Módulo 3 • Unidade 2 O desenvolvimento dos meios de transporte e de comunicação ao longo dos séculos XVIII, XIX e XX Para início de conversa... No início da aula de hoje, vamos trabalhar com o desenvolvimento industrial no ocidente, em especial, na Inglaterra, na Europa e nos Estados Unidos. Para você, qual foi o primeiro grande evento que deu impulso ao desenvolvimento industrial? Então, nesta unidade estudaremos como se efetivou, historicamente, a construção do empreendimento industrial. O primeiro marco foi em 1750, na Inglaterra, que nesse momento ficou conhecida como “Oficina do Mundo” por ter desenvolvido o primeiro complexo fabril voltado para a produção de tecidos. Um século depois, o mundo acompanharia esse compasso de desenvolvimento e ampliaria o desenvolvimento técnico da produção em massa de produtos e máquinas, principalmente nos Estados Unidos e na Alemanha. Após esse avanço, ao longo do século XIX e na virada para o século XX, o mundo presenciou o advento de novos meios de comunicação, com o início do rádio, do cinema e da televisão. Isso consolidou a diminuição das distâncias entre as diferentes culturas e integrou as populações no intercâmbio de conhecimentos e informações. Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 29 Figura 1: O rádio, o cinema e a televisão revolucionaram a comunicação. Nesta unidade, trabalharemos dois grandes períodos históricos: A primeira revolução industrial, momento em que se desenvolveu o modelo fabril e as primeiras máquinas para produção em larga escala, como, por exemplo, as máquinas movidas a carvão e a vapor d’água. A segunda revolução industrial, que ocorreu ao longo do século XIX, com o advento das locomotivas e o uso do petróleo como fonte de energia para máquinas. Veremos, além disso, como se deu o desenvolvimento dos meios de comunicação em massa, como o rádio, a televisão e o cinema ao longo do século XX. Objetivos de aprendizagem: Compreender a formação do contexto histórico de avanço e consolidação do sistema industrial na Europa e nos Estados Unidos. Estabelecer uma conexão entre os estágios de desenvolvimento das técnicas e tecnologias ao longo do século XVIII, XIX e virada para o XX. 30 Módulo 3 • Unidade 2 Seção 1 A Primeira Revolução Industrial A Revolução industrial foi o conjunto de transformações técnico-científicas e socioeconômicas que alterou o antigo modelo agrário e consolidou o capitalismo. Esta consolidação se deu através do desenvolvimento do modelo fabril na Inglaterra, que ocorreu no período de 1780 a 1840. Esse modelo fabril é caracterizado pela conjugação do trabalho humano coletivo com o uso de máquinas. Diferentemente das manufaturas, onde as ferramentas pertenciam aos próprios trabalhadores, nas fábricas as máquinas pertencem ao industrial que emprega a mão de obra em regime assalariado. Capitalismo é o sistema socioeconômico caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, pelo trabalho assalariado, pela acumulação de capital e pelo foco primordial no lucro. A principal consequência da Revolução Industrial foi o surgimento da classe operária. Essa classe operária era formada por ex-camponeses expulsos do campo pelo processo de capitalização do meio rural inglês e também por ex-artesãos que não podiam mais competir com a produção das novas indústrias. Esses homens passaram a vender sua força de trabalho, ficando dependentes do proprietário dos meios de produção das fábricas, o industrial. A Revolução técnica e social que se inicia na indústria têxtil inglesa estender-se-á a todos os campos. Primeiramente, outras empresas na Inglaterra adotarão o modelo e a tecnologia das primeiras indústrias. A agricultura também passará por uma modernização em decorrência das mudanças nas fábricas. Ainda, a industrialização não ficará restrita à Inglaterra: ela se espalhará para outros países a partir do século XIX. A Revolução Industrial Inglesa As mudanças no campo inglês, ocorridas principalmente do século XVI ao XVIII, levaram à concentração das propriedades rurais em poucas mãos e à consolidação das figuras do arrendatário e do assalariado rural. Isso foi determinante para que se desencadeasse a Revolução Industrial. Por um lado, a produção agrícola aumentou, permitindo o crescimento da população. Por outro, fez surgir uma classe rural consumidora dos bens produzidos nas cidades. Além disso, vale frisar que grande parte da mão de obra do campo foi liberada para as cidades no interior da Inglaterra. Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 31 É importante ressaltar que foi a forte demanda que impulsionou a criação de máquinas capazes de produzir em escala bem superior ao que a mão de obra humana produzia. Os tecidos de algodão tinham uma grande procura tanto na sociedade inglesa como em toda Europa e América. Neste cenário, foi montada uma poderosa produção de algodão no sul dos Estados Unidos, que serviu de base para essa indústria. Os tecidos de algodão produzidos industrialmente eram baratos, podendo ser consumidos por qualquer trabalhador livre. Como podemos ver, tanto o mercado interno como o externo foram importantes para criar essa enorme demanda. Essas indústrias não surgiram na cidade de Londres, mas no interior da Inglaterra, onde havia depósitos de carvão e ferro e para onde se dirigia a população que saía do campo sem emprego. Outro aspecto importante a ser considerado sobre essas fábricas refere-se à energia. Inicialmente, as fábricas utilizaram energia da combustão do carvão e hidráulica. As consequências da Revolução Industrial Em função de uma nova nação industrial, surgiu a escola clássica de economia que defende a não intervenção do Estado na mesma e a liberalização do comércio através das baixas taxas de alfândega. São os liberais, representados por Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo. No momento em que a Inglaterra era a “oficina do mundo”, era muito favorável a este país uma política econômica liberal, que abriria os mercados para os produtos industriais ingleses. Assim, a Inglaterra permaneceria sendo a única nação industrializada. De fato, neste momento, ganha forma a “Divisão Internacional do Trabalho”, na qual alguns países são especializados na produção de bens industriais – neste primeiro momento apenas a Inglaterra – e outros se especializam na produção de bens primários. Com a consolidação das fábricas, fortaleceram-se os industriais – que formam a classe chamada de burguesia industrial –, logo superando em riqueza e poder as classes proprietárias de terras e os grandes comerciantes. Os trabalhadores nas indústrias e minas viviam em condições de superexploração. Não havia qualquer regulamentação por parte do governo, o que levava, dentre outras coisas, ao trabalho infantil, com alta periculosidade, sem férias, sete dias por semana, por mais de dez horas diárias e com salários muito baixos. Diante da situação de miséria e exploração, os operários organizaram seu primeiro movimento de resistência. Como forma de protesto, começaram a quebrar as máquinas, pois acreditavam que as mesmas eram as responsáveis pelo que viviam. Afirma-se que Ned Ludlam foi o criador desse movimento, conhecido como movimento ludita ou ludismo. A repressão das autoridades (incluindo prisões e deportações para as colônias) e o crescimento dos sindicatos ingleses acabaram esvaziando o movimento. 32 Módulo 3 • Unidade 2 A Inglaterra foi sacudida por um movimento chamado Cartismo. O nome tem origem na Carta do Povo, redigida em 1838, e enviada ao Parlamento pedindo voto secreto, universal, direito de eleição para os não proprietários e subsídios para os parlamentares. O movimento chegou a reunir diversas organizações de trabalhadores, como a Associação dos Trabalhadores Londrinos, e contou principalmente com a atuação dos tecelões arruinados com a industrialização. Em 1842, seguidas petições não atendidas pelo Parlamento resultaram em grande greve geral dirigida pela National Charter Association. A repressão policial, concessões trabalhistas aprovadas pelo Parlamento e o avanço dos sindicatos causaram o esvaziamento do Cartismo. (UFPR 2009) O texto é referência para as questões a seguir: Edward Thompson, no livro Costumes em Comum (1998), discute mudanças na percepção do tempo na Europa Ocidental. Tratando da Inglaterra no século XVIII, cita trechos do Livro das Leis da Siderúrgica Crowley, verdadeiro código civil e penal “para governar e regular a sua força de trabalho rebelde” (p. 290). Entre as considerações e os procedimentos do Livro, destaca-se a seguinte passagem: “Toda manhã, às cinco horas, o diretor deve tocar o sino para o início do trabalho, às oito horas para o café-da–manhã, depois de meia hora para o retorno ao trabalho, ao meiodia para o almoço, à uma hora para o trabalho e às oito para o fim do expediente, quando tudo deve ser trancado.” 1. Explique por que a Revolução Industrial implicou mudanças na percepção e no uso do tempo, em relação ao trabalho na Inglaterra. 2. Compare o exemplo, tirado da citação de Thompson, de organização do tempo e do trabalho em uma siderúrgica, com a organização do tempo e do trabalho na atualidade, com um exemplo e justificativa. a. Uma permanência ou semelhança. b. Uma transformação ou mudança. Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 33 Seção 2 A Segunda Revolução Industrial: o desenvolvimento de novas energias e meios de transporte A segunda revolução industrial, iniciada em meados do século XIX, corresponde às inovações técnicas e econômicas que acabaram por modificar a estrutura de produção capitalista. Este evento histórico ocorreu em duas etapas: Primeira etapa: 1815-1870 à Essa primeira fase foi marcada pelo predomínio da Inglaterra, precursora da livre concorrência, para a qual não faltavam mercados. O maior problema era conseguir uma fabricação mais rápida para atender a toda demanda. Livre concorrência Livre concorrência é um princípio do capitalismo no qual qualquer um é livre para praticar formas de troca mercadológica, em um mercado livre, submetido à lei da oferta e da procura. Isso estimula o comerciante a oferecer melhores preços que os outros visando atrair os consumidores e adquirir uma clientela própria. Segunda etapa: 1870-1914 à Já essa segunda fase foi caracterizada pelo uso permanente da energia elétrica, em especial no setor de base (produção de máquinas e insumos) da indústria. Isso gerou um aumento do desenvolvimento tecnológico com aceleração do processo produtivo, como a fabricação de aço, produtos químicos e de engenharia elétrica. O invento da locomotiva e das estradas de ferro no início do século XIX trouxe uma grande mudança tanto para o mundo como para a própria organização do capitalismo. A construção dessas ferrovias necessitava de um grande montante de dinheiro, o que levou à concentração do capital, aproximação dos mercados distantes e dinamização da produção. O carvão e a força hidráulica simples, fontes de energia da “Primeira Revolução Industrial”, passaram a conviver com novas fontes de energia. A força hidráulica passou a ser usada de forma extensa, como nas grandes hidrelétricas. A eletricidade, descoberta há pouco tempo, passou a ser utilizada industrialmente. E o petróleo começou a ser utilizado largamente para a geração de força por combustão. O período é conhecido pelas inovações na indústria, pelo surgimento de novos ramos industriais e pelas invenções. Foram criados novos métodos para se fazer o aço, produzido, a partir deste momento, industrialmente. A indústria química surge com os materiais sintéticos, dispensando o uso de algumas matérias-primas outrora usadas, como o anil, o açúcar de cana e a seda natural. As invenções foram diversas, como o automóvel, a lâmpada, o dirigível e a máquina de escrever. Os transportes também ganharam um grande impulso com navios mais rápidos e a construção dos canais de Suez (1869) e Panamá (1915). 34 Módulo 3 • Unidade 2 O Canal de Suez é uma das vias marítimas mais importantes do mundo e um dos grandes focos da economia do Egito. É o eixo de união entre o Oriente e Ocidente (tem 163 km de extensão). Localiza-se em terras do Egito, no istmo que une a África à Ásia. A construção do Canal de Suez diminuiu distâncias, sobretudo no sentido Europa – Extremo Oriente –, Índia e no sentido inverso. Favoreceu o povoamento nas margens do Mar Vermelho e uniu a Europa aos grandes mercados de matérias-primas da Ásia, sobretudo o do petróleo, valorizando os portos da Europa, Ásia e África, principalmente. Apesar de estar em solo egípcio e de ter sido construído por mão de obra egípcia, o canal de Suez pertenceu ao Reino Unido de 1869 (ano de sua inauguração) até 1956. Ele foi construído com capital inglês e tecnologia francesa. Durante mais ou menos um século, esse canal funcionou a todo vapor, com grande circulação de navios. Dois fatores contribuíram para diminuir a sua importância: O grande porte dos navios modernos, tornando difícil sua passagem pelo canal; e as guerras entre árabes (principalmente do Egito) e israelenses, que tornaram essa área insegura e extremamente militarizada. Assim, a rota pelo oceano Índico, passando pela África do Sul, ou seja, pelo Cabo da Boa Esperança, voltou a ser mais utilizada para transportar o petróleo do Oriente Médio, apesar de ser mais longa. Figura 2: Foto aérea do Canal de Suez. Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 35 O canal do Panamá está localizado no istmo do Panamá, que é um país com território situado ao sul da América Central. Esse canal tem como objetivo unir o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico e tem uma extensão de 82 km. Ele tem grande importância no fluxo marítimo internacional, que hoje corresponde a 4% do comércio mundial. Por ano, passam pelo canal cerca de 13 mil navios. As principais trajetórias saem do litoral leste norte-americano com destino, principalmente, à costa oeste da América do Sul. Há também fluxo de origem europeia para a costa oeste dos EUA e do Canadá. Figura 3: Canal do Panamá. A partir do texto a seguir, de Émile Zola, aponte as características de empobrecimento da classe operária na Revolução Industrial em sua segunda fase. “Mas todas as portas se lhe fecharam. Então, ofereceu-se para trabalhar por metade da diária: mas as portas continuaram fechadas. Ainda que trabalhasse de graça, não seria admitido. É a paralisação do trabalho, a terrível paralisação que é sinal de morte para os que habitam em águas-furtadas. Em tempo de crise, o pânico faz parar as indústrias e o dinheiro esconde-se. Ao cabo de oito dias, deu a volta toda. O operário, após tentativa suprema, regressava agora com o passo lento, as mãos vazias, acabrunhadas pela miséria. Chove; inundada de lama, Paris naquela tarde, tem um aspecto fúnebre. 36 Módulo 3 • Unidade 2 O homem vai andando, recebendo a chuvada sem dar por isso, ouvindo, apenas, a voz da necessidade e retardando o passo para não chegar tão depressa. Inclina-se sobre o parapeito do Sena; o rio, cujo caudal aumentou, corre com um rumor prolongado; a espuma branca expande-se em salpicos de encontro a um dos tramos da ponte. Inclina-se mais. Embaixo a colossal massa d’água parece lançar-lhe um apelo furioso. Mas o homem reflete que seria uma covardia e afasta-se” (Émile Zola, O Idílio, p. 134). Seção 3 O advento do rádio, da televisão e do cinema. O desenvolvimento dos meios de comunicação e a diminuição das distâncias culturais Essas três tecnologias marcaram a passagem do século XIX para o século XX devido ao papel fundamental que cumpriram na disseminação da informação, do conhecimento e da cultura, integrando as sociedades. Através da difusão e do desenvolvimento da comunicação, tornou-se possível estabelecer vínculos também no interior das sociedades, viabilizando o compartilhamento de valores e ideias sobre a vida. A seguir, veremos separadamente como cada equipamento foi desenvolvido e contribuiu para a formação da nossa sociedade globalizada. As origens do rádio Pensar nas origens e no desenvolvimento da radiodifusão sonora implica pensar no desenvolvimento de uma tecnologia que permita a transmissão, sem fios, de sons a distância e a utilização dos avanços tecnológicos em um Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 37 meio de comunicação em massa. Isto é possível, porque os princípios da radiodifusão são similares aos da telefonia, alterando apenas os objetivos. No telefone, tem-se uma comunicação bidirecional e entre duas pessoas. No rádio a comunicação se dá em uma única direção, a mesma mensagem é enviada para uma enorme diversidade de pessoas. Esta diferença, considerada óbvia na atualidade, representou um marco na história da comunicação. De 1830 até 1910, a tecnologia utilizada no rádio se desenvolveu fundamentada nas pesquisas sobre a existência de ondas eletromagnéticas e nos avanços alcançados a partir do telégrafo e do telefone. Embora comumente se atribua a invenção do rádio ao italiano Gugliemo Marconi, pode-se afirmar que o rádio resultou do trabalho de diversas pesquisas em vários países ao longo do tempo, o que representou o esforço do ser humano para atender uma demanda: a transmissão de mensagens a distância, mas sem contato pessoal, como no caso dos serviços de correio. No final do século XIX, apoiado pela consolidação da Segunda Revolução Industrial, o capitalismo se encontrava em franca expansão. Neste contexto, a radiodifusão se tornava uma tecnologia muito importante. O desenvolvimento do cinema O cinema, com seus mais de 100 anos de história, ainda está na lista das maiores invenções da humanidade, não só porque revolucionou os meios de comunicação, mas também porque ajudou na criação de uma nova divisão de trabalho, no surgimento de novas pesquisas científicas e também na formação de várias empresas que lucraram com essa invenção. O cinema, como é conhecido atualmente, resultou de um processo longo no qual o homem buscou a reprodução de imagens em movimento. Conhecido como a “sétima arte”, não possui apenas suas origens na vontade de entreter ou informar. Sua criação se deve muito também ao interesse de cientistas que estudaram tanto a decomposição de movimentos quanto a capacidade de retenção da imagem na retina humana. Um dos principais marcos para a história do cinema, o seu “nascimento”, deu-se no dia 28 de dezembro de 1895, na França, data em que foi realizada a primeira sessão de cinema no mundo, promovida pelos irmãos Lumière. O filme exibido foi a imagem em movimento de um trem chegando à estação. Relatos da época indicam que alguns dos espectadores se assustaram com a cena, temendo ser atropelados pelo trem virtual. A projeção feita naquele dia foi considerada a primeira nos moldes daquilo a que chamamos de projeção cinematográfica. causou diversas consequências, como o surgimento de uma nova divisão do trabalho, o aparecimento de novos empregos (cinegrafista, produtor, diretor, roteirista, assistente de direção), a ampliação do campo de trabalho para os atores, além do desenvolvimento de algumas cidades em função da produção de filmes, como Nova York e Paris, por exemplo. Esses efeitos podem ser comparados com os da primeira revolução industrial, que causou o surgimento de novos empregos (maquinistas, siderúrgico etc.), o enriquecimento das cidades onde ficavam as fábricas e uma nova organização de trabalho. 38 Módulo 3 • Unidade 2 Figura 4: A cidade de Nova York ganhou bastante notoriedade através do cinema. O primeiro monopólio cinematográfico foi criado por Thomas Edison, famoso por ser o inventor da lâmpada. Ele criou um truste (união de empresas do mesmo ramo) em associação com George Eastman (criador da Kodak). Devido ao truste, as pessoas eram obrigadas a pagar direitos autorais a essa associação para poder produzir um filme, dando prejuízos aos produtores vindos de Chicago, Nova Jersey e Nova York. Monopólio é como se denomina uma situação de concorrência imperfeita, em que uma empresa detém o mercado de um determinado produto ou serviço, impondo preços aos que comercializam. Truste é a reunião de empresas que perdem seu poder individual e o submetem ao controle de um conselho. Com isso, surge uma nova empresa com poder maior de influência sobre o mercado. Geralmente tais organizações formam monopólios. Com o tempo, a partir da formação de diversos estúdios, o cinema tornou-se o bem de consumo das massas, sobretudo nos Estados Unidos, onde 83% dos bilhetes no mundo são vendidos. Desenvolvimento da Televisão A televisão herdou algumas características do cinema, mas sua proximidade com o tempo presente e sua praticidade deram possibilidades de torná-la o meio de comunicação mais ágil de transmissão de informações, ideias e ideais. O advento da televisão deve-se a grandes matemáticos e físicos, que desenvolveram este grande e poderoso Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 39 veículo. Desde o início do século XIX, os cientistas estavam preocupados com a transmissão de imagens a distância, e foi com o invento de Alexander Bain, em 1842, que se conseguiu a transmissão telegráfica de uma imagem (facsímile), atualmente conhecido como fax. Figura 5: Máquina antiga de fax. Em 1817, o químico sueco Jakob Berzelius descobriu o selênio, mas só 56 anos depois, em 1873, o inglês Willoughby Smith comprovou que o selênio possuía a propriedade de transformar energia luminosa em energia elétrica. Através desta descoberta, foi possível realizar a transmissão de imagens por meio de corrente elétrica. Em 1892, Julius Elster e Hans Getiel inventaram a célula fotoelétrica. Em 1906, Arbwehnelt desenvolveu um sistema de televisão por raios catódicos, sendo que o mesmo ocorreria na Rússia por Boris Rosing. O sistema empregava a exploração mecânica de espelhos somada ao tubo de raios catódicos. Em 1920, realizaram-se as verdadeiras transmissões, graças ao inglês John Logie Baird, através do sistema mecânico baseado no invento de Nipkow. Pode-se dizer que o pontapé inicial para os estudos e posteriormente o invento da televisão ocorreram graças ao estudante de engenharia alemão Paul Nipkow. Nipkow estudava a ideia de enviar imagens a distância, sua concepção consistia em decompor a imagem em pontos que seriam posteriormente transformados em impulsos elétricos por uma célula fotoelétrica e enviados por um fio. Quando esses impulsos chegassem a um receptor, ocorreria o processo inverso de composição da imagem. Nipkow, então, criou um disco com furos em espirais que "varriam" uma imagem gerando, cada furo, uma luz que era convertida em corrente elétrica através de uma célula de selênio. Esta corrente elétrica acenderia uma lâmpada que iluminaria outro disco oposto ao primeiro e geraria a imagem. Esse invento foi denominado "Disco de Nipkow" e serviu de pilar para o desenvolvimento da televisão. Por este invento, Nipkow é considerado como o "fundador” da TV. 40 Módulo 3 • Unidade 2 (Puccamp - adaptada) O novo veículo de massa era inteiramente surpreendente: rádio. [...] O rádio transformava a vida dos pobres, e sobretudo das mulheres pobres presas ao lar, como nada fizera antes. Trazia o mundo à sua sala. Daí em diante, os mais solitários não precisavam mais ficar inteiramente a sós. E toda a gama do que podia ser dito, cantado, trocado ou de outro modo expresso em som estava agora ao alcance deles. [...] sua capacidade de falar simultaneamente a incontáveis milhões, cada um deles sentindo-se abordado como indivíduo, transformava-o numa ferramenta inconcebivelmente poderosa de informação de massa, como governantes e vendedores logo perceberam... (Eric Hobsbawn. As artes (1914-1945), in “Era dos extremos. O breve século XX (1914-1991)”). A partir do texto aponte os efeitos da radiodifusão na sociedade ocidental. Resumo A primeira revolução industrial foi um fenômeno tipicamente inglês e consistiu na passagem de um sistema de produção marcadamente agrário e artesanal para outro de base industrial, dominado por fábricas e máquinas. Ficou caracterizada por diversas inovações tecnológicas. A segunda revolução industrial, iniciada em meados do século XIX, corresponde às inovações técnicas e econômicas que acabaram por modificar a estrutura de produção capitalista. O avanço da ciência e da tecnologia proporcionou o desenvolvimento dos aparelhos de comunicação em massa (rádio, cinema e televisão) e contribuiu para o compartilhamento de informações e valores culturais. Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 41 Veja Ainda Filme: “Oliver Twist” (de Roman Polanski). Oliver Twist (Barney Clark) é um órfão entre as centenas que sofrem com a fome e o trabalho escravo na Inglaterra vitoriana. Vendido para um coveiro, ele sofre com a crueldade da família deste e acaba fugindo para Londres. Lá ele é recolhido das ruas por Artful Dodger (Harry Eden), um ladrão que o leva até Fagin (Ben Kingsley), um velho que comanda um exército de prostitutas e pequenos marginais. Quando Oliver conhece um bondoso homem em quem finalmente enxerga um possível pai, Fagin teme que ele denuncie seu esquema. Para evitar isso, Fagin planeja um assalto à casa do rico Sr. Brownlow (Edward Hardwicke), o pai desejado por Oliver. Filme: “Vidas Marcadas” É um excelente filme inglês, dirigido por Bill Douglas, que mostra a luta dos trabalhadores rurais ingleses contra a exploração dos grandes proprietários. Considerados uma ameaça à ordem capitalista, muitos trabalhadores foram condenados ao exílio na Austrália, onde o sistema de exploração obrigou-os a continuar a lutar por seus direitos. Referências http://www.passeiweb.com/na_ponta_lingua/sala_de_aula/geografia/geografia_geral/canal_de_suez/suez THOMPSON, Edward. Costumes em comum. FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: o veículo, a história e a técnica. 2ª ed. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2001. PAZZINATO, Alceu Luiz; SENISE, Maria Helena Valente. História: moderna e contemporânea. 13ª ed., Ática, 1999. AQUINO, Rubim. História das sociedades: das sociedades modernas às sociedades atuais. Rio de Janeiro: Record, 2001. 42 Módulo 3 • Unidade 2 Imagens • http://www.sxc.hu/photo/1175613 • Sanja Gjenero • http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Old_radio_in_Caffe%27_Le_Poste_3.jpg. • http://commons.wikimedia.org/wiki/File:MartiniPlaza_theater.jpg?uselang=pt-br. • http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Televisaoanalogica.JPG?uselang=pt-br . • http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Iss016e019375.jpg . • http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Panama_Canal_Gatun_Locks_opening.jpg . • http://commons.wikimedia.org/wiki/File:New_York_Midtown_Skyline_at_night_-_Jan_2006_edit1.jpg . • http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Muirhead_fax_machine_-_MfK_Bern.jpg . • http://www.sxc.hu/photo/517386 • David Hartman. • http://www.sxc.hu/985516_96035528. Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 43 Atividade 1 A vida nas fábricas alterou drasticamente a percepção e utilização do tempo. Na indústria, o tempo é calculado para que haja o maior lucro possível, o que determina o ritmo de trabalho dos operários. Antes disso, o tempo era controlado por fatores naturais, como a luz solar e a passagem das estações. O relógio tinha pouca ou nenhuma utilidade para o trabalhador rural, por exemplo. a. Uma permanência é a subordinação hierárquica dos trabalhadores, que não são donos dos meios de produção nas fábricas. Você também poderia citar a organização do tempo, que ainda é muito semelhante a que é mencionada no texto, com jornadas fixas e pausas reguladas. Uma transformação importante foi a redução da jornada de trabalho, conquistada por meio de lutas da classe trabalhadora. Atividade 2 Nesta questão, você deveria destacar do texto elementos que apontassem para o alto índice de desemprego da época, pois a miséria no período de crise era muito acentuada. Isso levava os desempregados a aceitar se submeter a quaisquer condições de trabalho para ao menos assegurarem algum tipo de alimentação para si e sua família, o que demonstra o caráter exploratório deste período histórico. Atividade 3 Nesta questão, você deve destacar a importância da difusão das informações e do entretenimento através do rádio. E como este equipamento simbolizou o desenvolvimento técnico-científico da era contemporânea. 44 Módulo 3 • Unidade 2 O que perguntam por aí? (ENEM 2010 / CA-4 H-19) A Inglaterra pedia lucros e recebia lucros. Tudo se transformava em lucro. As cidades tinham sua sujeira lucrativa, suas favelas lucrativas, sua fumaça lucrativa, sua desordem lucrativa, sua ignorância lucrativa, seu desespero lucrativo. As novas fábricas e os novos altos-fornos eram como as Pirâmides, mostrando mais a escravização do homem que seu poder (DEANE, P. A Revolução Industrial. Rio de Janeiro: Zahar, 1979, adaptado). Qual relação é estabelecida no texto entre os avanços tecnológicos ocorridos no contexto da Revolução Industrial Inglesa e as características das cidades industriais no início do século XIX? a. A facilidade em se estabelecer relações lucrativas transformava as cidades em espaços privilegiados para a livre iniciativa, característica da nova sociedade capitalista. b. O desenvolvimento de métodos de planejamento urbano aumentava a eficiência do trabalho industrial. c. A construção de núcleos urbanos integrados por meios de transporte facilitava o deslocamento dos trabalhadores das periferias até as fábricas. d. A grandiosidade dos prédios onde se localizavam as fábricas revelava os avanços da engenharia e da arquitetura do período, transformando as cidades em locais de experimentação estética e artística. e. O alto nível de exploração dos trabalhadores industriais ocasionava o surgimento de aglomerados urbanos marcados por péssimas condições de moradia, saúde e higiene. Gabarito: A alternativa correta é a letra “e”. Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 45 O acelerado desenvolvimento a partir das primeiras fases da Revolução Industrial na Inglaterra, calcado na exploração dos trabalhadores, ocasionou um crescimento desordenado das cidades, deixando grande parte da população em precárias condições de moradia, saúde e higiene. 46 Anexo • Módulo 3 • Unidade 2 Caia na rede! Dê uma olhada no site a seguir: http://www.infoescola.com/cinema/historia-do-cinema/ Vale a pena conferir, pois ele traz diversas informações, algumas imagens e inclusive exercícios que ajudam a ampliar a compreensão sobre diversos temas aqui apresentados. Traz também um bom índice na lateral esquerda da tela e textos de fácil leitura com interface de compartilhamento nas redes sociais. Ciências Humanas e suas Tecnologias • História 47