[20 valores] Desabafos de Margarida Martins, fundadora da Abraço. Causa nobre, luta difícil. P. 4/5 [campus] [5ª dimensão] [ganha!!] O embaixador português em Itália fala dos meandros da carreira diplomática. P. 7 O MU apresenta a Wii, a nova consola da Nintendo, e o seu fabuloso comando Nunchuk. P. 17 Entradas para a exposição do ano e muito mais. Atreve-te! P. 10/12 Director: Gonçalo Sousa Uva | Segunda-feira, 6 de Novembro de 2006 | N.º 48 | SEMANAL | distribuição gratuita | www.mundouniversitario.pt Exposição Star Wars em Lisboa, até 14 de Janeiro Eles chegaram! 2| 6 NOVEMBRO 2006 MTV Europe Music Awards 2006 Editorial Moonspell vencem «Best Portuguese Act» Curriculum arquivado Realizou-se, no passado dia 2 de Novembro, mais uma edição dos MTV Europe Music Awards. Desta feita, a cerimónia decorreu na praça Radhuspladesen, na capital dinamarquesa, Copenhaga, tendo como apresentador o norte-americano Justin Timberlake, também ele um dos grandes vencedores da noite. | POR DIOGO TORGAL FERREIRA | [email protected] | O namorado de Cameron Diaz, para além de anfitrião, actuou, dançou e arrecadou dois galardões nas categorias de Best Male e Best Pop. O evento, que também teve como palco secundário o centro de arte Bella Center, ficou marcado pelas actuações ao vivo de estrelas como a luso-canadiana Nelly Furtado, P. Diddy, Snoop Dogg, Keane, The Killers, Muse e Riahanna. Os vencedores da noite acabaram por constituir uma interessante mistura entre veteranos nestas andanças como os Depeche Mode (Best Group) ou os Red Hot Chili Peppers (Best Album), e projectos de novas gerações como os The Killers (Best Rock), Kanye West (Best Hip-hop) ou Cristina Aguilera (Best Female). Quanto à categoria de Best Portuguese Act, galardão que contou com as nomeações de Boss AC, David Fonseca, Expensive Soul e Mind da Gap e Moonspell, o prémio foi arrebatado pela banda de heavy-metal liderada Docente da FEUP recebe Prémio Professor Carlos Lima 2006 VIII PortoCartoon-World Festival José Domingos dos Santos, docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e investigador do Instituto de Engenharia Biomédica Universidade do Porto (INEB), recebeu o Prémio Professor Carlos Lima 2006, pelo artigo de investigação «Bone Ingrowth in Macroporous Bonelike® for Orthopedic Applications». O trabalho – sobre um novo substituto ósseo sintético que tem a capacidade de mimetizar a composição química do osso mineral – foi atribuído pela Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia ao melhor artigo de investigação na área da Ortopedia e resulta de uma colaboração na área da Medicina Regenerativa do Tecido, que tem sido desenvolvido entre docentes e investigadores da FEUP, do INEB e do Serviço de Ortopedia do Hospital de S. João. Como tal, para além do docente da FEUP e de José Maria Ferreira, professor da Universidade de Aveiro, o trabalho premiado envolve a equipa cirúrgica do Serviço de Ortopedia do Hospital Geral de S. João, a qual inclui o doutor Manuel Gutierres e os professores Tiago Cabral e Luís de Almeida, co-autores do trabalho. RLS Até 31 de Dezembro, decorre a votação online Prémio do Público no Museu Virtual do Cartoon – www.cartoonvirtualmuseum.org –, para a eleição do melhor cartoon do VIII PortoCartoon – World Festival, independentemente da votação do júri, já atribuída em Maio . A iniciativa, inédita, permite que os cibernautas escolham entre 29 trabalhos, vindos de países tão diferentes como o Azerbaijão, Bélgica, Brasil, Eslováquia, Sérvia e Montenegro, Turquia, por Fernando Ribeiro. Apesar dos Moonspell estarem presentemente em digressão pelos EUA, a banda da Brandoa não deixou de enviar uma mensagem de agradecimento através de um vídeo pré-gravado. Nas palavras de Fernando Ribeiro, este «prémio é de todas as pessoas que ouvem e vivem o heavy metal em Portugal». Refira-se que este ano a cerimónia foi vista por uma audiência estimada em 1,3 mil milhões de espectadores em cerca de 179 países. Cibernautas elegem cartoon entre outros. Os portugueses Santiago e Augusto CID (colaborador do semanário SOL) também estão em votação. O tema é comum a todos: «A Desertificação e Degradação da Terra». O PortoCartoon-World Festival é um concurso internacional de caricatura, organizado anualmente pelo Museu Nacional da Imprensa, de Portugal, e considerado pela FECO (Federation of Cartoonists’ Organisations) um dos três mais importantes do mundo. RLS Medicina Chinesa no público O Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, iniciou na passada sexta-feira uma pós-graduação em Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a primeira a ser leccionada numa escola superior pública portuguesa. Com 27 alunos inscritos, o curso conta com 900 horas, leccionadas ao longo de três semestres. Apesar de a Ordem dos Médicos não reconhecer as práticas que vêm do Oriente, em declarações à Lusa, o coordenador do curso, Jorge Machado, garantiu: «Temos o direito de ensinar o que entendemos ser minimamente razoável e estamos em presença de práticas assentes em milénios de experiência.» RLS «Colaboração», «Candidatura», «Envio de CV». Muitos são os “subjects” que os remetentes de correio electrónico elegem quando nos enviam a sua candidatura espontânea, com vista a integrarem a equipa Mundo Universitário. Sou eu quem abre esses e-mails, envio a resposta e, na maioria dos casos, devo dizer, arquivo. Pela simples razão de que, apesar de o nosso jornal ser uma espécie de polvo que estende os tentáculos por variadíssimas universidades e institutos superiores portugueses – chegamos a 310 mil mãos – não podemos ter uma equipa infinita. Por mais que este cálculo matemático seja uma razão perfeitamente lógica, estou certa de que receber um “não” é sempre difícil. Mas dizer “não” aqui deste lado também o é. Setembro e Outubro são meses de eleição para o envio de currículos. As equipas regressam ao activo e as candidaturas invadem as caixas de correio – sim, é inequívoco que muitos são os que neste momento procuram a sua oportunidade em jornalismo. A seguir ao Natal, acredito que a avalancha se volte a fazer sentir e o nosso arquivo lá vai aumentando (não me interpretem mal, não quero de modo algum desencorajar possíveis candidaturas, estou só a contar-vos o nosso lado da história). E que belo arquivo de currículos temos aqui. Muitos recém-licenciados, seguramente acostumados a ter o Mundo Universitário como companheiro na mesa do bar, mas também gente com um palmarés repleto de experiência. Para toda a gente que anda à procura de um projecto onde o seu valor profissonal possa encaixar, aqui fica o nosso “boa sorte!”. Mais dia menos dia, mais resposta menos resposta, a oportunidade aparece. Entretanto, este projecto continua a estender os seus tentáculos e a responder a cada candidatura que chegue com muito orgulho por saber que gostariam de trabalhar connosco. Raquel Louçã Silva Chefe de Redacção [email protected] Ficha Técnica: Título registado no I.C.S. sob o n.º 124469 | Propriedade: Moving Media Publicações Lda | Empresa n.º 223575 | Matrícula n.º 10138 da C.R.C. de Lisboa | NIPC 507159861 | Conselho de Gerência: António Stilwell Zilhão; Francisco Pinto Barbosa; Gonçalo Sousa Uva | Gestor de projecto: Nuno Félix | Chefe de Redacção: Raquel Louçã Silva | Redacção: Diogo Torgal Ferreira, Lina Manso | Colaboradores: Geraldes Lino, Manuel Arnaut Martins, Mariana Seruya Cabral, Mónica Moitas (fotografia) | Revisão: Piedade Góis | Projecto Gráfico: Sara del Rio | Paginação: Pedro Alves | Marketing: Ricardo Martins | Sede Redacção: Estrada da Outurela n.º 118 Parque Holanda Edifício Holanda 2790-114 Carnaxide | Tel: 21 416 92 10 | Fax: 21 416 92 27 | Tiragem: 34 000 | Periodicidade: semanal | Distribuição: Gratuita | Impressão: Grafedisport; Morada: Casal Sta. Leopoldina – Queluz de Baixo 2745 Barcarena; ISSN 1646−1649. [ radar ] PUB 4| 6 NOVEMBRO 2006 [ vinte valores ] Margarida Martins «Sempre fui educada a ser cidadã» Protótipo da mulher moderna, Margarida Martins já fez um pouco de tudo. Desde figura lendária da noite alfacinha a fundadora e principal activista da mais influente associação portuguesa na luta contra o flagelo do vírus HIV/Sida, nada parece demovê-la de atingir os seus objectivos. Quando se aproxima o Dia Mundial da Luta Contra a Sida, quem disse que as mulheres são o sexo fraco, com certeza nunca conheceu a presidente da Abraço. | POR DIOGO TORGAL FERREIRA | [email protected] | FOTOS MÓNICA MOITAS | Quais são as suas origens? Nasci em Lisboa em 1953, em Santa Bárbara, e vivi desde sempre em Entrecampos. Depois de fazer a escola e o liceu tirei um curso comercial e comecei a minha vida profissional. O meu primeiro trabalho remunerado foi como ajudante de uma criança que estava internada num hospital com um pulmão artificial. De onde vem esta sua veia tão virada para a cidadania e para solidariedade? Sempre fui educada a ser cidadã. O meu pai era um homem atento ao País e a cidadania sempre foi muito importante lá em casa. Apesar de eu nunca ter pertencido a nenhum partido, sempre tive uma vivência muito própria daqueles tempos com as manifestações, os protestos, o meu pai esteve preso, etc. pos a minha vida era ir de dia para um emprego de secretária e, ao final da tarde, mudava de roupa e ia para o bar ajudar até à uma ou duas da manhã. A partir daí, fui-me envolvendo cada vez mais, inclusive na mudança do bar para Frágil. Estávamos em 1984 e fiquei lá até 1991. Era a Guida do Frágil. Para além do bar durante três dias por semana, fazíamos os eventos, a Loja da Atalaia, as primeiras edições do Moda Lisboa… foram tempos muito preenchidos. O Manuel Reis conseguiu formar um grupo de trabalho muito interessante. Tinha fama de porteira “durona”. Ganhou inimizades? Ganhei imensas! É uma coisa natural. Ainda hoje há pessoas da minha geração que me acusam de eu não as ter deixado entrar numa determinada noite. A sua geração vive os tempos do pós-25 de Abril de uma forma intensa. Foi uma geração especialmente castigada pelo HIV/Sida? Eu não sei se foi a minha geração. Acho que a geração seguinte foi muito mais castigada do que a minha. Nos anos 80, eu já tinha 30 e tal anos. Acho que quem Abraçar a fotografia A Associação Abraço inaugurou, no passado dia 2 de Houve algum momento particular na sua vida que a tenha levado a esta dedicação na luta contra o vírus? Eu acordei para o problema da sida por causa de um amigo. Em 91, decidi deixar a noite porque estava cansadíssima e resolvi sair para fazer outras coisas. O meu primeiro projecto foi uma loja no Bairro Alto. Na altura, fui ajudada por imensos amigos na criação e inauguração do espaço e uma dessas pessoas era um amigo meu manequim que se chamava José Carlos. Na festa de inauguração, veio toda a gente mas, estranhamente, o José Carlos não apareceu. Entretanto, fui para o Porto a um jantar com amigos comuns e decidi ligar-lhe para saber dele. Foi aí que ele me disse que estava doente, que se sentia mal, sozinho e com fome. Como ele já estava muito doente, fomos fazer análises ao Egas Moniz e depois soubemos o que se passava. Fui eu que lhe dei a notícia e prometi-lhe estar com ele até ao fim. Novembro, no Quarteirão do Chiado (Rua Garrett, n.º 72), uma exposição de fotografia de Frederico Mendes. Até ao próximo dia 27 do corrente mês, é possível visitar a primeira mostra de trabalho do reputado fotógrafo brasileiro que levou a sua objectiva por todo o globo em nome das mais prestigiadas publicações mundiais e que teve o pra- Como é que aparece o Frágil e a noite lisboeta na sua vida? Na altura (por volta de 1978/79), ainda antes do Frágil havia o Zodíaco, onde o meu ex-marido estava envolvido. Decidi ir para lá dar uma ajuda e durante uns tem- era adolescente na época passou por muitos mais problemas. zer de fotografar gente como Roberto Carlos, Gal Costa, Frank Sinatra ou James Taylor, entre outros. De salientar, e esta é a parte mais importante, que todas as receitas do evento reverterão a favor da Abraço. Aberta ao público de segunda a sábado, das 12h às 19h. Foi assim que começou a Associação Abraço? Sim. Tudo começou ainda em 1991 quando, com o José Carlos ainda vivo, fui ter com o chefe de serviço no hospital, o falecido dr. José Luís Champalimaud, e ele me autorizou a começar a fazer mudanças na unidade dos doentes infectados. Lembrome que começámos por levar camas articuladas novas. Foi este o início da Abraço. Hoje em dia, devemos muito ao dr. 6 NOVEMBRO DE 2006 |5 [ vinte valores ] A 1 de Dezembro comemora-se mais um Dia Mundial da Luta Contra a Sida. Como está a situação da doença a nível nacional? A situação da sida em Portugal está verdadeiramente catastrófica. Só para se perceber, quando começámos a Abraço, Portugal era o sexto país europeu em taxa de incidência. Agora somos o penúltimo... só a Ucrânia está pior do que nós. Isso quer dizer que há muitas críticas a fazer aos sucessivos governos portugueses na luta contra este flagelo? Sem dúvida. A grande crítica que faço é a total ausência, desde sempre, na área da prevenção. Na minha opinião, é essa a aposta fundamental porque, primeiro, é muito mais barato do que o tratamento dos doentes e, segundo, a longo prazo, os resultados serão muito mais positivos e frutíferos. Na Abraço, temos um departamento de prevenção totalmente financiado por nós e com zero ajudas estatais. Há muito a apontar aos governos portugueses porque sempre se assistiu a um certo autismo em relação ao fenómeno... a sida nunca foi uma prioridade. Aliás, alguma coisa está mal no reino da tranquilidade quando uma Organização Não Governamental como a nossa e com a nossa causa é a única associação portuguesa com um stand no Congresso Mundial da Sida. A Abraço tem tido dificuldades para fazer o seu trabalho e cumprir objectivos? Há sempre muita luta, muita guerra contra muitas resistências. Porquê? Porque não entramos no jogo político. Somos a maior associação nacional, mas tratam-nos como se fôssemos a menor. Muitas vezes somos boicotados. Há dinheiro para estádios de futebol, mas depois as crianças andam nas ruas sujeitas à droga, prostituição ou crime. E as perguntas que ficam são estas: No futuro, quanto custa ao Estado um utilizador de drogas? E um doente infectado pelo vírus da sida? Os jovens portugueses, como grupo de risco, têm-se portado melhor nesta questão do HIV/Sida? Não é bem uma questão de eles se portarem bem ou mal. O problema é que não basta fazer uma campanha especialmente direccionada para eles de vez em quando. Tem de haver um trabalho mais sustentado no terreno, mais consistente e efectivo. Além disso, a juventude deveria ter uma outra formação e mentalidade em áreas como esta. O envolvimento das camadas mais jovens neste problema é muito menor do que no resto da Europa. Falta solidariedade, cidadania, voluntarismo. A Abraço tem iniciativas especificamente direccionadas aos estudantes universitários? Actualmente, como a situação está muito difícil, só vamos aonde nos convidam. As escolhas da GUIDA Li algures uma declaração sua em que dizia que a sida está fora de moda. É um tema em que é fundamental um certo mediatismo? É importante, pela simples razão que chama a atenção das pessoas para o problema. Uma questão como a sida tem de estar na ordem do dia e isso deixou de acontecer. Lá porque existem medicamentos não quer dizer que se deixe de falar da doença e pensar que ela não existe. Ela existe, mata, discrimina e exclui. O cancro não discrimina. A sida sim. O mediatismo ajuda muito no confronto a estas situações. Um livro? «Sol», de Monserrat Roig. Um hobby? Fotografia. Uma cidade? Lisboa. Um disco? The Koln Concert, do Keith Jarrett. Um filme? Lisbon Story, de Wim Wenders. Não é desgastante a nível pessoal trabalhar e lidar diariamente com uma realidade tão dura como a do vírus HIV/Sida? Pode ser muito desgastante. Há alturas que me dá vontade de desaparecer e só não o faço porque temos muitas pessoas infectados. Mas quando vemos crianças que estariam na rua e agora estão na faculdade, já ganhámos a aposta. Quando percebemos que existem famílias que há quatro gerações estão dependentes da acção social e nós conseguimos parar com isso, vale a pena. Um restaurante? Pelo menos dois, o Bica do Sapato e a Travessa (ambos em Lisboa). Uma personalidade internacional? Bill Clinton. Uma personalidade nacional? Tenho que dizer três... Mário Soares, Jorge Sampaio e o Dr. José Luís Champalimaud. « O envolvimento dos nossos jovens neste problema é muito menor do que no resto da Europa. Falta solidariedade, cidadania, voluntarismo « Champalimaud. Era um homem muito generoso e de uma grande abertura. 6 6 NOVEMBRO 2006 [ poder à palavra ] apresentou um projecto de lei em que defende a divulgação dos cursos VIDA MALVADA VOX POP OcomPSDmais e menos saídas profissionais, respectivamente. O que pensas disso? DIÁRIO DE UM ESTUDANTE PEDRO SOARES (Agostinho da Silva) 4.º ano de Biologia Aplicada Universidade do Minho E, de repente, em pleno ano da graça de 2006, parece que os líderes mundiais se lembraram de um tal de aquecimento global e das respectivas consequências: lesões ambientais sem retorno, aumento das temperaturas, caos económico, crises sociais sem precedentes... um verdadeiro Armagedão é, ao que parece, o que nos espera. Após o filme/documentário/spot de campanha eleitoral da responsabilidade daquele que se auto-intitula o ex-próximo vice-presidente dos EUA, vulgo Al Gore, dá a impressão que é o grande tema da vez. Depois das aves que carregam carraspanas assassinas e dos impulsos nucleares do “Querido Líder” lá para os lados da Coreia do Norte (ora aí está um gajo com mau feitio), parece que o aquecimento global é que está na ordem do dia e da humanidade. A mensagem do problema basicamente é esta: o planeta é como uma panela com água a ferver e cada um de nós idiotas que se lembrou de nascer não passa de um ovo a ponto de escalfar. Tudo isto só me faz pensar que os líderes mundiais dos últimos 60/70, nesta área, têm demonstrado tanta categoria como os famosos autarcas que a revolução de Abril ironicamente ofereceu a este País. Tanto uns como outros não passaram de presentes envenenados. Gente com a sensibilidade de um elefante dentro de uma loja da Vista Alegre que, por todos os motivos menos os correctos, deram cabo de tudo em que mexiam. Tanto uns como outros dispuseram de uma coisa que é pertença da respectiva comunidade (uns a nível local, outros à escala global), para satisfazer interesses duvidosos de tal forma grosseira, irresponsável e inconsequente que agora... é chorar! É chorar pelo que vem aí e é chorar pelas gerações futuras. Conforto? Quase nenhum, sem ser o facto de saber que essa gente também tem filhos, netos e bisnetos. Neste caso, não toca só aos outros. Gustavo Serra [email protected] http://vidamalvadadiariodeumestudante.blogspot.com Ainda não li nada sobre isso, pelo que me vou limitar a reflectir em termos gerais. É sempre bom que os alunos tenham mais informação, mas julgo que não se pode avaliar a qualidade dos cursos pelas colocações no mercado de trabalho. E acho que as pessoas devem continuar a seguir o que gostam, ninguém fecha a porta a quem é realmente bom. VERA SILVA (Eva Perón - Evita) 4.º ano de Psicologia Universidade Lusíada do Porto ANA LEAL (Marilyn Monroe) 3.º ano de Medicina Faculdade de Ciências Médicas Universidade Nova de Lisboa Acho muito bem. Hoje, quando se ingressa no ensino superior, é importante conhecer as saídas profissionais. Aliás, cada vez se pensa mais nisso ao fazer a escolha do curso. Eu, por exemplo, estou naquilo que queria, mas tenho noção de que o mercado de trabalho não está nada fácil. Independentemente das saídas profissionais, deve-se seguir a nossa vocação. Acredito que quem é bom na sua área encontra sempre uma saída. E hoje o problema é geral: o mercado está saturado para a maioria dos cursos. É preciso estar atento para não desperdiçar oportunidades. Eduardo Pacheco 1.º ano de Direito da Universidade de Lisboa [email protected] PARADOXOS Aprender é paradoxalmente uma forma inteligente de permanecermos cegos. Porém, somos demasiado lúcidos e civilizados para termos consciência disso. Não é em vão que permanecemos agrilhoados à nossa própria liberdade de pensar porque pensar livremente significa negar que a minha (tua) liberdade termina onde começa a liberdade dos outros. A nossa liberdade deve começar exactamente onde e quando começa a liberdade dos outros! Não pode haver um muro entre a de uns e a de outros. A liberdade é a ausência de muros e o começo da responsabilidade. Apenas perante a liberdade dos outros podemos ser livres, livres de ajuizar e avaliar a razão que leva alguém a transgredir a sua própria autonomia, livres de romper com o saber preestabelecido que nos condiciona, que sofisticadamente nos oprime, que consentidamente nos castra a espontaneidade, obrigando-nos a obedecer inadvertidamente as certezas dos outros e, consequentemente, também aos seus lapsos. É mais cómodo pensar o que os outros já pensaram. Pois, em caso de erro, o erro não é nosso, porque apenas nos limitamos a fazer uma fotocópia da cópia das cópias. O que quero dizer-vos com isto é que existe em nós, inconscientemente, uma liberdade simulada para justificar o equilíbrio e a harmonia entre o caos interior da maioria e a cegueira perspicaz de alguns, uma tal ignorância insustentável mas indispensável para a sustentabilidade desse “equilíbrio”. Existe em nós uma incapacidade capaz de revelar as nossas fragilidades para melhor corrigirmos o nosso passado, o passado que nunca passou e permanece presente na nossa insatisfação. Por isso é que ainda vamos a tempo de o rectificar. Sejamos singulares, ainda que mergulhados na pluralidade de tantos manuais que nos ensinaram a manifestar exteriormente o que não somos e nunca fomos interiormente. Sê tu próprio, não através do que os outros são, foram ou pensaram! Exclui a exclusão da tua inocência e sê tu próprio o mentor da tua ignorância! poder [email protected] Ataca ou contra-ataca! Envia a tua opinião sobre o que te apetecer. Nós publicamos! Não te esqueças de enviar: > artigo até 1500 caracteres > fotografia tipo-passe > nome da faculdade onde estudas 6 NOVEMBRO 2006 |7 [ campus ] Embaixador português em Itália Muito mais do que wine and roses A volta ao mundo em 80 dias – ou durante toda uma vida, para sermos realistas – parece bem mais exequível na pele de um diplomata. Com 38 anos de carreira e uma licenciatura em Direito, Vasco Valente orgulha-se de já ter prestado serviço nos quatro cantos do mundo, desde Londres, Lusaka, Luanda e Vaticano. Já como embaixador, talhou a sua carreira diplomática em Estocolmo e Pretória, foi representante permanente de Portugal junto da União Europeia e, finalmente, ganhou pousio como representante do Estado em Roma. O MU foi conhecer o trabalho diário de quem faz bem mais do que praticar «a diplomacia do croquete». | POR MARIANA SERUYA CABRAL | [email protected] | O que é que o fascinou na profissão, em primeiro lugar? A possibilidade de lidar com uma área que desde muito novo me interessou, a da política internacional; depois, a possibilidade de viver no estrangeiro, o que naquela época não era pouco, sendo a sociedade portuguesa de então – anos 60 – fechada e sufocante. Qualquer estudante pode aspirar a este tipo de profissão? O concurso para ingresso na carreira diplomática está hoje aberto a licenciados com um curso superior, ao contrário do que sucedeu durante muitos anos, quando estava limitado a quem tivesse os cursos de Direito, Letras, Economia ou Política. Em traços gerais, quais são as competências de um embaixador? Em duas palavras, o embaixador é quem representa o Estado no país em que está acreditado, competindo-lhe defender ali os interesses nacionais. Que tipo de perfil intelectual e emocional lhe é exigido no dia-a-dia das tarefas diplomáticas? Ao contrário do que muita gente ainda erradamente pensa, a vida diplomática não é wine and roses, nem está limitada à chamada “diplomacia do croquete”. Para se ser bom diplomata é preciso ter uma boa preparação de base em política, relações internacionais e economia, ser-se ponderado e equilibrado em todas as circunstâncias, sobretudo nos momentos de maior tensão. E, claro, ter sentido de humor para fazer frente ao dia-a-dia. Como descreve um dia comum na sua rotina diária? Os dias nunca são felizmente iguais, mas uma rotina pode ser mais ou menos assim: ouço logo de manhã as « Para se ser bom diplomata é preciso ter uma boa preparação de base em política e economia e ser-se ponderado e equilibrado » notícias na rádio, leio os principais jornais de opinião italianos, visito os sites na internet da imprensa portuguesa e alguma internacional; depois de uma rápida reunião com os meus colaboradores para fazermos o ponto da situação e organizarmos o nosso trabalho, leio as comunicações chegadas entretanto do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE), de Lisboa e, quando é caso disso, vou ao MNE italiano para falar sobre algum assunto; para o almoço, convido por vezes um político, um jornalista ou um diplomata italiano; à tarde, continuo o meu trabalho e, quando é caso disso, acabo o dia indo a uma recepção oficial ou um jantar na Embaixada. É fácil cumprir todos os rituais de etiqueta e protocolo inerentes ao trabalho numa Embaixada? Facílimo, é um mundo perfeitamente normal, basta boa educação, sabermos o que estamos a fazer e sermos iguais a nós próprios. É comum receberem personalidades políticas e vedetas nacionais na Embaixada? É frequente e sempre uma agradável oportunidade para nos mantermos a par do que se passa em Portugal. A faceta “nómada” da profissão prejudica, de alguma forma, a vida em família? Pode prejudicar. Antigamente, por exemplo, era comum que a mulher acompanhasse o marido quando ele ia para o estrangeiro; hoje, se a mulher tem uma carreira profissional própria, isso poderá não acontecer. Essa faceta nómada, como bem lhe chama, é penosa para nós, pois, ao sairmos dum país, se fizemos bem o nosso trabalho, deixamos ali amigos e recordações. Há também o problema da educação dos filhos: nem sempre se é colocado num posto em que haja condições para lhes dar uma boa educação. São obrigados a mudar regularmente de escola e de amigos e têm, por vezes, tendência a perder as suas raízes em Portugal. Por detrás de um grande embaixador há sempre uma grande embaixatriz? Sem qualquer dúvida. Com alguma malícia, há mesmo algumas que não resistem a citar a frase da mulher dum político, salvo erro canadiano, quando confrontada com uma pergunta como esta, respondeu que «behind a successful husband, there is always a surprised wife». Mas, falando a sério, para o sucesso da missão dum embaixador contribui muito, e digo-o por experiência própria, o trabalho da mulher, muitas vezes discreto, por detrás da cena, outras mais evidente, nos contactos que tem no dia-a-dia. É um orgulho representar Portugal no estrangeiro? É um orgulho, um privilégio e também uma grande responsabilidade, representar o nosso país no estrangeiro e procurar que ele seja bem compreendido e bem aceite. 8| 6 NOVEMBRO 2006 [ boa vida] ERASMOMANIA «Um Erasmus não se pode prever, tudo é uma incógnita!» Chile Terra de contrastes majestosos Nome: Telma Nunes Pinto Idade: 22 anos Instituição de ensino em Portugal: ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão) Instituição de acolhimento: UAB (Universidade Autónoma de Barcelona) Licenciatura: Gestão – 4.º ano Duração do programa: 1.º semestre (2006/07) O que é que te levou a concorrer ao Sócrates/ Erasmus? Que expectativas levas? Foi todo o leque de experiências que se tem quando se sai do nosso país, por conhecer uma nova cultura, aprender uma nova língua, criar ligações com pessoas de diferentes nacionalidades e aprender a viver sozinha noutro país. Expectativas? Tentei não criar muitas, porque sabia que um Erasmus não se pode prever, tudo é uma incógnita! Porquê Barcelona? Por ser uma cidade muito dinâmica e porque desejava aprofundar os meus conhecimentos da língua catalã. Além disso, foi-me recomendado por amigos que já fizeram Erasmus aqui. Foi difícil deixar Portugal e a vida de sempre? Sinceramente, não tanto como pensava, porque tinha imensa vontade de viver fora do país. Quando me inscrevi pensei que ía ser difícil “abandonar” todo o quotidiano, família, amigos e namorado, mas quando chega a altura de ir embora já não se pensa nisso, simplesmente vais. Notas diferenças nas aulas? São dois sistemas de ensino diferentes? O sistema de ensino é semelhante, tanto a nível de professores como das matérias. Relativamente às instalações, são também semelhantes com o acréscimo de que aqui existem complexos desportivos, de idiomas e culturais muito completos e acessíveis a todos. Quais as situações mais engraçada e assustadora, respectivamente, que já viveste? Uma situação engraçada foi o facto de ter estado na minha faculdade uma manhã inteira a dormir na relva, com uma amiga enquanto esperava por uma reunião de Erasmus. Quando chegámos ao anfiteatro, vimos que estava vazio, após confirmar, chegamos à conclusão de que a dita reunião já tinha sido em Maio. Isto tem uma razão muito simples: estava escrito em catalão! Relativamente à situação mais assustadora, foi estar a morar num albergue durante três semanas e estar de dia para dia a desesperar porque não conseguia encontrar algo acessível para um estudante, uma vez que os preços dos apartamentos estão bastante inflacionados. Por outro lado, conheci imensas pessoas no albergue e confesso que já sinto saudades. Quais são as tuas ambições profissionais? Trabalhar na área de gestão financeira e quiçá “fuera” de Portugal! RLS Existem pelo mundo lugares diferentes e inacessíveis. Destinos perdidos no tempo e que merecem ser explorados e redescobertos. O Chile – imenso nos seus quatro mil e trezentos quilómetros de comprimento – é disso bom exemplo. Falar deste país sul-americano é falar de diversidade, paisagens indescritíveis, tesouros históricos ou segredos escondidos. De Santiago à Patagónia, de Valparaíso à Ilha de Páscoa, não há como esquecer esta viagem. | [email protected]* | Santiago, a capital, não é apenas o mais importante centro urbano e a principal entrada do país. É praia – pela sua proximidade com as areias do Pacífico –; é neve – porque os Andes se escondem, imponentes, nas suas costas – e é ponto de partida para toda esta aventura, que é desbravar as terras chilenas. | Entre o deserto e as praias | A norte, embora árida, áspera e inóspita, a paisagem do deserto de Atacama fica, insistente, nas memórias fotográficas de quem a admirou. É impossível não ligar a este autêntico tesouro arqueológico. Contudo, não podemos parar. À nossa espera, encontram-se as praias da Baía Inglesa ou de Arica e todo o resto do país. Mais ao centro encontramos Valparaíso, com o seu importante porto. Nas suas ruas e encostas amontoam-se casas e ruas estreitas, autênticos desafios para o turista mais curioso. Já como famosa estância balnear, surge-nos Vinhas Del Mar, com animação nocturna e actividades diárias non stop, finalmente – também nesta área – aparecem-nos, para os amantes do esqui ou snowboard, as estâncias de La Parva, Chillan ou Portillo. | Da Região dos Lagos à Patagónia | A setecentos quilómetros a sul de Santiago, encontramos um dos locais mais apaixonantes do Chile: a região dos lagos. Redentora e marcante, esta região é pintada por autênticos espelhos de água, que reflectem enormes vulcões e elogiam a justaposição entre a natureza e a história, que de resto é riquíssima. A não perder ficam os lagos de Llanquihue, Lleu Leu ou Todos los Santos. Se o nosso sonho é viajar, então há lugares que gritam por viajantes. Uns através de um turismo fácil e rodea- do de massas, outros porque simplesmente merecem ficar assim, discretos mas acessíveis. Falamos da Patagónia e dos seus enormes glaciares. O facto de ser um dos locais menos povoados do planeta conserva estas terras no seu estado mais puro. Quem as visita não esquece. | Missão na ilha de Páscoa | Não deixes ainda de visitar a cidade de maior importância desta área: Punta Arenas. Daqui poderás embarcar em cruzeiros que te levam à Terra do Fogo e à Antárctida. Se, no entanto, tudo isto não chegar, dá um pulo à ilha de Páscoa e tenta desvendar o mito que envolve as suas enormes e famosas esculturas. Boa aventura, não? É claro que tudo isto pode ser um objectivo inalcançável. Ou pela distância, ou pela disponibilidade, ou pelo dinheiro. A verdade é que o que nos move são os impossíveis. Porque não sonharmos com isso? *Com o apoio de www.polis.pt 6 NOVEMBRO 2006 |9 [ lifestyle ] Universidade de Yôga UMA FILOSOFIA de vida Como forma de atingir o autoconhecimento e o bem-estar pessoal o yôga é cada vez mais aceite e procurado nas sociedades modernas. Para saber um pouco mais do que realmente se trata, fomos falar com o Mestre DeRose, instrutor e o responsável máximo da Universidade de Yôga em Portugal | POR DIOGO TORGAL FERREIRA | Manual de instruções São diversas as técnicas utilizadas no yôga. Aqui ficam algumas delas: Mudrá Pújá Mantra Pránáyáma Kriyá Ásana Yôganidrá Samyama Gesto reflexológico feito com as mãos; Retribuição ética de energia; sintonização com o arquétipo; Vocalização de sons e ultra-sons; Expansão da bioenergia através de exercícios respiratórios; A actividade de purificação das mucosas; Técnica orgânica (não é actividade física nem desportiva e não tem nada a ver com ed. física); Técnica de descontracção; Concentração, meditação e samádhi. | [email protected] | O que é o yôga? O yôga pode ser definido do seguinte modo: é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao samádhi que, basicamente, é um estado de consciência expandida que proporciona autoconhecimento. É uma terapia, uma ginástica ou uma filosofia? O Yôga é uma filosofia de vida. Não é ginástica, pois não se dedica a actividades físicas nem desportivas. Em todos os textos da Índia antiga, o Yôga é classificado como filosofia, como um dárshana (ponto de vista) do hinduísmo. conhecimento. Academicamente, aqui no Ocidente, essa definição já começa a causar polêmica ao colocar a premissa “filosofia prática”, coisa que não compreendemos que possa existir. Como a nossa herança cultural é helénica, só entendemos filosofia como algo teórico, como o era na Grécia Antiga. No entanto, o yôga não tem teoria. É estritamente prático. Ao posicionar-se como filosofia, o yôga demonstra que não tem nenhum parentesco com ginástica. As origens são diferentes, os cânones são discrepantes, as técnicas são divergentes em muitos aspectos e as metas não têm qualquer semelhança entre si. Qual é a filosofia do yôga? É uma filosofia prática que visa ao auto- Quais a origens do yôga? Há mais de 5000 anos, no Noroeste da Índia, no Vale do Indo, um famoso bailarino improvisou alguns movimentos instintivos extremamente sofisticados e virtuosos. A arrebatadora beleza da técnica usada emocionou todos quantos assistiam e as pessoas pediram que o bailarino lhes ensinasse a sua arte. Ele assim o fez e durante anos o bailarino conseguiu transmitir boa parte do seu conhecimento que, no início, não tinha nome. Após a sua morte, os seus discípulos mais leais preservaram a sua arte e assumiram a missão de retransmiti-la. Em determinado momento da História, essa arte ganhou o nome de integridade, integração, união: em sânscrito, yôga. O seu fundador acabou por entrar na mitologia com o nome de Shiva e com o título de Natarája, Rei dos Bailarinos. Quem trouxe o yôga para o Ocidente? O yôga foi trazido para o Ocidente no final do século XIX, pelo Swámi Vivêkánanda. Mas, na verdade, já havia chegado antes sob a forma de literatura. Existe diferença entre o yôga e a ioga? Qual? Sim. São diferentes, por exemplo, nos fundamentos (yôga é filosofia e a ioga/yóga é terapia) ou nas propostas (o yôga visa a energizar e a ioga/yóga visa a relaxar). O yôga não é apenas meditação? Não. Yôga é um vasto universo de técnicas e conceitos que visam a evolução interior e o autoconhecimento. Compreende práticas bioenergéticas, corporais, emocionais, mentais, etc, através de procedimentos orgânicos, respiratórios, descontracção, limpeza de órgãos internos, vocalizações, concentração, meditação e mentalização (ver caixa). A procura e interesse pelo yôga está em crescimento? Está a crescer por todo o mundo. Nos centros mais desenvolvidos, o yôga tem sido muito mais procurado e a previsão é de que continue a crescer nos próximos anos, pois não se trata de modismo, mas de uma tendência consistente que traduz aprimoramento cultural das pessoas. 10 | 6 NOVEMBRO 2006 [ zoom ] Exposição Star Wars A Força aterrou no Museu da Electricidade À entrada no Museu da Electricidade, em Lisboa, Darth Vader e alguns soldados aguardam os primeiros visitantes. Fomos invadidos? Sim. Até ao dia 14 de Janeiro só os fãs da Guerra das Estrelas têm permissão de entrada. Mesmo ao lado do Tejo, figurantes, documentários, 231 objectos (entre desenhos, modelos, naves, cenários e trajes originais) e os inconfundíveis efeitos sonoros da saga galáctica recriam todo o universo Star Wars. Visita mais do que aconselhável. impossível não ficar rendido aos pormenores invisíveis», defende Paulo Dias. E exemplifica: «alguma vez se imaginou que cada um dos dez mil espectadores da arena de Podrace fossem afinal, cotonetes?» Exactamente por esse «universo atrás dos filmes», fica o convite para virem conhecer o «lado secreto da Força», acrescenta João Parreira. | POR LINA MANSO | [email protected] | FOTOS MÓNICA MOITAS | Ganha!! Patrícia Pinheiro, da Good N’ Evil (em cima) e Nuno Rodrigues, da BD Mania (em baixo) O fato da Princesa Leia, escrava de Jabba; R2 – D2; um andróide de combate; a Naboo N-1 Starfighter (com 10 metros de comprimento); o Podracer de Anakin; Luke na Speeder Bike ou a máquina de projecção holográfica de Yoda. Esta é apenas uma amostra do que se pode encontrar no Museu da Electricidade – antiga Central Tejo – reaberto em Maio após cinco longos anos de reforma do edifício e equipamentos. A exposição, inaugurada na passada terça-feira à noite com o selo da Lucasfilm, foi avaliada em 7,8 milhões de euros – justificação para o sistema de vídeovigilância e os seis seguranças permanentes – e trazida a Portugal pelas empresas UAU e Art Station que a «namoraram» durante mais de um ano. Foi exactamente nestes termos que Paulo Dias, da primeira, e João Parreira, da segunda, definiram o seu interesse no evento que já passou, entre outros países, pela Coreia, EUA ou França. Ambos confessaram ter acompanhado mais assiduamente a trilogia original e voltado a apaixonar pela saga cinematográfica quando se aperceberam de toda a produção de bastidores. «Mesmo que não se seja um verdadeiro fã, é O MU oferece CINCO BILHETES DUPLOS para a exposição Star Wars. Basta responderes acertadamente à pergunta: Qual a loja que tem quase todos os seus artigos da saga no Museu da Electricidade? Responde, até às 15 horas de sexta-feira, dia 10, para [email protected], com indicação do teu nome e BI. Os vencedores serão notificados por e-mail e a listagem publicada em mundouniversitario.blogspot.pt. | Repto aos universitários | A escolha do Museu da Electricidade como local de eleição acabou por ser natural. «O enquadrar foi a solução», afirma o director-geral da UAU. Laela French, curadora das exposições da Lucasfilm há cinco anos (também presente na cerimónia inaugural), corrobora-o: «o que aconteceu aqui foi uma conversa entre um edifício histórico e o Star Wars». Admitindo nunca ter trabalhado na adaptação do espólio de um museu já existente à colecção que representa, deixa claro que não se arrepende. «Encaixam perfeitamente!», exclama. E deixa um repto aos estudantes universitários. «Esta é uma boa oportunidade de verem as diferentes hipóteses de trabalho na área. É uma exposição para os que querem seguir o mundo da moda, design em computador ou até construir coisas!» Aqui, todos podem encontrar algo com que se identifiquem. | Merchandising associado | Por detrás do épico da ficção científica a que George Lucas designou por “ópera galáctica” há todo um mundo de merchandising associado. Através da blogosfera, o MU descobriu duas lojas em 6 NOVEMBRO 2006 | 11 [ zoom ] Lisboa onde os fanáticos podem encontrar a resposta às suas preces. A Good N’ Evil, com mais de dois anos, é um desses espaços. Na loja, exígua e caricata – ou não estivesse ela em pleno coração do Bairro Alto – apenas alguns últimos resquícios do imaginário Star Wars. «Quase tudo o que temos está no Museu da Electricidade», explica Patrícia Pinheiro, gerente daquela casa e mulher de Nuno Laginha, um dos dois proprietários. A maioria dos headknockers (figuras em tamanho pequeno que abanam a cabeça), réplicas de naves, sabres de luz, estátuas ou bustos em edição limitada vão estar em exibição e para venda na antiga Central Tejo, lado a lado com os artigos originais da Lucasfilm. Patrícia adianta que «entre 30 a 40 por cento» dos clientes que visitam a loja procuram merchandising específico da Guerra das Estrelas. «E ninguém compra por impulso.» Afinal, são peças de coleccionador, inacessíveis a algumas bolsas. «Temos aqui artigos que chegam aos 400 euros», confirma. Entretanto, na loja, ao fundo, um quadro gigantesco com algumas das figuras mais enigmáticas das Star Wars, sobressai. Mas esse não está à venda. «É do Leandro, um colaborador nosso.» Daqui a algum tempo, partilhará o espaço com uma pintura, ainda ausente, do Senhor dos Anéis. «O meu marido é fanático pela trilogia», justifica. E gostando-se ou não de ambos, é uma decoração que «todos reconhecem». | Nós arranjamos | Na BD Mania, um pouco abaixo da Good N’ Evil, o merchandising Star Wars dilui-se entre milhares de artigos. Não há um cantinho vazio. Aberta há doze anos, tem mate- rial da saga «desde o primeiro dia», adianta Nuno Rodrigues, vendedor daquela loja há uma década. Discrimina, com orgulho, o “seu” espólio: comic books mensais, paper bags (compilações dessas histórias), livros sobre todo o universo (roupas, planetas, naves, etc.), t-shirts, porta-chaves, canecas, action figures ou estátuas. «Basta o cliente pedir: se não tivermos arranjamos», adianta. E quem são os interessados? «Por muito estranho que pareça, não são jovens de 16 anos, mas pessoas a partir dos 28/ 30 anos, com poder de compra». Porque ser coleccionador implica ter dinheiro para investir. À semelhança da Good N’Evil têm «peças que superam os 400 euros». Há mesmo figuras de 1977 (data de início da saga), avaliadas em dezenas de milhares de euros. «Portanto, fora do alcance do comum dos mortais», brinca. Para estes, há sempre a hipótese de visitar a exposição e embarcar no sonho. Nuno quer ir, mas aguarda as críticas de quem percebe do assunto. «Para confirmar se vale a pena pagar o valor cobrado à entrada», explica. «Têm-nos dito que é elevado»[o MU apurou, na passada sexta-feira, junto do Museu da Electricidade que são 10 euros, a partir dos sete anos]. Então e o que pensas da forma como o evento tem sido divulgado na capital?, perguntamos, a rematar a conversa. «Há informação mais do que suficiente. Acho que, mesmo não estando interessado, me batiam à porta!» O que é que estás aqui a fazer? Ivan Franco, 30 anos (director de investigação da Ydreams) A Guerra das Estrelas faz parte do imaginário da minha geração. Era o que nos fazia sonhar! Julgo que esta saga, ao ir buscar referências ao classicismo se torna intemporal. É claro que os miúdos de hoje em dia podem já não se identificar tanto. Quanto a mim, ainda marca: afinal trabalho numa empresa de high tech.Confesso porém que não é o meu género de filme preferido. Mas penso que a ficção científica ainda tem o seu espaço. Talvez antes tivesse outro simbolismo, porque eram tempos de especulação sobre as possibilidades da tecnologia. Sofria-se a última vaga da revolução industrial em que este tipo de progresso ainda representava uma salvação. Agora é encarado com mais cepticismo, as pessoas já o põem em causa. Ana Milheirão, 33 anos (designer) Não perdi a abertura da exposição porque o meu marido é daquelas pessoas que não deixa escapar uma estreia, sabe as deixas e os nomes de todas as personagens. Também sou apreciadora da saga, este universo é fantástico. Um dos artigos que mais me impressionaram foi a Miguel Nunes, 28 anos (designer gráfico) O meu irmão sabe que eu sou um grande fã da saga, ofereceu-me um bilhete e cá estou eu! Já na nova trilo- maqueta da arena de Podrace: os milhares de espectadores que vemos na tela foram feitos com cotonetes! Quanto aos últimos episódios da saga, acho que estão demasiado artificiais. Perdeu-se um pouco com a substituição dos planos de filmagem por imagens computorizadas. gia fazia tudo para marcar presença nas estreias. Mas devo dizer que os últimos episódios, apesar de ganharem muito a nível de efeitos especiais, perderam em alma. De qualquer forma, continuo a gostar muito da Guerra das Estrelas: mexe com as nossas raízes infantis e remete-nos para um mundo imaginário! Adoro estes ambientes fantásticos e a ideia de poder “sair” um pouco deste planeta (exactamente por isso também sou um apaixonado por banda desenhada). Quanto à escolha do Museu da Electricidade para fazer a exposição, acho que foi perfeita! Este ambiente industrial/tecnológico, até soturno, tem muito a ver com as películas e sobretudo a trilogia original. 12 | 6 NOVEMBRO 2006 O Homem sem Adjectivos, na Casa d’Os Dias da Água, até 12 de Novembro [ acontece ] Acreditas na sorte? Quem se lembra do filme Intacto, do espanhol Juan Carlos Fresnadillo, a longa-metragem vencedora do Fantasporto 2003 (galardão máximo da secção de cinema fantástico e melhor argumento)? Se ainda se recordam é porque marcou. Este livro é para vocês e todos os que se sentem atraídos pelos insondáveis caminhos da “sorte”. Se não fosse ela, «estaríamos mergulhados numa longa e enfadonha caminhada de eterna previsibilidade». Quem o defende é Joaquim Marques de Sá (licenciado e doutorado em Engenharia Electrotécnica pela Universidade do Porto), autor de O Acaso – A Vida do Jogo e o Jogo da Vida, no prefácio da sua obra. Nesta «visita guiada e quase cronológica» a momentos fundamentais para a compreensão deste fenómeno, o escritor interroga-se, por exemplo, se será uma premonição paranormal sonhar com alguém cuja morte é noticiada na manhã seguinte, qual a probabilidade de ganhar certos jogos ou como interpretar resultados de sondagens. A SABER: Título: O Acaso – A Vida do Jogo e o Jogo da Vida Autor: Joaquim Marques de Sá Editora: Gradiva Preço: 14 euros Histórias de gente sem rumo no Sri Lanka Não é um pouco derrotista? Sim, mas o autor traz situações humorísticas para amenizar esse clima pesado. E a minha encenação sublinha esse lado cómico. Bem como a ideia de que aquelas personagens podiam ser qualquer um de nós. A confrontação do público com a não acção dos actores pode ajudar aqueles que sentem a mesma desilusão e uma certa apatia a verem-se de fora e até a melhorar. Três actores mexicanos atravessaram o Atlântico com O Homem sem Adjectivos na bagagem. Apaixonado pelo texto de Mario Cantu Toscano, o encenador Marcos Barbosa, que traz até Lisboa não apenas as palavras como também os artistas, explicou de que se trata. Para ouvir, em castelhano, de amanhã até ao próximo domingo, na Casa d’Os Dias da Água. Porquê este título, O Homem sem Adjectivos? O autor fez uma adaptação do nome de outra obra, O Homem sem Atributos (de Musil). | POR LINA MANSO | [email protected] | Nesta peça, está subjacente a ideia de uma «geração perdida» num «país traído pelo passado e descrente no futuro». Isto podia passar-se em Portugal? No México (onde estive há quase um ano numa Semana Internacional de Dramaturgia para que fui convidado e acabei por conhecer Mario Cantu Toscano), os problemas assumem proporções maiores do que aqui. Sente-se tudo em grande: é uma espécie de Portugal vezes mil! Fala-nos sobre o texto do autor mexicano Mario Cantu Toscano. É a história de uma geração acabada, que nunca chegou a começar. De três amigos entre os 20 e os 30 anos que viajam juntos e não chegam a lado nenhum. Num espanhol perceptível por qualquer português, os actores dialogam sobre a falta de esperança no futuro e o desconsolo quando olham para o passado (o México é um país muito marcado pela corrupção). GANHA!! Exposição retrospectiva de jazz em Coimbra O MU tem 4 CONVITES DUPLOS para Seiji feat. MC MG (Bugz In The Attic/4 Hero, UK), dia 11 de Novembro, no Clube Mercado, às 23h. Para concorreres, envia um e-mail com o teu nome e BI para [email protected], até às 15 horas do dia 10 de Novembro. Os vencedores serão notificados por e-mail e a listagem publicada em http://mundouniversitário.blogspot.com Para mais informações, consulta http://www.mundouniversitario.pt. Para os verdadeiros fãs do género, ouvir a música muitas vezes não chega. Os Encontros Internacionais de Jazz de Coimbra terminaram no passado sábado, mas a organização decidiu prolongar o evento com uma exposição retrospectiva de edições anteriores. A cargo da Câmara Municipal e do Jazz ao Centro Clube, a mostra já em exibição no Teatro Académico de Gil Vicente mantém-se naquele espaço até ao próximo dia 30 de Novembro. Na segunda parte dos Encontros (a primeira decorreu há alguns meses), entre 2 e 4 de Novembro, tocaram os portugueses Quinteto Mário Santos – que gravaram o espectáculo ao vivo para posterior edição discográfica –, depois o pianista alemão Kuhn e o baterista francês Humair, acompanhados por Chevillon no contrabaixo, e por fim o guitarrista húngaro Gábor Gadó e a banda com que se projectou no lado ocidental da Europa. Dado o enredo da história, podia reescrever-se O Homem sem Objectivos? Vai nessa linha, mas penso que não existe ninguém assim tão inclassificável. Todos temos algum objectivo, atributo ou adjectivo que nos definam. Sejam bons ou maus! Dê um motivo aos estudantes do ensino superior para virem assistir a esta peça. Os três actores percorreram mais de nove mil quilómetros para a fazerem: para quem está em Lisboa, 20 minutos até à Casa d’Os Dias da Água não custa nada. GANHA!! AMIGOS DE CABECEIRA O MU tem 4 CONVITES DUPLOS PARA A PEÇA ABERTURA FÁCIL, dia 15 de Novembro, no Teatro Lethes, em Faro, às 21h30. Para concorreres responde à seguinte pergunta: Qual o nome do encenador desta peça? Envia a resposta com o teu nome e BI para [email protected], até às 13 horas do dia 15 de Novembro. Os vencedores serão notificados por e-mail e a listagem publicada em http://mundouniversitário.blogspot.com 6 NOVEMBRO 2006 | 13 [ acontece ] | Filme | FAT FREDDY «Este é um disco mais espacial» Projecto típico dos novos tempos e das novas tecnologias, os Fat Freddy distinguem-se pela independência criativa e por um experimentalismo sem concessões. Saudável exemplo da nova geração de músicos portugueses, fica a conversa com o duo portuense no momento em que lançam o homónimo segundo álbum. | POR DIOGO TORGAL FERREIRA | [email protected] | Contem-me um pouco do vosso trajecto. Guedes Ferreira | Os Fat Freddy surgiram em 1999. Era um projecto individual meu, e na altura concorri aos Prémios Maquete, uma coisa que havia há uns anos. Ganhei o prémio experimental e, felizmente, não era dinheiro, mas sim um concerto num festival na Guarda. Para não me apresentar ao vivo só com o laptop, decidi reunir uma banda para fazer a performance em palco. Neste formato começámos a explorar novos caminhos e acabámos por, em 2003, lançar o Fanfarras de Ópio. Agora em 2006 lançámos este novo disco homónimo. A primeira sensação com que fiquei ao ouvir o vosso novo disco foi a absoluta impossibilidade de classificação... é isso que procuram com a vossa música? Nuno Oliveira | Graças a Deus (risos)... GF | É uma coisa que nos agrada mas, para além de não ser nada intencional, é algo que só nos apercebemos quando o produto está acabado. Tanto em ensaios como na composição, não fazemos qualquer tipo de juízos de valor ou adjectivos para classificar o que quer que seja. NO | Não há qualquer tipo de necessidades de conceitos ou coerência da nossa parte. Como descreveriam o disco a alguém que nunca o ouviu? GF | As músicas deste disco foram criadas num registo muito semelhante a um diário. Desde o Fanfarras de Ópio que temos feito o somatório das nossas vivências desde 2003 a 2006. É esse o produto deste disco. Nos últimos tempos, tivemos umas vivências mais cruas, mais terra a terra e o produto final talvez tenha saído mais distorcido e mais cru. NO | Este é um disco mais espacial. Como surge a ideia de fazer um cover dos Kraftwerk? GF | Eu acho que nem sequer fizemos uma escolha. Estávamos a ensaiar e num daqueles momentos de completa descontracção, no meio da jam session, lá surgiu o The Model e começámos a explorar a música. Gostámos do resultado e ficou. NO | Nem sequer fomos buscar o álbum à prateleira para ouvir de The Departed – Entre Inimigos Só peso-pesados. É um dos momentos cinematográficos mais aguardados do ano. O Mestre Scorsese, depois de alguns filmes que (talvez) tenham fugido aos temas chaves da sua filmografia, regressa a terrenos que, mais que conhecer bem, ajudou a redefinir para o cinema moderno. Numa adaptação livre do celebrado filme de Hong-Kong Internal Affairs (de Alan Mak e Andrew Lau Wai Keung), o realizador, que esteve para ser padre, disserta sobre questões como lealdade, redenção, vida e morte, tendo sempre como pano de fundo (mais uma vez) o submundo do crime organizado, desta vez na cidade de Boston. Com uma equipa de actores que mais faz lembrar o plantel do Real Madrid, para muitos este filme é o melhor do realizador de há 10/11 anos para cá e o definitivo regresso de um Scorsese vintage. Imperdível. novo o original para perceber os ritmos e os tempos. Nem uma vez. Houve zero de estudo. Foi muito natural. | Ficha técnica | Como é que o disco tem sido recebido? NO | No primeiro disco, as pessoas engatavam logo na música ao primeiro impacto. Agora, como o álbum é mais rude, acho que o ouvinte tem de dar tempo ao disco, de ouvi-lo mais do que uma vez. Para mim, isso até é interessante... o facto de não ser um produto descartável, que tem de ser percebido. | Disco | A componente vídeo para vocês é importantíssima, não é verdade? GF | O fio condutor do disco compreende-se melhor ao vivo porque há essa componente de imagem. A mensagem, se a houver, passa melhor com as imagens de vídeo. Para além disso, a nossa música sempre teve algo a ver com bandas sonoras. Para este disco, como tem muito a ver com ficção científica, fomos buscar filmes do género. NO | Nós ao vivo acabamos por funcionar como um filme-concerto. Ao vivo, o vídeo é o nosso vocalista... é importantíssimo. Realização: Martin Scorsese. Elenco: Leonardo DiCaprio, Matt Damon, Jack Nicholson, Mark Wahlberg. Moby Go – the very best of Moby 13 valores! As leis do mercado discográfico são implacáveis. Depois de uma carreira muitíssimo bem sucedida, que o transportou de um posicionamento mais underground para o mainstream de massas (com especial destaque para os best-sellers Play, 18 e Hotel), Richard Melville Hall aka Moby lança agora a inevitável colectânea de sucessos. Como mandam as regras de um best off digno desse nome, todo um trajecto é condensado em uma dúzia de mega-hits do respectivo autor, oferece-se um single inédito (o da vez, New York, New York, com a participação da iconográfica Debbie Harry) e incluem-se algumas remixes de temas já editados. Para quem não conhece a obra do nova-iorquino, pode ser um ritual de iniciação interessante. Para quem conhece o seu trabalho, é impossível escapar ao sentimento de redundância. 14 | 6 NOVEMBRO 2004 [ sexualidade ] VIH/SIDA é um dos desafios do milénio Apelo a uma SEXUALIDADE SEGURA «Inverter a tendência de propagação do VIH/SIDA», a par de outros tantos desafios como reduzir para metade a pobreza ou fornecer água potável e educação a todos são os chamados “Objectivos do Milénio”. Presentes na Declaração do Milénio – documento resultante da Cimeira do Milénio promovida em Setembro de 2000 pelo secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, que contou com a presença de 147 chefes de Estado e de Governo de 191 países – são barómetros de actuação social e política. A propósito do VIH/SIDA aqui ficam as respostas prontas a perguntas legítimas. | MUNDO @MUNDOUNIVERSITARIO.PT* | O que é a sida? A sida (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) é uma doença causada pelo VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) e relaciona-se com a degradação progressiva do sistema imunitário, podendo ter vários anos de evolução. Só é diagnosticada quando aparecem doenças oportunistas (doenças que normalmente não atacam o sistema imunitário saudável) ou quando determinadas análises clínicas têm valores alterados. O que é o VIH? O VIH (Vírus da Imunodeficiência Humana) ataca e destrói o sistema imunitário do nosso organismo, ou seja, destrói os mecanismos de defesa que nos protegem das doenças. Um indivíduo infectado pelo VIH revela-se progressivamente débil, frágil, podendo contrair ou desenvolver infecções muito variadas ou mesmo desenvolver certos tipos de cancro. Este vírus pode permanecer “adormecido” no organismo sem manifestar sinais e sintomas durante muito tempo. Neste período de tempo, os indivíduos infectados com VIH são designados de seropositivos. Quando é que se pode fazer o teste do VIH? Como prevenir o contágio? E se o resultado do teste for positivo, qual é o melhor tratamento? A infecção pode ser prevenida: – Utilizando o preservativo, masculino ou feminino, em todas as relações sexuais que impliquem a passagem de fluidos corporais de um parceiro para outro; – Não partilhando objectos cortantes, agulhas ou seringas. Como saber se está infectado? O diagnóstico faz-se a partir de análises sanguíneas específicas para o VIH. Esta análise detecta os anticorpos que o sistema imunitário do organismo produz contra o vírus ou mesmo o próprio vírus. A colheita de sangue para o teste deve ser efectuada apenas 3 a 10 semanas após um contacto de risco, não podendo existir uma certeza sobre os resultados nos primeiros três meses após o contágio. As primeiras análises a uma pessoa infectada pelo vírus podem dar um resultado negativo se o contágio foi recente. O período de tempo em que a pessoa foi infectada pelo VIH, mas não lhe são detectados quaisquer anticorpos chama-se “período de janela”. É por estas razões que, na dúvida, o teste deve ser repetido passados três meses. Por agora, a cura definitiva não existe. Medicamentos e acompanhamento regular de âmbito médico e psicológico são o melhor tratamento. Mas, porque a luta contra a sida não depende só da ciência, o sujeito infectado depende de muito apoio e carinho por parte daqueles que o rodeiam. De uma forma geral, todos precisamos de informação, educação e PREVENÇÃO! *com o apoio da Associação para o Planeamento da Família e Comissão Nacional de Luta Contra a Sida – www.apf.pt lipse E do sexo Ricardo Gomes Martins [email protected] Se eu fosse… Demos um jantar em nossa casa para um grupo de amigos, a Maria tinha decidido convidar uma colega de trabalho. Por mim tudo bem! Quando chegou, observei-a atentamente, era uma mulher igual a tantas outras, que podia muito bem passar despercebida, não fosse o respirar dos seus poros. Emanavam sexo! Despertou-me a curiosidade de saber o porquê da sua presença em minha casa. Questionei-me de onde vinha, onde estava e para onde ia. Percebi à partida pelo jeito de ser que tínhamos algo em comum; ambos gostávamos de mulheres. A ideia agradou-me e quis aprofundar mais o tema, conduzi a conversa nesse sentido e cada vez que entravam na cozinha garrafas de vinho tinto vazias, maior era a abertura de espírito dela. Acabámos por ficar os três, eu, a Maria e ela. A conversa durou até de madrugada. Já era tarde e o nível de embriaguez era elevado. Acabou por ficar a dormir lá em casa. A meio da noite, quando me levantei para beber água, noto a ausência da Maria na cama, nada de mais. O melhor foi quando a encontrei enroscada na colega dela no meu sofá. Maravilhoso! Bem que nessa noite tentei uma aproximação de acasalamento, mas Maria negou, acusando cansaço… o de sempre! A partir daquela noite, a nossa relação nunca mais voltou a ser a mesma. Fui notando o súbito interesse da Maria por conhecer mulheres. Entre nós, a ruína já era uma companheira. A Maria queria mulheres na cama e eu, que também gosto muito delas, fiz-lhe o favor. Trabalhei com afinco e objectivos bem traçados. Quis colocar a colega dela outra vez no sofá, mas desta comigo. Assim foi… Maria pediu e teve. Quando nos encontrou, chorou bastante, mas ignorei por completo. Cada um tem o que merece! E eu não mereço isto. Agarrei no leme e rumei a um porto seguro. Já vivíamos há três anos e meio e até ontem isto nunca tinha acontecido. Sei que tudo teria sido diferente se eu fosse mulher. PUB 16 | 6 NOVEMBRO 2006 [ salada russa ] | Cantinho dos Media | | Blogosfera | Opus Dei Steve Bell perde on victory in Iraq no Brasil Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito à segunda volta presidente do Brasil com 61% dos votos. Geraldo Alckmin, o tal que é filho do primeiro supranumerário do Brasil e ele próprio pelo menos com fortes ligações ao Opus Dei – promove reuniões periódicas com membros da seita e tem um confessor da prelatura – teve menos votos que na primeira volta: apenas 39% dos votos. A separação da Igreja e do Estado, uma conquista da democracia, fica assim a salvo das depredações inevitáveis que a eleição de um presidente ligado à mais fanática e intolerante seita da Igreja Católica implicaria. Os mais sinceros parabéns aos nossos leitores do outro lado do Atlântico! Afixe in http://www.aspirinab.weblog.com.pt Domingo, Outubro 29, 2006 Palmira F. da Silva in http://www.ateismo.net/diario Segunda-feira, Outubro 30, 2006 | Passatempos | Sudoku Palavras cruzadas «Dilatação auditiva, expansão mental.» Este é o carismático slogan da Rádio Zero, uma secção autónoma da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico (AEIST) da Universidade Técnica de Lisboa. Ricardo Reis, o “instigador cultural” da estação, dá os pormenores. | POR LINA MANSO | | [email protected] | Ano de estreia? Como secção autónoma da AEIST, surgiu há cerca de dez anos. A Rádio Zero propriamente dita nasceu em Março deste ano. Onde é transmitida? A face mais visível é a internet (www.radio.ist.utl.pt). Somos ainda transmitidos no campus da Alameda e em breve no Tagus Park. Paralelamente, fazemos parte de uma rede internacional de rádios com projectos similares ao nosso, a “Radia”: de dois em dois meses, difundimos um programa para todos os países membros (cerca de dez). Equipa? Somos aproximadamente 80 pessoas (todas num regime de voluntariado), 15 das quais com responsabilidades acrescidas. Linha editorial? No nosso manifesto salientamos que «a rádio (...) fomenta o experimentalismo e o desenvolvimento de obras de arte em formato sonoro». Ao mesmo tempo, «intervém na sociedade através de conteúdos de cariz comunitário e de promoção de actividades culturais», assumindo-se «como um meio de acesso do indivíduo à radiodifusão». Obedece. Aal. 5 - SA. Usaram. 6 - Ria. Mal. 7 - Assado. Ar. 8 VERTICAIS: 1 - Sapal. Calma. 2 - Acém. AT. 3 - Lar. Solto. 4 Atolo. Rolar. Dália. 8 - Avo. Amor. Ab. 9 - Lama. Isso. 10 - Mata. Lado. 11 Iaiá. 4 - AC. Duas. Ter. 5 - Lemes. Sai. 6 - Canal. 7 - Ser. HORIZONTAIS: 1 - Selos. Apara. 2 - Abar. Abas. 3 - Páre. PALAVRAS CRUZADAS - Pai. Alarido. 9 - Abati. Sol. 10 - Rá. Dias. 11 - Asira. Aboar. SUDOKU Soluções HORIZONTAIS: 1 – Estampilha (pl.). Limalha. 2 - Guarnecer com abas. Rebordo do chapéu (pl.). 3 - Estacione. Menina (bras.). 4 – Antes de Cristo (abrev.). Fem. de dois. Possuir. 5 - Aparelho com que se dirige embarcação ou avião (pl.). Transpõe. 6 - Fosso ou escavação que conduz águas. 7 - Existir. Planta da família das compostas, com flores de várias formas e cores. 8 - Insignificância. Paixão. Abade (abrev.). 9 - Mistura de terra e água. Essa coisa. 10 - Arvoredo. Flanco. 11 - Atasco. Rebolar. VERTICAIS: 1 - Terra alagadiça. Serenidade. 2 - Parte do lombo do boi, entre a pá e a extremidade do cachaço. Antigo Testamento (abrev.). 3 - Face inferior do pão. Desagregado. 4 - Reconhece a autoridade de. Antiga porcelana do Oriente. 5 Sociedade Anónima (abrev.). Costumaram. 6 - Espécie de albufeira. Aquilo que prejudica ou se opõe ao bem. 7 - Tostado. Atmosfera. 8 - Progenitor. Gritaria. 9 Descontei. Estrela. 10 - Deus egípcio. Espaço de 24 horas (pl.). 11 - Sustentara. Melhorar, clarear (o tempo). Cavalos-de-batalha? Tanto o manifesto como o slogan da rádio expressam aquilo que pretende conseguir. Para chegar a esses objectivos, temos programas como o Posto de Escuta (em vez de um DJ, tens sons captados do quotidiano), o Terra Pura (músicas do mundo) ou o Onda Materna” (questões relacionadas com o parto). 6 NOVEMBRO 2006 | 17 [ 5.ª dimensão ] [ JOGOS ] Wii! Já jogamos na O convite partiu da Concentra e não podia ter sido melhor, digo-vos que nunca esperei assim tanto divertimento. Na apresentação tínhamos quatro Wii, cada uma com vários jogos, e subdivididas de forma inteligente pela Concentra. Desta forma, comecei por jogar um jogo que nos demonstra a panóplia de movimentos que podemos fazer com o comando, e que fabuloso comando aquele! Dando um exemplo de alguns dos movimentos que fiz nesta primeira fase, imaginem uma vassoura apoiada na mão e sendo que o objectivo é equilibrá-la, pegam no comando e colocam-no na palma da mão, tentando equilibrar de modo que a vassoura não caia. Podia estar aqui o texto todo a falar das posições do comando. Mas vamos falar dos outros jogos. De seguida, passei para o Wii Sports, um jogo, ou melhor, vários jogos de desporto, basebol, bowling, ténis, golfe e boxe. Agora é só imaginarem que o comando é sempre o vosso taco de basebol, bola de bowling, raqueta de ténis, etc. No fundo, a originalidade do comando é realçada pela sua utilidade durante o jogo, já que assume a pele de vários objectos conforme a situação. Neste conjunto fica um grito de vitória, depois de ter sido "humilhado" várias vezes no início a jogar contra um dos colaboradores da Nintendo, sempre ganhei no bowling! Jogámos também um dos jogos mais aguardados para a Wii, The Legend of Zelda: Twilight Princess, no qual usamos o comando Nunchuk com o controlo base, um ligado ao outro, como já apareceu em fotos divulgadas pela Nintendo. É espantoso como eu estou a jogar ténis virtual ao mesmo tempo que faço movimentos que faria na realidade e, se pensarmos dessa forma, podemos considerar que, face às outras consolas, ao menos nesta até fazemos exercício em vez de ficarmos sentados no sofá. Fiquem a conhecer este contacto com a Wii na íntegra em www.gamerstek.com. A demo de Need for Speed: Carbon já saiu! A EA dá-nos a oportunidade de jogar a demo de Need for Speed: Carbon e experimentar as suas novidades. A demo vem com um desafio Circuito e um Drift, com a possibilidade de conduzirmos 3 carros diferentes que podem ser modificados usan- do a tecnologia Autosculpt. Para desbloquearmos o desafio Canyon Duel, há que ganhar nos outros dois desafios acima referidos. Não se esqueçam de passar por www.gamerstek.com para fazerem o download dos 650 Mgas de demo. PUB 18 | 6 NOVEMBRO 2006 [ bar aberto ] Latada 2006 18 .qx p O regresso FOTO ANA BELA FERREIRA FOTO DIANA DO MAR FOTO DIANA DO MAR FOTO DIANA DO MAR Ela chegou, finalmente. Como já é tradição, lançou o alvoroço total na capital dos estudantes. Ou não fosse mais uma grande edição da Festa das Latas e Imposição de Insígnias, em Coimbra. Entre 26 e 31 de Outubro, Patrice e Orishas marcaram o ritmo internacional das noites quentes de Latada, mas a grande aposta foi “made in Portugal”: não faltou o toque dos GNR, a originalidade do Legendary Tiger Man, a boa onda dos Expensive Soul, o carisma dos Xutos e, enfim, a bigodaça do Quim Barreiros. Depois de seis noitadas intensas, tudo indica que a juventude coimbrã vai precisar do ano inteiro para recuperar... | POR MARIANA SERUYA CABRAL | [email protected] | FOTO DIANA DO MAR FOTO ANA BELA FERREIRA | FOTOS GENTILMENTE CEDIDAS POR ACABRA.NET | FOTO CÁTIA MONTEIRO Se queres ver a festa da tua faculdade ou politécnico catapultada para a fama, arma-te em paparazzi e envia as fotos para [email protected]. Nós publicamos! 6 NOVEMBRO 2006 | 19 [ bd ] Espaço coordenado por Geraldes Lino, http://divulgandobd.blogspot.com PUB 25 MAIO 2004 [ noites e