MARCOS VINICIUS SCHLICHTING
AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA INDUTIVO PARA AQUECIMENTO DE
ÁGUA PARA FINS AGROINDUSTRIAIS
CASCAVEL
PARANÁ - BRASIL
MARÇO 2015
MARCOS VINICIUS SCHLICHTING
AVALIAÇÃO DE UM SISTEMA INDUTIVO PARA AQUECIMENTO DE
ÁGUA PARA FINS AGROINDUSTRIAIS
Dissertação apresentada à Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Energia na Agricultura para
obtenção do título de Mestre.
ORIENTADOR: Reinaldo Aparecido Baricatti.
COORIENTADOR: Carlos Eduardo Camargo
Nogueira.
CASCAVEL
PARANÁ - BRASIL
MARÇO 2015
S344m Schlichting, Marcos Vinícius
Avaliação de um sistema indutivo para aquecimento de
água para fins agroindustriais. / Marcos Vinícius
Schlichting. Cascavel /PR, 2015. 58 f.
Orientador: Reinaldo Aparecido Baricatti
Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação
Engenharia de Energia na Agricultura. Universidade Estadual
do Oeste do Paraná.
1. Aquecimento de água. 2. Correntes de Foucault. 3.
Imãs permanentes. I. Baricatti, Reinaldo Aparecido. II.
UNIOESTE. III. Título.
CDD: 621.402
Ficha catalográfica elaborada na Biblioteca UTFPR / Toledo
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter conseguido vencer mais essa etapa com
saúde e paz.
A minha mãe Anna de Lima, meus irmãos e familiares que de alguma forma sempre
me apoiaram e incentivaram.
Aos professores Reinaldo Aparecido Baricatti e Carlos Eduardo Camargo Nogueira,
orientador e coorientador respectivamente, pela disposição e paciência empregadas
nesse desafio.
Aos amigos sempre presentes, em especial a Tatiane Martins de Assis pela
companhia e ajuda prestada durante o período do mestrado.
A Universidade Tecnológica Federal do Paraná, pela liberação da carga horária de
jornada de trabalho, para que eu pudesse frequentar as aulas e realizar os estudo,
bem como o apoio técnico e com equipamentos.
A todo corpo docente e colaboradores do programa de mestrado de Engenharia de
Energia na Agricultura da UNIOESTE, pelo conhecimento repassado, auxilio
prestado e oportunidades criadas.
Aos senhores Raimundo (Chico torneiro) da empresa Tornearia Irmãos Helermam e
Sergio da empresa Metal Arte, pela ajuda na construção do protótipo utilizado neste
estudo.
iii
SCHLICHTING, Marcos Vinicius. MSc, Universidade Estadual do Oeste do Paraná,
Março 2015. Avaliação de um sistema indutivo para aquecimento de água para
fins agroindustriais. Professor Orientador: Dr. Reinaldo Aparecido Baricatti.
RESUMO
O presente trabalho avaliou um protótipo para aquecimento de água para uso na
agroindústria, baseado no princípio da indução magnética para geração de energia
térmica através das correntes de Foucault associado a uma fonte de energia
mecânica para variação do fluxo magnético produzido por imãs permanentes,
configurado com quatro e seis imãs com e sem inversão de polos, em comparação
com o aquecimento de água feito através de um sistema resistivo. Os sistemas
induzidos obtiveram rendimento de 64,74 %, 65,13 % e 64,48 % para seis imãs sem
inversão (6ISI), quatro imãs com inversão (4ICI) e quatro imãs sem inversão (4ISI)
respectivamente.
O
sistemas
resistivo
apresentou
eficiência
de
89,21%,
demonstrando maior viabilidade nas condições do estudo.
Palavras chave: Aquecimento de água, Correntes de Foucault, Imãs permanentes.
iv
SCHLICHTING, Marcos Vinicius. MSc, University of the West of Paraná, in March
2015. Evaluation of an inductive system for heating water for agroindustrials
purposes. Coordinating Professor: Dr. Reinaldo Aparecido Baricatti.
ABSTRACT
This study evaluated a prototype for heating water for use in the agricultural industry,
based on the principle of magnetic induction to generate thermal energy through the
eddy currents associated with a mechanical energy source for variation of magnetic
flux produced by permanent magnets, configured with four six magnets with and
without pole reversal, as compared with the water heating done through a resistive
system. Induced systems obtained yield 64.74%, 65.13% and 64.48% for six
magnets without inversion (6ISI), four magnets with reverse (4ICI) and four magnets
without inversion (4ISI) respectively. The resistive system showed 89.21% efficiency,
demonstrating greater viability in the study conditions.
Keywords: Water heating, Eddy currents, Permanent magnets .
v
ÍNDICE
RESUMO.................................................................................................................... iv
ABSTRACT................................................................................................................. v
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
2. OBJETIVO .............................................................................................................. 2
2.1 Objetivo geral ................................................................................................ 2
2.2 Objetivos específicos ................................................................................... 2
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 3
3.1 Utilização de água quente na agricultura ................................................... 3
3.2 Sistema elétrico para aquecimento de água .............................................. 4
3.3 Sistema solar para aquecimento de água .................................................. 4
3.4 Reservatórios térmicos para armazenamento de água ............................. 5
3.5 Fonte de energia auxiliar para reservatórios térmicos.............................. 5
3.6 Lei de Lenz .................................................................................................... 6
3.7 Lei de Faraday............................................................................................... 6
3.8 Correntes de Foucault .................................................................................. 7
3.9 Magnetismo e comportamento magnético ............................................... 10
3.9.1 Diamagnetismo ........................................................................................ 10
3.9.2 Paramagnetismo ...................................................................................... 11
3.9.3 Ferromagnetismo..................................................................................... 11
4. MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................................... 13
4.1 Materiais utilizados para a construção do sistema de aquecimento ..... 13
4.2 Materiais utilizados para a avaliação dos sistemas de aquecimento .... 19
4.3 Métodos ....................................................................................................... 21
4.3.1 Avaliação do Sistema de Aquecimento ................................................. 21
4.3.2 Cenário 1 .................................................................................................. 23
4.3.3 Cenário 2 .................................................................................................. 27
4.3.4 Cenário 3 .................................................................................................. 29
4.4 Cálculos das eficiências ............................................................................ 30
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 32
6. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 44
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS ... 45
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 46
vi
1
1. INTRODUÇÃO
A
utilização
da
água
nos
processos
de
manufatura,
industriais,
agroindustriais e residenciais, requer grande demanda energética, pois comumente
é empregada em altas temperaturas.
Sistemas de aquecimento que demandem de menor consumo energético e
ou associados a fontes de energia renováveis possibilitam economia de recursos
econômicos e naturais.
O setor agroindustrial é base da cadeia produtiva do país e grande
consumidora de água e energia; extremamente sensível às variações de custos de
produção, pois reflete diretamente no custo de vida da população.
O emprego de estratégias para redução de custos voltados ao consumo de
energia, como a utilização da biomassa, da energia solar, geração distribuída entre
outros; apresentam-se como soluções tecnicamente viáveis.
Sistemas de aquecimento baseados na indução magnética são amplamente
utilizados na industria de transformação metal mecânica para a fusão de metais,
tratamento térmico, têmpera, entre outros. Apresenta-se com uma solução eficiente
para reduzir o consumo de energia.
Existe no mercado alguns sistemas de aquecimento para fluídos, que
apresentam alta eficiência e menor consumo de energia quando comparado aos
sistemas de aquecimento resistivos para mesma finalidade.
Dessa forma, considerando o montante ambiental e financeiro empregado
para o aquecimento de água no setor agrícola, o desenvolvimento dessa tecnologia
pode render bons frutos ao setor agrícola no que tange o consumo de energia.
2
2. OBJETIVO
2.1 Objetivo geral
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a possibilidade da utilização
de um sistema de aquecimento indutivo baseado na dissipação térmica das
correntes de Foucault para substituição da resistência elétrica em sistemas de
aquecimento de água, utilizando-se de imãs permanentes dispostos em diferentes
quantidades e polaridades, comparando a energia elétrica consumida para
movimentação dos imãs e consequente variação do fluxo magnético, com o sistema
convencional que utiliza resistência elétrica.
2.2 Objetivos específicos
- Avaliar o sistema de aquecimento por correntes de Foucault, utilizando um
motor elétrico para variação do campo magnético gerado por imãs permanentes em
4 diferentes configurações, com quatro imãs, seis imãs, com e sem inversão de
polos;
- Comparar a energia elétrica consumida nos sistemas em estudo com
sistema convencional resistivo;
- Calcular a eficiência energética dos sistemas em estudo.
3
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Utilização de água quente na agricultura
Segundo Jordan et al (2004), o processamento do leite requer um grande
consumo de água quente com temperatura em torno de 50 a 60 °C, para limpeza e
desinfecção dos sistemas de ordenha, pasteurização e resfriamento.
A água utilizada para o pré aquecimento do leite na pasteurização é
esquentada através de um aquecedor elétrico de acumulação a 60 °C, para
posteriormente ser elevado à temperatura de 76 °C em um aquecedor de passagem,
sendo resfriado para 4 °C utilizando banco de gelo como fonte térmica (BALDASSIN
et al 2004).
Para produção de fios de seda é necessário um processo de dissolução da
substancia sericina presente nos casulos, que acontece em meio aquoso, aquecido
entre 60 °C e 120 °C. A energia para aquecimento da água utilizada no processo, é
proveniente da queima da lenha e energia elétrica (NASCIMENTO e BIAGGIONI,
2010).
Evaristo e Figueiredo (2008), relatam que grande parte dos processos
industriais e agroindustriais dependem da energia térmica, calor ou frio. Quando
trata-se de produção de calor, os principais dispositivos empregados são caldeiras
de aquecimento, caldeiras de vapor, caldeiras de co-geração, fornos e secadores. O
objetivo é transportar calor para um dado processo e sob forma de fluido, seja ar,
vapor, água, óleo, etc. A energia primária, que pode ser provinda da queima de
carvão, gás, óleo ou elétrica é considerada de extrema relevância quanto à
influencia na composição de custos.
Silva, Oliveira-Napoleão e Falcão (2001), utilizaram vapor de água para
desinfecção de substrato para produção de mudas de hortaliças, em substituição a
gás brometo de metila como agente desinfetante, através de um evaporador de
baixa pressão.
4
3.2 Sistema elétrico para aquecimento de água
Mais utilizado em residências, os chuveiros e torneiras elétricas são
aquecedores de passagem instalado na própria peça de utilização. Devido ao
aquecimento imediato da água antes do consumo, a potência do chuveiro elétrico é
bem superior a dos "boilers". Uma vez ligado com uma dada regulagem (inverno ou
verão), o chuveiro elétrico tem o consumo de energia elétrica independente da
vazão, sendo o calor não absorvido pela água dissipado para o ambiente
(MOREIRA, 1985).
O "boiler" é um sistema de aquecimento de água que acumula a massa de
água a ser aquecida. O aquecimento é feito através de uma resistência elétrica
controlada por um termostato que a aciona de modo a manter a temperatura da
água dentro do ajuste pré-determinado. Os "boilers" apresentam perdas energéticas
em forma de calor em torno de 20% a 30%, em função das características do
isolamento térmico empregado e rendimento entre 70% e 80% (MATAJS e FAGÁ,
1996).
Segundo Pollis et al (1995) apud Baptista (2006), os aquecedores de
passagem centrais são equipamentos de aquecimento duas vezes mais potentes
aproximadamente, que os chuveiros elétricos. Podem ser capazes de atender vários
pontos de um banheiro e tem o custo de instalação dez vezes superior devidas
tubulações exclusivas e isolamentos térmicos.
3.3 Sistema solar para aquecimento de água
Um sistema solar de aquecimento de água é composto basicamente de um
coletor solar, onde se verifica a conversão da energia solar em energia térmica, um
reservatório termicamente isolado e a respectiva tubulação de alimentação do
sistema e distribuição de água quente. Os coletores solares têm em média uma vida
útil de 20 anos (BAPTISTA, 2006).
A energia solar para aquecimento está já bem desenvolvida e testada para
aquecimento de água em residências. Ela é ainda de pouca aplicação na
agroindústria, embora já existam experiências de sucesso em outros países. Na
5
Índia existe uma instalação industrial para processamento de ovos com o
aquecimento de água solar e complementado por aquecimento com óleo
combustível que fornece 110.000 l/dia de água a 85 ºC (NAGARAJU et al 1999).
A escolha do tipo de energia auxiliar em sistemas de aquecimento solar
recai justamente sobre a eletricidade por sua facilidade de controle e baixo
investimento inicial. O custo da energia elétrica, contudo, é hoje alto o suficiente
para que a fração elétrica no consumo de energia do sistema seja importante e
passe a merecer mais atenção. (VIEIRA, 2001)
3.4 Reservatórios térmicos para armazenamento de água
O reservatório de água quente tem o funcionamento muito dinâmico, pois
recebe, armazena e cede calor a taxas variáveis ao longo do tempo. O calor
recebido provém do coletor solar e da fonte auxiliar de energia; o cedido inclui as
perdas para o ambiente, o consumo de água quente e possível circulação da água
nos coletores, quando este último está com temperatura abaixo daquela do
reservatório (ARRUDA, 2004).
O boiler possui resistência elétrica que aquece a água em dias em que não
há luz solar suficiente. Comandada por um termostato, ela liga e desliga de acordo
com a temperatura da água (PANESI, 2001).
Nos sistemas de aquecimento de água por energia solar o reservatório
térmico pode ser considerado como o coração do sistema, pois tanto a água quente
vinda dos coletores como do aquecedor auxiliar convergem para ele. Para que a
água contida no reservatório não libere calor para o ambiente devem ser utilizados
reservatórios com baixo coeficiente global de perdas térmicas (AITA, 2006).
3.5 Fonte de energia auxiliar para reservatórios térmicos
O sistema de aquecimento solar de água não é projetado para fornecer
100% da demanda de água quente. Caso fosse adotado esse critério, o
dimensionamento das placas e do tanque deveria ser feito para pior situação
possível, na qual ter-se-ia em conta o tempo mais frio e nublado para uma dada
região. Este dimensionamento resultaria em sistema superdimensionado para maior
6
parte do tempo de utilização. Por isso, o sistema solar é projetado para suprir entre
50 a 70% da demanda global de aquecimento (FISH, GUIGAS E DALENBACK
1998).
A segunda fonte de calor pode ser elétrica, a gás ou uma bomba de calor
ligada em série. Esta fone pode estar localizada internamente ou externamente ao
reservatório. Quando externa, pode ser de passagem ou de acumulação, sendo
mais usual a primeira. (ARRUDA, 2004).
Segundo Aita (2006) Nos dias em que a energia disponível pelo sol não é
suficiente, é preciso utilizar uma fonte de energia auxiliar, que pode ser resistência
elétrica ou aquecedor de passagem a gás (aquecedor auxiliar). O primeiro tipo é o
mais utilizado, pois apresenta um menor investimento inicial, porém em longo prazo
o custo torna-se maior.
3.6 Lei de Lenz
Segundo Young (2004, p. 281) a lei de Lenz afirma que "o sentido de
qualquer efeito de indução magnética é tal que ele se opõe à causa que produz esse
efeito". A causa pode ser um fluxo que varia de um circuito em repouso produzido
pela variação de um campo magnético, um fluxo magnético variável gerado pelo
movimento relativo de condutores que compõem o circuito ou qualquer outra
combinação que produza variação do fluxo magnético.
A origem do diamagnetismo está na variação do momento angular orbital
dos elétrons induzida pela aplicação do campo externo. A explicação clássica deste
fenômeno vem da lei de Lenz, pela qual uma variação de campo magnético resulta
em uma corrente elétrica induzida, que tende a se opor a esta variação, isto é,
criando um campo oposto ao aplicado (RODRIGUES, 1998).
3.7 Lei de Faraday
O fenômeno comum em todos os efeitos de indução é a variação do fluxo
magnético através de um circuito. A força eletromotriz (fem) em uma espira fechada
é dada pela taxa de variação do fluxo magnético através da área delimitada pela
espira (YOUNG, 2004).
7
O princípio de indução eletromagnética foi descoberto por Michael Faraday
em 1831. Faraday comprovou que uma corrente que varia a sua intensidade em
função do tempo, ao passar ao longo de uma espira, induz uma corrente elétrica em
uma espira adjacente (CURTINAZ, 2012).
No entanto, somente no final de 1870, o engenheiro britânico Sebastian de
Ferranti começou experimentos aplicando a teoria de Faraday para aquecimento de
metais. Em 1890, Edward Allen Colby patenteou o primeiro forno de indução para
derretimento de metais. O primeiro uso prático foi em 1900 em Gysinnge (Suécia)
por Kjellin. O primeiro forno de indução trifásico foi construído na Alemanha, em
1906, por Röchling-Rodenhauser. Em 1907, foi produzido o primeiro aço em um
forno de indução nos Estados Unidos (GANDHEWAR, BANSOD E BORADE, 2011).
3.8 Correntes de Foucault
As correntes parasitas são geradas durante os ciclos de magnetização sob
campos magnéticos alternados. Sua intensidade é a função da frequência do campo
magnetizante, resultando em maiores perdas, quanto maior for à frequência do ciclo
(CASTRO, RODRIGUES E LANDGRAF, 2002).
Segundo Filardo (2003), em seu estudo sobre perdas magnéticas, relata que
às correntes de Foucault produzem calor pela ação das correntes elétricas que são
induzidas em chapas de aço silício.
Dietrich, Chabu e Cardoso (2001), em seus estudos sobre freios magnéticos
aborda o fato das correntes parasitas reduzir a eficiência dos dispositivos, pois o
fenômeno converte a energia mecânica de movimento (linear ou rotativo) em calor.
A interação entre a corrente induzida e o campo magnético que a gerou provoca o
aparecimento de uma força de repulsão entre ambos. Se o meio tiver resistividade
nula, a força não decairá com o tempo (o campo não penetra no material) e o
sistema será conservativo. Caso a resistividade seja não nula – como ocorre na
prática – haverá dissipação de potência no meio condutor devido às perdas de
Joule, e o sistema será dissipativo.
8
O aquecimento por indução depende de dois mecanismos de dissipação de
energia para fins de aquecimento. São as perdas de energia devido ao efeito Joule e
as perdas de energia associadas à histerese magnética. O primeiro destes é o único
mecanismo de geração de calor em materiais não magnéticos (por exemplo,
alumínio, cobre, aços inoxidáveis e aço de carbono acima da temperatura Curie) e o
principal mecanismo de aquecimento para metais ferromagnéticos (por exemplo, os
aços de carbono abaixo da temperatura de Curie). O segundo mecanismo é menos
importante, porém contribui para a geração de calor por indução para essa última
classe de materiais (ZINN e SEMIANTIN, 1988).
A Figura 1, representa de que forma as correntes parasitas se comportam no
material condutor submetido ao campo magnético variável, bem como as forças
magnéticas que surgem devido à variação do campo que as originou, conforme lei
de Lenz.
Figura 1 – Campo magnético, correntes induzidas e forças que atuam.
Fonte: SOUZA (2005).
Onde:

As setas de cor vermelha representam o sentido de rotação do disco
condutor;

A seta de cor verde representa a força que contrapõe o movimento do
disco através do campo magnético criado pelas correntes induzidas no
material condutor, conforme a lei de Lenz;
9

Na parte inferior do círculo, que representa o disco, existe um círculo
tracejado e "hachurado" com cruzes, que representam o sentido do
fluxo magnético, que neste caso está entrando no plano da folha;

As setas em azul representam o sentido de movimento das correntes
induzidas no disco;

As letras a0b, e a'0b' representam a movimentação da área delimitada
pelos pontos, pois nesse caso, a variação do fluxo magnético deu-se
pelo movimento do disco.
Romanovsky e Mutale (2012) desenvolveram um dispositivo que transforma
a corrente elétrica de baixa frequência em energia térmica para o aquecimento de
água, induzindo de correntes de Foucault nas paredes do reservatório, fabricado a
partir de material ferromagnético que desempenha um papel de núcleo de indutor e
dissipador de energia térmica.
As características ferromagnéticas dos materiais do reservatório irão definir
a temperatura de aquecimento das paredes do reservatório e, por conseguinte, a
quantidade de energia transferida para a água por condução. Os mesmos autores
ressaltam ainda, que a energia térmica acumulada pelo dispositivo de produção de
calor e de armazenamento pode ser utilizada em diferentes processos tecnológicos
industriais durante períodos de altos preços da energia (ROMANOVSKY e MUTALE,
2012).
Após análise em três modelos de aquecedores de ambiente indutivos com
potência máxima de 1600 W para uso residencial, Popa e Pentuic (2012) concluíram
que além da eficiência de aproximadamente 90 %, os dispositivos indutivos são mais
seguros, apresentam menor custo de manutenção e podem representar uma
solução para o aproveitamento das perdas de energia térmica em diversos
dispositivos.
Técnicas de indução são usadas para o aquecimento da superfície de um
material metálico em frequências na faixa de 50 Hz a 1 MHz. Eles são usados
também para a fusão em frequências muito elevadas, na fabricação de materiais
semicondutores e no trabalho a quente em vidros (JONES et al 2006).
10
3.9 Magnetismo e comportamento magnético
Os materiais magnéticos são classificados de acordo com o estado físico em
que se apresentam, dentre os quais os mais comuns são os estados ferromagnético,
paramagnético e diamagnético (LOURENÇO, 2011).
Suscetibilidade magnética (χ) - É a grandeza que caracteriza um material
magnético segundo sua resposta a um campo magnético aplicado. Esta grandeza
pode ser estática (dc) ou dinâmica (ac) (SANTOS, SANTOS e SOUZA, 2005).
Os fenômenos magnéticos são largamente utilizados no desenvolvimento de
novas tecnologias, desde sistemas de geração e distribuição de energia
(hidrelétricas,
entre
outros),
sistemas
de
conversão
eletromecânica
(eletrodomésticos, automóveis), eletrônicos e de telecomunicações, transdutores,
sensoriamento, prospecção geológica, informática, automação industrial até a
medicina e a engenharia biomédica. Isto só foi possível com o entendimento dos
fenômenos magnéticos e com a descoberta de novos materiais magnéticos.
Fenômenos estes que são rigorosamente descritos pela mecânica quântica e pela
mecânica estatística, mas que podem ser compreendidos em uma primeira análise
utilizando-se de uma abordagem macroscópica, possibilitando assim a aplicação de
conceitos de física clássica (RIBEIRO, 2000).
3.9.1 Diamagnetismo
Diamagnetismo em um geral corresponde ao tipo mais fraco de resposta
magnética de um sistema, caracterizado por susceptibilidade negativa e da ordem
de Xm ~10-5 (SI) (o fato deste valor ser negativo é justificado pela Lei de Lenz: esta
é uma lei que diz que um circuito submetido a um campo magnético externo
variável, cria um campo contrário opondo-se a variação deste campo externo). O
seu efeito é diminuir o módulo campo no interior do material (RIBEIRO, 2000).
O diamagnetismo ocorre em todos os materiais, pois todas as moléculas
exibem um momento de dipolo magnético induzido e antiparalelo ao campo
magnético aplicado em virtude da deformação da distribuição da corrente eletrônica.
A sua magnetização tende a enfraquecer o campo externo. Geralmente o efeito
11
diamagnético nos materiais é mascarado pelo comportamento paramagnético e
ferromagnético (CARNEIRO, TOUSO e BAFFA, 2003).
O diamagnetismo tem sua origem na interação de elétrons pareados com o
campo magnético e é uma propriedade de toda a matéria, pois mesmo materiais
paramagnéticos possuem níveis eletrônicos internos preenchidos (FRIEDERMANN,
NUNES e SOARES, 2005).
3.9.2 Paramagnetismo
Paramagnetismo é o fenômeno que ocorre em materiais que possuem
momentos magnéticos intrínsecos não interagentes entre si. Na ausência de campo
magnético nestes materiais a magnetização é nula.
Por isso, os materiais
paramagnéticos têm susceptibilidade magnética positiva, com ordem de grandeza X
entre 10-5e 10-3(SI) (RIBEIRO, 2000).
Os
materiais
paramagnéticos
se
caracterizam
pelo
fato
de
suas
magnetizações, M, apresentarem resposta linear a um campo magnético, h, de
baixa intensidade aplicado, ou seja, conforme Equação 01.
M = Xh,
(Eq.01)
Onde X (X> 0) é a susceptibilidade magnética do material e h é o campo
magnético aplicado. Os sistemas paramagnéticos mantêm uma magnetização não
nula somente enquanto houver um campo externo aplicado, o que faz com que parte
dos momentos magnéticos dos spins do sistema se alinhem paralelamente ao
campo. Quando um sistema paramagnético não está sob influência de um campo
externo, seus spins se orientam em direções aleatórias, fazendo com que o sistema
possua magnetização total nula (LOURENÇO, 2011).
3.9.3 Ferromagnetismo
Alguns elementos do grupo de transição, como o ferro, níquel e cobalto
puros ou em ligas com outros elementos, apresentam uma alta magnetização
espontânea abaixo da temperatura de Curie (TC). Essa alta magnetização nos
materiais ferromagnéticos está relacionada ao fato destes possuírem momentos de
12
dipolo magnético intrínsecos altamente interagentes que se alinham paralelamente
entre si (RIBEIRO, 2000).
Na presença de um campo magnético, os materiais ferromagnéticos
apresentam uma magnetização induzida que aumenta de acordo com a intensidade
do campo aplicado. Porém, esses materiais têm uma propriedade intrínseca
chamada magnetização de saturação. A magnetização de saturação, que é o valor
máximo da magnetização que pode ser induzida no sistema. Ela independe do
tamanho do mesmo, ocorrendo a partir de um valor específico da intensidade do
campo magnético externo, que por sua vez independe da temperatura (LOURENÇO,
2011).
A magnetização de materiais ferromagnéticos é muito superior quando
comparada à dos materiais paramagnéticos e diamagnéticos e não possui relação
linear com o campo. A curva de magnetização não é função somente do tipo do
material, mas do tipo de tratamento aplicado (SANTOS, SANTOS e SOUZA, 2005).
13
4. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi totalmente prático e executado no laboratório de
energia
(LENE)
da
UNIOESTE
-
Universidade
Estadual
do
Oeste
do
Paraná/Campus-Cascavel.
4.1 Materiais utilizados para a construção do sistema de aquecimento
Os materiais utilizados para a avaliação do sistema de aquecimento foram
os seguintes:

Um reservatório de formato cilíndrico com capacidade aproximada de
20 litros, Figura 2.

Confeccionado em alumínio, isolado termicamente com manta de
amianto e espuma de poliuretano, Figuras 3 e 4.

O reservatório também contou com suporte padronizado para
possibilitar a troca dos sistemas de aquecimento.
Figura 2 - Reservatório em alumínio.
14
Figura 3 - Reservatório, detalhe do isolamento térmico.
Figura 4 - Reservatório, detalhe do isolamento térmico

Um cilindro com fundo fechado usinado em alumínio, com 125 mm de
diâmetro externo, 120 mm interno e 60 mm de comprimento.

Um cilindro de cobre confeccionado a partir de uma barra maciça,
com 120 mm de diâmetro externo, 103 mm de diâmetro interno e 50
mm de comprimento que em conjunto com o cilindro de alumínio
formaram o gerador/trocador de calor, Figura 5. Sendo instalado no
fundo do reservatório.
15

A escolha do cobre como material para geração das correntes de
Foucault e consequente aquecimento foi devido às características
intrínsecas do mesmo, como por exemplo, a permeabilidade
magnética e o coeficiente de troca térmica.
Figura 5 - Gerador/trocador de calor.

Um rotor para alocação dos imãs permanentes confeccionado com 97
mm de diâmetro externo, 125 mm de comprimento total, ranhura para
os imãs e alojamento do eixo do motor elétrico, Figuras 5 e 6.
16
Figura 6 – Vista em corte do rotor de imãs permanentes.

O rotor foi usinado em poliacetal devido as suas propriedades de
trabalhabilidade e estabilidade dimensional tanto no processo de
fabricação quanto em sua utilização, garantindo assim baixas
deformações em temperaturas de até 100 °C, Figura 7.
Figura 7 – Rotor para imãs permanentes.

Seis imãs permanentes de neodímio NdFeB (Neodímio-Ferro-Boro)
em formato de bloco com dimensões de 10x20x40 mm, Figura 8, que
17
foram utilizados para compor o rotor magnético que com o auxílio do
motor elétrico, tornou-se variável a fim de gerar correntes de Foucault
no cilindro de cobre.
Figura 8 – Bloco de imã de neodímio.
Na
Tabela 1, conforme dados do fornecedor (Koimãs), têm-se as
características dos imãs utilizados.
Tabela 1 - Característica dos imas de neodímio n-35
Br
BH max
Produto da Energia
Grade
Ramanência
Máxima
G
MGOe
N-35
11,400 / 11,800
33,0 / 36,0
Hc
Força Coerciva
Oe
>10,800
T
Temperatura Máxima
de Trabalho
°C
80
Fonte: Koimãs.

Sendo:
o Grade - A classificação do imã de acordo com sua composição
e características construtivas, de modo geral a numeração,
representa a força do campo magnético;
o Remanência (Br) - O campo magnético produzido por um
material magnetizado ou o campo retido após eliminação do
campo externo aplicado, unidade Gauss (G);
18
o Produto da energia máxima (BH max) - A máxima energia que
pode ser armazenada em um certo volume de material, ou
seja, é a referência da energia de um imã, unidade
Megagauss-Oersteds (MGOe);
o Força coerciva - O valor da intensidade de campo magnético
desmagnetizante necessário para trazer a densidade de fluxo
magnético a zero em um material previamente magnetizado,
unidade Oersteds (Oe);
o Temperatura máxima de trabalho - A máxima temperatura na
qual
o
imã
mantém
suas
características
magnéticas
inalteradas, unidade graus Celsius (°C).

Um motor elétrico trifásico da marca Voges, com potência de 1 cv, 2
polos, tensão de 220 V e rotação síncrona de 3415 rpm, para
movimentação do rotor de imãs permanentes.
Figura 9 – Motor elétrico.
Fonte: Vogues.

Duas resistências elétricas encapsuladas com potência total de 600
W, vide Figura 10.
19

Estas foram fixadas em um suporte/tampa confeccionado em material
poliacetal, utilizadas em substituição do trocador de calor indutivo, na
avaliação do sistema de aquecimento para comparação.
Figura 10 – Resistências Elétricas.
4.2 Materiais utilizados para a avaliação dos sistemas de aquecimento
Para a medição e a coleta de dados de temperatura foi utilizado um
multímetro digital da marca Icel, modelo MD-6450; características, tensão DC/AC:
1.000 V/750 V, corrente AC/DC: 10 A, resistência: 40 MOhm, frequência: 10 MHz,
capacitância: 100 uF, temperatura: 1.000 ºC.
Na aquisição dos dados de corrente e tensão no ensaio com sistema de
aquecimento resistivo, foi utilizado um alicate amperímetro digital da marca Minipa,
modelo ET4090, com as seguintes características, tensão DC/AC: 600 V/600 V;
corrente ACA (GARRA): faixas de 40 A, 400 A, 1000 A; fator de potência: faixas de
0,10 ~ 0,99; potência: faixas de 1 kVA, 10 kVA, 100 kVA e 600 kVA.
Para a medição do consumo de energia do motor elétrico, utilizou-se um
analisador de energia da Instrutherm, modelo AE200; especificações, Potência
AC: 5 W ~ 9,999 MW (0 a 1000 A); Potência aparente AC: 0,000 VA ~ 9999 kVA,
Potência reativa: 0,000 VAR ~ 9999 kVAR, Potência ativa: 0 mWh ~ 999999 kWh,
20
Corrente AC: 0,1 mA ~ 1000 A (3 faixas), Análise de sistemas monofásicos e
trifásicos: 1P2 W, 1P3 W, 3P3 W, 3P4 W, Figura 11.
Figura 11 – Analisador de energia AE200.
O sensor de temperatura utilizado para medir a temperatura da água do
reservatório foi um termopar tipo K para até 250 °C em uso contínuo, que
acompanha o multímetro digital.
Um termômetro de mercúrio, com graduação de 0 °C a 100 °C, foi utilizado
para monitorar as temperaturas ambiente e da água adicionada ao reservatório.
A aquisição e armazenamento de dados foram feitas através dos programas
computacionais (softwares) fornecidos junto com os equipamentos, multímetro e o
alicate amperímetro.
Com o analisador de energia foi possível descarregar os dados registrados
em arquivos de texto editáveis diretamente no computador.
Para as medidas das massas de água foi utilizada uma balança de precisão
da marca Marte, modelo AS5500C, com capacidade para 5 kg e precisão de 0,01 g
até 999 g e 0,1 de 1001 g até 5000 g.
21
4.3 Métodos
4.3.1 Avaliação do Sistema de Aquecimento
A avaliação do sistema de aquecimento foi conduzida de forma a verificar o
efeito das correntes induzidas no cilindro de cobre para o aquecimento de água.
Para tal, foram realizadas diferentes configurações do rotor de imãs
permanentes, modificando-se as quantidades de imãs e as disposições de seus
polos.
As correntes de Foucault são proporcionais à variação do fluxo magnético.
Variando a quantidade de imãs foi possível alterar a frequência de variação do fluxo
magnético em relação ao cilindro de cobre sem alterar a rotação do motor elétrico e
assim avaliar a resposta do sistema.
Para verificar a interação dipolar do material dissipador de calor (cobre) com
o campo magnético, foi estipulada a condição de inversão e não inversão dos polos
dos imãs permanentes.
De modo a classificar as variações do sistema de aquecimento analisado,
consideraram-se os cenários um, dois e três, tratados da seguinte maneira:

Cenário um - o rotor primeiramente recebeu seis imãs alojados com
inversão de polaridade, ou seja, alternadamente tinha-se um imã com
polo norte e outro com polo sul voltados para uma dada direção e,
posteriormente, todos os imãs foram realocados com os mesmos
polos voltados para a face externa do rotor;

Cenário dois - o dispositivo de variação do fluxo magnético (rotor)
recebeu quatro imãs, obedecendo à mesma análise do cenário um;

Cenário três - aquecimento através do sistema convencional resistivo.
A massa de água utilizada para as avaliações foi de 15 kg em cada
repetição, determinada através de balança digital com precisão de 0,1 g.
22
Para diminuir a temperatura residual do trocador de calor e evitar qualquer
possibilidade de interferência na temperatura inicial da massa de água para as
novas repetições, ao final de cada ensaio foram adicionados 5 kg de água em
temperatura ambiente e após um período de tempo de cinco minutos essa água era
retirada do reservatório.
.
O intervalo de tempo total entre as repetições foi de trinta minutos. Esse
tempo foi utilizado para reabastecer o reservatório, salvar os dados e preparar o
ensaio para a nova coleta de dados.
A massa de água utilizada em cada análise era colocada inicialmente em um
recipiente de modo a estabilizar a temperatura com a temperatura ambiente. Nos
dias das avaliações a temperatura ambiente ficou em torno de 25 °C.
Para estabelecer um parâmetro comum de correlação entre as diferentes
configurações no sistema indutivo por imãs permanentes (cenário um e dois), foi
necessário calcular a frequência de variação do fluxo magnético em relação ao
dissipador de calor (cilindro de cobre), para isso foi utilizada a Equação 02.
= .
(Eq. 02)
Onde:
f = Frequência (Hz);
P = Número de polos;
ns = Rotação síncrona do motor (rpm).
A energia fornecida para a massa de água foi calculada através da
quantidade de calor fornecido no período de tempo de cada repetição.
Primeiramente a energia foi quantificada em calorias com auxílio da
Equação 03. Posteriormente, esta foi transformada em quilowatt/hora para fins de
comparação com a energia elétrica consumida da rede. Depois disso foi calculada a
eficiência dos sistemas de aquecimento para todos os cenários.
23
=
∗ ∗∆
(Eq.03)
Em que:
Q = Quantidade de calor (cal)
m = massa (g)
c = calor específico (cal/gºC)
∆T = variação de temperatura (ºC)
4.3.2 Cenário 1
O motor elétrico responsável pela movimentação do rotor de imãs
permanentes foi ligado à rede elétrica numa configuração tipo triângulo, dessa forma
o motor tem maior capacidade de torque em função da rotação.
O motor elétrico nesta configuração produz uma rotação máxima de 3415
rpm, dentro das condições normais de carregamento (dado fornecido pelo fabricante
na placa de especificação do motor).
Neste cenário 1, o rotor recebeu seis imãs e cada um possui dois polos.
Dessa maneira, foi possível determinar a frequência relativa da variação do campo
magnético em função da rotação do motor. Utilizando a Equação 02, o valor da
frequência foi de 170,75 Hz, aproximadamente.
O conjunto (motor/rotor) foi montado sob um suporte metálico, e este
recebeu o reservatório de água, conforme ilustradas nas Figuras 12.
24
Figura 12 – Vista geral do protótipo.
A Figura 14 representa um desenho esquemático do rotor magnético, com
seis imãs dispostos com inversão de polaridade. Nesta conformação, a interação
entre os imãs é de atração, existindo assim um fluxo magnético de um imã para
outro, conforme apresentado a seguir.
Figura 14 – Planta baixa do rotor magnético composto de seis imãs com
inversão de polos.
25
Os campos magnéticos dos seis imãs dispostos com inversão de polos
geraram uma força contra eletromotriz com elevada magnitude. Nessa configuração,
constatou-se que o motor elétrico empregado no experimento não foi capaz de
movimentar o rotor sem que houvesse sobrecarga de energia.
Assim, considerando que a sobrecarga poderia danificar o motor elétrico,
optou-se por não realizar o ensaio com esta configuração, ou seja, a do rotor com os
seis imãs permanentes com polos invertidos.
A segunda condição de análise do cenário 1 preconizou o rotor magnético
com seis imãs permanentes sem inversão de polaridade, ou seja, todos os imãs com
os mesmos polos direcionados para a face externa do rotor, conforme apresentado
na Figura 15.
Figura 15 – Planta baixa do rotor magnético composto de seis imãs sem
inversão de polos.
Alojados dessa maneira, a interação entre os imãs foi de repulsão mútua,
não existindo fluxo magnético de um imã para outro, havendo então uma
concentração do fluxo magnético em cada imã.
26
A Figura 16 mostra o rotor usinado em poliacetol com os imãs instalados
para compor o cenário 1. Foi necessário colocar um material para separar os imãs e
assim evitar o deslocamento radial quando o mesmo estivesse em movimento.
Figura 16 – Detalhe do rotor com seis imãs.
Então, com este arranjo do rotor com seis imãs permanentes foram feitas as
três repetições.
O ensaio foi iniciado com a temperatura da massa de água em torno de 25
°C. A temperatura de término foi estipulada em função da temperatura máxima
aproximada de 80 °C, temperatura amplamente empregada em processos
agroindustriais.
As leituras das variações das temperaturas de início e fim foram feitas com o
auxílio do multímetro com programa computacional.
O sensor de temperatura foi posicionado na porção média do reservatório e
fixado em uma haste confeccionada com fio de cobre rígido, de modo a manter-se
imóvel.
27
A energia térmica fornecida para a massa de água foi calculada com a
Equação 03 em função da variação de temperatura registrada entre o início e fim do
ensaio.
A energia consumida pelo motor elétrico foi calculada através dos dados de
corrente, tensão e potência que foram contabilizados e armazenados pelo analisador
de energia.
Os dados de temperatura e energia foram medidos a cada cinco minutos.
4.3.3 Cenário 2
No cenário 2 foram utilizados os mesmos materiais e equipamentos
aplicados no cenário 1, diferindo apenas na quantidade de imãs empregados. Neste
caso foram quatro.
Considerando quatro imãs, o emprego da Equação 02 para o cálculo da
frequência relativa de variação do campo magnético, em relação ao cilindro de
cobre, apresentou uma frequência de 113,83Hz.
Analogamente ao disposto com o rotor composto por seis imãs, existiu a
interação de atração entre os imãs, conforme é mostrado na Figura 17.
28
Figura 17 – Planta baixa do rotor magnético composto de quatro imãs com
inversão de polos.
A Figura 18 mostra representativamente as linhas de campo magnético do
rotor configurado com quatro imãs sem inversão de polos. Esta configuração foi
utilizada na segunda condição do cenário 2.
Figura 18 – Planta baixa do rotor magnético composto de quatro imãs sem
inversão de polos.
O rotor de poliacetol, Figura 19, recebeu quatro imãs permanentes e os
ensaios ocorrerem segundo as duas variações de condição de polarização
anteriormente descritas.
Os ensaios seguiram os mesmos critérios estabelecidos no cenário 1 quanto
à temperatura inicial da massa de água em torno de 25 °C e final de 80 °C e quanto
ao o número de repetições e a frequência das coletas de dados.
A leitura da variação de temperatura inicial até a temperatura final foi
realizada com multímetro/programa computacional e o sensor de temperatura na
mesma posição do reservatório.
29
Figura 19 – Detalhe do rotor com quatro imãs.
4.3.4 Cenário 3
Para comparação do sistema de aquecimento indutivo com imãs
permanentes foi colocado no reservatório um sistema de aquecimento resistivo, que
é amplamente utilizado para esse fim.
As duas resistências elétricas encapsuladas de 300 W cada, que
compuseram o sistema resistivo com potência total de 600 W.
O aquecedor foi instalado em substituição ao sistema indutivo por imãs
permanentes no mesmo reservatório, garantindo-se as mesmas condições de
isolamento e troca térmica, conforme é ilustrado na Figura 20.
30
Figura 20 – Detalhe do sistema de aquecimento resistivo.
Com temperatura inicial e final próximos de 25 °C e 80 °C, respectivamente,
o ensaio com aquecimento resistivo foi realizado também com três repetições.
A leitura e o registro dos dados de temperatura da massa de água ficaram a
cargo do multímetro, enquanto os dados da energia elétrica consumida da rede
foram feitos com o alicate amperímetro, ambos com frequência de cinco minutos.
A energia térmica fornecida para massa de água, foi calculada com a
Equação 03 em função da variação de temperatura.
A aquisição dos dados foi feita através do (softwares) de cada aparelho
mencionado.
4.4 Cálculos das eficiências
O rendimento ou eficiência é dado pelo quociente entre a energia útil para
aquecer a massa de água e a energia empregada ou fornecida para o
funcionamento dos sistemas, considerando ainda as perdas.
A energia útil para o aquecimento da massa de água foi calculada através da
Equação 03, em função da variação da temperatura inicial e final expressa em
calorias e posteriormente convertida em potência.
31
A energia utilizada para a movimentação do rotor de imãs permanentes
através do motor elétrico (cenários 1 e 2), e a energia empregada no sistema
resistivo foram registradas pelos equipamentos já descritos e expressas em formato
de potência.
Optou-se por fazer as análises das eficiência em termos de energia. Foi
necessário então, converter os dados extraídos para potência no tempo decorrido de
cada repetição. Assim foi possível calcular a eficiência dos sistemas através da
Equação 04.
Posteriormente, foram gerados índices de conversão de energia empregada
em cada avaliação e comparados os resultados obtidos para verificar a viabilidade
de utilização da indução por imãs permanentes para o aquecimento de água no
modelo proposto, em comparação ao sistema resistivo avaliado.
=
∗ 100
(Eq.04)
Onde:
n = Eficiência (%);
Ps = Potência da saída/dissipada (energia utilizada no aquecimento de
água) (kWh);
Pe = Potência de entrada/consumida (energia elétrica consumida da rede)
(kWh).
32
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados dos ensaios foram expressos em tabelas e gráficos, utilizando
as abreviações das seguintes terminologias:

EECR - Energia elétrica consumida da rede;

ETUAA - Energia térmica utilizada para o aquecimento de água;

6ISI - Sistema seis imãs sem inversão de polos;

4ICI - Sistema quatro imãs com inversão de polos;

4ISI - Sistema quatro imãs sem inversão de polos;

RES - Sistema resistivo.
5.1 Resultados do cenário 1
Na Tabela 2 estão expressos os resultados das três repetições ensaiadas
para o rotor com seis imãs permanentes sem inversão de polaridade.
Tabela 2 - Dados do sistema indutivo com seis imãs sem inversão de polos
Repetição 1
Repetição 2
Repetição 3
Tempo (h)
00:00:00
00:05:00
00:10:00
00:15:00
00:20:00
00:25:00
00:30:00
00:35:00
00:40:00
00:45:00
00:50:00
00:55:00
01:00:00
01:05:00
01:10:00
01:15:00
01:20:00
01:25:00
01:30:00
01:35:00
T
EECR ETUAA T
EECR ETUAA T
EECR ETUAA
(°C) (kWh) (kWh) (°C) (kWh) (kWh) (°C) (kWh) (kWh)
24
27
29
32
34
37
40
42
45
47
50
52
54
56
58
61
64
66
68
70
0,000
0,062
0,063
0,063
0,063
0,063
0,064
0,063
0,063
0,063
0,063
0,063
0,063
0,063
0,063
0,063
0,063
0,063
0,063
0,063
0,000
0,052
0,035
0,052
0,035
0,052
0,052
0,035
0,052
0,035
0,052
0,035
0,035
0,035
0,035
0,052
0,052
0,035
0,035
0,035
25
28
31
33
34
37
39
41
43
45
47
50
51
53
55
57
59
61
63
65
0,000
0,053
0,054
0,054
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,000
0,052
0,052
0,035
0,017
0,052
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,052
0,017
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
25
27
30
32
34
36
38
40
42
44
47
48
50
52
54
56
58
60
62
64
0,000
0,053
0,054
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,055
0,054
0,055
0,055
0,055
0,055
0,054
0,054
0,055
0,055
0,055
0,054
0,000
0,035
0,052
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,052
0,017
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
33
Tabela 2 - Continuação
01:40:00 73 0,063 0,052
01:45:00 74 0,062 0,017
01:50:00 76 0,061 0,035
01:55:00 79 0,059 0,052
02:00:00 80 0,057 0,017
02:05:00
02:10:00
02:15:00
Somatória
1,499 0,977
Rendimento
65,15
EECR
Média
Global
1,482
67
68
71
72
74
76
78
80
0,055 0,035
0,055 0,017
0,055 0,052
0,055 0,017
0,055 0,035
0,055 0,035
0,055 0,035
0,055 0,035
1,476 0,959
65,02
ETUAA
0,959
66
68
70
72
74
76
78
79
0,054 0,035
0,054 0,035
0,054 0,035
0,055 0,035
0,054 0,035
0,055 0,035
0,055 0,035
0,054 0,017
1,470 0,942
64,07
Rendimento
64,75
Observa-se que na primeira repetição o tempo de ensaio foi menor. Essa
resposta pode ser atribuída ao fato de que os imãs ainda não estavam aquecidos,
pois eles sofrem perda de intensidade do campo magnético quando expostos à
temperatura. Em imãs compostos de NdFeB essa temperatura (de Curie) fica abaixo
de 300°C, (CULLITY e GAHAM 2009).
A redução da intensidade do campo magnético consequentemente diminui
as correntes induzidas e a força contra eletromotriz, o que pode ser observado pela
redução de energia consumida da rede elétrica ao final da primeira repetição,
mantendo-se nas demais repetições de modo quase constante.
O possível aquecimento dos imãs na segunda condição deste cenário,
resultou em variações dos rendimentos muito próximas entre as repetições, sendo
menor que 1% quando comparada à média global de 64,75%.
A Figura 21 representa graficamente os resultados em torno da média da
energia elétrica consumida da rede (EECR) e da energia térmica utilizada para o
aquecimento de água (ETUAA).
34
0,070
Variação de energia (kWh)
0,060
0,050
0,040
EECR
0,030
ETUAA
0,020
0,010
0,000
00:00:00
00:28:48
00:57:36
01:26:24
01:55:12
02:24:00
Tempo (h)
Figura 21 – Comparativo entre (EECR x ETUAA) para configuração de seis imãs
sem inversão de polos.
Analisando a Figura 21, verifica-se que as oscilações da linha que
representa a ETUAA, pode ser devido à resolução da temperatura e a frequência do
tempo de medição da temperatura, aliados ao gradiente de convecção de calor da
massa de água, existente dentro do reservatório.
Na série de dados apresentados para EECR, fica evidente a redução do
consumo de energia elétrica ao final do ensaio, comprovando o que pode ser a
redução da força contra eletromotriz.
5.2 Resultados do cenário 2
Os resultados da primeira condição do cenário 2, com o rotor composto de
quatro imãs permanentes dispostos com inversão de polos, estão na Tabela 3.
Tabela 3 - Dados do sistema indutivo com quatro imãs com inversão de polos
Repetição 1
Repetição 2
Repetição 3
Tempo (h)
00:00:00
00:05:00
00:10:00
00:15:00
00:20:00
T
EECR ETUAA T
EECR ETUAA T
EECR ETUAA
(°C) (kWh) (kWh) (°C) (kWh) (kWh) (°C) (kWh) (kWh)
26
29
32
35
37
0,000
0,063
0,063
0,064
0,063
0,000
0,052
0,052
0,052
0,035
25
27
29
32
34
0,000
0,064
0,064
0,063
0,063
0,000
0,035
0,035
0,052
0,035
24
28
30
33
35
0,000
0,061
0,063
0,063
0,063
0,000
0,070
0,035
0,052
0,035
35
Tabela 3 - Continuação
00:25:00 39 0,063 0,035
00:30:00 42 0,063 0,052
00:35:00 44 0,063 0,035
00:40:00 46 0,063 0,035
00:45:00 49 0,063 0,052
00:50:00 51 0,064 0,035
00:55:00 53 0,064 0,035
01:00:00 56 0,063 0,052
01:05:00 58 0,063 0,035
01:10:00 60 0,063 0,035
01:15:00 63 0,063 0,052
01:20:00 65 0,063 0,035
01:25:00 68 0,063 0,052
01:30:00 70 0,063 0,035
01:35:00 72 0,063 0,035
01:40:00 74 0,063 0,035
01:45:00 76 0,064 0,035
01:50:00 79 0,064 0,052
01:55:00
02:00:00
Somatória
1,393 0,925
Rendimento
66,39
EECR
Média
Global
1,474
37
39
42
44
46
48
51
53
55
58
61
62
65
67
70
72
74
76
79
81
0,063 0,052
0,063 0,035
0,063 0,052
0,063 0,035
0,063 0,035
0,063 0,035
0,063 0,052
0,063 0,035
0,063 0,035
0,063 0,052
0,063 0,052
0,063 0,017
0,063 0,052
0,063 0,035
0,063 0,052
0,063 0,035
0,063 0,035
0,063 0,035
0,063 0,052
0,064 0,035
1,517 0,977
64,42
ATUAA
0,959
38
41
42
44
47
50
52
54
56
59
61
64
66
67
70
72
74
76
79
80
0,063 0,052
0,063 0,052
0,063 0,017
0,063 0,035
0,063 0,052
0,063 0,052
0,063 0,035
0,063 0,035
0,063 0,035
0,063 0,052
0,063 0,035
0,063 0,052
0,063 0,035
0,063 0,017
0,063 0,052
0,063 0,035
0,063 0,035
0,063 0,035
0,063 0,052
0,064 0,017
1,512 0,977
64,59
Rendimento
65,13
Com esta configuração do rotor, a frequência relativa da variação do fluxo
magnético foi reduzida de 170,75 Hz para 113,83 Hz, o que representa uma queda
de 33,33%.
Tal fato sugere uma redução nas correntes induzidas, pois segundo a Castro
et al (2002), as correntes de Foucault são diretamente proporcionais à variação do
fluxo magnético.
Entretanto, o rendimento médio ficou em 65,13%, ligeiramente superior ao
do sistema com 6 imãs sem inversão de polos, que foi de 64,75%. Esse fenômeno
pode ser atribuído à interação dipolar do cobre em resposta à inversão de polos dos
imãs.
Valores de rendimento próximos de 65% foram encontrados no estudo
realizado por Celuppi et al (2014), que avaliou um sistema de aquecimento com
36
coletores solares, tendo como objetivo o pré-aquecimento de água para alimentação
de caldeiras agroindustriais.
Analogamente, pode-se dizer que ao alternar os polos dos imãs, poderá
ocorrer um aumento do "atrito" magnético, gerando com maior magnitude as
correntes induzidas e um consequente aumento de energia térmica produzida.
Segundo Cullity e Gaham (2009), tal comportamento pode ser divido à
mudança de polarização dos imãs, dessa forma o cobre sofre ciclos completos de
histerese magnética, aumentando assim a energia envolvida no processo.
A Figura 22 expressa graficamente os resultados da média da energia
elétrica consumida da rede (EECR) e da energia térmica utilizada para o
aquecimento de água (ETUAA) com o rotor configurado com 4 imãs com inversão de
polos.
0,080
Variação de energia (kWh)
0,070
0,060
0,050
0,040
EECR
0,030
ETUAA
0,020
0,010
0,000
00:00:00
00:28:48
00:57:36
01:26:24
01:55:12
02:24:00
Tempo (h)
Figura 22 – Comparativo entre (EECR x ETUAA) para configuração de quatro imãs
com inversão de polos.
Observa-se na figura 22 um comportamento mais constante da EECR, o que
sugere o menor aquecimento dos imãs, pois com um menor aquecimento ocorre a
manutenção do campo magnético e a geração de força contra eletromotriz. Tal fato
confere ao motor elétrico um carregamento constante.
37
A possível redução de temperatura dos imãs também pode explicar o melhor
rendimento dessa configuração do rotor quando comparado à segunda condição do
cenário 1 (6ISI), levando-se em consideração a redução da frequência relativa.
A Tabela 4 mostra os resultados obtidos do ensaio que contempla a
segunda condição do cenário 2, o rotor recebeu quatro imãs permanentes sem a
inversão dos polos.
Tabela 4 - Dados do sistema indutivo com quatro imãs sem inversão de polos
Repetição 1
Repetição 2
Repetição 3
Tempo (h)
00:00:00
00:05:00
00:10:00
00:15:00
00:20:00
00:25:00
00:30:00
00:35:00
00:40:00
00:45:00
00:50:00
00:55:00
01:00:00
01:05:00
01:10:00
01:15:00
01:20:00
01:25:00
01:30:00
01:35:00
01:40:00
01:45:00
01:50:00
01:55:00
02:00:00
02:05:00
02:10:00
02:15:00
02:20:00
02:25:00
Somatória
T
EECR ETUAA T
EECR ETUAA T
EECR ETUAA
(°C) (kWh) (kWh) (°C) (kWh) (kWh) (°C) (kWh) (kWh)
24
26
28
31
33
35
37
39
41
43
44
46
49
50
52
54
56
58
59
61
63
65
67
68
71
72
74
75
77
79
0,000
0,052
0,052
0,052
0,052
0,053
0,053
0,052
0,052
0,052
0,053
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,053
0,052
0,052
0,052
0,052
0,053
0,053
0,052
1,517
0,000
0,035
0,035
0,052
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,017
0,035
0,052
0,017
0,035
0,035
0,035
0,035
0,017
0,035
0,035
0,035
0,035
0,017
0,052
0,017
0,035
0,017
0,035
0,035
0,959
23
26
28
30
32
35
36
39
40
42
44
46
48
50
52
54
56
58
60
62
64
65
67
69
71
73
74
76
78
80
0,000
0,050
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,053
0,052
0,052
0,052
0,052
0,053
0,052
0,052
0,052
0,053
0,053
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
1,516
0,000
0,052
0,035
0,035
0,035
0,052
0,017
0,052
0,017
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,017
0,035
0,035
0,035
0,035
0,017
0,035
0,035
0,035
0,994
24
27
28
31
33
35
37
39
41
43
45
46
49
51
53
55
57
58
60
62
64
65
68
70
72
73
75
76
79
80
0,000
0,050
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,053
0,052
0,053
0,052
0,052
0,053
0,052
0,052
0,053
0,053
0,052
0,053
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
0,052
1,513
0,000
0,052
0,017
0,052
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,035
0,017
0,052
0,035
0,035
0,035
0,035
0,017
0,035
0,035
0,035
0,017
0,052
0,035
0,035
0,017
0,035
0,017
0,052
0,017
0,977
38
Tabela 4 - Continuação
Rendimento
63,24
EECR
Média
Global
1,515
65,59
ATUAA
0,977
64,59
Rendimento
64,48
Observa-se que o consumo instantâneo da EECR foi menor, quando
comparado com os ensaios anteriores
O consumo instantâneo de energia reduzido sugere que houve menor
geração de força contra eletromotriz devido ao menor carregamento do motor
elétrico e consequentemente menor produção de corrente induzida no volume de
cobre.
As correntes induzidas são proporcionais à variação do campo magnético
conforme Castro et al, (2002), o que foi comprovado quando reduziu-se o número de
imãs. Com essa redução, houve queda do rendimento do sistema comparando as
duas configurações do rotor onde não houve inversão de polaridade dos imãs.
A interação dipolar devido à inversão de polos tem efeito sobre a energia
dissipada, pois analisando as duas condições de cenário 2 (4ICI x 4ISI) o melhor
rendimento foi alcançado quando houve a inversão de polos.
A Figura 23 ilustra os resultados da energia elétrica consumida da rede
(EECR) e da energia térmica utilizada para o aquecimento de água (ETUAA)
considerando o rotor montado com 4 imãs sem polos invertidos.
39
Variação de energia (kWh)
0,060
0,050
0,040
0,030
EECR
ETUAA
0,020
0,010
0,000
00:00:00
00:28:48
00:57:36
01:26:24
01:55:12
02:24:00
Tempo (h)
Figura 23 – Comparativo entre (EECR x ETUAA) para configuração de quatro imãs
sem inversão de polos.
Verifica-se nos ensaios realizados no cenário 2, que o comportamento dos
dados nos gráficos foram bastante semelhantes, apenas diferindo na magnitude dos
valores e nos tempos mais elevados para os aquecimentos.
A energia elétrica instantânea consumida da rede e a energia térmica
instantânea utilizada para o aquecimento de água foram em média 16,4% e 15,4%
menores, respectivamente, quando comparadas ao rotor com polos invertidos desse
cenário.
O menor consumo de energia instantânea justifica o maior tempo para o
aquecimento da massa de água.
Os valores de rendimento apresentados nas avaliações dos sistemas
indutivos com imãs permanentes foram em torno de 65%, valores de rendimento
próximos foram encontrados em estudo realizado por Celuppi et al (2014) em
avaliação de sistema de aquecimento com coletores solares, objetivando préaquecimento de água para alimentação de caldeiras agroindustriais.
40
5.3 Resultados do cenário 3
A Tabela 5 mostra os resultados obtidos do ensaio que contempla o
sistema resistivo.
Tabela 5 - Dados do sistema resistivo
Repetição 1
Tempo (h)
00:00:00
00:05:00
00:10:00
00:15:00
00:20:00
00:25:00
00:30:00
00:35:00
00:40:00
00:45:00
00:50:00
00:55:00
01:00:00
01:05:00
01:10:00
01:15:00
01:20:00
01:25:00
01:30:00
01:35:00
01:40:00
01:45:00
01:50:00
01:55:00
Média
Rendimento
Média
Global
Repetição 2
Repetição 3
T
EECR ETUAA T
EECR ETUAA T
EECR ETUAA
(°C) (kWh) (kWh) (°C) (kWh) (kWh) (°C) (kWh) (kWh)
27
30
34
37
39
42
44
46
49
51
53
55
58
60
62
64
67
69
71
74
76
78
80
0,000
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,048
0,000
0,052
0,070
0,052
0,035
0,052
0,035
0,035
0,052
0,035
0,035
0,035
0,052
0,035
0,035
0,035
0,052
0,035
0,035
0,052
0,035
0,035
0,035
1,057 0,925
87,46
EECR
1,075
25
29
32
35
37
40
43
45
47
49
52
54
56
58
61
63
65
68
70
72
74
76
79
81
0,000 0,000
0,047 0,070
0,047 0,052
0,047 0,052
0,047 0,035
0,047 0,052
0,047 0,052
0,047 0,035
0,047 0,035
0,047 0,035
0,047 0,052
0,048 0,035
0,047 0,035
0,047 0,035
0,047 0,052
0,047 0,035
0,047 0,035
0,047 0,052
0,048 0,035
0,047 0,035
0,047 0,035
0,047 0,035
0,047 0,052
0,047 0,035
1,085 0,977
90,03
ETUAA
0,959
25
30
33
35
38
40
42
45
47
50
52
54
56
59
61
63
66
68
70
72
75
76
78
81
0,000 0,000
0,047 0,087
0,047 0,052
0,047 0,035
0,047 0,052
0,047 0,035
0,047 0,035
0,047 0,052
0,047 0,035
0,047 0,052
0,047 0,035
0,046 0,035
0,047 0,035
0,047 0,052
0,048 0,035
0,047 0,035
0,048 0,052
0,048 0,035
0,048 0,035
0,048 0,035
0,047 0,052
0,048 0,017
0,047 0,035
0,047 0,052
1,084 0,977
90,15
Rendimento
89,21
Observa-se na Tabela 5 que o rendimento do sistema resistivo, em termos
energéticos, são superiores aos dois cenários que contemplam o aquecimento
indutivo. Com o sistema resistivo o rendimento foi em média 89,21% contra
aproximadamente 65% nos sistemas indutivos.
41
Verifica-se ainda que a energia elétrica consumida da rede (EERC) do
sistema resistivo foi menor, quando comparada com os outros ensaios (cenários 1 e
2), bem como o tempo (1:55h) para alcançar a variação de temperatura prédeterminada (T=80 °C), o que comprova o maior rendimento.
A Figura 24 ilustra os resultados da energia elétrica consumida da rede
(EECR) e da energia térmica utilizada para o aquecimento de água (ETUAA)
considerando o aquecimento por resistência.
Variação de energia (kWh)
0,060
0,050
0,040
0,030
EECR
ETUAA
0,020
0,010
0,000
00:00:00
00:28:48
00:57:36
01:26:24
01:55:12
02:24:00
Tempo (h)
Figura 24 – Comparativo entre (EECR x ETUAA) para o sistema resistivo.
A trajetória das variações de energia sugere que existe uma grande
disponibilidade de energia térmica utilizada para o aquecimento de água no início do
ciclo e que tende a dissipar-se ao longo do tempo.
Tal comportamento pode ser explicado pela maior proximidade do sensor de
temperatura da fonte de calor, fato ocorrido em função do comprimento das
resistências elétricas utilizadas, uma vez que o sensor de temperatura foi mantido
sempre na mesma cota em relação ao fundo do reservatório.
Para comparar os sistemas de aquecimento (cenários 1, 2 e 3), fez-se uma
junção gráfica da energia elétrica consumida da rede (EECR), que estão expostos
42
na Figura 25. Já a Figura 26, apresenta as mesmas comparações dos três cenários,
considerando a energia térmica utilizada para o aquecimento de água.
0,080
0,070
Energia (kWh)
0,060
0,050
6ISI
0,040
4ICI
0,030
4ISI
0,020
RES
0,010
0,000
00:00:00 00:28:48 00:57:36 01:26:24 01:55:12 02:24:00 02:52:48
Tempo (h)
Figura 25 – Comparativo da energia elétrica consumida da rede (EECR) durante as
condições propostas nos três cenários.
0,090
0,080
0,070
Energia (kWh)
0,060
0,050
6ISI
0,040
4ICI
4ISI
0,030
RES
0,020
0,010
0,000
00:00:00 00:28:48 00:57:36 01:26:24 01:55:12 02:24:00 02:52:48
Tempo (h)
Figura 26 – Comparativo entre a energia térmica utilizada para o aquecimento de
água (ETUAA) considerando os três cenários.
Nota-se na Figura 25 que o sistema composto por rotor de quatro imãs com
inversão de polos obteve o maior consumo de energia para aquecer a massa de
43
água. Inversamente, observa-se que o sistema resistivo teve o menor consumo de
energia em aproximadamente 27%.
Na Figura 26 compara-se a energia térmica utilizada no aquecimento da
água. As oscilações apontam que existe uma certa dificuldade quanto ao registro
dos dados. Tal fator, provavelmente é devido às condições de troca térmica na
massa de água e resolução da temperatura.
Percebe-se no sistema resistivo, tendência nos dados mais constantes
(menor oscilação) e que o sistema 4ICI aproxima-se desse comportamento.
A Figura 27 mostra um comparativo entre as variações de temperatura da
água considerando os três cenários.
90
Variação da Temperatura (°C)
80
70
60
6ISI
4ICI
50
4ISI
40
RES
30
20
00:00:00 00:28:48 00:57:36 01:26:24 01:55:12 02:24:00 02:52:48
Tempo (h)
Figura 27 – Comparativo entre as variações de temperaturas da água considerando
os três cenários.
Observa-se na figura 27 que o sistema resistivo teve um menor patamar de
consumo de energia elétrica e ainda a melhor condição de troca térmica, quando
comparado aos outros dois sistemas propostos (com imãs permanentes).
44
6. CONCLUSÃO
Mediante os resultados obtidos entre as comparações dos três sistemas
estudados, verifica-se que o método resistivo mostrou-se mais viável que o método
indutivo com imãs permanentes.
Comparando as três configurações do sistema indutivo, pode-se observar
que mesmo operando com frequência relativa em torno de 33% inferior, o sistema
de quatro imãs com inversão de polos (4ICI) apresentou melhor eficiência que o
sistema com seis imãs sem inversão (6ISI).
A energia elétrica consumida da rede no aquecimento resistivo foi menor
que nas outras três propostas de aquecimento indutivo.
A eficiência média apresentada pelo sistema resistivo foi de 89,21%,
enquanto que nos sistemas indutivos (4ICI) foi de 65,13%, (4ISI) 64,48% e (6ISI)
64,75%.
45
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA FUTUROS TRABALHOS
O sistema de aquecimento indutivo apresenta algumas características que
se destaca em relação ao resistivo, pois evita em alguns casos o contato direto da
corrente elétrica com o material a ser aquecido, o que pode ser interessante quando
se trata de produtos inflamáveis ou explosivos, produtos que requerem maior nível
de segurança quanto à esterilização como alimentos e produtos farmacêuticos e
ainda tem maior vida util.
A possibilidade de utilização de um sistema de aquecimento nos moldes
propostos pode ser interessante caso a energia mecânica utilizada para a variação
do fluxo magnético seja proveniente de algum outro processo, neste caso seria
definida como co-geração.
Considerando que apenas uma mudança na posição e quantidade de imãs
apresentou resultado positivo, quando comparado os cenários 1 e 2, em futuros
trabalhos pode-se avaliar o sistema com diferentes configurações e quantidade de
imãs, ou ainda a utilização de uma ou mais bobinas para geração do campo
magnético, dessa forma seria possível uma maior amplitude de frequências e forças
empregadas na avaliação do sistema de aquecimento.
A utilização de um sistema indutivo puro poderia melhorar significativamente
o rendimento do sistema de aquecimento, uma vez que este não é impactado por
perdas de energia mecânica que ocorrem quando utiliza-se o motor elétrico.
46
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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