolução humanas nunca terminam. A perfeição relativa que o Espírito deve alcançar exige esforço constante no sentido do seu melhoramento moral e intelectual. Jesus trouxe à Terra, há 20 séculos, impulsos renovadores que ainda continuam atualíssimos e necessitam de prática emergente, a fim de conferirem ao homem um pouco mais de felicidade e paz, tanto em sua existência terrena, quanto no Plano Espiritual. Em todos os momentos, nos menores gestos, pensamentos ou palavras, o homem tem condições de expressar tudo de bom que traz dentro de si; especialmente quando os problemas aumentam, quando as dificuldades se avolumam e quando tudo parece ruim, é que é mais importante a prática dos ensinamentos cristãos, mais esclarecidos com o advento da Doutrina Espírita, pois, é muito fácil praticar a moral cristã quando tudo vai bem, quando a paz reina e quando todos parecem bem, em todos os sentidos. O mérito aproxima-se muito mais, quando se transpõem dificuldades com coragem, fé e humildade. O homem tem tudo de que necessita para conquistar a sua felicidade; semeando para si, tudo o que Jesus trouxe à Terra, com seu exemplo, só depende do próprio esforço. Assim, relembra Jesus: “Batei e abrir-se-vos-á; buscai e achareis!” “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos!” “A cada um segundo sua obra!” Os Espíritas sinceros, que tem procurado praticar esses conceitos, certamente estão no caminho da conquista sublime de sua Reforma Íntima! O Espírita é um cidadão dos dois mundos: ele está convicto das esperanças que se realizarão um dia, mas ainda está preso às exigências da vida material; coloca no espaço e no tempo futuros os seus sonhos de libertação, os seus anseios pungentes de proximidade com a Espiritualidade Maior e sabe que, por um bom período, terá ainda que suportar a separação; encarnado, é assaltada por sentimentos de ansiedade e frustração, como que procurando algo inexprimível ou que perdeu, na voragem dos séculos; entretanto, sabe que Deus o ama e quer a sua redenção; pensa pelo Espírito, mas atua pela matéria; procura dar vazão ao voo espiritual, soltando a mente que perscruta o insondável Universo e busca a fulgurante Vida; de repente, se vê a braços com a destruição e com a morte; o que deseja não faz e pratica o que não quer; ama o sublime GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 16 e o belo e não consegue escapar ao visgo da mentira, da falsidade, da deslealdade, do fanatismo, do egoísmo e do orgulho. Foi a consciência desta realidade que levou Paulo a exclamar: “Miserável homem que eu sou!’’ Foi a sua conscientização, ao constatar a realidade dura da luta espiritual travada por ele mesmo. Por isso, o Espírita sabe que sua responsabilidade é muito maior que a dos outros membros de confissão religiosa. Ele tem acesso a informações mais seguras e mais verdadeiras. São atrozes confissões de Espíritos que vivem atormentados por suas paixões, carinhosamente acalentadas durante a existência na matéria, as quais agora são vorazes aguilhões a lhes corroerem a pesada consciência, dependendo exclusivamente deles o cuidado com o próprio futuro. OS MÉDIUNS E SUAS APTIDÕES A mediunidade nasce com o ser humano. É uma faculdade ligada, inseparavelmente, ao homem; portanto, como diz Kardec – “não constitui um privilegio para ninguém, porquanto apresenta uma variedade infinita de matizes”. Existem aqueles nos quais a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada; em outros, não é percebida em todos os homens da mesma maneira, porque decorre das condições evolutivas de cada um e do seu estado atual, bem como do estado espiritual do comunicante. A mediunidade não depende de sexo, idade ou temperamento, sendo encontrada em todas as categorias de indivíduos, desde a mais tenra idade até a mais avançada. Para o exercício da faculdade mediúnica “a fé não é a condição rigorosa; sem dúvida, lhe secunda os esforços, mas não é indispensável; a pureza da intenção, o desejo e a boa vontade bastam. Tem-se visto pessoas inteiramente incrédulas ficarem espantadas de escrever a seu mau grado, enquanto crentes e sinceros não o conseguem, o que prova que esta faculdade se prende a uma disposição orgânica”. O agente é o fluido perispirítico. A ligação ocorre entre o Perispírito do comunicante e o do médium; portanto, o Espírito comunicante não “entra”no corpo do médium. Toda gesticulação, trejeitos, fungação, gritos, choros, risadas, bater as mãos e pés e até sotaque em idiomas estrangeiros são atitudes decorrentes da má educação mediúnica. O Espírito que deseja comunicar-se procura um indivíduo apto a receber-lhe as impressões e a servi-lhe, nem sempre, com consciência de médium. A ligação é feita de acordo com o grau de afinidade existente entre ambos. Os Espíritos se manifestam de maneiras diversas, mas os médiuns se agrupam em duas categorias; os inconscientes e os facultativos. Os inconscientes agem por iniciativa dos Espíritos, e os facultativos por iniciativa própria. Todos os gêneros de fenômenos espíritas podem produzir-se pelos médiuns. A ignorância e a incredulidade tem-lhes atribuído um poder sobrenatural, e, segundo os tempos e os lugares, eles tem sido considerados santos ou feiticeiros, loucos ou visionários. O Espiritismo descobre neles a simples manifestação mediúnica. Segundo os efeitos apresentados, os médiuns são divididos em duas grandes categorias: Médiuns de Efeitos Físicos e Médiuns de Efeitos Intelectuais. Médiuns de Efeitos Físicos – são “particularmente aptos para a produção dos fenômenos matérias, como os movimentos dos corpos inertes, os ruídos etc. Podem dividir-se em médiuns facultativos (tem consciência do seu poder e produzem fenômenos espíritas pela própria vontade) e médiuns involuntários (cuja influencia se exerce a seu mau grado). Esses fenômenos podem ser espontâneos ou provocados, mas sempre com o concurso voluntario ou involuntário dos médiuns dotados dessa faculdade especial. O agente espiritual dessas manifestações é, geralmente, de ordem inferior. Os espíritos elevados só se ocupam de manifestações inteligentes e instrutivas. Médiuns de Efeitos Intelectuais – são os mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes. Comenta Kardec que nos diferentes fenômenos produzidos sob a influencia mediúnica, em todos, há um efeito físico, e aos efeitos físicos se alia, quase sempre, um efeito inteligente, sendo difícil determinar o limite entre os dois. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 17 Sob a denominação de médium de efeitos intelectuais incluem-se os sensitivos ou impressionáveis, os auditivos, falantes, videntes, intuitivos, sonâmbulos, curadores, escreventes ou psicógrafos, pneumatógrafos, inspirados, de pressentimento, médiuns proféticos. De modo geral, pode-se dizer que os médiuns sentem a presença dos Espíritos por uma vaga impressão, uma espécie de tremor dos membros, de formigamento, que, às vezes, nem sabem explicar. O médium pode adquirir tal sutileza que lhe permite reconhecer, pela natureza da impressão, se o Espírito é bom ou mau, e até a sua individualidade, como o cego reconhece, instintivamente, a aproximação dessa ou daquela pessoa. Um bom Espírito produz uma impressão suave e agradável; e a impressão de um mau, ao contrario, é penosa, asfixiante e desagradável, produzindo a sensação de coisas imundas. MÉDIUNS: INTÉRPRETES, INSTRUMENTOS DOS ESPÍRITOS Os médiuns são os intérpretes e os instrumentos dos Espíritos: Quis o Senhor que a luz se fizesse para todos os homens e que a voz dos Espíritos penetrasse por toda parte, a fim de que cada um pudesse obter a prova da imortalidade. É com esse objetivo que os Espíritos se manifestam hoje por toda a Terra, que a mediunidade, revelando-se entre as pessoas de todas as idades e de todas as condições, entre homens e mulheres, crianças e velhos, constitui um sinal de que os tempos chegaram. Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da natureza material, Deus concedeu aos homens a vista física, os sentidos corporais e os instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha o seu olhar nas profundidades do espaço, e com o microscópio descobriu o mundo dos infinitamente pequenos. Para penetrar o mundo invisível, deu-lhe a mediunidade. Os Médiuns são os intérpretes do ensino dos Espíritos, ou melhor, são os instrumentos materiais pelos quais os Espíritos se exprimem, nas suas comunicações com os homens. Sua missão é sagrada, porque tem por fim abrir-lhes os horizontes da vida eterna. Os Espíritos vem instruir o homem sobre o seu futuro, para conduzi-lo ao caminho do bem, e não para poupar-lhe o trabalho material que lhe cabe neste mundo, para o próprio adiantamento, nem para favorecer as suas ambições e a sua cupidez. Eis do que os médiuns devem compenetrar-se bem, para não fazerem mau uso de suas faculdades. Aquele que compreende a gravidade do mandato de que se acha investido, cumpre-o religiosamente. Sua consciência o condenaria como por um ato sacrilégio, se transformasse em divertimento e distração, para si mesmo e para os outros, as faculdades que lhe foram dadas com uma finalidade séria, pondo-o em relação com os seres do outro mundo. Como intérpretes do ensinamento dos Espíritos, os médiuns devem desempenhar um papel importante na transformação moral que se opera. Os serviços que podem prestar estão na razão de boa orientação que derem às suas faculdades, pois os que seguem o mau caminho são mais prejudiciais do que úteis à causa do Espiritismo: pelas más impressões que produzem, retardam mais de uma conversão. Eis porque terão de prestar contas de uso que fizeram das faculdades que lhes foram dadas para o bem de seus semelhantes. O médium, que não quer perder a assistência dos Bons Espíritos, deve trabalhar pela própria melhoria. O que deseja que a sua faculdade se engrandeça e desenvolva, deve engrandecer-se moralmente, abstendo-se de tudo o que possa desviá-la da sua finalidade providencial. Se os Bons Espíritos às vezes se servem de instrumentos imperfeitos, é para bem aconselhá-los e procurar levá-los ao bem; mas se encontram corações endurecidos, e se os seus conselhos não são ouvido, retiram-se, e os maus tem então o campo livre. A experiência demonstra que, entre os que não aproveitam os conselhos dos Bons Espíritos, as comunicações, após haverem alguns clarões, durante certo tempo, acabam por cair no erro, na verbosidade vazia e no ridículo, sinal incontestável do afastamento dos Bons Espíritos. Obter a assistência dos Bons Espíritos e livrar-se dos Espíritos levianos e mentirosos deve ser o objetivo dos esforços constantes de todos os médiuns sérios. Sem isso a mediunidade é uma faculdade estéril, que pode mesmo reverter em prejuízo daquele que a possui, degenerando em obsessão perigosa. Nenhum médium deve orgulhar-se, envaidecendo-se de sua faculdade. Se suas comunicações merecerem elogios, deve recebê-los como acréscimo de responsabilidade e não como mérito pessoal. Se derem motivos a críticas, não deve ofender-se, nem melindrar-se, nem alegar, como defesa, que o problema é do Espírito comunicante, porquanto um médium evangelizado e consciente de sua responsabilidade estará sempre envolvido e protegido por Bons Espíritos. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 18 Recomenda-se, portanto, ao bom médium, antes de realizar comunicação com o mundo invisível, preparar-se, adequadamente, através da prece e da boa conduta íntima que, em síntese, resumemse no “Orai e Vigiai!”. NATUREZA DAS COMUNICAÇÕES Já se sabe que os Espíritos são seres inteligentes que atuam sobre a matéria, que todo efeito inteligente uma causa inteligente. Assim, um movimento de mesa, um ruído, um deslocamento de objeto que decorram da ação mental do homem ou que apresentem um caráter intencional, podem ser considerados como uma ação inteligente. Só isso, entretanto, limitaria o interesse por tais estudos, apesar de provar a existência das manifestações espirituais. Tudo se modifica, quando essa inteligência permite uma troca regular e contínua de ideias, não mais como simples manifestações inteligentes, mas como verdadeiras comunicações. “O Livro dos Espíritos”, item 100, mostra, claramente, a variedade infinita de Espíritos, no seu grau de desenvolvimento, quanto à elevação moral e graus de inteligência, segundo a escala espírita. Se atentar para essas condições, podem-se analisar tais comunicações por diferentes ângulos, porquanto elas devem refletir a elevação ou a inferioridade dos Espíritos, suas ideias, seu saber ou sua ignorância, seus vícios e suas virtudes. Os meios de comunicação são variadíssimos, diz Kardec: “Atuando sobre os nossos órgãos e sobre todos os nossos sentidos, podem os Espíritos manifestar-se à nossa visão, por meio das aparições; ao nosso tato, por impressões tangíveis, visíveis ou ocultas; à audição pelos ruídos; ao olfato por meio de odores sem causa conhecida”. Para facilitar esse estudo, Kardec agrupou as comunicações em quatro categorias: grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas. Comunicações grosseiras são as concebidas em termos que chocam o decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros. Não aceitam a delicadeza de sentimentos. Em trabalhos mediúnicos são Espíritos que transmitem comunicações triviais, sem nobreza, obscenas, insolentes, arrogantes e malévolas, e mesmo ímpias. As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, que nenhuma importância ligam ao que falam. Como estas manifestações nada tem de indecorosas, certas pessoas gostam desse tipo de comunicação que dá acesso a Espíritos que se prestam a revelar o futuro, fazer predições, dando palpites sobre o destino etc. Eles pululam entre os encarnados e aproveitam todas as ocasiões que lhes forem propícias, para se intrometerem em comunicações, conforme a curiosidade existente. As comunicações sérias são ponderadas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Tem finalidade útil, mesmo que de interesse particular. Como os Espíritos sérios não são todos igualmente esclarecidos, essas comunicações podem estar sujeitas a erros de boa-fé, sendo, portanto, falsas. Por isso, recomenda-se que todas as comunicações sejam submetidas ao controle da razão e da lógica. Aqui convém lembrar o conselho de João Evangelista quando disse: Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas que se levantaram no mundo. As comunicações instrutivas possuem um caráter sério e verdadeiro. Induzem aos ensinamentos nos campos da Ciência, Filosofia e da Moral. São mais profundas, quanto mais elevadas e desmaterializadas for o Espírito. Somente pela regularidade e frequência dessas comunicações é que se pode avaliar o valor moral e intelectual desses Espíritos, bem como o grau de confiança que mereçam. Com a divulgação crescente dos ensinamentos dos Espíritos entre os homens, tem surgido, cada vez mais, trabalhadores médiuns nas Casas Espíritas. Muitos, ainda, não evangelizados e ignorantes dos princípios filosóficos e morais que norteiam a Doutrina, se tornam instrumentos imaturos de comunicações e, frequentemente, são envolvidos por Espíritos pseudossábios ou mistificadores, dando a origem a comunicações grosseiras, desprovidas de valor moral ou contendo erros doutrinários e de linguagem. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 19 Tais médiuns, querendo ajudar o Centro em que trabalham e julgando estar fazendo o melhor, promovem a divulgação das comunicações recebidas, sem uma análise criteriosa sobre cada uma, trazendo para o meio do Espiritismo mais confusão que esclarecimento. Cabe ao dirigente espírita observar as recomendações de Kardec sobre o assunto, consoante mencionado em seu livro “Viagem Espírita 1862”, quando exortou: - a evitar publicações de mensagens psicografadas ou não, frequentemente com erros lamentáveis, pois oferecem da Doutrina uma ideia falsa, que a expõe ao ridículo. Não se deixar levar, nas psicografias, por nomes respeitáveis, muitas vezes apócrifos. Os médiuns devem, neste caso, ser cuidadosos, para não se lisonjearem com o nome do comunicante ou se melindrarem com observações do dirigente ou de companheiros; - a recolher e passar a limpo as comunicações recebidas, recorrendo-se a elas em caso de necessidade. Os Espíritos que veem seus ensinos relegados ao abandono, bem cedo deixam o grupo, fatigados. Fazer uma melhor seleção e coleção das melhores. Analisar, reler, tirar proveito das comunicações, que poderão constituir-se num “guia moral da sociedade”. O dirigente deve interditar a leitura de comunicações que tratam de assuntos não ocupados pela Casa Espírita e sem proveito para a Doutrina. O TEU DOM Nos quadros do Espiritismo, onde se procura vivenciar o Cristianismo, com muita frequência o problema da mediunidade tem sido discutido em sua parte fenomenológica, levando muitas vezes ao esquecimento a parte essencial do trabalho fraterno. Há pessoas que anseiam um desenvolvimento mais rápido de suas mediunidades, sem, contudo, lembrar que para isso é preciso muito trabalho. Quando se compreende o dever de servir, o intercambio com Jesus se fará em toda a parte. Diz Emmanuel que “o campo de lutas e experiências terrestres é a obra extensa do Cristo, dentro da qual a cada trabalhador se impõe certa particularidade de serviço”. A mediunidade pode e deve ser trabalhada no sentido do bem, para que possa assim haurir condições nobres de serviço e funcionar como instrumento propulsor ao aprimoramento espiritual. As bênçãos conquistadas devem ser repartidas, amorosamente, com todos aqueles que necessitam, e nunca devem ser comercializadas, como tentou “Simão, o Mago”, oferecendo dinheiro aos apóstolos, para deles receber o dom do Espírito Santo, dizendo: “Dai-me, também, a mim este poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo”. Mas disse-lhe Pedro:”O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro.” O termo Espírito Santo foi criado muito posteriormente à revelação de Jesus, ou precisamente na metade do século IV, após longas controvérsias, longas discussões em Concílios. Nas versões primitivas, falava-se somente em Bom Espírito, Santo Espírito, Espírito de Deus ou simplesmente Espírito. Na descrição sobre o batismo de Jesus, por exemplo, escreveu: “E logo, ao sair da água, viu os céus abertos, o Espírito, em forma de pomba, descer sobre ele.” Também diz: “E eis que se lhe abriram os céus, e o Espírito de Deus desceu sobre ele como pomba.” Todo mérito é conquistado pelo trabalho, pelo esforço próprio de cada um. A luta é individual. É necessário que haja vontade sincera de servir ao semelhante. Neste trabalho de amor, diz Emmanuel: “Diariamente, haverá mais farta distribuição de luz espiritual em favor de quantos se utilizam da luz que já lhes foi concedida, no engrandecimento e na paz da comunidade. Não é razoável, porém, conferir instrumentos novos a mãos ociosas, que entregam enxadas à ferrugem.” FORMAÇÃO DE MÉDIUNS Não existem um processo para a formação de médiuns e um diagnóstico para a mediunidade. O mais aconselhável é uma orientação, um esclarecimento positivo, a fim de que os médiuns possam desenvolver-se com equilíbrio e segurança, e é apenas nos cursos de educação mediúnica, bem estruturado. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 20 Isto deverá acontecer normalmente, e o médium deverá estudar bem os vários tipos de mediunidade, para não envolver-se negativamente, evitando vaidades, lucros, proveitos e desenganos. O médium, antes, durante ou depois do curso, sentirá indícios chamados de “Sintomas de Mediunidade”. Ao terminar o curso, ele continuará seus estudos para ir-se desenvolvendo cada vez mais, com amor e conhecimento. Um instrumentista musical, ou de qualquer outra atividade, não pode ficar sem exercícios, pois, com o tempo, perderá sua habilidade, se não for perseverante no trabalho. Um médium, da mesma forma, se não empregar bem sua faculdade, trabalhando com devotamento, poderá perder-se, desequilibrar-se. O médium, quando inicia seu desenvolvimento, na maioria dos casos, quer manter comunicações com os Espíritos de familiares ou amigos de seu relacionamento, mas deverá moderar sua impaciência, pois a comunicação com determinados Espíritos poderá apresentar certas dificuldades, porque não se sabem as condições em que eles se encontram na Espiritualidade, tornando-se impossível, muitas vezes, a comunicação desejada. Antes de qualquer comunicação, é feita uma adaptação fluídica entre o Espírito comunicante e o médium, e isto não é um trabalho rápido, pois requer do Plano Espiritual, um tempo de observação e análise, à medida que a faculdade se desenvolve, é o que o médium adquire, pouco a pouco, a aptidão necessária para colocar-se em sintonia com o Espírito comunicante, a fim de transmitir a mensagem. As condições mais importantes no desenvolvimento dessa faculdade são: a reforma íntima (evangelização); a vontade firme de ser o intermediário entre o Mundo Espiritual e o Material. Este desenvolvimento, dentro de um grupo sério e organizado, dará ao intermediário todas as condições favoráveis para o trabalho. Dizem os Espíritos e Kardec: “Os que se reúnem com um intento comum formam um todo coletivo, cuja força e sensibilidade se encontram acrescidas por uma espécie de influencia magnética, que satura o ambiente de fluidos propícios, e, entre os Espíritos atraídos por esse concurso de vontades, estarão alguns que descobrirão, entre os médiuns presentes, o instrumento que melhor lhes convenha.” Desenvolvida a faculdade, é essencial que o médium não abuse dela para sua satisfação pessoal ou mera curiosidade. PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE Os médiuns não devem considerar-se melhor do que outros ou do que outras pessoas, nem sua mediunidade deve ser motivo de vaidade, de orgulho, mas sim uma tarefa de servir, uma missão a ser cumprida, com fraternidade e desinteresse. Essa faculdade pode ser interrompida, temporariamente, por diferentes motivos: a) ADVERTENCIA: Prova ao médium que ele é um simples instrumento, que sem o concurso dos Espíritos nada faria. Se o médium se vem conduzindo mal, moral e doutrinariamente, fazendo mau uso ou abusando de sua faculdade, o Espírito, verificando que o médium já não lhe corresponde nem aproveita suas instruções e conselhos, afasta-se em busca de um protegido mais digno. Neste caso, quase sempre, os maus Espíritos se apoderam do médium “para obsedá-lo e enganar, sem prejuízo das aflições comuns”, a que se subordina, por seu orgulho, por seu egoísmo. Este tipo de suspensão é por algum tempo, e a faculdade voltará a funcionar, cessada a causa que a produziu. b) BENEVOLÊNCIA: É um benefício ao médium para evitar que ele se debilite por doença física. Quando as forças do médium se agitam, seu poder de defesa fica reduzido. Neste caso, a suspensão é temporária; o Espírito lhe proporciona um repouso material necessário. c) PROVAÇÃO: O objetivo é desenvolver a paciência, a perseverança, para dar tempo ao médium de meditar sobre o conteúdo das comunicações recebidas. Meditar significa examinar-se interiormente, estudar, refletir, ponderar, pensar sobre o que se aprendeu e buscar aplicar o aprendido. A perda da mediunidade nem sempre significa abuso ou mau uso da faculdade, mas encerramento de uma tarefa, e toda tarefa encerrada com sucesso é o prenuncio de nova tarefa, que se segue, para servir com amor, humildade e fraternidade na “Seara do Mestre”. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 21 Toda criatura, ao reencarnar, traz consigo o compromisso de realizar tarefas a seu favor e também a favor de seus semelhantes. Em razão disto, pelo progresso já conquistado anteriormente, através de varias outras encarnações lhe são concedidos, por empréstimo, recursos, como riqueza e outros bens, para que deles, se utilizando, possa progredir e auxiliar o próximo. Homem diligente e sábio é aquele que faz com que os bens que Deus lhe confiou, inclusive as riquezas terrenas, beneficiem toda a coletividade, disseminando bens de todos os matizes, trazendo luz, esclarecimento, conforto e paz para todos os necessitados. Quantos indivíduos são providos dessa faculdade e, por tantas razões particulares, deixam de exercê-la, deixando de praticar o bem para si e para o próximo. Um é por ignorância, outro por crença religiosa; este por preguiça, aquele por medo, aquele outro é porque não tem tempo; enfim, tantos são os que enterram seus talentos que, ao invés de ser tornarem diletos discípulos de Jesus, permanecem nas filas dos assistidos, implorando a misericórdia divina, sempre à espera de um milagre. Quantos estão nesta condição, desprezando seus talentos preciosos, reclamando da sorte na vida e retardando oportunidades de progresso. O Espiritismo é a grande luz da libertação dessas consciências, e o médium esclarecido e evangelizado será sempre, ele mesmo, o portador de sua mensagem, exemplificando amor e saber, levando luz e esperança ao próximo. INCONVENIENTES E PERIGOS DA MEDIUNIDADE O exercício da faculdade mediúnica, como outro qualquer, quando não disciplinado ou bemorientado pode ocasionar perigos e inconvenientes. Há casos em que é prudente, necessária mesmo a abstenção, ou, pelo menos, o exercício moderado, tudo dependendo do estado físico e moral do médium. Há pessoas que devem evitar quaisquer causas de superexcitação, e a prática mediúnica seria uma delas. Como toda criatura possui mediunidade, as crianças também estão nestas condições. Porém os Espíritos orientam (LM, cap. XVIII, perg. 221, §6º) “que é muito perigoso” o desenvolvimento da mediunidade na infância, “porque esses organismos frágeis, delicados, seriam muito abalados e sua imaginação infantil ficaria superexcitada”. Não há idade precisa para a prática da mediunidade, que depende inteiramente do desenvolvimento físico, moral e, particularmente, do psíquico. O exercício da mediunidade, na criança, requer cuidados e conhecimentos, para que não haja enganos por parte de Espíritos mistificadores. Se os adultos são muitas vezes enganados por esses Espíritos, a infância e a juventude, pelas suas inexperiências, estarão muito mais sujeitas a eles. O recolhimento e a seriedade são condições essenciais para se tratar com Espíritos. Como uma criança ainda não possui esses discernimentos é imperioso que a vigilância seja exercida sobre ela, para que não tome o fenômeno por um brinquedo. Diz Edgar Armond, em “Mediunidade”, cap. 20, que “Moléstias de toda ordem, que resistem aos mais acurados tratamentos; alterações físicas incompreensíveis de causas impalpaveis que desafiam a competência e a argúcia da medicina; complicações as mais variadas, com reflexos na vida subjetiva”...e, ainda “angustias, depressões, ou alterações, já do mundo mental, como temores, misantropia, alheamento à vida, manias, amnésias etc., enfim, todas estar perturbações, numa ampla proporção, existe sempre esse fator mediunidade, com causa determinante e, portanto, passível de regularização. Muita gente toma, assim, o efeito pela causa. Não é o exercício da mediunidade que traz inconvenientes ou perigos à saúde das pessoas, mas a sua abstenção é que gera os desequilíbrios. Cabe a cada um descobrir as causas de suas aflições, tornando-se médico de si mesmo, para tornar-se o arquiteto de seu próprio destino, porquanto o estudo constante, o trabalho, o devotamento ao bem e a vigilância auxiliam o homem e o previnem contra os desequilíbrios no exercício da mediunidade. Diz Emmanuel (Roteiro, cap. 36) que “não há bom médium, sem homem bom. Não há manifestação de grandeza do Céu, no mundo, sem grandes almas encarnadas na Terra. Em razão disso, GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 22 acreditamos que só existe verdadeiro e proveitoso desenvolvimento psíquico, se estamos aprendendo a estudar e servir.” OS SÃOS NÃO PRECISAM DE MÉDICO Jesus Cristo, durante o seu Messiado terreno, conviveu no meio de pobres e pecadores, pois a sua missão redentora representava uma promessa viva, dirigida aos sofredores de todos os matizes, aos doentes do corpo e da alma. Em todos os tempos, sempre houve criaturas necessitadas do lenitivo espiritual. Assim, quando o Mestre lhes falava, sentiam que suas necessidades espirituais eram aliviadas. Todos os doentes, os desalentados e os sofredores sentiam-se bem quando recebiam de Jesus aquele amor que os fortificava. A mediunidade decorre de uma condição orgânica e é inerente a todo ser humano, como todas as demais faculdades, ver, ouvir, falar, etc. Os homens podem fazer mal uso de todas elas em consequências de seu livre-arbítrio. Deus outorgou todas essas faculdades ao homem, dando-lhe a liberdade de utilizá-las como quiser; entretanto, aquele que delas abusa tem que responder por isso. “A mediunidade é dada sem distinção, a fim de que os Espíritos possam levar a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos virtuosos, para fortalecê-los na pratica do bem; aos viciosos, para corrigi-los.” O PAPEL DOS MÉDIUNS NAS COMUNICAÇÕES O Espírito do médium submetido às diferentes condições que ocorrem durante o transe, tais como o grau de desprendimento, as lembranças do passado e o nível de moralidade, exerce influencia decisiva na natureza das comunicações espíritas, distinguindo-se: a) Comunicações do Espírito do próprio médium: fatos anímicos; b) Comunicações de outros Espíritos através do médium: fatos espíritas. Entre os fatos anímicos e os fatos espiríticos, na mediunidade, existe um limite indefinido, porquanto dificilmente se pode dizer com absoluta segurança quando é que fala o Espírito desencarnado ou quando fala a alma do médium, em transe. Animismo, na conceituação de André Luiz é o “conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação.” No primeiro caso, o médium fala pelo próprio Espírito, podendo, inclusive, dizer coisas que o médium como homem, desconhece. No segundo, o médium é o interprete e, como tal, pode exercer maior ou menor influencia nas comunicações que deve transmitir. Essas influencias decorrem da afinidade fluídica, da sintonia comportamental, do nível moral, do nível intelectual e da preparação do médium para o serviço mediúnico. São estas as razões pelas quais “os Espíritos procuram o interprete que mais simpatize com eles e que lhes exprima com mais exatidão os pensamentos. Não havendo entre eles simpatia, o Espírito do médium é um antagonista que oferece certa resistência e se torna um interprete de má vontade e muitas vezes infie”. No médium, o grau de mediunidade é relativo: menor entre os intuitivos e maior entre os médiuns mecânicos, mas, em qualquer caso, a passividade é maior, quanto menos o médium misturar suas ideias com as do Espírito que se comunica. Como se sabe, a comunicação se faz pela irradiação pensamento. “Quando somos obrigados a servir-nos de médiuns pouco adiantados, dizem os Espíritos, somos constrangidos a decompor os nossos pensamentos e a ditar palavra por palavra, letra por letra, constituindo isso uma fadiga e um aborrecimento, assim como um entrave real à presteza e ao desenvolvimento das nossas manifestações.” O médium é, acima de tudo, um instrumento, um interprete, tanto melhor como instrumento quanto mais fiel como interprete, porque, dizem os Espíritos, “o nosso Perispírito, atuando sobre o daquele a quem mediunizamos, nada mais tem que fazer senão impulsionar a mão que nos serve de lapiseira”, mas, se o Espírito não é simpático ao médium, este acaba interferindo na comunicação. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 23 Consequentemente, pode o médium tratar de assuntos de matemática, medicina, etc., embora como encarnado, não tenha conhecimento do assunto. O médium é tanto mais passivo em seu papel, quanto menos interferir no pensamento que retransmite, mas nunca é inteiramente nulo. A QUEM MUITO FOI DADO, MUITO SERÁ PEDIDO Muitos dos ensinamentos de Jesus Cristo foram ministrados em forma de parábolas. O Mestre sabia, de antemão, que suas palavras não seriam compreendidas por muitos dos seus contemporâneos também por muitas gerações futuras. De forma idêntica, ele também não desconhecia que os seus ensinamentos seriam adulterados no decorrer dos séculos, com o escopo de servir aos interesses inconfessáveis de grupos e de pessoas, principalmente às religiões dogmáticas do futuro; por isso, ele entrecortou os seus ensinamentos com maravilhosas parábolas, cuja interpretação era algo difícil de ser colimada pelos homens que manipulavam o povo; portanto, elas atravessariam os séculos que se avizinhavam, sem sofrer o impacto das deturpações, uma vez que, aos olhos de muitos, não passavam de contos inocentes e sem maiores consequências. O esforço intimo e perseverante do homem atrai o auxilio dos Espíritos Superiores. É como se fora potente imã que chama as melhoras progressivas e as graças abundantes que são importante ajuda para se atingir os objetivos sadios que enobrecem a alma, aproximando-a de Deus, uma vez que a vida terrena representa mais uma etapa no grandioso processo evolutivo do Espírito, através das vidas múltiplas. O Evangelista Marcos acrescenta a esse ensinamento mais uma advertência: “Com a medida com que medirdes, vos medirão a vós, e ainda vos acrescentará.” Se o julgamento do homem for justo e perfeito, ele também será julgado da mesma maneira, acrescentando-se-lhe, ainda, relevantes bens de ordem espiritual, porem, se o julgamento foi sem base na justiça, ele sofrerá o impacto de penosa repercussões no encaminhamento do seu processo evolutivo, sofrendo as duras consequências de sua falha no julgamento de seus semelhantes. OS BONS ESPÍRITAS O Espírita, através dos conhecimentos que adquire, tem condições de compreender muito mais os ensinamentos de Jesus e, portanto, tem maior responsabilidade em pratica-los, pois, “a quem mais foi dado, mais será pedido”. Com os novos esclarecimentos, o homem pode desenvolver uma fé mais sólida, compreendendo, racionalmente, o objetivo da reencarnação. Como em todos os ensinamentos, o mais importante é o resultado que advém deles, pois o mundo está repleto de teorias que, sem a aplicação, não tem utilidade. De nada adianta ao homem possuir uma bagagem imensa de conhecimentos, se não a utiliza para sua modificação moral e espiritual. A própria felicidade depende da ação que o homem imprime aos pensamentos; por isso, a felicidade é uma conquista de cada Ser, um processo constante de auto aprimoramento. Ser Espírita, na amplitude do termo, significa a busca constante da maturidade espiritual; a prática dos ensinamentos de Jesus, na relação social; viver como Espírita, ainda que encarnado, compreendendo que a vida continua, ele mesmo é o construtor do próprio destino. Por isso, é que há varias pessoas que, mesmo recebendo provas racionais e científicas da existência do mundo espiritual e de todas as relações que daí originam, não as aceitam e no acreditam nelas. São aqueles a quem Jesus se refere na parábola do semeador, como a semente que ainda não encontrou “terreno fértil” em seus corações e, por isso, não frutificou. Porém, como todos os Seres foram criados para o progresso, chegará o tempo em que perceberão e entenderão tudo o que Jesus transmitiu através de seus ensinamentos, e o Espiritismo vem confirmar. De um lado, estão os que se preocupam somente com os fenômenos e, de outro, os que desejam moralizar apenas os outros, esquecendo-se de retirar a trave dos próprios olhos, antes de querer GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 24 retirar o argueiro do olho do próximo. Em ambos os casos, o que falta é a pratica da REFORMA ÍNTIMA , que foi esquecida. Quando o Espírita sente na Doutrina um caminho de elevação, busca, através dos ensinamentos evangélicos, rever seus valores, aplicando o preceito em si mesmo, eliminando defeitos, que serão substituídos por qualidades; resgatando dividas do passado sem reclamar; conquistando outras simpatias para o seu redor; enfim efetiva o seu burilamento moral, praticando o lema FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO, em todos os atos de sua vida. Em todos os momentos, é importante que ele se esteja auto avaliando, para perceber se realmente está conseguindo uma modificação em sua conduta. Tanto nas pequenas, como nas grandes coisas, o Espírita deve estar atento. Será importante a boa palavra, o gesto amigo, a desculpa fraterna, a amizade sincera e todos os demais gestos de compreensão nas simples situações que ele enfrenta na vida diária. Enfim, a Doutrina Espírita deve ser vivenciada vinte e quatro horas por dia, pois, acima de seu simples conhecimento, deve estar a sua prática. Para tanto, o Espírita precisa desenvolver a humildade, o amor, a tolerância, a bondade, a caridade e a fraternidade com seu próximo, que é toda a Humanidade. Suas obras devem ser o reflexo de todas as virtudes adquiridas, com muito amor, e dedicação, em todas as circunstancias. Desta forma, os Bons Espíritas serão os Bons Cristãos, como aqueles que desejam o melhor aos seus semelhantes, que conseguiram desenvolver o amor no coração, praticando os exemplos que Jesus veio deixar à Humanidade em sua passagem pela terra. O bom Espírita é todo aquele que traz a sua consciência tranquila. Enfim é todo homem que demonstra sua TRANSFORMAÇAO MORAL, constantemente, durante sua existência na Terra, vivendo como se Espírito fosse. Todas as boas ações que o homem realize, serão conquistadas para a sua verdadeira propriedade, ou seja, suas virtudes e qualidades colocadas em pratica. O Espírita sincero esforça-se para aplicar e vivenciar esses conhecimentos, aproveitando todas as oportunidades para ampliar seu trabalho de modificação interior e caridade para com o próximo. Esse é o caminho para conquistar o título de BOM ESPÍRITA, o que está ao alcance de todos. MANDATO MEDIÚNICO Um mandato mediúnico é uma delegação de poder e de responsabilidade para a prática do Bem. Com maiores ou menores responsabilidades, é imprescindível que o médium não esqueça as obrigações perante a Lei Divina, a fim de consolidar os títulos de merecimento que lhe deram origem na outorga, autorizada por Jesus. A outorga do mandato mediúnico pressupõe fatores de mérito, confiança e competência, adquiridos ao preço de perseverantes sacrifícios, através dos séculos ou dos milênios sem conta, na Causa do Bem. Mas é pelas experiências que os Espíritos se redimem ou se elevam, nos braços do próprio esforço. O exercício do mandato mediúnico, porem, não deixa o médium relegado à sua própria sorte, pois há sempre o auxílio que vem do Mais Alto, quando exercido para o Bem. “Quando o médium se evidencia no serviço do Bem, pela boa vontade, pelo estudo e pela compreensão das responsabilidades de que se encontra investido, recebe apoio mais imediato de amigo espiritual experiente e sábio, que passa a guiar-lhe a peregrinação na Terra, governando-lhes as forças”. “Um mandato mediúnico reclama ordem, segurança, eficiência. Uma delegação de autoridade humana envolve concessão de recursos da parte de quem a outorga. Não se pedirá cooperação sistemática do médium, sem oferecer-lhes as necessárias garantias.” Ensina Martins Peralva que é necessária “a bondade, para atender, com o mesmo carinho, todos os tipos de necessitados, sem nenhuma expressão de particularismo; a discrição, para conhecer e sentir, guardando-os para si dramas inconfessáveis e lacunas morais lastimáveis; é necessário o discernimento, para opinar com segurança, segundo as necessidades do consulente, a fim de ajudar os outros, para que os outros o ajudem”. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 25 Complementa Peralva que “a perseverança é o quarto atributo indispensável ao mandato, para que o trabalhador não abandone a tarefa ante os primeiros obstáculos. Inúmeros médiuns, portadores de apreciáveis faculdades, tem-se afastado do serviço, em virtude de incompreensão, inclusive dos próprios companheiros de ideal. Quem persevera é porque tem fé, e fé é a certeza de que aquilo que se faz é uma verdade, e quem conhece a verdade não deve afastar-se dela, sob pena de assumir as responsabilidades do mal a que der causa.” No exercício de seu mandato mediúnico compete ao médium recordar o ensinamento de Jesus: “Muito se pedirá a quem muito recebeu.” O DEVER – VIRTUDE O homem que cumpre o seu dever, ama a Deus mais que às criaturas e a estas como a si mesmo, é, ao mesmo tempo, juiz e réu da própria causa. “O dever é a obrigação moral, primeiro em relação a si próprio, depois em relação aos demais.” O homem que cumpre o seu dever, o faz tanto nas coisas mínimas como nas ações mais relevantes. “O dever começa, precisamente, no ponto em que o homem ameaça a felicidade e o bem estar de seu próximo, e termina no limite que ele não deseja ver transposto em relação a si mesmo.” O Evangelho de Jesus representa um convite a todas as criaturas humanas, para que cumpram os seus deveres, pois, somente assim, elas poderão, em menor tempo, galgar os degraus da evolução e caminhar mais rapidamente, em direção a Deus. O homem que não cumpre o seu dever, malbarata as oportunidades de trabalho, o aprendizado para o bem e retarda, sensivelmente, a ascensão de seu Espírito a um estagio melhor na hierarquia espiritual. MEDIUNIDADE COM JESUS Em diversas profissões, cultiva-se o anseio de melhoria, de aperfeiçoamento. O advogado, o médico, o engenheiro, o artífice, etc., exercendo tecnicamente suas funções, cooperam, eficientemente, com o Senhor da Vida. A mediunidade, seja ela qual for, quando praticada corretamente, possibilita ao homem sua marcha redentora até atingir os cimos da espiritualidade. Em função do estagio evolutivo em que se encontra a Terra, os problemas materiais ainda falam mais alto aos interesses humanos: ao personalismo, à vaidade, à prepotência e ao amor próprio. A condição, ainda inferior da individualidade espiritual do homem, concorre para que o Mais Alto encontre no homem forte obstáculo à livre, plena e espontânea manifestação. Esclarecem os Instrutores Espirituais que a mente é a base de todos os fenômenos mediúnicos. Ainda,ssim sendo, a natureza dos pensamentos, o tipo das aparições e o sistema de vida, a se expressarem através de atos e palavras, pensamentos e atitudes, determinarão, sem dúvida, as qualidades dos Espíritos que, pela lei das afinidades, se sintonizarão com os homens em suas tarefas cotidianas e, especificamente, com os médiuns, nas praticas mediúnicas. Cada médium, cada homem terá de reconstruir a própria edificação interior. Este processo renovativo se verificará. Indubitavelmente, seguindo o ensinamento espírita-cristão, com as modificações dos hábitos, aprimoramento dos sentimentos, melhoria do vocabulário, exercício da fraternidade, amando e servindo, estudando e aprendendo, incessantemente. No serviço da mediunidade, como traço de união entre o Céu e a Terra, o homem, sob a aspiração de Jesus, poderá apresentar as mais sublimes expressões de fraternidade, na prática de amar ao próximo como a sim mesmo. O Evangelho não é o livro de um povo, mas um CÓDIGO DE PRINCÍPIOS MORAIS, adaptável a todas as pátrias, a todas as raças e a todas as criaturas, e representa a carta de conduta para a ascensão da consciência à imortalidade. Jesus empregou a mediunidade sublime como agente de luz eterna, exaltando a vida e aniquilando a morte, abolindo o mal e glorificando o bem, a fim de que as leis humanas se purificassem, se engrandecessem, se santificassem e se elevassem para a integração com as Leis de Deus. GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 26 BIBLIOGRAFIA - A Saúde Integral - Agenda Cristã - Caminho, Verdade e Vida - Entre a Terra e o Céu - Estudando a Mediunidade - Evolução em dois Mundos - Justiça Divina - Livro dos Espíritos - Livro dos Médiuns - Mecanismos da Mediunidade - Nos Domínios da Mediunidade - O Consolador - O Evangelho dos Humildes - O Evangelho Segundo o Espiritismo - O Livro da Esperança - Obras Póstumas - Opinião Espírita - Palavras da Vida Eterna - Pão Nosso - Pão Nosso - Passes e Curas Espirituais - Passes e Radiações - Pensamentos de Emmanuel - Seara dos Médiuns - Viagem Espírita - Vinha de Luz GRUPO BENEFICENTE JESUS DIVINO MESTRE – DEPARTAMENTO DOUTRINÁRIO Página 27