4 A RAZÃO PROPOSTA AGOSTO / 2007 Quando discordamos de algo ou de alguém, devemos nos revestir de calma para expor nosso argumento Sejamos criaturas felizes THARSILA PRATES Jornalista Abaixo a discussão!" Se eu um dia me tornasse presidente, este seria um dos meus principais lemas. Não quero dizer com isso que eu não sinta vontade, de vez em quando, de "estrangular" alguém. Também não quer dizer que eu não discuta. Não. Sou humana e, por isso, sou imperfeita e vivo entre humanos, igualmente imperfeitos. Acontece que viver em pé-de-guerra não é legal e não atrai nada de bom, além de não resolver muita coisa. Já diz aquele ditado: "Quando um não quer, dois não brigam." Ah, se a gente le- “A LEMBRANÇAS vasse isso a sério... Mas, não. Como já disse a personagem Dinorá, da novela das 8 da Globo, tem sangue correndo nas nossas veias e, por isso, se alguém diz alguma coisa, a gente replica, treplica, se for possível. Escutar alguém, jamais! Há quem deva achar que eu gosto de discussão. É verdade, falo mais do que devia. Quando começo, não paro. Se achar que estou certa então, aí é que a coisa pega! Muita gente fala muito também, mas se nós não déssemos importância não viraria discussão. Afinal, nem tudo o que falamos é para ofender. Tem outro ditado popular que diz assim: "Dou um boi para não entrar numa briga, mas dou uma boiada para não sair." Se pensarmos direito, há muita intransigência neste modo de agir. Alguém tem de ceder e... vamos combinar? Que este alguém sejamos nós mesmos. Já reparou que há Se numa dias em que conversmmos com os oudiscussão tros, berrando, briganalguém deve do? O parente, o vizinho ou o amigo dá boa-tarde e responceder, que demos com um "O sejamos nós. que é? Está olhando o quê?" Isso é ridículo! Devíamos lembrar das lições do Racionalismo Cristão que nos ensinam que tudo que pensamos, falamos e fazemos fica gravado e, no nosso Mundo de Luz, tudo será reprisado como em um filme. Entre os grandes mestres, racionalistas cristãos de São Paulo Cínicos, céticos, estóicos e epicuristas ROBERTO FARIAS DE OLIVEIRA Militante da Filial São Paulo Como relatei em crônica anterior, vim morar em São Paulo em 1960. A 3 de janeiro, ainda estávamos no Rio e pudemos assistir à comemoração do centenário de nascimento de Luiz de Mattos, com falas memoráveis, inclusive de D. Maria Cottas, bastante emocionada. No dia 5, aqui chegamos e ficamos três anos no bairro da Lapa, onde concluí o chamado curso ginasial no Colégio Estadual Anhangüera. Não seria possível ali prosseguir; prestei exame de seleção e fui fazer o curso clássico no Colégio de Aplicação, ligado à Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo, próximo à Praça Marechal Deodoro, em Santa Cecília. Era a época da escola pública de alto nível, como já dissemos, e as opções eram: científico, clássico e normal – este o único profissionalizante, formava professoras, embora já existissem as escolas técnicas. Meus colegas do Anhangüera, turma somente masculina, tornaram-se, na maioria, médicos. Do Aplicação, turma mista, na maioria advogados(as). Em 1961, a legislação do ensino sofreu uma mudança, deixando-nos ainda mais dedicados às ciências humanas, liberando-nos de Matemática, Química, Física e Biologia. No último ano do Colegial, no entanto, fomos para Porto Alegre, e concluí no Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, considerado padrão do Estado. Muitos colegas vinham do interior, um deles de uma cidadezinha onde só se falava alemão. Hoje são juízes, jornalistas. No Aplicação, os professores trabalhavam em conjunto, com projeto interdisciplinar que ainda era novidade, quase todos jovens. Em Filosofia, tivemos uma visão histórica, sob o ponto de vista da Teoria do Conhecimento, que me marcou e que memorizo até hoje. FORMAÇÃO. Não estou me vangloriando dessas escolas, quero apenas relatar uma formação. Aproximamonos das diferentes fases da cultura e das artes. De volta de Porto Alegre, prestei o vestibular (com provas escritas e orais) para Letras – USP. O ano? 1964: começava o período dos embates dos estudantes. Mas a faculdade decepcionou-me bastante, com honrosas exceções, é claro. Era o antigo prédio da Rua Maria Antonia, em frente ao Mackenzie, e ocorreram conflitos. Em 1968, concluí o bacharelado, já na Cidade Universitária, bem distante, pois estávamos morando em Santa Cecília. Em 1965, paralelamente, freqüentei a Escola de Arte Dramática, à noite, em busca de um ambiente de espírito verdadeiramente universitário. E como andava a pé para todo lado! Indo ao teatro, conhecendo pessoas, tentando compreender ao máximo o que se fazia no mundo da comunicação. Na EAD, não segui o curso de ator, mas o de Dramaturgia e Crítica, com sábios como Anatol Rosenfeld e Alfredo Mesquita, o mantenedor, às próprias expensas, de tudo, ten- do conseguido a cessão do antigo prédio da Pinacoteca do Estado para as aulas, junto ao Jardim da Luz, em frente à famosa estação ferroviária. Tudo funcionava com recursos mínimos, fraca iluminação, com aparência interna de castelo medieval, acentuada pelos exercícios de colocação de voz e pelos treinos de esgrima dos alunos de interpretação. Antes do final daquela década, houve a incorporação pela USP, passando a integrar a Escola de Comunicações e Artes. Com muitas pessoas famosas da cultura e das artes no Brasil travei contato naquele momento, tanto em Letras como em Dramaturgia, mas houve umas aulas, em particular, que nunca esqueço, e faço questão de mencionar. Não sem antes destacar os mestres da Casa Racionalista Cristã da Rua Francisca Júlia, que sempre freqüentávamos, alguns ainda entre nós, outros já no Astral SupeRacionalismo rior, como: Amélia Coelho, HeleCristão é o na Botelho, Jaime Rodrigues, retorno aos Sinforiano Varejão, Malvina e princípios Albano Teixeira, Wilson Carneoriginais valli, José Rodrigues Jr., Guiode Cristo, mar e Humberto Romanelli, meus que vêm pais: o major Manoel Carvalho sendo de Oliveira e Elba Farias de enfraquecidos Oliveira, e outros, tantos outros. Tornei-me então militante, de modestos predicados, é certo, a partir de 1970. Pois bem, ao estudar o universo das artes e do pensamento, vamos reparando que transparecem, aqui e ali, vislumbres dos conhecimentos da vida espiritual, quando os seres humanos aceitam pôr em prática as intuições vindas dos mundos superiores, como o idealismo de Platão até Hegel, por exemplo. Na escola de Alfredo Mesquita, um benemérito da cultura de São Paulo, tivemos aulas, por volta de 1966, com uma figura, no mínimo curiosa: o professor Vilém Flusser, e ele mesmo escolhera esta grafia para seu nome no Brasil, já que viera da cidade de Praga. Segundo contou, fugira a pé do nazismo, trazendo apenas um exemplar do “Fausto”, de Goethe. Tinha pelo menos um livro publicado em português e o aspecto entre estranho e engraçado, acentuado pela pronúncia tcheca, os bigodes e o cavanhaque grisalhos. A partir de certo momento, disse-nos que iria viver na França, e daí nunca mais tivemos notícias dele. Com ares sinistros, nos dizia assim: "Vocês nunca leram as "Confissões", de Santo Agostinho? Pois é parte fundamental do pensamento ocidental, da cultura judaico-cristã, a "imitatio Christi" (imitação de Cristo – lema fundamental de muitos religiosos da Idade Média)!... Depois: "Vamos analisar uma sentença de Nietzche: "Arte melhor que verdade". E citava o texto em alemão. O mais interessante de tudo foi quando comparou a época em que vivíamos (e o mundo não mudou tanto assim em 40 anos) com a do início do Cristianismo. Os últimos séculos do Império Romano coincidiram com as escolas consideradas "menores" da filosofia grega, antes que o cristianismo surgisse para que todos nele se engajassem. Hoje vivemos um caos cultural, político e religioso, sem dúvida, semelhante ao da decadência dos grandes domínios de Roma. E todos anseiam por uma orientação segura, pela verdade, que as religiões não conseguem desvencilhar do misticismo e dos mistérios fantasiosos. Cremos que, aos poucos, todos irão descobrindo a resposta tão procurada, de forma semelhante aos povos do tempo dos romanos, envolvendo também, embora lentamente, as tribos bárbaras invasoras. Hoje, o Racionalismo Cristão afirmase como uma luz nas trevas, como o grande engajamento ao qual as pessoas aspiram. E o professor Flusser apenas intuía a verdade de nossa época, comparável por vários motivos à da transição do Mundo Antigo para o da Idade Média que, ao longo de dez séculos, forjou os conceitos de justiça, de bem comum, de respeito pelo semelhante, de amor ao próximo, que constituem os ideais mais elevados das sociedades atuais, com base exatamente na imitação de Cristo. CORRENTES. Pois bem, dizia o professor que, antes de os povos se deixarem profundamente imbuir dos valores do cristianismo, quatro correntes de pensamento representavam bem o que havia: os cínicos, que eram como o grego Diógenes, morador de um tonel, desprezando qualquer poder ou glória, (como hippies, dizia o professor, querendo levar vida de cachorro – cynos, em grego), pondo em dúvida ou ridicularizando qualquer conceito tido como certo; os céticos, descrentes ao máximo, como os representantes da ciência materialista, apáticos, tentando parecer indiferentes aos males ao redor; os estóicos, severos, mostrando orgulhosa resistência à dor, procurando saída nas seitas orientais ou em religiões autoflagelantes, no desprezo ao conforto físico, como o imperador filósofo Marco Aurélio; e os epicuristas, discípulos do grego Epicuro, que foi viver em Roma, partidários do prazer refinado, mas hoje são os que se envolvem no mundo das drogas, ou no luxo e conforto, riquezas materiais a qualquer preço. Consideramos esta visão extremamente pertinente, sabendo como o Racionalismo Cristão é um retorno aos princípios originais de Cristo, que vêm sendo enfraquecidos e desvirtuados, a ponto de a humanidade ter-se deixado ficar confusa, descrente, egoísta e imediatista. O mundo de hoje parece mesmo estar seguindo essas quatro correntes de pensamento aqui apenas esboçadas, merecendo um estudo melhor, mais aprofundado, em próximos comentários. Há dias também em que não queremos “papo”. Temos esse direito, só que isso não é dito de forma gentil, mas com os conhecidos "coices" e "patadas" de sempre. Quando não concordamos com alguma coisa ou com alguém, aí sim é que deveríamos nos revestir de calma para mostrar ao outro o nosso argumento. Precisamos nos revestir de mais calma para ponderar melhor. Lembro de outra coisa sobre a qual deveríamos refletir: vamos parar de fazer tempestade em copo d'água. Nós nos irritamos com cada coisa! Se soubéssemos como é feio, não faríamos tantas caras e bocas por nada. Por último, irei ler e reler este texto, que escrevi. Como já disse, tenho os meus defeitos e a minha obrigação é corrigi-los. PENSAMENTO Uma gota no oceano EMILCE MARIA DINIZ Militante na Filial Belo Horizonte Durante toda a eternidade, vindos de mundos distantes, de distâncias inimagináveis, espíritos do Astral Superior viajaram pelo espaço, procurando ajudar a humanidade. Todos que perceberam essa presença receberam sua Luz, como um bálsamo para suas dores. Durante muitos séculos, os espíritos do Astral Superior alertaram a humanidade sobre a grande causa de seus males, o próprio pensamento. Muito se falou, muito se fala e muito se aconselha às pessoas que estudem, raciocinem, elevem seus pensamentos com firmeza, sem vacilos e sem medos. O livre-arbítrio deve ser usado somente para o bem. Quanto se tem alertado as criaturas para que se desliguem de dogmas religiosos e vejam que existe um caminho, que é seguro e verdadeiro. Espera-se que as criaturas se dêem uma chance de atingir a felicidade relativa. O mundo necessita de esclarecimento. As criaturas precisam conscientizar-se de que o materialismo é destrutivo. Deve-se aliar a vida espiritual e material, pois não vivemos só da matéria. Muitos entendem que aproveitar a vida é beber sem limites, freqüentar bares, praticar sexo, sem sequer questionarem se tudo isso significa felicidade. Com luta, Ser feliz é dormir com a consciência tranqüila, certos do dever força e decumprido, e usufruir, com satisfação, do cotidiano familiar. terminação, Falta união no mundo Terra, falta pensar no outro, falta colochegaremos car-se no lugar do outro, evitando, assim, fazer aos outros o que a um mundo não se quer para si. As pessoas deixaram de se melhor. preocupar com o futuro. Apesar de nos preocupamos com a natureza, compramos mesas, cadeiras, armários, camas, que traduzem a destruição do meio ambiente. Madre Tereza de Calcutá lutava bravamente pela humanidade e, quando lhe disseram que era apenas uma gota no oceano, ela retrucou: "um oceano é formado de gotas", é preciso, portanto, que cada pessoa seja uma gota, pois, somada a muitas outras, contribuirá para formar um oceano espiritual. Torna-se cada vez mais difícil a tarefa de ensinar jovens a pensar e a raciocinar sobre Força e Matéria. Não podemos desistir nunca, pois com o tempo esses ensinamentos farão parte da formação do caráter deles, superando falhas advindas da má educação familiar ou de outras encarnações. A vontade tem que ser uníssona, é necessário que todos trabalhem juntos, com um único propósito de tornar a humanidade mais consciente do seu papel, do que pode fazer para si mesma e para o mundo. Ajudar é simples, fácil e nos faz crescer. Deve-se sempre auxiliar a todos os que necessitam de um alento, levando-os a uma Casa Racionalista Cristã, quando manifestar interesse, procurando ajudá-los a enfrentar seus problemas e contribuindo para o crescimento dessas pessoas. Uma das formas de se fazer esse bem é trabalhando em uma Casa Racionalista Cristã. O trabalho abnegado permite às Forças Superiores virem até nosso mundo e, através de uma corrente de Luz, encaminhar os espíritos maléficos ao seus mundos próprios. Com luta, força e determinação, chegaremos a um mundo melhor e mais evoluído espiritualmente. Vamos plantar a semente para que nossos filhos colham os frutos. A Doutrina da Verdade veio para ficar, e não está parada no tempo; ela avança a passos largos. Quem não puder acompanhá-la ficará para trás. Livros Ligue (21) 2117-2100