José Melo de Oliveira Governador do Estado do Amazonas SECRETARIA DE estado de PLANEJAMENTO, desenvolvimento, ciência, tecnologia e inovação Thomaz Afonso Queiroz Nogueira Secretário de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação - SEPLANCTI René Levy Aguiar Diretor- Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas Esta obra foi financiada pelo Governo do Estado do Amazonas com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM Adriano Premebida Fabrício Monteiro Neves Tiago Ribeiro Duarte (Orgs.) Conselho Editorial Av. Carlos Salles Block, 658 Ed. Altos do Anhangabaú, 2º Andar, Sala 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100 11 4521-6315 | 2449-0740 [email protected] Profa. Dra. Andrea Domingues Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna Prof. Dr. Carlos Bauer Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha Prof. Dr. Fábio Régio Bento Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins Prof. Dr. Romualdo Dias Profa. Dra. Thelma Lessa Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt ©2015 Adriano Premebida; Fabrício Monteiro Neves; Tiago Ribeiro Duarte (Orgs.) Direitos desta edição adquiridos pela Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autor. P925 Premebida, Adriano; Neves, Fabrício Monteiro; Duarte, Tiago Ribeiro. Investigações Contemporâneas em Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia/ Adriano Premebida; Fabrício Monteiro Neves; Tiago Ribeiro Duarte (Orgs.). Jundiaí, Paco Editorial: 2015. 328 p. Inclui bibliografia. ISBN: 978-85-8148-763-2 1. Estudo Sociais da Ciência e Tecnologia 2. Sociologia da Ciência 3. Conhecimento Científico 4. Ciência e Tecnologia I. Premebida, Adriano II. Neves, Fabrício Monteiro III. Duarte, Tiago Ribeiro CDD: 500 Índices para catálogo sistemático: Conhecimento 121 Sociologia do Conhecimento 306.42 Ciência 500 IMPRESSO NO BRASIL PRINTED IN BRAZIL Foi Feito Depósito Legal Nós agradecemos ao CNPq e à CAPES pelo apoio dado a algumas das pesquisas apresentadas neste livro e, principalmente, pela inestimável ajuda da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM, através do Edital BIBLOS 007/2013, que possibilitou o financiamento desta publicação. Sumário Prefácio............................................................................................................9 Harry Collins Tradução: Tiago Ribeiro Duarte Introdução.............................................................................................15 Capítulo 1 Luiz Henrique de Lacerda Abrahão Apontamentos Sobre Thomas Kuhn e Paul Feyerabend: Antagonismos, Aproximações e os Estudos Sociais da Ciência..................................................................................................23 Capítulo 2 Tiago Ribeiro Duarte A sociologia do conhecimento de e. Durkheim e do Programa Forte.................................................................................................59 Capítulo 3 Carlos Alvarez Maia Os impasses conceituais de Latour: o humano, o social e a simetria...................................................................................................87 Capítulo 4 Fabrício Monteiro Neves Vinícius Teixeira Pinto Julio Souto Salon A dinâmica da expertise no “Juicio Ciudadano” no Uruguai: Cidadania, poder e energia nuclear................................................................119 Capítulo 5 Luis Reyes-Galindo Tradução: Tiago Ribeiro Duarte, Adriano Premebida, Fabrício Neves Revisor técnico: Rafael de Araujo Álvares Marinho O papel das aproximações na Física: o caso de experimentos e teorias controversas no efeito Casimir.......................................................139 Capítulo 6 Marko Monteiro Digitalizando o câncer de próstata: pensando as interseções entre engenharia e biologia na ciência contemporânea....................................169 Capítulo 7 Renata Campos Motta Risco, perigo ou oportunidade? As disputas entre política, economia e ciência acerca dos OGMs........................................................199 Capítulo 8 Adriano Premebida Os interesses heterogêneos da ciência e a politização específica da vida biológica.........................................................................................233 Capítulo 9 Noela Invernizzi Cibele Cavichiolo Nanotecnologia nos meios de comunicação: que informação chega ao público?...........................................................................................263 Capítulo 10 Rafael Antunes Almeida Uma conversa com Harry Collins...............................................................313 Prefácio RESCC: O surgimento A Rede de Estudos em Sociologia do Conhecimento Científico (RESCC) surgiu em 2007, durante o Primer Congreso Argentino de Estudios Sociales de la Ciencia y la Tecnología, realizado na Universidad Nacional de Quilmes, na Argentina. Naquele congresso, cinco pesquisadores brasileiros — Adriano Premebida, Carlos Maia, Fabrício Neves, Rafael Almeida e Tiago Duarte — interessados nos Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia (ESCT) compartilhavam a vontade de aprofundar a comunicação entre si e disseminar esse campo de estudos na academia brasileira. Tratava-se de pesquisadores em etapas diversas da vida acadêmica — graduandos, mestrandos, doutorandos e doutores — que já vinham encontrando-se em diversos congressos. Em meio a apresentações de trabalho e coffee breaks, discutiam os seus trabalhos e a literatura produzida na área. Com o intuito de fortalecer a comunicação do grupo, os pesquisadores criaram, no referido congresso, a RESCC, tendo como primeiro passo a implantação de um grupo virtual de discussão na Internet1 para facilitar a comunicação e a divulgação de informação entre os participantes. Se, no início, o grupo era formado por apenas cinco membros, ele cresceu e, hoje, abriga mais de 50 associados. Formou-se também um grupo no Facebook, o qual possui mais de 400 membros. Mensagens são enviadas com frequência entre os participantes, contendo informações sobre congressos, cursos de verão, chamadas para publicação, divulgação de artigos, livros recém-publicados, vagas de trabalho, etc. Os membros do grupo continuam a encontrar-se em congressos e o diálogo intensifica-se através de projetos e pesquisas formuladas e realizadas em conjunto. Com a instituição, em 2011, da Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias – ESOCITE -BR, as discussões e pesquisas na grande área dos estudos sociais em ciência e tecnologia têm um grande reforço, possibilitando que pesquisas nestes temas se expadam a todas as regiões do Brasil e que enriqueçam o conjunto teórico e de estudos empíricos desta área de estudos. 1. Conferir em: http://br.dir.groups.yahoo.com/group/rescc 9 Adriano Premebida | Fabrício Monteiro Neves | Tiago Ribeiro Duarte (Orgs.) O livro A produção de algo mais concreto por parte dos componentes da rede já tinha sido cogitada desde as primeiras discussões de seus membros. A ideia de um livro que aglutinasse as múltiplas abordagens e temas de pesquisa de seus associados foi aceita rapidamente e posta em prática através de convite e seleção de artigos que representassem esta composição de estudos unificada em torno dos ESCT. Além disso, outra motivação para a organização desta obra é a aglutinação de pesquisas empíricas e produção teórica que, provavelmente, ficariam dispersas e com baixa possibilidade de repercussão crítica e geração de debates em área que se institucionaliza academicamente no Brasil. Este livro encontra-se dividido em duas partes. A primeira é composta por quatro artigos e trata da história dos ESCT e de alguns de seus principais debates teóricos. A segunda parte é formada por estudos de caso que cobrem uma gama de diferentes tópicos: engajamento público em questões relacionadas a ciência e tecnologia, efeito Casimir, biotecnologia, nanotecnologia, modelagem computacional, esforços científicos multidisciplinares, risco e tecnologia e ciência na mídia. O primeiro capítulo é uma breve introdução aos estudos sociais da ciência escrita por um dos fundadores do campo: Harry Collins. Juntamente com os pensadores vinculados ao programa porte, Collins foi um dos responsáveis pelos primeiros avanços teóricos e empíricos da área nos anos de 1970. Ainda hoje, ele atua ativamente no campo produzindo novas ideias e engajando-se em diversos debates. Em seu texto, Collins descreve o surgimento dos estudos sociais da ciência, apresenta as principais ideias e vertentes da área e, ao fim, tece comentários sobre o seu trabalho mais recente: os estudos sobre expertise e experiência. No capítulo dois, “Kuhn e Feyerabend: antagonismos, aproximações e os estudos sociais da Ciência”, Luiz Abrahão realiza o importante trabalho de retornar às raízes intelectuais dos ESCT na filosofia histórica da ciência de Thomas Kuhn e Paul Feyerabend. Estes dois pensadores são, frequentemente, colocados como predecessores e fonte de inspiração dos estudos já mencionados. Abrahão procura desvendar as diferenças e as similaridades entre as abordagens de Kuhn e Feyerabend, de modo a oferecer uma análise mais rica das relações entre as obras dos autores. Ademais, ele evidencia as razões pelas quais, em geral, Kuhn e Feyerabend são vistos como 10 Investigações Conremporâneas em Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia inspiradores dos ESCT, não obstante a rejeição de ambos a estas análises sociológicas da ciência, em especial, ao Programa Forte. O capitulo três, “A sociologia do conhecimento de Émile Durkheim e do Programa Forte”, escrito por Tiago Duarte, começa por investigar as aproximações e as diferenças entre a sociologia do conhecimento de E. Durkheim e o Programa Forte. Durkheim foi explicitamente apontado por David Bloor, um dos criadores do Programa Forte, como uma de suas principais influências. Neste sentido, o autor do artigo procura desvendar onde esses pensadores aproximam-se e onde divergem. Além disso, o pesquisador examina as críticas ao trabalho de Bloor formuladas por dois influentes pensadores: Thomas Kuhn e Bruno Latour. Ambos, de pontos de vista teóricos distintos, acusam o Programa Forte de não contemplar o papel da realidade empírica na determinação do conteúdo das teorias científicas. Tiago Duarte busca demonstrar que tal Programa sociológico é suficientemente robusto para resistir às críticas apontadas e servir como base teórica para os ESCT. O capítulo quatro, intitulado “Os impasses conceituais de Latour: o humano, o social e a simetria”, elaborado por Carlos Maia, examina uma questão bastante similar àquela tratada por Tiago Duarte. Maia critica o princípio da simetria generalizada proposto por Bruno Latour, que seria uma tentativa conceitual do pensador francês para superar as dificuldades teórico-metodológicas encontradas por ele na obra de David Bloor. De acordo com este princípio, os estudos sociais da ciência deveriam tratar simetricamente humanos e não-humanos. Em outras palavras, a construção dos fatos científicos seria realizada tanto por seres humanos quanto por não-humanos, os quais deveriam ser incluídos como agentes nas narrativas daqueles que procuram compreender os processos de produção de conhecimento. Carlos Maia argumenta que Latour não produz soluções efetivas para os ESCT e propõe que a ideia de pós-social, desenvolvida por Knorr-Cetina, seria uma forma mais profícua de compreender os múltiplos agenciamentos entre humanos e não-humanos. No quinto capítulo, “A dinâmica da expertise no ‘Juicio Ciudadano’ no Uruguai: Cidadania, poder e energia nuclear” de Fabrício Monteiro Neves, Vinícius Teixeira Pinto e Julio Souto Salon, é feito a reconstituição da experiência uruguaia de organização de conferência de consenso sobre temas controversos em ciência e tecnologia, chamada “Juicio Ciudadano”. A conferência em questão versou sobre o tema da energia nuclear. Discute-se tal experiência levando-se em conta o engajamento de cidadãos 11 Adriano Premebida | Fabrício Monteiro Neves | Tiago Ribeiro Duarte (Orgs.) não-experts em assuntos aos quais eles estiveram tradicionalmente alheios, em acordo com a “teoria das expertises” de Collins e Evans. Os autores questionam se tal mecanismo de promoção da participação pública em controvérsias poderia ser considerada um alternative pathway, ou seja, um caminho alternativo às formas tradicionais de engajamento e participação democrática em questões científicas e tecnológicas. No capítulo seis, “O papel das aproximações na Física: o caso de experimentos e teorias controversas no efeito Casimir”, Luis Reyes-Galindo tem como campo de investigação a física teórica e os seus processos de aproximação, ação necessária nesta especialidade científica. O autor inicia o capítulo sugerindo quatro categorias distintas de aproximações. Na segunda parte, ele apresenta uma controvérsia da física moderna em torno do efeito Casimir. Relaciona, pois, os diferentes tipos de aproximação a esta controvérsia e salienta a importância do conhecimento tácito para realizá-las e para interpretar os resultados experimentais. A seguir, “Digitalizando o câncer de próstata: pensando as interseções entre engenharia e biologia na ciência contemporânea” relata a fascinante etnografia realizada por Marko Monteiro nos Estados Unidos. O autor estudou as interações de um grupo interdisciplinar de cientistas composto por físicos, matemáticos e biólogos que buscavam construir um modelo computacional para simular as interações entre calor e tecidos humanos. Ele evidencia as dificuldades de comunicação entre os cientistas pertencentes a diferentes disciplinas e a forma como a matemática era vista entre os diversos grupos, uma ponte capaz de estabelecer a comunicação entre cientistas pertencentes a áreas diferentes. Além disso, Marko Monteiro mostra como o conhecimento referente aos diferentes campos disciplinares era classificado e hierarquizado pelos participantes do projeto de forma desigual, de modo que a biologia era vista como mais intuitiva e subjetiva que a engenharia e a matemática, estas percebidas como produtoras de conhecimento objetivo e universal. No capítulo oito, “Risco, perigo ou oportunidade? As disputas entre política, economia e ciência acerca dos OGMs”, Renata Campos Motta analisa as relações entre ciência, política e economia. A estudiosa explora situações de luta pela autonomia e situações de heteronomia nas relações entre estes campos, tendo como mote a definição da política sanitária para alimentos geneticamente modificados e a discussão a respeito do risco atribuído a estes produtos. Na primeira parte, Motta esboça a trajetória teórica para a construção do conceito do risco, com ênfase em seu caráter 12 Investigações Conremporâneas em Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia controverso, o que permite lutas pela definição de sua realidade. Na segunda parte, analisa a controvérsia comercial na Organização Mundial do Comércio (OMC) acerca da política europeia para produtos biotecnológicos, na qual não só disputam países, mas os campos científico, político e econômico em relação à (não) existência de riscos nestes produtos. No capítulo nove, Adriano Premebida discute biopolítica no texto “Os interesses heterogêneos da ciência e a politização específica da vida biológica”, levando em conta a tendência recente de legitimar padrões de consumo, expectativas vinculadas à saúde e às formas de sociabilidade, por meio do discurso científico biotecnológico. Para o pesquisador, o contexto contemporâneo de alastramento de artefatos biotecnológicos no espaço de enunciação/significação pública destas inovações é regido, em grande parte, pelos interesses e pelas intenções relacionados à ciência e à tecnologia. Ele discute como a narrativa biotecnológica condiciona novas formas de agrupamentos sociais baseadas em perfil genético, práticas e disciplinas de controle do corpo e modos de vida dos quais são derivados, direta ou indiretamente, das inovações biotecnológicas. No último capítulo, Noela Invernizzi e Cibele Cavichiolo discutem a relação entre mídia e ciência com base na veiculação de um tema novo para o grande público, a saber, as nanotecnologias. Em “Nanotecnologia nos meios de comunicação: que informação chega ao público?”, as autoras analisam a informação divulgada ao público sobre esse emergente campo científico-tecnológico, que ganhou rápida legitimidade, caráter estratégico e significativos investimentos públicos. Para tanto, examinam alguns veículos da mídia escrita: um jornal, três revistas semanais de informação geral e duas revistas especializadas em divulgação científica. As autoras concluem que há uma tendência generalizada, nestes veículos, de antecipar projeções tecnocientíficas que atualmente são apenas promessas. O posfácio consiste em uma entrevista com Harry Collins realizada, em 2007, por Rafael Almeida. Diferentemente do primeiro capítulo, onde Collins procura delinear a história do campo e os seus rumos atuais, na entrevista, ele trata de temas diversos, tais como as suas motivações para trabalhar como sociólogo da ciência, as suas principais influências, as suas opiniões sobre outras vertentes teóricas, tais como a etnometodologia e a teoria ator-rede de Bruno Latour, além de tecer comentários sobre a guerra das ciências e a respeito do seu trabalho mais recente, relacionado aos estudos sobre expertise e experiência. Os Organizadores 13 Introdução Estudos Sociais da Ciência: A Jornada Harry Collins1 Tradução: Tiago Ribeiro Duarte2 O Início Os “estudos sociais da ciência modernos” emergiram por volta da década de 1970, ou assim pensávamos naquela época. Na verdade, eles começaram na década de 1930 com a publicação do brilhante livro de Ludwik Fleck, Genesis and Development of a Scientific Fact (1935[1979]). Todavia, nós, nos países de língua inglesa, não tomamos conhecimento deste livro, que fora escrito em língua alemã, por muito tempo. Conhecíamos o livro de Thomas Kuhn A Estrutura das Revoluções Científicas (1962[2005]) e, se tivéssemos lido o prefácio cuidadosamente, teríamos visto que Kuhn mencionou Fleck. Muitas das ideias de Kuhn já existiam na obra de Fleck (embora não a de revolução científica). Fleck também produziu o primeiro estudo de caso a respeito do estabelecimento de uma nova teoria, estudo baseado em seu trabalho sobre a sífilis. Esta obra foi algo muito à frente de seu tempo e o próximo estudo desta espécie não foi realizado até a década de 1970. Estranhamente, a pessoa que ajudou a chamar a atenção para os livros de Fleck, nos países de língua inglesa, foi Robert Merton, cujas principais ideias são anteriores àquilo que estou chamando de os estudos sociais da ciência modernos. Merton deu origem às famosas “normas da ciência” contra as quais alguns tomaram os estudos sociais da ciência modernos como uma reação. O livro de Kuhn, A Estrutura das Revoluções Científicas, publicado pela primeira vez em 1962[2005], abriu espaço para a análise social da ciência. Ele “rachou o cristal da certeza” sem, contudo, mostrar como fazer isto. Eu diria que o primeiro artigo dos estudos sociais da ciência modernos foi “Wittgenstein and Mannheim on the Sociology of Mathematics” publica1. Distinguished Research Professor da Universidade de Cardiff. Email: [email protected] 2. Doutor em Sociologia pela Universidade de Cardiff. Atualmente é Pesquisador Colaborador do Departamento de Sociologia da UnB dentro do Programa Nacional de Pós-Doutorado da Capes. Email: [email protected]. 15