Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa
Lato Sensu em Libras
Trabalho de Conclusão de Curso
Acessibilidade à comunicação dos Surdos
através dos Tradutores/Intérpretes da
Língua de Sinais (TILS) em espaços públicos
Autor: Valéria Maria Gomes Barros
Orientadora: Valícia Ferreira Gomes
Brasília - DF
2013
VALÉRIA MARIA GOMES BARROS
ACESSIBILIDADE À COMUNICAÇÃO DOS SURDOS
ATRAVÉS DOS TRADUTORES/INTÉRPRETES DA
LÍNGUA DE SINAIS (TILS) EM ESPAÇOS PÚBLICOS
Monografia apresentada ao Programa de
Pós Graduação Lato Sensu em Libras da
Universidade Católica de Brasília, como
requisito parcial para obtenção do
certificado de Especialista em Libras.
Orientadora: Prof.ª Esp. Valícia Ferreira
Gomes
Brasília
2013
Monografia de autoria de Valéria Maria Gomes Barros, intitulada “Acessibilidade à
comunicação dos Surdos através dos Tradutores/Intérpretes da Língua de Sinais
(TILS) em espaços públicos” apresentada como requisito parcial para obtenção do
certificado de especialista em Libras da Universidade Católica de Brasília, em
15/08/2013, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:
_________________________________________________________
Prof.ª Esp. Valícia Ferreira Gomes
Orientadora
____________________________________________________________
Prof. Falk Soares Ramos Moreira
Prof. Especialista
Brasília
2013
Dedico
este
trabalho
a
todos
os
Tradutores e Intérpretes da Língua de
Sinais (TILS) e aos Surdos.
AGRADECIMENTOS
À minha família, pela força, ajuda e por não me deixar desistir.
Um agradecimento especial à minha orientadora Valícia Ferreira Gomes pelo
carinho, dedicação e paciência ao longo do curso e na orientação deste trabalho.
Aos meus professores, Júlio Egreja, Arislan Dantas, Layane Rodrigues de Lima por
me mostrarem o mundo dos Surdos.
Aos Tradutores/Intérpretes da Língua de Sinais e aos Surdos pela disponibilidade
em responder os questionários.
Aos meus colegas dos Laboratórios do Curso de Biologia pela paciência, conselhos,
conversas e grande a ajuda nos ajustes finais do trabalho. Em especial à Kamilla,
Hugo e Fabiana.
Às minhas colegas do Curso de Especialização pela amizade e carinho durante a
nossa caminhada.
Enfim, a todos que me apoiaram durante o meu curso, meu Muito Obrigada!
“Feliz aquele que transfere o que
sabe e aprende o que ensina”.
Cora coralina
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 11
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 13
1.1 O SURDO E SURDEZ ................................................................................................... 13
1.2 A IDENTIDADE E CULTURA SURDA.......................................................................... 16
1.3 A LÍNGUA DE SINAIS NA COMUNIDADE SURDA................................................... 19
1.3.1 Importância da Libras na comunicação dos surdos ....................................... 21
1.4 ACESSIBILIDADE Á COMUNICAÇÃO ....................................................................... 22
1.4.1 O Tradutor/Intérprete da Língua de Sinais (TILS) .......................................... 24
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA ......................................................................................... 28
2.1 PERFIL DOS PARTICIPANTES .................................................................................. 29
CAPÍTULO 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................... 30
Parte I – Tradutores/Intérpretes: ......................................................................................... 30
Parte II – Surdos: ................................................................................................................... 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 36
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 38
APÊNDICE ............................................................................................................................. 41
RESUMO
A acessibilidade á comunicação dos Surdos é de fundamental importância para que
o Surdo possa interagir e participar ativamente da sociedade em que vive, com isso,
respeitados seus direitos e deveres. Essa acessibilidade está legalmente amparada
pelo Decreto Lei Nº 5.626/2005 que estabelece a Língua Brasileira de Sinais –
Libras, como a primeira língua oficial dos Surdos e também pela Lei Nº 12.319/2010
que regulamenta a profissão do Tradutor/Intérprete da Língua de Sinais – TILS. O
presente estudo procurou fazer uma abordagem qualitativa e teve o objetivo verificar
a atual realidade em Brasília, em relação a acessibilidade à comunicação para os
Surdos através dos Tradutores/Intérpretes da Língua Brasileira de Sinais – TILS, em
diferentes locais públicos. Como instrumento de pesquisa foram utilizados dois
questionários, com perguntas objetivas e dissertativas para os Surdos e
Tradutores/Intérpretes. No total foram respondidos 24 questionários, sendo 13 pelos
Tradutores/Intérpretes de LIBRAS e 11 pelos Surdos. Dos resultados obtidos, foi
possível verificar que os profissionais intérpretes trabalham em Órgãos do Governo
Federal, Distrital e alguns são voluntários em uma Instituição de Apoio ao Surdo. A
partir dos dados obtidos, foi verificada a falta de TILS nos variados serviços
prestados à comunidade, como agências bancárias, hospitais, postos de saúde,
entre outros. Também foi observado que apenas seis profissionais possuem a
certificação de proficiência em LIBRAS - PROLIBRAS.
PALAVRAS-CHAVE: Tradutores/Intérpretes da Língua de Sinais (TILS), LIBRAS,
Surdo, Acessibilidade e Comunicação.
ABSTRACT
The communication accessibility for the Deaf communication has great importance
so they can interact and actively participate in the society they live and be respected
in their rights and duties. This accessibility is supported by Decree Law 5.626/2005
establishing the Brazilian Sign Language (Libras - Língua Brasileira de Sinais) as the
first official language of the Deaf and also by Law nº 12.319/2010 which regulates the
profession of Translator/Interpreter of Sign Language – TILS (Tradutor / Intérprete de
Língua de Sinais). This article aims to make a qualitative approach to check the
current reality in Brasilia, regarding to communication accessibility for the Deaf by
interviewing Translator/Interpreters of Brazilian Sign Language – TILS in different
public places. The used research instrument was two questionnaires with objective
and subjective questions. In total 24 questionnaires were returned, 13 from
Translators/Interpreters and 11 from the Deaf. From the answered questionnaires
was possible to verify that the professional interpreters work in Federal Government
Agencies, District Government and some are volunteers on an institution that
Support Deaf. From the obtained data, was observed a lack of TILS in various
community services, such as banks, hospitals, health centers, among others. It was
also observed that only six of the interviewed professionals have the proficiency
course in LIBRAS.
KEYWORDS: Translators/Interpreters of Sign Language (TILS), LIBRAS, Deaf,
Accessibility and Communication.
11
INTRODUÇÃO
Durante muitos anos, desde a Antiguidade até o final do século XIX, o acesso
dos surdos aos vários serviços oferecidos pela sociedade era bastante deficitário,
questões sobre Acessibilidade e Inclusão para Surdos, começam a ser refletidas e
colocadas em prática, em diversos países, e no Brasil, após a década de 60. Os
Surdos, como quaisquer outros cidadãos, têm seus direitos previstos em lei, à
educação, saúde, esporte e lazer nos mais diversos órgãos, porém a falta de
conhecimento da língua de sinais utilizada pelos surdos representa exclusão aos
direitos do cidadão tanto por parte do governo como pela sociedade.
O presente trabalho discute sobre a acessibilidade à comunicação dos
Surdos. Esse tema se mostra atual e relevante porque é preciso que a sociedade e
o governo tenham conhecimento da importância do acesso à comunicação para os
Surdos.
Compreender o processo de inclusão social que é
proposto hoje à sociedade exige conhecimento da
história sobre como foram tratadas as pessoas com
deficiências, explicitada em quatro momentos distintos, a
saber: exclusão, segregação, integração e inclusão.
(CHAVEIRO & BARBOSA, 2005, p. 418)
De acordo com Barbosa (2003), a acessibilidade oferecida pelo meio urbano
reflete a qualidade de vida da sociedade. A experiência e os estudos demonstram
que é o meio físico, mais precisamente o meio urbano, que determina o efeito, seja
da idade, da deficiência, sobre as atividades da vida diária de uma pessoa, impondo
restrições e limitações.
A acessibilidade na comunicação dos surdos devia fazer-se presente nos
órgãos federais, estaduais e municipais e prestadores de serviços através da
presença de profissionais Tradutores/Intérpretes da Língua Brasileira de Sinais TILS, de acordo com o que rege o Decreto nº 5.626/2005. Para a atual sociedade a
acessibilidade pode ser compreendida como uma melhoria para todos os cidadãos
como critério de qualidade de vida.
O trabalho organizado em subtítulos apresenta fatos importantes sobre a
história do Surdo desde a Antiguidade até os dias atuais e os tipos de surdez.
Também discorre sobre uma abordagem da Identidade e Cultura Surda e a Língua
de Sinais na comunidade Surda, bem como da sua importância na sociedade. Outro
12
aspecto relevante apresentado é sobre a acessibilidade à comunicação dos surdos,
enfatizando o perfil dos intérpretes em Língua de Sinais.
O presente trabalho teve como objetivo identificar as diferentes percepções
de surdos e tradutores/intérpretes, voltadas para a acessibilidade à comunicação
dos surdos empenhados pela atuação dos TILS em diferentes espaços públicos.
13
CAPÍTULO 1 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1.1 O SURDO E SURDEZ
Desde a Idade Antiga, a surdez era vista como uma doença, onde os Surdos
eram considerados “bobos” ou “doentes mentais”, incapazes de pensar, agir
sozinhos, ou seja, de decidir sua própria vida. Como não interagiam com outras
pessoas, não eram reconhecidos como capazes, não trabalhavam e muitos eram
mantidos presos em suas casas, privados até do convívio familiar.
De acordo com Nóbrega et al (2012), a pessoa com surdez era concebida
como um ser inferior, não raro, considerada anormal, dependente de outras pessoas
e incapaz de se prover.
Nos estudos feitos por Strobel (2009), já na Roma da Idade Antiga, os surdos
não eram perdoados, achavam que eram pessoas castigadas ou enfeitiçadas.
Alguns eram jogados no rio ou feitos escravos. O filósofo grego Heródoto (470 a. C.)
classificava os Surdos como “Seres castigados pelos deuses”. Na Grécia, nesse
mesmo período, eles eram considerados inválidos e muito incômodos para a
sociedade e por isso eram condenados à morte. Já no Egito e Pérsia, eram vistos
como pessoas privilegiadas, enviados dos deuses. Havia um forte sentimento
humanitário, mas os surdos tinham uma vida inativa e não recebiam educação.
Para Aristóteles (384-322 a. C.), as pessoas que nasciam surdas eram
também mudas e, consequentemente, não podiam falar nenhuma palavra. Para
atingir a consciência humana, tudo deveria penetrar por um dos órgãos do sentido, e
ele considerava a audição o canal mais importante de aprendizado. (Guarinello,
2007)
A sociedade da Idade Média, não considerava o surdo como cidadão, ele não
tinha nem direitos nem deveres como os ouvintes, viviam em um mundo particular,
escondido, sem nenhum tipo de comunicação e interação com o mundo ao seu
redor, sofrendo preconceito e discriminação, onde Monteiro (2006), afirma que:
Em décadas passadas, existiam famílias ouvintes que
“escondiam” os filhos surdos pela “vergonha” de ter
concebido uma criança fora dos padrões considerados
normais; e por isso os surdos quase não saíam de casa
ou sempre ficavam acompanhados dos pais. A
comunicação dos pais com os filhos surdos era muito
complexa, pois esses não sabiam a Língua de Sinais e
também não a aceitavam; achavam que era “feio” fazer
“gestos” ou “mímica” (Não Língua de Sinais) como forma
de comunicação com sua criança e, consequentemente,
14
não aceitavam a língua de sinais como a primeira língua
dos surdos. (MONTEIRO, 2006, p. 294)
A Idade Moderna foi marcada por avanços para os Surdos. Muitos estudiosos,
como o médico e filósofo Girolamo Cardano (1501 – 1576) reconhecia a habilidade
do surdo para a razão, afirmava que “... a surdez e mudez não é o impedimento para
desenvolver a aprendizagem e o meio melhor dos surdos de aprender é através da
escrita... e que era um crime não instruir um surdo-mudo”. Ele utilizava a língua de
sinais e escrita com os surdos (STROBEL, 2009).
A pessoa surda é considerada uma pessoa deficiente quando precisa de
outras pessoas para se comunicar e interagir na sociedade em que vive.
Durante anos, nos séculos XVII, XVIII, muitos Surdos se comunicavam por
gestos, mas no Congresso de Milão, em 1880, foi declarada que o oralismo era
superior a língua gestual, sendo proibido assim, o uso da língua de sinais, principal
meio de comunicação dos surdos.
No Brasil, por muito tempo o oralismo foi ensinado aos surdos, que eram
proibidos de se comunicarem por gestos e muitos alunos tinham as mãos amarradas
para que não utilizassem a língua de sinais. Mesmo assim, entre eles a
comunicação por sinais sempre existiu.
[...], a língua de sinais, ainda que “proibida”, jamais
deixou de existir na vida do surdo, porém estava lá de
forma tolhida, marginal, fora das salas de aula e de
qualquer outro espaço “oficial” que o ouvinte tivesse
(também) participação. (PEIXOTO, 2006, p. 206-207)
Segundo Chaveiro e Barbosa (2005), a fase de inclusão dos surdos surgiu na
década de 1980, com a concepção de que a família e a sociedade deviam adaptarse às necessidades de todas as pessoas, deficientes ou não.
Um grande avanço para os surdos foi a Declaração de Salamanca de 1994,
que estabeleceu que todos são iguais e tem direito a uma educação de qualidade. A
partir dessa Declaração, os surdos tiveram a língua de sinais reconhecida como sua
língua materna.
Conviver no universo das pessoas com deficiência
envolve uma mudança de paradigmas. [...] as mudanças
acontecem quando são aceitos e respeitados em suas
diferenças e contar com a presença intérpretes da
Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) [...]. (CHAVEIRO et
al, 2005, p. 418)
15
Uma das contribuições relevantes para o desenvolvimento dos surdos e a
disseminação da Língua de Sinais, foram os estudos feitos por muitos linguistas
durante o século XX, para o reconhecimento da mesma, em diversos países,
pautados na modalidade de comunicação visual-espacial, e não mais oralista, por
leitura labial, ou pelo uso de várias formas de comunicação, denominada de
comunicação total.
De acordo com o Decreto nº 5.626/2005, considera-se deficiência auditiva a
perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por
audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. Pessoa surda
é aquela que, por ter perda auditiva, interage com o mundo por meio de experiências
visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de
Sinais – LIBRAS.
Segundo o último Censo Demográfico de 2010 realizado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, considerando dados da atual população
brasileira, o percentual obtido, de pessoas com deficiência auditiva foi de 5,1%, ou
seja, 9.717.318 pessoas. A deficiência severa foi declarada por 2.143.173 pessoas,
sendo 344.206 pessoas surdas (0,2%) e 1.798.697 pessoa com grande dificuldade
de ouvir, equivalente a um percentual de 0,9%.
De acordo com o Ministério da Educação MEC (2006) a surdez é classificada
em cinco categorias, dependendo do grau de comprometimento da audição, ou seja,
a intensidade da perda auditiva. São elas: leve, moderada, acentuadas, severa e
profunda.
A audição normal varia de 0 a 15 dB (decibel); a surdez leve tem uma
variação de 16dB a 40 dB. A pessoa com surdez leve tem dificuldade de ouvir uma
conversa silenciosa. A surdez moderada apresenta uma variação de 41 dB a 55 dB,
dessa forma ocasiona dificuldade de ouvir uma voz fraca ou um canto de ave. Na
surdez acentuada, que tem uma variação de 56 dB a 70 dB, acomete à dificuldade
para ouvir uma conversa normal. A surdez severa, de 71 dB a 90 dB, a dificuldade é
de ouvir o som de um telefone tocando. Já na surdez profunda, que é acima de 91
dB, a pessoa tem dificuldade de ouvir os sons mais fortes, como o ruído de uma
caminhão ou um avião decolando.
16
Quanto ao período de aquisição, a surdez pode ser congênita ou adquirida.
Na congênita, a criança nasce surda, chamada de surdez pré-lingual, ou seja,
ocorreu antes da aquisição da linguagem. Já na adquirida, o indivíduo perde a
audição no decorrer da vida, nesse caso a surdez pode ser pré ou pós-lingual, pois
pode ter sido antes ou depois da aquisição da linguagem. A surdez também pode ser
classificada como unilateral, quando se apresenta em apenas um ouvido ou bilateral
quando se apresenta nos dois ouvidos.
De acordo com Salerno et al (1985), podem existir três causas para a surdez:
pré-natal, neonatal e pós-natal. Uma das principais causas, a pré-natal é a
consanguinidade e aquisição de rubéola pela mãe. Dentre as causas neonatais está
a prematuridade. Já as viroses, como o sarampo, são as causas mais significativas
pós-natais.
1.2 A IDENTIDADE E CULTURA SURDA
Para que o indivíduo se identifique como pessoa surda, ele deve ser inserido
na cultura surda, a fim de conhecer os costumes, as histórias, a língua, o lazer, para
que só assim ele possa se reconhecer fazendo parte da comunidade surda. A cultura
surda precisa ser reconhecida não só pelos surdos, mas também pelas pessoas
ouvintes, principalmente as que convivem direto com os mesmos, para que possa
ser aceita e respeitada como qualquer outra cultura.
A cultura surda traz em si elementos importantes que a
identificam, a constituem e a colocam no rol das
diferentes culturas que perfazem o panorama das
posições da modernidade tardia. (PERLIN, 2006, p.138)
De acordo com Strobel (2009, p. 19), cultura é a herança que o grupo social
transmite a seus membros através da aprendizagem e da convivência, percebe-se
que cada geração e sujeito também contribuem para ampliá-la e modificá-la.
Um ponto importante que ressalta a identidade e valorização do surdo é o
pertencimento a comunidade surda e o uso da língua de sinais. Uso esse bastante
difundido e utilizado por toda a comunidade. De acordo com Strobel (2009, p. 40),
outros aspectos importantes na cultura surda são os artefatos culturais, dentre eles:
a experiência visual, o linguístico, a família, a literatura surda, a vida social e
esportiva, as artes visuais, a política entre outros.
17
Artefatos não se referem apenas a materialismos
culturais, mas àquilo que na cultura constitui produções
do sujeito que tem seu próprio modo de ser, ver, entender
e transformar o mundo. (STROBEL, 2009, p. 39)
A experiência visual abrange as percepções, através das expressões faciais
e corporais, já que o surdo pela sua ausência de audição percebe mundo através de
seus olhos.
Outro artefato cultural importante para os surdos diz respeito ao linguístico,
onde a língua de sinais é um aspecto fundamental da cultura surda, dando acesso
ao surdo para a construção da sua identidade. Incluem-se também nesse artefato os
gestos denominados “sinais emergentes” ou “sinais caseiros” dos sujeitos surdos de
zonas rurais ou isolados de comunidades surdas que procuram entender o mundo
através dos experimentos visuais e procuram comunicar-se apontando e criando
sinais, pois não tem o conhecimento de sons e palavras. (STROBEL, 2009)
A família deve ser o ambiente mais importante para o surdo, o lugar onde ele
precisa ter o apoio necessário para lidar com sua diferença. Mas infelizmente isso
não ocorre com frequência nas famílias ouvintes, como relata Strobel (2009), na
maioria dos casos, com famílias ouvintes, o problema encontrado para esses
sujeitos é a carência de diálogo, de entendimento e a falta de noção do que é a
cultura surda.
A literatura também é outro artefato importante na cultura surda. Nela estão
inseridas as experiências e vivências dos surdos. Possui diferentes gêneros
literários como na literatura dos ouvintes: literatura infantil, clássicos, romances,
lendas, todos adaptados à cultura surda.
A literatura surda refere-se às várias experiências
pessoais do povo surdo que, muitas vezes, expõem as
dificuldades e/ou vitórias das opressões ouvintes, de
como se saem em diversas situações inesperadas,
testemunhando as ações de grandes líderes e militantes
surdos, e sobre a valorização de suas identidades
surdas. (STROBEL, 2009, p.62138)
Também existem as piadas que são adaptadas aos surdos onde os surdos
exploram as expressões facial e corporal. Quase sempre essas piadas envolvem
situações engraçadas envolvendo a incompreensão tanto da sociedade ouvinte
como da surda.
18
Outro artefato da cultura surda é a vida cultural e esportiva, entre eles estão
os casamentos entre surdos, festas, lazeres e atividades esportivas, tudo isso
ocorrendo nas associações de surdos.
Nos bailes e festas promovidos pelas associações de
surdos, geralmente, no salão, há poucos sujeitos
surdos dançando e a grande maioria está
conversando em seus cantos, pois os sujeitos surdos,
quando reencontram seus amigos de muitos lugares
do país, sentem mais necessidade de colocar em dia
as conversas para saber as novidades do que dançar.
(STROBEL, 2009, p. 70).
Na comunidade surda, as criações artísticas mostram a forma do surdo de
perceber o mundo ao seu redor.
Segundo Strobel (2009), tem muitos surdos artistas que fazem desenhos,
pinturas, esculturas e outras manifestações artísticas com a extensão, beleza,
equilíbrio, harmonia e também revoltas com muitas discriminações sofridas pelo
povo surdo.
Em relação à música, surgem artistas surdos que substituem a música
ouvintizada pela música-sem-som, que são coreografias de danças em língua de
sinais sem música.
Por último, tem a política, que é um importante recurso que os surdos têm
para lutarem pelos seus direitos. Um dos espaços de maior relevância política são
as associações dos surdos. Nessas associações os surdos se reúnem para discutir
melhorias para os surdos, compartilhar interesses comuns da comunidade e lutar
pelos seus direitos como cidadãos.
Dentro da cultura surda, é fundamental que a família insira a criança desde
cedo na comunidade surda para que ela conheça e participe da sua comunidade.
Strobel (2009, p. 43) enfatiza que o contato da criança surda com o adulto surdo
proporciona acesso à língua de sinais assegurando assim, a formação da identidade
e a cultura surda, que são transmitidas naturalmente à criança surda em contato
com a comunidade surda.
Um fato curioso na comunidade surda são os “batismos”, nomes que os
surdos recebem a partir de alguma característica física ou pela primeira letra do
nome.
[...] os surdos eram batizados por outros surdos da
comunidade, através de um sinal próprio e que esse sinal
19
seria a identidade de cada um na comunidade surda [...]
a comunidade surda não se refere às pessoas pelo nome
próprio, mas pelo sinal recebido no “batismo” quando o
surdo ingressa na comunidade [...] (DALCIN 2006, apud
STROBEL, 2009, p. 71).
Todos esses artefatos fazem da cultura surda uma cultura que possui
identidade própria com costumes, tradições, histórias, lendas, política e artes,
inserindo assim o surdo na comunidade e se tornado cidadão na sociedade em que
vive. Mas de acordo com Perlin (2011, p. 54), “(...) as identidades surdas assumem
formas multifacetadas em vista das fragmentações a que estão sujeitas face à
presença do poder ouvinistista que lhe impõe regras, inclusive, encontrando no
estereótipo surdo uma resposta para a negação da representação da identidade
surda ao sujeito surdo”.
1.3 A LÍNGUA DE SINAIS NA COMUNIDADE SURDA
Segundo Quadros et al (2009), as línguas expressam a capacidade específica
dos seres humanos para a linguagem que é tão essencial para o ser humano que,
apesar de todos os empecilhos que possam surgir para o estabelecimento de
relações através dela, os seres humanos buscam formas de satisfazê-las.
A Língua de Sinais é o meio de comunicação utilizado pelos Surdos, que
apresenta estrutura e características específicas ás línguas naturais, sendo assim
reconhecida pela Linguística como Língua. As línguas de sinais existem nos cinco
continentes, sendo específicas de cada país com suas normas, regras e estruturas
gramaticais próprias.
As línguas de sinais são consideradas línguas naturais
e, consequentemente, compartilham uma série de
características que lhes atribui caráter específico e as
distingue dos demais sistemas de comunicação.
(QUADROS & KARNOPP, 2004, p. 30)
No Brasil, a língua oficial de sinais utilizada pelos Surdos, é a LIBRAS (Língua
Brasileira de Sinais), que teve sua origem na Língua de Sinais Francesa. Ao
contrário das línguas dos ouvintes caracterizadas por serem orais-auditivas, a
LIBRAS se constitui essencialmente na modalidade visual-espacial, porque utiliza
como canal ou meio de comunicação, movimentos gestuais e expressões faciais que
são percebidos pela visão.
20
De acordo com Santana e Bergamo (2005), “a língua de sinais era
considerada apenas uma mímica gestual, e sempre houve preconceitos com relação
ao uso de gestos para a comunicação”. A língua de sinais desenvolveu-se no meio
da comunidade surda de um modo espontâneo, através da necessidade de
comunicação entre as pessoas surdas, para expressar sentimentos, ideias, ações,
inquietações, ou seja, todas as formas de expressão. Segundo Quadros (1997),
“assim como as línguas faladas, as línguas de sinais não são universais: cada país
apresenta a sua própria língua”.
A língua de sinais […] tem uma gramática própria e se
apresenta estruturada em todos os níveis, como as
línguas orais: fonológico, morfológico, sintático e
semântico. Além disso, podemos encontrar nela outras
características:
a
produtividade/criatividade,
a
flexibilidade, a descontinuidade e a arbitrariedade.
(GESSER, 2009, p. 29)
Nesse sentido, as línguas de sinais proporcionam aos seus usuários as
mesmas condições de desenvolvimento neuropsicológicos das línguas orais,
possibilitando assim, que o surdo expresse suas emoções, sentimentos, ideias e
questionamentos através de suas expressões faciais.
[…] as línguas de sinais apresentam-se numa
modalidade diferente das línguas orais; são línguas
espaço-visuais, ou seja, a realização dessas não é
estabelecida através dos canais oral-auditivos, mas
através da visão e da utilização do espaço. A diferença
na modalidade determina o uso de mecanismos
sintáticos especialmente diferentes dos utilizados nas
línguas orais. (QUADROS, 1997, p. 46)
A LIBRAS é uma língua viva e autônoma, que possui todos os elementos
classificatórios identificáveis de uma língua e demanda de prática para seu
aprendizado, como qualquer outra língua. Dessa forma, qualquer pessoa
interessada em Língua Brasileira de Sinais pode fazer uso dessa comunicação.
Importantes conquistas foram alcançadas pela comunidade surda em nosso
país, dentre elas: o reconhecimento da LIBRAS como língua oficial brasileira,
através da Lei nº 10.436/2002 e o Decreto nº 5.626/05 onde a disciplina de LIBRAS
passa a ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação de
professores (licenciaturas) e cursos de Fonoaudiologia. Enfim, estes são alguns
exemplos da conscientização de que o Surdo é um sujeito cultural capaz, que assim
21
como qualquer outro cidadão deve ter seus direitos respeitados, sendo a forma de
comunicação a única diferença entre os ouvintes.
1.3.1 Importância da Libras na comunicação dos surdos
A LIBRAS é a língua natural dos surdos, é através dela que eles se
comunicam, expressam suas ideias, sua cultura e suas opiniões. A língua de sinais é
ensinada nas escolas, igrejas e na comunidade surda, onde é bastante divulgada
não só para os surdos como para os ouvintes familiares e amigos dos surdos e
pessoas interessadas nessa língua.
Através da Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, o Governo Federal institui a
Língua Brasileira de Sinais como a primeira língua dos surdos, reconhecendo assim
a importância da Libras para a comunidade surda, esse reconhecimento como
primeira língua propicia para os surdos a valorização como cidadão brasileiro,
fazendo parte da comunidade em que vive, podendo participar e representar a
comunidade surda na sociedade brasileira.
O acesso à comunicação, a educação e a acessibilidade é um direito de todos
e para que isso se tornasse possível, o Governo Federal criou em 2009, por meio do
Decreto nº 7.612/2011 o Plano Viver sem Limites. Plano esse que tem como objetivo
principal a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade, possibilitando a
todos as mesmas oportunidades e direitos.
Outro aspecto relevante para a comunidade surda foi a aprovação do Decreto
nº 5.626/2005 que além de reconhecer a Língua Brasileira de Sinais como língua
oficial da cultura surda, dispõe de importantes artigos, fazendo da Libras disciplina
curricular obrigatória nos cursos de formação de professores para o exercício do
magistério, em nível médio e superior (Licenciatura) e nos cursos de Fonoaudiologia.
Outra conquista também importante foi a aprovação da Lei nº 12.319/2010,
que regulamenta o exercício da profissão de Tradutor/Intérprete da Língua de Sinais.
Nessa lei o profissional terá competência para realizar interpretação das duas
línguas de maneira simultânea ou consecutiva. No Artigo 6º da lei, uma das
atribuições do tradutor e intérprete é de atuar no apoio à acessibilidade aos serviços
e às atividades-fim das instituições e repartições públicas.
Em 2009, o Governo do Distrito Federal sancionou a Lei nº 4.317 que dispõe
sobre a Integração da Pessoa com Deficiência, onde objetiva assegurar o pleno
22
exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência. O Artigo 4º
dessa lei dispõe de alguns princípios, entre eles a inclusão e participação plena e
efetiva na sociedade.
Os surdos estão presentes em todos os lugares como hospitais, bancos,
escolas, órgãos prestadores de serviços e em vários eventos de lazer e culturais.
Em muitas dessas ocasiões, a falta de intérpretes prejudica na comunicação e
acessibilidade aos serviços oferecidos pela sociedade, com isso alguns surdos para
ter acesso aos serviços disponíveis e se fazer entender faz gestos e mímicas ou
utiliza de lápis e papel.
1.4 ACESSIBILIDADE NA COMUNICAÇÃO
Entende-se por acessibilidade, o direito de todo cidadão brasileiro a fazer
parte da sociedade, independentemente de sua posição social, cultural, racial, física,
intelectual, etc. A acessibilidade surge como um marco principal, onde todos lutam
por um mundo melhor, onde todos possam desfrutar igualmente de seus direitos e
deveres como cidadãos.
A comunicação é um dos principais fatores do processo de inclusão do ser
humano e significa participação, convivência e socialização. A limitação ocasionada
pela deficiência auditiva acarreta não apenas alterações no desenvolvimento da
linguagem, mas também nos aspectos cognitivo, social, emocional e educacional.
Ter acesso a todo tipo de comunicação faz com que os surdos possam não apenas
ser incluídos na sociedade, mas garante um dos direitos previstos na Constituição
Federal, que é o direito à comunicação. (BRASIL, 2009)
O valor fundamental da linguagem está na comunicação
social, em que as pessoas fazem-se entender umas
pelas outras, compartilham experiências emocionais e
intelectuais, e planejam a condução de suas vidas e a de
sua comunidade. (CAPOVILLA & CAPOVILLA, 202, p.
128)
Um dos meios de comunicação mais difundidos no mundo atual é a televisão,
que consegue propagar a comunicação para um grande número de pessoas.
Existem dois recursos disponíveis na televisão que auxiliam os surdos a
terem acesso aos conteúdos. Um deles é o “closed caption”, que é um recurso de
legenda oculta que reproduz na tela as falas dos apresentadores de jornais e de
personagens de filmes, seriados e novelas. O recurso também descreve barulhos,
23
sons da natureza e músicas. Esse recurso passou a ser oferecido aos
telespectadores após a lei da acessibilidade.
O outro recurso disponibilizado aos surdos é a janela de LIBRAS. Essa
ferramenta é indicada para os surdos que não possuem uma fluência na Língua
Portuguesa. A janela de LIBRAS corresponde a um espaço delimitado no vídeo onde
as informações são interpretadas na Língua Brasileira de Sinais. Entretanto, nem
todos os programas televisivos contam com esse recurso e, quando o
disponibilizam, não o fazem em um formato adequado. Para compreender a LIBRAS
é necessária a visualização dos gestos das mãos e da expressão facial, mas,
normalmente a veiculação da imagem é feita em pequenas janelas no canto da tela,
fugindo do modelo ideal. (BRASIL, 2009)
Em 1981, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou o Ano Internacional
das Pessoas Deficientes que tem como propósito, proteger e assegurar o exercício
pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas
as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente.
A Lei nº 8.160/1991 dispõe sobre a caracterização de símbolo que permita a
identificação de pessoas portadoras de deficiência auditiva. Em seu Artigo 1º orienta
a obrigatoriedade sobre a colocação, de forma visível, do “Símbolo Internacional da
Surdez” em todos os locais que possibilitem acesso, circulação e utilização por
pessoas portadoras de deficiência auditiva, e em todos os serviços que forem postos
à sua disposição ou que possibilitem seu uso.
A partir da Lei da Acessibilidade (Lei nº 10.0989/2000) que estabelece normas
e critérios para a acessibilidade de pessoas portadoras de deficiência ou com
mobilidade reduzida, os surdos começaram a ter oportunidades de acesso aos
meios de comunicação com as legendas em Libras e o recurso “closed caption” em
alguns programas de televisão. Para a lei, acessibilidade é a possibilidade e
condição de alcance para utilização com segurança e autonomia, dos espaços,
mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos
sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou
mobilidade reduzida.
Art. 17. O Poder Público promoverá a eliminação de
barreiras na comunicação e estabelecerá mecanismos e
alternativas técnicas que tornem acessíveis os sistemas
de comunicação e sinalização às pessoas portadoras de
deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação,
para garantir-lhes o direito de acesso à informação, à
24
comunicação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à
cultura, ao esporte e ao lazer. (Lei nº 10.098/2000)
A Inclusão Social permite a oportunidade a todas as pessoas com algum tipo
de deficiência motora, intelectual, auditiva ou visual e também as pessoas com
poucas condições financeiras a terem as mesmas oportunidades das pessoas ditas
normais na sociedade em que vivem.
A cartilha Viver sem Limites, 2009 do Governo Federal, diz que a
acessibilidade é um atributo do ambiente que garante a melhoria de vida e deve
estar presente nos espaços e na comunicação. É a possibilidade de todas as
pessoas conviverem de forma independente, com segurança e autonomia, nos
espaços, mobiliários e equipamentos abertos ao público ou de uso público.
1.4.1 O Tradutor/Intérprete da Língua de Sinais (TILS)
Segundo Rosa (2006), no Brasil, os trabalhos dos intérpretes tiveram início
em instituições religiosas nos anos de 1980, inicialmente de forma casual, por terem
em seu seio familiar pessoas surdas. Posteriormente esses intérpretes foram
convidados para atuarem em outros ambientes, com uma frequência na área
educacional.
Muitos dos primeiros tradutores/intérpretes eram filhos ouvintes de pais
surdos ou amigos de surdos ou ainda pessoas interessadas na língua de sinais. Eles
tiveram que aprender a língua de sinais para que pudessem se comunicar com os
surdos e também ajudá-los a se comunicarem na sociedade.
De acordo com
Masutti e Santos (2008), pela aquisição e fluência com que os filhos, em convivência
com seus pais, tinham da língua, desenvolviam a atividade de interpretar,
intermediando surdos e ouvintes.
A figura do TILS não é nova nas experiências das
comunidades surdas, contudo aparece pela primeira vez
em documentos oficiais no Brasil apenas no final da
década de 1990, como profissional responsável pela
acessibilidade de sujeitos surdos aos conteúdos tratados
em espaços públicos e educacionais. (LACERDA, 2010,
p. 135)
De acordo com o Decreto nº 5.626/2005, o tradutor/intérprete da língua de
sinais é a pessoa ouvinte bilíngue que traduz e interpreta a língua de sinais para a
língua portuguesa em quaisquer modalidades que se apresentar, seja oral ou escrita.
25
A partir do decreto, foram surgindo demandas de TILS em diferentes espaços
públicos e privados.
É o profissional que domina a língua de sinais e a língua
falada do país e que é qualificado para desempenhar a
função de intérprete. No Brasil, o intérprete deve dominar
a língua brasileira de sinais e língua portuguesa. Ele
também pode dominar outras línguas, como o inglês, o
espanhol, a língua de sinais americana e fazer a
interpretação para a língua de sinais ou vice-versa (por
exemplo, conferências internacionais). (QUADROS,
2004, p. 27-28)
Com o reconhecimento da Libras a partir da Lei nº 10.436 de 24 de abril de
2002, o tradutor/intérprete ganhou notoriedade no Brasil a partir do momento em que
os surdos buscaram seus direitos e deveres como cidadãos.
A tradução cultural implica também uma construção de
referências não apenas de línguas, mas de formas
singulares de produzir conhecimento de determinadas
comunidades que sofreram processos discriminatórios e
que foram esquecidas ou subestimadas por outras
culturas. (MASUTTI, 2001, p.4)
O tradutor/intérprete representa um papel importante nas relações sociais e
na comunicação entre surdos e ouvintes, facilitando as barreiras linguísticas entre os
dois mundos. Para uma boa tradução/interpretação é necessário que os
profissionais da área conheçam e sigam os preceitos do código de ética, que são:
confiabilidade, imparcialidade, discrição, distância profissional e fidelidade na
interpretação.
Para Quadros et al, (2009), o tradutor/intérprete de língua de sinais atua em
três diferentes campos de trabalho exercendo a função: intermediar a comunicação
entre as pessoas surdas usuárias de Libras e as pessoas ouvintes usuárias da
Língua Portuguesa em diferentes contextos; traduzir os textos da Libras para a
Língua Portuguesa e os textos da Língua Portuguesa para a Libras e auxiliar no
esclarecimento da forma escrita produzida pelos surdos em quaisquer contextos que
se façam necessários (concursos, avaliações em salas de aula, documentos, etc.).
A tradução envolve a língua de sinais para a língua portuguesa escrita e da
língua portuguesa escrita para a língua de sinais. Enquanto a interpretação envolve
a língua de sinais para a língua portuguesa falada e da língua portuguesa falada
para a língua de sinais.
26
Existem dois tipos de tradução/interpretação: a simultânea e a consecutiva.
De acordo com Quadros (2004), a tradução/interpretação simultânea é o processo
de traduzir/interpretar de uma língua para outra simultaneamente, ou seja, ao
mesmo tempo. O tradutor/intérprete precisa ouvir/ver a enunciação em uma língua,
processá-la e passar para a outra língua no tempo da enunciação. Já a
tradução/interpretação consecutiva é o processo de tradução/interpretação que
acontece de forma consecutiva, o tradutor/intérprete ouve/vê o enunciado em uma
língua, processa a informação e, posteriormente, faz a passagem para a outra
língua.
Para um bom desenvolvimento linguístico há a
necessidade de contato com pessoas influentes em
línguas de sinais, principalmente com surdos. Pois
mesmo que haja um outro ouvinte que saiba muito bem
Libras, a maioria das suas conversas será em português,
pois é a língua materna deles e essa é a que eles
selecionarão como principal língua de interação. Então
se o intérprete será melhor. (MASUTTI, 2001, p.12)
Atualmente no Brasil, para o exercício da profissão, o profissional
tradutor/intérprete e/ou professor de LIBRAS, é necessário que a pessoa
interessada tenha o certificado do exame Prolibras, que é um exame de proficiência
que certifica professores e tradutores/intérpretes de língua de sinais. É interessante
também que o intérprete/tradutor tenha um bom conhecimento do assunto que será
discutido, para que não fique dúvidas ou que a interpretação/tradução não saia a
contento. Muitas vezes, mesmo um intérprete/tradutor fluente em LIBRAS não está
preparado para interpretar para um público, tendo desconforto e assim não
conseguindo passar para o surdo fielmente o que foi falado.
Perlin (2006), diz que:
Quanto mais se reflete sobre a presença de ILS, mais se
compreende a complexidade de seu papel, as
dimensões e a profundidade de sua atuação. Mais se
percebe que os ILS são também intérpretes da cultura,
da língua, da história, dos movimentos, das políticas de
identidade e da subjetividade surda, e apresentam suas
peculiaridades, sua identidade, sua orbitalidade.
(PERLIN, 2006, p.138)
Segundo Massuti e Santos (2008), o projeto tradutório se articula em campos
do saber que se inscrevem para além de questões linguísticas. Há um conjunto de
27
elementos que precisam ser pensados em relação ao que envolve a tarefa de
tradutores.
O código de ética do TILS é parte integrante do Regimento Interno do
Departamento Nacional dos Intérpretes (FENEIS) e trata de alguns pontos
importantes, a saber: o intérprete deve ser uma pessoa de alto caráter moral,
honesto, consciente, confidente e de equilíbrio emocional. Deve manter uma atitude
imparcial durante o transcurso da interpretação, evitando interferências e opiniões
próprias; deve interpretar fielmente e com o melhor da sua habilidade e, sempre
transmitindo o pensamento, a intenção e o espírito do palestrante. O intérprete deve
reconhecer seu próprio nível de competência e ser prudente em aceitar tarefas,
procurando assistência de outros intérpretes quando necessário e deve adotar uma
conduta adequada de se vestir, sem adereços, mantendo a dignidade da profissão e
não chamando atenção indevida sobre si mesmo, durante o exercício da profissão.
A demanda por profissionais de TILS cresce a cada dia, já que os surdos
estão tendo seus direitos respeitados e consequentemente incluídos no mercado de
trabalho.
28
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA
Segundo Neves (1996), a pesquisa qualitativa “faz parte a obtenção de dados
descritivos mediante contato direto e interativo do pesquisador com a situação objeto
de estudo”. O pesquisador procura entender os fenômenos a partir das perspectivas
dos entrevistados, para posteriormente interpretar dos dados obtidos.
Devido a pouca divulgação sobre a acessibilidade na comunicação dos
Surdos, foi realizada uma pesquisa de campo por meio de questionário, onde foram
entrevistados Surdos e Tradutores/Intérpretes da Língua de Sinais (TILS).
Para a realização deste trabalho, o questionário foi aplicado em uma
Instituição Religiosa de Apoio ao Surdo, e em dois Órgãos Públicos sendo, um
Federal e outro Distrital.
O questionário aplicado apresenta sete questões (Apêndice I), com perguntas
objetivas e dissertativas, sendo respondidas por Tradutores/Intérpretes de Libras e
pelos Surdos. As entrevistas com os surdos ocorreram acompanhadas de um
intérprete, para se caso, houvesse algum dúvida de contexto ou compreensão de
palavras, o mesmo pudesse interpretar, ressaltando que na elaboração do
questionário para os surdos, procuramos usar um vocábulo mais acessível. A
pesquisa foi realizada nos meses de maio e junho de 2013.
No questionário dos TILS foram feitas três perguntas dissertativas, três
objetivas e outra semi-dissertativa, onde o entrevistado tinha que escrever a
resposta conforme a marcação da alternativa pedida na questão. (Apêndice I).
Já para os Surdos, o questionário teve duas perguntas objetivas e cinco semidissertativa, onde também o Surdo precisou escrever a resposta de acordo com o
que tinha marcado na alternativa escolhida. (Apêndice II).
No total foram aplicados 24 (vinte e quatro) questionários, sendo 13 (treze)
Profissionais Tradutores/Intérpretes de Língua de Sinais (TILS) e 11 (onze) Surdos.
As questões contidas nos questionários tiveram o objetivo de conhecer a
realidade do Profissional Tradutor/Intérprete e saber como o Surdo vê o
Tradutor/Intérprete do ponto de vista profissional, enquanto mediador no processo
de acessibilidade à comunicação.
Os dados obtidos com a aplicação dos questionários foram descritos e
analisados, sendo apresentados nesse trabalho por duas categorias, sendo: Parte I
– Tradutores/Intérpretes e Parte II – Surdos. Cada questão foi comentada
separadamente, apenas em duas questões, quatro e cinco, do questionário para os
29
Tradutores/Intérpretes, as respostas foram analisadas de forma conjuntas por se
tratarem de perguntas semelhantes. No questionário para os Surdos, as questões
três e quatro, as respostas também foram tratadas juntas.
2.1 PERFIL DOS PARTICIPANTES
As instituições visitadas para o trabalho foram: uma Instituição de Apoio ao
Surdo, um Órgão Público Federal e um Órgão Público Distrital.
A Instituição Religiosa recebe os surdos e ouvintes onde participam de
atividades educacionais (ensino religioso, aulas de Libras) e atividades culturais.
Tanto na semana como nos finais de semana os intérpretes participam das
atividades, oferecendo acessibilidade de comunicação, interpretando tanto para
surdos como ouvintes.
No Órgão Público Distrital, o “Na Hora” situado na Rodoviária do Plano Piloto,
recebe diariamente muitas pessoas, dentre ouvintes e surdos que precisam de um
ou alguns serviços oferecidos, como PROCON, Justiça e Polícia Federal, DETRAN
entre outros. A acessibilidade que esse órgão oferece são os profissionais
intérpretes que auxiliam na comunicação dos Surdos.
No Órgão Público Federal visitado, a Câmara dos Deputados, tem todos os
dias um programa de visitas guiadas que recebe entre seus visitantes ouvintes e
surdos. Tem intérpretes disponíveis para tal ocasião. Também existe a TV Câmara
onde são transmitidas todas as sessões de plenária que é disponibilizado intérpretes
para a acessibilidade dos surdos.
Os surdos participantes da Instituição religiosa são de diferentes faixas etárias
e escolaridade e lá recebem todo o apoio e ajuda que precisam e também lá
esclarecem suas dúvidas.
No Órgão Federal a frequência de surdos é pequena, pela falta de divulgação
por se tratar de um lugar para visitação. No órgão do Governo Distrital a demanda
dos surdos é maior, devido ao fato de ser um órgão prestador de serviços.
30
CAPÍTULO 3 - RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para uma melhor interpretação e discussão dos dados, as questões dos
questionários dos Tradutores/Intérpretes da Língua de Sinais (TILS) e dos Surdos
serão apresentadas em duas partes: Parte I – Tradutor/Intérprete de Libras e Parte II
- Surdos.
Parte I – Tradutores/Intérpretes:
Na questão um foi perguntado a formação acadêmica e se possuía o curso de
proficiência em Libras (Prolibras). Dos treze entrevistados, oito possuem nível
superior completo (três em Pedagogia, três em Letras, um em Filosofia e um em
Direito). Três estão concluindo o curso de Pedagogia e um o curso de
Letras/Português. Um não mencionou a formação acadêmica e sim o curso de
aperfeiçoamento em Libras (curso básico, intermediário e avançado). Apenas seis
intérpretes possuem Prolibras.
Dos treze profissionais entrevistados, seis possuem o curso de proficiência
em Libras (Prolibras) e sete não possuem o curso de proficiência em Libras. De
acordo com o Decreto 5.626/2005, todos os TILS devem ter o Prolibras ou formação
na área de licenciatura.
Em março desse ano aconteceu o 6º Exame Prolibras
realizado em conjunto pelo INES e COPERVE/UFSC, segundo dados do relatório
final do processo Prolibras 2012, 406 candidatos foram aprovados, sendo 164 para o
Ensino de Libras e 242 para Tradução e Interpretação. Em Brasília, se inscreveram
267 candidatos, desses, somente dez foram aprovados. (Dados: Relatório Técnico,
6º Prolibras – Exame Nacional de Certificação na Libras).
Quando perguntado sobre o local de atuação e qual o vínculo empregatício no
referido órgão, dez intérpretes responderam que possuem vínculo empregatício em
associações, órgão do Governo Federal ou em órgão do Governo Distrital. Além do
trabalho terceirizado, dois ainda trabalham como voluntários em uma Instituição
Religiosa de apoio ao Surdo. Outros três intérpretes trabalham apenas na instituição
religiosa como voluntários.
Alguns voluntários têm familiares ou amigos surdos e contribuem trabalhando
como intérpretes nos finais de semana. Essa informação corrobora com a
informação de Rosa (2006) onde o início do trabalho de intérprete se deu
basicamente nas Instituições Religiosas.
31
Em relação à colaboração dos voluntários, podemos confirmar com a coleta
de dados, que essa situação, ocorre desde a antiguidade, onde Guarinello (2007),
em seus estudos, apresenta o interesse de muitas pessoas pela comunicação com
os surdos, algumas por terem na família algum surdo, e na sociedade atual, muitos
outros por manterem com eles uma relação de amizade.
Os surdos, na grande maioria das vezes, precisam de
pessoas que traduzam suas emissões para os
profissionais e vice-versa, emergindo, assim, a
necessidade de intermediação. A figura do intermediador
configura-se a família, amigos e intérprete profissional.
(CARDOSO et al, 2006, p. 557)
Quanto ao aprendizado da língua de sinais, muitos surdos aprendem a se
comunicarem por sinais, em encontros com os intérpretes voluntários em instituições
religiosas ou associações onde eles também aprendem sobre a cultura surda.
Quando na terceira questão, contextualizado sobre a Lei nº 12.319/2010, que
regulamenta a profissão do intérprete, foi perguntado qual a importância dessa lei
para os TILS, a maioria dos entrevistados afirmaram que “é importante para a
regulamentação da profissão e para o registro na carteira de trabalho, e que assim o
surdo se sente participante na sociedade, possibilitando o acesso aos diversos
órgãos e promovendo maior cidadania aos surdos”. Quatro intérpretes informaram
que “ainda falta muito a ser feito pela profissão, e salientaram que a lei apenas
regulamentou a profissão”. Gesser (2011), afirma que este profissional se constitui
enquanto tal na medida em que os surdos são reconhecidos socialmente como
grupo linguístico que faz uso da língua de sinais.
Nas questões quatro e cinco, foi possível obter informações sobre o tempo de
atuação na área e a frequência que interpreta para os surdos. Em relação ao tempo
de atuação na área, nove entrevistados possuem mais de dez anos, um tem entre
cinco a dez anos, dois tem entre um a quatro anos e um está na profissão há
apenas seis meses. O fato de não se ter muitos TILS com pouco tempo na profissão
se dá pelo fato de não existirem muitos cursos disponíveis nem uma divulgação
eficaz por parte dos órgãos responsáveis pela formação desses profissionais, outro
fator também pode ser inferido, em relação a exigência de ser ter um contato mais
frequente com os surdos para assim se adquirir mais fluência e habilidade com a
língua de sinais.
32
Nove entrevistados atuam diariamente como intérpretes, somente um
respondeu que, atua nos finais de semana, na instituição religiosa como voluntário e
três atuam eventualmente, na maioria das vezes em congressos ou palestras.
Em contextos familiares em que há indivíduos surdos, é
muito comum que um dos ouvintes funcione como
intérpretes. Fora deste contexto, todavia, sabe-se que a
atuação dos intérpretes esteve (está?) extremamente
arraigada aos trabalhos voluntários, especialmente
ligados aos contextos religiosos. (GESSER, A. 2011,
p.21)
Na questão seis foi abordado sobre as atividades mais desenvolvidas pelos
TILS. Para doze intérpretes a atividade mais desenvolvida é interpretação da Língua
Portuguesa para a Língua de Sinais, seguida de Interpretação Simultânea. Tanto a
Tradução da Língua Portuguesa escrita para a Língua de Sinais e da Língua de
Sinais para a Língua Portuguesa escrita não é uma atividade muito desenvolvida
pelos TILS. Segundo Gesser (2011), “em quaisquer processos de interpretação
estão relacionadas fatores tais como: memória, tomada de decisões, categorização
e estratégias de interpretação”.
Na última questão, foi perguntado sobre a Lei nº 4.317/2009 o que trata da
Política Distrital para a Integração da Pessoa com Deficiência, onde é citado que
todos os órgãos do DF precisam ter um profissional Tradutor/Intérprete de Língua de
Sinais. Nove intérpretes disseram que a lei ao acesso à comunicação aos serviços
disponíveis à comunidade surda está sendo pouco cumprida, que os únicos recursos
dos Surdos é na Secretaria de Justiça onde faz parte a Central de Libras, situado na
Estação do Metrô na quadra 114 Sul – Brasília/DF, e o Atendimento “Na Hora”, na
Rodoviária do Plano Piloto. Também foram mencionados o ICEP (Instituto Cultural,
Educacional e Profissionalizante de Pessoas com Deficiência do Brasil), a Câmara
dos Deputados, o Senado Federal, e alguns fóruns como lugares onde a lei é
cumprida.
Contemplando a mesma questão três intérpretes responderam que a lei não
está sendo cumprida, que não existe essa acessibilidade. Apenas um intérprete
respondeu que o acesso de comunicação aos Surdos está sendo cumprida no DF,
principalmente nas faculdades e no Congresso Nacional, onde há intérpretes a
serviço dos Surdos, na parte de visitação e na rede de televisão sediada na Câmara
dos Deputados.
33
Existe uma carência de intérpretes muito grande em quase todos os órgãos
que prestam serviço à comunidade. Segundo a Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República – SDH/PR, durante esse ano de 2013, foram inauguradas
trinta e quatro Centrais de Interpretação, sendo que existem em vinte e seis Estados
e no Distrito Federal, as Centrais de Interpretação de Língua Brasileira de Sinais –
Libras (CIL) têm como objetivo garantir atendimento de qualidade a pessoas surdas
por meio de serviços de tradução e interpretação da língua de sinais, além de
facilitar o acesso dessas pessoas aos serviços públicos. Para que um surdo tenha
acesso a esses serviços ele precisa agendar dia e hora na Central de Libras, isso
dificulta muito para o surdo, uma vez que muitas vezes não há compatibilidade de
horários entre o intérprete e o órgão escolhido pelo surdo. O surdo fica dependente
do intérprete, situação que não deveria ocorrer se os órgãos prestadores de
serviços, como hospitais, postos de saúde tivessem profissionais intérpretes entre
seus funcionários.
Parte II – Surdos:
Na primeira questão foi perguntado sobre o nível de escolaridade dos
participantes.
Dentre os surdos entrevistados, seis possuem curso superior
completo. Apenas dois especificaram o curso que concluíram: Sistema de
Informação e Pedagogia. Dos demais cinco, um cursa a faculdade de Pedagogia,
dois terminaram o ensino médio, um terminou o ensino fundamental e o outro
concluiu o quarto ano do Ensino Fundamental.
Na questão dois foi perguntada sobre a função do TILS, sendo: Qual a função
do intérprete para o surdo. Três surdos disseram que a principal função do intérprete
é “apenas interpretar”.
Um dos surdos disse que a função do intérprete é dar
acessibilidade à comunidade entre surdos e ouvintes. Outro surdo respondeu que a
função do intérprete é “ajudar os surdos a entender melhor o português”. Apenas um
Surdo não respondeu a pergunta.
Para as questões três e quatro, foi perguntado se os Surdos utilizam os
serviços dos TILS e em quais lugares deveriam ter mais intérpretes. Seis
responderam que utilizam esse serviço, na escola, no trabalho, em consultas
médicas, nos serviços da Justiça, PROCON, igrejas, hospitais, agências bancárias e
na Central de Libras, lugar esse que foi mencionado pelos TILS como um dos
34
poucos lugares onde há intérpretes, desses seis respondentes, três surdos ainda
responderam
que
utilizam
a
Central
de
Libras
quando
precisam
de
acompanhamento dos intérpretes. A falta de TILS nos órgãos prestadores de
serviços é uma questão bastante comentada pelos Surdos, uma vez que se tornam
difícil a comunicação desses com os serviços oferecidos. Quatro Surdos
responderam que às vezes utiliza os serviços dos intérpretes em igrejas, hospitais,
agências bancárias, em palestras e cursos. Apenas um disse “não utilizar os
serviços porque não há intérpretes nos lugares que costuma frequentar”. Para os
Surdos, os lugares que mais precisam de intérpretes são as delegacias, hospitais,
postos de saúde, escolas e faculdades, ou seja, em todos os lugares que prestam
serviços de atendimento à comunidade.
Foi perguntado sobre o uso do recurso “closed caption” da televisão e em
caso afirmativo quais os programas utilizados. Nove surdos responderam que
utilizam sim esse recurso para assistir filmes, jornais e programas. Dois
responderam que não utilizam o recurso. Um dos Surdos respondeu que não a
utiliza, pois a forma como é disponibilizada é muito rápida e o outro mencionou que
o aparelho de televisão que tem é velho e não dispõe desse recurso, mas caso
tivesse esse recurso utilizaria o “closed caption”.
No entanto, apesar de ser oferecida há mais de 10 anos,
a legenda oculta ainda não apresenta qualidade
satisfatória. Muitas vezes a captura do áudio não é
correta e ocorre uma distorção da mensagem falada,
resultando em erro na grafia da palavra na tela da TV.
Outro problema é a velocidade acelerada das legendas e
a falta de compatibilidade e sincronia com a locução
original e com as imagens apresentadas. (BRASIL, 2009,
p.16)
A questão seis abordou a mesma pergunta feita aos TILS, mas com ênfase na
percepção do surdo, em relação ao cumprimento das legislações sobre
acessibilidade aos surdos no Distrito Federal, quatro surdos responderam que “não
tem acesso aos serviços disponíveis, porque faltam intérpretes”. Outros quatro
responderam que “os serviços disponíveis em língua de sinais são poucos, que
deveriam ser obrigatório”. Dois responderam que “só tem acesso aos serviços na
Central de Intérpretes”, e um mencionou “que é preciso cobrar mais esse acesso,
principalmente em hospitais e que também precisa ter intérpretes em todas as
35
cidades do DF e em vários locais de prestação de serviços, onde os surdos
pudessem recorrer quando necessário”.
Sobre o questionamento da legenda do intérprete (Legenda de LIBRAS)
disponibilizada na televisão, seis surdos afirmaram que conseguem entender mais
ou menos a legenda-intérprete, disseram que “a tela é muito pequena e que poderia
ser utilizada toda a tela da televisão”. Dois responderam que não conseguem
entender a legenda-intérprete porque não conseguem ter atenção na legenda.
Apenas três afirmaram entender a legenda-intérprete.
Para compreender a LIBRAS é necessária a
visualização dos gestos das mãos e da expressão facial,
mas normalmente, a veiculação da imagem é feita em
pequenas janelas no canto da tela, fugindo do modo
ideal. (BRASIL, 2009, p.16)
Percebe-se que seria um recurso bastante utilizado caso os Surdos
pudessem participar na elaboração da legenda, dando importantes contribuições de
como usá-las, já que eles são os únicos e principais usuários.
Sobre a Lei nº 8.160/1991 que trata da colocação do “Símbolo Internacional
da Surdez” não foi avistado em nenhum dos órgãos públicos visitados. Muitas vezes,
essa falta de comunicação prejudica o acesso do Surdo nos ambientes por eles
visitados.
De acordo com a pesquisa, foi verificado que existem poucos tradutores e
intérpretes de língua de sinais para prestação de serviços na área da comunicação
junto aos Surdos e que isso dificulta muito a inclusão desses na sociedade.
36
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Constituição Federal defende um país para todos, isso quer dizer que todos
independente da cor, raça social, impossibilidades das mais diversas, tem o direito
de usufruir de todos os recursos disponíveis para uma vida de qualidade. Sendo
assim, todos os recursos além de disponíveis precisam estar acessíveis.
Um dos recursos indispensáveis é a comunicação, onde todos deveriam ter o
direito acesso à comunicação, seja via oral, visual-espacial ou por braile. Hoje no
mundo, o processo de globalização está cada vez mais presente o que torna
imprescindível estar bem informado. É de fundamental importância que essa
informação seja passada ao Surdo de forma clara e precisa, para que esse se sinta
incluso de uma forma participativa. Para que isso ocorra, é necessário que tenhamos
profissionais capacitados para atuar nessa interface informação/surdo.
Para que a acessibilidade na comunicação dos Surdos torne-se efetiva é
preciso que os governantes e os cidadãos tenham consciência da importância da
acessibilidade em todos os lugares e serviços e não apenas em alguns órgãos.
Sem a comunicação, o Surdo não participa ativamente da sociedade em que
vive e essa comunicação se dá basicamente com os tradutores/intérpretes da língua
de sinais, seja na comunicação simultânea ou consecutiva, na comunicação nos
programas de televisão através dos tradutores/intérpretes, como as legendas de
LIBRAS e o recurso “closed caption”.
Mesmo com os mais variados meios de comunicação, os Surdos ainda não
participam ativamente da vida social, devido em grande parte, pela falta de acesso à
informação.
O poder público deveria inserir nas salas de aulas, junto com as matérias de
português e inglês, a LIBRAS como disciplina obrigatória para todas as séries do
ensino fundamental e médio, fazendo que a criança e/ou adolescente aprenda a
conviver com as diferenças e assim incluindo desde o conceito de acessibilidade.
Ultimamente o Governo Federal vem incentivando os prestadores de serviços
a aprenderem outras línguas para que possam receber bem os turistas, mas antes,
precisamos aprender a receber bem os cidadãos, conhecendo e respeitando todas
as pessoas, independentemente da sua diferença racial, social, cultural ou
deficiência. Em relação aos Surdos devemos conhecer e aprender sua língua para
37
que assim possamos nos comunicar e inseri-los na sociedade como todo cidadão.
Se lutamos tanto por um país justo e igual pra todos, devemos antes de mais nada,
aprender e respeitar as diferenças de cada um.
A presença dos Surdos não se dá apenas em locais específicos, como
associações de surdos e escolas preparadas para recebê-los. Encontramos surdos
em diversos lugares e nas mais variadas situações e a falta de profissionais
capacitados, no caso de intérpretes, mediadores no processo de acessibilidade à
comunicação pode vir a dificultar sua convivência com os demais ouvintes.
Muito já foi feito na parte de acessibilidade de comunicação dos surdos a
partir da lei que regulamentou a Libras como língua oficial dos surdos e a que
regulamentou a profissão de Tradutor/Intérprete de Libras. No entanto, existe uma
carência muito grande de tradutores/intérpretes nos diversos órgãos, tanto federais,
distritais como também particulares. Esses órgãos deveriam proporcionar cursos de
capacitação (básico, médio e avançado) aos seus agentes públicos e colaboradores
para que a comunicação com os Surdos se tornasse eficaz.
A presença do TILS atuando nas diversas áreas onde os surdos estejam
representa um apoio a da cidadania, uma maior garantia de acessibilidade aos
serviços e informações públicas. Por isso a necessidade de destaque do profissional
de TILS, do reconhecimento de suas potencialidades, do importante papel que
cumpre na sociedade, difundindo o uso da LIBRAS que por séculos foi
desconsiderada.
38
REFERÊNCIAS
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comunicação. II Seminário ATIID – Acessibilidade, TI e Inclusão Digital, São Paulo –
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permite a identificação de pessoas portadoras de deficiência auditiva. Disponível em:
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Libras e dá outras providências. Disponível em: http://www.soleis.adv.br/surdos.htm.
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________. LEI nº 12.319/2010, que regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete
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STROBEL, Karin. História da Educação dos Surdos. Licenciatura em Letras –
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APÊNDICE
Apêndice I – Questionário aplicado aos Tradutores e Intérpretes
Prezado (a) Intérprete,
Este questionário com 7 (sete) perguntas, faz parte do trabalho final sobre os
Tradutores / Intérpretes da Língua de Sinais (TILS) em ambientes não educacionais
no DF, do curso de Especialização em Libras, da Universidade Católica de Brasília.
1) Formação ________________________________________________
2) Em qual (quais) órgão (s) ou Instituição (s) atua como TILS? É terceirizado,
contrato ou carteira assinada (CLT) ou voluntário?
3) Em 2010, o Governo Federal regulamentou a profissão de Tradutor e
Intérprete da Língua de Sinais (Lei nº 12.319/2010). Qual a importância dessa lei
para os TILS?
4) Há quanto tempo atua na área?
(
) 1 a 4 anos
(
) 5 a 10 anos
(
) mais de 10 anos
5) Qual a frequência que interpreta para os Surdos?
(
) Diariamente
( ) Aos fins de semana
( ) Eventualmente
6) Quais as ações abaixo descritas, você mais atua. Enumere em ordem
crescente.
1 - mais frequente
(
(
(
(
(
(
5 – menos frequente
) Interpretação da Língua Portuguesa para Língua de Sinais
) Interpretação da Língua de Sinais para Língua Portuguesa
) Tradução da Língua Sinais para Língua Portuguesa escrita
) Tradução da Língua Portuguesa escrita para Língua de Sinais
) Interpretação simultânea
) Interpretação consecutiva
7) A Lei nº 4.317 de 09 de abril de 2009 (Lei Distrital) trata da Política Distrital
para a integração da Pessoa com Deficiência. Para você, intérprete, essa lei está
sendo cumprida no DF em detrimento ao acesso de comunicação a todos os
serviços disponíveis à comunidade surda?
(
(
) Sim
) Pouco. Onde?
42
(
(
) Razoavelmente. Onde?
) Muito. Onde?
43
Apêndice I – Questionário aplicado aos Surdos
Prezado(a) Surdo(a),
Este questionário com 7 (sete) perguntas, faz parte do trabalho final sobre os
Tradutores / Intérpretes da Língua de Sinais (TILS) em ambientes não educacionais
no DF, do curso de especialização em Libras, da Universidade Católica de Brasília.
1) Estuda?
(
(
) Sim . Qual série?
) Não. Parou em qual série?
2) Em 2010, o Governo Federal regulamentou a profissão de Tradutor e
Intérprete da Língua de Sinais (Lei nº 12.319/2010). Qual a função do
profissional intérprete para a comunidade surda?
3) Você utiliza os serviços do intérprete?
(
(
(
) Sim. Onde? Qual lugar?
) Não. Por quê?
) Às vezes. Onde? Qual lugar?
4) Para você, quais os lugares que precisam ter mais intérpretes?
5) Você usa a legenda (closed caption) para assistir televisão?
(
(
) Sim. Quais programas de televisão?
) Não. Por quê?
6) A Lei nº 4.317 de 09 de abril de 2009 (Lei Distrital) trata da Política Distrital
para a integração da Pessoa com Deficiência. Para você, surdo (a), essa lei
está sendo cumprida no DF? Os surdos estão tendo acesso a todos os
serviços disponíveis em língua de sinais?
7) Você entende a legenda-intérprete (quadrado) na televisão?
(
(
(
) Sim.
) Mais ou menos. Por quê?
) Não. Por quê?
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Valéria Maria Gomes Barros - Universidade Católica de Brasília