Universidade Federal de São Carlos
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS- campus de Araras
Prof. Dr. Rubismar Stolf - [email protected]
Departamento de Recursos Naturais e Proteção Ambiental
Via Anhanguera, km 174. Cx.Postal.153  CEP 13600-970 ARARAS SP BR
Acervo técnico do Prof. Dr. Rubismar Stolf
Acesso: http://www.cca.ufscar.br/~rubismar/ ou: http://www.cca.ufscar.br/drnpa/hprubismar.htm
71. STOLF, R., MORANDINI L.A., LIMA FILHO, S.A.,
MANIERO M.A. Avaliação da capacidade de campo de
um subsolador vibratório. Engenharia Agrícola,
Jaboticabal, v.17, n.2, p.39-51, dez.1997.
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Nota: documento original, utilizado pela revista para edição.
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71. STOLF, R., MORANDINI L.A., LIMA FILHO, S.A., MANIERO M.A. Avaliação da
capacidade de campo de um subsolador vibratório. Engenharia Agrícola, Jaboticabal,
v.17, n.2, p.39-51, dez.1997.
AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE CAMPO DE UM SUBSOLADOR
VIBRATÓRIO
1
2
1
R. STOLF , L. A. MORANDINI , S. A. DE LIMA FILHO , M. A. MANIERO
1
RESUMO: O objetivo do presente trabalho foi avaliar se o sistema vibratório de um
modelo comercial de subsolador aumenta a capacidade de campo da subsolagem. Para
tal foram realizados 4 ensaios de campo, tendo como tratamentos a tomada de
velocidade de deslocamento com o sistema vibratório ligado e desligado. Apesar da
precisão elevada (diferença mínima significativa segundo o teste de Tukey, a 5%,
variando entre 0,09 e 0,2 km/h nos vários ensaios) , não foram detectadas diferenças
significativas entre os tratamentos. Concluiu-se que o sistema vibratório testado não
aumentou a capacidade de campo de subsolagem. Fez-se uma análise crítica das
características do sistema vibratório do fabricante no sentido de interpretar o
comportamento observado, formulando sugestões para modificação do projeto e para o
direcionamento de novas pesquisas. Apresenta-se uma transformação na fórmula de
patinamento que utiliza, como variáveis, a velocidade de translação do trator e a
velocidade angular de seu motor.
PALAVRAS-CHAVE: subsolagem, capacidade operacional, ferramentas vibratórias.
_________________________
1 Prof. Dr. Universidade Federal de São Carlos, Centro de Ciências Agrárias,
Departamento de Recursos Naturais. C. Postal 153, (13600) Araras - SP.
2 Engenheiro Agrônomo. Cooperativa Mista de Araras, SP
1
TEST OF A VIBRATORY SUBSOILER
SUMMARY: The aim of this work was to verify if the vibratory system of a
commercial subsoiler arises the field capacity of work of the subsoiling (ha/h). There
were performed 4 tests in different conditions. The treatments were to obtain the linear
velocity of subsoiling with vibratory system on and off. Although of the high precision
of the tests (minimum significant difference according Tukey, at 5%, from 0.09 to 0.2
km/h), no significant differences among treatments were detected. In opposition of the
catalog information of the implement and some results of literature, it was concluded
that the vibratory system does not improve the field capacity. The characteristic of the
vibratory system was analyzed to explain the results, adding suggestions for new
researches.
KEY WORDS: subsoiling, field capacity, vibratory tools
INTRODUÇÃO
Há um consenso na literatura de mecanização agrícola, segundo o qual a vibração
pode reduzir a força necessária para o arraste (força de arraste; exigência em tração) de
implementos que mobilizam o solo (BARNES et al., 1971; KEPNER et al., 1972;
MOSES & FROST, 1952) . Contudo, na prática, é um princípio pouco adotado pelas
fábricas de implementos e, conseqüentemente, pelos produtores agrícolas.
No Brasil, as pesquisas sobre implementos vibratórios tiveram início com os
estudos pioneiros na Universidade Federal de Uberlândia, publicados por LÉPORE &
STEFFENS
(1983)
e
STEFFENS
&
LÉPORE
(1983).
Os
pesquisadores
desenvolveram um canal de solo, um subsolador, um sistema vibratório e metodologia
com o objetivo de se estabelecer condições em que produzissem redução da força de
arraste e da potência global introduzida no sistema, em escala reduzida.
Em 1987, a empresa CEMAG - Ceará Máquinas Agrícolas (Brasil), sob licença da
FM da McCONNEL Ltd (Inglaterra), lançou, no mercado brasileiro, o primeiro modelo
comercial de subsolador com princípio vibratório. Subseqüentemente o implemento foi
2
submetido a vários testes pela Divisão de Engenharia Agrícola do Instituto
Agronômico de Campinas, com o objetivo de estudar a exigência em tração
(MAZIERO et al., 1992) e a área mobilizada (CORRÊA et al., 1992) em diferentes
condições de superfície de solo e número de hastes, com e sem acionamento do
mecanismo de vibração. O mesmo modelo de subsolador foi objeto de estudo no
presente trabalho.
A subsolagem é considerada uma das atividades de maior custo dentro dos
sistemas de preparo de solo. Por esta razão, as tentativas de redução do citado
parâmetro despertam interesse no meio produtor. Segundo o catálogo do implemento,
"sem a unidade vibratória, a potência necessária é muito maior, os pneus patinam e
afundam".
Sob mesmas condições de solo e operação do conjugado trator - implemento, as
variações de velocidade obtidas com o mesmo subsolador, através de sua utilização
com sistema vibratório ligado/desligado, refletem as variações na capacidade de campo
(ha/h), já que a largura de trabalho permanece a mesma. Portanto, se o subsolador com
o sistema vibratório apresentar velocidade operacional maior ocorrerá uma expectativa
de redução de custo.
O objetivo do presente trabalho foi verificar se o sistema vibratório do referido
equipamento aumenta a capacidade de campo da subsolagem. Para tal, projetou-se uma
série de experimentos, medindo-se a velocidade de deslocamento com o mecanismo de
vibração ligado e desligado.
MATERIAL E MÉTODO
Os ensaios foram realizados na estação experimental, do Centro de Ciências
Agrárias, CCA - UFSCar, Araras - SP, em 3 quadras com soqueira de cana de açúcar
destinadas à reforma. Nas quadras 1 e 2 não houve mobilização prévia, ou seja, as
soqueiras permaneceram intactas até o ensaio de subsolagem. Na quadra 3 a área foi
mobilizada previamente, através de duas gradagens para preparo do solo e destruição
3
das soqueiras. Os ensaios foram realizados em área classificada como Latossolo
Vermelho Escuro, com a seguinte composição textural média: 45% de argila, 18% de
limo, 37% de areia.
Características do Implemento
Segundo o catálogo do fabricante (1987), as hastes subsoladoras, com geometria
diferenciada em relação às convencionais, impedem a ascensão de torrões das camadas
inferiores. Além disso, são construídas em aço - liga especial temperado que permite
torná-las mais delgadas que as comuns. A barra porta - ferramenta possibilita a
colocação de até 7 hastes tendo-se optado por 5 hastes no presente trabalho. O peso do
implemento com 5 hastes foi de 850 kg.
A vibração é provocada pela rotação de um peso excêntrico, localizado sobre o
subsolador e acionado pela tomada de potência (TDP) do trator (Figura 1). A
velocidade angular recomendada na TDP é de 540 rpm, ou seja, 9 vibrações/s ( nos
ensaios utilizou-se um valor ligeiramente maior, de 10,3 ciclos/s ).
INSERIR FIGURA 1
Condições de Operação Trator/Implemento
O implemento foi utilizado com 5 hastes, com espaçamento entre hastes de 50 cm
e profundidade de trabalho de 40 cm.
O trator utilizado foi o Valmet 118-4 (118 cv de potência do motor e tração nas
quatro rodas)que, em operação, deve apresentar velocidade angular média do motor de
2000 rpm (recomendação do fabricante), correspondente a 618 rpm na tomada de
potência (TDP). Pneus: dianteiros menores (14.9.26 R1); traseiros maiores (18.4.34
R1). Peso total com lastro: 7080 kg (60 kg/cv do motor, sendo 45% no eixo dianteiro e
55% no eixo traseiro).
Em avaliações preliminares, com o sistema vibratório ligado, determinou-se a
“marcha” que proporcionava a máxima velocidade operacional de subsolagem,
mantendo-se a rotação do motor em 2000 rpm. A “marcha” encontrada foi a 3L .(3a
4
velocidade simples). Interrompendo-se a subsolagem, com o trator parado, mas com o
mecanismo de vibração ligado, verificou-se que a velocidade angular do motor subia,
em média, de 2000 para 2130 rpm. Com essas informações, o procedimento efetivo foi:
a) antes de iniciar cada avaliação colocava-se o trator em funcionamento no “ponto
morto” (neutro); b) conduzia-se a alavanca do acelerador de mão à posição
correspondente à 2130 rpm no tacômetro; c) A alavanca permanecia travada nesta
posição, mesmo nas alternâncias de acionamento e desligamento do sistema vibratório,
durante um ensaio completo
Foram realizados três ensaios em “marcha” 3L (correspondente à velocidade
máxima de subsolagem) e um ensaio em “marcha” 2L.
Delineamento dos Ensaios
Foram estabelecidos 2 tratamentos: tomada da velocidade de subsolagem com o
sistema vibratório ligado e desligado, ou seja, subsolagem com e sem vibração. O
delineamento utilizado foi o de blocos ao acaso. Utilizou-se o teste de Tukey para
comparação das médias dos tratamentos. A parcela constituiu-se em apenas uma
passagem do subsolador, em nível, dentro da quadra. A Figura 2 contém a
representação esquemática do delineamento e disposição dos blocos.
Os ensaios foram realizados com um número de repetições (número de blocos)
variável, de 4 a 7, e comprimento de parcela variando de 97 a 165 m, de acordo com a
largura e comprimento das áreas disponíveis para teste (Figura 2).
Avaliações
Velocidade: mediu-se o tempo para o conjugado trator - subsolador deslocar-se do
início ao fim da parcela. Dividindo-se o comprimento da parcela pelo tempo obteve-se
a velocidade média transformada em km/h. Para que a tomada de tempo ocorresse com
o trator em velocidade normal de trabalho determinou-se uma bordadura de 10 m .
Acionava-se o cronômetro quando o trator atingia a marca do inicio da parcela
interrompendo-se quando passava pela marca final.
5
Capacidade de campo: a média dos tratamentos foram apresentadas também na forma
de capacidade de campo (ha/h), através do produto da velocidade média pela largura
nominal de trabalho (2,5 m). Note-se que utilizando o mesmo subsolador (com e sem
vibração), a largura de corte passa a ser uma constante. As variações relativas de
velocidade e capacidade de campo passam a ser iguais.
Fez-se um levantamento da resistência do solo à penetração, utilizando-se o
penetrômetro de impacto modelo Stolf da KAMAQ, cujas leituras foram transformadas
em kgf/cm2 segundo STOLF(1991). Foram feitas 4 avaliações, até a profundidade de
55 cm, nas duas condições do terreno, antes da subsolagem: quadra 1 (soqueira
intacta), quadra 3 (área gradeada).
INSERIR FIGURA 2
Patinamento
Foram determinadas também velocidade de deslocamento do trator sem subsolar
(tratamento sem carga, ou seja, velocidade do trator sem estar subsolando, mas com a
“marcha” e acelerador na mesma posição adotadas na subsolagem). Durante o
percurso, foram realizadas leituras de velocidade angular do motor diretamente no
tacômetro do trator.
Como não foi programada a determinação do patinamento (contagens do número
de giros da roda motriz) desenvolveu-se uma equação que estima o patinamento
utilizando a velocidade angular do motor e a velocidade de translação do trator:
Considerando a situação do trator, com e sem carga na barra de tração, o
patinamento (%) pode ser estimado pela seguinte fórmula, admitindo-se desprezível o
patinamento do trator sem carga na barra de tração:
P=(1-N1/N2)
....................................................(1)
em que,
P = patinamento (%)
N = número de giros da roda motriz em uma distância pré - fixada. N1 sem
carga; N2 com carga.
6
Como não se mediu o parâmetro N, fez-se uma transformação da equação (1) para
possibilitar uma estimativa de P:
A velocidade angular média da roda motriz (αr) e' expressa por:
αr=N/t........................................................
(2)
em que t é o tempo para percorrer a distância estabelecida.
Mas, para uma dada “marcha”, a velocidade angular da roda motriz é diretamente
proporcional à velocidade angular do motor:
αr=k.αm
......................................................(3)
em que k é uma constante adimensional e αm é a velocidade angular do motor do
motor
Substituindo-se (3) em (2) e explicitando N, obtém-se
N=k.αm.t
.......................................................(4)
Mas, t= e/v
.......................................................(5)
em que e representa a distância fixada e v a velocidade linear média do trator.
Substituindo (5) em (4), obtém-se
N=k.αm.e/v
.....................................................(6)
Aplicando-se (6) para as condições com e sem carga e dividindo-se ambos os
membros
das
expressões,
as
constantes
k
e
e
N1/N2=(αm1.v2)/(αm2.v1)
são
eliminadas:
(7)
Substituindo-se (7) em (1) obtém-se a expressão final proposta:
P=100[ 1 - (αm1.v2)/(αm2.v1) ] ...............................
RESULTADOS E DISCUSSÃO
(8)
7
Velocidade de subsolagem
Os dados preliminares, de velocidade do trator na ausência de carga na barra de
tração e na tomada de potência, apresentaram-se praticamente constantes nas duas
condições de superfície de solo. As médias resultaram: “marcha” 3L=4,37 km/h e
“marcha” 2L=3,64 km/h, com desvios padrão da ordem de 0,03 km/h para ambas.
Os resultados dos ensaios e das análises estatísticas, para o trator subsolando,
estão contidos na Tabela 1. Como se pode verificar pela citada tabela, apesar da
precisão elevada (diferença mínima significativa segundo o teste de Tukey, a 5%,
variando entre 0,09 e 0,2 km/h nos vários ensaios) não foram detectadas diferenças
significativas entre as velocidades de subsolagem com e sem vibração. Nos ensaios em
“marcha” 3L (selecionada como a adequada para as condições) o sistema vibratório
nem mesmo apresentou uma tendência positiva, pelo contrário, foram observados
valores ligeiramente menores (vide Figura 3). A conclusão de que o sistema vibratório
não conduz a um aumento da velocidade linear de subsolagem (km/h) estende-se à
capacidade de campo (ha/h), já que são relacionados através da largura de trabalho,
igual para ambos os tratamentos.
O subsolador vibratório efetivo é aquele capaz de reduzir não somente a exigência
em tração, mas a quantidade de energia consumida por unidade de área para mobilizar
o solo. Para um mesmo regime de potência do motor, se a vibração provocada
artificialmente reduzir a resistência do solo ao movimento da haste subsoladora (menor
potência na barra de tração), o excedente em potência é consumido para aumento da
velocidade, resultando a citada economia em energia/área. Como no presente trabalho
não se detectou aumento de velocidade e MAZIERO et al. (1992) não verificaram
dados consistentes, de redução da exigência em tração, há fortes evidências de que o
vibrador do subsolador CEMAG consome baixa potência, não dispondo de muita
energia para transformar em trabalho, na partilha com a barra de tração.
A Figura 3 ilustra a semelhança dos resultados de velocidade de subsolagem “
com” e “sem” vibração nas várias situações testadas. Com a redução da velocidade de
subsolagem, em termos médios, de 3,37 km/h (“marcha” 3L) para 2,84 km/h (“marcha”
2L), o número de vibrações geradas/unidade de área, ou seja, a energia fornecida por
8
unidade de área aumentou em 18,7%. Trata-se da única situação em que se detectou
uma ligeira vantagem favorável ao subsolador vibratório, porém não significativa
(Tabela 1d). Além disso, não é a velocidade de trabalho econômica do trator.
INSERIR TABELA 1
INSERIR FIGURA 3
A Figura 4 mostra os resultados do levantamento da resistência do solo à
penetração (antes da subsolagem), na área gradeada e na área não gradeada (quadra 3 e
quadra 1). Conforme a citada figura, observou-se uma considerável redução da
resistência na área gradeada. Contudo não se observou aumento considerável da
velocidade de subsolagem (Tabela 1a e 1c).
INSERIR FIGURA 4
A explicação provável é que, apesar de ter havido redução da resistência ao arraste
do implemento, houve também diminuição da tração na barra, ocasionada pela
diminuição da sustentabilidade da superfície do solo. Na área não gradeada, a
superfície se apresentava bastante firme, com uma dureza média de 33,8 kgf/cm2 na
camada superficial de 5 cm - ao contrário da área gradeada (Figura 4). Por essa razão
alguns produtores preferem utilizar a subsolagem como atividade inicial do preparo do
solo.
Patinamento
Retome-se a equação proposta no item material e método:
P=100[ 1 - (αm1.v2)/(αm2.v1) ]................................(8)
A velocidade média de deslocamento do trator obtida, sem carga, na barra de
tração, com αm1=2130 rpm do motor, em “marcha” 3L, foi v1=4,37 km/h.
A média geral, com carga, dos tratamentos de subsolagem com e sem vibração,
em “marcha” 3L (Tabela 1) resultou em v2=3,37 km/h, com regime do motor αm2
=2000 rpm (média dos valores anotados em intervalos de tempo constante durante o
percurso). Substituindo-se os valores em (8) estima-se o patinamento:
9
P=100[1 - 2130.3,37/(2000.4,37) ]
ou seja
p=17,9%
Assim, com a fórmula proposta é possível estimar o patinamento através da
velocidade de deslocamento e da rpm média do motor. No presente caso, acompanhouse a rpm do motor pelo tacômetro do painel de instrumentos do trator, não se tratando,
evidentemente, de uma informação precisa, mas suficiente para caracterizar o ensaio.
Análise do sistema vibratório do implemento
Todo corpo apresenta um movimento vibratório devido à energia cinética dos
átomos e moléculas de sua estrutura . Este movimento apresenta uma freqüência
constante, característica do corpo (freqüência natural). Provocando-se um impacto,
aumenta-se apenas a amplitude do movimento que quanto maior for, maior será a
tendência de desagregação do corpo. Portanto, a causa fundamental da desagregação do
solo é o aumento da amplitude de vibração, independente do tipo de fonte de energia,
no caso o impacto. Pode-se desagregar uma pedra com um alicate ou com vibrações
por ultra - som ou somar-se ambos os métodos se o corpo apresentar uma resistência
muito grande. Considere-se também que a energia necessária para realizar o mesmo
trabalho pode ser diferente, segundo o método. Da mesma forma, no subsolador
vibratório, a haste provoca, tanto pelo impacto de seu avanço como pela sua excitação
artificial, uma dupla amplificação (aumento da amplitude) da vibração natural do solo.
No citado exemplo da pedra, utiliza-se alta freqüência compatível com a corpo.
No solo faz-se necessário conhecer a faixa de ocorrência da freqüência natural, variável
segundo o tipo e condição do solo. STEFFENS & LÉPORE (1983) sugerem a
possibilidade da utilização de mais de uma freqüência de excitação. Concordantes com
os citados autores, acrescenta-se o fato de os solos argilosos apresentarem normalmente
estruturas mais complexas, com ampla variação de tamanho de agregados que, nos
interstícios, formam os planos de fácil ruptura. Assim é possível que haja
predominância de mais de uma freqüência natural de interesse para amplificar.
10
TERZAGHI & PECK (1962) levantaram dados de literatura sobre freqüência natural
de alguns materiais de interesse da engenharia civil: aterro fofo (19,1 ciclos/s); aterro
de escória - artificial compacto (21,3 c/s); material arenoso bastante compacto (24,4
c/s); material arenoso muito compacto (26,7 c/s); rocha calcária (30,0 c/s); arenito
(34,0 c/s). , (não se detectou informação desse tipo no campo da engenharia agrícola).
Segundo os mesmos autores, se a freqüência de vibração for menor do que a freqüência
natural do solo obtém-se um pequeno recalque, crescendo rapidamente até atingir a
igualdade. Ultrapassando esse valor, não ocorre diminuição, mas passa a crescer muito
lentamente.
Considerando o subsolador CEMAG, a freqüência característica do vibrador
(próxima 10 de ciclos /s) é cerca de 2,5 menor em relação à natural de solo arenoso
compacto. A freqüência utilizada em pesquisas de implementos agrícolas são mais
comuns na faixa de 10 a 50 ciclos/s (KEPNER et al. 1971) sendo que LÉPORE &
STEFFENS (1983), utilizaram 80 ciclos/s.
A relação entre a velocidade de translação da haste ( velocidade do trator) e a
freqüência do excitador, corresponde à distância subsolada por ciclo de vibração.
VERMA(1971), citado por KEPNER et al. (1972),comenta que o efeito da vibração é
mais pronunciado quando o mencionado parâmetro é igual ou ligeiramente menor que
os planos de clivagem que uma haste, sem vibração, causaria. Calculando-se o valor do
parâmetro para o presente estudo tem-se:
“marcha” 2L:
D=(0,803 m/s)/(10,3 ciclos/s)=0,077 m/ciclo, ou seja, 7,7 cm/ciclo
“marcha” 3L:
D=(0,936 m/s)/(10,3 ciclos/s)=0,091 m/ciclo, ou seja, 9,1 cm/ciclo
Se o comentário do parágrafo anterior for válido, a contribuição maior do vibrador
CEMAG seria para torrões grandes. Note-se, também, que apenas uma vibração a cada
9 cm de avanço não deve estar transferindo muita energia para realizar um considerável
trabalho de ruptura do solo.
11
LÉPORE E STEFFENS (1983) obtiveram, em escala de laboratório, os dois
efeitos desejáveis e difíceis de conciliar: considerável redução da exigência em tração
(47,6%) e da potência global (8,7%), utilizando freqüência de 80 ciclos/s, e v=0,05
m/s. Nessas condições a distância subsolada por vibração é extremamente pequena. Em
escala real, a velocidade de subsolagem é cerca de 15 a 20 vezes maior, e o vibrador
atua em uma massa de cerca de 500 a 1000 kg, envolvendo, possivelmente, perdas de
energia na forma de calor, na estrutura do subsolador.
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
-Não se obteve diferença estatística, segundo o método de Tukey em nenhum dos
ensaios. A média geral de velocidade obtida com e sem vibração foi,
respectivamente: 3,22 e 3,25 km/h (sendo as mesmas expressas em termos de
capacidade operacional como: 0,805 e 0,813 ha/h). Concluiu-se que o sistema
vibratório do subsolador testado não aumenta a velocidade de subsolagem e,
portanto, a capacidade operacional de campo do subsolador.
-A freqüência de vibração adotada é relativamente baixa (10 ciclos/s). Pela literatura
(engenharia civil) consultada, para material arenoso muito compacto (freqüência
natural de 26 ciclos/s), o efeito na estrutura seria praticamente desprezível até 13
ciclos/s, crescendo rapidamente até 26 ciclos/s (valores maiores não causam reduções
do efeito mas aumentos mais lentos). Na mecanização agrícola, as freqüências de 10
a 50 ciclos/s são as mais comuns. Sugere-se o aumento da freqüência do subsolador
CEMAG da ordem de 3 vezes (30 ciclos/s). A distância linear subsolada pela haste
para cada vibração diminuiria de 9 cm/ciclo para 3 cm/ciclo atuando nas interfaces de
agregados menores.
- Na mecanização agrícola, as pesquisas de construção e testes de equipamentos estão
bastante desenvolvidas. Contudo, há praticamente ausência de relatos sobre
desenvolvimento comercial e adoção em larga escala de subsoladores vibratórios.
12
Sugere-se que os esforços sejam mais concentrados em modelos comerciais, como é
o caso do subsolador CEMAG: trata-se de uma estrutura perfeita à espera de algum
bom desenvolvimento em termos de características do vibrador (subsolador robusto;
bem projetado nos detalhes; hastes de material especial; conexões rígidas para que
não haja perda de energia da vibração na forma de calor; parafusos perpendiculares
ao plano de vibração e sapatas conectadas através de encaixe de pressão para não se
soltarem).
-Não se encontrou menção de valores de freqüência natural, de vibração do solo, na
literatura consultada de mecanização agrícola. Na engenharia civil, pela necessidade
de estabilizar fundações através da agregação (recalque), a utilização da vibração é
prática comum. Solos arenosos são mais problemáticos do que os argilosos
possibilitando maior número de informações. Sugere-se busca mais intensa de
informações no campo da engenharia civil, bem como o direcionamento da pesquisa
no levantamento do espetro de vibração natural de solos agrícolas, especialmente os
argilosos, em condições de compactação, onde efetivamente há necessidade de
subsolagem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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13
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Janeiro: Livro Técnico, 1962. 659p.
==== // ===
árvore que se conecta
à TDP do trator
massa excêntrica que ao
girar provoca vibrações
FIGURA 1. Esquema do subsolador vibratório
14
165 m
Quadra 1: subsolagem
área com soqueira
sem
com
com
sem
com
sem
sem
com
sem
com
com
sem
com
sem
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
bloco
1
bloco
2
bloco
3
bloco
4
bloco
5
bloco
6
bloco
7
Marcha 3a
97 m
Quadra 2: subsolagem
área com soqueira
com
sem
sem
com
sem
com
com
sem
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
bloco
1
bloco
2
bloco
3
bloco
4
Marcha 3a
149 m
Quadra 3: subsolagem
área com 2 gradagens
com
sem
sem
com
sem
com
com
sem
com
sem
com
sem
sem
com
sem
com
com
sem
sem
com
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
vibração
bloco
1
bloco
2
bloco
3
bloco
4
bloco
5
bloco
1
bloco
2
bloco
3
bloco
4
bloco
5
FIGURA 2. Esquema de campo. Delineamento: Blocos ao acaso
Marcha 3a
Marcha 2a
I
TABELA
1.
Velocidade
de
subsolagem,
diferença
mínima
significativa segundo teste de Tukey(DMS), coeficiente
de variação (C.V.) e a Capacidade de Campo média (ha/h)
obtidos nos 4 ensaios.
a) quadra 1: subsolagem sem mobilização
prévia.
“marcha” 3ª L.
Blocos
com
vibração
1
2
3
4
5
6
7
3,03
3,28
3,57
2,81
3,14
3,51
3,33
sem
vibração
b) quadra 2: subsolagem sem mobilização
prévia.
“marcha” 3ª L.
Blocos
com
vibração
1
2
3
4
3,42
3,55
3,40
3,31
km/h
Média
km/h
3,03
3,43
3,18
3,11
3,28
3,52
3,35
Média
3,24
DMS(5%)=0,20 km/h; CV=4,67%
3,27
Capacidade efetiva
ha/h
0,810
0,818
c) quadra 3: subsolagem com duas gradagens
prévias
“marcha” 3ª L.
Blocos
com
vibração
1
2
3
4
5
3,52
3,42
3,55
3,31
3,05
Média
3,48
3,49
3,49
3,44
Média
3,42
DMS(5%)=0,13 km/h; CV=1,68%
Média
3,48
Capacidade efetiva
ha/h
0,855
0,870
d) quadra 3: subsolagem com duas gradagens
prévias
“marcha” 2ª L.
sem
vibração
Blocos
com
vibração
3,52
3,45
3,69
3,46
3,06
1
2
3
4
5
2,60
3,12
2,78
3,04
2,90
km/h
Média
3,37
DMS(5%)=0,091 km/h; CV=1,52%
sem
vibração
sem
vibração
km/h
3,44
Capacidade efetiva
ha/h
0,843
0,860
Média
2,89
DMS(5%)=0,31 km/h; CV=2,55%
Média
2,45
2,87
2,80
2,99
2,80
2,78
Capacidade efetiva
ha/h
0,723
0,695
II
com vibração
3,5
(a)
(b)
marcha 3a L
marcha 3a L
subsolagem
sem prévia
mobilização
subsolagem
após duas
gradagens
sem vibração
(c)
marcha 2a L
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
subsolagem
após duas
gradagens
FIGURA 3. Velocidade: (a) Subsolagem sem prévia mobilização, marcha
3aL (média dos ensaios das quadras 1 e 2); (b) Subsolagem
após duas gradagens, marcha 3aL; (c) Subsolagem após duas
gradagens, marcha 2aL.
área não mobilizada (quadra 1)
área gradeada (quadra 3)
profundidade (cm)
FIGURA 4. Resistência do solo à penetração antes da subsolagem.
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71. STOLF, R., MORANDINI LA, LIMA FILHO, SA, MANIERO MA