o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 1 O MÉDICO E O SEU TRABALHO Resultados da REGIÃO SUL e seus estados o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 2 DIRETORIA EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE - PRESIDENTE ANTÔNIO GONÇALVES PINHEIRO - 1º VICE-PRESIDENTE RUBENS DOS SANTOS SILVA - 2º VICE-PRESIDENTE CLÓVIS FRANCISCO CONSTANTINO - 3º VICE-PRESIDENTE LÍVIA BARROS GARÇÃO - SECRETÁRIA-GERAL MARCO ANTÔNIO BECKER - 1º SECRETÁRIO GERSON ZAFALON MARTINS - 2º SECRETÁRIO GENÁRIO ALVES BARBOSA - TESOUREIRO ALCEU JOSE PEIXOTO PIMENTEL - 2º TESOUREIRO ROBERTO LUIZ D'AVILA - CORREGEDOR PEDRO PABLO MAGALHÃES CHACEL - VICE-CORREGEDOR CONSELHEIROS FEDERAIS (GESTÃO 2004-2009) ABDON JOSE MURAD NETO (MA) ALCEU JOSE PEIXOTO PIMENTEL (AL) ALOÍSIO TIBIRIÇÁ MIRANDA (RJ) ANTÔNIO CLEMENTINO DA CRUZ JÚNIOR (AC) ANTÔNIO GONÇALVES PINHEIRO (PA) BERNARDO FERNANDO VIANA PEREIRA(BA) CLÓVIS FRANCISCO CONSTANTINO (SP) DARDEG DE SOUSA ALEIXO (AP) EDEVARD JOSÉ DE ARAÚJO (AMB) EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE (AM) FREDERICO HENRIQUE DE MELO (TO) GENÁRIO ALVES BARBOSA (PB) GERALDO LUIZ MOREIRA GUEDES (MG) GERSON ZAFALON MARTINS (PR) HENRIQUE BATISTA E SILVA (SE) JOSÉ FERNANDO MAIA VINAGRE (MT) JOSÉ HIRAN DA SILVA GALLO (RO) LÍVIA BARROS GARÇÃO (GO) LUIZ NÓDGI NOGUEIRA FILHO (PI) LUIZ SALVADOR DE MIRANDA SÁ JÚNIOR (MS) MARCO ANTÔNIO BECKER (RS) PEDRO PABLO MAGALHÃES CHACEL (DF) RAFAEL DIAS MARQUES NOGUEIRA (CE) RICARDO JOSÉ BAPTISTA (ES) ROBERTO LUIZ D'AVILA (SC) ROBERTO TENÓRIO DE CARVALHO (PE) RUBENS DOS SANTOS SILVA (RN) WIRLANDE SANTOS DA LUZ (RR) o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 3 O MÉDICO E O SEU TRABALHO Resultados da REGIÃO SUL e seus estados Brasília, DF 2005 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 4 Conselho Federal de Medicina SGAS 915, Lote 72 70390-150 – Brasília, DF Fone: (61)3445-5900 – Fax: (61)3346-0231 http://www.portalmedico.org.br e-mail: [email protected] O Médico e o seu Trabalho Resultados da Região Sul e seus estados Coordenação Mauro Brandão Carneiro Valdiney Veloso Gouveia Edevard José de Araújo (coordenador regional) Equipe técnica Eliane de Azevedo Barbosa Eliane Maria de Medeiros e Silva (CRB1º 1678) Patrícia Álvares (MTB DF 03240 JP) Walder Júnior Sandro Quintino Guedes Copidescagem e revisão de língua portuguesa Wânia de Aragão-Costa Projeto gráfico e diagramação Via Brasil Consultoria e Marketing Ltda. Tiragem 10.000 exemplares Copyright © 2005 Conselho Federal de Medicina Catalogação na fonte: Eliane Maria de Medeiros e Silva (CRB 1ª região/1678) O médico e seu trabalho: resultados da região sul e seus estados. / Coordenação de Mauro Brandão Carneiro, Valdiney Veloso Gouveia e Edevard José de Araújo. – Brasília: Conselho Federal de Medicina, 2005. 143 p. ; 16,0X23,0 cm ; tabelas , gráficos. I. Carneiro, Mauro Brandão, coord. II. Gouveia, Valdiney Gouveia, coord. III. Pimentel, Alceu José Peixoto, coord. regional. IV. Conselho Federal de Medicina. 1.MédicosCondições de trabalho. CDD 610.90981 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 5 NOTAS SOBRE OS AUTORES 5 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 6 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 7 ANA BEATRIZ SALDANHA RAMOS PEREIRA – Médica. Residência em Medicina Geral Comunitária pelo Grupo Hospitalar Conceição (1996-98) - Porto Alegre-RS. ANA LUIZA HALLAL – Graduada em Medicina pela Universidade Federal de Pelotas, RS. Mestre em Saúde Pública/Epidemiologia – Universidade de São Paulo – (USP) – SP. Médica Epidemiologista da Maternidade Carmela Dutra de Florianópolis – SC. Professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) – SC. Assessora para Vigilância e Controle de Informação sobre Tabaco – Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde. EDEVARD JOSÉ ARAÚJO – Médico graduado pela UFSC. Especialista em Cirurgia Pediátrica e Sócio Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Pediátrica. Ex-Assistente de Urologia Pediátrica da Fundação Puigvert – Barcelona. Doutor em Medicina pela UNIFESP. Ex-Presidente do CREMESC. Responsável pelo Setor de Urologia do Serviço de Cirurgia do Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis – SC. Coordenador do Programa de Residência Médica em Cirurgia Pediátrica – HIJG. Professor Adjunto do Departamento de Clínica Cirurgia da UFSC. Membro da Comissão de Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Pediátrica. Presidente da Unimed Florianópolis. Conselheiro do CFM representando a AMB. Professor responsável pela Disciplina de Bioética do Curso de Pós-Graduação em Ciências Médicas da UFSC GERSON ZAFALON MARTINS – Médico pneumologista, Perito Judicial, Conselheiro do Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná e Conselheiro e Segundo Secretário do Conselho Federal de Medicina nas gestões 1999/2004 e 2004/2005. 7 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 8 CARLOS HOMERO GIACOMINI – Médico Pediatra, Mestre em Saúde Coletiva; Especialista em Planejamento e Gestão Estratégica do Conhecimento. Foi Diretor do Hospital Oswaldo Cruz, no Paraná. Presidente do Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Curitiba, IPMC (1999); e Secretário Municipal de Recursos Humanos da Prefeitura de Curitiba (1999-2002); Professor de PósGraduação em Gestão Pública, em diversas Instituições de Ensino Superior. Atualmente é Presidente do Instituto Municipal de Administração Pública IMAP e Assessor da Faculdade Evangélica do Paraná. MAURO BRANDÃO CARNEIRO – Médico. Especialista em Infectologia. Mestre em Saúde Pública pela ENSP/FIOCRUZ. Médico da Fundação Oswaldo Cruz e da Prefeitura do Rio de Janeiro. Presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, 1989/92. Conselheiro do Conselho Regional de Medicina do RJ desde 1988. Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ) por três gestões: 1995/96, 1997/98 e 1998/99. Conselheiro do Conselho Federal de Medicina pelo RJ, 1999/2004. VALDINEY VELOSO GOUVEIA – Especialista em Psicometria pela Universidade de Brasília, onde concluiu Mestrado em Psicologia Social e da Personalidade. Doutor em Psicologia Social pela Universidade Complutense de Madri. Professor de Técnicas de Exame Psicológico (Graduação) e Métodos de Pesquisa e Técnicas Estatísticas (Mestrado e Doutorado) na Universidade Federal da Paraíba. Pesquisador 1D do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. 8 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 9 APRESENTAÇÃO 9 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 10 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 11 Ser médico não é fácil. Uma vida de dedicação e sacrifícios, evidentes já mesmo na escolha do curso a freqüentar na Universidade, ele continua sendo, certamente, dos profissionais mais bem qualificados em todo mundo. Uma qualificação que vai além do Curso de Graduação, tomando em média 10 anos de suas vidas (Pimentel, Andrade e Barbosa, 2004). Portanto, em razão de sua qualificação e dos interesses compartilhados, esperar-se-ia que ser médico significasse a mesma coisa e produzisse os mesmos benefícios em todo o Brasil. Por condições infra e supra-estruturais, as discrepâncias são latentes entre algumas Regiões e, inclusive, dentro delas, como foi sugerido no livro O Médico e o seu Trabalho (Conselho Federal de Medicina, 2004). Reconhecendo as diferenças e singularidades da Medicina quando exercida em contextos variados dentro do País, já no livro publicado com os resultados do Brasil antecipamos a necessidade de um olhar mais focado nas Regiões e seus estados. Este propósito está sendo levado a cabo nesta oportunidade, oferecendo aos médicos brasileiros um retrato ampliado que lhes possibilitará observar tanto o que há de bom como o que precisará ser melhorado em cada Região. Conhecerão, por exemplo, a origem e amplitude da formação em Medicina, as carências em determinadas especialidades, a (in)satisfação com o sistema de convênios etc. Estes podem ser aspectos importantes na vida do médico enquanto indivíduo, mas também representam um recurso para os administradores e responsáveis por políticas públicas em saúde. Além disso, uma publicação desta natureza deverá ser útil para a sociedade civil, para que reconheça a realidade da saúde do seu estado, e ser consultada pelos colegas docentes, que têm norteado as necessidades de formação neste país. Este livro procura analisar a realidade médica de uma das regiões mais ricas do País, com reflexo direto nas condições de vida e saúde de sua população. Os três estados do Sul estão entre os seis maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de todo o Brasil, e a Região exibe taxas de analfabetismo e de mortalidade infantil muito inferiores às do País. Os médicos do Sul têm a melhor distribuição entre capital e interior do Brasil, e preocupam-se bastante com a qualificação profissional: são mais elevados na Região os índices de realização de pós-graduação, com destaque para o Mestrado e o Doutorado. Ainda como reflexo do desenvolvimento regional, na opinião dos médicos as condições de saúde e de atendimento à população na Região são melhores que as do restante do País. Como aconteceu em todo o País, os médicos sulistas estão trabalhando mais e ganhando menos. Na pesquisa passada, o Sul ostentava o 11 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 12 menor percentual de profissionais que recebiam até dois mil dólares mensais de todo o País, e o maior dentre aqueles com renda superior a quatro mil dólares (Machado, 1996). Hoje já não é mais assim. Embora a Região figure em segundo lugar entre as que exibem melhor perfil do mercado de trabalho médico, a primeira posição foi perdida para a Região Norte. Esta nova realidade não impede que os médicos da Região sigam satisfeitos com suas vidas. Seu bem-estar subjetivo, fruto da qualidade de vida de que usufruem, foi avaliado como o melhor de todo o País. Não obstante, prevalece entre eles a visão mais pessimista quanto ao futuro da profissão, suplantada apenas pelos seus colegas da Região Sudeste. Não pretendemos com esta breve apresentação dar ao leitor uma idéia simplista ou tendenciosa da formação, do trabalho e da qualidade de vida do médico. Convidamo-lo a ler a obra completa para que, acrescentando às conclusões apresentadas ao final, possa criar uma imagem da situação dos colegas de modo a contribuir com propostas que venham promover maior justiça social e reconhecimento para quem tem dedicado sua vida à humanidade. Recomendamos, igualmente, que leia o primeiro livro da série – O Médico e o seu Trabalho –, para conhecer melhor a nossa realidade laboral e estilos de vida. Finalmente, não poderíamos concluir esta apresentação sem agradecer e felicitar a todos os médicos, especialmente aqueles que dignificam o exercício da nossa nobre profissão no Sul do nosso país. Edson de Oliveira Andrade Presidente do Conselho Federal de Medicina Edevard José de Araújo Coordenador Regional do Livro da Região Sul 12 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 13 SUMÁRIO INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 PARANÁ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 SANTA CATARINA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 RIO GRANDE DO SUL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 UNIVERSO E AMOSTRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 INSTRUMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 PROCEDIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 ANÁLISE DOS DADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 1. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DOS MÉDICOS . . . . . . . . . . . . . 41 GÊNERO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 IDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 LOCAL DE TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 ORIGEM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 2. FORMAÇÃO PROFISSIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 PAÍS ONDE SE GRADUOU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 PRINCIPAIS ESCOLAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 TEMPO DE FORMAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 RESIDÊNCIA MÉDICA ESPECIALIZAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 TÍTULO DE ESPECIALISTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 MESTRADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60 DOUTORADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 PÓS-DOUTORADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 13 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 14 3. PARTICIPAÇÃO CIENTÍFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 REVISTAS CIENTÍFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 4. MERCADO DE TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 SITUAÇÃO PROFISSIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 LOCAL ONDE EXERCE A PROFISSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 NÚMERO DE ATIVIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 ESPECIALIDADE PRINCIPAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 LOCALIZAÇÃO DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 PROPRIEDADE DE EMPRESA MÉDICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 FONTE DE RENDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 ATIVIDADE EM CONSULTÓRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81 ATIVIDADE NO SETOR PÚBLICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 ATIVIDADE NO SETOR PRIVADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 ATIVIDADE NO SETOR FILANTRÓPICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 ATIVIDADE DOCENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 TRABALHO EM REGIME DE PLANTÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 SATISFAÇÃO COM O TRABALHO E OS RENDIMENTOS . . . . . . . . 94 PERCEPÇÃO SOBRE MUDANÇAS OCORRIDAS NA VIDA PROFISSIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 REMUNERAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 5. ORIENTAÇÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIOPOLÍTICA . . . . . . . . . . . . . . 101 PARTICIPAÇÃO EM SOCIEDADES E SINDICATOS . . . . . . . . . . . 104 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA . . . . . . . . . 106 IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO SUS E DO PSF NA SAÚDE DA POPULAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO SUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO PSF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 AÇÕES PARA MELHORAR O PSF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 O SISTEMA DE CONVÊNIOS E A PRÁTICA MÉDICA . . . . . . . . . 113 A INSERÇÃO SOCIOPOLÍTICA DAS ENTIDADES MÉDICAS . . . . . 115 JORNAIS DAS ENTIDADES MÉDICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115 14 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 15 ATUAÇÃO DAS ENTIDADES MÉDICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 PERCEPÇÃO DOS MÉDICOS SOBRE O FUTURO DA SUA PROFISSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120 6. ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS . . . . . . . . . . . 125 VALORES QUE NORTEIAM A VIDA DOS MÉDICOS NO SUL . . . . . 127 SATISFAÇÃO COM A VIDA ENTRE OS MÉDICOS NO SUL . . . . . 131 ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS NO PARANÁ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS EM SANTA CATARINA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS NO RIO GRANDE DO SUL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 15 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 16 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 17 ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Distribuição do Coeficiente de Mortalidade Infantil e de seus componentes segundo o local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28 Tabela 2. Universos e Amostras dos estados do Sul . . . . . . . . . . . . . . .37 Tabela 1.1. População e amostras de médicos na região e nas UFs . . .43 Tabela 1.2. Dados demográficos dos médicos no Sul . . . . Tabela 1.3. Médicos por sexo em função da faixa etária . . Tabela 1.4. Médicos por local de residência em função da faixa etária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 2.1. Formação dos médicos no Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43 . . . . . . . . .44 . . . . . . . . .46 . . . . . . . . .51 Tabela 2.2. Principais IES formadoras de médicos no Sul* . . . . . . . . . .53 Tabela 2.3. Principais IES que revalidaram diplomas estrangeiros . . . . .53 Tabela 2.4. Situação da residência médica segundo programas reconhecidos pela CNRM/MEC* . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55 Tabela 2.5. Situação da especialização latu sensu (exceto residência médica), realizada mediante cursos com 360 horas ou mais de duração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57 Tabela 2.6. Título de especialista considerando a primeira especialidade declarada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59 Tabela 2.7. Situação do Mestrado em Medicina, no Sul . . . . . . . . . . .60 Tabela 2.8. Situação do Doutorado em Medicina, no Sul . . . . . Tabela 2.9. Situação do Pós-Doutorado em Medicina, no Sul . . Tabela 3.1. Participação científica dos médicos no Sul . . . . . . . . Tabela 3.2. Participação em congressos científicos nos últimos 2 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tabela 3.3. Leitura e assinatura de revistas científicas . . . . . . . . Tabela 4.1. Mercado de trabalho dos médicos no Sul . . . . . . . . Tabela 4.2. Atividade em consultório na Região Sul . . . . . . . . . Tabela 4.3. Atividade no setor público na Região Sul . . . . . . . . Tabela 4.4. Atividade no setor privado na Região Sul . . . . . . . . . . . . .62 . . . . .63 . . . . .67 . . . . .69 . . . . .71 . . . . .75 . . . . .81 . . . . .84 . . . . .87 Tabela 4.5. Atividade no setor filantrópico na Região Sul . . . . . . . . . .89 Tabela 4.6. Atividade docente em Medicina na Região Sul . . . . . . . . .91 Tabela 4.7. Trabalho em regime de plantão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .94 17 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 18 Tabela 4.8. Satisfação com especialidade principal e desgaste da atividade profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95 Tabela 4.9. Percepção sobre mudanças ocorridas na vida profissional nos últimos cinco anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96 Tabela 4.10. Rendimentos com o trabalho médico no Sul . . . . . . . . . .98 Tabela 5.1. Descrição da orientação e da participação sociopolítica dos médicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103 Tabela 5.2. Participação em associações e sindicatos médicos no Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105 Tabela 5.3. Percepção dos médicos sobre as condições de saúde e a adequação dos serviços de assistência à população de sua cidade e/ou região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107 Tabela 5.4. Opinião dos médicos sobre as mudanças decorrentes da implantação do SUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .109 Tabela 5.5. Opinião dos médicos sobre as mudanças decorrentes da implantação do PSF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .110 Tabela 5.6. Opinião dos médicos sobre a prioridade de implementação de fatores que assegurariam a eficácia do PSF . . . . . .112 Tabela 5.7. Prioridades de implementação dos fatores que assegurariam a eficácia do PSF, observadas nos estados da Região Sul, em percentuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113 Tabela 5.8. Opinião dos médicos sobre as conseqüências do sistema de convênios em fatores ligados à prática médica . . . . . . . . .114 Tabela 5.9. Leitura e importância atribuída a jornais impressos das entidades médicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .116 Tabela 5.10. Avaliação geral dos médicos sobre a atuação das entidades médicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .119 Tabela 5.11. Percepção sobre o quanto algumas palavras definem o futuro da sua profissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .121 Tabela 6.1. Valores humanos que guiam a vida dos médicos que atuam no Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .129 Tabela 6.2. Satisfação com a vida dos médicos que atuam no Sul . . .131 18 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 19 INTRODUÇÃO Edevard José de Araújo Ana Luiza Hallal Ana Beatriz Saldanha Ramos Pereira Carlos Homero Giacomini 19 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 20 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 21 Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul constituem a região mais setentrional do Brasil, caracterizada por um clima temperado e constituído por uma população fortemente representada pelas mais diversas origens de imigrantes. A Região Sul limita-se com os três paises que, juntamente com o Brasil, fundaram o Mercosul: Paraguai, Argentina e Uruguai. Essas características todas traduzem-se em uma diversidade de culturas que se espalha pelos estados: a tradição gaúcha, que se estende de Uruguai e Argentina e alcança o Estado de Mato Grosso do Sul, as tradições germânicas, italianas, açorianas etc. A riqueza do seu solo, a enorme capacidade de produção agrícola e pecuária, bem como a diversidade do seu parque industrial conferem a essa região uma peculiaridade: uma autonomia de bens e serviços que poucos países possuem. A Região Sul possui uma área geográfica de 576.614 km2, constituída por 1.188 municípios e uma população de 25.514.328 habitantes, o que corresponde a 15,06% da população brasileira. O PIB per capta dos três estados é de 7.708,22, superior ao brasileiro que é de 6.485,64. Dos habitantes da Região Sul, 50,70% são representados por mulheres, 27,5% têm idade entre 0 e 14 anos e 9,1% ultrapassaram os 60 anos. A razão de dependência, ou seja, a proporção entre população inativa e ativa, é de 50,1 e a esperança de vida ao nascer é de 67,5 anos para os homens e de 75,3 para as mulheres. Enquanto no Brasil a taxa de analfabetismo é de 12,4 por cem mil habitantes, a da Região Sul é de 7,1; e, enquanto a mortalidade infantil brasileira é de 28,7 por cem mil habitantes, a da Região Sul é de 18,4. O Brasil possui 65.343 estabelecimentos de saúde, dos quais 11.757 encontram-se nesses três estados. Por outro lado, enquanto no País existem 234.554 médicos com inscrição primária (CFM, 2002), 13,16% moram no Sul. No que se refere à população amparada pelo sistema suplementar de saúde, que no território nacional abrange 24,45%, na Região Sul isso representa 25,32%. PARANÁ Em 1853, desmembrado do território e da jurisdição de São Paulo, foi politicamente constituído o atual Estado do Paraná. Mais do que mero 21 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 22 arranjo administrativo, nasceu como criação sociológica, desde o momento em que no século XVIII Curitiba passou a se impor como lócus de convergência e irradiação de um novo centro. A 5ª Comarca de São Paulo foi transformada em Província do Paraná ao longo de meio século de sucessivos passos. Tempo necessário para que se reconhecesse administrativamente o que já tinha existência de fato, e que evoluíra desde o ciclo litorâneo da mineração, passando pela criação de gado e pela rota nacional do comércio de tropas, até a nascente agricultura. Em 19 de dezembro de 1853 assumiu, como primeiro conselheiro da nova província, Zacarias de Góis e Vasconcelos e, no ano seguinte, no dia 26 de julho, Curitiba foi designada a capital da província. O mapa abaixo traz a localização do Estado: Fonte: IPPUC/CTBA 22 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 23 O povoamento do Paraná não se baseou na tríade portugueses, índios e negros. Desde 1829, imigrantes europeus, de forma espontânea ou dirigida, promoveram uma numerosa ocupação do Estado, dando origem a uma população de grande diversidade étnica. Com 199.152 km2, o Paraná é formado por cinco zonas naturais. A Planície Litorânea, com 98 km de extensão, na qual predomina o clima tropical superúmido. Apresenta altitudes médias inferiores a 200 m, mas é também onde se situa o ponto culminante do Estado e do Sul do Brasil: o Pico do Paraná, na Serra do Mar, com 1992 metros. A segunda região é a Serra do Mar. Segue-se o Primeiro Planalto, de terras altas – até 800 m – que apresenta clima subtropical úmido e mesotérmico. Nele situa-se a capital Curitiba, uma das cidades mais frias do Estado. O Segundo Planalto abrange as terras altas dos Campos Gerais, para além das Serras do Purunã e da Esperança, com suas grandes formações de rochas sedimentares, areníticas e calcáreas, de clima subtropical úmido com verões frescos. Finalmente, temos o Terceiro Planalto, abrangendo quatro macrorregiões do Estado, entre elas o Norte e Noroeste, das famosas terras roxas, de extrema fertilidade. Nesta grande região, predomina o clima subtropical úmido, com verões quentes e geadas incomuns. As cidades mais populosas do Paraná são, entre seus 399 municípios, a oeste Cascavel, a noroeste Paranavaí, Umuarama e Campo Mourão, ao norte, Londrina, Maringá e Apucarana e, no centro, Ponta Grossa. A população total do Estado, em 2002, era de 9.715.695 habitantes, perfazendo 5,74% da população brasileira. Desta, 1.587.315 habitantes vivem na capital, Curitiba (censo 2.000). Os homens constituem 49,82% da população do Estado e as mulheres 50,18%. Na faixa etária de 0–14 anos, encontramse 28,7% da população, e 8,4% acima dos 60 anos. Nos últimos dez anos a economia paranaense apresentou crescimento superior à média nacional, mantendo sua posição relativa no PIB do País. O PIB per capita no Estado é de R$ 6.898,03, menor que a média da Região Sul, cerca de R$ 7.000,00. O setor agropecuário foi o de melhor desempenho produtivo, principalmente no segmento de agroindústria. Esta atividade respondeu por 55% das exportações do Estado em 2002. A indústria também teve um significativo aumento de capacidade instalada, com investimentos nos setores de carne, madeira e automobilístico, que vieram acompanhados de diversificação e incorporação tecnológica. Assim mesmo, o crescimento não acompanhou as exigências do incremento da população, com aumento do 23 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 24 número de desempregados com relação à população economicamente ativa. Quando se analisa o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios (IDH-M) do Paraná, composto a partir de variáveis que levam em conta a renda, a saúde e a educação da população, observa-se que, apesar dos avanços alcançados na última década, ocupamos a 6ª posição no ranking nacional, bastante desfavorável em relação aos estados da Região Sul. Antes do Paraná, os cinco estados com maiores IDH-M no Brasil são, respectivamente, Distrito Federal (0,844), São Paulo (0,814), Rio Grande do Sul (0,809), Santa Catarina (0,806) e Rio de Janeiro (0,802), situando-se na faixa de alto desenvolvimento humano. O Paraná possui um grande número de municípios com IDH-M inferior à média nacional (em vermelho no mapa a seguir), principalmente nas áreas metropolitanas. São 33% dos paranaenses que vivem em municípios com IDH inferior ao da média do Brasil. Nos outros estados do Sul, apenas 10% da população encontra-se nestas condições. Em Santa Catarina, ao contrário, 60% da população vivem em municípios com o IDH-M superior à média nacional. No Paraná, esta proporção é de apenas 36%. Na composição do índice, as variáveis que sofreram uma evolução mais favorável foram as relacionadas à saúde e educação, confirmando o impacto destas políticas públicas, que avançaram no sentido da universalização. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M – Paraná 2000 < 0,700 >= 0,700 < 0,764 >= 0,764 < 0,800 >= 0,800 < 0,850 >= 0,850 < 1,000 Obs: >=0,800 - índice de alto desenvolvimento 0,764 - IDH-M do Brasil Fonte: PNUD, IPEA, FJP; IPARDES - Tabulações especiais Base cartográfica: IAP - 1997 24 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 25 A educação foi responsável pelo maior aumento do IDH-M no Brasil entre 1991 e 2000. Já a renda contribuiu com 25,78% e a longevidade com 13,44% no crescimento do índice. Em 21 estados, sua participação foi maior que 50% do acréscimo. A longevidade contribuiu positivamente em todos os estados, variando entre 15,15% (Santa Catarina) e 39,02% (Roraima) do acréscimo total do índice. A renda, embora tenha contribuído para o acréscimo, apresenta grandes variações quando são analisados os estados individualmente. Sua participação varia entre -37,64% (Roraima) até 35,15% (Santa Catarina). A renda foi a que manteve o mais forte condicionamento negativo sobre as condições gerais. Quando se destacam alguns indicadores que compõem o IDH-M para analisá-los separadamente, confirma-se o que esse revela. A esperança de vida ao nascer (70,6 anos no total) e a taxa de mortalidade infantil (21,4 óbitos de menores de um ano por mil nascidos vivos), são mais desfavoráveis no Paraná, entre os três estados do Sul. A mesma performance é obtida com relação às taxas de analfabetismo funcional e analfabetismo em maiores de quinze anos. No Paraná trabalham 11.011 médicos, 4,69% dos encontrados no Brasil. O setor de saúde suplementar apresenta uma cobertura de 21,53%, a menor quando comparada aos seus vizinhos. SANTA CATARINA A história de Santa Catarina iniciou-se em 1645 quando Manoel Lourenço de Andrade, vindo de São Vicente, instalou-se com familiares, soldados e escravos onde hoje se encontra São Francisco do Sul; e, em 1651, quando Francisco Dias Velho, também proveniente de São Paulo, ocupou a Ilha de Santa Catarina. A partir daí, o Estado transformou-se num verdadeiro retalho de etnias, considerandose a diversidade de imigrantes. 25 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 26 O Estado possui uma área de 95.400 km2, o que representa 1,1% do território nacional e 16,5% da Região Sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). A população de Santa Catarina é de 5.467.573 habitantes, uma fração de 3,23% do povo brasileiro, da qual 50,03% são mulheres e 49,97% são homens. Entre 0–14 anos de idade estão 28.2% dos catarinenses, e 8% têm 60 anos ou mais. Uma das características do Estado é que possui clima e relevo bem distintos, o que o faz ser subdividido em 7 regiões: Litoral, Nordeste, Vale do Itajaí, Planalto Norte, Planalto Serrano, Meio-Oeste e Oeste, e 292 municípios representados em 29 secretarias de desenvolvimento. A sede administrativa do Estado situa-se na Ilha de Santa Catarina, em Florianópolis, e a maior cidade é Joinville – com 500 mil habitantes – além de outros importantes municípios como: São José, Itajaí, Balneário Camboriú, Blumenau, Brusque, Lages, Criciúma, Tubarão, Araranguá, Chapecó e Concórdia. Seu clima mesotérmico predominante apresenta temperaturas que variam de 13 a 25º C e as quatro estações são bem definidas, com verões quentes e ensolarados que colaboram com o turismo litorâneo; e invernos mais rigorosos no Planalto Serrano, cujas altitudes 26 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 27 atingem até 1 820 metros, sendo as geadas um fato comum e a neve uma grande atração. O solo catarinense presta-se às mais diversas culturas agrícolas e o seu subsolo é um dos mais ricos, possuindo importantes reservas de argila cerâmica, fosfatados naturais, quartzo, carvão mineral, fluorita e sílex. A forte agricultura do Estado caracteriza-se por um dos principais alicerces da sua economia – basicamente formada por minifúndios rurais – que a transformaram no 5º maior produtor de alimentos. As indústrias de grande porte e as milhares de pequenas empresas – constituindo-se no 4º maior parque industrial do País – espalham-se por todo o território, ligadas aos principais centros consumidores e portos de exportação, por uma eficiente malha rodoviária. A pesca é uma atividade econômica de destaque, assim como o turismo, caracterizado pelas atrações de verão, inverno e festas tradicionais e representativas das suas diferentes culturas étnicas. Alguns referenciais econômicos e sociais de Santa Catarina merecem ser citados: a razão de dependência, ou seja, a divisão entre a população considerada inativa e a população potencialmente ativa, é de 47,0; o PIB per capta no Estado é de R$ 7.921,05; o rendimento médio por hora em Santa Catarina é de R$ 3,90, enquanto o dos indivíduos com 12 ou mais anos de estudo é de R$ 6,00. O Estado possui 4.267 médicos, o que corresponde a 1,82% do total de médicos registrados no Brasil, e 3.166 estabelecimentos de saúde, o que corresponde a 1.746 habitantes por estabelecimentos de saúde. O setor suplementar de saúde apresenta uma cobertura de 23,2% no Estado. A esperança de vida ao nascer, em Santa Catarina, é de 71,6 anos: 75,5 anos para as mulheres e 67,7 anos para os homens. A taxa bruta de natalidade no Estado, que corresponde ao número de nascidos vivos por 1.000 habitantes, foi de 18,2 nascimentos. Por outro lado, a taxa de fecundidade – obtida por meio da razão entre o número médio de filhos de mulher ao final do período reprodutivo – foi de 2,2 filhos. Entre os indicadores utilizados para caracterizar o nível de saúde de uma população, estão a Taxa Bruta de Mortalidade e a Taxa de Mortalidade Infantil. Observando-se o número de óbitos na população catarinense, verifica-se uma Taxa Bruta de Mortalidade de 5,8 por 1.000 habitantes. Quanto à mortalidade infantil tem-se um coeficiente de 17,5 por 1.000 nascidos vivos, sendo seu maior componente a mortalidade neonatal precoce (Tabela 1). 27 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 28 Tabela 1. Distribuição do Coeficiente de Mortalidade Infantil e de seus componentes segundo o local. Brasil, 2002 Coeficiente de Mortalidade Infantil Neonatal Precoce Neonatal Tardia Pós-neonatal Brasil Região Sul Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul 28,7 14,6 3,9 10,2 18,4 9,2 2,5 6,6 21,4 11,4 2,6 7,3 17,5 8,8 1,8 6,9 15,7 7,2 2,7 5,8 Fonte: Síntese dos Indicadores Sociais, IBGE 2004. RIO GRANDE DO SUL Com pouco mais de 3% do território brasileiro, o Rio Grande do Sul abriga 6% da população e gera um PIB de 31 bilhões de dólares. É o maior produtor de grãos, o segundo pólo comercial e o segundo pólo da indústria de transformação nacional. O Rio Grande do Sul alcançou o melhor Índice de Desenvolvimento Humano do País e é também reconhecido como o Estado que desfruta da melhor qualidade de vida do Brasil. Limite extremo da colonização portuguesa no sul do continente latino-americano, o Rio Grande do Sul, desde o início de sua ocupação, desempenhou duas funções vitais: a primeira foi a de ser um local estratégico, cuja manutenção era fundamental para garantir a presença portuguesa junto às áreas de colonização espanhola; a segunda, a de servir como fornecedor de alimentos e outros bens para as demais regiões do País. Ao final do século XVII, devido aos constantes conflitos de fronteira entre Portugal e Espanha, os jesuítas resolveram concentrar a população indígena na zona localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul, onde foram criados os "Sete Povos das Missões". Mas a prosperidade desses povos, que funcionavam independentemente das coroas portuguesa e espanhola, teve fim. Devido à característica natural pecuarista dos pampas, o Rio Grande do Sul fornecia o gado que sustentava o ciclo do ouro em Minas Gerais e o do charque, que era o alimento básico dos escravos e da população de baixa renda das cidades. No início do século XX, o Rio Grande do Sul teve também a função de "celeiro do País", responsável por uma fatia significativa da produção agrícola nacional, uma herança das Missões dos padres jesuítas que deixaram um legado que, por muito tempo, seria a base da 28 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 29 economia gaúcha: os grandes rebanhos de bovinos e cavalos, criados soltos pelas pradarias. Esses rebanhos atrairiam os colonizadores portugueses, que passaram a se instalar na Região de forma sistemática a partir de 1726. Os primeiros imigrantes Em 1740 chegou à região do atual Rio Grande do Sul o primeiro grupo organizado de povoadores. Vindos da ilha dos Açores, contavam com o apoio oficial do governo, que pretendia que se instalassem na vasta área onde anteriormente estavam situadas as Missões. Mas as dificuldades de transporte fizeram com que terminassem por se fixar na área onde hoje está Porto Alegre, a capital do Estado, praticando a agricultura de pequena propriedade. Essa situação começou a ser modificada no início do século XIX. A estrutura econômica do Brasil de então baseava-se na exportação dos produtos agrícolas plantados em grandes propriedades por trabalhadores escravos. O Rio Grande fornecia o charque para esses trabalhadores, e também para os moradores pobres das grandes cidades. Mas, a partir da década de 20, o governo brasileiro resolveu estimular a vinda de imigrantes europeus, para formar uma camada social de homens livres que tivessem habilitação profissional, e pudessem oferecer ao País os produtos que até então tinham que ser importados, ou que eram produzidos em escala mínima. Isto significa que o governo queria trazer pequenos produtores – para fornecer alimentos para as cidades – e artesãos. A idéia, apoiada por alguns, era rejeitada pelos senhores de escravos, que temiam que os trabalhadores livres "fossem um mau exemplo", demonstrando que o trabalho pago produzia mais e melhor que o escravo. Moradores de regiões mais ao norte do País, os grandes senhores de escravos conseguiram impedir que os imigrantes fossem destinados às suas regiões. Por isto, o governo terminou por levá-los para o Rio Grande do Sul, que estava situado à margem do grande eixo econômico, no centro do País. Os primeiros imigrantes que chegaram foram os alemães, em 1824. Primeiramente, introduziram o artesanato. Depois, estabeleceram laços comerciais com seus países de origem, que terminaram por beneficiar o Rio Grande do Sul. Durante a fase inicial da colonização alemã, a Revolução Farroupilha abalou a política e a economia do Rio Grande, causando reflexos políticos 29 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 30 no centro do País e até nos países vizinhos. A Revolução Farroupilha durou de 1835 a 1845. Deflagrada pelos gaúchos, que não aceitavam a situação de subordinação a que o governo central submetia o Rio Grande do Sul, a Revolução tinha a intenção de proclamar uma república independente, e levava, para o Sul do continente, os ideais de liberdade em voga então na Europa. Também chamada de Guerra dos Farrapos, a revolução só foi contida com muita dificuldade pelo governo central, que precisou enviar grande parte do exército brasileiro para o Rio Grande do Sul. A Revolução garantiu ao Estado um grau de respeitabilidade política que nunca antes fora alcançado por qualquer outro, além de Rio de Janeiro e São Paulo, onde se encontravam as forças econômicas que governavam o País. A atividade industrial, nascida do artesanato dos imigrantes, desenvolveu-se em ritmo crescente. O eixo Porto Alegre–Caxias transformou-se na área de maior concentração industrial do Estado. No Vale do Sinos cresceu a indústria calçadista, que se tornou uma das locomotivas da exportação da indústria brasileira de manufaturados. Essa condição foi mantida até o início da década de 90, quando a produção calçadista chinesa começou a ameaçar a indústria calçadista nacional. Em Caxias do Sul, os setores mecânico e metalúrgico ganharam relevância. A região de colonização italiana transformou-se numa grande fornecedora de peças e componentes para a indústria automobilística nacional. O crescimento industrial não significou, contudo, o abandono da agricultura. O Rio Grande do Sul continua sendo considerado, juntamente com o Paraná, como o Estado celeiro do País, responsável pela maior produção nacional de grãos. No setor do turismo, o Rio Grande do Sul é um dos estados com as mais belas paisagens do País. Está centrado principalmente na diversidade e na preservação da cultura e das tradições. Além disso, o Estado possui expressividade não só no turismo de lazer, mas também no turismo de negócios e eventos, hoje um dos segmentos mais disputados no mundo. O Estado possui atualmente 450 hospitais. Existem em atividade 20.500 médicos (10 mil em Porto Alegre), para atender 10.500.000 habitantes. De acordo com o Núcleo de Informações em Saúde (NIS) da Secretaria da Saúde do RS, o coeficiente de mortalidade infantil no Estado tem permanecido estável nos últimos anos. Em 2003, ocorreram 15,94 óbitos por mil habitantes. Na capital, o índice foi de 13,34. Já o coeficiente 30 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 31 de natalidade no Rio Grande do Sul tem registrado queda: em 1997 o índice foi de 18,50 por mil habitantes; em 2003 ficou em 14,17, totalizando 148.963 nascimentos para uma população de 10.511.009. Mas quem são os médicos que atuam no Sul? O que pensam? Em que condições trabalham? Parte relevante desta pesquisa, que visa, essencialmente, obter um perfil do médico desta região, incluiu diversas variáveis, desde as suas características demográficas, até às suas atitudes frente à vida e valores humanos. De fato, os domínios desta pesquisa foram ampliados em relação ao estudo anterior (Machado, 1996), de tal forma a responder a essas e outras questões. Interessa neste estudo conhecer o que torna específico o médico e o seu trabalho na Região Sul. Entretanto, na busca do enriquecimento da análise, serão inevitáveis as comparações com a pesquisa passada e com os dados nacionais, ajudando a ilustrar o panorama da Região. As características demográficas dos médicos compreendem o primeiro bloco do questionário. As seis questões apresentadas têm por finalidade descrever os participantes da pesquisa em termos de alguns atributos mais pessoais. Portanto, foram realizadas as seguintes perguntas: idade, sexo, nacionalidade, naturalidade, Estado em que reside e se vive no interior ou na capital. Não se pretendeu identificar o médico, apenas caracterizar o conjunto de participantes de modo a conhecer quem são as pessoas que exercem o ofício nos estados do Sul. A formação profissional constituiu-se no segundo e um dos principais blocos de perguntas desta pesquisa. Com o propósito de conhecer onde, em que condições e especialidades os médicos estavam-se formando, inclusive com indagações acerca da pós-graduação, foram elaboradas cinco perguntas principais, algumas subdivididas. Dada a massificação do ensino médico (no sentido negativo, implicando aglutinação de pessoas para se qualificarem sem preocupação quanto ao prejuízo à qualidade da formação), interessava aprofundar estas questões. Assim, perguntaram-se coisas como ano e instituição de ensino em que se graduou ou, se fosse o caso, revalidou a graduação; a realização de cursos de pós-graduação (Especialização, Residência Médica, Mestrado, Doutorado e PósDoutorado); obtenção de título de especialista e enquadramento da especialidade médica, segundo a classificação vigente. A participação científica, um dos indicadores do nível de atualização da classe médica, compôs o terceiro bloco do estudo. Quatro perguntas 31 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 32 principais foram subdivididas, procurando conhecer em que medida os médicos estavam produzindo e consumindo conhecimento científico. Procurou-se enfocar, principalmente, a participação em congressos, o acesso às publicações e a filiação às sociedades científicas. Como não poderia ser diferente, o quarto bloco foi o maior, correspondendo a uma área vital para os médicos e que, em razão das mudanças repetidamente ocorridas no âmbito econômico e político, tem despertado seu interesse: o mercado de trabalho. Foram formuladas 20 perguntas a respeito, procurando atualizar aquelas apresentadas na pesquisa passada. Basicamente, buscou-se conhecer múltiplos aspectos da atuação profissional do médico: situação laboral, especialidades em que atua, satisfação com estas, localização do trabalho, o trabalho em consultório e nos setores privado, público, filantrópico e docente, os rendimentos recebidos e desejados e a percepção sobre o que tem mudado na sua vida profissional. O quinto bloco tratou da orientação e participação sociopolítica dos médicos. Este foi formado por 18 perguntas, procurando conhecer suas opiniões acerca das condições e da atenção à saúde hoje praticada na Região. Explorou-se o que pensam sobre o SUS, o PSF e os fatores necessários às mudanças no Programa. Também foram avaliados as entidades de classe e os jornais que estas publicam, além da percepção que os médicos têm do sistema de convênios e suas conseqüências na prática profissional. E o conhecimento sobre o Código de Ética Médica vigente. Ainda foram indagados acerca de como percebem o futuro da sua profissão. Todas estas perguntas contemplam a dimensão mais social e mesmo política do exercício da Medicina, ajudando a situar o médico como um ser social em interação com os colegas, as entidades médicas e os programas e as políticas de saúde do País. Por último, as atitudes ante a vida e os valores humanos foram incluídas como instrumentos específicos para serem respondidos. Este foi o sexto bloco do questionário da presente pesquisa, sendo uma dimensão subjetiva completamente nova em relação à pesquisa passada. Portanto, nenhuma comparação àquele estudo é possível. Pretendeu-se conhecer que valores (pessoais e/ou sociais) guiam o comportamento dos médicos no seu diaa-dia, bem como em que medida, no geral, se encontram satisfeitos com suas vidas. Obviamente, para os médicos com alguns anos a mais de formado, sobretudo aqueles que participaram da pesquisa da década de 1990, claramente terão a sensação de conhecer algumas das preocupações aqui le- 32 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 33 vantadas. Em realidade, isso reflete a permanente preocupação do Conselho Federal de Medicina buscando acompanhar a direção das mudanças e políticas produzidas na área da saúde, especificamente no que tange ao trabalho médico. Contudo, com a introdução de novas tecnologias na coleta e armazenamento dos dados, este Conselho abre perspectivas para contar com um banco de dados que se poderia denominar flexível: permite incorporar novas variáveis, substituir ou mesmo eliminar outras, incluir novos sujeitos (médicos) ou mesmo obter respostas dos médicos já cadastrados em anos subseqüentes. Uma versatilidade tal que facilita análises transversais e longitudinais, reconhecendo tanto as mudanças nas condições de trabalho e aspirações da classe médica como um todo, bem como, se for de interesse, dos médicos que concordem em seguir participando da pesquisa. Finalmente, é necessário reafirmar que não esgotaremos os detalhes relatados no livro O Médico e o seu Trabalho, que trata dos dados do Brasil: insistimos no convite para que o leitor leia também esta obra. 33 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 34 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 35 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS Ana Luisa Hallal Edevard José Araújo 35 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 36 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 37 O Médico e o seu Trabalho, livro publicado recentemente com os dados de todos os médicos participantes da pesquisa sobre Trabalho, Qualificação e Qualidade de Vida dos Médicos (Conselho Federal de Medicina, 2004), oferece informações detalhadas do método que embasou a coleta dos dados que ora fundamentam o presente livro. Portanto, o leitor interessado e ávido por conhecer a fundo o conjunto da obra é convidado a consultar a citada publicação. Não obstante, faz-se um esforço aqui para proporcionar as informações cruciais sobre este aspecto àqueles que se interessam particularmente pela Região Sul. Nas linhas que se seguem, são apresentadas considerações que certamente contribuirão para apreender o sentido e extensão dos resultados apresentados, assim como das observações que são oferecidas no decorrer do texto. Considere-se, inicialmente, o conjunto dos participantes potenciais e efetivos desta região. UNIVERSO E AMOSTRAS Por ocasião da definição do universo populacional e das amostras, a Região Sul contava com 30.877 médicos ativos com inscrição primária, o terceiro maior contingente destes profissionais no País, superado apenas pelo Sudeste (N = 139.340) e Nordeste (N = 41.186). Estes médicos distribuem-se em seus três estados, como especificado: Paraná (N = 11.011), Rio Grande do Sul (N = 15.599) e Santa Catarina (N = 4.267). Não houve dificuldade para atingir a taxa de resposta (n; tamanho da amostra) desejada em nenhum destes estados, assumindo-se um nível de significância de 2 (dois sigmas; correspondentes à cobertura da curva normal) e erro de estimação de 5%, a saber (ver Tabela 1). Tabela 2. Universos e Amostras dos estados do Sul UF Paraná Rio Grande do Sul Santa Catarina Sul Universo 11.011 15.599 4.267 30.877 Amostra Estimada 387 391 366 1.144 Obtida 814 741 437 1.992 Este perfil de participação dos médicos que trabalham nos estados da Região Sul foi constatado igualmente na pesquisa prévia, realizada por meio dos Correios (Machado, 1996a). Naquela ocasião, a maior taxa de participação foi registrada em Santa Catarina (60%), seguido dos estados do Paraná (53,4%) e Rio Grande do Sul (48,8%). Cabe destacar que, se con- 37 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 38 siderada a porcentagem que a amostra representa da população, esta ordem de representatividade é mantida na pesquisa atual (7,39%, 4,75% e 10,24%, respectivamente). Portanto, parece plenamente justificável a "pesquisa de opinião" por Internet nesta região (Birnbaum, 2004), inclusive apresentando-se como mais favorável que aquela realizada por correio no que se refere à taxa de resposta. Acrescente-se ainda que a qualidade das respostas obtidas entre estes dois procedimentos de coleta de dados não parece diferir; os resultados para o Brasil (Conselho Federal de Medicina, 2004) são claramente consistentes com aqueles divulgados na pesquisa anteriormente realizada (Machado, 1996a), e retratam coerentemente a realidade nacional do trabalho médico. Quanto à margem de erro das estimações, procurou-se defini-la empiricamente, considerando os dados ora apresentados. Neste sentido, tendo em conta o tamanho da amostra obtida para o Sul (n = 1.992), admitindo a proporção de característica pesquisada (p) no universo infinito de 50% (condição mais criteriosa, desfavorável), com um nível de confiança de 2 (95% da curva), a margem de erro calculada é de 2,24. Na prática, isso significa que no âmbito da Região, admite-se uma variação de mais ou menos 2,24 pontos percentuais nas porcentagens relativas às variáveis do estudo. Este é um valor comumente aceito na literatura, o que sugere a aceitabilidade dos resultados aqui descritos. Entretanto, esta margem de erro não pode ser considerada se tomados como unidades de análises os estados, devendo-se, para tanto, obter uma nova estimativa. Esta poderá ter a seguinte distribuição, variando em função do p observado de 98% e 50%, respectivamente (valores em pontos percentuais): Paraná (0,98 e 3,50), Rio Grande do Sul (1,03 e 3,67) e Santa Catarina (1,34 e 4,78). Neste contexto, o leitor que desejar fazer generalizações dos resultados do Sul precisará ter em mente que as porcentagens expressas poderão variar, para mais ou para menos, aproximadamente dentro dos limites dos pontos percentuais indicados para cada Estado. INSTRUMENTO Durante pelo menos três meses a equipe do Centro de Pesquisa e Documentação do Conselho Federal de Medicina esteve empenhada em desenvolver um questionário auto-aplicável, com perguntas objetivas e de fácil resposta, versátil o suficiente para ser estruturado em cascatas e disponibilizado na Internet. A comodidade de salvar cada pergunta ou bloco, sem impossibilitar a retomada da participação posteriormente, 38 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 39 tornou a colaboração do médico menos tediosa e enfadonha do que se tivesse de preencher um extenso questionário impresso. Seu detalhamento encontra-se em anexo no livro O Médico e o seu Trabalho (CFM, 2004). Este foi delineado para contemplar seis blocos principais, a saber: caracterização dos participantes, formação profissional, participação científica, mercado de trabalho, orientação e participação sociopolítica e atitudes ante a vida e os valores humanos. PROCEDIMENTO A pesquisa foi realizada por meio da internet no período de 18 de outubro de 2002 a 31 de março de 2003. O questionário foi disponibilizado on line, sendo permitido seu preenchimento somente aos médicos devidamente registrados nos respectivos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs). Para tanto, foram utilizados dois códigos de acesso: data de nascimento e número do CRM. Estas informações foram desvinculadas do banco de dados, assegurando o anonimato dos respondentes. Esta estratégia tem dois méritos principais, eliminando problemas típicos com esta técnica de levantamento de dados (Birnbaum, 2004): (a) evitar que outros – que não os potenciais participantes do estudo – respondam o questionário, e (b) impedir que a mesma pessoa o faça mais de uma vez. ANÁLISE DOS DADOS O banco de dados produzido com a presente pesquisa encontra-se em formato .sav, do SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). Este arquivo está limpo, isto é, foram retirados os valores extremos (anômalos) das variáveis. Os seis blocos da pesquisa reúnem mais de 300 variáveis, que podem ser cruzadas, descritas ou controladas estatisticamente. O leitor familiarizado com este software contempla também as múltiplas possibilidades de análises inferenciais, como os modelos de regressão. Não obstante, na presente obra terá de se contentar com distribuições de freqüência. Interessa-nos, neste momento, apresentar sumariamente o retrato do médico que atua no Sul. Cabe aqui uma advertência em relação às porcentagens das tabelas. Estas referem-se às respostas efetivamente válidas. Como o propósito foi considerar todas as respostas dadas, é possível que alguns números destas tabelas não quadrem. Por exemplo, na Tabela 2.5, referente ao Bloco 2 (Formação Profissional), 747 médicos indicaram ter feito Especialização médica, 39 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 40 porém apenas 733 deles especificaram o tipo de instituição onde estudaram. Neste caso, com o fim de calcular as porcentagens, teve-se em conta apenas estes médicos, considerando os que indicaram IES públicas (n = 360; 49,1%) e privadas (n = 373; 50,9%). 40 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 41 1. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DOS MÉDICOS Ana Luisa Hallal Edevard José Araújo 41 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 42 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 43 A Região Sul, na época da pesquisa, contava com 30.877 médicos, assim distribuídos: 11.011 médicos do Paraná, 4.267 em Santa Catarina e 15.599 no Rio Grande do Sul. A amostra estimada para esta pesquisa, na Região Sul, foi calculada em 1.144 médicos, contudo, efetivamente participaram 1.992 médicos, o que supera o necessário em aproximadamente 74,1% (Tabela 1.1). Tabela 1.1. População e amostras de médicos na região e nas UFs Região e UF Região Sul Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul N n % 30.877 11.011 4.267 15.599 1.992 814 437 741 6,4 7,4 10,2 4,7 Notas: N = número de médicos do estado; n = amostra; % = percentual dos que partici param em função do total de médicos do estado. Na Tabela 1.2, temos um panorama geral das características demográficas dos médicos que trabalham na Região, que serão detalhadas a seguir. Tabela 1.2. Dados demográficos dos médicos no Sul Variável Níveis Sexo Masculino Feminino Faixa etária Até 27 anos De 28 a 29 anos De 30 a 34 anos De 35 a 39 anos De 40 a 44 anos De 45 a 49 anos De 50 a 59 anos De 60 a 69 anos De 70 anos e mais Lugar de residência F % 1468 523 73,7 26,3 146 157 387 342 313 261 306 70 5 7,3 7,9 19,5 17,2 15,8 13,1 15,4 3,5 0,3 Capital Interior 1004 986 50,4 49,5 Naturalidade Do próprio estado Outro estado 1215 591 67,3 32,7 Nacionalidade Brasileira Outra 1971 20 99,0 1,0 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. 43 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 44 GÊNERO A Medicina na Região Sul do Brasil é exercida, majoritariamente, por profissionais do sexo masculino (73,7%), com variações entre os estados: 71,7% no Paraná; 79,2% em Santa Catarina e 72,6% no Rio Grande do Sul. Nacionalmente, foi observado que 69,8% dos médicos brasileiros entrevistados são do sexo masculino. Na pesquisa prévia (Machado, 1996), foi observado que no Paraná 75,7% dos médicos eram do sexo masculino, enquanto em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul estes valores eram, respectivamente, 77,3% e 70,4%. Apesar de a Medicina continuar sendo exercida, em sua grande maioria, por profissionais do sexo masculino (73,7%), existe uma tendência de aumento no número de profissionais do sexo feminino. Isso é evidenciado quando se analisa estratificadamente o sexo dos médicos da Região Sul em função da faixa etária e pode-se observar que nas faixas etárias mais jovens o percentual de mulheres exercendo a profissão é, comparativamente, maior. Nas faixas etárias até 27 anos, os percentuais são 63% e 37%, respectivamente para o sexo masculino e feminino, ou seja, observa-se menor diferença percentual entre os sexos nas faixas etárias mais jovens (Tabela 1.3). Esta diferença é menor ainda em todo o Brasil. Até 27 anos, são 59,8% do sexo masculino e 40,2% do feminino. Tabela 1.3. Médicos por sexo em função da faixa etária Sexo Categoria de idade Até 27 anos Masculino F % F Feminino % 92 63,0 54 De 28 a 29 Anos 100 63,7 57 36,3 De 30 a 34 anos 264 68,2 123 31,8 De 35 a 39 anos 231 67,5 111 32,5 De 40 a 44 anos 228 72,8 85 27,2 De 45 a 49 anos 207 79,6 53 20,4 De 50 a 59 anos 269 87,9 37 12,1 De 60 a 69 anos 67 95,7 3 4,3 5 100,0 0 0,0 De 70 anos e mais Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. 44 37,0 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 45 IDADE Quanto à idade dos médicos que atuam na Região Sul, pode-se identificar que a profissão é exercida na maioria por médicos jovens, com menos de 45 anos (67,7%; Tabela 1.2). Entre os estados da Região, observa-se que no Paraná existe um maior percentual de médicos nas faixas etárias mais jovens do que em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. No Paraná, 72,3% dos médicos possuem menos do que 45 anos, enquanto em Santa Catarina este percentual é de 62,3% e no Rio Grande do Sul, 65,3%. Observando-se as idades dos médicos brasileiros, tem-se que 63,4% deles têm menos do que 45 anos. Na pesquisa anterior (Machado, 1996), 65,1% dos médicos do Paraná tinham menos do que 45 anos, em Santa Catarina esta porcentagem era de 68,8% e no Rio Grande do Sul de 68,3%. LOCAL DE TRABALHO Praticamente a metade dos médicos do Sul desempenha as suas atividades nas capitais dos estados da Região (50,4%), sendo que 49,6% desenvolvem suas atividades em cidades do interior (Tabela 1.2). Os dados referentes ao Brasil evidenciam que 62,1% dos médicos residem em uma capital, enquanto 37,9% residem em cidades do interior. As diferenças percentuais tendem a se diferenciar mais quando analisamos o local de moradia dos médicos em função de sua idade. Na Tabela 1.4 podemos observar que os médicos mais jovens (até 30 anos) estão-se concentrando mais nas capitais, enquanto aqueles entre 30 e 60 anos estão em sua maioria no interior. Por outro lado, os médicos com mais de 60 anos estão predominantemente nas capitais dos estados sulistas. Existem diferenças percentuais quando se analisa esta distribuição entre os estados, a saber: Paraná e Rio Grande do Sul possuem a maioria dos médicos entrevistados residindo nas capitais, respectivamente 53,1% e 53,3%. Já em Santa Catarina a maioria dos médicos reside no interior (59,3%). Os dados mostram uma maior concentração dos médicos de Santa Catarina no interior do Estado. Tal situação deve-se, provavelmente, à peculiaridade geográfica do Estado, onde a capital não é a maior cidade e a população é geograficamente mais bem distribuída ao longo de todo o seu território. 45 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 46 Tabela 1.4. Médicos por local de residência em função da faixa etária Local de residência Categoria de idade Capital F Até 27 anos De 28 a 29 Anos De 30 a 34 anos De 35 a 39 anos De 40 a 44 anos De 45 a 49 anos De 50 a 59 anos De 60 a 69 anos De 70 anos e mais 99 97 212 147 141 126 140 38 3 % 68,3 61,8 54,8 43,0 45,0 48,3 45,9 54,3 60,0 F 46 60 175 195 172 135 165 32 2 Interior % 31,7 38,2 45,2 57,0 55,0 51,7 54,1 45,7 40,0 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Na pesquisa realizada por Machado em 1996, no Estado do Paraná havia 50,5% dos médicos residindo na capital do Estado, enquanto em Santa Catarina este percentual era de 31,2% e no Rio Grande do Sul era de 51,5%. ORIGEM O percentual de médicos natural do mesmo Estado que o atual local de trabalho, na Região Sul é de 67,3% portanto, 32,7% dos médicos do Sul são naturais de outros estados (Tabela 1.2). Estes valores são semelhantes às médias nacionais, em que 31,5% são de outro Estado que não o Estado onde atualmente reside. Observando-se os estados do Sul, verifica-se que no Paraná 41,5% dos médicos entrevistados que lá residem nasceram em outros estados da união, enquanto em Santa Catarina este percentual é de 52,4% e no Rio Grande do Sul é de 10,7%. Salienta-se o número expressivo de médicos que residem em Santa Catarina e são naturais de outros estados. É interessante comparar os dados atuais com aqueles fornecidos pela pesquisa anterior (Machado, 1996), onde no Estado do Paraná 57,9% dos médicos eram naturais do próprio Estado, 12,0% eram naturais de outro Estado da Região e 26,8% eram naturais de outra região. Em Santa Catarina, 46,7% dos médicos eram naturais do próprio Estado, 29,2% eram naturais de outro Estado da Região e 19,8% eram naturais de outra região. 46 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 47 Estes percentuais no Rio Grande do Sul eram de 92,0%, 1,9% e 3,8%, respectivamente, naturais do próprio Estado, naturais de outro Estado da Região e naturais de outra região. Quanto à nacionalidade dos médicos que residem na Região Sul, pode-se observar que a grande maioria possui nacionalidade brasileira (99,0%) (Tabela 1.2). Nacionalmente este percentual é de 98,5%. Na pesquisa prévia (Machado, 1996), no Estado do Paraná, 3,3% eram naturais de outro país, sendo que estes percentuais eram de 4,3% e 1,8%, respectivamente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. *** Em resumo, os médicos sulistas são majoritariamente do sexo masculino, acima da média nacional e com destaque para Santa Catarina, cujo índice chega a 79,2%. Como no País, há mais mulheres nas faixas etárias mais jovens, embora ainda predominem os homens. Eles são jovens em sua maioria, assim como no restante do País, e o Paraná tem a maior concentração (72,3%). Verifica-se na Região Sul a melhor distribuição dos médicos entre capital e interior comparada ao Brasil. Os mais jovens (até 30 anos) e os mais velhos (acima de 60 anos) concentram-se nas capitais, enquanto os médicos das faixas intermediárias estão predominantemente no interior. Em Santa Catarina, a maioria vive e trabalha no interior do Estado. 47 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 48 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 49 2. FORMAÇÃO PROFISSIONAL Ana Beatriz Saldanha Ramos Pereira 49 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 50 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 51 Na Tabela 2.1, temos os dados gerais relativos à formação profissional dos médicos da Região Sul, que serão analisados mais pormenorizadamente em cada tópico. Tabela 2.1. Formação dos médicos no Sul Variável Níveis F % País onde se graduou Brasil Exterior 1982 7 99,6 0,4 Natureza da IES formadora Privada Pública 557 1298 30,0 70,0 Tempo de formado Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 15 anos De 16 a 20 anos De 21 a 25 anos De 26 a 30 anos De 31 a 40 anos 41 anos e mais 274 426 312 334 281 205 133 24 13,8 21,4 15,7 16,8 14,1 10,3 6,7 1,2 Curso de pós-graduação Sim Não 1686 303 84,8 15,2 Título de especialista Sim Não 1474 514 74,1 25,9 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. PAÍS ONDE SE GRADUOU Os médicos da Região Sul, na sua grande maioria, cursaram faculdade no Brasil (99,6%), enquanto apenas 0,4% fez sua formação no Exterior (Tabela 2.1). Esses valores foram semelhantes entre os três estados da Região Sul, no que se refere à graduação no Brasil: Paraná, 99,6%, Santa Catarina 99,5% e Rio Grande do Sul 99,7%. Os resultados são semelhantes aos dos médicos brasileiros, verificados na amostra estudada, onde se observa que 99,1% graduaram-se no Brasil e 0,9% no Exterior. ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS Quanto à natureza da instituição de ensino superior na qual os médicos da Região Sul cursaram a faculdade, 70% deles estudaram em escolas públicas (Tabela 2.1), enquanto no Paraná esta porcentagem foi de 66,9%, em Santa Catarina foi de 81,1% e no Rio Grande do Sul foi de 66,7%. 51 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 52 Observando-se o percentual nacional de 70,6%, vê-se que enquanto Paraná e Rio Grande do Sul encontram-se um pouco abaixo da média brasileira, Santa Catarina é o Estado onde se destaca a graduação em escolas públicas. Uma explicação para isso talvez seja o fato de que quando a primeira faculdade não-pública de Santa Catarina iniciou suas atividades em 1986 (Universidade Regional de Blumenau – FURB), no Paraná já havia duas delas e, no Rio Grande do Sul, seis. Posteriormente a 1986, mais uma faculdade de medicina não pública iniciou suas atividades no Paraná (1997), uma outra no Rio Grande do Sul (1997) e mais cinco em Santa Catarina (1998, 1998, 1999, 2000 e 2004)! No perfil dos médicos da Região realizado em 1996, foi verificado que 68,3% dos médicos do Paraná haviam realizado a graduação em escolas públicas, e que em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul este percentual era de 75,6% e 68,3%, respectivamente. Pode-se observar com isso que houve discreta diminuição de médico formados em escolas públicas no Paraná e Rio Grande do Sul, e um aumento de médicos oriundos de escolas públicas em Santa Catarina. PRINCIPAIS ESCOLAS Entre as principais Instituições de Ensino Superior da Região, estão a Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Santa Catarina e a Faculdade Federal de Ciências Médicas Porto Alegre (Tabela 2.2). Dos médicos que atuam no Paraná, 37% deles realizaram sua formação na Universidade Federal do Paraná, 10,8% graduaram-se na Universidade Estadual de Londrina e 9,5% fizeram sua formação na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, enquanto 42,7% graduaram-se em outras Instituições. Com relação aos médicos que atuam em Santa Catarina, 42,6% deles graduaram-se na Universidade Federal de Santa Catarina, 8% na Universidade Federal do Paraná, 6,1% na Universidade Federal de Santa Maria e 4,1% fizeram sua formação na Universidade Federal de Pelotas. O restante graduou-se em outras instituições (39,2%). Quanto aos médicos que atuam no Rio Grande do Sul, as principais instituições formadoras foram: Universidade Federal do Rio Grande do Sul 52 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 53 (28,0%), Faculdade Federal de Ciências Médicas Porto Alegre (15,2%), Universidade Federal de Santa Maria (11,3%), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (9,4%). Tabela 2.2. Principais IES formadoras de médicos no Sul* Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal de Santa Catarina Faculdade Federal de Ciências Médicas Porto Alegre Universidade Federal de Santa Maria Universidade Federal de Pelotas Universidade Estadual de Londrina Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná Pontifícia Universidade Católica do Paraná Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Fundação Universidade do Rio Grande Universidade Católica de Pelotas F 311 210 196 116 109 97 82 76 76 68 64 60 % 16,8 11,3 10,6 6,3 5,9 5,2 4,4 4,1 4,1 3,7 3,5 3,2 Notas: * A listagem completa das IES (Instituições de Ensino Superior) encontra-se no Anexo 2.1. F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Como vimos anteriormente, são poucos os médicos que se formaram no Exterior e trabalham na Região, da mesma forma que apenas oito declararam que seus diplomas foram revalidados nas IES do Sul. A Tabela 2.3 mostra quais foram estas Instituições. Tabela 2.3. Principais IES que revalidaram diplomas estrangeiros Instituição de Ensino Superior F Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre Fundação Universidade Federal do Rio Grande Universidade Estadual de Londrina Universidade Federal da Bahia Universidade Federal de Pelotas Universidade Federal de Santa Catarina Universidade Federal de Santa Maria Universidade Federal do Paraná Total 1 1 1 1 1 1 1 1 8 % 12,5 12,5 12,5 12,5 12,5 12,5 12,5 12,5 100,0 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. 53 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 54 TEMPO DE FORMAÇÃO No que se refere ao tempo de formado, o tempo médio para graduar-se entre os médicos da Região Sul é de 16,1 anos (DP = 9,55), sendo 14,6 anos (DP = 9,33) no Paraná, 17,8 anos (DP = 8,62) em Santa Catarina e 16,9 anos (DP = 10,08) no Rio Grande do Sul. Verifica-se também que 50,9% dos médicos da Região têm menos do que 15 anos de formado (Tabela 2.1), e que nos seus estados este percentual é de 57,8%, 40,5% e 49,4%, respectivamente no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Na pesquisa anterior (Machado, 1996), foi observado que no Paraná 45% dos médicos tinham até 15 anos de formado, enquanto em Santa Catarina este percentual era de 44,9% e no Rio Grande do Sul, 44,4%. Pode-se concluir que Santa Catarina é o Estado onde se encontra o menor percentual de médicos com 15 anos ou menos de formado, muito embora esse grupo tenha diminuído entre 1996 e 2004. Observando-se os dados nacionais, verifica-se que 48,2% da amostra estudada possuem 15 anos ou menos de formado. PÓS-GRADUAÇÃO Na Região Sul, 84,8% dos médicos realizaram pelo menos um curso de pós-graduação (Tabela 2.1), e esse percentual variou entre 87,2% no Rio Grande do Sul, 82,2% no Paraná e 84,9% em Santa Catarina. Observa-se que os Estados da Região Sul possuem percentuais superiores à média nacional, que é de 78,1%, no que se refere à realização de cursos de pósgraduação. RESIDÊNCIA MÉDICA Enquanto no Brasil 61,6% dos médicos realizaram Residência Médica, na Região Sul 69,5% cumpriram pelo menos um programa de Residência Médica (PRM). Destes, 98,7% realizaram seu PRM no Brasil e 73,0% em uma instituição pública. Os dados estão na Tabela 2.4, na página seguinte. O percentual de médicos que realizou Residência Médica foi de 65,6% no Paraná, 66,2% em Santa Catarina e 74,6% no Rio Grande do Sul. Comparando-se com a pesquisa realizada no ano de 1996, onde foram 54 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 55 observados os percentuais de 71,9%, 66,9% e 80,1% respectivamente no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, pode-se concluir que, em todos os estados da Região, houve uma diminuição do percentual de médicos com Residência Médica. Tabela 2.4. Situação da residência médica segundo programas reconhecidos pela CNRM/MEC* Variável Níveis Residência médica Fez Não fez 1385 607 F 69,5 30,5 % Instituição Pública Privada 1013 375 73,0 27,0 País Brasil Exterior 1363 18 98,7 1,3 Região do País Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul 4 6 3 243 1093 0,3 0,4 0,2 18,1 81,0 Tempo de residência Até 12 meses De 13 a 18 meses De 19 a 24 meses De 25 a 30 meses De 31 a 36 meses 37 e mais meses 91 15 858 13 289 67 6,8 1,1 64,4 1,0 21,7 5,0 Especialidades principais** Medicina Interna ou Clínica Médica Cirurgia Geral Pediatria Anestesiologia Ginecologia e Obstetrícia Cardiologia Urologia Ortopedia e Traumatologia Medicina Geral Comunitária Dermatologia Psiquiatria Oftalmologia 220 184 180 108 90 74 68 42 39 37 32 30 15,9 13,3 13,0 7,8 6,5 5,3 4,9 3,0 2,8 2,7 2,3 2,2 Notas: * Comissão Nacional de Residência Médica / Ministério da Educação e Cultura. ** Correspondem à primeira opção do questionário. A listagem completa das especiali dades encontra-se no Anexo 2.2. F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. 55 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 56 Dos 1.385 médicos da Região Sul que fizeram Residência Médica, 1.093 (81,0%) realizaram o programa em estados da própria Região e 243 (18,1%) médicos realizaram em estados da Região Sudeste, enquanto o restante realizou seu PRM em outras regiões do País (0,9%). O tempo médio gasto para a conclusão do programa foi 26,9 meses (DP = 12,18) e as especialidades mais procuradas foram Clínica Médica (15,9%), Cirurgia Geral (13,3%), Pediatria (13,0%) e Anestesiologia (7,8%) (Tabela 2.4). Dos médicos que têm Residência Médica e atuam no Paraná, 70,7% deles cursaram o programa em uma instituição pública, em Santa Catarina este valor foi 82,6% e no Rio Grande do Sul, 70%. Na pesquisa prévia os valores foram, respectivamente, 68,3%, 75,6% e 68,3%, ou seja, em todos os estados houve um aumento do percentual de médicos que realizou Residência Médica em Instituições de natureza pública. Os médicos do Paraná realizaram programa de residência em sua maioria nos estados da Região Sul (75,7%) e gastaram em média 27,3 meses (DP = 8,74), sendo as especialidades mais freqüentes: Clínica médica (16,5%), Pediatria (13,9%), Cirurgia Geral (11,4%), Anestesiologia (6,6%) e Ginecologia e Obstetrícia (6,6%). Quanto aos médicos de Santa Catarina, a maioria também cursou a Residência Médica nos Estados da Região Sul (67,5%) e levaram em média 26,6 meses (DP = 8,52) para a conclusão da residência, sendo as especialidades mais freqüentes: Clínica médica, (14,8%) Cirurgia Geral (13,4%), Pediatria (11,4%), Anestesiologia (8,7%) e Ginecologia e Obstetrícia (6,7%). Também os médicos do Rio Grande do Sul realizaram o programa de residência em sua maioria nos Estados da Região Sul (93,3%) e gastaram em média 26,8 meses (DP = 8,06), sendo as especialidades mais freqüentes: Clínica médica (15,9%), Cirurgia Geral (15,0%), Pediatria (13,0%), Anestesiologia (8,5%) e Cardiologia (6,9%). Na pesquisa anterior, as Especialidades principais no Paraná foram: Pediatria (13,9%), Ginecologia-Obstetrícia (9,9%), Medicina Interna (7,5%), Cirurgia Geral (7,0%) e Anestesiologia (5,3%). Em Santa Catarina foram: Pediatria (15,3%), Medicina Interna (12,2%), Ginecologia-Obstetrícia (9,0%), Cirurgia Geral (5,6%) e Oftalmologia (4,2%). E no Rio Grande do Sul: Ginecologia/Obstetrícia (13,2%), Pediatria (11,7%), Medicina Interna (10,3%), Psiquiatria (7,9%) e Cirurgia Geral (6,0%). 56 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 57 ESPECIALIZAÇÃO Considerando-se a Especialização médica latu sensu excetuando-se a Residência Médica, verifica-se que 37,5% dos médicos da Região Sul realizaram um curso com 360 horas ou mais de duração (Tabela 2.5), valor este semelhante à média nacional que é de 37,3%. Entre os médicos da Região que fizeram Especialização, a maioria a fez no Brasil e em estados da própria região, sendo gasto o tempo médio para conclusão de 18,1 meses (DP = 9,93). Tabela 2.5. Situação da especialização latu sensu (exceto residência médica), realizada mediante cursos com 360 horas ou mais de duração Variável Níveis Especialização médica Fez Não fez F % 747 1245 37,5 62,5 Instituição Pública Privada 360 373 49,1 50,9 País Brasil Exterior 646 72 90,0 10,0 Região do País Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul 2 6 3 186 447 0,3 0,9 0,5 28,9 69,4 Tempo de especialização Até 6 meses De 7 a 12 meses De 13 a 18 meses De 19 a 24 meses De 25 a 30 meses 31 e mais meses 67 286 45 196 19 75 9,7 41,6 6,5 28,5 2,8 10,9 Especialidades principais* Medicina do Trabalho Cardiologia Dermatologia Acupuntura Administração Hospitalar Psiquiatria Endoscopia Digestiva Homeopatia Urologia Anestesiologia Gastroenterologia Pediatria 137 56 35 32 28 27 26 26 22 16 12 12 18,3 7,5 4,7 4,3 3,7 3,6 3,5 3,5 2,9 2,1 1,6 1,6 Notas: * Correspondem à primeira opção do questionário. A listagem completa das espe cialidades encontra-se no Anexo 2.3. F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. 57 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 58 Observa-se que, quanto à Instituição de Ensino Superior onde os médicos da Região realizaram o curso, 50,9% o fizeram em instituições privadas e 49,1% em instituições públicas. A principal especialidade médica cursada foi Medicina do Trabalho, em todos os estados. Nos estados da Região Sul os valores são 38,9%, 37,5% e 35,9%, enquanto na pesquisa anterior (Machado, 1996) os valores foram de 39,5%, 59,3% e 37,7%, respectivamente no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apesar de ser a mais procurada, houve uma redução em todos os estados dos que cursaram Medicina do Trabalho, com destaque para Santa Catarina. TÍTULO DE ESPECIALISTA Na Região Sul, 74,1% dos médicos possuem Título de Especialista (Tabela 2.1), percentual superior à média nacional que é de 66,5%. A Tabela 2.6 mostra que a maioria foi concedida pelas Sociedades de Especialidades (67,7%), porém é significativo o número de certificados dados pela Comissão Nacional de Residência Médica (25,6%). O registro do Título no Conselho Regional de Medicina é condição legal para anunciar a especialidade, e a maioria o fez (94,1%). Os Conselhos de Medicina registram com o mesmo valor legal os Títulos das Sociedades e os Certificados da CNRM. Nos estados, os que declararam possuir Título são 70,9% no Paraná, 78,0% em Santa Catarina e 75,3% no Rio Grande do Sul. Comparando-se com o estudo de 1996, observa-se que houve um aumento destes percentuais em todos os estados, quando os valores eram de 66,4% no Paraná, 59,5% em Santa Catarina e 59,5% no Rio Grande do Sul. A maioria dos médicos nos três estados informou que o Título foi emitido por uma Sociedade de Especialidade (68,7% no Paraná, 71% em Santa Catarina e 64,5% no Rio Grande do Sul), e quase todos os registraram no Conselho Regional (96,1%, 93,8% e 92,2%, respectivamente). Santa Catarina têm o maior percentual de Títulos fornecidos pelas Sociedades, e apenas 23,4% dados pela CNRM. No Paraná e no Rio Grande do Sul a Residência Médica concedeu mais certificados (24,4% e 28,2%, respectivamente). Em toda a Região, o tempo de exercício da especialidade foi de até 10 anos (52,2%) e as mais representativas foram Pediatria (11,2%), Cardiologia (10,3), Anestesiologia (9,3%) Cirurgia geral (7,4%) e Clínica 58 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 59 médica (7,1%). Nos Paraná e em Santa Catarina a maioria também possui Título há menos de dez anos (57% e 51,9%), e no Rio Grande do Sul são 47,5%. Nos três estados a Pediatria foi a especialidade que mais conferiu títulos (11,5%, 10% e 11,7%, respectivamente), seguida da Cardiologia e da Anestesiologia (9,9% e 8,7% no Paraná e 11,6% e 9,7% no Rio Grande do Sul). Em Santa Catarina, a ordem inverteu-se (9,7% para a Anestesiologia e 8,8% para a Cardiologia). O quarto e quinto postos dividiram-se entre a Cirurgia Geral, a Ginecologia/Obstetrícia e a Clínica Médica, dependendo do Estado. Tabela 2.6. Título de especialista considerando a primeira especialidade declarada Variável Níveis F % Entidade que concedeu Sociedade de Especialidade CNRM Medicina do Trabalho Outra 981 371 15 83 67,7 25,6 1,0 5,7 Registro no CRM/CFM Sim Não 1362 86 94,1 5,9 Tempo de exercício da especialidade Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 15 anos De 16 a 20 anos De 21 a 25 anos De 26 a 30 anos De 31 a 40 anos 41 anos e mais 435 284 218 204 128 79 23 5 31,6 20,6 15,8 14,8 9,3 5,7 1,7 0,4 Especialidades principais* Pediatria Cardiologia Anestesiologia Cirurgia Geral Medicina Interna ou Clínica Médica Ginecologia e Obstetrícia Urologia Dermatologia Psiquiatria Ortopedia e Traumatologia Oftalmologia Otorrinolaringologia 165 151 137 108 104 103 83 54 51 41 33 31 11,2 10,3 9,3 7,4 7,1 7 5,7 3,7 3,5 2,8 2,2 2,1 Notas: * A listagem completa das especialidades médicas encontra-se no Anexo 2.4. F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. 59 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 60 MESTRADO Quanto ao Mestrado, 16,7% dos médicos da Região Sul têm título de Mestre (Tabela 2.7) sendo a freqüência nacional de 14,0%. Este percentual segundo os estados da Região é: 15,7% dos médicos do Paraná, 11,0% dos médicos de Santa Catarina e 21,2% dos médicos do Rio Grande do Sul. Houve um notável incremento de médicos com Mestrado, já que na pesquisa anterior o percentual de Mestres era de 7,4% no Paraná, 2,4% em Santa Catarina e 4,3% no Rio Grande do Sul. Entre os médicos da Região Sul que fizeram Mestrado, a maioria o fez no Brasil e em instituição pública, sendo o tempo médio despendido para a realização do curso 30,6 meses (DP = 10,71). As principais áreas temáticas do curso de Mestrado foram: Clínica Médica, Cirurgia Geral e Cardiologia. A Tabela 2.7 mostra os detalhes para a Região. Tabela 2.7. Situação do Mestrado em Medicina, no Sul Variável Níveis Mestrado em Medicina Fez Não fez 333 1659 16,7 83,3 Instituição Pública Privada 276 52 84,1 15,9 País Brasil Exterior 306 8 97,5 2,5 Região do País Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul 1 0 0 62 250 0,3 0,0 0,0 19,8 79,9 Tempo de mestrado Até 12 meses De 13 a 18 meses De 19 a 24 meses De 25 a 30 meses De 31 a 36 meses De 37 a 42 meses De 43 a 48 meses 49 e mais meses 14 3 142 23 80 4 24 11 4,7 1,0 47,2 7,6 26,6 1,3 8,0 3,7 Áreas temáticas principais* Medicina Interna ou Clínica Médica Cirurgia Geral Cardiologia Pediatria 54 42 37 24 16,2 12,6 11,1 7,2 60 F % o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 61 Pneumologia Gastroenterologia Ortopedia e Traumatologia Psiquiatria Urologia Cancerologia Nefrologia Patologia 20 13 6 6 6 5 5 5 6,0 3,9 1,8 1,8 1,8 1,5 1,5 1,2 Notas: * A listagem completa das especialidades médicas encontra-se no Anexo 2.5. F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Nos três estados, expressiva maioria fez o Mestrado no País (mais de 90%), e em IES públicas. Neste quesito o destaque é para o Paraná (91,2%, contra 81,3% em SC e 79,4% no RS). As áreas temáticas mais freqüentes são as três apontadas para a Região, com exceção de Santa Catarina, onde a Pediatria ocupou o terceiro lugar (8,3%) à frente da Cardiologia, e no Rio Grande do Sul, onde a Pneumologia ficou em terceira posição (10,2%), deslocando a Cirurgia Geral. DOUTORADO Enquanto no Brasil 6,8% dos médicos possuem Doutorado, 5,7% dos médicos do Sul possuem o título de Doutor, sendo 5%, no Paraná, 3,2% em Santa Catarina e 8% no Rio Grande do Sul (Tabela 2.8). Houve também um grande incremento de médicos com Doutorado nesses estados, considerando que em 1996 foram observados os seguintes percentuais: 1,6% no Paraná, 1,3% em Santa Catarina e 2,7% no Rio Grande do Sul. A maioria dos médicos da Região Sul que realizaram o curso de Doutorado o fez no Brasil e em instituição pública, despendendo um tempo médio de 30,6 meses (DP = 10,71). As principias áreas temáticas foram: Cardiologia, Cirurgia Geral, Pneumologia, Clínica Médica e Pediatria. A Tabela 2.8 traz os detalhes do Doutorado na Região. Nos três estados pode-se constatar que a maioria fez Doutorado em IES públicas, e também no Brasil, porém com algumas variações: enquanto no Paraná e no Rio Grande do Sul mais de 80% o fizeram no País, em Santa Catarina foram 61,5%, contra 38,5% que cursaram no Exterior. As áreas temáticas também variaram de estado para estado. As cinco mais apontadas para a Região estão entre as três escolhidas majoritariamente pelos médicos do Paraná e do Rio Grande do Sul, onde a Pneumologia figura 61 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 62 em segundo lugar. Em Santa Catarina, o Doutorado foi realizado principalmente nas áreas de Urologia, Pediatria e Ortopedia e Traumatologia. Tabela 2.8. Situação do Doutorado em Medicina, no Sul Variável Níveis F % Doutorado em Medicina Fez Não fez 114 1878 5,7 94,3 Instituição Pública Privada 95 12 88,8 11,2 País Brasil Exterior 85 19 81,7 18,3 Região do País Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul 0 0 0 36 53 0,0 0,0 0,0 40,4 59,6 Tempo de doutorado Até 12 meses De 13 a 24 meses De 25 a 36 meses De 37 a 48 meses 49 e mais meses 0 22 34 25 12 0,0 23,7 36,6 26,9 12,9 Áreas temáticas principais* Cardiologia Cirurgia Geral Pneumologia Medicina Interna ou Clínica Médica Pediatria Psiquiatria Urologia Anestesiologia Gastroenterologia Nefrologia Otorrinolaringologia Patologia 19 17 10 9 8 4 4 3 3 3 3 3 16,7 14,9 8,8 7,9 7,0 3,5 3,5 2,6 2,6 2,6 2,6 2,6 Notas: * A listagem completa das especialidades médicas encontra-se no Anexo 2.6. F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. PÓS-DOUTORADO Dos médicos do Sul que responderam à pesquisa, 0,8% possui o respectivo título, sendo 0,6% no Paraná e 1,5% dos gaúchos. Em Santa Catarina, nenhum dos entrevistados possui tal título (Tabela 2.9). Para o País 62 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 63 como um todo este percentual é de 1,3%. Na pesquisa anterior, foi observado que no Paraná este percentual era de 0,2%, 0,4% em Santa Catarina e 0,4% no Rio Grande do Sul. Chama a atenção o fato de na pesquisa de 1996 existirem médicos com Pós-Doutorado em Santa Catarina. Tabela 2.9. Situação do Pós-Doutorado em Medicina, no Sul Variável Níveis Pós-Doutorado em Medicina Fez Não fez 16 1976 F % 0,8 99,2 Instituição Pública Privada 9 7 56,2 43,8 País Brasil Exterior 1 14 6,7 93,3 Região do País Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul 0 0 0 0 1 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 Tempo de pós-doutorado Até 6 meses De 7 a 12 meses De 13 a 18 meses De 19 a 24 meses 25 e mais meses 3 3 2 4 0 25,0 25,0 16,7 33,3 0,0 Áreas temáticas principais Cardiologia Nefrologia Urologia Cancerologia Dermatologia Neurologia Otorrinolaringologia Terapia Intensiva Outra 2 2 2 1 1 1 1 1 5 12,5 12,5 12,5 6,3 6,3 6,3 6,3 6,3 31,3 Notas: * A listagem completa das especialidades médicas encontra-se no Anexo 2.7. F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. A maioria dos respondentes realizou o curso de Pós-Doutorado no Exterior (93,3%), e praticamente metade deles o fez em instituição pública (56,2%), despendendo um tempo médio de 14,8 meses (DP = 7,99). As áreas temáticas mais citadas foram a Cardiologia, a Nefrologia e a Urologia. Os médicos do Paraná e do Rio Grande do Sul que afirmaram possuir tal curso também o fizeram (quase todos) no Exterior, sendo que no Paraná predominaram as instituições privadas e no Rio Grande do Sul, as públicas. 63 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 64 Além das áreas temáticas mais citadas na Região, aparece a Cancerologia no Paraná e a Urologia entre os gaúchos. *** Em resumo, apesar da discreta redução de formandos em Faculdades públicas no Paraná e no Rio Grande do Sul, a maioria dos médicos da Região gradua-se em IES públicas. E a Pós-Graduação também, com destaque para a residência e os cursos de Mestrado e Doutorado, cujos percentuais mostram que os médicos do Sul os têm procurado com mais freqüência que o restante do País. A comparação com a pesquisa passada revela que os sulistas investiram bastante na sua formação nos últimos oito anos. Certamente uma das conseqüências deste investimento é o fato de a maioria dos recém-formados procurar os programas de Residência Médica na própria região. 64 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 65 3. PARTICIPAÇÃO CIENTÍFICA Ana Luiza Hallal Edevard José de Araújo 65 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 66 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 67 A participação científica dos médicos foi medida por intermédio das variáveis: participação em congressos científicos nos últimos dois anos, acesso à revista científica, participação como membro de sociedade científica, natureza da sociedade científica e necessidade e razão para aprimorar seus conhecimentos. Essa participação foi avaliada também de acordo com a periodicidade, tipo de participação e tipo de congresso científico, bem como com a periodicidade de leitura, assinatura e tipo de revista científica. Na Tabela 3.1 temos um quadro geral da participação científica dos médicos da região Sul. Tabela 3.1. Participação científica dos médicos no Sul Variável Níveis F % Participação em congressos científicos nos últimos dois anos Sim Não 1779 212 89,4 10,6 Acesso à revista científica Sim Não 1867 124 93,8 6,2 Membro de sociedade científica Sim Não 1468 519 73,9 26,1 Natureza da sociedade científica da qual é sócio Nacional Internacional Ambas 1025 21 272 77,8 1,6 20,6 Necessidade de aprimorar conhecimentos Sim Não 1969 19 99,0 1,0 Razão para aprimorar conhecimentos Qualificação técnica Ascensão profissional Melhor remuneração Outra razão 1659 205 50 49 84,5 10,4 2,5 2,5 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Quanto à participação em algum congresso nos últimos dois anos, 89,4% dos médicos da Região Sul responderam que participaram de pelo menos um congresso (Tabela 3.1), sendo este percentual no Paraná de 89,5%, em Santa Catarina 89,3% e no Rio Grande do Sul 89,2%, índice acima da média nacional que foi de 86,7%. Na Região Sul destacou-se o Paraná, que foi o Estado brasileiro onde houve maior percentual de participação dos médicos em congressos. Na pesquisa anterior, observou-se que este percentual no Paraná era de 78,1%, em Santa Catarina 80,4%, e no Rio Grande do Sul 78,6%, ou seja, nesse período houve um considerável crescimento percentual de, 67 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 68 respectivamente, 14,6%, 11,1% e 13,5%, no que se refere à participação dos médicos da Região Sul em congressos. O acesso à revista científica foi medido inicialmente como uma variável categórica (sim ou não), onde 93,8% dos médicos do Sul responderam ter acesso à publicação científica (Tabela 3.1). No Brasil este valor é de 92,1%. Observando-se os estados do Sul individualmente, verificam-se valores de 92,1%, 95,0% e 94,9%, respectivamente no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Salienta-se que Santa Catarina é o Estado brasileiro onde existe a maior porcentagem de médicos com acesso a revista científica. Na pesquisa anterior (Machado, 1996), a porcentagem de médicos com acesso à revista técnico-científica no Paraná era de 93,7%, em Santa Catarina este valor era de 94,3% e no Rio Grande do Sul, 92,3%, demonstrando que não houve mudança significativa nos últimos oito anos. No que se refere à participação como membro de alguma sociedade científica, verifica-se que o percentual nacional é 71,3%, sendo que na Região Sul este valor é 73,9% (Tabela 3.1). No Paraná, o percentual de médicos que participa de sociedade científica é 67,8%, em Santa Catarina 78,3% e no Rio Grande do Sul 77,9%. Na pesquisa de 1996 os percentuais eram 99,1% no Paraná, 97,8% em Santa Catarina e 97,8% no Rio Grande do Sul. Pode-se observar que houve importante diminuição da filiação às sociedades científicas em todos os estados da Região Sul, precisamente, diminuição percentual de 31,6% no Paraná, 19,9% em Santa Catarina e 20,4% no Rio Grande do Sul. Quanto à natureza da sociedade científica nas quais os médicos do Sul participam, 1,6% destes referem ser sócios de uma sociedade internacional, 77,8% de uma sociedade nacional e 20,6% de ambas (Tabela 3.1). No Paraná, dos médicos que informaram participar como sócio de uma sociedade científica, 2,8% deles referiram participar como sócios de uma sociedade internacional, 79,0% de uma sociedade nacional e 18,2% de ambas. Em Santa Catarina, 1,3% deles referiram participar como sócios de uma sociedade internacional, 77,7% de uma sociedade nacional e 21,0% de ambas. No Rio Grande do Sul estes percentuais são 0,6%, 76,6% e 22,8%, respectivamente. Os médicos foram questionados quanto à necessidade de aprimorar seus conhecimentos, e 99,0% dos médicos do Sul responderam "sim" 68 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 69 (Tabela 3.1), sendo este percentual no Paraná correspondente a 99,4% dos médicos pesquisados, em Santa Catarina 98,4% e no Rio Grande do Sul 99,1%. Em termos de Brasil, esta porcentagem foi de 98,7%. Entre as razões para aprimorar conhecimentos são citadas a ascensão profissional (10,4%), maior qualificação técnica para o trabalho (84,5%) e melhoria da remuneração (2,5%), entre outras (Tabela 3.1). Em todos os estados do Sul, o principal motivo apontado pelos médicos para aprimorar seus conhecimentos foi maior qualificação técnica para o trabalho. No perfil dos médicos descrito em 1996, 95,4% dos médicos do Paraná percebiam a necessidade de aprimoramento profissional, em Santa Catarina este percentual era de 96,5% e no Rio Grande do Sul 97,3%. PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS Os médicos do Sul, na sua maioria, participam de congressos locais, regionais, nacionais e internacionais como assistentes. A periodicidade de participação da maioria desses médicos em congressos locais, regionais e nacionais é anual, sendo eventual a participação em congressos internacionais, realizados tanto no País quanto no Exterior (Tabela 3.2). Tabela 3.2. Participação em congressos científicos nos últimos 2 anos Tipo de participação Tipo de congresso Periodicidade Assis- Apres. tente Trab. Pales- Não Even- De 2 trante respon tual- em 2 -deu mente anos Anual- Não mente respon -deu Local 683 (34,3) 141 (7,1) 371 797 199 (18,6) (40,0) (10,0) 71 (3,6) 907 (45,5) 815 (40,9) Regional 808 (40,6) 170 (8,5) 289 725 199 (14,5) (36,4) (10,0) 144 (7,2) 868 (43,6) 781 (39,2) Nacional 976 291 (49,0) (14,6) 191 (9,6) 534 200 389 (26,8) (10,0) (19,5) 799 (40,1) 604 (30,3) Internacional (no País) 457 (22,9) 82 (4,1) 85 (4,3) 1368 288 (68,7) (14,5) 135 (6,8) 210 (10,5) 1359 (68,2) Internacional (no Exterior) 281 (14,1) 64 (3,2) 44 1603 215 (11,3) (80,5) (10,8) 104 (5,2) 120 (6,0) 1553 (78,0) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas por centagens. Estas foram calculadas em função do total de médicos que declarou participar de congressos científicos nos últimos dois anos (respostas válidas). 69 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 70 Quanto à participação em congressos como palestrantes, pode-se observar que 9,6% dos médicos da Região participaram nesta categoria em congressos nacionais, 4,3% foram palestrantes em congressos internacionais realizados no Brasil e 11,3% participaram como palestrantes em congressos internacionais realizados no Exterior (Tabela 3.2). Interessante observar que a participação dos médicos da Região, na categoria palestrante, foi mais freqüente em congressos internacionais realizados no Exterior do que nos congressos internacionais realizados no Brasil (Tabela 3.2). O percentual de participação em congressos internacionais no Exterior, como palestrantes, segundo os estados, é a que segue: 9,3% dos médicos no Paraná, 9,2% dos médicos de Santa Catarina e 14,2% dos médicos do Rio Grande do Sul. Quanto à apresentação de trabalhos em congressos científicos, pode-se observar que 14,6% dos médicos da Região o fizeram em congressos nacionais, 4,1% em congressos internacionais realizados no País e 3,2% em congressos internacionais realizados no Exterior, nos últimos 2 anos (Tabela 3.2). No Paraná, 20,5% dos médicos apresentaram trabalhos em congressos nacionais, 14,4% apresentaram em congressos internacionais sediados no Brasil e 16,4% o fizeram em congressos internacionais realizados no Exterior. Em Santa Catarina estes percentuais foram 14,3%, 5,4% e 12,6% respectivamente em congressos nacionais e internacionais, sediados no País e no Exterior. No Rio Grande do Sul, 22,8% dos médicos participaram de congressos científicos nacionais apresentando trabalhos, 16,7% deles apresentaram trabalhos em congressos científicos internacionais realizados no Brasil e 18,5% participaram apresentando trabalhos em congressos internacionais realizados no Exterior. REVISTAS CIENTÍFICAS A maioria dos médicos do Sul (54,3%) não respondeu à questão referente à assinatura de revistas científicas locais e, dos que responderam, 23,9% assinam. Quanto à assinatura de revista nacional, 53,7% dos médicos da Região informaram ser assinantes. O percentual de médicos com assinatura de revistas internacionais é de 19,1%, enquanto a porcentagem de médicos que assina revista eletrônica (Internet) é de 24,3% (Tabela 3.3). 70 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 71 Tabela 3.3. Leitura e assinatura de revistas científicas Periodicidade com que lê Tipo de revista Assinante Rara- Mensal Quin- Sema- Não Sim mente zenal nal respondeu Não Não respondeu Científica local 660 (8,8) 2316 (31,0) 149 (2,0) 421 (5,6) 3915 1786 (52,5) (23,9) 1629 (21,8) 4046 (54,2) Científica nacional 509 (6,8) 4767 (63,9) 247 (3,3) 524 (7,0) 1414 4004 (19,0) (53,7) 1600 (21,4) 1857 (24,9) Científica Internacional 884 2010 (11,8) (26,9) 270 (3,6) 733 (9,8) 3564 1423 (47,8) (19,1) 2321 (31,1) 3717 (49,8) Eletrônica (Internet) 685 (9,2) 512 (6,9) 2309 2726 1814 (30,9) (36,5) (24,3) 2517 (33,7) 3130 (42,0) 1229 (16,5) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas por centagens. Estas foram computadas em função das respostas efetivamente válidas. No Paraná, o percentual de médicos com assinatura de revista científica nacional é de 73,9%, e de revistas internacionais, 40,7%. Na pesquisa prévia (Machado, 1996) estes percentuais eram, respectivamente, 72,0% e 6,0%, sendo que 22,0% possuíam a assinatura de ambas. Em Santa Catarina, o percentual de médicos com assinatura de revista científica nacional é de 78,5% e de revistas internacionais, 40,0%. Em 1996 estes percentuais eram, respectivamente, 72,0% e 5,6%, sendo que 24,2% dos médicos catarinenses possuíam a assinatura de ambas. No Rio Grande do Sul, atualmente o percentual de médicos com assinatura de revista científica nacional é de 74,3% e de revistas internacionais, 45,5%. Em 1996 estes percentuais eram, respectivamente, 64,3% e 6,6%, sendo que 29,1% dos médicos gaúchos possuíam a assinatura de ambas. Quanto às revistas eletrônicas (Internet), 24,7% no Paraná, 25,4% em Santa Catarina e 27,7% no Rio Grande do Sul declararam-se assinantes. Estes resultados correspondem à média nacional e à da Região. Em todos os estados da Região houve um leve incremento de assinaturas das revistas nacionais e um grande aumento nas assinaturas das revistas cientificas internacionais. Quanto à periodicidade de leitura, a maioria informou ler revista científica nacional com uma periodicidade mensal (63,9%). A maioria dos médicos pesquisados não respondeu à periodicidade de leitura de revistas científicas local, internacional e eletrônica. Dos que responderam, a maioria 71 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 72 informou ler revista científica local e internacional com periodicidade mensal e revista científica eletrônica com periodicidade semanal. Os que assinam revistas eletrônicas (internet) afirmam majoritariamente que as lêem semanalmente no Paraná (30%), em Santa Catarina (34,8%) e no Rio Grande do Sul (41%), seguidos de outro grupo menor que as lêem mensalmente (19,7%, 14,2% e 16,7%, respectivamente). Estes resultados são semelhantes aos da Região e do País. *** Em resumo, a participação científica no Sul vem crescendo, exemplo disso é o incremento da participação em congressos, com destaque para os paranaenses, e das assinaturas de revistas científicas, principalmente as internacionais. Esta inserção crescente é fruto da preocupação dos sulistas em aprimorar seus conhecimentos, e tem relação direta com os investimentos na formação, como vimos anteriormente. Merece destaque a significativa diminuição da filiação às sociedades científicas, que vem ocorrendo em quase todo o País. Apesar de ainda manter índices superiores aos nacionais, é expressiva esta redução quando comparada à pesquisa de 1996. 72 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 73 4. MERCADO DE TRABALHO Ana Beatriz Saldanha Ramos Pereira 73 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 74 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 75 É um tema que gera grande interesse, e a pesquisa do CFM incluiu variáveis que discorrem sobre os principais tópicos de importância no assunto para a Região Sul do País, resumidos na Tabela 4.1, a seguir. Tabela 4.1. Mercado de trabalho dos médicos no Sul Variável Níveis Situação profissional Ativo Desempregado Inativo Situação de inativo Aposentado Afastado Abandono Onde exerce a profissão Consultório Setor público Setor privado Setor filantrópico Docência Número de atividades em Medicina 1 2 3 4 5 6 Especialidade principal em que atua* Cardiologia Pediatria Medicina Interna ou Clínica Médica Anestesiologia Urologia Ginecologia e Obstetrícia Dermatologia Cirurgia Geral Medicina Geral Comunitária Medicina do Trabalho Oftalmologia Ortopedia e Traumatologia Localização do trabalho Na mesma cidade em que reside Em cidade diferente da que reside Na mesma cidade em que reside e em outra cidade do mesmo estado Na mesma cidade em que reside e em cidade de outro estado atividade atividades atividades atividades atividades ou mais atividades F % 1960 16 13 98,5 0,8 0,7 4 5 3 33,3 41,7 25,0 1476 1183 1049 363 391 75,4 61,2 54,2 18,9 20,3 329 543 539 296 132 80 17,1 28,3 28,1 15,4 6,9 4,2 210 170 157 151 123 113 72 71 71 61 43 43 10,7 8,7 8,0 7,7 6,3 5,8 3,7 3,6 3,6 3,1 2,2 2,2 1474 74 75,3 3,8 383 19,6 27 1,4 75 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 76 Proprietário de empresa médica Sim Não 498 1434 25,8 74,2 Medicina é única fonte de renda Sim Não 1728 227 88,4 11,6 62 79 41 22 17 2 27,8 35,5 18,4 9,8 7,6 0,9 Contribuição de outras Até 10% fontes de renda De 11 a 30% De 31 a 50% De 51 a 70% De 71 a 90% 91% e mais Notas: * A listagem completa encontra-se no Anexo 4.1. F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. SITUAÇÃO PROFISSIONAL Entre os participantes residentes na Região Sul, a maioria dos médicos referiu ser ativo (98,5%), quanto à situação profissional, 0,8% referiram estar desempregados e 0,7% referiram ser inativos (Tabela 4.1). Os valores acima apresentados apresentam discreta variação entre os Estados da Região, a saber: 98,4% dos médicos foram classificados como ativos no Paraná e Rio Grande do Sul e 99,1% em Santa Catarina. O percentual de desempregados foi de 1,0% dos médicos do Paraná, 0,2% dos médicos de Santa Catarina e 0,9% daqueles do Rio Grande do Sul. O percentual de inativos foi de 0,6% no Paraná, 0,7% em Santa Catarina e 0,7% no Rio Grande do Sul. Na pesquisa anterior (Machado, 1996), a situação profissional dos médicos do Paraná era classificada em ativos (94,0%), abandono/afastamento (1,7%) e aposentado (1,1%). Em Santa Catarina estes percentuais eram, respectivamente, 94,9%, 1,9% e 0,4%. No Rio Grande do Sul os percentuais eram 94,9%, 1,9% e 0,4%, respectivamente. Cabe salientar que na Região Sul, assim como no País, há poucos médicos que não exercem sua profissão (1,5%). Quando se observa os do País como um todo, verifica-se que 1,7% dos médicos não exercem a profissão, sendo que 0,8% encontram-se desempregados e 0,7% inativos; o percentual de médicos ativos no Brasil corresponde a 98,3%. Os médicos inativos da Região Sul podem ser classificados como aposentados (33,3%), afastados temporariamente da profissão (41,7%) ou que abandonaram a profissão (25,0%) (Tabela 4.1). Nos estados estes valores oscilaram, chamando atenção para o fato de que os valores absolutos 76 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 77 são, relativamente, pequenos, considerando-se a amostra estudada. Assim, pequenas variações dos valores absolutos representam importantes variações percentuais. No Paraná, 20% dos médicos inativos eram aposentados, 60% estavam temporariamente afastados da atividade médica e 20% abandonou a profissão. Em Santa Catarina foi observado que, entre os médicos inativos, 66,7% eram aposentados, 33,3% estavam temporariamente afastados da atividade médica e nenhum médico abandonou a profissão. No Rio Grande do Sul, os valores percentuais foram 25,5%, 50% e 25% referentes aos aposentados, afastados temporariamente e abandono à profissão, respectivamente. LOCAL ONDE EXERCE A PROFISSÃO A presente pesquisa procurou saber como os médicos distribuem suas atividades laborais, entre o consultório particular, o setor público, o setor privado, o setor filantrópico e a docência em Medicina. A maioria dos médicos da Região Sul que estão em atividade exerce a profissão em consultório (75,4%), sendo que 61,2% a exercem no setor público, 54,2% no setor privado e 20,3% exercem a docência (Tabela 4.1). Observando-se os mesmos dados para o Brasil, verifica-se que a atividade no setor público perfaz o maior percentual (69,7%), seguida pela atividade em consultório (67,0%), setor privado (53,8%), setor filantrópico (20,3%) e docência (18,9%). Nota-se que na Região Sul a atividade de consultório é, comparativamente, mais freqüente do que no Brasil. Observando-se estas variáveis especificamente para os Estados da Região Sul, verifica-se que no Paraná 71,5% dos médicos possuem atividades em consultório, sendo que este percentual em Santa Catarina é de 82,6% e no Rio Grande do Sul, de 75,5%. Santa Catarina destaca-se como o Estado da Região onde a grande maioria dos médicos desenvolve atividades médicas em consultórios. Os dados da pesquisa prévia (Machado, 1996) já mostravam um maior percentual de atividades desenvolvidas em consultórios nos estados da Região Sul, a saber: no Paraná, 84,1% dos médicos realizavam atividade em consultório, em Santa Catarina, 87% e no Rio Grande do Sul, 83,5%. Destaque-se que em todos os estados houve uma diminuição percentual das atividades desenvolvidas em consultório. Tanto na pesquisa prévia quanto na atual, Santa Catarina é o Estado da Região onde esta atividade é mais preponderante. 77 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 78 O trabalho no setor público é realizado por 60,4% dos médicos do Paraná, 69,4% dos médicos de Santa Catarina e 57,1% dos médicos do Rio Grande do Sul. No setor privado, o percentual de médicos variou segundo os estados da Região Sul, sendo 56,0%, 51,9% e 53,7% respectivamente no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Quanto ao setor filantrópico, 17,8% dos médicos do Paraná referiram desenvolver atividades neste setor, 20,1% em Santa Catarina e 19,5% dos médicos do Rio Grande do Sul. A docência em Medicina é desenvolvida por 17,6% dos médicos residentes no Paraná, 22,7% dos médicos de Santa Catarina e por 22% dos médicos do Rio Grande do Sul. Na pesquisa anterior (Machado, 1996), 64,8% dos médicos do Paraná exerciam atividades no setor público e 65,2% no setor privado. Em Santa Catarina, estes percentuais eram, respectivamente, 76,5% e 59,2%. Já no Rio Grande do Sul, os valores eram, respectivamente, 59,6% e 60,4%. Esta pesquisa não diferenciou as atividades no setor filantrópico e em docência. NÚMERO DE ATIVIDADES No que diz respeito ao número de atividades exercidas em Medicina na Região Sul, a maioria dos médicos realiza duas (28,3%) ou três atividades (28,1%). Chama a atenção 4,2% dos médicos da Região exercer seis ou mais atividades (Tabela 4.1). Os dados observados na Região são semelhantes àqueles verificados no Brasil, onde também a maioria dos médicos exerce duas (27,1%) ou três (27,2%) atividades em Medicina e 4,1% deles exercem seis ou mais atividades. No Paraná e no Rio Grande do Sul, os médicos desenvolvem com mais freqüência três atividades em Medicina, 28,7% e 30,5% respectivamente. Em Santa Catarina, de maneira mais freqüente os médicos desempenham duas atividades (29,3%). Na pesquisa prévia (Machado, 1996), 31,6% dos médicos apresentavam mais de três atividades no Paraná. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul estes valores eram, respectivamente, 33,0% e 19,8%. ESPECIALIDADE PRINCIPAL A especialidade principal em que atua o maior número de médicos da Região Sul é a Cardiologia (10,7%), seguida de Pediatria (8,7%) e Medicina 78 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 79 Interna (8%) (Tabela 4.1), dados muito próximos àqueles observados nacionalmente, onde também a Cardiologia tem o maior número de médicos exercendo-a como especialidade principal. No Paraná, a especialidade principal com maior número de médicos atuando é a Cardiologia (10%), seguido da Medicina Interna/Clínica Médica (9,3%) e Pediatria (8,3%). Em Santa Catarina, as especialidades com maior freqüência de médicos que atuam são a Cardiologia (10,7%), Pediatria (9,1%) e Anestesiologia (7,7%). No Rio Grande do Sul, são: Cardiologia (11,6%), Pediatria (8,9%) e Medicina Interna/Clínica Médica (8,7%). Deve-se observar a diferença entre os estados quanto ao percentual dos médicos que atua na Medicina Interna como especialidade principal em Santa Catarina (4,7%) em relação aos demais estados do Sul, a saber: Paraná (9,3%) e Rio Grande do Sul (8,7%). Quando se compara o dado atual com a pesquisa anterior (Machado, 1996), observam-se diferenças, pois a especialidade de Cardiologia não figurava entre as três mais prevalentes. Os dados mostravam que, nos três estados da Região Sul, as principais especialidades eram a Pediatria, a Ginecologia/Obstetrícia e a Medicina Interna. É importante salientar que a estratégia utilizada para a seleção da amostra, como por exemplo, a disponibilização de terminais de acesso à Internet nos congressos das Especialidades médicas, pode introduzir um viés de seleção produzindo uma maior representação da especialidade. Assim, verifica-se um aumento do número absoluto e percentual de médicos que atuam na Cardiologia como especialidade principal, entretanto esta conclusão pode não ser válida em função do viés de seleção. LOCALIZAÇÃO DO TRABALHO A maioria dos médicos da Região Sul trabalha na mesma cidade em que reside (75,3%) e um percentual importante trabalha na mesma cidade em que reside e em outra cidade do mesmo Estado (19,6%) (Tabela 4.1). Verifica-se a mesma situação em nível nacional, sendo os valores, respectivamente, 72,6% e 19,7%. No Paraná, a maioria dos médicos tem como localização do trabalho a mesma cidade em que reside (80,7%), a mesma coisa ocorre em Santa Catarina (72,7%) e no Rio Grande do Sul (70,9%). O percentual de médicos 79 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 80 que trabalha na mesma cidade em que reside e em outra cidade do mesmo Estado no Paraná é de 14,4%, em Santa Catarina é de 22,2% e no Rio Grande do Sul de 23,6%. Na pesquisa prévia (Machado, 1996), foi observado que 22,4% dos médicos do Paraná exerciam atividade profissional em outros municípios, em Santa Catarina este percentual era de 29,6% e no Rio Grande do Sul era de 23,0%. PROPRIEDADE DE EMPRESA MÉDICA Na Região Sul, 25,8% dos médicos são proprietários de alguma empresa médica (Tabela 4.1), sendo que este percentual varia segundo os estados da Região; no Paraná corresponde a 21,5% dos médicos, em Santa Catarina a 32,2% e no Rio Grande do Sul perfaz 25,8% dos médicos. Observando-se os dados para Brasil, verifica-se que este percentual é de 25,7%. Esses dados não podem ser comparados com a pesquisa realizada anteriormente, visto que esta variável não foi estudada naquele inquérito. FONTE DE RENDA A maioria dos médicos da Região Sul utiliza a Medicina como sua única fonte de renda (88,4%). Dos que possuem outra fonte de renda, a maioria (63,6%) complementa sua renda com outras fontes em até 30% (Tabela 4.1). O percentual de médicos no Brasil que possuem a Medicina como única fonte de renda é de 88,9%, sendo que entre aqueles que possuem outra fonte de renda, a maioria (63,4%) complementa a renda com até 30%. No estado do Paraná, 88,8% dos médicos possuem a Medicina como única fonte de renda, em Santa Catarina este percentual é de 88,4% e no Rio Grande do Sul é de 88%. Entre os médicos residentes no Paraná que complementam sua renda com outras atividades que não a Medicina, a maioria (50,6%) o faz em até 30% de sua renda, em Santa Catarina, a maioria (65,4%) a complementa em até 20% e no Rio Grande do Sul 54,1% complementam em até 20%. Na pesquisa anterior (Machado, 1996), 18,3% dos médicos do Paraná complementavam a renda com outras fontes não-médicas. Este percentual em Santa Catarina era de 10,7% e no Rio Grande do Sul era de 15,8%. 80 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 81 ATIVIDADE EM CONSULTÓRIO Conforme já referido, a atividade em consultório é a mais importante para os médicos da Região Sul (75,4%). Descrevendo detalhadamente a atividade em consultório podemos referir que a maioria dos médicos da Região possui consultório próprio (55,3%), quer seja individual (33,3%) ou em grupo (22%). Observa-se que 32,9% dos médicos que possuem consultórios alugados, 4,4% possuem consultório em comodato com o hospital, 4% cedem algum percentual de sua produção e 3,4% possuem horários sublocados (Tabela 4.2). Tabela 4.2. Atividade em consultório na Região Sul Variável Níveis F % Modalidade Próprio individual Próprio em grupo Alugado individual Alugado em grupo Comodato em hospital Cedendo % produção Horário sublocado 487 322 166 316 64 59 50 33,3 22,0 11,3 21,6 4,4 4,0 3,4 Tipo de vínculo Nenhum. Apenas particular Unimed ou similar Seguradora Medicina de Grupo Empresa de Autogestão Plano de Assistência Cooperativa Multiprofissional Cooperativa de Especialidades Outro 331 746 9 28 11 9 9 19 152 25,2 56,8 0,7 2,1 0,8 0,7 0,7 1,4 11,6 Carga horária semanal Até 5 horas De 6 a 10 horas De 11 a 20 horas De 21 a 30 horas De 31 a 40 horas De 41 a 50 horas De 51 a 60 horas 61 horas e mais 149 283 505 218 165 70 13 9 10,6 20,0 35,8 15,4 11,7 5,0 0,9 0,6 Porcentagem dos rendimentos Até 5% De 6 a 10% De 11 a 20% De 21 a 30% De 31 a 40% 96 144 180 199 119 7,1 10,7 13,3 14,7 8,8 81 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 82 De 41 a 50% De 51 a 60% De 61 a 70% De 71 a 80% De 81 a 90% 91% e mais 177 95 99 96 58 87 13,1 7,0 7,3 7,1 4,3 6,4 Tempo de serviço no consultório Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 anos e mais 462 264 372 215 44 4 33,9 19,4 27,3 15,8 3,2 0,3 Natureza jurídica do consultório Pessoa física Pessoa jurídica Ambas 888 304 366 57,0 19,5 23,5 Iniciativa própria 212 Exigência dos convênios 104 Outra 76 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. 54,1 26,5 19,4 Razão da natureza jurídica No Brasil, os dados verificados indicam que 51,8% dos médicos possuem consultórios próprios, individuais ou em grupo, 30,8% possuem consultórios alugados, individual ou em grupo, 6,8% possuem comodato em hospital, 7% cedem percentual da produção, 3,6% possuem horário sublocado e 1,4% cooperativa multiprofissional. Observando-se os estados separadamente, observa-se que no Paraná 52,6% dos médicos possuem consultórios próprios, 33,6% possuem consultórios alugados, 6,5% comodato em hospital, 6,2% cedem algum percentual da produção e 3,0% possuem horário sublocado. Em Santa Catarina estes percentuais são, respectivamente, 54,4%, 32,2%, 2,3%, 6,5% e 4,5%. No Rio Grande do Sul os valores observados foram 58,6%, 32,6%, 3,5%, 2,2% e 1,1%, respectivamente. Quanto ao tipo de vínculo no consultório, a maioria dos médicos da Região Sul (56,8%) possui vínculo com a Unimed ou similar, sendo que 25,2% deles não possuem nenhum vínculo, ou seja, exclusivamente particular. Foi também referido vínculo com seguradoras (0,7%), medicinas de grupo (2,1%), empresas de autogestão (0,8%), planos de assistência (0,7%), cooperativa multiprofissional (0,7%), cooperativa de especialidade (1,4%), entre outros (11,6%) (Tabela 4.2). 82 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 83 Observando-se os dados do Brasil, verifica-se que 43,6% dos médicos referiram possuir vínculo com a Unimed ou similar, 25,0% não apresentam nenhum vínculo, 3,1% têm vínculo com seguradoras, 7% com medicinas de grupo, 1,7% com empresas de autogestão, 1,0% com planos de assistência, 2,3% com cooperativas de especialidades e 14,8% referiram outros vínculos em nível de consultório. Analisando os dados dos estados da Região Sul separadamente, observa-se que no Paraná, 53,9% dos médicos possuem vínculo com a Unimed ou similar e 27,0% deles atendem exclusivamente pacientes particulares no consultório. Em Santa Catarina, 60,6% dos médicos possuem vínculo com a Unimed ou similar e 22,5% deles atendem exclusivamente particulares. No Rio Grande do Sul estes valores são, respectivamente, 57,3% e 24,9%. Na pesquisa anterior (Machado, 1996), 88,1% dos médicos do Paraná, 93,6% de Santa Catarina e 87,4% do Rio Grande do Sul informaram manter algum convênio. Quanto à carga horária semanal das atividades desenvolvidas em consultório, a maioria dos médicos da Região Sul (66,4%) despende até 20 horas semanais (Tabela 4.2). Em nível nacional, também se observa que 67,3% despedem até 20 h semanais com atividades em consultório. Nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul verificam-se situações semelhantes, sendo que os percentuais são respectivamente 65,8%, 61,0% e 70,4%. No que se refere ao tempo de serviço no consultório dos médicos da Região Sul, foi observado que 33,9% possuem até cinco anos, 19,4% possui entre seis e dez anos e 27,3% possuem de 11 a 20 anos (Tabela 4.2). No Brasil, os valores observados foram, respectivamente, 32,2%, 19,7% e 27,3%. Individualizando os Estados da Região Sul, tem-se que, no Paraná, 40,1% possuem até 5 anos de serviço no consultório, 18,9% possuem de seis a dez anos e 25,2% de 11 a 20 anos. Em Santa Catarina estes percentuais foram, respectivamente, 28,8%, 20,7% e 31,2% e no Rio Grande do Sul foram, 31%, 19,1% e 26,9%. Quanto à natureza jurídica do consultório, 57% dos médicos da Região Sul são pessoas físicas (Tabela 4.2); no Paraná este percentual também é de 57%, em Santa Catarina é de 38,3% e no Rio Grande do Sul de 68,9%. No Brasil o percentual de médicos que possui como natureza jurídica do consultório a pessoa física é de 53,2%. A razão na natureza jurídica foi definida como por iniciativa própria por 54,1% dos médicos da Região Sul, sendo que 26,5% deles referiram 83 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 84 que esta opção foi por exigência dos convênios (Tabela 4.2). No Paraná, 50,7% referiu que a razão da natureza jurídica do consultório foi iniciativa própria e 30,3% referiu ser por exigência dos convênios. Estes valores em Santa Catarina foram 50,3% e 30,3%, e no Rio Grande do Sul foram, 65,3% e 14,7%, respectivamente. ATIVIDADE NO SETOR PÚBLICO Na Região Sul, o exercício da Medicina neste setor é a segunda fonte de trabalho do médico, sendo que a principal fonte, conforme já referido, é o consultório (Tabela 4.1). No Brasil, o setor público é a principal fonte de emprego do médico, superando a atividade em consultório. A Tabela 4.3 detalha as características deste setor no Sul. Tabela 4.3. Atividade no setor público na Região Sul Variável Níveis F % Tipo de unidade assistencial Hospital Posto de Saúde Ambulatório Centro de Saúde Pronto-Socorro PAM Unidade de PSF IML INSS - Perícia Médica 526 271 128 68 34 30 51 11 37 45,5 23,4 11,1 5,9 2,9 2,6 4,4 1,0 3,2 Natureza Federal Estadual Municipal 305 290 577 26,0 24,7 49,2 Carga horária semanal Até 5 horas De 6 a 10 horas De 11 a 20 horas De 21 a 30 horas De 31 a 40 horas De 41 a 50 horas De 51 a 60 horas 61 horas e mais 68 105 522 128 241 21 34 31 5,9 9,1 45,4 11,1 21,0 1,8 3,0 2,7 Porcentagem dos rendimentos Até 5% De 6 a 10% De 11 a 20% De 21 a 30% 59 133 227 201 5,2 11,8 20,2 17,9 84 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 85 De 31 a 40% De 41 a 50% De 51 a 60% De 61 a 70% De 71 a 80% De 81 a 90% 91% e mais 115 123 50 47 42 31 97 10,2 10,9 4,4 4,2 3,7 2,8 8,6 Tempo de serviço Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 anos e mais 512 242 239 127 15 1 45,1 21,3 21,0 11,2 1,3 0,1 Condições de trabalho Péssimas Precárias Regulares Boas Excelentes 24 134 491 431 71 2,1 11,6 42,7 37,4 6,2 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Comparando os dados atuais com os da pesquisa prévia (Machado, 1996), foi observado que no Paraná houve diminuição percentual dos médicos que trabalham no setor público, pois 64,8% dos médicos referiram trabalhar neste setor em 1996, enquanto na pesquisa atual, 60,4% deles fizeram esta referência. A diminuição percentual dos médicos que trabalham no setor público também foi observada em Santa Cantarina, sendo os valores 76,5% em 1996 e 69,4% em 2004, bem com no Rio Grande do Sul, 59,6% e 57,1% respectivamente. Os médicos entrevistados da Região Sul que trabalham no setor público, em sua maioria atuam em hospitais (45,5%) e em postos de saúde (23,4%), têm vínculo municipal (49,2%) e apenas 4,4% participam das equipes do PSF. Desenvolvem uma carga horária semanal de até 20 horas (60,4%) e possuem um tempo de serviço de até dez anos (66,4%). Para a maioria (55,1%), os rendimentos com o setor público correspondem a até 30,0% do total (Tabela 4.3). Quanto às condições de trabalho, dividem-se entre boas ou excelentes (43,6%) e regulares (42,7%). Estes resultados são semelhantes aos do País, exceto quanto ao número de médicos que trabalha em hospitais, que é maior no Brasil (56,6%), e os que trabalham em postos de saúde, que é menor no âmbito nacional (14,3%). Para as condições de trabalho prevalece a avaliação regular (45,9%) no restante do País. 85 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 86 Os médicos do Paraná que atuam neste setor o fazem majoritariamente em hospitais (41,2%) e postos de saúde (23,1%), a maioria de unidades municipais (53,5%). Apenas 5,2% dos que responderam à pesquisa trabalham no PSF, e este é o maior índice de toda região. O maior contingente dedica ao setor até 20 horas semanais (62,8%), nele trabalha há dez anos ou menos (68,6%) e a remuneração que recebe contribui com até 30% para sua renda mensal (53,8%). As condições de trabalho são avaliadas como regulares para 44,9%, porém boas ou excelentes para 39,7%. Em Santa Catarina, a maioria que trabalha neste setor o faz em hospitais (50%) e postos de saúde (18,4%), grande parte em unidades municipais (42,5%) e estaduais (37,3%). São apenas 4,5% os que atuam no PSF. Expressiva maioria trabalha no setor até 20 horas semanais (76,7%), há dez anos ou menos (60,1%) e dele obtém até 30% de sua renda (66,5%). As condições de trabalho são regulares para 46,9%, e boas ou excelentes para 39,2%. Os médicos gaúchos do setor público trabalham principalmente em hospitais (47,3%) e em postos de saúde (27,5%), e a maioria das unidades é municipal (49,1%), seguidas das federais (34,4%). É o menor contingente de médicos que atua no PSF na Região (3,5%). Diferentemente dos seus colegas dos outros dois estados, 46,1% dos gaúchos dedicam até 20 horas semanais ao setor, enquanto outros 48,1% trabalham de 21 a 40 horas por semana. São 68,3% os que têm até dez anos de serviço, e a remuneração representa até 30% da renda mensal para 48,4%, e até 50% para 72,4%. Mais da metade considera as condições de trabalho boas ou excelentes (51,3%). ATIVIDADE NO SETOR PRIVADO Na Região Sul, a atividade no setor privado ocupa o terceiro lugar em termos de freqüência do local onde o médico exerce a profissão, sendo que 54,2% dos participantes da pesquisa afirmam trabalhar neste setor. Comparando os dados atuais com os da pesquisa prévia (Machado, 1996) foi visto que no Paraná houve diminuição percentual do número de médicos que trabalha no setor privado. Em 1996, 65,2% dos médicos referiram desenvolver atividades neste setor, enquanto na pesquisa atual 56% deles fizeram esta referência. A diminuição percentual dos médicos que trabalham no setor privado também foi observada em Santa Cantarina, 86 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 87 sendo os valores de 59,2% em 1996 e 51,9% em 2004, bem como no Rio Grande do Sul, 60,4% e 53,7% respectivamente. Assim como no setor público, no privado as atividades são exercidas, em sua maioria, em hospitais (68,0%), em ambulatórios (23,8%) e prontosocorros (8,2%). Esta atividade no setor privado possui vínculo com o SUS e outros planos privados de saúde em sua maioria (43,6%) ou exclusivamente com planos privados de saúde (37,3%). Esses médicos dedicam até 20 horas de sua carga horária em 65,5% dos casos, representando até 50% dos rendimentos para 73,9% deles, com tempo de serviço de até 10 anos para 71%. As condições de trabalho no setor privado são consideradas boas ou excelentes para 55,4% e regulares para 24,2%. A Tabela 4.4 apresenta em detalhes a atividade médica no setor privado da Região Sul. No Brasil, 53,8% dos médicos desenvolvem atividades no setor privado, e verifica-se situação semelhante à da Região Sul quanto às principais características acima descritas. Registre-se, no entanto, uma inversão no tipo de convênio que prevalece nos dois níveis: aqueles exclusivos com planos privados de saúde predominam no País (48,2%). Tabela 4.4. Atividade no setor privado na Região Sul Variável Níveis Tipo de unidade assistencial Hospital Ambulatório Pronto-Socorro Natureza Convênio exclusivo com SUS Convênio com SUS e planos privados de saúde Convênio exclusivo com planos privados de saúde Próprio de cooperativa Exclusivamente particular Até 5 horas De 6 a 10 horas De 11 a 20 horas De 21 a 30 horas De 31 a 40 horas De 41 a 50 horas De 51 a 60 horas 61 horas e mais Carga horária semanal F % 679 238 82 68,0 23,8 8,2 24 2,4 436 43,6 373 50 117 37,3 5,0 11,7 100 175 349 138 109 31 29 22 10,5 18,4 36,6 14,5 11,4 3,3 3,0 2,3 87 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 88 Porcentagem dos rendimentos Até 5% De 6 a 10% De 11 a 20% De 21 a 30% De 31 a 40% De 41 a 50% De 51 a 60% De 61 a 70% De 71 a 80% De 81 a 90% 91% e mais 74 120 181 150 77 91 46 46 53 32 67 7,9 12,8 19,3 16,0 8,2 9,7 4,9 4,9 5,7 3,4 7,2 Tempo de serviço Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 anos e mais 459 201 160 91 18 1 49,4 21,6 17,2 9,8 1,9 0,1 Condições de trabalho Péssimas Precárias Regulares Boas Excelentes 7 27 231 530 161 0,7 2,8 24,2 55,4 16,8 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Nos três estados do Sul os médicos atuam principalmente em hospitais (Paraná, 71,1%; Santa Catarina, 63% e Rio Grande do Sul, 66,7%) e o vínculo predominante no Paraná é com o SUS e outros planos privados de saúde (50,5%). Já em Santa Catarina dividem-se entre aqueles (37,3%) e os exclusivos com planos privados (34%), enquanto no Rio Grande do Sul a maioria tem vínculo exclusivo com estes planos (42,7%), e 39,2% com o SUS e outros planos privados de saúde. Em todas as unidades federativas da Região os médicos dedicam até 20 horas semanais ao setor privado (60,7% no Paraná, 71,9% em Santa Catarina e 67,3% no Rio Grande do Sul), nele exercem suas atividades há dez anos ou menos (73,3%, 68,7% e 69,6%, respectivamente) e percebem até 30% de sua renda mensal com estes serviços (51,5%, 61,6% e 57,8%, de acordo com a ordem apresentada). São quase unânimes em avaliar as condições de trabalho da rede privada como boas ou excelentes (68,6% no Paraná, 72,4% em Santa Catarina e 76,4% no Rio Grande do Sul). 88 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 89 ATIVIDADE NO SETOR FILANTRÓPICO No Brasil, 20,3% dos médicos desempenham atividades no setor filantrópico, enquanto na Região Sul este percentual é de 18,9%, especificamente no Estado do Paraná (17,8%), em Santa Catarina (20,1%) e no Rio Grande do Sul (19,5%). Na pesquisa anterior (Machado, 1996) o trabalho no setor filantrópico não foi estudado como item específico, portanto não é possível realizar comparações. A atividade filantrópica é exercida na Região Sul, em sua maioria, em hospitais (77,4%) predominantemente conveniados com o SUS e outros planos privados de saúde (62,7%), com dedicação dos médicos de até 10 horas semanais (53,5%). A contribuição nos rendimentos para a maioria dos médicos (55,9%) é de até 10% da renda total. Em geral, exercem estas atividades há 10 anos ou menos (59,9%) e consideram as condições de trabalho boas ou excelentes (49,9%) e regulares (37,1%). Os resultados são semelhantes aos do Brasil, sem nenhuma discrepância digna de nota. A Tabela 4.5 detalhará as atividades médicas no setor filantrópico da Região Sul. Tabela 4.5. Atividade no setor filantrópico na Região Sul Variável Níveis Tipo de unidade assistencial Hospital Ambulatório Pronto-Socorro Natureza Convênio exclusivo com SUS Convênio com SUS e planos privados de saúde Convênio exclusivo com planos privados de saúde Eminentemente filantrópica Carga horária semanal Até 5 horas De 6 a 10 horas De 11 a 20 horas De 21 a 30 horas De 31 a 40 horas De 41 a 50 horas De 51 a 60 horas 61 horas e mais F % 271 73 6 77,4 20,9 1,7 48 13,6 222 62,7 9 75 2,5 21,2 95 72 66 28 25 12 7 7 30,4 23,1 21,2 9,0 8,0 3,8 2,2 2,2 89 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 90 Porcentagem dos rendimentos Até 5% De 6 a 10% De 11 a 20% De 21 a 30% De 31 a 40% De 41 a 50% De 51 a 60% De 61 a 70% De 71 a 80% De 81 a 90% 91% e mais 105 57 36 18 22 19 13 7 5 7 1 36,2 19,7 12,4 6,2 7,6 6,6 4,5 2,4 1,7 2,4 0,3 Tempo de serviço Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 anos e mais 125 57 78 35 9 -- 41,1 18,8 25,7 11,5 3,0 -- Condições de trabalho Péssimas Precárias Regulares Boas Excelentes 4 37 117 129 28 1,3 11,7 37,1 41,0 8,9 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Expressiva maioria dos médicos trabalha, nos três estados, em hospitais filantrópicos (74,1% no Paraná, 77,5% em Santa Catarina e 80,7% no Rio Grande do Sul), que têm predominantemente convênios com o SUS e com planos privados de saúde (60,7%, 66,3% e 62,5%, respectivamente). Representam as médias da Região e do País. Igualmente nos três estados, eles dedicam até dez horas semanais à filantropia (54,5%, 57,4% e 50,4%, de acordo com a ordem dos estados), têm até dez anos de atividade no setor (60,7%, 55,9% e 61,3%) e o que recebem não ultrapassa 10% de sua renda mensal (51,8 no Paraná, 61,5% em Santa Catarina e 56,6% no Rio Grande do Sul). As condições de trabalho são boas ou excelentes para os médicos do Paraná (55,6%), e em menor proporção para os catarinenses (44,1%) e para os gaúchos (47,7%), porque são regulares para 33,8% e 40,8% dos colegas destes dois estados, respectivamente). ATIVIDADE DOCENTE Os médicos da Região Sul exercem atividades docentes em maior número (20,3%) do que a média nacional (18,9%). No Paraná este 90 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 91 percentual é de 17,6%, em Santa Catarina 22,7% e no Rio Grande do Sul, 22,0%. Em sua maioria, os médicos exercem suas atividades profissionais concomitantes às de docente (87,7%), sendo que 12,3% deles são exclusivamente docentes (Tabela 4.6). Considerando-se separadamente as instituições de ensino de natureza pública, como federais, estaduais e municipais, temos que o exercício da atividade docente no Sul é predominante nas instituições privadas (42,9%), seguida das publicas federais (33,9%) e estaduais (14,3%). As filantrópicas e públicas municipais têm menor expressão. Estes índices são semelhantes aos de todo o País (CFM, 2004), exceto quanto à predominância das instituições de ensino, que neste âmbito ainda é reservada às públicas federais. Como constatado em nível nacional, a docência inclui atividades de caráter teórico e prático em 90,5% das vezes e exclusivamente teórico em 9,5%. Os docentes realizam, preferencialmente, contratos de 20 horas semanais (T-20; 43,1%), embora 33,6% tenham declarado trabalhar como horistas e 20,1% em tempo integral (T-40; 40 horas por semana). São poucos os que adotam a dedicação exclusiva (DE; 3,3%), certamente em função da baixa remuneração prevalente neste setor, e que perfaz apenas até 10% dos rendimentos mensais para 53,9% dos médicos. Estes têm até 10 anos de docência em sua maioria (63,9%), e em geral consideram as condições de trabalho regulares (32,1%) e boas ou excelentes (28,9%). A atividade docente não foi estudada na pesquisa anterior (Machado, 1996). A Tabela 4.6, apresentada a seguir, mostra os aspectos da atividade docente no Sul do País. Tabela 4.6. Atividade docente em Medicina na Região Sul Variável Níveis F % Situação de docente Médico e docente Exclusivamente docente 348 49 87,7 12,3 Natureza da instituição Pública federal Pública estadual Pública municipal Privada Filantrópica 133 56 10 168 25 33,9 14,3 2,6 42,9 6,4 Tipo de atividade docente 37 352 9,5 90,5 Exclusivamente teórica Teórica e prática 91 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 92 Carga horária semanal T-20 (20 horas) T-40 (40 horas) DE (dedicação exclusiva) Horista 159 74 12 124 43,1 20,1 3,3 33,6 Porcentagem dos rendimentos Até 5% De 6 a 10% De 11 a 20% De 21 a 30% De 31 a 40% De 41 a 50% De 51 a 60% De 61 a 70% De 71 a 80% De 81 a 90% 91% e mais 118 77 65 39 17 20 5 4 4 3 10 32,6 21,3 18,0 10,8 4,7 5,5 1,4 1,1 1,1 0,8 2,8 Tempo de serviço Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos De 41 anos e mais 152 85 67 53 13 1 41,0 22,9 18,1 14,3 3,5 0,3 Condições de trabalho Péssimas Precárias Regulares Boas Excelentes 6 28 121 187 35 1,6 7,4 32,1 19,6 9,3 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Os médicos que ensinam a Medicina nos estados do Sul acumulam, na sua grande maioria, as atividades profissionais e as de docentes; da mesma forma, o tipo de atividade exclusivamente teórica é reservado à minoria, sendo predominante a que combina a teoria e a prática médicas. Os percentuais dos três estados são idênticos aos da Região e no País. As instituições de ensino privadas são as que predominam nos três estados (33,8% no Paraná, 50% em Santa Catarina e 46,5% no Rio Grande do Sul), seguidas das públicas federais (32,4%, 25% e 40,8%, respectivamente). Segue o padrão da Região e difere do País, conforme dito anteriormente. Em terceiro lugar estão as públicas estaduais no Paraná (28,8%) e em Santa Catarina (12,5%), mas no Rio Grande do Sul esta posição é reservada às filantrópicas (8,3%). 92 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 93 Ainda de acordo com os resultados da Região e do País, os docentes dos três estados realizam seus contratos majoritariamente por 20 horas semanais (T-20; 41% no Paraná, 57,1% em Santa Catarina e 36,1% no Rio Grande do Sul), sendo que neste último há "empate" com a condição de horista (36,8%). Esta modalidade de vínculo vem em segundo lugar nos outros dois estados, superando o regime de tempo integral (T-40; 20,9%, 13,2% e 23,6%, respectivamente) e, de longe, a dedicação exclusiva. Mais da metade dos professores dos três estados do Sul tem 10 anos ou menos de atividade neste setor (65,7% no Paraná, 71,9% em Santa Catarina e 57,4% no Rio Grande do Sul), e seus rendimentos não ultrapassam 10% da renda mensal para 58,3%, 51,1% e 51,7%, respectivamente). As condições de trabalho foram avaliadas como boas ou excelentes para 48,2% no Paraná, enquanto 37,2% as consideraram regulares. Nos outros dois estados a maioria as classificou no topo da escala (57,1% em Santa Catarina e 69,8% no Rio Grande do Sul). TRABALHO EM REGIME DE PLANTÃO Um percentual expressivo dos médicos da Região Sul trabalha em regime de plantão (48,9%). Este percentual é de 53,8% no Paraná, 48,4% em Santa Catarina e 43,7% no Rio Grande do Sul. Os dados do Brasil mostram que 51,8% dos médicos trabalham sob este regime. O tipo de plantão desempenhado pelos médicos da Região Sul é, em sua maioria, do tipo presente no local (49,7%), enquanto 19,9% desempenham plantão de sobreaviso e 30,4% fazem ambos os tipos de plantão. A maioria trabalha há 5 anos ou menos (46,7%), dispensando de 12 a 24 horas semanais para tal (54,6%). A Tabela 4.7 dá os detalhes desta atividade médica no Sul. Em consonância com toda a Região, os médicos do Paraná (44,6%) e de Santa Catarina (40%) priorizam o tipo presente no local, mas não tanto quanto seus colegas do Rio Grande do Sul (62,9%) e do restante do País (64,2%). Naqueles dois estados o plantão de sobreaviso é mais freqüente (20,3% e 25,5%) do que no Rio Grande do Sul (15,8%) e no País (12,4%). Mais da metade dos médicos plantonistas do Paraná e do Rio Grande do Sul exerce esta atividade há cinco anos ou menos (51% e 51,6%), chegando a cifras superiores a 70% quando considerado o tempo de exercício de até dez anos. Em Santa Catarina são apenas 30,4% os que atuam 93 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 94 há 5 anos ou menos, e 58,3% se considerarmos até dez anos. Chama a atenção o percentual daqueles que trabalham sob este regime de 11 a 20 anos em Santa Catarina (30%), superior à média da Região (19,9%), e do País (23,4%). Por fim, a maioria nos três estados dedica de 12 a 24 horas aos plantões, como na Região e no País, inclusive com percentuais muito semelhantes. Tabela 4.7. Trabalho em regime de plantão Variável Níveis F % Trabalho em regime de plantão Sim Não 935 977 48,9 51,1 Tipo de plantão Presente no local Sobreaviso Ambos 464 186 284 49,7 19,9 30,4 Anos de trabalho em regime de plantão Até 5 anos De 6 a 10 anos De 11 a 20 anos De 21 a 30 anos De 31 a 40 anos 41 anos e mais 438 228 187 76 7 2 46,7 24,3 19,9 8,1 0,7 0,2 Horas semanais em regime de plantão Menos de 12 horas De 12 a 24 horas De 25 a 48 horas De 49 a 72 horas 73 horas e mais 45 501 253 69 50 4,9 54,6 27,6 7,5 5,4 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. SATISFAÇÃO COM O TRABALHO E OS RENDIMENTOS Seguindo a mesma metodologia adotada no livro O Médico e seu Trabalho (CFM, 2004), as opções nada satisfeito e pouco satisfeito serão agrupadas na categoria insatisfeito, e as duas opções do outro extremo, satisfeito e totalmente satisfeito, darão origem à categoria satisfeito. No mesmo diapasão, nada e pouco desgastante corresponderão a não-desgastante, e as do outro extremo (muito e totalmente desgastante) originarão a categoria desgastante. A maioria dos médicos da Região Sul encontra-se satisfeita com a especialidade na qual atua (68,6%), e apenas 8,1% declaram-se insatisfeitos. Entretanto, 58,9% dos entrevistados consideram a atividade profis- 94 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 95 sional desgastante e somente 10,8% a consideram não-desgastante. A Tabela 4.8 apresenta os resultados para a Região Sul. Tabela 4.8. Satisfação com especialidade principal e desgaste da atividade profissional Variável Níveis F % Satisfação com especialidade em que atua Nada satisfeito Pouco satisfeito Mais ou menos satisfeito Satisfeito Totalmente satisfeito 44 113 455 764 574 2,3 5,8 23,3 39,2 29,4 Desgaste da atividade profissional Nada desgastante Pouco desgastante Mais ou menos desgastante Muito desgastante Totalmente desgastante 51 159 589 788 359 2,6 8,2 30,3 40,5 18,4 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Assim como os médicos da Região e do País, no Paraná 67,5% dos médicos entrevistados consideram-se satisfeitos com a especialidade em que atuam. Em Santa Catarina são 69,1% e no Rio Grande do Sul, 69,5%. Quanto ao desgaste na atividade laboral, 61,3% dos paranaenses a consideram desgastante, a mesma coisa ocorrendo com 59% dos médicos de Santa Catarina e 56,3% dos gaúchos. Na pesquisa prévia (Machado, 1996), 82,8% dos médicos entrevistados do Paraná referiram estar satisfeitos com a especialidade que exerciam, 85,4% dos médicos de Santa Catarina fizeram esta referência e 88,3% do Rio Grande do Sul. Num primeiro momento pode-se considerar que houve uma diminuição da satisfação com a especialidade em todos os estados do Sul, mas é preciso lembrar que naquela pesquisa foram utilizadas apenas duas opções de respostas (sim e não). PERCEPÇÃO SOBRE MUDANÇAS OCORRIDAS NA VIDA PROFISSIONAL Os médicos que participaram da pesquisa foram instados a se manifestarem acerca de sete elementos que fazem parte do dia a dia de sua vida 95 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 96 profissional, apontando em que direção teriam ocorrido eventuais mudanças de acordo com as opções diminuição/piora, sem alterações ou aumento/melhora. Os resultados para a Região estão na Tabela 4.9. Tabela 4.9. Percepção sobre mudanças ocorridas na vida profissional nos últimos cinco anos Diminuiu/piorou Níveis Não se alterou Aumentou/ melhorou Remuneração 607 (31,4) 499 (25,8) 828 (42,8) Jornada de trabalho 206 (10,6) 525 (27,0) 1212 (62,4) Condições de trabalho 428 (22,1) 850 (43,9) 657 (34,0) Autonomia técnica 300 (15,5) 738 (38,0) 902 (46,5) Poder médico 601 (31,0) 745 (38,5) 590 (30,5) Prestígio profissional 421 (21,7) 487 (25,1) 1031 (53,2) Competência técnica 43 (2,2) 293 (15,1) 1599 (82,6) Variável Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas porcentagens. Estas foram calculadas em função do total de respostas válidas. Nos últimos cinco anos, a percepção do médico da Região Sul sobre seu trabalho indica que a remuneração aumentou para 42,8%, embora tenha diminuído para 31,4%. Esta relação entre os extremos mantém-se no Paraná (45,1% e 29,4%) e no Rio Grande do Sul (42,2% e 30,5%), mas em Santa Catarina os médicos dividiram-se mais: o aumento é percebido por 39,6%, enquanto a redução é considerada por 36,6%. Em contrapartida, a jornada de trabalho também aumentou, e desta vez para a maioria na Região (62,4%) e nos estados (63,6% no Paraná, 64,3% em Santa Catarina e 60% para os gaúchos). Também aumentaram,, para mais da metade dos médicos entrevistados, da Região e dos estados, a competência técnica e o prestígio profissional. Em todo o Sul as médias foram, respectivamente, de 82,6% e 53,2%. No Paraná foram de 82,9% e 52%, em Santa Catarina de 80,6% e 56,8% e no Rio Grande do Sul, 83,6% e 52,3%, respectivamente. 96 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 97 As condições de trabalho não se alteraram para 43,9% na Região Sul, enquanto 34% acham que melhoraram. É a mesma relação observada no Paraná (40,7% e 35,2%) e em Santa Catarina, embora aqui os percentuais sejam mais próximos (38,6% e 37%). A maioria dos médicos do Rio Grande do Sul considera que suas condições de trabalho melhoraram (50,6%). A autonomia técnica aumentou para 46,5% dos médicos da Região, embora não tenha sofrido alteração para 38%. Foi avaliada do mesmo modo pelos médicos de Santa Catarina (44,7% e 39,1%) e do Rio Grande do Sul (43,2% e 41,9%), e no Paraná a maioria (50,5%) considerou-a como tendo aumentado. Por fim o poder médico, reflexo do prestígio da profissão e que se manifesta principalmente na relação médico-paciente, foi considerado por 38,5% dos médicos da Região como não tendo mudado, mas dividiu o restante em percentuais iguais: 31% acham que diminuiu e 30,5% que aumentou. Assim também ocorreu no Rio Grande do Sul, onde 38,1% consideraram que o poder do médico está inalterado, enquanto 31,2% acharam que aumentou e 30,7% que diminuiu. No Paraná, 40,4% avaliam que não se alterou, mas um segundo grupo, também expressivo (30,9%), acha que aumentou; entre os catarinenses a avaliação é mais pessimista, pois 36% consideram que diminuiu, enquanto para 35,5% não houve mudança. REMUNERAÇÃO A Tabela 4.10, na página seguinte, mostra as opiniões dos médicos do Sul acerca de suas rendas. Na Região Sul a renda mensal individual informada pelos médicos mostra que a maioria recebe até 2.000 dólares (48,9%) e uma minoria recebe mais de 4.000 dólares (10,5%). Os resultados são pouco melhores que os do Brasil, onde 51,5% dos médicos afirmam receber até 2 mil dólares por mês, enquanto apenas 8,5% superam a faixa dos quatro mil. A crise econômica avassaladora dos últimos oito anos abateu-se também sobre a classe médica, inclusive no Sul do País. Na pesquisa passada foram 37,6% os que declararam renda de até 2.000 dólares, e 24,6% ganhavam mais de 4 mil - índice superior ao dobro do atual (Machado, Perfil dos Médicos no Brasil, 1996, vol. I, p. 116). A relação inverte-se quanto à renda mensal desejada. São apenas 11,7% os que receberiam mensalmente até 2.000 dólares, enquanto 39,1% consideram-na satisfatória quando superior a 4.000 dólares. Vale registrar que 62,6% desejariam uma renda mensal entre 2 e 5 mil dólares. No Brasil, 97 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 98 só 12% contentar-se-iam com uma renda de até 2.000 dólares, e 35,9% desejariam que fosse maior que quatro mil. A maioria (64%) desejaria receber entre 2 e 5 mil dólares mensais. Comparando com a pesquisa prévia, podemos constatar uma redução de expectativas dos médicos em relação à renda. Naquele estudo apenas 3% contentar-se-iam com rendimentos de até 2.000 dólares, enquanto 72,8% acreditavam merecer mais de 4 mil mensais (op. cit. p. 119). Fica sem sentido comparar com a faixa hoje majoritária dos que pleiteiam receber entre 2 e 5 mil dólares. Tabela 4.10. Rendimentos com o trabalho médico no Sul Variável Níveis Renda mensal individual (valores aproximados expressos em dólares) Até 500 dólares De 501 a 1.000 dólares De 1.001 a 2.000 dólares De 2.001 a 3.000 dólares De 3.001 a 4.000 dólares De 4.001 a 5.000 dólares De 5.001 a 6.000 dólares De 6.001 a 7.000 dólares 7.001 e mais dólares Renda não declarada 85 224 665 376 325 126 21 33 27 110 F 4,3 11,2 33,4 18,9 16,3 6,3 1,1 1,7 1,4 5,5 Renda mensal desejada (valores aproximados expressos em dólares) Até 500 dólares De 501 a 1.000 dólares De 1.001 a 2.000 dólares De 2.001 a 3.000 dólares De 3.001 a 4.000 dólares De 4.001 a 5.000 dólares De 5.001 a 6.000 dólares De 6.001 a 7.000 dólares 7.001 e mais dólares Renda não declarada 7 9 215 271 593 383 29 225 141 119 0,4 0,5 10,8 13,6 29,8 19,2 1,5 11,3 7,1 6,0 Renda mensal adequada para jornada de 20 horas semanais (valores aproximados expressos em dólares) Até 500 dólares De 501 a 1.000 dólares De 1.001 a 2.000 dólares De 2.001 a 3.000 dólares De 3.001 a 4.000 dólares De 4.001 a 5.000 dólares De 5.001 a 6.000 dólares De 6.001 a 7.000 dólares 7.001 e mais dólares Renda não declarada 40 700 956 93 81 6 -3 1 112 2,0 35,1 48,0 4,7 4,1 0,3 -0,2 0,1 5,6 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. 98 % o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 99 Quanto ao piso salarial considerado justo por 20 horas semanais de trabalho, 48% o incluem na faixa de 1 a 2 mil dólares, embora 37,1% satisfaçam-se com até US$ 1.000. No País, estes índices são de 49,7% e 32,6%, respectivamente. De acordo com a pesquisa anterior, 45% também consideravam justo o piso salarial apontado entre 1 e 2 mil dólares, mas apenas 19,6% aceitariam receber até 1.000 dólares (op. cit. p. 121). Nos três estados da Região, o mesmo quadro repete-se. Recebem renda mensal individual de até 2.000 dólares 51,5% dos médicos do Paraná, 44,4% de Santa Catarina e 48,7% do Rio Grande do Sul. Com renda acima de 4.000 dólares estão 8,6% dos paranaenses, 11,8% dos catarinenses e 11,4% dos gaúchos. Na pesquisa de 1996, recebiam até 2 mil dólares 39,1%, 26,4% e 40,1%, respectivamente; e mais de 4 mil dólares, 23,1% no Paraná, 29,5% em Santa Catarina e 24% no Rio Grande do Sul. Assim como na Região, a redução do contingente com melhor remuneração é mais que o dobro do que existia em 1996. Quanto à renda mensal desejada, a mesma redução de expectativas verificada na Região e no País manifesta-se nos três estados. Contentam-se em receber até dois mil dólares 13,2% no Paraná, 6,6% em Santa Catarina e 12,7% no Rio Grande do Sul. Na pesquisa anterior estes percentuais eram 4,1%, 2% e 2,6%, respectivamente. Os que desejam uma renda superior a quatro mil dólares por mês são 38,2% no Paraná, 44,6% em Santa Catarina e 36,7% no Rio Grande do Sul. Em 1996 estas porcentagens eram bem mais significativas: 69,1%, 78,3% e 73,3%, de acordo com a ordem prévia dos estados. Note-se que, embora a redução de expectativas seja comum a todos os estados, ela é menor em Santa Catarina. O piso salarial por 20 horas semanais de trabalho continua sendo considerado ideal na faixa de 1 a 2 mil dólares nos três estados (48,3% no Paraná, 51,9% em Santa Catarina e 45,3% no Rio Grande do Sul), pois na pesquisa prévia os médicos também revelaram sua preferência por esta mesma faixa (45,8%, 46,2% e 45,6%, respectivamente). No entanto, a pesquisa atual mostra que expressivos percentuais refletem a aceitação de um piso de até 1.000 dólares: 36%, 30,9% e 42,1% (respectivamente). Em 1996, esta aceitação não era tão pacífica, pois apenas 22,9% dos paranaenses, 12,3% dos catarinenses e 19,9% dos gaúchos contentar-se-iam com este salário. *** Em resumo, a maioria dos médicos sulistas está ativa e trabalha predominantemente em consultórios, apesar da redução deste contingente em 99 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 100 relação à pesquisa de 1996. No restante do País, os médicos atuam principalmente no setor público, que também sofreu redução nos estados do Sul, assim como a rede privada. Nos consultórios da Região Sul, a maioria tem vínculo com cooperativa tipo Unimed ou similar, em proporção maior que no País, e é bem menor o quantitativo que tem vínculo com seguradoras de saúde e medicinas de grupo. Também distinta da situação verificada no País, a docência em Medicina é exercida majoritariamente em IES privadas. Finalmente, os médicos da Região Sul estão trabalhando mais, em múltiplas atividades, e ganhando menos. Assim como em todo o País, as expectativas de renda diminuíram em relação à pesquisa passada. 100 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 101 5. ORIENTAÇÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIOPOLÍTICA Carlos Homero Giacomini Gerson Zafalon Martins Mauro Brandão Carneiro 101 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 102 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 103 A análise das variáveis que representam as questões relativas à orientação e participação sociopolítica dos médicos na Região Sul do País terá como base as distribuições das freqüências relativas, apresentadas em onze Tabelas. Com estas, procurar-se-á definir as regularidades encontradas para a Região Sul e os respectivos estados, estabelecendo algumas comparações significativas com a realidade nacional e, onde couber, com a pesquisa anterior (Machado, 1996). Na Tabela 5.1, um resumo geral deste capítulo. Tabela 5.1. Descrição da orientação e da participação sociopolítica dos médicos Variável Níveis F % Implantação do PSF na região Sim Não 1570 327 82,8 17,2 Favorabilidade ao sistema de convênios Nada favorável Pouco favorável Mais ou menos favorável Bastante favorável Totalmente favorável 165 414 807 467 95 8,7 21,8 42,4 24,0 3,1 Leitura de jornais impressos por entidades da categoria Sim Não 1818 92 95,2 4,8 Conhecimento do Código de Ética Médica em vigor Sim Não 1745 163 91,5 8,5 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Procurou-se saber se o PSF já havia sido implantado nas cidades e/ou regiões de atuação do médico, obtendo-se conforme a distribuição relativa dada um resultado positivo de 82,8%, semelhante ao do País (84,2%). No Paraná, 89,2% consideraram-no implantado, assim como 91,1% dos médicos de Santa Catarina e 70,8% do Rio Grande do Sul, o menor índice da Região. A opinião de médicos favoráveis ao sistema de convênios atingiu 27,1% (freqüência acumulada das respostas bastante e totalmente favorável), enquanto os que se mostraram desfavoráveis foram 30,5% (freqüência acumulada das respostas pouco e nada favorável). Como se percebe, existiu certo equilíbrio entre as opiniões extremas, situação bastante diferente da encontrada nacionalmente, onde a maioria (39,9%) mostrou-se bem mais desfavorável do que favorável (20,5%). 103 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 104 As opiniões favoráveis atingiram 24,2%, 26,2% e 30,8% no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, respectivamente. Confirmando a tendência ao equilíbrio entre os extremos, 31,5%, 31,3% e 28,8% mostraram-se desfavoráveis, seguindo a mesma ordem dos estados, sendo mais acentuado entre os gaúchos. Tanto a leitura de jornais impressos por entidades da categoria como o conhecimento do Código de Ética Médica em vigor obtiveram freqüências relativas elevadas, ou seja, a grande maioria dos médicos (95,2%) lê aqueles jornais, e 91,5% conhecem o Código de Ética Médica. Estas duas variáveis possuem similaridade estatística com as encontradas nacionalmente, respectivamente 94,1% e 91,1%. Em relação à pesquisa anterior, o nível de conhecimento do Código de Ética aumentou (79%; Machado, 1996, vol. I, p. 129). Dos médicos que atuam no Paraná, 94,5% deles lêem os jornais das entidades e 90,2% afirmam conhecer o Código de Ética. Em 1996, 83,2% o conheciam. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul a leitura dos jornais impressos é confirmada por 96,9% e 95%, respectivamente. O conhecimento do Código de Ética é relatado por 92,7% dos médicos de Santa Catarina, mesmo percentual do Rio Grande do Sul. Na pesquisa passada estes índices eram 77,9% e 76,7%, respectivamente (Machado, 1996). PARTICIPAÇÃO EM SOCIEDADES E SINDICATOS Para avaliar esta participação, procurou-se considerar as instituições de representação profissional com as quais os médicos tenham algum tipo de vínculo sistemático. A primeira instituição, Associação Médica local, apresentou uma freqüência de médicos a ela associada de 68,2%. Os motivos principais que apresentaram para se associar foi o de manterem-se informados (50,4%) e por exigência profissional (45,2%). Buscando a razão do porque não ser sócio, para os 31,8% dos médicos restantes, não-participantes da Associação, obteve-se um posicionamento dividido onde 57% responderam por ser oneroso e 43% disseram não ter interesse. Nos estados, os sócios são 62,3% no Paraná, 76,9% em Santa Catarina e 69,5% no Rio Grande do Sul. À exceção de Santa Catarina, que possuía 76,8% de sócios em 1996, também houve diminuição deste quantitativo nos outros dois estados nesses últimos oito anos (eram 71,2% no 104 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 105 Paraná e 74,1% no Rio Grande do Sul; Machado, 1996). As razões para se associar são as mesmas razões da Região, com percentuais semelhantes; e para não ser sócio, a razão principal também foi por ser oneroso para a maioria (média de 56,8%). Tabela 5.2. Participação em associações e sindicatos médicos no Sul Variável Níveis Sócio da Associação Médica local Sim Não F % 1301 607 68,2 31,8 Razão para não ser sócio Por ser oneroso da Associação Médica local Porque não tem interesse 314 237 57,0 43,0 Razão para ser sócio da Associação Médica local Manter-se informado Prestígio/status profissional Exigência profissional 681 69 526 53,4 5,4 41,2 Filiado ao Sindicato dos Médicos Sim Não 996 913 52,2 47,8 Razão para não ser filiado ao Sindicato dos Médicos Por ser oneroso Porque não tem interesse 317 547 36,7 63,3 Razão para ser filiado ao Sindicato dos Médicos Defesa dos interesses sindicais Prestígio/status profissional Proteção no exercício da Medicina 435 5 533 44,7 0,5 54,8 Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Os resultados são muito semelhantes aos do País, onde 67,2% são sócios da entidade e 54,6% justificam esta opção para manterem-se informados, e 41% por exigência profissional. Os não-sócios são 32,8%, e as razões alegadas dividem-se entre o ônus financeiro (50,8%) e a falta de interesse. Houve uma diminuição do número de associados em relação à pesquisa prévia (73,6%; Machado, 1996, vol. I, p. 138). A segunda instituição pesquisada, Sindicato dos Médicos, apresentou uma freqüência acentuadamente mais baixa de participação (52,2%), ou seja, 16% menos que o da Associação Médica local. Em 1996 o total de sindicalizados na Região era ainda menor (38,5%; Machado, 1996, vol. I, p. 136). Entre os sindicalizados, predominou a razão de defesa dos interesses sindicais (44,7%) e de proteção no exercício da Medicina (54,8%). A maioria dos médicos mostrou não ter interesse em ser filiado ao Sindicato (63,3%), sendo que apenas 32,7% afirmaram não estarem filiados por ser oneroso. 105 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 106 Há discrepâncias entre os estados quanto à filiação ao Sindicato. No Paraná e em Santa Catarina a maioria não é sócia (59,4% e 55,7%), mas, no Rio Grande do Sul, 69,4% dos pesquisados declararam-se filiados ao Sindicato dos Médicos. Em relação à pesquisa de 1996, o grupo dos nãofiliados era ainda maior no Paraná (71,4%) e em Santa Catarina (60,5%), e também entre os gaúchos, embora com cifra menor (54,2%) (Machado, 1996). Entre os sindicalizados, a maioria no Paraná (54,2%) e no Rio Grande do Sul (60,9%) apresenta como razão principal a proteção no exercício da profissão, enquanto 60,1% dos catarinenses alegam a defesa dos interesses sindicais. A parcela majoritária dos não-sócios justifica sua opção pela falta de interesse no Paraná (67,3%) e em Santa Catarina (69,1%), mas é o ônus financeiro o principal motivo dos gaúchos nãosindicalizados. Note-se que a falta de interesse é a razão principal dos que não se desejam sindicalizar, enquanto o fato de ser oneroso é o motivo alegado pela maioria para não se associar à Sociedade Médica. No caso do Rio Grande do Sul, onde a minoria não é sindicalizada, o principal argumento é também financeiro, sugerindo que há interesse em se filiar, mas não o fazem por falta de condições materiais. A filiação aos sindicatos também é baixa no País (57,6% não são sindicalizados). As razões para a filiação têm índices parecidos aos da Região Sul, mas em ordem inversa: 54,2% o fazem pela defesa dos interesses sindicais e 45,3% pela proteção no exercício profissional; para a nãofiliação, a maioria também justifica pela falta de interesse (67,6%). AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA A avaliação dos médicos sobre o nível de satisfação da necessidade social saúde da população foi realizada por meio de três indicadores ou variáveis, que estão na Tabela 5.3, na página a seguir.. É importante salientar a representatividade do posicionamento dos médicos sobre as condições de saúde e dos serviços de assistência à população, já que eles são agentes determinantes deste processo. Das três variáveis observadas, tem-se uma avaliação significativamente mais positiva para as condições da assistência materno-infantil, que alcançou 46,2%, em contraposição a 16,6% que respondem como 106 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 107 inadequadas1. Em seguida, têm-se as condições gerais de saúde da população, com uma avaliação de posicionamento adequado de apenas 19%, contra 25,5% que as consideram inadequadas. E, finalmente, sobre o atendimento às urgências e emergências, que alcançou o menor nível, apresentando 27,9% dos que responderam como adequado para 35,9% que o julgaram inadequado. Tabela 5.3. Percepção dos médicos sobre as condições de saúde e a adequação dos serviços de assistência à população de sua cidade e/ou região Variável Níveis Condições de saúde da população na região Nada adequadas Pouco adequadas Mais ou menos adequadas Bastante adequadas Plenamente adequadas 73 412 1057 348 13 3,8 21,7 55,5 18,3 0,7 Situação do atendimento Nada adequadas às urgências e emergências Pouco adequadas na região Mais ou menos adequadas Bastante adequadas Plenamente adequadas 196 488 691 467 64 10,3 25,6 36,2 24,5 3,4 Condições da assistência materno-infantil na região 63 253 705 737 138 3,3 13,3 37,2 38,9 7,3 Nada adequadas Pouco adequadas Mais ou menos adequadas Bastante adequadas Plenamente adequadas F % Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas. Quanto à avaliação por Estado, o Paraná e o Rio Grande do Sul reproduzem as opiniões da Região em todas as variáveis, inclusive com percentuais muito parecidos. Entretanto, Santa Catarina revela uma percepção mais positiva que seus vizinhos, tanto das condições de saúde quanto dos serviços de assistência à população. A assistência materno-infantil é adequada para 50,3% dos médicos do Estado, e as condições de saúde para 24,1%, enquanto 19,3% consideram estas inadequadas. O atendimento às urgências é a única variável que acompanha a Região, com percentuais semelhantes. Comparando os resultados acima com os obtidos nacionalmente, percebe-se que os médicos da Região Sul possuem uma percepção bem ¹ Para a obtenção dos resultados em percentuais, foi utilizado o mesmo critério adotado nas Tabelas anteriores, ou seja, a freqüência acumulada das respostas bastante com a plenamente adequada, e das respostas nada e pouco adequadas. 107 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 108 menos negativa das condições gerais de saúde, onde a média das três variáveis alcança para as condições inadequadas 26%, em contraposição à média nacional, que atingiu 42,8%. Esta percepção mostra-se bastante verdadeira quando correlacionada com o IDH das regiões brasileiras e, conseqüentemente, mostra a condição de representatividade da avaliação dos médicos sobre as condições de vida da população. Tanto é que a Região Sul apresenta o IDH mais elevado (0,808) do País (0,766). As demais regiões possuem os seguintes IDH: Centro-Oeste (0,793), Sudeste (0,791), Norte (0,725) e Nordeste (0,676)2. IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO SUS E DO PSF NA SAÚDE DA POPULAÇÃO Procurou-se neste estudo, conhecer a opinião dos médicos sobre o impacto do SUS e do PSF, tanto nas condições de saúde da população como em relação ao trabalho médico, e que fatores poderiam tornar mais eficazes as implantações destas estratégias de promoção da saúde pública. Foram definidas estas duas estratégias para a análise de impacto porque o SUS, de um lado, possui abrangência nacional, e de outro o PSF, que já é identificado por 84,2% pelos médicos do Brasil e em 82,8% pelos médicos da Região Sul como estando presente na cidade e/ou Região em que atuam (Tabela 5.1). IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO SUS A Tabela 5.4 da página seguinte, mostra a avaliação que os médicos fazem do SUS, onde se consideraram seis aspectos principais: cobertura da assistência, emprego médico, qualidade dos serviços, organização dos serviços, rendimentos médicos e condições de trabalho. Para cada aspecto os médicos deveriam indicar uma das seguintes opções: diminuiu/piorou, não se alterou ou aumentou/melhorou. No geral, a avaliação do processo de implantação do SUS foi considerada inadequada, pois dos seis fatores observados, em quatro deles os médicos indicaram majoritariamente diminuiu/piorou, a saber: rendimentos médicos (59,5%), condições de trabalho (50,2%), qualidade dos serviços ² Ver, IPEA/PNUD 2000. 108 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 109 (45,2%), organização dos serviços (37,1%), ainda que 30,3% tenham considerado que a qualidade não se alterou e 34% dos pesquisados acharam que a organização aumentou; somente em dois fatores a maioria considerou a opção aumentou/melhorou: a cobertura da assistência (55,7%) e o emprego médico (48,3). Tabela 5.4. Opinião dos médicos sobre as mudanças decorrentes da implantação do SUS Fatores de mudança Diminuiu/ piorou Direção da mudança Não se alterou Aumentou/ melhorou Cobertura da assistência 317 (19,6) 399 (24,7) 900 (55,7) Emprego médico 231 (14,6) 586 (37,1) 764 (48,3) Qualidade dos serviços 752 (45,2) 505 (30,3) 408 (24,5) Organização dos serviços 599 (37,1) 466 (28,9) 549 (34,0) Rendimentos médicos 943 (59,5) 525 (33,1) 116 (7,3) Condições de trabalho 806 (50,2) 601 (37,5) 197 (12,3) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam. No Paraná os rendimentos e as condições de trabalho pioraram para 59,6%, 52,3%, respectivamente. A qualidade dos serviços piorou para 44,6%, mas não se modificou para 42,2%, e a organização dos serviços aumentou para 35%, embora tenha piorado para 34%. A cobertura da assistência e o emprego melhoraram/aumentaram para a maioria: 58,4% e 50,5%. Em Santa Catarina os rendimentos diminuíram para a maioria (57,7%), e as condições de trabalho para 46,9%, contra 40,7% que consideram não terem-se modificado. A qualidade dos serviços piorou para 42,2%, mas não se modificou para 30,4%, e a sua organização melhorou para 35%, contra 32% que consideram ter piorado. A cobertura da assistência e o emprego melhoraram/aumentaram para a maioria: 56,7% e 55%. 109 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 110 No Rio Grande do Sul as avaliações são um pouco mais pessimistas: os rendimentos e as condições de trabalho pioraram para 60,5% e 50%, respectivamente; a qualidade e a organização dos serviços pioraram para 47,5% e 41,4%, respectivamente, embora a primeira não tenha-se modificado para 29,1%, e a segunda aumentado para 33%. A cobertura da assistência aumentou para 52,2%, e o emprego médico apenas para 42,2%, pois 41,9% consideraram que ele não se alterou. Estatisticamente, pode-se considerar que a opinião dos médicos da Região Sul sobre as mudanças decorrentes da implantação dos SUS não se diferencia das opiniões em nível nacional. Daí que, é possível concluir que a repercussão da implantação do SUS sobre o trabalho médico acarretou antes a sua deterioração do que sua melhora. IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO PSF Na Tabela 5.5, possuidora dos mesmos critérios estatísticos de fatores e opções de respostas estabelecidos na Tabela 5.4, pode-se observar que o PSF, como programa de saúde, possui uma apreciação bem mais positiva dos médicos, regularidades também constatadas em nível nacional. Tabela 5.5. Opinião dos médicos sobre as mudanças decorrentes da implantação do PSF Fatores de mudança Diminuiu/ piorou Direção da mudança Não se alterou Aumentou/ melhorou Cobertura da assistência 38 (3,3) 297 (25,6) 825 (71,1) Emprego médico 51 (4,3) 277 (23,3) 861 (72,4) Qualidade dos serviços 216 (19,6) 442 (40,1) 444 (40,3) Organização dos serviços 182 (17,1) 433 (40,5) 452 (42,4) Rendimentos médicos 284 (26,5) 432 (40,4) 355 (33,1) Condições de trabalho 291 (28,0) 545 (52,3) 205 (19,7) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas por centagens. Estas foram computadas em função do total que efetivamente respondeu. 110 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 111 Indicaram, então, um aumento/melhora do emprego médico (72,4%) e da cobertura da assistência (71,1%). E, em média, 43% dos médicos indicaram que não se alteraram os fatores da qualidade dos serviços, da organização dos serviços, dos rendimentos médicos e das condições de trabalho. Apenas nestes dois últimos fatores obtiveram-se freqüências relativas que relataram ter havido uma piora, respectivamente de 26,5% e 28,0%. Estes resultados são praticamente os mesmos resultados do conjunto do País. Nos três estados, expressiva maioria também considerou terem aumentado a cobertura da assistência (69,6% no Paraná, 75% em Santa Catarina e 70% no Rio Grande do Sul) e o emprego médico (72,1%, 82,1% e 64%, respectivamente). Note-se que a freqüência menor observada entre os gaúchos para o emprego corresponde ao menor índice de implantação do PSF no Estado, em comparação com os outros dois. A evolução da qualidade dos serviços dividiu a opinião dos médicos nos três estados: no Paraná e no Rio Grande do Sul, respectivamente 39,9% e 42,8% acham que melhorou, mas 39,7% e 41,8% consideram que não se modificou; em Santa Catarina, para 38,9% não houve mudança, embora 37,8% acham que a qualidade melhorou. A organização também dividiu as opiniões: respectivamente, 41,8%, 42,9% e 42,8% consideram que melhorou no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, contra 40,4%, 40,6% e 40,9% que a julgam inalterada, segundo a mesma ordem dos estados. Os rendimentos não sofreram alteração para 39% dos médicos do Paraná, embora uma freqüência idêntica indique que aumentaram; em Santa Catarina ocorreu o inverso, pois 39% acham que não se modificaram, contra 31,8% que os consideraram diminuídos. No Rio Grande do Sul, para 43,7% não houve alteração nos rendimentos, mas 28,8% acham que diminuíram e 27,5%, que aumentaram. AÇÕES PARA MELHORAR O PSF Finalmente, a Tabela 5.6, da página seguinte, aponta as freqüências relativas sobre o que pensam ou opinam os médicos acerca da prioridade de implementação de fatores que assegurariam a eficácia do PSF. Estas opiniões são relevantes porque, para os médicos, esta estratégia de saúde pública, como foi constatada, resulta em melhores benefícios sociais, tanto para a população quanto para seu grupo profissional. 111 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 112 Tabela 5.6. Opinião dos médicos sobre a prioridade de implementação de fatores que assegurariam a eficácia do PSF Fatores Nada prioritário PRIORIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO Pouco Mais ou Muito prioritário menos prioritário prioritário Total prioridade Vínculo trabalhista 62 (4,0) 49 (3,2) 248 (16,0) 304 (19,5) 888 (57,3) Estabilidade no emprego 98 (6,3) 73 (4,7) 279 (18,0) 294 (18,9) 808 (52,1) Plano de carreira 42 (2,7) 41 (2,6) 179 (11,5) 323 (20,8) 965 (62,3) Critérios de seleção para acesso 24 (1,6) 25 (1,6) 222 (14,3) 271 (17,5) 1006 (65,0) Infra-estrutura 14 (0,9) 15 (1,0) 106 (6,8) 216 (14,0) 1192 (77,3) Remuneração 13 (0,8) 12 (0,8) 86 (5,5) 227 (14,7) 1210 (78,2) Condições de trabalho 12 (0,8) 14 (0,9) 75 (4,8) 185 (12,0) 1260 (81,5) Hierarquia na equipe 45 (2,9) 68 (4,4) 355 (23,2) 367 (23,8) 704 (45,7) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam. Foram considerados oito fatores frente aos quais os médicos deveriam indicar sua prioridade de implementação, utilizando uma escala de respostas com cinco pontos, indo de 1 = Nada prioritário a 5 = Totalmente prioritário. Para facilitar a comunicação dos resultados, decidiu-se agrupar as respostas extremas em não-prioritário (freqüência acumulada das respostas nada e pouco prioritárias) e prioritário (muito e totalmente prioritário). Este último nível de escala concentrou a maioria das respostas, que obtiveram os seguintes resultados, em ordem decrescente de prioridades: condições de trabalho (93,5%), remuneração (92,9%), infra-estrutura (91,3%), plano de carreira (83,1%), critérios de seleção para acesso (82,5%), vínculo trabalhista (76,8%), estabilidade de emprego (71,0%) e hierarquia na equipe (69,5%). Nos três estados, os oito fatores também foram considerados totalmente prioritários pela maioria dos médicos. Seguindo a metodologia ado- 112 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 113 tada, onde as opções muito e totalmente prioritárias foram agrupadas, podemos observar as freqüências encontradas em cada Estado da Região na Tabela 5.7, a seguir: Tabela 5.7. Prioridades de implementação dos fatores que assegurariam a eficácia do PSF, observadas nos estados da Região Sul, em percentuais Estados Cond. Remu- Infrade neração estrutura Trabalho Prioridade de implementação Plano Critério Vínculo Estabide Seleção lidade Carreira Acesso Hierarquia na equipe PR 93,7 93 90,9 80,7 78,8 75,5 73 68,6 SC 94,9 94,4 93,3 87,5 86,1 80 71 73 RS 92 91,4 90,2 83,1 84,9 76,3 68,2 68,4 Notas: Percentuais de respostas válidas As mudanças nas condições de trabalho e da infra-estrutura certamente estão relacionadas, entre outros fatores, às dificuldades hoje enfrentadas pelos médicos como a falta de um sistema adequado de referência e contra-referência para encaminhar os pacientes atendidos e o excessivo contingente da população destinado a cada equipe. Entre os fatores de ordem trabalhista, merece destaque às questões do vínculo, da estabilidade e do plano de carreira, inexistentes em muitos municípios e que são ameaças concretas ao êxito do Programa. A hierarquia na equipe, fator relacionado à preservação do ato médico, também é sentido pela maioria como indispensável ao sucesso do PSF. O SISTEMA DE CONVÊNIOS E A PRÁTICA MÉDICA O sistema de convênios impacta significativamente sobre o nível de benefícios alcançados pela população na área da necessidade social referente à saúde. Como os médicos representam um agente decisivo deste processo, é óbvio que existe um impacto também sobre suas condições de trabalho. É por isto que se pesquisou sobre sete possíveis conseqüências deste sistema a fatores ligados à prática médica (Tabela 5.8, da página seguinte). As conseqüências ou impactos negativos apresentados deram-se no aumento da burocracia no consultório (85,6%) e nos aspectos que diminuíram/pioraram, destacando-se a liberdade de fixação dos honorários 113 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 114 (84,2%) e a autonomia profissional (73,9%); também diminuíram a liberdade de escolha para o paciente (44,1%); a facilidade de internação e exames (43,7%) e a abertura de mercado de trabalho (36,1%), embora também sejam expressivos os que consideram que tenham aumentado (36,5%, 33,5% e 34,2%, respectivamente); e finalmente a clientela certa, que não se alterou para 36,9%, mas diminuiu para 33,8%. Tabela 5.8. Opinião dos médicos sobre as conseqüências do sistema de convênios em fatores ligados à prática médica Direção da mudança Não se alterou Fatores de mudança Diminuiu/ piorou Aumentou/ melhorou Liberdade de escolha para o paciente 808 (44,1) 356 (19,4) 670 (36,5) Abertura de mercado de trabalho 643 (36,1) 528 (29,7) 608 (34,2) Autonomia profissional 1359 (73,9) 343 (18,7) 137 (7,4) Facilidade de internação e exames 794 (43,7) 415 (22,8) 610 (33,5) Burocracia no consultório 61 (3,4) 200 (11,0) 1550 (85,6) Liberdade de fixação dos honorários 1530 (84,2) 236 (13,0) 52 (2,9) Clientela certa 584 (33,8) 638 (36,9) 506 (29,3) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam. O quadro é semelhante nos três estados, com algumas variações percentuais. A liberdade de fixação dos honorários e a autonomia profissional diminuíram para a maioria (84,3% e 74,6% no Paraná, 85,6% e 71,9% em Santa Catarina, 83,1% e 74,3% no Rio Grande do Sul), assim como a burocracia no consultório, que aumentou para 84,7% no Paraná, 88,1% em Santa Catarina e 85,1% no Rio Grande do Sul. A liberdade de escolha para o paciente e a facilidade de internação e exames também diminuíram para 42,1% e 45,4% no Paraná; 42% e 41,8% em Santa Catarina; e 47,5% e 42,6% no Rio Grande do Sul, embora estes mesmos fatores tenham aumentado para 38,8% e 32,5%, 37,9% e 34,7% 114 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 115 e para 33,2% e 34%, respectivamente. O mercado de trabalho diminuiu para 41,7% dos paranaenses, mas aumentou para 30,2%. Em Santa Catarina, 42% acham que aumentou, mas dois grupos (de 29% cada) consideram que não se alterou ou diminuiu. Entre os gaúchos, a divisão de opiniões foi maior: 34,1% acham que diminuiu, um contingente idêntico acha que aumentou e para 31,8% não houve mudanças. Finalmente, a clientela certa diminuiu para 36,9% no Paraná e para 35,2% no Rio Grande do Sul, mas aumentou para 30,7% em Santa Catarina. Porém, ela não se modificou para 43,6% neste Estado, e para 35,4% e 35,2% nos outros dois, respectivamente. Em síntese, os dados acima mostram que existe uma posição adversa dos médicos ao sistema de convênios, embora mais branda que em nível nacional, onde mais da metade dos médicos pesquisados manifestaram sua percepção negativa em cinco dos sete itens avaliados: aumento da burocracia (83,4%) e diminuição/piora da autonomia (78%), da liberdade de fixação dos honorários (83,6%), da liberdade de escolha para o paciente (52,3%) e da facilidade de internação e exames (50,7%). O mercado de trabalho e a clientela certa apresentaram percentuais semelhantes aos da Região. Pode-se concluir que estes resultados parecem apoiar a idéia de um sistema que aprisiona os médicos, impondo-lhes amarras e quiçá, modificando sua condição de profissional liberal para a de trabalhador informal da iniciativa privada. A INSERÇÃO SOCIOPOLÍTICA DAS ENTIDADES MÉDICAS Neste tópico, procurou-se conhecer a inserção que as entidades médicas (CFM/CRM, FENAM/Sindicato Médico, AMB/Associação Médica e Sociedades de Especialidades) têm entre os médicos, ao tempo em que se dão subsídios à implementação de políticas que procurem resgatar e/ou estreitar as relações que essas presumivelmente têm com os seus filiados. Esta inserção foi avaliada sob dois aspectos: os jornais por elas impressos e a sua atuação direta. JORNAIS DAS ENTIDADES MÉDICAS No início deste capítulo vimos que 95,2% dos médicos do Sul lêem os jornais de suas entidades. Por meio da Tabela 5.9, na página seguinte, pode-se visualizar quais são estes jornais e qual o grau de importância que lhes conferem. 115 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 116 Tabela 5.9. Leitura e importância atribuída a jornais impressos das entidades médicas Jornais entidades Leitura Sim Não Nenhuma Grau de importância Pouca Mediana Muita Total Jornal do CFM 1715 (96,5) 63 (3,5) 13 (0,7) 145 (8,3) 650 (37,1) 754 (43,0) 192 (10,9) Jornal da FENAM 163 (10,0) 1462 (90,0) 152 (27,1) 182 (32,4) 164 (29,3) 45 (8,0) 18 (3,2) Jornal da AMB 1295 (75,9) 412 (24,1) 30 (2,1) 190 (13,2) 612 (42,3) 492 (34,1) 120 (8,3) Jornal da sociedade da especialidade (nacional) 1459 (85,1) 256 (14,9) 19 (1,2) 51 (3,3) 279 (18,0) 790 (50,8) 414 (26,7) Jornal do CRM 1578 (92,3) 131 (7,7) 28 (1,7) 168 (10,2) 567 (34,4) 662 (40,1) 225 (13,6) Jornal do sindicato do estado ou município 933 (55,4) 750 (44,6) 118 (10,1) 246 (21,0) 348 (29,7) 326 (27,8) 133 (11,4) Jornal da associação ou sociedade médica do estado 1147 (68,0) 540 (32,0) 69 (5,2) 264 (20,0) 526 (39,9) 364 (27,6) 97 (7,3) Jornal da sociedade da especialidade (estadual) 1117 (66,4) 564 (33,6) 58 (4,5) 118 (9,2) 313 (24,4) 540 (42,2) 252 (19,7) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam. Quanto à leitura dos jornais, obteve-se o seguinte ranking dos mais lidos: o do Conselho Federal de Medicina (96,5%), o do Conselho Regional de Medicina (92,3%), o da Sociedade da Especialidade Nacional (85,1%), o da Associação Médica Brasileira (75,9%), o da Sociedade Médica do Estado (68,0%), o da Sociedade da Especialidade Estadual (66,4%) e o do Sindicato dos Médicos (55,4%). A maioria não lê o Jornal da FENAM (90%). Sobre o grau de importância destes jornais, por meio da freqüência acumulada muita e total importância obtiveram-se o seguinte ranking de prioridades: o da Sociedade da Especialidade Nacional (77,5%), o da Sociedade da Especialidade Estadual (61,9%), o do Conselho Federal de Medicina (53,9%), e o do Conselho Regional de Medicina (53,7%), O Jornal da FENAM foi considerado sem importância pela maioria (59,5%; resultado da soma das freqüências pouca e nenhuma importância). 116 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 117 Os jornais da AMB e do Sindicato Médico local também foram considerados importantes (soma das freqüências muita e total importância) por 42,4% e 39,2%, sendo que 42,3% atribuem importância mediana ao Jornal da AMB e 31,1% consideram o do Sindicato como sem importância. O Jornal da Associação Médica estadual foi considerado como de importância mediana por 39,9%, embora 34,9% o vejam como muito importante. Os médicos do Paraná revelaram o seguinte ranking dos jornais mais lidos: CFM (97,4%), CRM (92,4%), AMB (84,6%), Sociedades da Especialidade nacional (84,3%) e estadual (64,4%), e da Associação Médica (63,5%). Não lêem os jornais da FENAM (90,8%) e do Sindicato Médico (67,9%). Quanto ao grau de importância, e de acordo com a metodologia adotada, foram considerados importantes pela maioria dos paranaenses os jornais das Sociedades da Especialidade nacional (79%) e estadual (64,9%), seguidos dos jornais do CRM (56,5%) e do CFM (55,5%). Também foi avaliado como importante o da AMB (46,2%), embora 40,5% lhe atribuam importância mediana; o da Associação Médica também é de mediana importância para 41,1%, mas 31,5% o julgam importante. Os jornais da FENAM e do Sindicato Médico foram avaliados como sem importância (57,7% e 52%). Em Santa Catarina, os mais lidos são o Jornal do CFM (95,9%), o do CRM (95,5%), o da Sociedade da Especialidade nacional (88,8%), o da AMB (78,1%), o da Associação Médica estadual (73,5%), o da Especialidade estadual (60,5%) e o do Sindicato Médico local (58,8%). Os catarinenses não lêem o Jornal da FENAM (87,1%). Para os catarinenses, são importantes os jornais das Sociedades da Especialidade nacional (82,6%) e estadual (59,4%), seguidos do jornal do CFM (54,1%) e do CRM (52,3%). Também foi assim considerado o jornal do Sindicato Médico (33,4%), embora 31,8% lhe atribuam importância mediana. Os jornais da AMB e da Associação Médica do Estado também tiveram avaliação mediana (46,3% e 41,1%, respectivamente), embora 41,7% e 32,8% os tenham considerado importantes. O jornal da FENAM foi avaliado pela maioria (55,8%) como não-importante. No Rio Grande do Sul, a maioria lê, pela ordem, os seguintes jornais impressos: CFM (95,8%), CRM (90,3%), da Sociedade da Especialidade nacional (83,7%), o do Sindicato Médico local (77,9%), da Especialidade estadual (72,2%), Associação Médica estadual (69,5%) e o da AMB (64,9%). A maioria não lê o Jornal da FENAM (90,8%). 117 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 118 O grau de importância foi estabelecido pela maioria dos gaúchos na seguinte ordem: são importantes os jornais das Sociedades da Especialidade nacional (72,9%) e da estadual (60%), seguidos do jornal do Sindicato Médico (53,6%), do CFM (52,2%) e do CRM (51,6%). O jornal da Associação Médica estadual foi avaliado como importante por 39,6%, embora 39% lhe atribuam importância mediana; neste mesmo grau foi julgado o jornal da AMB (42,2%), mas 37,9% o consideram importante. São 62,6% os que julgam o jornal da FENAM sem importância. Os médicos de todo o Brasil também lêem com maior freqüência os jornais dos Conselhos (97,3%, o do CFM e 91,5%, o do CRM), seguidos dos jornais das Sociedades das Especialidades nacionais (83,1%), da AMB (72,9%), das Sociedades das Especialidades estaduais (63,3%) e, finalmente, das Associações Médicas (57,2%). Não lêem os jornais sindicais (72,9% o da FENAM e 61,1% o dos Sindicatos). O grau de importância é semelhante ao atribuído pela Região, destacando-se os jornais das Sociedades de Especialidades (78% para as nacionais e 63,3% as estaduais) e os dos Conselhos (58,6% os dos Regionais e 58,1% o do CFM). Os da AMB, Associações Médicas e Sindicatos dividem-se entre importantes e de importância mediana. O único que é julgado sem importância é o jornal da FENAM (51,5%). Observa-se neste tópico que os médicos da Região, em especial do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, diferentemente da média do País, lêem os jornais dos seus Sindicatos, com destaque para o dos gaúchos que, inclusive, lhe atribuem grau de importância bem mais elevado quando comparado com as freqüências dos demais estados e do País. ATUAÇÃO DAS ENTIDADES MÉDICAS Quanto à avaliação da atuação das entidades (Tabela 5.10), apresentaram-se cinco opções de respostas para os médicos, variando de 1 = Péssima a 5 = Excelente. Decidiu-se reduzir estes níveis, agrupando os dois pontos de cada extremo da escala, ficando expresso como insatisfatória (péssima e ruim) e satisfatória (boa e excelente). Na Região, as atuações predominantemente satisfatórias são dos Conselhos Regional (49,0%) e Federal de Medicina (47,6%). A Associação Médica Brasileira teve sua atuação avaliada como mais ou menos por 40,3%, enquanto 35,4% a consideraram satisfatória. Por outro lado, têm- 118 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 119 se as entidades cujas atuações foram julgadas mais insatisfatórias: a Federação Nacional dos Médicos (43,8%), o Sindicato Médico (43,4%) e a Associação Médica estadual (36,1%), muito embora a FENAM e a Associação Médica tenham tido avaliações mais ou menos por 42,2% e 35,3%, respectivamente, e a do Sindicato Médico tenha sido avaliada como satisfatória por 32,4%. A Associação Médica Municipal teve sua atuação considerada insatisfatória pela maioria (59,3%). Tabela 5.10. Avaliação geral dos médicos sobre a atuação das entidades médicas ENTIDADES MÉDICAS Péssima AVALIAÇÃO DA ATUAÇÃO Ruim Mais Boa ou menos Excelente Conselho Federal de Medicina 59 (3,1) 214 (11,2) 723 (38,1) 732 (38,4) 176 (9,2) Conselho Regional de Medicina 98 (5,2) 262 (13,8) 608 (32,0) 715 (37,5) 219 (11,5) Federação Nacional dos Médicos 258 (14,4) 526 (29,4) 756 (42,2) 214 (11,9) 37 (2,1) Sindicato médico 390 (20,7) 428 (22,7) 454 (24,2) 356 (18,9) 255 (13,5) Associação Médica Brasileira 116 (6,2) 339 (18,1) 756 (40,3) 532 (28,4) 131 (7,0) Associação Médica Estadual 219 (11,9) 447 (24,2) 653 (35,3) 428 (23,2) 99 (5,4) Associação Médica Municipal 555 (33,1) 439 (26,2) 469 (28,0) 169 (10,1) 43 (2,6) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam. A atuação considerada mais satisfatória entre as entidades do Sul do País foi a do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (65,3%). No Paraná a avaliação do Sindicato foi insatisfatória para 69%, e em Santa Catarina para 48,1%. A da FENAM foi avaliada como predominantemente insatisfatória no Paraná (45%) e no Rio Grande do Sul (44,8%), enquanto em Santa Catarina foi mais ou menos para 44,6%. O CFM teve sua atuação julgada predominantemente satisfatória no Paraná (47,9%) e no Rio Grande do Sul (47,7%), e em Santa Catarina atingiu 52,3% dos respondentes. As atuações dos Conselhos Regionais 119 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 120 foram consideradas satisfatórias pela maioria em Santa Catarina (52%) e no Rio Grande do Sul (50,1%), enquanto no Paraná o foi por 46,7%. No outro extremo, as Associações Médicas municipais foram avaliadas com atuações insatisfatórias por ampla maioria nos três estados (56,9% no Paraná, 61,2% em Santa Catarina e 61,1% no Rio Grande do Sul). A AMB teve suas ações consideradas mais ou menos por 39,7% no Paraná, 38,7% em Santa Catarina e 42% no Rio Grande do Sul, enquanto as avaliaram como satisfatórias 34,6%, 38,2% e 34,7%, respectivamente). Por fim, o julgamento das atuações das Associações Médicas regionais foi bastante dividido, em todos os estados: no Paraná e em Santa Catarina predominaram as avaliações insatisfatórias para 38,8% e 36,3%, respectivamente, embora 36,8% e 32,6% as tenham considerado mais ou menos; e no Rio Grande do Sul 35,4% avaliaram a atuação de sua Associação Médica como mais ou menos, contra 33% que a julgaram insatisfatória. PERCEPÇÃO DOS MÉDICOS SOBRE O FUTURO DA SUA PROFISSÃO Para conhecer o que pensam os médicos acerca do futuro de sua profissão foram apresentadas nove expressões, com cinco opções de resposta para cada uma (tabela 5.11, na página seguinte). Para facilitar a interpretação dos resultados, resolveu-se agrupar os extremos da escala de respostas, de modo que as opções nada e pouco geraram a categoria não define, e as opções muito e totalmente foram categorizadas como define. Conforme assinalado no livro O Médico e seu Trabalho (CFM, 2004, p. 111), foram excluídos os participantes que não responderam a todas as palavras, e portanto as porcentagens refletem apenas os casos válidos. Vale ressaltar que, na pesquisa prévia (Machado, 1996, p. 140), foram incluídos os que não responderam, mas para efeito comparativo as porcentagens daquele estudo foram recalculadas, com a exclusão deste segmento. De acordo com a metodologia adotada, os médicos da Região Sul têm uma visão mais pessimista do futuro da profissão (45,8%) do que otimista (13,2%). São percentuais muito semelhantes aos registrados no âmbito nacional (45,7% e 14,7%), porém com uma variação do contingente de otimistas revelado na pesquisa anterior para a Região, cujos percentuais foram 46,8% e 18,5%, respectivamente (Machado, 1996, vol. I, p. 140). 120 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 121 Tabela 5.11. Percepção sobre o quanto algumas palavras definem o futuro da sua profissão PALAVRAS Nada MAGNITUDE COM QUE DEFINE Pouco Mais Muito ou menos Incerteza 50 (2,6) 165 (8,6) 500 (26,2) 939 (49,2) 255 (13,4) Assalariamento 33 (1,7) 217 (11,4) 371 (19,4) 1005 (52,7) 282 (14,8) Central de Convênios 43 (2,3) 174 (9,1) 441 (23,1) 987 (51,7) 263 (13,8) Otimismo 179 (9,4) 916 (48,0) 561 (29,4) 195 (10,2) 57 (3,0) Competência 18 (0,9) 334 (17,5) 610 (32,1) 576 (30,2) 369 (19,3) Convênio 41 (2,1) 155 (8,1) 399 (20,9) 980 (51,4) 333 (17,5) Tecnologia 4 (0,2) 70 (3,7) 303 (15,9) 1111 (58,3) 417 (21,9) Cooperativa 35 (1,8) 143 (7,5) 605 (31,7) 912 (47,8) 213 (11,2) Pessimismo 108 (5,7) 309 (16,2) 616 (32,3) 717 (37,6) 157 (8,2) Totalmente Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam. O otimismo e o pessimismo foram as duas palavras principais utilizadas para definir o futuro da profissão na pesquisa prévia (Machado, 1996). No entanto, vale destacar que os médicos do Sul vêem também como significativas para o seu futuro a tecnologia (define para 80,2%), a Central de Convênios (define para 65,5%), a Cooperativa médica (define para 59%) e a competência (define para 49,5%). Por outro lado, também estão presentes nesta definição a inevitável coexistência com o sistema de convênios com planos privados de saúde (define para 68,9%), o assalariamento (67,5%), a incerteza (62,6%). Analisando os dados nacionais, podemos afirmar que estas palavras também significam muito para o futuro da profissão dos médicos de todo o País, e na mesma ordem: tecnologia (define para 77,5%), Central de Convênios (define para 60,1%), Cooperativa médica (define para 51,8%) e 121 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 122 competência (define para 46%). Também marcam presença na definição o assalariamento (62,2%), o sistema de convênios (61,4%) e a incerteza (59,9%). Vale destacar que a Central de Convênios e a Cooperativa médica definem mais o futuro da profissão para os sulistas do que para os médicos do resto do País, da mesma forma que os convênios privados e o assalariamento. O pessimismo define o futuro da profissão para 48,1% dos médicos do Paraná, para 45,4% de Santa Catarina e para 43,5% do Rio Grande do Sul, enquanto o otimismo é definidor para 13,4%, 11,4% e 14,1%, respectivamente. A visão pessimista é maior no Paraná e menor no Rio Grande do Sul em comparação com a Região e o País. Em relação à pesquisa anterior (Machado, 1996), podemos constatar que a percepção pessimista aumentou no Paraná (45% à época), mantevese inalterada em Santa Catarina (45,3%) e diminuiu no Rio Grande do Sul (47,3% em 1996). Por outro lado, o otimismo diminuiu nos três estados: era definidor para 20,8% no Paraná, para 19% em Santa Catarina e para 16,6% entre os gaúchos. Quanto aos demais quesitos assinalados para definir o futuro da profissão, a tecnologia define para a maioria no Paraná (77,8%), em Santa Catarina (79,7%) e no Rio Grande do Sul (83,2%), seguida da Central de Convênios (64,9%, 66% e 65,8%, respectivamente) e da Cooperativa (57,6%, 60,4% e 59,6%). São expressões que traduzem a esperança para o sucesso profissional, com destaque para a Central de Convênios, entendida pela maioria como instrumento capaz de regular o sistema a favor dos médicos. Por fim, a competência é definidora para 47% no Paraná, 48,6% em Santa Catarina e 52,9% no Rio Grande do Sul. No entanto, o sistema de convênios também está a definir o futuro dos médicos do Paraná (66,8%), de Santa Catarina (67,2%) e do Rio Grande do Sul (72,1%), acompanhado do assalariamento (63,5%, 71,3% e 69,4%, respectivamente) e da incerteza (61,9%, 65,3% e 61,7%, para cada Estado, na ordem acima). Confrontando as respostas dos médicos destes três estados com os dois universos estudados, verificamos que o sistema de convênios está mais presente na realidade dos médicos do Sul do que no restante do País, com destaque para o Rio Grande do Sul que está acima da média da Região. Talvez por isso a Central de Convênios e a Cooperativa definam mais o futuro para eles. Também relevante é a elevada freqüência do assalaria- 122 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 123 mento nos três estados, com Santa Catarina e Rio Grande do Sul bem acima da média do País. Os catarinenses também se destacam quanto à incerteza acerca do futuro da profissão. *** Em resumo, o PSF está presente na Região para mais de 80% dos médicos, com exceção do Rio Grande do Sul onde o ritmo de implantação parece ser menos intenso. Os sulistas são mais favoráveis ao sistema de convênios que seus colegas do País. Os gaúchos apresentam elevado índice de filiação ao Sindicato Médico local, destoando da média nacional e da Região. As condições de saúde e de atendimento à população na Região são melhores que a do restante do País, na opinião dos médicos com destaque para Santa Catarina, a melhor avaliação entre os estados. Os impactos da implantação do SUS e do PSF são semelhantes aos do País. Quanto à inserção sociopolítica das entidades médicas, novamente destaca-se o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, tanto pelo índice de sindicalizados quanto pela presença de seu jornal na categoria. Por fim, assim como no restante do País, os médicos do Sul vêem com pessimismo o futuro da profissão, e o sistema de convênios marca significativamente esse futuro, juntamente com os instrumentos de mobilização e organização da classe: a Central de Convênios e a Cooperativa Médica. 123 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 124 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 125 6. ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS Carlos Homero Giacomini Valdiney Veloso 125 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 126 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 127 Neste bloco, são analisados os valores humanos que servem como princípios-guia no cotidiano dos médicos que atuam na Região Sul do Brasil, bem como é contemplada a satisfação que estes indicam com suas vidas. As condições de trabalho e vidas destes profissionais, mesmo sem serem excepcionais, são um pouco melhores que as daqueles de outras Regiões, permitindo assim pensar em orientações axiológicas mais intrínsecas (por exemplo, endossando valores como afetividade e conhecimento), com conseqüente maior magnitude de bem-estar subjetivo (Kasser & Ahuvia, 2002; Kasser & Ryan, 1996). Oferecem-se nas próximas páginas as evidências que apóiam tais conjeturas. Contudo, antes mesmo de apresentar os resultados é fundamental que se compreenda o que se está denominando aqui de valores humanos. VALORES QUE NORTEIAM A VIDA DOS MÉDICOS NO SUL É comum na literatura pensar em valor como tudo que vale (por exemplo, dinheiro, casa, carro etc.) ou é importante para a pessoa (trabalho, estudo, família etc.). Este entendimento, no entanto, traz um inconveniente claro: ao igualar os valores aos objetos, ter-se-iam tantos valores como objetos na realidade, o que significa um número tendente ao infinito. Esta concepção não é a que se sustenta neste livro. Os valores são aqui pensados não como qualidades inerentes aos objetos, mas princípios-guia, orientações axiológicas. Entretanto, o leitor logo se questionará acerca do número destes, isto é, perguntar-se-á se não existe igualmente um número infinito de princípios que podem guiar a vida das pessoas. Porém, não tardará em se dar conta da parcimônia do presente modelo quando tiver em conta sua fonte comum de origem: as necessidades humanas básicas. Portanto, em acordo com algumas das concepções recentes na literatura, os valores são considerados como representações cognitivas das necessidades, expressando estados finais de existência (Gouveia, 2003; Schwartz, 2002). O modelo teórico que ora se apresenta sobre os valores propõe que estes sejam organizados de acordo com três critérios de orientação (pessoal, central e social) e dois tipos de motivadores (materialista e pós-materialista, humanista), que se combinam para formar seis funções psicossociais que orientam a vida dos médicos, como representadas na Figura 1 a seguir (Gouveia e Pinheiro, 2004). 127 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 128 Figura 1. Modelo hexagonal das funções valorativas. De acordo com esta figura, no meio aparecem os valores centrais; no lado inferior constam aqueles mais materialistas, no caso os de existência (estabilidade pessoal, saúde e sobrevivência), e no superior os humanistas, concretamente os suprapessoais (beleza, conhecimento, justiça social e maturidade). À esquerda figuram os valores sociais, sendo que acima estão os interacionais (afetividade, apoio social, convivência e honestidade), que são mais orientados às relações interpessoais e ao afeto, e abaixo os normativos (obediência, ordem social, religiosidade e tradição), cujo foco de atenção é o cumprimento do dever, a obediência aos padrões seculares. Finalmente, à direita situam-se os valores pessoais; os de realização (autodireção, êxito, poder, prestígio e privacidade) localizam-se mais próximos do extremo materialista, indicando que se buscam coisas materiais, enquanto aqueles de experimentação (emoção, estimulação, prazer e sexual) aproximam-se dos valores humanistas (suprapessoais); neste caso, busca-se o desfrute da vida e o gozo das emoções, sem preocupação a longo prazo. Tendo estas categorias ou funções psicossociais em mente, procurase a seguir conhecer os valores que norteiam a vida dos médicos que atuam no Sul do Brasil. Neste sentido, a Tabela 6.1 traz a distribuição da freqüência das suas respostas a propósito dos 24 valores básicos aos quais atribuíram uma pontuação que se situa entre 1 = Decididamente nãoimportante a 7 = Extremamente importante. Cabe destacar que os resultados são analisados em dois níveis de importância: nada importante (somatório das respostas decididamente não-importante e não-importante) e totalmente importante (somatório das respostas muito importante e extremamente importante). 128 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 129 Tabela 6.1. Valores humanos que guiam a vida dos médicos que atuam no Sul Escala de resposta Pouco Mais ou Imporimpor- menos tante tante importante Decididamente nãoimportante Não importante Justiça Social 4 (0,2) 3 (0,2) 15 (0,8) 61 (3,2) 363 (19,0) 493 (25,8) 972 (50,9) Sexual 7 (0,4) 5 (0,3) 23 (1,2) 104 (5,4) 494 (25,9) 679 (35,5) 599 (31,3) Êxito 2 (0,1) 1 (0,1) 6 (0,3) 46 (2,4) 392 (20,5) 735 (38,5) 727 (38,1) Apoio Social 0 (0,0) 3 (0,2) 21 (1,1) 86 (4,5) 405 (21,2) 720 (37,7) 675 (35,3) Honestidade 0 (0,0) 0 (0,0) 2 (0,1) 5 (0,3) 35 (1,8) 252 (13,2) 1616 (84,6) Conhecimento 0 (0,0) 4 (0,2) 26 (1,4) 77 (4,0) 363 (19,0) 678 (35,5) 762 (39,9) Emoção 160 (8,4) 211 (11,0) 395 (20,7) 466 (24,4) 406 (21,2) 176 (9,2) 97 (5,1) Poder 119 (6,2) 181 (9,5) 425 (22,3) 576 (30,2) 425 (22,3) 138 (7,2) 45 (2,4) Afetividade 0 (0,0) 3 (0,2) 8 (0,4) 35 (1,8) 152 (8,0) 498 (26,1) 1215 (63,6) Religiosidade 187 (9,8) 114 (6,0) 151 (7,9) 233 (12,2) 375 (19,7) 333 (17,5) 515 (27,0) Autodireção 6 (0,3) 8 (0,4) 50 (2,6) 129 (6,8) 420 (22,0) 575 (30,1) 723 (37,8) Ordem Social 0 (0,0) 1 (0,1) 1 (0,1) 9 (0,5) 159 (8,3) 595 (31,2) 1144 (59,9) Saúde 0 (0,0) 4 (0,2) 5 (0,3) 33 (1,7) 224 (11,8) 554 (29,1) 1085 (57,0) Prazer 9 (0,5) 11 (0,6) 43 (2,3) 275 (14,4) 656 (34,3) 541 (28,3) 375 (19,6) Prestígio 90 (4,7) 111 (5,8) 332 (17,4) 460 (24,1) 553 (29,0) 250 (13,1) 111 (5,8) Obediência 4 (0,2) 6 (0,3) 16 (0,8) 104 (5,4) 493 (25,8) 649 (34,0) 638 (33,4) VALORES HUMANOS Muito Extreimpor- mamentante te importante 129 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 130 Estabilidade 2 (0,1) 4 (0,2) 21 (1,1) 88 (4,6) 371 (19,4) 667 (34,9) 756 (39,6) Estimulação 14 (0,7) 45 (2,4) 111 (5,8) 357 (18,7) 623 (32,7) 517 (27,1) 240 (12,6) Convivência 23 (1,2) 67 (3,5) 183 (9,6) 457 (24,0) 647 (33,9) 387 (20,3) 144 (7,5) Beleza 10 (0,5) 36 (1,9) 105 (5,5) 384 (20,1) 714 (37,4) 452 (23,7) 207 (10,8) Tradição 26 (1,4) 59 (3,1) 170 (8,9) 491 (25,8) 654 (34,3) 356 (18,7) 148 (7,8) Sobrevivência 2 (0,1) 3 (0,2) 13 (0,7) 58 (3,0) 407 (21,3) 527 (27,6) 898 (47,1) Maturidade 0 (0,0) 0 (0,0) 6 (0,3) 26 (1,4) 297 (15,6) 760 (39,8) 819 (42,9) Privacidade 6 (0,3) 8 (0,4) 19 (1,0) 92 (4,8) 317 (16,6) 575 (30,1) 893 (46,8) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam. De acordo com a Tabela 6.1, os três valores considerados totalmente importantes para os médicos nesta região foram honestidade (97,8%), ordem social (91,1%) e afetividade (89,7%); o valor saúde foi considerado por 86,1% como tendo este grau de importância. Por outro lado, majoritariamente foram considerados como nada importantes os valores emoção (19,4%), religiosidade (15,8%) e poder (15,7%). A atribuição de importância que se faz a este conjunto de valores é parecida a que se observou no âmbito nacional (CFM, 2004); a principal diferença foi registrada em relação aos valores nada importantes, com religiosidade sendo considerado menos importante do que prestígio - nesta região ocupou o quarto lugar de menor importância, mencionado por 10,5% dos médicos. Estes dados reforçam a concepção de que os médicos que exercem seu ofício no Sul têm uma orientação eminentemente social (afetividade, honestidade) em detrimento daquela mais pessoal (emoção, poder), o que realça uma orientação tipicamente intrínseca dos profissionais desta região, enfatizando as relações interpessoais. A propósito, parece clara a oposição entre assumir princípios-guia da função valorativa interacional versus realização. 130 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 131 SATISFAÇÃO COM A VIDA ENTRE OS MÉDICOS NO SUL A satisfação com a vida compreende uma dimensão subjetiva do bem-estar, revelando em certa medida o quanto a pessoa goza de felicidade, saúde mental e vitalidade (Gouveia, Chaves, Oliveira, Dias, Gouveia e Andrade, 2003). Embora possa apresentar alguma relação com indicadores sociais e econômicos, corresponde, sobretudo, a um sentimento de conforto psicológico, uma sensação de ter cumprido o dever na vida e a noção de ter valido a pena viver. Na presente pesquisa, lembrando, os médicos responderam um instrumento denominado de Escala de Satisfação com a Vida (Pavot e Diener, 1993), cujo propósito é avaliar este sentimento geral de bem-estar subjetivo. Os resultados a respeito são apresentados na Tabela 6.2 a seguir. Tabela 6.2. Satisfação com a vida dos médicos que atuam no Sul Escala de resposta Discordo Discordo Discordo Nem Concor- Concor- Concortotalligeira- concordo do ligeira- do do totalmente mente nem mente mente discordo 1. Na maioria dos 40 165 207 95 584 683 138 aspectos minha vida (2,1) (8,6) (10,8) (5,0) (30,5) (35,7) (7,2) é próxima ao meu ideal. Conteúdo dos itens 2. As condições da minha vida são excelentes. 49 (2,6) 286 (15,0) 263 (13,8) 143 (7,5) 636 (33,3) 433 (22,6) 102 (5,3) 3. Estou satisfeito com minha vida. 26 (1,4) 168 (8,8) 207 (10,8) 107 (5,6) 516 (27,0) 701 (36,6) 188 (9,8) 4. Dentro do possível tenho conseguido as coisas importantes que quero na vida. 19 (1,0) 72 (3,8) 122 (6,4) 97 (5,1) 472 (24,7) 810 (42,3) 321 (16,8) 5. Se pudesse viver uma segunda vez, não mudaria quase nada na minha vida. 133 (7,0) 279 (14,6) 279 (14,6) 103 (5,4) 377 (19,7) 530 (27,7) 211 (11,0) Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam. 131 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 132 Com o propósito de descrever o nível de satisfação com a vida destes, decidiu-se agrupar suas respostas em insatisfação (discordo totalmente, discordo e discordo ligeiramente) e satisfação (concordo totalmente, concordo e concordo ligeiramente), desprezando-se o ponto mediano da escala. Os resultados indicam que 70,1% dos médicos da Região se encontram satisfeitos com suas vidas; a insatisfação abrange 22,3% deles. No geral, estes números revelam um maior nível de bemestar subjetivo entre os médicos que atuam no Sul quando comparados com a totalidade do País (CFM, 2004). Neste caso o quantitativo de satisfeitos foi de 66,5%, enquanto os insatisfeitos chegaram a 27,4%. Em termos da comparação destas duas unidades geopolíticas, cabe indicar que 80,5% dos médicos na Região concordam com a afirmação de que "dentro do possível tenho conseguido as coisas importantes que quero na vida", tendo sido 82,6% aqueles que opinaram da mesma forma no âmbito nacional. Em resumo, pode-se dizer que os médicos que exercem seu ofício no Sul têm os valores de orientação social como princípios que guiam suas atitudes, crenças e comportamentos no dia-a-dia, estando, na grande maioria, satisfeitos com suas vidas. Com relação ao que ocorre com os médicos nos estados integrantes desta região, é possível observar algumas particularidades, como acentuadas a seguir. ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS NO PARANÁ Do mesmo modo que se constatou para o País e a Região, neste Estado predomina uma orientação axiológica claramente intrínseca, que põe ênfase nos três seguintes valores: honestidade (97,6%), ordem social (91%) e afetividade (89,3%); o valor saúde foi escolhido como mais importante em quarto lugar (85,5%). Contudo, em se tratando dos valores nada importantes, o perfil observado no Paraná é mais próximo daquele do País, em que se destacaram os valores emoção (16,4%), poder (13,8%) e prestígio (10,8%). Proporcionalmente, o quantitativo de médicos que indicam estar satisfeitos com suas vidas neste Estado (67,3%) é mais similar ao registrado no País do que na Região. 132 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 133 ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS EM SANTA CATARINA Para aqueles que exercem seu hipocrático ofício neste Estado, do mesmo modo que ocorre para o conjunto dos que trabalham na Região, os três seguintes valores são considerados unanimemente como os mais importantes: honestidade (98,8%), ordem social (91,9%) e afetividade (86,8%); o valor saúde foi indicado como o mais importante pelo quarto maior contingente dos médicos (86,3%). Quanto aos valores tidos como nada importantes, majoritariamente, os médicos opinaram que estes seriam poder (19,6%), emoção (19,3%) e religiosidade (16,8%); prestígio foi o seguinte menos importante, opinião sustentada por 13,6% dos médicos. Portanto, este é um perfil axiológico que, apesar de alguma especificidade, é coerente com o descrito para a Região, diferenciando-se daquele do País em termos da maior rejeição à religiosidade como um princípio que guia a vida. Neste Estado, comprova-se o maior quantitativo de médicos que trabalham no Sul que manifestam satisfação com suas vidas (82,8%) ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS NO RIO GRANDE DO SUL Os médicos que atuam neste Estado também concordaram acerca dos valores considerados como mais importantes, embora com alguma variação na ordem em que se apresentaram: honestidade (97,5%), afetividade (91,6%) e ordem social (90,7%); saúde ocupou o quarto lugar como o mais importante (86,4%). No caso dos valores nada importantes, destacaram-se os três seguintes: emoção (22,7%), religiosidade (22,7%) e poder (15,5%); prestígio (8,4%) figurou como o quarto menos importante. Este perfil é mais consistente com a Região do que o País, denotando o sentido emic – específico do contexto cultural – das prioridades axiológicas destes médicos. Majoritariamente, estes profissionais indicam satisfação com suas vidas (81,6%), quantitativo proporcionalmente equivalente ao observado na Região. *** Concluindo, o conjunto destes dados reflete que a situação da classe médica no Sul é, comparativamente, mais favorável do que a constatada 133 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 134 para o País. Isso é certo neste plano mais subjetivo, contemplando valores intrínsecos que promovem o bem-estar psicológico. As variações na Região são também uma realidade. O Paraná, nestes termos, parece-se aproximar um pouco mais do restante do País; os médicos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina comungam maior resistência a assumir valores normativos (por exemplo, religiosidade, tradição) do que seus colegas do Estado vizinho. Porém, consistentemente, evidencia-se a contraposição entre valores interacionais e de realização, indicando que para os médicos as relações interpessoais harmoniosas, fundamentadas no respeito e na honestidade são mais prezadas que o instrumental desejo de exercer uma hierarquia, sendo o chefe e determinando o que os demais precisam de fazer. 134 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 135 CONCLUSÃO Edevard José de Araújo 135 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 136 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 137 A Medicina na Região Sul do Brasil é exercida, majoritariamente, por profissionais do sexo masculino, mas existe uma tendência de aumento no número de profissionais do sexo feminino. Quanto à idade, pode-se identificar que a profissão é exercida, em sua maioria, por médicos jovens, com menos de 45 anos. Praticamente a metade dos médicos do Sul desempenha as suas atividades nas capitais dos estados da Região (50,4%). Um aspecto que chama a atenção é que Santa Catarina sempre teve a peculiaridade de ter uma população médica da Capital menor do que a que reside nas demais cidades do Estado. Chama a atenção também que, na pesquisa prévia, viviam na capital 31,2% dos médicos catarinenses (Machado, 1996), o que se elevou para 41,7% pelo atual levantamento. Um detalhe interessante é que, no Rio Grande do Sul, apenas 10,7% dos médicos são oriundos de outros estados, enquanto em Santa Catarina esse percentual é de 52,4% e, no Paraná, 41,5%. Provavelmente esse fenômeno deve estar ligado ao número de escolas médicas: até a década de 1980, havia muito mais escolas no RS (8 faculdades) do que em SC (1 faculdade) e no Paraná (3 faculdades). Toma força esse raciocínio quando se verifica a origem dos médicos de outros estados, como em Santa Catarina, por exemplo, onde predominam os médicos formados em faculdades do Rio Grande Sul. Os médicos da Região Sul, na sua grande maioria, cursaram faculdade no Brasil (99,6%) e o número de profissionais que fizeram pelo menos um Curso de Pós-Graduação é de 84,8% e 74,1% possuem Título de Especialista. Quanto à participação em algum Congresso, 89,4% responderam que participaram de pelo menos um Congresso, destacando-se o Paraná, onde houve o maior percentual de médicos com participação em Congressos. Por outro lado, um fato preocupante apontado pela pesquisa é que houve importante diminuição de médicos filiados às sociedades científicas, chegando a 1/3 no RS, e, praticamente, 1/5 em SC e PR. Entre os participantes residentes na Região Sul, a maioria dos médicos referiu ser ativo (98,5%) e, entre os inativos, 1/3 deles está aposentado e 25% abandonaram a profissão. Enquanto no Brasil 67% dos médicos exercem atividade em consultório, na Região Sul este índice é de 75,4%, destacando-se Santa Catarina com 82,6%. De qualquer forma, em relação à pesquisa de 1996, houve 137 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 138 diminuição da atividade em consultório nos três estados da Região. No que diz respeito ao número de atividades exercidas em Medicina na Região Sul, é importante mencionar que a maioria dos médicos exerce duas (28,3%) ou três atividades (28,1%) profissionais, destacando-se o fato de que 4,2% dos médicos da Região exercem seis ou mais atividades, panorama semelhante à classe médica de todo o País. A especialidade principal em que atuam os médicos do Sul é a Cardiologia (10,7%), seguida de Pediatria (8,7%) e da Medicina Interna (8%), muito embora a estratégia utilizada para a seleção da amostra pode ter introduzido um viés de seleção, produzindo maior representação dessas especialidades. A maioria dos médicos da Região Sul trabalha na mesma cidade em que reside (75,3%) e um percentual importante trabalha na mesma cidade em que reside e em outra cidade do mesmo Estado (19,6%). Importante notar, também, que a sua grande maioria (88,4%) tem a medicina como sua única fonte de renda. Um dado muito interessante é que a maioria dos médicos tem renda mensal de até 2.000 dólares, e apenas uma minoria recebe mais de 4 000 dólares (10,5%). Entre os médicos da Região Sul, a sua maior fonte de renda é a atividade em consultório, e a segunda é o seu trabalho no setor público. O trabalho médico em esquema de plantão é exercido pela metade dos médicos da Região (48,9%), o que ocorre menos no RS (43,7%) e mais no Paraná (53,8%). Apesar de os médicos estarem satisfeitos com a sua especialidade, quase 60% deles consideram a sua atividade muito desgastante. Quando perguntado aos médicos sobre o sistema de convênios, observa-se uma franca posição de adversidade, quando apenas 27,1% consideraram-no favorável. Os impactos negativos do sistema de convênios sobre os médicos foram mais influenciados pelo aumento da burocracia no consultório, pela limitação da liberdade de especificar honorários e no que se refere à autonomia profissional. A maioria dos médicos da Região Sul (56,8%) possui vínculo com a Unimed ou similar, sendo que 25,2% deles não possuem nenhum vínculo, ou seja, têm atividade de consultório exclusivamente particular. A grande maioria dos médicos da Região referiu ler jornais impressos por entidades da Categoria (95,2%) e conhecer o Código de Ética Médica (91,5%). Quanto à participação em suas entidades loco-regionais, a associação médica apresentou uma freqüência de 68,2% e o motivo para esses médi- 138 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 139 cos seria manterem-se informado ou por exigência profissional. O Sindicato teve uma freqüência de 52,2%, e a motivação dos médicos era a defesa dos seus interesses profissionais. No que se refere à visão dos médicos sobre as condições de saúde da população, enquanto ela é considerada inadequada para 42,8% para todo o País, na Região Sul essa opinião é a de 26% dos profissionais. Para a maioria dos médicos do Sul, o SUS trouxe mais deterioração no trabalho profissional do que melhora. Um detalhe que merece muita reflexão é a visão do médico quanto ao seu futuro, em que o pessimismo (45,8%) sobrepujou em muito o otimismo (13,2%), e os fatores mais importantes para essa opinião foram o assalariamento e a incerteza. Por outro lado, tanto no País como na Região Sul, os médicos elegeram como valores mais importantes a honestidade (97,8%), a ordem social e a afetividade; e lhe são de menos valia o poder (9,6%) e o prestígio. Com tudo isso, o trabalho permitiu mostrar que 70% dos médicos sulistas estão satisfeitos com suas vidas, em freqüência semelhante ao que pensam os demais colegas do País. 139 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 140 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 141 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 141 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 142 o medico e seu trab SUL.qxd 7/7/2005 16:41 Page 143 ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, 1998. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, 2000. CARNEIRO, M.B.; GOUVEIA, V.V. (coord.). O médico e o seu trabalho: aspectos metodológicos e resultados do Brasil. Brasília: CFM, 2004. 234p. CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Código de Ética Médica. 3ª ed., Brasília: CFM, 1996. GOUVEIA, V.V.; PINHEIRO, A..G. Valores e atitudes dos estudantes de Medicina. In: PIMENTEL, A.J.P; ANDRADE, E.O.; BARBOSA, G.A..(orgs.). Os estudantes de Medicina e o ato médico: atitudes e valores que norteiam seu posicionamento . 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