REPRESENTAÇÕES
DA
ORGANIZADORES
ANDRÉ BARATA
ANTÓNIO SANTOS PEREIRA
JOSÉ RICARDO CARVALHEIRO
ÍNDICE
Sob o Signo da Pluralidade — Pequeno Prefácio . . . . . . . . . . . . .
7
I Mensagem e a Desconstrução da Portugalidade,
Silvina Rodrigues Lopes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9
II Decadentismo Nacional e Identidade Portuguesa:
de Adolfo Coelho a Eduardo Lourenço e outros,
António dos Santos Pereira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
33
III Mário Cláudio: Nauta e Guardião da Portugalidade,
Carla Sofia Gomes Xavier Luís . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
57
IV Um Discurso Sobre a Identidade: João Canijo
e José Gil,
Daniel Ribas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
81
V A Mobilização Reemergente do Complexo Identitário
Português,
André Barata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
93
VI Tudo o Que é Denso se Dissolve no Ar?
Retóricas de identidade num tempo de mudança,
Luís Cunha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
VII Grandes Eventos, Sentimento Nacional e Comércio
Mundial — Notas sobre o Euro 2004,
José Neves . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
VIII Imigração e Concepções da Identidade Nacional
em Portugal,
José Manuel Sobral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147
IX Fátima, Folclore e Futebol? Portugalidade e
associativismo na diáspora,
Daniel Melo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173
X Portugalidade e Diferença: Esboço para um arquivo
simbólico das percepções raciais,
José Ricardo Carvalheiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197
XI Mar Português Ready-Made,
Luís Henriques . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 221
XII «Estou Atrasado! Estou Atrasado!» Sobre o atraso
da arte portuguesa diagnosticado pela historiografia,
Mariana Pinto Santos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
XIII Uma Potência em Ascensão: Portugal à luz do discurso
proferido por D. Garcia de Meneses perante o Papa
Sisto IV (1481),
Alexandre António da Costa Luís . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 243
XIV O Ponto de Vista da Hispanidade,
João de Melo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 265
XV Identidade. Identificando. Flanando por Fronteiras,
Mário de Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
IV
UM DISCURSO SOBRE A IDENTIDADE:
JoÃo CANIJO E JosÉ GIL
DANIEL RrBAS
Instituto Politécnico de Bragança I
Universidade de Aveiro
É comum falarmos de determinado realizador e olharmos nele
um certo padrão, que se traduz em diversos símbolos de semelhança, quer cinematográfica quer temática. Alguns desses realizadores, parecem fazer sempre o mesmo filme. Se há realizador que nos
parece ser marcado por urna constância cinematográfica, esse é
João Canijo, pelo menos desde que, com Sapatos Pretos, em 1998,
ressurgiu como um autor no cinema português.
Convém, contudo, fazermos uma espécie de introdução contextuai: o cinema português, pelo menos desde os anos 90, é um cinema diferente, algo que já foi notado por alguns autores como Tiago
Baptista (Baptista, 2008), Jacques Lemiere (Lemiêre, 2006) ou
Paulo Filipe Monteiro (Monteiro, 2004). É um cinema que se afasta de uma espécie de cinema-nação que foi o conceito corolário
dos intensos anos do novo cinema português e daquilo que mais tarde, durante os anos 80, se chamou a «Escola Portuguesa» (Costa,
1991). Apesar da permanência das dificuldades económicas ou
mesmo da persistência de certos autores, o cinema português diversificou-se, pelo menos na forma como ousou olhar para a realidade, afastando-se dos filmes programáticos e filosoficamente
marcados dos anos 80.
João Canijo aparece-nos aqui como um caso singular: se, por
um lado, o seu cinema é bastante marcado por uma abordagem
realista e, por vezes, quase televisiva, do cinema, por outro, concentra-se num excesso temático à volta do que é ser português. Em
Canijo, esse é mesmo todo um programa de cinema, uma agenda
política que o autor faz questão de sublinhar nas suas intervenções
públicas. Contudo, há uma contradição nos termos do conceito de
«Escola Portuguesa» porque, se olharmos com atenção, veremos
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ANDRÉ BARATA ANTÓNIO SANTOS PEREIRA JOSÉ RICARDO