Clayton Ferreira Dal Pozzo Fragmentação socioespacial Análise das práticas socioespaciais dos sujeitos auto-segregados em Presidente Prudente - SP Presidente Prudente 2008 Clayton Ferreira Dal Pozzo Fragmentação socioespacial: Análise das práticas socioespaciais dos sujeitos auto-segregados em Presidente Prudente - SP Monografia apresentada para conclusão do Curso de Bacharelado em Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia de Presidente Prudente da Universidade Estadual Paulista (UNESP), sob a orientação de Maria Encarnação Beltrão Sposito (Departamento de Geografia) Presidente Prudente 2008 D138f DAL POZZO, Clayton Ferreira Fragmentação socioespacial : análise das práticas socioespaciais dos sujeitos auto-segregados em Presidente Prudente - SP / Clayton Ferreira Dal Pozzo. - Presidente Prudente: [s.n], 2008 215 f. Trabalho de conclusão (Bacharelado – Geografia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia Orientadora: Maria Encarnação Beltrão Sposito Banca: Eda Maria Góes, Carlos Roberto Loboda Inclui bibliografia 1. Produção do espaço. 2. Segregação socioespacial. 3. Fragmentação socioespacial. I. Autor. II. Título. III. Presidente Prudente - Faculdade de Ciências e Tecnologia. CDD(18.ed.) 910 Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Presidente Prudente. [email protected] Termo de Aprovação Clayton Ferreira Dal Pozzo Fragmentação socioespacial: Análise das práticas socioespaciais dos sujeitos auto-segregados em Presidente Prudente - SP MONOGRAFIA APROVADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM GEOGRAFIA, DA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”, PELA SEGUINTE BANCA EXAMINADORA: Presidenta e Orientadora: Prof.a Dr.a Maria Encarnação Beltrão Sposito 2a Examinadora: Prof.a Dr.a Eda Maria Góes 3º Examinador: Prof. Ms. Carlos Roberto Loboda Presidente Prudente, julho de 2008. À minha mãe, Risecler Ferreira de Souza, pelo apoio e carinho, dedico este trabalho. Agradecimentos Como é de se esperar, a realização de um trabalho acadêmico, por mais que pareça solitário no pensamento e na execução de seu plano de redação, dá-se sempre pelo apoio, auxílio e estímulo de vários colegas, seja pela ajuda material, seja pela ajuda na realização dos trabalhos de campo e, principalmente, pelos ricos diálogos estabelecidos para trocas de experiências e renovação do fôlego para a continuidade da pesquisa. Por isso, agradeço a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho e, conseqüentemente, para a minha formação acadêmica. Primeiramente, agradeço a Professora Carminha pelo exemplo enquanto pesquisadora e trajetória acadêmica, pela orientação desde o segundo ano do curso de graduação em Geografia na FCT-Unesp/Presidente Prudente, pela liberdade na execução deste trabalho, pela atenção dispensada às nossas demandas (que não são poucas) e, como não poderia deixar de esquecer, pelas confraternizações, sempre animadas, que organiza. Agradeço aos amigos Vitor Koiti Miyazaki, Fernanda Correia Silva, Washington Lincon da Costa, Fabrícia Mitico Ikuta e Ricardo Milani que, mais diretamente, contribuíram para a realização deste trabalho. Agradeço aos amigos Jean Pierre (o Santo), Antônio (Tonhão), Neto, Clóvis, Bianchi, João Paulo, Ricardo Devides, Maia, Marcos (o Abecê), Éden, Andréia, Alessandra (a mãe), Tiago Lira, Leandro Bruno, Antônio Bernardes, Elias Noronha que, cada um à sua maneira e no seu tempo, contribuíram para a minha formação e para que eu vislumbrasse parte da diversidade intelectual que é possível comportar naquilo que chamamos de “Universidade”. Agradeço a todos os professores, sobretudo do Departamento de Geografia, pelos seus ensinamentos e compartilhamento de suas experiências sobre a Geografia, na qual foram fundamentais para a minha formação. Agradeço a todos os professores e colegas vinculados ao GAsPERR pela convivência quase que diária de alguns espaços permitindo o estabelecimento de um ambiente agradável para troca de informações e de experiências individuais e coletivas. Agradeço aos meus pais - Alécio Dal Pozzo e Risecler Ferreira de Souza - e meus irmãos - Cléia, Michelle, Alécio (o Nego) e Maxwell, pelos ensinamentos, pelas lembranças dos bons momentos juntos e por tudo aquilo que nos une enquanto uma “grande família”. Agradeço ao CNPq/IC e à FAPESP, importantes agências de fomento a pesquisa, na qual financiaram nossa Iniciação Científica. Por fim, agradeço a Elizandra Rissioli que me acompanhou nessa trajetória e, sobretudo, por acreditar que a realização de nossos sonhos é possível. “Os geógrafos, ao lado de outros cientistas sociais, devem se preparar para colocar os fundamentos de um espaço verdadeiramente humano, um espaço que una os homens por e para seu trabalho, mas não para em seguida os separar entre classes, entre exploradores e explorados” Milton Santos Resumo Os deslocamentos dos moradores dos loteamentos fechados e condomínios horizontais para a realização de atividades econômicas e relativas à vida social, ao serem observados e analisados, permitem-nos verificar o estabelecimento de práticas socioespaciais distintas quanto às formas de uso e de apropriação do espaço urbano em uma cidade média como Presidente Prudente no interior do Estado de São Paulo. Análises mais pormenorizadas dessas práticas evidenciam níveis de fragmentação socioespacial, aos quais se associam representações diferenciadas do que é a cidade e de concepções de novos valores urbanos segundo níveis socioeconômicos e segundo modos diferenciados de organização da vida diária. O que se percebe, incluso pela realização de entrevistas que vem sendo feitas pela pesquisa maior “Urbanização difusa, espaço público e insegurança urbana” à qual se associa essa Monografia, é que, do ponto de vista territorial, verifica-se a fragmentação socioespacial. Do ponto de vista espacial, os fluxos intensos, propiciados pela circulação por veículos automotivos, prevalentemente realizada pelos moradores dos loteamentos fechados, é que eles se integram espacialmente ao conjunto da cidade, pelo elevado grau de acessibilidade ao conjunto de seus equipamentos, ainda que isso não signifique integração social ou convivência com as diferenças. Palavras-chave: Produção do espaço urbano; Segregação Fragmentação socioespacial; Centralidade urbana; Cidade média. socioespacial; Sumário Introdução..................................................................................................................................................... 19 1. A cidade e os espaços auto-segregados ……………........................................................................ 24 1.1 Fragmentação socioespacial: processos e formas ………………………………………………… 25 1.2 Fragmentação socioespacial enquanto elemento de um processo histórico recente ............... 29 1.3. Caracterização socioeconômica do entorno dos espaços auto-segregados ……...................... 31 1.4. Formação e caracterização dos espaços auto-segregados ...................................................... 45 1.5. A definição de grupos de espaços auto-segregados ...................………………………………... 70 1.5.1. Perfil socioeconômico dos sujeitos auto-segregados ….................................... 73 1.5.2. Da “cidade aberta” a “cidade fechada”……........................................................ 87 Os espaços auto-segregados e a cidade .......................................................................................... 96 2.1. Avaliações sobre localização e acessibilidade ….…………………………………………………. 97 2. $. Práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados: o consumo de bens e de serviços 106 2.3. Práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados: o lazer e o tempo livre. ................... 119 2.4. Práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados: o trabalho, as profissões e os deslocamentos ………………………………………………………………………………………………. 126 2.5. Práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados: o ensino básico, o ensino superior e as atividades educativo-recreativas ……………………………………………………………………. 132 2.6. O Centro, os Shopping centers e o ciberespaço: novos hábitos de consumo …………………. 144 2.7. Considerações sobre o uso e apropriação do espaço urbano Prudentino ……..……………….. 151 Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano …………………………………………… 154 3.1. As razões pela opção por espaços auto-segregados ………………………………………..……. 155 Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? …..….……………………….. 170 Apêndice I: Notas sobre algumas etapas do desenvolvimento da pesquisa ………………………………… 177 Referências ..................................................................................................................................................... 197 3. LISTA DE ANEXOS ANEXO A - Modelo de carta de apresentação enviada para os moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais de Presidente Prudente – SP _________________________________________ 201 ANEXO B - Modelo de questionário aplicado junto aos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais de Presidente Prudente – SP _________________________________________ 202 ANEXO C – Ficha para o levantamento do uso do solo urbano no entorno dos loteamentos fechados e condomínios horizontais habitados em Presidente Prudente – SP ________________________________ 205 ANEXO D – Publicidade do loteamento fechado Porto Seguro Residence & Resort em processo de implantação em Presidente Prudente – SP __________________________________________________ 206 ANEXO E – Publicidade do loteamento fechado Porto Seguro Residence & Resort ___________________ 207 ANEXO F – Publicidade do Residencial Saint Moritz ___________________________________________ 208 ANEXO G - Publicidade do Residencial Quinta das Flores ______________________________________ 209 ANEXO H - Publicidade do Residencial Quinta das Flores ______________________________________ 210 ANEXO I – Malha urbana de Presidente Prudente com localização dos Bairros, dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais ___________________________________________________________ 211 ANEXO J – Informativo do Residencial Quinta das Flores publicado em jornal local __________________ 212 ANEXO L - Publicidade do Residencial Quinta das Flores _______________________________________ 213 ANEXO M – Diferentes fases da construção da Avenida Miguel Damha ____________________________ 214 ANEXO N – Publicidade do Residencial Quinta das Flores ______________________________________ 215 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Presidente Prudente: Média do número de moradores e número de empregadas domésticas por domicílios particulares permanentes (por setor censitário) ___________________________________ 37 Quadro 2 - Presidente Prudente: Média do rendimento nominal mensal e média do número de anos de estudos das pessoas responsáveis por domicílios particulares permanentes (por setor censitário) _______ 41 Quadro 3 – Presidente prudente: Ano de implantação e Área total por loteamento fechado e condomínio horizontal _____________________________________________________________________________ 46 Quadro 4 – Presidente prudente: Área total da superfície de uso habitacional por loteamento fechado e condomínio horizontal ___________________________________________________________________ 60 Quadro 5 – Presidente prudente: Total de área de lazer por loteamento fechado e condomínio horizontal _ 60 Quadro 6 – Presidente prudente: Tamanho médio dos lotes e das unidades habitacionais _____________ 65 Quadro 7 – Presidente Prudente: Distribuição das superfícies segundo o uso por loteamento fechado e por condomínio horizontal (em percentual) _____________________________________________________ 66 Quadro 8 – Presidente prudente: Tamanho médio das habitações em loteamentos fechados e condomínios horizontais ___________________________________________________________________________ 68 Quadro 9 – Presidente Prudente: Questionários encaminhados e coletados junto aos moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais _____________________________________________ 73 Quadro 10 – Presidente Prudente: Uso do telefone residencial e celular por família (por grupo) _________ 73 Quadro 11 – Presidente Prudente: Bairros da anterior residência dos moradores dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais ____________________________________________________________ 87 Quadro 12 – Presidente Prudente: Localização dos comércios e serviços em geral utilizados por um ou mais membros de famílias moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo) __ 109 Quadro 13 – Presidente Prudente: Ocupação ou cargo atual do chefe de família (por grupo) ___________ 129 Quadro 14 – Presidente Prudente: Tempo médio de deslocamento dos chefes de família até o local de trabalho (por grupo) ____________________________________________________________________ 132 Quadro 15 – Presidente Prudente: Locais utilizados para estudos (fundamental e médio) pelas crianças, adolescentes e jovens moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo) ______ 133 Quadro 16 – Presidente Prudente: Tempo médio de deslocamento até a escola (por grupo) ____________ 137 Quadro 17 – Presidente Prudente: Principais atividades educativo-recreativas realizadas pelas crianças e jovens moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo) __________________ 137 Quadro 18 – Presidente Prudente: Tempo médio investido em atividades educativo-recreativas (por grupo) ____________________________________________________________________________________ 139 Quadro 19 – Presidente Prudente: Locais utilizados para educação superior pelos jovens e adultos moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo) ________________________ 140 Quadro 20 – Presidente Prudente: Principais meios de locomoção utilizados para o transporte dos jovens e adultos até o local utilizado para a educação superior (por grupo) ________________________________ Quadro 21 – Presidente Prudente: Tempo médio de deslocamento até a local utilizado para a educação superior (por grupo) ____________________________________________________________________ 143 144 Quadro 22 – Presidente Prudente: Locais mais freqüentados para a realização de compras, quais sejam, alimentos, utensílios domésticos, objetos de uso pessoal, vestuário, miudezas em geral (por grupo) _____ 145 Quadro 23 – Presidente Prudente: Principais razões, indicadas como primeira ordem de importância, que determinaram a opção pela moradia em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) ______ 158 Quadro 24 – Presidente Prudente: Principais razões, indicadas como segunda ordem de importância, que determinaram a opção pela moradia em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) ______ 158 Quadro 25 – Presidente Prudente: Principais razões, indicadas como terceira ordem de importância, que determinaram a opção pela moradia em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) ______ 159 Quadro 26 – Presidente Prudente: Principais aspectos positivos levantados sobre as impressões/mudanças sentidas ao se mudar e viver em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) _______________________________________________________________________________ 160 Quadro 27 – Presidente Prudente: Principais aspectos negativos levantados sobre as impressões/mudanças sentidas ao se mudar e viver em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) _______________________________________________________________________________ 162 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Distribuição do rendimento nominal mensal, em salários mínimos, dos responsáveis por domicílios particulares permanentes (por grupo) ______________________________________________ 42 Gráfico 2 – Presidente prudente: Média de área de lazer por lote ou unidade habitacional (em metros quadrados) ___________________________________________________________________________ 62 Gráfico 3 – Presidente prudente: Tamanho médio das habitações em loteamentos fechados e condomínios horizontais _________________________________________________________________ 69 Gráfico 4 – Presidente prudente: Tamanho médio das habitações segundo tipo habitacional ___________ 70 Gráfico 5 – Presidente Prudente: Média de habitantes por residência (por grupo) ____________________ 74 Gráfico 6 – Presidente Prudente: Média de automóveis por família segundo cada grupo _______________ 76 Gráfico 7 – Presidente Prudente: Média de computadores com conexão à Internet por família (por grupo) _ 77 Gráfico 8 – Presidente Prudente: Presença ou ausência da tecnologia de Banda Larga (por grupo) ______ 78 Gráfico 9 – Presidente Prudente: Presença e ausência de TV de plasma ou tela de projeção (por grupo) __ 79 Gráfico 10 – Presidente Prudente: Presença e ausência de Canais de TV por assinatura (por grupo) _____ 80 Gráfico 11 – Presidente Prudente: Presença ou ausência de Frízeres (por grupo) ____________________ 80 Gráfico 12 – Presidente Prudente: Média de empregados fixos por residência (por grupo) _____________ 81 Gráfico 13 – Presidente Prudente: Meios de locomoção mais utilizados para os deslocamentos das famílias moradoras em loteamentos fechados ou condomínios horizontais (por grupo) ________________ 82 Gráfico 14 – Presidente Prudente: Distribuição da renda média mensal familiar por faixas de renda (por grupo) _______________________________________________________________________________ 83 Gráfico 15 – Presidente Prudente: Distribuição da avaliação sobre a quantidade de linhas existentes de transporte coletivo que servem os loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo) ________ 84 Gráfico 16 – Presidente Prudente: Tipo de residência anterior (por grupo) __________________________ 93 Gráfico 17 – Presidente Prudente: Distribuição da situação da residência anterior (por grupo) __________ 94 Gráfico 18 - Presidente Prudente: Evolução das mudanças para loteamentos fechados e condomínios horizontais no período de 1984 a 2007 (por grupo) ____________________________________________ 95 Gráfico 19 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a localização dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais na perspectiva de seus moradores (por grupo) ___________________________ 97 Gráfico 20 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a localização dos loteamentos fechados e condomínios horizontais na perspectiva de seus moradores ________________________________________________ 98 Gráfico 21 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para consumo de bens e de serviços dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo) ___________________________________________________________________________ 100 Gráfico 22 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para lazer dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo) ______________ 101 Gráfico 23 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para a educação básica dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo) ____ 101 Gráfico 24 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para o ensino superior dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo) ______ 102 Gráfico 25 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para o trabalho dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo) ___________ 102 Gráfico 26 – Presidente Prudente: Avaliação sobre as condições das vias de acesso aos loteamentos fechados e aos condomínios horizontais (por grupo) ___________________________________________ 103 Gráfico 27 – Presidente Prudente: Avaliação sobre as condições das vias de acesso aos loteamentos fechados e aos condomínios horizontais ____________________________________________________ 104 Gráfico 28 – Presidente Prudente: Freqüência do consumo de bens e de serviços no entorno dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais (por grupo) _________________________________ 106 Gráfico 29 – Presidente Prudente: Freqüência do consumo de bens e de serviços no entorno dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais __________________________________________ 107 Gráfico 30 – Presidente Prudente: Localização das nove principais áreas comerciais e de serviços em geral utilizados por um ou mais membros de famílias moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo) __________________________________________________________________ 111 Gráfico 31 – Presidente Prudente: Avaliação da área de lazer do loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) ___________________________________________________________________ 120 Gráfico 32 – Presidente Prudente: Freqüência de utilização da área de lazer do loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) _________________________________________________________ 121 Gráfico 33 – Presidente Prudente: Principais atividades realizadas durante o tempo livre/lazer individual ou da família (por grupo) ___________________________________________________________________ 124 Gráfico 34 – Presidente Prudente: Principais meios de locomoção para o trabalho do chefe de família (por grupo) _______________________________________________________________________________ 131 Gráfico 35 – Presidente Prudente: Principais meios de locomoção utilizados para o transporte das crianças, jovens e adolescentes até a escola (por grupo) _______________________________________ 136 Gráfico 36 – Presidente Prudente: Principais atividades educativo-recreativas realizadas pelas crianças e jovens moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais citadas, pelo menos, quatro vezes (por grupo) ___________________________________________________________________________ 138 Gráfico 37 – Presidente Prudente: Freqüência das compras realizadas pela Internet (por grupo) ________ 149 Gráfico 38 – Presidente Prudente: Freqüência das compras realizadas por telefone (por grupo) _________ 150 Gráfico 39 – Presidente Prudente: Principais razões que determinaram a decisão pela opção de moradia em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) ___________________________________ 155 Gráfico 40 – Presidente Prudente: Principais aspectos positivos levantados sobre as impressões/mudanças sentidas ao se mudar e viver em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) _______________________________________________________________________________ 161 Gráfico 41 – Presidente Prudente: Principais aspectos negativos levantados sobre as impressões/mudanças sentidas ao se mudar e viver em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) _______________________________________________________________________________ 164 Gráfico 42 – Presidente Prudente: Qualificação das relações e interações sociais mais predominantes fora do loteamento fechado (por grupo) _________________________________________________________ 166 Gráfico 43 – Presidente Prudente: Freqüência na realização e/ou participação de reuniões/confraternizações no interior do loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) _____ 167 Gráfico 44 – Presidente Prudente: Freqüência na realização e/ou participação de reuniões/confraternizações fora do loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo) __________ 168 LISTA DE MAPAS MAPA 1 – PRESIDENTE PRUDENTE: LOCALIZAÇÃO DOS LOTEAMENTOS FECHADOS, DOS CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS E DELIMITAÇÃO DOS SETORES CENSITÁRIOS __________________ 32 MAPA 2 – PRESIDENTE PRUDENTE: NÍVEIS DE EXCLUSÃO OU INCLUSÃO SOCIAL POR SETORES CENSITÁRIOS ________________________________________________________________________ 36 MAPA 3 – PRESIDENTE PRUDENTE: EVOLUÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DOS LOTEAMENTOS FECHADOS E DOS CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (1976 A 2006) ______________________________ 50 MAPA 4 – PRESIDENTE PRUDENTE: DEFINIÇÃO DOS LOTEAMENTOS FECHADOS E CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS POR GRUPO E LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS EQUIPAMENTOS URBANOS ___________________________________________________________________________ 72 MAPA 5 – PRESIDENTE PRUDENTE: LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE MORADIA ANTERIOR DOS ATUAIS MORADORES DE LOTEAMENTOS FECHADOS OU DE CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (POR GRUPO) _____________________________________________________________________________ 90 MAPA 6 – PRESIDENTE PRUDENTE: LOCALIZAÇÃO DOS COMÉRCIOS E SERVIÇOS EM GERAL UTILIZADOS POR UM OU MAIS MEMBROS DAS FAMÍLIAS MORADORAS DOS LOTEAMENTOS FECHADOS OU DE CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (POR GRUPO) _____________________________ 118 MAPA 7 – PRESIDENTE PRUDENTE: LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE LAZER UTILIZADAS POR UM OU MAIS MEMBROS DAS FAMÍLIAS MORADORAS DOS LOTEAMENTOS FECHADOS OU DE CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (POR GRUPO) ______________________________________________ 123 MAPA 8 – PRESIDENTE PRUDENTE: LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS UTILIZADAS PARA O TRABALHO DOS RESPONSÁVEIS POR DOMICÍLIOS EM LOTEAMENTOS FECHADOS OU DE CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (POR GRUPO) ___________________________________________________________ 128 MAPA 9 – PRESIDENTE PRUDENTE: LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS UTILIZADAS PARA OS ESTUDOS (ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO) PELAS CRIANÇAS, ADOLESCENTES E JOVENS MORADORES DE LOTEAMENTOS FECHADOS OU DE CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (POR GRUPO) ____________ 135 MAPA 10 – PRESIDENTE PRUDENTE: LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS UTILIZADAS PARA A EDUCAÇÃO SUPERIOR DOS JOVENS E ADULTOS MORADORES DE LOTEAMENTOS FECHADOS OU DE CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (POR GRUPO) ______________________________________________ 142 MAPA 11 – PRESIDENTE PRUDENTE: LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS MAIS FREQÜENTADAS PARA A REALIZAÇÃO DE COMPRAS EM GERAL PELAS FAMÍLIAS MORADORAS DE LOTEAMENTOS FECHADOS OU DE CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (POR GRUPO) _____________________________ 148 MAPA 12 – PRESIDENTE PRUDENTE: DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELOS MORADORES DE LOTEAMENTOS FECHADOS E DE CONDOMÍNIOS HORIZONTAIS (POR GRUPO) _ 171 LISTA DE FOTOGRAFIAS Fotografia 1 - Residencial Bela vista (01/11/2005) ____________________________________________ 39 Fotografia 2 – Residencial Primavera (08/05/2007) ___________________________________________ 39 Fotografia 3 – Residencial Esmeralda (01/11/2005) ___________________________________________ 40 Fotografia 4 – Residencial Saint Moritz (08/05/2007) __________________________________________ 40 Fotografia 5 – Residencial Esmeralda (08/05/2007) ___________________________________________ 45 Fotografia 6 – Panorama do Parque Residencial Damha (20/10/2007) ____________________________ 47 Fotografia 7 – Residencial Beatriz (08/05/2007) ______________________________________________ 48 Fotografia 8 – Portaria do Jardim Morumbi (08/05/2007) _______________________________________ 49 Fotografia 9 – Portaria do Jardim João Paulo II (08/05/2007) ___________________________________ 51 Fotografia 10 – Portaria do Central Park Residence (08/05/2007) _________________________________ 51 Fotografia 11 – Portaria do Parque Residencial Damha (08/05/2007) ______________________________ 52 Fotografia 12 – Portaria do Parque Residencial Damha II (08/05/2007) ____________________________ 53 Fotografia 13 – Portaria do Residencial Golden Village (08/05/2007) ______________________________ 54 Fotografia 14 – Portaria do Residencial Beatriz (08/05/2007) ____________________________________ 54 Fotografia 15 – Portaria do Residencial Quinta das Flores (08/05/2007) ____________________________ 55 Fotografia 16 – Portaria do Residencial Portinari (08/05/2007) ___________________________________ 55 Fotografia 17 – Portaria do Residencial Bela Vista (08/05/2007) __________________________________ 56 Fotografia 18 – Portaria do Residencial Primavera (08/05/2007) __________________________________ 56 Fotografia 19 – Portaria do Residencial Esmeralda (08/05/2007) _________________________________ 57 Fotografia 20 – Portaria do Residencial Saint Moritz (08/05/2007) ________________________________ 57 Fotografia 21 – Imagem do lago artificial do Parque Residencial Damha ___________________________ 61 Fotografia 22 – Figueira centenária (20/10/2007) ______________________________________________ 63 Fotografia 23 - Aspectos paisagísticos do Parque Residencial Damha II ___________________________ 64 Fotografia 24 – Área institucional do Jardim João Paulo II (23/11/2007) ___________________________ 67 Fotografia 25 - Trabalhadoras se deslocando do Parque Residencial Damha II em direção ao ponto de ônibus ao final do expediente (08/05/2007) __________________________________________________ 86 Fotografia 26 – Imóvel de padrão construtivo fino degradado na área central de Presidente Prudente (01/10/2007) __________________________________________________________________________ 91 Fotografia 27 – Estabelecimentos comerciais em frente à portaria do Jardim Morumbi (08/05/2007) ______ 112 Fotografia 28 – Damha Center (08/05/2007) _________________________________________________ 112 Fotografia 29 – Mercado localizado enfrente a portaria do Residencial Bela Vista (08/05/2007) _________ 113 Fotografia 30 – Pequena mercearia localizada próximo à portaria do Residencial Primavera (08/05/2007) _ 113 Fotografia 31 – Calçadão da Rua Tenente Nicolau Maffei (20/10/2007) ____________________________ 114 Fotografia 32 – Nova fachada do Prudenshopping (01/12/2007) __________________________________ 115 Fotografia 33 – Subcentro do Jardim Bongiovani (20/10/2007) ___________________________________ 116 Fotografia 34 – Colégio Anglo Prudentino (05/10/2007) _________________________________________ 134 19 Introdução O tecido urbano contemporâneo tem passado por transformações morfológicas significativas resultantes da produção de espaços fechados e/ou vigiados, como parte de um processo mais amplo de urbanização difusa. Além disso, as práticas socioespaciais caracterizadas, de modo genérico, pelo conjunto das funções básicas da vida cotidiana dos citadinos também têm se redefinido sob influência de uma histórica desigualdade social, de novas relações entre o público e o privado e de processos indutores da insegurança urbana desde cidades de porte médio a padrões metropolitanos. Em amplo sentido, isso significa que, ao longo das últimas décadas, tem-se produzido níveis elevados de segregação socioespacial em cidades brasileiras de diferentes portes promovendo uma acentuada separação social e espacial, sobretudo entre os segmentos de alto e baixo poder aquisitivo. Em sentido estrito, a produção de novos habitats urbanos como os loteamentos fechados voltados, sobretudo, para atender a demanda dos segmentos sociais de alto poder aquisitivo, representam uma contribuição significativa para a consolidação dessa ruptura, acentuando o fenômeno da auto-segregação e produzindo uma apropriação diferenciada do espaço urbano. Parte dos resultados desse processo, sobretudo, ao considerarmos as ações dos segmentos sociais de alto poder aquisitivo que optam pela auto-segregação, são capazes de produzir uma efetiva descontinuidade territorial, tomando-se como referência a cidade, e uma apreensão parcelar do espaço urbano, tomando-se como referência, seus moradores. Os moradores desses novos habitats urbanos, geralmente, alcançam um elevado grau de integração espacial pelo uso expressivo do automóvel particular promovendo um alto nível de acessibilidade a vários equipamentos urbanos servidos por vias de acesso rápidos e/ou a determinados setores urbanos voltados, sobretudo, para atender aos segmentos de alto poder aquisitivo (DAL POZZO, 2008). A partir desses processos, propusemo-nos a estudar um conjunto de práticas socioespaciais dos sujeitos auto-segregados e da produção de novas centralidades, mesmo que elas ainda estejam em processo de constituição, sob o efeito dessas respectivas práticas. 20 Para a realização de nossa pesquisa, consideramos as práticas socioespaciais como um conjunto indissociável entre formas espaciais e seu respectivo conteúdo que compreende relações sociais e espaciais de seus sujeitos entre si e com o conjunto da cidade (GOMES, 2002). Nesse sentido, procuramos avaliar em que medida vem ocorrendo uma diminuição de contatos e de relações entre distintos segmentos sociais, a partir da consolidação de novas práticas socioespaciais em uma cidade média e, como conseqüência, o estabelecimento de novos valores urbanos que caracterizam o esfacelamento da cidade enquanto unidade territorial permitindo a consolidação efetiva de uma fragmentação socioespacial. Nosso recorte territorial recaiu sobre o Município de Presidente Prudente (localizado no Oeste do Estado de São Paulo), onde o fenômeno da autosegregação se encontra bem evidenciado pela existência de nove loteamentos fechados de alto padrão e de quatro condomínios multifamiliares horizontais, estes últimos destinados aos segmentos sociais de menor poder aquisitivo. Os resultados apresentados baseiam-se em trabalhos de campo realizados para aplicação de questionários e entrevistas. Além disso, também se realizou pesquisa bibliográfica, levantamento de materiais publicitários publicados em jornais de circulação local e regional, levantamento de material de divulgação via Internet, levantamento de dados junto à Prefeitura Municipal e à página eletrônica do IBGE, bem como a realização de registros fotográficos. O leitor pode obter informações mais detalhadas sobre a adoção e procedimentos metodológicos adotados para a realização da pesquisa a partir do Apêndice I que se inicia a partir da página 177 deste texto. Com base nos dados levantados junto ao IBGE, bem como, pela confrontação desses dados com o Mapa da Exclusão/Inclusão Social elaborado pelo CEMESPP1, foi possível realizar uma caracterização socioeconômica e demográfica do entorno dos loteamentos fechados (ou apenas de sua área ocupada no caso do Parque Residencial Damha) e do entorno dos condomínios horizontais. Além disso, esses dados levantados pelo IBGE, no ano de 2000, mostraramse fundamentais para a realização de comparações e/ou aproximações com aqueles dados levantados por nós por meio da aplicação de questionários junto aos Centro de Estudos e Mapeamento da Exclusão social para Políticas Públicas na qual tem sede no prédio do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP. 1 21 moradores dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais no primeiro semestre de 2007. A partir dos dados levantados junto à Prefeitura Municipal, foi possível realizar investigações a respeito do processo de formação e caracterização espacial dos espaços auto-segregados de Presidente Prudente, buscando estabelecer comparações, do ponto de vista das formas e das dimensões, entre os loteamentos fechados e os condomínios horizontais. A partir dos diversos blocos de informações previamente organizados dos questionários, foi possível levantar uma série de dados e informações a respeito das práticas socioespaciais dos sujeitos auto-segregados que contemplou uma grande parcela das atividades propostas. Para subsidiar uma análise comparativa, estabelecemos três grupos para classificar os loteamentos fechados e condomínios horizontais pesquisados por nós que se justifica por haver semelhanças entre eles, sobretudo, do ponto de vista socioespacial e temporal bem como o tipo habitacional no qual pretendemos demonstrar nesta monografia. Os loteamentos fechados foram divididos em dois grupos enquanto que todos os condomínios horizontais se inserem em um único grupo. Todos os grupos bem como a denominação desses espaços auto-segregados pesquisados por nós, estão relacionados a seguir: • Loteamentos fechados do primeiro grupo: o Jardim João Paulo II o Jardim Morumbi o Central Park Residence • Loteamentos fechados do segundo grupo: o Parque Residencial Damha o Parque Residencial Damha II o Residencial Golden Village • Condomínios horizontais do terceiro grupo: o Residencial Saint Moritz o Residencial Esmeralda 22 o Residencial Primavera o Residencial Bela Vista Estabelecemos análises comparativas, com cruzamento de informações do Mapa da Exclusão/Inclusão social elaborado pelo CEMESPP, no que se refere à localização e situação da moradia anterior bem como a análise dos diferentes períodos de mudança para os loteamentos fechados e condomínios horizontais. Partindo das opiniões dos moradores dos espaços auto-segregados, foi possível avaliar as localizações dos loteamentos fechados e condomínios horizontais e o nível de acessibilidade aos principais locais do espaço urbano prudentino, utilizados para o consumo de bens e de serviços, bem como para a realização de outras atividades relacionadas ao lazer, a educação e ao trabalho. A primeira entre as dimensões das práticas socioespaciais analisadas por nós referiu-se à identificação dos diferentes locais utilizados para o consumo de bens e de serviços de cada grupo. Com base nesse procedimento foi possível realizar mapeamento e análise das formas de compartilhamento, de concentração e de difusão espacial com relação ao uso dos locais citados. Além disso, um outro bloco específico de questões completa esse respectivo quadro o qual está baseado, sobretudo, na freqüência de consumo realizado via Internet ou via telefone. O lazer, enquanto segunda dimensão das práticas socioespaciais analisadas, baseou-se na identificação do uso e da apropriação “intra” e “extra-muros” de espaços destinados para esse fim, tanto pelos moradores de loteamentos fechados quanto pelos moradores de condomínios horizontais. A identificação das profissões, dos meios de locomoção, dos tempos de deslocamento e da localização dos respectivos locais utilizados para o desenvolvimento de atividades profissionais dos responsáveis por domicílios em loteamentos fechados e condomínios horizontais compôs a terceira dimensão das práticas socioespaciais analisadas. A esfera educacional compôs a quarta dimensão valorizada na pesquisa, a qual foi baseada na identificação e análise dos estabelecimentos de ensino fundamental, médio e superior freqüentados por moradores dos espaços autosegregados, incluindo a análise dos meios de locomoção utilizados para o acesso a esses estabelecimentos e os respectivos tempos de deslocamentos. 23 Um bloco de questões subjetivas compôs o que podemos chamar, de dimensão simbólica, neste caso específico, formada pelos diferentes discursos e justificativas que viabilizam a proliferação de espaços auto-segregados. Esse bloco abrange questões que visam qualificar as relações e interações sociais mais predominantes dos respectivos moradores desses espaços. As dimensões acima citadas, com exceção da dimensão simbólica, foram mapeadas e se constituíram como importante ferramenta para se avaliar o fenômeno da fragmentação socioespacial. A partir do conjunto de análises realizadas pretendemos recolher elementos para se afirmar ou não a possibilidade de constituição da fragmentação socioespacial bem como o nível em que ela se processa em uma Cidade Média, qual seja, Presidente Prudente – SP. 24 Capítulo I A cidade e os espaços auto-segregados A cidade e os espaços auto-segregados 25 1.1. Fragmentação socioespacial: processos e formas Para a compreensão dos processos constitutivos da fragmentação socioespacial em curso nas cidades de porte médio às de padrão metropolitano, torna-se fundamental estabelecer, como ponto de partida, alguns pressupostos sobre o conceito de segregação socioespacial. Nos termos propostos por Castells (1978, p. 203-204), a segregação [socioespacial] caracteriza-se pelo processo de homogeneização do conteúdo social de uma determinada porção espacial bem como sua nítida diferenciação em relação às demais áreas, gerando uma paisagem urbana segmentada e hierarquizada com o tipo e o nível de equipamentos urbanos de acordo com o nível de renda dos sujeitos moradores e/ou usuários desses respectivos espaços. Castells (1978, p. 217-218) destaca algumas intencionalidades dos processos que constituem a segregação socioespacial como o poder de influência sobre as leis econômicas de distribuição dos sujeitos sociais de uma unidade administrativa através de setores com padrões habitacionais distintos e/ou por uma intervenção mais repressiva como a constituição de um traçado urbano que permita um controle efetivo sobre o uso e apropriação do espaço urbano. Nesse sentido, a segregação socioespacial também pode desempenhar um processo de ruptura com qualquer tipo de relação no âmbito do espaço urbano, sobretudo, por meio da negação da diferença (LEFEBVRE, 1999, p. 124). Concordamos com Corrêa (2005, p. 64) quando ele sugere que a segregação [socioespacial] pode ser desdobrada em auto-segregação e segregação imposta na qual: (...) a primeira referindo-se à segregação da classe dominante, e a segunda à dos grupos sociais cujas opções de como e onde morar são pequenas ou nulas. A segregação assim redimensionada aparece com um duplo papel, o de ser um meio de manutenção dos privilégios por parte da classe dominante e o de um meio de controle social por esta mesma classe sobre os outros grupos sociais Mais especificamente, a auto-segregação reflete-se nas formas urbanas bem como em seus conteúdos, quando uma parcela dos segmentos sociais de médio a alto poder aquisitivo tem a oportunidade de escolher, para residência, áreas de A cidade e os espaços auto-segregados 26 amenidades e com excelentes infra-estruturas onde se implantaram (e ainda implantam) loteamentos fechados e condomínios horizontais de alto padrão. O isolamento por muros, sistemas de vigilância e área de lazer particular representam significativamente esse processo2. Dependendo das dimensões e da demanda potencial gerada por esses empreendimentos, é possível que se induza a geração de novas centralidades atraindo estabelecimentos comerciais e de serviços para as suas proximidades. As escolhas para a implantação de novos loteamentos fechados também são valorizadas em função de novas centralidades já existentes, como aquelas geradas por shopping centers e/ou hipermercados e por maior acessibilidade a vias de circulação rápida inter e intra-urbanas (SPOSITO, 2004, p. 386). Com a implantação de loteamentos fechados para os segmentos sociais de alto poder aquisitivo, surgem rupturas no tecido urbano estabelecendo uma determinada homogeneidade social em que a contigüidade se estabelece em detrimento da continuidade espacial (SPOSITO, 2002). Além disso, os indivíduos que integram esses fragmentos participam cada vez mais de redes de relações à distância - trabalho, lazer ou compras exercidos ou realizados, geralmente, em localizações distantes e não nas proximidades imediatas dos locais de moradia, com os quais se estabelece pouco contato - o que contribui para a formação de um determinado valor simbólico e identitário de seus habitantes (SALGUEIRO, 2001, p. 116). Por outro lado, esses sujeitos sociais usam o território urbano de forma discreta, programada e pontual para desenvolver suas respectivas práticas cotidianas (SALGUEIRO, 2001, p. 185). As práticas socioespaciais concebidas a partir da combinação entre esses novos habitats e processos urbanos concorrem para a produção de novas formas de vida urbanas envolvendo uma relativa desvalorização do espaço público e uma negação da diferenciação social gerando simulacros urbanos, além de uma produção do espaço urbano cada vez mais desigual (DAL POZZO, 2008). Essa dada combinação entre forma e processos urbanos esboça o oposto do ideal de vida urbana proposto por Lefebvre (1991, p.15) para quem os confrontos entre as diferenças e os reconhecimentos recíprocos coexistem na cidade. 2 Cf. AGUILERA (2003); RAMIRES e SOARES (2002); SOBARZO (2004); SPOSITO (2003). A cidade e os espaços auto-segregados 27 Svampa (2001, p. 254) chama a atenção para alguns perigos da consolidação da sociabilidade do “entre nós” 3, segundo a qual se estabelece uma clara separação entre os de “dentro” e os de “fora”, entre aqueles que são “iguais” e aqueles que são “diferentes”. Esse novo marco de vida coletiva, sobretudo, considerando as novas gerações que crescem no interior de espaços vigiados e controlados, pode levar a um relativo desconhecimento de outras classes sociais e uma acentuada “desconexão” com o mundo exterior. Além disso, os vínculos reais que se estabelecem com o “outro” [os empregados, os prestadores de serviços, os atendentes, os entregadores, etc.] e os vínculos virtuais de compaixão ao pobre pouco altera o quadro de desconexão com a diversidade da cidade, se inseridos dentro de um contexto regulado e previsível (SVAMPA, 2001, p. 254). Desse ponto de vista, Sposito (2004, p. 397) salienta que o estudo da fragmentação socioespacial se torna pertinente, pois: O fundamental, no que se refere a essa ampliação da base empírica na qual se apóia a reflexão sobre os loteamentos fechados como novos habitats urbanos, é a de recolher mais elementos para a discussão dos conceitos de segregação socioespacial e fragmentação urbana propostos a outras realidades urbanas, sobretudo metropolitanas, avaliando sua pertinência à realidade das cidades médias e verificando em que condições específicas eles se aplicariam a elas e a quais dentre elas. A existência de muros intra-urbanos é, sem dúvida, prova material de segmentação do tecido urbano, mas as formas como essa segmentação altera a estruturação das cidades e as práticas socioespaciais de seus moradores é diversificada e plural, exigindo que se analise e se adote com precisão teórica os conceitos de segregação e/ou fragmentação Para analisar esses pressupostos torna-se fundamental recolher elementos para mensurar os impactos – objetivos e subjetivos – das práticas socioespaciais dos sujeitos auto-segregados como capazes de alterar ou produzir novas centralidades urbanas bem como reorientar a lógica de escolha de áreas dos promotores imobiliários para a implantação de novos loteamentos fechados ou condomínios horizontais estimulando, efetivamente, a auto-segregação. A sociabilidade do “entre nós” nos termos de Svampa, 2001, pode ser caracterizada pelos grupos socioeconômicos que compartilham um mesmo tipo de habitat urbano, como os moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais 3 A cidade e os espaços auto-segregados 28 As excelentes localizações das moradias e o uso expressivo de automóveis pelos segmentos de alto poder aquisitivo que optam pela auto-segregação também devem ser avaliados como elementos constitutivos da fragmentação socioespacial, sobretudo, pela promoção de um elevado nível de acessibilidade ao conjunto dos equipamentos urbanos. A fragmentação socioespacial empregada em nossa análise baseia-se, em grande medida, nos pressupostos teóricos de Janoschka e Glasze (2003) que a caracterizam a partir das práticas socioespaciais (nesse caso, as práticas socioespaciais dos sujeitos auto-segregados) orientadas pelo uso pouco freqüente de espaços públicos e a organização das atividades diárias através do uso de espaços privados e coletivos evitando o contato direto com pessoas de quem se distinguem no que se refere ao estilo de vida. Para avaliar o processo de fragmentação socioespacial a partir das práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados, a análise dos locais utilizados para a realização das funções básicas da vida diária deve ser privilegiada: o local de trabalho, o local utilizado para formação/educação, os locais mais utilizados para o consumo de bens e de serviços e os mais utilizados para a realização das atividades relacionados ao lazer e/ou ao uso do tempo livre. Se a análise identificar uma relativa diminuição de contato com pessoas de padrão de vida e renda diferenciadas como conseqüência da mudança de moradia para um loteamento fechado ou condomínio horizontal, poderia considerar-se que há fragmentação [socioespacial] mesmo que não se abarquem todas as categorias ou funções da vida diária acima destacadas (JANOSCHKA e GLASZE, 2003, p. 16-17). Dependendo do nível de fragmentação socioespacial produzida por práticas socioespaciais no espaço urbano, pode haver contribuição para a geração de um determinado território para os segmentos sociais de alto poder aquisitivo no qual esteja presente uma representação diferenciada daquilo que é a cidade, pois: Cada segmento social, definido por seu padrão de consumo, cultural e de informação (estando o acesso a cultura e à informação também controlados pelo mercado), constrói uma representação de cidade, a partir de suas experiências, dos territórios de sua vivência, das espacialidades que constrói na dinâmica da circulação e acesso do conjunto da cidade (SPOSITO, 1996, p.82). A cidade e os espaços auto-segregados 29 1.2. Fragmentação socioespacial enquanto elemento de um processo histórico recente O surgimento da fragmentação socioespacial à qual estamos nos referindo pode ser contextualizado a partir do processo de reestruturação socioeconômica ocorrido nas últimas décadas, pois alguns de seus fatores contribuíram para o surgimento de novas redes de serviços e de espaços especializados e estratificados mais expressivamente difundidos a partir das regiões metropolitanas latinoamericanas (FREDIANI, 2003, p. 84-85). Além disso, com a difusão e aplicação dos ideais de desregulação e de privatização de parte dos setores públicos estatais no nível mundial (dinâmica por meio da qual se objetivou a consolidação de um “Estado mínimo”) não se proporcionou, num mesmo ritmo, que as administrações locais pudessem ter influência para manter um desenvolvimento urbano pleno no sentido políticodemocrático (JANOSCHKA e GLASZE, 2003, p. 14). A redução dos serviços públicos e das intervenções estatais aumentou a demanda por estabilidade e qualidade do ambiente social e físico como meio de distinção social. Esse novo marco no cenário urbano contribuiu para a difusão de novos habitats urbanos (como os loteamentos fechados e condomínios horizontais) predominantemente justificados pelo aumento da insegurança urbana e pela idealização desses novos habitats como parte de uma “cultura global” (JANOSCHKA e GLASZE, 2003, p. 14). Em outros termos, com sinais menos óbvios de diferenciação social, as elites promoveram a criação de novos sistemas de identificação, refletindo na produção de espaços de circulação controlados e com acesso restrito (CALDEIRA, 2000, p. 325). Para a difusão desses novos sistemas de identificação, foi fundamental a desregulamentação do mercado imobiliário por meio da qual se permitiu uma ampliação da oferta de novidades imobiliárias. Através da instalação de uma autogestão privada, foi proporcionada uma diminuição dos riscos dos investimentos ao mesmo tempo em que se aumentaram as taxas de lucros (JANOSCHKA e GLASZE, 2003, p. 14). Dessa maneira, difundiram-se novos equipamentos urbanos, como os parques temáticos, centros de entretenimento, Shopping Centers, loteamentos fechados e condomínios horizontais oferecendo novas oportunidades de apropriação A cidade e os espaços auto-segregados 30 e de consumo do espaço urbano reforçando o caráter altamente seletivo desses ambientes urbanos (FREDIANI, 2003, p. 84-85). Para o caso das metrópoles brasileiras e considerando os processos acima destacados, Gomes (2002, p. 174) salienta que as mudanças estruturais e das imagens desses espaços levaram à produção de uma cidade mais fragmentada, concebida segundo parcelas mais ou menos independentes, sobretudo, pelo recuo e desvalorização do espaço público e o confinamento dos terrenos de sociabilidade. Para o advento dessa cidade mais fragmentada, foi fundamental a difusão do uso do automóvel particular e a concessão e/ou construção de autopistas, em que se promoveu um maior dinamismo nos fluxos entre Regiões Metropolitanas e algumas cidades de porte médio permitindo um maior espraiamento do tecido urbano. Nesse sentido, o tecido urbano, antes contínuo e consolidado, passou por um processo de extensão territorial modificando o conteúdo social e espacial da periferia das cidades brasileiras em função das transformações econômicas das últimas décadas (SPOSITO, 2002, p. 408-409). Sposito (2003b) salienta que, no caso das cidades médias e de porte médio do Estado de São Paulo, as transformações do conteúdo socioeconômico da periferia urbana começaram a ocorrer em meados de 1980 e, de maneira mais expressiva, no decorrer dos anos de 1990 quando se proliferam novas formas de habitats urbanos - os loteamentos fechados - em substituição à “onda” de verticalização. A produção de loteamentos fechados nas cidades médias paulistas, geralmente, ocorreu de modo concentrado em determinados setores, afastados do núcleo central e próximos às principais vias de acesso regional e intra-urbano, por dois motivos principais: 1º) maior acessibilidade aos principais centros comerciais e de serviços intra-urbanos (SPOSITO, 2004, p. 385-386) e 2º) voltado na direção dos grandes centros polarizadores em função dos locais de trabalho e de estudos (REIS, 2006, p. 152-153). As principais intenções dos moradores, já detectadas por inúmeras pesquisas4 quando optam por essa modalidade de moradia, apontam para a necessidade de uma maior segurança familiar, tranqüilidade (leia-se, longe dos Cf. ANDRADE (2005); CALDEIRA (2003); OLIVEIRA e SPOSITO (2005); RAMIRES e SOARES (2002); SALGUEIRO (2001); SOBARZO (1999, 2004); SOBARZO e SPOSITO (2003); SPOSITO (2002, 2003). 4 A cidade e os espaços auto-segregados 31 “indesejáveis”), área de lazer, maior contato com a natureza “artificializada” ou “cenarização da natureza” em alguns casos, além da possibilidade de morar próximo a famílias pertencentes ao mesmo segmento social, porém, sem haver uma efetiva convivência entre esses “iguais” dentro dos loteamentos fechados. Juntamente com essas características apontadas e a partir delas, pretendemos contribuir para o estudo da ocorrência e dos níveis de intensidade da fragmentação socioespacial em cidades médias (com recorte espacial definido em Presidente Prudente – SP) considerando-se a análise da auto-segregação e das práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados. 1.3. Caracterização socioeconômica do entorno dos espaços auto-segregados Para melhor caracterizar a área na qual se inserem os loteamentos fechados e os condomínios horizontais, os quais foram alvos de nossa pesquisa, utilizamos os dados agregados por setores censitários5 de Presidente Prudente com base no Censo Demográfico 20006. As variáveis do Censo Demográfico 2000 selecionadas para análise, servirão de parâmetro de comparação entre os diversos setores censitários selecionados, na qual podem ser visualizados a partir do Mapa 1. Segundo o IBGE, o setor censitário é a menor unidade territorial, com limites físicos identificáveis em campo, com dimensão adequada à operação de pesquisas. Para saber mais detalhes sobre a adoção da análise por setor censitário ver Apêndice I a partir da página 177. 6 IBGE. Censo Demográfico 2000. Agregados por setores censitários dos resultados do universo. 2ª edição. Rio de Janeiro, 2003. 5 A cidade e os espaços auto-segregados 32 A cidade e os espaços auto-segregados 33 O setor censitário nº 90 abrange não apenas as áreas ocupadas pelos loteamentos fechados Central Park Residence e Jardim Morumbi, mas também outros dois bairros localizados em seu entorno: o Jardim Cambuy (a Oeste do Central Park Residence) e o Residencial Vivenda (ao Norte do Central Park Residence). Grosso modo, o padrão construtivo das habitações7 desses dois bairros pode ser considerado do nível médio, sobretudo. O setor censitário nº 94 abrange toda a área que compreende o Jardim João Paulo II, que é um loteamento fechado, bem como o Jardim Marupiara o qual possui habitações com padrão construtivo, sobretudo, do nível médio e fino, ainda que seja um loteamentos não murado. Foram delimitados dois setores censitários para analisar o Parque Residencial Damha, quais sejam, o setor censitário nº 250, que compreende a porção Nordeste do respectivo empreendimento e o setor censitário nº 249 que compreende a sua porção Sudoeste. O setor censitário nº 252 envolve o Parque Higienópolis e a Chácara do Macuco (cujo padrão construtivo predominante nesses respectivos bairros é do nível fino e luxuoso) e o Jardim Rio 400 (o qual possui habitações com padrão construtivo do nível médio) localizado próximo à Rodovia Raposo Tavares. Contudo, esse setor censitário não envolve os dados do Residencial Golden Village (o qual teve o seu projeto aprovado apenas em 2002) sendo utilizado, apenas, para caracterizar o seu respectivo entorno. O setor censitário que envolve a atual área do Parque Residencial Damha II não foi considerado em nossas análises, pois, no período de realização do Censo, sequer havia um número considerável de habitações no seu entorno. Como as atuais características do padrão construtivo das habitações bem como os níveis de renda familiar mensal dos loteamentos fechados Parque Residencial Damha e Parque Residencial Damha II são relativamente similares, utilizaremos como referência para o Parque Residencial Damha II, os dados dos setores censitários que compreendem o Parque Residencial Damha. O setor censitário nº 186 (assim como no caso do setor censitário nº 252 para o Residencial Golden Village), não envolve o Residencial Bela Vista na qual foi implantado apenas no ano de 2004. Nesse sentido, apenas para caracterizar seu A Prefeitura Municipal de Presidente Prudente classifica as habitações existentes de acordo com o seu padrão construtivo nos seguintes níveis: luxo, fino, médio, popular e precário. 7 A cidade e os espaços auto-segregados 34 entorno, utilizaremos como referência, os dados dos bairros mais antigos localizados nesse setor censitário, quais sejam o Jardim Cobral e o Jardim Leonor, cujo padrão construtivo das habitações pode ser classificado, de um modo geral, nos níveis popular e precário. O setor censitário nº 133 envolve a área na qual está localizado o Residencial Primavera (ainda não implantado no momento da realização da referida pesquisa do IBGE) e abrange os bairros Parque Alto da Bela Vista, Jardim Barcelona e Sítio São Pedro que compreendem uma mescla de habitações com padrões construtivos dos níveis médio, popular e precário, porém, com predominância do padrão construtivo do nível popular. O setor censitário nº 63 envolve a área do atual Residencial Saint Moritz (ainda não implantado no período de realização da pesquisa do IBGE) e abrange uma pequena área do seu entorno na qual se pode encontrar habitações com padrões construtivos do nível popular a fino, porém, com predominância do padrão construtivo médio. Por último, o setor censitário nº 146 envolve uma pequena parcela ao Sul do Conjunto Habitacional Ana Jacinta e margeia a atual portaria do Residencial Esmeralda (ainda não implantado na época da realização da pesquisa do IBGE). O padrão construtivo das habitações do respectivo setor censitário classifica-se como de nível popular e podem ser consideradas como habitações similares àquelas atualmente construídas dentro do perímetro do Residencial Esmeralda. De acordo com o mapa da Exclusão/Inclusão Social8 de Presidente Prudente elaborado no ano de 2003 pelo CEMESPP todos os setores censitários de referência dos respectivos condomínios horizontais (setores censitários nº 63, nº 133, nº 146 e nº 186) estão inseridos em áreas consideradas de baixa exclusão social, enquanto, os setores censitários de referência dos loteamentos fechados, (setores censitários nºs 90, 94, 249, 250 e 252) inserem-se em áreas de inclusão social. Os setores censitários acima citados estão identificados no Mapa 2 cuja base do mapa de Exclusão/Inclusão Social elaborado pelo CEMESPP foi mantida objetivando subsidiar nossas discussões (ou para título de confrontação que pode ser realizado pelo leitor) ao longo desse texto. O Mapa da Exclusão/Inclusão Social de Presidente Prudente classifica 234 setores censitários da Planta Urbana Municipal do ano de 2000 com base em diversos indicadores, formulados a partir dos dados do Censo Demográfico 2000 do IBGE, em quatro variáveis: Inclusão Social, Baixa Exclusão Social, Média Exclusão Social e Alta Exclusão Social. 8 A cidade e os espaços auto-segregados 35 Segundo as considerações realizadas por Mellazo (2007, p. 450), que também participou do processo de elaboração do Mapa da Exclusão/Inclusão Social de Presidente Prudente, os indicadores sociais são, sobretudo, uma ferramenta que possibilita identificar características específicas da qualidade de vida nos diferentes espaços intra-urbanos [mais especificamente, os setores censitários] permitindo relacionar cada um desses espaços entre si. Ainda que os estudos de Mellazo (2007, p. 450) sejam mais recentes, suas argumentações asseveram os processos de constituição de desigualdade em Presidente Prudente como, rapidamente, podemos identificar a partir do confronto entre a localização dos loteamentos fechados do primeiro grupo e do segundo grupo – áreas de inclusão social - e a localização dos condomínios horizontais do terceiro grupo - áreas de baixa exclusão social, pois, “(...) é possível perceber que a desigualdade se revela em padrões espaciais bem delimitados”, [além disso, há uma determinada] “(...) continuidade de setores de exclusão e sua localização em determinadas porções do espaço urbano”. A cidade e os espaços auto-segregados 36 A cidade e os espaços auto-segregados 37 Ao analisar algumas cidades médias e de porte médio no Estado de São Paulo entre as quais uma delas é Presidente Prudente, Mellazo (2007, p. 458) ainda considera que é possível perceber: (...) o quanto nessas cidades jogam peso as desigualdades em sua configuração territorial. Em cada uma delas convivem as distâncias espaciais como elemento estruturador de sua paisagem e também de suas dinâmicas de estruturação. São, assim, espaços marcados permanentemente por clivagens que colocam cada um no seu lugar e onde o lugar de cada um distingue socialmente seus ocupantes. Se a cidade média comparece como a antítese da metrópole, quiçá naquelas realidades urbanas a tônica seja a convivência dissimulada das contradições e a falsa impressão de um espaço homogêneo. O Quadro 1 demonstra a quantidade dos domicílios particulares permanentes por setores censitários, bem como o total de moradores nesses respectivos domicílios: Quadro 1 - Presidente Prudente: Média do número de moradores e número de empregadas domésticas por domicílios particulares permanentes (por setor censitário) - 2000 Setor Censitário e empreendimento de referência 94 (João Paulo II) 90 (CPR**/Jd. Morumbi) Total (Grupo 1) 249 (Damha Porção Sul) 250 (Pq. Res. Damha) 252 (Golden Village) Total (Grupo 2) 63 (Res. Saint Moritz) 146 (Res. Esmeralda) 133 (Res. Primavera) 186 (Res. Bela Vista) Total (Grupo 3) DPP* 198 225 423 45 96 100 241 308 269 203 152 932 Moradores em DPP 716 856 1572 163 360 375 898 973 953 760 527 3213 Empregadas domésticas moradoras em DPP 2 19 21 0 1 4 5 1 0 0 0 1 Média do número de moradores em DPP 3,6 3,8 3,7 3,6 3,8 3,8 3,7 3,2 3,5 3,7 3,5 3,4 (*) Domicílios particulares permanentes; (**) Central Park Residence Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: IBGE – Censo demográfico 2000 (Agregado por Setores Censitários dos Resultados do Universo) Considerando que as respectivas informações do Censo demográfico foram levantadas durante o segundo semestre de 2000, podemos afirmar que os setores censitários do segundo grupo apresentavam um baixo nível de ocupação, sobretudo A cidade e os espaços auto-segregados 38 por se tratar de loteamentos fechados recentemente implantados no caso do Parque Residencial Damha. Os setores censitários do primeiro grupo apresentam um nível de ocupação mais elevado, o que permite mais uma vez afirmar o elevado grau de consolidação e de integração desses loteamentos fechados com o conjunto da cidade. Como os setores censitários do terceiro grupo demonstram apenas uma realidade existente no ano de 2000 (quando sequer existia qualquer desses condomínios horizontais) podemos considerar que esses dados são importantes na medida em que for possível avaliar as características gerais (por grupo) e particulares desses setores censitários na qual, atualmente, os respectivos condomínios horizontais se inserem ou delimitam uma determinada parcela do entorno de cada um. Ainda no que se refere ao terceiro grupo, é possível observar o elevado nível de ocupação dessas áreas, podendo ter sido, em algumas delas, consideravelmente intensificadas após a implantação e a ocupação das habitações padronizadas desses respectivos condomínios horizontais. Sobre o processo de ocupação dos condomínios horizontais, podemos considerar que, nos últimos anos, algumas centenas de famílias foram alocadas em áreas condominiais de pequenas dimensões e com habitações bem próximas umas das outras (Fotografias 1, 2, 3 e 4), o que deve ter favorecido, como se observou nas respostas dadas às perguntas de nossos questionários, o comprometimento da privacidade e aos freqüentes conflitos entre vizinhos. A cidade e os espaços auto-segregados Fotografia 1 - Residencial Bela vista (01/11/2005): Destaque para produção “idêntica” das habitações bem como para a proximidade existente entre elas contribuindo para a conformação de um ambiente homogêneo, do ponto de vista das formas, e conflituoso, do ponto de vista dos usos sociais. Fotografia 2 – Residencial Primavera (08/05/2007): Proximidade entre as residências. 39 A cidade e os espaços auto-segregados 40 Fotografia 3 – Residencial Esmeralda (01/11/2005): Poucos metros separam uma casa da outra. Destaque para a existência do alambrado que isola seus moradores do contato direto com uma das ruas do Conjunto Habitacional Ana Jacinta, sendo essa uma das formas de isolamento socioespacial. Fotografia 4 – Residencial Saint Moritz (08/05/2007): Apesar da produção idêntica das habitações e a proximidade entre elas, há tentativas de distingui-las por meio de pinturas das habitações com cores diferenciadas. Outro dado que pudemos levantar a partir do Setor Censitário e disponível a partir do Quadro 1 na página 37, refere-se ao número de empregadas domésticas que residem em seu local de trabalho na qual se destaca uma grande presença delas nos setores do primeiro grupo enquanto que nos setores do segundo e, A cidade e os espaços auto-segregados 41 sobretudo, nos setores do terceiro grupo, o número delas é praticamente inexpressivo. Em certa medida, isso demonstra a diferença de poder aquisitivo entre os respectivos setores censitários dos grupos analisados. Com relação às médias do número de moradores em domicílios particulares permanentes obtivemos resultados praticamente similares para os setores censitários dos três grupos analisados variando entre 3,2 e 3,8 residentes por domicílio. Os dados do Quadro 2 mostram o número de responsáveis por domicílios existentes em cada setor censitário, bem como a média do rendimento nominal mensal e a média do número de anos de estudos dessas respectivas pessoas responsáveis por domicílios particulares permanentes. Quadro 2 - Presidente Prudente: Média do rendimento nominal mensal e média do número de anos de estudos das pessoas responsáveis por domicílios particulares permanentes para o ano de 2007 (por setor censitário) Setor Censitário e empreendimento de referência 94 (João Paulo II) 90 (CPR**/Jd. Morumbi) Total (Grupo 1) 249 (Damha Porção Sul) 250 (Pq. Res. Damha) 252 (Golden Village) Total (Grupo 2) 63 (Res. Saint Moritz) 146 (Res. Esmeralda) 133 (Res. Primavera) 186 (Res. Bela Vista) Total (Grupo 3) Responsáveis por DPP* 198 225 423 45 96 100 241 308 269 203 152 932 Média do rendimento Média do número de nominal mensal das anos de estudo das pessoas responsáveis pessoas responsáveis por DPP (em reais) *** por DPP 18.677,00 12,1 15.181,00 14,0 16.817,00 13,1 14.159,00 14,5 13.342,00 14,5 7.592,00 10,0 11.109,00 12,6 4.495,00 10,3 1.911,00 7,2 1.740,00 6,5 1.136,00 5,4 2.601,00 7,8 (*) Domicílios particulares permanentes; (**) Central Park Residence; (***) Para a atualização dos rendimentos, convertemos o valor especificado da respectiva variável, em salários mínimos (em vigor no mês da realização da pesquisa, que foi julho de 2000, na qual o salário mínimo era de R$ 151,00) e, logo em seguida, convertemos o resultado obtido utilizando o valor do salário mínimo vigente no mês de outubro de 2007 (R$ 380,00) sem considerar, contudo, a perda do poder de compra do salário mínimo durante esse intervalo de tempo. Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: IBGE – Censo demográfico 2000 (Agregado por Setores Censitários dos Resultados do Universo). As médias do rendimento nominal mensal e as médias dos anos de estudos obtidas por grupo, mais uma vez, permitem verificar a desigualdade socioeconômica entre as áreas privilegiadas para a análise. Os setores censitários nº 94 e nº 90, que compõem o primeiro grupo, possuem a maior média de rendimento nominal mensal das pessoas responsáveis A cidade e os espaços auto-segregados 42 por domicílios particulares permanentes e também a melhor média quanto ao número de anos de estudos. Não muito distante da realidade do primeiro grupo, o segundo grupo obteve uma média de rendimento nominal mensal e uma média dos anos de estudos dos responsáveis por domicílios também considerada elevada. Contudo, há uma considerável desigualdade ao se comparar a realidade socioeconômica dos setores censitários do primeiro e do segundo grupo com a do terceiro grupo. Se calcularmos a relação existente entre a média do rendimento nominal mensal dos responsáveis por domicílios do setor censitário do Jardim João Paulo II, qual seja R$18.677,00, e a média do rendimento nominal mensal dos responsáveis por domicílios no setor censitário do Residencial Bela Vista, qual seja R$1.136,00, teremos, aproximadamente, a seguinte relação: 1 : 16 (um para dezesseis), o que demonstra alguns aspectos da acentuada desigualdade existente entre alguns dos setores censitários que estamos analisando. Além disso, a partir do Gráfico 1, é possível enfatizar a segmentação do rendimento nominal mensal em faixas de rendas o que permite visualizar os percentuais de concentração existentes. No primeiro e segundo grupo, as quatro primeiras faixas de renda oscilam apenas entre 6,6% a 13,3% e com grande concentração para a última faixa de renda referente a rendimento nominal mensal acima dos vinte salários mínimos. Gráfico 1 - Distribuição do rendimento nominal mensal, em salários mínimos, dos responsáveis por domicílios particulares permanentes (por grupo). 70 60 2 a 5 sm 40 5 a 10 sm 30 10 a 15 sm (%) 50 15 a 20 sm 20 mais que 20 sm 10 0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: IBGE – Censo demográfico 2000 (Agregado por Setores Censitários dos Resultados do Universo) A cidade e os espaços auto-segregados 43 Com relação ao terceiro grupo, mais uma vez é possível visualizar a desigualdade socioeconômica existente entre esse respectivo grupo com relação aos outros, pois, apenas 5,1% dos responsáveis por domicílios particulares permanentes do terceiro grupo atingem a faixa de rendimento acima de 20 salários mínimos mensais. A partir do confronto desses dados preliminares podemos considerar que os conceitos de inclusão social ou de exclusão social, além de se caracterizar como uma importante ferramenta para a condução de políticas públicas, sobretudo, em áreas carentes, do ponto de vista socioeconômico e de infra-estrutura urbana, também trazem importantes elementos para uma discussão mais ampla para a compreensão e entendimento do conjunto do espaço intra-urbano em que se inserem os tipos habitacionais, alvos de nossa pesquisa, qual seja, uma discussão sobre o conceito de segregação socioespacial nos termos propostos por Sposito (2003; 2004) e Sobarzo (1999; 2004). Com salienta Sposito (2003; 2004, p. 305-307), a acentuação da segregação socioespacial e a atenuação da possibilidade de convivência entre os diferentes segmentos sociais podem ter reflexos como mudança do sentido da cidade e, nesse caso, o conceito ou a noção de fragmentação socioespacial emerge como possibilidade explicativa desse fenômeno. A segregação socioespacial, nos termos propostos por Sobarzo (2004), também se orienta no sentido da constituição de uma sociabilidade segmentada no espaço urbano. Além disso, a segregação socioespacial em Presidente Prudente, “fragmenta, física e socialmente, a unidade e a coesão do espaço urbano, que assume novas características e desenvolve novos processos, propiciando a acentuação de práticas auto-segregativas (...)” (SOBARZO, 1999, p. 177). A segregação socioespacial por nós considerada se baseia nos processos de auto-segregação, nos termos apresentados por Corrêa (2005), ainda que haja elementos para se discutir a possibilidade da adoção de uma segregação imposta, sobretudo, para os moradores dos condomínios horizontais Residencial Bela Vista, Residencial Esmeralda e, em menor medida, o Residencial Primavera. Em outros termos, os segmentos sociais de mais alto poder aquisitivo produzem a auto-segregação que se expressa, sobretudo, por condomínios A cidade e os espaços auto-segregados 44 horizontais exclusivos ou loteamentos fechados nas quais, geralmente, dispõem de áreas de lazer e de certos serviços de uso exclusivo. Por outro lado, esses mesmos segmentos sociais também produzem a segregação imposta, quando controlam o mercado de terras e a incorporação imobiliária, garantindo certa homogeneidade social nas áreas residenciais das elites e direcionando a localização dos demais grupos sociais para outras áreas do espaço urbano (CORRÊA, 2005, p. 64). Nesse mesmo sentido, consideramos que a constituição da fragmentação socioespacial promovida pelos segmentos de alto poder aquisitivo em cidades médias paulistas também se manifesta pela dimensão do controle social do conjunto do espaço urbano nas quais diversos outros agentes produtores do espaço urbano atendem e também se beneficiam desse controle. Como exemplo, ressaltamos que uma segregação imposta, sobretudo, para os moradores do Residencial Bela Vista e do Residencial Esmeralda pode ser baseada nas seguintes características desses condomínios e na inserção deles no conjunto do espaço urbano: • implantação em descontínuo à malha urbana compacta; • relativa distância espacial em relação às demais áreas melhor servidas por equipamentos urbanos de Presidente Prudente; • padrão construtivo das habitações; • intencionalidades do Programa de Arrendamento Residencial9 que, por meio de um controle social efetivo, visa garantir a viabilidade do respectivo Programa (DAL POZZO, 2006). 9 Segundo a Caixa Econômica Federal, o “Programa de Arrendamento Residencial (PAR) é um programa do Ministério das Cidades operacionalizado pela CAIXA e financiado pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR). O PAR tem como objetivo reduzir o déficit habitacional em municípios com mais de 100.000 habitantes, viabilizando imóveis residenciais para famílias com renda de até R$ 1.800,00”. Para saber mais, ver: < http://www1.caixa.gov.br/gov/gov_social/estadual/programas_habitacao/par/saiba_mais.asp> Acesso em: 17 de julho de 2008. A cidade e os espaços auto-segregados 45 Fotografia 5 – Residencial Esmeralda (08/05/2007): Vista do residencial a partir da Rodovia Júlio Budisk. A partir da Fotografia 5 é possível destacar a descontinuidade existente entre a Rodovia Júlio Budisk e a Avenida Miguel Damha e da Avenida Presidente Prudente. Mesmo considerando os negativos impactos ambientais, a construção de uma via sobre o domínio das vertentes do Córrego do Botafogo poderia elevar o nível de acessibilidade dos moradores do Conjunto Habitacional Ana Jacinta (bem como dos moradores do Residencial Esmeralda) ao conjunto da malha urbana compacta de Presidente Prudente. Além disso, a construção dessa via poderia promover uma relativa aproximação entre diferentes segmentos sociais pelo uso das Avenidas Miguel Damha e Presidente Prudente nas quais estão em excelentes condições de uso pela especial atenção que o poder público municipal e a iniciativa privada (representada pelos empreendedores imobiliários) tem dado a elas. 1.4. Formação e caracterização dos espaços auto-segregados A partir dos dados que obtivemos junto à Secretaria Municipal de Planejamento de Presidente Prudente e dos dados secundários de Sobarzo (1999), estabelecemos uma série de comparações entre os loteamentos fechados e os condomínios horizontais com o objetivo de analisar as especificidades de cada tipo habitacional ao longo das últimas décadas. A cidade e os espaços auto-segregados 46 O Quadro 3 refere-se ao ano de implantação (em ordem crescente) e a respectiva área de terreno ocupado (em m2) cuja soma atinge quase 2.500.000,00 m2 de áreas ocupadas pela auto-segregação entre as quais 2,35 Km2 referem-se à área ocupada pelos loteamentos fechados e aproximadamente 0,15 Km2 são ocupados pelos condomínios horizontais demonstrando que os loteamentos fechados promovem um maior impacto socioespacial com relação aos condomínios horizontais que estamos analisando. Se relacionarmos os 113,00 Km2 aproximadamente compreendidos pela área urbana prudentina (inclusos os vazios urbanos, bem como a área ocupada por 233 bairros e 4 núcleos urbanos, segundo o IBGE, 2005) com a área ocupada pela autosegregação obteremos o resultado de, aproximadamente 44 : 1 (quarenta e quatro partes para um), o que ainda demonstra que não é expressiva a auto-segregação com relação à cidade aberta. Quadro 3 – Presidente Prudente: Ano de implantação e Área total por loteamento fechado e condomínio horizontal. Empreendimento Jardim Morumbi Jardim João Paulo II Central Park Residence Pq. Residencial Damha Pq. Residencial Damha II Residencial Golden Village Cond. Res. Bela Vista Residencial Quinta das Flores Residencial Portinari Residencial Beatriz Cond. Res. Primavera Cond. Res. Esmeralda Cond. Res. Saint Moritz Total Ano de Implantação 1976 1982 1992 1998 2000 2003 2004 2005 2005 2005 2006 2006 2006 --- Área do Terreno 2 (m ) 90.600,00 175.723,44 286.159,23 711.534,00 631.620,00 83.195,80 53.701,15 133.729,85 202.100,00 35.359,00 30.242,32 49.909,55 15.589,77 2.499.464,11 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento; SOBARZO, 1999. Podemos considerar que o tamanho de área ocupada pelos empreendimentos, segundo o período analisado (1976 - 2006) foi crescente até o ano de 1998, com a implantação do Parque Residencial Damha (Fotografia 6), com um pequeno declínio para o ano de 2000 a partir da implantação do Parque Residencial Damha II. A cidade e os espaços auto-segregados 47 Fotografia 6 – Panorama do Parque Residencial Damha (20/10/2007): Grandes dimensões de área ocupada pelas habitações do respectivo loteamento fechado. Destaque para o padrão construtivo das habitações. Esses dois empreendimentos considerados são representativos da alta demanda por moradias em loteamentos fechados em Presidente Prudente ocasionada, sobretudo, pela pressão dos elevados preços praticados em operações de venda e compra de terrenos ou casas em loteamentos fechados já consolidados que, segundo o Diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis, Alberico Pasqualini, tiveram os preços dos seus imóveis muito valorizados, sobretudo, em “função do temor generalizado gerado pela vinda de muitos presídios para a região”10. Esse cenário favoreceu uma rápida ocupação do Parque Residencial Damha e uma lenta ocupação do Parque Residencial Damha II na qual já se mostravam sinais de esgotamento da demanda solvável para os anos de 2001, 2002 e 2003. A partir de 2003, os próximos loteamentos fechados implantados em Presidente Prudente ocupam áreas bem menores sem, no entanto, ocorrer uma diminuição no tamanho de seus lotes. O baixo número de habitações em processo de construção nos loteamentos fechados até meados de 2007 demonstra, com mais segurança, o esgotamento da demanda solvável por esse tipo habitacional. Além disso, outros fatores também devem ser considerados para se compreender o baixo nível de edificação de novas moradias em loteamentos fechados como a localização dos novos empreendimentos implantados, um pouco SINDUSCON. Oferta maior que a procura em Prudente. Disponível em <http://www.sindusconsp.com.br/PUBLICACOES/revista_noticias_construcao/edicao_38/capa.htm> Acesso em: 15 jan. 2007. 10 A cidade e os espaços auto-segregados 48 distantes da malha urbana compacta e da região central de Presidente Prudente ainda que seus moradores se desloquem, predominantemente por automóvel particular. Fotografia 7 – Residencial Beatriz (08/05/2007): Vista a partir da portaria na qual é possível observar a quadra de tênis ao fundo. No momento de realização do registro fotográfico, apenas uma habitação encontrava-se em processo de construção. As considerações do Sr. João Ricardo F. Mirandola (Administrador de empresas do Grupo Encalso o qual entrevistamos em meados de setembro de 2007) exemplifica o caso do Residencial Beatriz (também administrado pela Encalso) cujo expressivo número de lotes não edificados (Fotografia 7) ele afirmou que foi ocasionado pela localização prejudicada desse respectivo empreendimento. Ainda, segundo o Sr. João Ricardo, os outros novos loteamentos fechados (Residencial Quinta das Flores e Residencial Portinari, sobretudo) tentaram trazer novos conceitos como diferencial, mas o “fator localização” – referindo-se ao distanciamento da área urbana de ocupação consolidada - foi um dos fatores preponderantes para definir o baixo sucesso desses novos empreendimentos. Com base nos respectivos anos de implantação dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais, elaboramos um cartograma da evolução do surgimento desses tipos habitacionais em 5 fases distintas (Mapa 3) compreendendo o período de 1976 a 2006. A implantação de novas formas de habitat urbano em Presidente Prudente tem seu ponto de partida no ano de 1975 quando ocorre a aprovação do loteamento A cidade e os espaços auto-segregados 49 fechado denominado Jardim Morumbi (SOBARZO, 1999). Com a implantação desse respectivo loteamento fechado (Fotografia 8), em 1976, inaugura-se a primeira fase da auto-segregação em Presidente Prudente. Fotografia 8 – Portaria do Jardim Morumbi (08/05/2007): Destaque para o fluxo de trabalhadores partindo do local de trabalho ao final do expediente. A cidade e os espaços auto-segregados 50 A cidade e os espaços auto-segregados 51 A segunda fase inicia-se no ano de 1982, com a implantação do loteamento fechado denominado Jardim João Paulo II (Fotografia 9) cujo projeto foi aprovado pela Prefeitura Municipal em 1980 (SOBARZO, 1999). Fotografia 9 – Portaria do Jardim João Paulo II (08/05/2007): Destaque para a presença da cancela e da câmara de vigilância para registros de imagens de entrada e saída de veículos bem como o padrão construtivo da habitação no interior do loteamento. Após a implantação do Jardim João Paulo II, ocorreu um intervalo de dez anos para a implantação do loteamento fechado denominado Central Park Residence (Fotografia 10), em 1992, inaugurando a terceira fase da autosegregação. Fotografia 10 – Portaria do Central Park Residence (08/05/2007): Destaque para a presença de funcionários que realizam o controle e a fiscalização dos fluxos. A cidade e os espaços auto-segregados 52 Como já ressaltamos, durante o período de consolidação dos três primeiros loteamentos fechados em Presidente Prudente, houve muita procura por esse produto imobiliário, sobretudo, no final da década de 1990 ocasionando a elevação de preços e, conseqüentemente, gerando a produção de uma demanda reprimida. Esse fato ajuda a explicar o sucesso das vendas iniciais do Parque Residencial Damha (Fotografia 11) - implantado em 1998 - e do Parque Residencial Damha II (Fotografia 12) - implantado em 2000 - que compõem a quarta fase de produção de espaços de auto-segregação em Presidente Prudente. Fotografia 11 – Parque Residencial Damha (08/05/2007): Destaque para os aspectos arquitetônicos da portaria bem como para a presença de cabine no lado esquerdo utilizada para a identificação e acesso (por sistema de catraca eletrônica) dos empregados. A cidade e os espaços auto-segregados 53 Fotografia 12 – Portaria do Parque Residencial Damha II (08/05/2007): Padrão arquitetônico similar à portaria do Parque Residencial Damha. Entre os anos de 2003 a 2005, foram implantados quatro loteamentos fechados em Presidente Prudente, quais sejam Golden Village (implantado em 2003), Residencial Beatriz, Residencial Quinta das Flores e Residencial Portinari (cujas implantações se deram no ano de 2005). Detalhes arquitetônicos das portarias desses loteamentos fechados podem ser observados a partir das Fotografias 13, 14, 15 e 16. Sobarzo (2005) também ressalta que esses últimos loteamentos fechados lançados ao mercado resultaram em baixa procura11 face ao esgotamento da demanda solvável e ao excesso de ofertas desse tipo habitacional em Presidente Prudente. Atualmente, essa baixa procura ainda se mantém como podemos constatar após a realização de uma série de trabalhos de campo, sobretudo, pelo inexpressivo número de habitações existentes nesses respectivos loteamentos fechados sem, no entanto, desconsiderar os processos de especulação imobiliária, grosso modo, representado por investidores que realizam o evento “compra-retenção-venda futura” de lotes para auferir renda fundiária. No entanto, lançamento recente feito pelo Grupo Dahma, ocorrido em 2008, após a finalização dos trabalhos relativos à pesquisa que gerou essa monografia, demonstra um reaquecimento do mercado, pois todos os lotes colocados à venda foram adquiridos. 11 A cidade e os espaços auto-segregados Fotografia 13 – Portaria do Residencial Golden Village (08/05/2007): Destaque para o padrão arquitetônico e paisagístico da portaria e o padrão arquitetônico das habitações que podem ser visualizadas a partir dos portões de entrada e saída de automóveis. Fotografia 14 – Portaria do Residencial Beatriz (08/05/2007): Destaque para o padrão arquitetônico da portaria bem como para os lotes não edificados no seu interior. 54 A cidade e os espaços auto-segregados 55 Fotografia 15 – Portaria do Residencial Quinta das Flores (08/05/2007): Destaque para o padrão arquitetônico da portaria. Fotografia 16 – Portaria do Residencial Portinari (08/05/2007): Destaque para o padrão arquitetônico da portaria. Entre os anos de 2004 a 2006 foram implantados quatro condomínios multifamiliares horizontais em Presidente Prudente, quais sejam o Residencial Bela Vista (implantado em 2004), o Residencial Primavera, o Residencial Esmeralda e o Residencial Saint Moritz (cujas implantações deram-se no ano de 2006). Comparativamente aos loteamentos fechados, o padrão arquitetônico das portarias dos condomínios horizontais podem ser considerados de características mais simples como podem ser observados a partir das fotografias 17, 18, 19 e 20. A cidade e os espaços auto-segregados Fotografia 17 – Portaria do Residencial Bela Vista (08/05/2007): Destaque para o padrão arquitetônico da portaria. Fotografia 18 – Portaria do Residencial Primavera (08/05/2007): Destaque para o padrão arquitetônico e para a grande quantidade de areia próximo à portaria, decorrente do processo de terraplanagem do Residencial São Sebastião e de intensas chuvas, período em que se promoveu o escoamento desse material para o fundo de vale onde se localiza esse respectivo condomínio. 56 A cidade e os espaços auto-segregados 57 Fotografia 19 – Portaria do Residencial Esmeralda (08/05/2007): Destaque para o padrão arquitetônico bem como para as dimensões da respectiva portaria. Fotografia 20 – Portaria do Residencial Saint Moritz (08/05/2007). A implantação dos loteamentos fechados Golden Village, Residencial Quinta das Flores, Residencial Beatriz e Residencial Portinari (que se inicia no ano de 2003) bem como a implantação dos condomínios horizontais acima citados (os três últimos, foram implantados no ano de 2006) encerram a quinta fase da autosegregação em Presidente Prudente. Alguns desses novos empreendimentos imobiliários, quais sejam, Residencial Quinta das Flores (de propriedade do empresário Junji Yamamoto – Presidente da A cidade e os espaços auto-segregados 58 Kodak do Brasil), Residencial Portinari (de propriedade do Grupo Matsuda que atua, sobretudo, no ramo de sementes para pastagens) e, mais recentemente, o loteamento fechado em processo de implantação, Porto Seguro Residence & Resort (de propriedade da Incorporadora Mampei Funada Ltda., cuja família proprietária também atua no ramo de bebidas em Presidente Prudente), foram ou estão sendo viabilizados por empresários que estão diversificando seus ramos de atuação, neste caso, passando a investir também no ramo da produção imobiliária urbana. De um modo geral, até o final do ano de 2006, já haviam sido implantados um total de nove loteamentos fechados voltados para os segmentos sociais de alto poder aquisitivo e de quatro condomínios horizontais destinados aos segmentos sociais de médio a baixo poder aquisitivo. A configuração territorial dos loteamentos fechados pode ser caracterizada, resumidamente, da seguinte maneira: • Com exceção do Residencial Portinari (localizado no Setor Norte na saída para a cidade de Álvares Machado), os loteamentos fechados estão localizados no Setor Sul contribuindo para consolidá-lo como setor residencial com predominância de habitações mais caras ocupadas por segmentos sociais de alto poder aquisitivo. • No Setor Norte, na Avenida Salin Farah Maluf, encontra-se em processo de implantação, o loteamento fechado aprovado recentemente pela Prefeitura Municipal, denominado “Porto Seguro Residence & Resort” (ANEXO D). Segundo informações do GRAPROHAB, o empreendimento possui área total de 163.751 m2, área loteável de 63.827,32 m2 e 246 lotes na qual a respectiva área média de cada lote é de 259,46 m2. Em publicidade veiculada por Internet, os discursos de seus empreendedores valorizam o conceito “Residence & Resort”12 na qual visa oferecer uma infra-estrutura de lazer do tipo clube, com piscinas, sauna com "spa", quadras poliesportivas, lago para pesca, pista de Cooper, lan house, etc. Além disso, procura valorizar a proximidade com alguns equipamentos urbanos como o Colégio JP, o Carrefour e o Prudenshopping (ANEXO E). 12 Para saber mais, ver: <http://www.imobiliariajd.com/portoseguro/index.html>. Acesso em: 02 dez. 2007. A cidade e os espaços auto-segregados 59 • A tendência de implantação de novos loteamentos fechados no Setor Sul13 pode estimular uma considerável “frente de especulação imobiliária” nesse respectivo setor, tendência essa mencionada e representada cartograficamente por Sobarzo (2004). Por sua vez, a configuração territorial dos condomínios horizontais pode ser caracterizada, resumidamente, da seguinte maneira: • O Residencial Bela Vista e o Residencial Primavera foram implantados no Setor Norte da cidade de Presidente Prudente, onde predominam habitações de padrões populares e precárias com grande presença de segmentos sociais de médio e baixo poder aquisitivo. Além disso, no seu entorno também encontra-se glebas em pousio social e grande número de lotes não-edificados. • O Residencial Esmeralda, relativamente afastado da malha urbana compacta de Presidente Prudente, foi implantado no Setor Sudoeste, próximo ao Conjunto Habitacional Ana Jacinta cujo padrão popular das habitações é similar àquelas construídas no respectivo Residencial. • A construção do Residencial Bela Vista e do Residencial Esmeralda foram viabilizados por meio de subsídios do Programa de Arrendamento Residencial do Governo Federal e, em parceria com a Prefeitura Municipal. Foram realizados sorteios das unidades habitacionais implantadas, cujos moradores contemplados pagam arrendamento mensal (durante o ano de 2006, o arrendamento mensal de referência foi de cerca de R$ 180,00), além das demais taxas de condomínio (DAL POZZO, 2006). • O Residencial subsidiados Primavera pelo programa compõe do um Governo dos empreendimentos Federal denominado “Financiamento de Imóveis na Planta ou em Construção”. Sua implantação foi viabilizada através de parceria (sistema associativo) com a empresa Constrinvest Construtora e Comércio Ltda. (DAL POZZO, 2006). Essa tendência pode ser comprovada a partir do processo de aprovação, na qual atualmente tramita na Prefeitura Municipal, de mais um projeto de loteamento fechado da Construtora Encalso denominado inicialmente de “Village Damha” que será implantado - no caso de aprovação do respectivo projeto – em gleba adquirida pela respectiva Construtora em leilão judicial no ano de 2006 localizada entre o Parque Residencial Damha e a Rodovia Raposo Tavares. 13 A cidade e os espaços auto-segregados 60 • O Residencial Saint Moritz foi implantado próximo ao Parque São Judas Tadeu (bairro bem localizado e inserido na malha urbana compacta de Presidente Prudente). O Residencial caracteriza-se como o único condomínio multifamiliar horizontal não subsidiado pelo Governo Federal, o qual foi viabilizado totalmente pela iniciativa privada (DAL POZZO, 2006). Quadro 4 – Presidente Prudente: Área total da superfície de uso habitacional por loteamento fechado e condomínio horizontal. Empreendimento Área do Terreno (m 2) Superfície de uso habitacional em potencial (m 2) 62.320,50 108.446,13 150.119,80 317.966,50 226.241,00 50.102,93 33.101,62 64.915,72 90.824,82 24.002,50 *13.212,06 *24.964,00 8.910,00 1.192.128,89 Jardim Morumbi 90.600,00 Jardim João Paulo II 175.723,44 Central Park Residence 286.159,23 Pq. Residencial Damha 711.534,00 Pq. Residencial Damha II 631.620,00 Residencial Golden Village 83.195,80 Cond. Res. Bela Vista 53.701,15 Residencial Quinta das Flores 133.729,85 Residencial Portinari 202.100,00 Residencial Beatriz 35.359,00 Cond. Res. Primavera 30.242,32 Cond. Res. Esmeralda 49.909,55 Cond. Res. Saint Moritz 15.589,77 Total 2.499.464,11 (*) Dados aproximados Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento; SOBARZO, 1999. Relação AT/SUH (%) 68,8 61,7 52,5 44,7 35,8 60,2 61,6 48,5 44,9 67,9 43,7 50,0 57,1 47,7 Quadro 5 – Presidente Prudente: Total de área de lazer por loteamento fechado e condomínio horizontal. Empreendimento Jardim Morumbi Jardim João Paulo II Central Park Residence Pq. Residencial Damha Pq. Residencial Damha II Residencial Golden Village Cond. Res. Bela Vista Residencial Quinta das Flores Residencial Portinari Residencial Beatriz Cond. Res. Primavera Cond. Res. Esmeralda Cond. Res. Saint Moritz Total Área de lazer Área do Relação AL/AT 2 2 (m ) Terreno (m ) (%) 9.513,00 90.600,00 10,5 17.923,80 175.723,44 10,2 28.902,10 286.159,23 10,1 133.768,40 711.534,00 18,8 128.850,50 631.620,00 20,4 8.472,19 83.195,80 10,2 5.466,46 53.701,15 10,2 13.442,62 133.729,85 10,0 20.525,89 202.100,00 10,2 5.514,45 35.359,00 15,6 2.928,92 30.242,32 9,7 8.192,39 49.909,55 16,4 2.800,00 15.589,77 18,0 386.300,72 2.499.464,11 15,4 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento; SOBARZO, 1999. A partir do Quadro 4, podemos observar que houve um declínio sobre a destinação de área para a superfície habitacional, sobretudo, para o Parque A cidade e os espaços auto-segregados 61 Residencial Damha II. Esse declínio reflete uma nova tendência do mercado imobiliário em ampliar as dimensões de áreas dos loteamentos fechados destinadas para o lazer, como pode ser observada a partir do Quadro 5. As variações das áreas destinadas para o lazer dos loteamentos fechados e condomínios horizontais na qual se destacam a destinação de grandes áreas para o lazer nos loteamentos fechados Parque Residencial Damha e Parque Residencial Damha II, inserem-se no âmbito de valorização do conceito de natureza e de aspectos paisagísticos pelo mercado imobiliário como um mecanismo de difusão das vendas como podem ser verificadas a partir da Fotografia 21. Esses apontamentos podem ser reforçados pelos dados que levantamos por meio de questionários aplicados junto aos moradores dos loteamentos fechados e condomínios horizontais cuja especificidade dos loteamentos fechados Parque Residencial Damha e Parque Residencial Damha II no que se refere às suas áreas de lazer, fez com que essa característica fosse apontada como o terceiro principal motivo de mudança para esses respectivos empreendimentos. Além disso, 21,2% das respostas do segundo grupo (na qual se inserem os loteamentos fechados Parque Residencial Damha e Parque Residencial Damha II) indicaram que utilizam com freqüência as áreas destinadas para o lazer de seus respectivos empreendimentos, enquanto que, os loteamentos fechados mais bem consolidados, como o Jardim Morumbi, Jardim João Paulo II e Central Park Residence, essa utilização atinge apenas 6,8% de seus moradores e, para os moradores dos condomínios horizontais, esse percentual atinge apenas 6,5%. Fotografia 21 - Imagem do lago artificial do Parque Residencial Damha: o lago foi construído sobre um dos afluentes do Córrego do Cedro. Essa imagem foi divulgada pela Imobiliária Casa dos Imóveis Ari Barriguella.14. 14 Para ver mais imagens acessar o sítio <http://www.aribarriguella.com.br/dahma1.htm>. Acesso em: 01 out. 2006. A cidade e os espaços auto-segregados 62 Após a implantação do Parque Residencial Damha II, não é mais possível observar, de forma explícita, a tendência de ampliação da área destinada para o lazer (com exceção do Residencial Saint Moritz e do Residencial Esmeralda), sobretudo, pela diminuição significativa das áreas do terreno ocupadas pelos novos empreendimentos imobiliários a partir de 2003. De um modo geral, os outros loteamentos fechados permanecem com uma área entre 10 e 11% do total da área do terreno destinada para o lazer: O Caso do Residencial Saint Moritz (ANEXO F) é emblemático pois foi alvo de destaque em uma de suas propagandas veiculadas pela Internet15 na qual foi denominado de uma “pequena vila” que incorpora soluções “eco-urbanísticas” que visam oferecer qualidade de vida aos seus moradores. Segundo a respectiva propaganda, uma maior área de lazer do “primeiro condomínio ecologicamente correto da cidade” insere-se, portanto, dentro do quadro das soluções eco-urbanísticas tendo como um de seus benefícios, proporcionar um micro-clima mais favorável para os seus moradores. Gráfico 2 – Presidente prudente: Média de área de lazer por lote ou unidade habitacional (em metros quadrados). Distribuição da área de lazer (m2) 300 250 200 150 100 50 0 Loteamentos fechados Condomínios horizontais Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento; SOBARZO, 1999. Texto intitulado “ECOLOGICAMENTE CORRETO” referente ao lançamento do Residencial Saint Moritz. Disponível em: <http://www.sinomar.com.br/coluna_social.htm>. Acesso em: 01 out. 2006. 15 A cidade e os espaços auto-segregados 63 Os dados do Gráfico 2 permitem verificar que os loteamentos fechados Residencial Quinta das Flores, Jardim Morumbi, Parque Residencial Damha e Parque Residencial Damha II são os loteamentos fechados que possuem maior destinação de área de lazer por lote, o que possibilita realizar, com mais propriedade, uma valorização de algumas dimensões simbólicas, potencializadas por estratégias do marketing imobiliário, que podem ser denominadas como “lugar ideal para sua casa” (ANEXO G), “vista privilegiada”, contato com o “verde” e o “ar puro” (ANEXO H) bem como diversas outras denominações divulgadas pela estratégia de marketing existente para auferir vendas desses tipos imobiliários. As propagandas veiculadas pela Internet, sobretudo, pelas páginas eletrônicas do “Sinomar Calmona” (coluna social impressa e eletrônica de Presidente Prudente) é possível visualizar mais alguns aspectos dessa dimensão simbólica que valoriza os aspectos da natureza, sobretudo, os últimos empreendimentos implantados pelo Grupo Encalso, quais sejam, o Parque Residencial Damha e Parque Residencial Damha II. São valorizados os aspectos paisagísticos, além de outros símbolos emblemáticos como a da “figueira centenária” (Fotografia 22) bem próximo à portaria do Parque Residencial Damha II. Fotografia 22 – Figueira centenária (20/10/2007): Esporadicamente são realizados almoços/confraternizações pelos moradores do Parque Residencial Damha II à sombra da respectiva figueira. A cidade e os espaços auto-segregados 64 Fotografia 23 - Aspectos paisagísticos do Parque Residencial Damha II16 As frases a seguir retratam bem alguns desses aspectos: “O novo bairro da cidade deixa os visitantes deslumbrados. Salta aos olhos o cuidado urbanístico, arquitetônico e paisagístico do empreendimento”17; “Os coqueiros dão um toque tropical ao bairro”; “O lago com uma ilha interligada pela passarela, numa das mais belas visitas do condomínio” (Fotografia 23). A partir do Quadro 6 é possível verificar diferenças entre a distribuição de áreas destinadas para o uso habitacional entre os loteamentos fechados e condomínios horizontais: 16 Fotografia extraída da página eletrônica da coluna social Sinomar Calmona. Disponível em: <http://www.sinomar.com.br/da_damha2.asp>. Acesso em: 02 out. 2006 17 Informações extraídas dos endereços eletrônicos <http://www.sinomar.com.br/da_valorizaram.asp> e <http://www.sinomar.com.br/da_damha2.asp> Acesso em: 17 jan. 2007. A cidade e os espaços auto-segregados 65 Quadro 6 – Presidente Prudente: Tamanho médio dos lotes e das unidades habitacionais. Empreendimento Jardim Morumbi Jardim João Paulo II Central Park Residence Pq. Residencial Damha Pq. Residencial Damha II Residencial Golden Village Cond. Res. Bela Vista Residencial Quinta das Flores Residencial Portinari Residencial Beatriz Cond. Res. Primavera Cond. Res. Esmeralda Cond. Res. Saint Moritz Total Superfície de uso habitacional em 2 potencial (m ) 62.320,50 108.446,13 150.119,80 317.966,50 226.241,00 50.102,93 33.101,62 64.915,72 90.824,82 24.002,50 **13.212,06 **24.964,00 8.910,00 1.192.128,89 Nº de lotes ou Nº de U. H. 67 251 293 746 516 91 *199 126 234 60 *102 *158 *50 2893 Tamanho médio dos lotes 930,20 432,10 512,40 426,20 438,50 550,58 166,34 515,20 388,14 400,00 **129,53 **158,00 **178,20 --- Dados em destaque meramente comparativos, pois o conceito de lote urbano não se aplica aqui. (*) Unidades habitacionais (**) Dados aproximados Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento; SOBARZO, 1999. Com exceção do Jardim Morumbi (média de 930,20 m2 por lote) não há grandes oscilações no tamanho médio dos lotes dos loteamentos fechados em Presidente Prudente sendo que a menor média por lote (388,14 m2) se refere ao Residencial Portinari. Os condomínios horizontais também não apresentam grandes oscilações sobre a média das unidades habitacionais. Considerando as médias gerais por tipo habitacional, os loteamentos fechados atingem uma média de 459,3 m2 por lote e os condomínios horizontais atingem uma média de 157,5 m2 por unidade habitacional. Estabelecendo uma relação entre as médias desses dois tipos habitacionais (loteamentos fechados e condomínios horizontais respectivamente) obtivemos uma proporção aproximada de 1: 3, ou seja, os lotes em loteamentos fechados são, em média, aproximadamente três vezes maior que as unidades habitacionais em condomínios horizontais o que, mais uma vez, demonstra uma significativa desigualdade entre esses dois tipos habitacionais. Quadro 7 – Presidente Prudente: Distribuição das superfícies segundo o uso por loteamento fechado e por condomínio horizontal (em percentual). A cidade e os espaços auto-segregados Empreendimento Jardim Morumbi Jardim João Paulo II Central Park Residence Pq. Residencial Damha Pq. Residencial Damha II Resid. Golden Village Cond. Resid. Bela Vista Residencial Quinta das Flores Residencial Portinari Residencial Beatriz Cond. Residencial Primavera Cond. Resid. Esmeralda Residencial Saint Moritz Superfície Vias de Uso Internas Habitacional 68,8 20,8 61,7 23,1 52,5 22,3 44,7 27,2 35,8 29,7 60,2 24,6 61,6 23,1 48,5 32,8 44,9 34,7 67,9 16,5 *43,7 46,6 *50,0 *33,6 57,1 24,9 Área Lazer 10,5 10,2 10,1 18,8 20,4 10,2 10,2 10,0 10,2 15,6 9,7 16,4 18,0 66 Área Institucional ** 5,0 5,4 5,0 5,0 5,0 5,1 5,3 5,0 *** Não há Não há Não há Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 (*) Dados aproximados; (**) Corresponde a 5% do total loteado, porém, a área doada não foi inclusa dentro do projeto do loteamento; (***) Inclusa em área institucional do Pq. Residencial Damha II. Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento; SOBARZO, 1999. Org.: Clayton F. Dal Pozzo A partir do Quadro 7, verificamos que o Residencial Portinari e o Residencial Primavera destinaram grande percentual de sua área total para suas vias internas, sendo que, no caso do Residencial Primavera, o percentual ocupado pelas vias internas é até mesmo superior ao percentual destinado para a superfície de uso habitacional. O Residencial Beatriz tem a menor destinação de sua área para as vias internas e, por outro lado, é também o que possui um dos maiores percentuais de aproveitamento de sua área total destinado para a superfície de uso habitacional. Também é possível verificar que todos os loteamentos fechados cumprem a determinação da lei que especifica que, no mínimo, 5% da área total do empreendimento devem ter a destinação como área institucional, ou seja, uma área pública com a finalidade de se construir escolas, postos de saúde, creches, delegacias bem como outros prédios públicos especificados pelo Artigo 12 da Lei Complementar Municipal de Nº 127/200318. No entanto, até o presente momento, nenhuma das áreas institucionais, as quais fazem divisas com os muros dos loteamentos fechados, cumprem a sua função social permanecendo apenas como terrenos baldios que, na maioria dos casos, servem como destinação final de entulhos e mato alto apenas como pode ser demonstrado a partir da Fotografia 24. PRESIDENTE PRUDENTE. Lei Complementar Nº 127/2003. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Para Fins Urbanos e dá Outras Providências. 18 A cidade e os espaços auto-segregados 67 Fotografia 24 – Área institucional do Jardim João Paulo II (23/11/2007): Destaque para alguns focos de entulhos e o mato alto na respectiva área institucional. Apenas cogitou-se a implantação de um Corpo de Bombeiros em área institucional doada pelo Central Park Residence ao longo da Avenida Luiz Cezario, que, segundo a opinião de Castilho (2007)19, poderia promover conflitos entre a tranqüilidade dos moradores e as necessidades dos bombeiros em soar sirenes. Com relação às áreas destinadas para o sistema viário bem como as áreas de lazer também foi possível verificar que todas se encontram dentro da legalidade segundo a lei complementar acima especificada a qual exige que sejam destinados de 10 a 15% da área loteável para a área de lazer e, no mínimo, 20% para o sistema viário. Para os condomínios horizontais, regidos pela Lei Federal 4.591 de 16 de dezembro de 1964, não foi prevista a destinação de área institucional tratando-se, apenas, de um caso isolado, o fato do projeto do Residencial Bela Vista indicar a destinação de 5,1% da área total do terreno como área institucional. Os dados do Quadro 8 demonstram os resultados obtidos, ao final do segundo semestre de 2006, junto a Secretaria Municipal de Planejamento na qual devemos considerar certa defasagem nos respectivos dados, sobretudo, no que se refere ao número de habitações atualmente existentes em cada loteamento fechado. No entanto, o acréscimo no número de habitações, sobretudo, se compararmos com 19 CASTILHO, José Roberto Fernandes. Ontem e hoje. Oeste Notícias. 16 jun. 2007. Opinião. p.1.2 A cidade e os espaços auto-segregados 68 o número informado pelos funcionários das respectivas portarias dos loteamentos fechados não é significativo ao ponto de inviabilizar a análise dos dados que aqui nos interessa, ou seja, as médias das habitações (em metros quadrados) por empreendimento. Quadro 8 – Presidente Prudente: Tamanho médio das habitações em loteamentos fechados e condomínios horizontais. Empreendimento Jardim Morumbi Jardim João Paulo II Central Park Residence Pq. Residencial Damha Pq. Residencial Damha II Residencial Golden Village Cond. Residencial Bela Vista Cond. Residencial Primavera Cond. Residencial Esmeralda Cond. Residencial Saint Moritz Média nos loteamentos fechados Média nos cond. horizontais Média na cidade Nº de habitações 53 148 145 367 59 6 199 102 158 50 Média das 2 Habitações (m ) 477,0 365,0 335,0 317,0 316,0 380,0 48,8 68,00 38,3 92,5 ------- 340,8 53,7 105,5 Não foram incluídos o Residencial Beatriz, o Residencial Quinta das Flores e o Residencial Portinari, pois até o final de 2006 não haviam habitações implantadas nesses empreendimentos. Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento, 2006; SOBARZO, 1999. O número reduzido de habitações edificadas no Parque Residencial Damha II e no Residencial Golden Village, mesmo considerando a defasagem temporal, permitem, mais uma vez, reforçar a tendência de diminuição significativa da demanda solvável por habitações em loteamentos fechados nos últimos anos, sobretudo, considerando os de 2004, 2005 e 2006. Com exceção do Jardim Morumbi para o qual se obteve uma média de 477,0 m2 por habitação, os loteamentos fechados subseqüentes (Jardim João Paulo II com 365 m2, Central Park Residence com 335 m2, Parque Residencial Damha com 317 m2 e Parque Residencial Damha II com 316 m2) tiveram um pequeno declínio no que se refere à média habitacional. Os dados do Gráfico 3 permitem melhor visualizar esses resultados. A cidade e os espaços auto-segregados 69 Tamanho médio das habitações (m2) Gráfico 3 – Presidente Prudente: Tamanho médio das habitações em loteamentos fechados e condomínios horizontais. 600 Jard im Mo rumbi Jard im Jo ão Paulo II 500 400 Cen tral Park Resid ence Pq . Resid en cial Damh a Pq . Resid en cial Damh a II 300 Resid en cial G olden Village 200 100 Co n d . Residencial Bela Vista Co n d . Residencial Primavera Co n d . Residencial Esmeralda 0 Co n d . Residencial Saint Mo ritz Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento, 2006; SOBARZO, 1999. A média obtida pelo loteamento fechado Residencial Golden Village deve ser analisada com ressalvas, pois se refere à média de apenas 6 unidades residenciais até então implantadas. Já os condomínios horizontais exibem médias de áreas das unidades habitacionais bem reduzidas comparativamente aos loteamentos fechados. A melhor média obtida entre os condomínios horizontais sequer chega aos 100 m2, atingindo apenas 92,5 m2 pelo Residencial Saint Moritz e, por sua vez, a pior média das habitações obtida (38,3%) foi do Residencial Esmeralda localizado próximo ao Conjunto Habitacional Ana Jacinta. Os dados em destaque do Quadro 8 permitiram elaborar o Gráfico 4 no qual representa o tamanho médio das habitações por tipo habitacional (loteamento fechado e condomínio horizontal) bem como o tamanho médio das habitações para o conjunto da cidade: A cidade e os espaços auto-segregados 70 Tam anh o médio das h abitações (m 2) Gráfico 4 – Presidente Prudente: Tamanho médio das habitações segundo tipo habitacional. 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Loteamentoa fechados Condomínios horizontais Cidade Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento, 2006; SOBARZO, 1999. Mais uma vez, foi possível verificar a grande desigualdade existente entre os loteamentos fechados e os condomínios horizontais segundo as médias (em metros quadrados) das unidades habitacionais de cada um dos tipos de empreendimento. Grosso modo, podemos considerar que as habitações em loteamentos fechados (média de 340,8 m2) e as habitações para o conjunto da cidade (média de 105,5 m2) são em média, respectivamente, seis vezes e duas vezes maiores que as habitações em condomínios horizontais (média de 53,7m2). 1.5. A definição de grupos de espaços auto-segregados Sobarzo e Sposito (2003, p. 37-38) ressaltam que as práticas socioespaciais derivadas de algumas morfologias específicas produzidas nas últimas décadas (como os loteamentos fechados e condomínios horizontais) bem como a diluição da coesão funcional e social das cidades pela dispersão e o aumento da circulação sem diálogos, levaram a uma diminuição da convivência e do encontro de diferentes segmentos socioeconômicos e de interesses culturais diversos. Nesse sentido, a análise das práticas socioespaciais dos sujeitos autosegregados a partir dos dados levantados pela aplicação de questionários podem A cidade e os espaços auto-segregados 71 conter importantes indicativos para se avaliar o fenômeno da fragmentação socioespacial em Presidente Prudente bem como o nível dessa fragmentação. O primeiro bloco de questões constitutivas dos questionários aplicados tiveram como objetivo, levantar o perfil socioeconômico dos moradores dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais. A partir de uma análise prévia dos dados levantados e da localização dos loteamentos fechados em Presidente Prudente, optamos por realizar uma divisão que é, ao mesmo tempo, econômica e temporo-espacial, entre os loteamentos fechados e condomínios horizontais, na qual já vimos fazendo referência, o que levou a constituição de três grupos objetivando evitar a generalização no processo de análise e de modo a se fazer apontamentos mais detalhados de práticas socioespaciais distintas. O primeiro grupo foi caracterizado pelos três loteamentos fechados mais antigos e melhor consolidados, que concentram o maior número de famílias que ganham acima de R$ 9.451,00 mensais, quais sejam, Jardim Morumbi (implantado em 1976), Jardim João Paulo II (implantado em 1982) e Central Park Residence (implantado em 1992). Esses três loteamentos fechados encontram-se relativamente concentrados na malha urbana compacta do Setor Sul e com rápido acesso às principais vias que dão acesso ao centro e aos Shopping Centers de Presidente Prudente. O segundo grupo é caracterizado pelos loteamentos fechados Parque Residencial Damha (implantado em 1998), Parque Residencial Damha II (implantado em 2000) e Residencial Golden Village (implantado em 2003). Esses loteamentos fechados ainda possuem um grande número de lotes não-edificados, sobretudo os dois últimos loteamentos, e estão localizados na periferia do Setor Sul, apresentando uma relativa descontinuidade com a malha urbana compacta. Por sua vez, o terceiro grupo envolve todos os quatro condomínios horizontais de Presidente Prudente, cuja divisão interna não se mostrou necessária: O Residencial Primavera (implantado em 2006) e Residencial Bela Vista (implantado em 2004), localizados na periferia do Setor Norte, o Residencial Saint Moritz (implantado em 2006) situado na malha urbana compacta do Setor Norte e o Residencial Esmeralda (implantado em 2006), no Setor Sudoeste, próximo ao Conjunto Habitacional Ana Jacinta. As espacializações dos grupos podem ser verificadas a partir do Mapa 4. A cidade e os espaços auto-segregados 72 A cidade e os espaços auto-segregados 73 Embora tenhamos estruturado nossas análises segundo grupos, a análise individual dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais, em momentos em que se fizerem necessárias distinções, devem comparecer ao longo do presente texto. 1.5.1. Perfil socioeconômico dos sujeitos auto-segregados Os dados sobre o perfil socioeconômico dos sujeitos auto-segregados têm como referência os 152 questionários respondidos e coletados durante os meses de abril, maio e junho. O Quadro 9 sintetiza os resultados dessa etapa da pesquisa: Quadro 9 – Presidente Prudente: Questionários encaminhados e coletados junto aos moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais. Questionários Questionários Porcentagem encaminhados coletados (%) Jardim Morumbi 50 11 22,00 Jardim João Paulo II 130 18 13,80 Central Park Residence 170 19 11,18 Total do primeiro grupo 350 48 13,71 Parque Residencial Damha 400 42 10,50 Parque Residencial Damha II 150 14 9,30 13 3 23,00 563 59 10,48 Residencial Saint Moritz 16 4 25,00 Residencial Primavera 72 12 16,70 175 19 10,86 92 10 10,87 355 45 12,68 1268 152 11,99 Golden Village Total do segundo grupo Jardim Bela Vista Residencial Esmeralda Total do terceiro grupo Total Geral Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir desses dados, podemos considerar que nossa amostragem ficou abaixo do mínimo necessário para representar estatisticamente o fenômeno estudado, para o que seria preciso perfazer um total aproximado de 25% de A cidade e os espaços auto-segregados 74 unidades amostrais, de acordo com o Quadro elaborada por Krejcie e Morgan20 (1970, p. 608 apud GERARDI e SILVA, 1981, p. 20) e não de 11,99% como conseguimos atingir. Com base nesses resultados consideraremos, sobretudo, os aspectos qualitativos dos dados levantados com a aplicação dos questionários bem como a pertinente realização de uma análise comparativa com relação aos dados previamente levantados dos setores censitários na qual abrangem ou estão localizados próximos aos tipos habitacionais pesquisados. Uma primeira informação sistematizada, refere-se às médias de habitantes por residência, nas quais podem ser visualizadas a partir do Gráfico 5: Gráfico 5 – Presidente Prudente: Média de habitantes por residência (por grupo). Nº médio de habitantes 4 3,5 3,4 3,3 3 2,4 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Essas médias demonstram resultados bem próximos daquelas obtidos pelos dados dos setores censitários para cada grupo (ver Quadro 1 na página 37) na qual o primeiro e segundo grupo obtiveram uma média de 3,7 residentes por domicílio enquanto que os dados acima demonstram uma pequena queda nessa média ao considerar apenas o espaço “intra-muros”, ou seja, uma média de 3,4 e 3,3 residentes por domicílio para o primeiro e segundo grupo respectivamente. Com relação ao terceiro grupo pudemos perceber uma ligeira diferença entre os dados dos setores censitários na época de realização do Censo Demográfico KREJCIE, R. V; MORGAN, D. W. Determining sample size for research activities. Educational and Psychological Measurement. 30(3): 607-610. 1970. 20 A cidade e os espaços auto-segregados 75 2000 do IBGE (na qual se obteve uma média de 3,4 residentes por domicílio) com relação à média obtida apenas em seus espaços “intra-muros”, qual seja, de 2,4 residentes por domicílio. As médias acima obtidas são bem próximas da média geral do espaço urbano prudentino, qual seja, de 3,7 habitantes por domicílio, segundo os dados do IBGE (2005). As diferenças ressaltadas a partir das questões subseqüentes se associam, nos termos propostos por Carlos (1997, p. 205-206), com a reprodução do cotidiano na qual perpassa por um conjunto de objetos que regem as relações entre os sujeitos e que se constituem como elementos diferenciadores na construção de uma determinada sociabilidade, contribuindo para o surgimento de um novo modo de vida em que as relações com as pessoas são cada vez mais sobrepostas pelas relações com os objetos no sentido de posse e de sedução. De acordo com Lefebvre (1991, p. 110-111), o automóvel e sua análise funcional simples - o circular - impõem sua lei ao cotidiano e causam pressões significativas para emoldurar o espaço de acordo com a sua lógica. Além disso, promovem um fragmento essencial através de uma concepção de simultaneidade sem diálogo entre as pessoas. Considerando o número de automóveis particulares por família, o primeiro e segundo grupo possuem grande concentração de respostas para 2 e, em seguida, 3 automóveis por família e para o terceiro grupo há grande concentração de respostas para 1 e, em seguida, nenhum automóvel. O Gráfico 6 mostra os resultados das médias fracionadas do número de automóveis por grupo na qual é possível visualizar, claramente, a desigualdade existente com relação ao acesso a esse meio de locomoção (o automóvel particular) entre o primeiro e segundo grupo (que obtiveram uma média de 2,4 e 2,3 automóveis por família, respectivamente) comparativamente ao terceiro grupo que, sequer, atingiu 1 automóvel particular por família. A cidade e os espaços auto-segregados 76 Gráfico 6 – Presidente Prudente: Média de automóveis por família segundo cada grupo. Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Sobre o custo médio mensal do uso de telefones residenciais e de celulares da família elaboramos 6 faixas de gastos calculadas com base no fracionamento do salário mínimo vigente até março de 2007, qual seja, de R$ 350,00. As faixas de gastos ficaram assim dimensionadas: A (até R$ 87,50); B (de R$ 87,51 a R$ 175,00); C (de R$ 176,00 a R$ 350,00); D (de R$ 351,00 a R$ 700,00); E (de R$ 701,00 a R$ 1050,00); F (acima de R$ 1051,00). Os dados do Quadro 10 mostram os resultados obtidos: Quadro 10 – Presidente Prudente: Uso do telefone residencial e celular por família segundo os grupos e faixas de gastos com telefonia Grupos A B C D E F (até R$ (de R$ (de R$ (de R$ (acima de R$ 87,00) 87,51 a R$ 176,00 a (de R$ 351,00 a R$ 700,00) Total 701,00 a 1051,00) 175,00 R$ 350,00) R$ 1050,00) Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % 1 --- --- 7 14,9 20 42,5 13 27,6 7 14,9 2 2 3,4 8 13,8 30 51,7 15 25,9 2 --- 3 22 61,1 13 36,1 1 2,8 --- --- Nº % Nº % --- --- 47 100,0 3,4 1 1,7 58 100,0 --- --- --- 36 100,0 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Para os primeiro e segundo grupos houve grande concentração de respostas para a faixa C seguido da faixa D. Para o terceiro grupo houve grande concentração de respostas para a faixa A seguido da faixa B com destaque para 9 questionários nos quais não houve respostas para essa questão. Entre eles, 5 são referentes ao A cidade e os espaços auto-segregados 77 Residencial Esmeralda na qual durante o período de aplicação de questionários ainda não havia sido instalados linhas telefônicas residenciais. Considerando o valor máximo de cada faixa e calculando as respectivas médias para cada grupo chegamos aos seguintes resultados: primeiro grupo (consumo médio de R$ 525,00 mensais); segundo grupo (consumo médio de R$ 443,00 mensais) e terceiro grupo (consumo médio de R$ 126,00 mensais desconsiderando as famílias que não responderam). Isso significa, grosso modo, que os moradores dos loteamentos fechados do primeiro e segundo grupo, utilizam telefones residenciais e telefones celulares de 3 a 4 vezes mais que os moradores do terceiro grupo demonstrando uma diferença significativa entre esses tipos habitacionais no que se refere às interações sociais sincrônicas à distância, nos termos propostos por Mitchel (2002), realizadas via telefonia fixa ou móvel-celular. Por meio das médias fracionadas para cada grupo sobre o número de computadores com conexão à Internet, verifica-se grande desigualdade existente entre os dois primeiros grupos com relação ao terceiro não apenas no que se refere ao acesso a esse sistema integrado de tecnologia, mas também pela desigualdade no âmbito do acesso aos mais diversos tipos de informações e de comunicações que a rede mundial de computadores pode proporcionar. Nº de computadores com conexão à Internet Gráfico 7 – Presidente Prudente: Média de computadores com conexão à Internet por família (por grupo). 1,6 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 1,4 1,3 0,4 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Também perguntamos se os moradores são assinantes de Banda Larga, como por exemplo, o “Speedy” para conexão à Internet com alta velocidade e as respostas demonstram que o primeiro grupo possui o menor número de respostas A cidade e os espaços auto-segregados 78 negativas. Por outro lado, o número de respostas negativas praticamente dobra para o segundo grupo e são predominantes para o terceiro. As respostas afirmativas predominam para o primeiro e segundo grupos. Esses resultados concordam, em parte, com a análise anterior pois, o primeiro e segundo grupo possuem cerca de 3,5 vezes mais computadores com conexão à Internet que o terceiro. Além disso, com a presença da tecnologia de Banda Larga a desigualdade entre os dois primeiros grupos com relação ao terceiro se acentua, pois, estes se apropriam de 8 a 9 vezes mais dessa tecnologia que o terceiro. Gráfico 8 – Presidente Prudente: Presença ou ausência da tecnologia de Banda Larga (por grupo). 100 91,1 82,6 (%) 80 70,2 60 40 20 29,8 17,4 8,9 0 Grupo 1 Grupo 2 Possuem Grupo 3 Não possuem Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Com uma presença mais expressiva da Internet entre os moradores dos loteamentos fechados, queremos ressaltar (ainda que não seja possível quantificar), a constituição de um relativo impacto socioespacial para o tecido urbano. Ainda que Mitchell (2002, p. 150) valorize, sobremaneira, os aspectos positivos da produção tecnológica massiva e das dinâmicas das relações e interações interpessoais voltados para a dimensão do ciberespaço, todavia, ressalta que: O crescente uso das telecomunicações para marcar encontros pessoais pode diminuir ainda mais a freqüência dos encontros urbanos ocasionais. Antes, quando queríamos encontrar alguém, íamos a lugares onde pudéssemos achar todo mundo – a praça, a rua principal, o bar local ou mesmo o shopping center. Hoje, como marcamos hora e local por telefone ou email, acabamos encontrando somente aqueles que escolhemos encontrar. É eficiente, mas ao mesmo tempo é uma situação A cidade e os espaços auto-segregados 79 que pode levar à perda da vida pública e a uma maior fragmentação social. Carlos (1996, p.134) também ressalta que o computador, tendo a criança como um de seus usuários, possibilita a diminuição das relações interpessoais com outras crianças e essas mesmas relações passam a ser cada vez mais mediadas pela técnica na qual podem ser citados, computador com conexão à Internet, MP3, celulares, etc. Por outro lado, Sposito (2004, p. 206) considera que o menor grau de mobilidade espacial bem como o menor grau de inclusão digital dos mais pobres, também pode contribuir para a produção de uma determinada descontinuidade territorial com “reflexos diretos nas práticas socioespaciais e nas possibilidades de convívio social entre os diferentes, no âmbito das cidades atuais”. Gráfico 9 – Presidente Prudente: Presença e ausência de TV de plasma ou tela de projeção (por grupo). 120 100 100 80 (%) 82,7 74,5 60 40 25,5 20 17,2 0 0 Grupo 1 Grupo 2 Possuem Grupo 3 Não possuem Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Apesar dos preços praticados pelo mercado para a tecnologia do tipo TV de plasma ou sistema de projeção de imagens em tela terem sofrido reduções acentuadas, podemos perceber, a partir do Gráfico 9, que mesmo para os segmentos sociais de mais alto poder aquisitivo, o acesso a essas tecnologias ainda está restringido pois apenas um a cada três moradores do primeiro grupo e um a cada 5 moradores do segundo grupo a possui. Para os segmentos sociais de mais baixo poder aquisitivo (como àqueles pertencentes ao terceiro grupo) o acesso a esse tipo de tecnologia ainda é pequeno A cidade e os espaços auto-segregados 80 (%) Gráfico 10 – Presidente Prudente: Presença e ausência de Canais de TV por assinatura (por grupo). 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 95,5 72,3 66,1 33,9 27,7 4,5 Grupo 1 Grupo 2 Possuem Grupo 3 Não possuem Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir do Gráfico 10 é possível visualizar a desigualdade no acesso ao serviço de canais de TV por assinatura: o primeiro e segundo grupo obtêm cerca de 14 a 16 vezes mais acesso a esse serviço que o terceiro grupo. Gráfico 11 – Presidente Prudente: Presença ou ausência de Freezers (por grupo). 100 93,3 85,1 81,4 (%) 80 60 40 20 18,6 14,9 6,7 0 Grupo 1 Grupo 2 Possuem Grupo 3 Não possuem Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 O Gráfico 11 demonstra a desigualdade no acesso a freezers entre o primeiro e segundo grupo com relação ao terceiro na qual os dois primeiros obtêm de 12 a 13 vezes mais acesso a esse equipamento doméstico que o terceiro. A cidade e os espaços auto-segregados 81 Gráfico 12 – Presidente Prudente: Média de empregados fixos por residência (por grupo). Nº de Empregados fixos 1,4 1,3 1,2 1 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0,1 0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 As médias demonstradas no Gráfico 12 permitem verificar a diferença no que se refere ao número de empregados fixos contratados por residência entre o primeiro grupo (média de 1,3 empregados por residência) e o segundo grupo (média de 1 empregado por residência). A presença de empregados contratados para o terceiro grupo é praticamente inexpressiva. Essa diferença também pôde ser apontada a partir dos dados dos setores censitários demonstrados no Quadro 1 na página 37 em que se verificou um maior número de empregadas domésticas residindo no local de trabalho nos setores censitários do primeiro grupo e um baixo número de empregadas domésticas residindo nos setores censitários do segundo grupo bem como inexpressivo para o terceiro. Os dados do Gráfico 13 demonstram que o automóvel particular é utilizado de maneira expressiva no primeiro e segundo grupo e com uma utilização pouco acentuada para o terceiro grupo no qual empata com a utilização do transporte coletivo. Gráfico 13 – Presidente Prudente: Meios de locomoção mais utilizados para os deslocamentos das famílias moradoras em loteamentos fechados ou condomínios horizontais (por grupo). A cidade e os espaços auto-segregados 82 (%) 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Grupo 1 Automóvel particular Grupo 2 Transporte coletivo Grupo 3 Motocicleta Van À pé Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Para o terceiro grupo a diversidade do uso de diferentes meios de locomoção aumenta consideravelmente ainda que prevaleça o uso do automóvel particular (dezesseis respostas destacaram o uso exclusivo do automóvel particular contra 14 respostas referentes ao uso exclusivo do transporte coletivo para os deslocamentos diários). Para se obter respostas sobre a renda média mensal familiar dos sujeitos auto-segregados, elaboramos 10 faixas de rendas calculadas com base no salário mínimo vigente até março de 2007, qual seja, de R$ 350,00. As totalizações demonstram que o primeiro grupo possui o maior número de rendas máximas com 20 indicações para a faixa J (acima de R$ 9.451,00) enquanto que o segundo grupo ocorrem 18 indicações para essa mesma faixa. Para o terceiro grupo houve duas indicações para a faixa E (de R$ 4.201,00 até R$ 5.250,00 - a maior faixa indicada por esse grupo), porém, havendo grande concentração de respostas para a faixa A (até R$ 1.050,00) seguido da faixa B (de R$ 1.051,00 até R$ 2.100,00). Considerando os valores máximos para cada faixa de renda e estabelecendo como valor máximo a quantia de R$ 15400,00 para a faixa J temos que o primeiro grupo possui uma renda média mensal de R$ 10.313,00 por família e o segundo grupo possui uma renda média mensal um pouco menor, R$ 9577,00 por família. Para o terceiro grupo a renda média mensal atinge apenas R$ 2006,00 por família. Gráfico 14 – Presidente Prudente: Distribuição da renda média mensal familiar por faixas de renda (por grupo). A cidade e os espaços auto-segregados 50 A (até R$1.050,00) 45 (%) 83 B (de R$1.051,00 até R$2.100,00) 40 C (de R$2.101,00 até 3.150,00) 35 D (de R$3.151,00 até R$4.200,00 30 E (de R$4.201,00 até R$5.250,00 25 F (de R$5.251,00 até R$6.300,00) 20 G (de R$6.301,00 até R$7.350,00) 15 H (de R$7.351,00 até R$8.400,00 10 I (de R$8.401,00 até R$9.450,00 J (acima de R$9.451,00) 5 0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Com relação ao primeiro e segundo grupo é possível observar algumas semelhanças, sobretudo, no que se refere às faixas mais elevadas de renda na qual se obteve grande concentração de respostas. O oposto pode ser verificado para o terceiro grupo no qual houve grande concentração das respostas para as faixas de rendas mais baixas. Essa desigualdade no nível de renda entre os dois primeiros grupos com relação ao terceiro também já pôde ser verificada em nossas análises a partir dos dados dos setores censitários sistematizados. A identificação de semelhanças, guardadas as devidas proporções e diferenças sobre as metodologias aplicadas, entre as médias do rendimento nominal mensal dos responsáveis por domicílios dos setores censitários dos três grupos expostos no Quadro 2 e no Gráfico 1 com relação às concentrações máximas de respostas por faixas desses respectivos grupos expostos no Gráfico 14 demonstram similaridades, do ponto de vista socioeconômico e no espaço e no tempo considerado, com relação ao entorno mais imediato abarcado pelos seus respectivos setores censitários. Gráfico 15 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a quantidade de linhas existentes de transporte coletivo que A cidade e os espaços auto-segregados 84 servem os loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo). 60 50 (%) 40 30 20 10 0 Insuficiente Razoável Grupo 1 Bom Grupo 2 Indiferente Grupo 3 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir do Gráfico 15, podemos considerar que para o primeiro grupo, 36,4% das 44 respostas consideraram boa a quantidade de linhas de transporte coletivo que servem seus respectivos loteamentos fechados, 25% consideraram razoável, 15,9% consideraram insuficientes e 22,7% declararam indiferentes com relação a essa questão, pois não utilizam transporte coletivo. Para o segundo grupo, 54,2% das 59 respostas consideraram insuficientes a quantidade de linhas de transporte coletivo, 20,3% consideraram razoável, 5,1% consideram boas e 20,3% declaram indiferentes, pois não utilizam transporte coletivo. Para o terceiro grupo, 26,7% das 45 respostas consideraram insuficientes a quantidade de linhas de transporte coletivo, 26,7% consideraram razoável, 22,2% consideraram boas e 24,4% se declararam indiferentes, pois não utilizam transporte coletivo. A partir dessas informações referente ao perfil socioeconômico dos moradores dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais, podemos considerar que há uma pequena diferenciação entre os dois grupos de loteamentos fechados apesar da renda média mensal por grupo indicar uma relativa equiparação. O primeiro grupo possui um nível de acesso considerado elevado aos equipamentos mais modernos, enquanto que o segundo grupo, apesar do nível de acesso também ser considerado elevado, é menor do que o primeiro grupo. Por A cidade e os espaços auto-segregados 85 outro lado, o grupo 3 se encontra prejudicado pois o acesso a esses equipamentos urbanos pode ser considerado de nível baixo. Preliminarmente, podemos apontar para uma diferenciação entre os dois grupos de loteamentos fechados e o terceiro grupo no que se refere ao nível de acesso às informações (Internet e serviço de canais de TV por assinatura) e ao nível de comunicações à distância (uso de telefones e celulares) realizadas diariamente na qual está diretamente relacionado com os distintos níveis socioeconômicos existentes entre esses diferentes tipos habitacionais. O primeiro grupo possui elevado nível de acesso às informações e às comunicações. Embora, no segundo grupo, esse nível também seja elevado, ainda é menor que do primeiro grupo. Para o terceiro grupo, o nível de acesso às informações e às comunicações realizadas também pode ser considerado baixo. Outro conjunto de práticas socioespaciais podem ser relacionadas com os diferentes meios de locomoção utilizados para os deslocamentos diários, sobretudo, considerando os deslocamentos no espaço intra-urbano. No primeiro grupo, além de possuir o maior número de automóveis particulares por família, utilizam-se, predominantemente, desse objeto para seus deslocamentos diários. Embora no segundo grupo, o número de automóveis particulares seja elevado, houve a presença ou indicação de outras formas de deslocamentos diários ainda que o uso dessas outras formas possa ser considerado inexpressivo. Para os condomínios horizontais, a posse e uso do automóvel particular pelas famílias não se estabelece de maneira predominante por se equiparar com o uso do transporte coletivo para a realização dos deslocamentos diários. Além disso, outros meios de deslocamentos também são utilizados de maneira menos expressiva como, por exemplo, motocicletas, vans ou deslocamentos diários realizados a pé. As famílias do primeiro grupo declararam-se mais indiferentes ao uso do transporte coletivo que as famílias do segundo grupo e aqui devemos fazer um destaque para as famílias do terceiro grupo cujo nível de indiferença foi mais acentuado que os dois primeiros grupos, embora sejam aquelas que mais utilizam desse tipo de serviço urbano. Além disso, as famílias do segundo grupo foram aquelas que se declararam as mais prejudicadas pela insuficiência de linhas de transporte coletivo enquanto as famílias moradoras do primeiro grupo se declararam como as mais satisfeitas. Para A cidade e os espaços auto-segregados 86 o terceiro grupo o número de famílias insatisfeitas com a quantidade e intervalos de freqüência de transporte coletivo que servem os condomínios horizontais representa apenas a quarta parte do total de respostas obtidas. O nível de insatisfação com relação ao uso do transporte coletivo pelo segundo grupo pode estar relacionado, sobretudo, com as dificuldades em realizar contratações de empregados, sobretudo, empregadas domésticas fixas, devido aos horários pouco flexíveis e a quantidade insuficiente de linhas de transporte coletivos. A imagem da Fotografia 25 é emblemática pois ressalta a exacerbação da desigualdade social que se reflete num baixo nível de macroacessibilidade dado ao número escasso de transporte coletivo que serve o loteamento fechado Parque Residencial Damha II e, sobretudo, num baixo nível de microacessibilidade aos respectivos locais de trabalho dado a grande extensão de área ocupada pelo respectivo loteamento fechado. Fotografia 25 - Trabalhadoras se deslocando do Parque Residencial Damha II em direção ao ponto de ônibus ao final do expediente (08/05/2007): Os percursos realizados a pé no interior de loteamentos fechados de grandes dimensões bem como os percursos realizados por transporte coletivo com poucas opções de itinerário e horários pouco flexíveis exacerbam a desigualdade social e reforçam a constituição de espaços da sociabilidade segmentada projetando a fragmentação socioespacial. Um outro tipo de tecnologia que pode indicar ou apontar para uma relativa mudança de hábitos se refere à posse e o uso da TV de plasma ou tela de projeção cuja comodidade e/ou satisfação dos desejos ou de entretenimento no próprio A cidade e os espaços auto-segregados 87 ambiente residencial (mais expressivamente para os moradores dos loteamentos fechados pertencentes ao primeiro grupo) podem representar ou apontar para uma diminuição e/ou substituição do uso de salas de cinemas (no caso de Presidente Prudente, apenas presente no Prudenshopping e no Shopping Americanas). De um modo geral, as diferenças apontadas entre o primeiro e segundo grupo e esses dois com relação ao terceiro grupo (o que se refere à posse e o uso de diferentes aparelhos eletro-eletrônicos, ao uso de serviços de telefonia convencional/telefonia móvel celular, ao uso de transporte coletivo e/ou do automóvel particular) podem apontar para uma interferência significativa na organização/distribuição e programação do tempo ou dos diferentes tempos que se inserem na vida cotidiana, no acesso diferenciado às informações e num uso e apropriação desigual do espaço, sobretudo, considerando os espaços públicos. Através desta distinção e análise dos diferentes perfis socioeconômicos dos moradores dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais, poderemos agora, por meio da análise dos blocos de questões subseqüentes, verificar como isso se processa geograficamente. 1.5.2. Da “cidade aberta” à “cidade fechada” Quadro 11 – Presidente Prudente: Bairros da anterior residência dos moradores dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais. Bairros Primeiro grupo Segundo grupo Terceiro grupo TOTAL Nº % Nº % Nº % Nº % 11 31,4 5 10,6 --- --- 16 13,4 Jardim Aviação (I) 6 17,1 4 8,5 2 5,4 12 10,1 Jardim Paulista (I) 3 8,6 6 12,8 3 8,1 12 10,1 Bairro do Bosque (I) 4 11,4 3 6,4 --- --- 7 5,9 Jardim Bongiovani (I) --- --- 6 12,8 --- --- 6 5,0 Vila Ocidental (B) --- --- 3 6,4 1 2,7 4 3,4 C. Hab. Ana Jacinta (B) --- --- --- --- 4 10,8 4 3,4 Jardim João Paulo II (I) 2 5,7 1 2,1 --- --- 3 2,5 Vila Dubus (I) 2 5,7 1 2,1 --- --- 3 2,5 Vila Santa Helena (I) 2 5,7 --- --- 1 2,7 3 2,5 Vila Maristela (I) --- --- 3 6,4 --- --- 3 2,5 Vila Marcondes (B) --- --- 2 4,2 1 2,7 3 2,5 COHAB (B) --- --- --- --- 3 8,1 3 2,5 Centro (I) A cidade e os espaços auto-segregados 88 Pq. São Judas Tadeu (I) 1 2,9 1 2,1 --- --- 2 1,7 Vila Estádio (I) 1 2,9 1 2,1 --- --- 2 1,7 Jardim das Rosas (I) --- --- 2 4,2 --- --- 2 1,7 Pq. Cedral (B) --- --- --- --- 2 5,4 2 1,7 Vila Furquim (M) --- --- --- --- 2 5,4 2 1,7 Vila Geni (B) --- --- --- --- 2 5,4 2 1,7 Vila Tazitsu (B) --- --- --- --- 2 5,4 2 1,7 Pq. Residencial Damha (I) 1 2,9 --- --- --- --- 1 0,8 Vila Bonita (I) 1 2,9 --- --- --- --- 1 0,8 Vila Nova (I) 1 2,9 --- --- --- --- 1 0,8 Pq. Higienópolis (I) --- --- 1 2,1 --- --- 1 0,8 Jd. Alto da Boa Vista (B) --- --- 1 2,1 --- --- 1 0,8 Jardim Caiçara (I) --- --- 1 2,1 --- --- 1 0,8 Jardim Colina (B) --- --- 1 2,1 --- --- 1 0,8 Jardim Paulistano (B) --- --- 1 2,1 --- --- 1 0,8 Residencial Vivenda (I) --- --- 1 2,1 --- --- 1 0,8 Vila Euclides (I) --- --- 1 2,1 --- --- 1 0,8 Vila Mariana (B) --- --- 1 2,1 --- --- 1 0,8 Vila Yolanda (I) --- --- 1 2,1 --- --- 1 0,8 Jardim Cambuy (I) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Central Park Residence (I) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Cidade Jardim (I) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Inoocop (B) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Jardim Itapura (B) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Jardim Maracanã (B) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Jardim Monte Alto (M) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Jardim Prudentino (B) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Pq. Imperial (B) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Vila Formosa (B) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Vila Machadinho (I) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Vila Santa Clara (B) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Vila São Jorge (I) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Vila Tabajara (M) --- --- --- --- 1 2,7 1 0,8 Total 35 100,0 47 100,0 37 100,0 119 100,0 * Não foram considerados nessa análise as respostas indicativas de moradia em outras cidades antes da mudança para os loteamentos fechados ou condomínios horizontais em Presidente Prudente. Segundo o Mapa da Exclusão/Inclusão Social elaborado pelo CEMESPP, podemos considerar: (I) Bairros inseridos em setores censitários de Inclusão Social; (B) Bairros inseridos em setores censitários de Baixa Exclusão Social; (M) Bairros inseridos em setores censitários de Média Exclusão Social. A localização desses bairros na malha urbana prudentina pode ser visualizada a partir do Anexo I. Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir dos dados do Quadro 11 é possível afirmar que os moradores do primeiro grupo provieram, predominantemente, do centro, do Jardim Aviação, do Jardim Paulista e do Bairro do Bosque cuja soma atinge 68,5% das respostas. A cidade e os espaços auto-segregados 89 No segundo grupo há uma maior dispersão dos moradores segundo a localização de residências anteriores. Considerando os bairros mais citados, quais sejam, respectivamente, Jardim Paulista, Jardim Bongiovani, Centro, Jardim Aviação, Bairro do Bosque, Vila Ocidental e Vila Maristela, somam-se 63,9% de um total de 47 respostas ou indicações sobre os antigos bairros de moradia. Para o terceiro grupo a dispersão referente aos antigos locais de moradia é ainda mais acentuada. Se considerarmos os bairros que obtiveram, no mínimo, duas indicações, quais sejam, Conjunto Habitacional Ana Jacinta, Jardim Paulista, COHAB, Jardim Aviação, Parque Cedral, Vila Furquim, Vila Geni e Vila Tazitsu, temos 54,0% de um total de 37 indicações. A partir do Mapa 5, é possível visualizar a configuração espacial dos antigos bairros dos sujeitos auto-segregados de Presidente Prudente. A cidade e os espaços auto-segregados 90 Para a elaboração de nossos mapas com referência espacial baseado em bairros, orientamo-nos por meio do mapa da malha urbana prudentina, o qual pode A cidade e os espaços auto-segregados 91 ser adquirido em banca de jornais e revistas locais. Esses mapas possuem a denominação e localização dos bairros e de ruas e têm, como referência, a base de dados digital da malha urbana prudentina do ano de 2005 fornecida pela Secretaria Municipal de Planejamento (SEPLAN). Com o acesso a respectiva base de dados digital junto à SEPLAN, elaboramos o Mapa que se encontra no ANEXO I no qual preservamos apenas a malha urbana com as respectivas denominações e localizações dos bairros (destacando os nomes dos empreendimentos pesquisados por nós) podendo servir como importante ferramenta para auxiliar na leitura dos respectivos mapas. Foi possível verificar que os antigos bairros dos residentes do primeiro grupo (no qual 35 respostas indicaram 12 bairros no total) estão dispostos de forma concentrada, sobretudo, na região central bem como no seu entorno mais imediato (com destaque para os bairros localizados ao norte da área central). A substituição acentuada de moradia dos segmentos sociais de mais alto poder aquisitivo, sobretudo, ao longo das três últimas décadas promoveu, em parte, a degradação de vários imóveis não ocupados localizados na área central de Presidente Prudente como exemplificado a partir da Fotografia 26. Fotografia 26 – Imóvel de padrão construtivo fino degradado na área central de Presidente Prudente (01/10/2007). Cruzando as informações das indicações espaciais do primeiro grupo com o Mapa da Exclusão/Inclusão Social de Presidente Prudente produzido pelo CEMESPP constatamos que 100% dessas indicações se inserem em áreas (ou em A cidade e os espaços auto-segregados 92 setores censitários) de Inclusão Social, o que se traduz em áreas com melhores notas para os indicadores (sociais, econômicos, demográficos etc.) selecionados para elaboração do respectivo mapa citado. Uma parcela significativa dos atuais moradores dos loteamentos fechados do segundo grupo teve como local de moradia anterior, as áreas localizadas mais ao sul da área central a qual se aproxima, consideravelmente, de suas novas moradias em loteamentos fechados. Com o auxílio do Mapa da Exclusão/Inclusão Social identificamos 6 bairros citados em 9 respostas dos residentes do segundo grupo que se inserem nos setores censitários de Baixa Exclusão Social. Nesse sentido, 81% das 47 respostas indicaram bairros inseridos em áreas de Inclusão Social e 19% indicaram bairros inseridos em áreas de Baixa Exclusão Social o que identifica um menor grau de homogeneização socioeconômica dos moradores do segundo grupo comparativamente aos moradores do primeiro grupo. Os antigos bairros de moradia dos residentes do terceiro grupo (no qual houve a indicação de 25 bairros através de 37 respostas), ainda mais acentuado que o segundo grupo, estão localizados de maneira dispersa no espaço urbano prudentino. Sem considerar acuradamente as diferenças temporais, podemos identificar certo compartilhamento territorial (que se traduz em proximidade espacial) entre os locais de moradia pretéritos, sobretudo, do primeiro e segundo grupos analisados e, em menor medida, entre esses dois grupos com relação ao terceiro grupo. Os antigos locais de moradia dos residentes do terceiro grupo estão localizados, predominantemente, em áreas periféricas (periferia norte, periferia leste e periferia sudoeste da área urbana prudentina, sobretudo) onde os níveis de Exclusão Social, segundo o Mapa da Exclusão/Inclusão Social do CEMESPP, são mais acentuados. De uma maneira geral é possível verificar um determinado nível, não muito acentuado, de heterogeneidade socioeconômica entre os moradores do terceiro grupo, sobretudo, no que se refere ao cruzamento dos dados espaciais obtidos com as informações do Mapa de Exclusão/Inclusão Social do CEMESPP, na qual também foi possível identificar um determinado compartilhamento espacial com áreas de Inclusão social através de suas antigas moradias. A cidade e os espaços auto-segregados 93 A partir dos dados até aqui verificados, sobretudo, após a observação dos antigos bairros de moradia, pretendemos classificar os grupos pesquisados, grosso modo, em dois níveis de heterogeneidade socioespacial, qual seja, baixa heterogeneidade socioespacial dos sujeitos auto-segregados do primeiro grupo e baixa a média heterogeneidade socioespacial para os sujeitos auto-segregados do segundo e terceiro grupo. Gráfico 16 – Presidente Prudente: Tipo de residência anterior (por grupo). 100 (%) 80 60 40 20 0 Grupo 1 Grupo 2 Casa Grupo 3 Apartamento Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir do Gráfico 16 é possível verificar certa similaridade entre as respostas do primeiro e segundo grupo sobre o tipo de habitação anterior na qual oscilou entre 62% e 63% para a habitação do tipo casa e 37% e 38% para habitação do tipo apartamento. Para o terceiro grupo, 89% das respostas indicaram habitação do tipo casa e apenas 11% que indicaram a habitação do tipo apartamento. O alto índice de moradia anterior do tipo apartamento para o primeiro e segundo grupo apontam para uma substituição significativa no que se refere ao estilo de morar acompanhando as “tendências” do mercado imobiliário o qual, hora difunde a “segurança” e a “tranqüilidade” proporcionadas por prédios de apartamentos (potencializando, em determinados períodos, processos de verticalização) e hora difunde a “segurança”, o “contato com a natureza” e a “maior liberdade”, sobretudo, para as crianças, proporcionada por amplos espaços e áreas de lazer dos novos loteamentos fechados. A cidade e os espaços auto-segregados 94 Parte dessas motivações (bem como outras que serão analisadas mais a frente nas quais o marketing imobiliário tem papel decisivo) pôde ser identificada, em nossos questionários. Contudo, o trabalho desenvolvido por Galvão (2007) traz resultados ainda mais emblemáticos de substituição do tipo de habitação em prédios de apartamentos para loteamentos fechados. Em sua pesquisa, realizada junto aos moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais da cidade de Maringá, Galvão (2007, p. 96-101)21 verificou que 75,3% das respostas obtidas junto a esses respectivos moradores indicavam o apartamento como tipo de residência anterior e apontavam, como um dos principais motivos para a mudança desse tipo de habitação, o amplo espaço proporcionado pelos condomínios [loteamentos fechados e condomínios horizontais]. Além disso, Galvão (2007) também teve a oportunidade de registrar fotograficamente anúncios publicitários em placas (próximas de alguns dos loteamentos fechados pesquisados pelo autor), onde se enfatiza o “retorno aos pés no chão do quintal” e “da casa térrea”. A partir do Gráfico 17, foi possível verificar a situação da residência anterior dos sujeitos auto-segregados e as respostas demonstram que um grande percentual das moradias anteriores do primeiro e segundo grupo eram próprias e, para o terceiro grupo, essas habitações, em sua grande maioria, eram alugadas. (%) Gráfico 17 – Presidente Prudente: Distribuição da situação da residência anterior (por grupo). 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Grupo 1 Grupo 2 Alugada Própria Grupo 3 Cedida Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir da análise do Gráfico 18, podemos considerar que até o ano de 1996 houve uma lenta ocupação de habitações em loteamentos fechados. A partir de GALVÃO, Altair Aparecido. Condomínios horizontais fechados: segregadores ou segregados? – Um estudo de caso no Município de Maringá – PR. Maringá, 2007. 140p. Dissertação (mestrado em Geografia) – Universidade Estadual de Maringá. 21 A cidade e os espaços auto-segregados 95 1997 até o ano de 2004, o número de mudanças para os loteamentos fechados acentua-se consideravelmente atendendo grande parcela da demanda solvável até então existente. Gráfico 18 - Presidente Prudente: Evolução das mudanças para loteamentos fechados e condomínios horizontais no período de 1984 a 2007 (por grupo). 100 (%) 80 60 40 20 0 1984 a 1987 1992 a 1993 1994 a 1996 Grupo 1 1997 a 2000 Grupo 2 2001 a 2004 A partir de 2005 Grupo 3 * Períodos obtidos por meio de determinação de classes por pares recíprocos com perda de detalhes de 16,8%. Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir de 2005, com o esgotamento da demanda solvável, o número de mudanças para os loteamentos fechados declina enquanto que se inicia, de maneira acentuada, as ocupações das moradias do terceiro grupo. 96 Capítulo II Os espaços auto-segregados e a cidade Os espaços auto-segregados e a cidade 97 2.1. Avaliações sobre localização e acessibilidade Vasconcelos (2001) ressalta que o “consumo” dos espaços de circulação das cidades se realiza a partir da capacidade de mobilidade e de acessibilidade e se dá de acordo com o poder aquisitivo dos diferentes segmentos sociais representando estratégias de uso, de apropriação do espaço, e de reprodução social também diferenciada. As novas demandas por localizações de equipamentos comerciais e de serviços, sobretudo concentrados e de grandes portes, em cidades de porte médio a padrões metropolitanos, geram uma redefinição da centralidade urbana e do par centro-periferia. Alguns elementos que influenciam nesse processo constituem-se pela difusão do uso do automóvel, pela importância do lazer e do tempo destinado ao consumo, o que também contribui para redefinir a própria vida cotidiana (SPOSITO, 1996, p. 114). Para avaliar esses aspectos procuraremos identificar e analisar a localização e a acessibilidade aos principais locais utilizados para o consumo de bens e serviços, o lazer, a educação básica e superior, o local de trabalho e de moradia dos sujeitos auto-segregados. Gráfico 19 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a localização dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais na perspectiva de seus moradores (por grupo). 70 60 (%) 50 40 30 20 10 0 Excelente Boa Grupo 1 Regular Grupo 2 Ruim Grupo 3 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Os dados do Gráfico 19 demonstram que houve diferentes concentrações máximas de respostas no que se refere à avaliação dos moradores sobre a Os espaços auto-segregados e a cidade 98 localização dos grupos: para o primeiro grupo a localização de seus loteamentos fechados foi considerada excelente por 61,7% das 47 respostas; Para o segundo grupo, 65,5% das 58 respostas consideraram a localização de seus loteamentos fechados como boas; Para o terceiro grupo, 47,7% das 44 respostas consideraram a localização de seus condomínios como regulares. Para o terceiro grupo, houve 15,9% de respostas que avaliaram a localização dos condomínios horizontais como ruins enquanto que para o primeiro e segundo grupo esse tipo de avaliação não compareceu nas respostas. (%) Gráfico 20 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a localização dos loteamentos fechados e condomínios horizontais na perspectiva de seus moradores. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Excelente Boa Regular Ruim Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Com base nas avaliações sobre a localização dos loteamentos fechados e condomínios horizontais, podemos destacar os seguintes aspectos: O Jardim Morumbi, Jardim João Paulo II (inseridos no primeiro grupo) e Golden Village possuem as maiores concentrações de avaliações consideradas excelentes no que se refere à localização desses loteamentos fechados; Para o Central Park Residence, Parque Residencial Damha e Parque Residencial Damha II as localizações foram avaliadas como boas, sobretudo. Para os condomínios horizontais, podemos apontar os seguintes aspectos: Há uma equiparação entre as avaliações consideradas excelentes e boas para o Residencial Saint Moritz; Para o Residencial Primavera, 40% das respostas consideram a localização desse condomínio boa enquanto que 60% consideram Os espaços auto-segregados e a cidade 99 regular ou ruim; Para o Residencial Bela Vista, 70% das respostas consideraram sua localização como regular e para o Residencial Esmeralda, 80% das respostas consideraram a sua localização como boa ou regular. Para os loteamentos fechados Jardim João Paulo II, Parque Residencial Damha II e Golden Village, avaliações que consideravam a localização desses empreendimentos como regulares ou ruins não compareceram entre as respostas. No entanto, para os condomínios horizontais Residencial Bela Vista e Residencial Primavera avaliações que consideravam suas localizações como excelentes também não compareceram. Em outros termos, podemos considerar que o Jardim João Paulo II foi o loteamento fechado melhor avaliado no que se refere à sua localização no espaço urbano prudentino, seguido do Jardim Morumbi (o qual está localizado próximo ao Jardim João Paulo II), Golden Village, Residencial Saint Moritz e o Central Park Residence, respectivamente. Considerando os dados individuais ou por grupo sobre as avaliações da localização dos loteamentos fechados e condomínios horizontais, podemos considerar nessa análise duas variáveis que se inter-relacionam: • Distância a ser percorrida entre o local de moradia e as áreas da malha urbana compacta mais bem servidas de equipamentos urbanos de consumo coletivo (comércios e serviços em geral localizados no centro, subcentros, eixos especializados e shopping centers) bem como a distância em relação às demais áreas na qual estejam localizados os equipamentos urbanos utilizados para o trabalho, estudos e lazer, sobretudo; • Tempo de deslocamento, que se traduz na combinação entre meios de locomoção e condições do sistema viário disponíveis resultando em diferentes níveis de acessibilidade aos principais equipamentos urbanos utilizados no cotidiano dos moradores. A acessibilidade, portanto, como dependente da relação espaço-tempo na escala intra-urbana em estudo, é um dado fundamental na formação de preços imobiliários, nos processos de segregação socioespacial e, para o nosso caso em estudo, nas análises de práticas socioespaciais de moradores auto-segregados. A partir dessas considerações, podemos, grosso modo, afirmar que o conjunto de loteamentos fechados do primeiro grupo possui a melhor localização. Em seguida, o segundo grupo (somando, excepcionalmente, o Residencial Saint Os espaços auto-segregados e a cidade 100 Moritz) possui uma localização considerada média e, por fim, o terceiro grupo (excetuando o Residencial Saint Moritz) possuem a pior localização. Sobre a acessibilidade aos principais lugares utilizados para o consumo de bens e de serviços verificadas a partir do Gráfico 21, podemos afirmar que o primeiro e segundo grupo obtiveram concentrações de respostas com avaliações boas e regulares, respectivamente. Para o terceiro grupo houve concentração de respostas que consideraram a acessibilidade aos principais lugares para consumo de bens e serviços, como ruim. (%) Gráfico 21 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para consumo de bens e de serviços dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo). 70 60 50 40 30 20 10 0 Grupo 1 Excelente Grupo 2 Boa Regular Grupo 3 Ruim Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Sobre a acessibilidade aos principais lugares utilizados para o lazer, os dados do Gráfico 22 demonstram que o primeiro e segundo grupo obtiveram concentração máxima de respostas que consideraram essa acessibilidade como boa. No terceiro grupo, a acessibilidade aos equipamentos de lazer foi considerada como regular, sobretudo. Os espaços auto-segregados e a cidade 101 Gráfico 22 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para lazer dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo). 60 50 (%) 40 30 20 10 0 Grupo 1 Excelente Grupo 2 Boa Grupo 3 Regular Ruim Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Sobre a acessibilidade aos principais lugares utilizados para a educação básica, o primeiro grupo obteve concentração de respostas que avaliaram-na como excelente e boa. No segundo grupo, avaliaram-na como boa e, para o terceiro grupo, essa acessibilidade foi considerada ruim. Gráfico 23 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para a educação básica dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo). 50 (%) 40 30 20 10 0 Grupo 1 Excelente Grupo 2 Boa Regular Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Grupo 3 Ruim Os espaços auto-segregados e a cidade 102 Sobre a acessibilidade aos principais lugares utilizados para a realização do Ensino Superior, o primeiro e segundo grupo obtiveram concentração máxima de respostas que consideraram essa acessibilidade como boa. No terceiro grupo, essa acessibilidade foi considerada ruim, sobretudo. (%) Gráfico 24 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para o ensino superior dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo). 70 60 50 40 30 20 10 0 Grupo 1 Grupo 2 Excelente Boa Regular Grupo 3 Ruim Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Para os três grupos, houve concentração de respostas que consideram boas a acessibilidade para os locais de trabalho como pode ser observados a partir do Gráfico 25. (%) Gráfico 25 – Presidente Prudente: Avaliação sobre a acessibilidade aos principais locais utilizados para o trabalho dos moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais (por grupo). 70 60 50 40 30 20 10 0 Grupo 1 Grupo 2 Excelente Boa Regular Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Grupo 3 Ruim Os espaços auto-segregados e a cidade 103 Considerando um segundo nível de concentração de respostas, podemos avaliar que o primeiro grupo possui uma melhor acessibilidade aos locais de trabalho que o segundo e o terceiro grupo que consideram essa acessibilidade como regular. Para o primeiro grupo, não houve avaliações que consideram ruim a acessibilidade para os diversos lugares analisados acima. De acordo com uma análise geral sobre a avaliação dos moradores a respeito da acessibilidade aos diversos locais utilizados para o consumo de bens e de serviços, para o lazer, para a educação básica e superior, para o trabalho e para a moradia, podemos considerar que os moradores do primeiro grupo avaliaram a questão da acessibilidade de excelente a boa enquanto os moradores do segundo grupo avaliaram essa respectiva acessibilidade de boa a regular. Por outro lado, a escala de avaliação sobre a questão da acessibilidade para os moradores do terceiro grupo é um pouco mais ampla, qual seja de ruim a boa. Gráfico 26 – Presidente Prudente: Avaliação sobre as condições das vias de acesso aos loteamentos fechados e aos condomínios horizontais (por grupo). 70 (%) 60 50 40 30 20 10 0 Grupo 1 Excelente Grupo 2 Boa Regular Grupo 3 Precária Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir do Gráfico 26 é possível verificar que as condições das vias de acesso para o primeiro e segundo grupo foram avaliadas, predominantemente, como boas e, em menor medida, como excelentes. No caso do terceiro grupo, as condições das vias de acesso foram avaliadas, sobretudo, como precárias e, em menor medida, como regulares. Os espaços auto-segregados e a cidade 104 Boa Regular Resid . Bela Vis ta Resid . Sain t Moritz Excelente Pq . Res. Damh a II C. P. Resid en ce 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 J d . Mo rumbi (% ) Gráfico 27 – Presidente Prudente: Avaliação sobre as condições das vias de acesso aos loteamentos fechados e aos condomínios horizontais. Precária Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Para uma análise mais pormenorizada das avaliações sobre as condições das vias de acesso a partir do Gráfico 27, podemos fazer as seguinte considerações: • Para todos os loteamentos fechados pesquisados, com exceção do Residencial Golden Village, houve concentração de respostas que avaliaram as vias de acesso aos respectivos loteamentos fechados como boas. • Para o Residencial Golden Village, todas as três respostas consideraram as condições das vias de acesso a este loteamento fechado como precárias considerando que durante o período de aplicação de questionários, a principal via que dá acesso a este loteamento fechado, qual seja, o prolongamento da Avenida Coronel José Soares Marcondes (atual Avenida Presidente Prudente) se encontrava, em grande medida, em péssimo estado de conservação. O recapeamento de grande trecho dessa respectiva avenida foi realizado no bimestre seguinte pela empresa de capital misto, Prudenco. • Para o Jardim Morumbi não houve respostas que consideravam regulares ou precárias as condições de suas vias de acesso, por outro lado, houve grande concentração de respostas que as consideravam, excelentes. • Considerando as avaliações sobre as condições das vias de acesso dos condomínios horizontais, podemos destacar que para o Residencial Saint Moritz e o Residencial Esmeralda houve grande concentração de respostas que consideraram suas vias de acesso como boas. Os espaços auto-segregados e a cidade 105 • Para o Residencial Bela Vista, houve grande concentração de respostas que consideraram as condições de suas vias de acesso como precárias. A principal Via que lhe dá acesso, qual seja, a Rua Nelson Quirino da Silva, até o momento de realização de nosso trabalho de campo, ainda se encontrava em péssimo estado de conservação, sem acostamento ou calçamento, com mato alto e entulhos em suas margens (transformando-se em mais um descaso do poder público municipal22) sendo caracterizado como uma via com grande risco de acidentes, sobretudo, para pedestres e ciclistas que nela transitam. • Não houve respostas que avaliavam como excelentes as condições das vias de acesso do Residencial Primavera, do Residencial Bela Vista e do Residencial Esmeralda. A partir da análise dos dados sobre a avaliação da acessibilidade aos principais equipamentos urbanos utilizados no cotidiano dos moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais bem como as avaliações das condições das principais vias de acesso aos respectivos locais de moradia é possível considerar os seguintes aspectos: • Os moradores do primeiro grupo, de um modo geral, possuem um alto nível de acessibilidade sobre as porções do espaço urbano prudentino mais freqüentemente utilizadas. • Por sua vez, os moradores do segundo grupo possuem uma acessibilidade de nível médio a alto sobre as principais porções do espaço urbano prudentino mais freqüentemente utilizadas. • Para o terceiro grupo foram detectadas as piores avaliações sobre a acessibilidade e condições das vias de acesso o que nos fazem apontar um baixo nível de acessibilidade sobre aquelas porções do espaço urbano prudentino mais freqüentemente utilizadas pelos seus moradores. Caso completamente oposto foi verificado na Avenida Presidente Prudente (prolongamento da Avenida Coronel José Soares Marcondes) na qual estão localizados os loteamentos fechados Golden Village e o Residencial Quinta das Flores (ainda pouco habitados). O fluxo dessa Avenida aumentou consideravelmente após a inauguração, em 2006, das novas instalações da UNIESP e, somando com a presença desses respectivos loteamentos fechados, acabaram exercendo pressão significativa para a execução de obras de recapeamento ao longo dessa Avenida. 22 Os espaços auto-segregados e a cidade 106 2.2. Práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados: o consumo de bens e de serviços Procuramos identificar os locais utilizados para o consumo de bens e de serviços por um ou mais membros das famílias moradoras de loteamentos fechados e condomínios horizontais, bem como a freqüência desse consumo considerando os estabelecimentos mais próximos aos locais de moradia. Também procuramos identificar as deficiências existentes com relação a algum tipo de equipamento urbano, estabelecimento comercial ou de serviço nas proximidades dos respectivos loteamentos fechados e condomínios horizontais. Os dados do Gráfico 28 permitem verificar que houve grande concentração de respostas que indicaram o consumo diário de bens e de serviços no entorno dos loteamentos fechados do primeiro grupo. Quanto ao segundo e, mais acentuadamente, para o terceiro grupo houve concentração de respostas que indicam o consumo de bens e de serviços apenas de maneira esporádica. Gráfico 28 – Presidente Prudente: Freqüência do consumo de bens e de serviços no entorno dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais (por grupo). 60 50 (%) 40 30 20 10 0 Grupo 1 Diariamente 3 vezes por semana Grupo 2 1 vez por semana Grupo 3 Esporadicamente Nunca Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Com relação ao segundo nível de concentração de respostas, houve uma equiparação entre o consumo com freqüência de três vezes e o consumo com Os espaços auto-segregados e a cidade 107 freqüência de apenas uma vez por semana no entorno dos loteamentos fechados do primeiro grupo. No segundo grupo essa equiparação se deu entre o consumo diário e o consumo de apenas uma vez por semana. Para o terceiro grupo, o segundo nível de concentração de respostas indica a não realização do consumo de bens e de serviços no entorno dos condomínios horizontais. Considerando a soma das respostas que indicam o consumo de bens e de serviços diariamente ou com freqüência de três vezes por semana podemos considerar que o primeiro grupo possui uma maior ligação (relações comerciais, profissionais, fluxos, etc.) com o seu entorno do que o segundo grupo. No que se refere ao terceiro grupo, podemos considerar um baixo nível de relação ou ligação com o seu entorno. (%) Gráfico 29 – Presidente Prudente: Freqüência do consumo de bens e de serviços no entorno dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Diariamente Três vezes por semana Uma vez por semana Esporadicamente Nunca Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir dos resultados individuais das freqüências do consumo de bens e de serviços no entorno dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais, exibidos a partir do Gráfico 29, podemos considerar os seguintes aspectos: • O loteamento fechado Jardim Morumbi possui o maior nível de freqüência do consumo de bens e de serviços no seu entorno, pois as respostas foram concentradas no consumo diário ou no consumo com freqüência de três Os espaços auto-segregados e a cidade 108 vezes por semana e, logo em seguida, sob este mesmo aspecto, comparece o Central Park Residence com concentração de respostas no consumo diário e com freqüência de três vezes por semana. • Os loteamentos fechados Jardim João Paulo II e o Parque Residencial Damha praticamente se equiparam considerando o nível de freqüência de consumo de bens e de serviços seja diário ou com freqüência de três vezes por semana nos seus respectivos entornos. • A relação com o entorno do Parque Residencial Damha II e Golden Village é praticamente inexpressiva para os seus moradores pois houve grande concentração de respostas que indicou o consumo de bens e de serviços no entorno com a freqüência de apenas uma vez por semana para o primeiro e de maneira esporádica para o segundo. • Para o terceiro grupo, os melhores resultados ficaram com o Residencial Saint Moritz e com o Residencial Esmeralda cujo relacionamento com o entorno do primeiro condomínio, considerando a soma das freqüências diárias e da freqüência de três vezes por semana atingem 75% das respostas enquanto que para o Residencial Esmeralda essa soma atinge 37,5%. • Para o Residencial Bela Vista, houve a indicação de 85,7% de respostas que indicaram o consumo de bens e de serviços com freqüência esporádica enquanto que para o Residencial Primavera a freqüência do consumo esporádico atingiu apenas 40,0%. Para uma melhor caracterização do uso e apropriação do espaço urbano (na qual o entorno dos loteamentos fechados e condomínios horizontais também estão inseridos) elaboramos o Mapa 6 com a localização de estabelecimentos comerciais e de serviços utilizados pelos moradores auto-segregados. Mais especificamente, as respostas sobre os comércios e serviços em geral utilizados pelos moradores auto-segregados (as quais se encontram sintetizados no Mapa 6) baseiam-se na localização dos bancos, das padarias, dos salões de cabeleireiros e clínicas de estética, das creches, dos postos de combustíveis, dos supermercados, das lojas de armarinhos e papelaria, das farmácias, das lanchonetes e restaurantes, das clínicas médicas e postos de saúde e, por fim, das academias de ginástica. Os espaços auto-segregados e a cidade 109 Contudo, o Mapa 6 não representa a totalidade das respostas, pois não contemplam os percentuais dos dados definidos como “Em outras áreas” cujo referencial espacial é a não proximidade aos espaços auto-segregados. Os dados do Quadro 12 abaixo representam um somatório dos dados obtidos na qual procurou-se agrupar os comércios e serviços em geral utilizados pelos moradores dos três grupos de acordo com os bairros nas quais esses equipamentos estão localizados: Quadro 12 – Presidente Prudente: Localização dos comércios e serviços em geral utilizados por um ou mais membros de famílias moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo). Bairros/outros locais Próximo ao loteamento Centro Em outras áreas Prudenshopping Jd. Bongiovani COHAB Jardim Paulista Shopping Americanas Parque do Povo Av. Coronel Marcondes C. H. Ana Jacinta Damha Center Av. Washington Luís Bairro do Bosque Jd. Alto da Boa Vista Jd. Novo Bongiovani Jardim Rio 400 Vila Formosa Vila Santa Helena Jardim Maracanã Jardim Monte Alto Pq. São Judas Tadeu Jardim Barcelona Av. Cyro Bueno Vila Maristela Vila Nova Cidade Universitária Av. Manoel Goulart Jardim das Rosas Internet Av. Brasil Jardim Aviação Inoocop Jardim Eldorado Vila Geni Primeiro grupo Segundo grupo Terceiro grupo Nº % Nº % Nº % 172 36,1 136 24,1 101 22,0 109 22,9 117 20,7 144 31,3 99 20,8 179 31,7 70 15,2 30 6,3 16 2,8 11 2,4 10 2,1 28 5,0 2 0,4 --------34 7,4 4 0,8 7 1,2 15 3,3 5 1,1 7 1,2 3 0,7 11 2,3 3 0,5 ----3 0,6 10 1,8 ------------13 2,8 ----12 2,1 ----7 1,5 3 0,5 ----3 0,6 6 1,1 --------9 1,6 ------------8 1,7 ----6 1,1 ------0,2 2 0,4 2 0,4 1 0,2 2 0,4 2 0,4 --------5 1,1 --------5 1,1 --------5 1,1 --------5 1,1 3 0,6 1 0,2 ----2 0,4 2 0,4 ----1 0,2 3 0,5 ----3 0,6 ----1 0,2 4 0,8 ------------2 0,4 2 0,4 1 0,2 2 0,4 --------3 0,5 --------1 0,2 2 0,4 --------3 0,7 --------3 0,7 --------3 0,7 Total Nº % 409 27,3 370 24,7 348 23,2 57 3,8 40 2,7 34 2,3 26 1,7 15 1,0 14 0,9 13 0,9 13 0,9 12 0,8 10 0,7 9 0,6 9 0,6 8 0,5 6 0,4 5 0,3 5 0,3 5 0,3 5 0,3 5 0,3 5 0,3 4 0,3 4 0,3 4 0,3 4 0,3 4 0,3 4 0,3 3 0,2 3 0,2 3 0,2 3 0,2 3 0,2 3 0,2 Os espaços auto-segregados e a cidade Jardim Cinqüentenário Jardim Paulistano Vila Estádio Jardim América Jardim Cobral Jardim Everest Parque Cedral Apea Jardim Marupiara Tênis Clube UNESP Vila Miriam Delivery Jardim Caiçara Jardim Petrópolis Vila Roberto Av. Paulo Marcondes Jardim Santa Clara Jardim Santa Fé Jd. Humberto Salvador Jd. Vale Verde II Parque Bandeirante Parque São Lucas Sesi - Vila Marcondes Vila Charlote Vila Euclides Vila Marcondes Vila São Jorge Total 2 ------------1 1 1 1 1 --------------------------------476 0,4 ------------0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 --------------------------------100,0 --2 1 ------------------1 1 1 1 ------------------------564 --0,4 0,2 ------------------0,2 0,2 0,2 0,2 ------------------------100,0 ----1 2 2 2 2 ------------------1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 460 110 ----0,2 0,4 0,4 0,4 0,4 ------------------0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 0,2 100,0 2 0,1 2 0,1 2 0,1 2 0,1 2 0,1 2 0,1 2 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1 0,1 1500 100,0 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Com base nas quinze principais indicações (extraídas do Quadro 12) na qual estão localizados os equipamentos comerciais e de serviços em geral utilizados pelos moradores dos três grupos, elaboramos o Gráfico 30. Gráfico 30 – Presidente Prudente: Localização das nove principais áreas comerciais e de serviços em geral utilizados por um ou mais membros de Os espaços auto-segregados e a cidade 111 famílias moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo). 40,0 35,0 30,0 (%) 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 0,0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Próximo ao loteamento Centro Em outras áreas Prudenshopping Jd. Bongiovani COHAB Jardim Paulista Shopping Americanas Parque do Povo Av. Coronel Marcondes C. H. Ana Jacinta Damha Center Av. Washigton Luís Bairro do Bosque Jd. Alto da Boa Vista Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir dos dados do Quadro 12 e do Gráfico 30 podemos considerar que os moradores dos tipos habitacionais dos três grupos utilizam, de forma predominante, comércios e serviços em geral localizados nas proximidades (no entorno) de seus respectivos locais de moradia atingindo 27,3% de um total de 1500 indicações. Contudo, há uma determinada diferença entre os três grupos, pois, os moradores do primeiro grupo se destacam no uso de comércios e serviços em geral localizados no entorno de seus respectivos loteamentos fechados atingindo 36,1% de um total de 476 respostas. Para os moradores dos loteamentos fechados do segundo grupo esse percentual é menor e atinge apenas 24,1% de um total de 564 respostas sobre indicações espaciais de comércios e de serviços no espaço urbano prudentino. Por sua vez, apenas 22,0% de um total de 460 respostas dos moradores dos condomínios horizontais do terceiro grupo indicaram o uso de comércios e de serviços nas proximidades de seus respectivos condomínios. Os espaços auto-segregados e a cidade Fotografia 27 – Estabelecimentos comerciais em frente à portaria do Jardim Morumbi (08/05/2007): Detalhe para o nome fantasia da Panificadora o qual faz referência a esse respectivo loteamento fechado. Fotografia 28 – Damha Center (08/05/2007): Até o momento de realização do registro fotográfico havia, em funcionamento, apenas uma farmácia, uma padaria e uma clínica de análises laboratoriais. 112 Os espaços auto-segregados e a cidade 113 Fotografia 29 – Mercado localizado em frente à portaria do Residencial Bela Vista (08/05/2007). Fotografia 30 – Pequena mercearia localizada próximo à portaria do Residencial Primavera (08/05/2007): Único estabelecimento comercial no seu entorno mais imediato. Em segundo lugar, o Centro também comparece como importante área de localização de comércios e de serviços utilizados pelos moradores dos três grupos na qual recebeu 24,6% do total das indicações espaciais. O uso dos comércios e de serviços localizados no Centro é mais expressivo entre os moradores do terceiro grupo atingindo 31,3% do total de respostas. Em seguida, comparecem as indicações do primeiro grupo atingindo 22,9% e, por sua vez, o segundo grupo atingindo 20,7% das indicações espaciais. Os espaços auto-segregados e a cidade 114 Fotografia 31 – Calçadão da Rua Tenente Nicolau Maffei (20/10/2007): Expressão máxima de centralidade urbana em Presidente Prudente. Somando-se as indicações espaciais do uso de equipamentos comerciais e de serviços localizados nas proximidades dos loteamentos fechados e condomínios horizontais juntamente com os equipamentos localizados no Centro atinge-se uma marca expressiva de 52% de um total de 1500 indicações espaciais o que, de uma forma geral, demonstra uma relação intensa (ainda que diferenciada) por parte dos moradores desses tipos habitacionais com o entorno de cada um, bem como, uma relação intensa com o Centro de Presidente Prudente o qual é a área mais expressiva, do ponto de vista do compartilhamento espacial, utilizada pela grande maioria dos moradores auto-segregados. As indicações de comércios e de serviços localizados de maneira difusa no espaço urbano também foram expressivas para os três grupos, sobretudo, para o segundo grupo. As indicações espaciais foram assim distribuídas: 20,8% para o primeiro grupo; 31,7% para o segundo grupo e, de apenas, 15,2% para o terceiro grupo. Em menor medida, também comparecem indicações espaciais, para o Prudenshopping (3,8% das 1500 indicações), para o Jardim Bongiovani (2,7% das 1500 indicações), para o Jardim Paulista (1,7% das 1500 indicações) e para o Shopping Americanas (1,0% das 1500 indicações) no que se refere à localização dos comércios e de serviços gerais utilizados pelos moradores dos três grupos. O uso do Prudenshopping para o acesso a comércios e serviços é mais expressivo para os moradores do primeiro grupo (6,3% de suas 476 indicações Os espaços auto-segregados e a cidade 115 espaciais) do que para o segundo grupo (2,8% de suas 564 indicações espaciais) e para o terceiro grupo (2,4% de suas 460 indicações espaciais). Fotografia 32 – Nova fachada do Prudenshopping (01/12/2007): Destaque para o rebaixamento da guia para permitir ao veículo automotor rápido acesso à rampa da entrada principal do respectivo Shopping. Em grande medida, isso se traduz em maior risco de acidentes para centenas de pedestres que trafegam por esse passeio diariamente. Os moradores dos loteamentos fechados do segundo grupo utilizam-se, de maneira mais acentuada, dos equipamentos comerciais e de serviços localizados no Jardim Bongiovani (5,0% de suas 564 indicações espaciais) do que os moradores do primeiro grupo (2,1% de suas indicações espaciais) ou do terceiro grupo (0,4% de suas indicações espaciais). Os espaços auto-segregados e a cidade 116 Fotografia 33 – Subcentro do Jardim Bongiovani (20/10/2007): Grande diversidade de comércios e de serviços ao longo da Rua José Bongiovani. Por sua vez, os moradores do terceiro grupo utilizam-se, de maneira mais intensa, dos comércios e serviços localizados no Jardim Paulista (3,3% de suas 460 indicações espaciais) do que os moradores do segundo grupo (3,3% de suas indicações espaciais) e do primeiro grupo (0,8% de suas indicações espaciais). A indicação do uso do Shopping Americanas para o acesso a equipamentos comerciais e de serviços foi equilibrada para os três grupos. As indicações espaciais para o uso desse equipamento comercial foram assim distribuídas: 1,2% para o segundo grupo; 1,1% para o primeiro grupo e de apenas 0,7% para o terceiro grupo. A COHAB também foi grande alvo de indicações espaciais (7,4% de suas 460 indicações espaciais) pelos moradores do terceiro grupo no que se refere ao uso de comércios e de serviços localizados nesse bairro Ainda no que se refere a determinadas localizações de comércios e de serviços indicadas de maneira menos expressiva, podemos destacar o Parque do Povo (2,3% de suas indicações espaciais) e a Avenida Washington Luís (1,5%) utilizados pelos moradores do primeiro grupo e a Avenida Coronel José Soares Marcondes (1,8%), o Damha Center (2,1%), o Jardim Alto da Boa Vista (1,6% de suas indicações) e o Jardim Rio 400 (1,1% de suas indicações) utilizados pelos moradores dos loteamentos fechados do segundo grupo. Por sua vez, podemos indicar alguns locais utilizados de maneira menos expressiva pelos moradores do terceiro grupo para o acesso a equipamentos comerciais e de serviços, quais sejam, o Conjunto Habitacional Ana Jacinta (2,8% de Os espaços auto-segregados e a cidade 117 suas indicações espaciais) e o Jardim Novo Bongiovani (1,7% de suas indicações espaciais). Uma última consideração refere-se ao uso da Internet ou Delivery para acesso a bens e serviços o qual é pouco expressivo para os moradores do primeiro e segundo grupo e sequer foi mencionada pelos moradores do terceiro grupo. Os espaços auto-segregados e a cidade 118 Os espaços auto-segregados e a cidade 119 A partir do Mapa 6 (e como complemento às observações realizadas com base no Quadro 12 e Gráfico 30) podemos considerar que os equipamentos comerciais e de serviços utilizados pelos moradores do primeiro grupo se concentram, predominantemente, nas proximidades de seus respectivos loteamentos fechados e, de maneira menos expressiva, no Centro e, em seguida, se difundem a partir do Prudenshopping, do Parque do Povo e do Jardim Bongiovani atingindo uma série de bairros localizados ao longo das quatro principais Avenidas que dão acesso ao Centro, quais sejam, Avenidas Washington Luís, Manoel Goulart, Coronel José Soares Marcondes e Avenida Brasil. Os equipamentos comerciais e de serviços utilizados pelo segundo grupo se encontram concentrados, de maneira equilibrada, entre as proximidades de seus respectivos loteamentos fechados e o Centro e, assim como no primeiro grupo, porém, em menor medida, se difundem a partir do Prudenshopping, do Parque do Povo e do Jardim Bongiovani até uma série de bairros localizados nas proximidades das Avenidas Washington Luís, Manoel Goulart, Coronel José Soares Marcondes e Avenida Brasil, sendo que comércios e serviços localizados ao longo dessas vias também são utilizados. Por sua vez, os equipamentos comerciais e de serviços utilizados pelo terceiro grupo encontram-se, predominantemente, concentrados no Centro e, de forma menos acentuada, nas proximidades de seus respectivos condomínios horizontais e se difundem a partir da COHAB, do Jardim Paulista, do Prudenshopping e do Conjunto Habitacional Ana Jacinta na qual se estendem, em menor medida, por diversos bairros localizados no Setor Oeste e Sul, nas proximidades do Centro e, sobretudo, estendem-se em direção àqueles bairros localizados no Setor Norte. 2.3. Práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados: o lazer e o tempo livre Buscamos avaliar a qualidade das respectivas áreas de lazer dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais bem como a freqüência de utilização desses espaços segundo a opinião dos moradores desses respectivos tipos habitacionais. Além disso, identificamos os principais lugares utilizados para o lazer Os espaços auto-segregados e a cidade 120 dos moradores auto-segregados e, por último, avaliamos as principais atividades realizadas durante o tempo livre ou o tempo de lazer deles. Gráfico 31 – Presidente Prudente: Avaliação da área de lazer do loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). 60 50 (%) 40 30 20 10 0 Grupo 1 Muito boa Grupo 2 Boa Regular Grupo 3 Ruim Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Considerando as duas maiores concentrações de respostas obtidas em ordem decrescente podemos considerar que os moradores do primeiro grupo avaliaram suas respectivas áreas de lazer como “boas” e “regulares” enquanto que os moradores do segundo grupo avaliaram essas áreas como “muito boas” e “boas” o que reflete, em certa medida, os consideráveis investimentos em paisagismo e em infra-estrutura de lazer existentes feitos pelos empreendedores imobiliários desse último grupo (sobretudo para o Parque Residencial Damha e o Parque Residencial Damha II cujo empreendedor imobiliário foi a empresa AD Empreendimentos Imobiliários Ltda.) o que já foi destacado nessa monografia. Por outro lado, os moradores do terceiro grupo avaliaram suas áreas de lazer, predominantemente, como “regulares” e “boas” o que demonstra, em certa medida, uma satisfação menos acentuada com relação à qualidade delas. Os espaços auto-segregados e a cidade 121 Gráfico 32 – Presidente Prudente: Freqüência de utilização da área de lazer do loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Considerando as duas maiores concentrações de respostas de maneira decrescente, cujos resultados podem ser visualizados no Gráfico 32, podemos afirmar que os moradores do primeiro grupo freqüentam “as vezes” ou nunca suas respectivas áreas de lazer enquanto que a freqüência de utilização das áreas de lazer do segundo grupo pelos seus respectivos moradores é mais acentuada, pois as freqüentam de maneira esporádica ou sempre. Os moradores do terceiro grupo nunca freqüentam ou freqüentam, apenas, de maneira esporádica suas respectivas áreas de lazer. Nesse sentido, podemos considerar que os moradores do primeiro e do terceiro grupo utilizam suas respectivas áreas de lazer, respectivamente, de maneira muito acentuada e pouco acentuada, enquanto que, a utilização das áreas de lazer dos loteamentos fechados do segundo grupo por seus respectivos moradores se encontra em situação intermediária. Pudemos verificar que houve a indicação de cinco principais lugares utilizados para o lazer pelos moradores dos três grupos pesquisados, quais sejam, respectivamente, o Prudenshopping (18,1% das 171 indicações), o Parque do Povo (14,0% das 171 indicações), as áreas de lazer dos próprios loteamentos fechados e condomínios horizontais (12,3% das 171 indicações), o Shopping Americanas (9,4%) e o Tênis Clube (6,4%) o que perfaz um total de 60,2% das 171 indicações espaciais. Os espaços auto-segregados e a cidade 122 As indicações do Prudenshopping como área de lazer foi expressiva para os moradores do segundo grupo e, em menor medida, para os moradores do primeiro e terceiro grupo. Com relação ao nível de utilização do Parque do Povo como área de lazer podemos destacar, em primeiro lugar, os moradores do primeiro grupo (motivado, sobretudo, pela proximidade com o respectivo Parque) e os moradores do terceiro grupo. Contudo, os moradores do segundo grupo utilizam esse respectivo parque de maneira pouco expressiva. A indicação do uso das áreas de lazer dos próprios loteamentos fechados ou condomínios horizontais, mais uma vez, obteve destaque para o segundo grupo, pois grande parcela de suas respostas indicaram o uso dessas áreas enquanto que para o primeiro e para o terceiro grupo, a indicação do uso das áreas de lazer de seus respectivos loteamentos fechados e condomínios horizontais foi menos acentuada. O Shopping Americanas compareceu com uma das principais áreas de lazer indicado pelos moradores do primeiro e segundo grupo. Para o terceiro grupo, a utilização desse espaço como área de lazer foi menos acentuada. As indicações do uso do Tênis Clube como área de lazer partiu apenas do primeiro grupo e, em menor medida, para o segundo grupo. Em menor medida, foi indicado o uso da APEA como área de lazer para o primeiro grupo. A utilização desse espaço pelos moradores do segundo e do terceiro grupo podem ser considerada praticamente inexpressiva. Para o terceiro grupo, também foi indicado, com certa expressividade, o uso do Parque do Conjunto Habitacional Ana Jacinta (o qual está localizado nas proximidades do Residencial Esmeralda). O Mapa 7 permite visualizar a distribuição do uso das áreas de lazer pelos três grupos pesquisados. Os espaços auto-segregados e a cidade 123 Os espaços auto-segregados e a cidade 124 A partir do Mapa 7 (e como complemento às observações feitas anteriormente) podemos considerar que as áreas de lazer utilizadas pelos moradores do primeiro grupo estão concentradas na malha urbana compacta em cinco principais áreas, quais sejam, o Parque do Povo, o Prudenshopping, o Tênis Clube, o Shopping Americanas e a Apea. As áreas de lazer utilizadas pelos moradores do segundo grupo se concentram, sobretudo, no interior dos respectivos loteamentos fechados desse grupo, no Prudenshopping e no Shopping Americanas e se difunde, em menor medida, principalmente pelo Tênis Clube e pelo Centro. Por sua vez, as áreas de lazer utilizadas pelo terceiro grupo estão concentradas no Prudenshopping, no Parque do Povo, no Conjunto Habitacional Ana Jacinta, no Centro e difundem, sobretudo, pelo Setor Oeste. De maneira geral, há apenas três principais áreas utilizadas para o lazer na qual ocorre compartilhamento espacial entre os três grupos, quais sejam, respectivamente, o Prudenshopping e o Parque do Povo e, em menor medida, o Shopping Americanas. Gráfico 33 – Presidente Prudente: Principais atividades realizadas durante o tempo livre/lazer individual ou da família (por grupo). 20 Televisão 18 Descanso 16 Casa de amigos/parentes 14 Viagens (%) 12 Práticas religiosas 10 Internet 8 6 Afazeres domésticos 4 Clubes 2 Parques 0 Pescarias Grupo 1 Grupo 2 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Grupo 3 Os espaços auto-segregados e a cidade 125 A partir dos dados sistematizados dos questionários que serviram de base para a elaboração do Gráfico 33, podemos afirmar que 82,4% das 714 indicações23 de atividades realizadas durante o tempo livre ou o tempo destinado para o lazer dos moradores auto-segregados, estão distribuídas por sete principais atividades, quais sejam, a televisão (17,1%), o descanso (13,6%), visita à casa de amigos ou parentes (13,0%), viagens (10,6%), práticas religiosas (9,7%), Internet (9,2%) e afazeres domésticos (9,2%). Como podemos verificar logo a seguir, a televisão ainda é representado como o “objeto-supremo” utilizado, de maneira predominante, para ocupar boa parte do tempo livre ou o tempo destinado para o lazer dos moradores dos três grupos que ora estamos pesquisando. Nesse sentido, Carlos (2004, p. 59-60) ressalta que: A invasão da TV que aos poucos vai assumindo lugar importante na vida das pessoas ocupando o lugar de “honra” na sala de visitas, torna-se o centro de todas as atenções e cuidados, diante delas os olhares fixam, lábios selam-se e a imagem preenche ausências – seu todo poder mágico é contagiante. Sua presença vai redefinir as reuniões de família bem como o uso do tempo do não-trabalho. Essa constatação da televisão como “objeto-supremo” ainda pode ser reforçada, em médio e longo prazos pela recente promulgação do “Ato de abertura do Sistema de Transmissão Pública Digital” realizado em Rede Nacional de Televisão no dia 02 de dezembro de 2007, pelo Excelentíssimo Senhor Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. O respectivo “Sistema de televisão digital”, primeiramente implantado na cidade de São Paulo, permitirá a visualização de imagens de alta definição bem como intensificar a difusão dessas imagens por meio de equipamentos televisivos móveis instalados em transportes coletivos, metrôs ou por meio de celulares, sobretudo. A distribuição do uso da televisão como objeto utilizado para ocupar o tempo livre ou o tempo destinado para o lazer ficou assim dimensionado: 16,9% (entre as 242 respostas) para os moradores do primeiro grupo, 17,1% (entre as 269 Na questão E4 de nosso questionário era possível indicar mais de uma atividade realizada durante o tempo livre ou durante o tempo destinado para o lazer. 23 Os espaços auto-segregados e a cidade 126 respostas) para o segundo grupo e de 17,2% (entre as 203 respostas) para os moradores do terceiro grupo. Em segundo lugar, foi indicado o descanso como uma das principais atividades realizadas durante o tempo livre/lazer, a qual, recebeu do primeiro grupo, 11,6% das respostas, do segundo grupo, 13,4% das respostas e do terceiro grupo, de maneira um pouco mais acentuada, 16,2% das respostas. A indicação de visitas a casa de amigos e/ou parentes foi acentuada para os moradores do terceiro grupo (16,7% das respostas) e, em menor medida, para o segundo (12,3% das respostas) e o primeiro grupo (10,7% das respostas). A realização de viagens, sobretudo, por envolver condições econômicas mais elevadas, foi mais acentuada entre os moradores do primeiro grupo (14,5%) e do segundo grupo (11,5%) enquanto que houve a indicação de apenas 4,9% das respostas apontando a realização de viagens para os moradores do terceiro grupo. A indicação de práticas religiosas foi equilibrada para o segundo (10,4%) e terceiro (10,3%) e menos acentuada para o primeiro grupo (8,3%). A indicação do uso da Internet (que, para sua utilização, também envolve uma condição econômica mais elevada) foi expressivo para os moradores do primeiro (11,6%) e segundo grupo (10,4%) enquanto que o número de indicações foi menos expressivo no terceiro grupo (4,9%). Com relação ao tempo livre ocupado pelos afazeres domésticos, o terceiro grupo destaca-se com a indicação de 12,8% das respostas para esse tipo de atividade. Para o primeiro e segundo grupos, a indicação de afazeres domésticos foi de apenas 7,4% e de 8,2%. A utilização de clubes no espaço urbano prudentino foi mais acentuada para o primeiro (5,8%) do que para o segundo (2,6%) e terceiro grupos (3,0%). 2.4. Práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados: o trabalho, as profissões e os deslocamentos A partir da análise do Mapa 8 podemos considerar que as áreas indicadas como local de trabalho dos responsáveis por domicílios do primeiro grupo estão localizadas, de maneira mais concentrada, no Centro e, em seguida, estendem-se em direção ao bairros localizados próximos às Avenidas Coronel José Soares Marcondes e Brasil, bem como pelos Bairros Jardim Bongiovani, Cidade Os espaços auto-segregados e a cidade 127 Universitária, Vila Santa Helena, alguns pontos nas proximidades de seus respectivos loteamentos fechados e na área norte mais imediata ao Centro. As áreas indicadas para o trabalho dos responsáveis por domicílios do segundo grupo se assemelham, em certa medida, àquelas indicadas pelo primeiro grupo, pois, para o segundo grupo esses respectivos locais também se concentram no Centro e, em menor medida, nas proximidades de seus respectivos loteamentos fechados e se difundem a partir dos bairros localizados nas proximidades das Avenidas Coronel José Soares Marcondes e Brasil. Também houve, em menor medida, a indicação de locais de trabalhos por alguns pontos difusos no espaço urbano distribuídos pelo Setor Norte, Oeste e Leste. Por sua vez, as indicações das áreas de trabalho dos responsáveis por domicílio do terceiro grupo estão concentradas no Centro e, em menor medida, na Vila Formosa e, de maneira difusa, por alguns bairros do Setor Oeste, Setor Sudoeste, Setor Leste bem como por diversos bairros localizados ao norte da área Central. Os espaços auto-segregados e a cidade 128 Os espaços auto-segregados e a cidade 129 Os dados do Quadro 13 exibem o percentual das ocupações ou cargos exercidos pelos responsáveis por domicílios dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais: Quadro 13 – Presidente Prudente: Ocupação ou cargo atual do chefe de família (por grupo). Primeiro grupo Ocupação/Cargo Segundo grupo Terceiro grupo TOTAL Nº % Nº % Nº % Nº % Aposentado 8 17,4 3 5,8 2 4,5 13 9,1 Advogado 5 10,9 5 9,6 1 2,3 11 7,7 Médico 5 10,9 5 9,6 --- --- 10 7,0 Autônomo 4 8,7 3 5,8 2 4,5 9 6,3 --- --- 4 7,7 5 11,4 9 6,3 Empresário 3 6,5 5 9,6 --- --- 8 5,6 Gerente administrativo 2 4,3 4 7,7 1 2,3 7 4,9 Professor 2 4,3 2 3,8 3 6,8 7 4,9 Admin. de empresas 4 8,7 2 3,8 --- --- 6 4,2 Agropecuarista 2 4,3 3 5,8 --- --- 5 3,5 Cargos de direção 1 2,2 4 7,7 --- --- 5 3,5 Comerc./microempresário 2 4,3 1 1,9 1 2,3 4 2,8 Motorista --- --- --- --- 4 9,1 4 2,8 Agente fiscal de rendas --- --- 3 5,8 --- --- 3 2,1 Mecânico --- --- --- --- 3 6,8 3 2,1 Professor Universitário 2 4,3 --- --- --- --- 2 1,4 Dentista 1 2,2 1 1,9 --- --- 2 1,4 Contador --- --- 2 3,8 --- --- 2 1,4 Bancário --- --- --- --- 2 4,5 2 1,4 Auxiliar de escritório --- --- --- --- 2 4,5 2 1,4 Agrônomo 1 2,2 --- --- --- --- 1 0,7 Médico veterinário 1 2,2 --- --- --- --- 1 0,7 Jornalista 1 2,2 --- --- --- --- 1 0,7 Radiodifusor 1 2,2 --- --- --- --- 1 0,7 Auditor 1 2,2 --- --- --- --- 1 0,7 Juiz --- --- 1 1,9 --- --- 1 0,7 Assistente agropecuário --- --- 1 1,9 --- --- 1 0,7 Engenheiro civil --- --- 1 1,9 --- --- 1 0,7 Eletricitário --- --- 1 1,9 --- --- 1 0,7 Oficial de reg. de imóveis --- --- 1 1,9 --- --- 1 0,7 Funcionário público Os espaços auto-segregados e a cidade 130 Promotor pleno --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Zootecnista --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Analista de sistemas --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Encarregado --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Auxiliar administrativo --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Policial militar --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Metalúrgico --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Auxiliar de RH --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Auxiliar de produção --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Auxiliar mecânico --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Auxiliar geral --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Ajudante de motorista --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Vigilante noturno --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Pintor --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Frentista --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Estoquista --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Jardineiro --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Desempregado --- --- --- --- 1 2,3 1 0,7 Total 46 100,0 52 100,0 44 100,0 142 100,0 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir dos dados do Quadro 13 é possível afirmar que os cargos ou ocupações mais citados, quais sejam, aposentado, advogado, médico, autônomo, funcionário público, empresário, gerente administrativo e professor, atingem 51,8% de um total de 142 respostas dos três grupos, porém, com maior participação dessas respectivas respostas pelos moradores do primeiro grupo (63% de suas 46 respostas) e segundo grupo (59,6% de suas 52 respostas), em detrimento do terceiro grupo (31,8% de suas 44 respostas) Considerando as ocupações ou cargos mais citados e que mais remuneram (com exceção dos aposentados, dos autônomos e dos funcionários públicos cujos níveis salariais podem ser muito variáveis e, sequer, é possível estabelecer uma aproximação) podemos afirmar que representam 36,9% das indicações para o primeiro grupo e, de maneira um pouco mais expressiva, 40,3% para o segundo grupo. Para esses respectivos cargos ou ocupações foram indicadas apenas 11,4% das respostas do terceiro grupo. Com relação aos 21 cargos ou ocupações menos citados entre os que mais remuneram ou, pelo menos, exigem curso superior para o seu exercício, obtivemos Os espaços auto-segregados e a cidade 131 uma indicação de 37%, 40,2% e de 9,2%, respectivamente, para o primeiro, o segundo e o terceiro grupo. Grosso modo, isso significa que os cargos que mais remuneram e/ou que necessitam de curso superior para o seu exercício estão, expressivamente, concentrados entre os responsáveis por domicílios do segundo grupo (80,5%) e, em seguida, para os responsáveis por domicílios do primeiro grupo (73,9%). Por último, esses cargos ou ocupações que mais remuneram ou que exigem curso superior contemplam apenas 20,6% dos responsáveis por domicílios do terceiro grupo. Para reforçar as considerações acima, os cargos que menos remuneram e que não exigem curso superior para o seu exercício comparecem, de maneira expressiva, nas respostas do terceiro grupo perfazendo 57,1% enquanto que não comparecem nas respostas do primeiro grupo e, para o segundo grupo, atinge apenas um percentual inexpressivo, qual seja, de 1,9%. Cruzando essas análises com a espacialização das áreas utilizadas para o trabalho representadas no Mapa 19, podemos apontar para a constituição de uma divisão social e territorial do trabalho que se processa na escala intra-urbana prudentina. Gráfico 34 – Presidente Prudente: Principais meios de locomoção para o trabalho do chefe de família (por grupo). Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir do Gráfico 34 ficou destacado que o automóvel particular se constitui como o principal meio de locomoção diário para os deslocamentos até o local de trabalho do primeiro e do segundo grupo enquanto que o uso do automóvel Os espaços auto-segregados e a cidade 132 particular para o terceiro grupo é pouco expressivo ficando abaixo do percentual referente ao uso do transporte coletivo. Para este último grupo, o uso da motocicleta constitui-se como importante veículo para os deslocamentos diários até o local de trabalho. Quadro 14 – Presidente Prudente: Tempo médio de deslocamento dos chefes de família até o local de trabalho (por grupo). Tempo médio de Grupos deslocamento (em minutos) 1 10,0 2 10,7 3 24,4 * Não foram contabilizados os chefes de família que se deslocam para trabalhar em outros Municípios ou Estados Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 O uso predominante do automóvel particular para os deslocamentos diários até o local de trabalho para o primeiro e para o segundo grupo verificados a partir do Gráfico 34 tem um impacto significativo na diminuição do tempo necessário para a realização desse respectivo percurso (casa-trabalho). O tempo médio de deslocamento até o local de trabalho para o primeiro grupo, no qual a indicação do uso do automóvel se verificou em todas as respostas, é, em média, de 10 minutos. Para o segundo grupo, o tempo médio de deslocamento até o local de trabalho é um pouco maior e atinge uma média de 10,7 minutos. Para o terceiro grupo, na qual o transporte coletivo comparece como o meio de deslocamento predominante e com automóvel particular ocupando apenas o segundo lugar, o tempo médio de deslocamento até o local de trabalho (média de 24,4 minutos) aumenta consideravelmente comparativamente aos tempos médios do primeiro e do segundo grupo. Os espaços auto-segregados e a cidade 133 2.5. Práticas socioespaciais dos moradores auto-segregados: o ensino básico, o ensino superior e as atividades educativo-recreativas Quadro 15 – Presidente Prudente: Locais utilizados para estudos (ensino fundamental e médio) pelas crianças, adolescentes e jovens moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo). Bairros Primeiro Segundo Terceiro grupo grupo grupo Nº % Nº % Nº % Colégio Anglo (Jd. Esplanada) 6 33,3 10 31,2 ----Átomo (Jd. Petrópolis) 5 27,8 3 9,4 ----Centro Educacional Pluri 1 5,5 4 12,5 ----Cristo Rei (Centro) 3 16,7 --------Objetivo (Vila Estádio) 1 5,5 2 6,2 ----Cotiguara (Jd. Paulista) 1 5,5 2 6,2 ----Escola Karina Athia Krasucki --------3 18,7 (Ana Jacinta) Colégio Unoeste ----2 6,2 ----(Cid. Universitária) Criarte (Vila Industrial) ----2 6,2 ----Domus (próx. ao Cristo Rei) ----2 6,2 ----JP (Jd. Santa Elisa/Jd. ----2 6,2 ----Maracanã) Escola Hugo Mieli (V. Dubus) --------2 12,5 Sesi (C. H. Mário Amato) --------2 12,5 Colégio Cooperativo 1 5,5 ----1 6,2 (Jd. Carandá) Colégio Adventista ----1 3,1 ----(Vila Santa Helena) Colégio Braga Mello ----1 3,1 ----(Pq. São Judas Tadeu) Poney Azul (Centro) ----1 3,1 ----E.E. João Sebastião Lisboa --------1 6,2 (V. Santa Helena) EMEIF Rosy Odette Ponz --------1 6,2 Brandão (Jd. São Mateus) E. Floriovaldo Leal --------1 6,2 (Vila Tabajara) E. Francisco Pessoa --------1 6,2 (Ana Jacinta) E. Monsenhor Sarrion --------1 6,2 (Vila São Jorge) Raio de Sol (Jd. Eldorado) --------1 6,2 E. Rotariano Antônio Zacarias --------1 6,2 (Jd. Monte Alto) CIEM (Pq. Cedral) --------1 6,2 Total 18 100,0 32 100,0 16 100,0 TOTAL Nº 16 8 5 3 3 3 3 % 24,2 12,1 7,6 4,5 4,5 4,5 4,5 2 3,0 2 2 2 3,0 3,0 3,0 2 2 2 3,0 3,0 3,0 1 1,5 1 1,5 1 1 1,5 1,5 1 1,5 1 1,5 1 1,5 1 1,5 1 1 1,5 1,5 1 66 1,5 100,0 Os dados grifados referem-se aos estabelecimentos de ensino particulares Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir da análise do Quadro 15, podemos considerar que dos sete estabelecimentos de ensino básico mais citados (o que perfaz 41% de um total de Os espaços auto-segregados e a cidade 134 66 respostas obtidas), seis deles são particulares (com destaque para o Colégio Anglo Prudentino (Fotografia 34) e o Colégio Átomo localizados próximos aos loteamentos fechados do primeiro grupo) e apenas uma escola é da Rede Pública de Ensino. Fotografia 34 – Colégio Anglo Prudentino (05/10/2007): Colégio privado que se encontra localizado no entorno do Jardim Morumbi, Central Park Residence e Jardim João Paulo II. Nas respostas obtidas, os moradores desses respectivos loteamentos fechados foram àqueles que se declararam seus maiores usuários. As escolas particulares mais citadas, quais sejam, Colégio Anglo, Colégio Átomo, Centro Educacional Pluri, Colégio Cristo Rei, Objetivo e Colégio Cotiguara receberam respostas de sua utilização apenas dos moradores do primeiro grupo (94,3% de suas 18 respostas) e do segundo grupo (65,5% de suas 32 respostas). Por sua vez, a Escola Pública “Karina Athia Krasucki”, localizado no Conjunto Habitacional Ana Jacinta, recebeu indicações apenas do terceiro grupo perfazendo 18,7% de suas 16 respostas. De uma forma geral, podemos afirmar que as escolas particulares são utilizadas predominantemente por crianças, jovens ou adolescentes moradores do primeiro e segundo grupo enquanto que a freqüência em escolas públicas é reservada para as crianças, jovens ou adolescentes moradores do terceiro grupo. Os espaços auto-segregados e a cidade 135 A partir do Mapa 9 (e como complemento às observações realizadas a partir do Quadro 16) podemos considerar que, em grande medida, as Escolas utilizadas Os espaços auto-segregados e a cidade 136 pelo primeiro grupo e pelo segundo grupo (as quais são predominantemente particulares) estão concentradas nas proximidades do primeiro grupo e se estendem, sobretudo, ao longo da Avenida Washington Luís até o Centro. Em menor medida, essas escolas também estão difusas pela Avenidas Brasil e Avenida Salim Farah Maluf. Uma distinção clara, do ponto de vista territorial, é possível ser observada por meio da localização das escolas, sobretudo públicas, utilizadas pelas crianças, jovens e adolescentes do terceiro grupo. Essas escolas estão localizadas de maneira difusa pelo espaço urbano, sobretudo, pelo Setor Sudoeste e Setor Norte e, em menor medida, no Setor Oeste bem como em escolas localizadas nas proximidades do Parque do Povo. Gráfico 35 – Presidente Prudente: Principais meios de locomoção utilizados para o transporte das crianças, jovens e adolescentes até a escola (por grupo). 120 100 (%) 80 60 40 20 0 Grupo 1 Automóvel particular Grupo 2 Transporte coletivo Grupo 3 Van À pé Táxi Bicicleta Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir dos dados do Gráfico 35 podemos considerar que o automóvel particular é o meio de transporte predominante utilizado pelas crianças, pelos jovens e pelos adultos moradores do primeiro e do segundo grupo enquanto que para o terceiro grupo, o uso do automóvel particular é pouco expressivo observando-se uma maior distribuição para outros tipos de transportes como vans e ônibus para os transportes coletivos. Quadro 16 – Presidente Prudente: Tempo médio de deslocamento até a escola (por grupo). Os espaços auto-segregados e a cidade 137 Tempo médio de Grupos deslocamento (em minutos) 1 7,8 2 9,7 3 30,1 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Mais uma vez, os usos diferenciados de meios de locomoção causam significativos impactos nos tempos médios de deslocamentos como podem ser observados a partir do Quadro 16. Os estudantes do ensino básico do primeiro e do segundo grupo levam, em média 7,8 minutos e 9,7 minutos, respectivamente, para a realização do percurso casa-escola enquanto que o tempo médio de realização desse mesmo percurso para os estudantes do terceiro grupo (média de 30,1 minutos), triplica. Quadro 17 – Presidente Prudente: Principais atividades educativo-recreativas realizadas pelas crianças e jovens moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo). Atividades Primeiro grupo Segundo grupo Terceiro grupo TOTAL Nº % Nº % Nº % Nº % Ginástica ou musculação 14 20,6 12 13,0 2 11,8 28 15,8 Inglês 12 17,6 14 15,2 2 11,8 28 15,8 Escolinha de futebol 6 8,8 12 13,0 --- --- 18 10,2 Aulas de reforço escolar 6 8,8 5 5,4 1 5,9 12 6,8 Natação 6 8,8 5 5,4 1 5,9 12 6,8 Nenhuma atividade 2 2,9 2 2,2 7 41,2 11 6,2 Tênis 3 4,4 6 6,5 --- --- 9 5,1 Lutas marciais 2 2,9 4 4,3 2 11,8 8 4,5 Violão 3 4,4 5 5,4 --- --- 8 4,5 Informática 2 2,9 3 3,3 2 11,8 7 3,9 Ballet 3 4,4 4 4,3 --- --- 7 3,9 Pintura 1 1,5 3 3,3 --- --- 4 2,3 Curso pré-vestibular 2 2,9 1 1,1 --- --- 3 1,7 Dança 2 2,9 1 1,1 --- --- 3 1,7 Equitação 1 1,5 2 2,2 --- --- 3 1,7 Piano --- --- 3 --- --- --- 3 1,7 Filmes 1 1,5 1 1,1 --- --- 2 1,1 Os espaços auto-segregados e a cidade 138 Teatro --- --- 2 2,2 --- --- 2 1,1 Bateria 1 1,5 --- --- --- --- 1 0,6 Francês 1 1,5 --- --- --- --- 1 0,6 Televisão --- --- 1 1,1 --- --- 1 0,6 Guitarra --- --- 1 1,1 --- --- 1 0,6 Brinquedos --- --- 1 1,1 --- --- 1 0,6 Catequese --- --- 1 1,1 --- --- 1 0,6 Voleibol --- --- 1 1,1 --- --- 1 0,6 Teclado --- --- 1 1,1 --- --- 1 0,6 Vídeo game --- --- 1 1,1 --- --- 1 0,6 Total 68 100,0 92 100,0 17 100,0 177 100,0 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Gráfico 36 – Presidente Prudente: Principais atividades educativo-recreativas realizadas pelas crianças e jovens moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais citadas, pelo menos, quatro vezes (por grupo). Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir dos dados do Quadro 17 e do Gráfico 36 podemos constatar que houve uma expressiva indicação de atividades educativas e recreativas para os estudantes do primeiro grupo (68 indicações) e do segundo grupo (92 indicações) e, uma indicação significativamente menor, para os estudantes do terceiro grupo (17 indicações apenas). Além disso, o número de indicações que apontam para a realização de nenhuma atividade é expressivamente maior para os estudantes moradores do terceiro grupo implicando num tempo médio de investimento em atividades Os espaços auto-segregados e a cidade 139 educativo-recreativas consideravelmente menor comparativamente àquele investido pelos estudantes moradores do primeiro e do segundo grupo. Considerando as seis atividades educativas e recreativas mais citadas, quais sejam, em ordem decrescente, ginástica ou musculação, inglês, escolinha de futebol, aulas de reforço escolar, natação e tênis, que atinge 60,5% de um total de 177 indicações para os três grupos, podemos, mais uma vez, afirmar que há uma participação expressiva dessas atividades entre os moradores do primeiro grupo e pelo segundo grupo e menos acentuado no terceiro grupo (35,4%). Quadro 18 – Presidente Prudente: Tempo médio investido em atividades educativorecreativas (por grupo). Grupos Tempo médio investido (em minutos) 1 151,4 2 118,4 3 41,3 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir do Quadro 18 é possível afirmar que os estudantes do primeiro grupo investem um tempo médio aproximado de duas horas e trinta minutos para a realização diária de atividades educativas e recreativas enquanto que os estudantes do segundo grupo esse investimento é um pouco menor destinando uma média aproximada de duas horas. Para os estudantes do terceiro grupo, o tempo médio investido em atividades educativas e recreativas é de cerca de 40 minutos diários. Podemos considerar que um tempo maior investido em atividades educativas e recreativas dos estudantes do primeiro e do segundo grupo em detrimento do terceiro grupo reflete alguns aspectos do alto poder aquisitivo das famílias dos dois primeiros grupos com relação ao terceiro grupo o que, grosso modo, pode indicar um maior controle do tempo do não-trabalho24, uma relativa diminuição do tempo livre para os estudantes do primeiro e do segundo grupo, um tempo pouco regulado bem como um tempo livre maior para os estudantes do terceiro grupo. O tempo do não-trabalho, nos termos ressaltados por Carlos (1996, p. 121) compõe parte do tempo social enquanto contrapartida do tempo dedicado à produção, no entanto, domina a economia, porque se volta para o consumo. 24 Os espaços auto-segregados e a cidade 140 Em outros termos, uma das justificativas para o controle do tempo do nãotrabalho das crianças e jovens moradores de loteamentos fechados, foi explicitada durante um depoimento informal que coletamos junto a uma empregada doméstica do Parque Residencial Damha II durante o período em que aguardava a chegada do transporte coletivo em ponto de ônibus. Nesse depoimento, realizado no dia 08 de maio de 2007, do qual tomamos nota, a empregada doméstica ressaltou que boa parte dos pais trabalha o dia todo e são muito ocupados, mas uma boa parcela não trabalha e passa parte do tempo em clubes, cabeleireiros e “enchem” os filhos de atividades extras como, por exemplo, o inglês, o ballet, o tênis, o futebol e muitas vezes se esquecem do psicológico deles [dos filhos] e somente vão se preocupar quando o problema começa a afetar em casa e a transparecer no jovem. Quadro 19 – Presidente Prudente: Locais utilizados para educação superior pelos jovens e adultos moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais (por grupo). Bairros Primeiro Segundo grupo grupo Terceiro grupo TOTAL Nº % Nº % Nº % Nº % 8 33,3 11 61,1 2 28,6 21 42,9 11 45,8 5 27,8 1 14,3 17 34,7 Unesp 3 12,5 2 11,1 3 42,9 8 16,3 Uniesp 1 4,2 --- --- 1 14,3 2 4,1 Unoeste Campus II 1 4,2 --- --- --- --- 1 2,0 24 100,0 18 100,0 7 100,0 49 100,0 Unoeste Faculdades Toledo Total Os dados grifados referem-se às universidades particulares Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir da análise do Quadro 19, podemos considerar que houve um relativo equilíbrio entre o número de indicações do uso de estabelecimentos de ensino superior do primeiro e do segundo grupo, qual seja, de 24 e de 18 indicações, respectivamente, e de um número menos acentuado de indicações do uso de estabelecimentos de ensino superior do terceiro grupo, qual seja, de apenas sete indicações. As duas instituições de ensino superiores mais citadas para os três grupos foram, respectivamente, a UNOESTE e as Faculdades Toledo. As indicações dos Os espaços auto-segregados e a cidade 141 três grupos para essas duas instituições foram assim distribuídas: das 24 indicações do primeiro grupo, 33,3% foram para a UNOESTE e 45,8% para as Faculdades Toledo; das 18 indicações do segundo grupo, 61,1% foram para a UNOESTE e 27,8% para as Faculdades Toledo e, por sua vez, em menor medida, das sete indicações do terceiro grupo, 28,6% foram para a UNOESTE e 14,3% para as Faculdades Toledo. A UNESP, enquanto Universidade Pública, foi indicada por 12,5% das respostas do primeiro grupo, 11,1% das respostas do o segundo grupo e para 42,9% das respostas do terceiro grupo. Os espaços auto-segregados e a cidade 142 A partir do Mapa 10 podemos considerar que os estudantes do primeiro grupo freqüentam, de forma mais expressiva, as Faculdades Toledo e, em seguida, a Os espaços auto-segregados e a cidade 143 UNOESTE para a realização do ensino superior enquanto que os estudantes do segundo grupo invertem de posição, ou seja, utiliza-se, mais expressivamente, da UNOESTE e das Faculdades Toledo, respectivamente, como locais para realização do ensino superior. O uso de estabelecimentos de ensino superior para os estudantes do terceiro grupo se encontra melhor distribuídos com destaque para a freqüência nos estabelecimentos de ensino superior da UNESP e da UNOESTE. Quadro 20 – Presidente Prudente: Principais meios de locomoção utilizados para o transporte dos jovens e adultos até o local utilizado para a educação superior (por grupo). Grupos A T Nº M % Nº P % Nº C Nº % % 1 19 82,6 1 4,3 1 4,3 1 4,3 2 16 88,9 --- --- --- --- --- 3 6 85,7 1 14,3 --- --- --- Nº B TOTAL % Nº % Nº % 1 4,3 --- --- 23 100,0 --- 1 5,5 1 5,5 18 100,0 --- --- --- --- --- 7 100,0 (A) automóvel particular; (T) transporte coletivo; (M) motocicleta; (P) a pé; (C) Carona; (B) bicicleta. Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Sobre os principais meios de locomoção utilizados para o transporte dos jovens e dos adultos até o local utilizado para a educação superior, podemos considerar que o uso do automóvel particular é expressivo entre os estudantes universitários dos três grupos: 82,6% das 23 indicações do primeiro grupo; 88,9% das 18 indicações do segundo grupo e de 85,7% das 7 indicações do terceiro grupo. Considerando o uso expressivo do automóvel particular para os três grupos, ainda é possível identificar diferenças sobre os tempos médios de deslocamentos para o percurso casa-universidade. Quadro 21 – Presidente Prudente: Tempo médio de deslocamento até a local utilizado para a educação superior (por grupo). Os espaços auto-segregados e a cidade Grupos 1 2 3 144 Tempo médio de deslocamento (em minutos) 12,2 10,2 20,7 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A melhor média para o tempo de deslocamento referente ao percurso casauniversidade ficou com o segundo grupo (média de 10,2 minutos) sendo que um dos fatores preponderantes para esse melhor resultado pode ser representado pelas vias de acesso que servem os loteamentos fechados desse respectivo grupo e proporcionam um rápido acesso, sobretudo, no que se refere à UNOESTE e às Faculdades Toledo. Ainda que os loteamentos fechados do primeiro grupo também sejam servidos por vias de acesso rápido, o tempo médio de deslocamento obtido (média de 12,2 minutos) maior que do segundo grupo pode ser justificado pela diversidade, em menor medida contudo, do uso de outros meios de deslocamentos para essa finalidade como pode ser verificado a partir do Quadro 21. Por sua vez, o tempo médio de deslocamento para a realização do percurso casa-universidade pelos estudantes universitários do terceiro grupo (média de 20,7 minutos) ainda que o automóvel particular seja usado de maneira expressiva, é praticamente o dobro da média obtida pelo primeiro e segundo grupo cujo um dos fatores preponderante para esse maior tempo médio de deslocamento pode ser representado pela distância em relação às principais vias de acesso rápido de Presidente Prudente bem como pela localização dos condomínios desse grupo relativamente aos centros de ensino superior. 2.6. O Centro, os Shopping centers e o ciberespaço: novos hábitos de consumo A partir do Quadro 22, é possível identificar os lugares mais freqüentados pelos grupos para a realização de compras em geral. Esses dados foram obtidos a partir de uma pergunta de nosso questionário na qual se sugeriu que a resposta fosse dada considerando-se três localidades: O Centro de Presidente Prudente; O Os espaços auto-segregados e a cidade 145 Prudenshopping e o Shopping Americanas, porém, mantendo espaço para a especificação de outros equipamentos ou localidades utilizados para a realização de compras pelos moradores dos tipos habitacionais dos três grupos que estamos pesquisando. A partir da natureza da respectiva pergunta, foi possível estabelecer uma diferença (ainda que algumas argumentações sirvam apenas para reforçar ou complementar aspectos já relacionados), como queremos demonstrar a seguir, entre os resultados já obtidos e demonstrados pelo Mapas 7 (localização dos supermercados) e pelo Mapa 6 (localização dos comércios e serviços). Quadro 22 – Presidente Prudente: Locais mais freqüentados para a realização de compras, quais sejam, alimentos, utensílios domésticos, objetos de uso pessoal, vestuário e miudezas em geral (por grupo). Bairros Primeiro grupo Segundo grupo Terceiro grupo TOTAL Nº % Nº % Nº % Nº % Prudenshopping 45 50,0 44 42,7 18 31,0 107 42,6 Centro 22 24,4 26 25,2 25 43,1 73 29,1 Shopping Americanas 18 20,0 24 23,3 7 12,1 49 19,5 Supermercado Nagai 1 1,1 4 3,9 3 5,2 8 3,2 Supermercado Luzitana 1 1,1 3 2,9 --- --- 4 1,6 Feiras livres 1 1,1 --- --- 1 1,7 2 0,8 Mercado municipal 1 1,1 --- --- --- --- 1 0,4 Açougues fora da região 1 1,1 --- --- --- --- 1 0,4 Supermercado Avenida --- --- 1 1,0 --- --- 1 0,4 Supermercado Estrela --- --- 1 1,0 --- --- 1 0,4 C. H. Ana Jacinta --- --- --- --- 1 1,7 1 0,4 COHAB --- --- --- --- 1 1,7 1 0,4 Jardim Cobral --- --- --- --- 1 1,7 1 0,4 Vila Geni --- --- --- --- 1 1,7 1 0,4 Total 90 100,0 103 100,0 58 100,0 251 100,0 Dados destacados com localização difusa Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Os shopping centers, expressão da produção de novas centralidades, surgem no momento em que o desenvolvimento do capitalismo, visando sua reprodução continuada e ampliada, necessita obter monopólio sobre o espaço. Esses novos Os espaços auto-segregados e a cidade 146 equipamentos, para os quais a acessibilidade é fator de relevo em suas estratégias de localização, potencializam os fluxos para determinadas áreas da cidade, valorizando-as (GONÇALVES, 2003, p. 184-190). Como bem ressaltou Villaça (2001, p.304) “o promotor imobiliário produz e põe à venda, em poucos, anos, “pontos” [em Shopping Centers] que o comércio tradicional levaria décadas para produzir” (VILLAÇA, 2001, p. 304). Para exemplificar uma das dimensões desse processo, os administradores do Prudenshopping veicularam recentemente grande anúncio publicitário ressaltando a preocupação e a importância dos processos de revitalização internos e externos pelos quais vêm passando o “o maior empreendimento comercial do Oeste Paulista” com investimentos em infra-estruturas, novas lojas e novas tecnologias bem como o aumento do nível de acessibilidade ao respectivo Shopping25. O Prudenshopping, inaugurado no ano de 1990, tem localização estratégica em relação às áreas residenciais de alto padrão próximos à Avenida Washington Luiz e ao sul do Parque do Povo nas quais também estão localizados os loteamentos fechados mais bem consolidados da cidade sendo ele o mais freqüentado pelos segmentos sociais de maior poder aquisitivo (MONTESSORO, 2001, p. 221-246). Sobarzo (1999, p. 157) detectou que os dois Shopping Centers de Presidente Prudente (Prudenshopping e Shopping Americanas) são os centros comerciais e de serviços mais freqüentados pelos moradores de loteamentos fechados e são alternativas para a fuga dos “problemas” e das diferenças da cidade. A partir dessas constatações, podemos considerar que as reestruturações recentes nos espaços urbanos, no nosso caso em estudo, uma cidade média, são baseados na difusão da auto-segregação e de segmentação socioespacial dos fluxos através da produção de novas centralidades considerando, sobretudo, aquelas que privilegiam o acesso aos segmentos sociais de mais alto poder aquisitivo e que se locomovem, expressivamente, por meio do automóvel particular. Esses novos elementos promovem a difusão de novas práticas socioespaciais que estabelecem uma rede de relações homogeneizantes segundo níveis socioeconômicos levando à constituição da fragmentação socioespacial. A partir da análise do Quadro 22, podemos considerar que houve uma indicação expressiva para três localidades ou equipamentos comerciais, quais 25 Cf. Prudenshopping: 17 anos de inovação. Oeste Notícias. 4 nov. 2007. p. 1.6 Os espaços auto-segregados e a cidade 147 sejam, respectivamente, o Prudenshopping (42,6%), o Centro (29,1%) e o Shopping Americanos (19,5%) de um total de 251 indicações (foi possível indicar mais de uma resposta para essa pergunta) realizadas pelos moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais. A indicação expressiva do Prudenshopping e, em seguida, do Centro concorda com os resultados obtidos a partir do Quadro 46 e do Mapa 7 (resultantes das indicações espaciais dos supermercados). Em outros termos, isso significa que o complexo de lojas, bem como a loja âncora Carrefour localizados no Prudenshopping, superou, em certa medida, a freqüência às lojas comerciais instaladas no Centro para a realização de compras (ao menos para o nosso recorte de pesquisa). Contudo, ocorreu uma acentuada diferença com relação ao uso desses espaços para os três grupos: • O Prudenshopping foi indicado por 50,0% das 90 respostas do primeiro grupo; 42,7% das 103 respostas para o segundo grupo e por, apenas, 31,0% das 58 respostas do terceiro grupo. • O Centro foi indicado por 24,4% das respostas do primeiro grupo; 25,2% das respostas do segundo grupo e, de maneira mais expressiva, 43,1% das respostas do terceiro grupo. • Por sua vez, o Shopping Americanas foi indicado por 20,0% das respostas do primeiro grupo; 23,3% das respostas do segundo grupo e, de apenas, 12,1% das respostas do terceiro grupo. Os espaços auto-segregados e a cidade 148 Os espaços auto-segregados e a cidade 149 A partir do Mapa 22, e como complemento às observações feitas a partir do Quadro 23, é possível afirmar que o Prudenshopping e, em segundo lugar o Shopping Americanas é utilizado de maneira expressiva para realização de compras para o primeiro e segundo grupo enquanto que o Centro e, em segundo lugar o Prudenshopping são os principais lugares utilizados para a realização de compras do terceiro grupo. Considerando o restante das indicações, podemos afirmar que alguns estabelecimentos comerciais de médio porte utilizados pelos moradores do segundo grupo, estão localizados, sobretudo, ao longo da Avenida Coronel José Soares Marcondes. Para o primeiro grupo esses equipamentos se distribuem, sobretudo, à Oeste do Centro próximos ou defronte às Avenidas Manoel Goulart e Coronel José Soares Marcondes. Por sua vez, equipamentos comerciais de pequeno e médio porte utilizados pelo terceiro grupo estão localizados nas proximidades de alguns de seus respectivos condomínios horizontais bem como no Jardim Paulista, na COHAB e ao longo da Avenida Manoel Goulart. Gráfico 37 – Presidente Prudente: Freqüência das compras realizadas pela Internet (por grupo). Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Para os três grupos, houve concentração de respostas indicativas da realização de compras apenas de maneira esporádica ou que nunca realizam compras via Internet. Contudo, podemos verificar uma diferença na distribuição das freqüências assim dimensionadas: Os espaços auto-segregados e a cidade 150 Para o primeiro grupo, 50,0% e 47,7% das respostas indicaram a freqüência de compras realizadas via Internet, respectivamente de maneira esporádica ou da sua não realização em momento algum. Para ao segundo grupo, o uso esporádico da Internet para a realização de compras se acentua, pois, atinge 67,8% das respostas enquanto que o seu não uso para as compras atinge apenas 30,5%. Isso significa que, em certa medida, os moradores do segundo grupo possuem maior familiaridade com a realização de compras via Internet que os moradores do primeiro grupo. O uso da Internet para a realização de compras pelos moradores do segundo grupo é menos acentuado, pois, apenas 15,9% das respostas indicaram o uso esporádico de compras enquanto que as respostas negativas para compras via Internet foram expressivas, atingindo 79,5% das respostas. Gráfico 38 – Presidente Prudente: Freqüência das compras realizadas por telefone (por grupo). 90 80 70 (%) 60 50 40 30 20 10 0 Grupo 1 Diariamente Três vezes por semana Grupo 2 Uma vez por semana Grupo 3 Esporadicamente Nunca Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Para o primeiro e segundo grupo houve uma acentuada indicação para a não realização de compras via telefone. Para o terceiro grupo o percentual de não realização de compras via telefone foi ainda mais expressivo, atingindo 81,4% das respostas. Os espaços auto-segregados e a cidade 151 Em segundo lugar, a realização de compras de maneira esporádica foi destacada, respectivamente, pelo primeiro e pelo segundo grupo e, de forma menos expressiva, pelo terceiro grupo. 2.7. Considerações sobre o uso e apropriação do espaço urbano Prudentino Com ressalvas feitas ao Mapa 22, o qual foi elaborado a partir de uma pergunta com sugestões para as respostas, é possível levantar algumas considerações gerais sobre os demais mapas no que se refere aos diferentes locais utilizados para as diversas atividades diárias dos sujeitos auto-segregados, quais sejam, mais explicitamente, aquelas baseadas no conjunto de práticas socioespaciais desempenhadas durante o tempo destinado para o lazer, para o trabalho, para os estudos e para o consumo de bens e de serviços. O entorno das áreas habitacionais pesquisadas compareceu como o local mais bem destacado para a realização das mais diversas atividades diárias. Os moradores do primeiro grupo demonstraram ter um alto nível de relacionamento com o seu entorno enquanto que o segundo e o terceiro grupo demonstraram possuir um médio e baixo nível de relacionamento com o entorno de cada um, respectivamente. O Centro compareceu como o segundo local mais destacado para a realização das atividades diárias e foi possível verificar o oposto do que se processa nos entorno de cada loteamento fechado ou condomínio horizontal dos grupos, ou seja, os moradores do terceiro grupo caracterizaram um alto nível de relacionamento com esse respectivo espaço enquanto que os moradores do segundo grupo e, em menor medida, do primeiro grupo, demonstraram um médio nível de relacionamento com o Centro. Contudo, o Centro é o local onde se possibilita o maio nível de encontros e de compartilhamento espacial entre os três grupos, ainda que esses encontros sejam, muitas vezes, baseados em relações hierárquicas, de distinção social e do nãodiálogo entre as diferenças. Os subcentros e os principais eixos viários de Presidente Prudente constituem-se enquanto novas centralidades, em parte, pelos desdobramentos da área central, sobretudo, em função da produção em descontínuo com a malha Os espaços auto-segregados e a cidade 152 urbana, das intencionalidades das legislações urbanísticas (mais explicitamente, da Lei de Zoneamento de Uso e de Ocupação de solo) bem como de novas necessidades impostas pelo circular – o automóvel - contribuindo, portanto, para a formação de uma multicentralidade urbana nos termos propostos por Sposito (2001, 2003). Mais especificamente sobre a constituição da centralidade urbana, Whitacker (2007) ressalta que são os fluxos (muito mais que a localização), os determinantes desse processo, pois: “A dinâmica de concentração e dispersão cria e recria centralidades que irão ocupar e valorar diferentemente e diferencialmente territórios no tecido urbano e na dimensão da rede urbana e se traduzem em segmentação de usos e não usos e na fragmentação socioespacial”. A partir disso, ressaltamos que o conjunto das quatro Avenidas que se entrecruzam no Centro, quais sejam, Avenida Coronel José Soares Marcondes, Avenida Brasil (que proporcionam rápido acesso ao Setor Sul) e as Avenidas Manoel Goulart e Washington Luís (que proporcionam rápido acesso à porção Oeste da malha urbana compacta), bem como às duas Avenidas que circundam o Parque do Povo (Avenida 11 de Maio e Avenida 14 de setembro), somado às respectivas localizações dos loteamentos fechados do primeiro e segundo grupo, constituem-se enquanto principal espaço de circulação dos moradores desses dois grupos que se traduz num “círculo vicioso” dos fluxos (Mapa 39) no qual podemos identificar o acentuado nível de difusão de atividades diárias realizadas ao longo dessas vias bem como em áreas adjacentes a elas. Os moradores do segundo grupo demonstraram um maior nível de localização difusa das atividades diárias realizadas, ou seja, todas aquelas atividades que não têm uma identificação espacial ou referência espacial explícita. Ainda que os deslocamentos diários dos moradores do segundo grupo sejam realizados predominantemente pelo automóvel, são eles que, pela localização de suas moradias (menos integradas à malha urbana compacta), realizam os maiores trajetos e se apropriam do espaço urbano, sobretudo, a malha urbana contínua, num nível mais elevado que o primeiro grupo. Apesar do terceiro grupo indicar um baixo nível de localização difusa das diversas atividades realizadas é esse mesmo grupo que possui um nível elevado de difusão espacial, porém, com explicitação de suas referências espaciais. Isso demonstra um alto nível de apropriação do conjunto do espaço urbano - ainda que Os espaços auto-segregados e a cidade 153 seja necessário um maior tempo para a realização dos deslocamentos e para as atividades dessa apropriação. A distribuição das atividades diárias dos moradores do terceiro grupo dá-se de maneira heterogênea, sobretudo, na malha urbana contínua (com concentração no Centro, no Prudenshopping e no Jardim Paulista) e nos Setores Norte, Oeste (com concentração na COHAB) e Sudeste (com concentração no Conjunto Habitacional Ana Jacinta) de Presidente Prudente. Alguns outros equipamentos urbanos também foram muito indicados para a realização de atividades diárias, como o Prudenshopping e o Parque do Povo, os quais possuem um nível de apropriação considerado alto para o primeiro e um nível considerado médio para o segundo e de médio a baixo para o terceiro grupo. No que se refere à freqüência ao Jardim Bongiovani (sobretudo o seu subcentro) bem como ao Shopping Americanas para a realização das mais diversas atividades diárias, o segundo grupo se destaca demonstrando um alto nível de apropriação dessas respectivas áreas enquanto que o nível de apropriação desses espaços pelo primeiro grupo pode ser considerado médio para o Shopping Americanas e baixo para o Jardim Bongiovani. Por sua vez, o nível de apropriação desses dois espaços (Shopping Americanas e Bongiovani) para o terceiro grupo pode ser considerado baixo ou praticamente inexpressivo. 154 Capítulo III Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 155 3.1. As razões pela opção por espaços auto-segregados Os dados do Gráfico 39 mostram os principais resultados obtidos a partir dos apontamentos dos moradores dos três grupos no que se refere às principais razões que influenciaram na decisão pela mudança para os atuais espaços autosegregados de moradia. Gráfico 39 – Presidente Prudente: Principais razões que determinaram a decisão pela opção de moradia em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). 40 35 30 (%) 25 20 15 10 5 0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Maior segurança Maior tranqüilidade Facilid. de aquis. casa própria Infr. de lazer do condomínio Bom investimento Espaço com acesso controlado Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 As principais razões para justificar a mudança para os espaços autosegregados, quais sejam, respectivamente, “maior segurança” (32,0% das 416 respostas), “maior tranqüilidade” (24,0% das respostas), “facilidade de aquisição da casa própria” (10,8% das respostas), “Infra-estrutura de lazer do condomínio” (9,6% das respostas), “bom investimento” (9,1% das respostas), e, por último, “espaço com acesso controlado” (8,9% das respostas). Essas razões representam 94,4% de um total de 416 respostas ilustrando que foi possível escolher mais de uma razão ou justificativa para essa pergunta. Essas razões foram assim distribuídas: • A razão “maior segurança” foi apontada de maneira expressiva pelos moradores do primeiro e segundo grupo enquanto que para os moradores do terceiro grupo essa indicação foi menos expressiva. Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 156 • Do mesmo modo, a razão “maior tranqüilidade” foi apontada de maneira expressiva pelos moradores do primeiro e segundo grupo enquanto que, para o terceiro grupo esse apontamento foi menor. • Com relação à razão “facilidade de aquisição da casa própria”, esta foi apontada de maneira praticamente inexpressiva pelos moradores do primeiro e segundo grupo, enquanto que, para o terceiro grupo, o número de apontamentos pode ser considerado expressivo. • A razão “infra-estrutura de lazer do condomínio” foi mais expressivamente indicada pelo segundo grupo o que reforça algumas considerações já realizadas por nós sobre o uso mais expressivo das áreas de lazer dos loteamentos fechados nesse respectivo grupo. Para os moradores do primeiro e do terceiro grupo, o percentual para essa razão foi menos significativo. • A razão “bom investimento” foi mais expressivamente indicada pelos moradores do segundo grupo o que pode ter relação, em certa medida, com o período de grande número de mudanças (2001 a 2004) para os loteamentos fechados desse respectivo grupo influenciando processos de especulação imobiliária26. Para os moradores do primeiro grupo esse percentual é menor e é praticamente inexpressivo para os moradores do terceiro grupo. • A razão “espaço com acesso controlado” foi mais expressivamente indicada pelos moradores do primeiro grupo e, em menor medida, para o terceiro grupo. Para os moradores do segundo grupo esse percentual pode ser considerado baixo. Em anúncio 27 (ANEXO J) e, em folder publicitário (ANEXO L) do Residencial Quinta das Flores foi possível verificar algumas das dimensões do processo de supervalorização da segurança que fundamenta parte das vendas dos loteamentos fechados. São destacados vários aspectos que envolvem desde sofisticados equipamentos de videovigilância, ronda controlada por picote eletrônico até vigilância armada. Destaque para a difusão de publicidade via Internet pelo Grupo Encalso a qual enfatiza uma valorização imobiliária da ordem de 226% no período de 2 anos para os lotes do Parque Residencial Damha. Para maiores detalhes, ver: <http://www.sinomar.com.br/da_valorizaram.asp> Acesso em: 03 mar. 2007. 27 Residencial terá total segurança. O Imparcial. 13 mai. 2006. Social. p. 6-C. 26 Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 157 Contudo, a principal razão que fundamenta a existência de espaços autosegregados foi questionada durante as primeiras semanas do mês de março de 200728. Alguns moradores do loteamento fechado Jardim João Paulo II entraram em contato com jornalistas do Jornal Oeste Notícias para denunciar a falta de segurança promovida, sobretudo, pela falta de controle e fiscalização dos funcionários junto à portaria bem como o falho funcionamento da cancela da portaria a qual, o tempo todo, permanecia aberta permitindo a entrada e saída de veículos sem a realização de abordagens ou questionamento junto aos seus condutores. A respectiva equipe de reportagem ressaltou que entrou e saiu do Jardim João Paulo II sem ser abordada. No interior do loteamento fechado puderam verificar alguns dos aspectos do modo de vida desses tipos de ambientes a qual se traduz em “portas e janelas abertas” e “entreabertas” bem como “carros com vidros abertos”. Uma das dimensões da produção da guerra contra a insegurança e dos perigos dos riscos à segurança pessoal foi ressaltado por Bauman (2007, p. 78): A guerra contra a insegurança, e particularmente contra os perigos e os riscos à segurança pessoal, agora é travada dentro da cidade, onde se estabelecem os campos de batalha urbanos e se traçam as linhas de frente. Trincheiras fortemente armadas (acesso intransponíveis) e bunkers (prédios ou complexos fortificados e rigorosamente vigiados) destinados a separar, manter a distância e impedir a entrada de estranhos estão se tornando rapidamente um dos aspectos mais visíveis das cidades contemporâneas – embora assumam muitas formas, e ainda que seus idealizadores façam o possível para misturar suas criações à paisagem da cidade, “normalizando” desse modo o estado de emergência em que seus moradores, viciados em proteção, mas sempre pouco seguros em relação a ela, vivem seu dia-a-dia. A seqüência de Quadros 23, 24 e 25 complementam as observações feitas a partir do Gráfico 41, pois, agrupam as principais razões indicadas por ordem de importância (ordem essa indicada nas respostas dos questionários) com relação à mudança para loteamentos fechados e condomínios horizontais. 28 AFFONSO, Cícero. Moradores denunciam total falta de segurança. Oeste Notícias, 8 Mar. 2007. p. 1.6. Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 158 Quadro 23 – Presidente Prudente: Principais razões, indicadas como primeira ordem de importância, que determinaram a opção pela moradia em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). Primeiro grupo Segundo grupo Terceiro grupo TOTAL Razões Nº % Nº % Nº % Nº % Maior segurança 28 80,0 47 90,4 9 20,9 84 64,6 3 8,6 2 3,8 32 74,4 37 28,5 Maior tranqüilidade 4 11,4 3 5,8 --- --- 7 5,4 Bom investimento --- --- --- --- 2 4,6 2 1,5 Total 35 100,0 52 100,0 43 100,0 130 100,0 Facilidade de aquisição da casa própria Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir do Quadro 23 e com base nas maiores concentrações de resposta, podemos afirmar que os moradores do segundo grupo indicaram como primeira ordem de importância, a razão “maior segurança” de maneira expressiva, perfazendo 90,4% de suas respostas, enquanto que, para o primeiro grupo, essa concentração foi um pouco menor, atingindo 80,0%. Com relação à razão “facilidade de aquisição da casa própria”, mais uma vez, houve uma acentuada indicação pelos moradores do terceiro grupo, atingindo 74,4% de um total de 43 respostas. Quadro 24 – Presidente Prudente: Principais razões, indicadas como segunda ordem de importância, que determinaram a opção pela moradia em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). Primeiro grupo Razões Segundo grupo Terceiro grupo TOTAL Nº % Nº % Nº % Nº % 20 69,0 31 67,4 6 22,2 57 55,9 Maior segurança 5 17,2 4 8,7 16 59,3 25 24,5 Espaço acesso controlado 2 6,9 3 6,5 3 11,1 8 7,8 Bom investimento 2 6,9 4 8,7 --- --- 6 5,9 Infra-estrutura de lazer --- --- 4 8,7 1 3,7 5 4,9 Aumento de renda familiar --- --- --- --- 1 3,7 1 1,0 Total 29 100,0 46 100,0 27 100,0 102 100,0 Maior tranqüilidade Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 159 Com relação às principais indicações como segunda ordem de importância, podemos destacar aquelas dos moradores do primeiro e do segundo grupo, respectivamente, 69,0% e 67,4% que apontaram para a razão “maior tranqüilidade” para a mudança para loteamentos fechados. A razão “maior segurança” (59,3%) bem como a razão “espaço com acesso controlado” (11,1%) comparecem como razões de segunda ordem de importância para a mudança para os condomínios horizontais. Quadro 25 – Presidente Prudente: Principais razões, indicadas como terceira ordem de importância, que determinaram a opção pela moradia em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). Primeiro grupo Razões Segundo grupo Terceiro grupo Nº % Nº % 4 22,2 13 43,3 1 5,5 2 11,1 7 23,3 6 8 44,4 4 13,3 Bom investimento 2 11,1 4 Aumento de renda familiar 2 11,1 Maior segurança --- Maior prestígio social Infra-estrutura de lazer do condomínio Maior tranqüilidade Espaço com acesso controlado Facilidade de aquisição da casa própria Total Nº % TOTAL Nº % 18 27,3 33,3 15 22,7 2 11,1 14 21,2 13,3 2 11,1 8 12,1 1 3,3 1 5,5 4 6,1 --- 1 3,3 2 11,1 3 4,5 --- --- --- --- 2 11,1 2 3,0 --- --- --- --- 2 11,1 2 3,0 18 100,0 30 100,0 18 100,0 66 100,0 Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Com relação às principais razões, indicadas como terceira ordem de importância, podemos considerar os seguintes aspectos: • O segundo grupo indicou, de maneira expressiva, a “infra-estrutura de lazer” do condomínio perfazendo 43,3% das respostas. • O terceiro grupo apontou a razão “maior tranqüilidade” como uma das razões para a mudança para os condomínios horizontais. • Por sua vez, o primeiro grupo indicou, de maneira expressiva, a razão “espaço com acesso controlado”. Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 160 Por meio de uma pergunta aberta, questionamos os moradores sobre os principais aspectos positivos relativos às impressões/mudanças sentidas ao se mudar para espaços auto-segregados. As respostas foram sistematizadas e se encontram no Quadro 26 e podem ser melhor visualizadas no Gráfico 42. Quadro 26 – Presidente Prudente: Principais aspectos positivos levantados sobre as impressões/mudanças sentidas ao se mudar e viver em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). Grupo 1 Aspectos Positivos Grupo 2 Grupo 3 TOTAL Nº % Nº % Nº % Nº % Maior segurança 29 35,4 39 30,7 20 35,1 88 33,6 Maior tranqüilidade 20 24,4 33 26,0 8 14,0 61 23,3 Maior liberdade, sobretudo, para crianças 7 8,5 3 2,4 7 12,3 17 6,5 Sistema de lazer 1 1,2 15 11,8 1 1,7 17 6,5 Bons relacionamentos e entrosamento social 1 1,2 6 4,7 5 8,8 12 4,6 Silêncio 2 2,4 7 5,5 --- --- 9 3,4 Mais espaço e área verde 6 7,3 2 1,6 --- --- 8 3,0 Conforto e comodidade 1 1,2 4 3,1 2 3,5 7 2,7 Sensação de segurança 2 2,4 2 1,6 2 3,5 6 2,3 Maior contato com a natureza 1 1,2 3 2,4 1 1,7 5 1,9 Desejo de morar em casa própria 1 1,2 1 0,8 3 5,3 5 1,9 Maior privacidade com relação à cidade aberta 4 4,9 1 0,8 --- --- 5 1,9 --- --- 3 2,4 1 1,7 4 1,5 Beleza visual 1 1,2 2 1,6 --- --- 3 1,1 Qualidade de vida 1 1,2 2 1,6 --- --- 3 1,1 Boa acessibilidade 1 1,2 --- --- --- --- 1 0,4 Status social 1 1,2 --- --- --- --- 1 0,4 Pedido dos filhos 1 1,2 --- --- --- --- 1 0,4 Presença de prestadores de serviço no local 1 1,2 --- --- --- --- 1 0,4 1 1,2 --- --- --- --- 1 0,4 Longe do centro --- --- 1 0,8 --- --- 1 0,4 Limpeza --- --- 1 0,8 --- --- 1 0,4 Casa térrea --- --- 1 0,8 --- --- 1 0,4 Participação das atividades religiosas --- --- 1 0,8 --- --- 1 0,4 Boa organização --- --- --- --- 1 1,7 1 0,4 Boa infra-estrutura --- --- --- --- 1 1,7 1 0,4 --- --- --- --- 1 1,7 1 0,4 82 100,0 127 100,0 53 100,0 262 100,0 Livre de incômodos e acesso limitado Utilidade para a sociedade por empregar trabalhadores Convivência com pessoas do mesmo nível econômico e intelectual Total Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 161 Gráfico 40 – Presidente Prudente: Principais aspectos positivos levantados sobre as impressões/mudanças sentidas ao se mudar e viver em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). 40 35 30 (%) 25 20 15 10 5 0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Maior segurança Maior tranqüilidade Maior liberdade para crianças Sistema de lazer Bons relacionamentos/intros. social Silêncio Mais espaço e área verde Conforto e comodidade Sensação de segurança Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Em certa medida, os dois principais aspectos positivos levantados pelos moradores auto-segregados, quais sejam, “maior segurança” e “maior tranqüilidade”, já foram contemplados, sobretudo pelas considerações feitas a partir da análise do Gráfico 41. Isso significa que, em certa medida, os aspectos referentes à “segurança” e a “tranqüilidade” permeiam, de forma predominante, (porém, menos acentuado entre os moradores do terceiro grupo) os discursos que justificam o tipo de habitação em espaços auto-segregados. O restante dos principais aspectos positivos destacados é composto dos seguintes aspectos: • “Maior liberdade, sobretudo, para as crianças” (17% de um total de 262 indicações, mais acentuadas para o terceiro grupo e, em seguida, para o primeiro grupo); • “Sistema de lazer” (17% do total de indicações, mais acentuados para o segundo grupo); Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 162 • “Bons relacionamentos e entrosamento social” (4,6% do total de respostas, mais acentuados para o terceiro grupo); • “Silêncio” (3,4% do total de respostas, mais acentuados para o segundo grupo); • “Mais espaço e área verde” (3,0% do total de respostas, mais acentuados para o primeiro grupo); • “Conforto e comodidade” (2,7% do total de respostas, mais acentuados para o segundo grupo); • E, por último dentro os aspectos positivos mais citados, a “sensação de segurança” (2,3% do total de respostas, mais acentuados para o terceiro grupo). Os dados do Quadro 27 bem como do Gráfico 43 indicam os principais aspectos negativos levantados pelos moradores dos loteamentos fechados e condomínios horizontais no que se refere às impressões/mudanças sentidas ao se mudarem para os seus respectivos espaços auto-segregados. Quadro 27 – Presidente Prudente: Principais aspectos negativos levantados sobre as impressões/mudanças sentidas ao se mudar e viver em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). Grupos 1 Aspectos negativos Grupos 2 Grupos 3 TOTAL Nº % Nº % Nº % Nº % Distância do centro e comércios e serviços em geral 7 25,9 20 35,7 5 9,6 32 23,7 Arrogância ou desrespeito por parte de vizinhos 2 7,4 3 5,4 7 13,5 12 8,9 Isolamento social, sobretudo, para crianças 5 18,5 4 7,1 --- --- 9 6,7 2 7,4 2 3,6 4 7,7 8 5,9 1 3,7 3 5,4 4 7,7 8 5,9 --- --- --- --- 7 13,5 7 5,2 1 3,7 4 7,1 --- --- 5 3,7 --- --- --- --- 5 9,6 5 2 7,4 2 3,6 --- --- 4 3,0 --- --- 4 7,1 --- --- 4 3,0 1 3,7 1 1,8 1 1,9 3 2,2 --- --- 3 5,4 --- --- 3 2,2 --- --- --- --- 3 5,1 3 2,2 Desrespeito e divergências quanto às normas estabelecidas e regras de um bom relacionamento Custo do condomínio Tolerar moradores despreparados para a vida coletiva em condomínio Controle na portaria dificultando a entrada de visitas Pouca privacidade Pouco convívio com os vizinhos Dificuldade na contratação de empregadas domésticas Viver dentro de regras ou regulamentos Insuficiência de estabelecimentos comerciais e de serviços nas proximidades Perda parcial da liberdade 3,7 Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 163 Trânsito muito violento no interior do condomínio --- --- 1 1,8 1 1,9 2 1,5 Problemas com animais --- --- --- --- 2 3,4 2 1,5 1 3,7 --- --- --- --- 1 0,7 1 3,7 --- --- --- --- 1 0,7 1 3,7 --- --- --- --- 1 0,7 1 3,7 --- --- --- --- 1 0,7 1 3,7 --- --- --- --- 1 0,7 1 3,7 --- --- --- --- 1 0,7 Segurança frágil --- --- 1 1,8 --- --- 1 0,7 Escassez de transporte escolar --- --- 1 1,8 --- --- 1 0,7 Excesso de exposição --- --- 1 1,8 --- --- 1 0,7 Falta de limpeza --- --- 1 1,8 --- --- 1 0,7 Festas --- --- 1 1,8 --- --- 1 0,7 Concentração de pessoas num mesmo lugar --- --- 1 1,8 --- --- 1 0,7 --- --- 1 1,8 --- --- 1 0,7 --- --- 1 1,8 --- --- 1 0,7 --- --- 1 1,8 --- --- 1 0,7 Conviver com pessoas de diversos níveis culturais --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Inexperiência na administração do condomínio --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Muito vigiado --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Menores dirigindo motocicletas --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Controle no uso da água do condomínio --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Cobrança de valores indevidos --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Frente da casa aberta --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Manutenção precária --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Proibição de mudanças no patrimônio --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Ausência de interfone --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 Horário de ônibus --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 --- --- --- --- 1 1,9 1 0,7 27 100 56 100 52 100 135 100 Ausência da “vida” das ruas da cidade aberta Equívocos sobre a condição econômica necessária para se habitar num loteamento fechado Distância do trabalho Levar e buscar filhos pequenos para atividades “externas” Sensação de insegurança nas ruas fora do condomínio, sobretudo, para os filhos Cobrança diferenciada pelos serviços prestados nas residências dos condomínios Necessidade do uso do automóvel para a maioria das atividades fora do condomínio Setorização em classes socioeconômicas Perda da diversidade social e econômica de um bairro aberto Vias de acesso ao condomínio em péssimas condições Equívocos de moradores da cidade aberta sobre o elevado status socioeconômico dos moradores de condomínio Total Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 164 (%) Gráfico 41 – Presidente Prudente: Principais aspectos negativos levantados sobre as impressões/mudanças sentidas ao se mudar e viver em loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). 40 35 30 25 20 15 10 5 0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Distância do centro e de comércios e serviços em geral Arrogância ou desrespeito por parte de alguns moradores ou vizinhos Isolamento social, sobretudo, para crianças Desrespeito e divergências quanto às normas estabelecidas e regras de um bom relacionamento Custo do condomínio Tolerar moradores despreparados para a vida coletiva em condomínio Controle na portaria dificultando a entrada de visitas Pouca privacidade Pouco convívio com os vizinhos Dificuldade na contratação de empregadas domésticas Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 À distância ao centro e a outras áreas de comércio e de serviço em geral foi o principal aspecto negativo destacado para os três grupos. Atingiu 23,7% de um total de 135 respostas assim distribuídas: 25,9% das 27 respostas dos moradores do primeiro grupo; 35,7% das 56 respostas dos moradores do segundo grupo e de 9,6% das 52 respostas dos moradores do terceiro grupo. O maior percentual dado pelo segundo grupo para esse respectivo aspecto negativo reflete um relativo distanciamento espacial (ou uma acessibilidade prejudicada) com relação às principais áreas nas quais estão localizados os subcentros, centros, ou equipamentos comerciais de grande porte como já demonstrado anteriormente Os moradores auto-segregados apontaram como um dos principais aspectos negativos relativos à mudança para o seu respectivo loteamento fechado ou condomínio, a “arrogância ou o desrespeito por parte de alguns moradores ou vizinhos” na qual recebeu 8,9% do total de respostas obtidas para os três grupos, Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 165 porém, de maneira mais acentuada para o terceiro grupo e para o segundo grupo respectivamente. O “isolamento social, sobretudo para as crianças” foi destacado como um dos principais aspectos negativos apenas para o primeiro (18,5% de suas respostas) e para o segundo grupo em menor medida (7,1% de suas respostas). O quarto aspecto negativo destacado foi "o desrespeito e divergências quanto às normas estabelecidas para a vida coletiva em condomínio”, o qual foi destacado de forma acentuada para o terceiro (7,7%) e para o primeiro grupo (7,4%). O “custo do condomínio” também foi um outro aspecto negativo destacado, sobretudo para os moradores do terceiro (7,7%) e, em seguida, para o segundo grupo (5,4%). Recentemente, saiu matéria publicada em jornal local29, sobre divergências com relação ao considerável aumento do preço cobrado pelo condomínio no Residencial Esmeralda na qual indicava-se que, em fevereiro (mês da primeira fatura) o preço praticado foi de R$ 57,00 e atualmente, vem sendo praticado preços de até R$ 106,00. Após averiguação de técnicos da Caixa Econômica Federal foram constatados alguns pontos de vazamento de água mas que, segundo informações dos respectivos técnicos, os moradores não permitiam o fechamento do registro geral para interromper o vazamento justamente para que não fosse interrompido o fornecimento coletivo de água. “Tolerar moradores despreparados para a vida coletiva em condomínio” foi um dos aspectos negativos destacados apenas entre os moradores do terceiro grupo atingindo 13,5% do total de suas respostas. O “controle na portaria dificultando a entrada de visitas” foi destacado de maneira acentuada entre os moradores do segundo grupo (7,1%). A “pouca privacidade” foi destacada com um dos aspectos negativos para o terceiro grupo na qual atingiu 9,6%. O “pouco convívio com os vizinhos” e a “dificuldade na contratação de empregadas domésticas” foram destacado como aspectos negativos, respectivamente, no primeiro grupo (7,4%) e no segundo grupo (7,1%). De uma maneira geral, vários aspectos negativos se combinam, no caso do terceiro grupo, e expressam conflitos com relação a alguns parâmetros de 29 MUSSOLINI, Carolina. Moradores reclamam de aumento no condomínio. Oeste Notícias, 28 nov. 2007. Local. p. 1.4. Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 166 convivência em espaços condominiais e, que podem ser potencializados, sobretudo, pela escassez de espaço nesses condomínios horizontais promovendo, dentre outros aspectos negativos, baixos níveis de privacidade e um alto índice de confronto. No primeiro grupo, o “isolamento social”, sobretudo o “isolamento social das crianças” bem como o “pouco convívio com os vizinhos” reflete-se em baixos níveis de interações sociais que são processados no interior desses espaços na qual já foi alvo de destaque nas pesquisas de Sobarzo (1999). Os dados do Gráfico 42 demonstram os principais resultados obtidos sobre a avaliação dos moradores auto-segregados a respeito das relações e interações sociais existentes fora dos limites dos muros de seus respectivos locais de moradia, quais sejam, os loteamentos fechados e os condomínios horizontais. Gráfico 42 – Presidente Prudente: Qualificação das relações e interações sociais mais predominantes fora do loteamento fechado (por grupo). 80 Não faço nenhum tipo d e distinção (%) 70 60 In teresses culturais ou h obbies similares 50 Mesmo nível socioecon ômico 40 Padrão de renda similares 30 Mesmo grau de instrução 20 Relacionados à profissão 10 0 Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Socioeconômicamente d esfavorecidos Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Podemos destacar que a opção “não faço nenhum tipo de distinção” foi expressivamente indicada pelos moradores dos três grupos, sobretudo para os moradores do terceiro e do segundo grupo, no que se refere às qualificações das relações e interações sociais predominantes “extra-muros” e foram assim Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 167 distribuídas: 46,4% das qualificações do primeiro; 66,7% das qualificações do segundo e, de forma mais expressiva, 69,4% das qualificações do terceiro grupo. As relações e interações sociais a partir de “interesses culturais ou hobbies similares” foram indicadas por 15,9% das qualificações do primeiro, 19,7% das qualificações do segundo e de apenas 10,2% das qualificações do terceiro grupo. O primeiro grupo indicou, de maneira mais acentuada, as relações e interações sociais baseadas no “mesmo nível socioeconômico” e/ou de “padrão de renda similares” perfazendo 27,5% do total de suas qualificações. Sobre as relações e interações sociais baseadas apenas no “padrão de renda similares” os moradores dos condomínios horizontais do terceiro grupo também se destacam ao atingir um percentual de 10,2% para essa qualificação. (%) Gráfico 43 – Presidente Prudente: Freqüência na realização e/ou participação de reuniões/confraternizações no interior do loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Grupo 1 Grupo 2 Sempre Ás vezes Grupo 3 Nunca Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 Com base nos dados do Gráfico 43, podemos considerar que há certa similaridade entre as freqüências na participação de reuniões ou confraternizações no interior dos loteamentos fechados do primeiro e do segundo grupo. A freqüência na participação de reuniões ou confraternizações no interior dos loteamentos fechados do primeiro grupo por seus respectivos moradores pode ser considerada, predominantemente, de maneira esporádica, pois, atinge 68,7% de suas respostas, enquanto que a indicação de não participação de reuniões ou de confraternizações é de apenas 20,8%. Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 168 No entanto, para os moradores dos loteamentos fechados do segundo grupo, a participação esporádica (57,6%) em reuniões e confraternizações no interior de seus loteamentos fechados, ainda que expressiva, é menor que o primeiro grupo. Além disso, o percentual de não participação é maior, atingindo 25,4% de suas respectivas respostas. Os moradores dos condomínios horizontais do terceiro grupo, em grande medida, também indicaram uma participação em reuniões e confraternizações de maneira esporádica (61,4% de suas respostas). Contudo, 27,3% de suas respostas, indicaram que sempre participam de reuniões ou confraternizações no interior de seus respectivos condomínios, o que aponta para um maior nível de relações e interações sociais deste último grupo em detrimento do primeiro e do segundo grupo. (%) Gráfico 44 – Presidente Prudente: Freqüência na realização e/ou participação de reuniões/confraternizações fora do loteamento fechado ou condomínio horizontal (por grupo). 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Grupo 1 Grupo 2 Sempre Às vezes Grupo 3 Nunca Organização: Clayton F. Dal Pozzo Fonte: Pesquisa de campo - abril a junho de 2007 A partir do Gráfico 44 podemos considerar que, expressivamente, os moradores dos três grupos indicaram a freqüência esporádica em reuniões ou em confraternizações fora de seus respectivos espaços auto-segregados. Contudo, podemos verificar uma pequena diferença entre o primeiro e segundo grupo, pois este indicou uma freqüência em participação de reuniões ou confraternizações um pouco mais expressiva que o primeiro grupo. Perspectivas e rupturas de um novo modo de vida urbano 169 Por sua vez, 28,9% das indicações dos moradores do terceiro grupo indicaram que sempre participam de confraternizações ou reuniões foram de seus condomínios horizontais, ou seja, um percentual maior do que aquele indicado pelos moradores do primeiro grupo e do segundo grupo, quais sejam, respectivamente, 14,6% e 18,6%. 170 Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? A realização da pesquisa com base na qual submetemos a presente monografia à avaliação, para cumprir um dos quesitos para obtenção do grau e Bacharel em Geografia, possibilitou-nos efetuar e registrar uma série de observações relativas às práticas socioespaciais dos moradores de loteamentos fechados e condomínios horizontais de Presidente Prudente. Num esforço de sintetizar esse conjunto de observações e de dados obtidos, elaboramos o mapa 39, que é apresentado nessas considerações finais, para nos auxiliar na resposta à questão que intitula essa última seção da monografia. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 171 Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 172 Pela pesquisa realizada e com base nas análises já apresentadas nesta monografia, verificamos que, do ponto de vista socioeconômico e das morfologia urbana, cuja composição proporciona uma determinada configuração territorial, há uma diferença sutil entre o primeiro e o segundo grupo no que se refere à distribuição espacial dos locais de realização de atividades urbanas pelos moradores das áreas em estudo. No entanto, há uma diferença acentuada entre os resultados obtidos pelas informações oferecidas pelos moradores desses dois grupos com relação àqueles obtidos junto ao terceiro grupo. Um primeiro nível de diferença pode ser notado por meio das formas urbanas, que se traduzem nos padrões arquitetônicos, nos aspectos paisagísticos e na dotação de infra-estruturas que identificam os lugares e permite que se estabeleça, nos termos de Castells (1978), uma forte disparidade entre áreas distintas do espaço urbano no qual a segregação socioespacial, em amplo sentido, se explicita. Uma dessas características pode ser exemplificada pela elevada dimensão de área ocupada por habitação no primeiro e no segundo grupo em detrimento da exigüidade espacial a qual pode contribui para potencializar os conflitos e realimentar a intolerância, entre os moradores do terceiro grupo. Do ponto de vista socioeconômico, no âmbito do qual a educação e a cultura também estão inseridas, o conjunto de práticas socioespaciais distinguem-se entre os grupos, mais uma vez, de maneira sutil entre o primeiro e segundo grupo e com uma diferença mais explícita com relação ao terceiro grupo. Essas respectivas diferenças vão implicar numa determinada configuração territorial no espaço urbano formando isotopias e heterotopias. Como ressalta Lefebvre (1999, p. 45): Denominamos iso-topia um lugar (topos) e o que o envolve (vizinhança, arredores imediatos), isto é, o que faz um mesmo lugar. Se noutra parte existe um lugar homólogo ou análogo, ele entra na isotopia. Entretanto, ao lado do “lugar mesmo”, há o lugar outro, ou o outro lugar. O que o torna outro? Uma diferença que o caracteriza, situando-o (situando-se) em relação ao lugar inicialmente considerado. Trata-se de heterotopia. Além disso: Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 173 “Chamamos de isotopias às partes comparáveis do espaço que se expressam e se lêem (nos planos, nos percursos, nas imagens mais ou menos elaboradas pelos sujeitos) de modo que se possa aproximá-las (LEFEBVRE, 1999, p.120)”. Os diferentes níveis socioeconômicos dos grupos implicam num uso e apropriação diferenciados do espaço urbano. Para o primeiro e segundo grupos, esse uso e apropriação consolidam-se por meio de isotopias, nos termos propostos por Lefebvre (1999), porque suas práticas socioespaciais estão circunscritas, sobretudo, em parcelas do espaço entre as quais se estabelece um alto nível de integração espacial, determinado por um “círculo vicioso” dos fluxos. As isotopias em Presidente Prudente, tomando-as a partir da baseia repetição e homogeneidade das formas urbanas, dos padrões arquitetônicos e dos aspectos paisagísticos circunscrevem-se à área conformada pelo conjunto de seis avenidas principais30 que se articulam e convergem para o Centro proporcionando aos moradores do primeiro e segundo grupo, a consolidação de um espaço fluído pelo elevado nível de acessibilidade aos pontos isotópicos. O terceiro grupo carateriza-se, sobretudo, na dimensão da heterotopia, pois é o “outro lugar e o lugar do outro, ao mesmo tempo excluído e imbricado (LEFEBVRE, 1999, p. 120)”. As práticas socioespaciais desempenhadas pelos moradores do terceiro grupo estão distribuídas, de acordo com o Mapa 39 e, segundo o mapa produzido pelo CEMESPP, entre as áreas de inclusão e de baixa e média exclusão social, pois abrangem não apenas o “cinturão” das isotopias do primeiro e do segundo grupo, mas também, de maneira difusa, varais outras parcelas do espaço urbano, sobretudo, nos setores norte, oeste e sudeste da cidade.. O conjunto dessas práticas proporciona um maior contato com o tecido urbano e a vida que nele se movimenta em sua diversidade. Contudo, as práticas socioespaciais do primeiro e do segundo grupo, quando desempenhadas em setores mais periféricos e/ou pior dotados de meios de consumo coletivo no espaço urbano prudentino, são casuais e esporádicas não Esse conjunto de Avenidas é formado pela Avenida Washington Luís, Avenida Manoel Goulart, Avenida Coronel José Soares Marcondes, Avenida Brasil, bem como a Avenida 11 de Maio e a Avenida 14 de Setembro que margeiam o Parque do Povo 30 Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 174 permitindo que se realize a apreensão, pelos moradores desses loteamentos fechados da tecitura urbana em sua diversidade. O uso expressivo, entre os moradores do primeiro e segundo grupo, do automóvel particular, bem como o acesso aos modernos equipamentos eletrônicos e de difusão da informação e de comunicação, como os telefones celulares, computadores pessoais com conexão via Internet e canais de TV por assinatura, sobretudo, constituem-se meios para a apreensão de fragmentos no tecido urbano. Do ponto de vista subjetivo, os espaços auto-segregados, podendo se incluir entre eles, de certo ponto de vista, outros espaços como os colégios e universidades particulares, clubes privativos e shopping centers, predominantemente utilizados pelos moradores do primeiro e do segundo grupo, são marcados pela valorização da natureza, da cenarização da vida urbana, da tranqüilidade, da distinção social e, sobretudo, pela valorização da segurança ou pela sensação de segurança proporcionada pelo controle e vigilância existentes nesses espaços. As estratégias do marketing imobiliário apropriam-se desses conceitos, bem como de outros elaborados mais recentemente, como “condomínio inteligente” ou a moradia do tipo “resort” (ANEXO D) visando oferecer o novo e a novidade com a intencionalidade de produzir demandas e auferir rendas e lucros decorrentes da venda desses espaços residenciais, sobretudo, considerando os loteamentos fechados do segundo grupo. Em menor medida, porém, com grande significância, a valorização do tempo do lazer enquanto controle do tempo do não-trabalho, o qual também é direcionado para o consumo, também comparece como uma das dimensões e estratégias apropriadas pelo marketing imobiliário para a promoção desses espaços. Os moradores do segundo grupo são os que mais denotam dar importância às atividades relacionadas ao lazer. A partir desse conjunto de fatores temos elementos para avaliar que, do ponto de vista espacial há integração social entre os três grupos, ainda que essa integração social seja permeada por uma sociabilidade segmentada, nos termos apresentados por Sobarzo (2004, 2005), pois, mesmo com a aproximação das diferenças, as relações e interações sociais mais expressivas dão-se de acordo com as escalas de interesse, de condição socioeconômica e, por vezes, segundo relações que são de natureza hierárquica. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 175 Do ponto de vista territorial, a fragmentação socioespacial constitui-se enquanto elemento estruturador de um conjunto de práticas socioespaciais dos sujeitos auto-segregados especialmente entre os moradores do primeiro e do segundo grupo. A análise das práticas socioespaciais, enquanto importante elemento para verificar e caracterizar a fragmentação socioespacial, permitiu identificar um conjunto de atividades diárias envolvendo várias dimensões da vida cotidiana, quais sejam, o tempo destinado ao trabalho, aos estudos, ao ensino e/ou formação bem como a um conjunto de atividades diárias perpassadas durante o tempo destinado para o consumo de bens e de serviços. Nos termos propostos por Janoschka e Glasze (2003), a fragmentação socioespacial constitui-se a partir da redução do contato e da convivência com a diferença mesmo que não abarque todas as dimensões da vida diária acima destacadas. Estabelecendo, como parâmetro de comparação, a fragmentação socioespacial existente nas regiões metropolitanas brasileiras, sobretudo, a Região Metropolitana de São Paulo, o confronto entre a dimensão espacial e territorial produzidas, a partir de um conjunto de práticas socioespaciais dos sujeitos autosegregados de Presidente Prudente, permite-nos concluir que a abrangência da vida urbana dos moradores do terceiro grupo oferece-lhes condições de uma apropriação maior do espaço urbano, .não se caracterizando, para eles, de modo claro, a fragmentação socioespacial. Mais especificamente, para o primeiro e segundo grupo, a fragmentação socioespacial constitui-se, mas provavelmente, em níveis muito mais baixos do que aquela observada em metrópoles. Mesmo que o processo de fragmentação socioespacial em uma cidade média como Presidente Prudente não seja expressivo como aquele observado em espaços metropolitanos, é importante ressaltar que as atuais práticas socioespaciais dos segmentos sociais de alto poder aquisitivo (sobretudo a parcela desse segmento que opta pela auto-segregação) são capazes de produzir uma efetiva separação socioespacial ao propiciarem uma apreensão parcelar do conjunto do espaço urbano. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 176 Esse fato tende a propiciar níveis de controle social (que se traduz pela negação da alteridade e pela negação/afastamento da diferença – prática justificada pela violência, real e potencial, dos espaços urbanos) e a instauração de uma “geopolítica intra-urbana” que se constitui em defesa dos interesses dos segmentos de alto poder aquisitivo em detrimento da cidade, enquanto diversidade e enquanto unidade territorial. Em outras palavras, a fragmentação socioespacial também pode se manifestar através de conseqüências trazidas para o tecido urbano envolvendo duas dimensões básicas da realidade social: • Dimensão simbólica caracterizada pela: insegurança urbana ou sensação dela (BILLARD et al, 2005), estranhamento da cidade (BAUMAN, 2003), qualidade de vida e reafirmação de um determinado status social (CALDEIRA, 2000), redução dos diálogos entre os diferentes segmentos sociais, realimentação da intolerância (CALDEIRA, 2000) e produção de uma “anticidade” (SPOSITO, 2003); da constituição de uma representação diferenciada do que é o espaço urbano (tendo em vista seu esfacelamento enquanto unidade territorial a partir dos processos constitutivos da fragmentação socioespacial). • Dimensão política e prático-sensível, exemplificada por: um planejamento urbano desigual (promovido, sobretudo, pelo desconhecimento da cidade enquanto um bem coletivo) e de uma segregação socioespacial (que se explicita em seu sentido amplo). Essas duas dimensões podem influenciar, em curto e em longo prazo, as ações de agentes produtores do espaço urbano na direção da produção de uma cidade cada vez mais desigual e, portanto, mais injusta, sobretudo para os segmentos sociais de baixo poder aquisitivo. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 177 Apêndice I: Notas sobre algumas etapas do desenvolvimento da pesquisa 1.1. Dados levantados junto ao IBGE No mês de maio de 2007, acessamos o site do IBGE31 e baixamos arquivo compactado de planilhas do Microsoft Excel contendo a “Segunda edição dos agregados por setores censitários dos municípios do Estado de São Paulo”, exceto municípios que compõem a Região Metropolitana de São Paulo - gerada a partir dos microdados do universo do Censo Demográfico 200032. Em seguida, realizamos uma “separação” dos dados referentes ao Município de Presidente Prudente para iniciarmos uma análise dos dados dos setores censitários que compreendam, respectivamente, as áreas de localização dos loteamentos fechados implantados anteriormente à realização do respectivo Censo. Há um detalhamento minucioso sobre informações dos moradores por sexo, idade, características do domicílio, alfabetização, anos de estudo e rendimento que serão utilizados para melhor caracterizar os loteamentos fechados mais bem consolidados em Presidente Prudente. Obtivemos ainda uma cópia digitalizada do mapa da área urbana de Presidente Prudente com a devida delimitação espacial e enumeração dos setores censitários gerados a partir do software “Mapinfo”, a qual foi fornecida pelo CEMESPP33. Além disso, também produzimos uma cópia do mapa digital e realizamos uma conversão do arquivo para ser trabalhado no ambiente “Corel Draw” o qual possui melhores ferramentas para a produção de mapas temáticos. IBGE. Censo Demográfico 2000. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/defaulttab_agregado.shtm> Acesso em: 03 mai. 2007. 32 A coleta do Censo Demográfico 2000 foi realizada por cerca de 200 mil recenseadores e 30 mil supervisores, no período de 1o de agosto a 30 de novembro de 2000, considerando uma proporção amostral de 10% da população para o caso do Município de Presidente Prudente. 33 “Centro de Estudos e de Mapeamento da Exclusão Social para Políticas Públicas” da Faculdade de Ciências e Tecnologia – UNESP. 31 Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 178 1.2. Jornais de circulação regional, nacional e coleta de materiais publicitários Entre abril de 2005 e janeiro de 200634, realizamos pesquisa, fotocópias e catalogação de artigos e reportagens sobre a produção do espaço urbano em cidades médias, grandes e metropolitanas paulistas e de publicidade sobre novos empreendimentos imobiliários, sobretudo, de loteamentos fechados e de condomínios horizontais no Estado de São Paulo, publicados nos dois jornais de maior circulação do Estado35. Este trabalho de pesquisa e catalogação, que compreende o período de 1995 a 2005, também contou com a dedicação de alguns bolsistas anteriores. Grande parte do tempo destinado para a realização desse trabalho ocorreu na sala de jornais da biblioteca da Faculdade de Ciências e Tecnologia / UNESP – Campus de Presidente Prudente. Selecionamos parte desse material, voltado para a produção de loteamentos fechados e de condomínios horizontais no Estado de São Paulo para proceder a análises que forneçam subsídios para o desenvolvimento da temática proposta em nossa pesquisa contemplando algumas ações dos promotores imobiliários e de alguns fenômenos que registram algumas causas da fuga da metrópole como o “refúgio contra estresse36”, e “a busca por melhor qualidade de vida37”. Observa-se que o registro de alguns impactos negativos da proliferação e das grandes dimensões dos loteamentos fechados como, por exemplo, o “o retalhamento das cidades”38, além de temas consagrados como a insegurança e o medo da violência que podem influenciar no aumento da demanda por habitações em loteamentos fechados. Para uma abordagem mais local sobre a produção de loteamentos fechados e de condomínios horizontais de Presidente Prudente, realizamos pesquisa nãosistemática em jornais de circulação regional (O imparcial e Oeste Notícias), disponibilizados pela biblioteca da FCT-UNESP, além de pesquisas de páginas Período inicial de vigência de nossa Bolsa CNPq/IC. Trabalho realizado com os jornais “O Estado de S. Paulo” e “Folha de S. Paulo” compreendendo as publicações diárias do ano de 2005. 36 GLAUBER, William. Campo vira refúgio contra estresse. O Estado de S. Paulo, 24 abr. 2005. Oportunidades. p. 6. 37 Busca por melhor qualidade de vida faz o sucesso de casas em condomínios fechados. O Estado de S. Paulo, 14 mai. 2005. 1º Caderno. p. 21. 38 TOMAZELA, José Maria. Muros retalham as cidades. Adianta? O Estado de S. Paulo, 07 ago. 2005. Cidades. p. 6. 34 35 Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 179 publicadas na Internet (de conteúdo publicitário e/ou jornalístico). Também procedemos à coleta de “folders”, durante realização de trabalhos de campo. Essa etapa do trabalho foi realizada de maneira difusa ao longo do período a que se refere o relatório e alguns materiais foram coletados ainda na fase de elaboração do projeto de pesquisa. A análise desse material jornalístico e publicitário, para o âmbito local, forneceu elementos para identificar parte da esfera conceitual cotidianamente utilizada por diferentes agentes direta ou indiretamente envolvidos na produção e reprodução dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais. Além disso, ofereceu elementos para se abordar aspectos relativos a equipamentos e sistema de segurança, impactos ambientais urbanos39, técnicas eco-urbanísticas40, ênfase sobre localização e formas de pagamento e entrega de novos empreendimentos41. Por fim, ressaltamos a inserção de novos empreendedores imobiliários como o caso do ex-presidente da Kodak Lar Sul, Junji Yamamoto, que no ano de 2006 lançou publicidade sobre o lançamento do Residencial Quinta das Flores42, ou do Grupo Matsuda, que atua, sobretudo, na produção de sementes para pastagens, e diversificou seu ramo de atividade lançando o Residencial Portinari. 1.3. Prefeitura Municipal, Câmara Municipal e Site oficial do Município de Presidente Prudente Durante o ano de 2006 e primeiro trimestre de 2007, realizamos visitas à Prefeitura Municipal, à Secretaria Municipal de Planejamento, Desenvolvimento Devido às obras de terraplanagem de um novo loteamento próximo (Residencial São Sebastião) e fortes chuvas ocorridas no dia 03 de janeiro de 2007 provocou um grande escoamento de lama para o interior do Residencial Primavera causando grandes transtornos para os moradores. Para saber mais ver reportagem intitulada “Lama invade rua do Residencial Primavera”. Disponível em <http://200.213.164.130/site/presidenteprudente-ver.php?codigo=1617> Acesso em: 11 jan. 2007. 39 Para os novos loteamentos fechados e, especificamente, para o caso do Residencial Saint Moritz, são incorporados novos conceitos sobre questões ambientais para estimular as vendas como, por exemplo, a valorização da área verde, de micro-clima favorável e implantação de caixa de captação de águas pluviais. Para saber mais ver publicidade disponível nos sites <http://www.sinomar.com.br/coluna131105.asp> e <http://www.sinomar.com.br/coluna111105.asp> com acesso em: 12/09/2006. 41 Foi publicada notícia sobre entrega do Residencial Esmeralda ocorrido em Janeiro de 2007 onde se divulga alguns detalhes do empreendimento. Notícia disponível em: <http://www.prudensite.com.br/noticias_dentro.asp?codigo=1115> Acesso em: 12 fev. 2007. 40 42 Publicidade disponível no site: <http://www2.uol.com.br/oimparcial/ca07.htm> Acesso em: 07 dez. 2006. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 180 Urbano e Habitação (SEPLAN), a Câmara Municipal, além de termos acessado o site oficial do Município de Presidente Prudente. A finalidade desse trabalho consistiu em levantar o maior número de informações possíveis sobre os condomínios horizontais e os loteamentos fechados implantados em Presidente Prudente. Foi dada ênfase ao levantamento de informações dos loteamentos fechados implantados a partir do ano 2000 e de todos os condomínios horizontais (cuja aprovação do primeiro condomínio se realizou no ano de 2003). Esse procedimento justifica-se porque, em pesquisa anterior, Sobarzo (1999) já havia levantado minuciosas informações sobre os loteamentos fechados que foram implantados anteriormente ao ano 2000. A agregação do conjunto de dados de fontes primárias e secundárias sobre os loteamentos fechados e condomínios horizontais de Presidente Prudente resultou, inicialmente, na elaboração de uma tabela-síntese e de mapas temáticos que foram objetos de nossa análise. Com o auxílio da tabela-síntese foi possível elaborar gráficos e análises comparativas entre essas duas modalidades habitacionais. Antes de detalhar as informações levantadas registramos agradecimento ao apoio e à atenção concedidos pelos funcionários da SEPLAN, Barbosa e Fernando43, Alexandre44 e de uma forma geral, ao funcionário Galindo e a então funcionária da Câmara Municipal, Fernanda Corrêa Silva, que intermediaram o levantamento de dados mais complexos para a pesquisa. Essas atividades se iniciaram a partir do segundo trimestre de 2006 quando, primeiramente, visitamos a Prefeitura Municipal e a SEPLAN onde tomamos conhecimento das etapas burocráticas para o requerimento de informações municipais que consistiam basicamente em: - Cadastro e impressão do boleto da Taxa Tributária sobre Requerimento de informações no respectivo balcão de atendimento para essa finalidade na Prefeitura Municipal. - Pagamento da respectiva taxa tributária, no valor aproximado de R$ 10,00, efetuado no Banco “Nossa Caixa” localizado no prédio da Prefeitura Municipal. 43 44 Responsáveis pelos processos dos condomínios multifamiliares. Responsável pelos processos dos loteamentos fechados. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? - 181 Encaminhamento do boleto que comprova o pagamento da taxa tributária até o balcão de Informações da Prefeitura Municipal. - Confecção e encaminhamento do Requerimento, no nosso caso para a SEPLAN, contendo informações detalhadas sobre o que se pede45. Após o prazo de uma semana, os dados poderiam ser retirados no balcão de informações no caso de não haver maiores problemas quanto ao acesso ou à disponibilidade desses dados. Esses procedimentos foram efetivos para a obtenção de cópias da malha urbana digital de Presidente Prudente do ano de 2005 e dos seguintes projetos: Residencial Jardim Bela Vista, Residencial Beatriz, Golden Village e Residencial Portinari46. Sob a alegação de proteção dos direitos autorais de alguns projetistas, não foi possível obter cópias dos seguintes projetos: Residencial Quinta das Flores, Residencial Esmeralda e Residencial Saint Moritz. Durante a fase de levantamento de informações mais detalhadas sobre os loteamentos fechados e condomínios horizontais, os procedimentos acima descritos mostraram-se incapazes de dar respostas adequadas às nossas expectativas. Essa dificuldade inicial possibilitou um maior contato com os funcionários da SEPLAN, onde tivemos a oportunidade de esclarecer os objetivos de nossa pesquisa e a importância do levantamento dos dados para a sua realização. Com isso, obtivemos acesso direto aos respectivos Processos dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais que consistiam em “pastas” com todas as documentações referentes à fase de aprovação desses empreendimentos. Os processos dos empreendimentos mais recentemente aprovados ainda se encontravam na SEPLAN. O funcionário Galindo localizou-os e cedeu um espaço para que pudéssemos consultá-los. O funcionário Galindo ainda realizou pesquisas nos computadores da SEPLAN para identificar a localização do restante dos Processos que já se encontravam no “arquivo morto” da Prefeitura Municipal de Presidente Prudente. 45 46 Para cópias de documentos digitais, havia a necessidade de anexar um CD-ROM virgem. Esses projetos foram disponibilizados em formato digital e para utilização com o Software AutoCad. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 182 Em momento posterior, após tomarmos conhecimento da disponibilidade desse material na SEPLAN, foi possível consultá-los para obter acesso às informações nele contidas. As informações referentes ao número de unidades habitacionais cadastradas junto à Prefeitura Municipal até o mês de abril de 2006 e o tamanho médio (em metros quadrados) das habitações por loteamento fechado, foram obtidas com a colaboração da então funcionária da Câmara Municipal, Fernanda Corrêa Silva e do Vereador José Caetano da Silva. Um dos resultados dessa fase de levantamento de informações pode ser exemplificado pelo “projeto de remodelação de quadras” (aprovado em 2002) da área, inicialmente reservada, para a produção de um “centro comercial” idealizado pela AD Empreendimentos. Um dos documentos anexados ao projeto revela que, diante da inviabilidade da implantação do respectivo centro comercial, a saída encontrada foi produzir o loteamento fechado denominado “Residencial Beatriz”. Através do site oficial da Prefeitura Municipal de Presidente Prudente obtivemos acesso as Leis Municipais e ao mapa de Zoneamento Urbano vigente e, mais recentemente, às respectivas propostas de alterações das Leis Municipais com base no projeto do novo Plano Diretor Municipal. Inicialmente, não havíamos proposto realizar uma análise das legislações municipal e federal sobre Parcelamento do Solo Urbano e Condomínio. Entretanto, consideramos importante realizá-la, sem prejuízo ao desenvolvimento do trabalho. Julgamos que esse procedimento pôde trazer importantes contribuições para o entendimento do processo de produção de loteamentos fechados e de condomínios horizontais no Brasil e, mais especificamente, em Presidente Prudente levando em consideração, inclusive, algumas incongruências no que se refere à legalização da modalidade de loteamento fechado na esfera municipal. As referidas leis municipais são as seguintes: - Lei Complementar n.º 28/2003, que institui o Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo; - Lei Complementar n.º 029/96, que institui o Plano Diretor do Município de Presidente Prudente; - Lei complementar n.º 127/2003, que Dispõe sobre o Parcelamento do Solo. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 183 As leis federais, obtidas em sites oficiais do Governo Federal, são as seguintes: - Lei Federal n.º 4.591, de 16/12/1964, que dispõe sobre o Condomínio e dá outras Providências; - Lei Federal n.º 6.766, de 19/12/1979, que dispõe sobre o Parcelamento do Solo urbano e dá outras Providências. Para compreender um dos processos de produção de moradia para os segmentos de média e baixa renda no Brasil, sobretudo, para cidades de mais de 100 mil habitantes, a Lei Federal é a seguinte: - Lei Federal n.º 10.188, de 12/02/2001, que cria o Programa de Arrendamento Residencial, institui o arrendamento residencial com opção de compra e dá outras providências. Lembrando que essa última lei contribuiu para a implantação de dois Condomínios horizontais em Presidente Prudente - Residencial Bela Vista e Residencial Esmeralda - além de algumas modalidades habitacionais do tipo “blocos de apartamentos”. Um dos resultados parciais de nossa pesquisa refere-se à identificação, dentro da nova proposta de Lei de Parcelamento do Solo do Município de Presidente Prudente, de mais um requisito para a implantação de loteamentos fechados: a criação de associações de moradores. Isso pode ter repercutido junto a SECOVI - SP47 sobre a possibilidade de implantar um de seus escritórios em Presidente Prudente para a prestação de serviços de assistência técnico-jurídica nessa região48. O mapa de Zoneamento Urbano de Presidente Prudente, baseado na Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação de Solo, se mostrou uma importante ferramenta para a compreensão dos processos de produção de novas centralidades na qual poderão resultar na publicação de artigos já que uma análise mais pormenorizada do uso do solo urbano no entorno dos loteamentos fechados e condomínios horizontais, ainda que tenha sido realizado por nós, não se incluiu na presente monografia. Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo. Essa informação nos foi concedida durante entrevista não-diretiva com uma moradora do Parque Residencial Damha que atua junto a uma imobiliária em Presidente Prudente. 47 48 Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 184 1.4. Elaboração de representações cartográficas do fenômeno estudado A partir dos dados primários e secundários levantados, da cópia da malha urbana digital de Presidente Prudente e da aplicação da técnica de “determinação de classes por pares recíprocos”, foi possível elaborar uma série de representações cartográficas fenômeno estudado. O primeiro procedimento consistiu em converter uma cópia da malha urbana, originalmente, do formato AutoCad, para o formato Corel Draw49. Após a conversão, foi realizada uma “limpeza” na malha urbana para retirar todas as informações não necessárias a nossa representação. Com base na Dissertação de Mestrado de Sobarzo (1999) e de novas informações levantadas por nós, delimitamos a área dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais na respectiva malha urbana. As áreas onde se localizam os Shopping Centers, o “Parque do povo”, o quadrilátero central e as principais vias também foram delimitadas por se caracterizarem como importantes elementos de referência para o desenvolvimento de nossa pesquisa. Para finalizar o trabalho, aplicamos a técnica de “Determinação de classes por pares recíprocos”, apresentada e demonstrada durante reunião com nossa orientadora, que consiste em agrupar os dados em intervalos não eqüitativos, destacando tendências e desvios das tendências e com um nível seguro de perda de detalhes. 1.5. Cartas aos moradores de loteamentos fechados e de condomínios multifamiliares horizontais Durante o mês de março de 2006, elaboramos carta de apresentação (ANEXO A) para ser encaminhada, após a devida autorização dos síndicos ou administradores, aos moradores dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais. 49 Software na qual já havíamos adquirido certa experiência por inúmeros trabalhos realizados anteriormente. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 185 A carta de apresentação consistiu em informar, de forma sucinta, os objetivos de nossa pesquisa, oferecer algumas orientações para o preenchimento e encaminhamento do questionário que seguia em anexo, além de alguns procedimentos para garantir o sigilo das informações prestadas. No início de maio, produzimos uma carta de apresentação “personalizada” para ser encaminhada junto aos moradores do Central Park Residence após ser negada, pela Diretoria do respectivo loteamento fechado, a possibilidade de encaminhar os questionários pessoalmente, seja durante entrada ou saída dos moradores pela portaria ou pelos funcionários do loteamento fechado. Nesse caso, a saída encontrada foi encaminhar a carta de apresentação e o questionário da pesquisa utilizando o serviço dos Correios. 1.6. Questionários Durante o mês de fevereiro e março de 2007, elaboramos questionários (ANEXO B) para ser aplicado junto aos moradores dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais de Presidente Prudente. Como um dos objetivos de nossa pesquisa foi estabelecer uma análise comparativa entre esses dois tipos habitacionais (loteamentos fechados e condomínios horizontais), as etapas realizadas foram as seguintes: 1º) elaboração de um primeiro questionário pensando na realidade dos loteamentos fechados; 2º) a partir desse primeiro questionário, conservamos a mesma estrutura e fizemos, apenas, algumas adaptações necessárias, sobretudo, socioeconômicas, para a elaboração do questionário voltado para os condomínios horizontais. As correções realizadas e contribuições de nossa orientadora visaram, sobretudo: - Descarte de perguntas pouco relevantes para a pesquisa; - Redação clara e sucinta das perguntas; - Orientações para o preenchimento; - Reordenamento das questões e dos blocos de questões. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 186 Analisamos três modelos de questionários que serviram como “orientadores” para a elaboração do questionário de nossa pesquisa: o questionário de Sobarzo (1999); de Oliveira e Sposito (2005), que pesquisaram sobre a produção de condomínios ribeirinhos em Buritama - SP e o questionário de Jesus (2005) que desenvolveu pesquisa sobre o loteamento popular Jardim Humberto Salvador, localizado no setor norte de Presidente Prudente. Algumas perguntas, de interesse de nossa pesquisa, foram aproveitadas e devidamente readequadas. Além disso, inserimos uma série de outras perguntas que faziam parte de nossas indagações e questionamentos durante elaboração do projeto de pesquisa e, mais detidamente, durante fase de elaboração e correção do próprio questionário. Durante a fase de teste do questionário, a qual realizamos junto a uma das moradoras do Jardim João Paulo II, foi possível identificar e rever a redação de algumas perguntas consideradas “confusas”, além da inclusão de alguns itens de múltipla escolha para facilitar a obtenção das respostas. Detectamos um tempo aproximado de preenchimento de dez minutos. O questionário ficou composto por dez blocos de perguntas, objetivando levantar uma série de informações referentes ao: - Perfil socioeconômico; - Local, tipo e situação da moradia anterior; - Acessibilidade e localização dos principais locais utilizados para consumo de bens e serviços, lazer, educação básica, ensino superior, trabalho e moradia; - Infra-estrutura interna e de serviços públicos oferecidos; - Atividades realizadas durante o tempo livre/lazer; - Atividades educativo-recreativas; - Principais meios de locomoção utilizados e tempo dos deslocamentos; - Deficiência ou insuficiência de equipamentos comerciais e de serviços no entorno dos empreendimentos; - Principais motivações para morar em loteamento fechado ou condomínio horizontal; - Pontos positivos e negativos da mudança para um loteamento fechado ou condomínio horizontal e, por fim; - Breve análise das relações e interações sociais “intra” e “extra-muros”. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 187 Para finalizar, consideramos importante incluir um espaço no questionário, onde os moradores interessados pudessem inserir um endereço eletrônico para receber os resultados conclusivos da pesquisa que estamos realizando. 1.7. Planilha para o levantamento do uso do solo urbano e elaboração de mapas ampliados Durante o segundo semestre de 2006, com base nos dados levantados em trabalho de campo pelo bacharelando Danilo de Souza Marques (o qual desenvolveu pesquisa intitulada “Presidente Prudente: eixos de concentração de atividades comerciais e de serviços”), elaboramos um mapa temático sobre o Uso do Solo Urbano das vias marginais da Rodovia Raposo Tavares em Presidente Prudente para a sua referida pesquisa. Para a elaboração do mapa, obtivemos acesso a uma série de planilhas e de mapas ampliados da rodovia com as respectivas informações e localizações de empresas de diferentes ramos, residências, terrenos vazios e de prédios desativados. Esse primeiro contato com os procedimentos metodológicos para o Levantamento do Uso do Solo Urbano contribuiu para iniciarmos a realização de uma de nossas propostas qual seja a de verificar a produção de novas centralidades e sua correlação com a produção de loteamentos fechados. Para a elaboração da “ficha”, que utilizamos para o Levantamento do Uso do Solo Urbano (ANEXO C) do entorno dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais tomamos como base, a planilha elaborada para a pesquisa de Marques e realizamos apenas algumas adaptações necessárias. Cada ficha continha uma série de campos para a coleta de informações correspondente ao número no mapa, número do prédio, nome da instituição ou estabelecimento, ramo ou tipo de atividade, número de pavimentos, ano de implantação e observações. Essas fichas foram utilizadas juntamente com os mapas ampliados que produzimos e imprimimos, em folhas tamanho A3, através do software Corel Draw e da manipulação da respectiva malha urbana digital de Presidente Prudente. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 188 Esses mapas ampliados referem-se a uma série de recortes que realizamos que visaram abranger o entorno dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais considerando um raio não inferior a quinhentos metros a partir da portaria dos respectivos empreendimentos. Ressaltamos mais uma vez que, embora não tenha sido publicado os resultados desse levantamento de dados, consideramos importante manter a descrição dessa etapa da pesquisa objetivando colaborar com o desenvolvimento de pesquisas futuras sobre o tema. 1.8. Aplicação de questionários e registros fotográficos Concluída a fase de elaboração dos questionários e da carta de apresentação, realizamos visitas junto às portarias dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais. Durante conversas com os funcionários das respectivas portarias (após a nossa devida apresentação e informação dos motivos da nossa visita), levantamos informações que contemplassem o nome e o número do telefone dos síndicos, administradores ou membros da comissão fiscal dos empreendimentos e o número de casas habitadas e/ou em processo de construção. Detectamos que havia três loteamentos fechados (Residencial Beatriz, Residencial Quinta das Flores e Residencial Portinari) que não poderiam ser incluídos nessa etapa da pesquisa por ainda não haver moradores, apesar de existirem algumas casas concluídas e várias outras casas em processo de construção. Produzimos dez cópias da carta de apresentação devidamente assinadas e dez cópias de questionários sendo seis cópias de questionários referentes aos loteamentos fechados (Jardim João Paulo II, Central Park Residence, Jardim Morumbi, Golden Village, Parque Residencial Damha e Parque Residencial Damha II) e quatro cópias de questionários referentes aos condomínios horizontais (Jardim Bela Vista, Residencial Primavera, Residencial Esmeralda e Residencial Saint Moritz). Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 189 Essas cópias foram acondicionadas em envelopes50 com o timbre da UNESP e, posteriormente, encaminhadas aos responsáveis pela administração dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais, para apreciação. Primeiramente, encaminhamos os envelopes com as devidas cópias para os síndicos e administradores dos loteamentos fechados. No mesmo dia, entramos em contato (pessoalmente ou por telefone) para esclarecer os objetivos da pesquisa e a importância da aplicação dos questionários junto aos moradores. Aproveitamos esse momento para agendar uma data para obter um posicionamento referente à autorização para aplicação. Após o prazo de uma semana, obtivemos resposta favorável para a aplicação dos questionários junto aos moradores dos loteamentos fechados, exceto, para os moradores do Central Park Residence, cuja reunião da respectiva Diretoria negou nosso pedido de entrega dos questionários para serem respondidos pelos moradores, alegando que essa decisão visou “proteger os interesses deles”, além de se evitar eventuais “incômodos”. Para o Residencial Saint Moritz, o procedimento utilizado foi similar àqueles empregados para os loteamentos fechados na qual, após análise do questionário e autorização do empreendedor Orlando Cilla, também foi possível encaminhar os respectivos questionários para os moradores. No que se refere ao pedido de autorização para aplicação dos questionários junto aos moradores dos condomínios horizontais, exceto, do Residencial Saint Moritz, entramos em contato com o Gerente Regional de Marketing da Caixa Econômica Federal (Edilson Teixeira França), com o síndico do Residencial Primavera (Cláudio), com um dos membros da comissão fiscal que auxilia na administração do Residencial Bela Vista e com a Imobiliária Lalucy (representada pelo funcionário Marcos) que administra diretamente o Residencial Bela Vista e o Residencial Esmeralda. Após a apresentação dos objetivos de nossa pesquisa e a análise do conteúdo do questionário, foi-nos concedida, sem maiores objeções, autorização para o encaminhamento e aplicação dos respectivos questionários junto aos moradores. 50 Fornecidos pelo Departamento de Geografia da FCT-UNESP – Campus de Presidente Prudente. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 190 A partir dos dados fornecidos por funcionários da portaria, síndicos e administradores, levantamos um número aproximado de casas ocupadas para a confecção de uma quantidade suficiente de questionários e de cartas de apresentação. Reproduzimos um total de 1098 cópias de questionários e de cartas de apresentação, quais sejam 743 cópias para os moradores dos loteamentos fechados e 355 cópias para os moradores dos condomínios horizontais. O documento consistiu em uma carta de apresentação seguido de mais três páginas de questionários que foram grampeados, dobrados e acondicionado em envelope do tipo ofício, não lacrados, e encaminhados aos moradores até o dia 05 de abril de 2007, assim distribuídos: - Jardim Morumbi (50 cópias); - Jardim João Paulo II (130 cópias); - Parque Residencial Damha (400 cópias); - Parque Residencial Damha II (150 cópias); - Golden Village (13 cópias); - Residencial Saint Moritz (16 cópias); - Jardim Bela Vista (175 cópias); - Residencial Primavera (72 cópias); - Residencial Esmeralda (92 cópias). Por determinação do síndico do Parque Residencial Damha e, com a colaboração do estudante de Geografia Washigton Lincon da Costa, os envelopes foram entregues, pessoalmente, no momento de entrada e saída dos moradores do respectivo loteamento fechado. Essa atividade teve início às 12h00min e terminou por volta das 14h30min quando finalizamos a entrega de quatrocentos envelopes previamente preparados para o respectivo empreendimento. Para esse caso, devemos levar em consideração que podem ter ocorridos casos em que foram entregues mais de um questionário por residência já que não foi possível realizar um controle rígido durante o momento da entrega. Contudo, como não é possível determinar com precisão o número de questionários duplicados, consideraremos, para efeito de contabilização, o total de quatrocentos questionários entregues. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 191 No Residencial Bela Vista, o Residencial Esmeralda e o Residencial Primavera foi permitido o nosso acesso às residências para a entrega dos envelopes de casa em casa. No Jardim Morumbi e Golden Village, os envelopes foram entregues pelos funcionários da portaria durante entrada e saída dos moradores. No Jardim João Paulo II, Parque Residencial Damha II e Residencial Saint Moritz, os questionários foram entregues por funcionários que realizam a separação e distribuição das correspondências e de comunicados para os moradores. Realizamos a primeira coleta dos questionários respondidos no dia 12 de abril de 2007 e obtivemos um total de 106 respostas assim distribuídas: - Jardim Morumbi (6 questionários); - Jardim João Paulo II (18 questionários); - Parque Residencial Damha (41 questionários); - Parque Residencial Damha II (13 questionários); - Golden Village (3 questionários); - Residencial Saint Moritz (2 questionários); - Residencial Primavera (7 questionários); - Residencial Esmeralda (5 questionários); - Jardim Bela Vista (11 questionários). Durante a segunda coleta, realizada no dia 23 de abril de 2007, obtivemos um total de 8 respostas, assim distribuídas: - Jardim Morumbi (2 questionários); - Parque Residencial Damha (1 questionário); - Parque Residencial Damha II (1 questionário); - Residencial Primavera (3 questionários); - Residencial Esmeralda (1 questionário). Os resultados obtidos com a segunda coleta ficaram bem abaixo do número esperado. A saída que encontramos para obter resultados um pouco mais satisfatórios foi elaborar cartazes no tamanho A3 e pequenos comunicados informando, sucintamente, sobre a realização de mais uma coleta de questionários, no qual estipulamos uma data limite para a respectiva entrega, sendo que para tal deveriam ser encaminhados os questionários respondidos até a portaria do loteamento fechado ou do condomínio horizontal. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? Após obtermos as autorizações necessárias junto 192 aos síndicos e administradores, realizamos as seguintes atividades que foram aprovadas: - No Jardim João Paulo II e o Residencial Saint Moritz foram distribuídos pequenos comunicados; - No Jardim Bela Vista, Residencial Esmeralda, Residencial Primavera, Jardim Morumbi, Parque Residencial Damha e Parque Residencial Damha II foram afixados cartazes, com o auxílio ou o acompanhamento de funcionários das respectivas portarias, em local bem visível; - No Golden Village, o funcionário Agnaldo comprometeu-se em comunicar, pessoalmente, os moradores sobre a realização da próxima coleta. Essas atividades foram realizadas entre os dias 27 e 30 de abril de 2007, o que consideramos como uma terceira coleta, da qual obtivemos três questionários respondidos, assim distribuídos: - Jardim Morumbi (1 questionário); - Residencial Primavera (2 questionários). No dia 08 de maio de 2007, realizamos uma quarta coleta, um dia após a data final para entrega que estipulamos aos moradores, na qual obtivemos um total de 16 questionários respondidos, assim distribuídos: - Jardim Morumbi (2 questionários); - Residencial Saint Moritz (2 questionários); - Jardim Bela Vista (8 questionários); - Residencial Esmeralda (4 questionários). Contudo, os resultados de nossa amostragem (se considerarmos nossa população como resultante da soma dos moradores dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais) são considerados bem abaixo do mínimo necessário para representar, efetivamente, o fenômeno estudado. Segundo tabela elaborada por Krejcie e Morgan51 (1970, p. 608 apud GERARDI e SILVA, 1981, p. 20) o número ideal de indivíduos que deveriam compor nossa amostra seria de, aproximadamente, 284 indivíduos para uma população de 1100, o que resultaria em um retorno de, no mínimo, 25,8% de unidades amostrais. KREJCIE, R. V; MORGAN, D. W. Determining sample size for research activities. Educational and Psychological Measurement. 30(3): 607-610. 1970. 51 Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 193 Se os aspectos quantitativos das informações levantadas durante a aplicação do questionário ficam prejudicados, o mesmo não ocorre na mesma intensidade se considerarmos os aspectos qualitativos, nos quais serão alvos de nossa análise durante as próximas etapas de nossa pesquisa. Apenas para efeito de justificativa, sem, no entanto, nos eximirmos das responsabilidades dos resultados obtidos, não foi possível obter uma plena autonomia para selecionar uma quantidade suficiente de unidades amostrais devido à natureza de nosso objeto de pesquisa (espaços residenciais fechados e com acesso controlado) e do caráter facultativo do preenchimento do questionário. Outras justificativas que consideramos pertinentes e que podem estar relacionadas com o baixo retorno dos questionários respondidos se referem ao caráter extenso do questionário (10 blocos de questões totalizando 65 perguntas), que podem gerar ou potencializar certo desinteresse já existente. Além disso, alguns fatos, mesmo parecendo banais, podem ter peso decisivo para a não entrega dos questionários. Pode ser citado, por exemplo, o desinteresse na simples entrega dos questionários junto à portaria, pois essa tarefa envolve uma série de procedimentos como: parar na cancela destinado aos visitantes, abrir a janela do veículo e, em seguida, esticar o braço para entregar o respectivo questionário para algum funcionário da portaria ou, por outra hipótese, ter que estacionar o veículo em um local que não atrapalhe a passagem de outros automóveis, descer do veículo e, em seguida, caminhar em direção a algum funcionário da portaria para entregar o questionário. No entanto, os resultados obtidos contribuíram para darmos a devida importância sobre alguns procedimentos que podem ser adotados em pesquisas futuras, inclusive, alguns desses procedimentos já estão sendo adotados para o encaminhamento de questionários junto aos moradores do Central Park Residence. Um primeiro procedimento se refere à elaboração de um questionário sucinto, limitando o número de perguntas sem, no entanto, descartar as perguntas fundamentais que vão orientar o desenvolvimento da pesquisa. Um segundo procedimento se refere à obtenção de um maior respaldo dos questionários através da utilização, após a devida autorização, dos nomes dos síndicos ou dos administradores na carta de apresentação. Se possível ambos os Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 194 instrumentos de pesquisa devem ser personalizados para cada um dos empreendimentos imobiliários pesquisados. Os envelopes devem conter remetentes e destinatários para facilitar a sua rápida identificação e estabelecer uma espécie de “compromisso” com um indivíduo específico de cada residência. Além disso, o remetente pode fornecer elementos para estabelecer um canal de comunicação entre “pesquisador-pesquisado” para esclarecer eventuais dúvidas. Se possível, os envelopes devem conter os logotipos das instituições à qual o pesquisador se encontra vinculados para aumentar o nível de credibilidade do material de pesquisa. Por último, o pesquisador pode ainda fornecer uma segunda alternativa para a entrega dos questionários devidamente preenchidos, qual seja, via agências dos correios ou caixa de coleta dos correios de preferência do morador. No entanto, deve-se levar em consideração que esse procedimento poderá elevar significativamente os custos para a sua aplicação considerando os gastos com envelopes adicionais e com selos. Obtivemos acesso a um total de 180 nomes e endereços de moradores do Central Park Residence utilizando lista telefônica do Município de Presidente Prudente, disponível no GAsPERR e, a partir dessas informações, elaboramos um catálogo com os respectivos nomes e endereços utilizando o Software Microsoft Word. Para encaminharmos os questionários e garantir a possibilidade de retorno das respostas junto aos moradores, realizamos uma série de procedimentos que consistiram em: - Pedido de 180 envelopes com o logotipo da UNESP junto ao Departamento de Geografia os quais foram fornecidos no prazo de uma semana. - Produção de 180 cópias de questionários e de cartas de apresentação personalizados para o Central Park Residence. - Compra de 180 envelopes comuns para devolução dos questionários respondidos. - Aquisição de um número suficiente de selos para garantir, via correio, o envio dos questionários e o recebimento das respostas. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? - 195 Impressão de destinatários nos envelopes com o logotipo da UNESP com base no catálogo de endereços dos moradores do Central Park Residence. - Impressão de um destinatário conhecido nos envelopes comuns para o recebimento das respostas. - Fixação dos selos nos envelopes encaminhados, inclusive no envelope de resposta. - Acondicionamento dos envelopes de respostas bem como as cartas de apresentação e questionários no envelope com o logotipo da UNESP. - Lacre dos envelopes e entrega junto a uma das Agências dos Correios. Esse procedimento adotado justificou-se, como já citado anteriormente, pela negação de nosso pedido para encaminharmos os questionários juntos aos moradores do Central Park Residence. Durante a etapa de aplicação de questionários, pudemos estabelecer relações um pouco mais próximas junto a alguns funcionários, síndicos, administradores e empreendedores dos loteamentos fechados e condomínios horizontais pesquisados permitindo a abertura de possibilidades para a realização de uma das etapas seguintes da pesquisa, qual seja, a realização de uma série de entrevistas junto aos agentes de produção do espaço urbano. O administrador do Parque Residencial Damha II (Normando) e o administrador do Residencial Portinari (Renato) prontificaram-se a dar entrevista. Este último administrador pode servir de elo para a realização de um posterior contato com o empresário Jorge Matsuda (empreendedor do Residencial Portinari). Em última visita ao Residencial Quinta das Flores, para realização de registros fotográficos, entramos em contato com o empreendedor Junji Yamamoto que também nos concedeu oportunidade de realizar entrevista em data ainda a ser marcada. Durante última coleta de questionários junto ao Residencial Saint Moritz entramos em contato com o empreendedor Orlando Cilla que também nos concedeu a oportunidade de realizar entrevista. No dia 08 de maio de 2007, realizamos, concomitantemente com a última coleta de questionários, 173 registros fotográficos dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais após prévio consentimento dos funcionários da portaria. Considerações finais: Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? 196 Concentramo-nos em realizar registros fotográficos que compreendessem a portaria, detalhes da portaria, detalhes dos muros, estabelecimentos comerciais e de serviços mais próximos que foram possíveis de ser fotografados a partir da portaria e de alguns detalhes do interior dos loteamentos fechados e dos condomínios horizontais, nos quais foi nos concedido o acesso52. Os registros fotográficos realizados durante o desenvolvimento da pesquisa, servirão não apenas como ilustração, mas também como alvo de nossas considerações. Pudemos fotografar o interior dos loteamentos fechados Residencial Portinari, Residencial Quinta das Flores, Residencial Beatriz e Golden Village, além dos condomínios horizontais Jardim Bela Vista, Residencial Esmeralda e Residencial Saint Moritz. 52 197 Referências AGUILERA, Alfonso Valenzuela. Límites, segregación y control social del espacio. Ciudades. Puebla (México): Red Nacional de Investigación Urbana, n. 59, jul.-set. 2003, p. 44-48. ANDRADE, Luciana Teixeira de. Os condomínios fechados e as novas dinâmicas metropolitanas. In: Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina, São Paulo: USP, 2005, p. 837-852, 1 CD-ROM. BAUMAN, Zygmunt. Comunidade: a busca por segurança no mundo atual. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003 ______. Tempos líquidos. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. BILLARD, G; CHEVALLIER, J.A. e MADURRET, F. Ville fermée, ville surveillée. La sécurisation des espaces résidentiels en France et en Amérique du Nord. Presses Universitaires de Rennes, 2005. CALDEIRA, Tereza Pires do Rio. Cidades de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: 34/Edusp, 2000. CARLOS, Ana Fani Alessandri. A construção de uma “nova urbanidade”. In: SILVA, José Borzacchiello; COSTA, Maria Clélia Lustosa; DANTAS, Eustódio Wanderley (Orgs.). A cidade e o urbano: temas para debates. Fortaleza: EUFC, 1997, p. 199212. ______. O espaço urbano: novos escritos sobre a cidade. São Paulo: Contexto, 2004. ______. O lugar no/do mundo. São Paulo: Hucitec, 1996. CASTELLS, Manuel. La cuestión urbana. México: Siglo XXI, 1978. CEMESPP. Mapa da Exclusão/Inclusão Social de Presidente Prudente. Presidente: UNESP, 2003. CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. 4ª ed. São Paulo: Ática, 2005. DAL POZZO, Clayton Ferreira. Caracterização da fragmentação socioespacial a partir da análise das práticas socioespaciais de moradores auto-segregados de uma cidade média: dispersão territorial e integração espacial em Presidente Prudente – SP. In: XV Encontro Nacional de Geógrafos: O espaço não pára. Por uma AGB em movimento. São Paulo, SP – Campus da USP: AGB, 2008. [No prelo]. ______. Condomínios horizontais populares em Presidente Prudente – SP: configuração territorial e segregação. In: SIMIONE, Silvio (coord.). XIV Encontro Nacional de Geógrafos: A Geografia e a Amazônia no contexto latino americano. Rio Branco, Acre – Campus da Universidade Federal do Acre: AGB, 2006. 1 CDROM. 198 ______. Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? Análise dos loteamentos fechados, dos condomínios horizontais e de novas práticas socioespaciais. Presidente Prudente: UNESP, 2007. [Relatório de Pesquisa]. FREDIANI, Julieta. Fragmentación territorial y segragación residencial: el fenómeno de las urbanizaciones cerradas. In: [S.l.]: Estudios socioterritoriales, n. 4, p. 81105, dez, 2003. GALVÃO, Altair Aparecido. Condomínios horizontais fechados: segregadores ou segregados? – Um estudo de caso no município de Maringá – PR. Maringá, 2007. 140p. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Estadual de Maringá. GERARDI, Lúcia Helena de Oliveira; SILVA, Barbara-Christine Quantificação em Geografia. São Paulo: DIFEL, 1981. Nentwig. GOMES, Paulo César da Costa. A condição urbana: ensaios de geopolítica da cidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. GONÇALVES, Márcio Teixeira. A dimensão escalar do shopping center: considerações a partir de um estudo de caso. In: Formação. Presidente Prudente: FCT/UNESP, n. 10, v. 1, 2003. p. 175-201. IBGE. Censo Demográfico 2000. Agregados por setores censitários dos resultados do universo. 2ª edição. Rio de Janeiro, 2003. JANOSCHKA, Michael; GLASZE, Georg. Urbanizaciones cerradas: um modelo analítico. Ciudades. Puebla (México): Red Nacional de Investigación Urbana, n. 59, jul.-set. 2003, p. 09-19. LEFEBVRE, Henri. A revolução urbana. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999. ______. O direito à cidade. São Paulo: Editora Moraes, 1991. MELAZZO, Everaldo Santos. Indicadores empíricos para a leitura de cidades de porte médio. In: SPOSITO. Maria Encarnação Beltrão (Org.). Cidades médias: espaços em transição. São Paulo: Expressão Popular, 2007. p. 439-460. MITCHELL, William J. E-topia: a vida urbana – mas não como a conhecemos. São Paulo: Senac, 2002. MONTESSORO, Cláudia Cristina Lopes. Presidente Prudente: a instalação dos Shopping Centers e a (re)estruturação da cidade. In: SPOSITO, Maria EncarnaçãoBeltrão. (Org.). Textos e contextos para a leitura geográfica de uma cidade média. Presidente Prudente: GAsPERR, 2001. p. 215-233. 199 OLIVEIRA, Maria Angélica; SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Produção do espaço urbano: Relações entre natureza e sociedade nos condomínios ribeirinhos em Buritama-SP. In: SPOSITO. E. S. (coord.). I Seminário Internacional “Cidades Médias: Dinâmica Econômica e Produção do espaço urbano”. Presidente Prudente, Brasil. FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente: GAsPERR, 2005. 1 CDROM. PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO URBANO DE PRESIDENTE PRUDENTE. Prefeitura Municipal de Presidente Prudente - Assessoria municipal de planejamento, 1996. Lei de Zoneamento de Presidente Prudente. PRESIDENTE PRUDENTE. Lei Complementar Nº 127/2003. RAMIRES, Júlio César; SOARES, Beatriz Ribeiro. Os condomínios horizontais fechados em cidades médias brasileiras. In: BARAJAS, L. F. C. (coord.). Latinoamerica: Países abiertos, ciudades cerradas. Guadalajara: UNESCO, 2002. p. 373-396. REIS, Nestor Goulart. Notas sobre urbanização dispersa e novas formas de tecido urbano. São Paulo: Via das artes, 2006. SALGUEIRO, Teresa Barata. Lisboa, Periferia e Centralidades. Oieiras, Portugal: Celta Editora, 2001. SANTOS, Leandro Bruno et al. Análise de via pública: o caso da Rua Dr. Cyro Bueno. Presidente Prudente: UNESP, 2005. 1 CD-ROM (Trabalho de graduação). SOBARZO, Oscar. A produção do espaço público em Presidente Prudente: Reflexões na perspectiva dos loteamentos fechados. In: SPOSITO. Eliseu Savério (Coord.). I Seminário Internacional Cidades Médias: Dinâmica Econômica e Produção do espaço urbano. Presidente Prudente, Brasil: FCT/UNESP – Campus de Presidente Prudente, GAsPERR, 2005. 1 CD-ROM. ______. A segregação socioespacial em Presidente Prudente: análise dos condomínios horizontais. Presidente Prudente, 1999. 213 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNESP. ______. Os espaços da sociabilidade segmentada: a produção do espaço público em Presidente Prudente. Presidente Prudente, 2004. 221 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNESP. ______; SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Urbanizaciones cerradas: reflexiones y desafíos. In: CIUDADES. Puebla (México): Red Nacional de Investigación Urbana, n. 59, p. 37-43, jul-set. 2003. SOUZA, Marcelo Lopes. ABC do desenvolvimento urbano. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 200 SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. A cidade dentro da cidade. Uma edge city em São José do Rio Preto. In: Scripta Nova: Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, n. 146(045), vol. VII, 1 ago. 2003. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-146(045).htm> Acesso em: 03 mai. 2006. ______. Novas formas comerciais e redefinição da centralidade intra-urbana. In: ______ (Org.). Textos e contextos para a leitura geográfica de uma cidade média. Presidente Prudente. GAsPERR, 2001. p. 235-253. ______. Novas periferias urbanas nas cidades médias do Estado de São Paulo – Brasil. In: 9º Encuentro de Geografos de América Latina, Mérida, México, abril de 2003. 1 CD-ROM. ______. Novos territórios urbanos e novas formas de habitat no Estado de São Paulo, Brasil. In: BARAJAS, L. F. C. (coord.). Latino América: paises abiertos, ciudades cerradas. 1ª Ed. Guadalajara: UNESCO, 2002. ______. O chão em pedaços: urbanização, economia e cidades no Estado de São Paulo. Presidente Prudente, 2004. 508 p. Tese (Livre Docência) – Faculdade de Ciências e Tecnologia, UNESP. ______. Reestruturação da cidade. In: MELO, Jayro Gonçalves (Org.). Região, cidade e poder. Presidente Prudente: GAsPERR, 1996. p. 111-126. ______. Reestruturação urbana e segregação socioespacial no interior paulista. Scripta Nova. Revista electrónica de geografía y ciencias sociales. Barcelona: Universidad de Barcelona, n. 245(11), vol. XI, 1 ago. 2007. Disponível em: < http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-24511.htm> Acesso em: 27 mai. 2008. ______. Reflexos sobre a natureza da segregação espacial nas cidades contemporâneas. In: Revista de Geografia. Dourados: AGB, set. 1996. p. 71-85. SVAMPA, Maristella. Los que ganaron: la vida em los countries y barrios privados. Buenos Aires: Biblos, 2001. VASCONCELOS, Eduardo. Transporte urbano, espaço e eqüidade: análise das políticas públicas. São Paulo: Annablume, 2001. VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 2001. WHITACKER, Arthur Magon. Inovações tecnológicas, mudanças nos padrões locacionais e na configuração da centralidade em cidades médias. In: IX Coloquio Internacional de Geocrítica: Los problemas del mundo actual. Soluciones y alternativas desde la geografía y las ciencias sociales. Porto Alegre: 28 mai-01 jun. 2007. UFRGS. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/sn/sn-24524.htm>. Acesso em: 07 out. 2007. 201 ANEXOS ANEXO A - Modelo de carta de apresentação enviada para os moradores de loteamentos fechados e de condomínios horizontais de Presidente Prudente – SP Presidente Prudente, 23 de março de 2007. Prezado (a) Senhor (a), O questionário em anexo é parte integrante da pesquisa de iniciação científica intitulada “Fragmentação socioespacial em Presidente Prudente? Análise dos loteamentos fechados, dos condomínios horizontais e de novas práticas socioespaciais” financiada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e vinculada ao curso de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UNESP, Campus de Presidente Prudente. Os dados levantados contribuirão para avaliar formas de uso do espaço urbano, na perspectiva dos moradores dos loteamentos fechados e condomínios horizontais, por meio das práticas sociais e espaciais que se estabelecem com o conjunto da cidade. A partir de atividades cotidianas como o lazer, o trabalho, os estudos e o consumo de bens e serviços, objetivamos avaliar a constituição de novos valores urbanos bem presentes nas metrópoles brasileiras, mas que começam a despontar em cidades médias. As perguntas foram organizadas em grupos de assuntos específicos ou correlacionadas e o tempo médio de preenchimento é de aproximadamente dez minutos. O (A) Senhor (a) está recebendo esse questionário, com a devida autorização do síndico ou administrador. Pedimos que, ao término do seu preenchimento, ele seja novamente encaminhado à portaria do loteamento para, posteriormente, realizarmos a sua coleta dentro do prazo de uma semana. Para garantir total sigilo das informações prestadas, sugerimos que o envelope com o questionário respondido seja lacrado pelo (a) Senhor (a), antes de ser devolvido na portaria e informamos que nenhum dado nele contido será divulgado de modo a identificá-lo, pois nem mesmo seu nome precisa ser informado ao respondê-lo. Os resultados conclusivos da pesquisa serão encaminhados aos moradores que tiverem esse interesse. Se for o caso do (a) Senhor (a), indique um endereço eletrônico ao final do questionário. Agradecemos, desde já o apoio e compreensão concedidos e nos colocamos à disposição para esclarecimentos adicionais pelo e-mail: [email protected]. Atenciosamente, Prof.ª Dr.ª Maria Encarnação Beltrão Sposito Orientadora da pesquisa - Departamento de Geografia 202 ANEXO B - Modelo de questionário aplicado junto aos moradores autosegregados de Presidente Prudente – SP Universidade Estadual Paulista – UNESP Faculdade de Ciências e Tecnologia - Campus de Presidente Prudente Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP Pesquisa sobre os loteamentos fechados em Presidente Prudente - SP A1. Qual é o número de pessoas que moram no imóvel? _________________________________________ A2. Quantos automóveis particulares sua família possui? ( ) 0; ( ) 1; ( ) 2; ( ) 3; ( ) 4; ( ) mais de 4 A3. Qual o custo médio mensal do uso do telefone residencial mais os celulares da sua família (em reais)? ( ) até 87,50; ( ) de 87,51 a 175,00; ( ) de 176,00 a 350,00; ( ) de 351,00 a 700,00; ( ) de 701,00 a 1050,00; ( ) acima de 1051.00 A4. Quantos computadores conectados à Internet sua família possui? ( ) 0; ( ) 1; ( ) 2; ( ) 3; ( ) mais de 3 A5. São assinantes de Banda Larga (Speedy ou outros sistemas)? ( ) Sim; ( ) Não A6. Possuem TV de Plasma ou tela de projeção? ( ) Sim; ( ) Não A7. Possuem canais de TV por assinatura? ( ) Sim; ( ) Não A8. Possuem Freezer? ( ) Sim; ( ) Não A9. Quantos empregados fixos trabalham na sua residência? ( ) 0; ( ) 1; ( ) 2; ( ) 3; ( ) 4; ( ) mais de 4 A10. Quais os meios de locomoção mais utilizados por sua família? ( ) automóvel particular; ( ) transporte coletivo; ( ) van; ( ) a pé; ( ) outros (especificar): ______________________________________________ A11. Qual a renda média mensal da sua família (em reais)? ( ) até 1.050,00; ( ) de 1.051,00 a 2.100,00; ( ) de 2.101,00 a 3.150,00; ( ) de 3.151,00 a 4.200,00; ( ) de 4.201,00 a 5.250,00; ( ) de 5.251,00 a 6.300,00 ( ) de 6.301,00 a 7.350,00; ( ) de 7.351,00 a 8.400,00; ( ) de 8.401,00 a 9.450,00; ( ) acima de 9.451,00 A12. Qual sua avaliação referente à quantidade de linhas existentes de transporte coletivo que servem o loteamento fechado para seu deslocamento ou de seus empregados? ( ) insuficiente; ( ) razoável; ( ) bom; ( ) Indiferente, pois não utilizo A13. Qual sua avaliação referente aos intervalos de freqüência das linhas de transporte coletivo que servem o loteamento fechado? ( ) péssimo; ( ) razoável; ( ) bom; ( ) Indiferente, pois não utilizo B1. Onde moravam anteriormente? (caso tenha vindo de outro Município, especificar o nome) Bairro: ______________________________________ Município: _________________________________ B2. A residência anterior era do tipo: ( ) casa; ( ) apartamento B3. Situação da residência anterior: ( ) alugada; ( ) própria; ( ) cedida B4. Qual o ano de aquisição do lote/compra da casa no loteamento fechado? ________________________ B5. Qual foi o ano da mudança para o loteamento fechado? ______________________________________ C1. Como você avalia a localização do loteamento fechado? ( ) excelente; ( ) boa; ( ) regular; ( ) ruim Qual sua avaliação referente à acessibilidade aos principais locais utilizados para: Excelente Boa Regular Ruim C2. Consumo de bens e serviços C3. Lazer C4. Educação básica C5. Ensino Superior C6. Trabalho 203 C7. Moradia C8. Como você classifica as vias de acesso ao loteamento fechado? ( ) excelentes; ( ) boas; ( ) regulares; ( ) precárias D1. Costuma consumir bens e serviços em estabelecimentos bem próximos do loteamento fechado? ( ) diariamente; ( ) 3 vezes por semana; ( ) 1 vez por semana; ( ) esporadicamente; ( ) nunca Indicar a localização de comércios e de serviços utilizados por um ou mais membros da família: Próximo ao Em outras Onde? (Especificar o bairro) loteamento áreas D2. Padaria D3. Supermercado D4. Farmácia D5. Banco D6. Lanchonete/Restaurante D7. Posto de Saúde/Clínicas médicas D8. Creche D9. Armarinhos / Papelaria D10. Cabeleireiro/Clínicas de Estética D11. Academia de ginástica D12. Posto de combustível D13. Outros (Especificar): _______________________________ D14. Há deficiência ou insuficiência de algum tipo de equipamento urbano ou estabelecimento comercial e de serviços bem próximos do loteamento fechado? (especificar quais): _________________________________ _______________________________________________________________________________________ E1. Como você avalia a área de lazer do condomínio? ( ) muito boa; ( ) boa; ( ) regular; ( ) ruim E2. Qual a freqüência de utilização da área de lazer do loteamento? ( ) Sempre; ( ) às vezes; ( ) nunca E3. Quais principais lugares utilizados para o lazer individual ou da família (especificar o lugar ou bairro da cidade): _________________________________________________________________________________ E4. Quais as principais atividades realizadas para o tempo livre/lazer individual ou da família? ( ) afazeres domésticos; ( ) descanso; ( ) TV; ( ) Internet; ( ) Práticas religiosas; ( ) Viagens; ( ) Clube; ( ) Praças; ( ) Parques; ( ) Pescaria; ( ) represas/balneários; ( ) casas de amigos/parentes; ( ) outros (especificar) _____________________________________________________________________ F1. Onde trabalha o chefe da família? Bairro: ___________________________________________________ F2. Se for fora da cidade especificar o município: ________________________________________________ F3. Ocupação/cargo atual do chefe de família: __________________________________________________ F4. Qual o principal meio de locomoção para o trabalho do chefe de família? ( ) automóvel particular; ( ) transporte coletivo; ( ) motocicleta; ( ) carona; ( ) a pé; ( ) outros: ___________ F5. Qual o tempo médio de deslocamento até o local de trabalho do chefe da família (em minutos)? ________ Questões G.1 a G.5 – para crianças, adolescentes e jovens que moram na casa. Se houver adultos que ainda estão no ensino fundamental e médio, incluir as informações nas respostas. G1. Onde estudam? Nome da escola: __________________________________ Bairro: _________________________________ Nome da escola: __________________________________ Bairro: _________________________________ G2. Qual o meio de locomoção mais utilizado para o transporte escolar deles? ( ) Automóvel particular; ( ) van; ( ) bicicleta; ( ) transporte coletivo; ( ) a pé; ( ) carona G3. Qual o tempo médio de deslocamento até a escola (em minutos)? _______________________________ 204 G4. Quais outras atividades educativas/recreativas realizadas pelas crianças e jovens durante a semana? ( ) inglês; ( ) ballet; ( ) natação; ( ) informática; ( ) piano; ( ) violão; ( ) ginástica ou musculação; ( ) lutas marciais; ( ) escolinha de futebol; ( ) tênis; ( ) pintura; ( ) aulas particulares de reforço escolar; ( ) curso pré-vestibular; ( ) nenhuma; ( ) outras (especificar): ______________________________________ G5. Qual o tempo médio diário investido nessas outras atividades educativas/recreativas? _______________ Questões H.1 a H.3 – para jovens e adultos que moram na casa. H1. Que universidades/instituições são utilizadas para educação superior? ( ) UNOESTE; ( ) UNIESP; ( ) TOLEDO; ( ) UNESP; ( ) nenhuma; ( ) outras (especificar): ___________________________________ H2. Qual o meio de locomoção mais utilizado para realizar a educação superior? ( ) Automóvel particular; ( ) van; ( ) bicicleta; ( ) transporte coletivo; ( ) a pé; ( ) carona; ( ) nenhum H3. Qual o tempo médio de deslocamento até o local onde se realiza o ensino superior (em minutos)? ______ Questões I.1 a I.3 – para todos que moram na casa. I1. Quais são os lugares que mais freqüenta para realizar as compras (alimentos, utensílios domésticos, objetos de uso pessoal, vestuário, miudezas em geral)? ( ) centro da cidade; ( ) Shopping Americanas; ( ) Prudenshopping; ( ) Outros lugares (especificar): _____________________________________________ I2. Com que freqüência costuma fazer compras pela Internet? ( ) diariamente; ( ) 3 vezes por semana; ( ) 1 vez por semana; ( ) esporadicamente; ( ) nunca I3. Com que freqüência costuma fazer compras por telefone? ( ) diariamente; ( ) 3 vezes por semana; ( ) 1 vez por semana; ( ) esporadicamente; ( ) nunca J1. Quais foram as razões que determinaram a sua decisão de vir morar no loteamento fechado? (se for assinalar mais de uma opção, indique por ordem de importância: 1ª., 2ª., 3ª. etc) ( ) facilidade para aquisição da casa própria ( ) maior prestígio social ( ) maior segurança ( ) maior tranqüilidade ( ) o desejo de morar num espaço de acesso controlado ( ) aumento do nível de renda familiar ( ) infra-estrutura de lazer do condomínio ( ) porque é um bom investimento ( ) outros (Especificar): ___________________________________________________________________ J2. Quais as principais impressões/mudanças sentidas ao se mudar e viver no loteamento fechado? Pontos positivos: _________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ Pontos negativos: ________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________ J3. Como você qualifica as relações e interações sociais mais predominantes fora do loteamento fechado: ( ) pessoas de padrão de renda similar a sua; ( ) interesses culturais ou hobbies similares; ( ) mesmo grau de instrução; ( ) mesmo nível socioeconômico; ( ) não faço nenhum tipo de distinção; ( ) outros (especificar): ____________________________________________________________________ J4. Costuma realizar/participar de reuniões/confraternizações no interior do loteamento fechado? ( ) Sempre; ( ) às vezes; ( ) nunca J5. Costuma realizar/participar de reuniões/confraternizações fora do loteamento fechado? ( ) Sempre; ( ) às vezes; ( ) nunca Indique um endereço eletrônico para receber os resultados dessa pesquisa: _____________________________________________ Obrigado! 205 206 ANEXO D – Publicidade do loteamento fechado Porto Seguro Residence & Resort em processo de implantação em Presidente Prudente - SP 207 ANEXO E - Publicidade do loteamento fechado Porto Seguro Residence & Resort 208 ANEXO F – Publicidade do Residencial Saint Moritz 209 ANEXO G - Publicidade do Residencial Quinta das Flores 210 ANEXO H - Publicidade do Residencial Quinta das Flores 211 212 ANEXO J – Informativo do Residencial Quinta das Flores publicado em jornal local 213 ANEXO L - Publicidade do Residencial Quinta das Flores 214 ANEXO M – Diferentes fases da construção da Avenida Miguel Damha Essas imagens foram veiculadas sobre patrocínio da Prefeitura Municipal no Jornal local “Oeste Notícias”. A partir da imagem é possível verificar a presença dos grandes vazios urbanos de propriedade do Grupo Encalso (uma das principais beneficiadas com a realização da obra). 215 ANEXO N – Publicidade do Residencial Quinta das Flores