PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO
Os “fenômenos psicológicos”1 podem ser considerados, ao mesmo tempo, processos e produtos.
Buscamos focalizar os fenômenos psicológicos em processo, o que implica em não tomá-los como
uma essência imutável ou apenas em momentos de interrupção de seu devir. Escolhemos, por isso,
esta noção de “processos de subjetivação”, por melhor caracterizar os focos da nossa investigação e,
conseqüentemente, o percurso acadêmico-profissional dos professores que compõem o corpo
docente do Programa.
Vivemos, atualmente, em meio a uma multiplicidade de modos de vida e de sociabilidade, de
formas de experienciar o tempo e o espaço em uma época que ainda não elaborou, suficientemente,
nos planos da teoria, da prática e até mesmo da ação política, a amplitude e a potencialidade destas
transformações, o que tem sido nomeado como crise da modernidade. Outro aspecto desta crise é a
velocidade e a intensidade das transformações políticas, econômicas, culturais, tecnológicas,
midiáticas, que repercutem, diretamente, na vida cotidiana. Nesse contexto, considerando-se a
multideterminação da realidade histórico-social, afirmamos também a importância de uma
abordagem transdisciplinar dessas questões, o que demanda conexões entre diversos campos de
saber.
A preocupação com os processos de subjetivação, vividos na atualidade, não nos leva a prescindir
de um diálogo, necessário e renovado, com tradições da História da Psicologia, porque nelas
encontramos referências para construções teórico metodológicas que permitem investigar a relação
entre a crise do nosso tempo e os processos de subjetivação. Duas dessas tradições merecem ser
salientadas: uma no campo da Psicologia Clínica, representada por Sigmund Freud e pósfreudianos; outra no campo da Psicologia Social, representada por um conjunto de autores e
pesquisadores que partiram da proposta de Pesquisa-Ação preconizada por Kurt Lewin. Nas duas
vertentes encontramos a demonstração de um pressuposto básico: a indissociabilidade entre
pesquisa e intervenção. Em Freud, investigar o inconsciente envolve transformações e, na corrente
lewiniana, pesquisar é intervir.
Outro princípio que adotamos é o de romper com a segmentação tradicionalmente praticada no
campo da psicologia entre as suas dimensões clínica e social.
Entendemos a presença de conexões necessárias entre os processos de subjetivação vivenciados
individual e coletivamente. Por isso, buscamos construir instrumentos de pesquisa e intervenção que
articulem as contribuições oriundas dos campos da psicologia clínica e da psicologia social, e que
possibilitem considerar a singularidade dos processos de subjetivação.
1
Expressão utilizada no documento “Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Graduação em Psicologia”.
Parecer CNE/CES 0062/2004. Aprovado em 19/02/2004.
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PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO Os “fenômenos