Celia Regina Lopes Feitoza “Se quiser falar ao coração do homem, há que se contar uma história. Dessas que não faltam animais, ou deuses e muita fantasia. Porque é assim, suave e docemente que se despertam consciências”. Jean de La Fontaine Para as crianças, ouvir histórias na infância leva à interiorização de um mundo de enredos, personagens, situações, problemas e soluções, que proporciona às crianças um enorme enriquecimento pessoal e contribui para a formação de estruturas mentais que lhes permitirão compreender melhor e mais rapidamente não só as histórias escritas como os acontecimentos do seu dia a dia. A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real. A maioria das crianças não tem oportunidade de ouvir histórias no seio familiar. Cabe à escola e principalmente a fase da Educação Infantil, assegurar que lhes não falte essa experiência tão enriquecedora e tão importante para a aprendizagem da leitura. A escolha da história deve ser feita previamente, de acordo com a faixa etária a ser atendida. Contudo, um bom contador de histórias tem que saber adaptar-se ao público. Esse ajuste é feito ao vivo, de uma forma rápida e quase imperceptível. * Se a assistência se distrai, há que mudar o relato, abreviando o enredo, introduzindo novas peripécias, criando suspense. Se a assistência se mostra fascinada, vale a pena prolongar o efeito e ir adiando o desfecho. A mesma narrativa terá de apresentar cambiantes conforme a idade das crianças e as características dos vários grupos. • • • Conte sobretudo histórias que conheça bem e de que goste. Identifique previamente os acontecimentos-chave para os apresentar de forma clara e sugestiva. Conte a história como se estivesse a vê-la desenrolar-se por cenas. Ensaie em casa, em frente ao espelho, ou diante de pessoas que lhe possam dar um feedback. Observe as reações das crianças enquanto conta a história para poder fazer os ajustes necessários. Pode, por exemplo, aligeirar uma situação se as crianças estão assustadas ou torná-la mais dramática para envolver emocionalmente os ouvintes. Sempre que possível envolva as crianças no relato. Se as crianças exigirem que torne a contar a mesma história, deve considerar que a atividade foi um êxito. *Pedir às crianças que: - repitam frases; -façam os gestos adequados para sublinharem a ação; - emitam os sons que a história refere (vento, bater à porta, etc.) *Suscitar antecipações, perguntando: O que é que acham que vai acontecer a seguir? * Suscitar o reconto em grupo, sobretudo com os alunos mais velhos. Um ou dois alunos ajudam o educador. * A história vai sendo contada pelas crianças e o Educador só interfere quando necessário. * * As crianças contam a história em grupos de dois ajudando-se mutuamente. * Uma turma conta a história a outra turma. * Cada criança escolhe o momento preferido e conta-a em pormenor acrescentando o que quiser. As crianças são convidadas a contar a história muito rapidamente e referindo apenas o essencial. Contar histórias é uma arte. Muitas pessoas têm um dom especial para esta tarefa. Mas isso não significa que pessoas sem esse dom excepcional não possam tornar-se bons contadores de histórias. Com algum treinamento e alguns recursos práticos qualquer pessoa é capaz de transmitir com segurança e entusiasmo o conteúdo de uma história para pequenos. As histórias devem conter enredos simples, vivos e atraentes, contendo questões que se aproximem o máximo possível da vida das crianças, de sua afetividade, seus brinquedos e dos animais que conhecem. Nesta fase são indicadas histórias de bichinhos, brinquedos, objetos e seres da natureza, sempre humanizados, além de histórias que tenham crianças como protagonistas. Um exemplo é "A Bela e a Fera", na qual castiçais e relógios têm vidas próprias. O conto mínimo ou parlendas são também boas opções de texto para trabalhar com essa faixa etária. Nesta fase, os enredos podem trazer mais elementos, ou seja, são mais elaborados. É a fase do "conte outra vez", em que as crianças solicitam que uma mesma história seja contada repetidas vezes, para que possam apreciar com mais calma cada detalhe da narrativa. Nesse período são indicadas histórias de repetição ou acumulativas, como "O Macaco e o Rabo", trazida a seguir. Também são boas opções histórias de fadas, de crianças, de animais e contos de encantamento. O importante é amplie os enredos gradativamente, partindo de histórias mais curtas para as mais longas. São parlendas que transformamos em histórias de acordo com a forma de contar. Aqui vai um para vocês brincarem com seus pequenos. Era uma vez três dois polacos e um francês que certo dia, por causa de uma embriaguês, foram os três parar no xadrez. Quer que eu conte outra vez? Era uma vez três... “Uma criança de dez anos que lê como quem respira, que gosta de ler, que lê como quem está usando mais um, além dos seus cinco sentidos, estará preparada pra receber toda a informação de que vai necessitar para enfrentar a vida” Ziraldo