1
A LÍNGUA PORTUGUESA E O MERCADO DE TRABALHO: UM OLHAR SOBRE
AS RELAÇÕES ENTRE O DOMÍNIO DO PRÓPRIO IDIOMA E O ÊXITO
PROFISSIONAL
Dalila Santos Bispo1
GT7_EDUCAÇÃO, LINGUAGENS E ARTES
Resumo
A comunicação é ferramenta importante nas relações de trabalho, por esse motivo, saber se comunicar
bem tem sido um pré-requisito imprescindível para todo e qualquer profissional, em qualquer área. O
mercado de trabalho está cada vez mais exigente nesse aspecto. Atualmente, testes de seleção, antes
pautados apenas pela avaliação de conhecimentos técnicos, hoje avaliam muito mais a capacidade de
comunicação dos candidatos, além da capacidade de relacionamento interpessoal, proatividade e
liderança. É preciso saber falar bem, de forma clara e objetiva, expressando suas ideias e opiniões, mas
não apenas “falar bem”, no sentido de ser eloquente: o mercado exige que se fale corretamente; é
preciso se expressar bem através da escrita e, mais que isso, escrever corretamente. Isso nos remete,
sem dúvida alguma, ao domínio da língua portuguesa. Este artigo tem como objetivo apresentar como
essa realidade interfere no mercado de trabalho.
Palavras-chave: Língua Portuguesa; Mercado de trabalho; Comunicação; Êxito profissional.
Abstract
Communication is an important tool in working relations, therefore, be able to communicate well have
been a pre-requisite for all and any professional in any field. The labor market is increasingly
demanding in this aspect. Currently job-selection tests guided only by the prior evaluation of technical
knowledge are not enough. Today the tests tend much more to assess communication skills of the
candidates, as well as interpersonal skills, proactivity and leadership. The applicants need to learn how
to speak well, clearly and objectively express their ideas and opinions, but not just "speak well", to be
eloquent: the market requires them to speak correctly, they need to express themselves well through
writing and, in addiction, write accurately. This is all about the Portuguese language. This article aims
to show how this fact affects the working market.
Keywords: Portuguese; Job Market; Communication; Success in Business.
1
Possui graduação em Letras Português Licenciatura pela Universidade Federal de Sergipe (2006). Atualmente
integra o quadro de colaboradores do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), onde atua como
Instrutora de Formação Profissional, no eixo Desenvolvimento Educacional e Social, ministrando cursos na área
de Língua Portuguesa, além de atuar como Orientadora de Ensino a Distância na mesma instituição, também nos
cursos de Língua Portuguesa. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, Leitura,
Interpretação de Textos e Comunicação Escrita.
Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0127424491311661
E-mail: [email protected]
2
Introdução
O impacto dos avanços tecnológicos e a ascensão das novas formas de comunicação
provocaram - e isso tem acontecido continuamente - muitas mudanças no mercado de
trabalho. Em tempos não muito distantes, o profissional era avaliado pelo seu conhecimento
técnico em determinada área. Hoje isso não é suficiente. Características como capacidade de
trabalhar em equipe, liderança, proatividade, criatividade, postura e comunicação também são
bastante avaliadas. No que concerne à capacidade de comunicação, percebe-se que a
exigência do mercado de trabalho é cada vez mais crescente. Aquele que pleiteia uma vaga
precisa saber se comunicar, caso contrário, perde a oportunidade.
A capacidade de comunicação oral e escrita vem se apresentando como competência
fundamental para as necessidades exigidas pelo mercado de trabalho. O indivíduo que não
expressa claramente suas ideias ou não consegue estabelecer bons vínculos de relacionamento
profissional, seja com seus superiores ou até mesmo com colegas de trabalho, com certeza
fica aquém daquele que tem maior facilidade de expressão e consegue ter um bom
relacionamento interpessoal. Porém, há outro fator, dentro desse âmbito, que vem ganhando
destaque: o domínio da língua portuguesa. Este, sem dúvida, tem sido um obstáculo para
muitos na busca por um emprego.
Nós, brasileiros, falamos português desde que nascemos e passamos, no mínimo, 12
anos na escola estudando a norma culta, porém, é muito comum ouvirmos relatos de pessoas
que dizem ter muita dificuldade com a utilização da mesma. Segundo reportagem veiculada
recentemente pela TV Globo, no Jornal Hoje, na seção intitulada “Sala de Emprego”,
empresas vêm utilizando, em seus testes de seleção, a aplicação de um ditado de palavras.
Contudo, essas mesmas empresas não conseguem preencher as vagas ofertadas, pois não
encontram candidatos capazes de escrever todas as palavras de forma correta. Uma
determinada empresa, cuja razão social não foi revelada, já estava com uma vaga aberta há
oito meses. Dentre oito mil candidatos que responderam o teste, quase a metade reprovou.
Palavras como exceção, majestoso, seiscentos e desajeitado estão na lista de grafias
equivocadas. Diante desse fato, surge o seguinte questionamento, feito pela gerente de
recursos humanos da referida instituição: se o candidato não é capaz de dominar nem o seu
próprio idioma, como irá se destacar na empresa?
Constata-se, assim, que o domínio linguístico está sendo cada vez mais usado como
estratégia para selecionar profissionais que correspondam às exigências do mundo
profissional, nos dias atuais. Além do tipo de teste citado, há instituições que aplicam a
3
tradicional redação – na qual grande parte dos candidatos apresenta extrema dificuldade; e há,
ainda, aquelas que pedem aos candidatos a “simples” conjugação de um verbo. Os que não
passam no teste são, definitivamente, eliminados do processo. O que demonstra que, com
frequência, até mesmo o conhecimento linguístico se sobrepõe ao conhecimento meramente
técnico.
Diante do exposto, outra reflexão é pertinente: por que as pessoas não conseguem
dominar o próprio idioma, no caso, a língua portuguesa? Sabemos que esta é uma realidade
muito comum em nosso país. Não importa a classe social, se oriundos da rede pública ou
particular, se possuem nível fundamental, médio, graduação ou pós-graduação: o fato é que
muitos brasileiros saem da escola sem ter aprendido, efetivamente, a utilizar a norma padrão
da nossa língua e, sendo assim, acabam por surpreender-se quando esbarram em suas próprias
dificuldades nos concursos e seleções da vida.
Este é o fator que tem levado tantas pessoas a buscarem cursos específicos nessa área.
Os cursos de língua portuguesa vêm sendo muito procurados por pessoas que querem garantir
uma vaga no mercado de trabalho, seja através de concursos públicos ou por meio de outras
seleções. Há também um grande número de pessoas que procuram esses cursos com o intuito
de desenvolver-se profissionalmente na área em que já atuam, melhorando a escrita e a
comunicação como um todo. São vários os relatos de alunos que se sentem prejudicados
profissionalmente devido às dificuldades que apresentam, por exemplo, na leitura e
interpretação de textos, o que provoca, diretamente, as dificuldades no âmbito da escrita.
Referencial Teórico
Segundo DeAquino (2011, p. 03), “o mundo moderno, de modo geral, e o mundo dos
negócios, de modo particular, exigem das pessoas um constante aprendizado, para que elas
obtenham cada vez mais sucesso ou, no mínimo, não se sintam marginalizadas e sem
oportunidades". Esse constante aprendizado engloba tudo o que é possível assimilar durante a
nossa vida. E o mercado profissional não foge a essa regra. É cada vez mais necessária uma
constante atualização, é preciso desenvolver competências pertinentes a cada área de atuação.
Os que seguem essas regras são classificados como bons profissionais.
A competência linguística, antes colocada em segundo plano em detrimento das
competências técnicas de cada área e até mesmo da experiência, hoje aparece em primeiro
plano, como fator determinante em diversas situações no mercado de trabalho. Quantas
pessoas não conseguem a tão sonhada aprovação num concurso público, por exemplo, mesmo
4
obtendo uma boa pontuação em conhecimentos específicos, porque não obtiveram uma boa
pontuação em língua portuguesa? Quantos não conseguem uma vaga de emprego porque não
conseguem escrever uma boa redação ou, em testes mais recentes, não conseguem fazer um
ditado de palavras ou conjugar um verbo corretamente? Quantos não conseguem aprovação
num exame como o Enem porque não conseguem ler e interpretar um texto?
A competitividade do mercado de trabalho atual é gritante. E só se sobressaem aqueles
que realmente estão capacitados, em todos os sentidos. Os que não estão preparados,
realmente ficam à margem, não têm oportunidade que os alcance.
Apesar da constatação irrefutável de que todas as atividades humanas envolvem a
linguagem, percebe-se que o interesse dos linguistas pela relação linguagem x trabalho ainda
é um fenômeno recente. Esse interesse só foi despertado a partir do último quarto do século
XX, por conta das mudanças observadas no que diz respeito à organização do trabalho, de
forma especial à importância dada ao “fator humano” e, com ele, à linguagem.
Atualmente, pesquisas mostram que a linguagem oral e a escrita têm sido
contempladas nos processos de recrutamento e seleção de pessoal. Isso se explica pelo fato de
que, com os avanços tecnológicos e a modernidade, houve um recuo do trabalho físico no
mercado profissional, ressaltando-se, assim, as tarefas de controle e coordenação que,
segundo as exigências do mundo do trabalho, requerem profissionais com habilidades
interpessoais, competências múltiplas e foco em resultados. O profissional que as instituições
procuram deve ser versátil, proativo e multifuncional. Nesse âmbito, a competência
comunicativa – capacidade de assimilar, organizar e transmitir informações com eficácia –
tornou-se um pré-requisito altamente valorizado no mundo empresarial. Esse perfil tem sido
objeto de estudo de vários profissionais da linguagem.
O investimento em tecnologia e a crise no setor econômico vêm, gradativamente,
levando a termo o chamado serviço tradicional2, o que agrava consideravelmente a
empregabilidade. O novo perfil de profissional tem se delineado a partir dessa realidade. Há
pouco tempo, algumas funções poderiam ser realizadas até por pessoas sem escolaridade, pois
o trabalho a ser realizado envolvia apenas atividades repetitivas, que não exigiam nada além
do que a capacidade de automatização. Hoje essas funções são realizadas por máquinas e não
por homens.
Nas empresas, até mesmo as funções mais simples exigem do profissional um bom
nível de conhecimento (informação) e não apenas “experiência” na função. Com todas essas
2
Caracteriza-se como um serviço que o trabalhador realiza, baseando-se em técnicas apreendidas, formal ou
informalmente, que garantem a boa execução de atividades previstas e rotineiras.
5
mudanças, a comunicação assume um papel fundamental nas relações trabalhistas.
Especialistas em recursos humanos admitem que o domínio da língua portuguesa é essencial
para o ingresso e permanência no mercado de trabalho. Além disso, eles afirmam que a
imagem da empresa está intrinsecamente relacionada ao domínio que seus profissionais têm
da língua materna e que seu uso eficaz garante ao profissional um bom marketing pessoal e
empresarial.
Segundo Peres (2005, p. 31), o “domínio da língua” diz respeito à
[...] capacidade de organizar e transmitir informações; expressar bem;
apresentar e defender projetos; acentuação; pontuação e repetição de
palavras; falar e escrever bem; não cometer deslizes gramaticais, erros
ortográficos ou de concordância; clareza nas ideias, evitando ambiguidades.
No que diz respeito à visão empresarial acerca dos funcionários que não dominam o
próprio idioma, Peres (2005, p. 36), citando Mauro Silveira3, editor da Revista Você S/A,
afirma que
[...] as empresas estão muito preocupadas com as escorregadelas e, em
alguns casos, com os verdadeiros tombos que seus profissionais estão
levando na hora de escrever ou mesmo falar em “bom português”. [...] a
pouca intimidade com o idioma por parte de inúmeros profissionais pode ser
claramente notada pelos “erros grosseiros” presentes nos currículos
recebidos pelos selecionadores e consultores de carreira. Erros como
acentuação, pontuação e repetição de palavras são apontados como fatais
para a reprovação do candidato. [...] quando um profissional comete um erro
grave de português, seja falando ou escrevendo, as pessoas começam a
duvidar de suas qualificações, por melhores que elas sejam.
Aqui cabe outra observação pertinente. A reflexão proposta neste artigo apresenta uma
palavra que chama a atenção: dominar. Esta palavra, citada diversas vezes, também é muito
recorrente na fala de vários especialistas. Eles afirmam: “é preciso dominar a língua
portuguesa”. Esse verbo era frequentemente usado em situações de guerra, pois se trata de um
termo bélico. Peres (2005, p. 38) observa que “são termos como este que constroem para o
mundo do trabalho a metáfora do campo de batalha, onde os trabalhadores lutam, inclusive
discursivamente, para conquistar seu espaço na intensa luta pela sobrevivência”.
Diante disso, surgem outros questionamentos mais graves, cujas respostas envolvem
fatores diversos, que exigem uma acurada reflexão. Eis a questão fundamental: por que as
pessoas apresentam tanta dificuldade com relação ao uso da língua portuguesa (leia-se, norma
culta ou padrão)?
3
Mauro Silveira é jornalista, especializado em carreira e desenvolvimento profissional, editor da revista Você
S/A e coordenador do Guia Exame – As 100 melhores empresas para trabalhar.
6
O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o desempenho
escolar em âmbito mundial, mostra que o Brasil ocupa a 49ª posição (dentre 65 países
participantes) no que diz respeito à proficiência da língua e leitura. Além disso, 15% dos
jovens entre 15 e 24 anos são analfabetos funcionais, ou seja, sabem ler e escrever, mas são
incapazes de interpretar. Já os alunos do Ensino Básico, na avaliação do Saeb / Prova Brasil,
não conseguem alcançar a média 6,0.4 Isso nos remete ao desafio diário dos professores de
português, que precisam formar alunos que consigam transitar facilmente entre o que é
coloquial e o que é culto.
A realidade é que existem várias deficiências no sistema de ensino brasileiro, seja ele
público ou particular, e estes, por vezes, não levam o alunado à efetiva aprendizagem da
norma culta da língua. Porém, não se pode reduzir o mau uso da língua apenas às deficiências
do sistema de ensino, pois existem vários outros problemas, como: a falta do hábito da leitura;
falta de estímulo familiar; interesse do aluno; professores qualificados; e a consciência de que
a língua portuguesa é importante em todas as áreas do saber. De fato, esse é um assunto
bastante complexo.
Devido a todas essas nuances relacionadas ao bom uso do nosso idioma, torna-se
evidente que aqueles que ainda apresentam problemas com a norma padrão devem buscar
preparação nessa área e suprir suas deficiências, caso realmente queiram ingressar,
permanecer, ou ainda retornar ao mercado de trabalho. E é preciso agilidade, pois este, como
mencionamos, está em constante atualização.
A Língua Portuguesa e a Educação Profissional
É cada vez mais comum observarmos que instituições de Educação Profissional
incluem em sua programação cursos voltados ao ensino da língua portuguesa, além de outros
idiomas. O Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial em Sergipe é um exemplo
disso. Esses cursos têm o objetivo de dar suporte aos profissionais que apresentam as
dificuldades aqui relatadas, a fim de que estes alcancem o êxito em suas profissões. Apesar de
não serem cursos voltados diretamente para o ensino de uma profissão específica, constata-se,
ao mesmo tempo, que a falta das competências adquiridas através desses cursos interfere
negativamente no desempenho profissional. Portanto, os cursos de língua portuguesa
4
Dados obtidos em 2011.
7
constituem um suporte essencial para todas as pessoas que buscam escolas de Educação
Profissional a fim de adquirirem uma qualificação.
A demanda dos cursos de língua portuguesa vem crescendo consideravelmente, a
exemplo de cursos como Leitura e interpretação de textos e Português para concursos.
Quando os alunos são indagados a respeito da escolha do curso, as respostas são sempre
muito semelhantes: “Escolhi o curso porque sempre tive muita dificuldade em língua
portuguesa”, “Escolhi este curso porque quero me aperfeiçoar profissionalmente”, ou ainda:
“Escolhi o curso porque, quando participei de uma seleção, me saí bem em todas as matérias,
menos em português”. Percebe-se, assim, que as pessoas estão percebendo a importância de
dominar o próprio idioma no intuito de alcançar o êxito profissional tão desejado, melhorando
a sua capacidade de comunicação e expressão.
As aulas são planejadas no intuito de que os alunos possam ter o máximo de proveito
possível. O público é constituído de pessoas jovens e adultas, que querem realmente obter
resultados de aprendizagem, ou seja, em geral, não são pessoas que buscam esse tipo de curso
apenas para preencher um tempo ocioso. Elas querem realmente aprender, sair do curso ao
menos com a sensação de que as dificuldades diminuíram e que elas sabem um pouco mais do
que sabiam antes.
Lecionar para adultos é algo desafiante, pois lidamos com pessoas que trazem consigo
uma bagagem cultural consolidada, experiências vividas e opiniões já formadas e, muitas
vezes, solidificadas. Os princípios da andragogia auxiliam muito na tarefa de lidar com esse
público específico. Sobre esse assunto, DeAquino (2011, p.11), citando Malcolm Knowles5,
afirma que
A ‘andragogia’, inicialmente definida como a arte e a ciência de ajudar os
adultos a aprender, apresenta-se, atualmente, como uma alternativa à
pedagogia e refere-se à educação centrada no aprendiz para pessoas de todas
as idades. No modelo andragógico de aprendizagem, a responsabilidade pela
aprendizagem é compartilhada entre professor e aluno, o que cria um
alinhamento entre essa abordagem e a maioria dos adultos, que busca
independência e responsabilidade por aquilo que julga ser importante
aprender.
DeAquino (2011, p. 05) cita algumas dificuldades de aprendizagem apresentadas por
pessoas adultas e suas respectivas alternativas, que foram resumidas na tabela a seguir:
5
Malcolm Knowles (1913 – 1997) foi o mais importante representante da área de educação de adultos na
segunda metade do século XX. Os principais trabalhos e a história da educação de adultos dos Estados Unidos
foram escritos por ele. Seus trabalhos foram fundamentais, pois orientavam os educadores de pessoas adultas a
assumirem uma postura de “ajudar pessoas a aprender”, e não apenas “ensiná-las”.
8
TABELA 1 – DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM APRESENTADAS POR PESSOAS
ADULTAS E ALTERNATIVAS PARA A SUPERAÇÃO
Dificuldades de aprendizagem
Alternativas para a superação
Falta de gerenciamento adequado do tempo, Para a gestão do tempo disponível e
permitindo uma dedicação insuficiente às consequente conciliação entre o tempo que
atividades de aprendizagem.
dedicamos à nossa vida profissional, à nossa
vida pessoal e aos nossos estudos, devemos
desenvolver
a
habilidade
de
nos
organizarmos de modo mais eficiente.
Falta de uma metodologia de aprendizagem Os adultos têm uma postura mais crítica e
alinhada ao estágio de desenvolvimento têm a necessidade de um aprendizado mais
cognitivo.
contextualizado, por isso a metodologia
utilizada deve observar esses pontos.
Sensação de desconforto em ter de continuar A sensação de desconforto e a falta de
e/ou voltar a aprender, por associar esse motivação pessoal podem estar relacionadas
processo a fases menos maduras de sua vida. à escolha inadequada da metodologia de
aprendizagem,
em
função
do
Falta de motivação pessoal para o desconhecimento do estilo de aprendizagem
do aluno. Nesse caso, o professor precisa se
aprendizado.
adequar às necessidades da turma.
Com base nessas informações, os cursos de português são ministrados com a
utilização de variados recursos, como: dinâmicas, vídeos, músicas, exibição de slides, jogos,
além da aplicação de diversos exercícios, que têm como objetivo levar o aluno a fixar o
conteúdo apreendido, exercitando a norma culta. São seguidos os princípios da andragogia,
com a realização de modificações no planejamento e material de estudo, sempre que
necessário, a fim de adequá-los às necessidades específicas dos alunos, no intuito de que
sejam obtidos sempre os melhores resultados, ou seja, que a aprendizagem aconteça
efetivamente.
DeAquino (2011) cita as diversas metodologias andragógicas para a aprendizagem, e
também as diversas habilidades e estilos de aprendizagem. Dentre as abordagens feitas por
ele, podemos citar a aprendizagem facilitada, confrontada com a aprendizagem direcionada.
Sobre a aprendizagem direcionada, ele afirma:
Na aprendizagem direcionada, centrada no professor, a abordagem é
tradicional, implementada com aulas expositivas, nas quais a participação
dos alunos, tanto na decisão daquilo que deve ser aprendido quanto na
aplicação dos conhecimentos transmitidos, é bastante restrita. Os professores
do ensino superior, de modo geral, encontram-se bastante familiarizados
com essa abordagem e, muitas vezes, veem a aprendizagem centrada no
9
professor como a forma correta e única de atingir os alunos e fazê-los
aprender.
Na aprendizagem facilitada, o foco é outro:
Se, no entanto, considerarmos que cada grupo de alunos tem suas próprias
características e objetivos, e que muitos deles trazem, para o ambiente de
estudo, experiências e expectativas pessoais que podem influenciar o
processo de aprendizagem como um todo, é fundamental que estejamos
prontos para escolher a posição mais adequada no contínuo pedagógicoandragógico. Para tanto, é essencial uma maior familiaridade, por parte dos
educadores, com a abordagem facilitada, ou centrada no aprendiz, que está
mais próxima da extremidade andragógica de nosso contínuo de
aprendizagem.
Esse mesmo conceito de aprendizagem facilitada está atrelado à metodologia de
desenvolvimento de competências, que está sendo bastante difundida em escolas de Educação
Profissional como o Senac. Segundo Küller (2012), a metodologia do desenvolvimento de
competências
[...] foi desenvolvida para apoiar a capacitação de docentes de educação
profissional, e constitui uma síntese dos mais comuns métodos centrados na
iniciativa e na atividade dos educandos. É uma alternativa para o desenho de
situações de aprendizagem, e não de aulas magistrais. Em cada situação de
aprendizagem são propostos sete passos: contextualização e mobilização;
definição da atividade de aprendizagem; organização da atividade de
aprendizagem; coordenação e acompanhamento; análise e avaliação da
atividade de aprendizagem; outras referências; e síntese e aplicação.
A metodologia de desenvolvimento de competências, centrada no aluno (aprendizagem
facilitada), superou a aprendizagem direcionada (tradicional), de forma especial no âmbito da
Educação Profissional.
De forma geral, o depoimento dos alunos ao final de cada curso é muito positivo. Eles
se sentem mais motivados e percebem que, apesar de suas dificuldades quanto à compreensão
da norma padrão, ainda são capazes de aprender.
A demanda de alunos que procuram os cursos de português tem crescido
consideravelmente e a tendência é que haja um crescimento ainda maior, pois as pessoas têm
percebido a importância do domínio da língua portuguesa para o mercado de trabalho. As
relações entre o bom uso da língua e o êxito profissional são claras. O mercado exige dos
profissionais o preparo técnico, mas também, conforme já citamos, a capacidade de
comunicar-se e estabelecer relações interpessoais, o que está intrinsecamente ligado à
10
capacidade linguística. Essa capacidade é o diferencial, que dá ao profissional a chance de se
sobressair dentre os demais concorrentes.
Considerações finais
Estudos mostram que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente e espera
daqueles que nele atuam as habilidades e competências necessárias ao bom desenvolvimento
das atividades laborais. Por conta dos avanços tecnológicos que visualizamos nas últimas
décadas, percebemos também uma considerável mudança nas relações de trabalho. O foco
agora está voltado para as competências e habilidades que os profissionais têm para oferecer.
Uma das competências em voga no mercado de trabalho atual é a competência linguística,
relacionada à comunicação. Diante disso, o uso adequado da linguagem falada e escrita (leiase norma culta da língua portuguesa), tem sido fator determinante para o ingresso e a
permanência de diversos profissionais no mercado de trabalho. Por outro lado, percebe-se que
há uma deficiência evidente quanto à compreensão, e até mesmo o conhecimento, das regras
que regem a nossa língua, tornando cada vez mais urgente, para profissionais de todas as
áreas, a busca pelo aperfeiçoamento.
No Brasil, o problema não é a oferta de emprego e sim a falta de profissionais
qualificados não apenas tecnicamente, mas também capacitados à boa comunicação. Sendo
assim, os cursos de língua portuguesa estão em sintonia com a missão de instituições como o
Senac: educar para o mercado de trabalho.
Referências Bibliográficas
A
LÍNGUA
portuguesa
e
o
mercado
de
trabalho.
Disponível
em
<http://www.raquelrfc.com/2012/05/lingua-portuguesa-e-o-mercado-de.html>. Acesso em 10
mai. 2013.
CONSULTORES alertam sobre erros que reprovam candidatos em entrevistas. Disponível em
<http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2011/01/consultores-alertam-sobre-erros-quereprovam-candidatos-em-entrevistas.html>. Acesso em: 10 mai. 2013.
DEAQUINO, Carlos Tasso Eira. Como aprender: andragogia e as habilidades de
aprendizagem. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.
11
KÜLLER, José Antônio; RODRIGO, Natália de Fátima. Uma metodologia de
desenvolvimento
de
competências.
Disponível
em:
<http://www.senac.br/BTS/381/artigo1.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2013.
MILAN, Pollianna. Para onde caminha a língua portuguesa? Disponível em
<http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1128255&tit=Paraonde-caminha-a-lingua-portuguesa>. Acesso em: 10 mai. 2013.
PERES, Suely Marcolino. O labirinto da linguagem no mundo empresarial do trabalho
(A linguagem no enfrentamento de relações de trabalho). Paraná, 2005. Disponível em
<http://www.ple.uem.br/defesas/pdf/smperez.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2013.
Download

a língua portuguesa e o mercado de trabalho: um olhar sobre as