Ano 3 - Número 44 - Distribuição gratuita - MARÇO 2006 Camelódromo, um absurdo no Calçadão! Enquanto entidades se unem para definir, junto com o poder público, a revitalização do Centro da Cidade, camelôs se preparam para instalar, na Galeria Cine Augustus, o “Camelódromo Central”. Para a CMTU, novo camelódromo no Calçadão se justifica porque a região apresenta “tendência” para o chamado comércio popular. Empresários e ACIL criticam a instalação do empreendimento no local porque vai institucionalizar o comércio informal, baseado em produtos pirateados e falsificados, na região de maior concentração varejista de Londrina. E exigem rigor das autoridades. Páginas 22 e 23 Fotos: José de Carvalho ACIL atua como base do BRDE Página 3 Concorrência entre supermercados aquece até o mercado imobiliário Shoppings investem em estrutura para ampliar base de consumidores Páginas 4 a 7 Páginas 8 e 9 TRANSPARÊNCIA FISCAL SABOR SOCIAL ACIL, Sescap e um grupo de entidades de Londrina iniciaram, este mês, a realização dos Feirões do Imposto, criados para conscientizar a população sobre a carga tributária paga pelo cidadão. Evento também arrecada adesões ao abaixo-assinado que pede aprovação da emenda da transparência fiscal. Criado há 12 anos, o Clube da Costela une o prazer da boa carne acompanhada pela cerveja bem gelada com a satisfação de realizar um trabalho social. O grupo destina os resultados da venda da carne a entidades locais. Detalhe importante: nas quartas-feiras, quando o clube serve na própria sede, mulher não entra. Página 15 Páginas 16 e 17 JORNAL DA ACIL/Março 2006 2 EDITORIAL CHARGE Muito Além Do Bom Senso Certamente muitas coisas estão mudando... em nossas vidas, em nossos negócios, em nossa cidade, e em nosso país. Estamos vivendo um turbilhão de fatos e de acontecimentos que já não é mais tão fácil definir o que passará à história e o que simplesmente passará. Ao contrário de como até pouco tempo vivíamos, hoje, com este emaranhado de informações e de situações, não se consegue obter um horizonte ou uma perspectiva segura para poder se afirmar que estamos no caminho correto, ou até se estamos totalmente na contramão dos fatos. Nestes dias temos presenciado situações das mais caóticas e absurdas possíveis, opostos de situações de êxtase e de mediocridade. Enquanto vemos empresários e entidades alinhados e trabalhando conjuntamente por uma causa maior, mostrando uma força e uma determinação ímpar, fazendo balançar opiniões de empresários e dirigentes internacionais dos mais conceituados no mundo, alinhando as opiniões. E num trabalho sincronizado, profissional e porque não dizer, belíssimo, com estas lideranças mostrar a região de Londrina, não como gostaríamos que fosse, mas como ela é, jovem, determinada, pujante, com alto valor agregado, com qualidade de vida das melhores no mundo, com espírito empreendedor latente, com capitais institucionais, de pesquisa e de formação como poucas, concentradora do que existe de melhor... somos obrigados a conviver e suportar situações caóticas e até cômicas. Nossa CMTU anunciar, como se fosse um mérito e um privilégio para Londrina, a instalação de mais um camelódromo, no coração de nossa cidade, coração este já enfartado, mal amado e dilacerado pelo tempo. Temos que conviver com as mazelas de nossa Câmara Municipal que em tão poucos dias conseguiu ser tão omissa, descomprometida e cheia de traquinagens, que se presenteou com telefones celulares e contas pagas pelos cidadãos e depois desistiu... que quer se precaver e ter seu estacionamento mais seguro mandando cercá-lo com grades. E será que deveriam mandar cercar também a cidade? Já que legislam por ela? Seria esta a receita de segurança que nossos pseudo-representantes imaginam para nós? E ainda, utilizar-se de subterfúgios estruturais da casa para se livrar da pressão dos que estão nas galerias e poder certamente, num final de sessão, na calada da noite, sem a presença incômoda destes cidadãos, votar, da forma que desejam, o que desejam, para quem desejam... é, nós pouco importamos para eles. Aliás, como estou fazendo agora, nós incomodamos. Não fiquem indignados com nossos protestos, façam algo que possamos elogiar, algo pela cidade, pelo povo, e não só por alguns escolhidos por vocês. Façam por merecer nosso reconhecimento e sejam motivo de orgulho para estes que escolheram vocês, e não motivo de vergonha como vem acontecendo. A cidade está trabalhando e está se tornando dia a dia melhor. Não atrapalhem. José Augusto Rapcham FUNDADA EM 5 DE JUNHO DE 1937 RUA MINAS GERAIS, 297, 1º ANDAR, ED. PALÁCIO DO COMÉRCIO. LONDRINA – PR CEP 86010-905 TELEFONE (43) 3374-3000 FAX (43) 3374-3060 E-MAIL [email protected]. NOVOS ASSOCIASDOS Razão Social ..................................................................................................................................................................................................................................... Nome Fantasia PAULO RICCI & CIA LTDA ....................................................................................................................................................................................................... RICCI MODAS ELKIND DECORAÇÕES LTDA ............................................................................................................................................................................ DECORAL DECORAÇÕES PORTO BELO LOTEADORA E INCORPORADORA LTDA ................................................................................................................................................... PORTO BELO CHIC COSMETICOS LTDA. ............................................................................................................................................................................................. CHIC COSMETICOS MAURO HENRIQUE FERREIRA CIA LTDA ..................................................................................................................................................................................................... BASTOS, PALVO E CIA LTDA ...................................................................................................................................................................................................... ADUNARE REGINALDO APARECIDO MARQUES ...................................................................................................................................... DI PAULO LINGERIE E CONFECÇÕES N C MOREALE ENXOVAIS .............................................................................................................................................................................. A CHARMOSA ENXOVAIS CARARO E PADUA LTDA ........................................................................................................................................................................................ DAN BRU PRESENTES EDNA DE FÁTIMA CANTANTI SANTOS PLÁSTICOS ..................................................................................................................................................... HP PLÁSTICOS GROSS E AMARAL COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA ........................................................................................................................................................... MANÁ PAPEIS TAKASHI FUKUMOTO .................................................................................................................................................................................................. IDEAL PRESENTES JOSÉ VENICIO DOS SANTOS ............................................................................................................................................................................ VENICIO DESPACHANTE TECTROL - COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA ................................... TECTROL - HIDRAULICA, PNEUMÁTICA E LUBRIFICAÇÃO CENTRALIZADA ABREU IMÓVEIS SS LTDA ............................................................................................................................................................................... IMOBILIÁRIA LONDRINA A.L CARDOSO ....................................................................................................................................................................................................................... 3W ALIMENTOS MONTE SIÃO COMÉRCIO DE COLCHÕES LTDA ................................................................................................................................................................... ORTOMAX DUAUTO DIST. DE AUTO PEÇAS LTDA ............................................................................................................................................................. DUAUTO AUTO PEÇAS BLOCKTON EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS S/A .......................................................................................................................................................... BLOCKTON IZABEL MARIA FREIRE ......................................................................................................................................................................................... YANG MODELADORES FETÍCIA MARAM MODAS LTDA ..................................................................................................................................................................................... FETÍCA MARAM J. SPINASSI SILVA LTDA .............................................................................................................................................................................. SUPERMERCADO SPINASSI PROJETRONIC COM. PROD. INFORMATICA ELETRONICOS LTDA ............................................................................................................................. PROJETRONIC H.M.P. COMUNICAÇÃO VISUAL ...................................................................................................................................................................................... FLEX ADESIVOS ADERBAL ANTONIO DOS SANTOS PRODUTOS ODONTOLÓGICOS ................................................................................................................. MASTHER DENTAL CASA NOVA IMÓVEIS S/S LTDA ........................................................................................................................................................................... CASA NOVA IMÓVEIS LOJA MALU CONFECÇÕES LTDA .................................................................................................................................................................................................................. 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COISAS DE BEBÊ DESPACHANTE ADEMIR ...................................................................................................................................................................... ADEMIR BATISTA DOS SANTOS SP SANTOS OLIVEIRA LTDA ............................................................................................................................................................................. MERCADO ANDORINHA MARLI E. TRANNIN FERREIRA & CIA LTDA ...................................................................................................................................................... PONTO CORPO YOGA CARA DE CRIANÇA IND. E COM. DE CONFECÇÕES LTDA ................................................................................................................................. CARA DE CRIANÇA ELSHADAY COM. 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CASA E CAMPO MADEREIRA SONHO E MANIA LINGERIE LTDA .................................................................................................................................................................................. SONHO E MANIA Presidente José Augusto Rapcham Diretor Comercial José Roberto Alves Vice-Presidente Rubens Benedito Augusto Segunda Diretora Comercial Silvana Martins Cavicchioli Diretor-Secretário Milton Kazunobo Tamagi Diretor Industrial Nivaldo Benvenho Segunda Diretora-Secretária Juliana de Souza Segundo Diretor Industrial Herson Rodrigues Figueiredo Junior Diretor Tesoureiro Francisco Ontivero Diretor de Serviços Bruno Veronesi Segundo Diretor Tesoureiro Francisco Henrique Francovig Segundo Diretor de Serviços Fernando Lopes Kireeff PRESIDENTE DO CONSELHO DA MULHER EMPRESÁRIA Helenida Taufik Tauil da Costa Branco CONSELHO DELIBERATIVO George Hiraiwa, Eduardo Yoshimura Agita, Nestor Dias Correia, Brasílio Armando Fonseca, Leonardo Makoto Yoshii, Cristiane Yuri Toma, Sérgio Martins SUPLENTES - Marcelo Massayuki Cassa, Nasser Hassan El Kadri, José Mario Tarozzo CONSELHO FISCAL Moisés de Souza, Luis Bernardo da Veiga, Yukio Agita O “Jornal da ACILé uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências para o “Jornal da ACIL”, incluindo reclamações e sugestões de reportagens, devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail [email protected]. Coordenação e edição Roberto Francisco Fotografia Josoé de Carvalho Revisão Maria Christina Boni Colaboradores Fernanda Bressan Kátia Baggio Keity Alaver José Antonio Pedriali Ricardo Vilches Silvio Oricolli Diagramação e tratamento de imagens Alessandro Camargo Impressão Jornal de Londrina JORNAL DA ACIL/Março 2006 3 FINANCIAMENTO ACIL é posto de informações do BRDE Entidade faz o primeiro atendimento aos empresários interessados nas linhas de crédito do banco, que busca maior aproximação com empresas do interior O BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul, banco público de fomento criado pelos governos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, está muito mais próximo das empresas de Londrina e do Norte do Paraná. Essa aproximação, muito oportuna para os empresários da região, é resultado de um convênio assinado pelo banco, a ACIL e a Cacinp Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Norte do Paraná. Com a parceria, a ACIL passou a atuar como escritório de informações do BRDE. Na prática, isso significa que as empresas que necessitam das linhas de crédito do banco receberão o primeiro atendimento na sede da Associação, em Londrina. Com isso, grande parte das informações mais importantes estará acessível aos empresários da região sem que seja necessário eles se deslocarem a Curitiba, onde fica a agência do banco. O diretor financeiro do BRDE, Paulo Furiati, presente à assinatu- ra do convênio, no dia 10 deste mês, afirmou que o banco, por seu perfil e por sua estrutura enxuta, tem suas atuação concentrada nas regiões metropolitanas das capitais dos três estados. “É hora de implementar ações no interior do Estado”, disse, ao explicar a parceria com a ACIL e a Cacinp. A proposta do banco é se aproximar das micros, pequenas e médias empresas, uma vez que as grandes corporações já têm acesso a estas e outras formas de financiamento. Furiati afirmou também que o banco oferece atualmente as linhas de crédito do BNDES, mas já está trabalhando para ter linhas próprias. “Tudo isso vai contribuir para nos aproximar dos micros e pequenos empresários”, reforça. O escritório de informações do BRDE funciona na ACIL, em horário comercial. Informações podem ser obtidas pelo telefone 3374-3000 ou diretamente na sede da entidade, na Rua Minas Gerais, 297, primeiro andar. Acima, assinatura do convênio, na sede da ACIL: Associação, em parceria com a Cacinp, vai facilitar acesso às linhas de financiamento do banco. Ao lado, Furiati: “É hora de implementar ações no interior do Estado” GESTÃO Encontro aborda sucessão familiar Evento está previsto para ser realizado nos meses de maio, junho e julho, na ACIL A ACIL sedia, no início de maio, palestra de lançamento do I Encontro de Empresas Familiares de Londrina e Região, evento que pretende, em cinco módulos, oferecer a empresários do Norte do Estado conhecimentos e ferramentas de gestão empresarial específicas. A apresentação está prevista para o dia 4 de maio, no Auditório da ACIL, com início às 19 horas. O encontro é uma iniciativa da empresária e consultora especialista em empresas familiares Gislane Syllos, em parceria com a ACIL. A proposta do evento – que será realizado em cinco finais de semana ao longo dos meses de maio, junho e julho – é mostrar formas de os empresários passarem a planejar a sucessão e a administração da empresa de maneira a valorizar a integridade da família e a própria continuidade do negócio. Entre os objetivos específicos do encontro estão: auxiliar de modo profissional o encaminhamento da sucessão nas empresas familiares; mostrar maneiras eficazes de separar o fator emocional do profissional; direcionar o empresário a desenvolver um plano de ação para a empresa, onde ele mesmo perceba onde está a dificuldade e como solucioná-la; orientar juridicamente questões de herdeiros e sucessores. Os módulos do evento vão abordar “Profissionalização e sucessão”, “Impactos jurídicos e fiscais sobre a gestão do patrimônio”, “Capacitação, gestão de pessoas e liderança”, “Gestão através da tipologia organizacional – temperamentos” e “Business plan”. Informações pelos telefones 33743010, com Marlene Royer, e 9929-0302, com Gislane. JORNAL DA ACIL/Março 2006 4 VAREJO A marcha dos supermercados Setor é um dos maiores em movimento financeiro do município, com faturamento de R$ 1 bilhão em 2004. Só as 20 maiores empresas supermercadistas empregam 2,6 mil pessoas Ricardo Vilches Especial para o Jornal da ACIL Prédio do Buffet Atlântico, na Avenida Madre Leônia Milito: futuro endereço de um novo supermercado na região mais valorizada da Cidade Ademar Vedoado, da Apras: setor tem grande potencial de crescimento na Cidade, mas enfrenta barreiras Terreno onde hoje ainda funciona a Coinbra, na região que liga o Centro à Zona Leste: um novo hipermercado Se há um setor hoje em Londrina onde a concorrência acirrada desperta o interesse de vários outros é o supermercadista, e não são apenas os fornecedores os atentos a essa movimentação. Há muito a disputa por clientes deixou de ser apenas uma batalha travada pelos supers e hipers, ainda que estes sejam os responsáveis pela maior fatia do mercado. O segmento ganha fôlego também entre os menores que investem em infraestrutura, espaço e conforto para o cliente. Essa corrida – traduzida na vinda para Londrina de três grandes redes nos últimos seis anos – mexeu com o setor publicitário e principalmente com o imobiliário. Hoje, parte das vendas de grandes áreas com localização estratégica envolve grupos supermercadistas, setor que também é um dos campeões em anúncios em jornais, rádio e televisões. Dimensionar o tamanho do segmento envolve a divulgação de estratégias de mercado que empresário algum quer divulgar para o concorrente. Mas dados fornecidos pela secretaria municipal de Fazenda apontam o tamanho do setor supermercadista de Londrina. Trata-se de um dos segmentos que mais empregam e faturam na Cidade, com uma estimativa de faturamento de R$ 1 bilhão só em 2004. Há hoje em Londrina aproximadamente 70 supermercados, aí incluídos os chamados hipermercados, os grandes responsáveis por esse “boom” do setor. “As grandes redes são as que mais faturam, mesmo somando apenas 20 unidades em Londrina”, afirma o diretor da secretaria de JORNAL DA ACIL/Março 2006 5 JORNAL DA ACIL/Março 2006 6 Fazenda, Denílson Vieira Novaes. Os hipers faturaram em 2004 quase R$ 600 milhões, exatos R$ 587.535,839. Esse valor se equivale a praticamente 70% do faturamento de todo o setor de Londrina no ano. O levantamento teve como base a DFC (declaração de fisco contábil) de cada empresa. São dados da Receita Estadual usados como base para a cobrança de ICMS, o imposto estadual. Como parte desse tributo retorna ao município, a prefeitura exerce controle sobre os números. “È importante dizer que esse faturamento não implica em lucratividade”, lembrou o diretor da secretaria. É que a esses números, não são considerados – por exemplo – os custos para manter o empreendimento. Ainda assim, o faturamento do setor supermercadista fica atrás apenas do ramo das confecções (indústria, compra e venda) e indústria química (fabricantes de produtos e implementos agrícolas). “É uma tendência nacional que está começando a se manifestar em Londrina”, afirma o presidente regional da Associação dos Supermercados Paranaenses (Apras), Ademar Vedoato. Segundo ele, o setor é o que mais fatura entre os varejistas no Brasil e o que tem maior participação no PIB nacional. Uma das explicações para isso está no fato dos mercados terem ampliado o ramo de atuação. “Há hoje lojas que vendem calçados, roupas, eletrodomésticos e eletrônicos”, exemplificou o presidente da Apras. “Esse setor ainda têm um grande potencial de crescimento em Londrina, mas infelizmente encontramos barreiras para expansão”, afirmou ao lembrar da luta que o setor trava para a abertura aos domingos e em horários diferenciados. “Poderíamos faturar mais, gerar mais impostos e empregos”, prega. Ainda assim, o setor está em grande agitação por contra da aquisição de áreas nobres para instalação de mais unidades supermercadistas (leia mais sobre o assunto nesta página). De fato, o setor gera um grande número de empregos. Diretamente, há hoje 2,6 mil funcionários trabalhando apenas nos 20 maiores mercados de Londrina. Uma estimativa da APRAS aponta que esse número deve chegar a 3,5 mil se somados os demais mercados. Antiga Anderson Cleyton vai abrigar hipermercado O imobiliarista encarregado dos investimentos no terreno da empresa Coinbra, onde por décadas funcionou a indústria Anderson Clayton, já não esconde seu principal cliente. “É alguém do setor supermercadista, só que ainda não posso revelar quem”, afirma Raul Fulgêncio. Em outubro do ano passado ele foi o encarregado de um dos maiores negócios imobiliários já realizados na região: a compra da área de 24 hectares (257 mil metros quadrados) da sede da Coinbra Comércio e Processamento de Grãos. O terreno é cortado pela Avenida Theodoro Victorelli, na Zona Leste da Cidade, próximo à Rodoviária. De um lado, está o Marco Zero de Londrina – local onde, em agosto de 1924, foi aberta a primeira clareira pelos integrantes da caravana liderada por George Craig Smith para dar início à colonização de parte do Norte e Noroeste do Estado – e de outro, a sede da empresa cercada pelas avenidas Dez de Dezembro, San- ta Terezinha e Celso Garcia Cid. O negócio atingiu a cifra de R$ 30 milhões e levou a criação de um grupo comprador formado por dez investidores. Em agosto, se encerra o prazo dado para a desativação em definitivo da Coinbra, que hoje apenas trabalha com o estoque de grãos. A previsão é que até o final do ano, a área esteja “limpa” para o início da construção de novos investimentos. Raul Fulgêncio informou que um plano de metas ainda está sendo traçado para a comercialização da área, mas já adiantou que boa parte do terreno será destinada a um grupo supermercadista. “Os contatos já começaram. São empresários que estão em Londrina e outros que querem vir pra cá”, afirmou. De acordo com o imobiliarista, pelo menos 30 mil metros quadrados seriam para este novo hipermercado. “É a área mais privilegiada, com entrada e saída pela Avenida Dez de Dezembro”, disse. Funcionários querem acordo para jornada aos domingos A direção do Sindicato dos Trabalhadores no Comércio Varejista iniciou negociação com empresários do setor supermercadista para re- gulamentar a situação funcional dos empregados que trabalham aos domingos. O código de Posturas do Município não permite a abertura dos mercados neste dia, mas a maioria deles usa de artifícios também legais para manter as portas abertas. “Hoje os grandes mercados deixaram de ser apenas um lo- cal para venda de gêneros de primeira necessidade. Eles viraram verdadeiras lojas de departamentos”, opinou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores, José Lima do Nascimento. Mas a relação entre patrão e empregado permanece a mesma do comércio em geral, com limitações a realizações de hora extra (duas horas por dia), e regras específicas para escala de trabalho. A jornada de um empregado em supermercado é a mesma de quem trabalha no comércio, de 44 horas semanais e piso de R$ 400,00 por mês. Nesta primeira quinzena de março, o Sindicato iniciou uma negociação com a rede SuperMuffato para a abertura das lojas aos do- mingos. “Nós temos a nossa proposta, mas queremos ouvir a deles”, afirmou o sindicalista. Um acordo entre as partes poderia prevalecer sobre o Código de Posturas. “Queremos o respeito às limitações de horas extras para que mais gente consiga um emprego”. A direção do SuperMuffato foi procurada para comentar a tentativa de negociação, mas preferiu não se pronunciar sobre o assunto. O presidente local da APRAS – Associação Paranaense de Supermercados – Ademar Vedoato informou desconhecer a negociação. “Sou favorável a direitos iguais. Se um abre, todos têm que abrir”, resumiu. JORNAL DA ACIL/Março 2006 7 Zona Sul está na mira dos novos investimentos O fortalecimento do setor supermercadista de Londrina e o conseqüente acirramento da disputa pelo mercado ganhou um ingrediente importante neste começo de ano. O proprietário do Buffet Atlântico, Hatiro Nagaya, confirmou ao Jornal da ACIL a venda do terreno, da Avenida Madre Leônia Milito, onde fica o empreendimento. Informações do setor imobiliário e do setor supermercadista dão conta de que o comprador é uma rede de supermercados que já atua na Cidade e que pretende agora “mirar” o concorrente multinacional Carrefour. A área do buffet negociada tem 3.750 metros quadrados e está localizada na região comercial e residencial mais valorizada no momento, a Gleba Palhano, na Zona Sul. “O metro quadrado na Avenida Ayrton Senna, por exemplo, pode chegar a custar R$ 700”, informa o imobiliarista Romeu Cury. Ele mesmo disse estar negociando áreas na Avenida Madre Leônia Milito. “A localização e o tamanho do terreno podem provocar situações incomuns, como a variação em até 100% no valor da área”, diz. Mas quando informado da venda da área do buffet, ele não titubeou em dizer que o negócio poderia chegar a R$ 1,5 milhão. “Entre os privilegiados, é o ponto de maior atrativo, próximo à Avenida Higienópolis.” O valor exato do negócio e o nome do comprador são informações mantidas sob sigilo por força legal. “No contrato de venda da área, assinei uma cláusula que garante o sigilo sobre isso. Acho que é uma questão de mercado também”, afirmou Hatiro Nagaya. O comerciante se limitou a dizer que o negócio foi satisfatório. Ainda no ano passado, ele informou alguns corretores da possibilidade de venda da área. “As propostas surgiram aos montes. Recebi pelo menos uns 20 pedidos de compra. Na maioria, comerciantes até do Rio de Janeiro e São Paulo”, afirmou. Mas o efetivo comprador só surgiu neste ano, após cinco meses de negociações. Quando perguntado se o misterioso comprador seria uma rede de supermercados ele apenas riu. Pelo contrato, o proprietário do buffet deveria deixar a área no dia 15 de março deste ano. “Pedi mais tempo para ficar, e o comprador concordou em dar novo prazo”, disse. A previsão agora é para outubro deste ano, quando o Buffet Atlântico passará a atender em nova sede na PR-445, em frente à TV Tropical, também na Gleba Palhano. Um novo mercado na Zona Sul viria para acirrar a concorrência diretamente com a rede Carrefour, que mantém no shopping Catuaí sua única unidade em Londrina. No Brasil são 81 hipermercados da multinacional francesa a segunda maior do mundo, atrás apenas da rede norte-americana Wall-Mart - responsáveis por 12,6% do faturamento do setor varejista brasileiro. COOP. DE ECO. E CRÉDITO MÚTUO DOS COM. DE CONF. DO NORTE DO PARANA - SICOOB NORTE CNPJ Nº 05.582.619/0001-75 PARANA DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PROCEDIDAS EM 28/02/2006 BALANCETE PATRIMONIAL ATIVO 28/2/2006 R$ ATIVO CIRCULANTE ............................................ 43.036.474,96 DISPONIBILIDADES .............................................. 15.909.810,24 OPERAÇÕES DE CRÉDITO .................................. 26.450.112,00 Operações de Créd.Setor Priv. ....................... 26.865.575,58 (-)Prov. P/Operações de Crédito ......................... 415.463,58 OUTROS CRÉDITOS .................................................. 316.359,02 Rendas a Receber ................................................. 258.099,12 Diversos ...................................................................... 58.259,90 OUTROS VALORES E BENS ....................................... 360.193,70 Despesas Antecipadas .......................................... 351.919,30 PASSIVO CIRCULANTE ....................... DEPOSITOS ......................................... Depositos à vista ............................... Depositos sob aviso .......................... OUTROS DEPOSITOS .......................... Depositos para Investimentos .......... RELAÇÕES INTERDEPENDENCIAS ..... Recursos em Transito de terceiros .... OBRIGAÇÕES P/ EMPR. E REPASSES . Obrigações por Empréstimos e Repasses Material em Estoque ................................................... 8.274,40 PERMANENTE ........................................................ 1.869.735,22 OUTRAS OBRIGAÇÕES .................... 1.393.783,78 Cobrança e Arrec.de Trib. E Assemelhados 20,98 INVESTIMENTOS ....................................................... 907.017,99 Ações e Cotas ........................................................ 907.017,99 IMOBILIZADO DE USO ............................................. 570.121,82 Instalações, Moveis e Equip. ................................. 275.630,52 Outras Imob. De Uso .............................................. 438.085,43 (-) depreciações Acum. ........................................ 143.594,13 DIFERIDO .................................................................. 392.595,41 Gastos de Org. Expansão ..................................... 532.852,55 (-)Amortizações Acum. ......................................... 140.257,14 COMPENSAÇÃO .............................................. 131.338.995,30 Custódia de Valores ............................................ 9.245.305,21 Controle 95.228.114,51 Classificação da cart. de Créditos 26.865.575,58 Sociais e Estatutárias ......................... Fiscais e Previdenciárias .................... Diversas ............................................... PATRIMÔNIO LÍQUIDO ..................... Capital de Domic. No País .............. Reservas de Lucros ............................ Sobras ou Perdas Acum. No Periodo COMPENSAÇÃO .............................. Custódia de Valores ......................... Controle ............................................. Classificações de Cart. De Créditos 313.075,81 267.010,66 813.676,33 11.444.177,14 10.173.748,96 825.930,10 444.498,08 131.338.995,30 9.245.305,21 95.228.114,51 26.865.575,58 TOTAL DO ATIVO .................................. TOTAL DO PASSIVO .......................... 176.245.205,48 Descrição 176.245.205,48 PASSIVO 28/2/2006 R$ 33.462.033,04 31.578.822,78 4.916.678,86 26.662.143,92 133,88 133,88 11.611,76 11.611,76 477.680,84 477.680,84 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO EM 28/02/2006 28/2/2006 R$ 10. RECEITAS DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA ............................................................................................................ 1.531.937,31 Operações de Crédito ..................................................................................................................................................... 1.531.937,31 15. DESPESAS DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA ............................................................................................................. (782.781,92) Operações de Captação no Mercado ......................................................................................................................... (674.925,87) Despesas de Obrigações por emprestimos e repasses .................................................................................................... (9.766,67) Provisão para Operações de Crédito Líquid. Duvidosa ................................................................................................. (98.089,38) 20. RESULTADO BRUTO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA (10-15) .................................................................................. 749.155,39 50. OUTRAS RECEITAS/DESPESAS OPERACIONAIS ........................................................................................................... (304.657,31) Receitas de Prestação de Serviços ................................................................................................................................... 138.767,75 Despesas de Pessoal .......................................................................................................................................................... (466.486,67) Outras Despesas Administrativas ..................................................................................................................................... (433.084,88) Despesas Tributárias ............................................................................................................................................................. (31.054,81) Outras Receitas Operacionais ........................................................................................................................................... 584.923,35 Outras Despesas Operacionais .......................................................................................................................................... (97.722,05) 60.RESULTADO OPERACIONAL (20+50) .............................................................................................................................. 444.498,08 65. RESULTADO NÃO OPERACIONAL ................................................................................................................................................... 75. RESULTADO ANT.TRIB. LUCRO E PART. (60+65) .............................................................................................................. 444.498,08 80. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL ........................................................................................................................... 85. PARTICIP.ESTATURÁRIAS NO LUCRO ............................................................................................................................................. 90. SOBRAS OU PERDAS (75-80-85) ..................................................................................................................................... 444.498,08 NOTAS EXPLICATIVAS - 28.02.2006 NOTA 01 - APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS a) Estão sendo apresentadas de acordo com a Legislação específica do Sistema Cooperativo e preceitos do Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - COSIF. NOTA 02 - OUTROS CRÉDITOS O saldo de R$ 58.259,90 - classificado no Ativo Circulante como Diversos, grupo Outros Créditos está assim composto: Conta Saldo Adiantamentos e Antecipações Salariais ......................................................................................................................... 22.385,13 .................................................................................................................................................................................................................. Impostos e Contribuições a Compensar ................................................................................................................................. 224,93 .................................................................................................................................................................................................................. Títulos e Créditos a receber .................................................................................................................................................... 6.100,00 .................................................................................................................................................................................................................. Valores em Compensação ................................................................................................................................................... 29.549,84 .................................................................................................................................................................................................................. TOTAL ........................................................................................................................................................................................ 58.259,90 .................................................................................................................................................................................................................. NOTA 03 - PRINCIPAIS PRÁTICAS CONTÁBEIS a) Apuração do Resultado: As Receitas e Despesas são apropriadas mensalmente, pelo regime de competência. b) Operações Ativas e Passivas: As operações Ativas e Passivas com encargos pré e pós-fixados são registradas pelo valor principal, com acréscimo dos respectivos encargos incorridos inclusive atualização monetária observada a periodicidade da capitalização contratual. c) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa: A provisão para créditos de liquidação duvidosa teve seu método de constituição modificado em função da Resolução 2682 de 21.12.1999, com efeitos a partir de 01.03.2000, sendo que cada devedor terá uma classificação específica em função do risco ou não, bem como em função do efeito atraso a partir de 15 dias, estando a carteira de empréstimos assim classificada em 28.02.2006: Classificações Operações Nível AA Operações Nível A Operações Nível B Operações Nível C Operações Nível D Operações Nível E Operações Nível F Operações Nível G Operações Nível H Totais Normal 26.193.992,86 37.640,17 19.311,82 194.146,93 76.212,53 26.521.304,31 Vencida 9.744,21 63.408,94 23.005,21 32.943,92 21.138,32 32.145,34 3.529,36 158.355,97 344.271,27 Total 26.203.737,07 101.049,11 42.317,03 227.090,85 21.138,32 32.145,34 3.529,36 234.568,50 26.865.575,58 d) Efeitos Inflacionários: Não efetuada a Correção Monetária dos valores que compõem o Ativo Permanente e Patrimônio Líquido, em obediência a Lei 9249 de 26.12.95, art. 4º, a que veda a tal providência no âmbito das demonstrações financeiras. e) Investimentos: Estão demonstrados ao custo de aquisição, deduzido, conforme o caso, das provisões para Perdas. f) Imobilizado: Demonstrado pelo custo de aquisição. As depreciações são calculadas pelo método linear com base em taxas determinadas pelo prazo de vida útil estimado: *Instalações, móveis e equipamentos de uso 10% a . A *Sistema de transportes e equipamentos Proc. Dados 20% a . A *Bens imóveis sujeitos à depreciação 4% a . A NOTAS 04 - OUTRAS OBRIGAÇÕES DIVERSAS O Saldo de R$ 813.676,33 - classificado no Passivo Circulante como Diversos, grupo Outras Obrigações está assim composto: Conta Saldo Cheques Administrativos ........................................................................................................... Fornecedores .................................................................................................................. 75.095,55 Provisão para pagamento de pessoal ................................................................... 173.151,17 Outras Despesas Administrativas .............................................................................. 154.309,07 Outros Pagamentos ...................................................................................................... 31.120,87 GEORGE HIRAIWA Diretor Vice-Presidente CPF. 486.511.508-06 FRANCISCO ONTIVERO Diretor Presidente CPF.115.577.969-04 ANTONIO LUIZ BARÃO CONTADOR CPF.408.585.539-53 CRC-PR. 026.496/O-3 VAREJO Shoppings Nova ala do Royal Plaza será inaugurada, em breve, com a filial da Lojas Americanas, uma churrascaria e um restaurantes à la carte. Ela marca a expansão do segundo maior shopping da Cidade Katia Baggio Especial para o Jornal da ACIL Sim. É um fenômeno da evolução comercial e social. O shopping center chegou ao Brasil como herança do sucesso desse modelo de comércio, especialmente nos EUA. Aqui conquistou a população por vários aspectos, no início, mais ligados a conforto e status. Nos últimos tempos, no entanto, praticidade e segurança são valores não só agregados, mas transformados em fundamentais na procura por esses locais. Segundo o site da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), em agosto de 2005, o Brasil tinha 241 shopping centers em operação e 21 em construção. No Paraná eram 14, gerando 19.817 empregos. Em Londrina, pela classificação oficial, existem dois shoppings, o Catuaí e o Royal Plaza. Outros locais com estrutura parecida, várias lojas e serviços no mesmo espaço, não são considerados shopping centers em razão da área e outros aspectos. Mas, para o consumidor o que importa é encontrar um pouco de tudo junto, compras, lazer e segurança. Há quatro anos, com o boom histórico da soja a R$ 52 a saca, o boom da carne bovina e de ave, com exportação para novos mercados asiáticos e do Oriente Médio, os investidores não perderam a oportunidade para ampliar os shoppings. Em abril de 2002, o Catuaí começou uma reforma no seu espaço físico, investem para crescer Obras de ampliação do Royal Plaza, no início de março: ritmo acelerado para receber Lojas Americanas, churrascaria, restaurante a la carte e outra grande loja que terminou em abril de 2004. Os cinemas foram ampliados e os segmentos de construção e decoração entraram no mix de lojas, com uma nova ala só para eles. E não foi à toa. “O desenvolvimento imobiliário da região sul da Cidade, com previsão de construção de pelo menos mil unidades de apartamentos em volta do Catuaí e os condomínios fechados se espalhando atrás do shopping nos estimularam a buscar esses parceiros”, explica o supe- rintendente do Catuaí, Sylvio Carvalho Netto. O momento econômico favorável também facilitou o retorno de antigas lojas âncoras e a conquista de outras redes. O Catuaí tem hoje 70 mil metros quadrados de área construída, com 98% da área bruta locável ocupada, mais o estacionamento e o hipermercado anexo. O crescimento da Cidade e da região e também do poder aquisitivo, em cerca de 30% são outros elementos avaliados como positivos para a ampliação do shopping. “O Catuaí é hoje um shopping regional. Além disso, antigamente o Catuaí era longe da Cidade e hoje a Cidade já passou o shopping, com os condomínios de alto padrão se multiplicando em direção à Gleba Palhano.” Outros fatores como melhoria da malha viária e crescimento das próprias redes favorecem novos investimentos nos shoppings, na opinião do profissional. Mas, os problemas com o impasse sobre a existência ou não de febre aftosa no Paraná e o conseqüente embargo da nossa carne para exportação, além da quebra da safra de soja por conta da seca, modificaram de novo o cenário econômico local. E aí, pára tudo? Óbvio que não. O Shopping Royal Plaza, no coração da Cidade, aposta no desafio, para crescer. Há seis anos em Londrina, o Royal tem seis mil m2 de área construída. E, em plena crise da carne e da soja, também está ampliando seu espaço físico, avançando com lojas em uma parte ociosa do estacionamento. Está prevista para esse mês a inauguração de uma filial das Lojas Americanas, dois restaurantes à la carte e uma chopperia, como extensão da praça de alimentação. Outra loja com cerca de mil m2 também está em negociação. São 3,5 mil m2 de ampliação. O diretor comercial do Royal, Osmani Vianna, diz que era hora de investir. “O comércio não pode parar. Esse é um setor que está sempre apostando no reaquecimento da economia. Se a agropecuária está passando por momentos que já foram mais favoráveis, é justamente agora que precisamos buscar alternativas”. O Royal não tem lojas de griffes internacionais, aposta nas marcas nacionais e em um público mais popular. O que tem dado certo, apesar de o diretor não querer rotular um perfil para o consumidor do Royal. “Shopping tem que deixar de ser visto como um lugar caro. Temos griffes nacionais, mas as pessoas que compram aqui também podem comprar em lojas de griffes internacionais, hoje isso mudou”, argumenta. Mas, por garantia, os dois restaurantes novos são uma churrascaria e outro à la carte, que poderiam ser considerados gastronomia mais sofisticada. E o carrochefe do Royal é, com certeza, sua praça de alimentação. Profissionais liberais engravatados, com bandejas nas mãos, formam cena comum no Royal, tanto que lembram o coração financeiro de grandes centros econômicos. A busca por novos consumidores é muito visível no outro shopping. No início, basicamente a população de classe média a alta Sylvio Carvalho Netto, superintendente do Catuaí: “Antigamente o shopping era longe da Cidade e hoje a Cidade já passou o shopping” freqüentava o Catuaí. Hoje, o próprio estilo das lojas demonstra que a direção do shopping está buscando outras fatias. Quem procura a loja que vende produtos populares com prestações a perder de vista caminha pelo mesmo piso de granito que leva à loja de artigos mais sofisticados. A verdade é que ninguém quer rotular um consumidor em potencial. Primeiro porque é politicamente incorreto, segundo porque o dinheiro é o mesmo, não importa em quais mãos esteja. O índice de freqüência no Catuaí, segundo a direção, é de 800 mil pessoas/ mês, com uma média de consumo de R$ 70,00 por pessoa. O Royal calcula entre 16 mil e 18 mil/dia, o que leva a 540 mil/mês, com média de consumo de R$ 50,00 por pessoa. Ambos consideram uma boa média para o porte dos shoppings em questão. Ambiente diferenciado, bem construído e decorado, piso bonito, cores bem escolhidas e ar condicionado tornam o visual tão agradável que atraem. Mesmo que seja apenas para andar, comer um lanche e voltar para casa, de ônibus, todo mundo vai ao shopping. Uma hora acaba comprando. Eles sabem disso. Londrina cresceu e passou a ser classificada como prestadora de serviços e pólo educacional. Os investidores acreditaram ser esse um perfil favorável para novos shoppings, similares aos dos grandes centros: locais fechados, construção e decoração mais sofisticadas e oferta de serviços e lazer. É a prosa ao pé da fogueira, reunindo amigos e parentes, repaginada. Cinema é o mais novo atrativo do pioneiro Com-Tour O primeiro empreendimento com características de shopping center de Londrina foi o Com-Tour, na Avenida Tiradentes. Nos anos 1980, o sistema de lojas de segmentos diferentes, como supermercado, cinema, posto de combustíveis e praça de alimentação, compartilhando espaço com lojas de roupas, calçados e acessórios, foi uma novidade aceita mais pela população próxima, do que pela Cidade como um todo. O Com-Tour precisou se readaptar e hoje tem na programação alternativa do cinema, com películas de temática mais complexa e produção fora do padrão holywoodiano, sua maior atração. E mantém as lojas de produtos variados e de serviços, com bom fluxo de consumidores. JORNAL DA ACIL/Março 2006 10 NOVO DESTINO Cresce procura pela exportação Mesmo em tempo de dólar barato, pequenas empresas de Londrina e da região aumentam vendas ao exterior através do Exporta Fácil Sílvio Oricolli especial para o Jornal da ACIL Instituído pelo Governo Federal e em operação desde 2000, com o objetivo de desburocratizar os processos de exportação por micro, pequenos e médios empresários, o Exporta Fácil ofereceu um canal inédito de negócios para o exterior para um público excluído desse mercado pelo excesso de burocracia e também desconhecimento das regras desse mercado. “Há no Brasil o mito de que só as grandes empresas podem exportar, tanto que a participação dos pequenos nesse mercado não passa de vinte por cento, enquanto em outros países com tradição em exportação as micro e pequenas empresas respondem por até oitenta e cinco por cento dos negócios externos”, explica Fatima Gonçalves da Silva, assistente de Comércio Exterior da agência dos Correios em Londrina, que abrange uma região que engloba 80 municípios do Norte, Norte Pioneiro e Noroeste do Estado. E a “receita” deu certo. Tanto que a meta para este ano é movimentar R$ 4 milhões em negócios com o exterior por intermédio do Exporta Fácil, que atualmente utiliza apenas o modal aéreo. O crescimento previsto é de 14,3% em comparação com os R$ 3,5 milhões de 2005. Em primeiro lugar, o incremento na receita deve ser puxado pelo aumento do limite da Declaração Simplificada de Exportação (DSE), que passou de US$ 10 mil para US$ 20 mil, desde o final do ano passado. E também porque os pequenos empresários têm conhecimento do benefício que o sistema proporciona, em redução da burocracia e diminuição dos custos de exportação. Fatima explica que para exportar pelas vias nor- Fatima Gonçalves da Silva: a meta para este ano é movimentar R$ 4 milhões mais, são exigidos cerca de 18 documentos, enquanto que, pelo Exporta Fácil, não há necessidade de mais do que cinco. “Além disso, os Correios se encarregam de fazer todo o serviço de desembaraço aduaneiro e inclusive o registro junto ao Siscomex”, acrescenta. Com isso, os custos também caíram. Em 2003, por exemplo, o gasto da empresa com a papelada para enviar uma mercadoria ao exterior era de R$ 735,00, frente aos R$ 90,00 do custo da exportação simplificada. Segundo ela, na região de Londrina o sistema ganhou impulso maior nos últimos dois anos, também devido aos cursos sobre exportações oferecidos aos empresários, que “passaram a vislumbrar um novo horizonte para os negócios no mercado internacional”. Atualmente, são exportados vários itens, como calçados, por Santo Antonio da Platina, cachaça, de Assaí, enquanto de Londrina partem para várias partes do mundo artesanato, bijuterias e confecções, por exemplo. E Fatima diz que está sendo feito um trabalho junto a empresários de Apucarana (setores de couro, bonés e confecções), Cianorte (confecções) e Arapongas (móveis) para que se utilizem do Exporta Fácil, que, a partir de 2007, irá oferecer a modalidade de transporte marítimo para o envio de mercadorias. “Essa modalidade permitirá o embarque de encomendas de maior peso e dimensão que o atual e também produtos que não podem ser remetidos por avião, como os químicos”, acrescenta. Ela esclarece também que, além dos Correios, o Exporta Fácil dispõe de consultorias da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar), da Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina (Adetec) e Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL). JORNAL DA ACIL/Março 2006 ACIL/Fevereiro 2005 11 7 Caminho do exportador constrói nova cultura Com a finalidade de difundir a cultura exportadora em Londrina e região foi criado e está no ar desde novembro de 2004 o site do Caminho do Exportador (www.caminhodoexportador. com.br), que é resultado do esforço de empresas e entidades, que se reuniram para a realização do Encomex (Encontro de Comércio Exterior), um ano antes. Segundo Maria do Céu Martins Lopes, consultora de comércio exterior da ACIL, Londrina tem um grande potencial exportador, então, por meio da união da ACIL, Adetec, Banco do Brasil, Caixa, Companhia de Desenvolvimento de Londrina (Codel), Correios, Fiep, Londrina Convention & Visitors Bureau, Prefeitura de Londrina e Sebrae/PR, objetivou-se proporcionar às micro, pequenas e médias empresas a oportunidade de inserção no comércio exterior, aproveitando as experiências das grandes e que já têm experiência nesse setor. Maria do Céu diz que um dos esforços foi o de mostrar a esses empresários a possibilidade de desenvolver uma cultura voltada para o comércio externo e poder se preparar para participar de um mercado extremamente competitivo. “O Caminho do Exportador visa justamente isso, ou seja, proporcionar ao empresário a oportunidade de participar de uma missão comercial no exterior ou mesmo de feiras internacionais realizadas no próprio País, que são muitas, quando terão possibilidade de se informar sobre o que os concorrentes estão produzindo, se atualizarem em relação a tecnologias e saber o que os clientes externos esperam dele, quanto ao preço e qualidade dos produtos”, comenta. A consultora lembra que a região de Londrina tem potencial exportador muito forte nos setores de alimentos, confecção e têxtil, sem falar no setor moveleiro, que tem crescido muito. “Por exemplo, a moda brasileira mantém-se em evidência há alguns anos.” Ações – Maria do Céu comenta ainda que a partir da realização do Caminho do Exportador, em 2004, uma feira de produtos e de prestadores de serviço, inclusive com showroom com os produtos exportados por Londrina, foram estabelecidas algumas estratégias para fomentar a cultura de comércio exterior junto aos empresários da Cidade, por meio da participação deles em eventos e seminários do setor. Com isso, instituiu-se o planejamento estratégico. Uma reunião a cada 15 dias de representantes das entidades envolvidas no Caminho avalia os resultados desses eventos e define calendários de cursos, seminários e até missões, infor- “Estratégias para fomentar uma cultura exportadora entre os pequenos empresários locais” Maria do Céu Lopes, consultora mações que são disponibilizadas ao público por meio da mídia e do site Caminhos do Exportador. “Aliás, a primeira ação do planejamento estratégico foi o lançamento do site”, lembra. Destacando que é de grande importância para o micro, pequeno e médio empresário a participação em seminários e missões comerciais, Maria do Céu diz que muitos eventos estão sendo promovidos pelo Governo do Estado, Fiep e outras entidades, principalmente organizando missões comerciais. “E compete a nós a divulgação desses eventos.” Ela lembra, por exemplo, da Fispal Latino, uma feira voltada ao setor de alimentos para latino-americanos que será realizada em Miami (EUA) de 10 a 12 de maio, que é uma vitrine de grandes oportunidades de negócios, considerando que os latinos, com 38,8 milhões de pessoas, formam o maior grupo étnico residente nos Estados Unidos. Outra grande oportunidade será a Fispal Food Service 2006, que será realizada de 17 a 20 de julho no Anhembi, em São Paulo. AGENDA DE EVENTOS MARKETING INTERNACIONAL MISSÃO PARA A ALEMANHA Palestrantes: Paulo Nogari e Alexandre Pedotti Dias 28 e 29 de abril no Auditório da ACIL Duração: 8 horas Inscrição na ACIL (pessoalmente) ou no site Público: empresários, profissionais de comércio exterior e estudantes “Nós fazemos diferente” (We do it different) é o tema da missão de empresas brasileiras organizada pela ABIT, por intermédio do Programa Texbrasil, com o apoio da APEX-Brasil, para a cidade alemã de Dusseldorf, na última semana de maio, para o setor têxtil e de confecção. A missão foi organizada aproveitando o clima de Copa do Mundo que toma conta daquele País. Informação na ACIL. EENCOMEX EM CAMBÉ Confirmado: o próximo Encontro de Comércio Exterior (Encomex) será realizado em Cambé, nos dias 21 e 22 de setembro. Junto com o Encomex-Cambé será promovido o III Caminho do Exportador. A organização é do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, junto com instituições e entidades que participam do Caminho do Exportador, com o apoio da Prefeitura e Companhia de Desenvolvimento de Cambé. JORNAL DA ACIL/Março 2006 12 SAÚDE Lixo hospitalar de Londrina sai do aterro Saída emergencial definida por geradores de resíduos é a escolha de uma empresa terceirizada para recolher o material Katia Baggio Especial para o Jornal da ACIL Depois de vários pedidos de prorrogação, os responsáveis pelo lixo contaminante de Londrina vão contratar uma empresa especializada para fazer a coleta, transporte e o restante do procedimento, até o depósito em local apropriado. A empresa deve estar operando a partir de primeiro de abril, já que a promotora do Meio Ambiente, Solange Vicentin, permite que o material seja depositado no aterro controlado de Londrina só até o dia 31 de março. A promotoria atendeu a pelo menos quatro pedidos de prorrogação do prazo legal para a ativação da lei 306/2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que deveria estar em vigor desde junho do ano passado. O anúncio foi feito esse mês pelos representantes dos geradores de material contaminante, hospitais, clínicas médicas, odontológicas e veterinárias, laboratórios e farmácias. Eles formaram uma Comissão de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos da Saúde da Região Metropolitana de Londrina e apresentaram um plano de curto, médio e longo prazo para a promotora e também para o secretário estadual de Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, no último dia 12. O encontro foi realizado na sede da Associação Médica de Londrina. No encontro anterior, em fevereiro, eles decidiram pedir uma nova reunião com o secretário Cheida para tentar mais uma prorrogação, com base na lei 358, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que trata do mesmo assunto e passa a vigorar em abril de 2007. A promotora, no entanto, adiantou que mesmo o secretário acatando o pedido de prorrogação, ela faria cumprir a lei da Anvisa. Assim, no encontro com o secretário, dia 12, eles não pediram nova prorrogação e entregaram o plano. A ação de curtíssimo prazo é justamente a contratação de uma empresa para fazer o trabalho que hoje é desempenhado pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). A companhia apenas faz a coleta e transporte do material para o aterro, onde é colocado em uma vala séptica, tratada com cal, e coberto com terra e lona. Esse depósito está com a capacidade praticamente esgotada e a promotoria não permite a abertura de nova vala para depósito de lixo hospitalar. O presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde de Londrina (Sinheslor), o neurologista Fahd Haddad, Vala usada para depositar lixo hospitalar no aterro do Limoeiro já está cheia e só pode receber os resíduos até o dia 31 deste mês diz que estão em análise seis ou sete empresas que já prestam esse serviço para outras cidades do Estado. O Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) de Maringá pode ser contratado, pela proximidade com Londrina. Só não tem depósito e, por isso, manda o material já tratado para São Paulo. “Algumas nos procuraram, outras fomos pesquisar, mas até o final do mês teremos a responsável pelo serviço”, acrescenta Haddad. Ele afirma que as empresas têm cobrado entre R$ 1,20 e R$ 1,30 o quilo. A CMTU recolhe 2,5 toneladas/ dia do material. Mas os responsáveis dizem que esse volume pode ser reduzido com divulgação e conscientização junto à comunidade que trabalha no setor. “Hoje muita coisa que não é contaminante acaba recolhida, mas com todos sabendo identificar exatamente o que é, determinado pela própria lei, isso deve diminuir”, acredita Haddad. A lei prevê que os geradores de material potencialmente contaminante são responsáveis pela coleta, transporte, destruição e/ou inativação de seringas, agulhas, algodão e outros materiais que tenham entrado em contato com sangue ou qualquer outro fluido humano ou animal, que possa ser via de contaminação. Há, ainda, os descartes de raios X, que devem ter tratamento especial. O principal plano de médio prazo prevê a instalação de um sistema de processamento de resíduos na Cidade até abril do próximo ano, quando entra em vigor a lei do Conama. O CTR de Londrina deverá ter uma autoclave, equipamento avaliado entre US$ 300 mil e US$ 400 mil pelo médico Aparecido Andrade. Ele preside o Instituto Nacional de Desenvolvimento da Saúde e Ecologia (Indese) e o Centro de Tratamento de Resíduos da Região Metropolitana de Londrina (Indese CTR), entidades criadas em novembro do ano passado e mantidas pela Associação Médica de Londrina. Os geradores de lixo hospitalar decidiram criar o centro de tratamento através desses órgãos, que já estão formalizados. Andrade disse que se estuda uma parceria com uma empresa alemã, que faria a instalação e funcionamento da autoclave, com custo a ser rateado entre os participantes do consórcio a ser formado. “É muito simples: basicamente apenas uma pessoa pilota o caminhão de coleta, transporta até o local e opera a Central.” Ainda não se sabe quantos são os geradores de lixo contaminante em Londrina. A promotora Solange Vicentin diz que vai acompanhar de perto a contratação da empresa a atuar na Cidade. Ela revelou que recebeu denúncias de que algumas empresas que prestam esse tipo de serviço fazem apenas a coleta e transporte do material, sem dar o tratamento adequado, e ainda estariam jogando os resíduos em lixões. “Esse é um problema que pode se tornar maior ainda, porque além de não resolver aumenta o perigo de contaminação em outros locais.” Também é preciso cuidar da questão do incinerador, que gera resíduo (cinzas), assim como a própria autoclave (líquido). “É preciso saber onde os resíduos dos resíduos serão depositados. A questão é bem complexa e vamos acompanhar, se preciso, com o auxílio de promotorias de outros locais.” No Paraná, apenas uma empresa tem local adequado para depositar os resíduos. As demais enviam o material para depósitos em São Paulo, principalmente. Outra ação de médio prazo é atuar junto à Prefeitura de Londrina para agilizar a implantação do aterro sanitário metropolitano. O atual aterro, que não é sanitário, mas apenas controlado, por não atender a todas as normas legais, tem vida útil de, no máximo, dois anos. A Prefeitura já destacou três possíveis áreas, fez o estudo de impacto ambiental nas três, mas até agora não definiu qual será o novo aterro. Para o secretário Cheida, essa é uma decisão difícil porque ninguém quer o aterro próximo de casa. “Mas o IAP (Instituto Ambiental do Paraná) já deu a licença prévia das três áreas e é preciso agilizar o novo aterro o quanto antes”, observa o secretário. Outra ação de médio prazo foi mais um pedido para as autoridades: que os órgãos fiscalizadores atuem somente na orientação e supervisão do processo. A promotora afirmou que é preciso fiscalizar para que o dano ambiental não seja maior. “A preocupação em tratar o assunto de forma regional é importante, mas a mistura de lixo também. E o Plano Diretor (de Londrina) precisa determinar onde será o novo aterro, para estar legal.” Entre as ações de longo prazo previstas no documento estão a participação em audiências públicas e outras atividades para aperfeiçoar as leis e “torná-las condizentes e esclarecedoras das atribuições de todos os geradores”. Deverão ser desenvolvidas campanhas educativas e de esclarecimento da população para a correta separação dos resíduos de saúde e domésticos, visando à preservação do meio ambiente. Para Cheida, a solução encontrada por Londrina é satisfatória. “Ela cumpre as duas determinações (Anvisa e Conama) e ainda pode ajudar na solução de outros resíduos, já que será preciso cuidar da mistura entre os domésticos e os produzidos nos casos de internação domiciliar, por exemplo.” JORNAL DA ACIL/Março 2006 ACIL/Fevereiro 2005 13 7 JORNAL DA ACIL/Março 2006 14 NOVA CONSCIENCIA Parceria pela responsabilidade social ACIL e PUC-PR se unem em projeto para diagnosticar as atividades socialmente responsáveis desenvolvidas em pequenas e médias empresas de Londrina Fernanda Bressan Especial para o Jornal da ACIL Despertar para a responsabilidade social. Essa é a meta do projeto “Responsabilidade social empresarial, casos de excelência em Londrina” que a PUC vai desenvolver em parceria com a ACIL entre março e junho deste ano. Nesse período, 24 alunos do curso de Administração de Empresas visitarão 11 pequenas e médias empresas de Londrina para fazer um retrato das ações de responsabilidade social que são desenvolvidas no local. Um case será montado ao final e os projetos que se destacarem serão encaminhados para concorrer a prêmios nacionais como “Valor Social”, do jornal Valor Econômico, e “FGV de Responsabilidade Social”. Já no primeiro encontro, realizado dia 16 deste mês, na ACIL, foi possível perceber que ações de responsabilidade social passam longe do assistencialismo. A professora Lílian Aligleri, coordenadora do projeto, mostrou pequenos atos, como economia de energia, compra de produtos reciclados e incorporação Lílian Aligleri, coordenadora do projeto: quebrar o paradigma de que só grandes empresas têm ações de responsabilidade social de deficientes ou pessoas da terceira idade à empresa, como atitudes que se enquadram em uma política de responsabilidade social. Para a professora, todos têm a ganhar com o projeto. “Os alunos poderão ver a realidade das empresas e os empresários terão um ganho ainda maior porque os alunos vão contribuir no levantamento dessas ações, vão redigir um caso e o resultado final poderá ser usado pela Fábio Melaré: “Vi que faço várias atitudes como aproveitamento de papel, coleta seletiva de lixo e economia de energia” Gabriela Favoreto “Vamos ver como funciona na prática e perceber se as empresas têm projetos socialmente responsáveis” empresa em várias situações”, resume. Ela lembra que existe um paradigma de que só grandes empresas têm ações de responsabilidade social, o que não condiz com a verdade. “Queremos quebrar essa visão”, acrescenta Lílian. Os empresários já perceberam que são socialmente responsáveis no diaa-dia. Plácido Roberto Carmagnani, da Compusystem Informática, relata que o trabalho será bem interessante. “Vai ser bom para identificar os tipos de responsabilidade social que a empresa pode praticar e vamos descobrir que fazemos isso e nem sabíamos”, afirma. Fábio Melaré, da Auto Mecânica Melaré, segue o mesmo raciocínio. “Vi que faço várias atitudes como aproveitamento de papel, coleta seletiva de lixo e economia de energia”, relata. Os alunos estão empolgados com a atividade. Gabriela Lebbos Favoreto lembra que as empresas são os principais atores envolvidos em atividades de responsabilidade social. “Vamos ver como funciona na prática e perceber se as empresas têm projetos socialmente responsáveis. Se tiverem, vamos aprimorá-los e deixar os empresários conscientes do que é a responsabilidade social”, descreve. Para o decano da PUC, Miguel Bompeixe Kohler, a união da universidade com a ACIL é benéfica em mão dupla. “De um lado nós temos uma instituição educacional que se preocupa constantemente com a responsabilidade social e do outro temos uma entidade representativa e tradicional no comércio e nas empresas em geral. O encontro é fundamental para que possamos desenvolver nossas potencialidades e mostrar que essas parcerias devem ser realizadas”, declara. O benefício para as empresas é observado pelo presidente da ACIL, José Augusto Rapcham. “É uma oportunidade para as empresas terem essa ligação com os estudantes que têm a informação mais atual com a tendência do que o mercado está exigindo. As empresas precisam se engajar nesses projetos”, salienta. Ao todo, 11 empresas integrantes do Projeto Empreender, da ACIL, abrirão as portas para a pesquisa dos alunos. Essas empresas estão divididas nos segmentos de farmácias de manipulação, informática, mecânica, auto-elétrica e auto-center. nu TRANSPARÊNCIA FISCAL O Leão A ACIL – Associação Comercial e Industrial de Londrina e o Sescap – Sindicato das Empresas de Contabilidade de Londrina, em parceria com um grupo de entidades locais, abriram, no dia 16 deste mês, no Catuaí Shopping Center, o Feirão do Imposto. A iniciativa é parte da mobilização nacional que cobra do governo transparência fiscal e pede a aprovação de uma emenda que determina a discriminação, nas notas fiscais, dos impostos cobrados nos produtos e serviços. No Catuaí, o evento foi realizado no final de semana de 17 a 19 e será novamente montado no final de semana seguinte, de 24 a 26 de março. Em seguida, o Feirão será levado a outros pontos da Cidade, como a Zona Norte, e também à 46a Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, que começa no dia 6 de abril. A escolha do Catuaí como ponto inicial foi estratégica, já que o objetivo do Feirão é conscientizar o consumidor sobre a carga tributária que incide sobre tudo o que ele compra, de um par de sapatos à cervejinha, passando pela energia elétrica e pelos alimentos da cesta básica. Logo nos primeiros instantes do funcionamento do Feirão, já era possível perceber a indignação dos consumidores ao descobrirem o que Shopping Catuaí é o primeiro endereço dos Feirões do Imposto, que vão percorrer a Cidade para mostrar quanto dói no bolso do consumidor a voracidade fiscal do governo Feirão montado no Catuaí: reação de indignação do consumidor é imediata representam os impostos nos preços dos produtos que eles compram. No evento, as pessoas são informadas, através de quadros e até de um balcão com produtos, qual é a mordida do Leão. O Feirão é o primeiro grande passo das atividades que serão desenvolvidas na Cidade pelas entidades participantes da mobilização, depois da vinda a Londrina do empresário Guilherme Afif Domingos, presidente da Associação Comercial de São Paulo. A entidade paulistana lidera a mobilização nacional. Outros feirões serão realizados em pontos distintos da Cidade, assim como outros tipos de atividades. O Feirão do imposto serve para a coleta de adesões ao abaixoassinado que pede a aprovação da emenda que exige a descriminação dos impostos nas notas fiscais. O objetivo da campanha nacional é obter 1,5 milhão de assinaturas. Londrina foi a primeira cidade do Paraná a aderir à mobilização. A realização do Feirão no Catuaí contou com a colaboração direta da administração do Shopping. Empresas ou mesmo cidadãos interessados em participar da coleta de assinaturas para a aprovação da emenda constitucional podem obter uma cópia do formulário no endereço http:// www.deolhonoimposto.org.br/ deolhonoimposto.pdf Basta baixar o arquivo, imprimir e coletar as assinaturas. As folhas preenchidas devem ser encaminhadas à ACIL. Mais informações sobre a campanha podem ser obtidas nos sites da Associação Comercial de São Paulo: w w w . a c s p . c o m . b r ; www.deolhonoimposto.com.br e www.feiraodoimposto.com.br. JORNAL DA ACIL/Março 2006 16 17 CARNE, CERVEJA e CIDADANIA O ‘Clube do Bolinha’ londrinense Além de descontrair seus freqüentadores nas noites de quartas-feiras, o Clube da Costela ajuda entidades assistenciais de Londrina Keity Alaver Especial para o Jornal da ACIL Reunir um grupo de amigos para saborear uma deliciosa costela, beber uma cerveja bem gelada e bater um bom papo pode ser visto como sinônimo de boemia. Mas para os freqüentadores do Clube da Costela, em Londrina, essa atividade vai muito além. Todas as quartas-feiras 21 voluntários, entre empresários e profissionais liberais, se reúnem para oferecer uma apetitosa costela em um ambiente de mil metros quadrados, localizado no Jardim Universitário. O curioso: mulheres não entram. A idéia surgiu há quase 12 anos. Baseado nas atitudes do clube Ferra Mula, de Apucarana, alguns amigos se reuniram com o objetivo maior de ajudar pessoas carentes com o dinheiro arrecadado a partir da venda da carne. As reuniões tiveram início na sede social do Clube Alemão, a AREL, onde eram produzidos em média 15 quilos de costela por quartafeira. O número de freqüentadores aumentou e o clube chegou a vender 655 quilos de carne em um só dia. Este foi o pontapé inicial para a procura de um lugar próprio que atendesse à demanda. O terreno onde fica a atual sede foi doado pela Prefeitura de Lon- drina. Atualmente o restaurante chega a vender por quarta-feira em média 350 quilos de costela e mais 200 quilos nos domingos, quando as pessoas levam para comer em casa. O grupo funciona como um clube de serviços. Com direito a estatuto, presidente, vice, tesoureiro, e outras funções exercidas pelos voluntários. Mais sete funcionários registrados que completam a ficha da entidade. O que diferencia o clube dos demais não é só a proibição na entrada das mulheres, nem a diversão, mas o lado beneficente. No final de cada mês, o dinheiro arrecadado com a venda da carne e das bebidas é doado a entidades filantrópicas. “Foi uma associação criada para fazer algo por alguém”, explica o presidente do clube, Nelson Zanon Junior. No decorrer destes 12 anos, diversas entidades foram ajudadas. Para fazer parte desta lista, a entidade deve mandar um ofício ao clube, que faz uma triagem e coloca o solicitante em uma lista de espera. No início de cada ano é feita a programação e são ajudadas no mínimo 12 entidades ano. Além disso, o Clube da Costela disponibiliza seu espaço gratuitamente para eventos beneficentes realizados por entidades como a Associação de Bairros do Jardim Universitário, Secretaria de Assistência Social da Prefeitura, o grupo do Carneiro Solidário, entre outros. Esses eventos são normalmente realizados às sextas-feiras, com venda de ingresso feita pelos interessados. Mas este “Clube do Bolinha” funciona muito bem somente com os homens. “Não é mais um restaurante igual a qualquer outro da Cidade. Aqui temos regras a cumprir”, explica Zanon. Mesmo assim, não é tão rigoroso como parece. Além de ter uma mulher trabalhando na cozinha da sede, é possível ver, logo na entrada do clube, um cartaz que diz: “Atendemos senhoras ‘somente’ acima de 90 anos acompanhadas dos pais”. Difícil, porém não impossível. Mas será que as mulheres realmente se preocupam em não freqüentar o clube? José Maria Aranda Junior, que vai ao clube desde quando era na outra sede, acredita que deveriam abrir para as mulheres. “Preferia que deixassem, pois minha noiva reclama muito e o ambiente ficaria mais bonito. Já minha mãe, além de reclamar, exige que eu leve a costela pra ela.” Os voluntários do Clube da Costela não se redimem e ainda afirmam que suas mulheres não Doações fazem a diferença para entidades A jornalista Keity Alaver, do lado de fora do Clube da Costela, em pleno Dia Internacional da Mulher, 8 de março: tradição mantida, porta fechada para as mulheres acham nem um pouquinho ruim esta atitude. “Minha mulher nunca reclamou”, conta Alyrio Eumann, fundador e voluntário. “Tentamos abrir para as mulheres uma vez, mas não deu certo”, conta Nicolau Bulgacov Júnior, também fundador e voluntário. Como não poderia deixar de ser, casos inusitados já acontece- ram dentro do clube devido à proibição. “Certa vez uma namorada de um dos freqüentadores entrou e começou a brigar com ele no meio do salão da sede. Quando ela saiu todos a aplaudiram”, conta Eumann. Já a artista plástica Tahis Dalla Zanna conheceu a proibição de um modo um tanto traumático: ”Fui buscar Nelson Zanon Junior: “Uma associação criada para fazer algo por alguém” a chave de casa com meu irmão. Quando entrei, todos ficaram olhando para minha cara. Fiquei vermelha na hora. Não sabia que mulheres não podiam entrar”. O clube também tem seus momentos de diversão. Eumann explica que quando um homem vai pela primeira vez, nas quartas-feiras, recebe um batismo: tomar um caneco de chopp de 300 ml de uma só vez. Caso ele não consiga sofre um castigo: tomar o mesmo tanto em uma caneca que tem o formato do órgão sexual masculino. Outra brincadeira é feita com o sino, que serve também para avisar a hora de fechar o estabelecimento. “As pessoas que tocarem o sino durante o expediente pagam uma cerveja para os voluntários. Muitos não sabem e tocam somente para agitar o local, mesmo assim pagam”, explica Eumann. Uma das entidades que foram beneficiadas com o apoio do Clube da Costela foi o Cari Centro de Apoio à Recuperação Infantil Dr. Hugo Dehé, especializada em atender gratuitamente crianças carentes, de zero a dois anos, que receberam alta hospitalar, mas necessitam de cuidados especiais com alimentação, higiene e medicamentos. De acordo com o presidente do Cari, Antonio Galindo Moreno, a doação foi muito importante. “Somos uma entidade que temos gastos altíssimos, de R$ 15 mil a R$ 18 mil por mês, entre salários, compra de remédios, na alimentação das crianças. Para nós a possibilidade dada pelo clube foi gratificante.” Como outras entidades o Cari teve que aguardar a vez para ser atendido. O evento foi feito em uma sexta-feira, com todos os convites vendidos, cerca de 350. “A doação foi totalmente destinada aos gastos da entidade”, conta Galindo. A entidade tem capacidade para atender, em média, 20 crianças que são encaminhadas por hospitais conveniados. Além do atendimento a crianças, o Cari desenvolve um trabalho de prevenção e conscientização dos pais e familiares e, com isso, ajuda a evitar a reincidência e futuros problemas de saúde. AFTOSA NO PARANÁ Um ponto final e dois de interrogação Abate de animais encerra a “novela” do surto da doença no Estado. Mesmo assim, permanecem as dúvidas sobre o papel do Ministério da Agricultura e das demais autoridades do setor. Prejuízos são enormes José Antonio Pedriali Especial para o Jornal da ACIL Cento e quarenta e oito dias depois de anunciada a suspeita, o sacrifício do rebanho da Fazenda Pedra Preta, em Maringá, em 8 de março, começou a colocar o ponto final no episódio da febre aftosa no Paraná. Permanecerão, no entanto, duas interrogações: por que o Ministério da Agricultura decretou o foco apesar de todas as evidências em contrário e por que os responsáveis pelo setor, incluindo o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, o governador Roberto Requião e o secretário de Agricultura e vicegovernador Orlando Pessuti, se comportaram de forma a alongar ainda mais o drama. O sacrifício dos 6,5 mil animais de sete fazendas apontados como contaminados permitirá que o Estado retome, no prazo de seis meses, o status de região livre da aftosa com vacinação. As exportações, bloqueadas desde o final de novembro por cerca de 60 países – entre eles o maior comprador de carne bovina e suína do Paraná, a Rússia – poderão, finalmente, ser retomadas. O Paraná, segundo estimativa do Sindicato da Indústria da Carne (Sindicarnes), amargou, devido ao bloqueio, um prejuízo diário de R$ 5 milhões. Ou seja, R$ 740 milhões até o sacrifício do primeiro lote de animais. Os maiores frigoríficos do Estado, situados na região Noroeste, reduziram praticamente pela metade os abates e cortaram o pessoal na mesma proporção. O Margen, de Paiçandu, fechou as portas. Seiscentas pessoas perderam seus empregos. Milhões de litros de leite foram jogados fora nos primeiros dias após o anúncio da doença, pois o principal consumidor do leite in natura, São Paulo, fechou suas fronteiras durante uma semana. A suspeita da febre aftosa foi anunciada em 21 de outubro com base em reação positiva aos exames sorológicos feitos em alguns animais comprados em Londrina na Expozebu, promovida pela Sociedade Rural do Paraná. Os animais eram originários da Fazenda Bonanza, em Eldorado, onde surgiu o primeiro dos cerca de 30 focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. A procedência dos animais acendeu a luz amarela. A partir daí houve uma sucessão de desencontros, iniciados com os comentários do secretário e do ministro da Agricultura de que a contaminação do rebanho era praticamente certa (90%, segundo o ministro). E, quando os animais continuavam insistindo em não manifestar os sintomas da doença, Requião ameaçou – recuando estrategicamente em seguida – promover um churrasco na Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira, declarada o primeiro foco da doença. A falta de sintomas intrigou desde o início os especialistas, entre eles o virologista Amauri Alfieri, da Universidade Estadual de Londrina. Segundo ele, esse fato caracterizava o Paraná como um “caso único” de aftosa no mundo. A perplexidade atingiu o setor de defesa sanitária do Ministério da Agricultura, responsável pelo diag- nóstico da doença, provocando uma divisão entre seus membros. Divisão que foi exposta publicamente durante audiência pública promovida em Brasília pela Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara dos Deputados. Os mais de cinco mil exames feitos pelo Laboratório Nacional de Agropecuária, de Belém e Porto Alegre, não conseguiram isolar o vírus da doença. Mas era impossível recuar depois que o Ministério da Agricultura comunicou à Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE), com sede em Genebra, Suíça, que havia um foco da doença na Fazenda Cachoeira. O diagnóstico foi feito com base nos testes sorológicos que apresentaram resultado positivo e na vinculação epidemiológica dos animais. O procedimento obedece a normas da OIE, que, nesses casos, prevê apenas uma maneira para erradicar o problema – o sacrifício dos animais. A aceitação do governo do Estado de que era preciso sacrificar o gado contaminado aconteceu por pressão do Sindicarnes e da Federação da Agricultura do Paraná e teve o aval do Conselho Estadual de Sanidade Animal. Os proprietários das sete fazendas abriram mão de eventual recurso à Justiça contra o sacrifício de seus rebanhos com a condição de que animais que reagiram positivamente aos testes sejam necropsiados por amostragem (André Carioba Filho, gerente da Fazenda Cachoeira, desistiu dos proces ACIL/Março 2006 JORNAL DA ACIL/Fevereiro 2005 sos que haviam sido acolhidos favoravelmente pela Justiça Federal). O Centro Pan-americano de Febre Aftosa, com sede no Rio de Janeiro, ficou responsável pela supervisão da necropsia que, se indicar que o rebanho não estava de fato contaminado, permitirá aos proprietários exigirem na Justiça reparação por perdas e danos. O surto da aftosa no Paraná, um surto “político” e “virtual”, na opinião do presidente da Sociedade Rural, Edson Neme Ruiz, poderá, no entanto, incentivar a uma mudança nos métodos de diagnóstico da doença, afirma Valmir Kowalewski de Souza, superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná. Segundo ele, apenas a vinculação epidemiológica e a reação sorológica positiva não são suficientes para comprovar a doença. A proposta de mudança, diz ele, será apresentada à OIE. Nota da Redação: no fechamento desta edição (15 de março) estava sendo iniciado o sacrifício dos 1,8 mil animais da Fazenda Cachoeira, a quarta a ter seu rebanho morto. Depois seriam abatidos, para encerrar o processo, os 4,2 mil animais de duas fazendas em Loanda. 19 7 Exposição sentirá efeitos Rebanho na Fazenda Cachoeira: gado sadio a caminho do abate Animais sacrificados na Fazenda Flor do Café, em Bela Vista do Paraíso A 46ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, marcada para entre 6 e 16 de abril, sentirá os efeitos da febre aftosa que o Ministério da Agricultura decretou no Paraná e que o governo do Estado e pecuaristas não admitem. “O número de animais comercializados e os que ficarão em exposição deve, com certeza, diminuir”, admite o presidente Sociedade Rural do Paraná, Edson Neme Ruiz. O lançamento da feira foi feito em 14 de março, quando normalmente as argolas já estão vendidas – ou seja, a capacidade de alojamento de animais está completa – e todo o calendário de leilões está fechado. Desta vez, no lançamento da feira havia muitas argolas disponíveis e vários produtores haviam cancelado ou estavam na iminência de cancelar os leilões que promoveriam. O resultado da feira é de difícil estimativa. No ano passado o faturamento foi de R$ 160 milhões. JORNAL DA ACIL/Março 2006 20 46 a GRANDE EVENTO Expô festeja Nem mesmo as conseqüências provocadas pela controversa crise da aftosa em rebanhos do Paraná serão capazes de reduzir as dimensões da 46a Exposição Agropecuária e Industrial do Paraná – 14a Internacional, que será realizada de 6 a 16 de abril. A feira, promovida pela SRP – Sociedade Rural do Paraná, marca os 60 anos de fundação da entidade e terá uma série de atrativos novos ou renovados. Isso significa que, mesmo ocorrendo redução na participação de bovinos, a festa da Rural se manterá grande, já que envolve um conjunto amplo de itens, desde os leilões e rodeios até shows musicais e as mostras industrial e comercial. O número de expositores dos setores industrial e comercial deve se manter próximo aos cerca de 600 participantes registrados no ano passado. O público visitante esperado é de mais de um milhão de pessoas. Considerada a maior do gênero na América Latina, a Exposição de Londrina terá, segundo a organização, uma grande variedade de bovinos, eqüinos, caprinos, ovinos e suínos. Os pecuaristas 60 anos da Rural Considerada a maior feira do gênero da América Latina, Exposição de Londrina aposta nos atrativos e espera público de 1 milhão de pessoas que forem ao Parque de Exposições Ney Braga poderão ficar tranqüilos. Apesar das dificuldades geradas pela crise sanitária, o trânsito dos animais para o parque será normal. Apenas haverá restrição para os animais oriundos das áreas que estiverem sob intervenção sanitária durante a realização da Exposição. Outro detalhe importante é que todas as instalações do Parque Governador Ney Braga foram desinfetadas e inspecionadas pela Secretaria de Agri- cultura e Abastecimento do Paraná juntamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Assim, os animais que forem apresentados na Exposição de Londrina poderão participar de outras feiras agropecuárias do país, sem qualquer restrição. O presidente da Sociedade Rural do Paraná, Edson Neme Ruiz, afirma que Exposição 2006 terá como tema, além das festividades dos 60 anos da entidade, a reivindicação de que se estabeleça uma política agrícola mais comprometi- da com o setor. “Sabemos da importância do setor agropecuário para a composição da balança comercial brasileira e para a população em geral na produção de alimentos. Porém, queremos aproveitar o evento para cobrar uma política agrícola mais justa com a nossa atividade. Setores importantes como sanidade animal e o de seguro de renda mínima precisam de uma devida atenção dos nossos representantes governamentais”, afirma. ACIL/Março 2006 JORNAL DA ACIL/Fevereiro 2005 21 7 ANOTE LEILÕES JÁ CONFIRMADOS Balonismo Outra grande atração da Exposição 2006 é o 7º Campeonato Sul Brasileiro de Balonismo da Sociedade Rural do Paraná. No total, 15 balões vão sobrevoar Londrina e região, entre dos dias 7 a 9 de abril. Os melhores competidores do Paraná, São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro já confirmaram suas participações no evento. Entre eles estão o pentacampeão brasileiro Rubens Kalousdian e o tetracampeão brasileiro Fábio Passos. MD&I A 46ª Exposição de Londrina terá este ano um reforço estético em sua programação. Será a 11ª Mostra de Decoração e Interiores, um dos eventos mais importantes do setor no Estado e que pela primeira vez fará parte da programação da Expô. A Mostra será montada no Pavilhão Internacional “Octávio Cesário Pereira Júnisor” e terá, ao todo, 1.800 metros quadrados, divididos em 800 metros quadrados de área construída (ambientes) e o restante será ocupado com estandes de expositores. Esta será a segunda edição em que os ambientes de uma casa serão reproduzidos em área alternativa – a MD&I é realizada, tradicionalmente, em casas construídas para moradia. Cultura e Lazer A programação cultural da Feira tem novidades interessantes. A primeira delas é a peça teatral “60 anos da Sociedade Rural do Paraná”, interpretada pelo ator Paulo Braz, com diversas participações no FILO – Festival Internacional de Londrina. A apresentação está programada para o dia 9, domingo, com início às 19h45. O grupo Vascodun vai apresentar “Tambores do Rio”, espetáculo que reúne 18 percussionistas, 13 deles crianças. Outra novidade musical são três bandas marciais, somando cerca de 240 integrantes, vindas do interior do Paraná e de São Paulo. Para os saudosistas e para quem não teve a oportunidade de conhecer uma banda marcial, está aí uma excelente oportunidade. Angus Show Cachoeira Fest Espinho Preto Estrelas do Brahman Fêmea Nelore do Futuro Londrina Embryo Nelore Master Corte Paraguaçu Pontal RBL Gado de Corte Rio Bonito Tabapuã Elite Show Top Bezerro Três de Ouro Nelore Ventres VR 6º Golden Night de Cavalos Paint Horse e Quarto de Milha 2º Leilão Mangalarga Londrina Show EVENTOS TÉCNICOS Via Rural ou “Fazendinha” Outros importantes eventos já confirmados são: Fórum Nacional de Secretários da Agricultura; 2º Seminário Regional sobre Biodiesel; 3º Encontro Regional da Soja; 5º Encontro Paranaense de Fruticultura; 7º Seminário de Pecuária de Corte; 11º Encontro Regional do Leite; 14º Encontro do Café; Painel: “Rumos da Defesa Sanitária Perante os Mercados Nacional e Internacional”; Palestra: “O Meio Ambiente e a Reforma Agrária - Como Regenerar com Segurança e Menor Custo - Vender ou Desapropriar?” SHOWS PROGRAMADOS Dia 06/04 – Bruno & Marrone Dias 7, 8 e 09/04 – Rodeio (veja texto abaixo) Dia 10/04 – André Valadão (Gospel) Dia 11/04 – Gino & Geno Dia 12/04 – A confirmar Dia 13/04 – Edson & Hudson Dia 14/04 – Charlie Brown Jr. (à meia-noite) Dia 15/04 – A confirmar Dia 16/04 – A confirmar JORNAL DA ACIL/Março 2006 22 “CAMELÓDROMO CENTRAL” Espaço nobre para pirataria De coração comercial e bancário de Londrina a endereço do comércio informal. Se depender da CMTU, Calçadão vai se transformar no paraíso dos camelôs “legalizados” Fernanda Bressan Especial para o Jornal da ACIL Se você quer saber qual o futuro do Calçadão de Londrina, é melhor selecionar para quem perguntar. Se for para o presidente da CMTU, Gabriel Ribeiro de Campos, a resposta será que a região já apresenta uma tendência para o chamado comércio popular, inclusive com o fechamento “de todas as lojas mais sofisticadas abertas ali”. Se for para o presidente da ONG Trabalho para Todos, Emerson Lafayette Dias Soares, a resposta será semelhante: um grande mercado para os produtos oferecidos pelos camelôs. Soares e Campos são dois dos principais personagens de uma tragédia que se aproxima, a instalação de um camelódromo na Galeria Cine Augustus, no coração do Calçadão. Já batizado de “Camelódromo Central”, o local deverá abrigar 300 lojas. Se depender deles, o perfil da principal artéria comercial da Cidade será transformado para sempre. E para pior. Não pela presença de lojas populares, que aliás já existem na região, mas pelo fato de se instituir, na região de maior concentração de lojas de calçada de Londrina, o comércio informal. Um camelódromo não é apenas uma concentração de pequenos comerciantes de produtos baratos. É, na verdade, uma zona de ninguém, onde se vende livremente produtos piratas, falsificados, sem comprovação de procedência e que rivalizam, de forma desleal, com as lojas legalmente constituídas, que recolhem impostos, registram seus empregados e garantem seus produtos por serem originais. A informalidade cria uma distorção que Galeria Cine Augustus: do glamour do grande cinema, à disputada loja de departamentos e, agora, futuro núcleo de lojas de camelôs ilude o consumidor e pode causar, agora sim, o fechamento de lojas na região do Calçadão. Não porque essa seria a “tendência” do Centro, mas porque o “Camelódromo Central” poderia estimular. Aliás, valeria perguntar ao presidente da CMTU quais lojas “sofisticadas” fecharam no Calçadão e se não restam mais empresas com essas características na região. “O Centro de Londrina vai parecer uma (rua) 25 de Março ou um Brás. É uma loucura permitir a instalação de camelôs aqui”. A referência a locais de venda popular em São Paulo mostra a indignação da comerciante Selma Jovina Mussi com a possível instalação do camelódromo na Galeria. A locação do imóvel, que já abrigou salas de cinema e por anos sediou uma filial da Mesbla, está sendo negociada pela ONG Trabalho para Todos com a proprietária do imóvel, Rosane Rotondo. Selma Mussi é proprietária de uma loja na Galeria Cine Augustus e tem contrato renovado por mais três anos. Ela e o marido Isaías não concordam com a instalação do camelódromo no local. “Vai tirar o cartão postal de Londrina. Camelódromo é característica de bairro, vai afastar as classes média e alta do Calçadão”, acredita Selma. Ela enfatiza não ter nada contra os camelôs, mas lembra que é um tipo de comércio que funciona na ilegalidade, com a venda de produtos contrabandeados ou pirateados. A mesma opinião é apresentada por outros comerciantes do local, que preferiram não se identificar. Todos fizeram as mesmas reclamações: não foram informados de nada, não sabem o que está acontecendo, ficaram sabendo da notícia pelos jornais e estão perdidos. Muitos estão precisando renovar “Minha mercadoria tem origem fiscal, minhas funcionárias são contratadas com carteira assinada. Londrina vai perder uma empresária que paga seus impostos em dia porque se eu sair daqui não vou para nenhum outro lugar” Desabafo de uma comerciante JORNAL DA ACIL/Março 2006 estoque de mercadorias, fazer melhorias na loja, mas não o fazem porque não sabem como será o dia de amanhã. “Eu ia fazer uma reforma geral na loja no Carnaval, a sorte é que resolvi deixar para depois, senão tinha perdido dinheiro”, afirma a dona de um dos pontos comerciais da Galeria. Há inclusive uma situação que pareceria brincadeira se não fosse tão grave. Um comerciante abriu uma loja na Galeria no começo do mês. Ele conta que inaugurou numa sexta-feira e na segunda ficou sabendo da possível instalação do “Camelódromo Central” no local em que ele acabou de assinar contrato para três anos. Com isso, não sabe se coloca placa luminosa e publicidade na loja com medo de literalmente “jogar dinheiro fora”. Os comerciantes reclamam que a Prefeitura não poderia conceder alvará de licença para a prática de um comércio que é informal. “Minha mercadoria tem origem fiscal, minhas funcionárias são contratadas com carteira assinada. Londrina vai perder uma empresária que paga seus impostos em dia porque se eu sair daqui não vou para nenhum outro lugar. Gosto de trabalhar em galeria”, enfatiza uma comerciante. Ela denuncia que durante vários dias os camelôs “invadiram” a Galeria e entravam nas lojas para fazer medições enquanto os funcionários trabalhavam. “Eles já têm a planta de como vai ficar o local e ficavam escolhendo pontos”, acrescenta. Moradores da região também não gostaram da idéia de ter um camelódromo vizinho. Gerson de Arruda, morador do edifício Caminhoto, ainda não sabia dos rumores sobre a instalação do novo comércio na Galeria. “Você tá brincando? Esse povo não tem mais o que ajeitar”, disse ao receber a notícia. Ele lembrou que a área, além de comercial, é também residencial e isso precisa ser levado em conta. “Vai aumentar e muito o fluxo de pessoas e isso vai atrapalhar. Além disso, são pessoas que não pagam o imposto e vão concorrer com grandes lojas que dão emprego e pagam seus impostos em dia”, compara. Moradora do mesmo edifício, Dalva Ayres foi enfática ao dizer que Centro não é lugar de camelódromo. “Vai trazer uma situação muito desagradável para os moradores”, aponta. Por todos esses motivos, a ACIL vem fazendo duras críticas à legalização do camelódromo. O presidente da entidade, José Augusto Rapcham, se diz temeroso com a situação e quer rigor do poder Executivo e das receitas Federal e Estadual na fiscalização desse comércio. “O perfil desse tipo de empreendimento é de lojas que trabalham na informalidade, muitas com produtos falsificados e contrabando. É um tripé que não agrega nenhum valor para a Cidade”, destaca. Ele critica o fato de afirmarem que é uma questão social para gerar renda e emprego. Segundo ele, tratase de uma medida imediatista, pois esse comércio funciona na ilegalidade com funcionários que não são registrados. Na concorrência com o comércio legal, acabam levando ao fechamento de lojas, gerando desemprego. “É uma concorrência desleal”, frisa. Tanto que alguns comerciantes da Galeria já avisaram seus funcionários para procurar um novo emprego com a iminência do fechamento da loja. Rapcham informa que a ACIL enviou carta à Prefeitura e às receitas Federal e Estadual solicitando rigor na emissão de alvarás e no controle das mercadorias que serão vendidas. “Não podemos proibir a instalação do camelódromo, mas podemos exigir que fiscalizem e que sejam criteriosos como são com o resto do comércio”, avisa. A sócia-proprietária da Galeria Cine Augustus, Rosane Rotondo, reforça que ainda não há nenhum contrato assinado. “Estamos em fase de negociação, precisamos combinar algumas cláusulas”, adianta. Especula-se que o contrato mensal de aluguel seria em torno de R$ 30 mil, R$ 100,00 por camelô. “Eles me procuraram e fizeram uma proposta. Estou simplesmente fazendo uma negociação de um imóvel que é meu”, argumenta. 23 “Fico com a formalidade do camelódromo” Da parte da Prefeitura, o presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), Gabriel Ribeiro de Campos, diz ter sido procurado por cinco representantes da ONG Trabalho para Todos. “Eles me procuraram pedindo para agilizar o processo e se pudermos interceder junto à Secretaria de Fazenda para isso, vamos fazer”, salienta. Ele completa que é a favor do camelódromo na galeria. “Na rua não tem nem para onde mandar uma notificação. Entre a informalidade das ruas e a formalidade do camelódromo, eu fico com a formalidade do camelódromo”, acrescenta. Entretanto, Ribeiro lembra que o local precisa estar de acordo com as normas do Corpo de Bombeiros, Código de Posturas do Município e Vigilância Sanitária. “Cabe aos órgãos fiscalizadores fiscalizarem”, finaliza. “Cada um vai vender o que quiser” Muitos camelôs já se inscreveram para ter um dos boxes do novo camelódromo. Foi aberta uma conta em banco e, segundo informações dos comerciantes da galeria, cada candidato teria depositado R$ 1 mil. O presidente da ONG Émerson Soares não quis falar com a reportagem. “Vou falar só quando o contrato estiver assinado”, declarou. Sobre as mercadorias que serão vendidas, ele conta que terá “de tudo”. “Cada um vai vender o que quiser, vai ter confecção, calçado, doce, calcinha”. Para mais detalhes, Soares pediu que a reportagem entrasse em contato com o assessor de imprensa Edson Carlos Bolski, mas ele não atendeu aos telefonemas feitos para seu celular. Locadoras de vídeo cobram bom senso das autoridades A notícia da instalação de dois camelódromos na Área Central foi recebida com revolta por uma classe empresarial em específico, a das videolocadoras. São elas as que mais diretamente sentem os efeitos da pirataria que corre livre em Londrina. Ao todo, a Cidade tem cerca de 200 videolocadoras pequenas, médias e grandes, atuando na periferia, no Centro e em bairros nobres. Para todas elas, a situação é a mesma. E a justificativa do poder público diante da situação é a de dar ocupação às classes menos favorecidas. “A nosso ver (empresários sérios e geradores de empregos e impostos), a realidade é outra e deixa-nos perplexos, revoltados e indignados com concorrência tão desleal e predatória”, afirma documento encaminhado à ACIL por um grupo de empresários do setor. “É triste constatar que camelôs autônomos fazem do Calçadão um verdadeiro mercado livre, oferecendo livremente CDs e DVDs, estes últimos a R$ 5,00 ou R$ 6,00 cada (mesmo valor de uma locação), como se esse negócio fosse perfeitamente lícito ou legal”, acrescenta a correspondência. As locadoras, argumentam os empresários, pagam a “bagatela” de R$ 80,00, R$ 90,00 e até R$ 100,00 por um DVD legal. Os proprietários consideram a notícia de que novos camelódromos vão se instalar no Centro da Cidade uma agravante para a situação. “Onde está o bom senso das autoridades municipais? Até onde vamos suportar tanta impunidade e o acobertamento do ilícito?”, questionam. CANAL DIRETO Consegs encurtam caminho até a segurança Criados pelo Governo do Estado, os Conselhos Comunitários de Segurança são um elo das comunidades com o Poder Executivo e com setores ligados à Segurança Pública Fernanda Bressan Especial para o Jornal da ACIL Um reforço sem armas ou poder de repressão contra a violência foi criado pelo Governo do Estado do Paraná por meio do Decreto Estadual 1.790, de 5 de setembro de 2003. Tratase dos Consegs – Conselhos Comunitários de Segurança, que têm como função ser um intermediário entre a população e os poderes existentes para solucionar deficiências ligadas à criminalidade e violência nas cidades. Eles repassam problemas verificados nos bairros para os órgãos competentes e também pensam em soluções que podem ser colocadas em prática. O primeiro Conseg de Londrina foi estabelecido na Região Norte e tem Carlos Costa como presidente. As zonas Leste e Oeste tiveram seus conselhos criados em 2004 e estão sob o comando de Orlando de Almeida e Rubens Ferreira, respectivamente. A região Sul teve Joana Pereira nomeada recentemente e está em fase de formação. Mas a estrutura não é novidade em Londrina. Conforme Alvino Aparecido Filho, presidente do Conselho Comunitário de Segurança da área Central, a Cidade é pioneira na criação desses conselhos. Ele detalha que há 25 anos a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Universidade Estadual de Londrina (UEL) e a ACIL se reuniram e fundaram o primeiro conselho comu- Rubens Ferreira, do Consegue da Zona Oeste, diz que algumas reivindicações da comunidade já foram atendidas, como a instalação do Corpo de Bombeiros na região Jurandir Rosa, vice-presidente do Conseg da Zona Leste: principal função dos Consegs é integrar a população com a política e outros poderes nitário de segurança do País. A idéia foi inspirada nos EUA, que já possuíam essas organizações, e foi copiada no Estado de São Paulo durante o governo de André Franco Montoro, que regulamentou a estrutura por decreto-lei. Desde então os Consegs são vinculados ao Governo do Estado. Só no Paraná eles existem em 200 municípios. Alvino salienta que o Conselho que ele preside (área central) não tem essa ligação com o poder Municipal ou Estadual, e por isso não é um Conseg. “Os outros é que são Consegs e têm nosso total apoio”, frisa. Entretanto, Alvino Filho descarta a possibilidade do conselho do Centro virar um Conseg. “Trabalhamos em parceria com o Estado e o Município para melhorar a segurança, mas pretendemos continuar com liberdade e independência para fazer críticas quando necessário. Essa é a nossa linha”, sentencia. Os Consegs Jurandir Rosa é vicepresidente na Zona Leste e presidente da ONG que coordena o trabalho. Ele detalha que até hoje os presidentes das quatro regiões foram nomeados, mas que daqui para a frente todos serão eleitos pela comunidade que representarão. “As eleições são em anos pares e em 2008 teremos em todas as regiões”, acrescenta. Segundo ele, a principal função do Conseg é integrar o povo com a polícia e outros poderes. “Fazemos reuniões com a comunidade, colocamos urnas nas escolas para receber sugestões e atendemos a todos que querem reivindicar melhorias”, explica Rosa. Ele exemplifica que se há um problema de buraco na rua, falta de iluminação ou terreno baldio mal cuidado, a população pode reclamar para os conselheiros que vão levar a situação adiante em busca de soluções. Alguns caminhos têmse abertos para eles. Todas as sextas-feiras pela manhã, o comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Marcos Palma, abre espaço para receber a comunidade. Os representantes dos Consegs vêm participando ativamente dessas reuniões e já destacam alguns pontos positivos alcançados. O Projeto Londrina Segura 10, em atividade desde 18 de dezembro do ano passado, é um desses pontos. O projeto busca unir forças no combate à violência e estabe Se há um problema de buraco na rua, falta de iluminação ou terreno baldio mal cuidado, a população pode reclamar para os conselheiros JORNAL DA ACIL/Março 2006 26 lece prioridades de ação. O projeto que prevê a instalação de câmeras de monitoramento em pontos estratégicos da Cidade é outra vitória do Conseg em parceria com outros representantes da sociedade que participam dessas reuniões semanais. Jurandir Rosa lembra que a aprovação e sanção da lei que determinou o uso da verba do Funrebom para a compra de equipamentos para a polícia em Londrina tiveram a participação dos Consegs. “O projeto estava parado e fomos à Câmara pedir que ele fosse aprovado.” Representante da Zona Oeste, Rubens Ferreira cita que algumas reivindicações da comunidade já foram atendidas. Entre elas está a instalação de um posto do Corpo de Bombeiros na região e a criação do projeto “Cidadão Mirim” para atender crianças em situação de risco. Aberto a todas as reivindicações dos Consegs, o tenente-coronel Marcos Palma garante que a união de forças é essencial no combate à violência. Por isso ele a recebe todos que o procuram nas manhãs de sexta-feira. “Esse espaço é uma abertura para que a comunidade, por meio de seus representantes, possa levar ao conhecimento do comandante suas necessidades e anseios”, descreve. Marcos Palma acrescenta que com isso a polícia pôde conhecer melhor a comunidade e a comunidade pôde conhecer melhor o trabalho da polícia, diminuindo a sensação de insegurança. “É um espaço para ver e ser visto”, resume. Palma afirma que os recursos da PM são disponibilizados conforme os pedidos da comunidade e estatísticas de registros de ocorrências. Por isso esse espaço se torna de vital importância na hora de definir reforços policiais, blitze e policiamento ostensivo preventivo. Atendendo à solicitação dos Consegs, o comandante se reuniu com um grupo de moradores no Shopping Com-Tour na manhã do último dia 7 para falar sobre segurança e ouvir os pedidos da população. Ele comentou o problema mundial de falta de emprego e as deficiências na educação que, conforme ele, começam no berço. “Há falta de carinho, afeto, comida e, principalmente, limite”, “Há falta de carinho, afeto, comida e, principalmente, limite” Marcos Palma, comandante da PM, sobre educação declara. Para ele, o caminho da melhora começa com freios sociais e o plantio da semente que vai buscar soluções. “Todos querem uma solução imediata para o problema, mas ela não existe”, adianta. Ele convocou todos a participarem, afirmando que quem denuncia um problema e não quer fazer parte da solução acaba fazendo parte do problema. As dúvidas da comunidade foram tiradas e o comandante convidou a todos a participarem das reuniões de sexta-feira no 5º BPM Quem quiser procurar os Consegs em Londrina pode ligar para 3357-1833. Eles atendem em uma sala cedida pelo Shopping ComTour. JORNAL DA ACIL/Março 2006 27 JORNAL DA ACIL/Março 2006 28 Londrina debate ética no jornalismo Seminário Nacional promovido pela Fenaj e pelo Sindicato dos Jornalistas de Londrina traz à Cidade profissionais de todo o País. Convention participou da captação e apóia a organização Jornalistas de todo o Brasil vão se reunir em Londrina de 30 deste mês a 1o de abril para discutir ética. O 1o Seminário Nacional Ética no Jornalismo, promovido pela Fenaj - Federação Nacional dos Jornalistas e pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Londrina, será realizado Centro de Convenções do Hotel Sumatra e terá como temas principais Jornalismo, Ética e Cidadania. O evento tem apoio do Londrina Convention & Visitors Bureau. A realização do seminário em Londrina é resultado de um trabalho iniciado há três anos. A candidatura da Cidade à sede um evento nacional da Fenaj foi apresentada durante um congresso de assessorias de imprensa realizado pela federação em Florianópolis. Dos contatos feitos no evento, já com o apoio do LC&VB, foi formatado um seminário de ética como o melhor perfil para um encontro nacional em Londrina. A proposta do seminário é discutir a ética na produção jornalística e o impacto ético e sócio-econômico dos novos mercados e novas tecnologias. Essa abordagem é considerada fundamental no atual período de transformações rápidas determinadas pelos novos recursos tecnológicos aplicados à comunicação social. Um dos objetivos do seminário é propor alterações no Código de Ética do Jornalista, que vem sendo analisado por profissionais em todo o País. A atualização do código será definida e aprovada durante o Congresso Nacional da Categoria, promovido pela Fenaj. Como parte do apoio do Convention ao evento, a entidade ofereceu mapas turísticos para inclusão no material oficial, já organizou uma programação gastronômica diferenciada para os participantes e ainda a presença de um profissional do próprio Convention no local para dar informações turísticas e apresentar os produtos e serviços das empresas locais associadas. O evento conta também com o apoio da Caixa Econômica Federal; Itaipu Binacional; Milênia Agro Ciências e Sercomtel; e parceria científica da Faculdade Metropolitana do Paraná, Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Universidade Norte do Paraná (Unopar). Para informações e inscrições, acesse o site http://www.eticanojornalismo.com.br ou entre em contato com Mariana, pelo telefone (43) 3339-5354 ou através do email [email protected] Encomex-Cambé, a mais nova captação O Norte do Estado receberá, ainda este ano, um importante evento da área empresarial e econômica, o Encomex, encontro de comércio internacional promovido pelo Ministério do Desenvolvimento e que será realizado em Cambé junto com o III Caminho do Exportador. A confirmação foi feita na segunda quinzena deste mês pelas entidades e empresas públicas e privadas que integram o Caminho do Exportador, grupo criado para fomentar a cultura exportadora na região. O Convention Bureau integra o grupo e ajudou no trabalho de captação do evento, feita pelo Caminho. O EncomexCambé será realizado nos dias 21 e 22 de setembro, em local ainda a ser definido. Informações sobre os dois eventos podem ser obtidas na ACIL, de manhã, pelo telefone 3374-3009, ou em breve no site w w w . c a m i n h o d o e x p o r t a dor.com.br. Rodada traz novidades A 6º edição da Rodada de Negócios do LC&VB traz novidades. Em parceria com o Fábrica 1 – Cervejaria Gastronômica, o LC&VB está planejando o encontro entre empresas-âncora e associados na sala VIP da cervejaria, no dia 18 de abril, uma terça-feira, das 14h às 18h. Além da agenda com os empresários, está previsto um tour pelas instalações do Fábrica 1, com o intuito de apresentar como é produzida a cerveja artesanal e quais são os tipos de chopp que a cervejaria oferece. Ao final do evento, será oferecido um happy hour especial aos convidados. Os associados já podem fazer sua inscrição via Internet, através do site www.lcvb.com.br. Caso sua empresa não seja associada ou deseje obter mais informações, entre em contato com Flávia, pelo telefone (43) 3344-1700 ou e-mail [email protected]. Chieko Aoki em Londrina Entre as novas empresas associadas ao Londrina Convention & Visitors Bureau está o Hotel Blue Tree, que em breve iniciará suas atividades na Cidade, no belo edifício construído na Avenida JK. A presidente da rede Blue Tree, Chieko Aoki, estará em Londrina nos dias 4 e 5 de abril, quando dará palestra e será recebida por um grupo de autoridades e empresários locais e da região. Ela será recepcionada durante café da manhã, que terá como um de seus temas, certamente, a expansão da hotelaria em Londrina. NOVOS ASSOCIADOS Hotel Blue Tree Sindicato Rural de Londrina Fast Signs Canal 20 Comunicações Londrina Golf Club Restaurante La Nonna Restaurante La Gôndola TV Cidade JORNAL DA ACIL/Março 2006 29 P A I N E L J U R Í D I C O Ed Nogueira de Azevedo Junior Especial para o Jornal da ACIL Trabalhador doméstico Dedução tributária da contribuição previdenciária estimula registro em carteira dessa categoria historicamente discriminada Foi publicada no Diário Oficial da União a Medida Provisória nº 284 de 06 de março de 2006 que altera o disposto no artigo 12 da Lei 9.250 de 26 de dezembro de 1995 e insere o parágrafo sexto no artigo 30 da Lei 8.212, de 24 de julho de 1991. Simplificando, o objetivo da Medida Provisória é estimular o registro em carteira dos trabalhadores domésticos, historicamente discriminados na aplicação da legislação aos contratos de emprego em geral. Para tanto, autoriza a dedução da cota patronal das contribuições previdenciárias incidentes sobre os salários pagos do Imposto de Renda a ser recolhido no exercício seguinte ao das contribuições. Portanto, qualquer dedução somente poderá ocorrer em 2007, em relação às contribuições previdenciárias recolhidas no ano-base de 2006. Diversas entidades representantes de trabalhadores, principalmente domésticos, já promoveram suas críticas à Medida Provisória, sobretudo no sentido de que ela mantém a distinção legislativa entre os empregados em geral e os empregados domésticos. Tal postura não parece razoável. A legislação distingue o doméstico dos outros empregados não por outra razão que não seja seu empregador. Ou seja, a diferença da legislação não se dá pela condição do empregado e por isto não é discriminatória, mas pelo patrão (ou patroa) que, diferentemente dos empregadores-empresários, não têm como repassar o custo de seus empregados. Como se sabe, no preço de qualquer produto destinado ao consumidor final estão contidos todos os custos de produção, dentre eles, a mão-de-obra empregada em sua manufatura, distribuição, etc. Com isto, o empregador empresário pode repassar ao custo de seu produto ou serviço o valor por ele gasto com a mão-de-obra empregada. O empregador doméstico não. Como a atividade doméstica não visa um produto destinado a terceiros e não visa lucro, os empregadores domésticos não se congregam em categoria econômica – daí não existirem convenções coletivas firmadas entre sindicatos de trabalhadores e empregadores domésticos - e não possuem fórmulas para reaverem os valores custeados em virtude do trabalho doméstico. O empregado doméstico não é diferente dos demais empregados. O empregador doméstico é que é. Além de reconhecer a absoluta impossibilidade de fiscalização pelos órgãos públicos da atividade doméstica, a MP represen- O empregado doméstico não é diferente dos demais empregados. O empregador doméstico é que é ta, sim, um avanço à categoria profissional, pois estimula a formalização do contrato de emprego através de uma contrapartida tributária. Desta forma, o custo extra tido pelo empregador doméstico também poderá ser repassado, sob a forma de dedução fiscal, como fazem os empregadores em geral, na definição do preço de seus produtos. A Receita Federal divulgou nota afirmando que o limite da dedução para este ano é de R$ 378,00, que representa 12% (contribuição do empregador) de um salário mínimo pago em cada mês do ano anterior ao da declaração de renda. O empregado contribui com 8%. Por fim, é importante observar que somente está autorizada a dedução das contribuições realizadas a um empregado doméstico por empregador. Caso o casal contrate dois empregados domésticos poderá deduzir as contribuições previdenciárias dos dois empregados, um pelo marido e outro pela mulher, se as declarações forem individuais. A declaração conjunta permite a dedução das contribuições previdenciárias de somente um empregado. A dedução também tem teto e não podem ser deduzidas contribuições que tenham como base de cálculo qualquer valor superior ao salário mínimo. É inevitável a avaliação desta MP sob o aspecto político. Se o Presidente pretende capitalizar em votos esta medida? Se pretende aumentar a arrecadação do órgão previdenciário? Seria necessária uma MP para este assunto, dada a ausência dos requisitos de relevância e urgência previstos no artigo 62 da Constituição Federal? Veremos. Ed Nogueira de Azevedo Junior é advogado trabalhista em Londrina e consultor jurídico da ACIL 30 JORNAL DA ACIL/Março 2006 JORNAL DA ACIL/Março 2006 31