A1 Exposições ID: 26703811 11-09-2009 | Ípsilon Tiragem: 57524 Pág: 40 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 29,40 x 38,03 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 aMaumMedíocremmRazoávelmmmBommmmmMuito BommmmmmExcelente Isabel Carvalho convoca práticas e quotidianos “menores” para os seus objectos O primeiro episódio de um edifício Nicolás Robbio e Isabel Carvalho levam sons, histórias e coisas a um prédio do Porto. José Marmeleira Emissores Reunidos - Episódio 1: O Amanhã de Ontem Não é Hoje De Isabel Carvalho, Nicolás Robbio. Porto. Radiodifusão Portuguesa (Antiga RDP). R. Cândido dos Reis, 74. Até 20/09. 6ª e Sáb. das 15h às 23h. 3ª a 5ª e Dom. das 15h às 20h. Instalação, Vídeo, Escultura, Outros. mmmmn Produzir arte para lugares que não são os da arte, dialogando com outros espaços arquitectónicos e as suas histórias, não é uma proposição nova, mas continua a ser uma proposição necessária, saudável. Temerária, até. “Emissores Reunidos”, projecto organizado pelo Museu de Serralves, com a curadoria de Ricardo Nicolau, na Baixa do Porto, é exemplar dessa atitude. Concebido em episódios, propõe-se habitar um edifício com obras de dois artistas produzidas especificamente para o local. E o primeiro momento, “O Amanhã de Ontem Não é Hoje”, é promissor. Nele participam Isabel Carvalho (Porto, 1977), um dos nomes mais estimulantes do contexto nacional, e Nicolás Robbio, artista argentino que, entre Abril e Maio passados, teve uma belíssima exposição na Galeria Marz, em Lisboa. Quanto ao edifício, pertence a um quarteirão de prédios desenhados por Marques da Silva (arquitecto da Casa de Serralves) onde funcionaram os escritórios, armazéns e lojas da Fábrica Rio Vizela, propriedade do primeiro Conde de Vizela (pai de Carlos Alberto Cabral, segundo conde, que viria a construir a moradia de Serralves). Foi também sede da RDP e pertence actualmente ao Sindicato dos Bancários do Porto, que o usa para a promoção de actividades amadoras dos seus membros. É das histórias e dos tempos destes usos que os dois artistas partem, num confronto que, apesar de aberto, não se limita à arquitectura e aos espaços do edifício. Nicolás Robbio mostra a natureza frágil e preciosa das coisas, para as dar a experimentar como fenómenos. Por exemplo, em “Frequência”, peça que o espectador anima, dando movimento a várias linhas brancas, ou na peça do sino, em que lidamos com as distâncias entre a produção do som e o som (há aqui uma alusão implícita à comunicação radiofónica, que se repete na relação entre a instalação sonora “Frequência” e “Cine”). Já I’m Not Here está mais próximo dos “objectos” habituais de Nicolás Robbio: numa sala, estão letras recortadas, esculturas em papel, um desenho. São silhuetas, sombras, marcas da passagem do artista pelo Porto, como a luz que desenha na parede o tecto do Coliseu da cidade. As peças de Isabel de Carvalho existem numa dispersão de suportes, afectos e experiências. Remetem tanto para referências teóricas (literárias, artísticas), como para o quotidiano; podemos dizer, mesmo, que se faz artista com as coisas encontradas no seu dia-a-dia, coisas que podem ser sítios devolutos ou simples plantas. Vejase o vídeo “Amanhã”: uma sucessão lenta de imagens mostra um parque infantil construído em betão durante o Estado Novo, e que é agora um lugar suspenso no tempo, na cidade do Porto; ou a instalação “Como Sucedâneo da Vida”, cuja grade, feia, tosca e preta, nos impede a passagem, e à qual só a imagem disforme de uma planta oferece cor e luz (uma alucinação?). A presença de situações e objectos provenientes de práticas e de quotidianos “menores” (associados frequentemente à cidade do Porto) e o interesse pelo malfeito têm caracterizado a prática de Isabel Carvalho. Acontece que esse gesto nunca é gratuito, mas tocado por uma emoção e uma generosidade raras. Se não, veja-se o modo como filmou a rapariga que, sem se preocupar com questões técnicas (uma amadora?), toca bateria, por excelência o instrumento mais assertivo da música pop; a transformação que operou no antigo bar do edifício, recuperando-o como espaço de lazer, sem sacrificar a experiência do espectador; ou a evocação irónica e terna de um tempo e de um fazer na instalação “Mostruário de horas tecidas em ambientes pesados resultando em diferentes padrões estéticos”. Uma nota apenas quanto à montagem: organizar uma exposição longe da casa-mãe não é tarefa livre de obstáculos. Durante a nossa visita, algumas peças tinham claros problemas técnicos. Mas estamos certos de que, por esta altura, já estão todas a funcionar. A estética da guerra William Russell, o primeiro correspondente de guerra, é o ponto de partida do mais recente trabalho de Maria Lusitano. Luísa Soares de Oliveira O Correspondente de Guerra De Maria Lusitano. Lisboa. Museu Nacional de História Natural. Rua da Escola Politécnica, 58. Tel.: 213921800. Até 27/09. 3ª a 6ª das 10h às 17h. Sáb. e Dom. das 11h às 18h. Na Sala do Veado. Vídeo, Instalação. mmmmn Maria Lusitano trabalha essencialmente com o vídeo. Por vezes, como há anos sucedeu na galeria Módulo, encena uma performance no momento da vernissage de apresentação de um novo trabalho. Contudo, a apreciação da sua obra dispensa adereços. Os filmes que imagina e realiza são tão densos de significado que apenas são necessários uma sala escura e silêncio quanto baste. É o que se passa com “O Correspondente de Guerra”, nome de um extenso filme de 46 minutos que está em exposição na Sala do Veado. Segundo as palavras da artista, a ideia teve origem nos filmes que o seu filho, de cinco anos, vê diariamente, e na constatação de que, em todos eles, o fenómeno da guerra é legitimado por um discurso estético, ético e político. A par deste facto, Maria Lusitano possuía um conjunto de jornais ilustrados do século XIX que se incluem entre os primeiros meios de comunicação a publicar notícias de um correspondente de guerra, no caso a Guerra da Crimeia. A partir da conjunção destes factos, a artista elaborou uma narrativa clássica, Agenda Inauguram Timeless Lisboa. Museu do Oriente. Av. Brasília - Edifício Pedro Álvares Cabral - Doca de Alcântara Norte. Tel.: 213585200. De 11/09 a 08/11. 6ª das 10h às 22h. 2ª, 4ª, 5ª, Sáb. e Dom. das 10h às 18h. Inaugura 11/09 às 22h. Design. Experimenta Design 2009. Ver texto págs. 6 e segs. In a Rear Room De Ricardo Jacinto. Lisboa. Vera Cortês - Agência de Arte. Avenida 24 de Julho, 54 - 1ºE. Tel.: 213950177. De 11/09 a 23/10. 3ª a 6ª das 11h às 19h. Sáb. das 15h às 20h. Instalação, Desenho, Outros. Sótão De Miguel Vieira Baptista, Fernando Brízio. Lisboa. MARZ - Galeria. R. Reinaldo Ferreira, 20A. Tel.: 915769723. De 11/09 a 31/10. 3ª a 6ª e Sáb. das ID: 26703811 11-09-2009 | Ípsilon Tiragem: 57524 Pág: 41 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 12,24 x 36,21 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Susana Mendes Silva na Marz Ricardo Jacinto na Vera Cortês Maria Lusitano recorre a uma montagem complexa: gravuras, excertos de filmes, peças televisivas... como sempre sucede no seu trabalho, reportando os factos que conduziram aos actuais discursos sobre a guerra: os lados do vencedor e do vencido, e o ponto de vista, que nunca é imparcial, do jornalista. Servindo-se das gravuras encontradas nesses jornais, a artista criou uma montagem complexa utilizando excertos de filmes para veicular a sua mensagem. As gravuras sofrem um processo de animação de imagem que permite destacar este ou aquele pormenor, esta ou aquela personagem. Mas todo o tipo de filmes é aqui utilizado, recortado e remontado: documentários das duas guerras mundiais, filmes de animação para crianças, grandes reconstituições históricas à maneira de “Guerra e Paz”, entrevistas retiradas do YouTube – entre as quais uma famosa, em que a fotógrafa norte-americana Susan Sontag fala de como viveu o cerco de Sarajevo -, peças gravadas a partir da televisão. A montagem das peças é voluntariamente ambígua: nunca se sabe se se está no reino da ficção ou no do documentário, nem talvez isso importe muito. É que a mensagem é clara: a apresentação da guerra é fundamentalmente estética, sujeita como está a critérios que separam o bem e o mal em campos distintos. E o espectador, mesmo quando tem cinco anos, deverá reconhecer de imediato quem representa o bem e quem representa o mal. Embora o filme se concentre na pessoa de William Russell, que foi correspondente de guerra do “Times” na Crimeia (1854–1856), e siga uma linha narrativa que termina em Florence Nightingale, a fundadora da enfermagem (cuja figura, apropriada a partir de um filme de animação para crianças, condensa os estereótipos atribuídos socialmente à mulher), teria sido interessante que o filme chegasse efectivamente às raízes da representação cinemática da guerra. Pensamos evidentemente em Griffith, cujo “O Nascimento de uma Nação” (1915) estabelece já os códigos necessários para o cinema de batalhas, ou no “Napoleão” de Abel Gance (1927). Por outro lado, a estetização da guerra não pode ser tratada sem menção dos escritos de Marinetti e da defesa que o futurismo italiano fez da guerra por uma questão meramente estética um argumentário que ajuda a compreender o impulso bélico fascista e nazi. Benjamin, já nos anos 40, não se ilude quando dedica páginas importantes a rebater a pretensa estética da guerra. É que a guerra, em si, não é estética. É apenas a sua apresentação que o é. Estes reparos, contudo, não invalidam um trabalho excelente e de grande nível. Esta peça merece maior impacto e respeito. Esperemos que o venha a ter em breve. O Ateliê Fidalga em Lisboa 12h às 20h. Inaugura 11/9 às 22h. Design, Outros. Experimenta Design 2009 Tangenciais. 08/11. 2ª a 6ª das 11h às 20h. Sáb. das 14h às 20h. (aberto também a 13/9). Inaugura 12/9 às 22h30. Design. Experimenta Design 2009. Ver texto págs. 6 e segs. X De Susana Mendes Silva. Ginguba De Daniel Melim. Lisboa. MARZ - Galeria. R. Reinaldo Ferreira, 20A. Tel.: 915769723. De 11/09 a 31/10. 3ª a 6ª e Sáb. das 12h às 20h. Inaugura 11/9 às 22h. Lisboa. Módulo - Centro Difusor de Arte. Calçada dos Mestres, 34A/B. Tel.: 213885570. De 12/09 a 14/10. 3ª a Sáb. das 15h às 20h. Inaugura 12/9 às 18h. Instalação. Pace Of Design Lisboa. Picadeiro do Antigo Colégio dos Nobres. R. Escola Politécnica, 60. De 12/09 a 08/11. 2ª a Dom. das 11h às 20h. Inaugura 12/9 às 23h30. Design. Experimenta Design 2009. Ver texto págs. 6 e segs. Lapse in Time Lisboa. Sociedade Nacional de Belas Artes. Rua Barata Salgueiro, 36. Tel.: 213138510. De 12/09 a Pintura. Ateliê Fidalga - 55 Artistas - São Paulo - Brasil De Adélia Klinke, Ding Musa, Fellipe Segall, entre outros. Lisboa. Carlos Carvalho - Arte Contemporânea. Rua Joly Braga Santos, Lote F - r/c. Tel.: 217261831. De 16/09 a 31/10. 2ª a 6ª das 10h30 às 19h30. Sáb. das 12h às 19h30. Inaugura 16/9 às 21h30. Pintura, Fotografia, Desenho, Escultura, Instalação, Vídeo, Outros.