REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO EM SAÚDE DA FAMÍLIA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM SAÚDE DA FAMÍLIA POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM ESTUDO DE AVALIABILIDADE NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO NORDESTE BRASILEIRO SOBRAL – CE Junho - 2014 1 2 IRLANDA PONTES DE OLIVEIRA POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM ESTUDO SOBRE A AVALIABILIDADE NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO NORDESTE BRASILEIRO Dissertação apresentada ao Mestrado Profissional em Saúde da Família pela Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família, Nucleadora Universidade Estadual Vale do Acaraú, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Saúde da Família, modalidade profissional. Linha de Pesquisa: Promoção da Saúde Orientadora: Profª. Maria Socorro de Araújo Dias, Doutora. SOBRAL-CE Junho - 2014 3 Bibliotecária Responsável: Iara Queiroz CRB 3/1325 O45p Oliveira, Irlanda Pontes de Política nacional de promoção da saúde: um estudo de avaliabilidade numa região de saúde no nordeste brasileiro/ Irlanda Pontes de Oliveira. -- Sobral, 2014. 96 f. XXf. Orientadora: Dra. Maria Socorro de Araújo Dias Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Vale do Acaraú / Centro de Ciências da Saúde / Mestrado Profissional em Saúde da Família da Rede Nordeste em Saúde da Família, 2014. 1. Políticas Públicas. 2. Avaliabilidade – Promoção de Saúde. I. Dias, Maria Socorro de Araújo. II. Universidade Estadual Vale do Acaraú, Centro de Ciências da Saúde. IV. Título. CDD 610 4 5 Dedico esse trabalho à minha família, Marcelo, Katryn, Samuel e Gabriel, por todo o amor e compreensão dedicada para comigo, foram fundamentais para que eu tenha concluído este trabalho. 6 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, pela força e equilíbrio nos momentos difíceis desta caminhada. A Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família/Nucleadora Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). A Secretaria Municipal de Saúde de Ibiapina por ter propiciado a oportunidade da realização deste curso de Mestrado Profissional em Saúde da Família. Aos Secretários de Saúde, Coordenadores da Atenção Básica, Coordenadores da Vigilância Epidemiológica e Coordenadora da 13ª CRES por toda colaboração oferecida para o desenvolvimento deste trabalho. A minha orientadora Maria Socorro de Araújo Dias pelo incentivo e contribuições. Ao Secretário de Saúde Grijalva Parente da Costa pelo apoio. Aos meus colegas de mestrado, pelo grande apoio, companheirismo e amizade. 7 Oliveira, Irlanda Pontes de, Política Nacional de Promoção da Saúde: Um Estudo sobre a Avaliabilidade numa Região de Saúde no Nordeste Brasileiro, 2014. Dissertação Mestrado Profissional em Saúde da Família - Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral, 2014. RESUMO Este trabalho teve como objetivo realizar uma análise da avaliabilidade da Política Nacional de Promoção da Saúde - PNPS. O processo da pesquisa desenvolveu-se em quatro etapas, focados a luz do referencial de avaliabilidade proposto por Leviton et. al. (1998). Possibilitou a elaboração do modelo lógico que contribuiu para um melhor entendimento da PNPS e os movimentos de sua institucionalização, implantação e implementação numa Região de Saúde através de análise documental do período de 2006 a 2012, período que transcorre a publicação da Política até o início do estudo e a realização de entrevistas com 18 informantes-chave, gestores da Região envolvidos diretamente com a execução da PNPS nos oito municípios que compõe a referida Região. Os resultados indicaram que a PNPS ainda não está suficientemente implantada, ou seja, ainda se encontra em processo de implantação e/ou implementação na 13ª Região de Saúde, apontado como necessidade à incorporação de instrumentos de monitoramento e avaliação específicos para as ações da PNPS. O estudo também apontou algumas recomendações para implementação da política como: realizar um diagnóstico de como a política acontece nos municípios brasileiros; investir na política em sua totalidade, não apenas em ações desvinculados umas das outras; incluir mais indicadores da PNPS nas pactuações do SUS; expandir para todos os municípios os sistemas de informação que visam coletar informações para a avaliação desta; revisar periodicamente o modelo lógico da PNPS. Palavras-chave: Políticas Públicas, Avaliabilidade, Promoção de Saúde. 8 Oliveira, Ireland Bridges, National Policy for the Promotion of Health: A Study on a Evaluability Health Region in Northeast Brazil, 2014 Master Professional Master in Family Health - Acaraú Valley State University, Sobral, 2014. ABSTRACT This study aimed to carry out an analysis of the evaluability of the National Health Promotion Policy - PNPS . The research process was developed in four stages, focused the light of evaluability framework proposed by Leviton et . al . (1998). Enabled the development of the logic model which contributed to a better understanding of PNPS and the movements of its institutionalization , deployment and implementation in Health Region through documentary analysis of the period from 2006 to 2012 , a period that elapses the publication of the policy until the early study and interviews with 18 key informants , the region managers directly involved with the implementation of PNPS in eight municipalities that make up this Region . The results indicated that the PNPS is not yet sufficiently implemented , or is still being implemented and / or implementation at the 13th Health Region , appointed as need the incorporation of specific monitoring and evaluation tools for the actions of PNPS . The study also pointed out some recommendations for implementation of the policy as a diagnosis of how politics happens in Brazilian municipalities ; invest in the policy in its entirety, not just on actions unrelated to each other ; include more indicators of PNPS in SUS pacts ; expand to all municipalities information systems aimed at collecting information for its evaluation ; periodically review the logical model of PNPS . Keywords: Public Policy, Evaluability, Health Promotion 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 13 1.1 Objeto de estudo: A Política Nacional de Promoção da Saúde .......................................... 13 1.2 Itinerário da pesquisadora rumo a problematização do objeto ........................................... 18 1.3 Potencial relevância do estudo ........................................................................................... 23 2 OBJETIVOS .......................................................................................................................... 25 2.1 Geral .................................................................................................................................. 25 2.2 Específicos ......................................................................................................................... 25 3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 26 3.1 Política Nacional de Promoção da Saúde ........................................................................... 26 3.2 Avaliação de Programas/Políticas em Saúde...................................................................... 29 3.3 Avaliabilidade enquanto estratégia de pré-avaliação ......................................................... 33 4 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO ............................................................. 38 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................................... 48 5.1 A PNPS na agenda do SUS ............................................................................................... 48 5.2 A PNPS numa Região de Saúde do Ceará ......................................................................... 56 5.3 Concepções de Promoção da Saúde expressas pelos gestores na 13ª Região de Saúde .... 63 5.4 Implementação da PNPS na 13ª Região de Saúde ............................................................ 66 5.5 Modelo Lógico da PNPS ................................................................................................... 74 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 78 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 80 APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO - TCLE ........ 87 APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ............................ 91 APÊNDICE C – ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA ............................ 92 APÊNDICE D – TERMO DE FIEL DEPOSITÁRIO.............................................................. 93 APÊNDICE E – CARTA DE ANUÊNCIA ............................................................................. 95 x LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Componente da Intervenção e a Pesquisa Avaliativa .............................................. 36 Figura 2 - Localização e Composição da Macrorregião de Saúde de Sobral e da Região de Saúde de Tianguá. Estado do Ceará, 2012 ............................................................................... 42 Figura 3 - Matriz da PNPS à luz da Portaria Nº 687 de 30 de março de 2006 ......................... 49 Figura 4 - Interface da PNPS com as demais políticas, programas e projetos no âmbito do Sistema Único de Saúde ........................................................................................................... 52 Figura 5 - Modelo Lógico da Política Nacional de Promoção da Saúde .................................. 76 10 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Etapas do Estudo de Avaliabilidade segundo objetivo e sua relação com as fontes de dados e técnicas/instrumentos utilizados na pesquisa.......................................................... 43 Quadro 2 - Categorização da análise das percepções dos Informantes-Chave ........................ 46 Quadro 3 - Distribuição das ações específicas da PNPS nos Instrumentos de Gestão dos Municípios da 13ª CRES Região de Saúde .............................................................................. 58 Quadro 4 - Distribuição dos recursos financeiros à execução de ações da PNPS Brasil/Ceará/13ª Região de Saúde ............................................................................................ 59 Quadro 5 - Comparação entre os objetivos da PNPS e os objetivos citados pelos gestores da 13ª Região de Saúde, 2014 ....................................................................................................... 63 Quadro 6 - Responsabilidades dos gestores na implantação da PNPS. 13ªRegião de Saúde, 2014. ......................................................................................................................................... 67 Quadro 7 - Recursos necessários para a execução das ações da PNPS nos municípios. 13ª Região de Saúde, 2014. ............................................................................................................ 69 Quadro 8 - Facilidades e dificuldades no processo de execução da PNPS. 13ª Região de Saúde, 2014. ............................................................................................................................. 71 Quadro 9 - Resultados reconhecidos pelos gestores quanto à implementaçãoPNPS. 13ª Região de Saúde, 2014.......................................................................................................................... 73 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABRASCO - Associação Brasileira de Saúde Coletiva CAPS - Centro de Atenção Psicossocial CEO - Centro de Especialidades Odontológicas CEREST - Centro de Atenção a Saúde do Trabalhador CGDANT - Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis CNES - Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde CNS - Conferência Nacional de Saúde COAP - Contrato Organizativo de Ação Pública CONASEMS - Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde CONASS - Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde CRES - Coordenadoria Regional de Saúde DCNT - Doenças Crônicas Não Transmissíveis DENASUS - Departamento de Informática do SUS EAD - Educação à Distância GM - Gabinete do Ministro MS - Ministério da Saúde NASF - Núcleo de Apoio à Saúde da Família NOAS - Norma Operacional da Assistência à Saúde OMS - Organização Mundial de Saúde OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde PAS - Programação Anual de Saúde PDR - Plano Diretor de Regionalização PNPS - Política Nacional de Promoção da Saúde RAG - Relatório Anual de Saúde RENASF - Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família SARGSUS - Sistema de Apoio ao Relatório de Gestão SISPACTO - Aplicativo de Pactuação dos Indicadores do Pacto pela Saúde SVS - Secretaria de Vigilância em Saúde 12 SUS - Sistema Único de Saúde TCG - Termo de Compromisso de Gestão UnB - Universidade de Brasília UNICEF - Fundo das Nações Unidas para a Infância UVA - Universidade Estadual Vale do Acaraú 13 1 INTRODUÇÃO Este capítulo introdutório apresenta dados referentes ao objeto de investigação: a Política Nacional de Promoção da Saúde, a partir de uma contextualização da história de sua promulgação, tomando em consideração os movimentos internacionais e nacionais que a antecederam. Discorre sobre a problematização de sua implantação numa região de saúde (recorte do estudo) e explicita as motivações da pesquisadora para eleição do objeto. Destaca ainda a potencial relevância que os produtos deste estudo poderão apresentar. 1.1 Objeto de Estudo: A Política Nacional de Promoção da Saúde Desde o século XIX as mudanças econômicas, políticas, sociais e culturais que ocorreram, produziram alterações significativas para a vida em sociedade. Esse processo de transformação da sociedade afetou diretamente o processo de produção da saúde (CASTRO, et.al., 2010). Durante a década de 1960, vários países realizaram debate sobre a determinação econômica e social da saúde, processo que contribuiu na perspectiva de uma abordagem positiva da saúde, a qual visava superar a orientação predominantemente centrada no controle da enfermidade (BRASIL, 2002). Com a abertura da China Nacionalista ao mundo exterior, a Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou duas missões de observação de especialistas ocidentais, tendo como líder Halfdan Mahler (1973-1974). Estas missões visavam realização de observações relativas ao cuidado da saúde que extrapolasse a tradicional abordagem da atenção médica. O relato dessas missões enviadas à China indicou que os chineses desde 1965, realizavam um conjunto de atividades em um ambiente predominantemente rural, tal fato foi considerado inovador e potencialmente saudável, algumas atividades para realizadas para a época foram: organização da comunidade local; promoção do desenvolvimento de indústrias caseiras, incluindo o uso de ervas medicinal; cuidados com a saúde ambiental; apoio à manutenção da ordem social no tráfego, promoção de campanhas de saúde em todos os níveis visando substituir velhos costumes e mobilizar a comunidade para movimentos contra as “quatro pestes”, ações de higiene das casas, quintais e ruas, orientação de hábitos higiênicos; dentre outros. As atividades foram desenvolvidas pelos Comitês Comunais, todos sob a orientação dos 14 responsáveis pela saúde - que normalmente eram os chamados “médicos descalços” (barefoot doctors) (BRASIL, 2002). Neste percurso de identificação de momentos históricos que contribuíram para a reorientação da saúde, destaca-se o Movimento de Promoção à Saúde no Canadá, o qual foi à base da reformulação das políticas de saúde canadenses (CASTRO et al, 2010 in. CARVALHO, 2002; CASTRO, 2003). Tal movimento iniciou-se diante do crescimento das doenças crônicas não transmissíveis e das dificuldades financeiras para manter o Estado, na década de 1970. Dada à constatação, o então Ministro da Saúde canadense, Lalonde, questionou os investimentos realizados por governos anteriores na área da saúde (RADDATZ et al, 2011). Este evento motivou a produção do documento, mais conhecido como Informe Lalonde “Uma Nova Perspectiva na Saúde dos Canadenses”, lançado em 1974 com a caracterização do campo da saúde e a evidência de que o tradicional padrão assistencial tinha menos efeito para promover uma melhor saúde (BRASIL, 2002). O Informe Lalonde reconheceu que existiam vários fatores que determinavam o processo saúde/doença, definindo o modelo no campo da saúde sistematizado na biologia humana, na organização dos serviços, no ambiente e no estilo de vida (CATRIB e col., 2011); tendo sido esse o primeiro documento oficial a usar o termo promoção da saúde (LOPES et al., 2010). Para Rodrigues e Ribeiro (2012), esse documento estabelece um pensamento estratégico com o objetivo de informar, influenciar e assistir a indivíduos e organizações para que assumissem maior responsabilidade em relação à saúde. Estes dois acontecimentos estabeleceram as bases para importantes movimentos que convergiram na conformação de um novo paradigma formalizado na Conferência de AlmaAta (1978) com a proposta “Saúde Para Todos no Ano 2000” e a estratégia de Atenção Primária de Saúde (BRASIL, 2002). A partir destes foram desencadeados várias séries de iniciativas que se configuraram em conferências internacionais de promoção da saúde. A Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde (1986), ocorrida em Ottawa apresentou como produto a Carta de Ottawa a qual apresentou cinco eixos de ação para a promoção da saúde: construção de políticas públicas saudáveis, criação de ambientes favoráveis à saúde, reforço da ação comunitária, desenvolvimento de habilidades pessoais e reorientação dos serviços de saúde (BRASIL, 2002). Desta forma ocorreram conferências 15 internacionais em várias partes do mundo sobre a temática, resultante de uma construção coletiva sobre os conceitos fundamentais abordados no contexto da Promoção da Saúde; os quais estão expressos em: Declaração de Adelaide (Austrália, 1988); Declaração de Sundsvall (Suécia, 1991); Declaração de Bogotá (Colômbia, 1992); Declaração de Jacarta (Indonésia,1997), Conferência do México (2000); Carta de Bangkok (Tailândia, 2005) (LOPES et al., 2010) e Carta de Nairobi (Kenya, 2009) (CASTRO et al, 2010). No Brasil, desde meados da década de 1980, vários acontecimentos contribuíram para que a Promoção da Saúde fosse incorporada como uma nova filosofia na prática das políticas de saúde (CASTRO et al., 2010). Dentre elas garantir a saúde da população significou pensar a redemocratização do país e a formação de um sistema de saúde inclusivo. Em 1986, aconteceu a 8ª. Conferência Nacional de Saúde (CNS) cujo tema foi “Democracia é Saúde”, esse espaço passou a ser um fórum de luta pela descentralização do sistema de saúde e pela implantação de políticas sociais que defendessem e cuidassem da vida das pessoas (BRASIL, 1986). O Movimento da Reforma Sanitária Brasileira sofre as mesmas influências sociais e históricas da construção da promoção da saúde a nível internacional (ANDRADE; BARRETO; PAULA, 2011). Para Campos et al. (2004) esse movimento delineou a promoção da saúde como política que deve ser apresentada em todos os níveis de complexidade na gestão e na atenção do sistema de saúde. O relatório final da 8ª CNS lançou os fundamentos da proposta do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1990). Na Constituição Federal de 1988, o Estado brasileiro assume como seus objetivos precípuos a redução das desigualdades sociais e regionais, a promoção do bem de todos e a construção de uma sociedade solidária sem quaisquer formas de discriminação. Tais objetivos marcam o modo de conceber os direitos de cidadania e os deveres do Estado no país, dentre os quais a saúde (BRASIL, 1988). A Reforma Constitucional que criou o SUS transfere do nível federal aos municípios a responsabilidade de programar, atribuir os recursos, gerenciar, coordenar e avaliar os serviços de saúde oferecidos (GOULART, 1988 apud HARTZ et al., 1997). A partir das definições constitucionais, da legislação que regulamenta o SUS, das deliberações das conferências nacionais de saúde, que representa a participação popular, o Ministério da Saúde propõe um movimento indutor para definição de uma Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) representando um esforço para o enfrentamento dos desafios de produção da saúde num cenário sócio histórico cada vez mais complexo e que exige a 16 reflexão e qualificação contínua das práticas sanitárias e do sistema de saúde (BUSS, 2000). Assim a Promoção da Saúde passa a ser um eixo transversal para o SUS, no sentido de garantir a integralidade do sistema (RADDATZ et al, 2011). Consoante com este entendimento é instituída em 2006 a PNPS, a qual se propõe a ser uma política transversal que faça dialogar os diversos setores do governo, os setores privados e a sociedade, compondo redes de compromisso e corresponsabilidade quanto à qualidade de vida da população, em que todos sejam participantes no cuidado com a saúde (RODRIGUES e RIBEIRO, 2012). Para o Ministério da Saúde do Brasil, a PNPS foi elaborada considerando as necessidades e implementação de diretrizes e ações para promoção da saúde segundo os princípios do SUS. A publicação da PNPS representa um marco no processo cotidiano de construção do SUS, uma vez que retoma o debate sobre as condições necessárias para que a população seja mais saudável, propondo que haja discussões sobre os determinantes sociais da saúde e abandonemos a “culpabilização” das pessoas pelo seu adoecimento (MALTA E CASTRO, 2009). A PNPS foi oficialmente divulgada através da Portaria do Ministério da Saúde (MS)/Gabinete do Ministro (GM) Nº 687/2006, que apresentava a intenção de reconhecer e operacionalizar a promoção da saúde, ratificando o compromisso do SUS com a promoção da saúde e a concordância entre os princípios e diretrizes da política. A Promoção da Saúde também se fez presente entre as prioridades e diretrizes do Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão através da Portaria MS/GM n. 399/2006 (BRASIL, 2006). Como resultado dos debates coordenado pela Secretaria Executiva do MS em articulação com Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) sobre os indicadores da Promoção da Saúde no Pacto Pela Vida (MALTA E CASTRO, 2009), que de acordo com o Ministério da Saúde (2009), o propósito do Pacto na sua totalidade é alcançar maior efetividade, eficiência e qualidade de suas respostas, redefinindo responsabilidades coletivas por resultados sanitários, em função das necessidades de saúde da população e na buscada equidade social. A formalização do Pacto pela Saúde se deu quando Municípios, Estado e União assinam o Termo de Compromisso de Gestão (TCG), firmando os objetivos, metas, atribuições e responsabilidades dos seus gestores. A adesão de Estados e Municípios ao Pacto é uma das 17 formas da acompanhar como os princípios e diretrizes da PNPS estão presentes nas ações públicas em saúde. No TCG Municipal, uma das responsabilidades diretamente vinculadas à Política Nacional de Promoção da Saúde está no item 1.17. Seu enunciado diz que todo município deve elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional. Já no TCG Estadual, a responsabilidade diretamente ligada à PNPS está no item 1.19, que institui elaborar, pactuar e implantar a política de promoção da saúde, considerando as diretrizes estabelecidas no âmbito nacional (BRASIL, 2009). O Pacto pela Saúde veio fortalecer o processo de descentralização e organização do SUS, expresso na Norma Operacional da Assistência à Saúde (NOAS) SUS 01/2002 a qual estabeleceu o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior equidade; dentre outras competências (BRASIL, 2002). No mesmo ano de implantação da PNPS, constituiu a estratégia para a descentralização desta, a liberação de recursos financeiros com vistas ao desenvolvimento de ações de Promoção da Saúde; tendo o MS repassado aproximadamente cinco milhões de reais para as capitais do país (CASTRO, 2010). O processo de descentralização da PNPS visa fortalecer a corresponsabilidade dos municípios na promoção da melhoria da qualidade de vida de seus munícipes, assumindo novos compromissos com vistas à implantação e implementação desta política no sistema local e regional de saúde. Neste curso histórico de fortalecimento das responsabilidades regionais/locais com a promoção da saúde, registra-se a publicação do Decreto N 7.508/2011 que regulamentou a Lei Nº 8080 de 19 de setembro de 1990, com o objetivo de organizar a ação pública da saúde foi acordado a colaboração dos entes federativos para a organização da rede assistencial de atenção à saúde firmada através do Contrato Organizativo de Ação Pública (COAP), cujo objeto é organizar e integrar as ações e os serviços de saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma Região de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência aos usuários. No COAP houve a inclusão das responsabilidades sanitárias definidas no Pacto pela Saúde. Neste, o município continua sendo responsável pelo desenvolvimento de ações e serviços de saúde locais, porém de forma pactuada/corresponsabilizada com o conjunto dos outros municípios que compões sua Região de Saúde. 18 Reconhece-se que o termo Região de Saúde esteve presente nos documentos oficiais Pós-SUS desde a NOAS 2001, entretanto a observância a esta na operacionalização das Políticas de Saúde se dá com mais veemência a partir do Decreto 7508/2011. O Estado do Ceará assumiu, desde 1998, em seu processo de organização a regionalização de saúde como diretriz, desta forma passou a ser protagonista no processo de regionalização. Sendo assim considerando-se que dependendo do modelo de regionalização adotado, um Estado pode se dividir em macrorregiões, regiões e/ou microrregiões de saúde (BRASIL, 2000); o Estado do Ceará dividiu-se em 4 Macrorregiões e 22 Microrregionais de Saúde (estas últimas passaram a ser denominadas de Regiões de Saúde, a partir de 2011 com a implantação do Decreto 7508). Região de Saúde é definida no Plano Diretor de Regionalização (PDR) do Estado do Ceará como base territorial de planejamento da atenção à saúde, de acordo com as especificidades e estratégias de cada região, considerando as características demográficas, socioeconômicas, geográficas, sanitárias, epidemiológicas, oferta de serviços, relações entre municípios, entre outras (CEARÁ, 2006). Consoante, o Decreto 7508/2011 define Região de Saúde como: Espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes, que se delimita a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde (BRASIL, 2011). A funcionalidade da Região de Saúde objetiva garantir a integralidade da assistência e o acesso da população aos serviços e ações de saúde de acordo com suas necessidades, dentre essas ações está inserido as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças (BRASIL, 2000). Infere-se, portanto, que a Região de Saúde assume papel estratégico para consolidação da PNPS nos municípios de sua jurisdição. 1.2 Itinerário da Pesquisadora Rumo a Aproximação do Objeto O interesse pela temática Promoção da Saúde tem seu nascedouro em minha primeira experiência profissional como coordenadora da Atenção Básica em 1999, num município na Serra da Ibiapaba, por considerar a intrínseca relação entre estas. Vivenciando uma prática profissional que buscava aproximar as ações desenvolvidas com os princípios da promoção da saúde apresentados na Carta de Otawa, ao realizar, em 2002, um curso de Pós-Graduação, 19 Especialização em Saúde Pública, desenvolvi o trabalho de conclusão intitulado: “As ações intersetoriais nas Equipes Saúde da Família no município de Croatá” (OLIVEIRA, 2002). Até então não tinha conhecimento das discussões nacionais da proposta de construção de uma política de promoção da saúde. Outro momento de destaque na aproximação com o tema ocorreu na vigência de minha experiência enquanto coordenadora da atenção básica no Município de Ibiapina, no ano de 2007. Naquele ano, o município de Ibiapina passou da gestão básica ampliada para a gestão plena do sistema municipal, sendo necessária, por parte do gestor municipal a assinatura do TCG Municipal, o qual expressava as novas responsabilidades assumidas enquanto gestor pleno das ações de saúde. Neste processo, assumi o compromisso de elaborar, pactuar e implantar a Política de Promoção da Saúde no âmbito municipal. Prospectivamente, anualmente, as metas eram repactuadas e alimentadas no Aplicativo de Pactuação dos Indicadores do Pacto pela Saúde (SISPACTO). Nesta aproximação progressiva com a PNPS, em 2010, coordenei um Projeto de Prevenção de Violências e Promoção da Cultura de Paz financiado pela esfera federal e percebi na prática que as ações de promoção da saúde contidas na PNPS se bem desenvolvidas podem influenciar na melhoria de vida das pessoas, mas sentia falta de processos de monitoramento e avaliação das ações priorizadas da PNPS. No ano seguinte, 2011, tive a oportunidade de participar de um curso na modalidade de Educação à Distância (EAD) sobre Curso de Extensão para Gestores do SUS em Promoção da Saúde, no mesmo ano participei de outro curso sobre Impactos da Violência na Saúde. Nos estudos destes, percebi a potencialidade da PNPS se articulada com as demais políticas de saúde e quiçá outras políticas públicas, em geral. Entretanto, percebo que a PNPS precisa ser mais bem incorporada nos espaços de atenção e gestão à saúde. Ainda em 2011 participei de um processo seletivo para o Mestrado Profissional em Saúde da Família pela Rede Nordeste de Formação em Saúde da Família (RENASF), Nucleadora Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA). Ao definir a linha de pesquisa não hesitei em optar pela linha Promoção da Saúde. O primeiro módulo do mestrado foi Promoção da Saúde, diante de todas as discussões em grupos, tive então, a certeza que havia escolhido uma linha de pesquisa onde pude deixar minha contribuição. Ainda nesse contexto, ao participar do módulo Avaliação na Atenção Básica em Saúde, a partir das discussões os meus 20 conhecimentos sobre a temática foi fundamental para delimitar o objeto que ora apresento do meu estudo. Válido ressaltar que no curso do desenvolvimento deste estudo, identificamos e participamos de um processo de revisão da PNPS. Processo este coordenado pela Secretaria de Vigilância à Saúde do MS, Comitê Gestor PNPS, Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS-BRA) e Grupo Temático da Promoção da Saúde da Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva (ABRASCO); os quais coordenaram, a partir de setembro de 2013, um conjunto de atividades simultâneas. Este processo de revisão da PNPS envolveu oficinas regionais envolvendo gestores, trabalhadores, conselheiros, movimentos sociais e profissionais de Instituições de Ensino Superior das cinco regiões brasileiras e uma Oficina com conselheiros nacionais e estaduais de saúde que emitiram opiniões sobre diretrizes, valores, objetivos da PNPS; formulário eletrônico (consulta FORMSUS) com mais de 1.300 respondentes que captaram opiniões sobre a PNPS; rodadas da técnica Delphi que captaram a percepção de gestores da saúde, de outros setores e de pesquisadores sobre o texto da PNPS e Encontros de sistematização que reuniram gestores do MS e membros do GT de Promoção da Saúde da ABRASCO para analisar os resultados obtidos pelos vários movimentos empreendidos, pactuar a estrutura do texto da nova Política e verificar sua coerência interna (BRASIL, 2014). O novo texto da PNPS está transitando nos fóruns deliberativos do MS para fins de aprovação e publicização. Uma busca preliminar de estudos realizados acerca da PNPS, consegui identificar o quanto é incipiente os estudos que abordam a implementação, o monitoramento e a avaliação desta. Após pesquisa bibliográfica nos bancos de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), usando os descritores “Promoção da Saúde”, “Avaliação”, “Avaliação de Programas e Projetos de Saúde” e “Políticas Públicas de Saúde”, identifiquei apenas quatro estudos. Dos quais se destacam: uma avaliação de PNPS realizado por Campos (2004) que apresenta as bases da PNPS em sua fase de construção; avanços e resultados na implementação da PNPS; um segundo estudo coordenado pelo MS a Universidades Federais que visava avaliar a efetividade de programas de promoção da saúde na área prioritária relativa às práticas corporais/atividade física nas cidades de Recife, Aracajú e Curitiba nos anos de 2007 e 2008, descritas por Malta e Castro (2009); o terceiro estudo uma Análise do Discurso da PNPS realizado por Raddatz et al. (2011), no qual os autores sinalizam a necessidade de discussão 21 das propostas da PNPS e constante reavaliação das ações e metas atingidas; e um estudo que relata a experiência de avaliação do processo de construção de políticas públicas de promoção de saúde em Curitiba realizado por Moysés, S. J. et al. 2004, nesse artigo, foi relatado questões conceituais e experiências e/ou proposições avaliativas concretas, focadas na intersetorialidade e na Promoção da Saúde, foram discutidas no estudo de caso. Para os referidos autores, faz-se necessário avaliar o processo de implantação da PNPS e sugerem a articulação com instituições de ensino e pesquisa, redes colaborativas, apoiadas na diversidade de atores e instituições para tal fim. Diante da busca sistemática sobre os temas citados foi possível encontrar a produção acadêmica de Silva et al. (2011) intitulada: Política Nacional de Promoção da Saúde no contexto da Estratégia Saúde da Família que trata sobre a história da Promoção da Saúde e os dilemas de sua institucionalização registrada num capítulo do Livro Promoção da Saúde no contexto da Estratégia Saúde da Família. Diante do contexto anunciado, foi constatado que a PNPS precisa ser avaliada para identificar as potencialidades e fragilidades das ações desenvolvidas, inferindo assim, os produtos e resultados oriundos e desencadeado por esta política. Além do investimento financeiro, percebemos o potencial existente nas áreas priorizadas pela PNPS (ainda que possam transmitir uma idéia reducionista da promoção da saúde) se forem subsidiadas por bons projetos que visem a melhorar a qualidade de vida das pessoas e desencadear corresponsabilidade das pessoas residentes na mesma região de saúde. Para Costa e Castanhar (2002) a avaliação sistemática, contínua e eficaz dos programas pode ser um instrumento fundamental para se alcançar melhores resultados e proporcionar uma melhor utilização e controle dos recursos neles aplicados, além de fornecer aos interessados dados importantes para o desenho de políticas mais consistentes e para a gestão pública mais eficaz. A definição do que seja avaliação parece ser quase consensual. De acordo, com opondo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF, por exemplo, trata-se do exame sistemático e objetivo de um projeto ou programa, finalizado ou em curso, que contemple o seu desempenho, implementação e resultados, com vistas à determinação de sua eficiência, efetividade, impacto, sustentabilidade e a relevância de seus objetivos. O propósito da avaliação é guiar os tomadores de decisão, orientando-os quanto à continuidade, necessidade de correções ou mesmo suspensão de uma determinada política ou programa (COSTA E CASTANHAR, 2002). 22 Para Contrandriopoulos et al., (1997) as grandes zonas de incerteza que existem nas relações entre os problemas de saúde e as intervenções possíveis de resolvê-las, do desenvolvimento muito rápido das novas tecnologias médicas e das expectativas crescentes da população, é considerável a necessidade de informação sobre o funcionamento e a eficácia do sistema de saúde e a avaliação parece ser a uma solução. A avaliação do programa é fundamental para verificar sua efetividade, adotar estratégias diversificadas e específicas, assim como contribuir para melhorar seu desempenho. Contudo, para possibilitar uma avaliação, o programa precisa ser avaliável. Portanto, torna-se imprescindível passar por um processo de avaliabilidade prévio para evitar gastos desnecessários no que se referem a tempo, recursos humanos e materiais que envolvem uma avaliação desse porte. Avaliabilidade é uma pré-avaliação realizada para identificar a real situação do programa se é bem concebido e consistentemente implementado de forma a poder submeter-se a uma avaliação sistemática (COSTA, et al 2011). Ao analisarmos as características da perspectiva de Promoção de Saúde presente na PNPS foi possível verificar a esperada complexidade de um conjunto de diretrizes e ações propostas, as quais refletem as diferentes vozes da sociedade e áreas da gestão pública, além do setor saúde impregnadas das idéias de construção da polissemia da Promoção da Saúde ao longo das últimas décadas (RADDATZ, et al., 2011). Diante da complexidade da PNPS propomos a avaliabilidade desta. A avaliabilidade, conforme já mencionado, se configura como um processo de avaliação preliminar e sistemática de um programa, em seu campo teórico e em sua prática, demonstrando a necessidade de ajustes nos seus componentes e identificação de pontos a serem verificados durante a avaliação mais extensa do mesmo (HARTZ, 1997; SILVA, 2007). Mesmo reconhecendo que se trata de uma política, e não de um projeto, consideramos que o estudo de avaliabilidade é aplicável a esta. Para compreensão do processo de implementação de uma política faz-se necessário descrevê-la a partir da identificação de seus objetivos, diretrizes, estratégias de implantação e desenvolvimento do modelo lógico (NATAL et al., 2010). Estes autores recomendam ainda alguns questionamentos orientadores, tais como: a Política está suficientemente estruturada para ser objeto de uma avaliação? Seus objetivos e ações prioritárias estão bem definidos e compreendidos por todos? Como a política está funcionando? Quais os elementos 23 dificultadores e facilitadores no processo de execução das ações da Política? Que aspectos do programa precisam ser avaliados? Os autores referidos aplicaram a premissa apresentada num estudo de avaliabilidade da Política Participa SUS. No nosso entendimento o propósito e os questionamentos apresentados poderão subsidiar o presente estudo orientado para avaliabilidade da PNPS. Com base nesta intencionalidade passamos a discorrer, o que em nosso entendimento, evidencia a potencial relevância deste estudo. 1.3 Relevância do Estudo A PNPS tem potencial para se transformar num marco na história do SUS. Sabemos o quanto esta política representou um esforço de integração interna e externa ao MS, envolvendo vários setores do próprio MS bem como dos outros ministérios, se constituindo numa construção conjunta e tripartite com o CONASS e CONASEMS, significando o fortalecimento do SUS (BOARETTO, 2009). Capucci (2009) acrescenta que, sendo a PNPS construída tripartidamente e publicada como documento oficialmente, induz a necessidade de reflexão sobre a sua operacionalização. Considerando a relevância da implantação da PNPS para a consolidação do SUS; o tempo de implantação desta; a necessidade de compreensão acerca dos elementos dificultadores e facilitadores no processo de execução de suas ações; a prioridade do tema na agenda pública dos gestores do SUS em todas as esferas de governo e a possibilidade que os estudos de avaliação de políticas e programas governamentais apresentam de ampliar a capacidade de formuladores e implementadores em tomar decisões com maior qualidade e eficiência; torna-se oportuno realizar um estudo de avaliabilidade da PNPS. Os resultados advindos da avaliabilidade da PNPS poder contribuir para melhor compreensão, organização e reorientação da implementação de ações de promoção de saúde para a gestão da política. Desta forma, propor um estudo de avaliabilidade da PNPS servirá para uma futura avaliação quanto a sua real efetividade, para ajudar a interpretar e organizar os dados coletados quanto sejam eles externos ou internos à Política (GUERRERO, 2010). A construção do modelo lógico (Ferreira; Cassiolato; Gonzalez, 2009) como parte do estudo de avaliabilidade torna-se relevante para que uma política possa ser avaliada e até 24 comparada com outras Políticas Públicas no âmbito da Saúde. Espera-se que a sistematização de um modelo lógico possa servir de referência para estudos avaliativos acerca do processo de implantação da PNPS no Brasil. Neste sentido, diante dos questionamentos deste estudo sobre a compreensão do processo de implantação da PNPS, visualizamos seu potencial com vistas a contribuir para a reflexão crítica da avaliabilidade desta nos municípios de uma região de saúde. Reiteramos que Região de Saúde se configura com um papel articulador do processo de fortalecimento das ações e serviços de saúde dos municípios. O estudo também tem a possibilidade de fornecer subsídios para uma análise crítica dos gestores que trabalham diretamente com a referida Política nos municípios que se constituirão campo de investigação e o papel da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde – CRES/Tianguá/CE, como articuladora da Região de Saúde. Podendo, por generalização naturalística, se constituir numa ferramenta de gestão não só para a região da 13ª CRES, mas também para os demais municípios brasileiros, como subsídio para uma posterior avaliação da PNPS nas três esferas federativas (municipal, regional e nacional). 25 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Realizar uma análise da avaliabilidade da Política Nacional de Promoção da Saúde numa Região de Saúde no Nordeste Brasileiro. 2.2 Objetivos Específicos Examinar a conexão da PNPS com as demais políticas, programas e projetos do SUS; Identificar na Programação Anual da Saúde (PAS) e no Relatório Anual de Gestão (RAG), 2010 a 2012, dos municípios que integram a região de saúde da Ibiapaba as ações da PNPS; Identificar a compreensão dos gestores sobre a PNPS; Identificar os mecanismos utilizados pela Região de Saúde para a implementação da PNPS na Região da Ibiapaba; Desenvolver e analisar o Modelo Lógico da PNPS; Identificar os elementos dificultadores e facilitadores no processo de execução das ações da PNPS. 26 3 REVISÃO DA LITERATURA 3.1 Política Nacional de Promoção da Saúde – PNPS O processo de criação do SUS surgiu a partir do conceito ampliado de saúde, que para a OMS, em 1976, propõe “O completo bem-estar biológico, psíquico e social” (ANDRADE; BARRETO; PAULA, 2011). Evidencia a necessidade de criar políticas públicas para promovê-la, com o imperativo da participação social na construção do sistema e das políticas de saúde e a impossibilidade do setor sanitário responder sozinho à transformação dos determinantes e condicionantes para garantir opções saudáveis para a população. Neste sentido, o SUS, como política do Estado brasileiro busca a melhoria da qualidade de vida e a afirmação do direito à vida e à saúde, dialogando com as reflexões e os movimentos no âmbito da promoção da saúde. Para Lopes e col., (2010, p. 466) a promoção da saúde é considerada um componente importante das políticas e programas do sistema público em todos os países na busca de equidade e saúde de qualidade para todos. No Brasil, a promoção da saúde trouxe a reflexão sobre a criação e a luta que foi travada pela melhoria do SUS (CAMPOS, et al. 2004). Assim, a promoção da saúde nos últimos vinte anos representa uma estratégia promissora para enfrentamento de vários problemas de saúde que acometem várias populações (LIRA, et al. 2009). Os princípios e experiências internacionais, de países ditos desenvolvidos, notadamente do Canadá e da Europa, adotados como modelo de promoção da saúde contribuíram para iniciar institucionalmente o debate da Promoção da Saúde, abrindo importantes espaços de reflexão, formulação e implementação de programas e projetos direcionados para a melhoria da qualidade de vida de indivíduos e coletividades (CASTRO et al.,2010),. Discussões preliminares acerca da institucionalização de uma Política de Promoção da Saúde no Brasil levou Campos e col. (2004) a defender algumas proposições, tais quais: uma Política de Promoção da Saúde precisava ser transversal, articulando e integrando as várias áreas técnicas especializadas, os vários níveis de complexidade existentes, precisavam ser efetivos e eficazes para a melhoria da qualidade de vida da população, com possibilidade para avaliar, opinar e provocar o conceito ampliado de saúde de tal modo a intensificar um modo mais proativo de operar a promoção da saúde. 27 Para Castro et al.(2010), a construção da PNPS no Brasil implicou num processo amplo de discussão com todas as áreas do MS, os gestores locais do SUS, universidades, etc. Desta forma um intenso processo de escuta dos diferentes atores sociais envolvidos na conjugação da clínica e da Promoção da Saúde. Para tanto, primeiramente, as ações de Promoção da Saúde existentes em vários municípios e/ou vinculadas às universidades, buscando assegurar a elaboração de um documento que atendesse à realidade brasileira. Discussões internas no MS se intensificaram a partir do ano de 2000 divergindo entre técnicos que negavam e outros que defendiam a institucionalização da Promoção da Saúde baseada numa política. A indecisão sobre a natureza dessa institucionalização pairava um dilema (seria uma política, teoria, ideologia ou apenas discussão) da Promoção da Saúde. Para alguns institucionalizá-la seria retroceder reduzindo o potencial de sua transversalidade que a diferenciava de estratégias e ações centradas na prevenção e tratamento de doenças de forma individual e setorial. Por outro lado havia os que advogavam a necessidade de oferecer aos executores das ações de Promoção da Saúde subsídios tornando exequíveis os objetivos e diretrizes preconizadas por esse movimento (SILVA, et al, 2011). Nesse mesmo ano, quando muitas experiências e debates haviam sido feitos, foi pela primeira vez, elaborado um documento básico que propunha a criação de uma PNPS. Esse documento refletiu todo o processo que foi sendo construído e articulado entre os diversos atores envolvidos com o tema no país, na última década (BRASIL, 2002). A Secretaria Executiva, então responsável pela área de Promoção da Saúde regulamentou a transferência de recursos como incentivo para estruturação das ações de Vigilância e Prevenção de Doenças e Agravos Não Transmissíveis, no teto financeiro da Vigilância à Saúde. Já havia, portanto, uma intencionalidade no MS para considerar que as ações de Promoção da Saúde estavam intimamente ligadas a Vigilância à Saúde (SILVA, et. al, 2011). Diante das discussões no âmbito nacional para a construção da PNPS, o acúmulo de conhecimento efetivado no período e a primeira versão da PNPS transferida no final de 2004, para a Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis (CGDANT), na Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), a coordenação da promoção da saúde. A CGDANT, dando continuidade à construção da Política Nacional, realizou uma revisão dos documentos ministeriais a fim de fortalecer o caráter integrador e intersetorial do texto da 28 Política, com ênfase no próprio Plano Nacional de Saúde 2004/2007. Sendo assim trabalhou a ratificação da perspectiva transversal da Promoção da Saúde de maneira que o Ministério da Saúde publicou a Portaria n. 1190 MS/GM, em 14 de julho de 2005, instituindo o Comitê Gestor da Política Nacional de Promoção da Saúde, formado por diferentes secretarias e órgãos do MS, tendo como principal atribuição consolidar proposta da PNPS e coordenar a sua implantação e a articulação com demais setores governamentais e não governamentais (CASTRO et al., 2010). De acordo com Malta e Castro (2009) o Comitê Gestor da PNPS, em seu primeiro ano de trabalho, debateu o texto da PNPS e articulou uma forma de mobilizar os recursos necessários à aprovação da política nas instâncias decisórias do SUS. Assim, organizou o I Seminário Nacional sobre a PNPS, que envolveu 300 participantes entre profissionais e gestores do SUS e representantes de instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Oficialmente a PNPS foi publicada em 30 de março de 2006 através da Portaria Nº 687, com o objetivo principal: Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e serviços essenciais (BRASIL, 2006 in TRAVERSO-YÉPEZ, 2006). Dentre seus objetivos específicos, diretrizes, estratégias de implantação com as responsabilidades de cada esfera de gestão do SUS – MS, estados e municípios, destacaram as ações específicas priorizadas para: divulgação e implementação da PNPS; alimentação saudável; prática corporal/atividade física; prevenção e controle do tabagismo; redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas; redução da morbimortalidade por acidentes de trânsito; prevenção da violência e estímulo à cultura de paz e promoção do desenvolvimento sustentável a serem trabalhadas por todas as esferas de gestão. Nos anos de 2006 e 2007, começou a publicação de editais de concorrência pública para os municípios e Distrito Federal, com o objetivo de financiar propostas de ação vinculadas inicialmente à atividade física e à prevenção de violências e promoção da cultura de paz. Já no ano de 2008, houve um avanço na integração das temáticas prioritárias à PNPS. Após análises conjuntas com CONASS, CONASEMS e o Departamento de Atenção Básica/ Secretaria de Assistência à Saúde, propôs-se que o investimento de recursos para a PNPS abarcasse toda a 29 agenda temática da PNPS, que fortalecesse o processo de articulação e integração dos processos de trabalho locais e garantisse a sustentabilidade das propostas financiadas nos anos anteriores. Assim, foi publicada a Portaria n°79, 23/09/2008. Ainda no ano de 2008 foi investido na formação de profissionais e gestores e nos anos seguintes foram ofertados vários cursos presenciais e na modalidade EAD (MALTA E CASTRO, 2009). Para ampla divulgação e implantação/implementação da PNPS o MS publicou as diretrizes desta como: Reconhecer na promoção da saúde uma parte fundamental da busca da eqüidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde; Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das ações de promoção da saúde; Fortalecer a participação social como fundamental na consecução de resultados de promoção da saúde, em especial a equidade e o empoderamento individual e comunitário; Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas à adoção de práticas horizontais de gestão e estabelecimento de redes de cooperação intersetoriais; Incentivar a pesquisa em promoção da saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações prestadas; e divulgar e informar as iniciativas voltadas para a promoção da saúde para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, considerando metodologias participativas e o saber popular e tradicional. Tais diretrizes subsidiaram as estratégias de implantação/implementação as três esferas de gestão (BRASIL, 2006). Assim, a PNPS é também marcada pela complexidade de seu objeto e de sua produção negociada entre os diversos setores da sociedade. Espera-se, então, que a PNPS inclua um ou mais discursos reveladores dessa complexidade e definidores de suas potencialidades ou limitações quando de sua efetivação sob a forma de ações em saúde (RADDATZ et al. 2011). O processo se revisão instaurado e iniciativas avaliativas como esta pode ser um caminho. Prossegue-se, pois, discorrendo sobre avaliação no cenário de processos instituídos (Programas/Políticas). 3.2 Avaliação de Programas/Políticas em Saúde A avaliação é uma atividade tão remota quanto o mundo e inerente ao processo de aprendizagem. Hoje, a avaliação é também um conceito que está na moda, com contornos ainda irresolutos e que agrupa realidades múltiplas e diversas, consistindo, basicamente, na 30 realização de um julgamento sobre determinadas questões, programas, produtos e/ou atividades (CONTANDRIOPOULOS et al.,1997; SILVA, 2007). É no contexto, pós Segunda Guerra Mundial que surge o conceito de avaliação dos programas públicos, devido à necessidade de melhorar o uso dos recursos pelo Estado. De certa forma, foi neste período que o Estado começou a desempenhar seu papel avaliativo nas áreas da educação, do social, da saúde, da economia e etc. Os economistas foram os pioneiros no desenvolvimento dos métodos para analisar as vantagens e os custos de programas públicos. Entretanto, as abordagens desenvolvidas revelaram ser insuficientes, especialmente quanto à aplicação em programas sociais e à educação (CONTANDRIOPOULOS et al., 1997; UCHIMURA; BOSI, 2002). A partir dos anos 60, ocorre um aumento de demanda para a realização de avaliações em programas sociais. Isso decorreu, especialmente, a partir de uma cobrança por parte de organismos financiadores internacionais (HARTZ, 1997; MATIDA E CAMACHO, 2004 apud SILVA 2007). No decorrer dos anos 70 a necessidade de avaliar as ações sanitárias passaram a ser impostas. O período de implantação dos grandes programas, baseados no seguro médico, estava terminado. A diminuição do crescimento econômico e o papel do Estado no financiamento dos serviços de saúde tornavam-se indispensável para o controle dos custos do sistema de saúde, questionando a qualidade da acessibilidade suficiente de todos a serviços. As decisões necessárias para que essa dupla exigência seja respeitada são particularmente difíceis de tomar, por causa do caráter muito complexo do sistema de saúde. (CONTANDRIOPOULOS et al., 1997) A partir da década de 80, segundo Hartz (1997), o processo de avaliação de programas em saúde veio superar as chamadas avaliações de modelo caixa preta, onde a intervenção era tratada como uma variável dicotômica (ausência ou presença da intervenção), que desconsiderava os contextos políticos e organizacionais onde se davam as intervenções sob avaliação. Em um mundo real, onde clientes recebem várias quantidades de serviços, onde a natureza do tratamento dado é sujeito a ser diferente de local para local ou até de um responsável pelo programa para outro, e onde o programa é sujeito a ser um amálgama de vários serviços e componentes, cada um dos quais pode ter um efeito diferente, o modelo dicotômico da caixa preta dos programas é lamentavelmente inadequado (MARK, 1987 apud DENIS e CHAMPAGNE, 1997). 31 A avaliação em saúde, ao se constituir em uma área ainda em construção conceitual e metodológica poderia ser encontrada na literatura de forma muito diversificada (HOUSE, 1980 apud NOVAES, 2000). Guba e Lincoln, (1990) apud Contandriopoulos et al., (1997) identificam quatro estágios na história da avaliação. Primeiro estágio é baseado na medida (dos resultados escolares, da inteligência, da produtividade dos trabalhadores). O avaliador é essencialmente um técnico que tem que saber construir e saber usar os instrumentos que permitem medir os fenômenos estudados. O segundo estágio trata de identificar e descrever como os programas permitem atingir seus resultados. O terceiro estágio é fundamentado no julgamento. A avaliação deve permitir o julgamento de uma intervenção. O quarto estágio está emergindo. A avaliação é então feita como um processo de negociação entre os atores envolvidos na intervenção a ser avaliada. O exposto tende a denotar a importância de avaliação de sistemas, a descrição das intervenções em saúde, que de acordo com Contandriopoulos et al. (1997) constituem “o conjunto dos meios (físicos, humanos, financeiros, simbólicos) organizados em um contexto específico, em um dado momento, para produzir bens ou serviços com o objetivo de modificar uma situação problemática”. Também vale ressaltar a importância deste contexto para a avaliação de programas em saúde que têm como focos de análise processos complexos de organização de práticas dirigidas para objetivos específicos (NOVAES, 2000). São considerados programas, tanto aquelas propostas voltadas para a realização de um macro objetivo, a exemplo da implantação de formas de atenção para populações específicas (atenção domiciliar para idosos, vacinação e procedimentos de “screening” para grupos de risco para problemas de saúde determinados, propostas terapêuticas para doenças e doentes priorizados etc.) e que envolvem instituições, serviços e profissionais diversos, como atividades desenvolvidas em serviços de saúde, que têm por objetivo prestar um determinado tipo de atendimento para uma dada clientela (SHORTELL; RICHARDSON, 1978 apud NOVAES, 2000). As definições da avaliação são tão numerosas que pode-se até chegar a dizer que cada avaliador constrói a sua (CONTANDRIOPOULOS et. al., 1997). Estes autores sugerem a adoção do conceito que se segue como definidor de avaliação, por ser este objeto de um 32 amplo consenso. Para avaliar intervenções deve ser lançado mão de dois tipos de estudos avaliativos: Avaliar consiste fundamentalmente em fazer um julgamento de valor a respeito de uma intervenção ou sobre qualquer um de seus componentes, com o objetivo de ajudar na tomada de decisões. Este julgamento pode ser resultado da aplicação de critérios e de normas (avaliação normativa) ou se elaborar a partir de um procedimento científico (pesquisa avaliativa). Uma intervenção, qualquer que seja, pode sofrer os dois tipos de avaliação. Podemos, por um lado, buscar estudar cada um dos componentes da intervenção em relação a normas e critérios. Trata-se, então, de uma avaliação normativa. Por outro, podemos querer examinar, por um procedimento científico, as relações que existem entre os diferentes componentes de uma intervenção. Trata-se, então, de pesquisa avaliativa (CONTANDRIOPOULOS et al., 1997 p. 31). Outros autores complementam a definição de avaliação normativa apresentando como principais características proporcionar apoio aos gestores e profissionais na rotina dos estabelecimentos, podendo ser realizada por pessoas diretamente envolvidas no programa. Enquanto a pesquisa avaliativa se refere a um procedimento que se estima em fazer um julgamento de uma intervenção usando métodos científicos (FIGUERÓ; FRIAS; NAVARRO, 2010). No Brasil, de um modo geral, apenas os procedimentos voltadas para a realização de um macro objetivo, a exemplo da implantação de formas de atenção para populações específicas são considerados programas no âmbito da avaliação em saúde, mas já se observa uma maior variabilidade no seu uso, o que faz com que a avaliação de programa deva se iniciar com uma clara explicitação dos contornos do objeto a ser avaliado: propostas, ações programáticas, atividades gerenciais, serviços, procedimentos, profissionais etc. (NOVAES, 2000). Assim, ao final de um programa ou qualquer intervenção, quando há interesse sobre os efeitos ou impactos que foram alcançados para o processo decisório pela continuação, ampliação ou finalização da intervenção, projetando então para as avaliações chamadas somativas. No entanto, um estudo avaliativo pode ser realizado com o objetivo de aprofundar um tema ainda pouco explorado ou abordagens teóricas e metodológicas novas (FIGUERÓ; FRIAS; NAVARRO, 2010). A avaliação é uma função de gestão destinada a auxiliar o processo decisório visando torná-lo mais racional e efetivo possível (HARTZ, 1997; SAMICO; FIGUERÓ; FRIAS, 2010). Os avaliadores só devem avaliar políticas e programas que tenham explicitado sua 33 teoria e as medidas ou indicadores correspondentes (HARTZ, 1999). Trata-se de contribuição para a reprodutibilidade ou validade externa da intervenção governamental em larga escala. Sendo assim é possível entender que as estratégias de avaliação devem ser uma expressão prática do quadro teórico construído e do desenvolvimento do modelo lógico, esta etapa considerada importante na apreciação da viabilidade de qualquer programa. Os modelos lógicos ajudam a estabelecer e testar a razão do programa bem como a conceber um instrumento de avaliação adequado (HARTZ, 1997; SAMICO; FIGUERÓ; FRIAS, 2010). A necessidade de informação sobre o modo de funcionamento, qualidade, efetividade, segurança e satisfação dos usuários do sistema de saúde é cada vez mais reconhecida e a avaliação parece ser uma alternativa adequada (FIQUERÓ; FRIAS; NAVARRO, 2010). Além disso, é imprescindível salientar que provavelmente quanto mais uma avaliação é bem-sucedida, mais haverá possibilidades para realização de novas perguntas, contudo, a avaliação é uma atividade dinâmica abrindo espaços para novas indagações envolvendo vários atores com interesses diversificados. Contudo é fundamental verificar se a política/programa possibilita uma avaliação, isto é, se é considerada avaliável. Para isso, torna-se indispensável passar por um prévio estudo de avaliabilidade, evitando assim, gastos desnecessários que envolvem uma avaliação mais complexa. O estudo de avaliabilidade precede a etapa de avaliação propriamente dita e favorece o consenso quanto ao interesse na realização de uma avaliação (PATTON, 2002 apud COSTA et al., 2010; SILVA et al., 2012). 3.3 Avaliabilidade Enquanto Estratégia de Pré-Avaliação A avaliabilidade é o exame sistemático e preliminar de um programa, em sua teoria e em sua prática, a fim de estabelecer se há justificativa para uma avaliação extensa e/ou para melhor delimitar os objetivos do programa, bem como identificar área criticas a serem priorizadas na avaliação (FERREIRA LIMA, 2004). Para Youtie, Bozeman e Shapira (1999) apud Silva (2007) a Análise de Avaliabilidade estuda o nível em que as características de cada programa afetam a possibilidade de realização de uma avaliação eficaz. A pré-avaliação pergunta, a que extensão é possível avaliar os efeitos do programa? O que deve ser medido? E, o que realmente pode ser medido? 34 Silva, et. al. (2012) compreendem o estudo de avaliabilidade ou pré-avaliação como as ações que antecedem a etapa inicial de um processo avaliativo para estabelecer se um programa está pronto para receber uma avaliação em algum momento, proporcionando aos interessados pelo programa um maior entendimento sobre o mesmo. Ainda sobre o Estudo de Avaliabilidade, este deve ser utilizado no aperfeiçoamento de aspectos relacionados ao desenho e ao gerenciamento de programas e, ao mesmo tempo, sistematizar a demanda por avaliações de resultados das ações do governo (FERREIRA; CASSIOLATO; GONZALEZ, 2009). O estudo de avaliabilidade foi idealizado na década de 1970 por Joseph Wholey, que recomendava que esse estudo devesse ser conduzido em primeiro lugar, como uma préavaliação. Esse autor definiu que o objetivo do Estudo de Avaliabilidade é identificar em que medida os objetivos do programa são mensuráveis e partilhados pelos principais interessados, se a estrutura e recursos são razoáveis e suficientes para atingir os objetivos, e se os gestores do programa irão utilizar os resultados das avaliações do programa. Como método, sugere entrevistas com gestores e técnicos, observação não participativa de programas em operação com visitas ao local, e a análise dos documentos do programa (NATAL et al., 2010). Além do que já foi proposto por Wholey (1977) para o Estudo de Avaliabilidade, Leviton et. al. (1998) propõe um processo cíclico buscando: Esclarecer os objetivos e metas do programa, recorrendo aos documentos oficiais, normas, portarias e relatórios, informações dos coordenadores e profissionais diretamente envolvidos com a sua implementação; Desenvolvimento e pactuação do modelo lógico, este considerado como um dos principais produtos do estudo, a elaboração dessa etapa deve contar com os interessados pelo programa; Análise e comparação entre a realidade do programa e o modelo lógico, esta análise permite identificar se todos os elementos identificados pelos informantes-chave ou descritos nos documentos oficiais do programa foram considerados no modelo lógico e Recomendações que se refere à necessidade de melhorar a clareza e adequação dos objetivos e metas do programa, identificação de áreas para a melhoria do programa, componentes do programa que podem ser avaliados e questões de avaliação que são pertinentes e factíveis. Nesse sentido Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009) corroboram com esse processo quando propõe a Análise de Avaliabilidade em quatro etapas: 35 (a) Clarificação dos objetivos do programa, realizado pela revisão dos seus documentos e por entrevistas com o gerente do programa e demais interessados; (b) Desenvolvimento de um modelo de programa, incluindo objetivos imediatos, intermediários e finais, e indicadores de performance, seguidos da apresentação para o coordenador do programa como feedback; (c) Exploração da realidade do programa por métodos tais como o exame das operações do programa e entrevistas com clientes e fornecedores. Esse passo inclui a comparação da realidade do programa com o programa modelo e a revisão do mesmo, seguido novamente pela apresentação para o coordenador do programa como feedback; e (d) Elaboração das Recomendações para: 1) Identificar áreas para o melhoramento do programa; 2) Identificar componentes do programa que podem ser avaliados; 3) Identificar quais questões avaliativas são úteis e praticáveis (FERREIRA; CASSIOLATO; GONZALEZ, 2009). Este estudo é indicado como um processo preliminar antes de uma avaliação e é particularmente recomendado para identificar as necessidades de informação e conhecimento das partes interessadas no programa, com o objetivo de recomendar o foco e os métodos da avaliação (LEVITON, et al., 1998). No fluxo elaborado por Gris (figura 1), da Universidade de Montreal, que representa a pesquisa avaliativa, após uma adaptação realizada por Silva (2007), demonstrou os seis tipos de análises descritos por Contandriopoulos et al. (1997), na qual foi inserida a análise de avaliabilidade. Constata-se, na figura 1, que a análise estratégica não está representada. Isto se deve ao fato de a análise de avaliabilidade ou pré-avaliação incorporar este tipo de análise. 36 Figura 1 - Componente da Intervenção e a Pesquisa Avaliativa Análise de Avaliabilidade/ Pré-Avaliação Situação Problemática Efeitos Objetivos Análise dos efeitos Análise da intervenção Serviços Análise da produtividade Análise do rendimento Recursos Análise da implantação Contexto Adaptado de Gris, Universidade de Montreal, 1992 (SILVA, 2007) Para Mendes et. al. (2010) a existência de uma situação problema na área da saúde é o motivo pelo qual se constroem e implementam programas e intervenções, portanto, os envolvidos na execução dos programas muitas vezes não conhecem ou conhecem pouco as informações sobre a magnitude, transcendência e dados epidemiológicos do problema, importantes para definir objetivos, metas e ações a serem desenvolvidas. Desta forma fica indispensável que esses programas e intervenções sejam avaliados para serem conhecidas em sua totalidade. Para Denis e Champagne (1990) apud Hartz et. al. (1997): A importância de avaliar a implantação de um programa revela-se indispensável para se chegar a conhecer a totalidade das intervenções, no que se relaciona à validade de seu conteúdo (intensidade com a qual as atividades são realizadas e sua adequação em relação às normas existentes), e aos fatores explicativos das 37 defasagens observadas entre a planificação e a execução das ações. Ela obriga a construir, a priori, a teoria do programa, especificando sua "natureza" (componentes, práticas) e o contexto requerido como etapas prévias aos resultados esperados. A avaliação das intervenções de uma política é fundamental para verificar sua efetividade, adotar estratégias diversas e específicas, assim como contribuir para melhorar seu desempenho. Contudo, para possibilitar uma avaliação, a política precisa ser avaliável. Portanto, torna-se indispensável passar por um estudo de avaliabilidade prévio para evitar gastos desnecessários relacionados a tempo, recursos humanos e materiais que envolvem uma avaliação mais complexa (PATTON, 2002 apud COSTA et al., 2010). Uma descrição completa do programa, os modelos lógicos e/ou teóricos, as questões fundamentais a serem abordadas pela avaliação, um plano de avaliação e o acordo entre as partes interessadas sobre todos eles, são os produtos desejados de um Estudo de Avaliabilidade (NATAL, 2010). O desenvolvimento do modelo lógico do programa é entendido como uma das etapas fundamentais no processo de realização da análise de avaliabilidade (SILVA, 2007). Para Mendes et. al. (2010) este é considerado um dos principais produtos do estudo de avaliabilidade. O Estudo de Avaliabilidade, na perspectiva de Leviton et al. (1998) foi eleito como subsídio técnico para desenvolvimento deste trabalho, o qual será mais detalhado no capítulo 4 (quatro) Referencial Teórico e Metodológico. 38 4 REFERENCIAL TEÓRICO E METODOLÓGICO 4.1 Delineamento do Estudo Minayo (1994, p. 16) afirma entender que a metodologia é “o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. A autora também define como as concepções teóricas da abordagem, o conjunto de teorias que possibilitam a apreensão da realidade e também o potencial criativo do pesquisador. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, pois tenta compreender a natureza de um fenômeno social, a Política de Promoção da Saúde. A abordagem qualitativa norteia estudos quando se quer captar algo dos aspectos subjetivos da realidade social (RICHARDSON et. al. 2009). Diante as possibilidades de estudos classificados na tipologia de estudos orientados pela abordagem qualitativa, optamos pelo estudo de avaliabilidade para referenciar o estudo em apreço. 4.1.1 Estudo de avaliabilidade Estudos de avaliabilidade, conforme já referido nos capítulos introdutório e de revisão de literatura, permitem saber em que medida um programa/política está em condições de ser submetido a uma avaliação. Esta premissa também é reforçada por Mendes et. al., (2010). Concernente ao exposto e tomando em consideração o objeto deste estudo, a avaliabilidade da PNPS na 13ª Região de Saúde do Ceará, será examinada a luz do referencial de avaliabilidade proposto por Leviton et. al. (1998). Este autor considera que um estudo de avaliabilidade é um processo cíclico e dinâmico que consiste em: a) esclarecimentos sobre os objetivos e metas do programa; b) desenvolvimento e pactuação do modelo lógico com os interessados; c) análise e comparação entre a realidade da política e o modelo lógico; d) elaboração de recomendações (MEDEIROS, et al., 2010; MENDES, et al. 2010). 39 Neste sentido Silva et al. (2012) corrobora com esse processo quando afirma que na avaliabilidade, deve ser feita a análise exploratória de questões como: verificar objetivos do programa que não estão bem definidos ou que não ficaram claros para os profissionais que atuam nos diversos níveis; verificar a implantação que não foi feita conforme previsto no plano e que não há ainda tempo técnico para que os resultados esperados possam ter sido produzidos; analisar concepções distintas acerca dos objetivos do programa, assim como sobre os aspectos mais frágeis que requerem avaliação, bem como sobre os possíveis usos dos resultados obtidos pelos diversos gestores e profissionais responsáveis pela implementação da política. O estudo de avaliabilidade da PNPS precede a etapa de avaliação propriamente dita e tem como finalidades proporcionar um ambiente favorável para a avaliação, construir entendimentos entre os envolvidos sobre as características, os objetivos, as expectativas e as necessidades de informação sobre uma intervenção, além de buscar o consenso quanto ao interesse na realização da avaliação, maximizando a potencialidade, a oportunidade e a utilidade desta (SILVA et al., 2012). 4.1.2 Modelo Lógico – ML Segundo Rowan (2000) apud Bezerra, et al., (2011) modelo lógico é um esquema visual de um programa a ser implementado. Para o autor, o modelo lógico constitui uma importante ferramenta de planejamento e avaliação nas diversas áreas de intervenção tanto públicas quanto privadas. Ela demonstra o fluxo de relações existentes entre os recursos, atividades, resultados e os impactos esperados. Nas versões mais completas se torna possível ampliar esta relação causal, tendo como ponto de partida a intervenção na situação inicial que a justifique no contexto, seja ele social, físico, político e institucional. De acordo com Bezerra, Cazarin e Alves (2010: p77). Modelo lógico possibilita aos gestores e avaliadores uma visão mais clara acerca da racionalidade da construção da intervenção e das relações causais empregadas na sua elaboração. Além disso, auxilia na construção de um entendimento comum entre todos os envolvidos na intervenção a respeito do problema que se quer resolver, dos objetivos e dos resultados esperados. Para finalizar a construção do modelo lógico, é preciso refletir sobre as possíveis influências do contexto sobre a implementação do programa. Deve ser identificado fator relevante de contexto que podem contribuir ou comprometer o desenvolvimento das ações. 40 Este é um dado importante da realidade do programa, o qual irá permitir conhecer a sustentabilidade das hipóteses assumidas na sua estruturação lógica para o alcance de resultados. É importante mencionar que a apreciação sobre os fatores de contexto deve ser continuamente atualizada (FERREIRA; CASSIOLATO; GONZALEZ, 2009). Silva (2007) a partir da análise da teoria de um programa destaca a importância do Modelo Lógico para a identificação de deficiências ou problemas em seu fluxo que poderão interferir no seu desempenho. Avaliar a qualidade da teoria significa verificar se o programa está bem desenhado e se apresenta um plano plausível de alcance dos resultados esperados (SILVA, 2007). Desta forma, é necessária a articulação das idéias, hipóteses e expectativas nas quais se baseiam o programa e o funcionamento esperado. Em muitos casos, segundo Silva (2007), a teoria não é detalhada nos documentos oficiais, dificultando uma análise adequada. O objetivo do modelo lógico é ser um desenho funcional de como o programa poderá se desenvolver, de sua possível execução em um determinado cenário e como pretende resolver os problemas iniciais identificados. O modelo lógico poderá ser o ponto inicial de uma base para um convincente relato do desempenho esperado, ressaltando onde está o problema objeto do programa e como este se organiza para enfrentá-lo (SILVA, 2007). Segundo Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009), os elementos que compõem um modelo lógico deverão ser os recursos (humanos, financeiros, intelectuais, tecnológicos, etc.) existentes para desenvolver o programa; as operações/ações que deverão ser realizadas para atingir a meta do programa; os produtos, resultados intermediários e finais, assim como as hipóteses que sustentam as relações existentes; e as possíveis variáveis de contexto que devam ser levadas em conta. A sequência lógica, de como os princípios que indicam os recursos e as ações leva aos resultados esperados, é com frequência indicada como a teoria do programa. De acordo com Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009), as hipóteses são de que os recursos certos serão transformados em ações necessárias para os beneficiários certos, e isso, em um contexto favorável, irá conduzir aos resultados que o programa pretende alcançar. Ao se explicitar hipóteses de como o programa se desenvolverá, cria uma referência de como poderá ser realizada tanto a gestão quanto a avaliação do programa. 41 No Canadá, os modelos teóricos, popularmente conhecidos como modelos lógicos, constituem uma exigência governamental para avaliação das intervenções federais, desde o início dos anos 80, e são considerados extremamente práticos pelos avaliadores, ajudando-os a estabelecer e testar a razão do programa bem como a conceber um instrumento de avaliação adequado (MONTAGUE, 1997 apud HARTZ, 1999). No Brasil, atualmente o Ministério do Planejamento vem aplicando metodologia de construção do modelo lógico em diversos órgãos Federais como forma de avaliar a implantação e os progressos dos diversos Programas de Governo (FERREIRA; CASSIOLATO; GONZALEZ, 2009). Em se tratando de avaliação – relevância, eficiência, eficácia, impacto e sustentabilidade, a utilização do modelo lógico pode contribuir no intuito de localizar e sistematizar questões a serem avaliadas (GUERRERO, 2010). Este considerado por Mendes et al. (2010) como uma das principais etapas do estudo de avaliabilidade de um programa. 4.1.3 Local do estudo A pesquisa realizou-se na Região de Saúde de Tianguá, que se localiza na Região Noroeste do estado do Ceará, distante 350 km de Fortaleza, por via terrestre, mas precisamente, no Planalto da Ibiapaba, através da BR 222. Denominada 13ª CRES. A população da região é de 298.017 habitantes (IBGE, 2011). A região é composta por oito municípios assim denominados como nos mostra a figura 2: Carnaubal, Croatá, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, São Benedito, Tianguá, Ubajara e Viçosa do Ceará. Apresenta uma distância de sua sede para os municípios de sua jurisdição da seguinte forma: 18 km para Ubajara, 27 km para Ibiapina, 42 km para São Benedito, 52 km para Guaraciaba do Norte, 32 km para Carnaubal, 60 km para Croatá e 30 km para Viçosa do Ceará, em rodovias com bom estado de conservação. A Região possui vocação para desenvolver o potencial turístico direcionando-o para o turismo ecológico, de lazer, cultural, esportivo (trekking, rappel, vôo livre, tirolesa, etc.) e de recomposição. 42 Figura 2 - Localização e Composição da Macrorregião de Saúde de Sobral e da Região de Saúde de Tianguá. Estado do Ceará, 2012. Viçosa do Ceará Tianguá Ubajara Ibiapina São Benedito Carnaubal Guaraciaba do Norte Croatá 13ª Região de Saúde – 8 Municípios 04 Macrorregiões de Saúde A Região de Saúde possui o nível básico e secundário, possui como porta de entrada na rede básica as Unidades Básicas de Saúde (Estratégia Saúde da Família) e os serviços de Vigilância à Saúde. Na atenção secundária possui hospitais municipais de pequeno porte e médio para atendimentos locais e um Hospital de referência, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), um Centro de Atenção a Saúde do Trabalhador (CEREST), um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO). Todos os municípios desta Região de Saúde foram contemplados no estudo para um potencial alcance da Política. 4.1.4 Período do estudo A coleta de dados foi realizada após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UVA durante o período dos meses de outubro de 2013 a fevereiro de 2014. 4.1.5 Sujeitos do estudo Foram entrevistados 18 informantes-chave envolvidos diretamente com a execução da PNPS nos oito municípios e Região de Saúde, conforme roteiro de entrevista semiestruturada 43 (Apêndice B e C), sendo que, destes sujeitos, oito são secretários municipais de saúde, seis são coordenadores da Atenção Básica, dois coordenadores da Vigilância Epidemiológica, um coordenador regional geral e um coordenador regional da atenção básica. 4.1.6 Técnicas e instrumentos para coleta de dados Segue os passos metodológicos que conduziram a presente investigação, considerando as etapas do Estudo de Avaliabilidade e correlacionando-as aos objetivos da referida pesquisa, ao tempo em que sinalizamos as fontes que subsidiaram as técnicas e instrumentos de coleta dos dados. Quadro 1 - Etapas do Estudo de Avaliabilidade segundo objetivo e sua relação com as fontes de dados e técnicas/instrumentos utilizados na pesquisa. (Continua) Objetivos Específicos da pesquisa 01 02 03 04 05 06 Examinar a conexão da PNPS com a agenda de pactuação da gestão do SUS; Identificar na Programação Anual da Saúde - PAS, 2010 a 2012, dos municípios que integram a região de saúde da Ibiapaba as ações específicas da PNPS; Identificar no Relatório Anual de Gestão - RAG, 2010 a 2012, dos municípios que integram a região de saúde da Ibiapaba as ações específicas da PNPS; Passos Fonte dos dados Técnica/ins trumentos Esclarecer objetivos, metas e ações prioritárias da PNPS Documentos oficiais, normas, portarias, programações e relatórios sobre a PNPS Roteiro de coleta nas fontes documentais Documentos disponíveis sobre a PNPS Entrevista Identificar os mecanismos semiestruturada Desenvolvi utilizados pela Região de para os mento e Saúde para a implementação da informantespactuação do PNPS na Região da Ibiapaba; chave (Apêndice modelo lógico B e C) Identificar a compreensão dos gestores sobre a PNPS; Desenvolver o modelo lógico da PNPS; Roteiro entrevista de Roteiro entrevista de Fontes Modelo lógico documentais e construído Roteiro de entrevista 44 Quadro 1 - Etapas do Estudo de Avaliabilidade segundo objetivo e sua relação com as fontes de dados e técnicas/instrumentos utilizados na pesquisa. (Conclusão) Objetivos Específicos da pesquisa 07 08 Passos Fonte dos Técnica/ins dados trumentos Informações dos documentos Fontes oficiais do documentais e programa e Modelo lógico Modelo lógico construído Análise e comparação Analisar o Modelo Lógico entre a construído com a realidade realidade do local; programa e o modelo lógico Identificar os elementos Recomenda Entrevista dos dificultadores e facilitadores no ções informantesModelo lógico processo de execução das chave ações da PNPS. Fonte: Elaborado pela autora a luz do referencial de avaliabilidade proposto por Leviton et. al. (1998). Pesquisas a fontes documentais, técnica orientadora deste estudo, é um procedimento metodológico que têm o documento como objeto de investigação. Este pode ser escrito e não escrito, tais como: filmes, vídeos, slides, fotografias ou pôsteres (SÁ-SILVA, ALMEIDA e GUINDANI, 2009). Nestas, os documentos são utilizados como fontes de informações, indicações e esclarecimentos que trazem seu conteúdo para elucidar determinadas questões e servir de prova para outras, de acordo com o interesse do pesquisador (FIGUEIREDO, 2007). O roteiro de entrevista foi outra técnica que subsidiou a coleta de dados. O mesmo foi direcionado aos gestores dos municípios e 13ª CRES da região de saúde, que abordaram aspectos acerca da implantação da PNPS. Este método tem a vantagem primordial de que são os mesmos atores sociais que proporcionam os dados relativos à suas condutas, opiniões, desejos e expectativas (LEOPARDI, 2001). Para esta autora ninguém melhor do que a própria pessoa envolvida para falar sobre tudo aquilo que pensa ou sente do que tem experimentado. De acordo com Tobar e Yalour (2001, p. 101) a entrevista baseia-se numa listagem de perguntas ou temas a serem abordados em seu discurso. O ordenamento das perguntas e a redação podem variar para cada entrevistado. “O pesquisador pode encontrar e seguir pistas e novos temas, que surgem no curso da entrevista, mas o guia é um conjunto de instruções claras às principais perguntas a serem feitas ou aos temas a serem explorados”. Foram utilizados, na exploração da técnica de análise documental, os documentos oficiais produzidos pelo Ministério da Saúde entre 2006 e dezembro de 2012. Os principais 45 critérios de escolha foram: documentos publicados em diário oficial, seminários e/ou encontros que se encontram publicadas na página do Ministério da Saúde na internet, publicações oficiais, informações dos diversos bancos de dados do Ministério da Saúde: SISPACTO e Departamento de Informática do SUS (DATASUS). Foram também fonte de pesquisa os TCG e COAP assinados entre as secretarias estaduais e municipais de saúde com o Ministério da Saúde. 4.1.7 Organização e análise dos dados Como etapa inicial do processo avaliativo foi analisada os dados e informações de 2006 a dezembro de 2012. Este período foi selecionado, pois nele transcorreram as ações específicas da PNPS desde a sua publicação até a data de início desta pesquisa. Nessa etapa foi realizada uma primeira leitura flutuante dos documentos com o objetivo de proporcionar destaque a dados julgados relevantes e estabelecer uma primeira categorização. Após esta categorização, os textos foram relidos, sendo destacadas dos mesmos as informações relevantes para a descrição da Política e contribuição para a construção do modelo lógico da PNPS. Nesta análise documental, foi possível identificar os objetivos da política, as ações específicas e estratégicas de implantação para o seu desenvolvimento e implementação. Na segunda etapa foi desenvolvido o modelo lógico e analisado com o propósito de descrever de forma clara e coerente o modo de funcionamento da PNPS através de documentos disponíveis sobre a PNPS no MS já analisados na etapa inicial e documentos dos municípios (PAS e RAG). Paralelamente foi aplicado à entrevista semiestruturada para os informantes-chave (APÊNDICE B e C) envolvidos diretamente na implementação da política. Obteve-se o consentimento dos participantes para a realização das entrevistas, que foram gravadas, transcritas e analisadas. O anonimato dos entrevistados e o sigilo das informações foram garantidos. Com o objetivo de analisar o conteúdo das informações coletadas a partir das entrevistas com os informantes-chave foi utilizado o quadro 02 para categorizar as informações. 46 Quadro 2 - Categorização da Análise das Percepções dos Informantes-Chave. Concepção dos gestores Formação/ Objetivos Função/ da PNPS tempo Implementação da PNPS na Região de Saúde Responsabi lidades Recursos necessários Facilidades Dificuldades Resultados Fonte: Elaborado pela autora Após análise documental e categorização das informações dos informantes-chave foi construída uma matriz com o modelo lógico da PNPS. Este produto foi apresentado aos informantes-chave numa reunião da CIR, em uma das reuniões que acontecem mensalmente. A terceira etapa foi constituída a partir da análise das informações dos participantes e documentos oficiais do programa onde foi realizada a comparação entre a realidade do programa e o modelo lógico, com o propósito de identificar se todos os elementos identificados pelos informantes-chave ou descritos nos documentos oficiais do programa foram considerados no modelo lógico. A quarta etapa foi realizada a análise quanto à clareza e adequação dos objetivos e metas da PNPS, buscou identificar possibilidades de superação de fragilidades e sugestões de inclusões. 4.1.8 Aspectos éticos e legais da pesquisa Quanto aos procedimentos éticos, esse estudo seguiu o que estabelece a Resolução Nº 466/2012 do CNS que trata dos princípios éticos em pesquisa com seres humanos que são: a beneficência, a não maleficência, a autonomia e justiça. Como garantia do sigilo das informações colhidas junto aos informantes-chave da pesquisa em caso de uso das palavras destes, os mesmos tiveram sua identidade preservada. Foi garantida no decorrer do estudo toda informação necessária. Não houve ocorrência que ferisse a dignidades dos participantes ou que os expusesse. Ressaltamos que a participação do sujeito no estudo foi registrada por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecida (TCLE - APÊNDICE A) dos mesmos após leitura do texto do Termo e anuência a este. Subsidiamos, também, o estudo no 47 que concerne à observância aos princípios éticos, por meio da Carta de Anuência assinada pela Coordenadora da 13ª Região de Saúde e do Termo de Fiel Depositário que foi anuído pelos municípios de Viçosa do Ceará, Tianguá, Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte e Croatá quanto à disponibilidade dos documentos sobre sua guarda (APÊNDICE D e F). Diante do exposto, acredita-se que houve a garantia dos preceitos éticos que envolvem a pesquisa em seres humanos. O projeto de pesquisa foi inserido na Plataforma Brasil, avaliado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UVA, tendo sido recomendado pelo parecer Nº 384.441 de 04 de setembro de 2013. 4.1.9 Vivência da pesquisadora Como primeiro passo para a coleta de dados solicitei a Coordenação Geral da Regional de Saúde relação nominal e contatos telefônicos dos gestores e coordenadores da Atenção Básica dos municípios da Região para agendamento para a realização da fase de campo das entrevistas. O agendamento das entrevistas ocorria a partir da disponibilidade do sujeito. Em três municípios entrevistamos o secretário de saúde e o coordenador da Atenção Básica no mesmo dia. Nos demais, tornou-se necessário haver mais de um deslocamento para conseguir o pleito. Merece ressaltar que em dois municípios os gestores solicitaram antecipadamente o roteiro de entrevista, solicitação que foi atendida por via impressa ou e-mail. Salientamos que, foi necessário citar para os sujeitos as sete áreas específicas da PNPS para fins de compreensão das perguntas norteadoras. Houve dificuldade de inserção da entrevista na agenda dos gestores, principalmente os secretários de saúde, diante as demandas diárias. Apesar do pouco tempo dos gestores, não encontrei dificuldades em conseguir adesão de todos e fui muito bem recebida em todos os municípios da 13ª Região de Saúde. 48 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Neste capítulo discorrem-se os resultados do estudo de avaliabilidade da PNPS, orientados pelos objetivos específicos, os quais retomamos: Exame da conexão da PNPS com a agenda de pactuação da gestão do SUS; identificação na Programação Anual da Saúde e nos Relatórios Anuais de Gestão, 2010 a 2012, dos municípios que integram a região de saúde da Ibiapaba as ações da PNPS; compreensão e implementação da PNPS na 13ª região de saúde: a lente dos gestores; desenvolvimento e análise do Modelo Lógico da PNPS avançando na identificação de elementos dificultadores e facilitadores no processo de execução das ações da PNPS na região da Ibiapaba - CE. 5.1 A PNPS na Agenda do SUS O texto da PNPS é visto em sua versão oficial, de seguinte forma: objetivos geral e específicos, diretrizes, estratégias de implantação, responsabilidades das esferas de gestão e ações específicas. Com a finalidade de dar mais visibilidade as conexões entre estes elementos constituintes, elaborou-se uma matriz, expressa na Figura 3, a seguir. Evidenciamse, movimentos internos que demonstram a complexidade da mesma, porém, como afirma Campos (2004), só se podia conceber a proposição de uma PNPS de modo transversal, operando de forma articulada e integrada com diversas áreas especializadas, vários níveis de complexidade e, em interface também com várias outras políticas. As Responsabilidades de Gestão na Implementação da PNPS são distribuídas em 25 responsabilidades no total, sendo que 10 se apresentam como responsabilidades dos três entes. Foi possível identificar 15 responsabilidades do ente federal, 16 do ente estadual e 19 do ente municipal, conforme ilustrado na Figura 3. É importante está sob o ente municipal o maior número de responsabilidades. Para Traverso-Yépez (2007), as orientações para a implementação da PNPS, em sua grande maioria, estão voltadas para os gestores, realçando que é no território lócus-regional que uma Política se faz viva. 49 Figura 3 - Matriz da PNPS de acordo com a Portaria Nº 687 de 30 de março de 2006. OBJETIVO GERAL Promover qualidade vida a de Reduzir vulnerabilidades e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes OBJETIVOS ESPECÍFICOS DIRETRIZES ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO Incorporar ações de Promoção da Saúde na AB Reconhecer na promoção da saúde uma parte fundamental da busca da eqüidade, da melhoria da qualidade de vida e de saúde Estruturação e fortalecimento das ações de promoção da saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando as práticas de saúde sensíveis à realidade do Brasil Ampliar autonomia e coresponsabilidade de sujeitos, coletividades e poder público para minimizar e/ou extinguir as desigualdades Promover entendimento da concepção ampliada de saúde entre trabalhadores de saúde Contribuir para resolubilidade do sistema (qualidade – eficácia – eficiência – segurança das ações de PS) Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas das ações de PS Valorizar o uso de espaços públicos para o desenvolvimento das ações de PS Favorecer a preservação do meio ambiente e promoção de ambientes mais seguros e saudáveis * Elaborada pelas autoras Contribuir a elaboração de políticas públicas integradas para a melhoria da qualidade de vida Ampliar os processos de integração, com base na cooperação, solidariedade e gestão democrática Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos Estimular a adoção de modos de viver não-violentos Desenvolver uma cultura de paz no país Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das ações de promoção da saúde Fortalecer a participação social como fundamental na consecução de resultados de promoção da saúde, em especial a eqüidade e o empoderamento individual e comunitário Promover mudanças na cultura organizacional, com vistas à adoção de práticas horizontais de gestão e estabelecimento de redes de cooperação intersetoriais Incentivar a pesquisa em promoção da saúde, avaliando eficiência, eficácia, efetividade e segurança das ações prestadas Divulgar e informar das iniciativas voltadas para a promoção da saúde para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS, considerando metodologias participativas e o saber popular e tradicional Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde em todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas às ações de cuidado com o corpo e a saúde; alimentação saudável e prevenção, e controle ao tabagismo Desenvolvimento de estratégias de qualificação em ações de promoção da saúde para profissionais de saúde inseridos no Sistema Único de Saúde; Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação de profissionais para atuação na área de informação, comunicação e educação popular referentes à promoção da saúde que atuem na Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários de Saúde: Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações voltadas para a implementação da Estratégia Global, vigilância e prevenção de doenças e agravos não transmissíveis Apoio à criação de Observatórios de Experiências Locais referentes à Promoção da Saúde Criação e divulgação da Rede de Cooperação Técnica para Promoção da Saúde Inclusão das ações de promoção da saúde na agenda de atividades da comunicação social do SUS; Inclusão da saúde e de seus múltiplos determinantes e condicionantes na formulação dos instrumentos ordenadores do planejamento urbano e/ou agrário (planos diretores, agendas 21 locais, entre outros) Apoio ao desenvolvimento de estudos referentes ao impacto na situação de saúde considerando ações de promoção da saúde Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico visando ao conhecimento e à troca de informações decorrentes das experiências no campo da atenção à saúde, formação, educação permanente e pesquisa com unidades federativas e países onde as ações de promoção da saúde estejam integradas ao serviço público de saúde: (Continua) RESPONSABILIDADE DAS ESFERAS DE GESTÃO AÇÕES ESPECÍFICAS Alimentação Saudável ESFERA FEDERAL 15 responsabilidades Prática corporal/ Atividade física Prevenção/Controle do Tabagismo ESFERA ESTADUAL 16 responsabilidades ESFERA MUNICIPAL 19 responsabilidades Redução da morbimortalidade em decorrência do uso de Álcool e drogas Redução da morbimortalidade por acidentes de Trânsito Estímulo à Cultura de Paz Promoção Sustentabilidade da 50 Figura 3 - Matriz da PNPS à luz da Portaria Nº 687 de 30 de março de 2006. Fonte: Elaborado pela autora (Conclusão) 51 A complexidade da implementação da PNPS, como podemos inferir, requer a articulação de vários segmentos, setores e atores que precisam trabalhar de forma integrada tanto no que se refere aos três entes federados quanto na articulação interna e externa as Políticas, Ações e Estratégias do Ministério da Saúde. As fontes documentais examinadas demonstram a amplitude da PNPS, se examinada por meio de lentes que permita enxergá-la para além das ações específicas anunciadas no texto da própria PNPS. Para cada ação específica pode-se identificar interfaces com outras políticas, programas e/ou projetos. Para Traverso-Yépez (2007) a PNPS como uma das estratégias de produção de saúde aparece articulada com as outras políticas e tecnologias do SUS, possibilitando então o foco nos determinantes sociais da saúde. A inferência pode ser compreendida se tomarmos em consideração o referencial de Promoção da Saúde expresso no texto introdutório da PNPS que a define como: uma intenção de reconhecer e operacionalizar a promoção da saúde, ratificando o compromisso do SUS com a promoção da saúde, a inserindo nas demais políticas nacionais. Tal conceito sinaliza para uma necessária reflexão que a estruturação da operacionalização da PNPS não está subscrita apenas às ações específicas, mas em processos desencadeados pelo Ministério da Saúde, Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Tomando em consideração a transversalidade da Promoção da Saúde, foi identificada a interface da PNPS com as demais Políticas, Programas e Projetos vinculados a Política Nacional de Saúde, embora se reconheça que o campo da Promoção da Saúde não tem seus limites contornados no setor saúde. A Figura 4 visa apresentar estas conexões. 52 Figura 4 - Interface da Política Nacional de Promoção da Saúde (Portaria Nº 687 MS/GM, de 30 de março de 2006) com demais programas e projetos do SUS Objetivos Estratégia de Implementação Diretrizes Inserção no Pacto pela Saúde – 2006; Realização Seminários; Publicação de Anais; Inserção no COAP Política Nacional Alimentação e Nutrição de Programa Academia da Saúde Responsabilidades federativas Divulgação implementação PNPS AÇÕES e da Alimentação Saudável Prática corporal/Atividade física Programa Nacional de Controle do Tabagismo no Brasil Tabagismo Política do MS para a Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras Drogas Álcool e drogas Política Nacional de Redução da Morbimortalidade por Acidentes de Trânsito Acidentes de Trânsito Princípios da Cultura de Paz Prevenção da Violência e Estímulo a Cultura de Paz Interface entre saúde e meio ambiente Sustentabilidade Fonte: Elaborado pela autora A Figura 4 nos conduz a interpretação que as interfaces da PNPS com outras Políticas e/ou Projetos estratégicos da Política Nacional de Saúde se dá, fundamentalmente, a partir da aproximação com as áreas específicas expressas na PNPS. Ao tempo em que este dado pode evidenciar uma clara priorização da Política de Saúde trabalhar com problemas emergentes; visto que estes se encontram presentes tanto em iniciativas específicas quanto em Políticas mais abrangentes; também é possível problematizar se esta direção não revela uma visão comportamentalista da Promoção da Saúde e, consequentemente da própria PNPS, visto que, 53 ao tema promoção da saúde, apresenta duas tendências de abordagens principais, conforme descrito por Buss (2009): uma com enfoque comportamental, guiada pelos hábitos e estilos de vida e outra guiada pela concepção de qualidade de vida e pelos determinantes gerais das condições de vida e saúde da sociedade. Outra leitura que a Figura 4 nos permite é a inferência da interface da promoção da saúde com documentos de gestão orientadores da Política Nacional de Saúde. Neste sentido, destaca-se o Pacto pela Saúde e, mais recentemente o Contrato Organizativo de Pública. No ano de 2006, o Pacto pela Saúde foi publicado através da Portaria/GM nº 399, de 22 de fevereiro e consolidou no Sistema Único de Saúde. Desta forma um Pacto firmado entre os gestores do SUS, em três dimensões: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do SUS e Pacto de Gestão. Esse Pacto é resultante de um intenso trabalho de discussão de cerca de dois anos, e apresentou mudanças significativas para a execução do SUS. Este processo de habilitação das competências e atribuições dos entes federado foi substituído pela adesão solidária aos Termos de Compromisso de Gestão (BRASIL, 2006). Ainda que o Pacto pela Saúde tenha sido publicado anterior a PNPS, pode ser visualizada na dimensão do Pacto pela Vida, a promoção da saúde como responsabilidade das três esferas de gestão. O compromisso dos gestores do SUS com a promoção da saúde é perceptível neste documento, com ênfase na atividade física regular e alimentação saudável. O trecho a seguir, extraído do texto do Pacto pela Saúde, revela o dito: Elaborar e implementar uma Política de Promoção da Saúde, de responsabilidade dos três gestores; Enfatizar a mudança de comportamento da população brasileira de forma a internalizar a responsabilidade individual da prática de atividade física regular, alimentação adequada e saudável e combate ao tabagismo; Articular e promover os diversos programas de promoção de atividade física já existentes e apoiar a criação de outros; Promover medidas concretas pelo hábito da alimentação saudável; Elaborar e pactuar a Política Nacional de Promoção da Saúde que contemple as especificidades próprias dos estados e municípios devendo iniciar sua implementação em 2006 (BRASIL, 2006). Em 30 de março de 2006, a Política Nacional de Promoção da Saúde é instituída por meio da Portaria Nº 687, com o objetivo principal de promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes, conforme já referenciamos anteriormente. Evidencia-se que o texto da PNPS enfatiza o que foi proposto pelo Pacto como elaboração, divulgação e implementação da PNPS; alimentação saudável; prática 54 corporal/atividade física; prevenção e controle do tabagismo a serem trabalhadas por todas as esferas de gestão. Lembrando que ambos foram instituídos quase que concomitantemente, tendo o pacto antecedido dias a PNPS. A convergência entre processos orientadores da Política Nacional de Saúde é por nós vista como uma fortaleza para potencializá-la. Neste ínterim de apresentar a PNPS e correlacioná-la com os demais movimentos e processos da Política Nacional de Saúde, registramos que, passados seis anos da institucionalização da PNPS, temos a regulamentação pelo Poder Executivo Federal da Lei nº 8.080, por meio do Decreto nº 7.508, de 2011 visando dar transparência à gestão do SUS, por intermédio do Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde. Neste, são definidas, entre outros aspectos, as responsabilidades e as atribuições de cada ente federado na provisão de ações e serviços de saúde, os investimentos na rede de serviços, além dos critérios de avaliação dos resultados e formas de monitoramento permanente (BRASIL, 2011). Dentre as diretrizes e metas pactuadas identificamos na diretriz 2 – Aprimoramento da Rede de Atenção às Urgências, com expansão e adequação de Unidades de Pronto Atendimento (UPA), de Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), de prontossocorros e centrais de regulação, articulada às outras redes de atenção, como indicador universal: Proporção de unidades de saúde com serviço de notificação de violência implantada; na diretriz 7 – Redução dos riscos e agravos à saúde da população, por meio das ações de promoção e vigilância em saúde, como indicador específico a proporção de polos do Programa Academia da Saúde com profissional de saúde vinculado e na diretriz 12 – Implementação de novo modelo de gestão e instrumentos de relação federativa, com centralidade na garantia do acesso, gestão participativa com foco em resultados, participação social e financiamento estável, como indicador específico a proporção de municípios da região com ações ou políticas de promoção de equidade contempladas nos respectivos planos de saúde. Identifica-se nestes indicadores uma relação com as ações específicas da PNPS. Inferência que reforça a centralidade das ações específicas no módus operandi da referida Política. Este olhar de algum modo “reducionista” da PNPS é problematizado nos movimentos de revisão a que esta foi submetida. Como dito anteriormente, desde final de 2013, a PNPS vem passando por um processo de revisão. Em texto preliminar para a reedição da PNPS, objeto de estudo e discussão no Seminário Nacional de revisão da PNPS, ocorridos nos dias 15 e 16 de maio deste ano (2014), foi argumentado que nos últimos anos o MS 55 assumiu novas demandas e compromissos nacionais e internacionais que o impulsionaram a um processo de revisão da PNPS; com destaque para algumas ações sociais coordenadas pela Casa Civil com vistas ao enfrentamento da Pobreza e Segurança viável. É referido ainda mudanças na legislação, como a publicação do Decreto nº 7.508, de 2011, que regulamentou a Lei orgânica da Saúde (Lei no. 8.080/90), dispondo sobre a articulação interfederativa com ênfase na equidade entre as regiões de saúde, e da Lei Complementar nº 141, de 2012, que regulamentou a Emenda Constitucional nº 29 e estabeleceu os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde (BRASIL, 2012). No âmbito Internacional, eventos importantes promovidos pela Organização das Nações Unidas – ONU e suas agências, cujas Declarações foram ratificadas pelo Governo Brasileiro, também trouxeram desafios e propostas a serem consideradas nas políticas públicas, em particular para a PNPS. É citado como exemplos: o Fórum Global ocorrido em abril de 2011 em Moscou, cujo objetivo foi enfrentar o desafio das Doenças Crônicas Não Transmissíveis; a Reunião de Alto Nível da ONU sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis ocorrida em Nova York, setembro de 2011; a conferência sediada pelo estado brasileiro da Cúpula Mundial sobre Determinantes Sociais da Saúde, ocorrida no Rio de Janeiro, em outubro de 2011; a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável também ocorrida no Rio de Janeiro em junho de 2012; e finalmente a Conferência Global de Promoção da Saúde, tematizada Saúde em todas as Políticas que ocorreu em Helsinque em junho de 2013 (BRASIL, 2014). A estrutura prevista para a “nova” PNPS é orientada por Princípios e Valores que representam o fundamental de todas as práticas e ações na esfera de atuação da PNPS; Objetivos que sinalizam a imagem objetivo; Diretrizes, compreendidas como linhas que fundamentam as ações e explicitam as finalidades da PNPS; Eixos Transversais enquanto referências para a formulação da agenda de promoção da saúde, seguidos as Estratégias Operacionais e Temas Prioritários para a operacionalização da PNPS (BRASIL, 2014). Esta estrutura sinaliza a ampliação do alcance das ações de promoção da saúde orientado por princípios e valores latos consonantes com uma promoção da saúde definida por Buss (2000) como uma abordagem guiada pela concepção de qualidade de vida e pelos determinantes gerais das condições de vida e saúde da sociedade. Entretanto, entendemos que a estrutura de uma Política representa uma intencionalidade, uma norma, mas, por si só não garantirá sua efetivação. Os temas prioritários não podem ser lidos unilateralmente como 56 única possibilidade de implementação/financiamento da PNPS, para que não seja equiparada ao desenho de ações estratégicas da versão anterior da PNPS. A expectativa é que a nova versão da PNPS amplie as possibilidades de ações em Promoção da Saúde fundada nos determinantes da saúde e, que seja tomada em considerações os contextos territoriais e a capacidade inventiva destes como respostas as suas necessidades e desejos. Tendo registrado a PNPS no seu contexto nacional, prossegue-se a análise da implementação desta com um olhar mais focado na Região de Saúde, lócus desta investigação. 5.2 A PNPS numa Região de Saúde do Ceará A Região de Saúde da Ibiapaba está localizada no Noroeste do estado do Ceará, distante 350 km de Fortaleza, por via terrestre, mais precisamente, no Planalto da Ibiapaba, através da BR 222. Denominada 13ª CRES. A população da região é de 298.017 habitantes (IBGE, 2011). É composta por oito municípios assim denominados: Carnaubal, Croatá, Guaraciaba do Norte, Ibiapina, São Benedito, Tianguá, Ubajara e Viçosa do Ceará. A Região de Saúde dispõe dos níveis básico e secundário de atenção à saúde, estabelece como porta de entrada na rede básica as Unidades Básicas de Saúde (Estratégia Saúde da Família) e os serviços de Vigilância à Saúde. Na atenção secundária possui hospitais municipais de pequeno porte e médio para atendimentos locais e um Hospital de referência, Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, um Centro de Atenção a Saúde do Trabalhador CEREST, um Centro de Especialidades Odontológicas – CEO. A região conta com 278 estabelecimentos de saúde entre Unidades Básicas de Saúde e estabelecimentos de média complexidade, cadastrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES (competência março/14). Todos os municípios desta Região de Saúde foram contemplados no estudo para um potencial alcance da PNPS. Nos oito municípios da Região de Saúde foi assinado o Termo de Compromisso de Gestão – TCG. Recorda-se que no item 1 do TCG foi definido as responsabilidades gerais da gestão do SUS, e, mais especificamente no subitem 1.2 define-se as ações de promoção da saúde, prevenção de riscos, danos e agravos. Foi averiguado no TCG do ano de 2010, que todos os municípios da região estudada pactuaram em seus termos de compromisso que realizavam as ações descritas no item 1.2 em seus territórios. 57 Outro instrumento de pactuação na Região de Saúde foi o COAP, documentos este assinada em 2012 pelos prefeitos e gestores de saúde, firmando um compromisso regional para cumprimento das diretrizes e metas firmadas no Contrato. Relacionado à PNPS, e a Região de Saúde estudada assumiu, em seu contrato, o compromisso com o indicador: Proporção de unidades de saúde com serviço de notificação de violência implantada. Considera-se, entretanto, que a expectativa de implementação da PNPS monitorada por um único indicador é insuficiente. Sendo assim ainda que este indicador diz respeito apenas a uma das ações específicas. Nos discursos dos gestores evidencia-se o desconhecimento destes em relação a esse indicador pactuado no COAP em 2013, embora, esse instrumento tenha sido pactuado pelos próprios gestores da Região. (Ainda neste tópico discute-se os indicadores identificados pelos gestores referentes à implementação da PNPS). Além do COAP, durante a fase de análise dos documentos, foram acessados dois instrumentos fundamentais para a gestão municipal: Programação Anual de Saúde - PAS e Relatório Anual de Gestão-RAG, visto que estes se constituem como pré-requisitos para o financiamento da Política de Saúde no âmbito municipal, além de, mais recentemente terem sido inseridos na Lei 141/2012 que Regulamenta o Art. 198 da Constituição Brasileira, que dispõe sobre os valores mínimos a serem aplicados pelos entes federados e estabelece as normas de fiscalização, avaliação e despesas com saúde (BRASIL, 2012). A leitura da PAS e do RAG foi orientada no sentido de identificar se as ações previstas pela PNPS constavam nestes instrumentos estratégicos de gestão. O quadro 3, apresenta o resultado deste processo de busca nos anos de 2010, 2011 e 2012. O ano de 2013 não foi incluído nesta etapa do estudo em função da data em que os municípios apresentaram seus Relatórios de Gestão, março de 2014. Quanto a Programação Anual alguns municípios ainda não haviam aprovado no Conselho Municipal de Saúde, o referido instrumento estava em processo de construção. Portanto, posterior à saída de campo das pesquisadoras. 58 Quadro 3 - Distribuição das ações específicas da PNPS nos Instrumentos de Gestão (PAS e RAG) dos Municípios da 13ª CRES Região de Saúde. MUNICÍPIOS Município A Município B Município C Município D Município E Município F Município G Município H 2010 PAS S S N S N N S S 2011 RAG S S N S N N S S PAS S S N S N N S S 2012 RAG S S N S N N S S PAS S S N S N N S S RAG S S N S N N S S Fonte: Elaborado pela autora LEGENDA: S-SIM Municípios que possuem ações específicas da PNPS na PAS e RAG N-NÃO Municípios que não possuem ações específicas da PNPS na PAS e RAG Ao todo foram analisados 48 instrumentos de gestão dos municípios da Região de Saúde, sendo 24 Programações Anuais de Saúde – PAS relativas aos anos de 2010, 2011 e 2012 e 24 Relatórios Anuais de Gestão – RAG também relativos ao mesmo período. Constata-se que dos 08 municípios estudados, 5 pactuaram ações da PNPS em seus Instrumentos de Gestão, no eixo Atenção Integral à Saúde e/ou Vigilância à Saúde. Este dado nos permite inferir que a PNPS ainda precisa está presente de forma mais específica em 3 municípios, para se tornar uma Política organicamente incorporada às demais Políticas do SUS, no âmbito da região estudada. Considerando uma relação próxima entre financiamento e implementação de uma Política nos cenários municipais/regional; em seguida foi realizada uma análise do investimento da PNPS na 13ª Região de Saúde no Ceará. Registra-se que os repasses aconteceram do Fundo Nacional de Saúde (Ministério da Saúde) para o Fundo Estadual do Ceará e ou Fundo Municipal. Enfatiza ainda que o financiamento era orientado pela lógica das Ações Específicas. Neste sentido, identificou que houve mais investimentos para algumas Ações Específicas da PNPS. 59 O quadro 4, a seguir, visa dimensionar quais as Ações Específicas da PNPS que foram financiadas, no âmbito nacional, estadual e regional e os respectivos valores financeiros investidos desde sua institucionalização (2006) até o ano de 2012. Quadro 4 - Distribuição dos recursos financeiros destinados à execução de ações da PNPS Brasil/Ceará/ 13ª Região de Saúde. (Continua) Ano 2006 Áreas específicas I - Redução da Morbimortalidade por acidentes de trânsito; II - Prevenção da Violência e estímulo à cultura de paz. 2007 Recursos Investidos Estado do 13ª Região de Brasil Ceará Saúde/CE População (DATASUS/ANO 2012) 193.976.530 8.606.005 306.828 (100%) (4,4%) (3,5%) R$ 824.031,00 R$ 42.258,00 R$ 0,00 R$ 18.581.773,00 R$ 1.402.258,00 R$ 100.000,00 R$ 35.712.639,41 R$ 1.280.229,73 R$ 52.643,67 I - Alimentação Saudável II - Prática corporal/ atividade física. III - Redução da Morbimortalidade por acidentes de trânsito. IV - Prevenção da Violência e estímulo à cultura de paz. 20081 I - Alimentação saudável; II - Prevenção e controle do tabagismo; III- Prática corporal/ atividade física. IV- Redução da Morbimortalidade em decorrência do uso abusivo do álcool e outras drogas; V- Redução da Morbimortalidade por acidentes de trânsito; VI - Prevenção da Violência e estímulo à cultura de paz; VII – Promoção do desenvolvimento sustentável. 1 As portarias constavam as sete ações da PNPS, os municípios da 13ª Região de Saúde ao enviar o projeto optaram por trabalhar as ações: Prática corporal/ atividade física; Redução da Morbimortalidade por acidentes de trânsito; Prevenção da Violência e estímulo à cultura de paz. 60 Quadro 4 - Distribuição dos recursos financeiros destinados à execução de ações da PNPS – Brasil/Ceará/ 13ª Região de Saúde. (Continuação) Ano 2009¹ 2010¹ 2011¹-2 2 Áreas específicas I - Alimentação saudável; II - Prevenção e controle do tabagismo; III- Prática corporal/ atividade física. IV- Redução da Morbimortalidade em decorrência do uso abusivo do álcool e outras drogas; V- Redução da Morbimortalidade por acidentes de trânsito; VI - Prevenção da Violência e estímulo à cultura de paz; VII – Promoção do desenvolvimento sustentável. I - Alimentação saudável; II - Prevenção e controle do tabagismo; III- Prática corporal/ atividade física. IV- Redução da Morbimortalidade em decorrência do uso abusivo da álcool e outras drogas; V- Redução da Morbimortalidade por acidentes de trânsito; VI - Prevenção da Violência e estímulo à cultura de paz; VII – Promoção do desenvolvimento sustentável. I - Alimentação saudável; II - Prevenção e controle do tabagismo; III- Prática corporal/ atividade física. IV- Redução da Morbimortalidade em decorrência do uso abusivo do álcool e outras drogas; V- Redução da Morbimortalidade por acidentes de trânsito; VI - Prevenção da Violência e estímulo à cultura de paz; VII – Promoção do desenvolvimento sustentável. Recursos Investidos Estado do 13ª Região de Brasil Ceará Saúde/CE População (DATASUS/ANO 2012) 193.976.530 8.606.005 306.828 (100%) (4,4%) (3,5%) R$ 64.195.950,00 R$ 2.574.850,00 R$ 240.000,00 R$ 55.070.000,00 R$ 1.481.875,00 R$ 175.000,00 R$ 4.703.000,00 R$ 135.211.500,00 Academia de Saúde R$ 73.500.000,00 R$ 197.000,00 Academia de Saúde R$ 2.140.000,00 Apesar dos recursos para construção e custeio de academia de saúde não serem oriundos do Piso Variável de Vigilância e Promoção, consideramos a sua inclusão importante por fomentar, implantar e implementar ações específicas da PNPS como a Prática corporal/atividade física. 61 Quadro 4 - Distribuição dos recursos financeiros destinados à execução de ações da PNPS – Brasil/Ceará/ 13ª Região de Saúde. (Conclusão) Áreas específicas Ano 2012¹-² I - Alimentação saudável; II - Prática corporal/ atividade física. III - Redução da Morbimortalidade por acidentes de trânsito; IV - Prevenção da Violência e estímulo à cultura de paz. TOTAL DE RECURSOS Recursos Investidos Estado do 13ª Região de Brasil Ceará Saúde/CE População (DATASUS/ANO 2012) 193.976.530 8.606.005 306.828 (100%) (4,4%) (3,5%) R$ 181.208.000,00 Academia da Saúde R$ 98.760.000,00 R$ 5.382.000,00 Academia da Saúde R$ 1.340.000,00 R$ 240.000,00 R$ 490.803.893,41 R$ 16.866.470,73 R$ 1.004.643,67 (100%) (3,4%) (6,0%) Fonte: Elaborado pela autora Ressalta-se que, para fins deste registro, foi consultado 65 normas, sendo 3 editais e 62 portarias de financiamento da PNPS para fins de análise do valor dos recursos destinados a execução da PNPS, visto que, não há disponibilidade de dados estratificados por região nos documentos oficiais. Entrou em cena, portanto, o ofício do pesquisador de contabilizar todas as informações. Para fins de entendimento do quadro 4, registramos que no período de 2008 a 2011 foi disponibilizada aos municípios a possibilidade de definir as ações específicas da PNPS a serem trabalhadas, dentre as sete Áreas Específicas da PNPS. O município construía o projeto na área considerada de maior relevância para ser desenvolvida em seus territórios. Nos documentos verificados não identificamos em quais áreas os municípios optaram para trabalhar. Neste sentido, para fins de análise da priorização das Áreas Específicas financiadas, consideramos as sete áreas. A análise do quadro 4, nos permite identificar que os recursos transferidos do Fundo Nacional de Saúde para o Estado do Ceará representou 3,4% do total de recursos investidos pelo Ministério da Saúde para fins de implementação das ações específicas da PNPS. Ao analisarmos proporcionalmente, a população cearense em relação à população brasileira. Pode se identificar que o Ceará responde por 4,4% do total da população brasileira (IBGE/2012). 62 Por esta lente, identifica-se que o recurso financeiro repassado para o Ceará é inferior ao esperado, se tiver com referência a base populacional. Se for ampliada esta lente para outras interpretações, podemos relacionar o investimento financeiro com o número de Equipes da Estratégia Saúde da Família no Estado do Ceará (ESF, ESF M1, ESF M2). O Ceará dispõe de 1.789 equipes, representando 3,8% do total de equipes no Brasil. Novamente existe um investimento menor para o Estado, se tomado em consideração, o número de equipe da ESF. Ou seja, em ambas as situações, o repasse não foi fator impulsionador da Política no estado. Caberia aqui ainda uma discussão sobre o princípio da equidade, se considerar os indicadores sociais do estado. Mas, nos limitamos, para este momento com as reflexões apresentadas. Prosseguindo com a análise do quadro 4, quando se segmenta a análise comparativa para a região de saúde em estudo, constatamos que a 13ª Região de Saúde representa 3,5% da população cearense (DATASUS/IBGE/2012), e que recebeu em recursos financeiros para implementar as ações da PNPS o equivalente a 6% dos recursos disponibilizados para o Estado do Ceará. Assim, contrariamente ao dito na relação ao Ceará/Brasil, identifica-se um investimento para efetivação da Política na 13ª Região superior a média estadual. No entanto, é preciso verificar que um dos municípios da Região de Saúde não recebeu financiamento para tal fim, visto que não submeteu projeto aos editais e portarias publicados pelo Ministério da Saúde para investimento das ações específicas da PNPS, no período avaliado. O exposto nos coloca a frente de um questionamento (não possível de ser respondido neste estudo), será que a proporção de financiamento para os municípios cearenses inferior a média nacional se deveu a não apresentação de projetos? Todos os projetos apresentados foram financiados? Como referido anteriormente, a construção de Academia de Saúde com o objetivo de fomentar Prática Corporal e Atividade Física foi considerada como ação de promoção da saúde incentivada pelo Ministério da Saúde. Igualmente, elucida-se que até o ano de 2012, não foi localizado investimentos com esta finalidade na Região estudada. O exposto até aqui nos conduz a concordar com Malta e Castro (2009), ao afirmarem que apesar do enorme avanço para a consolidação da PNPS, o investimento com recursos financeiros para a implementação desta são inferiores aos desejáveis. Acrescentamos ainda que além da insuficiência de financiamento, ensejamos que outras insuficiências sejam suplantadas, como aquelas relacionadas à própria compreensão de promoção da saúde e a incorporação desta nas práticas de atenção, gestão, formação e controle social. 63 Neste sentido nos direcionamos ao próximo tópico que visa apresentar os gestores da Região de Saúde, sujeitos deste estudo, e suas concepções sobre promoção da saúde. 5.3 Concepções de Promoção da Saúde expressas pelos gestores da 13ª Região de Saúde Os gestores (Coordenador regional, secretários municipais de saúde e coordenadores de atenção básica e de vigilância) da 13ª. Região de Saúde constituem-se como profissionais com formação universitária, predominando a categoria enfermeiro; embora tenhamos farmacêutico, administrador de empresa, pedagogo e fisioterapeuta; todos com mais de dez (10) anos de trabalho no SUS, sempre na mesma região de saúde. Esta permanência significativa de tempo de trabalho no SUS e na região pode se configurar como um potencializador de vínculo e de uma relação de pertencimento ao território, características consideradas importantes para a promoção da saúde. Oportunamente indagamos a estes gestores suas concepções acerca da Promoção da Saúde. Partimos de uma análise da PNPS. Inicialmente, indagamos acerca dos objetivos da referida Política. O quadro 5 apresenta a relação entre os objetivos expressos pela PNPS (Brasil, 2006) e os objetivos anunciados pelos gestores como objetivos da referida política. Quadro 5 - Comparação entre os objetivos da PNPS e os objetivos citados pelos gestores da 13ª Região de Saúde, 2014. (Continua) Objetivos apontados pelos gestores da 13ª Região de Saúde 1. Promover a qualidade de vida e reduzir - Melhorar a questão da qualidade de vida da vulnerabilidades e riscos à saúde população relacionados aos seus determinantes e - Melhorar a qualidade de vida dos usuários condicionantes - Promover a qualidade de vida e reduzir as vulnerabilidades e riscos à saúde Objetivos da PNPS - Melhor qualidade de vida pra população 2. Incorporar ações de Promoção da Saúde - Promover a política de trabalho da na AB promoção à saúde nas unidades básicas 64 Quadro 5 - Comparação entre os objetivos da PNPS e os objetivos citados pelos gestores da 13ª Região de Saúde, 2014. (Conclusão) Objetivos apontados pelos gestores da 13ª Região de Saúde 3. Ampliar autonomia e - Levar informação ao nosso usuário corresponsabilidade de sujeitos, - Estimular a população a cuidar da sua saúde coletividades e poder público para através das ações propostas pela política minimizar e/ou extinguir as desigualdades. - Orientação e a educação da população em relação a sua parcela de participação na saúde Objetivos da PNPS 4. Promover entendimento da concepção ampliada de saúde entre trabalhadores de saúde 5. Contribuir para resolubilidade do sistema (qualidade – eficácia – eficiência – segurança das ações de PS) 6. Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas das ações de PS 7. Valorizar o uso de espaços públicos para o desenvolvimento das ações de PS 8. Favorecer a preservação do meio ambiente e promoção de ambientes mais seguros e saudáveis 9. Contribuir a elaboração de políticas públicas integradas para a melhoria da qualidade de vida 10. Ampliar os processos de integração, com base na cooperação, solidariedade e gestão democrática 11. Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos - Não relatado pelos gestores - Mudar o paradigma assistenciais e curativos nos modelos - Não relatado pelos gestores - Não relatado pelos gestores - Não relatado pelos gestores - Não relatado pelos gestores - Não relatado pelos gestores - Promover a saúde e prevenir as doenças; - Esclarecer a população e alertar para as ações de prevenção 12. Estimular a adoção de modos de viver - Adotar hábitos saudáveis de vida não-violentos 13. Desenvolver uma cultura de paz no - Não relatado pelos gestores país Foi possível concluir que os gestores apresentaram conhecimento parcial acerca da intencionalidade da PNPS, sem, contudo, reproduzir literalmente os objetivos. De um objetivo geral e 12 objetivos específicos expressos na PNPS, infere-se correspondência aos objetivos manifestados pelos gestores no objetivo geral e em 04 (quatro) específicos. 65 Considerando que o objetivo geral denota a imagem-objetiva de um processo. É válido destacar o entendimento de alguns gestores que a PNPS se configura como uma possibilidade de contribuição para uma mudança paradigmática do modelo assistencial. Destaca-se ainda que também fosse sinalizado por estes, a perspectiva da PNPS contribuir para a melhoria da qualidade de vida e ação sobre as vulnerabilidades, sinalizando uma leitura sobre a ação dos determinantes da saúde na promoção da saúde da população. No que concerne à correspondência aos objetivos específicos, entendendo-os como orientadores do módus operandi, portanto, fundamental para a gestão em saúde, identifica-se uma incipiência quanto ao conhecimento dos gestores, sendo os objetivos referidos aqueles mais relacionados diretamente a incorporação da promoção da saúde na atenção básica, na ampliação da autonomia e corresponsabilização, na prevenção de fatores determinantes e ou condicionantes de agravos e na adoção de modos de viver não-violentos. Estes objetivos revelam uma tendência de uma perspectiva de promoção da saúde que dialoga mais proximamente da abordagem comportamental com ênfase preventivista ao focá-la em um processo de trabalho voltado, predominantemente, para uma visão de atribuir o cuidado como responsabilidade do indivíduo e orientada pela prevenção de doenças. Esta inferência coaduna com o que já foi expresso anteriormente respaldado em Buss (2009), ao enfatizar que esta abordagem está orientada por ações de promoção da saúde relacionada a hábitos e estilos de vida, não considerando a determinação de fatores macro estruturais. Valores orientadores da Promoção da Saúde e que dialogam com um conceito lato de saúde, tais como: ações inovadoras e inclusivas, preservação do meio ambiente, promoção de ambientes seguros e saudáveis, integração de políticas, solidariedade, gestão democrática e cultura de paz não foram mencionadas pelos gestores. Entendimento que reforça o dito anteriormente que a concepção orientadora de promoção da saúde expressa pelos gestores da 13ª Região não coadunam com uma abordagem que tem como fim a promoção da qualidade de vida, tomando em consideração as ações sobre os determinantes. Para Buss (2009) há uma tendência que caracteriza a moderna promoção da saúde, sendo esta guiada pela concepção de qualidade de vida e direcionada pelos determinantes gerais das condições de vida e saúde da sociedade. Nesta perspectiva, as ações estão mais voltadas ao coletivo de indivíduos e ao ambiente, por meio de políticas públicas focadas no desenvolvimento da saúde e na capacitação dos indivíduos e comunidades. 66 Ao tempo em que os objetivos revelam a imagem objetivo, os indicadores representam sinalizações de monitoramento num processo de gestão. Orientadas por este entendimento, consultamos os gestores sobre os indicadores que norteavam a implementação da PNPS nos municípios sobre suas responsabilidades. Dos 18 gestores ouvidos, 08 afirmaram não existir indicador de monitoramento no município relacionado à PNPS, 02 reconheciam a existência, porém não recordavam quais eram. Os demais (08) afirmaram existir indicador e os relacionaram. Os indicadores expressos por estes estavam predominante vinculados ao Programa Saúde na Escola (PSE) e assim era citado pelos gestores “tem os indicadores do PSE”, foram citados também indicadores relativos à atividade física, redução da morbimortalidade por acidente e prevenção da violência. O exposto demonstra o quanto o PSE tem se incorporado nas agendas locais. Para Malta e Castro (2009), houve um movimento intenso para divulgação do PSE para adesão dos municípios, bem como da PNPS no seu âmbito, por meio de diversos espaços e eventos. Reconhecemos, no entanto, que a implementação do PSE por si só não garante a implementação da PNPS. Neste ínterim, prossegue-se com a descrição dos movimentos de implementação da PNPS na 13ª Região de Saúde do Ceará. 5.4 Implementação da PNPS na 13a Região de Saúde A PNPS é apresentada como uma das estratégias de produção de saúde e mantém interface com algumas políticas e tecnologias do SUS, como já discutido anteriormente. Com o objetivo de compreender a implementação da PNPS na 13ª Região de Saúde desta forma foi realizada a análise das responsabilidades reconhecidas pelos gestores como de sua incumbência no processo de implementação da PNPS; as ações e recursos necessários a realização destas no âmbito municipal; os resultados e fatores potencializadores e dificultadores relativos ao processo de execução da PNPS. O quadro 6 apresenta as responsabilidades reconhecidas pelos gestores da 13ª. Região de Saúde como responsabilidades de sua competência no processo de implementação da PNPS. 67 Quadro 6 - Responsabilidades dos gestores na implantação da PNPS. 13ª Região de Saúde, 2014. Coordenadores da 13ª Região de Saúde - Implementar, orientar, monitorar, incrementar a Política na região; - Partir pra esse trabalho junto às Equipes de Saúde da Família - Contribuir pra amenizar os problemas, e tentar prevenir as consequências que interfere diretamente na saúde da população; - Promover e executar todo o elenco de atividades que estão previstas na política nacional de promoção à saúde; - Garantir recursos à população/pessoas que trabalham com a gente; - Fazer com que as ações definidas no plano sejam cumpridas; Secretários de Saúde - São integrais, totalmente voltados durante o período do trabalho pra a execução; - Montar uma estrutura, uma equipe, recursos humanos e materiais pra facilitar todo o trabalho da equipe de saúde; - Apoiar à equipe de atenção básica, de atenção secundária, tanto técnico como financeiro pra implementar essas ações; - Pactuar e alocar recursos financeiros pra implementação da política através dos instrumentos de gestão e capacitar equipe multidisciplinar pra desenvolver as ações de política. - Supervisionar as ESF quanto às atividades de promoção, de prevenção à saúde; - Trabalhar o projeto de vigilância, prevenção de violência e acidentes; - Incentivar as equipes a trabalhar, e cobrar as ações; Coordenadores da Atenção Básica e Vigilância Epidemiológica - Quando estava à frente do projeto, tanto na elaboração como coordenação das ações; - Organizar e planejar os trabalhos educativos como sessões educativas; - Divulgar sobre essa política; Criar grupos para articular essa política no município, e avaliar se essas ações estão sendo desenvolvidas; - Acompanhar os indicadores, trabalhar pra que todo o material necessário pra que as equipes desempenhem suas funções; - Articular e facilitar junto com a equipe de saúde da família as ações que porventura podem ser inseridas, implementadas ou implantadas na política. Os discursos dos gestores acerca de suas responsabilidades frente à implementação da PNPS aproximam das responsabilidades dos gestores descritas na PNPS para a implementação desta. 68 Os gestores (Coordenadora da Região de Saúde e Coordenadora da Atenção Básica) da 13ª CRES apresentaram como responsabilidades para implementação da PNPS na Região de Saúde implementar, orientar, monitorar, incrementar a Política na região, bem como trabalhar a implementação junto às Equipes de Saúde da Família. Vale ressaltar que a 13ª CRES representa a Secretaria de Saúde do Estado na Região de Saúde, e como descrito na PNPS às responsabilidades do Estado para a implementação da política são divulgar, pactuar e alocar recursos orçamentários e financeiros; criar referência e desenvolver ações de planejamento, articulação e monitoramento e avaliação das ações de promoção da saúde nas secretarias estaduais de saúde, estabelecendo indicadores e divulgando sistematicamente os resultados dos processos avaliativos; implementar as diretrizes e manter articulação com os municípios; implementar as diretrizes de capacitação e educação permanente, viabilizando as linhas de financiamento da política de educação permanente; promover articulação intersetorial com o estabelecimento de parcerias; Elaborar materiais de divulgação; identificar, articular e apoiar as experiências de educação popular (BRASIL, 2006) Diante do exposto, infere-se que as responsabilidades descritas pelos gestores da 13ª. Região de Saúde constituem-se em reponsabilidades gerais de incumbência dos gestores em processos de implementação de Políticas Públicas, não evidenciando singularidades de responsabilidades que guardam mais proximidades com a PNPS, a exemplo da promoção de articulação intersetorial com o estabelecimento de parcerias e articulação e apoio as experiências de educação popular, desenvolvimento de processos de educação permanente, dentre outras. Chama-se a atenção para ações específicas do ente estadual e que não foram reconhecidas por estes, a saber: manter articulação com municípios para apoio à implantação e supervisão das ações de promoção da saúde e desenvolvimento de ações de acompanhamento e avaliação das ações de promoção da saúde para instrumentalização de processos de gestão. Situação que denota a necessidade de alinhamento entre as responsabilidades assumidas e as responsabilidades incorporadas pelos gestores. Igualmente, quando comparamos às responsabilidades inerentes ao ente municipal expressas na PNPS com as responsabilidades manifestadas pelos gestores municipais, identifica-se que os gestores municipais evidenciaram responsabilidades que comungam mais proximamente com as descritas na PNPS. Entretanto, mais uma vez, responsabilidades que expressam a uma identidade forte da PNPS não foram apontadas pelos gestores municipais, a exemplo da articulação intersetorial com o estabelecimento de parcerias e o apoio as experiências de educação popular e reforço da ação comunitária. 69 O reconhecimento e cumprimento das responsabilidades de implementação da PNPS pelos três entes federativos contribuiria para a execução da referida Política. Para TraversoYépez (2007), as orientações para a implementação da PNPS, na sua grande maioria, estão voltadas para os gestores. Situação que denota, segundo a autora e com a qual concorda-se, há a necessidade expressa de qualificar esse segmento de profissionais, configurando assim uma possibilidade de fortalecimento da promoção da saúde no campo da atenção básica, mais especificamente na ESF. Prossegue-se com a descrição da análise da implementação da PNPS na 13ª região, desta vez focada na descrição dos recursos necessários. O quadro 7 tem, portanto, a intenção de apresentar a visão dos gestores acerca dos recursos necessários à implementação da PNPS, no âmbito da 13ª. Região de Saúde do Ceará. Quadro 7 - Recursos necessários para a execução das ações da PNPS nos municípios. 13ª Região de Saúde, 2014. Municípios Município A Município B Município C Município D Município E Município F Município G Município H Recursos Necessários - Estrutura física adequada (Mini auditório nas UBS para as palestras/sessões educativas); locais para a pratica de atividade física; material didático e de informática; sensibilização dos gestores quanto à importância da PNPS. - Capacitação de todos os nossos técnicos voltados para cada área específica da PNPS; estrutura física; um coordenador só para a PNPS; recursos financeiros para a execução da política. - Mais recursos para estruturar as unidades; material educativo e equipamentos de informática. - Contratação de mais profissionais; um profissional habilitado; um transporte. - Melhor estrutura física e recursos humanos; contratação de profissionais para auxiliar a ESF; material didático. - Mais recursos humanos, materiais e financeiros; articulação e mobilização de todas as secretarias. - Incentivo e apoio aos profissionais; precisa transporte, matérias de expediente, materiais de suporte e apoio; envolvimento dos gestores (secretário de saúde e prefeito). - Estrutura física adequada e recursos humanos capacitados; parceria com a secretaria de educação, com os professores, coordenadores, os pais dos alunos, a população em geral. Dentre os recursos identificados pelos gestores como necessários à efetiva implementação da PNPS está à estrutura física. Entretanto, esta é considerada insuficiente para realização das ações de promoção da saúde, embora um gestor municipal tenha relatado a 70 melhora da estrutura requerida, a partir do Programa do Requalifica UBS, o qual se configura como uma iniciativa do ente federal denominado de Programa de Requalificação de Unidades Básicas de Saúde (UBS), nos componentes reforma, ampliação e construção, onde os municípios cadastram as propostas no Sistema de Monitoramento das Obras – SISMOB, se aprovadas, são publicadas através de portarias federais. (BRASIL, 2013). Além da insuficiência da estrutura física relatada pelos gestores, também foi referido que os recursos financeiros destinados a PNPS são parcos, situação reafirmada pela insuficiência de material de apoio as atividades. Reafirma-se que o financiamento de uma Política não deve ficar unicamente sobre a égide de um ente financiador. Pelas características de um estado federado como o Brasil, o financiamento das Políticas de Saúde deve ser de financiamento tripartite. Em discussão anterior analisamos o financiamento da PNPS. O capital humano (embora tratado pelos gestores como recurso) também foi mencionado como insuficiente e inadequado. Situação que requer maior capilaridade de processos de educação permanente. Sendo assim é bom lembrar que a educação permanente como foco na promoção da saúde é uma das responsabilidades do componente gestão para implementação da PNPS. Gestores também compreenderam que fazem parte dos recursos necessários à implementação da PNPS, a partir da compreensão e da sensibilização destes para efetiva implementação. Porém excetua-se a compreensão de um gestor municipal não faz parte da estrutura necessária de dispor profissionais compromissados para a implementação das ações da PNPS. Vale ressaltar que não se pode desconsiderar a importância de ambientes adequados com infraestrutura e materiais de apoio para ações promotoras de saúde, a essência da promoção da saúde está no diálogo com o outro (outra pessoa, outro setor, outra prática). Não se constitui, portanto, situação sine qua non, a existência de infraestrutura para a realização de ações de promoção da saúde; visto que o espaço da promoção da saúde é o espaço onde a vida acontece, portanto, as ações devem ocorrer predominantemente no território. Realinha-se ainda que o a prática da promoção da saúde está ligada diretamente ao campo atitudinal. 71 Para Sousa et al.(2011), é no território que ocorre os movimentos da vida social, suas particularidades, seus desafios e suas potencialidades, o que configura-o como pré-requisito para a elaboração de estratégias de intervenção promotoras de saúde. Os gestores prosseguiram sua análise sobre a implementação da PNPS, sinalizando fatores que contribuíram e outros que configuraram como dificultadores para a execução da PNPS. Para alguns gestores a relação que as secretarias de saúde possuem com as demais secretarias permitem o exercício da intersetorialidade, fundamento da promoção da saúde. Os gestores expressam ainda que a existências de profissionais capacitados, a cobertura da ESF e implementação do NASF; convênios como com instituições de ensino, adesão da população às ações que são implementadas, principalmente em atividades físicas, como também adesão dos profissionais; contratação de profissional específico para a PNPS e compromisso dos profissionais são expressões de potencialidades para implementação da PNPS. Com relação às situações limites ou dificuldades, mais uma vez, emergiu o componente financeiro, seja para implementação de ações, seja para a capacitação dos profissionais. Merece ressaltar ainda dificuldades citadas relatadas como: falta de estrutura na atenção básica; ausência de cobrança da aplicação dos recursos; a falta de avaliação da política; escassez de recursos humanos; dificuldade de transportes; falta de adesão da população; burocratização dos processos de trabalho, sobrecarga de atividades para atenção básica; desconhecimento da PNPS por trabalhadores e população. É importante relatar que algumas situações ora emergem como potencialidade e ora como dificuldade, configurando movimentos e momentos diferentes vivenciados pelos gestores; conforme revela o quadro 8. Quadro 8 - Facilidades e dificuldades no processo de execução da PNPS. 13ª Região de Saúde, 2014. (Continua) Municípios Município A Facilidades São as parcerias com as secretarias de agricultura e meio ambiente, cultura, esporte e educação; profissionais capacitados (educação continuada em outros temas, trabalho em grupos. Dificuldades A estrutura da atenção básica, equipamentos, questão financeira específica para a PNPS, não há cobrança da aplicação do recurso, profissionais da atenção básica são muito sobrecarregados. 72 Quadro 8 - Facilidades e dificuldades no processo de execução da PNPS. 13ª Região de Saúde, 2014. (Conclusão) Municípios Município B Município C Município D Município E Município F Município G Município H Facilidades Dificuldades Questão financeira pra gente capacitar todo esse corpo profissional Uma rede disponível, número de falta de uma coordenação específica, profissionais capacitados, apoio da a falta de avaliação da política, não Gestão, a intersetorialidade. divulgação dessa política pra população. Falta de recursos para estruturar as Equipe do NASF e cobertura da UBS, muita burocracia pra gente ESF. fazer. Nosso próprio usuário, contratação Precisa de profissionais para está lá, de profissional específico, as em cada localidade fazendo essas parcerias que nós tivemos, guarda ações acontecer, tinha só um municipal, com as escolas, com o transporte, seriam mais profissionais conselho tutelar, com as equipes do e mais transportes. CRAS, do CREAS. Apoio da administração, boa equipe Questão cultural da população; de saúde, cobertura superior a 80% algumas categorias profissionais que da ESF, bons convênios como com ainda são dificultosas de trabalhar a a Universidade Federal do Ceará e promoção da saúde de ir pra escolas, da UNIFOR, implementação do de sair do consultório em si, pra NASF, gestão do coordenador da desenvolver ações nas escolas, na Atenção Básica. comunidade. Integração que a gente tem num Escassez de recursos humanos e município todas as secretarias financeiros, são várias as prioridades, profissionais são compromissados, e você termina sem saber o que a sensibilidade do gestor. priorizar. Ausência de material devido os Pessoal que é do NASF apoio que a processos de licitação problema de gente tem tido do gestor maior, do licitação, licitação na compra de prefeito. materiais permanentes, licitação na questão das gráficas. Ausência de espaços físicos Adesão da população às ações que adequados e ausência de profissionais são implementadas, principalmente capacitados, necessidade de em atividades físicas adesão dos capacitação específica pra essa área; profissionais, as parcerias. hábitos culturais. Elucida-se ainda os resultados reconhecidos pelos gestores municipais (secretários e coordenadores) como oriundos da implementação da PNPS na 13ª. Região de Saúde do Ceará, conforme consta no quadro 9. 73 Quadro 9 - Resultados reconhecidos pelos gestores quanto à implementação da PNPS. 13ª Região de Saúde, 2014. Municípios Município A Município B Município C Município D Município E Município F Município G Município H Secretários de Saúde Coordenadores Teve um resultado muito bom com Melhorou muito a questão do cigarro as atividades desenvolvidas pelo e a questão da atividade física. NASF. O município está implantando a política aos poucos, não há Tenho visto poucos resultados. resultados. A população está ficando mais consciente em relação à prevenção A gente não teve muito ganho. de doenças, ao tabagismo, até mesmo esses acidentes de trânsito. Os resultados ainda não são visíveis, A adesão das pessoas à prática de o número de acidentes é enorme. atividades físicas.. Desencadeou uma série de ações e programas que reordenou as ações Melhorou a qualidade de vida das no município; Investimento na pessoas. formação dos profissionais de saúde. Foi um avanço na época que foi Houve um aumento dos acidentes, trabalhado o Projeto de Redução da porém, houve uma redução na Morbimortalidade por Acidentes de mortalidade por acidentes. Trânsito. Grupos de idosos e jovens unidos e Melhora de qualidade de vida das fortalecidos. pessoas. Redução do número de pacientes que fazem o uso de medicamentos Melhora da saúde da população do antidepressivos devido a Atividade município. física. Os resultados evidenciados pelos gestores municipais transitam pelas áreas prioritárias da PNPS, expressas nas ações específicas, principalmente naquelas relacionadas ao controle do tabagismo, incorporação de práticas atividades físicas influenciando inclusive o uso de medicamentos antidepressivos além da diminuição no número de óbitos por acidentes de trânsito influenciado por ações educativas que visavam entre outros objetivos incentivar o uso de capacetes pelos motoqueiros (apesar de que o número de acidentes cresceu). Foi mencionada também a influência na PNPS na formação de grupos de diferentes faixas etárias com o objetivo de desenvolver práticas promotoras de saúde. Os gestores sinalizaram ainda que a estratégia do Núcleo de Apoio à Saúde da Família muito colaborou com a 74 implementação da PNPS. Por fim, é referido por gestores que a PNPS cumpre seu papel maior ao apresentar como resultado a contribuição para melhoria da qualidade de vida das pessoas. É válido salientar, entretanto, que alguns gestores verbalizaram não reconhecerem resultados diretos da implementação da PNPS na Região de Saúde estudada. Situação que denota que o campo da promoção da saúde é um campo em constante movimento e que precisa ser analisado para que possa ser aprimorado e que seus desdobramentos sejam incorporados na produção de saúde. Buss (2009) anuncia que tomando em consideração as atuais bases políticas, sociais e científicas, existem fortes indicações de que o campo da promoção da saúde seguirá em trajetória ascendente no País. Embora reconheça que este campo assume diferentes contornos em diferentes lugares. Tendo percorrido as etapas de exploração dos documentos oficiais relativos a institucionalização e implementação da PNPS e escutado os gestores estratégicos no processo de implementação desta na 13ª Região, seguimos, orientados pelo referencial da avaliabilidade com a apresentação do Modelo Lógico da PNPS na região. 5.5 Modelo Lógico da PNPS A construção do modelo lógico da PNPS possibilita descrever o caminho percorrido pela PNPS desde a sua implantação até a execução nos municípios estudados. O modelo lógico retrata um quadro que pode ser uma referência para ajudar a todos os envolvidos na implementação da PNPS para dá mais clareza a racionalidade de sua elaboração, desta forma é criada uma possibilidade de rever a política, reforçando a necessidade de um processo participativo na revisão desta, ouvindo gestores e executores das ações nos territórios. Como afirma Silva (2007), a teoria não é detalhada nos documentos oficiais, dificultando uma análise adequada. Segundo o autor a partir da análise da teoria de um programa destaca a importância do Modelo Lógico para a identificação de deficiências ou problemas em seu fluxo que poderão interferir no seu desempenho. Avaliar a qualidade da teoria significa verificar se o programa está bem desenhado e se apresenta um plano plausível de alcance dos resultados esperados, por isso, a pesquisa procurou ouvir os gestores regionais 75 e municipais, pois estes são diretamente responsáveis pela implementação da PNPS em seus territórios, conhecendo as potencialidade e limites que permeiam a realidade local. Modelo Lógico possibilita aos gestores e avaliadores uma visão mais clara acerca da racionalidade da construção da intervenção e das relações causais empregadas na sua elaboração. Além disso auxilia na construção de um entendimento comum entre todos os envolvidos na intervenção a respeito do problema que se quer resolver, dos objetivos e dos resultados esperados (BEZERRA, CAZARIN E ALVES, 2010:p77) A construção do Modelo Lógico permite refletir sobre as possíveis influências do contexto sobre a implementação da PNPS. A identificação destes fatores é relevante no sentido de contribuir para compreensão de fatores intervenientes que podem comprometer o desenvolvimento das ações da PNPS. A partir da construção do Modelo Lógico é possível inferir a sustentabilidade das hipóteses assumidas na sua estruturação de uma Política e o alcance de resultados. Como afirmam Ferreira, Cassiolato e Gonzalez (2009), o processo não se finda num Modelo Lógico, é importante mencionar que a apreciação sobre os fatores de contexto deve ser continuamente atualizada. Orientadas por esta premissa, seguimos com a apresentação do Modelo Lógico da PNPS na 13ª. Região de Saúde do Ceará. 76 Figura 5. Modelo Lógico da Política Nacional de Promoção da Saúde, 13ª Região de Saúde, Ceará, 2014. Alimenta ção Saudável Prática corporal/ Atividade física Prevenção/ Controle do Tabagis mo Redução da morbimor talidade em decorrên cia do uso de Álcool e drogas OBJETIVOS DA PNPS PRODUTOS ESTRATÉGIAS DE IMPLEMENTAÇÃO DA PNPS RESULTADOS INTERMEDIÁRIOS Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidades e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes (Geral) Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidades e riscos à saúde Estruturação e fortalecimento das ações de promoção da saúde no Sistema Único de Saúde, privilegiando as práticas de saúde sensíveis à realidade do Brasil Insuficiência de recursos financeiros, materiais e humanos p/ as ações da PNPS; Inadequação da estrutura física para a prática da PS; Sensibilização dos gestores e maior acompanhamento da PNPS; Adesão da população à práticas de atividade física Incorporar ações de Promoção da Saúde na AB Promover a política de trabalho da promoção à saúde nas unidades básicas Ampliar autonomia e coresponsabilidade de sujeitos, coletividades e poder público para minimizar e/ou extinguir as desigualdades Estimular a população a cuidar da sua saúde através das ações propostas pela política Promover entendimento da concepção ampliada de saúde entre trabalhadores de saúde Não foi relatado nenhum gestor Contribuir para resolubilidade do sistema (qualidade – eficácia – eficiência – segurança das ações de PS) Mudar o paradigma nos modelos assistenciais e curativos por Estimular alternativas inovadoras e socialmente inclusivas das ações de PS Valorizar o uso de espaços públicos p/ o desenvolvimento das ações de PS Redução da morbi mortalida de por acidentes de Trânsito Estímulo à Cultura de Paz Promo ção da Sustentab ilidade Favorecer a preservação do meio ambiente e promoção de ambientes mais seguros e saudáveis Desenvolvimento de estratégias de qualificação em ações de promoção da saúde para profissionais de saúde inseridos no Sistema Único de Saúde; Apoio técnico e/ou financeiro a projetos de qualificação de profissionais para atuação na área de informação, comunicação e educação popular referentes à promoção da saúde que atuem na Estratégia Saúde da Família e Programa de Agentes Comunitários de Saúde: Fortalecimento da PNPS em todos os níveis de atenção RESULTA DO FINAL Relatados pelos 8 municípios/R egião: Indicadores do PSE Apropriação de técnicos e gestores da PNPS; Insuficiência de capacitação para os profissionais do SUS em relação a PNPS Atividade física (número absoluto) Insuficiência de capacitação para os profissionais da ESF; Participação incipiente do controle social na implementação da PNPS Redução na mortalidade por acidentes de trânsito Apoio a estados e municípios que desenvolvam ações voltadas para a implementação da Estratégia Global, vigilância e prevenção de doenças e agravos não transmissíveis Redução do número de óbitos por acidentes Apoio à criação de Observatórios de Experiências Locais referentes à Promoção da Saúde Necessidade de divulgação de boas práticas de promoção da saúde Criação e divulgação da Rede de Cooperação Técnica para Promoção da Saúde Indicador das notificações de violência Sessões educativas /mapas Não houve evidências de resultados Não foram relatados por nenhum gestor Inclusão das ações de promoção da saúde na agenda de atividades da comunicação social do SUS; Inclusão da saúde e de seus múltiplos determinantes e condicionantes na formulação dos instrumentos ordenadores do planejamento urbano e/ou agrário (planos diretores, agendas 21 locais, entre outros) Contribuir a elaboração de políticas públicas integradas para a melhoria da qualidade de vida Ampliar os processos de integração, com base na cooperação, solidariedade e gestão democrática Estímulo à inserção de ações de promoção da saúde em todos os níveis de atenção, com ênfase na atenção básica, voltadas às ações de cuidado com o corpo e a saúde; alimentação saudável e prevenção, e controle ao tabagismo INDICADOR Prevenir fatores determinantes e/ou condicionantes de doenças e agravos Promover a saúde e prevenir as doenças Esclarecer a população e alertar para as ações de prevenção Estimular a adoção de modos de viver não-violentos Adotar hábitos saudáveis de vida Desenvolver uma cultura de paz no país Não foi relatado nenhum município por Proporção de unidades de saúde com serviço de notificação de violência implantada Não houve evidências de resultados Apoio ao desenvolvimento de estudos referentes ao impacto na situação de saúde considerando ações de promoção da saúde Não houve evidências de resultados Estabelecimento de intercâmbio técnico-científico visando ao conhecimento e à troca de informações decorrentes das experiências no campo da atenção à saúde, formação, educação permanente e pesquisa com unidades federativas e países onde as ações de promoção da saúde estejam integradas ao serviço público de saúde: Convênios com instituições de ensino; Insuficiência de processos desenvolvimento de trabalhadores de Consta COAP Região: no da REDUÇÃO DO TABAGISMO; AUMENTO DA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA; MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA; REDUÇÃO NA MORTALIDADE POR ACIDENTES; INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE TRABALHO COM GRUPOS AÇÕES ESPECÍFICAS DA PNPS 77 Considerando que o objetivo de um modelo lógico é ser um desenho funcional que apresente visualmente como um Programa/Política poderá se desenvolver, de sua possível execução em um determinado cenário e como pretende resolver os problemas iniciais identificados (Silva, 2007), o Modelo Lógico apresentado teve como pretensão apresentar a implementação da PNPS na 13ª. Região de Saúde do estado do Ceará. A PNPS constitui como já referida, enquanto estratégia de produção de saúde, ou seja, como um modo de pensar e de operar articulada às demais políticas do sistema de saúde, contribuindo na construção de ações que possibilitam responder às necessidades sociais em saúde. Retomando a matriz da PNPS, apresentada no inicio desta discussão e coloca em diálogo com o Modelo Lógico da implementação da PNPS na 13ª Região de Saúde, sendo assim infere-se que a PNPS está em processo de implementação, com registros de alguns resultados, porém com um desejo expresso de ampliação de recursos materiais e imateriais com vistas à consolidação deste processo. Destaca-se ainda uma intencionalidade dos gestores de implementar e incorporar a promoção da saúde nos processos de produção de saúde. 78 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES O estudo de avaliabilidade da PNPS contribuiu para um melhor entendimento do campo da promoção da saúde e os movimentos de institucionalização, implantação e implementação desta. O referencial teórico-metodológico que orientou este estudo de avaliabilidade nos ajudou a elaborar respostas aos questionamentos inicialmente postou e visualizar a exiguidade dos objetivos. O recorte estudado, 13ª região de saúde, nos permitiu conhecer os desafios dos movimentos macro e micro vivenciados na implementação da PNPS. Colocando em destaque a insuficiência de apropriação da PNPS por parte dos gestores. Ao tempo que apresentam um desejo manifesto de potenciá-la. A análise dos instrumentos de gestão permitiu também averiguar que não há indicadores para as ações de promoção da saúde nos municípios, situação que denota a insuficiência de instrumentos de monitoramento e avaliação, podendo contribuir para a invisibilidade de alguns resultados. Portanto, é possível compreender que há necessidade de se estabelecer indicadores de acompanhamento para as ações de promoção da saúde, devendo estas estar expressas nos instrumentos orientadores de gestão. Na 13ª Região de Saúde verificou-se que a PNPS ainda não está suficientemente implantada, ou seja, ainda se encontra em processo de implantação e/ou implementação, da PNPS. A maioria dos municípios possui em seus instrumentos de gestão ações específicas da política, mas na prática ainda há muitas dificuldades para a efetivação desta, como foi apresentado pelos gestores. Porém, algumas recomendações poderiam ser feitas para a implementação da PNPS como: realizar um diagnóstico de como a política acontece nos municípios brasileiros; investir na política em sua totalidade, não apenas em ações desvinculados umas das outras; Incluir mais indicadores da PNPS nas pactuações do SUS; Expandir para todos os municípios os sistemas de informação que visam coletar informações para a avaliação desta; Revisar periodicamente o modelo lógico da PNPS; disseminar os resultados desta pesquisa para gestores, técnicos e profissionais da Estratégia Saúde da Família; Promover maior interação entre os objetivos, diretrizes e ações da PNPS com os gestores, profissionais da ESF, controle 79 social; meio acadêmico e com a sociedade em geral; Melhorar a divulgação e o financiamento a cerca da PNPS. Além disso, a PNPS precisa ser reformulada, até porque as suas ações específicas foi para o biênio 2006-2007, além de ser reformulada, precisa ser retomada quanto a sua adesão, implantação e implementação. De acordo com Buss (2009), a “Política Nacional de Promoção da Saúde nunca teve vigência integral real no interior do sistema de saúde”. Nesse sentido, é importante que a promoção da saúde no Brasil possa pensar em políticas públicas saudáveis voltadas para a diminuição das iniquidades sociais, evidenciadas nas desigualdades em saúde na vida individual e coletiva, visando alcançar o fortalecimento da ação comunitária necessária ao exercício da autonomia. Valorizando o conhecimento popular e da participação social, já que estas estão na base da promoção da saúde. Ressalta-se como limitação do estudo que o resultado final apresentado no Modelo Lógico foi baseado no discurso dos gestores, pois não temos indicadores formalizados nos municípios para o monitoramento e avaliação da PNPS. O modelo lógico construído nesse estudo pode ser estudado e revisado a qualquer momento, à medida que novas diretrizes, estratégias de implementação e forem inovando ou que outras lentes analíticas e ou avaliativas direcionem para a PNPS. 80 REFERÊNCIAS BEZERRA, L.C.A. et al. Identificação e caracterização dos elementos constituintes de uma intervenção: pré-avaliação da política ParticipaSUS. Ciência & Saúde Coletiva, 17(4):883-900, 2011. BOARETTO, M.C. A Promoção da Saúde no Pacto pela Vida, segundo a Assistência. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação da Saúde. Anais : I Seminário sobre a Política Nacional de Promoção da Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação da Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.252 p. – (Série D. Reuniões e Conferências). BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília, DF, 2006. BRASIL. 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Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, rubrique todas as folhas e assine ao final deste documento, com as folhas rubricadas pelo pesquisador, e assinadas pelo mesmo, na última página. Este documento está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma. Pesquisa: POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM ESTUDO SOBRE A AVALIABILIDADE NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO NORDESTE BRASILEIRO Irlanda Pontes de Oliveira (mestranda) – [email protected] Maria Socorro de Araújo Dias (orientadora) – [email protected] Considerando a relevância da implantação da Política Nacional de Promoção da Saúde – PNPS para a consolidação do SUS; o tempo de implantação desta; a necessidade de compreensão acerca dos elementos dificultadores e facilitadores no processo de execução de suas ações. Esta proposta de pesquisa tem por meta a realização de um estudo de avaliabilidade sobre a PNPS. Avaliabilidade é o exame sistemático e preliminar de um programa, em sua teoria e em sua prática, a fim de estabelecer se há justificativa para uma avaliação extensa e/ou para melhor delimitar os objetivos do programa, bem como identificar área criticas a serem priorizadas na avaliação. Diante desse contexto, o objetivo geral da pesquisa é analisar a avaliabilidade da Política Nacional de Promoção da Saúde numa Região de Saúde do Estado do Ceará.Sua participação na pesquisa ocorrerá durante aplicação de um roteiro de entrevista semiestruturado e uma reunião de apresentação e discussão do modelo lógico construído durante a pesquisa, que terá um total de 02 horas de trabalhos: 88 Primeiro momento: Aplicação de um roteiro de entrevista semiestruturado; Segundo momento: Exposição oral do modelo lógico da PNPS construído a partir das pesquisas em documentos oficiais, normas, portarias, programações, relatórios sobre a PNPS e os resultados do roteiro de entrevista semiestruturado. Durante a entrevista e a reunião a reunião suas respostas estarão sendo gravadas e também estaremos fotografando o grupo. Se você não quiser aparecer nas imagens, solicitamos que nos informe para que façamos fotografias sem identificação frontal da sua pessoa. A princípio, os riscos relacionados à pesquisa serão de caráter intelectual por constrangimento caso os participantes se sintam incomodados com a perspectiva de responderem as questões deforma coletiva. Gostaria de informá-lo que o pesquisador fará de tudo para evitar, conforme Barbour (2009) pressão para respostas, o julgamento das respostas, o menosprezo das informações repassadas, o uso de termos pejorativos ou expressões incorretas politicamente. É importante também que você se sinta livre para o uso da palavra com sugestões e correção de conteúdos apresentados pela pesquisadora. A relevância do estudo configura-se na possibilidade de fornecer subsídios para uma análise crítica dos gestores que trabalham diretamente com a referida Política nos municípios que se constituirão campo de investigação e o papel da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde – CRES/Tianguá/CE, como articuladora da Região de Saúde. Podendo, por generalização naturalística, se constituir numa ferramenta de gestão não só para a região da 13ª CRES, mas também para os demais municípios brasileiros, como subsídio para uma posterior avaliação da PNPS nas três esferas federativas (municipal, regional e nacional). Os benefícios da pesquisa estão relacionados ao desenvolvimento de um Modelo Lógico da PNPS; validação desse Modelo Lógico com especialistas; identificação da compreensão dos gestores sobre a PNPS; identificação na Programação Anual da Saúde, 2010 a 2013, dos municípios que integram a região de saúde da Ibiapaba as ações específicas da PNPS; identificação no Relatório Anual de Gestão, 2010 a 2013, dos municípios que integram a região de saúde da Ibiapaba as ações específicas da PNPS; identificação dos mecanismos utilizados pela Região de Saúde para a implementação da PNPS na Região da Ibiapaba e identificação dos elementos dificultadores e facilitadores no processo de execução das ações da PNPS. O percurso metodológico é um estudo de avaliabilidade com abordagem qualitativa, pois tenta compreender a natureza de um fenômeno social, a Política de Promoção da Saúde. Concernente ao exposto e tomando em consideração o objeto deste estudo, a avaliabilidade da 89 PNPS na 13ª Região de Saúde do Ceará, será examinada a luz do referencial de avaliabilidade proposto por Leviton et. al. (1998). Este autor considera que um estudo de avaliabilidade é um processo cíclico e dinâmico que consiste em: a) esclarecimentos sobre os objetivos e metas do programa; b) desenvolvimento e pactuação do modelo lógico com os interessados; c) análise e comparação entre a realidade da política e o modelo lógico; d) elaboração de recomendações. Os resultados da pesquisa serão divulgados durante a defesa de dissertação da mestranda Irlanda Pontes de Oliveira e em reuniões da Comissão Intergestora Regional – CIR. Solicitaremos pauta à Presidente da CIR nas reuniões que já acontecem mensalmente. Comunicaremos a data quando autorizado pela CIR (13ª CRES) com o objetivo de proporcionar a presença aos mesmos. Garantimos que durante estas divulgações dos resultados seu nome será resguardado e a não ser que deseje não se fará menção ao seu nome, município do qual faz parte ou outros dados que identifique. Garantimos que a referida pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú, situado à Avenida Comandante Maurocélio Rocha Pontes nº 186, Bairro Derby Club - Sobral-CE, telefone para contato: (88)3677 42 55. Finalmente, que você entenda que a sua participação é livre e que a retirada de seu nome como informante não implicará em nenhum prejuízo nas relações profissionais e/ou pessoais que mantemos na instituição ou fora dela. Também desejamos explicar que não haverá qualquer remuneração a ser paga por sua participação. Muito obrigada pela sua participação! ____________________________________ Pesquisadora: Irlanda Pontes de Oliveira Rua Pedro Aragão, S/N, Centro - Ibiapina-CE Telefone: (88) 92392826 E-mail: [email protected] CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO Eu, _____________________________________________, RG____________________, CPF___________________ abaixo assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informado e esclarecido sobre a pesquisa, os procedimentos 90 nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de acompanhamento, assistência e tratamento. Local e data: ________________________________________________________________ Nome do sujeito: _____________________________________________________________ Assinatura do Sujeito ou Responsável: ____________________________________________ Telefone para contato: _________________________________________________________ Nome da Pesquisadora: Irlanda Pontes de Oliveira Assinatura da Pesquisadora Responsável: _________________________________________ Endereço: Rua Pedro Aragão, S/N, Centro - Ibiapina-CE Telefone para contato: (88) 92392826 E-mail: [email protected] 91 APÊNDICE B REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA MESTRADO PROFISSIOANL EM SAÚDE DA FAMÍLIA ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA (MUNICÍPIOS) 1. Qual a sua formação? E sua função na instituição? 2. Há quantos anos você trabalha na instituição? 3. E nessa função? 4. Na sua opinião, quais são os principais objetivos da PNPS? 5. Quais são suas responsabilidades com a implementação da PNPS? 6. Qual é a população alvo da PNPS? 7. O que está sendo feito do que foi proposto nos instrumentos de gestão para execução da PNPS? 8. Descreva as atividades que são desenvolvidas no município referentes à política. Cite exemplos. 9. Possui algum indicador trabalhado no município relacionado à PNPS? 10. Das ações priorizadas para a PNPS, quais ações o município trabalha? 11. Que estrutura você precisa para executar as ações prioritárias da PNPS? 12. Em sua opinião, quais os principais resultados da PNPS observados por você no município? 13. Quais seriam as suas principais recomendações para a implementação da PNPS? 14. Quais as facilidades encontradas no município para a execução das ações da Política Nacional de Promoção da Saúde? E quais as dificuldades? 14. A CRES tem participado na implantação e/ou implementação da PNPS na região de saúde? 92 APÊNDICE C REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA MESTRADO PROFISSIOANL EM SAÚDE DA FAMÍLIA ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA (REGIÃO DE SAÚDE – 13ª CRES) 1. Qual a sua formação? E sua função na instituição? 2. Há quantos anos você trabalha na instituição? 3. E nessa função? 4. Na sua opinião, quais são os principais objetivos da PNPS? 5. Quais são suas responsabilidades com a implementação da PNPS na região de saúde? 6. Qual é a população alvo da PNPS? 7. O que está sendo feito do que foi proposto nos instrumentos de gestão para execução da PNPS na região de saúde? 8.Quais seriam as suas principais recomendações para a implementação da PNPS na região de saúde? 9. Quais as facilidades encontradas na região de saúde para a execução das ações da Política Nacional de Promoção da Saúde? E quais as dificuldades? 10. Como a CRES tem participado na implantação e/ou implementação da PNPS na região de saúde? 93 APÊNDICE D REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA MESTRADO PROFISSIOANL EM SAÚDE DA FAMÍLIA TERMO DE FIEL DEPOSITÁRIO Aos 05 (cinco) do mês de julho de 2013 (dois mil e treze), fica Irlanda Pontes de Oliveira, CPF: 726.378.203-06, residente à Rua Pedro Aragão, n° 225, bairro: Centro, no Município de Ibiapina-CE, constituído como fiel depositário dos instrumentos de gestão Programação Anual de Saúde – PAS e Relatório Anual de Gestão - RAG dos municípios de Viçosa do Ceará, Tianguá, Ubajara, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte e Croatá. Ressalto que estou ciente de que serão garantidos os direitos, dentre outros assegurados pela resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, de: 1) Garantia de confidencialidade, do anonimato e da não utilização das informações em prejuízo dos outros. 2) Que não haverá riscos para o sujeito da pesquisa. 3) Emprego dos dados somente para fins previstos nesta pesquisa. 4) Retorno dos benefícios obtidos através deste estudo para as pessoas e a comunidade onde o mesmo foi realizado. 5) Responsabiliza-se pela boa guarda dos documentos acima elencados, pelo prazo de XX dias; 6) Está ciente de que, nos casos de extravio sem causa justificável dos documentos sob a sua guarda, será tido como infiel depositário sujeito à prisão civil nos termos do inciso LXVII do artigo 5º da Constituição Federal. Informo-lhe ainda, que a pesquisa somente será iniciada após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA, para garantir a todos os envolvidos os referenciais básicos da bioética, isto é, autonomia, não maleficência, beneficência e justiça. Ibiapina-CE, 05 de Julho de 2013. Município de Viçosa do Ceará__________________________________________ 94 Município de Tianguá ______________________________________ Município de Ubajara ______________________________________ Município de São Benedito ______________________________________ Município de Carnaubal__________________________________________ Município de Guaraciaba do Norte ___________________________________ Município de Croatá ______________________________________ Município de Ibiapina ______________________________________ ______________________________________ Assinatura do fiel depositário 95 APÊNDICE E REDE NORDESTE DE FORMAÇÃO SAÚDE DA FAMÍLIA UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ-UVA MESTRADO PROFISSIOANL EM SAÚDE DA FAMÍLIA CARTA DE ANUÊNCIA Pelo presente instrumento vimos informar que o projeto de pesquisa intitulado: POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: UM ESTUDO DE AVALIABILIDADE NUMA REGIÃO DE SAÚDE NO NORDESTE BRASILEIRO, pesquisa esta que acontecerá na Serra da Ibiapaba (13ª Coordenadoria Regional de Saúde - CRES/Tianguá-CE), autoria de Irlanda Pontes de Oliveira e orientação da Profª Drª Maria Socorro de Araújo Dias, classificado como pesquisa de dissertação de mestrado foi submetido à Coordenadoria Regional de Saúde da 13ª CRES – Tianguá/CE, tendo sido aprovado a permissão para realizar a pesquisa na Região da Saúde. Recomendamos que ao término da pesquisa, cópia do relatório final seja encaminhada a esta CRES. Tianguá, 03 de Julho de 2013 ___________________________________________ Coordenadora da 13ª Região de Saúde