o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 1
O MÉDICO E O SEU
TRABALHO
Resultados da REGIÃO SUL
e seus estados
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 2
DIRETORIA
EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE - PRESIDENTE
ANTÔNIO GONÇALVES PINHEIRO - 1º VICE-PRESIDENTE
RUBENS DOS SANTOS SILVA - 2º VICE-PRESIDENTE
CLÓVIS FRANCISCO CONSTANTINO - 3º VICE-PRESIDENTE
LÍVIA BARROS GARÇÃO - SECRETÁRIA-GERAL
MARCO ANTÔNIO BECKER - 1º SECRETÁRIO
GERSON ZAFALON MARTINS - 2º SECRETÁRIO
GENÁRIO ALVES BARBOSA - TESOUREIRO
ALCEU JOSE PEIXOTO PIMENTEL - 2º TESOUREIRO
ROBERTO LUIZ D'AVILA - CORREGEDOR
PEDRO PABLO MAGALHÃES CHACEL - VICE-CORREGEDOR
CONSELHEIROS FEDERAIS
(GESTÃO 2004-2009)
ABDON JOSE MURAD NETO (MA)
ALCEU JOSE PEIXOTO PIMENTEL (AL)
ALOÍSIO TIBIRIÇÁ MIRANDA (RJ)
ANTÔNIO CLEMENTINO DA CRUZ JÚNIOR (AC)
ANTÔNIO GONÇALVES PINHEIRO (PA)
BERNARDO FERNANDO VIANA PEREIRA(BA)
CLÓVIS FRANCISCO CONSTANTINO (SP)
DARDEG DE SOUSA ALEIXO (AP)
EDEVARD JOSÉ DE ARAÚJO (AMB)
EDSON DE OLIVEIRA ANDRADE (AM)
FREDERICO HENRIQUE DE MELO (TO)
GENÁRIO ALVES BARBOSA (PB)
GERALDO LUIZ MOREIRA GUEDES (MG)
GERSON ZAFALON MARTINS (PR)
HENRIQUE BATISTA E SILVA (SE)
JOSÉ FERNANDO MAIA VINAGRE (MT)
JOSÉ HIRAN DA SILVA GALLO (RO)
LÍVIA BARROS GARÇÃO (GO)
LUIZ NÓDGI NOGUEIRA FILHO (PI)
LUIZ SALVADOR DE MIRANDA SÁ JÚNIOR (MS)
MARCO ANTÔNIO BECKER (RS)
PEDRO PABLO MAGALHÃES CHACEL (DF)
RAFAEL DIAS MARQUES NOGUEIRA (CE)
RICARDO JOSÉ BAPTISTA (ES)
ROBERTO LUIZ D'AVILA (SC)
ROBERTO TENÓRIO DE CARVALHO (PE)
RUBENS DOS SANTOS SILVA (RN)
WIRLANDE SANTOS DA LUZ (RR)
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 3
O MÉDICO E O SEU
TRABALHO
Resultados da REGIÃO SUL
e seus estados
Brasília, DF
2005
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 4
Conselho Federal de Medicina
SGAS 915, Lote 72
70390-150 – Brasília, DF
Fone: (61)3445-5900 – Fax: (61)3346-0231
http://www.portalmedico.org.br
e-mail: [email protected]
O Médico e o seu Trabalho
Resultados da Região Sul e seus estados
Coordenação
Mauro Brandão Carneiro
Valdiney Veloso Gouveia
Edevard José de Araújo (coordenador regional)
Equipe técnica
Eliane de Azevedo Barbosa
Eliane Maria de Medeiros e Silva (CRB1º 1678)
Patrícia Álvares (MTB DF 03240 JP)
Walder Júnior
Sandro Quintino Guedes
Copidescagem e revisão de língua portuguesa
Wânia de Aragão-Costa
Projeto gráfico e diagramação
Via Brasil Consultoria e Marketing Ltda.
Tiragem
10.000 exemplares
Copyright © 2005
Conselho Federal de Medicina
Catalogação na fonte: Eliane Maria de Medeiros e Silva (CRB 1ª região/1678)
O médico e seu trabalho: resultados da região sul e seus estados. / Coordenação de
Mauro Brandão Carneiro, Valdiney Veloso Gouveia e Edevard José de Araújo. – Brasília:
Conselho Federal de Medicina, 2005.
143 p. ; 16,0X23,0 cm ; tabelas , gráficos.
I. Carneiro, Mauro Brandão, coord. II. Gouveia, Valdiney Gouveia, coord. III. Pimentel,
Alceu José Peixoto, coord. regional. IV. Conselho Federal de Medicina. 1.MédicosCondições de trabalho.
CDD 610.90981
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 5
NOTAS SOBRE OS
AUTORES
5
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 6
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 7
ANA BEATRIZ SALDANHA RAMOS PEREIRA – Médica.
Residência em Medicina Geral Comunitária pelo Grupo
Hospitalar Conceição (1996-98) - Porto Alegre-RS.
ANA LUIZA HALLAL – Graduada em Medicina pela
Universidade Federal de Pelotas, RS. Mestre em Saúde
Pública/Epidemiologia – Universidade de São Paulo – (USP) –
SP. Médica Epidemiologista da Maternidade Carmela Dutra
de Florianópolis – SC. Professora da Faculdade de Medicina
da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) – SC.
Assessora para Vigilância e Controle de Informação sobre
Tabaco – Organização Pan-Americana da Saúde/Organização
Mundial da Saúde.
EDEVARD JOSÉ ARAÚJO – Médico graduado pela UFSC.
Especialista em Cirurgia Pediátrica e Sócio Titular da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Pediátrica. Ex-Assistente de
Urologia Pediátrica da Fundação Puigvert – Barcelona. Doutor
em Medicina pela UNIFESP. Ex-Presidente do CREMESC.
Responsável pelo Setor de Urologia do Serviço de Cirurgia do
Hospital Infantil Joana de Gusmão, Florianópolis – SC.
Coordenador do Programa de Residência Médica em Cirurgia
Pediátrica – HIJG. Professor Adjunto do Departamento de
Clínica Cirurgia da UFSC. Membro da Comissão de Título de
Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Pediátrica.
Presidente da Unimed Florianópolis. Conselheiro do CFM
representando a AMB. Professor responsável pela Disciplina
de Bioética do Curso de Pós-Graduação em Ciências Médicas
da UFSC
GERSON ZAFALON MARTINS – Médico pneumologista,
Perito Judicial, Conselheiro do Conselho Regional de
Medicina do Estado do Paraná e Conselheiro e Segundo
Secretário do Conselho Federal de Medicina nas gestões
1999/2004 e 2004/2005.
7
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 8
CARLOS HOMERO GIACOMINI – Médico Pediatra, Mestre em
Saúde Coletiva; Especialista em Planejamento e Gestão
Estratégica do Conhecimento. Foi Diretor do Hospital
Oswaldo Cruz, no Paraná. Presidente do Instituto de
Previdência dos Servidores do Município de Curitiba, IPMC
(1999); e Secretário Municipal de Recursos Humanos da
Prefeitura de Curitiba (1999-2002); Professor de PósGraduação em Gestão Pública, em diversas Instituições de
Ensino Superior. Atualmente é Presidente do Instituto
Municipal de Administração Pública IMAP e Assessor da
Faculdade Evangélica do Paraná.
MAURO BRANDÃO CARNEIRO – Médico. Especialista em
Infectologia. Mestre em Saúde Pública pela ENSP/FIOCRUZ.
Médico da Fundação Oswaldo Cruz e da Prefeitura do Rio de
Janeiro. Presidente do Sindicato dos Médicos do Rio de
Janeiro, 1989/92. Conselheiro do Conselho Regional de
Medicina do RJ desde 1988. Presidente do Conselho
Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (CREMERJ)
por três gestões: 1995/96, 1997/98 e 1998/99. Conselheiro
do Conselho Federal de Medicina pelo RJ, 1999/2004.
VALDINEY VELOSO GOUVEIA – Especialista em Psicometria
pela Universidade de Brasília, onde concluiu Mestrado em
Psicologia Social e da Personalidade. Doutor em Psicologia
Social pela Universidade Complutense de Madri. Professor de
Técnicas de Exame Psicológico (Graduação) e Métodos de
Pesquisa e Técnicas Estatísticas (Mestrado e Doutorado) na
Universidade Federal da Paraíba. Pesquisador 1D do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq.
8
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 9
APRESENTAÇÃO
9
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 10
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 11
Ser médico não é fácil. Uma vida de dedicação e sacrifícios, evidentes
já mesmo na escolha do curso a freqüentar na Universidade, ele continua
sendo, certamente, dos profissionais mais bem qualificados em todo
mundo. Uma qualificação que vai além do Curso de Graduação, tomando
em média 10 anos de suas vidas (Pimentel, Andrade e Barbosa, 2004).
Portanto, em razão de sua qualificação e dos interesses compartilhados,
esperar-se-ia que ser médico significasse a mesma coisa e produzisse os
mesmos benefícios em todo o Brasil. Por condições infra e supra-estruturais,
as discrepâncias são latentes entre algumas Regiões e, inclusive, dentro
delas, como foi sugerido no livro O Médico e o seu Trabalho (Conselho
Federal de Medicina, 2004).
Reconhecendo as diferenças e singularidades da Medicina quando
exercida em contextos variados dentro do País, já no livro publicado com os
resultados do Brasil antecipamos a necessidade de um olhar mais focado
nas Regiões e seus estados. Este propósito está sendo levado a cabo nesta
oportunidade, oferecendo aos médicos brasileiros um retrato ampliado que
lhes possibilitará observar tanto o que há de bom como o que precisará ser
melhorado em cada Região. Conhecerão, por exemplo, a origem e amplitude da formação em Medicina, as carências em determinadas especialidades, a (in)satisfação com o sistema de convênios etc. Estes podem ser
aspectos importantes na vida do médico enquanto indivíduo, mas também
representam um recurso para os administradores e responsáveis por políticas públicas em saúde. Além disso, uma publicação desta natureza deverá
ser útil para a sociedade civil, para que reconheça a realidade da saúde do
seu estado, e ser consultada pelos colegas docentes, que têm norteado as
necessidades de formação neste país.
Este livro procura analisar a realidade médica de uma das regiões
mais ricas do País, com reflexo direto nas condições de vida e saúde de sua
população. Os três estados do Sul estão entre os seis maiores Índices de
Desenvolvimento Humano (IDH) de todo o Brasil, e a Região exibe taxas de
analfabetismo e de mortalidade infantil muito inferiores às do País. Os
médicos do Sul têm a melhor distribuição entre capital e interior do Brasil,
e preocupam-se bastante com a qualificação profissional: são mais elevados
na Região os índices de realização de pós-graduação, com destaque para o
Mestrado e o Doutorado. Ainda como reflexo do desenvolvimento regional, na opinião dos médicos as condições de saúde e de atendimento à
população na Região são melhores que as do restante do País.
Como aconteceu em todo o País, os médicos sulistas estão trabalhando mais e ganhando menos. Na pesquisa passada, o Sul ostentava o
11
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 12
menor percentual de profissionais que recebiam até dois mil dólares mensais de todo o País, e o maior dentre aqueles com renda superior a quatro
mil dólares (Machado, 1996). Hoje já não é mais assim. Embora a Região
figure em segundo lugar entre as que exibem melhor perfil do mercado de
trabalho médico, a primeira posição foi perdida para a Região Norte. Esta
nova realidade não impede que os médicos da Região sigam satisfeitos com
suas vidas. Seu bem-estar subjetivo, fruto da qualidade de vida de que
usufruem, foi avaliado como o melhor de todo o País. Não obstante,
prevalece entre eles a visão mais pessimista quanto ao futuro da profissão,
suplantada apenas pelos seus colegas da Região Sudeste.
Não pretendemos com esta breve apresentação dar ao leitor uma
idéia simplista ou tendenciosa da formação, do trabalho e da qualidade de
vida do médico. Convidamo-lo a ler a obra completa para que, acrescentando às conclusões apresentadas ao final, possa criar uma imagem da
situação dos colegas de modo a contribuir com propostas que venham promover maior justiça social e reconhecimento para quem tem dedicado sua
vida à humanidade. Recomendamos, igualmente, que leia o primeiro livro
da série – O Médico e o seu Trabalho –, para conhecer melhor a nossa realidade laboral e estilos de vida.
Finalmente, não poderíamos concluir esta apresentação sem agradecer e felicitar a todos os médicos, especialmente aqueles que dignificam o
exercício da nossa nobre profissão no Sul do nosso país.
Edson de Oliveira Andrade
Presidente do Conselho Federal de Medicina
Edevard José de Araújo
Coordenador Regional do Livro da Região Sul
12
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 13
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
PARANÁ
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
SANTA CATARINA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
RIO GRANDE DO SUL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
UNIVERSO E AMOSTRAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
INSTRUMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
PROCEDIMENTO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
ANÁLISE DOS DADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1. CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS DOS MÉDICOS . . . . . . . . . . . . . 41
GÊNERO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
IDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
LOCAL DE TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
ORIGEM
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2. FORMAÇÃO PROFISSIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
PAÍS ONDE SE GRADUOU . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
PRINCIPAIS ESCOLAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
TEMPO DE FORMAÇÃO
PÓS-GRADUAÇÃO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
RESIDÊNCIA MÉDICA
ESPECIALIZAÇÃO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
TÍTULO DE ESPECIALISTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
MESTRADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
DOUTORADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
PÓS-DOUTORADO
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
13
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 14
3. PARTICIPAÇÃO CIENTÍFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
REVISTAS CIENTÍFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4. MERCADO DE TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
SITUAÇÃO PROFISSIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
LOCAL ONDE EXERCE A PROFISSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
NÚMERO DE ATIVIDADES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
ESPECIALIDADE PRINCIPAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
LOCALIZAÇÃO DO TRABALHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
PROPRIEDADE DE EMPRESA MÉDICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
FONTE DE RENDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
ATIVIDADE EM CONSULTÓRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
ATIVIDADE NO SETOR PÚBLICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
ATIVIDADE NO SETOR PRIVADO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
ATIVIDADE NO SETOR FILANTRÓPICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
ATIVIDADE DOCENTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
TRABALHO EM REGIME DE PLANTÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
SATISFAÇÃO COM O TRABALHO E OS RENDIMENTOS . . . . . . . . 94
PERCEPÇÃO SOBRE MUDANÇAS OCORRIDAS
NA VIDA PROFISSIONAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
REMUNERAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5. ORIENTAÇÃO E PARTICIPAÇÃO SOCIOPOLÍTICA . . . . . . . . . . . . . . 101
PARTICIPAÇÃO EM SOCIEDADES E SINDICATOS . . . . . . . . . . . 104
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA . . . . . . . . . 106
IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO SUS E DO PSF NA
SAÚDE DA POPULAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO SUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO PSF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
AÇÕES PARA MELHORAR O PSF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
O SISTEMA DE CONVÊNIOS E A PRÁTICA MÉDICA . . . . . . . . . 113
A INSERÇÃO SOCIOPOLÍTICA DAS ENTIDADES MÉDICAS . . . . . 115
JORNAIS DAS ENTIDADES MÉDICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
14
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 15
ATUAÇÃO DAS ENTIDADES MÉDICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
PERCEPÇÃO DOS MÉDICOS SOBRE O FUTURO
DA SUA PROFISSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
6. ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS . . . . . . . . . . . 125
VALORES QUE NORTEIAM A VIDA DOS MÉDICOS NO SUL . . . . . 127
SATISFAÇÃO COM A VIDA ENTRE OS MÉDICOS NO SUL . . . . . 131
ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS
NO PARANÁ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS
EM SANTA CATARINA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
ATITUDES ANTE A VIDA E OS VALORES HUMANOS
NO RIO GRANDE DO SUL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
15
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 16
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 17
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Distribuição do Coeficiente de Mortalidade Infantil
e de seus componentes segundo o local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .28
Tabela 2. Universos e Amostras dos estados do Sul . . . . . . . . . . . . . . .37
Tabela 1.1. População e amostras de médicos na região e nas UFs . . .43
Tabela 1.2. Dados demográficos dos médicos no Sul . . . .
Tabela 1.3. Médicos por sexo em função da faixa etária . .
Tabela 1.4. Médicos por local de residência em função
da faixa etária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 2.1. Formação dos médicos no Sul . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . .43
. . . . . . . . .44
. . . . . . . . .46
. . . . . . . . .51
Tabela 2.2. Principais IES formadoras de médicos no Sul* . . . . . . . . . .53
Tabela 2.3. Principais IES que revalidaram diplomas estrangeiros . . . . .53
Tabela 2.4. Situação da residência médica segundo programas
reconhecidos pela CNRM/MEC* . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55
Tabela 2.5. Situação da especialização latu sensu (exceto
residência médica), realizada mediante cursos com 360
horas ou mais de duração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .57
Tabela 2.6. Título de especialista considerando a primeira
especialidade declarada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .59
Tabela 2.7. Situação do Mestrado em Medicina, no Sul . . . . . . . . . . .60
Tabela 2.8. Situação do Doutorado em Medicina, no Sul . . . . .
Tabela 2.9. Situação do Pós-Doutorado em Medicina, no Sul . .
Tabela 3.1. Participação científica dos médicos no Sul . . . . . . . .
Tabela 3.2. Participação em congressos científicos nos últimos
2 anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Tabela 3.3. Leitura e assinatura de revistas científicas . . . . . . . .
Tabela 4.1. Mercado de trabalho dos médicos no Sul . . . . . . . .
Tabela 4.2. Atividade em consultório na Região Sul . . . . . . . . .
Tabela 4.3. Atividade no setor público na Região Sul . . . . . . . .
Tabela 4.4. Atividade no setor privado na Região Sul . . . . . . . .
. . . . .62
. . . . .63
. . . . .67
. . . . .69
. . . . .71
. . . . .75
. . . . .81
. . . . .84
. . . . .87
Tabela 4.5. Atividade no setor filantrópico na Região Sul . . . . . . . . . .89
Tabela 4.6. Atividade docente em Medicina na Região Sul . . . . . . . . .91
Tabela 4.7. Trabalho em regime de plantão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .94
17
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 18
Tabela 4.8. Satisfação com especialidade principal e desgaste
da atividade profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .95
Tabela 4.9. Percepção sobre mudanças ocorridas na vida
profissional nos últimos cinco anos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .96
Tabela 4.10. Rendimentos com o trabalho médico no Sul . . . . . . . . . .98
Tabela 5.1. Descrição da orientação e da participação
sociopolítica dos médicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103
Tabela 5.2. Participação em associações e sindicatos médicos
no Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105
Tabela 5.3. Percepção dos médicos sobre as condições de saúde
e a adequação dos serviços de assistência à população de sua
cidade e/ou região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107
Tabela 5.4. Opinião dos médicos sobre as mudanças decorrentes
da implantação do SUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .109
Tabela 5.5. Opinião dos médicos sobre as mudanças decorrentes
da implantação do PSF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .110
Tabela 5.6. Opinião dos médicos sobre a prioridade de
implementação de fatores que assegurariam a eficácia do PSF . . . . . .112
Tabela 5.7. Prioridades de implementação dos fatores que
assegurariam a eficácia do PSF, observadas nos estados da
Região Sul, em percentuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .113
Tabela 5.8. Opinião dos médicos sobre as conseqüências do
sistema de convênios em fatores ligados à prática médica . . . . . . . . .114
Tabela 5.9. Leitura e importância atribuída a jornais impressos
das entidades médicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .116
Tabela 5.10. Avaliação geral dos médicos sobre a atuação das
entidades médicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .119
Tabela 5.11. Percepção sobre o quanto algumas palavras
definem o futuro da sua profissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .121
Tabela 6.1. Valores humanos que guiam a vida dos médicos
que atuam no Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .129
Tabela 6.2. Satisfação com a vida dos médicos que atuam no Sul . . .131
18
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 19
INTRODUÇÃO
Edevard José de Araújo
Ana Luiza Hallal
Ana Beatriz Saldanha Ramos Pereira
Carlos Homero Giacomini
19
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 20
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 21
Os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul constituem
a região mais setentrional do Brasil, caracterizada por um clima temperado
e constituído por uma população fortemente representada pelas mais diversas origens de imigrantes. A Região Sul limita-se com os três paises que,
juntamente com o Brasil, fundaram o Mercosul: Paraguai, Argentina e
Uruguai. Essas características todas traduzem-se em uma diversidade de
culturas que se espalha pelos estados: a tradição gaúcha, que se estende de
Uruguai e Argentina e alcança o Estado de Mato Grosso do Sul, as tradições
germânicas, italianas, açorianas etc.
A riqueza do seu solo, a enorme capacidade de produção agrícola e
pecuária, bem como a diversidade do seu parque industrial conferem a essa
região uma peculiaridade: uma autonomia de bens e serviços que poucos
países possuem.
A Região Sul possui uma área geográfica de 576.614 km2, constituída por 1.188 municípios e uma população de 25.514.328 habitantes, o
que corresponde a 15,06% da população brasileira. O PIB per capta dos três
estados é de 7.708,22, superior ao brasileiro que é de 6.485,64.
Dos habitantes da Região Sul, 50,70% são representados por mulheres, 27,5% têm idade entre 0 e 14 anos e 9,1% ultrapassaram os 60
anos. A razão de dependência, ou seja, a proporção entre população inativa e ativa, é de 50,1 e a esperança de vida ao nascer é de 67,5 anos para
os homens e de 75,3 para as mulheres.
Enquanto no Brasil a taxa de analfabetismo é de 12,4 por cem mil
habitantes, a da Região Sul é de 7,1; e, enquanto a mortalidade infantil
brasileira é de 28,7 por cem mil habitantes, a da Região Sul é de 18,4.
O Brasil possui 65.343 estabelecimentos de saúde, dos quais 11.757
encontram-se nesses três estados. Por outro lado, enquanto no País existem
234.554 médicos com inscrição primária (CFM, 2002), 13,16% moram no
Sul. No que se refere à população amparada pelo sistema suplementar de
saúde, que no território nacional abrange 24,45%, na Região Sul isso representa 25,32%.
PARANÁ
Em 1853, desmembrado do território e da jurisdição de São Paulo, foi
politicamente constituído o atual Estado do Paraná. Mais do que mero
21
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 22
arranjo administrativo, nasceu como criação sociológica, desde o momento em que no século XVIII Curitiba passou a se impor como lócus de convergência e irradiação de um novo centro. A 5ª Comarca de São Paulo foi
transformada em Província do Paraná ao longo de meio século de sucessivos passos. Tempo necessário para que se reconhecesse administrativamente o que já tinha existência de fato, e que evoluíra desde o ciclo litorâneo da mineração, passando pela criação de gado e pela rota nacional do
comércio de tropas, até a nascente agricultura.
Em 19 de dezembro de 1853 assumiu, como primeiro conselheiro da
nova província, Zacarias de Góis e Vasconcelos e, no ano seguinte, no dia
26 de julho, Curitiba foi designada a capital da província. O mapa abaixo
traz a localização do Estado:
Fonte: IPPUC/CTBA
22
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 23
O povoamento do Paraná não se baseou na tríade portugueses,
índios e negros. Desde 1829, imigrantes europeus, de forma espontânea ou
dirigida, promoveram uma numerosa ocupação do Estado, dando origem a
uma população de grande diversidade étnica.
Com 199.152 km2, o Paraná é formado por cinco zonas naturais. A
Planície Litorânea, com 98 km de extensão, na qual predomina o clima tropical superúmido. Apresenta altitudes médias inferiores a 200 m, mas é
também onde se situa o ponto culminante do Estado e do Sul do Brasil: o
Pico do Paraná, na Serra do Mar, com 1992 metros. A segunda região é a
Serra do Mar. Segue-se o Primeiro Planalto, de terras altas – até 800 m –
que apresenta clima subtropical úmido e mesotérmico. Nele situa-se a capital Curitiba, uma das cidades mais frias do Estado. O Segundo Planalto
abrange as terras altas dos Campos Gerais, para além das Serras do Purunã
e da Esperança, com suas grandes formações de rochas sedimentares,
areníticas e calcáreas, de clima subtropical úmido com verões frescos.
Finalmente, temos o Terceiro Planalto, abrangendo quatro macrorregiões
do Estado, entre elas o Norte e Noroeste, das famosas terras roxas, de
extrema fertilidade. Nesta grande região, predomina o clima subtropical
úmido, com verões quentes e geadas incomuns.
As cidades mais populosas do Paraná são, entre seus 399 municípios,
a oeste Cascavel, a noroeste Paranavaí, Umuarama e Campo Mourão, ao
norte, Londrina, Maringá e Apucarana e, no centro, Ponta Grossa. A população total do Estado, em 2002, era de 9.715.695 habitantes, perfazendo
5,74% da população brasileira. Desta, 1.587.315 habitantes vivem na capital, Curitiba (censo 2.000). Os homens constituem 49,82% da população
do Estado e as mulheres 50,18%. Na faixa etária de 0–14 anos, encontramse 28,7% da população, e 8,4% acima dos 60 anos.
Nos últimos dez anos a economia paranaense apresentou crescimento superior à média nacional, mantendo sua posição relativa no PIB do País.
O PIB per capita no Estado é de R$ 6.898,03, menor que a média da Região
Sul, cerca de R$ 7.000,00.
O setor agropecuário foi o de melhor desempenho produtivo, principalmente no segmento de agroindústria. Esta atividade respondeu por 55%
das exportações do Estado em 2002. A indústria também teve um significativo aumento de capacidade instalada, com investimentos nos setores
de carne, madeira e automobilístico, que vieram acompanhados de diversificação e incorporação tecnológica. Assim mesmo, o crescimento não
acompanhou as exigências do incremento da população, com aumento do
23
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 24
número de desempregados com relação à população economicamente
ativa.
Quando se analisa o Índice de Desenvolvimento Humano dos
Municípios (IDH-M) do Paraná, composto a partir de variáveis que levam em
conta a renda, a saúde e a educação da população, observa-se que, apesar
dos avanços alcançados na última década, ocupamos a 6ª posição no ranking nacional, bastante desfavorável em relação aos estados da Região Sul.
Antes do Paraná, os cinco estados com maiores IDH-M no Brasil são, respectivamente, Distrito Federal (0,844), São Paulo (0,814), Rio Grande do Sul
(0,809), Santa Catarina (0,806) e Rio de Janeiro (0,802), situando-se na
faixa de alto desenvolvimento humano.
O Paraná possui um grande número de municípios com IDH-M inferior à média nacional (em vermelho no mapa a seguir), principalmente nas
áreas metropolitanas. São 33% dos paranaenses que vivem em municípios
com IDH inferior ao da média do Brasil. Nos outros estados do Sul, apenas
10% da população encontra-se nestas condições. Em Santa Catarina, ao
contrário, 60% da população vivem em municípios com o IDH-M superior
à média nacional. No Paraná, esta proporção é de apenas 36%. Na composição do índice, as variáveis que sofreram uma evolução mais favorável
foram as relacionadas à saúde e educação, confirmando o impacto destas
políticas públicas, que avançaram no sentido da universalização.
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – IDH-M – Paraná 2000
< 0,700
>= 0,700 < 0,764
>= 0,764 < 0,800
>= 0,800 < 0,850
>= 0,850 < 1,000
Obs: >=0,800 - índice
de alto desenvolvimento
0,764 - IDH-M do Brasil
Fonte: PNUD, IPEA, FJP; IPARDES - Tabulações especiais
Base cartográfica: IAP - 1997
24
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 25
A educação foi responsável pelo maior aumento do IDH-M no Brasil
entre 1991 e 2000. Já a renda contribuiu com 25,78% e a longevidade com
13,44% no crescimento do índice. Em 21 estados, sua participação foi
maior que 50% do acréscimo. A longevidade contribuiu positivamente em
todos os estados, variando entre 15,15% (Santa Catarina) e 39,02%
(Roraima) do acréscimo total do índice. A renda, embora tenha contribuído
para o acréscimo, apresenta grandes variações quando são analisados os
estados individualmente. Sua participação varia entre -37,64% (Roraima)
até 35,15% (Santa Catarina). A renda foi a que manteve o mais forte condicionamento negativo sobre as condições gerais.
Quando se destacam alguns indicadores que compõem o IDH-M para
analisá-los separadamente, confirma-se o que esse revela. A esperança de
vida ao nascer (70,6 anos no total) e a taxa de mortalidade infantil (21,4
óbitos de menores de um ano por mil nascidos vivos), são mais desfavoráveis no Paraná, entre os três estados do Sul. A mesma performance é
obtida com relação às taxas de analfabetismo funcional e analfabetismo em
maiores de quinze anos.
No Paraná trabalham 11.011 médicos, 4,69% dos encontrados no
Brasil. O setor de saúde suplementar apresenta uma cobertura de 21,53%,
a menor quando comparada aos seus vizinhos.
SANTA CATARINA
A história de Santa Catarina iniciou-se em 1645 quando Manoel
Lourenço de Andrade, vindo de São Vicente, instalou-se com familiares, soldados e escravos onde
hoje se encontra São
Francisco do Sul; e,
em 1651, quando Francisco Dias Velho, também proveniente de
São Paulo, ocupou a
Ilha de Santa Catarina.
A partir daí, o Estado
transformou-se num
verdadeiro retalho de
etnias, considerandose a diversidade de
imigrantes.
25
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 26
O Estado possui uma área de 95.400 km2, o que representa 1,1% do
território nacional e 16,5% da Região Sul do Brasil (Paraná, Santa Catarina
e Rio Grande do Sul).
A população de Santa Catarina é de 5.467.573 habitantes, uma
fração de 3,23% do povo brasileiro, da qual 50,03% são mulheres e
49,97% são homens. Entre 0–14 anos de idade estão 28.2% dos catarinenses, e 8% têm 60 anos ou mais.
Uma das características do Estado é que possui clima e relevo bem
distintos, o que o faz ser subdividido em 7 regiões: Litoral, Nordeste, Vale
do Itajaí, Planalto Norte, Planalto Serrano, Meio-Oeste e Oeste, e 292
municípios representados em 29 secretarias de desenvolvimento.
A sede administrativa do Estado situa-se na Ilha de Santa Catarina,
em Florianópolis, e a maior cidade é Joinville – com 500 mil habitantes –
além de outros importantes municípios como: São José, Itajaí, Balneário
Camboriú, Blumenau, Brusque, Lages, Criciúma, Tubarão, Araranguá,
Chapecó e Concórdia. Seu clima mesotérmico predominante apresenta
temperaturas que variam de 13 a 25º C e as quatro estações são bem
definidas, com verões quentes e ensolarados que colaboram com o turismo
litorâneo; e invernos mais rigorosos no Planalto Serrano, cujas altitudes
26
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 27
atingem até 1 820 metros, sendo as geadas um fato comum e a neve uma
grande atração.
O solo catarinense presta-se às mais diversas culturas agrícolas e o seu
subsolo é um dos mais ricos, possuindo importantes reservas de argila
cerâmica, fosfatados naturais, quartzo, carvão mineral, fluorita e sílex. A
forte agricultura do Estado caracteriza-se por um dos principais alicerces da
sua economia – basicamente formada por minifúndios rurais – que a transformaram no 5º maior produtor de alimentos. As indústrias de grande
porte e as milhares de pequenas empresas – constituindo-se no 4º maior
parque industrial do País – espalham-se por todo o território, ligadas aos
principais centros consumidores e portos de exportação, por uma eficiente
malha rodoviária. A pesca é uma atividade econômica de destaque, assim
como o turismo, caracterizado pelas atrações de verão, inverno e festas
tradicionais e representativas das suas diferentes culturas étnicas.
Alguns referenciais econômicos e sociais de Santa Catarina merecem
ser citados: a razão de dependência, ou seja, a divisão entre a população
considerada inativa e a população potencialmente ativa, é de 47,0; o PIB
per capta no Estado é de R$ 7.921,05; o rendimento médio por hora em
Santa Catarina é de R$ 3,90, enquanto o dos indivíduos com 12 ou mais
anos de estudo é de R$ 6,00.
O Estado possui 4.267 médicos, o que corresponde a 1,82% do total
de médicos registrados no Brasil, e 3.166 estabelecimentos de saúde, o que
corresponde a 1.746 habitantes por estabelecimentos de saúde. O setor
suplementar de saúde apresenta uma cobertura de 23,2% no Estado.
A esperança de vida ao nascer, em Santa Catarina, é de 71,6 anos:
75,5 anos para as mulheres e 67,7 anos para os homens. A taxa bruta de
natalidade no Estado, que corresponde ao número de nascidos vivos por
1.000 habitantes, foi de 18,2 nascimentos. Por outro lado, a taxa de fecundidade – obtida por meio da razão entre o número médio de filhos de mulher ao final do período reprodutivo – foi de 2,2 filhos.
Entre os indicadores utilizados para caracterizar o nível de saúde de
uma população, estão a Taxa Bruta de Mortalidade e a Taxa de Mortalidade
Infantil. Observando-se o número de óbitos na população catarinense, verifica-se uma Taxa Bruta de Mortalidade de 5,8 por 1.000 habitantes.
Quanto à mortalidade infantil tem-se um coeficiente de 17,5 por 1.000
nascidos vivos, sendo seu maior componente a mortalidade neonatal precoce (Tabela 1).
27
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 28
Tabela 1. Distribuição do Coeficiente de Mortalidade Infantil e de seus componentes segundo o local. Brasil, 2002
Coeficiente de Mortalidade
Infantil
Neonatal Precoce
Neonatal Tardia
Pós-neonatal
Brasil
Região
Sul
Paraná
Santa
Catarina
Rio Grande
do Sul
28,7
14,6
3,9
10,2
18,4
9,2
2,5
6,6
21,4
11,4
2,6
7,3
17,5
8,8
1,8
6,9
15,7
7,2
2,7
5,8
Fonte: Síntese dos Indicadores Sociais, IBGE 2004.
RIO GRANDE DO SUL
Com pouco mais de 3% do território brasileiro, o Rio Grande do Sul
abriga 6% da população e gera um PIB de 31 bilhões de dólares. É o maior
produtor de grãos, o segundo pólo comercial e o segundo pólo da indústria de transformação nacional. O Rio Grande do Sul alcançou o melhor
Índice de Desenvolvimento Humano do País e é também reconhecido como
o Estado que desfruta da melhor qualidade de vida do Brasil.
Limite extremo da colonização portuguesa no sul do continente latino-americano, o Rio Grande do Sul, desde o início de sua ocupação, desempenhou duas funções vitais: a primeira foi a de ser um local estratégico, cuja
manutenção era fundamental para garantir a presença portuguesa junto às
áreas de colonização espanhola; a segunda, a de servir como fornecedor de
alimentos e outros bens para as demais regiões do País.
Ao final do século XVII, devido aos constantes conflitos de fronteira
entre Portugal e Espanha, os jesuítas resolveram concentrar a população
indígena na zona localizada na região noroeste do Rio Grande do Sul, onde
foram criados os "Sete Povos das Missões". Mas a prosperidade desses
povos, que funcionavam independentemente das coroas portuguesa e
espanhola, teve fim.
Devido à característica natural pecuarista dos pampas, o Rio Grande
do Sul fornecia o gado que sustentava o ciclo do ouro em Minas Gerais e o
do charque, que era o alimento básico dos escravos e da população de
baixa renda das cidades. No início do século XX, o Rio Grande do Sul teve
também a função de "celeiro do País", responsável por uma fatia significativa da produção agrícola nacional, uma herança das Missões dos padres
jesuítas que deixaram um legado que, por muito tempo, seria a base da
28
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 29
economia gaúcha: os grandes rebanhos de bovinos e cavalos, criados soltos
pelas pradarias. Esses rebanhos atrairiam os colonizadores portugueses,
que passaram a se instalar na Região de forma sistemática a partir de 1726.
Os primeiros imigrantes
Em 1740 chegou à região do atual Rio Grande do Sul o primeiro
grupo organizado de povoadores. Vindos da ilha dos Açores, contavam
com o apoio oficial do governo, que pretendia que se instalassem na vasta
área onde anteriormente estavam situadas as Missões. Mas as dificuldades
de transporte fizeram com que terminassem por se fixar na área onde hoje
está Porto Alegre, a capital do Estado, praticando a agricultura de pequena
propriedade.
Essa situação começou a ser modificada no início do século XIX. A
estrutura econômica do Brasil de então baseava-se na exportação dos produtos agrícolas plantados em grandes propriedades por trabalhadores
escravos. O Rio Grande fornecia o charque para esses trabalhadores, e também para os moradores pobres das grandes cidades. Mas, a partir da década de 20, o governo brasileiro resolveu estimular a vinda de imigrantes
europeus, para formar uma camada social de homens livres que tivessem
habilitação profissional, e pudessem oferecer ao País os produtos que até
então tinham que ser importados, ou que eram produzidos em escala mínima. Isto significa que o governo queria trazer pequenos produtores – para
fornecer alimentos para as cidades – e artesãos.
A idéia, apoiada por alguns, era rejeitada pelos senhores de escravos,
que temiam que os trabalhadores livres "fossem um mau exemplo", demonstrando que o trabalho pago produzia mais e melhor que o escravo.
Moradores de regiões mais ao norte do País, os grandes senhores de
escravos conseguiram impedir que os imigrantes fossem destinados às suas
regiões. Por isto, o governo terminou por levá-los para o Rio Grande do Sul,
que estava situado à margem do grande eixo econômico, no centro do País.
Os primeiros imigrantes que chegaram foram os alemães, em 1824.
Primeiramente, introduziram o artesanato. Depois, estabeleceram laços
comerciais com seus países de origem, que terminaram por beneficiar o Rio
Grande do Sul.
Durante a fase inicial da colonização alemã, a Revolução Farroupilha
abalou a política e a economia do Rio Grande, causando reflexos políticos
29
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 30
no centro do País e até nos países vizinhos. A Revolução Farroupilha durou
de 1835 a 1845. Deflagrada pelos gaúchos, que não aceitavam a situação
de subordinação a que o governo central submetia o Rio Grande do Sul, a
Revolução tinha a intenção de proclamar uma república independente, e
levava, para o Sul do continente, os ideais de liberdade em voga então na
Europa.
Também chamada de Guerra dos Farrapos, a revolução só foi contida
com muita dificuldade pelo governo central, que precisou enviar grande
parte do exército brasileiro para o Rio Grande do Sul. A Revolução garantiu
ao Estado um grau de respeitabilidade política que nunca antes fora
alcançado por qualquer outro, além de Rio de Janeiro e São Paulo, onde se
encontravam as forças econômicas que governavam o País.
A atividade industrial, nascida do artesanato dos imigrantes, desenvolveu-se em ritmo crescente. O eixo Porto Alegre–Caxias transformou-se na
área de maior concentração industrial do Estado. No Vale do Sinos cresceu
a indústria calçadista, que se tornou uma das locomotivas da exportação da
indústria brasileira de manufaturados. Essa condição foi mantida até o início da década de 90, quando a produção calçadista chinesa começou a
ameaçar a indústria calçadista nacional. Em Caxias do Sul, os setores
mecânico e metalúrgico ganharam relevância. A região de colonização italiana transformou-se numa grande fornecedora de peças e componentes
para a indústria automobilística nacional.
O crescimento industrial não significou, contudo, o abandono da
agricultura. O Rio Grande do Sul continua sendo considerado, juntamente
com o Paraná, como o Estado celeiro do País, responsável pela maior produção nacional de grãos.
No setor do turismo, o Rio Grande do Sul é um dos estados com as
mais belas paisagens do País. Está centrado principalmente na diversidade
e na preservação da cultura e das tradições. Além disso, o Estado possui
expressividade não só no turismo de lazer, mas também no turismo de
negócios e eventos, hoje um dos segmentos mais disputados no mundo.
O Estado possui atualmente 450 hospitais. Existem em atividade
20.500 médicos (10 mil em Porto Alegre), para atender 10.500.000 habitantes. De acordo com o Núcleo de Informações em Saúde (NIS) da
Secretaria da Saúde do RS, o coeficiente de mortalidade infantil no Estado
tem permanecido estável nos últimos anos. Em 2003, ocorreram 15,94
óbitos por mil habitantes. Na capital, o índice foi de 13,34. Já o coeficiente
30
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 31
de natalidade no Rio Grande do Sul tem registrado queda: em 1997 o
índice foi de 18,50 por mil habitantes; em 2003 ficou em 14,17, totalizando 148.963 nascimentos para uma população de 10.511.009.
Mas quem são os médicos que atuam no Sul? O que pensam? Em
que condições trabalham? Parte relevante desta pesquisa, que visa, essencialmente, obter um perfil do médico desta região, incluiu diversas variáveis,
desde as suas características demográficas, até às suas atitudes frente à vida
e valores humanos. De fato, os domínios desta pesquisa foram ampliados
em relação ao estudo anterior (Machado, 1996), de tal forma a responder
a essas e outras questões.
Interessa neste estudo conhecer o que torna específico o médico e o
seu trabalho na Região Sul. Entretanto, na busca do enriquecimento da
análise, serão inevitáveis as comparações com a pesquisa passada e com os
dados nacionais, ajudando a ilustrar o panorama da Região.
As características demográficas dos médicos compreendem o
primeiro bloco do questionário. As seis questões apresentadas têm por
finalidade descrever os participantes da pesquisa em termos de alguns
atributos mais pessoais. Portanto, foram realizadas as seguintes perguntas:
idade, sexo, nacionalidade, naturalidade, Estado em que reside e se vive no
interior ou na capital. Não se pretendeu identificar o médico, apenas caracterizar o conjunto de participantes de modo a conhecer quem são as pessoas que exercem o ofício nos estados do Sul.
A formação profissional constituiu-se no segundo e um dos principais
blocos de perguntas desta pesquisa. Com o propósito de conhecer onde,
em que condições e especialidades os médicos estavam-se formando, inclusive com indagações acerca da pós-graduação, foram elaboradas cinco perguntas principais, algumas subdivididas. Dada a massificação do ensino
médico (no sentido negativo, implicando aglutinação de pessoas para se
qualificarem sem preocupação quanto ao prejuízo à qualidade da formação), interessava aprofundar estas questões. Assim, perguntaram-se
coisas como ano e instituição de ensino em que se graduou ou, se fosse o
caso, revalidou a graduação; a realização de cursos de pós-graduação
(Especialização, Residência Médica, Mestrado, Doutorado e PósDoutorado); obtenção de título de especialista e enquadramento da especialidade médica, segundo a classificação vigente.
A participação científica, um dos indicadores do nível de atualização
da classe médica, compôs o terceiro bloco do estudo. Quatro perguntas
31
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 32
principais foram subdivididas, procurando conhecer em que medida os
médicos estavam produzindo e consumindo conhecimento científico.
Procurou-se enfocar, principalmente, a participação em congressos, o acesso às publicações e a filiação às sociedades científicas.
Como não poderia ser diferente, o quarto bloco foi o maior, correspondendo a uma área vital para os médicos e que, em razão das mudanças
repetidamente ocorridas no âmbito econômico e político, tem despertado
seu interesse: o mercado de trabalho. Foram formuladas 20 perguntas a
respeito, procurando atualizar aquelas apresentadas na pesquisa passada.
Basicamente, buscou-se conhecer múltiplos aspectos da atuação profissional do médico: situação laboral, especialidades em que atua, satisfação
com estas, localização do trabalho, o trabalho em consultório e nos setores
privado, público, filantrópico e docente, os rendimentos recebidos e desejados e a percepção sobre o que tem mudado na sua vida profissional.
O quinto bloco tratou da orientação e participação sociopolítica dos
médicos. Este foi formado por 18 perguntas, procurando conhecer suas
opiniões acerca das condições e da atenção à saúde hoje praticada na
Região. Explorou-se o que pensam sobre o SUS, o PSF e os fatores
necessários às mudanças no Programa. Também foram avaliados as entidades de classe e os jornais que estas publicam, além da percepção que os
médicos têm do sistema de convênios e suas conseqüências na prática
profissional. E o conhecimento sobre o Código de Ética Médica vigente.
Ainda foram indagados acerca de como percebem o futuro da sua profissão. Todas estas perguntas contemplam a dimensão mais social e mesmo
política do exercício da Medicina, ajudando a situar o médico como um ser
social em interação com os colegas, as entidades médicas e os programas
e as políticas de saúde do País.
Por último, as atitudes ante a vida e os valores humanos foram incluídas como instrumentos específicos para serem respondidos. Este foi o sexto
bloco do questionário da presente pesquisa, sendo uma dimensão subjetiva completamente nova em relação à pesquisa passada. Portanto, nenhuma comparação àquele estudo é possível. Pretendeu-se conhecer que valores (pessoais e/ou sociais) guiam o comportamento dos médicos no seu diaa-dia, bem como em que medida, no geral, se encontram satisfeitos com
suas vidas.
Obviamente, para os médicos com alguns anos a mais de formado,
sobretudo aqueles que participaram da pesquisa da década de 1990, claramente terão a sensação de conhecer algumas das preocupações aqui le-
32
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 33
vantadas. Em realidade, isso reflete a permanente preocupação do
Conselho Federal de Medicina buscando acompanhar a direção das
mudanças e políticas produzidas na área da saúde, especificamente no que
tange ao trabalho médico. Contudo, com a introdução de novas tecnologias na coleta e armazenamento dos dados, este Conselho abre perspectivas para contar com um banco de dados que se poderia denominar flexível: permite incorporar novas variáveis, substituir ou mesmo eliminar outras, incluir novos sujeitos (médicos) ou mesmo obter respostas dos médicos já cadastrados em anos subseqüentes. Uma versatilidade tal que facilita análises transversais e longitudinais, reconhecendo tanto as mudanças
nas condições de trabalho e aspirações da classe médica como um todo,
bem como, se for de interesse, dos médicos que concordem em seguir participando da pesquisa.
Finalmente, é necessário reafirmar que não esgotaremos os detalhes
relatados no livro O Médico e o seu Trabalho, que trata dos dados do Brasil:
insistimos no convite para que o leitor leia também esta obra.
33
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 34
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 35
CONSIDERAÇÕES
METODOLÓGICAS
Ana Luisa Hallal
Edevard José Araújo
35
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 36
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 37
O Médico e o seu Trabalho, livro publicado recentemente com os
dados de todos os médicos participantes da pesquisa sobre Trabalho,
Qualificação e Qualidade de Vida dos Médicos (Conselho Federal de
Medicina, 2004), oferece informações detalhadas do método que embasou
a coleta dos dados que ora fundamentam o presente livro. Portanto, o leitor
interessado e ávido por conhecer a fundo o conjunto da obra é convidado
a consultar a citada publicação. Não obstante, faz-se um esforço aqui para
proporcionar as informações cruciais sobre este aspecto àqueles que se
interessam particularmente pela Região Sul. Nas linhas que se seguem, são
apresentadas considerações que certamente contribuirão para apreender o
sentido e extensão dos resultados apresentados, assim como das observações que são oferecidas no decorrer do texto. Considere-se, inicialmente,
o conjunto dos participantes potenciais e efetivos desta região.
UNIVERSO E AMOSTRAS
Por ocasião da definição do universo populacional e das amostras, a
Região Sul contava com 30.877 médicos ativos com inscrição primária, o
terceiro maior contingente destes profissionais no País, superado apenas
pelo Sudeste (N = 139.340) e Nordeste (N = 41.186). Estes médicos distribuem-se em seus três estados, como especificado: Paraná (N = 11.011),
Rio Grande do Sul (N = 15.599) e Santa Catarina (N = 4.267). Não houve
dificuldade para atingir a taxa de resposta (n; tamanho da amostra) desejada em nenhum destes estados, assumindo-se um nível de significância de
2 (dois sigmas; correspondentes à cobertura da curva normal) e erro de
estimação de 5%, a saber (ver Tabela 1).
Tabela 2. Universos e Amostras dos estados do Sul
UF
Paraná
Rio Grande do Sul
Santa Catarina
Sul
Universo
11.011
15.599
4.267
30.877
Amostra
Estimada
387
391
366
1.144
Obtida
814
741
437
1.992
Este perfil de participação dos médicos que trabalham nos estados da
Região Sul foi constatado igualmente na pesquisa prévia, realizada por
meio dos Correios (Machado, 1996a). Naquela ocasião, a maior taxa de
participação foi registrada em Santa Catarina (60%), seguido dos estados
do Paraná (53,4%) e Rio Grande do Sul (48,8%). Cabe destacar que, se con-
37
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 38
siderada a porcentagem que a amostra representa da população, esta
ordem de representatividade é mantida na pesquisa atual (7,39%, 4,75% e
10,24%, respectivamente). Portanto, parece plenamente justificável a
"pesquisa de opinião" por Internet nesta região (Birnbaum, 2004), inclusive
apresentando-se como mais favorável que aquela realizada por correio no
que se refere à taxa de resposta. Acrescente-se ainda que a qualidade das
respostas obtidas entre estes dois procedimentos de coleta de dados não
parece diferir; os resultados para o Brasil (Conselho Federal de Medicina,
2004) são claramente consistentes com aqueles divulgados na pesquisa
anteriormente realizada (Machado, 1996a), e retratam coerentemente a
realidade nacional do trabalho médico.
Quanto à margem de erro das estimações, procurou-se defini-la
empiricamente, considerando os dados ora apresentados. Neste sentido,
tendo em conta o tamanho da amostra obtida para o Sul (n = 1.992),
admitindo a proporção de característica pesquisada (p) no universo infinito
de 50% (condição mais criteriosa, desfavorável), com um nível de confiança
de 2 (95% da curva), a margem de erro calculada é de 2,24. Na prática,
isso significa que no âmbito da Região, admite-se uma variação de mais ou
menos 2,24 pontos percentuais nas porcentagens relativas às variáveis do
estudo. Este é um valor comumente aceito na literatura, o que sugere a
aceitabilidade dos resultados aqui descritos. Entretanto, esta margem de
erro não pode ser considerada se tomados como unidades de análises os
estados, devendo-se, para tanto, obter uma nova estimativa. Esta poderá
ter a seguinte distribuição, variando em função do p observado de 98% e
50%, respectivamente (valores em pontos percentuais): Paraná (0,98 e
3,50), Rio Grande do Sul (1,03 e 3,67) e Santa Catarina (1,34 e 4,78).
Neste contexto, o leitor que desejar fazer generalizações dos resultados do Sul precisará ter em mente que as porcentagens expressas poderão
variar, para mais ou para menos, aproximadamente dentro dos limites dos
pontos percentuais indicados para cada Estado.
INSTRUMENTO
Durante pelo menos três meses a equipe do Centro de Pesquisa e
Documentação do Conselho Federal de Medicina esteve empenhada em
desenvolver um questionário auto-aplicável, com perguntas objetivas e de
fácil resposta, versátil o suficiente para ser estruturado em cascatas e
disponibilizado na Internet. A comodidade de salvar cada pergunta ou
bloco, sem impossibilitar a retomada da participação posteriormente,
38
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 39
tornou a colaboração do médico menos tediosa e enfadonha do que se
tivesse de preencher um extenso questionário impresso. Seu detalhamento
encontra-se em anexo no livro O Médico e o seu Trabalho (CFM, 2004). Este
foi delineado para contemplar seis blocos principais, a saber: caracterização
dos participantes, formação profissional, participação científica, mercado
de trabalho, orientação e participação sociopolítica e atitudes ante a vida e
os valores humanos.
PROCEDIMENTO
A pesquisa foi realizada por meio da internet no período de 18 de
outubro de 2002 a 31 de março de 2003. O questionário foi disponibilizado on line, sendo permitido seu preenchimento somente aos médicos devidamente registrados nos respectivos Conselhos Regionais de Medicina
(CRMs). Para tanto, foram utilizados dois códigos de acesso: data de nascimento e número do CRM. Estas informações foram desvinculadas do banco
de dados, assegurando o anonimato dos respondentes. Esta estratégia tem
dois méritos principais, eliminando problemas típicos com esta técnica de
levantamento de dados (Birnbaum, 2004): (a) evitar que outros – que não
os potenciais participantes do estudo – respondam o questionário, e (b)
impedir que a mesma pessoa o faça mais de uma vez.
ANÁLISE DOS DADOS
O banco de dados produzido com a presente pesquisa encontra-se
em formato .sav, do SPSS (Statistical Package for the Social Sciences). Este
arquivo está limpo, isto é, foram retirados os valores extremos (anômalos)
das variáveis. Os seis blocos da pesquisa reúnem mais de 300 variáveis, que
podem ser cruzadas, descritas ou controladas estatisticamente. O leitor
familiarizado com este software contempla também as múltiplas possibilidades de análises inferenciais, como os modelos de regressão. Não
obstante, na presente obra terá de se contentar com distribuições de freqüência. Interessa-nos, neste momento, apresentar sumariamente o retrato
do médico que atua no Sul.
Cabe aqui uma advertência em relação às porcentagens das tabelas.
Estas referem-se às respostas efetivamente válidas. Como o propósito foi
considerar todas as respostas dadas, é possível que alguns números destas
tabelas não quadrem. Por exemplo, na Tabela 2.5, referente ao Bloco 2
(Formação Profissional), 747 médicos indicaram ter feito Especialização médica,
39
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 40
porém apenas 733 deles especificaram o tipo de instituição onde estudaram. Neste caso, com o fim de calcular as porcentagens, teve-se em
conta apenas estes médicos, considerando os que indicaram IES públicas (n
= 360; 49,1%) e privadas (n = 373; 50,9%).
40
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 41
1. CARACTERÍSTICAS
DEMOGRÁFICAS
DOS MÉDICOS
Ana Luisa Hallal
Edevard José Araújo
41
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 42
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 43
A Região Sul, na época da pesquisa, contava com 30.877 médicos,
assim distribuídos: 11.011 médicos do Paraná, 4.267 em Santa Catarina e
15.599 no Rio Grande do Sul. A amostra estimada para esta pesquisa, na
Região Sul, foi calculada em 1.144 médicos, contudo, efetivamente participaram 1.992 médicos, o que supera o necessário em aproximadamente
74,1% (Tabela 1.1).
Tabela 1.1. População e amostras de médicos na região e nas UFs
Região e UF
Região Sul
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
N
n
%
30.877
11.011
4.267
15.599
1.992
814
437
741
6,4
7,4
10,2
4,7
Notas: N = número de médicos do estado; n = amostra; % = percentual dos que partici param em função do total de médicos do estado.
Na Tabela 1.2, temos um panorama geral das características demográficas dos médicos que trabalham na Região, que serão detalhadas a seguir.
Tabela 1.2. Dados demográficos dos médicos no Sul
Variável
Níveis
Sexo
Masculino
Feminino
Faixa etária
Até 27 anos
De 28 a 29 anos
De 30 a 34 anos
De 35 a 39 anos
De 40 a 44 anos
De 45 a 49 anos
De 50 a 59 anos
De 60 a 69 anos
De 70 anos e mais
Lugar de
residência
F
%
1468
523
73,7
26,3
146
157
387
342
313
261
306
70
5
7,3
7,9
19,5
17,2
15,8
13,1
15,4
3,5
0,3
Capital
Interior
1004
986
50,4
49,5
Naturalidade
Do próprio estado
Outro estado
1215
591
67,3
32,7
Nacionalidade
Brasileira
Outra
1971
20
99,0
1,0
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
43
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 44
GÊNERO
A Medicina na Região Sul do Brasil é exercida, majoritariamente, por
profissionais do sexo masculino (73,7%), com variações entre os estados:
71,7% no Paraná; 79,2% em Santa Catarina e 72,6% no Rio Grande do Sul.
Nacionalmente, foi observado que 69,8% dos médicos brasileiros entrevistados são do sexo masculino.
Na pesquisa prévia (Machado, 1996), foi observado que no Paraná
75,7% dos médicos eram do sexo masculino, enquanto em Santa Catarina
e no Rio Grande do Sul estes valores eram, respectivamente, 77,3% e
70,4%.
Apesar de a Medicina continuar sendo exercida, em sua grande maioria, por profissionais do sexo masculino (73,7%), existe uma tendência de
aumento no número de profissionais do sexo feminino. Isso é evidenciado
quando se analisa estratificadamente o sexo dos médicos da Região Sul em
função da faixa etária e pode-se observar que nas faixas etárias mais jovens
o percentual de mulheres exercendo a profissão é, comparativamente,
maior. Nas faixas etárias até 27 anos, os percentuais são 63% e 37%,
respectivamente para o sexo masculino e feminino, ou seja, observa-se
menor diferença percentual entre os sexos nas faixas etárias mais jovens
(Tabela 1.3). Esta diferença é menor ainda em todo o Brasil. Até 27 anos,
são 59,8% do sexo masculino e 40,2% do feminino.
Tabela 1.3. Médicos por sexo em função da faixa etária
Sexo
Categoria de idade
Até 27 anos
Masculino
F
%
F
Feminino
%
92
63,0
54
De 28 a 29 Anos
100
63,7
57
36,3
De 30 a 34 anos
264
68,2
123
31,8
De 35 a 39 anos
231
67,5
111
32,5
De 40 a 44 anos
228
72,8
85
27,2
De 45 a 49 anos
207
79,6
53
20,4
De 50 a 59 anos
269
87,9
37
12,1
De 60 a 69 anos
67
95,7
3
4,3
5
100,0
0
0,0
De 70 anos e mais
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
44
37,0
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 45
IDADE
Quanto à idade dos médicos que atuam na Região Sul, pode-se identificar que a profissão é exercida na maioria por médicos jovens, com menos
de 45 anos (67,7%; Tabela 1.2). Entre os estados da Região, observa-se que
no Paraná existe um maior percentual de médicos nas faixas etárias mais
jovens do que em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. No Paraná, 72,3%
dos médicos possuem menos do que 45 anos, enquanto em Santa Catarina
este percentual é de 62,3% e no Rio Grande do Sul, 65,3%. Observando-se
as idades dos médicos brasileiros, tem-se que 63,4% deles têm menos do
que 45 anos.
Na pesquisa anterior (Machado, 1996), 65,1% dos médicos do
Paraná tinham menos do que 45 anos, em Santa Catarina esta porcentagem era de 68,8% e no Rio Grande do Sul de 68,3%.
LOCAL DE TRABALHO
Praticamente a metade dos médicos do Sul desempenha as suas atividades nas capitais dos estados da Região (50,4%), sendo que 49,6% desenvolvem suas atividades em cidades do interior (Tabela 1.2). Os dados referentes ao Brasil evidenciam que 62,1% dos médicos residem em uma capital, enquanto 37,9% residem em cidades do interior.
As diferenças percentuais tendem a se diferenciar mais quando analisamos o local de moradia dos médicos em função de sua idade. Na Tabela
1.4 podemos observar que os médicos mais jovens (até 30 anos) estão-se
concentrando mais nas capitais, enquanto aqueles entre 30 e 60 anos estão
em sua maioria no interior. Por outro lado, os médicos com mais de 60 anos
estão predominantemente nas capitais dos estados sulistas.
Existem diferenças percentuais quando se analisa esta distribuição
entre os estados, a saber: Paraná e Rio Grande do Sul possuem a maioria
dos médicos entrevistados residindo nas capitais, respectivamente 53,1% e
53,3%. Já em Santa Catarina a maioria dos médicos reside no interior
(59,3%). Os dados mostram uma maior concentração dos médicos de
Santa Catarina no interior do Estado. Tal situação deve-se, provavelmente,
à peculiaridade geográfica do Estado, onde a capital não é a maior cidade
e a população é geograficamente mais bem distribuída ao longo de todo o
seu território.
45
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 46
Tabela 1.4. Médicos por local de residência em função da faixa etária
Local de residência
Categoria de idade
Capital
F
Até 27 anos
De 28 a 29 Anos
De 30 a 34 anos
De 35 a 39 anos
De 40 a 44 anos
De 45 a 49 anos
De 50 a 59 anos
De 60 a 69 anos
De 70 anos e mais
99
97
212
147
141
126
140
38
3
%
68,3
61,8
54,8
43,0
45,0
48,3
45,9
54,3
60,0
F
46
60
175
195
172
135
165
32
2
Interior
%
31,7
38,2
45,2
57,0
55,0
51,7
54,1
45,7
40,0
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Na pesquisa realizada por Machado em 1996, no Estado do Paraná
havia 50,5% dos médicos residindo na capital do Estado, enquanto em
Santa Catarina este percentual era de 31,2% e no Rio Grande do Sul era de
51,5%.
ORIGEM
O percentual de médicos natural do mesmo Estado que o atual local
de trabalho, na Região Sul é de 67,3% portanto, 32,7% dos médicos do Sul
são naturais de outros estados (Tabela 1.2). Estes valores são semelhantes
às médias nacionais, em que 31,5% são de outro Estado que não o Estado
onde atualmente reside.
Observando-se os estados do Sul, verifica-se que no Paraná 41,5%
dos médicos entrevistados que lá residem nasceram em outros estados da
união, enquanto em Santa Catarina este percentual é de 52,4% e no Rio
Grande do Sul é de 10,7%. Salienta-se o número expressivo de médicos que
residem em Santa Catarina e são naturais de outros estados.
É interessante comparar os dados atuais com aqueles fornecidos pela
pesquisa anterior (Machado, 1996), onde no Estado do Paraná 57,9% dos
médicos eram naturais do próprio Estado, 12,0% eram naturais de outro
Estado da Região e 26,8% eram naturais de outra região. Em Santa
Catarina, 46,7% dos médicos eram naturais do próprio Estado, 29,2% eram
naturais de outro Estado da Região e 19,8% eram naturais de outra região.
46
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 47
Estes percentuais no Rio Grande do Sul eram de 92,0%, 1,9% e 3,8%,
respectivamente, naturais do próprio Estado, naturais de outro Estado da
Região e naturais de outra região.
Quanto à nacionalidade dos médicos que residem na Região Sul,
pode-se observar que a grande maioria possui nacionalidade brasileira
(99,0%) (Tabela 1.2). Nacionalmente este percentual é de 98,5%. Na
pesquisa prévia (Machado, 1996), no Estado do Paraná, 3,3% eram naturais de outro país, sendo que estes percentuais eram de 4,3% e 1,8%,
respectivamente em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
***
Em resumo, os médicos sulistas são majoritariamente do sexo masculino, acima da média nacional e com destaque para Santa Catarina, cujo
índice chega a 79,2%. Como no País, há mais mulheres nas faixas etárias
mais jovens, embora ainda predominem os homens. Eles são jovens em sua
maioria, assim como no restante do País, e o Paraná tem a maior concentração (72,3%). Verifica-se na Região Sul a melhor distribuição dos médicos
entre capital e interior comparada ao Brasil. Os mais jovens (até 30 anos) e
os mais velhos (acima de 60 anos) concentram-se nas capitais, enquanto os
médicos das faixas intermediárias estão predominantemente no interior. Em
Santa Catarina, a maioria vive e trabalha no interior do Estado.
47
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 48
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 49
2. FORMAÇÃO
PROFISSIONAL
Ana Beatriz Saldanha Ramos Pereira
49
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 50
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 51
Na Tabela 2.1, temos os dados gerais relativos à formação profissional dos médicos da Região Sul, que serão analisados mais pormenorizadamente em cada tópico.
Tabela 2.1. Formação dos médicos no Sul
Variável
Níveis
F
%
País onde se graduou
Brasil
Exterior
1982
7
99,6
0,4
Natureza da IES formadora
Privada
Pública
557
1298
30,0
70,0
Tempo de formado
Até 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 15 anos
De 16 a 20 anos
De 21 a 25 anos
De 26 a 30 anos
De 31 a 40 anos
41 anos e mais
274
426
312
334
281
205
133
24
13,8
21,4
15,7
16,8
14,1
10,3
6,7
1,2
Curso de pós-graduação
Sim
Não
1686
303
84,8
15,2
Título de especialista
Sim
Não
1474
514
74,1
25,9
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
PAÍS ONDE SE GRADUOU
Os médicos da Região Sul, na sua grande maioria, cursaram faculdade no Brasil (99,6%), enquanto apenas 0,4% fez sua formação no
Exterior (Tabela 2.1). Esses valores foram semelhantes entre os três estados
da Região Sul, no que se refere à graduação no Brasil: Paraná, 99,6%, Santa
Catarina 99,5% e Rio Grande do Sul 99,7%. Os resultados são semelhantes
aos dos médicos brasileiros, verificados na amostra estudada, onde se
observa que 99,1% graduaram-se no Brasil e 0,9% no Exterior.
ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS
Quanto à natureza da instituição de ensino superior na qual os médicos
da Região Sul cursaram a faculdade, 70% deles estudaram em escolas públicas (Tabela 2.1), enquanto no Paraná esta porcentagem foi de 66,9%, em
Santa Catarina foi de 81,1% e no Rio Grande do Sul foi de 66,7%.
51
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 52
Observando-se o percentual nacional de 70,6%, vê-se que enquanto Paraná e
Rio Grande do Sul encontram-se um pouco abaixo da média brasileira, Santa
Catarina é o Estado onde se destaca a graduação em escolas públicas.
Uma explicação para isso talvez seja o fato de que quando a primeira
faculdade não-pública de Santa Catarina iniciou suas atividades em 1986
(Universidade Regional de Blumenau – FURB), no Paraná já havia duas delas
e, no Rio Grande do Sul, seis. Posteriormente a 1986, mais uma faculdade
de medicina não pública iniciou suas atividades no Paraná (1997), uma
outra no Rio Grande do Sul (1997) e mais cinco em Santa Catarina (1998,
1998, 1999, 2000 e 2004)!
No perfil dos médicos da Região realizado em 1996, foi verificado
que 68,3% dos médicos do Paraná haviam realizado a graduação em escolas públicas, e que em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul este percentual era de 75,6% e 68,3%, respectivamente. Pode-se observar com isso
que houve discreta diminuição de médico formados em escolas públicas no
Paraná e Rio Grande do Sul, e um aumento de médicos oriundos de escolas públicas em Santa Catarina.
PRINCIPAIS ESCOLAS
Entre as principais Instituições de Ensino Superior da Região, estão a
Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Universidade Federal de Santa Catarina e a Faculdade Federal de Ciências
Médicas Porto Alegre (Tabela 2.2).
Dos médicos que atuam no Paraná, 37% deles realizaram sua formação na Universidade Federal do Paraná, 10,8% graduaram-se na
Universidade Estadual de Londrina e 9,5% fizeram sua formação na
Pontifícia Universidade Católica do Paraná, enquanto 42,7% graduaram-se
em outras Instituições.
Com relação aos médicos que atuam em Santa Catarina, 42,6% deles
graduaram-se na Universidade Federal de Santa Catarina, 8% na
Universidade Federal do Paraná, 6,1% na Universidade Federal de Santa
Maria e 4,1% fizeram sua formação na Universidade Federal de Pelotas. O
restante graduou-se em outras instituições (39,2%).
Quanto aos médicos que atuam no Rio Grande do Sul, as principais
instituições formadoras foram: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
52
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 53
(28,0%), Faculdade Federal de Ciências Médicas Porto Alegre (15,2%),
Universidade Federal de Santa Maria (11,3%), Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (9,4%).
Tabela 2.2. Principais IES formadoras de médicos no Sul*
Instituição de Ensino Superior
Universidade Federal do Paraná
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Universidade Federal de Santa Catarina
Faculdade Federal de Ciências Médicas Porto Alegre
Universidade Federal de Santa Maria
Universidade Federal de Pelotas
Universidade Estadual de Londrina
Faculdade Evangélica de Medicina do Paraná
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Fundação Universidade do Rio Grande
Universidade Católica de Pelotas
F
311
210
196
116
109
97
82
76
76
68
64
60
%
16,8
11,3
10,6
6,3
5,9
5,2
4,4
4,1
4,1
3,7
3,5
3,2
Notas: * A listagem completa das IES (Instituições de Ensino Superior) encontra-se no
Anexo 2.1. F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Como vimos anteriormente, são poucos os médicos que se formaram
no Exterior e trabalham na Região, da mesma forma que apenas oito
declararam que seus diplomas foram revalidados nas IES do Sul. A Tabela
2.3 mostra quais foram estas Instituições.
Tabela 2.3. Principais IES que revalidaram diplomas estrangeiros
Instituição de Ensino Superior
F
Faculdade Federal de Ciências Médicas de Porto Alegre
Fundação Universidade Federal do Rio Grande
Universidade Estadual de Londrina
Universidade Federal da Bahia
Universidade Federal de Pelotas
Universidade Federal de Santa Catarina
Universidade Federal de Santa Maria
Universidade Federal do Paraná
Total
1
1
1
1
1
1
1
1
8
%
12,5
12,5
12,5
12,5
12,5
12,5
12,5
12,5
100,0
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
53
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 54
TEMPO DE FORMAÇÃO
No que se refere ao tempo de formado, o tempo médio para graduar-se entre os médicos da Região Sul é de 16,1 anos (DP = 9,55), sendo
14,6 anos (DP = 9,33) no Paraná, 17,8 anos (DP = 8,62) em Santa Catarina
e 16,9 anos (DP = 10,08) no Rio Grande do Sul.
Verifica-se também que 50,9% dos médicos da Região têm menos do
que 15 anos de formado (Tabela 2.1), e que nos seus estados este percentual é de 57,8%, 40,5% e 49,4%, respectivamente no Paraná, em Santa
Catarina e no Rio Grande do Sul.
Na pesquisa anterior (Machado, 1996), foi observado que no Paraná
45% dos médicos tinham até 15 anos de formado, enquanto em Santa
Catarina este percentual era de 44,9% e no Rio Grande do Sul, 44,4%.
Pode-se concluir que Santa Catarina é o Estado onde se encontra o menor
percentual de médicos com 15 anos ou menos de formado, muito embora
esse grupo tenha diminuído entre 1996 e 2004. Observando-se os dados
nacionais, verifica-se que 48,2% da amostra estudada possuem 15 anos ou
menos de formado.
PÓS-GRADUAÇÃO
Na Região Sul, 84,8% dos médicos realizaram pelo menos um curso
de pós-graduação (Tabela 2.1), e esse percentual variou entre 87,2% no Rio
Grande do Sul, 82,2% no Paraná e 84,9% em Santa Catarina. Observa-se
que os Estados da Região Sul possuem percentuais superiores à média
nacional, que é de 78,1%, no que se refere à realização de cursos de pósgraduação.
RESIDÊNCIA MÉDICA
Enquanto no Brasil 61,6% dos médicos realizaram Residência Médica,
na Região Sul 69,5% cumpriram pelo menos um programa de Residência
Médica (PRM). Destes, 98,7% realizaram seu PRM no Brasil e 73,0% em
uma instituição pública. Os dados estão na Tabela 2.4, na página seguinte.
O percentual de médicos que realizou Residência Médica foi de
65,6% no Paraná, 66,2% em Santa Catarina e 74,6% no Rio Grande do Sul.
Comparando-se com a pesquisa realizada no ano de 1996, onde foram
54
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 55
observados os percentuais de 71,9%, 66,9% e 80,1% respectivamente no
Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, pode-se concluir que,
em todos os estados da Região, houve uma diminuição do percentual de
médicos com Residência Médica.
Tabela 2.4. Situação da residência médica segundo programas reconhecidos pela CNRM/MEC*
Variável
Níveis
Residência médica
Fez
Não fez
1385
607
F
69,5
30,5
%
Instituição
Pública
Privada
1013
375
73,0
27,0
País
Brasil
Exterior
1363
18
98,7
1,3
Região do País
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
4
6
3
243
1093
0,3
0,4
0,2
18,1
81,0
Tempo de residência
Até 12 meses
De 13 a 18 meses
De 19 a 24 meses
De 25 a 30 meses
De 31 a 36 meses
37 e mais meses
91
15
858
13
289
67
6,8
1,1
64,4
1,0
21,7
5,0
Especialidades
principais**
Medicina Interna ou Clínica Médica
Cirurgia Geral
Pediatria
Anestesiologia
Ginecologia e Obstetrícia
Cardiologia
Urologia
Ortopedia e Traumatologia
Medicina Geral Comunitária
Dermatologia
Psiquiatria
Oftalmologia
220
184
180
108
90
74
68
42
39
37
32
30
15,9
13,3
13,0
7,8
6,5
5,3
4,9
3,0
2,8
2,7
2,3
2,2
Notas: * Comissão Nacional de Residência Médica / Ministério da Educação e Cultura.
** Correspondem à primeira opção do questionário. A listagem completa das especiali dades encontra-se no Anexo 2.2. F = Freqüência; % = Percentual em função das
respostas válidas.
55
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 56
Dos 1.385 médicos da Região Sul que fizeram Residência Médica,
1.093 (81,0%) realizaram o programa em estados da própria Região e
243 (18,1%) médicos realizaram em estados da Região Sudeste, enquanto o restante realizou seu PRM em outras regiões do País (0,9%). O
tempo médio gasto para a conclusão do programa foi 26,9 meses (DP =
12,18) e as especialidades mais procuradas foram Clínica Médica
(15,9%), Cirurgia Geral (13,3%), Pediatria (13,0%) e Anestesiologia
(7,8%) (Tabela 2.4).
Dos médicos que têm Residência Médica e atuam no Paraná, 70,7%
deles cursaram o programa em uma instituição pública, em Santa Catarina
este valor foi 82,6% e no Rio Grande do Sul, 70%. Na pesquisa prévia os
valores foram, respectivamente, 68,3%, 75,6% e 68,3%, ou seja, em todos
os estados houve um aumento do percentual de médicos que realizou
Residência Médica em Instituições de natureza pública.
Os médicos do Paraná realizaram programa de residência em sua
maioria nos estados da Região Sul (75,7%) e gastaram em média 27,3
meses (DP = 8,74), sendo as especialidades mais freqüentes: Clínica médica (16,5%), Pediatria (13,9%), Cirurgia Geral (11,4%), Anestesiologia
(6,6%) e Ginecologia e Obstetrícia (6,6%).
Quanto aos médicos de Santa Catarina, a maioria também cursou a
Residência Médica nos Estados da Região Sul (67,5%) e levaram em média
26,6 meses (DP = 8,52) para a conclusão da residência, sendo as especialidades mais freqüentes: Clínica médica, (14,8%) Cirurgia Geral
(13,4%), Pediatria (11,4%), Anestesiologia (8,7%) e Ginecologia e
Obstetrícia (6,7%).
Também os médicos do Rio Grande do Sul realizaram o programa de
residência em sua maioria nos Estados da Região Sul (93,3%) e gastaram
em média 26,8 meses (DP = 8,06), sendo as especialidades mais freqüentes: Clínica médica (15,9%), Cirurgia Geral (15,0%), Pediatria (13,0%),
Anestesiologia (8,5%) e Cardiologia (6,9%).
Na pesquisa anterior, as Especialidades principais no Paraná foram:
Pediatria (13,9%), Ginecologia-Obstetrícia (9,9%), Medicina Interna (7,5%),
Cirurgia Geral (7,0%) e Anestesiologia (5,3%). Em Santa Catarina foram:
Pediatria (15,3%), Medicina Interna (12,2%), Ginecologia-Obstetrícia
(9,0%), Cirurgia Geral (5,6%) e Oftalmologia (4,2%). E no Rio Grande do
Sul: Ginecologia/Obstetrícia (13,2%), Pediatria (11,7%), Medicina Interna
(10,3%), Psiquiatria (7,9%) e Cirurgia Geral (6,0%).
56
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 57
ESPECIALIZAÇÃO
Considerando-se a Especialização médica latu sensu excetuando-se a
Residência Médica, verifica-se que 37,5% dos médicos da Região Sul realizaram
um curso com 360 horas ou mais de duração (Tabela 2.5), valor este semelhante à média nacional que é de 37,3%. Entre os médicos da Região que fizeram Especialização, a maioria a fez no Brasil e em estados da própria região,
sendo gasto o tempo médio para conclusão de 18,1 meses (DP = 9,93).
Tabela 2.5. Situação da especialização latu sensu (exceto residência médica), realizada mediante cursos com 360 horas ou mais de duração
Variável
Níveis
Especialização médica Fez
Não fez
F
%
747
1245
37,5
62,5
Instituição
Pública
Privada
360
373
49,1
50,9
País
Brasil
Exterior
646
72
90,0
10,0
Região do País
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
2
6
3
186
447
0,3
0,9
0,5
28,9
69,4
Tempo de
especialização
Até 6 meses
De 7 a 12 meses
De 13 a 18 meses
De 19 a 24 meses
De 25 a 30 meses
31 e mais meses
67
286
45
196
19
75
9,7
41,6
6,5
28,5
2,8
10,9
Especialidades
principais*
Medicina do Trabalho
Cardiologia
Dermatologia
Acupuntura
Administração Hospitalar
Psiquiatria
Endoscopia Digestiva
Homeopatia
Urologia
Anestesiologia
Gastroenterologia
Pediatria
137
56
35
32
28
27
26
26
22
16
12
12
18,3
7,5
4,7
4,3
3,7
3,6
3,5
3,5
2,9
2,1
1,6
1,6
Notas: * Correspondem à primeira opção do questionário. A listagem completa das espe cialidades encontra-se no Anexo 2.3.
F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
57
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 58
Observa-se que, quanto à Instituição de Ensino Superior onde os
médicos da Região realizaram o curso, 50,9% o fizeram em instituições
privadas e 49,1% em instituições públicas. A principal especialidade
médica cursada foi Medicina do Trabalho, em todos os estados. Nos estados da Região Sul os valores são 38,9%, 37,5% e 35,9%, enquanto na
pesquisa anterior (Machado, 1996) os valores foram de 39,5%, 59,3% e
37,7%, respectivamente no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Apesar de ser a mais procurada, houve uma redução em todos os estados dos que cursaram Medicina do Trabalho, com destaque para Santa
Catarina.
TÍTULO DE ESPECIALISTA
Na Região Sul, 74,1% dos médicos possuem Título de Especialista
(Tabela 2.1), percentual superior à média nacional que é de 66,5%. A
Tabela 2.6 mostra que a maioria foi concedida pelas Sociedades de
Especialidades (67,7%), porém é significativo o número de certificados
dados pela Comissão Nacional de Residência Médica (25,6%). O registro
do Título no Conselho Regional de Medicina é condição legal para anunciar a especialidade, e a maioria o fez (94,1%). Os Conselhos de Medicina
registram com o mesmo valor legal os Títulos das Sociedades e os
Certificados da CNRM.
Nos estados, os que declararam possuir Título são 70,9% no Paraná,
78,0% em Santa Catarina e 75,3% no Rio Grande do Sul. Comparando-se
com o estudo de 1996, observa-se que houve um aumento destes percentuais em todos os estados, quando os valores eram de 66,4% no Paraná,
59,5% em Santa Catarina e 59,5% no Rio Grande do Sul.
A maioria dos médicos nos três estados informou que o Título foi
emitido por uma Sociedade de Especialidade (68,7% no Paraná, 71% em
Santa Catarina e 64,5% no Rio Grande do Sul), e quase todos os registraram
no Conselho Regional (96,1%, 93,8% e 92,2%, respectivamente). Santa
Catarina têm o maior percentual de Títulos fornecidos pelas Sociedades, e
apenas 23,4% dados pela CNRM. No Paraná e no Rio Grande do Sul a
Residência Médica concedeu mais certificados (24,4% e 28,2%, respectivamente).
Em toda a Região, o tempo de exercício da especialidade foi de até
10 anos (52,2%) e as mais representativas foram Pediatria (11,2%),
Cardiologia (10,3), Anestesiologia (9,3%) Cirurgia geral (7,4%) e Clínica
58
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 59
médica (7,1%). Nos Paraná e em Santa Catarina a maioria também possui
Título há menos de dez anos (57% e 51,9%), e no Rio Grande do Sul são
47,5%. Nos três estados a Pediatria foi a especialidade que mais conferiu
títulos (11,5%, 10% e 11,7%, respectivamente), seguida da Cardiologia e
da Anestesiologia (9,9% e 8,7% no Paraná e 11,6% e 9,7% no Rio Grande
do Sul). Em Santa Catarina, a ordem inverteu-se (9,7% para a
Anestesiologia e 8,8% para a Cardiologia). O quarto e quinto postos dividiram-se entre a Cirurgia Geral, a Ginecologia/Obstetrícia e a Clínica Médica,
dependendo do Estado.
Tabela 2.6. Título de especialista considerando a primeira especialidade
declarada
Variável
Níveis
F
%
Entidade
que concedeu
Sociedade de Especialidade
CNRM
Medicina do Trabalho
Outra
981
371
15
83
67,7
25,6
1,0
5,7
Registro no
CRM/CFM
Sim
Não
1362
86
94,1
5,9
Tempo de exercício
da especialidade
Até 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 15 anos
De 16 a 20 anos
De 21 a 25 anos
De 26 a 30 anos
De 31 a 40 anos
41 anos e mais
435
284
218
204
128
79
23
5
31,6
20,6
15,8
14,8
9,3
5,7
1,7
0,4
Especialidades
principais*
Pediatria
Cardiologia
Anestesiologia
Cirurgia Geral
Medicina Interna ou Clínica Médica
Ginecologia e Obstetrícia
Urologia
Dermatologia
Psiquiatria
Ortopedia e Traumatologia
Oftalmologia
Otorrinolaringologia
165
151
137
108
104
103
83
54
51
41
33
31
11,2
10,3
9,3
7,4
7,1
7
5,7
3,7
3,5
2,8
2,2
2,1
Notas: * A listagem completa das especialidades médicas encontra-se no Anexo 2.4.
F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
59
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 60
MESTRADO
Quanto ao Mestrado, 16,7% dos médicos da Região Sul têm título de
Mestre (Tabela 2.7) sendo a freqüência nacional de 14,0%. Este percentual
segundo os estados da Região é: 15,7% dos médicos do Paraná, 11,0% dos
médicos de Santa Catarina e 21,2% dos médicos do Rio Grande do Sul.
Houve um notável incremento de médicos com Mestrado, já que na
pesquisa anterior o percentual de Mestres era de 7,4% no Paraná, 2,4% em
Santa Catarina e 4,3% no Rio Grande do Sul.
Entre os médicos da Região Sul que fizeram Mestrado, a maioria o fez
no Brasil e em instituição pública, sendo o tempo médio despendido para
a realização do curso 30,6 meses (DP = 10,71). As principais áreas temáticas do curso de Mestrado foram: Clínica Médica, Cirurgia Geral e
Cardiologia. A Tabela 2.7 mostra os detalhes para a Região.
Tabela 2.7. Situação do Mestrado em Medicina, no Sul
Variável
Níveis
Mestrado
em Medicina
Fez
Não fez
333
1659
16,7
83,3
Instituição
Pública
Privada
276
52
84,1
15,9
País
Brasil
Exterior
306
8
97,5
2,5
Região do País
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
1
0
0
62
250
0,3
0,0
0,0
19,8
79,9
Tempo de mestrado
Até 12 meses
De 13 a 18 meses
De 19 a 24 meses
De 25 a 30 meses
De 31 a 36 meses
De 37 a 42 meses
De 43 a 48 meses
49 e mais meses
14
3
142
23
80
4
24
11
4,7
1,0
47,2
7,6
26,6
1,3
8,0
3,7
Áreas temáticas
principais*
Medicina Interna ou Clínica Médica
Cirurgia Geral
Cardiologia
Pediatria
54
42
37
24
16,2
12,6
11,1
7,2
60
F
%
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 61
Pneumologia
Gastroenterologia
Ortopedia e Traumatologia
Psiquiatria
Urologia
Cancerologia
Nefrologia
Patologia
20
13
6
6
6
5
5
5
6,0
3,9
1,8
1,8
1,8
1,5
1,5
1,2
Notas: * A listagem completa das especialidades médicas encontra-se no Anexo 2.5.
F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Nos três estados, expressiva maioria fez o Mestrado no País (mais de
90%), e em IES públicas. Neste quesito o destaque é para o Paraná (91,2%,
contra 81,3% em SC e 79,4% no RS). As áreas temáticas mais freqüentes
são as três apontadas para a Região, com exceção de Santa Catarina, onde
a Pediatria ocupou o terceiro lugar (8,3%) à frente da Cardiologia, e no Rio
Grande do Sul, onde a Pneumologia ficou em terceira posição (10,2%),
deslocando a Cirurgia Geral.
DOUTORADO
Enquanto no Brasil 6,8% dos médicos possuem Doutorado, 5,7% dos
médicos do Sul possuem o título de Doutor, sendo 5%, no Paraná, 3,2% em
Santa Catarina e 8% no Rio Grande do Sul (Tabela 2.8). Houve também um
grande incremento de médicos com Doutorado nesses estados, considerando que em 1996 foram observados os seguintes percentuais: 1,6%
no Paraná, 1,3% em Santa Catarina e 2,7% no Rio Grande do Sul.
A maioria dos médicos da Região Sul que realizaram o curso de
Doutorado o fez no Brasil e em instituição pública, despendendo um tempo
médio de 30,6 meses (DP = 10,71). As principias áreas temáticas foram:
Cardiologia, Cirurgia Geral, Pneumologia, Clínica Médica e Pediatria. A
Tabela 2.8 traz os detalhes do Doutorado na Região.
Nos três estados pode-se constatar que a maioria fez Doutorado em
IES públicas, e também no Brasil, porém com algumas variações: enquanto
no Paraná e no Rio Grande do Sul mais de 80% o fizeram no País, em Santa
Catarina foram 61,5%, contra 38,5% que cursaram no Exterior.
As áreas temáticas também variaram de estado para estado. As cinco
mais apontadas para a Região estão entre as três escolhidas majoritariamente
pelos médicos do Paraná e do Rio Grande do Sul, onde a Pneumologia figura
61
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 62
em segundo lugar. Em Santa Catarina, o Doutorado foi realizado principalmente nas áreas de Urologia, Pediatria e Ortopedia e Traumatologia.
Tabela 2.8. Situação do Doutorado em Medicina, no Sul
Variável
Níveis
F
%
Doutorado
em Medicina
Fez
Não fez
114
1878
5,7
94,3
Instituição
Pública
Privada
95
12
88,8
11,2
País
Brasil
Exterior
85
19
81,7
18,3
Região do País
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
0
0
0
36
53
0,0
0,0
0,0
40,4
59,6
Tempo de doutorado
Até 12 meses
De 13 a 24 meses
De 25 a 36 meses
De 37 a 48 meses
49 e mais meses
0
22
34
25
12
0,0
23,7
36,6
26,9
12,9
Áreas temáticas
principais*
Cardiologia
Cirurgia Geral
Pneumologia
Medicina Interna ou Clínica Médica
Pediatria
Psiquiatria
Urologia
Anestesiologia
Gastroenterologia
Nefrologia
Otorrinolaringologia
Patologia
19
17
10
9
8
4
4
3
3
3
3
3
16,7
14,9
8,8
7,9
7,0
3,5
3,5
2,6
2,6
2,6
2,6
2,6
Notas: * A listagem completa das especialidades médicas encontra-se no Anexo 2.6. F =
Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
PÓS-DOUTORADO
Dos médicos do Sul que responderam à pesquisa, 0,8% possui o
respectivo título, sendo 0,6% no Paraná e 1,5% dos gaúchos. Em Santa
Catarina, nenhum dos entrevistados possui tal título (Tabela 2.9). Para o País
62
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 63
como um todo este percentual é de 1,3%. Na pesquisa anterior, foi observado que no Paraná este percentual era de 0,2%, 0,4% em Santa Catarina
e 0,4% no Rio Grande do Sul. Chama a atenção o fato de na pesquisa de
1996 existirem médicos com Pós-Doutorado em Santa Catarina.
Tabela 2.9. Situação do Pós-Doutorado em Medicina, no Sul
Variável
Níveis
Pós-Doutorado
em Medicina
Fez
Não fez
16
1976
F
%
0,8
99,2
Instituição
Pública
Privada
9
7
56,2
43,8
País
Brasil
Exterior
1
14
6,7
93,3
Região do País
Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
0
0
0
0
1
0,0
0,0
0,0
0,0
100,0
Tempo de
pós-doutorado
Até 6 meses
De 7 a 12 meses
De 13 a 18 meses
De 19 a 24 meses
25 e mais meses
3
3
2
4
0
25,0
25,0
16,7
33,3
0,0
Áreas temáticas
principais
Cardiologia
Nefrologia
Urologia
Cancerologia
Dermatologia
Neurologia
Otorrinolaringologia
Terapia Intensiva
Outra
2
2
2
1
1
1
1
1
5
12,5
12,5
12,5
6,3
6,3
6,3
6,3
6,3
31,3
Notas: * A listagem completa das especialidades médicas encontra-se no Anexo 2.7.
F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
A maioria dos respondentes realizou o curso de Pós-Doutorado no
Exterior (93,3%), e praticamente metade deles o fez em instituição pública
(56,2%), despendendo um tempo médio de 14,8 meses (DP = 7,99). As
áreas temáticas mais citadas foram a Cardiologia, a Nefrologia e a Urologia.
Os médicos do Paraná e do Rio Grande do Sul que afirmaram possuir
tal curso também o fizeram (quase todos) no Exterior, sendo que no Paraná
predominaram as instituições privadas e no Rio Grande do Sul, as públicas.
63
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 64
Além das áreas temáticas mais citadas na Região, aparece a Cancerologia
no Paraná e a Urologia entre os gaúchos.
***
Em resumo, apesar da discreta redução de formandos em Faculdades
públicas no Paraná e no Rio Grande do Sul, a maioria dos médicos da
Região gradua-se em IES públicas. E a Pós-Graduação também, com
destaque para a residência e os cursos de Mestrado e Doutorado, cujos percentuais mostram que os médicos do Sul os têm procurado com mais freqüência que o restante do País. A comparação com a pesquisa passada revela que os sulistas investiram bastante na sua formação nos últimos oito
anos. Certamente uma das conseqüências deste investimento é o fato de a
maioria dos recém-formados procurar os programas de Residência Médica
na própria região.
64
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 65
3. PARTICIPAÇÃO
CIENTÍFICA
Ana Luiza Hallal
Edevard José de Araújo
65
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 66
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 67
A participação científica dos médicos foi medida por intermédio das
variáveis: participação em congressos científicos nos últimos dois anos,
acesso à revista científica, participação como membro de sociedade científica, natureza da sociedade científica e necessidade e razão para aprimorar
seus conhecimentos. Essa participação foi avaliada também de acordo com
a periodicidade, tipo de participação e tipo de congresso científico, bem
como com a periodicidade de leitura, assinatura e tipo de revista científica.
Na Tabela 3.1 temos um quadro geral da participação científica dos médicos da região Sul.
Tabela 3.1. Participação científica dos médicos no Sul
Variável
Níveis
F
%
Participação em
congressos científicos
nos últimos dois anos
Sim
Não
1779
212
89,4
10,6
Acesso à revista científica
Sim
Não
1867
124
93,8
6,2
Membro de sociedade
científica
Sim
Não
1468
519
73,9
26,1
Natureza da sociedade
científica da qual é sócio
Nacional
Internacional
Ambas
1025
21
272
77,8
1,6
20,6
Necessidade de aprimorar
conhecimentos
Sim
Não
1969
19
99,0
1,0
Razão para aprimorar
conhecimentos
Qualificação técnica
Ascensão profissional
Melhor remuneração
Outra razão
1659
205
50
49
84,5
10,4
2,5
2,5
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Quanto à participação em algum congresso nos últimos dois anos,
89,4% dos médicos da Região Sul responderam que participaram de pelo
menos um congresso (Tabela 3.1), sendo este percentual no Paraná de
89,5%, em Santa Catarina 89,3% e no Rio Grande do Sul 89,2%, índice
acima da média nacional que foi de 86,7%. Na Região Sul destacou-se o
Paraná, que foi o Estado brasileiro onde houve maior percentual de participação dos médicos em congressos.
Na pesquisa anterior, observou-se que este percentual no Paraná era
de 78,1%, em Santa Catarina 80,4%, e no Rio Grande do Sul 78,6%, ou
seja, nesse período houve um considerável crescimento percentual de,
67
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 68
respectivamente, 14,6%, 11,1% e 13,5%, no que se refere à participação
dos médicos da Região Sul em congressos.
O acesso à revista científica foi medido inicialmente como uma variável categórica (sim ou não), onde 93,8% dos médicos do Sul responderam ter acesso à publicação científica (Tabela 3.1). No Brasil este valor é de
92,1%. Observando-se os estados do Sul individualmente, verificam-se valores de 92,1%, 95,0% e 94,9%, respectivamente no Paraná, em Santa
Catarina e no Rio Grande do Sul. Salienta-se que Santa Catarina é o Estado
brasileiro onde existe a maior porcentagem de médicos com acesso a revista
científica.
Na pesquisa anterior (Machado, 1996), a porcentagem de médicos com acesso à revista técnico-científica no Paraná era de 93,7%, em
Santa Catarina este valor era de 94,3% e no Rio Grande do Sul, 92,3%,
demonstrando que não houve mudança significativa nos últimos oito
anos.
No que se refere à participação como membro de alguma sociedade
científica, verifica-se que o percentual nacional é 71,3%, sendo que na
Região Sul este valor é 73,9% (Tabela 3.1). No Paraná, o percentual de
médicos que participa de sociedade científica é 67,8%, em Santa Catarina
78,3% e no Rio Grande do Sul 77,9%. Na pesquisa de 1996 os percentuais
eram 99,1% no Paraná, 97,8% em Santa Catarina e 97,8% no Rio Grande
do Sul. Pode-se observar que houve importante diminuição da filiação às
sociedades científicas em todos os estados da Região Sul, precisamente,
diminuição percentual de 31,6% no Paraná, 19,9% em Santa Catarina e
20,4% no Rio Grande do Sul.
Quanto à natureza da sociedade científica nas quais os médicos do
Sul participam, 1,6% destes referem ser sócios de uma sociedade internacional, 77,8% de uma sociedade nacional e 20,6% de ambas (Tabela 3.1).
No Paraná, dos médicos que informaram participar como sócio de uma
sociedade científica, 2,8% deles referiram participar como sócios de uma
sociedade internacional, 79,0% de uma sociedade nacional e 18,2% de
ambas. Em Santa Catarina, 1,3% deles referiram participar como sócios de
uma sociedade internacional, 77,7% de uma sociedade nacional e 21,0%
de ambas. No Rio Grande do Sul estes percentuais são 0,6%, 76,6% e
22,8%, respectivamente.
Os médicos foram questionados quanto à necessidade de aprimorar
seus conhecimentos, e 99,0% dos médicos do Sul responderam "sim"
68
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 69
(Tabela 3.1), sendo este percentual no Paraná correspondente a 99,4% dos
médicos pesquisados, em Santa Catarina 98,4% e no Rio Grande do Sul
99,1%. Em termos de Brasil, esta porcentagem foi de 98,7%.
Entre as razões para aprimorar conhecimentos são citadas a ascensão
profissional (10,4%), maior qualificação técnica para o trabalho (84,5%) e
melhoria da remuneração (2,5%), entre outras (Tabela 3.1). Em todos os
estados do Sul, o principal motivo apontado pelos médicos para aprimorar
seus conhecimentos foi maior qualificação técnica para o trabalho. No perfil dos médicos descrito em 1996, 95,4% dos médicos do Paraná percebiam a necessidade de aprimoramento profissional, em Santa Catarina este
percentual era de 96,5% e no Rio Grande do Sul 97,3%.
PARTICIPAÇÃO EM CONGRESSOS
Os médicos do Sul, na sua maioria, participam de congressos locais,
regionais, nacionais e internacionais como assistentes. A periodicidade de
participação da maioria desses médicos em congressos locais, regionais e
nacionais é anual, sendo eventual a participação em congressos internacionais, realizados tanto no País quanto no Exterior (Tabela 3.2).
Tabela 3.2. Participação em congressos científicos nos últimos 2 anos
Tipo de participação
Tipo de
congresso
Periodicidade
Assis- Apres.
tente Trab.
Pales- Não Even- De 2
trante respon tual- em 2
-deu mente anos
Anual- Não
mente respon
-deu
Local
683
(34,3)
141
(7,1)
371
797
199
(18,6) (40,0) (10,0)
71
(3,6)
907
(45,5)
815
(40,9)
Regional
808
(40,6)
170
(8,5)
289
725
199
(14,5) (36,4) (10,0)
144
(7,2)
868
(43,6)
781
(39,2)
Nacional
976
291
(49,0) (14,6)
191
(9,6)
534
200
389
(26,8) (10,0) (19,5)
799
(40,1)
604
(30,3)
Internacional
(no País)
457
(22,9)
82
(4,1)
85
(4,3)
1368
288
(68,7) (14,5)
135
(6,8)
210
(10,5)
1359
(68,2)
Internacional
(no Exterior)
281
(14,1)
64
(3,2)
44
1603
215
(11,3) (80,5) (10,8)
104
(5,2)
120
(6,0)
1553
(78,0)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas por centagens. Estas foram calculadas em função do total de médicos que declarou participar
de congressos científicos nos últimos dois anos (respostas válidas).
69
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 70
Quanto à participação em congressos como palestrantes, pode-se
observar que 9,6% dos médicos da Região participaram nesta categoria em
congressos nacionais, 4,3% foram palestrantes em congressos internacionais realizados no Brasil e 11,3% participaram como palestrantes em
congressos internacionais realizados no Exterior (Tabela 3.2).
Interessante observar que a participação dos médicos da Região,
na categoria palestrante, foi mais freqüente em congressos internacionais realizados no Exterior do que nos congressos internacionais realizados no Brasil (Tabela 3.2). O percentual de participação em congressos
internacionais no Exterior, como palestrantes, segundo os estados, é a
que segue: 9,3% dos médicos no Paraná, 9,2% dos médicos de Santa
Catarina e 14,2% dos médicos do Rio Grande do Sul.
Quanto à apresentação de trabalhos em congressos científicos,
pode-se observar que 14,6% dos médicos da Região o fizeram em congressos nacionais, 4,1% em congressos internacionais realizados no País
e 3,2% em congressos internacionais realizados no Exterior, nos últimos
2 anos (Tabela 3.2).
No Paraná, 20,5% dos médicos apresentaram trabalhos em congressos nacionais, 14,4% apresentaram em congressos internacionais
sediados no Brasil e 16,4% o fizeram em congressos internacionais realizados no Exterior. Em Santa Catarina estes percentuais foram 14,3%,
5,4% e 12,6% respectivamente em congressos nacionais e internacionais, sediados no País e no Exterior. No Rio Grande do Sul, 22,8% dos
médicos participaram de congressos científicos nacionais apresentando
trabalhos, 16,7% deles apresentaram trabalhos em congressos científicos internacionais realizados no Brasil e 18,5% participaram apresentando trabalhos em congressos internacionais realizados no Exterior.
REVISTAS CIENTÍFICAS
A maioria dos médicos do Sul (54,3%) não respondeu à questão
referente à assinatura de revistas científicas locais e, dos que responderam, 23,9% assinam. Quanto à assinatura de revista nacional, 53,7% dos
médicos da Região informaram ser assinantes. O percentual de médicos
com assinatura de revistas internacionais é de 19,1%, enquanto a porcentagem de médicos que assina revista eletrônica (Internet) é de 24,3%
(Tabela 3.3).
70
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 71
Tabela 3.3. Leitura e assinatura de revistas científicas
Periodicidade com que lê
Tipo de revista
Assinante
Rara- Mensal Quin- Sema- Não
Sim
mente
zenal
nal respondeu
Não
Não
respondeu
Científica local
660
(8,8)
2316
(31,0)
149
(2,0)
421
(5,6)
3915 1786
(52,5) (23,9)
1629
(21,8)
4046
(54,2)
Científica nacional
509
(6,8)
4767
(63,9)
247
(3,3)
524
(7,0)
1414 4004
(19,0) (53,7)
1600
(21,4)
1857
(24,9)
Científica Internacional
884
2010
(11,8) (26,9)
270
(3,6)
733
(9,8)
3564 1423
(47,8) (19,1)
2321
(31,1)
3717
(49,8)
Eletrônica (Internet)
685
(9,2)
512
(6,9)
2309 2726 1814
(30,9) (36,5) (24,3)
2517
(33,7)
3130
(42,0)
1229
(16,5)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas por centagens. Estas foram computadas em função das respostas efetivamente válidas.
No Paraná, o percentual de médicos com assinatura de revista científica nacional é de 73,9%, e de revistas internacionais, 40,7%. Na pesquisa
prévia (Machado, 1996) estes percentuais eram, respectivamente, 72,0% e
6,0%, sendo que 22,0% possuíam a assinatura de ambas. Em Santa
Catarina, o percentual de médicos com assinatura de revista científica
nacional é de 78,5% e de revistas internacionais, 40,0%. Em 1996 estes percentuais eram, respectivamente, 72,0% e 5,6%, sendo que 24,2% dos
médicos catarinenses possuíam a assinatura de ambas. No Rio Grande do
Sul, atualmente o percentual de médicos com assinatura de revista científica nacional é de 74,3% e de revistas internacionais, 45,5%. Em 1996 estes
percentuais eram, respectivamente, 64,3% e 6,6%, sendo que 29,1% dos
médicos gaúchos possuíam a assinatura de ambas.
Quanto às revistas eletrônicas (Internet), 24,7% no Paraná, 25,4% em
Santa Catarina e 27,7% no Rio Grande do Sul declararam-se assinantes.
Estes resultados correspondem à média nacional e à da Região.
Em todos os estados da Região houve um leve incremento de assinaturas das revistas nacionais e um grande aumento nas assinaturas das
revistas cientificas internacionais.
Quanto à periodicidade de leitura, a maioria informou ler revista científica nacional com uma periodicidade mensal (63,9%). A maioria dos médicos pesquisados não respondeu à periodicidade de leitura de revistas científicas local, internacional e eletrônica. Dos que responderam, a maioria
71
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 72
informou ler revista científica local e internacional com periodicidade mensal e revista científica eletrônica com periodicidade semanal.
Os que assinam revistas eletrônicas (internet) afirmam majoritariamente que as lêem semanalmente no Paraná (30%), em Santa Catarina
(34,8%) e no Rio Grande do Sul (41%), seguidos de outro grupo menor que
as lêem mensalmente (19,7%, 14,2% e 16,7%, respectivamente). Estes
resultados são semelhantes aos da Região e do País.
***
Em resumo, a participação científica no Sul vem crescendo, exemplo
disso é o incremento da participação em congressos, com destaque para os
paranaenses, e das assinaturas de revistas científicas, principalmente as
internacionais. Esta inserção crescente é fruto da preocupação dos sulistas
em aprimorar seus conhecimentos, e tem relação direta com os investimentos na formação, como vimos anteriormente. Merece destaque a significativa diminuição da filiação às sociedades científicas, que vem ocorrendo em
quase todo o País. Apesar de ainda manter índices superiores aos nacionais,
é expressiva esta redução quando comparada à pesquisa de 1996.
72
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 73
4. MERCADO
DE TRABALHO
Ana Beatriz Saldanha Ramos Pereira
73
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 74
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 75
É um tema que gera grande interesse, e a pesquisa do CFM incluiu
variáveis que discorrem sobre os principais tópicos de importância no
assunto para a Região Sul do País, resumidos na Tabela 4.1, a seguir.
Tabela 4.1. Mercado de trabalho dos médicos no Sul
Variável
Níveis
Situação profissional
Ativo
Desempregado
Inativo
Situação de inativo
Aposentado
Afastado
Abandono
Onde exerce
a profissão
Consultório
Setor público
Setor privado
Setor filantrópico
Docência
Número de atividades
em Medicina
1
2
3
4
5
6
Especialidade principal
em que atua*
Cardiologia
Pediatria
Medicina Interna ou Clínica Médica
Anestesiologia
Urologia
Ginecologia e Obstetrícia
Dermatologia
Cirurgia Geral
Medicina Geral Comunitária
Medicina do Trabalho
Oftalmologia
Ortopedia e Traumatologia
Localização do
trabalho
Na mesma cidade em que reside
Em cidade diferente da que reside
Na mesma cidade em que reside
e em outra cidade do mesmo estado
Na mesma cidade em que reside
e em cidade de outro estado
atividade
atividades
atividades
atividades
atividades
ou mais atividades
F
%
1960
16
13
98,5
0,8
0,7
4
5
3
33,3
41,7
25,0
1476
1183
1049
363
391
75,4
61,2
54,2
18,9
20,3
329
543
539
296
132
80
17,1
28,3
28,1
15,4
6,9
4,2
210
170
157
151
123
113
72
71
71
61
43
43
10,7
8,7
8,0
7,7
6,3
5,8
3,7
3,6
3,6
3,1
2,2
2,2
1474
74
75,3
3,8
383
19,6
27
1,4
75
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 76
Proprietário
de empresa médica
Sim
Não
498
1434
25,8
74,2
Medicina é única
fonte de renda
Sim
Não
1728
227
88,4
11,6
62
79
41
22
17
2
27,8
35,5
18,4
9,8
7,6
0,9
Contribuição de outras Até 10%
fontes de renda
De 11 a 30%
De 31 a 50%
De 51 a 70%
De 71 a 90%
91% e mais
Notas: * A listagem completa encontra-se no Anexo 4.1. F = Freqüência; % = Percentual
em função das respostas válidas.
SITUAÇÃO PROFISSIONAL
Entre os participantes residentes na Região Sul, a maioria dos médicos referiu ser ativo (98,5%), quanto à situação profissional, 0,8% referiram
estar desempregados e 0,7% referiram ser inativos (Tabela 4.1). Os valores
acima apresentados apresentam discreta variação entre os Estados da
Região, a saber: 98,4% dos médicos foram classificados como ativos no
Paraná e Rio Grande do Sul e 99,1% em Santa Catarina. O percentual de
desempregados foi de 1,0% dos médicos do Paraná, 0,2% dos médicos de
Santa Catarina e 0,9% daqueles do Rio Grande do Sul. O percentual de inativos foi de 0,6% no Paraná, 0,7% em Santa Catarina e 0,7% no Rio Grande
do Sul.
Na pesquisa anterior (Machado, 1996), a situação profissional dos
médicos do Paraná era classificada em ativos (94,0%), abandono/afastamento (1,7%) e aposentado (1,1%). Em Santa Catarina estes percentuais
eram, respectivamente, 94,9%, 1,9% e 0,4%. No Rio Grande do Sul os percentuais eram 94,9%, 1,9% e 0,4%, respectivamente.
Cabe salientar que na Região Sul, assim como no País, há poucos
médicos que não exercem sua profissão (1,5%). Quando se observa os do
País como um todo, verifica-se que 1,7% dos médicos não exercem a profissão, sendo que 0,8% encontram-se desempregados e 0,7% inativos; o percentual de médicos ativos no Brasil corresponde a 98,3%.
Os médicos inativos da Região Sul podem ser classificados como
aposentados (33,3%), afastados temporariamente da profissão (41,7%) ou
que abandonaram a profissão (25,0%) (Tabela 4.1). Nos estados estes valores oscilaram, chamando atenção para o fato de que os valores absolutos
76
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 77
são, relativamente, pequenos, considerando-se a amostra estudada. Assim,
pequenas variações dos valores absolutos representam importantes variações percentuais. No Paraná, 20% dos médicos inativos eram aposentados,
60% estavam temporariamente afastados da atividade médica e 20% abandonou a profissão. Em Santa Catarina foi observado que, entre os médicos
inativos, 66,7% eram aposentados, 33,3% estavam temporariamente afastados da atividade médica e nenhum médico abandonou a profissão. No
Rio Grande do Sul, os valores percentuais foram 25,5%, 50% e 25% referentes aos aposentados, afastados temporariamente e abandono à profissão, respectivamente.
LOCAL ONDE EXERCE A PROFISSÃO
A presente pesquisa procurou saber como os médicos distribuem
suas atividades laborais, entre o consultório particular, o setor público, o
setor privado, o setor filantrópico e a docência em Medicina.
A maioria dos médicos da Região Sul que estão em atividade exerce
a profissão em consultório (75,4%), sendo que 61,2% a exercem no setor
público, 54,2% no setor privado e 20,3% exercem a docência (Tabela 4.1).
Observando-se os mesmos dados para o Brasil, verifica-se que a atividade
no setor público perfaz o maior percentual (69,7%), seguida pela atividade
em consultório (67,0%), setor privado (53,8%), setor filantrópico (20,3%) e
docência (18,9%). Nota-se que na Região Sul a atividade de consultório é,
comparativamente, mais freqüente do que no Brasil.
Observando-se estas variáveis especificamente para os Estados da
Região Sul, verifica-se que no Paraná 71,5% dos médicos possuem atividades em consultório, sendo que este percentual em Santa Catarina é de
82,6% e no Rio Grande do Sul, de 75,5%. Santa Catarina destaca-se como
o Estado da Região onde a grande maioria dos médicos desenvolve atividades médicas em consultórios.
Os dados da pesquisa prévia (Machado, 1996) já mostravam um
maior percentual de atividades desenvolvidas em consultórios nos estados
da Região Sul, a saber: no Paraná, 84,1% dos médicos realizavam atividade
em consultório, em Santa Catarina, 87% e no Rio Grande do Sul, 83,5%.
Destaque-se que em todos os estados houve uma diminuição percentual
das atividades desenvolvidas em consultório. Tanto na pesquisa prévia
quanto na atual, Santa Catarina é o Estado da Região onde esta atividade
é mais preponderante.
77
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 78
O trabalho no setor público é realizado por 60,4% dos médicos do
Paraná, 69,4% dos médicos de Santa Catarina e 57,1% dos médicos do Rio
Grande do Sul. No setor privado, o percentual de médicos variou segundo
os estados da Região Sul, sendo 56,0%, 51,9% e 53,7% respectivamente
no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Quanto ao setor filantrópico, 17,8% dos médicos do Paraná referiram
desenvolver atividades neste setor, 20,1% em Santa Catarina e 19,5% dos
médicos do Rio Grande do Sul. A docência em Medicina é desenvolvida por
17,6% dos médicos residentes no Paraná, 22,7% dos médicos de Santa
Catarina e por 22% dos médicos do Rio Grande do Sul.
Na pesquisa anterior (Machado, 1996), 64,8% dos médicos do Paraná
exerciam atividades no setor público e 65,2% no setor privado. Em Santa
Catarina, estes percentuais eram, respectivamente, 76,5% e 59,2%. Já no Rio
Grande do Sul, os valores eram, respectivamente, 59,6% e 60,4%. Esta
pesquisa não diferenciou as atividades no setor filantrópico e em docência.
NÚMERO DE ATIVIDADES
No que diz respeito ao número de atividades exercidas em Medicina
na Região Sul, a maioria dos médicos realiza duas (28,3%) ou três atividades (28,1%). Chama a atenção 4,2% dos médicos da Região exercer seis
ou mais atividades (Tabela 4.1). Os dados observados na Região são semelhantes àqueles verificados no Brasil, onde também a maioria dos médicos
exerce duas (27,1%) ou três (27,2%) atividades em Medicina e 4,1% deles
exercem seis ou mais atividades.
No Paraná e no Rio Grande do Sul, os médicos desenvolvem com mais
freqüência três atividades em Medicina, 28,7% e 30,5% respectivamente.
Em Santa Catarina, de maneira mais freqüente os médicos desempenham
duas atividades (29,3%).
Na pesquisa prévia (Machado, 1996), 31,6% dos médicos apresentavam mais de três atividades no Paraná. Em Santa Catarina e no Rio
Grande do Sul estes valores eram, respectivamente, 33,0% e 19,8%.
ESPECIALIDADE PRINCIPAL
A especialidade principal em que atua o maior número de médicos da
Região Sul é a Cardiologia (10,7%), seguida de Pediatria (8,7%) e Medicina
78
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 79
Interna (8%) (Tabela 4.1), dados muito próximos àqueles observados
nacionalmente, onde também a Cardiologia tem o maior número de médicos exercendo-a como especialidade principal.
No Paraná, a especialidade principal com maior número de médicos
atuando é a Cardiologia (10%), seguido da Medicina Interna/Clínica Médica
(9,3%) e Pediatria (8,3%). Em Santa Catarina, as especialidades com maior
freqüência de médicos que atuam são a Cardiologia (10,7%), Pediatria
(9,1%) e Anestesiologia (7,7%). No Rio Grande do Sul, são: Cardiologia
(11,6%), Pediatria (8,9%) e Medicina Interna/Clínica Médica (8,7%).
Deve-se observar a diferença entre os estados quanto ao percentual
dos médicos que atua na Medicina Interna como especialidade principal em
Santa Catarina (4,7%) em relação aos demais estados do Sul, a saber:
Paraná (9,3%) e Rio Grande do Sul (8,7%).
Quando se compara o dado atual com a pesquisa anterior (Machado,
1996), observam-se diferenças, pois a especialidade de Cardiologia não figurava entre as três mais prevalentes. Os dados mostravam que, nos três
estados da Região Sul, as principais especialidades eram a Pediatria, a
Ginecologia/Obstetrícia e a Medicina Interna.
É importante salientar que a estratégia utilizada para a seleção da
amostra, como por exemplo, a disponibilização de terminais de acesso à
Internet nos congressos das Especialidades médicas, pode introduzir um
viés de seleção produzindo uma maior representação da especialidade.
Assim, verifica-se um aumento do número absoluto e percentual de médicos que atuam na Cardiologia como especialidade principal, entretanto esta
conclusão pode não ser válida em função do viés de seleção.
LOCALIZAÇÃO DO TRABALHO
A maioria dos médicos da Região Sul trabalha na mesma cidade em
que reside (75,3%) e um percentual importante trabalha na mesma cidade
em que reside e em outra cidade do mesmo Estado (19,6%) (Tabela 4.1).
Verifica-se a mesma situação em nível nacional, sendo os valores, respectivamente, 72,6% e 19,7%.
No Paraná, a maioria dos médicos tem como localização do trabalho
a mesma cidade em que reside (80,7%), a mesma coisa ocorre em Santa
Catarina (72,7%) e no Rio Grande do Sul (70,9%). O percentual de médicos
79
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 80
que trabalha na mesma cidade em que reside e em outra cidade do mesmo
Estado no Paraná é de 14,4%, em Santa Catarina é de 22,2% e no Rio
Grande do Sul de 23,6%.
Na pesquisa prévia (Machado, 1996), foi observado que 22,4% dos
médicos do Paraná exerciam atividade profissional em outros municípios,
em Santa Catarina este percentual era de 29,6% e no Rio Grande do Sul era
de 23,0%.
PROPRIEDADE DE EMPRESA MÉDICA
Na Região Sul, 25,8% dos médicos são proprietários de alguma
empresa médica (Tabela 4.1), sendo que este percentual varia segundo os
estados da Região; no Paraná corresponde a 21,5% dos médicos, em Santa
Catarina a 32,2% e no Rio Grande do Sul perfaz 25,8% dos médicos.
Observando-se os dados para Brasil, verifica-se que este percentual é de
25,7%. Esses dados não podem ser comparados com a pesquisa realizada
anteriormente, visto que esta variável não foi estudada naquele inquérito.
FONTE DE RENDA
A maioria dos médicos da Região Sul utiliza a Medicina como sua
única fonte de renda (88,4%). Dos que possuem outra fonte de renda, a
maioria (63,6%) complementa sua renda com outras fontes em até 30%
(Tabela 4.1). O percentual de médicos no Brasil que possuem a Medicina
como única fonte de renda é de 88,9%, sendo que entre aqueles que possuem outra fonte de renda, a maioria (63,4%) complementa a renda com
até 30%.
No estado do Paraná, 88,8% dos médicos possuem a Medicina como
única fonte de renda, em Santa Catarina este percentual é de 88,4% e no
Rio Grande do Sul é de 88%. Entre os médicos residentes no Paraná que
complementam sua renda com outras atividades que não a Medicina, a
maioria (50,6%) o faz em até 30% de sua renda, em Santa Catarina, a
maioria (65,4%) a complementa em até 20% e no Rio Grande do Sul 54,1%
complementam em até 20%.
Na pesquisa anterior (Machado, 1996), 18,3% dos médicos do Paraná
complementavam a renda com outras fontes não-médicas. Este percentual
em Santa Catarina era de 10,7% e no Rio Grande do Sul era de 15,8%.
80
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 81
ATIVIDADE EM CONSULTÓRIO
Conforme já referido, a atividade em consultório é a mais importante
para os médicos da Região Sul (75,4%). Descrevendo detalhadamente a
atividade em consultório podemos referir que a maioria dos médicos da
Região possui consultório próprio (55,3%), quer seja individual (33,3%) ou
em grupo (22%). Observa-se que 32,9% dos médicos que possuem consultórios alugados, 4,4% possuem consultório em comodato com o hospital, 4% cedem algum percentual de sua produção e 3,4% possuem horários
sublocados (Tabela 4.2).
Tabela 4.2. Atividade em consultório na Região Sul
Variável
Níveis
F
%
Modalidade
Próprio individual
Próprio em grupo
Alugado individual
Alugado em grupo
Comodato em hospital
Cedendo % produção
Horário sublocado
487
322
166
316
64
59
50
33,3
22,0
11,3
21,6
4,4
4,0
3,4
Tipo de vínculo
Nenhum. Apenas particular
Unimed ou similar
Seguradora
Medicina de Grupo
Empresa de Autogestão
Plano de Assistência
Cooperativa Multiprofissional
Cooperativa de Especialidades
Outro
331
746
9
28
11
9
9
19
152
25,2
56,8
0,7
2,1
0,8
0,7
0,7
1,4
11,6
Carga horária
semanal
Até 5 horas
De 6 a 10 horas
De 11 a 20 horas
De 21 a 30 horas
De 31 a 40 horas
De 41 a 50 horas
De 51 a 60 horas
61 horas e mais
149
283
505
218
165
70
13
9
10,6
20,0
35,8
15,4
11,7
5,0
0,9
0,6
Porcentagem dos
rendimentos
Até 5%
De 6 a 10%
De 11 a 20%
De 21 a 30%
De 31 a 40%
96
144
180
199
119
7,1
10,7
13,3
14,7
8,8
81
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 82
De 41 a 50%
De 51 a 60%
De 61 a 70%
De 71 a 80%
De 81 a 90%
91% e mais
177
95
99
96
58
87
13,1
7,0
7,3
7,1
4,3
6,4
Tempo de serviço
no consultório
Até 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 anos e mais
462
264
372
215
44
4
33,9
19,4
27,3
15,8
3,2
0,3
Natureza jurídica
do consultório
Pessoa física
Pessoa jurídica
Ambas
888
304
366
57,0
19,5
23,5
Iniciativa própria
212
Exigência dos convênios
104
Outra
76
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
54,1
26,5
19,4
Razão da natureza
jurídica
No Brasil, os dados verificados indicam que 51,8% dos médicos possuem consultórios próprios, individuais ou em grupo, 30,8% possuem consultórios alugados, individual ou em grupo, 6,8% possuem comodato em
hospital, 7% cedem percentual da produção, 3,6% possuem horário sublocado e 1,4% cooperativa multiprofissional.
Observando-se os estados separadamente, observa-se que no Paraná
52,6% dos médicos possuem consultórios próprios, 33,6% possuem consultórios alugados, 6,5% comodato em hospital, 6,2% cedem algum percentual da produção e 3,0% possuem horário sublocado. Em Santa
Catarina estes percentuais são, respectivamente, 54,4%, 32,2%, 2,3%,
6,5% e 4,5%. No Rio Grande do Sul os valores observados foram 58,6%,
32,6%, 3,5%, 2,2% e 1,1%, respectivamente.
Quanto ao tipo de vínculo no consultório, a maioria dos médicos da
Região Sul (56,8%) possui vínculo com a Unimed ou similar, sendo que
25,2% deles não possuem nenhum vínculo, ou seja, exclusivamente particular. Foi também referido vínculo com seguradoras (0,7%), medicinas de
grupo (2,1%), empresas de autogestão (0,8%), planos de assistência
(0,7%), cooperativa multiprofissional (0,7%), cooperativa de especialidade
(1,4%), entre outros (11,6%) (Tabela 4.2).
82
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 83
Observando-se os dados do Brasil, verifica-se que 43,6% dos médicos
referiram possuir vínculo com a Unimed ou similar, 25,0% não apresentam
nenhum vínculo, 3,1% têm vínculo com seguradoras, 7% com medicinas de
grupo, 1,7% com empresas de autogestão, 1,0% com planos de assistência, 2,3% com cooperativas de especialidades e 14,8% referiram outros vínculos em nível de consultório.
Analisando os dados dos estados da Região Sul separadamente,
observa-se que no Paraná, 53,9% dos médicos possuem vínculo com a
Unimed ou similar e 27,0% deles atendem exclusivamente pacientes particulares no consultório. Em Santa Catarina, 60,6% dos médicos possuem
vínculo com a Unimed ou similar e 22,5% deles atendem exclusivamente
particulares. No Rio Grande do Sul estes valores são, respectivamente,
57,3% e 24,9%. Na pesquisa anterior (Machado, 1996), 88,1% dos médicos do Paraná, 93,6% de Santa Catarina e 87,4% do Rio Grande do Sul
informaram manter algum convênio.
Quanto à carga horária semanal das atividades desenvolvidas em consultório, a maioria dos médicos da Região Sul (66,4%) despende até 20 horas
semanais (Tabela 4.2). Em nível nacional, também se observa que 67,3% despedem até 20 h semanais com atividades em consultório. Nos estados do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul verificam-se situações semelhantes,
sendo que os percentuais são respectivamente 65,8%, 61,0% e 70,4%.
No que se refere ao tempo de serviço no consultório dos médicos da
Região Sul, foi observado que 33,9% possuem até cinco anos, 19,4% possui entre seis e dez anos e 27,3% possuem de 11 a 20 anos (Tabela 4.2). No
Brasil, os valores observados foram, respectivamente, 32,2%, 19,7% e
27,3%. Individualizando os Estados da Região Sul, tem-se que, no Paraná,
40,1% possuem até 5 anos de serviço no consultório, 18,9% possuem de
seis a dez anos e 25,2% de 11 a 20 anos. Em Santa Catarina estes percentuais foram, respectivamente, 28,8%, 20,7% e 31,2% e no Rio Grande
do Sul foram, 31%, 19,1% e 26,9%.
Quanto à natureza jurídica do consultório, 57% dos médicos da
Região Sul são pessoas físicas (Tabela 4.2); no Paraná este percentual também é de 57%, em Santa Catarina é de 38,3% e no Rio Grande do Sul de
68,9%. No Brasil o percentual de médicos que possui como natureza jurídica do consultório a pessoa física é de 53,2%.
A razão na natureza jurídica foi definida como por iniciativa própria
por 54,1% dos médicos da Região Sul, sendo que 26,5% deles referiram
83
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 84
que esta opção foi por exigência dos convênios (Tabela 4.2). No Paraná,
50,7% referiu que a razão da natureza jurídica do consultório foi iniciativa
própria e 30,3% referiu ser por exigência dos convênios. Estes valores em
Santa Catarina foram 50,3% e 30,3%, e no Rio Grande do Sul foram, 65,3%
e 14,7%, respectivamente.
ATIVIDADE NO SETOR PÚBLICO
Na Região Sul, o exercício da Medicina neste setor é a segunda fonte
de trabalho do médico, sendo que a principal fonte, conforme já referido,
é o consultório (Tabela 4.1). No Brasil, o setor público é a principal fonte de
emprego do médico, superando a atividade em consultório. A Tabela 4.3
detalha as características deste setor no Sul.
Tabela 4.3. Atividade no setor público na Região Sul
Variável
Níveis
F
%
Tipo de unidade
assistencial
Hospital
Posto de Saúde
Ambulatório
Centro de Saúde
Pronto-Socorro
PAM
Unidade de PSF
IML
INSS - Perícia Médica
526
271
128
68
34
30
51
11
37
45,5
23,4
11,1
5,9
2,9
2,6
4,4
1,0
3,2
Natureza
Federal
Estadual
Municipal
305
290
577
26,0
24,7
49,2
Carga horária
semanal
Até 5 horas
De 6 a 10 horas
De 11 a 20 horas
De 21 a 30 horas
De 31 a 40 horas
De 41 a 50 horas
De 51 a 60 horas
61 horas e mais
68
105
522
128
241
21
34
31
5,9
9,1
45,4
11,1
21,0
1,8
3,0
2,7
Porcentagem
dos rendimentos
Até 5%
De 6 a 10%
De 11 a 20%
De 21 a 30%
59
133
227
201
5,2
11,8
20,2
17,9
84
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 85
De 31 a 40%
De 41 a 50%
De 51 a 60%
De 61 a 70%
De 71 a 80%
De 81 a 90%
91% e mais
115
123
50
47
42
31
97
10,2
10,9
4,4
4,2
3,7
2,8
8,6
Tempo de serviço
Até 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 anos e mais
512
242
239
127
15
1
45,1
21,3
21,0
11,2
1,3
0,1
Condições
de trabalho
Péssimas
Precárias
Regulares
Boas
Excelentes
24
134
491
431
71
2,1
11,6
42,7
37,4
6,2
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Comparando os dados atuais com os da pesquisa prévia (Machado,
1996), foi observado que no Paraná houve diminuição percentual dos médicos que trabalham no setor público, pois 64,8% dos médicos referiram trabalhar neste setor em 1996, enquanto na pesquisa atual, 60,4% deles fizeram esta referência. A diminuição percentual dos médicos que trabalham
no setor público também foi observada em Santa Cantarina, sendo os valores 76,5% em 1996 e 69,4% em 2004, bem com no Rio Grande do Sul,
59,6% e 57,1% respectivamente.
Os médicos entrevistados da Região Sul que trabalham no setor
público, em sua maioria atuam em hospitais (45,5%) e em postos de saúde
(23,4%), têm vínculo municipal (49,2%) e apenas 4,4% participam das
equipes do PSF. Desenvolvem uma carga horária semanal de até 20 horas
(60,4%) e possuem um tempo de serviço de até dez anos (66,4%). Para a
maioria (55,1%), os rendimentos com o setor público correspondem a até
30,0% do total (Tabela 4.3). Quanto às condições de trabalho, dividem-se
entre boas ou excelentes (43,6%) e regulares (42,7%).
Estes resultados são semelhantes aos do País, exceto quanto ao
número de médicos que trabalha em hospitais, que é maior no Brasil
(56,6%), e os que trabalham em postos de saúde, que é menor no âmbito
nacional (14,3%). Para as condições de trabalho prevalece a avaliação
regular (45,9%) no restante do País.
85
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 86
Os médicos do Paraná que atuam neste setor o fazem majoritariamente em hospitais (41,2%) e postos de saúde (23,1%), a maioria de
unidades municipais (53,5%). Apenas 5,2% dos que responderam à
pesquisa trabalham no PSF, e este é o maior índice de toda região. O
maior contingente dedica ao setor até 20 horas semanais (62,8%), nele
trabalha há dez anos ou menos (68,6%) e a remuneração que recebe contribui com até 30% para sua renda mensal (53,8%). As condições de trabalho são avaliadas como regulares para 44,9%, porém boas ou excelentes para 39,7%.
Em Santa Catarina, a maioria que trabalha neste setor o faz em hospitais (50%) e postos de saúde (18,4%), grande parte em unidades municipais (42,5%) e estaduais (37,3%). São apenas 4,5% os que atuam no
PSF. Expressiva maioria trabalha no setor até 20 horas semanais (76,7%),
há dez anos ou menos (60,1%) e dele obtém até 30% de sua renda
(66,5%). As condições de trabalho são regulares para 46,9%, e boas ou
excelentes para 39,2%.
Os médicos gaúchos do setor público trabalham principalmente em
hospitais (47,3%) e em postos de saúde (27,5%), e a maioria das
unidades é municipal (49,1%), seguidas das federais (34,4%). É o menor
contingente de médicos que atua no PSF na Região (3,5%).
Diferentemente dos seus colegas dos outros dois estados, 46,1% dos gaúchos dedicam até 20 horas semanais ao setor, enquanto outros 48,1%
trabalham de 21 a 40 horas por semana. São 68,3% os que têm até dez
anos de serviço, e a remuneração representa até 30% da renda mensal
para 48,4%, e até 50% para 72,4%. Mais da metade considera as
condições de trabalho boas ou excelentes (51,3%).
ATIVIDADE NO SETOR PRIVADO
Na Região Sul, a atividade no setor privado ocupa o terceiro lugar em
termos de freqüência do local onde o médico exerce a profissão, sendo que
54,2% dos participantes da pesquisa afirmam trabalhar neste setor.
Comparando os dados atuais com os da pesquisa prévia (Machado,
1996) foi visto que no Paraná houve diminuição percentual do número de
médicos que trabalha no setor privado. Em 1996, 65,2% dos médicos
referiram desenvolver atividades neste setor, enquanto na pesquisa atual
56% deles fizeram esta referência. A diminuição percentual dos médicos
que trabalham no setor privado também foi observada em Santa Cantarina,
86
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 87
sendo os valores de 59,2% em 1996 e 51,9% em 2004, bem como no Rio
Grande do Sul, 60,4% e 53,7% respectivamente.
Assim como no setor público, no privado as atividades são exercidas,
em sua maioria, em hospitais (68,0%), em ambulatórios (23,8%) e prontosocorros (8,2%). Esta atividade no setor privado possui vínculo com o SUS
e outros planos privados de saúde em sua maioria (43,6%) ou exclusivamente com planos privados de saúde (37,3%). Esses médicos dedicam até
20 horas de sua carga horária em 65,5% dos casos, representando até 50%
dos rendimentos para 73,9% deles, com tempo de serviço de até 10 anos
para 71%. As condições de trabalho no setor privado são consideradas boas
ou excelentes para 55,4% e regulares para 24,2%. A Tabela 4.4 apresenta
em detalhes a atividade médica no setor privado da Região Sul.
No Brasil, 53,8% dos médicos desenvolvem atividades no setor privado, e verifica-se situação semelhante à da Região Sul quanto às principais
características acima descritas. Registre-se, no entanto, uma inversão no
tipo de convênio que prevalece nos dois níveis: aqueles exclusivos com
planos privados de saúde predominam no País (48,2%).
Tabela 4.4. Atividade no setor privado na Região Sul
Variável
Níveis
Tipo de unidade
assistencial
Hospital
Ambulatório
Pronto-Socorro
Natureza
Convênio exclusivo com SUS
Convênio com SUS e planos
privados de saúde
Convênio exclusivo com
planos privados de saúde
Próprio de cooperativa
Exclusivamente particular
Até 5 horas
De 6 a 10 horas
De 11 a 20 horas
De 21 a 30 horas
De 31 a 40 horas
De 41 a 50 horas
De 51 a 60 horas
61 horas e mais
Carga horária semanal
F
%
679
238
82
68,0
23,8
8,2
24
2,4
436
43,6
373
50
117
37,3
5,0
11,7
100
175
349
138
109
31
29
22
10,5
18,4
36,6
14,5
11,4
3,3
3,0
2,3
87
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 88
Porcentagem dos
rendimentos
Até 5%
De 6 a 10%
De 11 a 20%
De 21 a 30%
De 31 a 40%
De 41 a 50%
De 51 a 60%
De 61 a 70%
De 71 a 80%
De 81 a 90%
91% e mais
74
120
181
150
77
91
46
46
53
32
67
7,9
12,8
19,3
16,0
8,2
9,7
4,9
4,9
5,7
3,4
7,2
Tempo de serviço
Até 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 anos e mais
459
201
160
91
18
1
49,4
21,6
17,2
9,8
1,9
0,1
Condições de trabalho
Péssimas
Precárias
Regulares
Boas
Excelentes
7
27
231
530
161
0,7
2,8
24,2
55,4
16,8
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Nos três estados do Sul os médicos atuam principalmente em hospitais (Paraná, 71,1%; Santa Catarina, 63% e Rio Grande do Sul, 66,7%) e o
vínculo predominante no Paraná é com o SUS e outros planos privados de
saúde (50,5%). Já em Santa Catarina dividem-se entre aqueles (37,3%) e os
exclusivos com planos privados (34%), enquanto no Rio Grande do Sul a
maioria tem vínculo exclusivo com estes planos (42,7%), e 39,2% com o
SUS e outros planos privados de saúde.
Em todas as unidades federativas da Região os médicos dedicam até
20 horas semanais ao setor privado (60,7% no Paraná, 71,9% em Santa
Catarina e 67,3% no Rio Grande do Sul), nele exercem suas atividades há
dez anos ou menos (73,3%, 68,7% e 69,6%, respectivamente) e percebem
até 30% de sua renda mensal com estes serviços (51,5%, 61,6% e 57,8%,
de acordo com a ordem apresentada). São quase unânimes em avaliar as
condições de trabalho da rede privada como boas ou excelentes (68,6% no
Paraná, 72,4% em Santa Catarina e 76,4% no Rio Grande do Sul).
88
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 89
ATIVIDADE NO SETOR FILANTRÓPICO
No Brasil, 20,3% dos médicos desempenham atividades no setor
filantrópico, enquanto na Região Sul este percentual é de 18,9%, especificamente no Estado do Paraná (17,8%), em Santa Catarina (20,1%) e no Rio
Grande do Sul (19,5%).
Na pesquisa anterior (Machado, 1996) o trabalho no setor filantrópico não foi estudado como item específico, portanto não é possível realizar
comparações.
A atividade filantrópica é exercida na Região Sul, em sua maioria, em
hospitais (77,4%) predominantemente conveniados com o SUS e outros
planos privados de saúde (62,7%), com dedicação dos médicos de até 10
horas semanais (53,5%). A contribuição nos rendimentos para a maioria dos
médicos (55,9%) é de até 10% da renda total. Em geral, exercem estas atividades há 10 anos ou menos (59,9%) e consideram as condições de trabalho
boas ou excelentes (49,9%) e regulares (37,1%). Os resultados são semelhantes aos do Brasil, sem nenhuma discrepância digna de nota. A Tabela 4.5
detalhará as atividades médicas no setor filantrópico da Região Sul.
Tabela 4.5. Atividade no setor filantrópico na Região Sul
Variável
Níveis
Tipo de unidade
assistencial
Hospital
Ambulatório
Pronto-Socorro
Natureza
Convênio exclusivo com SUS
Convênio com SUS e planos
privados de saúde
Convênio exclusivo com
planos privados de saúde
Eminentemente filantrópica
Carga horária semanal
Até 5 horas
De 6 a 10 horas
De 11 a 20 horas
De 21 a 30 horas
De 31 a 40 horas
De 41 a 50 horas
De 51 a 60 horas
61 horas e mais
F
%
271
73
6
77,4
20,9
1,7
48
13,6
222
62,7
9
75
2,5
21,2
95
72
66
28
25
12
7
7
30,4
23,1
21,2
9,0
8,0
3,8
2,2
2,2
89
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 90
Porcentagem
dos rendimentos
Até 5%
De 6 a 10%
De 11 a 20%
De 21 a 30%
De 31 a 40%
De 41 a 50%
De 51 a 60%
De 61 a 70%
De 71 a 80%
De 81 a 90%
91% e mais
105
57
36
18
22
19
13
7
5
7
1
36,2
19,7
12,4
6,2
7,6
6,6
4,5
2,4
1,7
2,4
0,3
Tempo de serviço
Até 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 anos e mais
125
57
78
35
9
--
41,1
18,8
25,7
11,5
3,0
--
Condições de trabalho
Péssimas
Precárias
Regulares
Boas
Excelentes
4
37
117
129
28
1,3
11,7
37,1
41,0
8,9
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Expressiva maioria dos médicos trabalha, nos três estados, em hospitais filantrópicos (74,1% no Paraná, 77,5% em Santa Catarina e 80,7% no
Rio Grande do Sul), que têm predominantemente convênios com o SUS e
com planos privados de saúde (60,7%, 66,3% e 62,5%, respectivamente).
Representam as médias da Região e do País.
Igualmente nos três estados, eles dedicam até dez horas semanais à
filantropia (54,5%, 57,4% e 50,4%, de acordo com a ordem dos estados), têm
até dez anos de atividade no setor (60,7%, 55,9% e 61,3%) e o que recebem
não ultrapassa 10% de sua renda mensal (51,8 no Paraná, 61,5% em Santa
Catarina e 56,6% no Rio Grande do Sul). As condições de trabalho são boas
ou excelentes para os médicos do Paraná (55,6%), e em menor proporção para
os catarinenses (44,1%) e para os gaúchos (47,7%), porque são regulares para
33,8% e 40,8% dos colegas destes dois estados, respectivamente).
ATIVIDADE DOCENTE
Os médicos da Região Sul exercem atividades docentes em maior
número (20,3%) do que a média nacional (18,9%). No Paraná este
90
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 91
percentual é de 17,6%, em Santa Catarina 22,7% e no Rio Grande do
Sul, 22,0%.
Em sua maioria, os médicos exercem suas atividades profissionais
concomitantes às de docente (87,7%), sendo que 12,3% deles são exclusivamente docentes (Tabela 4.6). Considerando-se separadamente as instituições de ensino de natureza pública, como federais, estaduais e municipais,
temos que o exercício da atividade docente no Sul é predominante nas instituições privadas (42,9%), seguida das publicas federais (33,9%) e estaduais
(14,3%). As filantrópicas e públicas municipais têm menor expressão. Estes
índices são semelhantes aos de todo o País (CFM, 2004), exceto quanto à
predominância das instituições de ensino, que neste âmbito ainda é reservada às públicas federais.
Como constatado em nível nacional, a docência inclui atividades de
caráter teórico e prático em 90,5% das vezes e exclusivamente teórico em
9,5%. Os docentes realizam, preferencialmente, contratos de 20 horas semanais (T-20; 43,1%), embora 33,6% tenham declarado trabalhar como
horistas e 20,1% em tempo integral (T-40; 40 horas por semana). São
poucos os que adotam a dedicação exclusiva (DE; 3,3%), certamente em
função da baixa remuneração prevalente neste setor, e que perfaz apenas
até 10% dos rendimentos mensais para 53,9% dos médicos. Estes têm até
10 anos de docência em sua maioria (63,9%), e em geral consideram as
condições de trabalho regulares (32,1%) e boas ou excelentes (28,9%).
A atividade docente não foi estudada na pesquisa anterior (Machado,
1996). A Tabela 4.6, apresentada a seguir, mostra os aspectos da atividade
docente no Sul do País.
Tabela 4.6. Atividade docente em Medicina na Região Sul
Variável
Níveis
F
%
Situação de docente
Médico e docente
Exclusivamente docente
348
49
87,7
12,3
Natureza da instituição Pública federal
Pública estadual
Pública municipal
Privada
Filantrópica
133
56
10
168
25
33,9
14,3
2,6
42,9
6,4
Tipo de atividade
docente
37
352
9,5
90,5
Exclusivamente teórica
Teórica e prática
91
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 92
Carga horária semanal
T-20 (20 horas)
T-40 (40 horas)
DE (dedicação exclusiva)
Horista
159
74
12
124
43,1
20,1
3,3
33,6
Porcentagem dos
rendimentos
Até 5%
De 6 a 10%
De 11 a 20%
De 21 a 30%
De 31 a 40%
De 41 a 50%
De 51 a 60%
De 61 a 70%
De 71 a 80%
De 81 a 90%
91% e mais
118
77
65
39
17
20
5
4
4
3
10
32,6
21,3
18,0
10,8
4,7
5,5
1,4
1,1
1,1
0,8
2,8
Tempo de serviço
Até 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
De 41 anos e mais
152
85
67
53
13
1
41,0
22,9
18,1
14,3
3,5
0,3
Condições de trabalho
Péssimas
Precárias
Regulares
Boas
Excelentes
6
28
121
187
35
1,6
7,4
32,1
19,6
9,3
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Os médicos que ensinam a Medicina nos estados do Sul acumulam, na sua grande maioria, as atividades profissionais e as de docentes;
da mesma forma, o tipo de atividade exclusivamente teórica é reservado
à minoria, sendo predominante a que combina a teoria e a prática médicas. Os percentuais dos três estados são idênticos aos da Região e no
País.
As instituições de ensino privadas são as que predominam nos três
estados (33,8% no Paraná, 50% em Santa Catarina e 46,5% no Rio Grande
do Sul), seguidas das públicas federais (32,4%, 25% e 40,8%, respectivamente). Segue o padrão da Região e difere do País, conforme dito anteriormente. Em terceiro lugar estão as públicas estaduais no Paraná (28,8%) e
em Santa Catarina (12,5%), mas no Rio Grande do Sul esta posição é reservada às filantrópicas (8,3%).
92
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 93
Ainda de acordo com os resultados da Região e do País, os docentes
dos três estados realizam seus contratos majoritariamente por 20 horas
semanais (T-20; 41% no Paraná, 57,1% em Santa Catarina e 36,1% no Rio
Grande do Sul), sendo que neste último há "empate" com a condição de
horista (36,8%). Esta modalidade de vínculo vem em segundo lugar nos
outros dois estados, superando o regime de tempo integral (T-40; 20,9%,
13,2% e 23,6%, respectivamente) e, de longe, a dedicação exclusiva.
Mais da metade dos professores dos três estados do Sul tem 10 anos
ou menos de atividade neste setor (65,7% no Paraná, 71,9% em Santa
Catarina e 57,4% no Rio Grande do Sul), e seus rendimentos não ultrapassam 10% da renda mensal para 58,3%, 51,1% e 51,7%, respectivamente).
As condições de trabalho foram avaliadas como boas ou excelentes para
48,2% no Paraná, enquanto 37,2% as consideraram regulares. Nos outros
dois estados a maioria as classificou no topo da escala (57,1% em Santa
Catarina e 69,8% no Rio Grande do Sul).
TRABALHO EM REGIME DE PLANTÃO
Um percentual expressivo dos médicos da Região Sul trabalha em
regime de plantão (48,9%). Este percentual é de 53,8% no Paraná, 48,4%
em Santa Catarina e 43,7% no Rio Grande do Sul. Os dados do Brasil
mostram que 51,8% dos médicos trabalham sob este regime.
O tipo de plantão desempenhado pelos médicos da Região Sul é, em
sua maioria, do tipo presente no local (49,7%), enquanto 19,9% desempenham plantão de sobreaviso e 30,4% fazem ambos os tipos de plantão.
A maioria trabalha há 5 anos ou menos (46,7%), dispensando de 12 a 24
horas semanais para tal (54,6%). A Tabela 4.7 dá os detalhes desta atividade médica no Sul.
Em consonância com toda a Região, os médicos do Paraná (44,6%) e
de Santa Catarina (40%) priorizam o tipo presente no local, mas não tanto
quanto seus colegas do Rio Grande do Sul (62,9%) e do restante do País
(64,2%). Naqueles dois estados o plantão de sobreaviso é mais freqüente
(20,3% e 25,5%) do que no Rio Grande do Sul (15,8%) e no País (12,4%).
Mais da metade dos médicos plantonistas do Paraná e do Rio Grande
do Sul exerce esta atividade há cinco anos ou menos (51% e 51,6%),
chegando a cifras superiores a 70% quando considerado o tempo de exercício de até dez anos. Em Santa Catarina são apenas 30,4% os que atuam
93
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 94
há 5 anos ou menos, e 58,3% se considerarmos até dez anos. Chama a
atenção o percentual daqueles que trabalham sob este regime de 11 a 20
anos em Santa Catarina (30%), superior à média da Região (19,9%), e do
País (23,4%). Por fim, a maioria nos três estados dedica de 12 a 24 horas
aos plantões, como na Região e no País, inclusive com percentuais muito
semelhantes.
Tabela 4.7. Trabalho em regime de plantão
Variável
Níveis
F
%
Trabalho em
regime de plantão
Sim
Não
935
977
48,9
51,1
Tipo de plantão
Presente no local
Sobreaviso
Ambos
464
186
284
49,7
19,9
30,4
Anos de trabalho em
regime de plantão
Até 5 anos
De 6 a 10 anos
De 11 a 20 anos
De 21 a 30 anos
De 31 a 40 anos
41 anos e mais
438
228
187
76
7
2
46,7
24,3
19,9
8,1
0,7
0,2
Horas semanais em
regime de plantão
Menos de 12 horas
De 12 a 24 horas
De 25 a 48 horas
De 49 a 72 horas
73 horas e mais
45
501
253
69
50
4,9
54,6
27,6
7,5
5,4
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
SATISFAÇÃO COM O TRABALHO E OS RENDIMENTOS
Seguindo a mesma metodologia adotada no livro O Médico e seu
Trabalho (CFM, 2004), as opções nada satisfeito e pouco satisfeito serão
agrupadas na categoria insatisfeito, e as duas opções do outro extremo, satisfeito e totalmente satisfeito, darão origem à categoria satisfeito. No
mesmo diapasão, nada e pouco desgastante corresponderão a não-desgastante, e as do outro extremo (muito e totalmente desgastante) originarão a
categoria desgastante.
A maioria dos médicos da Região Sul encontra-se satisfeita com a
especialidade na qual atua (68,6%), e apenas 8,1% declaram-se insatisfeitos. Entretanto, 58,9% dos entrevistados consideram a atividade profis-
94
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 95
sional desgastante e somente 10,8% a consideram não-desgastante. A
Tabela 4.8 apresenta os resultados para a Região Sul.
Tabela 4.8. Satisfação com especialidade principal e desgaste da atividade
profissional
Variável
Níveis
F
%
Satisfação com
especialidade em
que atua
Nada satisfeito
Pouco satisfeito
Mais ou menos satisfeito
Satisfeito
Totalmente satisfeito
44
113
455
764
574
2,3
5,8
23,3
39,2
29,4
Desgaste da atividade
profissional
Nada desgastante
Pouco desgastante
Mais ou menos desgastante
Muito desgastante
Totalmente desgastante
51
159
589
788
359
2,6
8,2
30,3
40,5
18,4
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Assim como os médicos da Região e do País, no Paraná 67,5% dos
médicos entrevistados consideram-se satisfeitos com a especialidade em
que atuam. Em Santa Catarina são 69,1% e no Rio Grande do Sul, 69,5%.
Quanto ao desgaste na atividade laboral, 61,3% dos paranaenses a consideram desgastante, a mesma coisa ocorrendo com 59% dos médicos de
Santa Catarina e 56,3% dos gaúchos.
Na pesquisa prévia (Machado, 1996), 82,8% dos médicos entrevistados do Paraná referiram estar satisfeitos com a especialidade que exerciam,
85,4% dos médicos de Santa Catarina fizeram esta referência e 88,3% do
Rio Grande do Sul. Num primeiro momento pode-se considerar que houve
uma diminuição da satisfação com a especialidade em todos os estados do
Sul, mas é preciso lembrar que naquela pesquisa foram utilizadas apenas
duas opções de respostas (sim e não).
PERCEPÇÃO SOBRE MUDANÇAS OCORRIDAS NA
VIDA PROFISSIONAL
Os médicos que participaram da pesquisa foram instados a se manifestarem acerca de sete elementos que fazem parte do dia a dia de sua vida
95
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 96
profissional, apontando em que direção teriam ocorrido eventuais
mudanças de acordo com as opções diminuição/piora, sem alterações ou
aumento/melhora. Os resultados para a Região estão na Tabela 4.9.
Tabela 4.9. Percepção sobre mudanças ocorridas na vida profissional nos
últimos cinco anos
Diminuiu/piorou
Níveis
Não se alterou
Aumentou/ melhorou
Remuneração
607
(31,4)
499
(25,8)
828
(42,8)
Jornada de trabalho
206
(10,6)
525
(27,0)
1212
(62,4)
Condições de trabalho
428
(22,1)
850
(43,9)
657
(34,0)
Autonomia técnica
300
(15,5)
738
(38,0)
902
(46,5)
Poder médico
601
(31,0)
745
(38,5)
590
(30,5)
Prestígio profissional
421
(21,7)
487
(25,1)
1031
(53,2)
Competência técnica
43
(2,2)
293
(15,1)
1599
(82,6)
Variável
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas
porcentagens. Estas foram calculadas em função do total de respostas válidas.
Nos últimos cinco anos, a percepção do médico da Região Sul sobre
seu trabalho indica que a remuneração aumentou para 42,8%, embora
tenha diminuído para 31,4%. Esta relação entre os extremos mantém-se no
Paraná (45,1% e 29,4%) e no Rio Grande do Sul (42,2% e 30,5%), mas em
Santa Catarina os médicos dividiram-se mais: o aumento é percebido por
39,6%, enquanto a redução é considerada por 36,6%. Em contrapartida, a
jornada de trabalho também aumentou, e desta vez para a maioria na
Região (62,4%) e nos estados (63,6% no Paraná, 64,3% em Santa Catarina
e 60% para os gaúchos).
Também aumentaram,, para mais da metade dos médicos entrevistados, da Região e dos estados, a competência técnica e o prestígio profissional. Em todo o Sul as médias foram, respectivamente, de 82,6% e
53,2%. No Paraná foram de 82,9% e 52%, em Santa Catarina de 80,6% e
56,8% e no Rio Grande do Sul, 83,6% e 52,3%, respectivamente.
96
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 97
As condições de trabalho não se alteraram para 43,9% na Região Sul,
enquanto 34% acham que melhoraram. É a mesma relação observada no
Paraná (40,7% e 35,2%) e em Santa Catarina, embora aqui os percentuais
sejam mais próximos (38,6% e 37%). A maioria dos médicos do Rio Grande
do Sul considera que suas condições de trabalho melhoraram (50,6%). A
autonomia técnica aumentou para 46,5% dos médicos da Região, embora não
tenha sofrido alteração para 38%. Foi avaliada do mesmo modo pelos médicos de Santa Catarina (44,7% e 39,1%) e do Rio Grande do Sul (43,2% e
41,9%), e no Paraná a maioria (50,5%) considerou-a como tendo aumentado.
Por fim o poder médico, reflexo do prestígio da profissão e que se manifesta principalmente na relação médico-paciente, foi considerado por
38,5% dos médicos da Região como não tendo mudado, mas dividiu o
restante em percentuais iguais: 31% acham que diminuiu e 30,5% que
aumentou. Assim também ocorreu no Rio Grande do Sul, onde 38,1% consideraram que o poder do médico está inalterado, enquanto 31,2% acharam
que aumentou e 30,7% que diminuiu. No Paraná, 40,4% avaliam que não se
alterou, mas um segundo grupo, também expressivo (30,9%), acha que
aumentou; entre os catarinenses a avaliação é mais pessimista, pois 36% consideram que diminuiu, enquanto para 35,5% não houve mudança.
REMUNERAÇÃO
A Tabela 4.10, na página seguinte, mostra as opiniões dos médicos
do Sul acerca de suas rendas.
Na Região Sul a renda mensal individual informada pelos médicos
mostra que a maioria recebe até 2.000 dólares (48,9%) e uma minoria
recebe mais de 4.000 dólares (10,5%). Os resultados são pouco melhores
que os do Brasil, onde 51,5% dos médicos afirmam receber até 2 mil
dólares por mês, enquanto apenas 8,5% superam a faixa dos quatro mil. A
crise econômica avassaladora dos últimos oito anos abateu-se também
sobre a classe médica, inclusive no Sul do País. Na pesquisa passada foram
37,6% os que declararam renda de até 2.000 dólares, e 24,6% ganhavam
mais de 4 mil - índice superior ao dobro do atual (Machado, Perfil dos
Médicos no Brasil, 1996, vol. I, p. 116).
A relação inverte-se quanto à renda mensal desejada. São apenas
11,7% os que receberiam mensalmente até 2.000 dólares, enquanto 39,1%
consideram-na satisfatória quando superior a 4.000 dólares. Vale registrar
que 62,6% desejariam uma renda mensal entre 2 e 5 mil dólares. No Brasil,
97
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 98
só 12% contentar-se-iam com uma renda de até 2.000 dólares, e 35,9%
desejariam que fosse maior que quatro mil. A maioria (64%) desejaria receber entre 2 e 5 mil dólares mensais. Comparando com a pesquisa prévia,
podemos constatar uma redução de expectativas dos médicos em relação à
renda. Naquele estudo apenas 3% contentar-se-iam com rendimentos de
até 2.000 dólares, enquanto 72,8% acreditavam merecer mais de 4 mil
mensais (op. cit. p. 119). Fica sem sentido comparar com a faixa hoje
majoritária dos que pleiteiam receber entre 2 e 5 mil dólares.
Tabela 4.10. Rendimentos com o trabalho médico no Sul
Variável
Níveis
Renda mensal individual
(valores aproximados
expressos em dólares)
Até 500 dólares
De 501 a 1.000 dólares
De 1.001 a 2.000 dólares
De 2.001 a 3.000 dólares
De 3.001 a 4.000 dólares
De 4.001 a 5.000 dólares
De 5.001 a 6.000 dólares
De 6.001 a 7.000 dólares
7.001 e mais dólares
Renda não declarada
85
224
665
376
325
126
21
33
27
110
F
4,3
11,2
33,4
18,9
16,3
6,3
1,1
1,7
1,4
5,5
Renda mensal desejada
(valores aproximados
expressos em dólares)
Até 500 dólares
De 501 a 1.000 dólares
De 1.001 a 2.000 dólares
De 2.001 a 3.000 dólares
De 3.001 a 4.000 dólares
De 4.001 a 5.000 dólares
De 5.001 a 6.000 dólares
De 6.001 a 7.000 dólares
7.001 e mais dólares
Renda não declarada
7
9
215
271
593
383
29
225
141
119
0,4
0,5
10,8
13,6
29,8
19,2
1,5
11,3
7,1
6,0
Renda mensal adequada
para jornada de 20 horas
semanais (valores
aproximados expressos
em dólares)
Até 500 dólares
De 501 a 1.000 dólares
De 1.001 a 2.000 dólares
De 2.001 a 3.000 dólares
De 3.001 a 4.000 dólares
De 4.001 a 5.000 dólares
De 5.001 a 6.000 dólares
De 6.001 a 7.000 dólares
7.001 e mais dólares
Renda não declarada
40
700
956
93
81
6
-3
1
112
2,0
35,1
48,0
4,7
4,1
0,3
-0,2
0,1
5,6
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
98
%
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 99
Quanto ao piso salarial considerado justo por 20 horas semanais de
trabalho, 48% o incluem na faixa de 1 a 2 mil dólares, embora 37,1% satisfaçam-se com até US$ 1.000. No País, estes índices são de 49,7% e 32,6%,
respectivamente. De acordo com a pesquisa anterior, 45% também consideravam justo o piso salarial apontado entre 1 e 2 mil dólares, mas apenas
19,6% aceitariam receber até 1.000 dólares (op. cit. p. 121).
Nos três estados da Região, o mesmo quadro repete-se. Recebem
renda mensal individual de até 2.000 dólares 51,5% dos médicos do
Paraná, 44,4% de Santa Catarina e 48,7% do Rio Grande do Sul. Com renda
acima de 4.000 dólares estão 8,6% dos paranaenses, 11,8% dos catarinenses e 11,4% dos gaúchos. Na pesquisa de 1996, recebiam até 2 mil
dólares 39,1%, 26,4% e 40,1%, respectivamente; e mais de 4 mil dólares,
23,1% no Paraná, 29,5% em Santa Catarina e 24% no Rio Grande do Sul.
Assim como na Região, a redução do contingente com melhor remuneração é mais que o dobro do que existia em 1996.
Quanto à renda mensal desejada, a mesma redução de expectativas
verificada na Região e no País manifesta-se nos três estados. Contentam-se
em receber até dois mil dólares 13,2% no Paraná, 6,6% em Santa Catarina
e 12,7% no Rio Grande do Sul. Na pesquisa anterior estes percentuais eram
4,1%, 2% e 2,6%, respectivamente. Os que desejam uma renda superior a
quatro mil dólares por mês são 38,2% no Paraná, 44,6% em Santa Catarina
e 36,7% no Rio Grande do Sul. Em 1996 estas porcentagens eram bem
mais significativas: 69,1%, 78,3% e 73,3%, de acordo com a ordem prévia
dos estados. Note-se que, embora a redução de expectativas seja comum a
todos os estados, ela é menor em Santa Catarina.
O piso salarial por 20 horas semanais de trabalho continua sendo considerado ideal na faixa de 1 a 2 mil dólares nos três estados (48,3% no Paraná,
51,9% em Santa Catarina e 45,3% no Rio Grande do Sul), pois na pesquisa
prévia os médicos também revelaram sua preferência por esta mesma faixa
(45,8%, 46,2% e 45,6%, respectivamente). No entanto, a pesquisa atual
mostra que expressivos percentuais refletem a aceitação de um piso de até
1.000 dólares: 36%, 30,9% e 42,1% (respectivamente). Em 1996, esta
aceitação não era tão pacífica, pois apenas 22,9% dos paranaenses, 12,3%
dos catarinenses e 19,9% dos gaúchos contentar-se-iam com este salário.
***
Em resumo, a maioria dos médicos sulistas está ativa e trabalha predominantemente em consultórios, apesar da redução deste contingente em
99
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 100
relação à pesquisa de 1996. No restante do País, os médicos atuam principalmente no setor público, que também sofreu redução nos estados do Sul,
assim como a rede privada. Nos consultórios da Região Sul, a maioria tem
vínculo com cooperativa tipo Unimed ou similar, em proporção maior que
no País, e é bem menor o quantitativo que tem vínculo com seguradoras de
saúde e medicinas de grupo. Também distinta da situação verificada no
País, a docência em Medicina é exercida majoritariamente em IES privadas.
Finalmente, os médicos da Região Sul estão trabalhando mais, em múltiplas
atividades, e ganhando menos. Assim como em todo o País, as expectativas
de renda diminuíram em relação à pesquisa passada.
100
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 101
5. ORIENTAÇÃO
E PARTICIPAÇÃO
SOCIOPOLÍTICA
Carlos Homero Giacomini
Gerson Zafalon Martins
Mauro Brandão Carneiro
101
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 102
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 103
A análise das variáveis que representam as questões relativas à orientação e participação sociopolítica dos médicos na Região Sul do País terá
como base as distribuições das freqüências relativas, apresentadas em onze
Tabelas. Com estas, procurar-se-á definir as regularidades encontradas para
a Região Sul e os respectivos estados, estabelecendo algumas comparações
significativas com a realidade nacional e, onde couber, com a pesquisa
anterior (Machado, 1996). Na Tabela 5.1, um resumo geral deste capítulo.
Tabela 5.1. Descrição da orientação e da participação sociopolítica dos
médicos
Variável
Níveis
F
%
Implantação do
PSF na região
Sim
Não
1570
327
82,8
17,2
Favorabilidade ao
sistema de convênios
Nada favorável
Pouco favorável
Mais ou menos favorável
Bastante favorável
Totalmente favorável
165
414
807
467
95
8,7
21,8
42,4
24,0
3,1
Leitura de jornais
impressos por entidades
da categoria
Sim
Não
1818
92
95,2
4,8
Conhecimento do
Código de Ética Médica
em vigor
Sim
Não
1745
163
91,5
8,5
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Procurou-se saber se o PSF já havia sido implantado nas cidades e/ou
regiões de atuação do médico, obtendo-se conforme a distribuição relativa
dada um resultado positivo de 82,8%, semelhante ao do País (84,2%). No
Paraná, 89,2% consideraram-no implantado, assim como 91,1% dos médicos de Santa Catarina e 70,8% do Rio Grande do Sul, o menor índice da
Região.
A opinião de médicos favoráveis ao sistema de convênios atingiu
27,1% (freqüência acumulada das respostas bastante e totalmente favorável), enquanto os que se mostraram desfavoráveis foram 30,5% (freqüência
acumulada das respostas pouco e nada favorável). Como se percebe, existiu certo equilíbrio entre as opiniões extremas, situação bastante diferente
da encontrada nacionalmente, onde a maioria (39,9%) mostrou-se bem
mais desfavorável do que favorável (20,5%).
103
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 104
As opiniões favoráveis atingiram 24,2%, 26,2% e 30,8% no Paraná,
em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, respectivamente. Confirmando
a tendência ao equilíbrio entre os extremos, 31,5%, 31,3% e 28,8%
mostraram-se desfavoráveis, seguindo a mesma ordem dos estados, sendo
mais acentuado entre os gaúchos.
Tanto a leitura de jornais impressos por entidades da categoria como
o conhecimento do Código de Ética Médica em vigor obtiveram freqüências
relativas elevadas, ou seja, a grande maioria dos médicos (95,2%) lê aqueles jornais, e 91,5% conhecem o Código de Ética Médica. Estas duas variáveis possuem similaridade estatística com as encontradas nacionalmente,
respectivamente 94,1% e 91,1%. Em relação à pesquisa anterior, o nível de
conhecimento do Código de Ética aumentou (79%; Machado, 1996,
vol. I, p. 129).
Dos médicos que atuam no Paraná, 94,5% deles lêem os jornais das
entidades e 90,2% afirmam conhecer o Código de Ética. Em 1996, 83,2%
o conheciam. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul a leitura dos jornais impressos é confirmada por 96,9% e 95%, respectivamente. O conhecimento do Código de Ética é relatado por 92,7% dos médicos de Santa
Catarina, mesmo percentual do Rio Grande do Sul. Na pesquisa passada
estes índices eram 77,9% e 76,7%, respectivamente (Machado, 1996).
PARTICIPAÇÃO EM SOCIEDADES E SINDICATOS
Para avaliar esta participação, procurou-se considerar as instituições
de representação profissional com as quais os médicos tenham algum tipo
de vínculo sistemático.
A primeira instituição, Associação Médica local, apresentou uma freqüência de médicos a ela associada de 68,2%. Os motivos principais que
apresentaram para se associar foi o de manterem-se informados (50,4%) e
por exigência profissional (45,2%). Buscando a razão do porque não ser
sócio, para os 31,8% dos médicos restantes, não-participantes da
Associação, obteve-se um posicionamento dividido onde 57% responderam
por ser oneroso e 43% disseram não ter interesse.
Nos estados, os sócios são 62,3% no Paraná, 76,9% em Santa
Catarina e 69,5% no Rio Grande do Sul. À exceção de Santa Catarina, que
possuía 76,8% de sócios em 1996, também houve diminuição deste quantitativo nos outros dois estados nesses últimos oito anos (eram 71,2% no
104
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 105
Paraná e 74,1% no Rio Grande do Sul; Machado, 1996). As razões para se
associar são as mesmas razões da Região, com percentuais semelhantes; e
para não ser sócio, a razão principal também foi por ser oneroso para a
maioria (média de 56,8%).
Tabela 5.2. Participação em associações e sindicatos médicos no Sul
Variável
Níveis
Sócio da Associação
Médica local
Sim
Não
F
%
1301
607
68,2
31,8
Razão para não ser sócio
Por ser oneroso
da Associação Médica local Porque não tem interesse
314
237
57,0
43,0
Razão para ser sócio da
Associação Médica local
Manter-se informado
Prestígio/status profissional
Exigência profissional
681
69
526
53,4
5,4
41,2
Filiado ao Sindicato dos
Médicos
Sim
Não
996
913
52,2
47,8
Razão para não ser filiado
ao Sindicato dos Médicos
Por ser oneroso
Porque não tem interesse
317
547
36,7
63,3
Razão para ser filiado ao
Sindicato dos Médicos
Defesa dos interesses sindicais
Prestígio/status profissional
Proteção no exercício da Medicina
435
5
533
44,7
0,5
54,8
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Os resultados são muito semelhantes aos do País, onde 67,2% são
sócios da entidade e 54,6% justificam esta opção para manterem-se informados, e 41% por exigência profissional. Os não-sócios são 32,8%, e as
razões alegadas dividem-se entre o ônus financeiro (50,8%) e a falta de
interesse. Houve uma diminuição do número de associados em relação à
pesquisa prévia (73,6%; Machado, 1996, vol. I, p. 138).
A segunda instituição pesquisada, Sindicato dos Médicos, apresentou
uma freqüência acentuadamente mais baixa de participação (52,2%), ou
seja, 16% menos que o da Associação Médica local. Em 1996 o total de
sindicalizados na Região era ainda menor (38,5%; Machado, 1996, vol. I,
p. 136). Entre os sindicalizados, predominou a razão de defesa dos interesses sindicais (44,7%) e de proteção no exercício da Medicina (54,8%). A
maioria dos médicos mostrou não ter interesse em ser filiado ao Sindicato
(63,3%), sendo que apenas 32,7% afirmaram não estarem filiados por ser
oneroso.
105
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 106
Há discrepâncias entre os estados quanto à filiação ao Sindicato. No
Paraná e em Santa Catarina a maioria não é sócia (59,4% e 55,7%), mas,
no Rio Grande do Sul, 69,4% dos pesquisados declararam-se filiados ao
Sindicato dos Médicos. Em relação à pesquisa de 1996, o grupo dos nãofiliados era ainda maior no Paraná (71,4%) e em Santa Catarina (60,5%),
e também entre os gaúchos, embora com cifra menor (54,2%) (Machado,
1996). Entre os sindicalizados, a maioria no Paraná (54,2%) e no Rio
Grande do Sul (60,9%) apresenta como razão principal a proteção no
exercício da profissão, enquanto 60,1% dos catarinenses alegam a defesa dos interesses sindicais. A parcela majoritária dos não-sócios justifica
sua opção pela falta de interesse no Paraná (67,3%) e em Santa Catarina
(69,1%), mas é o ônus financeiro o principal motivo dos gaúchos nãosindicalizados.
Note-se que a falta de interesse é a razão principal dos que não se
desejam sindicalizar, enquanto o fato de ser oneroso é o motivo alegado
pela maioria para não se associar à Sociedade Médica. No caso do Rio
Grande do Sul, onde a minoria não é sindicalizada, o principal argumento
é também financeiro, sugerindo que há interesse em se filiar, mas não o
fazem por falta de condições materiais.
A filiação aos sindicatos também é baixa no País (57,6% não são
sindicalizados). As razões para a filiação têm índices parecidos aos da
Região Sul, mas em ordem inversa: 54,2% o fazem pela defesa dos interesses sindicais e 45,3% pela proteção no exercício profissional; para a nãofiliação, a maioria também justifica pela falta de interesse (67,6%).
AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE PÚBLICA
A avaliação dos médicos sobre o nível de satisfação da necessidade
social saúde da população foi realizada por meio de três indicadores ou variáveis, que estão na Tabela 5.3, na página a seguir..
É importante salientar a representatividade do posicionamento dos
médicos sobre as condições de saúde e dos serviços de assistência à população, já que eles são agentes determinantes deste processo.
Das três variáveis observadas, tem-se uma avaliação significativamente mais positiva para as condições da assistência materno-infantil, que
alcançou 46,2%, em contraposição a 16,6% que respondem como
106
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 107
inadequadas1. Em seguida, têm-se as condições gerais de saúde da população,
com uma avaliação de posicionamento adequado de apenas 19%, contra
25,5% que as consideram inadequadas. E, finalmente, sobre o atendimento às
urgências e emergências, que alcançou o menor nível, apresentando 27,9% dos
que responderam como adequado para 35,9% que o julgaram inadequado.
Tabela 5.3. Percepção dos médicos sobre as condições de saúde e a adequação dos serviços de assistência à população de sua cidade e/ou região
Variável
Níveis
Condições de saúde
da população na região
Nada adequadas
Pouco adequadas
Mais ou menos adequadas
Bastante adequadas
Plenamente adequadas
73
412
1057
348
13
3,8
21,7
55,5
18,3
0,7
Situação do atendimento
Nada adequadas
às urgências e emergências Pouco adequadas
na região
Mais ou menos adequadas
Bastante adequadas
Plenamente adequadas
196
488
691
467
64
10,3
25,6
36,2
24,5
3,4
Condições da assistência
materno-infantil na região
63
253
705
737
138
3,3
13,3
37,2
38,9
7,3
Nada adequadas
Pouco adequadas
Mais ou menos adequadas
Bastante adequadas
Plenamente adequadas
F
%
Notas: F = Freqüência; % = Percentual em função das respostas válidas.
Quanto à avaliação por Estado, o Paraná e o Rio Grande do Sul reproduzem as opiniões da Região em todas as variáveis, inclusive com percentuais
muito parecidos. Entretanto, Santa Catarina revela uma percepção mais positiva que seus vizinhos, tanto das condições de saúde quanto dos serviços de
assistência à população. A assistência materno-infantil é adequada para 50,3%
dos médicos do Estado, e as condições de saúde para 24,1%, enquanto 19,3%
consideram estas inadequadas. O atendimento às urgências é a única variável
que acompanha a Região, com percentuais semelhantes.
Comparando os resultados acima com os obtidos nacionalmente,
percebe-se que os médicos da Região Sul possuem uma percepção bem
¹ Para a obtenção dos resultados em percentuais, foi utilizado o mesmo critério adotado nas Tabelas anteriores, ou seja, a freqüência acumulada das respostas bastante com a plenamente adequada, e das
respostas nada e pouco adequadas.
107
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 108
menos negativa das condições gerais de saúde, onde a média das três variáveis alcança para as condições inadequadas 26%, em contraposição à
média nacional, que atingiu 42,8%.
Esta percepção mostra-se bastante verdadeira quando correlacionada
com o IDH das regiões brasileiras e, conseqüentemente, mostra a condição
de representatividade da avaliação dos médicos sobre as condições de vida
da população. Tanto é que a Região Sul apresenta o IDH mais elevado
(0,808) do País (0,766). As demais regiões possuem os seguintes IDH:
Centro-Oeste (0,793), Sudeste (0,791), Norte (0,725) e Nordeste (0,676)2.
IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO
SUS E DO PSF NA SAÚDE DA POPULAÇÃO
Procurou-se neste estudo, conhecer a opinião dos médicos sobre o
impacto do SUS e do PSF, tanto nas condições de saúde da população como
em relação ao trabalho médico, e que fatores poderiam tornar mais eficazes
as implantações destas estratégias de promoção da saúde pública.
Foram definidas estas duas estratégias para a análise de impacto
porque o SUS, de um lado, possui abrangência nacional, e de outro o PSF,
que já é identificado por 84,2% pelos médicos do Brasil e em 82,8% pelos
médicos da Região Sul como estando presente na cidade e/ou Região em
que atuam (Tabela 5.1).
IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO SUS
A Tabela 5.4 da página seguinte, mostra a avaliação que os médicos
fazem do SUS, onde se consideraram seis aspectos principais: cobertura da
assistência, emprego médico, qualidade dos serviços, organização dos
serviços, rendimentos médicos e condições de trabalho. Para cada aspecto
os médicos deveriam indicar uma das seguintes opções: diminuiu/piorou,
não se alterou ou aumentou/melhorou.
No geral, a avaliação do processo de implantação do SUS foi considerada inadequada, pois dos seis fatores observados, em quatro deles os
médicos indicaram majoritariamente diminuiu/piorou, a saber: rendimentos
médicos (59,5%), condições de trabalho (50,2%), qualidade dos serviços
² Ver, IPEA/PNUD 2000.
108
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 109
(45,2%), organização dos serviços (37,1%), ainda que 30,3% tenham considerado que a qualidade não se alterou e 34% dos pesquisados acharam
que a organização aumentou; somente em dois fatores a maioria considerou a opção aumentou/melhorou: a cobertura da assistência (55,7%) e o
emprego médico (48,3).
Tabela 5.4. Opinião dos médicos sobre as mudanças decorrentes da
implantação do SUS
Fatores de mudança
Diminuiu/
piorou
Direção da mudança
Não se alterou
Aumentou/
melhorou
Cobertura da assistência
317
(19,6)
399
(24,7)
900
(55,7)
Emprego médico
231
(14,6)
586
(37,1)
764
(48,3)
Qualidade dos serviços
752
(45,2)
505
(30,3)
408
(24,5)
Organização dos serviços
599
(37,1)
466
(28,9)
549
(34,0)
Rendimentos médicos
943
(59,5)
525
(33,1)
116
(7,3)
Condições de trabalho
806
(50,2)
601
(37,5)
197
(12,3)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas
porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam.
No Paraná os rendimentos e as condições de trabalho pioraram para
59,6%, 52,3%, respectivamente. A qualidade dos serviços piorou para
44,6%, mas não se modificou para 42,2%, e a organização dos serviços
aumentou para 35%, embora tenha piorado para 34%. A cobertura da
assistência e o emprego melhoraram/aumentaram para a maioria: 58,4% e
50,5%.
Em Santa Catarina os rendimentos diminuíram para a maioria
(57,7%), e as condições de trabalho para 46,9%, contra 40,7% que consideram não terem-se modificado. A qualidade dos serviços piorou para
42,2%, mas não se modificou para 30,4%, e a sua organização melhorou
para 35%, contra 32% que consideram ter piorado. A cobertura da
assistência e o emprego melhoraram/aumentaram para a maioria: 56,7% e
55%.
109
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 110
No Rio Grande do Sul as avaliações são um pouco mais pessimistas:
os rendimentos e as condições de trabalho pioraram para 60,5% e 50%,
respectivamente; a qualidade e a organização dos serviços pioraram para
47,5% e 41,4%, respectivamente, embora a primeira não tenha-se modificado para 29,1%, e a segunda aumentado para 33%. A cobertura da
assistência aumentou para 52,2%, e o emprego médico apenas para
42,2%, pois 41,9% consideraram que ele não se alterou.
Estatisticamente, pode-se considerar que a opinião dos médicos da
Região Sul sobre as mudanças decorrentes da implantação dos SUS não se
diferencia das opiniões em nível nacional. Daí que, é possível concluir que a
repercussão da implantação do SUS sobre o trabalho médico acarretou
antes a sua deterioração do que sua melhora.
IMPACTO DA IMPLANTAÇÃO DO PSF
Na Tabela 5.5, possuidora dos mesmos critérios estatísticos de fatores
e opções de respostas estabelecidos na Tabela 5.4, pode-se observar que o
PSF, como programa de saúde, possui uma apreciação bem mais positiva
dos médicos, regularidades também constatadas em nível nacional.
Tabela 5.5. Opinião dos médicos sobre as mudanças decorrentes da
implantação do PSF
Fatores de mudança
Diminuiu/
piorou
Direção da mudança
Não se alterou
Aumentou/
melhorou
Cobertura da assistência
38
(3,3)
297
(25,6)
825
(71,1)
Emprego médico
51
(4,3)
277
(23,3)
861
(72,4)
Qualidade dos serviços
216
(19,6)
442
(40,1)
444
(40,3)
Organização dos serviços
182
(17,1)
433
(40,5)
452
(42,4)
Rendimentos médicos
284
(26,5)
432
(40,4)
355
(33,1)
Condições de trabalho
291
(28,0)
545
(52,3)
205
(19,7)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas por centagens. Estas foram computadas em função do total que efetivamente respondeu.
110
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 111
Indicaram, então, um aumento/melhora do emprego médico
(72,4%) e da cobertura da assistência (71,1%). E, em média, 43% dos
médicos indicaram que não se alteraram os fatores da qualidade dos
serviços, da organização dos serviços, dos rendimentos médicos e das
condições de trabalho. Apenas nestes dois últimos fatores obtiveram-se
freqüências relativas que relataram ter havido uma piora, respectivamente
de 26,5% e 28,0%. Estes resultados são praticamente os mesmos resultados do conjunto do País.
Nos três estados, expressiva maioria também considerou terem
aumentado a cobertura da assistência (69,6% no Paraná, 75% em Santa
Catarina e 70% no Rio Grande do Sul) e o emprego médico (72,1%, 82,1%
e 64%, respectivamente). Note-se que a freqüência menor observada entre
os gaúchos para o emprego corresponde ao menor índice de implantação
do PSF no Estado, em comparação com os outros dois.
A evolução da qualidade dos serviços dividiu a opinião dos médicos
nos três estados: no Paraná e no Rio Grande do Sul, respectivamente 39,9%
e 42,8% acham que melhorou, mas 39,7% e 41,8% consideram que não se
modificou; em Santa Catarina, para 38,9% não houve mudança, embora
37,8% acham que a qualidade melhorou. A organização também dividiu as
opiniões: respectivamente, 41,8%, 42,9% e 42,8% consideram que melhorou no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, contra 40,4%,
40,6% e 40,9% que a julgam inalterada, segundo a mesma ordem dos estados.
Os rendimentos não sofreram alteração para 39% dos médicos do
Paraná, embora uma freqüência idêntica indique que aumentaram; em
Santa Catarina ocorreu o inverso, pois 39% acham que não se modificaram,
contra 31,8% que os consideraram diminuídos. No Rio Grande do Sul, para
43,7% não houve alteração nos rendimentos, mas 28,8% acham que
diminuíram e 27,5%, que aumentaram.
AÇÕES PARA MELHORAR O PSF
Finalmente, a Tabela 5.6, da página seguinte, aponta as freqüências
relativas sobre o que pensam ou opinam os médicos acerca da prioridade
de implementação de fatores que assegurariam a eficácia do PSF. Estas
opiniões são relevantes porque, para os médicos, esta estratégia de saúde
pública, como foi constatada, resulta em melhores benefícios sociais, tanto
para a população quanto para seu grupo profissional.
111
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 112
Tabela 5.6. Opinião dos médicos sobre a prioridade de implementação de
fatores que assegurariam a eficácia do PSF
Fatores
Nada
prioritário
PRIORIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO
Pouco
Mais ou
Muito
prioritário
menos
prioritário
prioritário
Total
prioridade
Vínculo trabalhista
62
(4,0)
49
(3,2)
248
(16,0)
304
(19,5)
888
(57,3)
Estabilidade no emprego
98
(6,3)
73
(4,7)
279
(18,0)
294
(18,9)
808
(52,1)
Plano de carreira
42
(2,7)
41
(2,6)
179
(11,5)
323
(20,8)
965
(62,3)
Critérios de seleção
para acesso
24
(1,6)
25
(1,6)
222
(14,3)
271
(17,5)
1006
(65,0)
Infra-estrutura
14
(0,9)
15
(1,0)
106
(6,8)
216
(14,0)
1192
(77,3)
Remuneração
13
(0,8)
12
(0,8)
86
(5,5)
227
(14,7)
1210
(78,2)
Condições de trabalho
12
(0,8)
14
(0,9)
75
(4,8)
185
(12,0)
1260
(81,5)
Hierarquia na equipe
45
(2,9)
68
(4,4)
355
(23,2)
367
(23,8)
704
(45,7)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas
porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam.
Foram considerados oito fatores frente aos quais os médicos deveriam indicar sua prioridade de implementação, utilizando uma escala de
respostas com cinco pontos, indo de 1 = Nada prioritário a 5 = Totalmente
prioritário. Para facilitar a comunicação dos resultados, decidiu-se agrupar
as respostas extremas em não-prioritário (freqüência acumulada das
respostas nada e pouco prioritárias) e prioritário (muito e totalmente prioritário).
Este último nível de escala concentrou a maioria das respostas, que
obtiveram os seguintes resultados, em ordem decrescente de prioridades:
condições de trabalho (93,5%), remuneração (92,9%), infra-estrutura
(91,3%), plano de carreira (83,1%), critérios de seleção para acesso
(82,5%), vínculo trabalhista (76,8%), estabilidade de emprego (71,0%) e
hierarquia na equipe (69,5%).
Nos três estados, os oito fatores também foram considerados totalmente prioritários pela maioria dos médicos. Seguindo a metodologia ado-
112
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 113
tada, onde as opções muito e totalmente prioritárias foram agrupadas,
podemos observar as freqüências encontradas em cada Estado da Região
na Tabela 5.7, a seguir:
Tabela 5.7. Prioridades de implementação dos fatores que assegurariam a
eficácia do PSF, observadas nos estados da Região Sul, em percentuais
Estados
Cond.
Remu- Infrade
neração estrutura
Trabalho
Prioridade de implementação
Plano
Critério Vínculo Estabide
Seleção
lidade
Carreira Acesso
Hierarquia na
equipe
PR
93,7
93
90,9
80,7
78,8
75,5
73
68,6
SC
94,9
94,4
93,3
87,5
86,1
80
71
73
RS
92
91,4
90,2
83,1
84,9
76,3
68,2
68,4
Notas: Percentuais de respostas válidas
As mudanças nas condições de trabalho e da infra-estrutura certamente estão relacionadas, entre outros fatores, às dificuldades hoje
enfrentadas pelos médicos como a falta de um sistema adequado de referência e contra-referência para encaminhar os pacientes atendidos e o
excessivo contingente da população destinado a cada equipe. Entre os
fatores de ordem trabalhista, merece destaque às questões do vínculo, da
estabilidade e do plano de carreira, inexistentes em muitos municípios e que
são ameaças concretas ao êxito do Programa. A hierarquia na equipe, fator
relacionado à preservação do ato médico, também é sentido pela maioria
como indispensável ao sucesso do PSF.
O SISTEMA DE CONVÊNIOS E A PRÁTICA MÉDICA
O sistema de convênios impacta significativamente sobre o nível de
benefícios alcançados pela população na área da necessidade social referente à saúde. Como os médicos representam um agente decisivo deste
processo, é óbvio que existe um impacto também sobre suas condições de
trabalho. É por isto que se pesquisou sobre sete possíveis conseqüências
deste sistema a fatores ligados à prática médica (Tabela 5.8, da página
seguinte).
As conseqüências ou impactos negativos apresentados deram-se no
aumento da burocracia no consultório (85,6%) e nos aspectos que diminuíram/pioraram, destacando-se a liberdade de fixação dos honorários
113
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 114
(84,2%) e a autonomia profissional (73,9%); também diminuíram a liberdade de escolha para o paciente (44,1%); a facilidade de internação e
exames (43,7%) e a abertura de mercado de trabalho (36,1%), embora
também sejam expressivos os que consideram que tenham aumentado
(36,5%, 33,5% e 34,2%, respectivamente); e finalmente a clientela certa,
que não se alterou para 36,9%, mas diminuiu para 33,8%.
Tabela 5.8. Opinião dos médicos sobre as conseqüências do sistema de
convênios em fatores ligados à prática médica
Direção da mudança
Não se alterou
Fatores de mudança
Diminuiu/
piorou
Aumentou/
melhorou
Liberdade de escolha
para o paciente
808
(44,1)
356
(19,4)
670
(36,5)
Abertura de mercado
de trabalho
643
(36,1)
528
(29,7)
608
(34,2)
Autonomia profissional
1359
(73,9)
343
(18,7)
137
(7,4)
Facilidade de internação
e exames
794
(43,7)
415
(22,8)
610
(33,5)
Burocracia no consultório
61
(3,4)
200
(11,0)
1550
(85,6)
Liberdade de fixação
dos honorários
1530
(84,2)
236
(13,0)
52
(2,9)
Clientela certa
584
(33,8)
638
(36,9)
506
(29,3)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas
porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam.
O quadro é semelhante nos três estados, com algumas variações percentuais. A liberdade de fixação dos honorários e a autonomia profissional
diminuíram para a maioria (84,3% e 74,6% no Paraná, 85,6% e 71,9% em
Santa Catarina, 83,1% e 74,3% no Rio Grande do Sul), assim como a burocracia no consultório, que aumentou para 84,7% no Paraná, 88,1% em
Santa Catarina e 85,1% no Rio Grande do Sul.
A liberdade de escolha para o paciente e a facilidade de internação e
exames também diminuíram para 42,1% e 45,4% no Paraná; 42% e 41,8%
em Santa Catarina; e 47,5% e 42,6% no Rio Grande do Sul, embora estes
mesmos fatores tenham aumentado para 38,8% e 32,5%, 37,9% e 34,7%
114
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 115
e para 33,2% e 34%, respectivamente. O mercado de trabalho diminuiu
para 41,7% dos paranaenses, mas aumentou para 30,2%. Em Santa
Catarina, 42% acham que aumentou, mas dois grupos (de 29% cada) consideram que não se alterou ou diminuiu. Entre os gaúchos, a divisão de
opiniões foi maior: 34,1% acham que diminuiu, um contingente idêntico
acha que aumentou e para 31,8% não houve mudanças.
Finalmente, a clientela certa diminuiu para 36,9% no Paraná e para
35,2% no Rio Grande do Sul, mas aumentou para 30,7% em Santa
Catarina. Porém, ela não se modificou para 43,6% neste Estado, e para
35,4% e 35,2% nos outros dois, respectivamente.
Em síntese, os dados acima mostram que existe uma posição adversa
dos médicos ao sistema de convênios, embora mais branda que em nível
nacional, onde mais da metade dos médicos pesquisados manifestaram sua
percepção negativa em cinco dos sete itens avaliados: aumento da burocracia
(83,4%) e diminuição/piora da autonomia (78%), da liberdade de fixação dos
honorários (83,6%), da liberdade de escolha para o paciente (52,3%) e da
facilidade de internação e exames (50,7%). O mercado de trabalho e a clientela certa apresentaram percentuais semelhantes aos da Região.
Pode-se concluir que estes resultados parecem apoiar a idéia de um
sistema que aprisiona os médicos, impondo-lhes amarras e quiçá, modificando sua condição de profissional liberal para a de trabalhador informal
da iniciativa privada.
A INSERÇÃO SOCIOPOLÍTICA DAS ENTIDADES MÉDICAS
Neste tópico, procurou-se conhecer a inserção que as entidades
médicas (CFM/CRM, FENAM/Sindicato Médico, AMB/Associação Médica e
Sociedades de Especialidades) têm entre os médicos, ao tempo em que se
dão subsídios à implementação de políticas que procurem resgatar e/ou
estreitar as relações que essas presumivelmente têm com os seus filiados.
Esta inserção foi avaliada sob dois aspectos: os jornais por elas impressos e
a sua atuação direta.
JORNAIS DAS ENTIDADES MÉDICAS
No início deste capítulo vimos que 95,2% dos médicos do Sul lêem os jornais de suas entidades. Por meio da Tabela 5.9, na página seguinte, pode-se visualizar quais são estes jornais e qual o grau de importância que lhes conferem.
115
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 116
Tabela 5.9. Leitura e importância atribuída a jornais impressos das entidades médicas
Jornais
entidades
Leitura
Sim
Não
Nenhuma
Grau de importância
Pouca Mediana Muita
Total
Jornal do CFM
1715
(96,5)
63
(3,5)
13
(0,7)
145
(8,3)
650
(37,1)
754
(43,0)
192
(10,9)
Jornal da FENAM
163
(10,0)
1462
(90,0)
152
(27,1)
182
(32,4)
164
(29,3)
45
(8,0)
18
(3,2)
Jornal da AMB
1295
(75,9)
412
(24,1)
30
(2,1)
190
(13,2)
612
(42,3)
492
(34,1)
120
(8,3)
Jornal da sociedade
da especialidade
(nacional)
1459
(85,1)
256
(14,9)
19
(1,2)
51
(3,3)
279
(18,0)
790
(50,8)
414
(26,7)
Jornal do CRM
1578
(92,3)
131
(7,7)
28
(1,7)
168
(10,2)
567
(34,4)
662
(40,1)
225
(13,6)
Jornal do sindicato
do estado ou
município
933
(55,4)
750
(44,6)
118
(10,1)
246
(21,0)
348
(29,7)
326
(27,8)
133
(11,4)
Jornal da associação
ou sociedade médica
do estado
1147
(68,0)
540
(32,0)
69
(5,2)
264
(20,0)
526
(39,9)
364
(27,6)
97
(7,3)
Jornal da sociedade
da especialidade
(estadual)
1117
(66,4)
564
(33,6)
58
(4,5)
118
(9,2)
313
(24,4)
540
(42,2)
252
(19,7)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas
porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam.
Quanto à leitura dos jornais, obteve-se o seguinte ranking dos mais
lidos: o do Conselho Federal de Medicina (96,5%), o do Conselho Regional
de Medicina (92,3%), o da Sociedade da Especialidade Nacional (85,1%), o
da Associação Médica Brasileira (75,9%), o da Sociedade Médica do Estado
(68,0%), o da Sociedade da Especialidade Estadual (66,4%) e o do Sindicato
dos Médicos (55,4%). A maioria não lê o Jornal da FENAM (90%).
Sobre o grau de importância destes jornais, por meio da freqüência
acumulada muita e total importância obtiveram-se o seguinte ranking de
prioridades: o da Sociedade da Especialidade Nacional (77,5%), o da
Sociedade da Especialidade Estadual (61,9%), o do Conselho Federal de
Medicina (53,9%), e o do Conselho Regional de Medicina (53,7%), O Jornal
da FENAM foi considerado sem importância pela maioria (59,5%; resultado
da soma das freqüências pouca e nenhuma importância).
116
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 117
Os jornais da AMB e do Sindicato Médico local também foram considerados importantes (soma das freqüências muita e total importância) por
42,4% e 39,2%, sendo que 42,3% atribuem importância mediana ao Jornal
da AMB e 31,1% consideram o do Sindicato como sem importância. O
Jornal da Associação Médica estadual foi considerado como de importância
mediana por 39,9%, embora 34,9% o vejam como muito importante.
Os médicos do Paraná revelaram o seguinte ranking dos jornais mais
lidos: CFM (97,4%), CRM (92,4%), AMB (84,6%), Sociedades da
Especialidade nacional (84,3%) e estadual (64,4%), e da Associação Médica
(63,5%). Não lêem os jornais da FENAM (90,8%) e do Sindicato Médico
(67,9%).
Quanto ao grau de importância, e de acordo com a metodologia adotada, foram considerados importantes pela maioria dos paranaenses os jornais
das Sociedades da Especialidade nacional (79%) e estadual (64,9%), seguidos
dos jornais do CRM (56,5%) e do CFM (55,5%). Também foi avaliado como
importante o da AMB (46,2%), embora 40,5% lhe atribuam importância mediana; o da Associação Médica também é de mediana importância para
41,1%, mas 31,5% o julgam importante. Os jornais da FENAM e do Sindicato
Médico foram avaliados como sem importância (57,7% e 52%).
Em Santa Catarina, os mais lidos são o Jornal do CFM (95,9%), o do
CRM (95,5%), o da Sociedade da Especialidade nacional (88,8%), o da AMB
(78,1%), o da Associação Médica estadual (73,5%), o da Especialidade
estadual (60,5%) e o do Sindicato Médico local (58,8%). Os catarinenses
não lêem o Jornal da FENAM (87,1%).
Para os catarinenses, são importantes os jornais das Sociedades da
Especialidade nacional (82,6%) e estadual (59,4%), seguidos do jornal do
CFM (54,1%) e do CRM (52,3%). Também foi assim considerado o jornal do
Sindicato Médico (33,4%), embora 31,8% lhe atribuam importância mediana. Os jornais da AMB e da Associação Médica do Estado também tiveram
avaliação mediana (46,3% e 41,1%, respectivamente), embora 41,7% e
32,8% os tenham considerado importantes. O jornal da FENAM foi avaliado pela maioria (55,8%) como não-importante.
No Rio Grande do Sul, a maioria lê, pela ordem, os seguintes jornais
impressos: CFM (95,8%), CRM (90,3%), da Sociedade da Especialidade
nacional (83,7%), o do Sindicato Médico local (77,9%), da Especialidade
estadual (72,2%), Associação Médica estadual (69,5%) e o da AMB
(64,9%). A maioria não lê o Jornal da FENAM (90,8%).
117
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 118
O grau de importância foi estabelecido pela maioria dos gaúchos na
seguinte ordem: são importantes os jornais das Sociedades da Especialidade
nacional (72,9%) e da estadual (60%), seguidos do jornal do Sindicato
Médico (53,6%), do CFM (52,2%) e do CRM (51,6%). O jornal da
Associação Médica estadual foi avaliado como importante por 39,6%, embora 39% lhe atribuam importância mediana; neste mesmo grau foi julgado o jornal da AMB (42,2%), mas 37,9% o consideram importante. São
62,6% os que julgam o jornal da FENAM sem importância.
Os médicos de todo o Brasil também lêem com maior freqüência os
jornais dos Conselhos (97,3%, o do CFM e 91,5%, o do CRM), seguidos dos
jornais das Sociedades das Especialidades nacionais (83,1%), da AMB
(72,9%), das Sociedades das Especialidades estaduais (63,3%) e, finalmente, das Associações Médicas (57,2%). Não lêem os jornais sindicais
(72,9% o da FENAM e 61,1% o dos Sindicatos).
O grau de importância é semelhante ao atribuído pela Região, destacando-se os jornais das Sociedades de Especialidades (78% para as
nacionais e 63,3% as estaduais) e os dos Conselhos (58,6% os dos
Regionais e 58,1% o do CFM). Os da AMB, Associações Médicas e
Sindicatos dividem-se entre importantes e de importância mediana. O único
que é julgado sem importância é o jornal da FENAM (51,5%).
Observa-se neste tópico que os médicos da Região, em especial do
Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, diferentemente da média do País,
lêem os jornais dos seus Sindicatos, com destaque para o dos gaúchos que,
inclusive, lhe atribuem grau de importância bem mais elevado quando comparado com as freqüências dos demais estados e do País.
ATUAÇÃO DAS ENTIDADES MÉDICAS
Quanto à avaliação da atuação das entidades (Tabela 5.10), apresentaram-se cinco opções de respostas para os médicos, variando de 1 =
Péssima a 5 = Excelente. Decidiu-se reduzir estes níveis, agrupando os dois
pontos de cada extremo da escala, ficando expresso como insatisfatória
(péssima e ruim) e satisfatória (boa e excelente).
Na Região, as atuações predominantemente satisfatórias são dos
Conselhos Regional (49,0%) e Federal de Medicina (47,6%). A Associação
Médica Brasileira teve sua atuação avaliada como mais ou menos por
40,3%, enquanto 35,4% a consideraram satisfatória. Por outro lado, têm-
118
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 119
se as entidades cujas atuações foram julgadas mais insatisfatórias: a
Federação Nacional dos Médicos (43,8%), o Sindicato Médico (43,4%) e a
Associação Médica estadual (36,1%), muito embora a FENAM e a
Associação Médica tenham tido avaliações mais ou menos por 42,2% e
35,3%, respectivamente, e a do Sindicato Médico tenha sido avaliada como
satisfatória por 32,4%. A Associação Médica Municipal teve sua atuação
considerada insatisfatória pela maioria (59,3%).
Tabela 5.10. Avaliação geral dos médicos sobre a atuação das entidades
médicas
ENTIDADES MÉDICAS
Péssima
AVALIAÇÃO DA ATUAÇÃO
Ruim
Mais
Boa
ou menos
Excelente
Conselho Federal
de Medicina
59
(3,1)
214
(11,2)
723
(38,1)
732
(38,4)
176
(9,2)
Conselho Regional
de Medicina
98
(5,2)
262
(13,8)
608
(32,0)
715
(37,5)
219
(11,5)
Federação Nacional
dos Médicos
258
(14,4)
526
(29,4)
756
(42,2)
214
(11,9)
37
(2,1)
Sindicato médico
390
(20,7)
428
(22,7)
454
(24,2)
356
(18,9)
255
(13,5)
Associação Médica
Brasileira
116
(6,2)
339
(18,1)
756
(40,3)
532
(28,4)
131
(7,0)
Associação Médica
Estadual
219
(11,9)
447
(24,2)
653
(35,3)
428
(23,2)
99
(5,4)
Associação Médica
Municipal
555
(33,1)
439
(26,2)
469
(28,0)
169
(10,1)
43
(2,6)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas
porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam.
A atuação considerada mais satisfatória entre as entidades do Sul do
País foi a do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul (65,3%). No
Paraná a avaliação do Sindicato foi insatisfatória para 69%, e em Santa
Catarina para 48,1%. A da FENAM foi avaliada como predominantemente
insatisfatória no Paraná (45%) e no Rio Grande do Sul (44,8%), enquanto
em Santa Catarina foi mais ou menos para 44,6%.
O CFM teve sua atuação julgada predominantemente satisfatória no
Paraná (47,9%) e no Rio Grande do Sul (47,7%), e em Santa Catarina
atingiu 52,3% dos respondentes. As atuações dos Conselhos Regionais
119
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 120
foram consideradas satisfatórias pela maioria em Santa Catarina (52%) e no
Rio Grande do Sul (50,1%), enquanto no Paraná o foi por 46,7%.
No outro extremo, as Associações Médicas municipais foram avaliadas com atuações insatisfatórias por ampla maioria nos três estados (56,9%
no Paraná, 61,2% em Santa Catarina e 61,1% no Rio Grande do Sul). A
AMB teve suas ações consideradas mais ou menos por 39,7% no Paraná,
38,7% em Santa Catarina e 42% no Rio Grande do Sul, enquanto as
avaliaram como satisfatórias 34,6%, 38,2% e 34,7%, respectivamente).
Por fim, o julgamento das atuações das Associações Médicas regionais
foi bastante dividido, em todos os estados: no Paraná e em Santa Catarina predominaram as avaliações insatisfatórias para 38,8% e 36,3%, respectivamente,
embora 36,8% e 32,6% as tenham considerado mais ou menos; e no Rio
Grande do Sul 35,4% avaliaram a atuação de sua Associação Médica como
mais ou menos, contra 33% que a julgaram insatisfatória.
PERCEPÇÃO DOS MÉDICOS
SOBRE O FUTURO DA SUA PROFISSÃO
Para conhecer o que pensam os médicos acerca do futuro de sua
profissão foram apresentadas nove expressões, com cinco opções de
resposta para cada uma (tabela 5.11, na página seguinte). Para facilitar a
interpretação dos resultados, resolveu-se agrupar os extremos da escala de
respostas, de modo que as opções nada e pouco geraram a categoria não
define, e as opções muito e totalmente foram categorizadas como define.
Conforme assinalado no livro O Médico e seu Trabalho (CFM, 2004,
p. 111), foram excluídos os participantes que não responderam a todas as
palavras, e portanto as porcentagens refletem apenas os casos válidos. Vale
ressaltar que, na pesquisa prévia (Machado, 1996, p. 140), foram incluídos
os que não responderam, mas para efeito comparativo as porcentagens
daquele estudo foram recalculadas, com a exclusão deste segmento.
De acordo com a metodologia adotada, os médicos da Região Sul têm
uma visão mais pessimista do futuro da profissão (45,8%) do que otimista
(13,2%). São percentuais muito semelhantes aos registrados no âmbito
nacional (45,7% e 14,7%), porém com uma variação do contingente de
otimistas revelado na pesquisa anterior para a Região, cujos percentuais foram
46,8% e 18,5%, respectivamente (Machado, 1996, vol. I, p. 140).
120
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 121
Tabela 5.11. Percepção sobre o quanto algumas palavras definem o futuro
da sua profissão
PALAVRAS
Nada
MAGNITUDE COM QUE DEFINE
Pouco
Mais
Muito
ou menos
Incerteza
50
(2,6)
165
(8,6)
500
(26,2)
939
(49,2)
255
(13,4)
Assalariamento
33
(1,7)
217
(11,4)
371
(19,4)
1005
(52,7)
282
(14,8)
Central de Convênios
43
(2,3)
174
(9,1)
441
(23,1)
987
(51,7)
263
(13,8)
Otimismo
179
(9,4)
916
(48,0)
561
(29,4)
195
(10,2)
57
(3,0)
Competência
18
(0,9)
334
(17,5)
610
(32,1)
576
(30,2)
369
(19,3)
Convênio
41
(2,1)
155
(8,1)
399
(20,9)
980
(51,4)
333
(17,5)
Tecnologia
4
(0,2)
70
(3,7)
303
(15,9)
1111
(58,3)
417
(21,9)
Cooperativa
35
(1,8)
143
(7,5)
605
(31,7)
912
(47,8)
213
(11,2)
Pessimismo
108
(5,7)
309
(16,2)
616
(32,3)
717
(37,6)
157
(8,2)
Totalmente
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas
porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam.
O otimismo e o pessimismo foram as duas palavras principais utilizadas
para definir o futuro da profissão na pesquisa prévia (Machado, 1996). No
entanto, vale destacar que os médicos do Sul vêem também como significativas para o seu futuro a tecnologia (define para 80,2%), a Central de Convênios
(define para 65,5%), a Cooperativa médica (define para 59%) e a competência (define para 49,5%). Por outro lado, também estão presentes nesta
definição a inevitável coexistência com o sistema de convênios com planos privados de saúde (define para 68,9%), o assalariamento (67,5%), a incerteza
(62,6%).
Analisando os dados nacionais, podemos afirmar que estas palavras
também significam muito para o futuro da profissão dos médicos de todo
o País, e na mesma ordem: tecnologia (define para 77,5%), Central de
Convênios (define para 60,1%), Cooperativa médica (define para 51,8%) e
121
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 122
competência (define para 46%). Também marcam presença na definição o
assalariamento (62,2%), o sistema de convênios (61,4%) e a incerteza
(59,9%). Vale destacar que a Central de Convênios e a Cooperativa médica
definem mais o futuro da profissão para os sulistas do que para os médicos
do resto do País, da mesma forma que os convênios privados e o assalariamento.
O pessimismo define o futuro da profissão para 48,1% dos médicos
do Paraná, para 45,4% de Santa Catarina e para 43,5% do Rio Grande do
Sul, enquanto o otimismo é definidor para 13,4%, 11,4% e 14,1%, respectivamente. A visão pessimista é maior no Paraná e menor no Rio Grande do
Sul em comparação com a Região e o País.
Em relação à pesquisa anterior (Machado, 1996), podemos constatar
que a percepção pessimista aumentou no Paraná (45% à época), mantevese inalterada em Santa Catarina (45,3%) e diminuiu no Rio Grande do Sul
(47,3% em 1996). Por outro lado, o otimismo diminuiu nos três estados: era
definidor para 20,8% no Paraná, para 19% em Santa Catarina e para 16,6%
entre os gaúchos.
Quanto aos demais quesitos assinalados para definir o futuro da
profissão, a tecnologia define para a maioria no Paraná (77,8%), em Santa
Catarina (79,7%) e no Rio Grande do Sul (83,2%), seguida da Central de
Convênios (64,9%, 66% e 65,8%, respectivamente) e da Cooperativa
(57,6%, 60,4% e 59,6%). São expressões que traduzem a esperança para o
sucesso profissional, com destaque para a Central de Convênios, entendida
pela maioria como instrumento capaz de regular o sistema a favor dos
médicos. Por fim, a competência é definidora para 47% no Paraná, 48,6%
em Santa Catarina e 52,9% no Rio Grande do Sul.
No entanto, o sistema de convênios também está a definir o futuro
dos médicos do Paraná (66,8%), de Santa Catarina (67,2%) e do Rio Grande
do Sul (72,1%), acompanhado do assalariamento (63,5%, 71,3% e 69,4%,
respectivamente) e da incerteza (61,9%, 65,3% e 61,7%, para cada Estado,
na ordem acima).
Confrontando as respostas dos médicos destes três estados com os
dois universos estudados, verificamos que o sistema de convênios está mais
presente na realidade dos médicos do Sul do que no restante do País, com
destaque para o Rio Grande do Sul que está acima da média da Região.
Talvez por isso a Central de Convênios e a Cooperativa definam mais o
futuro para eles. Também relevante é a elevada freqüência do assalaria-
122
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 123
mento nos três estados, com Santa Catarina e Rio Grande do Sul bem acima
da média do País. Os catarinenses também se destacam quanto à incerteza
acerca do futuro da profissão.
***
Em resumo, o PSF está presente na Região para mais de 80% dos
médicos, com exceção do Rio Grande do Sul onde o ritmo de implantação
parece ser menos intenso. Os sulistas são mais favoráveis ao sistema de convênios que seus colegas do País. Os gaúchos apresentam elevado índice de
filiação ao Sindicato Médico local, destoando da média nacional e da
Região. As condições de saúde e de atendimento à população na Região
são melhores que a do restante do País, na opinião dos médicos com destaque
para Santa Catarina, a melhor avaliação entre os estados. Os impactos da
implantação do SUS e do PSF são semelhantes aos do País. Quanto à
inserção sociopolítica das entidades médicas, novamente destaca-se o
Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, tanto pelo índice de sindicalizados
quanto pela presença de seu jornal na categoria. Por fim, assim como no
restante do País, os médicos do Sul vêem com pessimismo o futuro da
profissão, e o sistema de convênios marca significativamente esse futuro,
juntamente com os instrumentos de mobilização e organização da classe: a
Central de Convênios e a Cooperativa Médica.
123
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 124
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 125
6. ATITUDES
ANTE A VIDA E
OS VALORES HUMANOS
Carlos Homero Giacomini
Valdiney Veloso
125
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 126
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 127
Neste bloco, são analisados os valores humanos que servem como
princípios-guia no cotidiano dos médicos que atuam na Região Sul do
Brasil, bem como é contemplada a satisfação que estes indicam com suas
vidas. As condições de trabalho e vidas destes profissionais, mesmo sem
serem excepcionais, são um pouco melhores que as daqueles de outras
Regiões, permitindo assim pensar em orientações axiológicas mais intrínsecas (por exemplo, endossando valores como afetividade e conhecimento),
com conseqüente maior magnitude de bem-estar subjetivo (Kasser &
Ahuvia, 2002; Kasser & Ryan, 1996). Oferecem-se nas próximas páginas as
evidências que apóiam tais conjeturas. Contudo, antes mesmo de apresentar os resultados é fundamental que se compreenda o que se está denominando aqui de valores humanos.
VALORES QUE NORTEIAM A
VIDA DOS MÉDICOS NO SUL
É comum na literatura pensar em valor como tudo que vale (por
exemplo, dinheiro, casa, carro etc.) ou é importante para a pessoa (trabalho, estudo, família etc.). Este entendimento, no entanto, traz um inconveniente claro: ao igualar os valores aos objetos, ter-se-iam tantos valores
como objetos na realidade, o que significa um número tendente ao infinito. Esta concepção não é a que se sustenta neste livro. Os valores são aqui
pensados não como qualidades inerentes aos objetos, mas princípios-guia,
orientações axiológicas. Entretanto, o leitor logo se questionará acerca do
número destes, isto é, perguntar-se-á se não existe igualmente um número
infinito de princípios que podem guiar a vida das pessoas. Porém, não tardará em se dar conta da parcimônia do presente modelo quando tiver em
conta sua fonte comum de origem: as necessidades humanas básicas.
Portanto, em acordo com algumas das concepções recentes na literatura,
os valores são considerados como representações cognitivas das necessidades, expressando estados finais de existência (Gouveia, 2003; Schwartz,
2002).
O modelo teórico que ora se apresenta sobre os valores propõe que
estes sejam organizados de acordo com três critérios de orientação (pessoal, central e social) e dois tipos de motivadores (materialista e pós-materialista, humanista), que se combinam para formar seis funções psicossociais que orientam a vida dos médicos, como representadas na Figura 1 a
seguir (Gouveia e Pinheiro, 2004).
127
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 128
Figura 1. Modelo hexagonal das funções valorativas.
De acordo com esta figura, no meio aparecem os valores centrais; no
lado inferior constam aqueles mais materialistas, no caso os de existência
(estabilidade pessoal, saúde e sobrevivência), e no superior os humanistas,
concretamente os suprapessoais (beleza, conhecimento, justiça social e
maturidade). À esquerda figuram os valores sociais, sendo que acima estão
os interacionais (afetividade, apoio social, convivência e honestidade), que
são mais orientados às relações interpessoais e ao afeto, e abaixo os normativos (obediência, ordem social, religiosidade e tradição), cujo foco de
atenção é o cumprimento do dever, a obediência aos padrões seculares.
Finalmente, à direita situam-se os valores pessoais; os de realização (autodireção, êxito, poder, prestígio e privacidade) localizam-se mais próximos do
extremo materialista, indicando que se buscam coisas materiais, enquanto
aqueles de experimentação (emoção, estimulação, prazer e sexual) aproximam-se dos valores humanistas (suprapessoais); neste caso, busca-se o desfrute da vida e o gozo das emoções, sem preocupação a longo prazo.
Tendo estas categorias ou funções psicossociais em mente, procurase a seguir conhecer os valores que norteiam a vida dos médicos que atuam
no Sul do Brasil. Neste sentido, a Tabela 6.1 traz a distribuição da freqüência das suas respostas a propósito dos 24 valores básicos aos quais
atribuíram uma pontuação que se situa entre 1 = Decididamente nãoimportante a 7 = Extremamente importante. Cabe destacar que os resultados são analisados em dois níveis de importância: nada importante
(somatório das respostas decididamente não-importante e não-importante)
e totalmente importante (somatório das respostas muito importante e
extremamente importante).
128
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 129
Tabela 6.1. Valores humanos que guiam a vida dos médicos que atuam
no Sul
Escala de resposta
Pouco Mais ou Imporimpor- menos
tante
tante
importante
Decididamente
nãoimportante
Não
importante
Justiça Social
4
(0,2)
3
(0,2)
15
(0,8)
61
(3,2)
363
(19,0)
493
(25,8)
972
(50,9)
Sexual
7
(0,4)
5
(0,3)
23
(1,2)
104
(5,4)
494
(25,9)
679
(35,5)
599
(31,3)
Êxito
2
(0,1)
1
(0,1)
6
(0,3)
46
(2,4)
392
(20,5)
735
(38,5)
727
(38,1)
Apoio Social
0
(0,0)
3
(0,2)
21
(1,1)
86
(4,5)
405
(21,2)
720
(37,7)
675
(35,3)
Honestidade
0
(0,0)
0
(0,0)
2
(0,1)
5
(0,3)
35
(1,8)
252
(13,2)
1616
(84,6)
Conhecimento
0
(0,0)
4
(0,2)
26
(1,4)
77
(4,0)
363
(19,0)
678
(35,5)
762
(39,9)
Emoção
160
(8,4)
211
(11,0)
395
(20,7)
466
(24,4)
406
(21,2)
176
(9,2)
97
(5,1)
Poder
119
(6,2)
181
(9,5)
425
(22,3)
576
(30,2)
425
(22,3)
138
(7,2)
45
(2,4)
Afetividade
0
(0,0)
3
(0,2)
8
(0,4)
35
(1,8)
152
(8,0)
498
(26,1)
1215
(63,6)
Religiosidade
187
(9,8)
114
(6,0)
151
(7,9)
233
(12,2)
375
(19,7)
333
(17,5)
515
(27,0)
Autodireção
6
(0,3)
8
(0,4)
50
(2,6)
129
(6,8)
420
(22,0)
575
(30,1)
723
(37,8)
Ordem Social
0
(0,0)
1
(0,1)
1
(0,1)
9
(0,5)
159
(8,3)
595
(31,2)
1144
(59,9)
Saúde
0
(0,0)
4
(0,2)
5
(0,3)
33
(1,7)
224
(11,8)
554
(29,1)
1085
(57,0)
Prazer
9
(0,5)
11
(0,6)
43
(2,3)
275
(14,4)
656
(34,3)
541
(28,3)
375
(19,6)
Prestígio
90
(4,7)
111
(5,8)
332
(17,4)
460
(24,1)
553
(29,0)
250
(13,1)
111
(5,8)
Obediência
4
(0,2)
6
(0,3)
16
(0,8)
104
(5,4)
493
(25,8)
649
(34,0)
638
(33,4)
VALORES
HUMANOS
Muito
Extreimpor- mamentante
te
importante
129
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 130
Estabilidade
2
(0,1)
4
(0,2)
21
(1,1)
88
(4,6)
371
(19,4)
667
(34,9)
756
(39,6)
Estimulação
14
(0,7)
45
(2,4)
111
(5,8)
357
(18,7)
623
(32,7)
517
(27,1)
240
(12,6)
Convivência
23
(1,2)
67
(3,5)
183
(9,6)
457
(24,0)
647
(33,9)
387
(20,3)
144
(7,5)
Beleza
10
(0,5)
36
(1,9)
105
(5,5)
384
(20,1)
714
(37,4)
452
(23,7)
207
(10,8)
Tradição
26
(1,4)
59
(3,1)
170
(8,9)
491
(25,8)
654
(34,3)
356
(18,7)
148
(7,8)
Sobrevivência
2
(0,1)
3
(0,2)
13
(0,7)
58
(3,0)
407
(21,3)
527
(27,6)
898
(47,1)
Maturidade
0
(0,0)
0
(0,0)
6
(0,3)
26
(1,4)
297
(15,6)
760
(39,8)
819
(42,9)
Privacidade
6
(0,3)
8
(0,4)
19
(1,0)
92
(4,8)
317
(16,6)
575
(30,1)
893
(46,8)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas
porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam.
De acordo com a Tabela 6.1, os três valores considerados totalmente importantes para os médicos nesta região foram honestidade
(97,8%), ordem social (91,1%) e afetividade (89,7%); o valor saúde foi
considerado por 86,1% como tendo este grau de importância. Por outro
lado, majoritariamente foram considerados como nada importantes os
valores emoção (19,4%), religiosidade (15,8%) e poder (15,7%). A
atribuição de importância que se faz a este conjunto de valores é parecida a que se observou no âmbito nacional (CFM, 2004); a principal diferença foi registrada em relação aos valores nada importantes, com religiosidade sendo considerado menos importante do que prestígio - nesta
região ocupou o quarto lugar de menor importância, mencionado por
10,5% dos médicos.
Estes dados reforçam a concepção de que os médicos que exercem
seu ofício no Sul têm uma orientação eminentemente social (afetividade,
honestidade) em detrimento daquela mais pessoal (emoção, poder), o que
realça uma orientação tipicamente intrínseca dos profissionais desta região,
enfatizando as relações interpessoais. A propósito, parece clara a oposição
entre assumir princípios-guia da função valorativa interacional versus realização.
130
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 131
SATISFAÇÃO COM A VIDA
ENTRE OS MÉDICOS NO SUL
A satisfação com a vida compreende uma dimensão subjetiva do
bem-estar, revelando em certa medida o quanto a pessoa goza de felicidade, saúde mental e vitalidade (Gouveia, Chaves, Oliveira, Dias, Gouveia e
Andrade, 2003). Embora possa apresentar alguma relação com indicadores
sociais e econômicos, corresponde, sobretudo, a um sentimento de conforto psicológico, uma sensação de ter cumprido o dever na vida e a noção de
ter valido a pena viver. Na presente pesquisa, lembrando, os médicos
responderam um instrumento denominado de Escala de Satisfação com a
Vida (Pavot e Diener, 1993), cujo propósito é avaliar este sentimento geral
de bem-estar subjetivo. Os resultados a respeito são apresentados na Tabela
6.2 a seguir.
Tabela 6.2. Satisfação com a vida dos médicos que atuam no Sul
Escala de resposta
Discordo Discordo Discordo
Nem
Concor- Concor- Concortotalligeira- concordo do ligeira- do do totalmente
mente
nem
mente
mente
discordo
1. Na maioria dos
40
165
207
95
584
683
138
aspectos minha vida
(2,1)
(8,6)
(10,8)
(5,0)
(30,5) (35,7) (7,2)
é próxima ao meu
ideal.
Conteúdo
dos itens
2. As condições da
minha vida
são excelentes.
49
(2,6)
286
(15,0)
263
(13,8)
143
(7,5)
636
(33,3)
433
(22,6)
102
(5,3)
3. Estou satisfeito
com minha vida.
26
(1,4)
168
(8,8)
207
(10,8)
107
(5,6)
516
(27,0)
701
(36,6)
188
(9,8)
4. Dentro do possível
tenho conseguido
as coisas importantes
que quero na vida.
19
(1,0)
72
(3,8)
122
(6,4)
97
(5,1)
472
(24,7)
810
(42,3)
321
(16,8)
5. Se pudesse viver
uma segunda vez,
não mudaria quase
nada na minha vida.
133
(7,0)
279
(14,6)
279
(14,6)
103
(5,4)
377
(19,7)
530
(27,7)
211
(11,0)
Notas: Nas caselas são mostradas as freqüências e, entre parênteses, as respectivas
porcentagens. Estas foram computadas em função dos que efetivamente responderam.
131
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 132
Com o propósito de descrever o nível de satisfação com a vida
destes, decidiu-se agrupar suas respostas em insatisfação (discordo totalmente, discordo e discordo ligeiramente) e satisfação (concordo totalmente, concordo e concordo ligeiramente), desprezando-se o ponto
mediano da escala. Os resultados indicam que 70,1% dos médicos da
Região se encontram satisfeitos com suas vidas; a insatisfação abrange
22,3% deles. No geral, estes números revelam um maior nível de bemestar subjetivo entre os médicos que atuam no Sul quando comparados
com a totalidade do País (CFM, 2004). Neste caso o quantitativo de satisfeitos foi de 66,5%, enquanto os insatisfeitos chegaram a 27,4%. Em
termos da comparação destas duas unidades geopolíticas, cabe indicar
que 80,5% dos médicos na Região concordam com a afirmação de que
"dentro do possível tenho conseguido as coisas importantes que quero
na vida", tendo sido 82,6% aqueles que opinaram da mesma forma no
âmbito nacional.
Em resumo, pode-se dizer que os médicos que exercem seu ofício no Sul têm os valores de orientação social como princípios que
guiam suas atitudes, crenças e comportamentos no dia-a-dia,
estando, na grande maioria, satisfeitos com suas vidas. Com relação
ao que ocorre com os médicos nos estados integrantes desta região,
é possível observar algumas particularidades, como acentuadas a
seguir.
ATITUDES ANTE A VIDA
E OS VALORES HUMANOS NO PARANÁ
Do mesmo modo que se constatou para o País e a Região, neste
Estado predomina uma orientação axiológica claramente intrínseca,
que põe ênfase nos três seguintes valores: honestidade (97,6%), ordem
social (91%) e afetividade (89,3%); o valor saúde foi escolhido como
mais importante em quarto lugar (85,5%). Contudo, em se tratando
dos valores nada importantes, o perfil observado no Paraná é mais
próximo daquele do País, em que se destacaram os valores emoção
(16,4%), poder (13,8%) e prestígio (10,8%). Proporcionalmente, o
quantitativo de médicos que indicam estar satisfeitos com suas vidas
neste Estado (67,3%) é mais similar ao registrado no País do que na
Região.
132
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 133
ATITUDES ANTE A VIDA E OS
VALORES HUMANOS EM SANTA CATARINA
Para aqueles que exercem seu hipocrático ofício neste Estado, do
mesmo modo que ocorre para o conjunto dos que trabalham na Região, os
três seguintes valores são considerados unanimemente como os mais
importantes: honestidade (98,8%), ordem social (91,9%) e afetividade
(86,8%); o valor saúde foi indicado como o mais importante pelo quarto
maior contingente dos médicos (86,3%). Quanto aos valores tidos como
nada importantes, majoritariamente, os médicos opinaram que estes seriam
poder (19,6%), emoção (19,3%) e religiosidade (16,8%); prestígio foi o
seguinte menos importante, opinião sustentada por 13,6% dos médicos.
Portanto, este é um perfil axiológico que, apesar de alguma especificidade,
é coerente com o descrito para a Região, diferenciando-se daquele do País
em termos da maior rejeição à religiosidade como um princípio que guia a
vida. Neste Estado, comprova-se o maior quantitativo de médicos que trabalham no Sul que manifestam satisfação com suas vidas (82,8%)
ATITUDES ANTE A VIDA E OS
VALORES HUMANOS NO RIO GRANDE DO SUL
Os médicos que atuam neste Estado também concordaram acerca
dos valores considerados como mais importantes, embora com alguma
variação na ordem em que se apresentaram: honestidade (97,5%), afetividade (91,6%) e ordem social (90,7%); saúde ocupou o quarto lugar como
o mais importante (86,4%). No caso dos valores nada importantes,
destacaram-se os três seguintes: emoção (22,7%), religiosidade (22,7%) e
poder (15,5%); prestígio (8,4%) figurou como o quarto menos importante.
Este perfil é mais consistente com a Região do que o País, denotando o sentido emic – específico do contexto cultural – das prioridades axiológicas
destes médicos. Majoritariamente, estes profissionais indicam satisfação
com suas vidas (81,6%), quantitativo proporcionalmente equivalente ao
observado na Região.
***
Concluindo, o conjunto destes dados reflete que a situação da classe
médica no Sul é, comparativamente, mais favorável do que a constatada
133
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 134
para o País. Isso é certo neste plano mais subjetivo, contemplando valores
intrínsecos que promovem o bem-estar psicológico. As variações na Região
são também uma realidade. O Paraná, nestes termos, parece-se aproximar
um pouco mais do restante do País; os médicos no Rio Grande do Sul e
Santa Catarina comungam maior resistência a assumir valores normativos
(por exemplo, religiosidade, tradição) do que seus colegas do Estado vizinho. Porém, consistentemente, evidencia-se a contraposição entre valores
interacionais e de realização, indicando que para os médicos as relações
interpessoais harmoniosas, fundamentadas no respeito e na honestidade
são mais prezadas que o instrumental desejo de exercer uma hierarquia,
sendo o chefe e determinando o que os demais precisam de fazer.
134
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 135
CONCLUSÃO
Edevard José de Araújo
135
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 136
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 137
A Medicina na Região Sul do Brasil é exercida, majoritariamente, por
profissionais do sexo masculino, mas existe uma tendência de aumento no
número de profissionais do sexo feminino. Quanto à idade, pode-se identificar que a profissão é exercida, em sua maioria, por médicos jovens, com
menos de 45 anos.
Praticamente a metade dos médicos do Sul desempenha as suas atividades nas capitais dos estados da Região (50,4%). Um aspecto que chama
a atenção é que Santa Catarina sempre teve a peculiaridade de ter uma
população médica da Capital menor do que a que reside nas demais
cidades do Estado. Chama a atenção também que, na pesquisa prévia, viviam na capital 31,2% dos médicos catarinenses (Machado, 1996), o que
se elevou para 41,7% pelo atual levantamento.
Um detalhe interessante é que, no Rio Grande do Sul, apenas 10,7%
dos médicos são oriundos de outros estados, enquanto em Santa Catarina
esse percentual é de 52,4% e, no Paraná, 41,5%. Provavelmente esse fenômeno deve estar ligado ao número de escolas médicas: até a década de
1980, havia muito mais escolas no RS (8 faculdades) do que em SC (1 faculdade) e no Paraná (3 faculdades). Toma força esse raciocínio quando se
verifica a origem dos médicos de outros estados, como em Santa Catarina,
por exemplo, onde predominam os médicos formados em faculdades do
Rio Grande Sul.
Os médicos da Região Sul, na sua grande maioria, cursaram faculdade
no Brasil (99,6%) e o número de profissionais que fizeram pelo menos um
Curso de Pós-Graduação é de 84,8% e 74,1% possuem Título de Especialista.
Quanto à participação em algum Congresso, 89,4% responderam
que participaram de pelo menos um Congresso, destacando-se o Paraná,
onde houve o maior percentual de médicos com participação em
Congressos. Por outro lado, um fato preocupante apontado pela pesquisa
é que houve importante diminuição de médicos filiados às sociedades científicas, chegando a 1/3 no RS, e, praticamente, 1/5 em SC e PR.
Entre os participantes residentes na Região Sul, a maioria dos médicos referiu ser ativo (98,5%) e, entre os inativos, 1/3 deles está aposentado
e 25% abandonaram a profissão.
Enquanto no Brasil 67% dos médicos exercem atividade em consultório,
na Região Sul este índice é de 75,4%, destacando-se Santa Catarina com
82,6%. De qualquer forma, em relação à pesquisa de 1996, houve
137
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 138
diminuição da atividade em consultório nos três estados da Região. No que
diz respeito ao número de atividades exercidas em Medicina na Região Sul,
é importante mencionar que a maioria dos médicos exerce duas (28,3%) ou
três atividades (28,1%) profissionais, destacando-se o fato de que 4,2% dos
médicos da Região exercem seis ou mais atividades, panorama semelhante
à classe médica de todo o País. A especialidade principal em que atuam os
médicos do Sul é a Cardiologia (10,7%), seguida de Pediatria (8,7%) e da
Medicina Interna (8%), muito embora a estratégia utilizada para a seleção
da amostra pode ter introduzido um viés de seleção, produzindo maior representação dessas especialidades.
A maioria dos médicos da Região Sul trabalha na mesma cidade em
que reside (75,3%) e um percentual importante trabalha na mesma cidade
em que reside e em outra cidade do mesmo Estado (19,6%). Importante
notar, também, que a sua grande maioria (88,4%) tem a medicina como
sua única fonte de renda.
Um dado muito interessante é que a maioria dos médicos tem renda
mensal de até 2.000 dólares, e apenas uma minoria recebe mais de 4 000
dólares (10,5%). Entre os médicos da Região Sul, a sua maior fonte de
renda é a atividade em consultório, e a segunda é o seu trabalho no setor
público. O trabalho médico em esquema de plantão é exercido pela metade
dos médicos da Região (48,9%), o que ocorre menos no RS (43,7%) e mais
no Paraná (53,8%). Apesar de os médicos estarem satisfeitos com a sua
especialidade, quase 60% deles consideram a sua atividade muito desgastante.
Quando perguntado aos médicos sobre o sistema de convênios,
observa-se uma franca posição de adversidade, quando apenas 27,1% consideraram-no favorável. Os impactos negativos do sistema de convênios
sobre os médicos foram mais influenciados pelo aumento da burocracia no
consultório, pela limitação da liberdade de especificar honorários e no que
se refere à autonomia profissional. A maioria dos médicos da Região Sul
(56,8%) possui vínculo com a Unimed ou similar, sendo que 25,2% deles
não possuem nenhum vínculo, ou seja, têm atividade de consultório exclusivamente particular.
A grande maioria dos médicos da Região referiu ler jornais impressos por
entidades da Categoria (95,2%) e conhecer o Código de Ética Médica (91,5%).
Quanto à participação em suas entidades loco-regionais, a associação
médica apresentou uma freqüência de 68,2% e o motivo para esses médi-
138
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 139
cos seria manterem-se informado ou por exigência profissional. O Sindicato
teve uma freqüência de 52,2%, e a motivação dos médicos era a defesa dos
seus interesses profissionais.
No que se refere à visão dos médicos sobre as condições de saúde da
população, enquanto ela é considerada inadequada para 42,8% para todo
o País, na Região Sul essa opinião é a de 26% dos profissionais. Para a maioria dos médicos do Sul, o SUS trouxe mais deterioração no trabalho profissional do que melhora.
Um detalhe que merece muita reflexão é a visão do médico quanto ao
seu futuro, em que o pessimismo (45,8%) sobrepujou em muito o otimismo (13,2%), e os fatores mais importantes para essa opinião foram o
assalariamento e a incerteza. Por outro lado, tanto no País como na Região
Sul, os médicos elegeram como valores mais importantes a honestidade
(97,8%), a ordem social e a afetividade; e lhe são de menos valia o poder
(9,6%) e o prestígio.
Com tudo isso, o trabalho permitiu mostrar que 70% dos médicos
sulistas estão satisfeitos com suas vidas, em freqüência semelhante ao que
pensam os demais colegas do País.
139
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 140
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 141
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
141
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 142
o medico e seu trab SUL.qxd
7/7/2005
16:41
Page 143
ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, 1998.
ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL. Rio de Janeiro: IBGE, 2000.
CARNEIRO, M.B.; GOUVEIA, V.V. (coord.). O médico e o seu trabalho: aspectos metodológicos e resultados do Brasil. Brasília: CFM, 2004. 234p.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA. Código de Ética Médica. 3ª ed.,
Brasília: CFM, 1996.
GOUVEIA, V.V.; PINHEIRO, A..G. Valores e atitudes dos estudantes de
Medicina. In: PIMENTEL, A.J.P; ANDRADE, E.O.; BARBOSA, G.A..(orgs.). Os
estudantes de Medicina e o ato médico: atitudes e valores que norteiam seu
posicionamento . Brasília: CFM, 2004. p.47-56
MACHADO, M. H. (coord.). Perfil dos médicos no Brasil: relatório final. Rio
de Janeiro: FIOCRUZ / CFM-MS / PNUD, 1996.
MACHADO, M. H. (coord.). Perfil dos médicos no Brasil: Rio Grande do Sul
em números. Rio de Janeiro: FIOCRUZ / CFM-MS / PNUD, 1996. v. 2.
MACHADO, M. H. (coord.). Perfil dos médicos no Brasil: Santa Catarina em
números. Rio de Janeiro: FIOCRUZ / CFM-MS / PNUD, 1996. v. 3.
MACHADO, M. H. (coord.). Perfil dos médicos no Brasil: Paraná em
números. Rio de Janeiro: FIOCRUZ / CFM-MS / PNUD, 1996. v. 4.
143
Download

Região Sul - Conselho Federal de Medicina