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Sexta-feira e fim de semana
6, 7 e 8 de março de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Economia
Editor: Luiz Guimarães
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Trabalho
Número de candidatas reduziu desemprego feminino em 2014
FREDY VIEIRA/JC
Patrícia Comunello
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Se até as atrizes da indústria
de cinema de Hollywood resolveram reclamar neste ano das
desigualdades em um mercado
de trabalho em que as diferenças
podem valer milhões de dólares, imagina como se sente boa
parte das 852 mil mulheres que
integram a força feminina na População Economicamente Ativa
(PEA) na Região Metropolitana
de Porto Alegre (RMPA). Aquelas
que estavam ocupadas no ano
passado na RMPA, por exemplo,
ganharam, em média, 24,7% menos que os colegas homens. O salário médio foi R$ 1.579,00 para
a ala feminina, ante R$ 2.093,00
dos homens. No setor industrial,
a distância é ainda maior: 33,4%,
e nos serviços, chega a 29%. Apenas o comércio ficou na média.
A estatística, que compõe o
Informe Mulher e Trabalho divulgado nesta quinta-feira pelas entidades que elaboram a Pesquisa
de Emprego e Desemprego (PED),
é confirmada na vida real pela
enfermeira Jéssica Akemy. A jovem cita que, na disputa por vagas, alguns quesitos em sua área
de atuação desfavorecem a colocação e até a chance de melhorar
o rendimento. “Quando é alguma
função como emergencista, alegam que precisa ter mais força,
mas isso não faz diferença no
trabalho”, garante a enfermeira,
lembrando que sua profissão é
ainda território dominado por
mulheres. “A gente é maioria,
mas há diferenças em favor deles”, observa Akemy.
Na área de serviços, a PED
mostrou que um empregado
Hoff e Jéssica confirmam, todo final de mês, o resultado da pesquisa
recebia, em média, quase R$
700,00 mais. O rendimento
médio foi de R$ 2.360,00 para
ocupados e R$ 1.681,00 para as
ocupadas. O estudante de Engenharia da Computação e projetista de produto de uma indústria
de componentes eletrônicos na
Capital Vinícius Maciel Hoff está
o ramo com maior vantagem
percentual para o gênero masculino. É de cerca de R$ 650,00
o ganho maior. Hoff espera mais
que dobrar o rendimento após se
graduar e identifica maior preconceito na sua área quando se
trata de mulheres com a formação. “Isso reflete mais a cultura e
se vê na hora de selecionar, mas
depois, no dia a dia, não há diferença”, acredita o projetista.
“A desigualdade de renda
ficou quase no mesmo patamar
em relação a 2013”, indicaram os
responsáveis pela análise pela
Fundação de Economia e Estatística (FEE), Fundação Gaúcha do
Trabalho e Ação Social (Fgtas)
e Dieese. Desde 2000, a menor
fonte: fee
distância foi registada em 2008,
de 24%, seguida pelo percentual
de 2014. Há 14 anos, as mulheres
recebiam quase 32% menos, e as
maiores taxas estavam também
nas escolaridades intermediárias, Ensino Fundamental completo e incompleto. No nível superior, a distância entre os valores
era de 28,5% no ano passado,
mas estava entre os analfabetos
o menor percentual, de 19,8%.
Outro achado da pesquisa é que
empregados e empregadas do setor público e privado apresentam
diferenças muito próximas.
A taxa de desocupação feminina teve maior velocidade na
queda nos últimos 14 anos, quando passou de 19,6% em 2000
para 6,6% em 2014, recuo de
13 pontos percentuais, ou 66%.
No mesmo período, a taxa dos
trabalhadores reduziu de 14,2%
para 5,4%, 8,8 pontos menos, ou
62%. Mesmo assim, o indicador é
ainda superior ao da PEA masculina, com seus 997 mil representantes. “Mas os homens ficaram
quase na mesma posição, e as
mulheres mantiveram a queda”,
contrasta Míriam De Toni, socióloga que coordenou o informe.
O que deu um empurrão nesse
desempenho foi a alteração no
comportamento feminino na
hora de disputar o mercado (menos pressão por vagas), o que
amenizou a queda de 2,1% na
oferta de postos para esta população. Segundo Míriam, foi a
primeira queda em 10 anos, mas
que refletiu o panorama em baixa a geração de vagas que não
discriminou gênero. Homens e
mulheres viram minguar a oferta de postos.
Líder na porção de desempregados na RMPA, que somou 109
mil pessoas (56 mil mulheres ou
51,1% do contingente) no fim de
2014, a ala feminina tenta driblar
as desvantagens na disputa por
colocação. Mas em 2014, a fatia de
pouco mais de 46% dos ocupados
é a menor em 10 anos. A razão é
a menor busca de vagas pelas mulheres. Elas podem estar preferindo se dedicar a outras tarefas.
A promotora de vendas Gregória Rocha Ribeiro, 49 anos, e a
recepcionista Chaiane de Abreu,
22 anos, confirmam que é preciso
demarcar as qualidades para obter
trabalho. Agora, a dupla decidiu
dar um tempo do mercado. “Saio,
mas volto logo”, avisa Gregória.
As duas se conheceram nesta
quinta-feira, enquanto encaminhavam o seguro-desemprego na
agência do Sine, na rua José Montaury, no Centro da Capital. Chaiane comentou que atuou também
como atendente de telemarketing,
funções em que há preferência por
mulheres, mas lamenta os baixos
salários. A promotora de vendas
diz que a situação já foi muito pior
na disputa com os homens.
“Já perdi vaga e me disseram
na cara que buscavam homem,
que era mais forte”, conta a vendedora. Em mais de 30 anos no mercado, Gregória desenvolveu estratégia própria para conquistar uma
vaga e estuda os candidatos antes
das seleções. “Gosto de vencer os
homens”, admite a vendedora. No
comércio, assegura, conta a postura e a conversa. “A mulher estudou, está mais preparada, a gente
lutou por isso, mas ainda tem de
melhorar.”
FREDY VIEIRA/JC
Na fila do seguro-desemprego, Chaiane e Gregória pedem igualdade
fonte: fee
Mulheres têm salário 25%
menor que o dos homens
Com estratégias, desempregadas
driblam desvantagens do mercado
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Mulheres têm salário 25% menor que o dos homens