Ano 3 - Número 44 - Distribuição gratuita - MARÇO 2006
Camelódromo, um absurdo no Calçadão!
Enquanto entidades se unem para
definir, junto com o poder público, a
revitalização do Centro da Cidade, camelôs se preparam para instalar, na Galeria
Cine Augustus, o “Camelódromo Central”. Para a CMTU, novo camelódromo
no Calçadão se justifica porque a região
apresenta “tendência” para o chamado
comércio popular. Empresários e ACIL
criticam a instalação do empreendimento
no local porque vai institucionalizar o
comércio informal, baseado em produtos
pirateados e falsificados, na região de
maior concentração varejista de Londrina. E exigem rigor das autoridades.
Páginas 22 e 23
Fotos: José de Carvalho
ACIL atua
como base
do BRDE
Página 3
Concorrência entre supermercados
aquece até o mercado imobiliário
Shoppings investem em estrutura
para ampliar base de consumidores
Páginas 4 a 7
Páginas 8 e 9
TRANSPARÊNCIA FISCAL
SABOR SOCIAL
ACIL, Sescap e um grupo de
entidades de Londrina iniciaram,
este mês, a realização dos Feirões
do Imposto, criados para
conscientizar a população sobre
a carga tributária paga pelo
cidadão. Evento também
arrecada adesões ao
abaixo-assinado que pede
aprovação da emenda da
transparência fiscal.
Criado há 12 anos, o Clube da
Costela une o prazer da boa
carne acompanhada pela
cerveja bem gelada com a
satisfação de realizar um
trabalho social. O grupo destina
os resultados da venda da carne
a entidades locais. Detalhe
importante: nas quartas-feiras,
quando o clube serve na própria
sede, mulher não entra.
Página 15
Páginas 16 e 17
JORNAL DA ACIL/Março 2006
2
EDITORIAL
CHARGE
Muito Além
Do Bom Senso
Certamente muitas coisas estão mudando... em nossas vidas,
em nossos negócios, em nossa cidade, e em nosso país. Estamos
vivendo um turbilhão de fatos e de acontecimentos que já não é mais
tão fácil definir o que passará à história e o que simplesmente
passará.
Ao contrário de como até pouco tempo vivíamos, hoje, com este
emaranhado de informações e de situações, não se consegue obter
um horizonte ou uma perspectiva segura para poder se afirmar que
estamos no caminho correto, ou até se estamos totalmente na
contramão dos fatos.
Nestes dias temos presenciado situações das mais caóticas e
absurdas possíveis, opostos de situações de êxtase e de mediocridade. Enquanto vemos empresários e entidades alinhados e
trabalhando conjuntamente por uma causa maior, mostrando uma
força e uma determinação ímpar, fazendo balançar opiniões de
empresários e dirigentes internacionais dos mais conceituados no
mundo, alinhando as opiniões.
E num trabalho sincronizado, profissional e porque não dizer,
belíssimo, com estas lideranças mostrar a região de Londrina, não
como gostaríamos que fosse, mas como ela é, jovem, determinada,
pujante, com alto valor agregado, com qualidade de vida das
melhores no mundo, com espírito empreendedor latente, com
capitais institucionais, de pesquisa e de formação como poucas,
concentradora do que existe de melhor... somos obrigados a conviver
e suportar situações caóticas e até cômicas.
Nossa CMTU anunciar, como se fosse um mérito e um privilégio
para Londrina, a instalação de mais um camelódromo, no coração
de nossa cidade, coração este já enfartado, mal amado e dilacerado
pelo tempo. Temos que conviver com as mazelas de nossa Câmara
Municipal que em tão poucos dias conseguiu ser tão omissa,
descomprometida e cheia de traquinagens, que se presenteou com
telefones celulares e contas pagas pelos cidadãos e depois desistiu...
que quer se precaver e ter seu estacionamento mais seguro mandando
cercá-lo com grades. E será que deveriam mandar cercar também
a cidade? Já que legislam por ela? Seria esta a receita de segurança
que nossos pseudo-representantes imaginam para nós?
E ainda, utilizar-se de subterfúgios estruturais da casa para se
livrar da pressão dos que estão nas galerias e poder certamente,
num final de sessão, na calada da noite, sem a presença incômoda
destes cidadãos, votar, da forma que desejam, o que desejam, para
quem desejam... é, nós pouco importamos para eles. Aliás, como
estou fazendo agora, nós incomodamos.
Não fiquem indignados com nossos protestos, façam algo que
possamos elogiar, algo pela cidade, pelo povo, e não só por alguns
escolhidos por vocês. Façam por merecer nosso reconhecimento e
sejam motivo de orgulho para estes que escolheram vocês, e não
motivo de vergonha como vem acontecendo.
A cidade está trabalhando e está se tornando dia a dia melhor.
Não atrapalhem.
José Augusto Rapcham
FUNDADA EM 5 DE JUNHO DE 1937
RUA MINAS GERAIS, 297, 1º ANDAR,
ED. PALÁCIO DO COMÉRCIO.
LONDRINA – PR CEP 86010-905
TELEFONE (43) 3374-3000
FAX (43) 3374-3060
E-MAIL [email protected].
NOVOS ASSOCIASDOS
Razão Social ..................................................................................................................................................................................................................................... Nome Fantasia
PAULO RICCI & CIA LTDA ....................................................................................................................................................................................................... RICCI MODAS
ELKIND DECORAÇÕES LTDA ............................................................................................................................................................................ DECORAL DECORAÇÕES
PORTO BELO LOTEADORA E INCORPORADORA LTDA ................................................................................................................................................... PORTO BELO
CHIC COSMETICOS LTDA. ............................................................................................................................................................................................. CHIC COSMETICOS
MAURO HENRIQUE FERREIRA CIA LTDA .....................................................................................................................................................................................................
BASTOS, PALVO E CIA LTDA ...................................................................................................................................................................................................... ADUNARE
REGINALDO APARECIDO MARQUES ...................................................................................................................................... DI PAULO LINGERIE E CONFECÇÕES
N C MOREALE ENXOVAIS .............................................................................................................................................................................. A CHARMOSA ENXOVAIS
CARARO E PADUA LTDA ........................................................................................................................................................................................ DAN BRU PRESENTES
EDNA DE FÁTIMA CANTANTI SANTOS PLÁSTICOS ..................................................................................................................................................... HP PLÁSTICOS
GROSS E AMARAL COMÉRCIO DE PAPÉIS LTDA ........................................................................................................................................................... MANÁ PAPEIS
TAKASHI FUKUMOTO .................................................................................................................................................................................................. IDEAL PRESENTES
JOSÉ VENICIO DOS SANTOS ............................................................................................................................................................................ VENICIO DESPACHANTE
TECTROL - COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA ................................... TECTROL - HIDRAULICA, PNEUMÁTICA E LUBRIFICAÇÃO CENTRALIZADA
ABREU IMÓVEIS SS LTDA ............................................................................................................................................................................... IMOBILIÁRIA LONDRINA
A.L CARDOSO ....................................................................................................................................................................................................................... 3W ALIMENTOS
MONTE SIÃO COMÉRCIO DE COLCHÕES LTDA ................................................................................................................................................................... ORTOMAX
DUAUTO DIST. DE AUTO PEÇAS LTDA ............................................................................................................................................................. DUAUTO AUTO PEÇAS
BLOCKTON EMPREENDIMENTOS COMERCIAIS S/A .......................................................................................................................................................... BLOCKTON
IZABEL MARIA FREIRE ......................................................................................................................................................................................... YANG MODELADORES
FETÍCIA MARAM MODAS LTDA ..................................................................................................................................................................................... FETÍCA MARAM
J. SPINASSI SILVA LTDA .............................................................................................................................................................................. SUPERMERCADO SPINASSI
PROJETRONIC COM. PROD. INFORMATICA ELETRONICOS LTDA ............................................................................................................................. PROJETRONIC
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ADERBAL ANTONIO DOS SANTOS PRODUTOS ODONTOLÓGICOS ................................................................................................................. MASTHER DENTAL
CASA NOVA IMÓVEIS S/S LTDA ........................................................................................................................................................................... CASA NOVA IMÓVEIS
LOJA MALU CONFECÇÕES LTDA ..................................................................................................................................................................................................................
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WILSON FELIZARDO ROCHA ............................................................................................................................................................................ WILSON DESPACHANTE
CRIS PRESENTES PAPELARIA LTDA .......................................................................................................................................................................... CRIS PREESENTES
D. T. FARO E FARO LTDA ................................................................................................................................................................................................. COISAS DE BEBÊ
DESPACHANTE ADEMIR ...................................................................................................................................................................... ADEMIR BATISTA DOS SANTOS
SP SANTOS OLIVEIRA LTDA ............................................................................................................................................................................. MERCADO ANDORINHA
MARLI E. TRANNIN FERREIRA & CIA LTDA ...................................................................................................................................................... PONTO CORPO YOGA
CARA DE CRIANÇA IND. E COM. DE CONFECÇÕES LTDA ................................................................................................................................. CARA DE CRIANÇA
ELSHADAY COM. DE SEMI JÓIAS LTDA ....................................................................................................................................................... ELSHADAY FOLHEADOS
BERBERT & SANTOS COM. PROD. ALIM. E PRESENTRES LTDA ................................................................................................ BOMBONIERI GRAMADO & CIA
FOTOS CARDOSO IND. E COM. DE MOLDURAS ........................................................................................................................................................ FOTOS CARDOSO
AGS GESSOS LTDA ...................................................................................................................................................................................................................... AGS GESSO
MADEREIRA CASA E CAMPO LTDA ...................................................................................................................................................... CASA E CAMPO MADEREIRA
SONHO E MANIA LINGERIE LTDA .................................................................................................................................................................................. SONHO E MANIA
Presidente
José Augusto Rapcham
Diretor Comercial
José Roberto Alves
Vice-Presidente
Rubens Benedito Augusto
Segunda Diretora Comercial
Silvana Martins Cavicchioli
Diretor-Secretário
Milton Kazunobo Tamagi
Diretor Industrial
Nivaldo Benvenho
Segunda Diretora-Secretária
Juliana de Souza
Segundo Diretor Industrial
Herson Rodrigues Figueiredo Junior
Diretor Tesoureiro
Francisco Ontivero
Diretor de Serviços
Bruno Veronesi
Segundo Diretor Tesoureiro
Francisco Henrique Francovig
Segundo Diretor de Serviços
Fernando Lopes Kireeff
PRESIDENTE DO CONSELHO
DA MULHER EMPRESÁRIA
Helenida Taufik Tauil
da Costa Branco
CONSELHO DELIBERATIVO
George Hiraiwa, Eduardo Yoshimura
Agita, Nestor Dias Correia,
Brasílio Armando Fonseca,
Leonardo Makoto Yoshii, Cristiane
Yuri Toma, Sérgio Martins
SUPLENTES - Marcelo Massayuki
Cassa, Nasser Hassan El Kadri,
José Mario Tarozzo
CONSELHO FISCAL
Moisés de Souza, Luis Bernardo da
Veiga, Yukio Agita
O “Jornal da ACILé uma publicação da Associação Comercial e Industrial de Londrina. Distribuição gratuita. Correspondências para o
“Jornal da ACIL”, incluindo reclamações e sugestões de reportagens,
devem ser enviadas à sede da Associação ou pelo e-mail
[email protected].
Coordenação e edição
Roberto Francisco
Fotografia
Josoé de Carvalho
Revisão
Maria Christina Boni
Colaboradores
Fernanda Bressan
Kátia Baggio
Keity Alaver
José Antonio Pedriali
Ricardo Vilches
Silvio Oricolli
Diagramação e
tratamento de imagens
Alessandro Camargo
Impressão
Jornal de Londrina
JORNAL DA ACIL/Março 2006
3
FINANCIAMENTO
ACIL é posto de
informações do BRDE
Entidade faz o primeiro atendimento aos
empresários interessados nas linhas de crédito do banco, que
busca maior aproximação com empresas do interior
O BRDE – Banco Regional de
Desenvolvimento do Extremo Sul,
banco público de fomento criado
pelos governos do Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul, está
muito mais próximo das empresas
de Londrina e do Norte do Paraná.
Essa aproximação, muito oportuna
para os empresários da região, é
resultado de um convênio assinado
pelo banco, a ACIL e a Cacinp Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Norte
do Paraná.
Com a parceria, a ACIL passou a
atuar como escritório de informações do BRDE. Na prática, isso significa que as empresas que necessitam das linhas de crédito do banco
receberão o primeiro atendimento
na sede da Associação, em Londrina. Com isso, grande parte das informações mais importantes estará
acessível aos empresários da região
sem que seja necessário eles se deslocarem a Curitiba, onde fica a
agência do banco.
O diretor financeiro do BRDE,
Paulo Furiati, presente à assinatu-
ra do convênio, no dia 10 deste
mês, afirmou que o banco, por seu
perfil e por sua estrutura enxuta,
tem suas atuação concentrada nas
regiões metropolitanas das capitais
dos três estados. “É hora de
implementar ações no interior do
Estado”, disse, ao explicar a parceria com a ACIL e a Cacinp.
A proposta do banco é se aproximar das micros, pequenas e médias
empresas, uma vez que as grandes
corporações já têm acesso a estas e
outras formas de financiamento.
Furiati afirmou também que o banco oferece atualmente as linhas de
crédito do BNDES, mas já está trabalhando para ter linhas próprias.
“Tudo isso vai contribuir para nos
aproximar dos micros e pequenos
empresários”, reforça.
O escritório de informações do
BRDE funciona na ACIL, em horário comercial. Informações podem
ser obtidas pelo telefone 3374-3000
ou diretamente na sede da entidade, na Rua Minas Gerais, 297, primeiro andar.
Acima, assinatura do
convênio, na sede da ACIL:
Associação,
em parceria com a Cacinp,
vai facilitar acesso
às linhas de financiamento
do banco. Ao lado, Furiati:
“É hora de implementar
ações no interior do Estado”
GESTÃO
Encontro aborda sucessão familiar
Evento está previsto para ser realizado nos
meses de maio, junho e julho, na ACIL
A ACIL sedia, no início de maio,
palestra de lançamento do I Encontro
de Empresas Familiares de Londrina e
Região, evento que pretende, em cinco
módulos, oferecer a empresários do
Norte do Estado conhecimentos e ferramentas de gestão empresarial específicas. A apresentação está prevista para o
dia 4 de maio, no Auditório da ACIL, com
início às 19 horas.
O encontro é uma iniciativa da
empresária e consultora especialista em
empresas familiares Gislane Syllos, em
parceria com a ACIL. A proposta do
evento – que será realizado em cinco
finais de semana ao longo dos meses de
maio, junho e julho – é mostrar formas
de os empresários passarem a planejar
a sucessão e a administração da empresa
de maneira a valorizar a integridade da
família e a própria continuidade do
negócio.
Entre os objetivos específicos do
encontro estão: auxiliar de modo profissional o encaminhamento da sucessão nas empresas familiares; mostrar maneiras eficazes de separar o
fator emocional do profissional;
direcionar o empresário a desenvolver um plano de ação para a empresa,
onde ele mesmo perceba onde está a
dificuldade e como solucioná-la; orientar juridicamente questões de herdeiros
e sucessores.
Os módulos do evento vão abordar
“Profissionalização e sucessão”, “Impactos jurídicos e fiscais sobre a gestão do
patrimônio”, “Capacitação, gestão de
pessoas e liderança”, “Gestão através
da tipologia organizacional –
temperamentos” e “Business plan”.
Informações pelos telefones 33743010, com Marlene Royer, e 9929-0302,
com Gislane.
JORNAL DA ACIL/Março 2006
4
VAREJO
A
marcha
dos
supermercados
Setor é um dos
maiores em
movimento
financeiro do
município, com
faturamento de
R$ 1 bilhão
em 2004. Só as
20 maiores
empresas
supermercadistas
empregam
2,6 mil pessoas
Ricardo Vilches
Especial para o Jornal da ACIL
Prédio do Buffet
Atlântico, na Avenida
Madre Leônia Milito:
futuro endereço de um
novo supermercado na
região mais valorizada
da Cidade
Ademar Vedoado,
da Apras: setor tem
grande potencial
de crescimento na
Cidade, mas
enfrenta barreiras
Terreno onde hoje
ainda funciona a
Coinbra, na região
que liga o Centro à
Zona Leste: um novo
hipermercado
Se há um setor hoje em
Londrina onde a concorrência
acirrada desperta o interesse
de vários outros é o
supermercadista, e não são
apenas os fornecedores os
atentos a essa movimentação.
Há muito a disputa por clientes
deixou de ser apenas uma
batalha travada pelos supers e
hipers, ainda que estes sejam
os responsáveis pela maior fatia
do mercado. O segmento ganha
fôlego também entre os menores que investem em infraestrutura, espaço e conforto
para o cliente. Essa corrida –
traduzida na vinda para Londrina de três grandes redes
nos últimos seis anos – mexeu
com o setor publicitário e
principalmente com o imobiliário.
Hoje, parte das vendas de
grandes áreas com localização
estratégica envolve grupos
supermercadistas, setor que
também é um dos campeões
em anúncios em jornais, rádio
e televisões. Dimensionar o
tamanho do segmento envolve
a divulgação de estratégias de
mercado que empresário algum
quer divulgar para o concorrente. Mas dados fornecidos
pela secretaria municipal de
Fazenda apontam o tamanho
do setor supermercadista de
Londrina. Trata-se de um dos
segmentos que mais empregam e faturam na Cidade, com
uma estimativa de faturamento
de R$ 1 bilhão só em 2004.
Há hoje em Londrina aproximadamente 70 supermercados, aí incluídos os chamados
hipermercados, os grandes
responsáveis por esse “boom”
do setor. “As grandes redes são
as que mais faturam, mesmo
somando apenas 20 unidades
em Londrina”, afirma o diretor
da secretaria de
JORNAL DA ACIL/Março 2006
5
JORNAL DA ACIL/Março 2006
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Fazenda, Denílson Vieira
Novaes. Os hipers faturaram
em 2004 quase R$ 600 milhões, exatos R$ 587.535,839.
Esse valor se equivale a praticamente 70% do faturamento
de todo o setor de Londrina no
ano.
O levantamento teve como
base a DFC (declaração de fisco
contábil) de cada empresa. São
dados da Receita Estadual
usados como base para a
cobrança de ICMS, o imposto
estadual. Como parte desse
tributo retorna ao município, a
prefeitura exerce controle sobre
os números. “È importante
dizer que esse faturamento não
implica em lucratividade”, lembrou o diretor da secretaria. É
que a esses números, não são
considerados – por exemplo –
os custos para manter o empreendimento. Ainda assim, o
faturamento
do
setor
supermercadista fica atrás
apenas do ramo das confecções (indústria, compra e venda) e indústria química (fabricantes de produtos e
implementos agrícolas).
“É uma tendência nacional que está começando a se
manifestar em Londrina”, afirma o presidente regional da
Associação dos Supermercados Paranaenses (Apras),
Ademar Vedoato. Segundo ele,
o setor é o que mais fatura
entre os varejistas no Brasil e o
que tem maior participação no
PIB nacional. Uma das explicações para isso está no fato dos
mercados terem ampliado o
ramo de atuação.
“Há hoje lojas que vendem
calçados, roupas, eletrodomésticos
e
eletrônicos”,
exemplificou o presidente da
Apras. “Esse setor ainda têm
um grande potencial de crescimento em Londrina, mas
infelizmente encontramos
barreiras para expansão”, afirmou ao lembrar da luta que o
setor trava para a abertura aos
domingos e em horários
diferenciados.
“Poderíamos faturar mais,
gerar mais impostos e empregos”, prega. Ainda assim, o setor
está em grande agitação por
contra da aquisição de áreas
nobres para instalação de mais
unidades
supermercadistas (leia mais sobre o assunto nesta página). De fato, o
setor gera um grande número
de empregos. Diretamente, há
hoje 2,6 mil funcionários
trabalhando apenas nos 20
maiores mercados de Londrina. Uma estimativa da APRAS
aponta que esse número deve
chegar a 3,5 mil se somados os
demais mercados.
Antiga Anderson Cleyton
vai abrigar hipermercado
O imobiliarista encarregado
dos investimentos no terreno da
empresa Coinbra, onde por décadas funcionou a indústria
Anderson Clayton, já não esconde seu principal cliente. “É alguém do setor supermercadista,
só que ainda não posso revelar
quem”, afirma Raul Fulgêncio.
Em outubro do ano passado
ele foi o encarregado de um dos
maiores negócios imobiliários já
realizados na região: a compra da
área de 24 hectares (257 mil
metros quadrados) da sede da
Coinbra
Comércio
e
Processamento de Grãos. O terreno é cortado pela Avenida
Theodoro Victorelli, na Zona Leste da Cidade, próximo à Rodoviária. De um lado, está o Marco Zero
de Londrina – local onde, em
agosto de 1924, foi aberta a primeira clareira pelos integrantes
da caravana liderada por George
Craig Smith para dar início à colonização de parte do Norte e
Noroeste do Estado – e de outro, a
sede da empresa cercada pelas
avenidas Dez de Dezembro, San-
ta Terezinha e Celso Garcia Cid.
O negócio atingiu a cifra de R$ 30
milhões e levou a criação de um
grupo comprador formado por dez
investidores.
Em agosto, se encerra o prazo
dado para a desativação em definitivo da Coinbra, que hoje apenas trabalha com o estoque de
grãos. A previsão é que até o final
do ano, a área esteja “limpa” para
o início da construção de novos
investimentos. Raul Fulgêncio
informou que um plano de metas
ainda está sendo traçado para a
comercialização da área, mas já
adiantou que boa parte do terreno será destinada a um grupo
supermercadista. “Os contatos
já começaram. São empresários
que estão em Londrina e outros
que querem vir pra cá”, afirmou.
De acordo com o imobiliarista,
pelo menos 30 mil metros quadrados seriam para este novo
hipermercado. “É a área mais
privilegiada, com entrada e saída
pela Avenida Dez de Dezembro”,
disse.
Funcionários querem acordo
para jornada aos domingos
A direção do Sindicato
dos Trabalhadores no Comércio Varejista iniciou
negociação com empresários
do
setor
supermercadista para re-
gulamentar a situação funcional dos empregados que
trabalham aos domingos.
O código de Posturas
do Município não permite
a abertura dos mercados
neste dia, mas a maioria
deles usa de artifícios também legais para manter as
portas abertas. “Hoje os
grandes mercados deixaram de ser apenas um lo-
cal para venda de gêneros
de primeira necessidade.
Eles viraram verdadeiras
lojas de departamentos”,
opinou o presidente do
Sindicato dos Trabalhadores, José Lima do Nascimento. Mas a relação entre patrão e empregado
permanece a mesma do
comércio em geral, com
limitações a realizações de
hora extra (duas horas por
dia), e regras específicas
para escala de trabalho. A
jornada de um empregado
em supermercado é a mesma de quem trabalha no
comércio, de 44 horas semanais e piso de R$
400,00 por mês.
Nesta primeira quinzena
de março, o Sindicato iniciou
uma negociação com a rede
SuperMuffato para a
abertura das lojas aos do-
mingos. “Nós temos a nossa
proposta, mas queremos
ouvir a deles”, afirmou o sindicalista. Um acordo entre
as partes poderia prevalecer
sobre o Código de Posturas.
“Queremos o respeito às limitações de horas extras para
que mais gente consiga um
emprego”.
A
direção
do
SuperMuffato foi procurada para comentar a tentativa de negociação, mas
preferiu não se pronunciar
sobre o assunto. O presidente local da APRAS –
Associação Paranaense de
Supermercados – Ademar
Vedoato informou desconhecer a negociação. “Sou
favorável a direitos iguais.
Se um abre, todos têm que
abrir”, resumiu.
JORNAL DA ACIL/Março 2006
7
Zona Sul está
na mira dos novos
investimentos
O fortalecimento do setor supermercadista de
Londrina e o conseqüente acirramento da disputa
pelo mercado ganhou um
ingrediente importante
neste começo de ano. O
proprietário do Buffet
Atlântico, Hatiro Nagaya,
confirmou ao Jornal da
ACIL a venda do terreno,
da Avenida Madre Leônia
Milito, onde fica o empreendimento. Informações
do setor imobiliário e do
setor supermercadista
dão conta de que o comprador é uma rede de supermercados que já atua
na Cidade e que pretende
agora “mirar” o concorrente
multinacional
Carrefour.
A área do buffet negociada tem 3.750 metros
quadrados e está localizada na região comercial
e residencial mais valorizada no momento, a Gleba
Palhano, na Zona Sul. “O
metro quadrado na Avenida Ayrton Senna, por
exemplo, pode chegar a
custar R$ 700”, informa
o imobiliarista Romeu
Cury. Ele mesmo disse
estar negociando áreas na
Avenida Madre Leônia
Milito. “A localização e o
tamanho do terreno
podem provocar situações
incomuns, como a
variação em até 100% no
valor da área”, diz. Mas
quando informado da
venda da área do buffet,
ele não titubeou em dizer
que o negócio poderia
chegar a R$ 1,5 milhão.
“Entre os privilegiados, é
o ponto de maior atrativo, próximo à Avenida
Higienópolis.”
O valor exato do negócio e o nome do comprador são informações
mantidas sob sigilo por
força legal. “No contrato
de venda da área, assinei
uma cláusula que garante
o sigilo sobre isso. Acho
que é uma questão de
mercado
também”,
afirmou Hatiro Nagaya. O
comerciante se limitou a
dizer que o negócio foi
satisfatório. Ainda no ano
passado, ele informou alguns corretores da possibilidade de venda da área.
“As propostas surgiram
aos montes. Recebi pelo
menos uns 20 pedidos de
compra. Na maioria, comerciantes até do Rio de
Janeiro e São Paulo”, afirmou. Mas o efetivo
comprador só surgiu neste ano, após cinco meses
de negociações. Quando
perguntado se o misterioso comprador seria uma
rede de supermercados
ele apenas riu.
Pelo contrato, o proprietário do buffet deveria deixar a área no dia 15 de
março deste ano. “Pedi
mais tempo para ficar, e o
comprador concordou em
dar novo prazo”, disse. A
previsão agora é para outubro deste ano, quando o
Buffet Atlântico passará a
atender em nova sede na
PR-445, em frente à TV
Tropical, também na Gleba
Palhano.
Um novo mercado na
Zona Sul viria para acirrar a concorrência diretamente com a rede
Carrefour, que mantém
no shopping Catuaí sua
única unidade em Londrina. No Brasil são 81
hipermercados
da
multinacional francesa a segunda maior do
mundo, atrás apenas da
rede norte-americana
Wall-Mart - responsáveis
por
12,6%
do
faturamento do setor varejista brasileiro.
COOP. DE ECO. E CRÉDITO MÚTUO DOS COM. DE
CONF.
DO NORTE DO PARANA - SICOOB NORTE
CNPJ Nº 05.582.619/0001-75
PARANA
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS PROCEDIDAS EM 28/02/2006
BALANCETE PATRIMONIAL
ATIVO
28/2/2006
R$
ATIVO CIRCULANTE ............................................ 43.036.474,96
DISPONIBILIDADES .............................................. 15.909.810,24
OPERAÇÕES DE CRÉDITO .................................. 26.450.112,00
Operações de Créd.Setor Priv. ....................... 26.865.575,58
(-)Prov. P/Operações de Crédito ......................... 415.463,58
OUTROS CRÉDITOS .................................................. 316.359,02
Rendas a Receber ................................................. 258.099,12
Diversos ...................................................................... 58.259,90
OUTROS VALORES E BENS ....................................... 360.193,70
Despesas Antecipadas .......................................... 351.919,30
PASSIVO CIRCULANTE .......................
DEPOSITOS .........................................
Depositos à vista ...............................
Depositos sob aviso ..........................
OUTROS DEPOSITOS ..........................
Depositos para Investimentos ..........
RELAÇÕES INTERDEPENDENCIAS .....
Recursos em Transito de terceiros ....
OBRIGAÇÕES P/ EMPR. E REPASSES .
Obrigações por Empréstimos e Repasses
Material em Estoque ................................................... 8.274,40
PERMANENTE ........................................................ 1.869.735,22
OUTRAS OBRIGAÇÕES ....................
1.393.783,78
Cobrança e Arrec.de Trib. E Assemelhados
20,98
INVESTIMENTOS ....................................................... 907.017,99
Ações e Cotas ........................................................ 907.017,99
IMOBILIZADO DE USO ............................................. 570.121,82
Instalações, Moveis e Equip. ................................. 275.630,52
Outras Imob. De Uso .............................................. 438.085,43
(-) depreciações Acum. ........................................ 143.594,13
DIFERIDO .................................................................. 392.595,41
Gastos de Org. Expansão ..................................... 532.852,55
(-)Amortizações Acum. ......................................... 140.257,14
COMPENSAÇÃO .............................................. 131.338.995,30
Custódia de Valores ............................................ 9.245.305,21
Controle
95.228.114,51
Classificação da cart. de Créditos
26.865.575,58
Sociais e Estatutárias .........................
Fiscais e Previdenciárias ....................
Diversas ...............................................
PATRIMÔNIO LÍQUIDO .....................
Capital de Domic. No País ..............
Reservas de Lucros ............................
Sobras ou Perdas Acum. No Periodo
COMPENSAÇÃO ..............................
Custódia de Valores .........................
Controle .............................................
Classificações de Cart. De Créditos
313.075,81
267.010,66
813.676,33
11.444.177,14
10.173.748,96
825.930,10
444.498,08
131.338.995,30
9.245.305,21
95.228.114,51
26.865.575,58
TOTAL DO ATIVO ..................................
TOTAL DO PASSIVO ..........................
176.245.205,48
Descrição
176.245.205,48
PASSIVO
28/2/2006
R$
33.462.033,04
31.578.822,78
4.916.678,86
26.662.143,92
133,88
133,88
11.611,76
11.611,76
477.680,84
477.680,84
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO EM 28/02/2006
28/2/2006
R$
10. RECEITAS DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA ............................................................................................................ 1.531.937,31
Operações de Crédito ..................................................................................................................................................... 1.531.937,31
15. DESPESAS DE INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA ............................................................................................................. (782.781,92)
Operações de Captação no Mercado ......................................................................................................................... (674.925,87)
Despesas de Obrigações por emprestimos e repasses .................................................................................................... (9.766,67)
Provisão para Operações de Crédito Líquid. Duvidosa ................................................................................................. (98.089,38)
20. RESULTADO BRUTO DA INTERMEDIAÇÃO FINANCEIRA (10-15) .................................................................................. 749.155,39
50. OUTRAS RECEITAS/DESPESAS OPERACIONAIS ........................................................................................................... (304.657,31)
Receitas de Prestação de Serviços ................................................................................................................................... 138.767,75
Despesas de Pessoal .......................................................................................................................................................... (466.486,67)
Outras Despesas Administrativas ..................................................................................................................................... (433.084,88)
Despesas Tributárias ............................................................................................................................................................. (31.054,81)
Outras Receitas Operacionais ........................................................................................................................................... 584.923,35
Outras Despesas Operacionais .......................................................................................................................................... (97.722,05)
60.RESULTADO OPERACIONAL (20+50) .............................................................................................................................. 444.498,08
65. RESULTADO NÃO OPERACIONAL ................................................................................................................................................... 75. RESULTADO ANT.TRIB. LUCRO E PART. (60+65) .............................................................................................................. 444.498,08
80. IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL ........................................................................................................................... 85. PARTICIP.ESTATURÁRIAS NO LUCRO ............................................................................................................................................. 90. SOBRAS OU PERDAS (75-80-85) ..................................................................................................................................... 444.498,08
NOTAS EXPLICATIVAS - 28.02.2006
NOTA 01 - APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
a) Estão sendo apresentadas de acordo com a Legislação específica do Sistema Cooperativo e preceitos do Plano
Contábil
das Instituições do Sistema Financeiro Nacional - COSIF.
NOTA 02 - OUTROS CRÉDITOS
O saldo de R$ 58.259,90 - classificado no Ativo Circulante como Diversos, grupo Outros Créditos
está assim composto:
Conta
Saldo
Adiantamentos e Antecipações Salariais ......................................................................................................................... 22.385,13
..................................................................................................................................................................................................................
Impostos e Contribuições a Compensar ................................................................................................................................. 224,93
..................................................................................................................................................................................................................
Títulos e Créditos a receber .................................................................................................................................................... 6.100,00
..................................................................................................................................................................................................................
Valores em Compensação ................................................................................................................................................... 29.549,84
..................................................................................................................................................................................................................
TOTAL ........................................................................................................................................................................................ 58.259,90
..................................................................................................................................................................................................................
NOTA 03 - PRINCIPAIS PRÁTICAS CONTÁBEIS
a) Apuração do Resultado:
As Receitas e Despesas são apropriadas mensalmente, pelo regime de competência.
b) Operações Ativas e Passivas:
As operações Ativas e Passivas com encargos pré e pós-fixados são registradas pelo valor principal, com acréscimo
dos respectivos encargos incorridos inclusive atualização monetária observada a periodicidade da capitalização
contratual.
c) Provisão para Créditos de Liquidação Duvidosa:
A provisão para créditos de liquidação duvidosa teve seu método de constituição modificado em função da
Resolução
2682 de 21.12.1999, com efeitos a partir de 01.03.2000, sendo que cada devedor terá uma classificação
específica em função do risco ou não, bem como em função do efeito atraso a partir de 15 dias, estando a carteira
de empréstimos assim classificada em 28.02.2006:
Classificações
Operações Nível AA
Operações Nível A
Operações Nível B
Operações Nível C
Operações Nível D
Operações Nível E
Operações Nível F
Operações Nível G
Operações Nível H
Totais
Normal
26.193.992,86
37.640,17
19.311,82
194.146,93
76.212,53
26.521.304,31
Vencida
9.744,21
63.408,94
23.005,21
32.943,92
21.138,32
32.145,34
3.529,36
158.355,97
344.271,27
Total
26.203.737,07
101.049,11
42.317,03
227.090,85
21.138,32
32.145,34
3.529,36
234.568,50
26.865.575,58
d) Efeitos Inflacionários:
Não efetuada a Correção Monetária dos valores que compõem o Ativo Permanente e Patrimônio Líquido, em
obediência a Lei 9249 de 26.12.95, art. 4º, a que veda a tal providência no âmbito das demonstrações financeiras.
e) Investimentos:
Estão demonstrados ao custo de aquisição, deduzido, conforme o caso, das provisões para Perdas.
f) Imobilizado:
Demonstrado pelo custo de aquisição. As depreciações são calculadas pelo método linear com base em taxas
determinadas
pelo prazo de vida útil estimado:
*Instalações, móveis e equipamentos de uso
10% a . A
*Sistema de transportes e equipamentos Proc. Dados
20% a . A
*Bens imóveis sujeitos à depreciação
4% a . A
NOTAS 04 - OUTRAS OBRIGAÇÕES DIVERSAS
O Saldo de R$ 813.676,33 - classificado no Passivo Circulante como Diversos, grupo Outras Obrigações está assim
composto:
Conta
Saldo
Cheques Administrativos ........................................................................................................... Fornecedores .................................................................................................................. 75.095,55
Provisão para pagamento de pessoal ................................................................... 173.151,17
Outras Despesas Administrativas .............................................................................. 154.309,07
Outros Pagamentos ...................................................................................................... 31.120,87
GEORGE HIRAIWA
Diretor Vice-Presidente
CPF. 486.511.508-06
FRANCISCO ONTIVERO
Diretor Presidente
CPF.115.577.969-04
ANTONIO LUIZ BARÃO
CONTADOR
CPF.408.585.539-53
CRC-PR. 026.496/O-3
VAREJO
Shoppings
Nova ala do Royal Plaza será
inaugurada, em breve, com a
filial da Lojas Americanas, uma
churrascaria e um restaurantes à
la carte. Ela marca a expansão
do segundo maior shopping da
Cidade
Katia Baggio
Especial para o
Jornal da ACIL
Sim. É um fenômeno da
evolução comercial e social.
O shopping center chegou
ao Brasil como herança do
sucesso desse modelo de comércio, especialmente nos
EUA. Aqui conquistou a população por vários aspectos, no início, mais ligados
a conforto e status. Nos últimos tempos, no entanto,
praticidade e segurança são
valores não só agregados,
mas transformados em fundamentais na procura por
esses locais.
Segundo o site da Associação Brasileira de
Shopping Centers (Abrasce),
em agosto de 2005, o Brasil
tinha 241 shopping centers
em operação e 21 em construção. No Paraná eram 14,
gerando 19.817 empregos.
Em Londrina, pela classificação oficial, existem
dois shoppings, o Catuaí e o
Royal Plaza. Outros locais
com estrutura parecida, várias lojas e serviços no
mesmo espaço, não são considerados shopping centers
em razão da área e outros
aspectos. Mas, para o consumidor o que importa é
encontrar um pouco de tudo
junto, compras, lazer e segurança.
Há quatro anos, com o
boom histórico da soja a R$
52 a saca, o boom da carne
bovina e de ave, com exportação para novos mercados
asiáticos e do Oriente Médio, os investidores não perderam a oportunidade para
ampliar os shoppings.
Em abril de 2002, o
Catuaí começou uma reforma no seu espaço físico,
investem
para
crescer
Obras de ampliação do
Royal Plaza, no início de
março: ritmo acelerado
para receber Lojas
Americanas, churrascaria,
restaurante a la carte e
outra grande loja
que terminou em abril de
2004. Os cinemas foram
ampliados e os segmentos
de construção e decoração
entraram no mix de lojas,
com uma nova ala só para
eles. E não foi à toa. “O
desenvolvimento imobiliário
da região sul da Cidade, com
previsão de construção de
pelo menos mil unidades de
apartamentos em volta do
Catuaí e os condomínios
fechados se espalhando
atrás do shopping nos estimularam a buscar esses
parceiros”, explica o supe-
rintendente do Catuaí,
Sylvio Carvalho Netto.
O momento econômico
favorável também facilitou o
retorno de antigas lojas
âncoras e a conquista de
outras redes. O Catuaí tem
hoje 70 mil metros quadrados de área construída, com
98% da área bruta locável
ocupada, mais o estacionamento e o hipermercado anexo. O crescimento da Cidade
e da região e também do
poder aquisitivo, em cerca
de 30% são outros elementos avaliados como positivos
para a ampliação do
shopping. “O Catuaí é hoje
um
shopping regional. Além
disso, antigamente o Catuaí
era longe da Cidade e hoje a
Cidade já passou o shopping,
com os condomínios de alto
padrão se multiplicando em
direção à Gleba Palhano.”
Outros fatores como
melhoria da malha viária e
crescimento das próprias redes favorecem novos investimentos nos shoppings, na
opinião do profissional.
Mas, os problemas com
o impasse sobre a existência ou não de febre aftosa
no Paraná e o conseqüente
embargo da nossa carne
para exportação, além da
quebra da safra de soja por
conta da seca, modificaram
de novo o cenário econômico local. E aí, pára tudo?
Óbvio que não.
O Shopping Royal Plaza,
no coração da Cidade, aposta no desafio, para crescer.
Há seis anos em Londrina,
o Royal tem seis mil m2 de
área construída. E, em plena crise da carne e da soja,
também está ampliando seu
espaço físico, avançando
com lojas em uma parte ociosa do estacionamento. Está
prevista para esse mês a
inauguração de uma filial
das Lojas Americanas, dois
restaurantes à la carte e
uma chopperia, como extensão da praça de alimentação. Outra loja com cerca
de mil m2 também está em
negociação. São 3,5 mil m2
de ampliação.
O diretor comercial do
Royal, Osmani Vianna, diz
que era hora de investir. “O
comércio não pode parar.
Esse é um setor que está
sempre apostando no
reaquecimento da economia.
Se a agropecuária está passando por momentos que já
foram mais favoráveis, é
justamente agora que
precisamos buscar alternativas”.
O Royal não tem lojas de
griffes internacionais, aposta nas marcas nacionais e
em um público mais popular. O que tem dado certo,
apesar de o diretor não querer rotular um perfil para o
consumidor do Royal.
“Shopping tem que deixar
de ser visto como um lugar
caro. Temos griffes nacionais, mas as pessoas que
compram aqui também podem comprar em lojas de
griffes internacionais, hoje
isso mudou”, argumenta.
Mas, por garantia, os
dois restaurantes novos são
uma churrascaria e outro à
la carte, que poderiam ser
considerados gastronomia
mais sofisticada. E o carrochefe do Royal é, com certeza, sua praça de alimentação. Profissionais liberais
engravatados, com bandejas nas mãos, formam cena
comum no Royal, tanto que
lembram o coração financeiro de grandes centros
econômicos.
A busca por novos consumidores é muito visível
no outro shopping. No início, basicamente a população de classe média a alta
Sylvio Carvalho Netto,
superintendente do
Catuaí: “Antigamente o
shopping era longe da
Cidade e hoje a
Cidade já passou o
shopping”
freqüentava o Catuaí. Hoje,
o próprio estilo das lojas
demonstra que a direção do
shopping está buscando
outras fatias. Quem procura a loja que vende produtos populares com prestações a perder de vista caminha pelo mesmo piso de granito que leva à loja de artigos
mais sofisticados.
A verdade é que ninguém
quer rotular um consumidor em potencial. Primeiro
porque é politicamente incorreto, segundo porque o
dinheiro é o mesmo, não
importa em quais mãos esteja.
O índice de freqüência
no Catuaí, segundo a direção, é de 800 mil pessoas/
mês, com uma média de
consumo de R$ 70,00 por
pessoa. O Royal calcula
entre 16 mil e 18 mil/dia, o
que leva a 540 mil/mês, com
média de consumo de R$
50,00 por pessoa. Ambos
consideram uma boa média
para o porte dos shoppings
em questão.
Ambiente diferenciado,
bem construído e decorado,
piso bonito, cores bem escolhidas e ar condicionado tornam o visual tão agradável
que atraem. Mesmo que seja
apenas para andar, comer
um lanche e voltar para casa,
de ônibus, todo mundo vai
ao shopping. Uma hora acaba comprando. Eles sabem
disso.
Londrina cresceu e passou a ser classificada como
prestadora de serviços e pólo
educacional. Os investidores
acreditaram ser esse um
perfil favorável para novos
shoppings, similares aos dos
grandes centros: locais fechados, construção e decoração mais sofisticadas e oferta de serviços e lazer. É a
prosa ao pé da fogueira, reunindo amigos e parentes,
repaginada.
Cinema é o mais
novo atrativo do
pioneiro Com-Tour
O primeiro empreendimento com
características de shopping center de
Londrina foi o Com-Tour, na Avenida
Tiradentes. Nos anos 1980, o sistema
de lojas de segmentos diferentes,
como supermercado, cinema, posto
de combustíveis e praça de alimentação, compartilhando espaço com lojas
de roupas, calçados e acessórios, foi
uma novidade aceita mais pela
população próxima, do que pela
Cidade como um todo.
O Com-Tour precisou se readaptar
e hoje tem na programação alternativa
do cinema, com películas de temática
mais complexa e produção fora do
padrão holywoodiano, sua maior
atração. E mantém as lojas de
produtos variados e de serviços, com
bom fluxo de consumidores.
JORNAL DA ACIL/Março 2006
10
NOVO DESTINO
Cresce
procura
pela
exportação
Mesmo em tempo de dólar barato,
pequenas empresas de Londrina e da
região aumentam vendas ao exterior
através do Exporta Fácil
Sílvio Oricolli
especial para o
Jornal da ACIL
Instituído pelo Governo
Federal e em operação desde 2000, com o objetivo de
desburocratizar os processos de exportação por
micro, pequenos e médios
empresários, o Exporta Fácil ofereceu um canal inédito de negócios para o exterior para um público excluído desse mercado pelo
excesso de burocracia e
também desconhecimento
das regras desse mercado.
“Há no Brasil o mito de que
só as grandes empresas
podem exportar, tanto que
a participação dos pequenos nesse mercado não
passa de vinte por cento,
enquanto em outros países com tradição em exportação as micro e pequenas empresas respondem
por até oitenta e cinco por
cento dos negócios externos”, explica Fatima
Gonçalves da Silva, assistente de Comércio Exterior
da agência dos Correios em
Londrina, que abrange
uma região que engloba 80
municípios do Norte, Norte Pioneiro e Noroeste do
Estado.
E a “receita” deu certo.
Tanto que a meta para este
ano é movimentar R$ 4 milhões em negócios com o
exterior por intermédio do
Exporta Fácil, que atualmente utiliza apenas o
modal aéreo. O crescimento previsto é de 14,3% em
comparação com os R$ 3,5
milhões de 2005. Em primeiro lugar, o incremento
na receita deve ser puxado
pelo aumento do limite da
Declaração Simplificada de
Exportação (DSE), que passou de US$ 10 mil para
US$ 20 mil, desde o final
do ano passado. E também
porque os pequenos empresários têm conhecimento do benefício que o sistema proporciona, em redução da burocracia e diminuição dos custos de exportação.
Fatima explica que para
exportar pelas vias nor-
Fatima Gonçalves da Silva: a meta para
este ano é movimentar R$ 4 milhões
mais, são exigidos cerca
de 18 documentos, enquanto que, pelo Exporta
Fácil, não há necessidade
de mais do que cinco. “Além
disso, os Correios se
encarregam de fazer todo o
serviço de desembaraço
aduaneiro e inclusive o
registro
junto
ao
Siscomex”, acrescenta.
Com isso, os custos também caíram. Em 2003, por
exemplo, o gasto da empresa com a papelada para
enviar uma mercadoria ao
exterior era de R$ 735,00,
frente aos R$ 90,00 do custo
da
exportação
simplificada.
Segundo ela, na região
de Londrina o sistema ganhou impulso maior nos
últimos dois anos, também
devido aos cursos sobre
exportações oferecidos aos
empresários, que “passaram a vislumbrar um novo
horizonte para os negócios
no mercado internacional”.
Atualmente, são exportados vários itens, como calçados, por Santo Antonio
da Platina, cachaça, de
Assaí, enquanto de Londrina partem para várias
partes
do
mundo
artesanato, bijuterias e
confecções, por exemplo.
E Fatima diz que está
sendo feito um trabalho
junto a empresários de
Apucarana (setores de couro, bonés e confecções),
Cianorte (confecções) e
Arapongas (móveis) para
que se utilizem do Exporta
Fácil, que, a partir de 2007,
irá oferecer a modalidade
de transporte marítimo
para o envio de mercadorias. “Essa modalidade permitirá o embarque de encomendas de maior peso e
dimensão que o atual e
também produtos que não
podem ser remetidos por
avião, como os químicos”,
acrescenta.
Ela esclarece também
que, além dos Correios, o
Exporta Fácil dispõe de
consultorias da Caixa Econômica Federal, do Banco
do Brasil, da Federação das
Indústrias do Estado do
Paraná (Fiep), do Instituto
de Tecnologia do Paraná
(Tecpar), da Associação do
Desenvolvimento
Tecnológico de Londrina
(Adetec) e Associação Comercial e Industrial de Londrina (ACIL).
JORNAL DA ACIL/Março
2006
ACIL/Fevereiro
2005
11
7
Caminho do exportador
constrói nova cultura
Com a finalidade de difundir a cultura exportadora em Londrina e região
foi criado e está no ar desde novembro
de 2004 o site do Caminho do Exportador (www.caminhodoexportador.
com.br), que é resultado do esforço de
empresas e entidades, que se reuniram para a realização do Encomex
(Encontro de Comércio Exterior), um
ano antes. Segundo Maria do Céu
Martins Lopes, consultora de comércio exterior da ACIL, Londrina tem um
grande potencial exportador, então,
por meio da união da ACIL, Adetec,
Banco do Brasil, Caixa, Companhia
de Desenvolvimento de Londrina
(Codel), Correios, Fiep, Londrina
Convention & Visitors Bureau,
Prefeitura de Londrina e Sebrae/PR,
objetivou-se proporcionar às micro,
pequenas e médias empresas a oportunidade de inserção no comércio
exterior, aproveitando as experiências das grandes e que já têm experiência nesse setor.
Maria do Céu diz que um dos esforços foi o de mostrar a esses empresários a possibilidade de desenvolver
uma cultura voltada para o comércio
externo e poder se preparar para participar de um mercado extremamente
competitivo. “O Caminho do Exportador visa justamente isso, ou seja,
proporcionar ao empresário a oportunidade de participar de uma missão
comercial no exterior ou mesmo de
feiras internacionais realizadas no
próprio País, que são muitas, quando
terão possibilidade de se informar
sobre o que os concorrentes estão
produzindo, se atualizarem em relação a tecnologias e saber o que os
clientes externos esperam dele, quanto ao preço e qualidade dos produtos”,
comenta.
A consultora lembra que a região
de Londrina tem potencial exportador
muito forte nos setores de alimentos,
confecção e têxtil, sem falar no setor
moveleiro, que tem crescido muito.
“Por exemplo, a moda brasileira mantém-se em evidência há alguns anos.”
Ações – Maria do Céu comenta ainda
que a partir da realização do Caminho
do Exportador, em 2004, uma feira de
produtos e de prestadores de serviço,
inclusive com showroom com os
produtos exportados por Londrina,
foram estabelecidas algumas estratégias para fomentar a cultura de comércio
exterior junto aos empresários da
Cidade, por meio da participação deles
em eventos e seminários do setor. Com
isso, instituiu-se o planejamento
estratégico. Uma reunião a cada 15 dias
de representantes das entidades envolvidas no Caminho avalia os resultados
desses eventos e define calendários de
cursos, seminários e até missões, infor-
“Estratégias para fomentar uma
cultura exportadora entre os
pequenos empresários locais”
Maria do Céu Lopes, consultora
mações que são disponibilizadas ao público por meio da mídia e do site
Caminhos do Exportador. “Aliás, a
primeira ação do planejamento estratégico foi o lançamento do site”, lembra.
Destacando que é de grande importância para o micro, pequeno e médio
empresário a participação em seminários e missões comerciais, Maria do Céu
diz que muitos eventos estão sendo
promovidos pelo Governo do Estado,
Fiep e outras entidades, principalmente
organizando missões comerciais. “E
compete a nós a divulgação desses
eventos.”
Ela lembra, por exemplo, da Fispal
Latino, uma feira voltada ao setor de
alimentos para latino-americanos que
será realizada em Miami (EUA) de 10 a
12 de maio, que é uma vitrine de grandes
oportunidades
de
negócios,
considerando que os latinos, com 38,8
milhões de pessoas, formam o maior
grupo étnico residente nos Estados Unidos. Outra grande oportunidade será a
Fispal Food Service 2006, que será
realizada de 17 a 20 de julho no Anhembi,
em São Paulo.
AGENDA DE
EVENTOS
MARKETING INTERNACIONAL
MISSÃO PARA A ALEMANHA
Palestrantes: Paulo Nogari e Alexandre Pedotti
Dias 28 e 29 de abril no Auditório da ACIL
Duração: 8 horas
Inscrição na ACIL (pessoalmente) ou no site
Público: empresários, profissionais de comércio exterior e estudantes
“Nós fazemos diferente” (We do it different) é o tema da missão de
empresas brasileiras organizada pela ABIT, por intermédio do
Programa Texbrasil, com o apoio da APEX-Brasil, para a cidade
alemã de Dusseldorf, na última semana de maio, para o setor têxtil e
de confecção. A missão foi organizada aproveitando o clima de
Copa do Mundo que toma conta daquele País. Informação na
ACIL.
EENCOMEX EM CAMBÉ
Confirmado: o próximo Encontro
de Comércio Exterior (Encomex)
será realizado em Cambé, nos dias
21 e 22 de setembro. Junto com o
Encomex-Cambé será promovido
o III Caminho do Exportador. A
organização é do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e
Comércio, junto com instituições e
entidades que participam do
Caminho do Exportador, com o
apoio da Prefeitura e Companhia
de Desenvolvimento de Cambé.
JORNAL DA ACIL/Março 2006
12
SAÚDE
Lixo hospitalar de Londrina
sai do aterro
Saída emergencial definida por geradores de resíduos
é a escolha de uma empresa terceirizada para recolher o material
Katia Baggio
Especial para o Jornal da ACIL
Depois de vários pedidos de prorrogação, os responsáveis pelo lixo contaminante
de Londrina vão contratar uma empresa
especializada para fazer a coleta, transporte
e o restante do procedimento, até o depósito
em local apropriado. A empresa deve estar
operando a partir de primeiro de abril, já
que a promotora do Meio Ambiente, Solange
Vicentin, permite que o material seja
depositado no aterro controlado de Londrina só até o dia 31 de março.
A promotoria atendeu a pelo menos
quatro pedidos de prorrogação do prazo
legal para a ativação da lei 306/2004, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), que deveria estar em vigor desde
junho do ano passado. O anúncio foi feito
esse mês pelos representantes dos geradores
de material contaminante, hospitais, clínicas
médicas, odontológicas e veterinárias, laboratórios e farmácias.
Eles formaram uma Comissão de
Gerenciamento dos Resíduos Sólidos da
Saúde da Região Metropolitana de Londrina
e apresentaram um plano de curto, médio e
longo prazo para a promotora e também
para o secretário estadual de Meio Ambiente,
Luiz Eduardo Cheida, no último dia 12. O
encontro foi realizado na sede da Associação
Médica de Londrina.
No encontro anterior, em fevereiro, eles
decidiram pedir uma nova reunião com o
secretário Cheida para tentar mais uma
prorrogação, com base na lei 358, do
Conselho Nacional do Meio Ambiente
(Conama), que trata do mesmo assunto e
passa a vigorar em abril de 2007. A
promotora, no entanto, adiantou que mesmo
o secretário acatando o pedido de
prorrogação, ela faria cumprir a lei da Anvisa.
Assim, no encontro com o secretário, dia 12,
eles não pediram nova prorrogação e entregaram o plano.
A ação de curtíssimo prazo é justamente
a contratação de uma empresa para fazer o
trabalho que hoje é desempenhado pela
Companhia Municipal de Trânsito e
Urbanização (CMTU). A companhia apenas
faz a coleta e transporte do material para o
aterro, onde é colocado em uma vala séptica,
tratada com cal, e coberto com terra e lona.
Esse depósito está com a capacidade praticamente esgotada e a promotoria não permite
a abertura de nova vala para depósito de lixo
hospitalar.
O presidente do Sindicato dos Hospitais
e Estabelecimentos de Saúde de Londrina
(Sinheslor), o neurologista Fahd Haddad,
Vala usada para depositar lixo hospitalar no aterro do Limoeiro já
está cheia e só pode receber os resíduos até o dia 31 deste mês
diz que estão em análise seis ou sete
empresas que já prestam esse serviço para
outras cidades do Estado. O Centro de
Tratamento de Resíduos (CTR) de Maringá
pode ser contratado, pela proximidade com
Londrina. Só não tem depósito e, por isso,
manda o material já tratado para São Paulo.
“Algumas nos procuraram, outras fomos pesquisar, mas até o final do mês
teremos a responsável pelo serviço”,
acrescenta Haddad. Ele afirma que as
empresas têm cobrado entre R$ 1,20 e R$
1,30 o quilo. A CMTU recolhe 2,5 toneladas/
dia do material. Mas os responsáveis dizem
que esse volume pode ser reduzido com
divulgação e conscientização junto à
comunidade que trabalha no setor. “Hoje
muita coisa que não é contaminante acaba
recolhida, mas com todos sabendo identificar exatamente o que é, determinado pela
própria lei, isso deve diminuir”, acredita
Haddad.
A lei prevê que os geradores de material
potencialmente contaminante são
responsáveis pela coleta, transporte,
destruição e/ou inativação de seringas,
agulhas, algodão e outros materiais que
tenham entrado em contato com sangue ou
qualquer outro fluido humano ou animal,
que possa ser via de contaminação. Há,
ainda, os descartes de raios X, que devem
ter tratamento especial.
O principal plano de médio prazo prevê
a instalação de um sistema de
processamento de resíduos na Cidade até
abril do próximo ano, quando entra em
vigor a lei do Conama. O CTR de Londrina
deverá ter uma autoclave, equipamento
avaliado entre US$ 300 mil e US$ 400 mil
pelo médico Aparecido Andrade. Ele preside
o Instituto Nacional de Desenvolvimento da
Saúde e Ecologia (Indese) e o Centro de
Tratamento de Resíduos da Região Metropolitana de Londrina (Indese CTR), entidades criadas em novembro do ano passado e
mantidas pela Associação Médica de Londrina. Os geradores de lixo hospitalar
decidiram criar o centro de tratamento
através desses órgãos, que já estão formalizados.
Andrade disse que se estuda uma
parceria com uma empresa alemã, que faria
a instalação e funcionamento da autoclave,
com custo a ser rateado entre os
participantes do consórcio a ser formado. “É
muito simples: basicamente apenas uma
pessoa pilota o caminhão de coleta,
transporta até o local e opera a Central.”
Ainda não se sabe quantos são os geradores
de lixo contaminante em Londrina.
A promotora Solange Vicentin diz que
vai acompanhar de perto a contratação da
empresa a atuar na Cidade. Ela revelou que
recebeu denúncias de que algumas
empresas que prestam esse tipo de serviço
fazem apenas a coleta e transporte do material, sem dar o tratamento adequado, e
ainda estariam jogando os resíduos em
lixões. “Esse é um problema que pode se
tornar maior ainda, porque além de não
resolver aumenta o perigo de contaminação
em outros locais.” Também é preciso cuidar
da questão do incinerador, que gera resíduo
(cinzas), assim como a própria autoclave
(líquido). “É preciso saber onde os resíduos
dos resíduos serão depositados. A questão é
bem complexa e vamos acompanhar, se
preciso, com o auxílio de promotorias de
outros locais.”
No Paraná, apenas uma empresa tem
local adequado para depositar os resíduos.
As demais enviam o material para depósitos
em São Paulo, principalmente.
Outra ação de médio prazo é atuar junto
à Prefeitura de Londrina para agilizar a
implantação do aterro sanitário metropolitano. O atual aterro, que não é sanitário,
mas apenas controlado, por não atender a
todas as normas legais, tem vida útil de, no
máximo, dois anos.
A Prefeitura já destacou três possíveis
áreas, fez o estudo de impacto ambiental
nas três, mas até agora não definiu qual
será o novo aterro. Para o secretário Cheida,
essa é uma decisão difícil porque ninguém
quer o aterro próximo de casa. “Mas o IAP
(Instituto Ambiental do Paraná) já deu a
licença prévia das três áreas e é preciso
agilizar o novo aterro o quanto antes”, observa
o secretário.
Outra ação de médio prazo foi mais um
pedido para as autoridades: que os órgãos
fiscalizadores atuem somente na
orientação e supervisão do processo. A
promotora afirmou que é preciso fiscalizar
para que o dano ambiental não seja maior.
“A preocupação em tratar o assunto de
forma regional é importante, mas a mistura
de lixo também. E o Plano Diretor (de
Londrina) precisa determinar onde será o
novo aterro, para estar legal.”
Entre as ações de longo prazo previstas
no documento estão a participação em
audiências públicas e outras atividades para
aperfeiçoar as leis e “torná-las condizentes
e esclarecedoras das atribuições de todos os
geradores”. Deverão ser desenvolvidas
campanhas educativas e de esclarecimento
da população para a correta separação dos
resíduos de saúde e domésticos, visando à
preservação do meio ambiente.
Para Cheida, a solução encontrada por
Londrina é satisfatória. “Ela cumpre as
duas determinações (Anvisa e Conama) e
ainda pode ajudar na solução de outros
resíduos, já que será preciso cuidar da
mistura entre os domésticos e os produzidos
nos casos de internação domiciliar, por
exemplo.”
JORNAL DA ACIL/Março
2006
ACIL/Fevereiro
2005
13
7
JORNAL DA ACIL/Março 2006
14
NOVA CONSCIENCIA
Parceria pela
responsabilidade social
ACIL e PUC-PR se unem em projeto para diagnosticar as atividades socialmente
responsáveis desenvolvidas em pequenas e médias empresas de Londrina
Fernanda Bressan
Especial para o
Jornal da ACIL
Despertar para a responsabilidade social. Essa
é a meta do projeto “Responsabilidade social empresarial, casos de excelência em Londrina” que a
PUC vai desenvolver em
parceria com a ACIL entre
março e junho deste ano.
Nesse período, 24 alunos
do curso de Administração
de Empresas visitarão 11
pequenas e médias empresas de Londrina para fazer
um retrato das ações de
responsabilidade social que
são desenvolvidas no local.
Um case será montado ao
final e os projetos que se
destacarem
serão
encaminhados para concorrer a prêmios nacionais
como “Valor Social”, do jornal Valor Econômico, e
“FGV de Responsabilidade
Social”.
Já no primeiro encontro, realizado dia 16 deste
mês, na ACIL, foi possível
perceber que ações de responsabilidade social passam
longe
do
assistencialismo. A professora Lílian Aligleri, coordenadora do projeto, mostrou
pequenos atos, como
economia de energia,
compra de produtos
reciclados e incorporação
Lílian Aligleri,
coordenadora do projeto:
quebrar o paradigma de
que só grandes empresas
têm ações de
responsabilidade social
de deficientes ou pessoas
da terceira idade à empresa, como atitudes que se
enquadram em uma política de responsabilidade social.
Para a professora, todos têm a ganhar com o
projeto. “Os alunos poderão ver a realidade das
empresas e os empresários
terão um ganho ainda
maior porque os alunos vão
contribuir no levantamento dessas ações, vão redigir
um caso e o resultado final
poderá ser usado pela
Fábio Melaré: “Vi que
faço várias atitudes
como aproveitamento
de papel, coleta
seletiva de lixo e
economia de energia”
Gabriela Favoreto “Vamos
ver como funciona na
prática e perceber se as
empresas têm projetos
socialmente responsáveis”
empresa em várias situações”, resume. Ela lembra
que existe um paradigma
de que só grandes empresas têm ações de responsabilidade social, o que não
condiz com a verdade.
“Queremos quebrar essa
visão”, acrescenta Lílian.
Os empresários já perceberam que são socialmente responsáveis no diaa-dia. Plácido Roberto
Carmagnani,
da
Compusystem Informática,
relata que o trabalho será
bem interessante. “Vai ser
bom para identificar os tipos de responsabilidade social que a empresa pode
praticar e vamos descobrir
que fazemos isso e nem sabíamos”, afirma. Fábio
Melaré, da Auto Mecânica
Melaré, segue o mesmo
raciocínio. “Vi que faço várias atitudes como aproveitamento de papel, coleta
seletiva de lixo e economia
de energia”, relata.
Os alunos estão empolgados com a atividade.
Gabriela Lebbos Favoreto
lembra que as empresas são
os principais atores
envolvidos em atividades de
responsabilidade social.
“Vamos ver como funciona
na prática e perceber se as
empresas têm projetos
socialmente responsáveis.
Se
tiverem,
vamos
aprimorá-los e deixar os
empresários conscientes do
que é a responsabilidade
social”, descreve.
Para o decano da PUC,
Miguel Bompeixe Kohler, a
união da universidade com
a ACIL é benéfica em mão
dupla. “De um lado nós
temos uma instituição educacional que se preocupa
constantemente com a responsabilidade social e do
outro temos uma entidade
representativa e tradicional no comércio e nas empresas em geral. O encontro é fundamental para que
possamos desenvolver nossas potencialidades e mostrar que essas parcerias devem ser realizadas”, declara.
O benefício para as
empresas é observado pelo
presidente da ACIL, José
Augusto Rapcham. “É uma
oportunidade para as empresas terem essa ligação
com os estudantes que têm
a informação mais atual
com a tendência do que o
mercado está exigindo. As
empresas precisam se
engajar nesses projetos”,
salienta.
Ao todo, 11 empresas
integrantes do Projeto
Empreender, da ACIL, abrirão as portas para a pesquisa dos alunos. Essas
empresas estão divididas
nos segmentos de farmácias
de
manipulação,
informática, mecânica,
auto-elétrica e auto-center.
nu
TRANSPARÊNCIA FISCAL
O Leão
A ACIL – Associação Comercial e
Industrial de Londrina e o Sescap – Sindicato
das Empresas de Contabilidade de Londrina,
em parceria com um grupo de entidades
locais, abriram, no dia 16 deste mês, no
Catuaí Shopping Center, o Feirão do Imposto. A iniciativa é parte da mobilização
nacional que cobra do governo transparência fiscal e pede a aprovação de uma emenda que determina a discriminação, nas
notas fiscais, dos impostos cobrados nos
produtos e serviços.
No Catuaí, o evento foi realizado no final
de semana de 17 a 19 e será novamente
montado no final de semana seguinte, de 24
a 26 de março. Em seguida, o Feirão será
levado a outros pontos da Cidade, como a
Zona Norte, e também à 46a Exposição
Agropecuária e Industrial de Londrina, que
começa no dia 6 de abril.
A escolha do Catuaí como ponto inicial
foi estratégica, já que o objetivo do Feirão é
conscientizar o consumidor sobre a carga
tributária que incide sobre tudo o que ele
compra, de um par de sapatos à cervejinha,
passando pela energia elétrica e pelos
alimentos da cesta básica. Logo nos
primeiros instantes do funcionamento do
Feirão, já era possível perceber a indignação
dos consumidores ao descobrirem o que
Shopping Catuaí é o primeiro endereço
dos Feirões do Imposto, que vão percorrer
a Cidade para mostrar quanto dói no
bolso do consumidor a voracidade fiscal
do governo
Feirão
montado no
Catuaí: reação
de indignação
do consumidor
é imediata
representam os impostos nos preços dos
produtos que eles compram. No evento, as
pessoas são informadas, através de quadros
e até de um balcão com produtos, qual é a
mordida do Leão.
O Feirão é o primeiro grande passo das
atividades que serão desenvolvidas na
Cidade pelas entidades participantes da
mobilização, depois da vinda a Londrina do
empresário Guilherme Afif Domingos,
presidente da Associação Comercial de São
Paulo. A entidade paulistana lidera a
mobilização nacional.
Outros feirões serão realizados em pontos
distintos da Cidade, assim como outros
tipos de atividades. O Feirão do imposto
serve para a coleta de adesões ao abaixoassinado que pede a aprovação da emenda
que exige a descriminação dos impostos nas
notas fiscais. O objetivo da campanha nacional é obter 1,5 milhão de assinaturas.
Londrina foi a primeira cidade do Paraná a
aderir à mobilização. A realização do Feirão
no Catuaí contou com a colaboração direta
da administração do Shopping.
Empresas ou mesmo cidadãos interessados em participar da coleta de assinaturas para a aprovação da emenda
constitucional podem obter uma cópia do
formulário no endereço http://
www.deolhonoimposto.org.br/
deolhonoimposto.pdf Basta baixar o arquivo, imprimir e coletar as assinaturas. As
folhas preenchidas devem ser encaminhadas à ACIL. Mais informações sobre a campanha podem ser obtidas nos sites da
Associação Comercial de São Paulo:
w w w . a c s p . c o m . b r ;
www.deolhonoimposto.com.br
e
www.feiraodoimposto.com.br.
JORNAL DA ACIL/Março 2006
16
17
CARNE, CERVEJA e CIDADANIA
O ‘Clube do Bolinha’ londrinense
Além de descontrair seus freqüentadores nas noites de quartas-feiras, o Clube da Costela ajuda entidades assistenciais de Londrina
Keity Alaver
Especial para o Jornal da ACIL
Reunir um grupo de amigos
para saborear uma deliciosa costela, beber uma cerveja bem gelada e bater um bom papo pode ser
visto como sinônimo de boemia.
Mas para os freqüentadores do
Clube da Costela, em Londrina,
essa atividade vai muito além.
Todas as quartas-feiras 21
voluntários, entre empresários e
profissionais liberais, se reúnem
para oferecer uma apetitosa
costela em um ambiente de mil
metros quadrados, localizado no
Jardim Universitário. O curioso:
mulheres não entram.
A idéia surgiu há quase 12
anos. Baseado nas atitudes do
clube Ferra Mula, de Apucarana,
alguns amigos se reuniram com o
objetivo maior de ajudar pessoas
carentes com o dinheiro arrecadado a partir da venda da carne.
As reuniões tiveram início na sede
social do Clube Alemão, a AREL,
onde eram produzidos em média
15 quilos de costela por quartafeira. O número de freqüentadores
aumentou e o clube chegou a
vender 655 quilos de carne em
um só dia. Este foi o pontapé
inicial para a procura de um lugar
próprio que atendesse à demanda.
O terreno onde fica a atual sede
foi doado pela Prefeitura de Lon-
drina.
Atualmente o restaurante
chega a vender por quarta-feira
em média 350 quilos de costela e
mais 200 quilos nos domingos,
quando as pessoas levam para
comer em casa. O grupo funciona
como um clube de serviços. Com
direito a estatuto, presidente, vice,
tesoureiro, e outras funções
exercidas pelos voluntários. Mais
sete funcionários registrados que
completam a ficha da entidade.
O que diferencia o clube dos
demais não é só a proibição na
entrada das mulheres, nem a
diversão, mas o lado beneficente.
No final de cada mês, o dinheiro
arrecadado com a venda da carne
e das bebidas é doado a entidades
filantrópicas. “Foi uma associação
criada para fazer algo por alguém”,
explica o presidente do clube,
Nelson Zanon Junior.
No decorrer destes 12 anos,
diversas entidades foram ajudadas. Para fazer parte desta lista, a
entidade deve mandar um ofício
ao clube, que faz uma triagem e
coloca o solicitante em uma lista
de espera. No início de cada ano é
feita a programação e são
ajudadas no mínimo 12 entidades ano.
Além disso, o Clube da Costela
disponibiliza seu espaço gratuitamente para eventos beneficentes realizados por entidades como
a Associação de Bairros do Jardim
Universitário, Secretaria de
Assistência Social da Prefeitura,
o grupo do Carneiro Solidário,
entre outros. Esses eventos são
normalmente realizados às
sextas-feiras, com venda de ingresso feita pelos interessados.
Mas este “Clube do Bolinha”
funciona muito bem somente com
os homens. “Não é mais um
restaurante igual a qualquer outro
da Cidade. Aqui temos regras a
cumprir”, explica Zanon. Mesmo
assim, não é tão rigoroso como
parece. Além de ter uma mulher
trabalhando na cozinha da sede,
é possível ver, logo na entrada do
clube, um cartaz que diz:
“Atendemos senhoras ‘somente’
acima de 90 anos acompanhadas
dos pais”. Difícil, porém não
impossível. Mas será que as
mulheres
realmente
se
preocupam em não freqüentar o
clube? José Maria Aranda Junior,
que vai ao clube desde quando
era na outra sede, acredita que
deveriam abrir para as mulheres.
“Preferia que deixassem, pois
minha noiva reclama muito e o
ambiente ficaria mais bonito. Já
minha mãe, além de reclamar,
exige que eu leve a costela pra
ela.”
Os voluntários do Clube da
Costela não se redimem e ainda
afirmam que suas mulheres não
Doações fazem
a diferença
para entidades
A jornalista Keity Alaver, do lado de
fora do Clube da Costela, em
pleno Dia Internacional da Mulher,
8 de março: tradição mantida,
porta fechada para as mulheres
acham nem um pouquinho ruim
esta atitude. “Minha mulher
nunca reclamou”, conta Alyrio
Eumann, fundador e voluntário.
“Tentamos abrir para as mulheres uma vez, mas não deu certo”,
conta Nicolau Bulgacov Júnior,
também fundador e voluntário.
Como não poderia deixar de
ser, casos inusitados já acontece-
ram dentro do clube devido à
proibição. “Certa vez uma namorada de um dos freqüentadores
entrou e começou a brigar com
ele no meio do salão da sede.
Quando ela saiu todos a aplaudiram”, conta Eumann. Já a artista
plástica Tahis Dalla Zanna
conheceu a proibição de um modo
um tanto traumático: ”Fui buscar
Nelson Zanon Junior: “Uma
associação criada para fazer
algo por alguém”
a chave de casa com meu irmão.
Quando entrei, todos ficaram
olhando para minha cara. Fiquei
vermelha na hora. Não sabia que
mulheres não podiam entrar”.
O clube também tem seus
momentos de diversão. Eumann
explica que quando um homem
vai pela primeira vez, nas quartas-feiras, recebe um batismo:
tomar um caneco de chopp de
300 ml de uma só vez. Caso ele
não consiga sofre um castigo:
tomar o mesmo tanto em uma
caneca que tem o formato do órgão
sexual
masculino.
Outra
brincadeira é feita com o sino,
que serve também para avisar a
hora de fechar o estabelecimento.
“As pessoas que tocarem o sino
durante o expediente pagam uma
cerveja para os voluntários.
Muitos não sabem e tocam
somente para agitar o local,
mesmo assim pagam”, explica
Eumann.
Uma das entidades que foram beneficiadas
com o apoio do Clube da Costela foi o Cari Centro de Apoio à Recuperação Infantil Dr.
Hugo Dehé, especializada em atender gratuitamente crianças carentes, de zero a dois anos,
que receberam alta hospitalar, mas necessitam
de cuidados especiais com alimentação, higiene
e medicamentos.
De acordo com o presidente do Cari, Antonio Galindo Moreno, a doação foi muito importante. “Somos uma entidade que temos gastos
altíssimos, de R$ 15 mil a R$ 18 mil por mês,
entre salários, compra de remédios, na
alimentação das crianças. Para nós a possibilidade dada pelo clube foi gratificante.”
Como outras entidades o Cari teve que
aguardar a vez para ser atendido. O evento foi
feito em uma sexta-feira, com todos os convites
vendidos, cerca de 350. “A doação foi totalmente
destinada aos gastos da entidade”, conta
Galindo.
A entidade tem capacidade para atender,
em média, 20 crianças que são encaminhadas
por hospitais conveniados. Além do atendimento a crianças, o Cari desenvolve um trabalho de prevenção e conscientização dos pais e
familiares e, com isso, ajuda a evitar a
reincidência e futuros problemas de saúde.
AFTOSA NO PARANÁ
Um ponto final
e dois de interrogação
Abate de animais encerra a “novela” do surto da doença no Estado.
Mesmo assim, permanecem as dúvidas sobre o papel do Ministério da
Agricultura e das demais autoridades do setor. Prejuízos são enormes
José Antonio Pedriali
Especial para o Jornal da ACIL
Cento e quarenta e oito dias
depois de anunciada a suspeita,
o sacrifício do rebanho da
Fazenda Pedra Preta, em
Maringá, em 8 de março,
começou a colocar o ponto final
no episódio da febre aftosa no
Paraná. Permanecerão, no
entanto, duas interrogações: por
que o Ministério da Agricultura
decretou o foco apesar de todas
as evidências em contrário e por
que os responsáveis pelo setor,
incluindo o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, o governador Roberto Requião e o
secretário de Agricultura e vicegovernador Orlando Pessuti, se
comportaram de forma a alongar ainda mais o drama.
O sacrifício dos 6,5 mil animais de sete fazendas apontados como contaminados permitirá que o Estado retome, no
prazo de seis meses, o status de
região livre da aftosa com vacinação. As exportações, bloqueadas desde o final de novembro
por cerca de 60 países – entre
eles o maior comprador de carne
bovina e suína do Paraná, a
Rússia – poderão, finalmente,
ser retomadas.
O Paraná, segundo estimativa do Sindicato da Indústria
da Carne (Sindicarnes),
amargou, devido ao bloqueio,
um prejuízo diário de R$ 5
milhões. Ou seja, R$ 740 milhões até o sacrifício do primeiro
lote de animais. Os maiores frigoríficos do Estado, situados na
região Noroeste, reduziram
praticamente pela metade os
abates e cortaram o pessoal na
mesma proporção. O Margen,
de Paiçandu, fechou as portas.
Seiscentas pessoas perderam
seus empregos. Milhões de litros
de leite foram jogados fora nos
primeiros dias após o anúncio
da doença, pois o principal consumidor do leite in natura, São
Paulo, fechou suas fronteiras
durante uma semana.
A suspeita da febre aftosa foi
anunciada em 21 de outubro
com base em reação positiva
aos exames sorológicos feitos
em alguns animais comprados
em Londrina na Expozebu,
promovida pela Sociedade Rural
do Paraná. Os animais eram
originários da Fazenda Bonanza,
em Eldorado, onde surgiu o primeiro dos cerca de 30 focos de
febre aftosa no Mato Grosso do
Sul.
A procedência dos animais
acendeu a luz amarela. A partir
daí houve uma sucessão de
desencontros, iniciados com os
comentários do secretário e do
ministro da Agricultura de que
a contaminação do rebanho era
praticamente certa (90%, segundo o ministro). E, quando os
animais continuavam insistindo em não manifestar os
sintomas da doença, Requião
ameaçou
–
recuando
estrategicamente em seguida –
promover um churrasco na
Fazenda Cachoeira, em São
Sebastião da Amoreira, declarada o primeiro foco da doença.
A falta de sintomas intrigou
desde o início os especialistas,
entre eles o virologista Amauri
Alfieri, da Universidade
Estadual de Londrina. Segundo
ele, esse fato caracterizava o
Paraná como um “caso único”
de aftosa no mundo. A perplexidade atingiu o setor de defesa
sanitária do Ministério da Agricultura, responsável pelo diag-
nóstico da doença, provocando
uma divisão entre seus
membros. Divisão que foi exposta publicamente durante
audiência pública promovida em
Brasília pela Comissão de
Agricultura e Pecuária da Câmara dos Deputados.
Os mais de cinco mil exames
feitos pelo Laboratório Nacional
de Agropecuária, de Belém e
Porto Alegre, não conseguiram
isolar o vírus da doença. Mas
era impossível recuar depois que
o Ministério da Agricultura comunicou à Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE),
com sede em Genebra, Suíça,
que havia um foco da doença na
Fazenda Cachoeira. O diagnóstico foi feito com base nos testes
sorológicos que apresentaram
resultado positivo e na
vinculação epidemiológica dos
animais. O procedimento obedece a normas da OIE, que,
nesses casos, prevê apenas uma
maneira para erradicar o problema – o sacrifício dos animais.
A aceitação do governo do
Estado de que era preciso sacrificar o gado contaminado aconteceu por pressão do Sindicarnes
e da Federação da Agricultura
do Paraná e teve o aval do
Conselho Estadual de Sanidade
Animal. Os proprietários das
sete fazendas abriram mão de
eventual recurso à Justiça
contra o sacrifício de seus
rebanhos com a condição de
que animais que reagiram positivamente aos testes sejam
necropsiados por amostragem
(André Carioba Filho, gerente
da Fazenda Cachoeira, desistiu
dos proces
ACIL/Março 2006
JORNAL DA ACIL/Fevereiro
2005
sos que haviam sido acolhidos favoravelmente pela Justiça Federal). O Centro Pan-americano de Febre Aftosa, com sede
no Rio de Janeiro, ficou responsável pela supervisão da
necropsia que, se indicar que o
rebanho não estava de fato contaminado, permitirá aos proprietários exigirem na Justiça
reparação por perdas e danos.
O surto da aftosa no Paraná,
um surto “político” e “virtual”, na
opinião do presidente da
Sociedade Rural, Edson Neme
Ruiz, poderá, no entanto, incentivar a uma mudança nos
métodos de diagnóstico da doença, afirma Valmir Kowalewski de
Souza, superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná.
Segundo ele, apenas a vinculação
epidemiológica e a reação
sorológica positiva não são
suficientes para comprovar a
doença. A proposta de mudança,
diz ele, será apresentada à OIE.
Nota da Redação: no fechamento desta edição (15 de março) estava sendo iniciado o sacrifício dos 1,8 mil animais da
Fazenda Cachoeira, a quarta a
ter seu rebanho morto. Depois
seriam abatidos, para encerrar
o processo, os 4,2 mil animais
de duas fazendas em Loanda.
19
7
Exposição
sentirá
efeitos
Rebanho
na
Fazenda
Cachoeira:
gado sadio
a caminho
do abate
Animais
sacrificados
na Fazenda
Flor do Café,
em Bela Vista
do Paraíso
A 46ª Exposição Agropecuária e
Industrial de Londrina, marcada para
entre 6 e 16 de abril, sentirá os
efeitos da febre aftosa que o Ministério da Agricultura decretou no Paraná
e que o governo do Estado e
pecuaristas não admitem. “O número de animais comercializados e os
que ficarão em exposição deve, com
certeza, diminuir”, admite o presidente Sociedade Rural do Paraná,
Edson Neme Ruiz.
O lançamento da feira foi feito em
14 de março, quando normalmente
as argolas já estão vendidas – ou
seja, a capacidade de alojamento de
animais está completa – e todo o
calendário de leilões está fechado.
Desta vez, no lançamento da feira
havia muitas argolas disponíveis e
vários produtores haviam cancelado
ou estavam na iminência de cancelar os leilões que promoveriam.
O resultado da feira é de difícil
estimativa. No ano passado o
faturamento foi de R$ 160 milhões.
JORNAL DA ACIL/Março 2006
20
46
a
GRANDE EVENTO
Expô festeja
Nem mesmo as conseqüências
provocadas pela controversa crise da
aftosa em rebanhos do Paraná serão
capazes de reduzir as dimensões da 46a
Exposição Agropecuária e Industrial do
Paraná – 14a Internacional, que será
realizada de 6 a 16 de abril. A feira,
promovida pela SRP – Sociedade Rural
do Paraná, marca os 60 anos de fundação da entidade e terá uma série de
atrativos novos ou renovados.
Isso significa que, mesmo ocorrendo
redução na participação de bovinos, a
festa da Rural se manterá grande, já que
envolve um conjunto amplo de itens,
desde os leilões e rodeios até shows
musicais e as mostras industrial e comercial. O número de expositores dos
setores industrial e comercial deve se
manter próximo aos cerca de 600 participantes registrados no ano passado. O
público visitante esperado é de mais de
um milhão de pessoas.
Considerada a maior do gênero na
América Latina, a Exposição de Londrina terá, segundo a organização, uma
grande variedade de bovinos, eqüinos,
caprinos, ovinos e suínos. Os pecuaristas
60 anos da Rural
Considerada a maior feira do gênero da América Latina,
Exposição de Londrina aposta nos atrativos e espera
público de 1 milhão de pessoas
que forem ao Parque de Exposições Ney
Braga poderão ficar tranqüilos. Apesar
das dificuldades geradas pela crise sanitária, o trânsito dos animais para o
parque será normal. Apenas haverá restrição para os animais oriundos das
áreas que estiverem sob intervenção
sanitária durante a realização da
Exposição.
Outro detalhe importante é que todas as instalações do Parque Governador Ney Braga foram desinfetadas e
inspecionadas pela Secretaria de Agri-
cultura e Abastecimento do Paraná juntamente com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Assim, os animais que forem apresentados na Exposição de Londrina poderão
participar de outras feiras agropecuárias
do país, sem qualquer restrição.
O presidente da Sociedade Rural do
Paraná, Edson Neme Ruiz, afirma que
Exposição 2006 terá como tema, além
das festividades dos 60 anos da entidade, a reivindicação de que se estabeleça
uma política agrícola mais comprometi-
da com o setor. “Sabemos da importância do setor agropecuário para a composição da balança comercial brasileira e
para a população em geral na produção
de alimentos. Porém, queremos aproveitar o evento para cobrar uma política
agrícola mais justa com a nossa atividade. Setores importantes como sanidade
animal e o de seguro de renda mínima
precisam de uma devida atenção dos
nossos representantes governamentais”,
afirma.
ACIL/Março 2006
JORNAL DA ACIL/Fevereiro
2005
21
7
ANOTE
LEILÕES JÁ CONFIRMADOS
Balonismo
Outra grande atração da Exposição 2006 é o 7º Campeonato Sul Brasileiro
de Balonismo da Sociedade Rural do Paraná. No total, 15 balões vão sobrevoar
Londrina e região, entre dos dias 7 a 9 de abril. Os melhores competidores do
Paraná, São Paulo, Goiás, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro
já confirmaram suas participações no evento. Entre eles estão o
pentacampeão brasileiro Rubens Kalousdian e o tetracampeão brasileiro
Fábio Passos.
MD&I
A 46ª Exposição de Londrina terá este ano um reforço estético em sua
programação. Será a 11ª Mostra de Decoração e Interiores, um dos eventos
mais importantes do setor no Estado e que pela primeira vez fará parte da
programação da Expô. A Mostra será montada no Pavilhão Internacional
“Octávio Cesário Pereira Júnisor” e terá, ao todo, 1.800 metros quadrados,
divididos em 800 metros quadrados de área construída (ambientes) e o restante
será ocupado com estandes de expositores. Esta será a segunda edição em
que os ambientes de uma casa serão reproduzidos em área alternativa – a
MD&I é realizada, tradicionalmente, em casas construídas para moradia.
Cultura e Lazer
A programação cultural da Feira tem novidades interessantes. A primeira
delas é a peça teatral “60 anos da Sociedade Rural do Paraná”, interpretada
pelo ator Paulo Braz, com diversas participações no FILO – Festival Internacional
de Londrina. A apresentação está programada para o dia 9, domingo, com
início às 19h45. O grupo Vascodun vai apresentar “Tambores do Rio”, espetáculo
que reúne 18 percussionistas, 13 deles crianças. Outra novidade musical são três
bandas marciais, somando cerca de 240 integrantes, vindas do interior do
Paraná e de São Paulo. Para os saudosistas e para quem não teve a oportunidade
de conhecer uma banda marcial, está aí uma excelente oportunidade.
Angus Show
Cachoeira Fest
Espinho Preto
Estrelas do Brahman
Fêmea Nelore do Futuro
Londrina Embryo Nelore
Master Corte
Paraguaçu Pontal
RBL Gado de Corte
Rio Bonito
Tabapuã Elite Show
Top Bezerro
Três de Ouro Nelore
Ventres VR
6º Golden Night de Cavalos Paint Horse e Quarto de Milha
2º Leilão Mangalarga Londrina Show
EVENTOS TÉCNICOS
Via Rural ou “Fazendinha”
Outros importantes eventos já confirmados são:
Fórum Nacional de Secretários da Agricultura;
2º Seminário Regional sobre Biodiesel;
3º Encontro Regional da Soja;
5º Encontro Paranaense de Fruticultura;
7º Seminário de Pecuária de Corte;
11º Encontro Regional do Leite;
14º Encontro do Café;
Painel: “Rumos da Defesa Sanitária Perante os Mercados Nacional e Internacional”;
Palestra: “O Meio Ambiente e a Reforma Agrária - Como Regenerar
com Segurança e Menor Custo - Vender ou Desapropriar?”
SHOWS PROGRAMADOS
Dia 06/04 – Bruno & Marrone
Dias 7, 8 e 09/04 – Rodeio (veja texto abaixo)
Dia 10/04 – André Valadão (Gospel)
Dia 11/04 – Gino & Geno
Dia 12/04 – A confirmar
Dia 13/04 – Edson & Hudson
Dia 14/04 – Charlie Brown Jr. (à meia-noite)
Dia 15/04 – A confirmar
Dia 16/04 – A confirmar
JORNAL DA ACIL/Março 2006
22
“CAMELÓDROMO CENTRAL”
Espaço nobre para pirataria
De coração comercial e bancário de Londrina a
endereço do comércio informal. Se depender da CMTU, Calçadão
vai se transformar no paraíso dos camelôs “legalizados”
Fernanda Bressan
Especial para o Jornal da ACIL
Se você quer saber qual o futuro do Calçadão
de Londrina, é melhor selecionar para quem
perguntar. Se for para o presidente da CMTU,
Gabriel Ribeiro de Campos, a resposta será que
a região já apresenta uma tendência para o
chamado comércio popular, inclusive com o
fechamento “de todas as lojas mais sofisticadas
abertas ali”. Se for para o presidente da ONG
Trabalho para Todos, Emerson Lafayette Dias
Soares, a resposta será semelhante: um grande
mercado para os produtos oferecidos pelos camelôs.
Soares e Campos são dois dos principais
personagens de uma tragédia que se aproxima,
a instalação de um camelódromo na Galeria
Cine Augustus, no coração do Calçadão. Já
batizado de “Camelódromo Central”, o local
deverá abrigar 300 lojas. Se depender deles, o
perfil da principal artéria comercial da Cidade
será transformado para sempre. E para pior.
Não pela presença de lojas populares, que aliás
já existem na região, mas pelo fato de se instituir,
na região de maior concentração de lojas de
calçada de Londrina, o comércio informal.
Um camelódromo não é apenas uma
concentração de pequenos comerciantes
de produtos baratos. É, na verdade, uma
zona de ninguém, onde se vende livremente produtos piratas, falsificados, sem comprovação de procedência e que rivalizam,
de forma desleal, com as lojas legalmente
constituídas, que recolhem impostos, registram seus empregados e garantem seus
produtos por serem originais.
A informalidade cria uma distorção que
Galeria Cine
Augustus: do
glamour do
grande
cinema, à
disputada loja
de
departamentos
e, agora,
futuro núcleo
de lojas de
camelôs
ilude o consumidor e pode causar, agora sim, o
fechamento de lojas na região do Calçadão. Não
porque essa seria a “tendência” do Centro, mas
porque o “Camelódromo Central” poderia estimular. Aliás, valeria perguntar ao presidente da
CMTU quais lojas “sofisticadas” fecharam no
Calçadão e se não restam mais empresas com
essas características na região.
“O Centro de Londrina vai parecer uma (rua)
25 de Março ou um Brás. É uma loucura
permitir a instalação de camelôs aqui”. A
referência a locais de venda popular em São
Paulo mostra a indignação da comerciante Selma
Jovina Mussi com a possível instalação do
camelódromo na Galeria. A locação do imóvel,
que já abrigou salas de cinema e por anos sediou
uma filial da Mesbla, está sendo negociada pela
ONG Trabalho para Todos com a proprietária do
imóvel, Rosane Rotondo.
Selma Mussi é proprietária de uma loja na
Galeria Cine Augustus e tem contrato renovado
por mais três anos. Ela e o marido Isaías não
concordam com a instalação do camelódromo
no local. “Vai tirar o cartão postal de Londrina.
Camelódromo é característica de bairro, vai
afastar as classes média e alta do Calçadão”,
acredita Selma. Ela enfatiza não ter nada contra
os camelôs, mas lembra que é um tipo de
comércio que funciona na ilegalidade, com a
venda de produtos contrabandeados ou
pirateados.
A mesma opinião é apresentada por outros
comerciantes do local, que preferiram não se
identificar. Todos fizeram as mesmas reclamações: não foram informados de nada, não sabem
o que está acontecendo, ficaram sabendo da
notícia pelos jornais e estão perdidos. Muitos
estão precisando renovar
“Minha mercadoria tem origem fiscal,
minhas funcionárias são contratadas
com carteira assinada.
Londrina vai perder uma empresária
que paga seus impostos em dia
porque se eu sair daqui
não vou para nenhum outro lugar”
Desabafo de uma comerciante
JORNAL DA ACIL/Março 2006
estoque de mercadorias, fazer melhorias na loja,
mas não o fazem porque não sabem como será o dia de
amanhã. “Eu ia fazer uma reforma geral na loja no
Carnaval, a sorte é que resolvi deixar para depois, senão
tinha perdido dinheiro”, afirma a dona de um dos
pontos comerciais da Galeria.
Há inclusive uma situação que pareceria brincadeira se não fosse tão grave. Um comerciante abriu uma
loja na Galeria no começo do mês. Ele conta que
inaugurou numa sexta-feira e na segunda ficou sabendo
da possível instalação do “Camelódromo Central” no
local em que ele acabou de assinar contrato para três
anos. Com isso, não sabe se coloca placa luminosa e
publicidade na loja com medo de literalmente “jogar
dinheiro fora”.
Os comerciantes reclamam que a Prefeitura não
poderia conceder alvará de licença para a prática de um
comércio que é informal. “Minha mercadoria tem origem fiscal, minhas funcionárias são contratadas com
carteira assinada. Londrina vai perder uma empresária
que paga seus impostos em dia porque se eu sair daqui
não vou para nenhum outro lugar. Gosto de trabalhar
em galeria”, enfatiza uma comerciante. Ela denuncia
que durante vários dias os camelôs “invadiram” a
Galeria e entravam nas lojas para fazer medições
enquanto os funcionários trabalhavam. “Eles já têm a
planta de como vai ficar o local e ficavam escolhendo
pontos”, acrescenta.
Moradores da região também não gostaram da idéia
de ter um camelódromo vizinho. Gerson de Arruda,
morador do edifício Caminhoto, ainda não sabia dos
rumores sobre a instalação do novo comércio na Galeria.
“Você tá brincando? Esse povo não tem mais o que
ajeitar”, disse ao receber a notícia. Ele lembrou que a
área, além de comercial, é também residencial e isso
precisa ser levado em conta. “Vai aumentar e muito o
fluxo de pessoas e isso vai atrapalhar. Além disso, são
pessoas que não pagam o imposto e vão concorrer com
grandes lojas que dão emprego e pagam seus impostos
em dia”, compara. Moradora do mesmo edifício, Dalva
Ayres foi enfática ao dizer que Centro não é lugar de
camelódromo. “Vai trazer uma situação muito desagradável para os moradores”, aponta.
Por todos esses motivos, a ACIL vem fazendo duras
críticas à legalização do camelódromo. O presidente da
entidade, José Augusto Rapcham, se diz temeroso com
a situação e quer rigor do poder Executivo e das receitas
Federal e Estadual na fiscalização desse comércio. “O
perfil desse tipo de empreendimento é de lojas que
trabalham na informalidade, muitas com produtos
falsificados e contrabando. É um tripé que não agrega
nenhum valor para a Cidade”, destaca.
Ele critica o fato de afirmarem que é uma questão
social para gerar renda e emprego. Segundo ele, tratase de uma medida imediatista, pois esse comércio
funciona na ilegalidade com funcionários que não são
registrados. Na concorrência com o comércio legal,
acabam levando ao fechamento de lojas, gerando desemprego. “É uma concorrência desleal”, frisa. Tanto
que alguns comerciantes da Galeria já avisaram seus
funcionários para procurar um novo emprego com a
iminência do fechamento da loja.
Rapcham informa que a ACIL enviou carta à
Prefeitura e às receitas Federal e Estadual solicitando
rigor na emissão de alvarás e no controle das mercadorias
que serão vendidas. “Não podemos proibir a instalação
do camelódromo, mas podemos exigir que fiscalizem e
que sejam criteriosos como são com o resto do comércio”,
avisa.
A sócia-proprietária da Galeria Cine Augustus,
Rosane Rotondo, reforça que ainda não há nenhum
contrato assinado. “Estamos em fase de negociação,
precisamos combinar algumas cláusulas”, adianta.
Especula-se que o contrato mensal de aluguel seria em
torno de R$ 30 mil, R$ 100,00 por camelô. “Eles me
procuraram e fizeram uma proposta. Estou simplesmente fazendo uma negociação de um imóvel que é
meu”, argumenta.
23
“Fico com a
formalidade do
camelódromo”
Da parte da Prefeitura, o presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização
(CMTU), Gabriel Ribeiro de Campos, diz ter sido
procurado por cinco representantes da ONG
Trabalho para Todos. “Eles me procuraram pedindo para agilizar o processo e se pudermos
interceder junto à Secretaria de Fazenda para
isso, vamos fazer”, salienta. Ele completa que é a
favor do camelódromo na galeria. “Na rua não tem
nem para onde mandar uma notificação. Entre a
informalidade das ruas e a formalidade do
camelódromo, eu fico com a formalidade do
camelódromo”, acrescenta.
Entretanto, Ribeiro lembra que o local precisa estar de acordo com as normas do Corpo de
Bombeiros, Código de Posturas do Município e
Vigilância Sanitária. “Cabe aos órgãos
fiscalizadores fiscalizarem”, finaliza.
“Cada um
vai vender
o que quiser”
Muitos camelôs já se inscreveram
para ter um dos boxes do novo
camelódromo. Foi aberta uma conta
em banco e, segundo informações dos
comerciantes da galeria, cada candidato teria depositado R$ 1 mil. O
presidente da ONG Émerson Soares
não quis falar com a reportagem. “Vou
falar só quando o contrato estiver
assinado”, declarou.
Sobre as mercadorias que serão
vendidas, ele conta que terá “de tudo”.
“Cada um vai vender o que quiser, vai
ter confecção, calçado, doce, calcinha”.
Para mais detalhes, Soares pediu que
a reportagem entrasse em contato com
o assessor de imprensa Edson Carlos
Bolski, mas ele não atendeu aos telefonemas feitos para seu celular.
Locadoras de vídeo cobram
bom senso das autoridades
A notícia da instalação de dois
camelódromos na Área Central foi
recebida com revolta por uma classe empresarial em específico, a das
videolocadoras. São elas as que
mais diretamente sentem os efeitos
da pirataria que corre livre em
Londrina. Ao todo, a Cidade tem
cerca de 200 videolocadoras
pequenas, médias e grandes, atuando na periferia, no Centro e em
bairros nobres.
Para todas elas, a situação é a
mesma. E a justificativa do poder
público diante da situação é a de
dar ocupação às classes menos
favorecidas. “A nosso ver (empresários sérios e geradores de empregos e impostos), a realidade é
outra e deixa-nos perplexos, revoltados e indignados com concorrência tão desleal e predatória”, afirma documento encaminhado à ACIL por um grupo de
empresários do setor.
“É triste constatar que camelôs
autônomos fazem do Calçadão um
verdadeiro
mercado
livre,
oferecendo livremente CDs e DVDs,
estes últimos a R$ 5,00 ou R$ 6,00
cada (mesmo valor de uma
locação), como se esse negócio
fosse perfeitamente lícito ou legal”,
acrescenta a correspondência. As
locadoras, argumentam os
empresários, pagam a “bagatela”
de R$ 80,00, R$ 90,00 e até R$
100,00 por um DVD legal.
Os proprietários consideram a
notícia
de
que
novos
camelódromos vão se instalar no
Centro da Cidade uma agravante
para a situação. “Onde está o bom
senso das autoridades municipais?
Até onde vamos suportar tanta
impunidade e o acobertamento do
ilícito?”, questionam.
CANAL DIRETO
Consegs encurtam
caminho até a segurança
Criados pelo Governo do Estado, os Conselhos Comunitários
de Segurança são um elo das comunidades com o
Poder Executivo e com setores ligados à Segurança Pública
Fernanda Bressan
Especial para o
Jornal da ACIL
Um reforço sem armas
ou poder de repressão contra a violência foi criado
pelo Governo do Estado do
Paraná por meio do Decreto Estadual 1.790, de 5 de
setembro de 2003. Tratase dos Consegs – Conselhos Comunitários de
Segurança, que têm como
função ser um intermediário entre a população e os
poderes existentes para
solucionar deficiências
ligadas à criminalidade e
violência nas cidades. Eles
repassam problemas verificados nos bairros para os
órgãos competentes e também pensam em soluções
que podem ser colocadas
em prática.
O primeiro Conseg de
Londrina foi estabelecido
na Região Norte e tem
Carlos Costa como presidente. As zonas Leste e
Oeste tiveram seus conselhos criados em 2004 e
estão sob o comando de
Orlando de Almeida e
Rubens Ferreira, respectivamente. A região Sul teve
Joana Pereira nomeada
recentemente e está em
fase de formação.
Mas a estrutura não é
novidade em Londrina.
Conforme Alvino Aparecido Filho, presidente do
Conselho Comunitário de
Segurança da área Central, a Cidade é pioneira na
criação desses conselhos.
Ele detalha que há 25 anos
a Ordem dos Advogados do
Brasil
(OAB),
a
Universidade Estadual de
Londrina (UEL) e a ACIL se
reuniram e fundaram o
primeiro conselho comu-
Rubens Ferreira, do Consegue
da Zona Oeste, diz que algumas
reivindicações da comunidade
já foram atendidas, como a
instalação do Corpo de
Bombeiros na região
Jurandir Rosa, vice-presidente
do Conseg da Zona Leste:
principal função dos Consegs é
integrar a população com a
política e outros poderes
nitário de segurança do
País. A idéia foi inspirada
nos EUA, que já possuíam
essas organizações, e foi
copiada no Estado de São
Paulo durante o governo
de André Franco Montoro,
que regulamentou a estrutura por decreto-lei. Desde
então os Consegs são
vinculados ao Governo do
Estado. Só no Paraná eles
existem em 200 municípios.
Alvino salienta que o
Conselho que ele preside
(área central) não tem essa
ligação com o poder Municipal ou Estadual, e por
isso não é um Conseg. “Os
outros é que são Consegs e
têm nosso total apoio”,
frisa. Entretanto, Alvino
Filho
descarta
a
possibilidade do conselho
do Centro virar um Conseg.
“Trabalhamos em parceria
com o Estado e o Município
para melhorar a segurança, mas pretendemos continuar com liberdade e independência para fazer
críticas quando necessário. Essa é a nossa linha”,
sentencia.
Os Consegs
Jurandir Rosa é vicepresidente na Zona Leste e
presidente da ONG que
coordena o trabalho. Ele
detalha que até hoje os
presidentes das quatro
regiões foram nomeados,
mas que daqui para a frente todos serão eleitos pela
comunidade que representarão. “As eleições são em
anos pares e em 2008 teremos em todas as regiões”,
acrescenta. Segundo ele, a
principal função do Conseg
é integrar o povo com a
polícia e outros poderes.
“Fazemos reuniões com a
comunidade, colocamos
urnas nas escolas para
receber sugestões e
atendemos a todos que
querem
reivindicar
melhorias”, explica Rosa.
Ele exemplifica que se há
um problema de buraco na
rua, falta de iluminação ou
terreno baldio mal cuidado,
a população pode reclamar
para os conselheiros que
vão levar a situação adiante em busca de soluções.
Alguns caminhos têmse abertos para eles. Todas
as sextas-feiras pela
manhã, o comandante do
5º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Marcos Palma, abre espaço
para receber a comunidade. Os representantes dos
Consegs vêm participando
ativamente dessas reuniões e já destacam alguns
pontos positivos alcançados. O Projeto Londrina
Segura 10, em atividade
desde 18 de dezembro do
ano passado, é um desses
pontos. O projeto busca
unir forças no combate à
violência e estabe
Se há um problema de buraco na
rua, falta de iluminação ou terreno
baldio mal cuidado, a população
pode reclamar para os conselheiros
JORNAL DA ACIL/Março 2006
26
lece prioridades de
ação.
O projeto que prevê a
instalação de câmeras de
monitoramento em pontos
estratégicos da Cidade é
outra vitória do Conseg em
parceria com outros
representantes
da
sociedade que participam
dessas reuniões semanais.
Jurandir Rosa lembra que
a aprovação e sanção da lei
que determinou o uso da
verba do Funrebom para a
compra de equipamentos
para a polícia em Londrina
tiveram a participação dos
Consegs. “O projeto estava
parado e fomos à Câmara
pedir que ele fosse aprovado.”
Representante da Zona
Oeste, Rubens Ferreira cita
que algumas reivindicações
da comunidade já foram
atendidas. Entre elas está
a instalação de um posto
do Corpo de Bombeiros na
região e a criação do projeto “Cidadão Mirim” para
atender crianças em situação de risco.
Aberto a todas as reivindicações dos Consegs,
o tenente-coronel Marcos
Palma garante que a união
de forças é essencial no
combate à violência. Por
isso ele a recebe todos que
o procuram nas manhãs
de sexta-feira. “Esse espaço
é uma abertura para que a
comunidade, por meio de
seus representantes, possa
levar ao conhecimento do
comandante
suas
necessidades e anseios”,
descreve. Marcos Palma
acrescenta que com isso a
polícia pôde conhecer
melhor a comunidade e a
comunidade pôde conhecer
melhor o trabalho da
polícia, diminuindo a
sensação de insegurança.
“É um espaço para ver e
ser visto”, resume.
Palma afirma que os
recursos da PM são
disponibilizados conforme
os pedidos da comunidade
e estatísticas de registros
de ocorrências. Por isso
esse espaço se torna de
vital importância na hora
de definir reforços policiais, blitze e policiamento
ostensivo preventivo.
Atendendo à solicitação dos Consegs, o comandante se reuniu com
um grupo de moradores
no Shopping Com-Tour na
manhã do último dia 7
para falar sobre segurança e ouvir os pedidos da
população. Ele comentou
o problema mundial de
falta de emprego e as deficiências na educação que,
conforme ele, começam no
berço. “Há falta de
carinho, afeto, comida e,
principalmente, limite”,
“Há falta de carinho, afeto,
comida e, principalmente, limite”
Marcos Palma, comandante da PM, sobre educação
declara. Para ele, o caminho da melhora começa
com freios sociais e o plantio da semente que vai
buscar soluções. “Todos
querem uma solução imediata para o problema,
mas ela não existe”, adianta. Ele convocou todos
a participarem, afirmando que quem denuncia um
problema e não quer fazer
parte da solução acaba
fazendo parte do problema. As dúvidas da comunidade foram tiradas e o
comandante convidou a
todos a participarem das
reuniões de sexta-feira no
5º BPM
Quem quiser procurar
os Consegs em Londrina
pode ligar para 3357-1833.
Eles atendem em uma sala
cedida pelo Shopping ComTour.
JORNAL DA ACIL/Março 2006
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JORNAL DA ACIL/Março 2006
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Londrina debate
ética no jornalismo
Seminário Nacional promovido pela
Fenaj e pelo Sindicato dos Jornalistas de Londrina
traz à Cidade profissionais de todo
o País. Convention participou da captação
e apóia a organização
Jornalistas de todo o Brasil vão se reunir
em Londrina de 30 deste mês a 1o de abril
para discutir ética. O 1o Seminário Nacional
Ética no Jornalismo, promovido pela Fenaj
- Federação Nacional dos Jornalistas e pelo
Sindicato dos Jornalistas Profissionais de
Londrina, será realizado Centro de Convenções do Hotel Sumatra e terá como temas
principais Jornalismo, Ética e Cidadania. O
evento tem apoio do Londrina Convention &
Visitors Bureau.
A realização do seminário em Londrina é
resultado de um trabalho iniciado há três
anos. A candidatura da Cidade à sede um
evento nacional da Fenaj foi apresentada
durante um congresso de assessorias de
imprensa realizado pela federação em
Florianópolis. Dos contatos feitos no evento,
já com o apoio do LC&VB, foi formatado um
seminário de ética como o melhor perfil para
um encontro nacional em Londrina.
A proposta do seminário é discutir a ética
na produção jornalística e o impacto ético e
sócio-econômico dos novos mercados e novas tecnologias. Essa abordagem é considerada fundamental no atual período de transformações rápidas determinadas pelos novos recursos tecnológicos aplicados à comunicação social.
Um dos objetivos do seminário é propor
alterações no Código de Ética do Jornalista,
que vem sendo analisado por profissionais
em todo o País. A atualização do código será
definida e aprovada durante o Congresso
Nacional da Categoria, promovido pela Fenaj.
Como parte do apoio do Convention ao
evento, a entidade ofereceu mapas turísticos para inclusão no material oficial, já
organizou uma programação gastronômica
diferenciada para os participantes e ainda a
presença de um profissional do próprio
Convention no local para dar informações
turísticas e apresentar os produtos e serviços das empresas locais associadas.
O evento conta também com o apoio da
Caixa Econômica Federal; Itaipu Binacional;
Milênia Agro Ciências e Sercomtel; e parceria científica da Faculdade Metropolitana do
Paraná, Universidade Estadual de Londrina
(UEL) e Universidade Norte do Paraná
(Unopar).
Para informações e inscrições, acesse o
site http://www.eticanojornalismo.com.br
ou entre em contato com Mariana, pelo
telefone (43) 3339-5354 ou através do email [email protected]
Encomex-Cambé,
a mais nova captação
O Norte do Estado receberá, ainda este ano, um importante
evento da área empresarial e econômica, o Encomex, encontro de
comércio internacional promovido pelo Ministério do Desenvolvimento e que será realizado em Cambé junto com o III Caminho do
Exportador. A confirmação foi feita na segunda quinzena deste mês
pelas entidades e empresas públicas e privadas que integram o
Caminho do Exportador, grupo criado para fomentar a cultura exportadora na região. O Convention Bureau integra o grupo e ajudou no
trabalho de captação do evento, feita pelo Caminho. O EncomexCambé será realizado nos dias 21 e 22 de setembro, em local ainda a
ser definido. Informações sobre os dois eventos podem ser obtidas na
ACIL, de manhã, pelo telefone 3374-3009, ou em breve no site
w w w . c a m i n h o d o e x p o r t a dor.com.br.
Rodada traz novidades
A 6º edição da Rodada de Negócios do LC&VB traz novidades. Em
parceria com o Fábrica 1 – Cervejaria Gastronômica, o LC&VB está
planejando o encontro entre empresas-âncora e associados na sala
VIP da cervejaria, no dia 18 de abril, uma terça-feira, das 14h às 18h.
Além da agenda com os empresários, está previsto um tour pelas
instalações do Fábrica 1, com o intuito de apresentar como é produzida
a cerveja artesanal e quais são os tipos de chopp que a cervejaria
oferece. Ao final do evento, será oferecido um happy hour especial
aos convidados. Os associados já podem fazer sua inscrição via
Internet, através do site www.lcvb.com.br. Caso sua empresa não seja
associada ou deseje obter mais informações, entre em contato com
Flávia, pelo telefone (43) 3344-1700 ou e-mail [email protected].
Chieko Aoki em Londrina
Entre as novas empresas associadas ao Londrina Convention &
Visitors Bureau está o Hotel Blue Tree, que em breve iniciará suas
atividades na Cidade, no belo edifício construído na Avenida JK. A
presidente da rede Blue Tree, Chieko Aoki, estará em Londrina nos dias
4 e 5 de abril, quando dará palestra e será recebida por um grupo de
autoridades e empresários locais e da região. Ela será recepcionada
durante café da manhã, que terá como um de seus temas, certamente, a expansão da hotelaria em Londrina.
NOVOS ASSOCIADOS
Hotel Blue Tree
Sindicato Rural de Londrina
Fast Signs
Canal 20 Comunicações
Londrina Golf Club
Restaurante La Nonna
Restaurante La Gôndola
TV Cidade
JORNAL DA ACIL/Março 2006
29
P A I N E L
J U R Í D I C O
Ed Nogueira de Azevedo Junior
Especial para o Jornal da ACIL
Trabalhador doméstico
Dedução tributária da contribuição previdenciária estimula registro
em carteira dessa categoria historicamente discriminada
Foi publicada no Diário Oficial da União
a Medida Provisória nº 284 de 06 de março
de 2006 que altera o disposto no artigo 12 da
Lei 9.250 de 26 de dezembro de 1995 e
insere o parágrafo sexto no artigo 30 da Lei
8.212, de 24 de julho de 1991. Simplificando, o objetivo da Medida Provisória é estimular o registro em carteira dos trabalhadores
domésticos, historicamente discriminados
na aplicação da legislação aos contratos de
emprego em geral.
Para tanto, autoriza a dedução da cota
patronal das contribuições previdenciárias
incidentes sobre os salários pagos do Imposto de Renda a ser recolhido no exercício
seguinte ao das contribuições. Portanto, qualquer dedução somente poderá ocorrer em
2007, em relação às contribuições
previdenciárias recolhidas no ano-base de
2006.
Diversas entidades representantes de
trabalhadores, principalmente domésticos,
já promoveram suas críticas à Medida Provisória, sobretudo no sentido de que ela mantém a distinção legislativa entre os empregados em geral e os empregados domésticos.
Tal postura não parece razoável. A legislação
distingue o doméstico dos outros empregados não por outra razão que não seja seu
empregador. Ou seja, a diferença da legislação não se dá pela condição do empregado
e por isto não é discriminatória, mas pelo
patrão (ou patroa) que, diferentemente dos
empregadores-empresários, não têm como
repassar o custo de seus empregados.
Como se sabe, no preço de qualquer
produto destinado ao consumidor final estão
contidos todos os custos de produção, dentre eles, a mão-de-obra empregada em sua
manufatura, distribuição, etc. Com isto, o
empregador empresário pode repassar ao
custo de seu produto ou serviço o valor por
ele gasto com a mão-de-obra empregada. O
empregador doméstico não. Como a atividade doméstica não visa um produto destinado
a terceiros e não visa lucro, os empregadores
domésticos não se congregam em categoria
econômica – daí não existirem convenções
coletivas firmadas entre sindicatos de trabalhadores e empregadores domésticos - e
não possuem fórmulas para reaverem os
valores custeados em virtude do trabalho
doméstico.
O empregado doméstico não é diferente
dos demais empregados. O empregador doméstico é que é.
Além de reconhecer a absoluta impossibilidade de fiscalização pelos órgãos públicos da atividade doméstica, a MP represen-
O empregado doméstico
não é diferente
dos demais empregados.
O empregador doméstico
é que é
ta, sim, um avanço à categoria profissional,
pois estimula a formalização do contrato de
emprego através de uma contrapartida tributária. Desta forma, o custo extra tido pelo
empregador doméstico também poderá ser
repassado, sob a forma de dedução fiscal,
como fazem os empregadores em geral, na
definição do preço de seus produtos.
A Receita Federal divulgou nota afirmando que o limite da dedução para este ano é
de R$ 378,00, que representa 12% (contribuição do empregador) de um salário mínimo
pago em cada mês do ano anterior ao da
declaração de renda. O empregado contribui
com 8%.
Por fim, é importante observar que somente está autorizada a dedução das contribuições realizadas a um empregado doméstico por empregador. Caso o casal contrate
dois empregados domésticos poderá deduzir as contribuições previdenciárias dos dois
empregados, um pelo marido e outro pela
mulher, se as declarações forem individuais. A declaração conjunta permite a dedução das contribuições previdenciárias de
somente um empregado. A dedução também
tem teto e não podem ser deduzidas contribuições que tenham como base de cálculo
qualquer valor superior ao salário mínimo.
É inevitável a avaliação desta MP sob o
aspecto político. Se o Presidente pretende
capitalizar em votos esta medida? Se pretende aumentar a arrecadação do órgão
previdenciário? Seria necessária uma MP
para este assunto, dada a ausência dos
requisitos de relevância e urgência previstos
no artigo 62 da Constituição Federal?
Veremos.
Ed Nogueira de Azevedo Junior é advogado trabalhista em Londrina e consultor
jurídico da ACIL
30
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