AÇÃO DE POLINIZADORES NATURAIS E APIÁRIOS
COMERCIAIS NA PRODUÇÃO DE SOJA
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(2)
Wagner Caione ; Mendelson Guerreiro de Lima ; Wesley Mairos Barella
(2)
1
Acadêmico do curso de Ciências Biológicas – UNEMAT. Campus Universitário de Alta Floresta. –
2
email: [email protected]; Professor Orientador, Depto de Ciências Biológicas, UNEMAT. e 3
mail: [email protected]; Acadêmico do curso de Engenharia Florestal – UNEMAT. Campus
Universitário de Alta Floresta. – email: [email protected]
Resumo: A polinização com a ação de insetos vem cada vez mais se tornando um
fator complementar de produção agrícola. Em vários países, sobretudo nos mais
desenvolvidos, já se tem trabalhos científicos que comprovam esta eficiência e
muitos agricultores utilizam os polinizadores, principalmente abelhas Apis mellifera,
em escala comercial. Diante disso, pretendeu -se verificar se abelhas de apiários
comerciais e abelhas encontradas presentes nos fragmentos florestais interferem
nos ganhos de produtividade da cultura da soja (Glycine max). Para isso, avaliou-se
6 áreas de soja no município de Sorriso, todas margeadas por f ragmento florestal e
distantes 3000 metros entre si. Em cada local foram coletadas amost ras da
produtividade da lavoura, distantes 50, 250, 500, 750 metros do fragmento florestal.
Os resultados mostraram que a presença de abelhas interferiu positivamente na
cultura da soja e que a distância que obteve maior produtividade foi à 250 metros de
distância do fragmento florestal .
Palavras chave: Polinização, abelhas, Glicyne max, produtividade, fragmento
florestal.
Introdução: O processo de polinização entomófila consiste na ação de insetos
polinizadores que, no momento de coletar pólen das flores, fazem a transferência
destes de uma flor para outra, tendo elevada relevância nos ecossistemas naturais,
garantindo a sustentabilidade da agricultura, pois diversas são as espécies vegetais
que são beneficiadas com a ação polinizadora desses insetos (FLORES &
TRINDADE, 2007). As abelhas são os mais im portantes insetos polinizadores,
responsáveis por cerca de 75% da polinização das culturas (NABHAN &
BUCHMANN, 1997). A redução do habitat e fragmentação da floresta promove
declínio destes polinizadores devido à reduçã o de micro habitat (LAURANCE et al.,
2002). Diante disso, pretendeu-se verificar se abelhas silvestres presentes em
fragmentos florestais e abelhas de apiários comerciais interferem na produtividade
da soja naturalmente.
Material e Métodos: O trabalho foi realizado no município de Sorriso, Mato Grosso,
nas coordenadas geográficas 13º 04’ 14,74” longitude S e 55º 27’ 55,39” latitude W,
durante o mês de fevereiro de 2009, em duas fazendas de cultivo de soja. As
colméias de abelhas africanizadas pertencentes ao Laboratório de Apicultura da
Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus de Alta Floresta, foram
transportadas para a área de estudo no mês de novembro de 2008 e ali
permaneceram até o momento da colheita da cultura (fevereiro de 2009). Nas duas
propriedades foram selecionadas áreas de lavoura vizi nhas de um fragmento
florestal e distantes pelo menos 3 km do próximo fragmento, sendo que em um local
contava com um apiário comercial de abelhas africanizadas (17 colméias) e os
demais locais somente com abelhas encontradas livres na natureza. A soja
produzida foi colhida em cada local em quatro pontos, distantes 50, 250, 500, 750,
metros do fragmento florestal no mês de fevereiro de 2009. Em cada ponto for am
colhidas manualmente 10 parcelas de 1 metro linear da cultura, com um intervalo de
10 metros entre cada parcela. A distância entre fileiras foi em média 40 cm, send o
medidas e anotadas em cada ponto. As amostras foram levadas ao laboratório, os
grãos separados das vagens, secados em estufa a 60°C por 48 horas, convertendo
a umidade a 13 % e então pesa dos. A produtividade média foi expressa em kg ha -1 e
obtida pelo cálculo de área, considerando a produtividade e o espaçamento entre
ruas. Para o procedimento estatístico foi utilizado o programa estatístico SISVAR
(FERREIRA, 2003).
Resultados e Discussão : A figura 1 mostra os resultados de produtividade em
diferentes locais e distâncias. S abendo-se que em cada local avaliado as condições
de cultivo da lavoura (solo, semente, adubação e clima) foram as mesmas e
diferenciando apenas as condições de cultivo entre um local e outro, dessa forma
não se pode comparar produtividade entre os locais, somente entre distâncias
dentro de um mesmo local.
k g ha-1
P rodutividade em diferentes loc ais e dis tânc ias
5000
4750
4500
4250
4000
3750
3500
3250
3000
A
A
A
A
B
L oc al 1
A A
A
A
B
B
A
AB
AB
B
B
L oc al 2
L oc al 3
50 m
250 m
A
A
A
A
B
A
500 m
L oc al 4
L oc al 5
A A
L oc al 6
750 m
Figura 4. Produtividade de soja (Glycine max) com a ação de polinizadores naturais
em diferentes locais e distânci as.
A cultura da soja apesar de ser autógama demonstrou incremento na
produtividade com a ação de polinizadores naturais, concordando assim com os
resultados obtidos por Nogueira-Couto, (1994) e Chiari et al., (2005) onde obtiveram
maiores produtividades da cultura em locais com a presença de polinizadores . No
local 1, houve diferença significativa para 250 metros e para 50 metros do fragmento
florestal proporcionando maior produtividade em relação as demais distâncias. Para
os locais 2 e 3, a diferença si gnificativa foi verificada para os 250 e 750 metros. Nos
locais 4, 5 e 6 não houveram diferenças significativas, contudo, nota -se que à 250
metros do fragmento florestal a produtividade foi superior as demais distâncias.
Segundo Wiesse (2000), no caso de polinizadores do gênero A. mellifera, o ideal é
que a flora apícola esteja a menos que 1500 metros do apiário para que se obtenha
maior eficiência no processo de polinização. A figura 2 reúne as médias de
produtividade de todos os locais.
P rodutividade média nas diferentes dis tânc ias
4500
A
K g ha -1
4250
4000
B
B
B
500 m
750 m
3750
3500
3250
50 m
250 m
Dis tânc ias
Figura 2. Produtividade média de soja ( Glycine max) com a ação de polinizadores
naturais em diferentes distâncias.
Observa-se a diferença estatística com relação ao fator distâ ncia, já que
quando se observa os locais individualmente os valores são menores e, em alguns
locais mesmo diferenciando numericamente não possibilita notar uma diferença
significativa. No entanto, quando se reúne todos os locais num só gráfico está
diferença torna-se expressiva, pois os valores de produtividade são maiores,
demonstrando a importância da polinização na produção a campo, onde as áreas
são maiores. Pode-se observar que a distância é um fator importante na ação dos
insetos, sendo que em todos os locais avaliados nota -se que a 250 metros de
distância do fragmento florestal obteve -se uma produtividade média de 4274 kg de
soja por hectare, diferindo significativamente das demais distâncias, onde a 50
metros obteve-se 3817,33 kg de soja por hectare, a 500 metros 3818,5 kg e a 750
metros 3812,17 kg. Pacheco et al. (1985), concluíram que a ab elha A. mellifera
mostrou-se efetiva na polinização de Eucalyptus saligna, sendo maior a sua
atividade até a 50 metros da colméia e decrescendo gradativamente com a
distância, principalmente após os 350 metros. Os resultados obtidos por estes
autores divergem dos resultados obtidos neste trabalho, onde a distância que obteve
maior produtividade foi à 250 metros de distância do fragmento florestal,
possivelmente por serem culturas diferentes.
Conclusão: Abelhas presentes em fragmentos florestais próximos d a cultura da soja
influenciam na produtividade da cultura, assim como a polinização dirigida por Apis
mellifera. A melhor produtividade foi obtida na faixa de 250 metros de distância do
fragmento florestal, em ambos os casos. É importante que se estabeleça m políticas
públicas para a conservação de abelhas e a manutenção da integridade dos
fragmentos florestais próximos de lavouras de soj a, com vistas a se obter um
incremento na produtividade desta cultura.
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417p.
Agradecimentos: Apoio FAPEMAT, Processo 853/06.
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