TEMA Nº 14
O REINO DE JUDÁ
O Reino de Judá ou de Jerusalém (região sul da Palestina) durou 130 anos mais que seu vizinho, o
Reino do norte ou Israel. Os vinte monarcas são todos da dinastia de Davi. Neste tema não analisaremos a
ação de cada um dos reis, senão a mensagem dos grandes profetas e a preparação para a vinda do
Messias.
A fim de ter uma visão rápida da época dos reis e dos profetas, damos um quadro com os nomes
mais importantes, datas e referências bíblicas.
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SÉCULO X
Morte de Salomão e divisão de seu Reino (931 aC) Reino do Sul: Judá, dinastia davídica.
ROBOÃO (931 – 914)
1 Rs 14, 21 – 24
ASA
1 Rs 15, 9 - 24
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SÉCULO IX
JOSAFÁ (870 – 848)
ATALIA (841 – 835)
JOÁS
1 Rs 22, 41 – 51
2 Rs 11
2 Rs 12, 1 – 20
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SÉCULO VIII
OZIAS (781 – 740)
2 Rs 15, 1 – 7
Profetas: MIQUÉIAS e ISAÍAS
(740-700)
(740-690)
JOATÃO (740 – 736)
ACAZ (736 – 716)
EZEQUIAS ( 716 – 687)
2 Rs 16
2 Rs 18
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SÉCULO VII
MANASSÉS (687 – 642)
AMON (642 – 640)
JOSIAS (640 – 609)
Reforma Religiosa (622)
Profetas: SOFONIAS, JEREMIAS e NAUM
(630)
(627-585)
(612)
JOAQUIM (609 – 598)
Profeta HABACUC (600)
JOAQUIN (598)
SEDECIAS (598 – 587)
Profeta EZEQUIEL
2 Rs 21, 1 – 19
2 Rs 21, 19 – 26
2 Rs 22
2 Rs 22 – 23
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SÉCULO VI
Queda de Jerusalém (587)
Fim de JUDÁ – Desterro para BABILÔNIA
2 Rs 25
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Durante estes difíceis séculos em que os reis e o povo se tornavam cada vez mais infiéis, a palavra
do Senhor esteve sempre presente. Este tempo é chamado também de ÉPOCA DOS PROFETAS. Eles
são os homens de Deus, do Espírito, homens da Palavra.
Confidentes e mensageiros de Deus, capacitados e animados por Seu Espírito para a missão de
proclamar a Palavra do Senhor. Escolhidos, nomeados em Seu Nome e enviados por Deus, hão de
transmitir somente a sua mensagem, com o estilo próprio de cada um. São também intercessores em favor
de seu povo, sentinelas que dão a voz de alerta, fiscais que denunciam, defensores dos inocentes. Fazem
frente, muitas vezes, aos sacerdotes e ao monarca, são testemunhas e agentes da soberania de Deus,
acima das instituições que Deus mesmo criou e consagrou.
Os livros proféticos dividem-se segundo a importância em:
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PROFETAS MAIORES:
Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.
PROFETAS MENORES: Amós, Oséias, Miquéias, Sofonías, Naum, Habacuc, Ageu, Zacarias, Malaquias,
Abdias, Joel e Jonas.
No tema 15 nos referiremos a Isaías, no 16 a Jeremias; abaixo, indicaremos brevemente, a
mensagem de alguns dos profetas menores:
MIQUÉIAS, o profeta da indignação de Deus: é camponês como Amós, contemporâneo de Isaías,
chamado um dia por Deus que lhe deu Sua força para denunciar os pecados de Israel. Com duras
palavras, critica a corrupção social. Anuncia também a prosperidade que Deus quer para Jerusalém no
futuro. O livro contém sete capítulos e sua mensagem se pode sintetizar em denúncias severas dos
pecados e anúncio do juízo de Deus; promessas de salvação e convite à conversão.
“Foi-te anunciado, ó homem, o que é bom, e o que o Senhor exige de ti: nada mais do que
praticar o direito, gostar do amor e caminhar humildemente com o teu Deus!“ (Mq 6, 8).
SOFONIAS, o profeta dos “pobres da terra”: no ano 630, depois de quase sessenta anos de
silêncio, Deus rompe-o, enviando Sofonias. A paciência de Deus se acaba e destruirá o povo infiel para
purificar Jerusalém, formará um novo povo, povo pobre (Sf 2, 3) que coloca sua confiança Nele. O livro tem
três capítulos e sua mensagem se pode sintetizar em: Vem o dia do Senhor (1, 14), porque não há homens
justos; mas Deus se reserva um “pequeno resto”, são os pobres que confiam somente Nele; Deus estará
em Jerusalém para compartilhar a alegria e o gozo da restauração.
“Rejubila, filha de Sião! Solta gritos de alegria, Israel! Alegra-te e exulta de todo coração,
filha de Jerusalém!” (3, 14).
NAUM, o profeta patriota que crê no senhorio de Deus sobre todas as nações: destaca a
importância da fé para recuperar a amizade com Deus. O livro tem três capítulos e é de bonito estilo
literário. Anuncia a destruição de Nínive no momento de seu maior esplendor.
HABACUC, o profeta que se pergunta pelo triunfo do mal: pergunta com ousadia, pedindo contas
a Deus por que permite que a injustiça vença? Por que, se castiga o opressor, vem outro ainda pior? Deus
responde duplamente: é Ele quem governa o mundo e pede fidelidade porque o “justo viverá por sua
fidelidade” (Ha 2, 4), ao final Ele julgará e triunfará (Cap. 3) e o profeta contempla sua glória. Seu ministério
desenvolve-se quando Nabucodonosor, rei da Assíria (Nínive) saqueava e submetia a terra de Israel.
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O Reino de Judá, ainda quando goza de uma relativa estabilidade de sua monarquia, não tem uma
situação ideal. Existem problemas internos, que são aqueles denunciados pelos profetas da época, e
problemas que vêm de fora pela ameaça que significa o crescimento da Babilônia.
O rei Nabucodonosor (605 – 562) alcança um poderio muito grande ao vencer o Egito. Depois desta
vitória ele vai para a costa mediterrânea, e isso implica apoderar-se da palestina. Assedia Jerusalém e,
seguindo o costume da época, começa a deportar seus habitantes para Babilônia (atual Iraque). Altos
dignitários, artistas, trabalhadores especializados devem abandonar a cidade. As maiores deportações são
três e se desenrolam entre os anos 597 e 587, data definitiva da queda do Reino do Sul.
A cidade é destruída, o Templo é saqueado e incendiado e o mesmo acontece com o palácio real. A
grande maioria sofre o desterro, e os que permanecem no lugar são os mais pobres e não significam
grande prêmio para o invasor, devem suportar Godolias como governador.
Entre os deportados vai Ezequiel, sacerdote, que se converte em profeta. No tema 17 veremos com
mais atenção o exílio na Babilônia e a figura deste profeta.
Nesta época a atividade não se limita somente ao movimento profético. Desenvolve-se um
movimento literário importante contribuindo para a formação da Bíblia. Por exemplo, após a queda de
Samaria muitos círculos intelectuais irão a Jerusalém e se finalizará o Código Deuteronomista (Dt 12 – 26)
que integra elementos próprios da corrente do Norte, como a Aliança do Sinai; com elementos próprios do
pensamento do Sul, por exemplo, a importância do Templo. É possível também que o Livro dos Juízes
tenha adquirido, nesse tempo, sua forma definitiva.
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O rei Josias impulsiona uma grande reforma religiosa, com claros traços nacionalistas. Nesta
reforma terá grande influência o Código Deuteronomista. O Livro do Deuteronômio se completa e se
empreende a reunião do material histórico para organizá-lo em uma obra nova. Completa-se o livro de
Josué, são elaborados Samuel e Reis, todos sob o ponto de vista teológico do norte.
Josias morre tragicamente, e sua reforma retarda-se por não existir uma sucessão de chefes que a
houvessem compreendido e completado e o Reino caminha até cair nas mãos dos babilônios. No desterro
a atividade literária continuará para ir dando forma definitiva a alguns livros redigidos no tempo da reforma.
ORAÇÃO DE ABANDONO
Meu Pai,
Abandono-me a Ti.
Faz de mim o que quiseres.
Por tudo que fazes comigo
Dou-te graças.
Estou disposto a tudo, tudo aceito,
Para que Tua vontade se faça em mim,
E em todas as criaturas.
Não desejo nada mais, Meu Deus,
Com todo o amor do meu coração,
Porque te amo
E é para mim uma necessidade de amor
O dar-me,
O entregar-me em tuas mãos sem medida,
Com infinita confiança,
Porque Tu és meu Pai.
(Charles de Foucauld)
VOCABULÁRIO BÍBLICO
1) FALSOS PROFETAS: Na história de Israel houve, junto com os profetas já conhecidos, falsos
profetas que presumiam ter uma mensagem procedente de Deus, quando na realidade não era
assim. Iniciando a pregação dizendo “Deus diz” não era garantia suficiente de que as palavras
proviessem efetivamente de Deus. Outros elementos são necessários na vida do profeta que
garantissem a origem divina de sua palavra, por exemplo, que seus anúncios se cumpram (Dt 18,
22), que sua mensagem aproxime mais o povo a Deus (1 Rs 22), etc.
2) SAMARIA - SAMARITANO: No tempo de Jesus, Samaria era uma província da Palestina
localizada no centro do país, entre a Galiléia ao norte e a Judéia ao Sul. Seus habitantes pagãos
convertidos ao judaísmo, interpretavam a religião e a Bíblia de um modo diferente ao dos judeus.
Os judeus consideravam-nos hereges e desprezavam-nos.
3) GENTIOS: Palavra que em latim significa “homem de outra nação”. Os israelitas chamavam
gentios a todos os que não eram de sua raça e crença, aos habitantes de nações pagãs. De modo
que na Bíblia dizer gentio é o mesmo que dizer pagão.
4) CARISMA: São dons ou graças que Deus suscita na comunidade para o serviço e a edificação
da mesma. Corresponde à autoridade da Igreja, porque está a seu serviço, discernir a
autenticidade dos carismas. São Paulo oferece uma boa visão do que são estes dons em 1 Cor
12.
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EXERCÍCIOS
1) Indique o número de capítulos de alguns livros proféticos:
O livro de Miquéias
O livro de Naum
O livro de Sofonias
O livro de Habacuc
O livro de Amós
O livro de Oséias
O livro de Isaías
O livro de Jeremias
tem
tem
tem
tem
tem
tem
tem
tem
...................
...................
...................
...................
...................
...................
...................
...................
capítulos
capítulos
capítulos
capítulos
capítulos
capítulos
capítulos
capítulos
2) Quais são as qualidades do Povo de Deus que encontramos nos seguintes textos?
Miquéias 5, 1: _______________________________________________________________________
Miquéias 6, 3: _______________________________________________________________________
Sofonias 3, 12: _______________________________________________________________________
3) São Lucas coloca a mesma frase nos lábios de Maria que encontramos em Habacuc 3, 18.
Copie abaixo Lc 1, 47.
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4) Faça uma lista de pelo menos sete profetas citados no Evangelho de São Marcos.
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Se quiser refletir e aprofundar, pode ler:
1) Os profetas que anunciam o amor, a misericórdia e a fidelidade a Deus:
Jeremias 31, 1 – 9 e 31 – 34; Oséias 11, 1 – 6; Isaías 35, 2 – 6 e 40, 1.
2) Os profetas denunciam o falso culto:
Isaías 1, 10 – 17; 29, 13 e 58; Jeremias 7.
3) Os profetas denunciam as injustiças:
Isaías 10, 1 – 2 ; 5, 8; Amós 8, 4 – 7; Oséias 4, 1 – 11; Miquéias 2, 1 – 2.
4) Os profetas anunciam o Messias:
Isaías 7, 10 – 16; 9, 1 – 7; 11, 1 – 3; 42, 1 – 9; 52 e 53; Miquéias 5, 2.
Se quiser rezar:



Isaías 12: Canto de louvor e ação de graças.
Isaías 26, 7 – 21: Salmo – A esperança nos juízos do Senhor.
Isaías 25, 1 – 5 : Canto de ação de graças pela salvação.
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