Que tal analisar a tinta de uma caneta?!?!! Materiais: Papel de filtro para café Tesoura Régua Caneta hidrocor preta e de outras cores (de preferência, cores escuras) Pires 1) Recorte um retângulo de 10 x 3 cm seguindo o sentido das fibras do papel de filtro para café. 2) Faça um risco com a caneta hidrocor preta a um centímetro da base do retângulo. 3) Coloque um pouco de água no pires e encoste a pontinha do papel na água (sem mergulhar o risco de tinta!). Aguarde alguns minutinhos... O que aconteceu com a tinta preta? Você pode repetir a experiência usando outras cores de canetas, ou até misturando cores diferentes sobre o mesmo risco, use a sua criatividade e divirta-se. Explicação da experiência Você fez a experiência? E aí, o que achou? E o que aconteceu com a tinta preta quando a água subiu pelo papel de filtro? Se tudo deu certo, você deve ter visto manchas de várias outras cores no papel, em vez de uma mancha preta. Pois é, você realizou um tipo de análise química, a cromatografia em papel, que é uma técnica simples para separar as substâncias de uma mistura líquida. Temos a impressão de que a tinta preta é uma única substância, mas você acabou de verificar que não é! Ela é, na verdade, uma mistura de outras substâncias, aquelas que você viu separadas sobre o papel de filtro. Algumas ficaram na parte de baixo do papel e outras foram arrastadas pela água até a parte de cima, não é? Mas como é que acontece? É tudo questão de afinidade. Por exemplo, se uma substância gosta mais de água, ela será carregada mais facilmente sobre o papel, mas se a substância não gostar de água, ela vai só um pouquinho. O mesmo ocorre em relação ao papel. Se a substância gosta muito do papel, vai ficar agarradinha nele e a água não vai conseguir arrastá-la. E, no caso de uma substância que não gosta de papel, a água vai conseguir arrastá-la mais facilmente. Veja um exemplo interessante, faça a experiência usando tinta guache. Essa tinta é solúvel em água (gosta de água), então ela deveria ser arrastada facilmente pelo papel de filtro, certo? Mas não é isso o que acontece. Essa tinta gosta tanto do papel que nem sai do lugar, fica grudadinha onde você colocou. Resumindo, a cromatografia em papel é uma técnica de separação química que separa as substâncias de uma mistura, levando em conta suas afinidades pelo papel e pela água. O papel é chamado de fase estacionária e a água de fase móvel. Podem ser usadas outras substâncias, como o álcool. Se quiser, você pode experimentar! Siga o mesmo procedimento descrito anteriormente e troque a água pelo álcool. Existem ainda outros tipos de cromatografia, como a gasosa, mais usada que a de papel, por sua versatilidade. Ela usa um gás como fase móvel no lugar de água. E a fase estacionária fica dentro de um tubo muito longo e fino. Que historia é essa de “gostar”? É lógico que as moléculas não têm sentimentos para gostar de outras moléculas. Na verdade, elas têm afinidade umas pelas outras, dependendo da sua polaridade. Moléculas polares gostam de moléculas polares. Moléculas apolares gostam de moléculas apolares. E o que é polaridade? Bem, os átomos são classificados quanto a sua eletronegatividade. Os mais eletronegativos têm forte tendência de atraírem elétrons, enquanto que os poucos eletronegativos não têm essa tendência. Quando uma molécula tem um átomo eletronegativo, ele acaba atraindo os elétrons para perto dele e acaba ficando com carga negativa. O resultado é que as cargas elétricas da molécula acabam ficando separadas, formando um polo negativo e um polo positivo. Numa molécula apolar as cargas estão bem distribuídas e não ocorre a formação de polos. Veja um bom exemplo de molécula polar, a água, H2O. O grande átomo de oxigênio (o oxigênio é bastante eletronegativo) atrai os elétrons dos dois átomos de hidrogênio e fica com carga negativa, e os hidrogênios, com carga positiva. O álcool de limpeza (etanol) também é polar, por isso ele e a água se misturam facilmente. Mas o óleo de cozinha é uma substância apolar. Tente misturar o óleo com a água, você vai ver que eles não se misturam. http://celestepaula.files.wordpress.com/2008/07/cloro.png Um exemplo simples de uma molécula apolar é o gás cloro, Cl 2, o responsável por aquele cheiro forte que sai da piscina. Os dois átomos de cloro são iguais, por isso os elétrons ficam bem distribuídos, sem formar polos positivos ou negativos. Bibliografia MATHEUS, Alfredo Luis. Química na cabeça. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001 ISUYAMA, Reiko. Jornal Re-Ação n° 11. Instituto de Química/USP – agosto de 1996. ISUYAMA, Reiko. Jornal Re-Ação n° 19. Instituto de Química/USP – abril de 1998. ISUYAMA, Reiko. Jornal Re-Ação n° 20. Instituto de Química/USP – agosto de 1998.