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II Congresso Nacional de Formação de Professores
XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores
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Trabalho Completo
FORMAÇÃO DOCENTE INDIGENA: UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA NO ESTADO DO
ACRE
Maria Aldenora Dos Santos Lima, Francisca Chagas Da Silva Barroso, Jucinôra Venâncio
De Souza Araújo
Eixo 1 - Formação inicial de professores para a educação básica
- Relato de Experiência - Apresentação Oral
A trajetória da educação indígena era marcada pelo desrespeito a cultura e aos costumes
dos índios, pois por muito tempo os povos indígenas foram obrigados a negar sua
identidade numa herança de autoritarismo e submissão. A formação docente para indígena
é uma realidade concretizada no Estado do Acre através da Universidade Federal do Acre UFAC. O curso docente para professores indígenas reflete a perspectiva da possibilidade de
interlocução entre os sujeitos no processo de amadurecimento formativo que respalda o
exercício de cidadania, de inclusão e experiência de democracia, defrontando-se com o
desafio de oportunizar o acesso aos conhecimentos que inclua não só a pedagogia e a
especialização nas diversas áreas de saberes, mas, sobretudo, que permita aos professores
se prepararem para atuar frente às novas mudanças de diversidade cultural. Essa pesquisa
tem como objetivo abordar a importância da formação docente indígena, relatando a
experiência de trabalhar a disciplina Língua Brasileira de Sinais, assim como a Língua
Portuguesa uma segunda Língua para os professores indígenas no Município de Cruzeiro
do Sul-Acre. Mostraremos também relatos dos professores expressando suas dificuldades e
anseios vivenciados durante o curso, demonstrando suas opiniões acerca da inclusão de
alunos com deficiência nas escolas indígenas. Com esse trabalho pretendemos também
fazer um levantamento dos alunos com deficiência dentro das aldeias. Nesta perspectiva, é
necessário o investimento na formação de educadores para lidar com o processo de
inclusão, o convívio e a interlocução na diversidade, levando em consideração práticas
inovadoras, que atendam á problemática da sociedade onde a prática da pesquisa como
principio educativo. Palavras chave: Formação Docente, Inclusão, Desafio.
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Ficha Catalográfica
FORMAÇÃO DOCENTE INDIGENA: UMA EXPERIÊNCIA VIVENCIADA NO ESTADO
DO ACRE
Maria Aldenora dos Santos Lima 1. Universidade Federal do Acre e Universidade Federal
do Amazonas; Jucinôra Venâncio de Souza Araújo 2; Francisca Chagas da Silva Barroso 3.
Universidade Federal do Amazonas.
INTRODUÇÃO
As pessoas consideradas diferentes, principalmente as que têm algum tipo de
deficiência, enfrentam muita rejeição e nem sempre lhes são dadas oportunidades de
usufruírem do convívio social. Essa rejeição manifestou-se nas diversas fases da história,
mesmo de maneira diferenciada, mas sempre tendo como ponto de partida os valores
que definem o perfil do ser humano e o seu lugar na sociedade. Em séculos passados,
não havia escolas para surdos, pois eles eram considerados incapazes e, portanto, eram
excluídos da sociedade. Somente a partir do século XVIII surgiram os primeiros
educadores nessa área, no entanto, divergiam quanto ao método de ensino mais
apropriado. No Brasil, a educação de surdos só foi iniciada em 1855, com a chegada do
francês Ernest Huet, no Rio de Janeiro, o qual organizou a escola para o educando
surdo, o imperial Instituto de Surdos Mudos.
Outra minoria que desponta em direção á afirmação, ao enfrentamento do
preconceito, é a do índio. O índio começa a entender o valor da educação e sai à procura
de escolas. Despertar-se para uma nova realidade, valorizando a formação profissional,
tendo acesso ao ensino superior, melhorando seu conhecimento. A sociedade também
começa a dar mais atenção aos grupos étnicos discriminados que já se manifestam em
pontos localizados; exortando medidas governamentais que garantam escola, de todos
os níveis, á população indígena.
A exclusão é sempre lastimável, tanto para os grupos marginalizados, quanto para
o desenvolvimento do País, o qual se vê limitado em relação ao avanço das competições,
no mercado internacional. Embora haja toda uma legislação favorável, a política
educacional de apoio ás minorias é lenta e desestimulada.
1
Professora da Universidade Federal do Acre, mestranda em Educação da Universidade Federal do
Amazonas-UFAM.Bolsista CAPES E-mail:[email protected]
2
Professora da SEMED Manaus, mestranda em Educação da Universidade Federal do AmazonasUFAM.Bolsista FAPEAM E-mail:[email protected]
3
Professora da Universidade Federal do Amazonas em Humaitá-AM. Mestranda em Educação da UFAM.Email:[email protected]
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A Formação de professores indígenas é uma realidade nacional que, no Estado
do Acre, está sendo concretizada pela universidade Federal do Acre. O curso visa à
formação de professores para o Ensino Fundamental e Médio, valorizando a experiência
sócio-profissional dos alunos, conjuntamente com a aprendizagem acadêmica. O
ingresso de professores índios no ensino superior, em curso específico para a realidade
indígena, vem garantir a continuidade dessa diferença e riqueza cultural no seu próprio
espaço.
A educação indígena tem se tornado relevante nos vários países que foram
colonizados e onde ainda existem os habitantes nativos. Assim, muitos esforços têm sido
tomados de maneira a preservar a cultura destes indivíduos, mas também permitindo sua
integração à sociedade moderna.Nesse contexto, um registro deve ser feito: a educação
escolar indígena virou uma pauta política relevante dos índios, do movimento índigena e
de apoio aos índios. Deixou de ser uma temática secundária, ganhou importância na
medida em que mobiliza diferentes instituições e recursos.
Logo, a partir desse contexto, o referido artigo busca refletir sobre a formação
docente para indígena e a importância da Educação Inclusiva, dentro das escolas
indígenas, como também, fazer um levantamento dos alunos surdos dentro das
comunidades indígenas do Estado do Acre, visto que a Língua Brasileira de Sinais é uma
disciplina obrigatória no curso de formação de professores, e os professores indígenas
tiveram essa disciplina na grade curricular do curso.
A FORMAÇÃO DOCENTE PARA PROFESSORES INDÍGENAS UMA REALIDADE EM
CONSTRUÇÃO.
Demorou muito para os povos indígenas conquistarem algum direito reconhecido no
Brasil, pois desde a chegada dos portugueses até 1910, nada foi feito. Durante mais de
400 anos, os indígenas foram praticamente esquecidos pelos que faziam as leis do nosso
país. Somente a partir da Constituição de 1988 e mais fortemente com a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional, de 1996, é que eles passaram a ser reconhecidos
legalmente em suas diferenças e peculiaridades no âmbito da educação. A Constituição
de 1988 estabeleceu o direito ao uso das línguas maternas e seus processos próprios de
aprendizagem, instituindo a possibilidade de criação de uma escola definida por esses
sujeitos, procedeu a um duplo reconhecimento da cultura indígena.
O Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indígenas, lançado em 1998 pelo
Ministério da Educação (MEC), reafirmou brilhantemente o direito ao ensino bilíngüe e a
um currículo que privilegia a história, os conhecimentos, os costumes e as necessidades
de cada nação. Essa nova concepção pedagógica permite que nas aulas, sejam
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valorizados relatos orais, desenhos, imagens e músicas da comunidade como
importantes saberes escolares. Os estudantes indígenas são sujeitos da história e podem
documentar e divulgar seus feitos.
A escola indígena é uma experiência pedagógica peculiar e como tal deve ser
tratada pelas agências governamentais, promovendo as adequações institucionais e
legais necessárias para garantir a implementação de políticas públicas que priorizem e
assegurarem às sociedades indígenas uma educação diferenciada de acordo com seu
universo sócio-cultural. (Decreto 1.904/96 que institui o Programa Nacional de Direitos
Humanos).
As primeiras escolas indígenas do Brasil foram implantadas por missionários
religiosos, como o padre Anchieta, no século XVI, e uma dessas deram origem à cidade
de São Paulo. Diferentemente das professoras mencionadas no relatório da FUNAI, o
padre obtinha grande sucesso na catequização, porque dominava a língua tupi da costa
do país. Em geral, exceto algumas experiências oficiais malsucedidas, até o começo do
século passado eram os missionários e os técnicos de serviços de proteção aos índios
que entravam nas aldeias para lecionar. “Ninguém melhor do que os integrantes da tribo
para articular e orientar os conhecimentos ancestrais. Essa descoberta aconteceu nas
três últimas décadas”, afirma Giovani José da Silva. Para quitar a dívida do passado, é
necessário garantir ainda o Ensino Médio e o superior para esses povos.
Em outubro de 2004, foi realizado o Seminário Desafios para uma Educação
Superior para os Povos Indígenas no Brasil: Políticas Públicas de ação afirmativa e
direitos culturais diferenciados, que teve como objetivo construir e sistematizar subsídios
para o debate, formulação e implementação participativa de políticas de ação afirmativas
na educação superior para os povos indígenas, compatíveis com a diversidade étnica do
Brasil e com metas voltadas para projetos futuro culturalmente diferenciado.
Os direitos indígenas, nas últimas décadas, vêm sendo alvo de intensa discussão
nos fóruns internacionais. O resultado é um corpo inovador de normas referentes ás
relações entre os Estados nacionais e os povos indígenas, que têm incentivado o debate
e a mudança nas legislações de cada país. Hoje, já existe um razoável consenso sobre
um conjunto de padrões mínimos favoráveis às reivindicações dos índios, os quais
passaram
a
integrar,
inclusive,
manifestações
públicas
de
representações
governamentais e outras autoridades diante dos mais diversos fóruns internacionais.
No Estado do Acre a partir de 1983 foram oferecidos de forma contínua, pela
Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC) os primeiros Cursos de Formação de professores
Indígenas, em respostas às demandas das comunidades indígenas por uma educação
diferenciada, diversa das experiências isoladas de alfabetização nas aldeias, como o
0615
antigo Mobral, as escolas de patrões seringalistas, as escolas missionárias, língua
materna e escolas oficiais de municípios próximos ás aldeias.
O tempo presente dos índios do Acre é formado pela várias situações conquistadas
pelas comunidades ao longo dos últimos 27 anos. Fazem mais de 500 anos, desde a
invasão das terras, quando nossos parentes habitavam na costa da terra que hoje é o
Brasil. No Acre, desde 1978, os índios estão conseguindo recuperar seu patrimônio
territorial e cultural como habitantes dessa floresta.
Por uma educação diferenciada, as comunidades indígenas do Acre lutam até hoje.
As escolas indígenas trabalham dentro da realidade do povo para fortalecer o trabalho da
comunidade. Os conhecimentos tradicionais são praticados e os conhecimentos que vêm
de fora são complementos para os saberes já adquiridos, na escola indígena é
trabalhado as riquezas, a origem dos povos indígenas, abrangendo mais do que ler e
escrever.
A Lei de Diretrizes e Bases garante às populações indígenas ter sua própria
educação. Segundo dados da Secretaria de Educação e do Censo Escolar de 2004,
existem 129 escolas indígenas e 362 professores indígenas, num total de 4.399 alunos.
Atendendo às demandas e às experiências inovadoras desenvolvidas por organizações
indígenas, a educação escolar indígena passa a ser reconhecida pela Constituição de
1988 e pela LDB 9394/96 que preconiza educação escolar indígena como comunitária,
intercultural, bilíngue, específica e diferenciada.
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS DISCIPLINA OBRIGATÓRIA NOS CURSOS DE
FORMAÇÃO DE PROFESSORES.
A Lei n° 10436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS como meio
legal de comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas
institucionais de apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de LIBRAS
nos cursos de formação de professores para o exercício do magistério, em nível médio e
superior. E, ainda, nos cursos de Fonoaudiologia de instituições de ensino públicas e
privadas dos sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Assim, todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o
Curso Normal de nível médio, o Curso Normal Superior, o Curso de Pedagogia e o curso
de Educação Especial são considerados cursos de formação de professores e
profissionais da educação para o exercício do magistério.
A trajetória social das pessoas surdas sempre esteve dialeticamente implicada com
a concepção de homem e de cidadania ao longo do tempo. Os surdos eram privados dos
direitos de cidadãos da época e destinados a sofrer restrições civis, religiosas e,
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consequentemente sociais num tempo em que os religiosos exaltavam a voz e o ouvido
como a única e verdadeira forma pela qual Deus e o homem podiam falar.
Em Milão, na Itália, em 1880, realiza-se o Congresso Internacional de Surdo
Mudez, ficando definido que o método oral é o mais adequado na educação do surdo.
Nesse congresso, a visão oralista defende que só através da fala o individuo surdo
poderá ter seu desenvolvimento social. Desse modo, o domínio da língua oral torna-se
condição básica para sua aceitação em uma comunidade majoritária.
Essa realidade de fracasso é, enfim, o resultado de complexas representações
sociais sejam históricas, culturais, lingüísticas, políticas respaldadas em concepções
equivocadas e discriminatórias que reforçam práticas em que o surdo é condicionado a
superar a deficiência, buscando tornar-se igual aos demais. Com a constatação de tais
realidades e dos resultados apresentados pelos surdos, o bilingüismo e as questões
implicadas nessa proposta educacional se apresentam como uma das formas de
subsidiar a reflexão sobre a educação da pessoa surda.
Nesse momento pretendemos mostrar aos leitores desse artigo o que representam
alguns documentos legais analisados e que tratam da educação e da inclusão dos surdos
na rede regular de ensino.
A educação é direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao
pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho (Constituição da República
Federativa do Brasil, III, Art. 205).
A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais
“promover o bem de todos sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação” (art. 3°, inciso IV). Define, no artigo 205, a Educação
como direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da
cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a
“igualdade de condições de acesso e permanência na escola” como um dos princípios
para o ensino e garante como dever do estado, a oferta do atendimento educacional
especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).
Assim, a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de
Salamanca (1994) passam a influenciar a formulação das políticas públicas da Educação
Inclusiva.
METODOLOGIA E DISCUSSÃO: EXPERIÊNCIAS, DIFICULDADES E ANSEIOS
ENFRENTADOS
SUPERIOR.
0617
PELOS
PROFESSORES
INDÍGENAS
NA
SUA
FORMAÇÃO
Nos últimos anos houve importantes avanços no tocante a educação para o índio e
formação de professores indígenas, os professores também se destacam nas discussões
sobre assuntos de interesses da comunidade. E estão fazendo da escola um elo entre o
mundo moderno da tecnologia e o universo indígena. O exemplo abaixo, extraído de
Monte, é bastante ilustrativo. (Ibidem: p 23):
A escola é o espaço conflitivo, dialético, contraditório,local de
transmissão dos distintos saberes almejados como parte do
currículo indígena. Deverá habilitar o aluno para o mundo novo,
cuja primeira barreira está no desconhecimento da língua
portuguesa. Língua que, uma vez decifrada em seus significados,
permitirá a compreensão e participação na “cultura do Brasil”, de
forma a poderem beneficiar-se dela, sem, entretanto, perderem
sua própria cultura.
Para a realização da presente pesquisa propõe-se uma abordagem qualitativa,
observação participante, análise de documentos legais acerca da formação docente para
indígenas e da inclusão do aluno surdo no Ensino Regular. Neste sentido, pretende-se
provocar uma reflexão sobre a atuação escolar do professor indígena nas suas
comunidades, no que se refere à inclusão de alunos surdos nas aldeias. Inicialmente,
fazemos uma breve retrospectiva da educação indígena, em seguida, destacamos
aspectos pertinentes aos professores indígenas tais como: dificuldades encontradas para
cursar o ensino superior, expectativas, e opinião acerca da inclusão de alunos com
deficiência nas escolas e da inclusão da LIBRAS como disciplina curricular, por último,
fazer um levantamento de alunos surdos nas escolas indígenas do Estado do Acre.
Acreditamos,
portanto,
que
somente
nessa
direção
torna-se
possível
encontrarmos respostas às indagações que nos acometem sobre nosso objeto,
descortinando, por meio dessas representações, as relações que a ele se sobrepõem.
Para a coleta de dados faremos relatos dos professores indígenas que cursam o ensino
superior da Universidade Federal do Acre – Campos Floresta.
Ao longo dessa vivencia realizamos contato direto com professores índios do
Estado do Acre da família lingüística Pano são: Jaminawá, Shanenawa, Shawãdawa,
Poyanawa, Nukini e Katukina. As línguas da família Aruak são: Manhineri e Asheninka. A
língua da família Arawa é falada pelo povo Madija. Algumas dessas línguas têm apenas
cerca de cinco falantes, como a Poyanawa, Shawãdawa e Nukini. Em algumas aldeias
apenas a metade da população é falante de língua indígena, como os Asheninka, Madija,
Manchinery, Yawanawá, Jaminawa e Kaxinawá.
Quanto aos aspectos metodológicos discutiremos com enfoques qualitativas
pesquisas bibliográficas, onde serão consultados alguns autores como: Sacks (1990),
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Freire (1997), Franco e Fusari (2005),como também Fundamentos da Educação
indígena, 2008, entre outros.
A formação docente superior para professores indígenas no Estado do Acre
iniciou no ano de 2008, onde foram selecionados pelo Vestibular, a prioridade era para
indígenas que atuavam em sala de aula, passando ainda por uma avaliação interna pelas
lideranças indígenas para saber se tinham condições de concorrerem ao vestibular. Após
as entrevistas os professores indígenas recebiam uma carta de aceite para poder
participar do processo seletivo. O curso oferecia 50 vagas. Hoje o curso tem 54 alunos
sendo 10 alunos brancos, houve no início do curso protestos dos índios e conflitos contra
a UFAC, pelo choque de culturas, pois os índio não aceitavam os brancos na sala de
aula, depois de muitas discussões, a harmonia entre alunos ficaram instável.
Para os professores indígenas as dificuldades encontradas no decorrer do curso
foram de aceitação, interação, deixar as famílias e os filhos, separação de cônjuges, pois
muitas vezes o indígena não entende a escolarização, pois acredita que o conhecimento
ocidental é inferior ao da aldeia, principalmente, o preconceito em cursar o nível superior
é contra as mulheres. Além disso, há a dificuldade em aprender a técnica da Língua
Portuguesa. Porém, apesar das dificuldades enfrentadas pelos índios em cursar o nível
superior longe de casa, deixando seus familiares às vezes durante três meses a cada
disciplina, a universidade foi um sonho concretizado, a expectativa é de formar e retribuir
a comunidade o melhor voltando a escola para proceder com mais segurança,
conhecimento, dando continuidade aos trabalhos de educador que é trabalhar para o
povo visando o bem estar e o desenvolvimento social da comunidade.
“Os conhecimentos adquiridos na universidade ajudarão a registrar através da
pesquisa nossos conhecimentos, produzir materiais didáticos para a escola e ajudar os
novos professores, dedicando com qualidade na comunidade, em todos os aspectos que
garanta nossa segurança e sobrevivência dos povos, como na língua, nosso território
com todos os recursos que necessitamos cultura viva, sustentabilidade, conhecimentos
tradicionais,
nossas
manifestações
culturais,
crenças
e
no
conhecimento
cientifico”(aluno).
Assim, a disciplina LIBRAS como disciplina obrigatória no curso de formação
docente para os indígenas foi muito importante para a sua formação, pois os mesmos
tiveram a oportunidade de conhecer a linguagem, a história dos surdos e as metodologias
empregadas na escola inclusiva, preparados para lidar com a diversidade em sala de
aula. Nas aldeias tem um número significativo de alunos com deficiência, entretanto, só
no Município de Mâncio Lima acontecem o Atendimento Educacional Especializado que
iniciou no ano de 2012.
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Para os professores indígenas o professor precisa ter habilidade para ajudar os
deficientes na escola para que os mesmos possam aprender a ler e escrever no mundo
do seu aprendizado. Os deficientes são seres humanos e os surdos têm um língua
diferente que precisa ser respeitada. Essa disciplina deveria ter a mesma importância nas
escolas assim como o português e a matemática, pois nas escolas encontramos
professores despreparados para trabalhar com alunos especiais.
A
inclusão de alunos
com deficiência deveria
ser tratada com mais
responsabilidade pelos governantes. Contudo, mesmo havendo intérpretes em algumas
escolas regulares ainda é bastante precária a inclusão desses alunos por conta da
acessibilidade principalmente boa vontade por parte da gestão das escolas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a chegada dos europeus houve um grande extermínio de muito índios e
líderes, perca de seus territórios, proibição de falarem sua língua materna e demonstrar
sua cultura. Assim, muitas das práticas culturais foram se perdendo ao longo do tempo.
No entanto, através de muitas lutas e resistências os índios, foram conseguindo
conquistar seu espaço na sociedade tiveram apoio de órgãos competentes para manter,
fortalecer e criar políticas públicas específicas como a Fundação Nacional do Índio FUNAI. E, no Estado Acre, a Comissão Pró-Índio-CPI-AC, Organização dos Professores
indígenas do Acre-OPIAC e Associação do Movimento dos Agentes Agroflorestais
Indígenas-AMAAI-AC
Nessa perspectiva, grandes desafios e conquistas estão sendo concretizados no
Estado do Acre com o curso superior para professores indígenas, hoje já estão sendo
trabalhados dentro das escolas os estudos das línguas maternas e os saberes
tradicionais de cada etnia, na luta pela revitalização da cultura desses povos.
Portanto, a formação é um privilégio buscando novos conhecimentos do mundo
ocidental e a trocas de experiências dos diferentes povos indígenas, contribuindo para as
futuras gerações, conscientizando a comunidade da importância, valorização e a prática
da cultura, no sentido de que no futuro essas práticas culturais não sejam perdidas pelas
novas gerações. Com o curso, os professores indígenas, aprenderam uma nova forma de
ensinar que irá trazer inúmeros benefícios às suas comunidades indígenas, um ensino de
melhor qualidade, respeitando as especificidades da comunidade principalmente no que
se refere à inclusão de alunos com deficiência nas aldeias, representando um novo
caminhar pedagógico na educação indígena.
0620
REFERÊNCIAS
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do Socorro Craveiro de Albuquerque, Eliana Campos Pojo-Brasília: Universidade de
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Salete e Fábio Aranha. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de educação
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SALLES, Heloisa Maria M. L; et al. Ensino de Língua Portuguesa para surdos:
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GOMES, C. A. V. A audição e a surdez. Núcleo de Estudos e Pesquisas Sobre a
Atenção à Pessoa com Deficiência. Marília: Programa de Pós – Graduação em Educação
UNESP, 2000.
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