Sociedade Brasileira de Química ( SBQ)
Estudo Químico de Operárias e Machos de Nannotrigona
testaceicornis e Plebeia droryana (Apidae: Meliponinae).
Adriana Pianaro1 (PG), Rodrigo B. Singer2 (PQ), Cristiano Menezes3 (IC), Anita J. Marsaioli1,* (PQ).
1
Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, CP 6154, CEP 13083-970, Campinas – SP.
* [email protected]
2
Departamento de Botânica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, CEP 91501-970, Porto Alegre – RS.
3
Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia, CEP 38400-902, Uberlândia – MG.
Palavras Chave: Meliponíneos, operárias, machos.
Introdução
As abelhas estão entre os mais importantes
polinizadores da natureza. O Brasil abriga ¼ das
espécies de abelhas do mundo, o que é justificado
pelas suas proporções continentais e riquezas de
ecossistemas.1 Entre as abelhas sociais brasileiras,
as mais conhecidas são as pertencentes a subfamília
Meliponinae,
chamadas
popularmente
de
Meliponíneos ou abelhas indígenas sem ferrão. 2
As abelhas possuem glândulas responsáveis pela
produção de diversos compostos químicos,
empregados em processos comunicativos, de defesa
e até construção do ninho, como as glândulas de
cera, as glândulas mandibulares e a glândula de
Dufour. 3 Atualmente, sabe-se que as diferentes
castas de abelhas possuem perfis de hidrocarbonetos
cuticulares distintos (produzidos pelas glândulas de
cera), o que representa uma diferenciação química
entre os indivíduos da colônia.4
Este trabalho teve como objetivo diferenciar
quimicamente machos e operárias de Nannotrigona
testaceicornis
e
Plebeia
droryana
(Apidae:
Meliponinae) através da análise dos extratos das
ceras, abdomes e cabeças por cromatografia gasosa
acoplada a espectrometria de massas (CG-EM), além
de técnicas de ressonância magnética nuclear de
hidrogênio e carbono.
Resultados e Discussão
Verificou-se nos extratos dos abdomes das operárias
de N. testaceicornis a presença de um composto
majoritário, o acetato de geranil-geranila, o qual já
havia sido descrito como o componente majoritário
das secreções da glândula de Dufour (localizada no
abdome) destas operárias 7. Entretanto, o 9nonacoseno é o componente majoritário nos extratos
dos abdomes dos machos de N. testaceicornis. Nos
extratos das ceras e das cabeças, tanto de operárias
como de machos de N. testaceicornis, foi verificado
como componente majoritário o 9-nonacoseno.
Nos extratos dos abdomes das operárias de P.
droryana, o tetradecanal é o componente majoritário,
enquanto que no extrato dos abdomes de machos
desta espécie, um éster não identificado é o
29a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química
componente majoritário. Entretanto, nos extratos das
ceras e das cabeças de operárias e machos de P.
droryana, o componente majoritário é o 9heptacoseno.
Todos os alcenos que foram derivatizados com
DMDS/I2 nos extratos das operárias e machos de N.
testaceicornis e P. droryana possuem dupla ligação
na posição 9 e o único alcadieno, o untriacontadieno,
presente nos extratos de operárias e machos de N.
testaceicornis, possui duplas ligações nas posições
9 e 21.
Desta forma, verificou-se que cada espécie de abelha
estudada possui um hidrocarboneto cuticular
majoritário distinto. Além disso, a proporção de
hidrocarbonetos também é distinta entre indivíduos
machos e operárias dentro de uma mesma espécie.
Conclusões
Demonstrou-se que as espécies N. testaceicornis e
P. droryana possuem hidrocarbonetos cuticulares
distintos, que provavelmente atuam como marcadores
de reconhecimento das espécies. Entre indivíduos de
uma mesma espécie, existem evidências de que a
diferenciação entre castas também ocorre ao nível
dos componentes químicos abdominais.
Agradecimentos
Gostaríamos de agradecer ao Prof. Dr. Gabriel A. R.
de Melo do CDZoo da UFPR, Curitiba-PR, pelas
confirmações das espécies de abelhas e a FAPESP
pela bolsa de mestrado concedida a Adriana Pianaro
(Proc. N°. 03/09358-3).
____________________
1
Disponível em: <http://eco.ib.usp.br/beelab/>. Acesso em: 17 de
junho de 2005.
2
Nogueira-Neto, P. Vida e Criação de Abelhas Indígenas Sem
Ferrão. 1997, Ed. Nogueirapis, São Paulo.
3
Roubik, D. W. Ecology and Natural History of Tropical Bees.
1989, Cambridge University Press, Cambridge.
4
Abdalla, F. C.; Jones, G. R.; Morgan, E. D.; Cruz-Landim, C.
Genetics and Molecular Research. 2003, 2, 191.
Download

Estudo Químico de Operárias e Machos de Nannotrigona