CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DOS CROMOSSOMOS
MITÓTICOS DE Ochroma pyramidale (Pau-de-balsa)
(MALVACEAE)
Resumo: A espécie Ochroma pyramidale (Pau-de-balsa), que pertence à família
Malvaceae. É uma espécie que apresenta porte arbóreo de até 30m altura, que
possui um ciclo de corte muito rápido. A caracterização cariotípica desta espécie
amplia os conhecimentos para o melhoramento florestal. O objetivo deste trabalho
foi a caracterização morfométrica dos cromossomos mitóticos metafásicos de
Ochroma pyramidale. Foi obtido 2n = 16 cromossomos com 1M + 6SM +1A .
Termos de indexação: Cariótipo , citogenética, Malvaceae, reflorestamento.
Introdução: Entre as espécies arbóreas com potencialidade de uso para
reflorestamento, o Pau -de-balsa, apresenta importância eco lógica, como uma
espécie pioneira (Vasquez - Yanes, 1974, apud Barbosa et al.,2004). A espécie
Ochroma pyramidale (Pau-de-balsa), que pertence à família Malavaceae. Ocorre
nas florestas úmidas da América do Sul e Central, estendendo -se desde o sul da
Guatemala até o norte do Brasil e Bolívia (RIZZINI, 1978). É uma das árvores com o
ciclo de corte mais rápido, em torno de cinco a sete anos, sendo conhecida como
uma das espécies com maior incremento anual no mundo (Ambiente em foco).
Ochroma pyramidale apresenta porte arbóreo de até 30m altura, tronco
com diâmetro de 60 a 90cm. Possui folhas grandes, alternas, simples, sub -íntegras
ou dentadas, de 3 a 5 lóbulos profundos, palmatinérveas (LORENZI, 2002). Suas
são flores em forma de sino, de cor branca esverdea da ou amarela pálida. Possui
um fruto de cor marrom. Sua madeira possui baixa densidade, mas possui grande
resistência a tensões, usada principalmente na fabricação de embarcações e
brinquedos.
Segundo a empresa Caiçara Comercio de Sementes LTDA no Mato
Grosso - Brasil as pesquisas sobre o pau -de-balsa começaram em 2001. Os
primeiros plantios foram implantados em Sinop e em Nossa Senhora do Livramento.
Abrangendo atualmente as cidades de Rondonópolis, Cáceres, Sinop, Colniza e em
vários municípios do Vale d o Araguaia.
Para obtenção de conhecimentos a cerca da espécie cita -se o ramo da
Citogenética que compreende todo e qualquer estudo relativo ao cromossomo
isolado, ou em conjunto, condensado ou distendido, tanto ao que diz respeito a sua
morfologia, organização, função e replicação (GUERRA,1988).
Assim podemos obter conhecimento pela analise do cariótipo, que é o
conjunto cromossômico de uma espécie, sendo este que descreve as características
do indivíduo. Uma caracterização clara e precisa do cariótipo de uma espécie é de
fundamental importância quando se quer comparar citogeneticamente espécies
diferentes, ou examinar a variação entre indivíduos da mesma espécie
(GERRA,1988).
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a morfometria dos
cromossomos mitóticos de Ochroma pyramidale.
Material e Métodos: As sementes utilizadas nesse trabalho foram coletadas em Alta
Floresta – MT, em uma propriedade localizada a uma latitude de 09º 53, 423’ sul e a
uma longitude de 056º 04, 761’ oeste. Nas análises citogenét icas foram utilizadas 40
sementes.
As análises mitóticas foram realizadas no Laboratório de Citogenética e
Cultura de Tecidos Vegetais da Universidade do Estado de Mato Grosso.
Primeiramente foi realizada a quebra de dormência das sementes, para facilitar a
germinação das mesmas, estas foram imersas em água quente e retiradas após 15
minutos de exposição. Em seguida as sementes foram colocadas para germinar em
papel germiteste, em câmara de germinação em uma temperatura de 28 ºC. Após 4
dias ocorreu a germinação das sementes, assim que as radículas atingiram o
tamanho de 1 a 1,5 cm as mesmas foram submetidas aos procedimentos de
bloqueio. Este processo que tem por finalidade acumular as células metáfases
através do uso de Trifluralin em concentração de 3 M, por um período de 14h em
uma temperatura de 4ºC. Em seguida, as radículas foram lavadas em água destilada
para a remoção do excesso da solução antimitótica e fixadas em solução de
metanol: ácido acético (PA) na proporção de 3:1, a -20 ºC.
Primeiramente as raízes foram retiradas da solução fixadora e lavadas em
água destilada. Em seguida, foram transferidas para tubos tipo Eppendorf  com
capacidade para 1,5 mL, 200 L de Pectinase SIGMA ® por 2h à 34 ºC. Depois da
digestão enzimática, as raízes foram lavada s por um período de 15min em água
destilada, sendo feita três trocas e fixadas em solução de metanol: ácido acético
(3:1) a -20 ºC.
A preparação das laminas foram realizadas segundo Carvalho & Saraiva
(1993, 1997) através da dissociação do meristema radicu lar e secadas ao ar em
movimentos rápidos, e em placa aquecedora a 50 ºC.
As lâminas foram analisadas com microscópio ACS, com iluminação de
campo claro, usando objetiva de 100x (imersão a óleo). As imagens de interesse
foram capturadas diretamente, com ví deo-câmera acoplada ao microscópio, e a um
microcomputador equipado com placa digitalizadora ACDC. As mesmas foram
analisadas através do programa Image SXM (BARRET, 2002) de domínio público,
programa o qual pode ser obtido via internet ( http://reg.ssci.liv.ac.uk ). A medição dos
braços dos cromossomos fora convertida de pixels para escala de micrômetros. A
razão entre os braços (r) determinou -se segundo o critério de classificação
morfológica dos cromossomos descrit o por Guerra (1986).
Resultados e Discussão : Ochroma pyramidale apresenta 2n = 16 cromossomos
(Figura 1). Entre as espécies da família Malvaceae a variabilidade cromossômica é
ampla podendo varia de 2n = 16 até 2n = 96 cromossomos (BRÜCHER, 1977).
Segundo Silva et al. (2007) a espécie Guazuma ulmifolia apresentou o mesmo
número cromossômico de 2n = 16.
Mesmo assim o número de cromossomos pode variar ao longo do processo
evolutivo. Essa variação está relacionada à variação intraespecífica e
interespecífica. O conhecimento a cerca deste parâmetro pode contribuir para uma
delimitação taxonômica de espécies assim como para o reconhecimento de citótipos
dentro de populações de uma mesma espécie (Pedrosa et al. 1999).
Na maioria das espécies o tamanho médio é em torno de 5 a 6μm (GUERRA,
1988). Portanto, os cromossomos de Ochroma pyramidale se enquadram nos
padrões pré estabelecidos quanto a seu tamanho.
2
1
5
3
6
4
7
8
Figura1 - Metáfase e cariótipo dos cromossomos mitóticos de Pau de Balsa
(Ochroma pyramidale) com 2n = 16 cromossomos. Barra = 5μm.
Tabela 1 - Medidas e morfologia dos cromossomos de Ochroma pyramidale, de
acordo com a posição do centrômero.
Cromossomo
1
2
3
4
5
6
7
8
Comprimento
Total
(µm)
1,73
1,05
1,00
0,88
0,81
0,70
0,66
0,43
Braço
(µm)
Curto
Longo
0,67
1,06
0,38
0,67
0,44
0,56
0,33
0,55
0,15
0,66
0,21
0,49
0,20
0,46
0,16
0,27
Razão
entre
Braços
1,58
1,76
1,27
1,67
4,40
2,33
2,30
1,69
Índice
Centromérico
(IC)
38,73
36,19
44,00
37,50
18,52
30,00
30,30
37,21
Morfologia
Cromossômica
SM
SM
M
SM
A
SM
SM
SM
Razão entre braços = Braço longo/Braço curto; ÍC = Braço curto/ comprimento total x
100; M = metacêntrico; SM = submetacêntrico; A = acrocêntrico.
Segundo Gerra (1988) as características mais evidentes do cariótipo são
as posições do centrômero o número e tamanho dos cromossomos, baseando -se na
teoria, foi realizada a medida e analisada a morfologia dos cromossomos da espécie
Ochroma pyramidale, que apresentou um cariótipo com 6 pares de cromossomos
submetacêntricos, 1 par de cromossomos metacên tricos e 1 par acrocêntrico, Assim
pode ser notada a predominância de cromossomos do tipo submetacêntricos
(Tabela1). E os cromossomos apresentaram uma média de 0,90µm. Ocorrendo uma
variação entre 1,73 a 0,43 µm .
Conclusão: A espécie estudada apresentou cromossômicos diplóides 2n = 16.
Apresentando cromossomos metacêntricos, submetacêntricos e acrocêntricos, com
predominância de submetacêntricos.
Agradecimento: Os autores agradecem a FAPEMAT pelo apoio neste projeto.
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