MELHORAMENTO GENÉTICO EM CITRUS E GÊNEROS RELACIONADOS Maria Carolina Cásares Wong Melhoramento de Frutíferas Dezembro, 2011 INTRODUÇÃO Citricultura brasileira: Importante segmento econômico Valor de produção Geração de empregos Brasil: Maior produtor de citros e maior produtor e exportador de suco concentrado congelado de laranja Produtividade média: 2,0 caixas/planta/ano. Florida: 6 caixas/planta/ano Aumento da produção explicada por acréscimo nas áreas de plantío INTRODUÇÃO Baixa produtividade devida a: Pomares sem irrigação Fatores fitossanitários Estratégias de manejo do pomar Manejo pós-colheita dos frutos Vulnerabilidade do setor: Diversidade biológica vs. Pouco material utilizado Necessidade de ampliação das bases genéticas atuais dos citros e potencializacão do germoplasma já existente TAXONOMÍA Orden Geraniales Familia Rutaceae Subfamilia Aurantioideae (Swingle y Reece, 1967) Dos tribus Géneros Citrus Poncirus Eremocitrus Microcitrus Clauseneae; Citreae (Tres sub-tribus) Fortunella Clymenia Citrinae PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS * GLANDULAS DE ÓLEO *OVARIO SOBRE UN DISCO COM NECTARIOS * FRUTO COM PLACENTAÇÃO AXILAR (Davies & Albrigo; 1994) TAXONOMIA HÍBRIDOS Laranja VERDADEIRAS ESPÉCIES Cidra C. medica L. Toronja C. maxima L. Tangerina C. reticulata Blanco (Tangerina x Toronja) Pomelo (Tangerina x Toronja x Cidra) Limão (Cidra x Toronja) Lima (Cidra x Toronja x Microcitrus) (Davies & Albrigo; 1994) GRUPOS HORTÍCOLAS LARANJAS DOCES C. sinesnsis L. Osbeck Valencia, Pera, Hamlin, Natal, Pineapple. Washington Navel, Baianinha, Summerfield, Navelate Tarocco, Sanginello, Moro (Hodgson, 1967) GRUPOS HORTÍCOLAS TANGERINAS C. reticulata Blanco C. unshiu Marc. Satsuma: Miyagoma, Okitsu, Owari, Clausellina LIMÕES C. limon Burmann Verna, Lisboa, Eureka Común: Clementinas (Fina, Marisol, Oroval), Dancy, Ponkan (Hodgson, 1967) GRUPOS HORTÍCOLAS POMELOS C. paradisi Macf. Duncan, Marsh Rosados. Foster, Thompson Rojos: Star Ruby, Ray Ruby, Redblush, Rio Red (Hodgson, 1967) GRUPOS HORTÍCOLAS LIMAS KUMQUATS Citrus aurantifolia L. Fortunella margarita “Nagami’ F. crassifolia “Meiwa’ F. japonica “Marumi’ Citrus latifolia Tanaka (Hodgson, 1967) NECESSIDADES DE MELHORAMENTO Culturas sob diferentes condições de stress Solos: Alcalinidade, acidez, salinidade Inundações, secas Geadas e altas temperaturas Pragas e doenças em geral Dificuldade para produzir frutas de qualidade: Falta de adaptação, insuficiência de cultivares Leprosis de los cítricos (CiLV) Tristeza de los cítricos (CTV) (Machado et al., 2005; Pompeu Júnior, 2005) MELHORAMENTO GENÉTICO EM CITRUS Melhoramento de cultivares para copa, para portaenxerto e as suas interações Melhoramento tradicional: Seleção clonal Hibridação sexual Mutagénesis induzida Manipulação da ploidía Alternativas atuais: Manipulação da ploidia Transformação genética Variação somaclonal Hibridação somática SELEÇÃO CLONAL Citrus com alto grau de mutação nas gemas Origem da maioria dos materiais cultivados Seleção e caracterização de laranjeiras-doces (Citrus sinensis (L.) Osbeck) no estado do Acre. Gondim et al., 2001 Caracterização e seleção de plantas segundo: Idade, aspetos fenológicos e fisiológicos Média de 22 anos de idade (12-100) 54+1 (‘Aquiri’) materiais avaliados/limão Cravo Comprovado valor agronômico e/ou adaptativo ao ambiente e resistência/tolerância a doenças SELEÇÃO CLONAL Materiais promissores Porta-enxerto Variedade-copa precoce Variedade-copa meia estação Variedade-copa tardia Variedade-copa continua HIBRIDAÇÃO SEXUAL Obtida pela polinização dirigida de flores previamente emasculadas, com pólen da espécie ou cultivar com os caracteres desejados Gêneros, espécies e cultivares afines: Grande variedade de caracteres disponíveis Necessário conhecer: Biologia floral, influência dos fatores climáticos e biológicos que afetam a hibridação. Temperatura Pistilos abortivos Doenças (Agustí, 2003; Machado et al., 2005; Robles et al., 2010) HIBRIDAÇÃO SEXUAL (Machado et al., 2005) HIBRIDAÇÃO SEXUAL Tangor 14/22: un nuevo híbrido seleccionado. Bello et al., 2004 Cruzamentos:Tangerina ‘Clementina’ (Citrus clementina hort ex. Tan.) Laranja ‘Victoria’ (Citrus clementina hort ex. Tan. X Citrus sinensis (L.) Osb.) Progenie Enxertia: Citrus macrophylla Wester Preseleção e enxertia: Citrumelo ‘Swingle’ e laranja azeda ‘Agrio-1’ HIBRIDAÇÃO SEXUAL Crescimento vigoroso, e folhagem denso Produção de 190 kg/árvore aos 10 anos Frutos pequenos, poucas ou nenhuma semente, bom conteúdo de suco e SST e acidez adequada Características físicas e químicas do híbrido Tangor 14/22 em dois porta enxertos e quatro datas de avaliação (Bello et al., 2004) MUTAGÉNESIS INDUZIDA Tratamento de gemas ou sementes com agentes mutagênicos (físicos ou químicos) induze câmbios no genoma (Agustí, 2003; Robles et al., 2010) Raios Gamma em sementes (tolerantes) Development of promising seedless Citrus mutants through Gamma irradiation. Sutarto et al., 2009 Tangerina (Citrus reticulata L. Blanco) cvs. Soe e Garut Pomelo (Citrus grandis L. Osbeck) cv. Nambangan Raios Gamma: 20, 40 e 60 Gy MUTAGÉNESIS INDUZIDA Sobrevivência de gemas diferente, segundo espécie e dose de irradiação Variação no número de sementes/fruto (Sutarto et al., 2009) MUTAGÉNESIS INDUZIDA Mutantes sem sementes de Citrus reticulata L. Blanco cvs. Keprok Garut and Keprok SoE Mutantes sem sementes e cores diferentes de Citrus grandis L. Osbeck cv. Nambangan (Sutarto et al., 2009) MANIPULAÇÃO DA PLOIDIA A DIPLOIDIA é regra geral nos Citrus e gêneros relacionados Euploidia: monoplóides, diplóides, triplóides, tetraplóides, pentaplóides e octoplóides Origem: Sexual e somático Processos naturais: Mutações de gema e embriogénesis nucelar Processos artificiais: Colchicina e cultura de tecidos Outros: Hibridações interespecíficas, grau de ploidia e natureza mono/poliembriónica da variedade (Machado et al., 2005) MANIPULAÇÃO DA PLOIDIA Frequency of triploids in different interploidal crosses of Citrus. Jaskani et al., 2007 Tangerina Kinnow e Laranja doce Succari Cruzamentos: 2x X 4x e 4x X 2x Maior rendimento de triploides: Kinnow tetra x diploide Kinnow diplo x tetraploide: 2x, 3x e 4x Succari 2x X Kinnow 4x: diploides nucelares, tri e tetraploides sexuais Triploides aumentam variabilidade genêtica Tetraploides fértiles podem ser usados em programas de melhoramento LIMITAÇÕES PARA O MELHORAMENTO TRADICIONAL Complexa biologia reprodutiva: Esterilidade e incompatibilidade sexual (não autopolinização) Embrionia nucelar (Apomixia parcial): Competência e dificuldade na identificação Heterozigosis: Mutação gênica freqüente, Polinização cruzada, Embrionia nucelar Depressão por endogamia Desconhecimento da genética básica da herança dos caracteres horticolas de interesse Periodo juvenil cumprido: Avaliações econômicas e horticolas (Machado et al., 2005) ALTERNATIVAS. MANIPULAÇÃO DA PLOIDIA Tratamento de gemas ou sementes com agentes mutagênicos físicos ou químicos para induzir câmbios no genoma In vitro induction, regeneration and analysis of autotetraploids derived from protoplasts and callus treated with colchicine in Citrus. Zeng et al., 2006 Protoplastos de Kumquat ‘Meiwa’ Calo embriogênico de laranja Navel ‘Frost’ Colchicina para duplicar o número de cromossomas Redução na viabilidade do protoplasto, retraso na divisão do protoplasto e inibição no crescimento do calo Autotetraploides usados em fusão de protoplastos para criar germoplasmas valiosos ALTERNATIVAS. MANIPULAÇÃO DA PLOIDIA Comparação morfológica entre células diploide (branca) e tetraploide (preta) em uma população mista Efeito da colchicina em diferentes concentrações sobre a viabilidade do protoplasto em Kumquat ‘Meiwa’ ALTERNATIVAS. TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA Introdução em genoma de plantas, genes procedentes da mesma espécie, de outras espécies de plantas ou de organismos como bactérias, leveduras ou vírus Mais utilizado: Transformação mediada por Agrobacterium Transformação de laranja visando resistência ao cancro cítrico usando genes de peptídeos antibacterianos. Bespalhok Filho et al., 2001 Controle do cancro das cítricas Gene da sarcotoxina (peptídeo antibacteriano) Estirpe EHA-105 de Agrobacterium tumefasciens ALTERNATIVAS. TRANSFORMAÇÃO GENÉTICA Bespalhok Filho et al., 2001 Plantas inoculadas com Xanthomonas axonopodis pv. citri. A. Planta expressando gene da sarcotoxina. B. planta não transgênica ALTERNATIVAS. VARIAÇÃO SOMACLONAL Formação de plantas mutantes como resultado das diferenças genéticas preexistentes em células somáticas cultivadas in vitro ou induzidas pelos componentes do meio de cultivo (Gutierrez, 2003) In Vitro Mutagenesis and Somaclonal Variation Assisted Salt Tolerance in ‘Rough Lemon’ (Citrus jambhiri Lush.). Kumar et al., 2010 Calo de 40 e 60 dias Mutagénesis física: 0, 10, 20, 30, 40, 50 e 60 Gy. Mutagénesis química: Etil Metano Sulfonato, Metil Metano Sulfonato. 0,1; 0,2; 0,3; 0,4% Concentracoes de NaCl: 0, 25(4), 50(1), 75 e 100(1) mM ALTERNATIVAS. VARIAÇÃO SOMACLONAL Seleção de variantes somaclonais de limão rugoso em meios de regeneração contendo sal (NaCl) (Kumar et al., 2010) ALTERNATIVAS. HIBRIDAÇÃO SOMÁTICA Fusão de protoplastos (sem parede celular) procedentes de dois parentais diferentes Calo embriogênico obtido de cultivo in vitro de óvulos e pedaços pequenos de folhas Citrus somatic hybridization with potential for improved blight and CTV resistance. Mendes et al., 2001 Isolamento de protoplastos, fusão e regeneração de plantas Parental embriogênico: Laranja doce Caipira Parentais não-embriogênicos: Limão Volkameriano , tangerina Cleópatra e limão rugoso ALTERNATIVAS. HIBRIDAÇÃO SOMÁTICA Combinações de parentais e plantas geradas mediante fusão de protoplastos Potencial como porta enxertos, prévia avaliação das características hortícolas Aclimatização, enraizamento, propagação por estaquia, enxertia (Mendes et al., 2001) OBRIGADA PELA ATENÇÃO MELHORAMENTO GENÉTICO EM CITRUS E GÊNEROS RELACIONADOS Maria Carolina Cásares Wong Melhoramento de Frutíferas Dezembro, 2011