1 A LÍNGUA PORTUGUESA E O MERCADO DE TRABALHO: UM OLHAR SOBRE AS RELAÇÕES ENTRE O DOMÍNIO DO PRÓPRIO IDIOMA E O ÊXITO PROFISSIONAL Dalila Santos Bispo1 GT7_EDUCAÇÃO, LINGUAGENS E ARTES Resumo A comunicação é ferramenta importante nas relações de trabalho, por esse motivo, saber se comunicar bem tem sido um pré-requisito imprescindível para todo e qualquer profissional, em qualquer área. O mercado de trabalho está cada vez mais exigente nesse aspecto. Atualmente, testes de seleção, antes pautados apenas pela avaliação de conhecimentos técnicos, hoje avaliam muito mais a capacidade de comunicação dos candidatos, além da capacidade de relacionamento interpessoal, proatividade e liderança. É preciso saber falar bem, de forma clara e objetiva, expressando suas ideias e opiniões, mas não apenas “falar bem”, no sentido de ser eloquente: o mercado exige que se fale corretamente; é preciso se expressar bem através da escrita e, mais que isso, escrever corretamente. Isso nos remete, sem dúvida alguma, ao domínio da língua portuguesa. Este artigo tem como objetivo apresentar como essa realidade interfere no mercado de trabalho. Palavras-chave: Língua Portuguesa; Mercado de trabalho; Comunicação; Êxito profissional. Abstract Communication is an important tool in working relations, therefore, be able to communicate well have been a pre-requisite for all and any professional in any field. The labor market is increasingly demanding in this aspect. Currently job-selection tests guided only by the prior evaluation of technical knowledge are not enough. Today the tests tend much more to assess communication skills of the candidates, as well as interpersonal skills, proactivity and leadership. The applicants need to learn how to speak well, clearly and objectively express their ideas and opinions, but not just "speak well", to be eloquent: the market requires them to speak correctly, they need to express themselves well through writing and, in addiction, write accurately. This is all about the Portuguese language. This article aims to show how this fact affects the working market. Keywords: Portuguese; Job Market; Communication; Success in Business. 1 Possui graduação em Letras Português Licenciatura pela Universidade Federal de Sergipe (2006). Atualmente integra o quadro de colaboradores do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), onde atua como Instrutora de Formação Profissional, no eixo Desenvolvimento Educacional e Social, ministrando cursos na área de Língua Portuguesa, além de atuar como Orientadora de Ensino a Distância na mesma instituição, também nos cursos de Língua Portuguesa. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa, Leitura, Interpretação de Textos e Comunicação Escrita. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0127424491311661 E-mail: [email protected] 2 Introdução O impacto dos avanços tecnológicos e a ascensão das novas formas de comunicação provocaram - e isso tem acontecido continuamente - muitas mudanças no mercado de trabalho. Em tempos não muito distantes, o profissional era avaliado pelo seu conhecimento técnico em determinada área. Hoje isso não é suficiente. Características como capacidade de trabalhar em equipe, liderança, proatividade, criatividade, postura e comunicação também são bastante avaliadas. No que concerne à capacidade de comunicação, percebe-se que a exigência do mercado de trabalho é cada vez mais crescente. Aquele que pleiteia uma vaga precisa saber se comunicar, caso contrário, perde a oportunidade. A capacidade de comunicação oral e escrita vem se apresentando como competência fundamental para as necessidades exigidas pelo mercado de trabalho. O indivíduo que não expressa claramente suas ideias ou não consegue estabelecer bons vínculos de relacionamento profissional, seja com seus superiores ou até mesmo com colegas de trabalho, com certeza fica aquém daquele que tem maior facilidade de expressão e consegue ter um bom relacionamento interpessoal. Porém, há outro fator, dentro desse âmbito, que vem ganhando destaque: o domínio da língua portuguesa. Este, sem dúvida, tem sido um obstáculo para muitos na busca por um emprego. Nós, brasileiros, falamos português desde que nascemos e passamos, no mínimo, 12 anos na escola estudando a norma culta, porém, é muito comum ouvirmos relatos de pessoas que dizem ter muita dificuldade com a utilização da mesma. Segundo reportagem veiculada recentemente pela TV Globo, no Jornal Hoje, na seção intitulada “Sala de Emprego”, empresas vêm utilizando, em seus testes de seleção, a aplicação de um ditado de palavras. Contudo, essas mesmas empresas não conseguem preencher as vagas ofertadas, pois não encontram candidatos capazes de escrever todas as palavras de forma correta. Uma determinada empresa, cuja razão social não foi revelada, já estava com uma vaga aberta há oito meses. Dentre oito mil candidatos que responderam o teste, quase a metade reprovou. Palavras como exceção, majestoso, seiscentos e desajeitado estão na lista de grafias equivocadas. Diante desse fato, surge o seguinte questionamento, feito pela gerente de recursos humanos da referida instituição: se o candidato não é capaz de dominar nem o seu próprio idioma, como irá se destacar na empresa? Constata-se, assim, que o domínio linguístico está sendo cada vez mais usado como estratégia para selecionar profissionais que correspondam às exigências do mundo profissional, nos dias atuais. Além do tipo de teste citado, há instituições que aplicam a 3 tradicional redação – na qual grande parte dos candidatos apresenta extrema dificuldade; e há, ainda, aquelas que pedem aos candidatos a “simples” conjugação de um verbo. Os que não passam no teste são, definitivamente, eliminados do processo. O que demonstra que, com frequência, até mesmo o conhecimento linguístico se sobrepõe ao conhecimento meramente técnico. Diante do exposto, outra reflexão é pertinente: por que as pessoas não conseguem dominar o próprio idioma, no caso, a língua portuguesa? Sabemos que esta é uma realidade muito comum em nosso país. Não importa a classe social, se oriundos da rede pública ou particular, se possuem nível fundamental, médio, graduação ou pós-graduação: o fato é que muitos brasileiros saem da escola sem ter aprendido, efetivamente, a utilizar a norma padrão da nossa língua e, sendo assim, acabam por surpreender-se quando esbarram em suas próprias dificuldades nos concursos e seleções da vida. Este é o fator que tem levado tantas pessoas a buscarem cursos específicos nessa área. Os cursos de língua portuguesa vêm sendo muito procurados por pessoas que querem garantir uma vaga no mercado de trabalho, seja através de concursos públicos ou por meio de outras seleções. Há também um grande número de pessoas que procuram esses cursos com o intuito de desenvolver-se profissionalmente na área em que já atuam, melhorando a escrita e a comunicação como um todo. São vários os relatos de alunos que se sentem prejudicados profissionalmente devido às dificuldades que apresentam, por exemplo, na leitura e interpretação de textos, o que provoca, diretamente, as dificuldades no âmbito da escrita. Referencial Teórico Segundo DeAquino (2011, p. 03), “o mundo moderno, de modo geral, e o mundo dos negócios, de modo particular, exigem das pessoas um constante aprendizado, para que elas obtenham cada vez mais sucesso ou, no mínimo, não se sintam marginalizadas e sem oportunidades". Esse constante aprendizado engloba tudo o que é possível assimilar durante a nossa vida. E o mercado profissional não foge a essa regra. É cada vez mais necessária uma constante atualização, é preciso desenvolver competências pertinentes a cada área de atuação. Os que seguem essas regras são classificados como bons profissionais. A competência linguística, antes colocada em segundo plano em detrimento das competências técnicas de cada área e até mesmo da experiência, hoje aparece em primeiro plano, como fator determinante em diversas situações no mercado de trabalho. Quantas pessoas não conseguem a tão sonhada aprovação num concurso público, por exemplo, mesmo 4 obtendo uma boa pontuação em conhecimentos específicos, porque não obtiveram uma boa pontuação em língua portuguesa? Quantos não conseguem uma vaga de emprego porque não conseguem escrever uma boa redação ou, em testes mais recentes, não conseguem fazer um ditado de palavras ou conjugar um verbo corretamente? Quantos não conseguem aprovação num exame como o Enem porque não conseguem ler e interpretar um texto? A competitividade do mercado de trabalho atual é gritante. E só se sobressaem aqueles que realmente estão capacitados, em todos os sentidos. Os que não estão preparados, realmente ficam à margem, não têm oportunidade que os alcance. Apesar da constatação irrefutável de que todas as atividades humanas envolvem a linguagem, percebe-se que o interesse dos linguistas pela relação linguagem x trabalho ainda é um fenômeno recente. Esse interesse só foi despertado a partir do último quarto do século XX, por conta das mudanças observadas no que diz respeito à organização do trabalho, de forma especial à importância dada ao “fator humano” e, com ele, à linguagem. Atualmente, pesquisas mostram que a linguagem oral e a escrita têm sido contempladas nos processos de recrutamento e seleção de pessoal. Isso se explica pelo fato de que, com os avanços tecnológicos e a modernidade, houve um recuo do trabalho físico no mercado profissional, ressaltando-se, assim, as tarefas de controle e coordenação que, segundo as exigências do mundo do trabalho, requerem profissionais com habilidades interpessoais, competências múltiplas e foco em resultados. O profissional que as instituições procuram deve ser versátil, proativo e multifuncional. Nesse âmbito, a competência comunicativa – capacidade de assimilar, organizar e transmitir informações com eficácia – tornou-se um pré-requisito altamente valorizado no mundo empresarial. Esse perfil tem sido objeto de estudo de vários profissionais da linguagem. O investimento em tecnologia e a crise no setor econômico vêm, gradativamente, levando a termo o chamado serviço tradicional2, o que agrava consideravelmente a empregabilidade. O novo perfil de profissional tem se delineado a partir dessa realidade. Há pouco tempo, algumas funções poderiam ser realizadas até por pessoas sem escolaridade, pois o trabalho a ser realizado envolvia apenas atividades repetitivas, que não exigiam nada além do que a capacidade de automatização. Hoje essas funções são realizadas por máquinas e não por homens. Nas empresas, até mesmo as funções mais simples exigem do profissional um bom nível de conhecimento (informação) e não apenas “experiência” na função. Com todas essas 2 Caracteriza-se como um serviço que o trabalhador realiza, baseando-se em técnicas apreendidas, formal ou informalmente, que garantem a boa execução de atividades previstas e rotineiras. 5 mudanças, a comunicação assume um papel fundamental nas relações trabalhistas. Especialistas em recursos humanos admitem que o domínio da língua portuguesa é essencial para o ingresso e permanência no mercado de trabalho. Além disso, eles afirmam que a imagem da empresa está intrinsecamente relacionada ao domínio que seus profissionais têm da língua materna e que seu uso eficaz garante ao profissional um bom marketing pessoal e empresarial. Segundo Peres (2005, p. 31), o “domínio da língua” diz respeito à [...] capacidade de organizar e transmitir informações; expressar bem; apresentar e defender projetos; acentuação; pontuação e repetição de palavras; falar e escrever bem; não cometer deslizes gramaticais, erros ortográficos ou de concordância; clareza nas ideias, evitando ambiguidades. No que diz respeito à visão empresarial acerca dos funcionários que não dominam o próprio idioma, Peres (2005, p. 36), citando Mauro Silveira3, editor da Revista Você S/A, afirma que [...] as empresas estão muito preocupadas com as escorregadelas e, em alguns casos, com os verdadeiros tombos que seus profissionais estão levando na hora de escrever ou mesmo falar em “bom português”. [...] a pouca intimidade com o idioma por parte de inúmeros profissionais pode ser claramente notada pelos “erros grosseiros” presentes nos currículos recebidos pelos selecionadores e consultores de carreira. Erros como acentuação, pontuação e repetição de palavras são apontados como fatais para a reprovação do candidato. [...] quando um profissional comete um erro grave de português, seja falando ou escrevendo, as pessoas começam a duvidar de suas qualificações, por melhores que elas sejam. Aqui cabe outra observação pertinente. A reflexão proposta neste artigo apresenta uma palavra que chama a atenção: dominar. Esta palavra, citada diversas vezes, também é muito recorrente na fala de vários especialistas. Eles afirmam: “é preciso dominar a língua portuguesa”. Esse verbo era frequentemente usado em situações de guerra, pois se trata de um termo bélico. Peres (2005, p. 38) observa que “são termos como este que constroem para o mundo do trabalho a metáfora do campo de batalha, onde os trabalhadores lutam, inclusive discursivamente, para conquistar seu espaço na intensa luta pela sobrevivência”. Diante disso, surgem outros questionamentos mais graves, cujas respostas envolvem fatores diversos, que exigem uma acurada reflexão. Eis a questão fundamental: por que as pessoas apresentam tanta dificuldade com relação ao uso da língua portuguesa (leia-se, norma culta ou padrão)? 3 Mauro Silveira é jornalista, especializado em carreira e desenvolvimento profissional, editor da revista Você S/A e coordenador do Guia Exame – As 100 melhores empresas para trabalhar. 6 O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o desempenho escolar em âmbito mundial, mostra que o Brasil ocupa a 49ª posição (dentre 65 países participantes) no que diz respeito à proficiência da língua e leitura. Além disso, 15% dos jovens entre 15 e 24 anos são analfabetos funcionais, ou seja, sabem ler e escrever, mas são incapazes de interpretar. Já os alunos do Ensino Básico, na avaliação do Saeb / Prova Brasil, não conseguem alcançar a média 6,0.4 Isso nos remete ao desafio diário dos professores de português, que precisam formar alunos que consigam transitar facilmente entre o que é coloquial e o que é culto. A realidade é que existem várias deficiências no sistema de ensino brasileiro, seja ele público ou particular, e estes, por vezes, não levam o alunado à efetiva aprendizagem da norma culta da língua. Porém, não se pode reduzir o mau uso da língua apenas às deficiências do sistema de ensino, pois existem vários outros problemas, como: a falta do hábito da leitura; falta de estímulo familiar; interesse do aluno; professores qualificados; e a consciência de que a língua portuguesa é importante em todas as áreas do saber. De fato, esse é um assunto bastante complexo. Devido a todas essas nuances relacionadas ao bom uso do nosso idioma, torna-se evidente que aqueles que ainda apresentam problemas com a norma padrão devem buscar preparação nessa área e suprir suas deficiências, caso realmente queiram ingressar, permanecer, ou ainda retornar ao mercado de trabalho. E é preciso agilidade, pois este, como mencionamos, está em constante atualização. A Língua Portuguesa e a Educação Profissional É cada vez mais comum observarmos que instituições de Educação Profissional incluem em sua programação cursos voltados ao ensino da língua portuguesa, além de outros idiomas. O Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial em Sergipe é um exemplo disso. Esses cursos têm o objetivo de dar suporte aos profissionais que apresentam as dificuldades aqui relatadas, a fim de que estes alcancem o êxito em suas profissões. Apesar de não serem cursos voltados diretamente para o ensino de uma profissão específica, constata-se, ao mesmo tempo, que a falta das competências adquiridas através desses cursos interfere negativamente no desempenho profissional. Portanto, os cursos de língua portuguesa 4 Dados obtidos em 2011. 7 constituem um suporte essencial para todas as pessoas que buscam escolas de Educação Profissional a fim de adquirirem uma qualificação. A demanda dos cursos de língua portuguesa vem crescendo consideravelmente, a exemplo de cursos como Leitura e interpretação de textos e Português para concursos. Quando os alunos são indagados a respeito da escolha do curso, as respostas são sempre muito semelhantes: “Escolhi o curso porque sempre tive muita dificuldade em língua portuguesa”, “Escolhi este curso porque quero me aperfeiçoar profissionalmente”, ou ainda: “Escolhi o curso porque, quando participei de uma seleção, me saí bem em todas as matérias, menos em português”. Percebe-se, assim, que as pessoas estão percebendo a importância de dominar o próprio idioma no intuito de alcançar o êxito profissional tão desejado, melhorando a sua capacidade de comunicação e expressão. As aulas são planejadas no intuito de que os alunos possam ter o máximo de proveito possível. O público é constituído de pessoas jovens e adultas, que querem realmente obter resultados de aprendizagem, ou seja, em geral, não são pessoas que buscam esse tipo de curso apenas para preencher um tempo ocioso. Elas querem realmente aprender, sair do curso ao menos com a sensação de que as dificuldades diminuíram e que elas sabem um pouco mais do que sabiam antes. Lecionar para adultos é algo desafiante, pois lidamos com pessoas que trazem consigo uma bagagem cultural consolidada, experiências vividas e opiniões já formadas e, muitas vezes, solidificadas. Os princípios da andragogia auxiliam muito na tarefa de lidar com esse público específico. Sobre esse assunto, DeAquino (2011, p.11), citando Malcolm Knowles5, afirma que A ‘andragogia’, inicialmente definida como a arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender, apresenta-se, atualmente, como uma alternativa à pedagogia e refere-se à educação centrada no aprendiz para pessoas de todas as idades. No modelo andragógico de aprendizagem, a responsabilidade pela aprendizagem é compartilhada entre professor e aluno, o que cria um alinhamento entre essa abordagem e a maioria dos adultos, que busca independência e responsabilidade por aquilo que julga ser importante aprender. DeAquino (2011, p. 05) cita algumas dificuldades de aprendizagem apresentadas por pessoas adultas e suas respectivas alternativas, que foram resumidas na tabela a seguir: 5 Malcolm Knowles (1913 – 1997) foi o mais importante representante da área de educação de adultos na segunda metade do século XX. Os principais trabalhos e a história da educação de adultos dos Estados Unidos foram escritos por ele. Seus trabalhos foram fundamentais, pois orientavam os educadores de pessoas adultas a assumirem uma postura de “ajudar pessoas a aprender”, e não apenas “ensiná-las”. 8 TABELA 1 – DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM APRESENTADAS POR PESSOAS ADULTAS E ALTERNATIVAS PARA A SUPERAÇÃO Dificuldades de aprendizagem Alternativas para a superação Falta de gerenciamento adequado do tempo, Para a gestão do tempo disponível e permitindo uma dedicação insuficiente às consequente conciliação entre o tempo que atividades de aprendizagem. dedicamos à nossa vida profissional, à nossa vida pessoal e aos nossos estudos, devemos desenvolver a habilidade de nos organizarmos de modo mais eficiente. Falta de uma metodologia de aprendizagem Os adultos têm uma postura mais crítica e alinhada ao estágio de desenvolvimento têm a necessidade de um aprendizado mais cognitivo. contextualizado, por isso a metodologia utilizada deve observar esses pontos. Sensação de desconforto em ter de continuar A sensação de desconforto e a falta de e/ou voltar a aprender, por associar esse motivação pessoal podem estar relacionadas processo a fases menos maduras de sua vida. à escolha inadequada da metodologia de aprendizagem, em função do Falta de motivação pessoal para o desconhecimento do estilo de aprendizagem do aluno. Nesse caso, o professor precisa se aprendizado. adequar às necessidades da turma. Com base nessas informações, os cursos de português são ministrados com a utilização de variados recursos, como: dinâmicas, vídeos, músicas, exibição de slides, jogos, além da aplicação de diversos exercícios, que têm como objetivo levar o aluno a fixar o conteúdo apreendido, exercitando a norma culta. São seguidos os princípios da andragogia, com a realização de modificações no planejamento e material de estudo, sempre que necessário, a fim de adequá-los às necessidades específicas dos alunos, no intuito de que sejam obtidos sempre os melhores resultados, ou seja, que a aprendizagem aconteça efetivamente. DeAquino (2011) cita as diversas metodologias andragógicas para a aprendizagem, e também as diversas habilidades e estilos de aprendizagem. Dentre as abordagens feitas por ele, podemos citar a aprendizagem facilitada, confrontada com a aprendizagem direcionada. Sobre a aprendizagem direcionada, ele afirma: Na aprendizagem direcionada, centrada no professor, a abordagem é tradicional, implementada com aulas expositivas, nas quais a participação dos alunos, tanto na decisão daquilo que deve ser aprendido quanto na aplicação dos conhecimentos transmitidos, é bastante restrita. Os professores do ensino superior, de modo geral, encontram-se bastante familiarizados com essa abordagem e, muitas vezes, veem a aprendizagem centrada no 9 professor como a forma correta e única de atingir os alunos e fazê-los aprender. Na aprendizagem facilitada, o foco é outro: Se, no entanto, considerarmos que cada grupo de alunos tem suas próprias características e objetivos, e que muitos deles trazem, para o ambiente de estudo, experiências e expectativas pessoais que podem influenciar o processo de aprendizagem como um todo, é fundamental que estejamos prontos para escolher a posição mais adequada no contínuo pedagógicoandragógico. Para tanto, é essencial uma maior familiaridade, por parte dos educadores, com a abordagem facilitada, ou centrada no aprendiz, que está mais próxima da extremidade andragógica de nosso contínuo de aprendizagem. Esse mesmo conceito de aprendizagem facilitada está atrelado à metodologia de desenvolvimento de competências, que está sendo bastante difundida em escolas de Educação Profissional como o Senac. Segundo Küller (2012), a metodologia do desenvolvimento de competências [...] foi desenvolvida para apoiar a capacitação de docentes de educação profissional, e constitui uma síntese dos mais comuns métodos centrados na iniciativa e na atividade dos educandos. É uma alternativa para o desenho de situações de aprendizagem, e não de aulas magistrais. Em cada situação de aprendizagem são propostos sete passos: contextualização e mobilização; definição da atividade de aprendizagem; organização da atividade de aprendizagem; coordenação e acompanhamento; análise e avaliação da atividade de aprendizagem; outras referências; e síntese e aplicação. A metodologia de desenvolvimento de competências, centrada no aluno (aprendizagem facilitada), superou a aprendizagem direcionada (tradicional), de forma especial no âmbito da Educação Profissional. De forma geral, o depoimento dos alunos ao final de cada curso é muito positivo. Eles se sentem mais motivados e percebem que, apesar de suas dificuldades quanto à compreensão da norma padrão, ainda são capazes de aprender. A demanda de alunos que procuram os cursos de português tem crescido consideravelmente e a tendência é que haja um crescimento ainda maior, pois as pessoas têm percebido a importância do domínio da língua portuguesa para o mercado de trabalho. As relações entre o bom uso da língua e o êxito profissional são claras. O mercado exige dos profissionais o preparo técnico, mas também, conforme já citamos, a capacidade de comunicar-se e estabelecer relações interpessoais, o que está intrinsecamente ligado à 10 capacidade linguística. Essa capacidade é o diferencial, que dá ao profissional a chance de se sobressair dentre os demais concorrentes. Considerações finais Estudos mostram que o mercado de trabalho está cada vez mais exigente e espera daqueles que nele atuam as habilidades e competências necessárias ao bom desenvolvimento das atividades laborais. Por conta dos avanços tecnológicos que visualizamos nas últimas décadas, percebemos também uma considerável mudança nas relações de trabalho. O foco agora está voltado para as competências e habilidades que os profissionais têm para oferecer. Uma das competências em voga no mercado de trabalho atual é a competência linguística, relacionada à comunicação. Diante disso, o uso adequado da linguagem falada e escrita (leiase norma culta da língua portuguesa), tem sido fator determinante para o ingresso e a permanência de diversos profissionais no mercado de trabalho. Por outro lado, percebe-se que há uma deficiência evidente quanto à compreensão, e até mesmo o conhecimento, das regras que regem a nossa língua, tornando cada vez mais urgente, para profissionais de todas as áreas, a busca pelo aperfeiçoamento. No Brasil, o problema não é a oferta de emprego e sim a falta de profissionais qualificados não apenas tecnicamente, mas também capacitados à boa comunicação. Sendo assim, os cursos de língua portuguesa estão em sintonia com a missão de instituições como o Senac: educar para o mercado de trabalho. Referências Bibliográficas A LÍNGUA portuguesa e o mercado de trabalho. Disponível em <http://www.raquelrfc.com/2012/05/lingua-portuguesa-e-o-mercado-de.html>. Acesso em 10 mai. 2013. CONSULTORES alertam sobre erros que reprovam candidatos em entrevistas. Disponível em <http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2011/01/consultores-alertam-sobre-erros-quereprovam-candidatos-em-entrevistas.html>. Acesso em: 10 mai. 2013. DEAQUINO, Carlos Tasso Eira. Como aprender: andragogia e as habilidades de aprendizagem. 3. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. 11 KÜLLER, José Antônio; RODRIGO, Natália de Fátima. Uma metodologia de desenvolvimento de competências. Disponível em: <http://www.senac.br/BTS/381/artigo1.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2013. MILAN, Pollianna. Para onde caminha a língua portuguesa? Disponível em <http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1128255&tit=Paraonde-caminha-a-lingua-portuguesa>. Acesso em: 10 mai. 2013. PERES, Suely Marcolino. O labirinto da linguagem no mundo empresarial do trabalho (A linguagem no enfrentamento de relações de trabalho). Paraná, 2005. Disponível em <http://www.ple.uem.br/defesas/pdf/smperez.pdf>. Acesso em: 10 mai. 2013.