8 O outro lado de... Homem do campo e da cidade, das finanças e da agricultura, da pecuária e da caça. Conhecêmo-lo como Presidente da APADP, mas Fernado Valente não se esgota nas actividades da Associação, é antes um homem multifacetado, empreendedor e surpreendente. Recebeu-nos, com a família, na sua magnífica propriedade em Vila Nova da Barquinha, mostrou-nos o seu trabalho fora da APADP, ofereceu-nos a sua hospitalidade e brindou-nos com a sua história de vida. Fernando Valente O Sr.Valente é um homem cheio de histórias pessoais, E como foram os tempos de infância? familiares e profissionais. Quer falar-nos um pouco sobre Nasci numa casa onde havia muita comida, muita o seu percurso. caça. O meu avô materno era o guarda das Casas Nasci a 15 de Julho de 1947, nos Montes dos Carregais, inglesas... lembro-me de o ver sempre com a Alvega, Concelho de Abrantes. Apesar de agora ser espingarda às costas, à espera de uma oportunidade quase tudo floresta, a propriedade, com 24 hectares, para caçar. Eu e os meus irmãos herdamos este gosto ainda é da família e costumo lá ir todas as quintas-feiras. e lembro-me de andar na escola primária e já apanhar Tem irmãos? perdizes, com pressão de ar, fisgas e armadilhas. Sim, tenho quatro: duas irmãs e dois irmãos. Eu sou o Depois da instrução primária, estive a estudar segundo mais novo. mecânica, na Metalurgia Duarte Ferreira. 9 Mas, segundo sei, não tirou o curso de mecânica... Não, de facto não tirei. Na altura do exame, fiquei debaixo do altifalante e não consegui ouvir as perguntas, pelo que chumbei. E ainda bem!!! Depois disto, estive 6 meses na Autoindustrial do Entrocamento, mas rapidamente percebi que aquilo não era para mim. E aos 14 anos “fugi” para Lisboa. Trabalhei nas obras do Bairro dos Olivais (em 1961/62), onde já tinha um irmão a trabalhar. Passado um ano, voltei para casa dos meus pais. Lá fiquei mais um ano. No entanto, não resisti ao chamariz de Lisboa. As Há alguns episódios dessa altura que queira partilhar? oportunidades para mim estavam todas lá. Comecei Bom, tive sorte e só estive debaixo de fogo um dia. por trabalhar na Empresa Geral de Transportes. Inscrevi- Devo dizer que era muito difícil ser-se polícia militar em -me no Liceu Pedro Nunes para fazer o actual 9º ano, Bissau, porque a verdade é que não havia outra polícia. mas o Inglês, que era o meu calcanhar de Aquiles, Outra curiosidade: O Jerónimo de Sousa era meu não me permitiu continuar. Depois, com a orientação colega na Polícia Militar... e ajuda do meu irmão mais velho, fui para Gavião Mais episódios que me lembre... fui mordido por um (perto de Portalegre) e consegui fazer em apenas 1 escorpião... tdá dores horrorosas... Estas são as ano o Curso de Comércio e Indústria. Fiz isto tudo recordações mais marcantes que tenho desse tempo. porque ía para a tropa e convinha ter mais instrução. E depois quando regressou a Portugal, sempre tinha Quando regressei a Lisboa fui trabalhar para a o emprego à sua espera? Repartição Central das Finanças. Aqui é que começou Tinha. Mas queria ter ficado um mês em casa a a grande lição da minha vida. descansar e não pude. Desloquei um pé, andei com Então, porquê? gesso e estive “de molho” 40 dias, findos os quais me Bom, tenho 19 anos na altura e começo a estabelecer apresentei no meu antigo lugar. Pouco depois tomei conhecimento com diversas pessoas importantes. posse num novo cargo no Tribunal Tributário. Cedo lembro-me que na véspera de ir para a tropa, o Paquito percebi que havia duas hipóteses ou se estudava ou Valente (pessoa importante na altura) veio “convocar- não se passava de Liquidador. Ainda andei ali 2 anos -me” para fazer uma prova para que quando voltasse e, depois entendi que devia estudar. O Paulo já tinha da tropa, o meu lugar estivesse assegurado. Entretanto nascido... Bom, passei sempre em todos os concursos, chega o tempo da tropa. Estive só 26 meses, porque e em poucos anos, cheguei ao topo da carreira: fui menti. Disse que tinha menos instrução do que tinha Perito Tributário de 1ª classe depois Técnico Tributário para não fazer o curso de sargento. Assentei praça de 2ºnível. Em 1997, passei a chefiar a secretaria do em Vila Real e por indicação de um amigo pedi para Tribunal Tributário (correspondente ao cargo de sub- ingressar na Polícia Militar e, assim, ir para a Guiné. -director). Fiquei mais 5 anos nesta função. Nos últimos Estive 1 mês a tirar a instrução para Polícia Militar, na 2 de trabalho acumulei funções, sendo também chefe Ajuda. Mal cheguei à Guiné foi o grupo todo castigado, de execuções do 3º Bairro Fiscal (Campo Mártires da porque se soube que tinhamos mentido sobre as Pátria). Quando fiz os 36 anos de serviço, fui falar com habilitações. E, como castigo, tivémos de dar instrução o Director Distrital de Finanças de Lisboa e pedi-lhe que aos nativos durante 62 dias. me concedesse a reforma. vir e até costuma trazer amigos. Depois, aqui na quinta posso dedicar-me ao que gosto; repare: tenho várias colónias de abelhas, tiro 200 litros de mel; das oliveiras tiro outros 200 litros de azeite, cultivo todos os produtos hortícolas e frutícolas necessários a uma casa. Aliás, para casa só se compra peixe, massa e arroz... o resto a terra dá. E mesmo peixe é só porque não tenho tempo... porque gosto bastante de pescar. Mas a sua grande paixão é a caça? Sim, sim... a caça nocturna ao javali é a minha verdadeira paixão e a minha ocupação dos tempos E desde então até aos dias de hoje? livres. A caça acaba também por ser um momento De 2002 para cá dedico-me à minha casa, a cultivar de convívio com os meus irmãos. Sou associado em 3 a minha propriedade e à APADP. Associações de Caça, para se ver ao ponto a que Esta casa começou a ser construída há 16 anos e ficou sou apaixonado por estas “artes”. concluída em 2001 e é aqui que me sinto bem, tenho O sr. Valente é um homem realizado? 1hectare de terra que gosto de trabalhar. Vou ao Sou, sou mesmo! Neste momento não tenho grandes Cacém duas vezes por semana. ambições. As minhas ambições prendem-se apenas E que o prende tanto à sua propriedade? A família com os meus filhos... mas o Paulo está bem entregue. também gosta de cá estar? O Miguel formou-se em Gestão e está a tirar o A minha esposa e o meu Paulo adoram. O meu filho Mestrado. Projectos por realizar, o de ter netos e, se mais novo, o Miguel, também gosta bastante de cá calhar, um dia destes fazer um cruzeiro. Constituição do Conselho para a Defesa dos Direitos dos Utentes da APADP O Conselho, composto por um Presidente (Presidente da Assembleia Geral), um Vogal (nomeado pela Direcção), um Secretário (Assistente Social da APADP) e o(s) assistente(s) (partes intervenientes), tem como objectivo garantir o cumprimento dos direitos dos utentes e o esclarecimento da verdade. Na sequência desta deliberação, a Direcção nomeou a 8 de Abril do corrente ano, como vogal, o sócio 188, Sr. Pedro Sanches Vicente. Após esta nomeação, o conselho tomou posse a 8 de Junho de 2008, estando apto para o exercício das funções para as quais foi nomeado. Caberá a cada sócio, familiares e funcionários colaborar no sentido de se cumprirem e respeitarem os Direitos dos Utentes da APADP, prestando todo o apoio necessário para que este conselho possa, no exercício das suas funções, garantir que os mesmos são respeitados. Drª. Manuela Justo Albuquerque (Assistente Social)