Sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Atualizado em 18/10/2013 07h00
Jovens apostam no Exército para se preparar para o
mercado de trabalho
Seleção permite que profissionais atuem por sete anos na instituição.
Remuneração e estabilidade são os atrativos, segundo sargentos.
O trabalho para o Exército brasileiro tem se concretizado como uma opção profissional para
os profissionais em início de carreira e também para os jovens, de 18 anos, que a partir de
alistamento obrigatório descobrem na rotina caracterizada pelas regras rígidas e pela
disciplina uma oportunidade para planejar a vida profissional e também pessoal.
A remuneração e a estabilidade, ainda que sejam por tempo pré-determinado, acabam sendo
atrativas. Esses fatores pesaram na decisão do 3º sargento Rafael Colaço, de 30 anos, que
integra a sede da 5º Região Militar, que fica em Curitiba. Ele entrou no Exército como
técnico-administrativo, há um ano e meio, graças a um Processo Seletivo. O sargento
Colaço sabe que daqui seis anos e meio ele terá que sair da instituição e já se prepara para
esse dia. Os contratos são renovados anualmente e no final existe uma indenização
calculada a partir do salário e do tempo que o profissional ficou no Exército.
“O que me chamou atenção na época foi a remuneração, que eu avaliei ser uma boa
remuneração”, lembrou Colaço. Naquele momento, ele não sabia nada da instituição, e a
escolha do Colaço causou estranheza entre familiares e amigos. O sargento comentou que
todos questionavam o porquê entrar no Exército aos 28 anos.
Para ele, é uma troca justa. “Eu aprendo muita coisa no Exército e disponibilizo a minha
mão de obra profissional. Durante este período, qual é o meu foco? Concurso público e
aperfeiçoamento profissional. Então, eu traço um paralelo. Vou continuar estudando, eu me
formei no meio do ano em Administração, e vou segui com aperfeiçoamento profissional”,
disse.
Uma possibilidade cogitada por Colaço é estudar para o concurso público do Exército. A
única opção para ele é ser aprovado para a Escola de Administração do Exército, que fica
em Salvador (BH), e assim, se formar como oficial do Exército. “Eu vou tentar”, pontuou.
Segundo o sargento, todo mundo tem que avaliar qual momento profissional atravessa. “Se
você for pensar em aspecto salarial, o Exército é totalmente competitivo. E você tem a
tranquilidade de poder se doar e planejar”. Colaço comenta que, no caso dele, graças à
estabilidade do Exército conseguiu planejar a compra da casa própria e do carro, o que
talvez não se sentisse seguro para assumir um financiamento caso estivesse na iniciativa
privada.
O sargento destacou que o que foi mais impactante foi o contexto social, que encontrou
durante a ocupação. “São muitas as crianças evolvidas, muita família desestruturada por
causa do tráfico de drogas. As pessoas não estavam acostumadas com militares. Estavam
acostumados com uma vida sem regras, os militares eram estranhos. Depois, com um
tempo, lá pelo terceiro mês, eles pensaram que a gente não estava para o mal, estavam para
o bem. Eu tive a oportunidade de uma mãe agradecer: 'obrigada por vocês estarem aqui. Se
vocês não estivessem aqui, em estaria em casa rezando para o meu filho chegar vivo'”,
lembrou.
Para Duarte, a passagem pelo Exército reflete no caráter e ajuda a amadurecer. Ele se
considera diferente dos jovens de mesma idade que não sabem o que querem da vida, que
rumo seguir. “Eu passei por treinamento, eu tive a oportunidade de ir para o Rio de Janeiro,
então, já comecei a me direcionar e amadureci. Não foi precoce, mas foi mais rápido”.
O sargento faz faculdade de Direito e confessar ter receio do momento em que terá que sair
do Exército, porém, ressalta que se prepara para seguir a vida civil. “O receio sempre existe,
é natural com a mudança. Existe um receio de como eu vou encarar a sociedade depois, mas
estou me preparando”, disse.
Jovens
reflete
a
sociedade
Há 19 anos no Exército Brasileiro, o capitão Abreu afirma que por meio do alistamento
militar, obrigatório para os homens que completam 18 anos, é possível perceber a mudança
de
valores
da
sociedade.
“É notório. [Os adolescente] Chegam sem a mínima noção de civismo. Muitos jovens
chegam ao quartel sem saber cantar o hino nacional. Muitos não têm respeito por pessoas
mais velhas”, comentou. O capitão considera que o jovem é um espelho da sociedade e que,
anualmente, reflete também o aumento do uso de drogas nas cidades.
Ele avalia que falta educação e que isso acarreta em uma maior dificuldade do jovem, que
foi selecionado para o serviço militar. Logo que ingressa, o jovem passa pelo período de
adaptação no qual é repassado um grande volume de instrução militar. É justamente nesta
fase, que dura de duas a quatro semanas, que, na avaliação do capitão Abreu, aquele jovem
sem referências, tem dificuldade.
“Ele vai aprender hierarquia e disciplina, ordem unida, noções de civismo, e várias
atividades que vão buscar formar a personalidade militar, que vai tirar aquele jovem que
veio da vida civil e vai dar carga para que ele saiba como se enquadrar no quartel”.
Processo
seletivo
aberto
A 5ª Região Militar e 5ª Divisão do Exército Brasileiro está com processo seletivo aberto
para compor o cadastro reserva de pessoal para Oficial Técnico Temporário, Sargento
Técnico Temporário, Cabo Especialista Temporário. As vagas são para Curitiba,
Florianópolis e Lages (SC). A remuneração liquida é de aproximadamente R$ 4.800,00. As
inscrições são gratuitas, e podem ser realizadas exclusivamente de maneira presencial, até o
dia 01 de novembro de 2013, mediante entrega dos documentos listados no edital.
Os candidatos do processo seletivo serão avaliados a partir de análise curricular, prova
escrita, inspeção de saúde, prova prática, entrevista, prova de aptidão física. A prova escrita
está marcada para 13 de novembro.
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