2070 X Salão de Iniciação Científica PUCRS As Virtudes de Liberalidade e Magnificência como Características do Líder. Renan Bernardes1, Tiago Mendonça dos Santos1, Tarcísio Vilson Meneghetti1, Josemar Sidnei Soares1(orientador) 1 Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, Grupo de Pesquisa em Filosofia do Direito – Grupo Paidéia Resumo Introdução O presente estudo propõe-se a uma investigação aristotélica, tratando do ser humano como alguém que tem por finalidade a felicidade, ou seja, o ser humano tende a um bem e este bem é a felicidade. Assim, através do aprimoramento das virtudes tanto intelectuais como morais, o individuo pode alcançar este bem. Aristóteles trata das principais áreas pelas quais o homem deveria atentar e buscar agir virtuosamente para que pudesse tornar-se realizado, feliz. Nesta linha, o filósofo dedica o Livro IV da obra em questão para tratar sobre a liberalidade. Portanto, deve-se investigar qual a relação do dinheiro para alcançar a finalidade do ser humano. Neste mesmo sentido, Maslow trata do dinheiro como meio para a autorealização humana, mais especificamente no mundo empresarial, na qual destaca a relação do empresário com este meio. Deste modo, buscar-se-á relacionar a virtude aristotélica da liberalidade com a funcionalidade para o individuo e seu ambiente, para o alcance desse objetivo maior. Metodologia Para a presente pesquisa foi utilizado o método indutivo, através da pesquisa bibliográfica. Resultados e Discussão Aristóteles em uma das suas principais obras Ética à Nicomaco, aborda o individuo, na sua perspectiva existencial, que tem como função a busca de um bem, ou melhor, do bem X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 2071 supremo que no seu entender é a felicidade (eudaimonía). Ocorre que, para que o individuo alcance este bem, é necessário que ele desenvolva certas virtudes como coragem, temperança, justiça, amizade, liberalidade, magnificência, entre outras, conforme tratado no livro II da referida obra. A virtude (areté) é entendida como o meio-termo entre dois vícios, um que envolve excesso e outro a falta(ARISTÓTELES, 2009, p. 47). Assim, através da escolha do individuo, relacionada à suas ações e paixões, busca-se o ato mediano, ou seja, medianidade, o meiotermo está relacionada à boa conduta do sujeito. Portanto, para alcançar a virtude é necessária a prática de atos virtuosos, os quais são adquiridos através do hábito. Conforme Bittar (2003, p. 1019) “[...] ao passo que o hábito(éthos) se destaca como elemento essencial da virtude propriamente ética”. Com relação ao dinheiro, Aristóteles dispõe sobre dois tipos de virtudes: a liberalidade e a magnificência. A liberalidade é entendida como o “meio-termo entre dar e obter riquezas, o homem liberal dará e gastará as quantias certas com os objetos certos, quer sejam coisas pequenas, quer sejam grandes, agirá assim com prazer; e também obterá as quantias que convêm das fontes que convêm.(ARISTÓTELES, 2009, p.83). Portanto, o individuo através de uma conduta ética, ou seja, virtuosa buscará obter riquezas, para seu desenvolvimento, e neste mesmo sentido buscará auxiliar os demais. Então, no que se refere a riqueza o individuo deverá gastá-la com sabedoria, e não utilizá-la como forma de assistencialismo ou ainda com a intenção de guardá-la. Com relação à magnificência o autor conceitua tal virtude do mesmo modo que a liberalidade mas com relação a valores exaustivamente maiores. Neste sentido, pode-se relacionar entendimento aristotélico, com os estudos de Maslow, psicólogo humanista contemporâneo, que entende o ser humano, como alguém que deve buscar a auto-realização acima de tudo, mas, para tanto, deve se utilizar de certos meios, dos quais encontra-se o dinheiro. Para Maslow (2003, p.135): “o grande líder deve se desprender da idéia de materialismo, sendo que a fortuna do líder é determinada pela capacidade de captar e doar”. Portanto, nota-se a relação do pensamento do psicólogo humanista com os do filósofo estagirita, tratando-se sobre o dinheiro. No que se refere ao líder, este é entendido como “a pessoa vetor, aquele que controla as operações. É o centro operativo das diversas relações e funções” (MENEGHETTI, 2008, p. 22). “A palavra líder vem da palavra leading, encontrada pela primeira vez na língua viking, na qual indicava um homem que tinha um projeto a cumprir e estimulava também os outros a realizá-lo” (MENEGHETTI, 2008, p. 189). X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 2072 Assim, o líder é aquele que, no seu ambiente, utiliza-se de meios, dentre estes, do dinheiro, para realizar-se e, por conseqüência, melhorar o local onde se encontra e as pessoas que estão à sua volta, ou seja, todo o conjunto social. Conclusão Conclui-se, deste modo, que o líder político, social e econômico, deve ter como uma de suas características a virtude aristotélica, especialmente a liberalidade e a magnificência, para que, ao obter riquezas, possas dá-las, ou melhor, investi-las em pessoas e objetos, com sabedoria para que isso, primeiramente o desenvolva, e por consequência desenvolva também tudo e todos que se encontram ao seu redor. Referências ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Martin Claret.2009. BITTAR, Eduardo C. B.Curso de Filosofia Aristotélica. Barueri: Manole.2003. CLAVO, Luis Carreto. Aristóteles para Executivos. São Paulo: Globo. 2007. MASLOW, Abraham H.O Diário de Negócio de Maslow. Rio de Janeiro: Qualitymark.2003. MENEGHETTI, Antonio. A Psicologia do Líder. Recanto Maestro: Ontopsicologica Editrice.2008 X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009