Maria Carolina Fortes
ADULTOS, ESCOLARIZAÇÃO E
TRAJETÓRIAS DE VIDA:
COMPREENDENDO SENTIDOS
Passo Fundo
IFIBE
2013
© 2013 Maria Carolina Fortes
© 2013 Editora IFIBE - Instituto Superior de Filosofia Berthier (IFIBE)
Instituto Superior de Filosofia Berthier (IFIBE)
Mantido pelo Instituto da Sagrada Família
Edição: Editora IFIBE
Revisão de Texto: Paulo César Carbonari
Capa e projeto gráfico: Diego Ecker
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Impressão e Acabamento: Gráfica Berthier
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CIP – Catalogação na Publicação
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F737a
Fortes, Maria Carolina
Adultos, escolarização e trajetórias de vida : compreendendo
sentidos / Maria Carolina Fortes. – Passo Fundo : IFIBE, 2013.
232 p. ; 21 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-85-8259-012-6
1. Educação de jovens. 2. Educação de adultos. 3. Educação de
jovens e adultos – Passo Fundo (RS). 4. Sociologia educacional. I.
Título.
CDU: 374.7.014.53
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Catalogação: Bibliotecária Daniele Rosa Monteiro - CRB 10/2091
2013
Proibida reprodução total ou parcial nos termos da lei.
Instituto Superior de Filosofia Berthier – Editora IFIBE
Sumário
Apresentação.............................................................................9
Primeiras palavras: utopias e sonhos....................................13
1. Apresentando um tempo de pesquisa: entrelaçamentos
entre a vida e a ciência ........................................................19
2. Entrelaçamentos: histórias e cenários..............................31
2.1.A história de um tempo: dizer
de minha historicidade ............................................... 31
2.2.O cenário da pesquisa: a cidade de passo fundo.......36
2.2.1.O cenário escolar e o NEEJA na cidade
de Passo Fundo..................................................... 48
2.2.2.NEEJA: tempos legais, tempos de constituição .....65
2.3. A educação de jovens e adultos e os embates legais... 69
3. O percurso da pesquisa: a construção do corpus............79
3.1.O reencontro com o campo..........................................82
3.2.O encontro com as pessoas da pesquisa.................... 85
3.3.Entrelaçamentos entre falas e olhares.........................94
3.3.1.A observação ........................................................ 94
3.3.2.As entrevistas........................................................ 98
3.3.3.Análise dos dados ................................................ 100
4. As pessoas da pesquisa e seus entrelaçamentos
nos diferentes tempos de vida ............................................. 105
4.1.Os sujeitos da pesquisa e suas configurações:
homens e mulheres adultas que retornam à escola .....106
4.2.As trajetórias tecendo redes: da infância
negada à adultez “precoce”............................................114
4.2.1.Os fios comuns que tecem as trajetórias:
da infância à adultez............................................ 135
4.3.Os sujeitos e as vicências da adultez............................. 137
4.3.1.Fios comuns que se entrelaçam e compõem
as vivências que constituem a adultez............... 158
5. A escola e os entrelaçamentos que compõem
os sentidos da escolarização na vida
de homens e mulheres adultas............................................ 163
5.1.A educação e a escola: espaço institucional
e sociocultural............................................................... 164
5.2.Que processos de vida levam um adulto
a voltar à escola?.............................................................169
5.2.1.Fios comuns que expressam os sentidos
que homens e mulheres adultas atribuem
ao processo de escolarização............................... 189
5.3.As relações e os espaços – a sala de aula.....................191
5.3.1.Fios comuns que se entrelaçam nas relações
e constituem sentidos para estar no núcleo....... 208
6. Conclusões.............................................................................213
Referências bibliográficas.......................................................219
APRESENTAÇÃO
Na sempre complexa realidade brasileira, os anos 2000
chegaram carregados, ao mesmo tempo, de dívidas históricas
no campo da educação e de desafios em relação a um futuro
eivado por rápidas e permanentes transformações sociais, laborais, tecnológicas.
Sintonizado com esse tempo histórico o Programa de
Pós Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, em seus diferentes grupos de pesquisa, acolhia
– como acolhe até hoje – demandas por estudos conectados
com essa realidade, sobretudo com os contextos e populações
em situação de maior vulnerabilidade social e educacional.
Sob regência do grande mestre Nilton Bueno Fischer e
como jovem orientadora de dissertações e teses, ano a ano,
constituía um grupo de profissionais da educação, e de outras
áreas, interessados em produzir conhecimentos que fizessem
sentido e re-significassem as possibilidades educativas, oferecidas pela escola, exatamente aos historicamente excluídos.
É sob esta égide que Maria Carolina chega ao Programa de Pós-Graduação, em 2004, já com uma longa trajetória
como professora da escola pública do estado do Rio Grande
do Sul, e com intensas e interessantes questões sobre a educação escolar de adultos.
E chega preocupada com o acesso, a permanência e a significação da experiência escolar para homens e mulheres, pais
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e mães, trabalhadores e trabalhadoras, batalhadores por uma
vida digna para si e para os seus.
Lembro dos debates em sala de aula, e no Bar do Antônio no campus central da UFRGS, sempre pautados por um
profundo respeito a estes homens e mulheres tão desrespeitados desde a infância por uma sociedade “congenitamente” desigual, na qual trabalham em condições, em geral, precárias e
lutam para ter acesso a bens e serviços básicos.
Entre estes bens e serviços, a educação pública como direito e possível passaporte para uma condição menos desumana e periférica no mundo do trabalho e no conjunto das
relações estabelecidas.
É nesse universo que se move o trabalho tão bem construído de Maria Carolina em sua Dissertação de Mestrado.
Focalizando seu estudo nos adultos que buscam o Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos do Sistema Estadual
de Ensino de Passo Fundo/RS (NEEJA) objetiva compreender
a intrincada teia de sentidos que homens e mulheres adultos
atribuem ao processo de escolarização, buscando a escola e
nela permanecendo, apesar das experiências descontínuas e,
em geral, frustrantes vividas na infância. Aliás são essas trajetórias de vida que explicitadas e refletidas podem redimensionar o próprio trabalho escolar.
Nessa trilha Maria Carolina faz um apurado trabalho
de revisão da literatura produzida no campo da educação de
adultos e pode conduzir os seus leitores e leitoras a um mergulho nos contextos sofridos que insistem em bater à porta da
escola e que a desafiam a refazer-se, a repensar-se e, sobretudo, a humanizar-se.
Assim é, por exemplo, a história de Eva, aos 16 anos mãe
de dois filhos, aos 17 abandonada pelo marido, sem saber ler e
escrever direito, tendo que produzir seu sustento e dos filhos
ou de Luís que no trabalho pesado de uma madeireira, treze
ou catorze horas por dia carregando e descarregando toras de
madeira, se tornou um alcoolista.
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Homens e mulheres aos quais o poder público deu muito pouco, ou nada, em relação aos direitos para um justo e
digno viver!
Recuperando suas histórias e trajetórias de vida, Maria
Carolina traz o mundo vivido como ancoradouro principal
para o conhecimento produzido pela academia, construindo
o que Boaventura de Souza Santos chama de um conhecimento
prudente para uma vida decente.
Seu trabalho de pesquisa é pertinente e necessário para
o enfrentamento do grande desafio da acolhida aos milhões
de adultos que podem encontrar na escola pública um espaço
de aprendizagens e de vivências que os ajudem a ressituar-se
no contexto comum em que vivemos, tendo respeitadas suas
memórias e suas aspirações.
Jaqueline Moll,
no chuvoso dezembro de 2012 em Brasília.
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