A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO
DE 9 A 12 DE OUTUBRO
A PRODUÇÃO DO ESPAÇO NAS CIDADES BRASILEIRAS E O
SISTEMA DE ESPAÇOS LIVRES INTRAURBANOS: O CASO DE
PONTA GROSSA - PR
NISIANE MADALOZZO1
EDSON BELO CLEMENTE DE SOUZA2
Resumo:
A produção do espaço nas cidades brasileiras vem acontecendo de forma
segregatória, como colocado por Whitaker (2005). As dinâmicas de mercado e as
políticas públicas contribuem na determinação da forma urbana e também na
definição dos usos, apropriações e frações territoriais da cidade (MACEDO, 2005). O
objetivo do presente trabalho é relacionar essas duas idéias, verificando e
identificando assim oportunidades de ampliação da compreensão da cidade e
conseqüente melhora do pensamento estratégico em planejamento urbano. Para
cumprir com esse objetivo, é feita uma análise do caso de Ponta Grossa - PR. Ao
analisar a cidade considerando cada tipo de espaço livre relacionado aos problemas
urbanos nele recorrentes, será possível identificar soluções mais efetivas.
Palavras-chave: Produção do espaço; espaços livres intraurbanos; cidade brasileira
Abstract:
Spatial production in brazilian cities has historicallly happened following a
segregational model, as put by Whitaker (2005). Capitalist dynamics and urban
politics have contributed in defining urban morphology, also determining uses,
appropriation and urban territories (MACEDO, 2005). The objective of this article is to
relate the former ideas, verifying and identifying opportunities for increasing city
comprehension and consequent growth of urban planning strategies. To fulfill such
goals, an analysis of the city os Ponta Grossa is presented, considering its
characteristic urban spaces and relating them to the urban issues present in them,
hoping to identify more effective solutions.
Key-words: Spatial production; urban free spaces; Brazilian cities
1
- Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
E-mail de contato: [email protected]
2
Docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
E-mail de contato: [email protected]
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1 – Introdução
Os espaços livres dentro de uma área urbana organizam-se de forma
sistêmica. Essa ideia de sistema está relacionada à sua vinculação funcional e
organizacional (socioambiental), já que os espaços livres, mesmo públicos, não são,
necessariamente, todos conectados fisicamente. A conexão física é apenas uma das
inúmeras formas de relações entre os espaços livres. Considera-se, assim, que toda
cidade possui um sistema de espaços livres, produzido durante seu processo de
formação tanto pelo Poder Público como pela iniciativa privada. Este sistema está
em constante processo de transformação e adequação (MACEDO, 2010).
A paisagem urbana de Ponta Grossa tem características únicas quando
comparada a outros centros urbanos. Áreas com grande declividade e fundos de
vale acabaram por definir um sistema viário descontínuo, com muitas curvas,
declives, interrupções; lotes em formatos irregulares e tamanhos variados. Essa
característica é culturalmente percebida pelo pontagrossense como algo negativo e
degradante: as áreas de preservação recebem edificações irregulares; os becos e
largos que sobram do parcelamento do solo frequentemente têm usos ilícitos; o
trânsito entre bairros tem nos muitos arroios e fundos de vale um fator dificultante.
Propõe-se, entretanto, que essa paisagem urbana seja observada sobre outra
ótica: apoiando-se nas ideias de autores do urbanismo humanista, pós modernistas,
que valorizam as peculiaridades e a não padronização no meio urbano, pode-se
considerar a paisagem da cidade de Ponta Grossa como bastante rica, interessante
e cheia de potenciais de desenvolvimento urbano. As visuais permitidas pela
declividade que varia bruscamente; a grande quantidade de pequenos recantos com
córregos em pleno centro urbano; a arborização preservada em parte desses
pontos, são todas características interessantes e de possível exploração pelos
órgãos gestores e pelos cidadãos que vivenciam esses lugares.
Em Ponta Grossa, existem, portando, muitos espaços livres viáveis de
classificar de diferentes formas. Existe grande quantidade de fundos de vale e
arroios urbanos em situação de degradação ambiental e oferecendo risco a famílias
que vivem em seus arredores de forma irregular. Existem, também, outras
modalidades de espaços livres, como os muitos terrenos vazios sofrendo
especulação imobiliária – problema recorrente nesse município. Há ainda as praças
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de igreja, os largos que sobraram do parcelamento do solo, os cul-de-sacs que
abrigam determinados equipamentos e mobiliários, os canteiros de vias, os
remanescentes ferroviários. Muitos tipos diferentes de espaços livres que carecem
de uma classificação e estudo específicos para que seja possível debruçar-se sobre
seus problemas e propor soluções. Nesse sentido, o grupo de pesquisa QUAPASEL (Quadro de Paisagismo no Brasil: Sistemas de Espaços Livres) oferece critérios
de análise e formas de trabalho relativas aos espaços livres em uma cidade,
perfeitamente viáveis de adaptar para a leitura perceptiva, sistêmica e sensitiva,
além de quantitativa, dos espaços livres em Ponta Grossa.
Compreende-se que em Ponta Grossa há muitos espaços livres com
fragilidades sobrepostas – sociais e ambientais. Trata-se de espaços em que
existem problemas históricos, oriundos da tradicional produção espacial que segue
uma lógica segregatória nas cidades brasileiras (WHITAKER, 2005). Mesmo quando
existem políticas públicas focadas nos problemas sociais dos espaços livres
intraurbanos (como é o caso dos Planos de Habitação voltados à realocação de
famílias em áreas de risco), muitas vezes, sem participação da população e a
apropriação devida dos espaços que a eles pertencem, a implantação desses
projetos não chega a resolver completamente os problemas existentes em tais
espaços.
Considera-se que o sistema de Espaços Livres Intraurbanos de cada uma das
cidades brasileiras, formado como conseqüência de ações oriundas do Poder
Público, dos proprietários fundiários e de outros agentes sociais, é um sistema que
está em constante processo de transformação e adequação. Hoje, busca-se resolver
esses problemas socioespaciais, que espacializam-se tanto nos espaços edificados
quanto nos espaços livres, através de estratégias que raramente consideram a
conformação do Sistema de Espaços Livres Intraurbanos como estruturante das
leituras e ações.
O objetivo do presente trabalho é relacionar a ideia de Whitaker (data), de que
a produção do espaço urbano ocorre de forma segregatória e definidora de frações
territoriais, com o conceito de Sistema de Espaços Livres de Macedo (2010),
verificando e identificando assim oportunidades de ampliação da compreensão da
cidade e conseqüente melhora do pensamento estratégico em planejamento urbano.
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Para cumprir com esse objetivo, é feita uma análise do caso de Ponta Grossa
– PR, uma cidade em que tal relação é notória, por estar sua estrutura
organizacional conectada à identidade urbana.
2 – Discussão
Inicialmente, faz-se uma exposição conceitual breve, e em seguida apresentase a cidade de Ponta Grossa – PR, contextualizando e exemplificando a discussão
sobre os Sistemas de Espaços Livres Intraurbanos aqui proposta.
O conceito de paisagem está presente em diferentes campos científicos, tanto
na arquitetura quanto no campo da geografia cultural. Dentre as acepções
comumente empregadas, há autores que definem a paisagem a partir da ótica
humana, ligada à percepção e construída historicamente. Nessa ótica, que é
cultural, cabe destacar o pensamento de Berque (1998). O autor define a paisagem
enquanto um conjunto de marcas da civilização. Assim, a paisagem que observamos
hoje seria composta de sinais deixados por sucessivas sociedades: camadas
culturais que vão se acumulando e se acomodando para compor a paisagem que
conhecemos na atualidade. Monastirsky (2006) complementa essa ideia ao indicar
que todo desenvolvimento histórico acontece no espaço. Os grupos de pessoas que
se desenvolvem historicamente em determinado espaço geram cultura ao interagir
com esse mesmo espaço que habitam; geram, assim, alterações na paisagem, que
podem continuar presentes muito tempo depois.
Para
Monastirsky
(2006),
ao
estudar
uma
paisagem
que
envolva
remanescentes históricos – como é o caso da paisagem urbana – há necessidade
de se consultar e absorver informações de diferentes áreas, como a geografia,
arquitetura, economia, história e sociologia. Ainda que se utilize essa abordagem da
paisagem enquanto construção social, cultural e especialmente enquanto construção
histórica, é fundamental localizar temporalmente a paisagem aqui analisada: trata-se
do resultado, como encontrado hoje, de toda a evolução temporal. Ou seja, trata-se
de uma construção horizontal e essencialmente intrincada no momento presente, o
que faz dessa paisagem um objeto de estudo inegavelmente geográfico. A
constituição do espaço, que é historicamente produzido, também pode ser entendida
a partir da funcionalidade e dos vários significados que o patrimônio cultural revela
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ao longo da sua história – da sua origem ao tempo presente. (MONASTIRSKY,
2006).
Também para Duncan (1990), a paisagem urbana vai além de suas
características materiais, colocando-se enquanto um sistema de significados. Na
paisagem em questão, o edifício é tido como a unidade simbólica desse sistema
proposto por Duncan. Se a paisagem estudada é composta, em grande parte, por
elementos antrópicos – os elementos edificados –, e esses elementos são de
épocas diferentes e estilos arquitetônicos diferentes, pode-se dizer que cada um
deles funciona como legado de uma determinada sociedade. Nessa ótica, cada
edifício carrega diferentes significados e tem uma carga de memória diferente.
Define-se, assim, que a compreensão do conceito de paisagem mais
pertinente a esse trabalho é aquele que trata da paisagem como antropomorfizada,
cultural, composta por camadas de marcas deixadas ao longo da sucessão de
eventos; é uma paisagem formada por elementos que reagem entre si
dialeticamente, formando um conjunto rumo à evolução – a definição mesma de
cultura para a geografia cultural (em que a cultura pode ser definida como o produto
da relação de elementos entre si e com o meio em que estão). Como a paisagem é
composta ao longo do tempo, trata-se de um produto cultural e carregado de
símbolos. O edifício e os outros elementos antrópicos, como o traçado das vias,
jardins e monumentos, remetem a determinado momento histórico ou vivência: são
elementos simbólicos.
O conceito de Sistema de Espaços Livres proposto no grupo QUAPA-SEL
compreende como sistema de espaços livres (SEL) urbanos:
“os elementos e as relações que organizam e estruturam o conjunto de todos
os espaços livres de um determinado recorte urbano – da escala intra-urbana à
regional. O SEL urbano contém todos os espaços livres urbanos existentes num
determinado recorte escalar, independentemente de sua dimensão, qualificação
estética, funcional e de sua localização e propriedade, sejam eles públicos ou
privados” (MACEDO, 2010).
Assim, o autor trata das alterações morfológicas do espaço ao longo do
tempo. Essas alterações, que ocorrem fisicamente no terreno, nos fazem perceber
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que a paisagem é eternamente mutável, como também o é a percepção daquele
que a analisa. Essa visão é compatível com a leitura bertrandiana, que descreve a
paisagem como o resultado das interações entre elementos físicos, biológicos e
antrópicos (BERTRAND, 1971). O autor destaca que essa composição é dinâmica –
portanto, instável: os elementos que compõem a paisagem estão em constante
evolução; consequentemente, a paisagem composta por eles também se modifica
ao longo do tempo.
Essa visão de paisagem enquanto produto da relação do homem com o
espaço que habita dá subsídios para o trabalho presente, em que o objetivo é
analisar um recorte de uma paisagem urbana configurada enquanto lugar especial
de memória. Como essa análise é pretendida através do ponto de vista da
pesquisadora, compreende-se que se trata de uma visão parcial, que poderia ser
complementada e ganhar novos significados se realizada por pessoas participantes
de diferentes segmentos da sociedade. A hipótese é de que cidadãos pertencentes
a diferentes segmentos terão diferentes impressões sobre um mesmo elemento,
conforme esse elemento desperte memórias especiais relativas àquele espaço
construído.
Tratando desses elementos, no caso estudado os elementos construídos, que
podem funcionar como alavancas de resgate de memória, é possível utilizar o
conceito de semiótica, aplicado no campo da semiologia urbana. Pignatari (2003)
define signo ou representame como coisa que substitui a outra, gerando um
significado diferente conforme seja a percepção do leitor. É interessante destacar a
variação de significados e memórias alavancadas por um mesmo representame
quando variam os leitores, e esse posicionamento será especialmente importante ao
analisar percepção e do comportamento humanos nos espaços analisados. Assim
sendo, pessoas diferentes compreenderão de forma variada cada elemento que
configura uma paisagem. Uma idéia pertinente levantada por Rodrigues (2010) é de
que a resposta do indivíduo a uma determinada paisagem não corresponde à
realidade exata. Como trata-se de um produto que considera as referências
anteriores e contemporâneas que o observador tem, é uma criação social e,
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especialmente, individual –, relacionada não só aos fatos históricos mas também à
memória daquele indivíduo.
O mesmo princípio, do trabalho na escala da percepção do cidadão, é
defendido por Kevin Lynch (1960) e Gordon Cullen (1971). Seus estudos trabalham
justamente com a percepção humana a partir dos elementos urbanos. Ambos os
autores trabalham com a definição de elementos que podem ser usados pelo ser
humano para compreender a paisagem urbana: vias, limites, pontos focais. Na
maioria das vezes, uma grande esplanada oferece, por exemplo, uma sensação de
calma, estabilidade e amplitude, enquanto uma passagem estreita com edifícios ou
muros altos ladeando geralmente acarretará em sensação de opressão. Essa
sensação, porém, varia em cada lugar e para cada transeunte: ela se modifica de
acordo com a experiência prévia do indivíduo, que classificará a relevância de um ou
mais elementos na paisagem urbana.
A compreensão dos espaços livres enquanto formadores de um sistema é
fundamental para Ponta Grossa, como para a existência de qualquer cidade,
segundo os critérios do grupo QUAPA-SEL, porque:
- é fundamental ao desempenho da vida cotidiana;
- é estrutural na constituição da paisagem urbana, elemento da forma urbana,
da
imagem da cidade, sua história e memória;
- participa da constituição da esfera de vida pública (geral e política) e da
esfera de
vida privada.
- tem a beleza como atributo cultural / qualitativo do SEL urbano
- é elemento fundamental para a conservação de recursos ambientais e
dinâmicas
ecológicas existentes dentro e nas vizinhanças de áreas urbanas, tendo papel
de
estrutural na drenagem local. (MACEDO, 2010)
Considera-se, como no colocado por Macedo, que “é importante que seja
mantido, através do espaço livre, um patamar de qualidade espacial, em função de
um atendimento às demandas sociais, permitindo maior convívio público, contato
com a alteridade própria da vida citadina, permitindo o sonho e a liberdade”
(MACEDO, 2004), e que as estratégias urbanas serão possíveis de melhoramento
desde que se leve em franca consideração a percepção, a opinião e o
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comportamento dos cidadãos mais diretamente influenciados por qualquer
intervenção urbana.
Ponta Grossa é um município paranaense, hoje com cerca de 330 mil
habitantes, que se desenvolveu em um terreno com topografia acidentada em uma
localização geográfica estratégica de entroncamento de caminhos. Esse fato refletese claramente na ocupação urbana atual do Município. A maioria dos vazios
urbanos, na imagem abaixo, corresponde a áreas de fundo de vale, com declividade
alta e pouca viabilidade para a construção de edificações e vias.
Figura 1: Imagem aérea da mancha urbana de Ponta Grossa, onde é possível identificar os vazios
urbanos decorrentes da topografia acidentada do Município.
Fonte: Google Earth (2014)
Org.: Autora
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Como conseqüência, o sistema viário de Ponta Grossa, tanto ferroviário como
rodoviário, se desenvolveu em torno dos espigões do terreno, eixos radiais em
relação ao centro da cidade. Tanto no Plano Diretor da cidade quanto na ocupação
de fato observada, a circulação de pessoas ocorre por vias principais que
direcionam o fluxo dos bairros para o centro, mas há pouca ligação entre bairros
pela dificuldade em transpor arroios e outros acidentes topográficos.
Esses eixos e a dificuldade de criar ligações interbairros são conseqüências
da topografia característica de Ponta Grossa em escala municipal. Além desses
espigões principais, de forma geral o traçado de Ponta Grossa foi concebido como
uma série de quadrículas – vias paralelas e perpendiculares. As descontinuidades
nas diversas malhas perpendiculares são, em sua maioria, áreas de fundo de vale.
Com exceção da área de entorno da ferrovia, mais plana, e das praças de igreja,
muitos dos únicos espaços livres públicos centrais em Ponta Grossa são áreas de
fundo de vale pouco utilizadas e que frequentemente apresentam fragilização
ambiental e social, sendo vistas de forma negativa por parte da população.
3 – Conclusões preliminares
Como consequência da falta de planejamento e gestão urbanos atentos ao
Sistema de Espaços Livres, diversas dinâmicas podem ser percebidas no espaço
urbano de Ponta Grossa.
O tipo de espaço livre mais facilmente percebido na área urbana de Ponta
Grossa, quando da análise das imagens aéreas do Município, são os muitos fundos
de vale que geram interrupções na malha ocupada. Existem diversas classificações
possíveis para as categorias de espaços livres existentes, o que se pretende realizar
em uma pesquisa em andamento; os becos e largos oriundos do parcelamento do
solo frequentemente têm usos ilícitos; o trânsito entre bairros é pouco fluido devido à
existência de arroios e fundos de vale; os remanescentes ferroviários vêm sendo
ocupados com edificações que nem sempre cumprem adequadamente sua função
social e não contribuem para a manutenção dos escassos espaços livres públicos no
centro urbano; os vazios urbanos privados, causados pela especulação imobiliária,
são muitos, pois comumente atende-se uma lógica de expansão horizontal
desmedida, com espraiamento dos loteamentos urbanos.
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As áreas de fundos de vale, protegidas pela legislação como áreas de
preservação, recebem moradias irregulares, com famílias expostas a risco. O
traçado irregular da malha viária, em áreas próximas a essas ocupações, inviabiliza
a plena satisfação de necessidades como o acesso ao transporte público, a coleta
de
resíduos
sólidos,
dentre
outros
problemas,
além
de
configurar
uma
estigmatização negativa dessas áreas. Parte da população interpreta que aqueles
espaços não fazem
realmente parte da cidade – aquela população não exerce o
direito à cidade, tanto em relação à qualidade de suas habitações quanto no que
toca ao acesso à infraestrutura e a determinados equipamentos urbanos ou à
sensação de pertencimento ao meio urbano.
Se o Município de Ponta Grossa tivesse, em suas políticas públicas, um olhar
voltado a relacionar a identificação de problemas com a rede de espaços livres
locais, considerando cada tipo de espaço livre relacionado aos problemas urbanos
nele recorrentes, seria possível identificar potencialidades de ação mais específicas,
gerando soluções mais consistentes e efetivas do que as atualmente empregadas.
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