Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação Curso de Bacharelado em Secretariado Executivo Trílingue ALINE CARDOSO DOS SANTOS MÔNICA DE SOUZA FIGUEIREDO NILDA MARIA SANTOS DE OLIVEIRA RELAÇÕES INTERPESSOAIS: RECORTE DE UM ESTUDO DE CASO NO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO – CCSE/ UEPA Belém 2009 ALINE CARDOSO DOS SANTOS MÔNICA DE SOUZA FIGUEIREDO NILDA MARIA SANTOS DE OLIVEIRA RELAÇÕES INTERPESSOAIS: RECORTE DE UM ESTUDO DE CASO NO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO – CCSE/ UEPA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Secretariado Executivo Trilíngue, Universidade do Estado do Pará. Orientador: Prof. M.Sc. Iracildo Pereira Castro. Belém 2009 Dados Internacionais de catalogação na publicação Biblioteca do Centro de Ciências Sociais e Educação da UEPA Santos, Aline Cardoso dos Relações Interpessoais: recorte de um estudo de caso no Centro de Ciências Sociais e Educação - CCSE-UEPA/ Aline Cardoso dos Santos, Mônica de Souza Figueiredo e Nilda Maria Santos de Oliveira; orientação de Iracildo Pereira e Castro. Belém, 2009. Monografia (Conclusão do Curso de Secretariado Executivo Trilíngue) Universidade do Estado do Pará, Belém, 2009. 1. Produtividade do Trabalho 2. Relações Interpessoais 3. Servidor Público I. Figueiredo, Mônica de Souza II. Oliveira, Nilda Maria Santos de III. Título. CDD: 21 ed. 331.118 ALINE CARDOSO DOS SANTOS MÔNICA DE SOUZA FIGUEIREDO NILDA MARIA SANTOS DE OLIVEIRA RELAÇÕES INTERPESSOAIS: RECORTE DE UM ESTUDO DE CASO NO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO – CCSE/ UEPA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Secretariado Executivo Trilíngue, Universidade do Estado do Pará. Data da aprovação: 24/02/2010 Banca Examinadora _______________________________________ - Orientador Prof. Iracildo Pereira Castro Mestre em Educação UEPA/ PUC-RIO _______________________________________ Prof. Diniz Antonio de Sena Bastos Mestre em Docência Universitária Universidade do Estado do Pará Às nossas famílias, por serem a razão de nosso viver! AGRADECIMENTOS Expressamos nossa gratidão a UEPA, que nos proporcionou os conhecimentos necessários para nossa formação acadêmico-profissional. Agradecemos também à Coordenação do curso de Secretariado pelo apoio durante esses quatro anos, em especial ao professor Antônio José, à Alessandra Cardoso e à Suziane. Dedicamos especial agradecimento ao nosso professor e orientador Iracildo Pereira Castro, o qual prestou imensurável auxílio para a produção deste trabalho, proporcionando momentos de reflexão sobre o tema abordado, e descontração com seu senso de humor peculiar, o que ajudou a atenuar as tensões “pré - TCC”. Aos servidores do CCSE por terem contribuído para a realização desta pesquisa, e aos queridos colegas Astrid Age, Carlos Campelo e Glads Serra, que dividiram conosco momentos especiais. À Profa. Ioneli Bessa, que dispensou especial atenção e apoio a nós, com seus valiosos conselhos e conhecimentos. Nós três. Agradeço acima de tudo a Deus, que sempre zela por mim, guiando-me em cada passo de minha vida. Sem Ele eu nada seria. Também expresso minha imensa gratidão aos meus familiares, em especial a meus pais Paulo e Fátima, que sempre se empenharam para me proporcionar uma educação e vida de qualidade. Meu amor por vocês é eterno. Impossível não mencionar os colegas que me acompanharam nesses quatro anos de curso, dividindo todas as preocupações e conquistas, medos e certezas. Vocês são demais. Agradeço às amizades que surgiram dessa convivência, e que desejo manter ao longo de minha vida, em especial minhas amigas e parceiras de trabalho, Monikita - com seu desespero controlado - e Nildoka – com seu controle desesperado - sem as quais eu não teria vencido tantos obstáculos e ainda me divertido com isso. Foi maravilhoso me desesperar com vocês meninas! Agradeço também o apoio constante de minhas irmãs de coração, sempre tão dispostas a me ouvir e ajudar a todo momento; aos amigos, recentes ou antigos, distantes ou perto, que me ajudaram a ter forças para continuar minha caminhada; e a cada pessoa que passou por minha vida nesses quatro anos e, de alguma forma, contribuiu para meu crescimento como ser humano e profissional. Vocês também fazem parte dessa vitória. Aline A Deus, por guiar nossos passos, a meus pais Helenice e Canrobert e ao meu irmão Marcos, pelo suporte, dedicação e amor neste e em todos os momentos da minha vida. A Thiago Soares, minha companhia preferida, meu melhor amigo e meu amor. À Ana Gabriela Fontoura (Gabi), “minha chefa”, pela amizade que construímos nesse pouco tempo de convivência, uma pessoa e profissional exemplar. Aos familiares e amigos, em especial os colegas do Curso de Secretariado, vocês foram fundamentais para que eu chegasse ao final desta graduação. Às queridas e “loucas” Aline e Nilda, por me acolherem como “o terceiro elemento” no trabalho e por compartilharem comigo todas as dúvidas, crises, medos do TCC, e principalmente todas as (muitas) horas de alegrias, gargalhadas e confidências. Adoro vocês! Mônica A Deus, pela saúde e tranqüilidade para concluir esse trabalho e por conduzir meus caminhos na direção certa. À minha querida mãe Maria de Lourdes e ao meu pai Carlos pelo amor, dedicação, orgulho e por sempre acreditarem que esse momento se tornaria realidade. Ao meu marido José Gomes de Oliveira, pelo carinho e compreensão nos momentos difíceis. Ao meu filho Gustavo de Oliveira, pelo amor incondicional e por fazer extraordinariamente parte da minha vida. Aos amigos do Centro de Educação pela força e incentivo, sempre e sempre... À turma 4SETV por serem amigos em todas as horas, e pela ajuda recebida. Deus não poderia ter me colocado em outra turma. Às minhas eternas amigas Aline e Mônica, que durante esses 4 anos se tornaram minhas irmãs de coração e preencheram o sentimento de vazio por não ter irmãos. Também por serem incansáveis na produção desse trabalho, pela força, incentivo e pelos momentos tristes e alegres que contribuíram para que eu tivesse cada vez mais força para prosseguir nesta caminhada. À profa. Ana Claudia Hage e ao prof. José Roberto Silva pela amizade, carinho e por acreditarem no meu potencial, e terem me mostrado o caminho a ser trilhado. À Nádia Moutinho, por todo o ensinamento transmitido durante esses 11 anos de UEPA. À profa. Maria José Cravo e ao prof. Gilberto Vogado pela amizade e compreensão durante o desenvolvimento desse trabalho, extremamente importante em minha caminhada. Nilda “A resposta que o homem dá a um desafio não muda só a realidade com a qual se confronta; a resposta muda o próprio homem.” Paulo Freire SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... RESUMO FIGUEIREDO, Mônica de Souza; OLIVEIRA, Nilda Maria Santos; SANTOS, Aline Cardoso dos. Relações interpessoais: recorte de um estudo de caso no Centro de Ciências Sociais e Educação – CCSE/ UEPA. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2009. Este trabalho trata das relações interpessoais estabelecidas entre os servidores agentes administrativos efetivos do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará (CCSE/ UEPA. Os objetivos da pesquisa foram analisar as influências dessas relações no ambiente organizacional; verificar se elas afetam a produtividade do servidor; e averiguar a atuação da Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP/UEPA) no que diz respeito a essa temática. Questionários e entrevista para a coleta de dados, e pesquisa bibliográfica para embasamento teórico foram utilizados a fim de realizar uma análise do tipo quantiqualitativa. Os resultados obtidos demonstraram que as relações humanas exercem grande influência no desempenhar das tarefas de trabalho, tanto de forma positiva quanto negativa. Constatou-se, a partir dos depoimentos coletados, que um ambiente que propicie harmonia e integração, colabora para o aumento da produtividade dos trabalhadores. Por outro lado, um ambiente no qual haja desconforto e problemas de relações interpessoais entre os colegas provoca uma desmotivação no que tange à produção laboral. A pesquisa comprovou que a DGP possui uma atuação considerável na promoção de capacitações em relações humanas, contudo os dados coletados demonstraram um certo grau de desconhecimento ou desinteresse por essas ações pela maioria dos entrevistados. Palavras-chave: Relações Interpessoais. CCSE. Produtividade. Servidor Público. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... ABSTRACT FIGUEIREDO, Mônica de Souza; OLIVEIRA, Nilda Maria Santos; SANTOS, Aline Cardoso dos. Relações interpessoais: Recorte de um estudo de caso no Centro de Ciências sociais e Educação – CCSE/ UEPA. 2009. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue) – Universidade do Estado do Pará, Belém, 2009. This work is about the interpersonal relationship established among the administrative agents of “Centro de Ciências Sociais e Educação at Universidade do Estado do Pará” (CCSE/ UEPA). The research aimed at analyzing the influences of these relationships in the organizational environment; verifying if they affect the servants’ productivity; and checking the how the “Diretoria de Gestão de Pessoas” (DGP/ UEPA) addresses this issue. The research methodology underlying this study was based on a quantitative and qualitative analysis, so questionnaires and an interview were used during the data collection, and a bibliographic research was also held. The results showed that the human relationships exercise a great influence on their labour performance, in good or bad ways. It was verified, from the testimonies collected, that an environment that provides harmony and integration collaborates to the increase of workers productivity. On the other way, an environment, in which discomfort and interpersonal relationship problems occur among the colleagues leads to a demotivational work production. This research proved that DGP does a good work on qualification in human relationship, however the data collected showed a certain kind of unfamiliarity or uninterest for such actions by most of the people interviewed. Key-words: Interpersonal relationships. CCSE. Productivity. Civil Servant. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1Quadro 1 Figura 2 Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Figura 3 Tabela 4 Tabela 5 Fachada do Centro de Ciências Sociais e Educação – CCSE Gestores do CCSE e período (aproximado) da gestão. Vista aérea do CCSE. Tempo de serviço dos entrevistados. Faixa etária dos entrevistados. Gênero dos entrevistados. Porta de entrada da DGP Respostas da 1ª pergunta do questionário. Classificação das respostas do tipo “bom” com relação aos comentários 36 37 38 41 41 42 43 44 44 SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................12 2 CONCEITUANDO RELAÇÕES INTERPESSOAIS................................................15 3 O HOMEM, O TRABALHO E SUAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS....................23 3.1 GESTÃO DE PESSOAS.......................................................................................25 3.2 AMBIENTE E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL....................................30 4 CONTEXTUALIZANDO O CAMPO DE PESQUISA...............................................34 4.1 O LOCUS DA PESQUISA.....................................................................................34 4.2 OS SUJEITOS DA PESQUISA.............................................................................39 4.3 OS PROCEDIMENTOS DA PESQUISA...............................................................42 4.4 ANÁLISE DOS DADOS.........................................................................................43 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................52 REFERÊNCIAS...........................................................................................................55 APÊNDICE..................................................................................................................58 12 SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 1 INTRODUÇÃO O mundo contemporâneo traz grandes desafios que se tornam cada vez mais presentes no dia-a-dia das pessoas, causando impactos na vida pessoal e profissional dos indivíduos. Sob essa perspectiva, a questão das relações interpessoais vivenciadas no ambiente de trabalho vem sendo bastante discutida por várias empresas públicas e privadas, que buscam um melhor rendimento de seus funcionários. Isso porque os eventuais problemas de relacionamentos interpessoais interferem na produtividade do profissional e, por conseguinte, na qualidade dos serviços prestados (LINO, 2007). De acordo com Minicucci (2001): [...] as relações humanas ou interpessoais são acontecimentos que se verificam no lar, na escola, na empresa. E quando há conflitos no relacionamento interpessoal, diz-se que há problemas de relações humanas (p. 25). Dessa forma, o interesse por esta temática partiu da necessidade de investigar o indivíduo no ambiente de trabalho e identificar situações positivas e/ou negativas nos relacionamentos lá estabelecidos, seus comportamentos, seus sentimentos e a interação com os demais colegas de trabalho. Acredita-se que por meio das relações interpessoais consegue-se a interação, integração e uma comunicação satisfatória, fatores estes que proporcionam uma relação de harmonia no ambiente de trabalho. Isto corrobora para o desenvolvimento dessas relações entre colegas/funcionários, já que a necessidade de contato entre estes é inevitável, partindo do pressuposto de que todos precisam dividir o mesmo ambiente de trabalho. Segundo Tourinho (1982), para que as relações interpessoais sejam estabelecidas dentro de uma organização1, faz-se necessário a existência de um contato entre aqueles que nela trabalham, uma percepção entre e sobre os indivíduos. Desse modo é extremamente necessário que os contatos entre estes indivíduos ocorram de forma satisfatória, e assim os relacionamentos interpessoais dentro de uma organização aconteçam de fato. Isto possibilita que todos possam 1 Entende-se organização como “um conjunto de pessoas que trabalham juntas numa divisão de trabalho para atingir um objetivo comum” (SCHERMERHORN, 1999, p.30). SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 13 conhecer a si próprio e o seu colega de trabalho, passando a valorizar, a respeitar seus sentimentos e emoções. Bom Sucesso (apud PEPE, 2009, p. 1) afirma que “a valorização do ser humano, a preocupação com sentimentos e emoções, e com a qualidade de vida são fatores que fazem a diferença”. Assim, considera-se que as relações interpessoais são primordiais no processo de interação e valorização do individuo em qualquer circunstância de sua vida, e que merecem uma atenção especial por parte dos pesquisadores. Por isso busca-se discutir no presente trabalho uma temática bastante relevante, tanto para os profissionais das mais diferentes áreas do conhecimento, como também servir de subsídio para gestores do serviço público preocupados com a melhoria da qualidade das relações servidor/ servidor e o público envolvido. Como questão central da pesquisa busca responder a seguinte situaçãoproblema: De que forma se dão as relações interpessoais entre os agentes administrativos efetivos do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará – CCSE/ UEPA? As questões auxiliares à pesquisa são: a) Como se dão as relações interpessoais entre os agentes administrativos efetivos do CCSE/ UEPA? b) Como as relações interpessoais interferem no desempenho das tarefas laborais destes servidores? c) Qual a forma de atuação do Departamento de Gestão de Pessoas em relação à gestão dos relacionamentos interpessoais no CCSE/ UEPA? A academia tem em sua essência transmitir e difundir o conhecimento à comunidade em geral, porém, para que este papel da universidade seja de fato alcançado, há por traz disto toda uma infra-estrutura necessária ao funcionamento desta organização. Milkovich (2000, p. 19) afirma que “os recursos humanos (RH) trazem o brilho da criatividade para a empresa”, ou seja, o que dá vida e personalidade à Instituição são as pessoas que nela trabalham e ali passam grande parte de seu tempo. Para que a academia preste os serviços administrativos a ela inerentes, é necessária constante atenção ao seu quadro de funcionários, privilegiando a qualificação e garantindo assim a qualidade dos serviços prestados, afinal, “sem pessoas eficazes, é simplesmente impossível para qualquer empresa atingir seus objetivos” (MILKOVICH, 2000). SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 14 Neste sentido as relações interpessoais estabelecidas dentre os funcionários ganham destaque, e tornam-se interessantes ao estudo científico, pois o indivíduo (funcionário) e as relações estabelecidas por ele com seus colegas de trabalho, afetam diretamente a organização. Referência em educação no Estado do Pará, o CCSE/ UEPA torna-se um interessante locus de pesquisa, por dispor de um quadro de funcionários expressivo que atende milhares de estudantes de graduação e pós-graduação, professores e a comunidade em geral. Investigar as relações interpessoais estabelecidas neste âmbito e seus possíveis conflitos, verificando as interferências deles no desempenho destes funcionários, é uma forma de identificar as principais situações que influenciam no relacionamento humano nos diversos setores desta organização e contribuir com dados às gestões de RH da instituição. O objetivo geral desta pesquisa é analisar as influências das relações interpessoais existentes entre os agentes administrativos efetivos do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará – CCSE/ UEPA. Os objetivos auxiliares são averiguar de que modo as relações interpessoais interferem no desempenho das tarefas laborais entre os agentes administrativos do CCSE/ UEPA, bem como investigar a forma de atuação da Diretoria de Gestão de Pessoas em relação à gestão dos relacionamentos interpessoais no CCSE/ UEPA, e desta forma oportunizar uma discussão crítica a respeito da temática. O trabalho apresenta a seguinte estrutura: Inicia-se com uma introdução, seguida de três seções, sendo que a primeira deu-se por meio de uma pesquisa do tipo bibliográfico, abordando os aspectos teóricos das relações interpessoais e dando enfoque a autores clássicos e contemporâneos que tratam da temática. A segunda seção, também de caráter bibliográfico, fala das relações “homem e trabalho”, seguida de pesquisa de campo na terceira seção, de cunho quantiqualitativo, a qual foi realizada por meio de um recorte de estudo de caso entre os funcionários efetivos de nível médio do Centro de Ciências Sociais e Educação da Universidade do Estado do Pará – CCSE/ UEPA. A última parte do trabalho trata-se das considerações finais. 15 SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 2 CONCEITUANDO RELAÇÕES INTERPESSOAIS Dentre todas as ciências estudas pelo ser humano e que o ajudam a entender melhor tudo o que está ao seu redor, não poderia escapar-lhe a criação de um estudo voltado para buscar uma melhor compreensão de seus semelhantes e de si próprio. Essa ciência apóia-se em áreas do conhecimento como a psicologia, sociologia, ética e outras que compõem o grupo das chamadas ciências sociais. Essas áreas do conhecimento são voltadas à análise dos fenômenos ocorridos na sociedade, e como esta nada mais é do que o conjunto de seres humanos que coabitam em um mesmo ambiente, a nomenclatura mais utilizada seria “ciência do comportamento humano”, também conhecida como “ciência das relações humanas”. Nesta estuda-se tanto o comportamento do indivíduo isoladamente (relacionamento intrapessoal) como seu comportamento em grupo (relacionamento interpessoal). As relações humanas, comumente chamadas também de relações interpessoais, são conceituadas por Tourinho (1982, p. 81) como “Um processo de integração de indivíduos numa situação”. Quase 20 anos depois dessa conceituação, Minicucci (2001) define as Relações Interpessoais como acontecimentos que ocorrem entre indivíduos em todos os âmbitos sociais, como no lar, na escola, no trabalho, afirmando ainda que quando ocorrem atritos entre pessoas, devido a uma relação interpessoal deficiente, diz-se que há problemas de relações humanas. Baseando-se nos dois autores pode-se inferir que as relações interpessoais são resultado de qualquer contato humano, e se dão de maneira natural, muitas vezes involuntária, podendo produzir efeitos positivos ou negativos em cada indivíduo, variando de acordo com a forma de abordagem que é própria de cada um. Segundo Minicucci (idem) um administrador eficiente tem que ser capaz de lidar tanto com problemas econômicos e técnicos, como também tem a necessidade de compreender e lidar com pessoas. Isso quer dizer que não adianta ter pleno domínio das áreas do conhecimento administrativo ou empresarial se não há habilidades bem desenvolvidas em relacionamentos interpessoais, pois o conhecimento técnico não se põe em prática sem a mobilização humana. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 16 Problemas não podem ser solucionados sem o envolvimento de pessoas no processo. Por isso, torna-se imprescindível, principalmente para pessoas que se encontram em posições sociais de comando (como gerentes, pais, governantes) o desenvolvimento de um tato aguçado no lidar com pessoas e suas relações. A forma de contato com outros indivíduos é uma ocorrência de fundamental importância no âmbito das relações humanas, uma vez que será o nível de qualidade dessa interação que determinará os resultados dela. Com isso percebe-se a importância de se humanizar ao máximo as relações interpessoais, por meio do respeito, solidariedade, cordialidade e outras atitudes de cunho ético. Dessa forma, tais relações serão consolidadas e fortificadas com um caráter positivo, tornando assim o ambiente de convívio tranqüilo e aprazível, e a interação mais produtiva e agradável. É comum encontrar pessoas que tenham uma receita “na ponta da língua” de como se deve estabelecer uma boa relação interpessoal. Porém mais comum ainda é ver a falta de tato que estes mesmos indivíduos têm com os outros. Imposição de idéias, agressividade, visão limitada do outro e inaptidão em ouvir são características muito comuns nesse tipo de pessoas. Todas essas são maneiras e costumes prejudiciais à manutenção de bons relacionamentos interpessoais. Grande parte das nossas atividades e trabalhos é realizada por meio do contato com os outros, seja como indivíduos ou como grupo. Dessa forma, as habilidades de compreensão e traquejo interpessoal tornam-se necessárias para a obtenção dos resultados desejados e planejados com as relações estabelecidas, sejam elas dentro da empresa, da escola ou mesmo do lar. Quem possui uma boa compreensão do outro e boa aptidão interpessoal é mais eficaz nos relacionamentos humanos, e consegue assim extrair ao máximo o potencial e o resultado que deseja de um relacionamento. Segundo Minicucci (2001) a compreensão dos outros é a aptidão para sentir o que os outros sentem e pensam. A esta aptidão o autor denomina como “empatia”, a qual podemos inferir como a capacidade de compreender como o outro 17 SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... se sente e sua maneira de agir em função deste sentimento, porém sem deixar-se envolver pessoalmente com eles. Pode-se então dizer que para alcançar esta habilidade deve-se desenvolver uma consciência crítico-analítica do outro, sem deixar que sentimentos pessoais interfiram nesta opinião. Combinada com esta capacidade, para estabelecer bons relacionamentos também é necessário possuir uma flexibilidade de comportamento. Não se pode estabelecer critérios fixos de reações para todos as situações e pessoas. A não uniformidade de comportamento, quando se trata do manejo nas relações interpessoais, não significa uma fraqueza de caráter ou personalidade, e sim uma habilidade imprescindível para a manutenção e sobrevivência destas relações. Com base nesse pensamento Minicucci (2001) conclui que para estabelecer relações com os outros devemos: compreender as pessoas (empatia) e ter flexibilidade de ação (comportamento) em função das atitudes e sentimentos que se conseguir empatizar. Tal idéia também é defendida por Fiorelli (2000, p.113) quando afirma que “cada tipo de interação requer diferentes características de comportamento do indivíduo, associadas aos papéis a ele atribuídos e que levam em consideração a natureza das interações, os objetivos [...]”. Dessa forma, entende-se que há a necessidade de se ter um repertório de condutas flexível, adequando o comportamento de acordo com a pessoa e a situação. E para fazê-lo da melhor forma, Minicucci (idem) afirma que é preciso estimular a empatia e a flexibilidade de comportamento por meio do melhor conhecimento de si próprio; melhor compreensão do outro; além do desenvolvimento de aptidões que facilitem o relacionamento e convivência em grupo. No campo do autoconhecimento muitas pessoas sentem dificuldades para entender os porquês de suas atitudes e pensamentos em determinadas situações. Minicucci (idem, p. 33) expõe bem esta questão quando afirma “que isso pode acontecer porque temos dentro de nós conflitos que não conseguimos resolver”. Se a pessoa não consegue entender a si mesma, como poderá compreender o outro? Por isso é de fundamental importância que antes de iniciar a empreitada da compreensão alheia, seja feita uma auto-reflexão para descobrir o que agrada, irrita, deixa feliz ou triste o indivíduo, para desta forma entender melhor o porquê de certas atitudes dele, e poder assim solucionar conflitos internos. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 18 Em muitos casos, tais conflitos surgem a partir de atitudes que se tomam em situações consideradas ameaçadoras. Um exemplo são pessoas que não aceitam receber críticas e se munem de respostas imediatas para combatê-las. Esse comportamento revela a tentativa de armar-se de defesas para fugir às ameaças e não ter que enfrentá-las. Todas essas tentativas de autodefesa acabam criando um impacto no ambiente e nas pessoas ao redor, contribuindo para definir o tipo de “atmosfera psicológica” que a pessoa criará no trabalho, no lar, nos grupos de convívio. E descobrir como os demais percebem essa atmosfera é de vital importância para a melhora das relações interpessoais. Minicucci corrobora isso ao afirmar que: [...] se as pessoas descobrem como agem, por que agem e tentam descobrir maneiras para compensar tais comportamentos, isso as ajudará a agir com mais eficiência no relacionamento interpessoal e na compreensão intrapessoal (2001, p. 35). Depois que identifica e entende as barreiras e defesas que utiliza, a pessoa passa a se conhecer melhor, tornando mais simples o processo de estabelecer relacionamentos interpessoais, isto porque ela passa a compreender melhor o outro. Essa eficácia em compreender o outro também recebe, pelos autores Agostinho et. al. (2002, p. 19), a nomenclatura de convivencialidade, a qual define como “a habilidade de reconhecer o outro como ‘legítimo outro’, compreendendo que os interesses, preocupações, valores e trajetória do outro são distintos dos seus, mas em nada menos legítimos”. Esta afirmação reforça a idéia de que para se estabelecer bons relacionamentos é necessário entender o outro. E para alcançar isso não é necessário possuir algum poder especial, basta aguçar a percepção do próximo, observando seus comportamentos diante de variadas situações, dando-os a chance de exporem seus pensamentos e idéias, e demonstrarem suas próprias percepções e sentimentos nas relações interpessoais. Minicucci (idem, p. 35) confirma essa linha de pensamento ao afirmar: “Você poderá treinar sua sensitividade social (empatia), a fim de torna-se mais sensível ao desempenho do comportamento do outro”. Pode-se então dizer que com este exercício, adquiri-se a habilidade de reconhecer as diferenças entre as SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 19 pessoas, suas diferentes maneiras de agir, e passa-se a enxergar com mais clareza a razão de comportamento humano perante as atitudes alheias. Consciente disso, o indivíduo poderá desenvolver métodos para conseguir escolher qual o comportamento mais apropriado para com determinada pessoa e situação. Dessa forma é possível estabelecer relacionamentos interpessoais mais harmônicos e estáveis, e a interpretar o outro da maneira como ele realmente é, e não como se gostaria que fosse. Passadas as etapas de autoconhecimento e melhor compreensão do outro, precisa-se unir estas duas e focar no resultado da soma: o grupo. Há vários tipos de grupos formados nos mais diversos âmbitos sociais. O ser humano convive em grupo na escola, no lar, no trabalho na igreja, em toda parte. E em cada grupo ele ocupa papéis diferentes. Em casa podem ser pais, na escola alunos, no trabalho gerentes, e na igreja fiéis. E no exercício de cada papel têm diferentes comportamentos, condizentes com cada função. No entanto por mais diferentes que sejam os papeis dentro de um grupo, de acordo com Minicucci (2001) podemos classificá-los em duas grandes categorias: papeis funcionais – que acrescentam algo ao grupo – e bloqueadores – que atuam negativamente nele. E isto se torna visível ao atentar-se para o fato de que em todo convívio interpessoal sempre é possível distinguir aqueles que interrompem as falas alheias, se isolam, instigam discórdia, adulam os líderes, entre outras coisas. Essas pessoas agem como bloqueadores, pois impedem que o grupo se integre e consiga realizar suas atividades de maneira eficaz e coesa. Também há em todo grupo aqueles que são participativos, tomam iniciativas, incentivam e estimulam a cooperação intergrupal, adotando um comportamento funcional perante a equipe. Agostinho et. al. (2002) também se reportam aos estereótipos mais freqüentemente encontrados em diversos grupos, e destaca seis deles: o tipo apoiador, que é competente, mas sem meta; o aleatório, que é esforçado, mas sem métodos; o sonhador, que é criativo, mas sem objetividade; o dúbio, que apresenta ambigüidade de comportamento; o fragmentado, que traça boas metas, mas sem coerência em suas ações; e por fim o pleno, que possui equilíbrio em todas as suas ações, planejamentos e metas perante o grupo. E por mais que cada indivíduo e cada grupo tenham suas particularidades, características como as citadas são fáceis de se notar presentes, seja de uma forma mais explícita ou se uma forma mais camuflada. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 20 Outra característica comum a todos os grupos é o fato de que cada ser humano tem necessidades individuais, e que algumas delas só podem ser satisfeitas por meio de sua inserção em um grupo (FRITZEN, 1997). Portanto pode-se inferir que quando uma pessoa decide participar de um grupo, ela já tem estabelecido interesses específicos, que deverão culminar na satisfação de uma ou mais necessidades suas. Schutz apud Fritzen (1997, p. 11) enfatiza esta questão quando afirma que “os membros de um grupo não consentem em integrar-se, senão a partir do momento em que certas necessidades fundamentais são satisfeitas pelo grupo”. De acordo com Schutz apud Fritzen (idem) há necessidades interpessoais comuns a todo ser humano que passa a fazer parte de um grupo. Segundo o autor, são três essas necessidades: a de inclusão, de controle e a de afeição. A partir do momento em que o indivíduo está consciente disso, torna-se mais fácil entender o comportamento e atitudes de pessoas que estão iniciando-se em um grupo, evitando assim que tais ações sejam interpretadas de maneira errônea como desvio de conduta, arrogância, prepotência ou outro comportamento reprovável. Cada uma dessas três necessidades representa uma fase no processo de iniciação em um grupo, e esse mesmo autor afirma que primeiramente há a preocupação com inclusão, depois com controle, e posteriormente com afeição. Logo ao entrar em um grupo, a pessoa experimenta, segundo o autor, a vontade “de se sentir aceito, integrado, valorizado totalmente por aqueles aos quais se junta”, caracterizando a necessidade de inclusão. Esta é uma fase delicada, na qual o indivíduo ainda está cheio de dúvidas, inseguranças e receios em relação às novas pessoas com quem irá interagir. Surgem questionamentos internos de como será recebido pelo grupo, que o aceitará ou rejeitará, e ainda o que deve fazer para ser aceito. Fritzen (idem) ainda enfatiza que é nesta fase que a pessoa se dá conta se está ou não no grupo certo, por meio de uma sondagem, para ver se há algum tipo de identificação com algum membro do grupo. Quando isto acontece, a aproximação é facilitada, tornando mais possível o sentimento de inclusão. “Para o funcionamento de um grupo eficaz, a satisfação da necessidade de inclusão representa um pré-requisito indispensável” (FRITZEN, idem, p. 12). Isso se torna claro quando se estabelece que para um relacionamento interpessoal dar certo, e alcançar os objetivos almejados com ele, cada pessoa envolvida deve 21 SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... sentir-se a vontade nele, para que desta forma sua atenção e preocupação estejam voltadas para as necessidades do grupo, em não mais individuais. Após a satisfação da necessidade de inclusão, a pessoa passa a dirigir sua atenção para o controle, que segundo Schutz apud Fritzen (idem, p. 13) consiste “em definir, para si mesmo, suas próprias responsabilidades no grupo e também as de cada um que com ele forma o grupo.”. Pode-se dizer também que esta necessidade de controle é uma forma do indivíduo se sentir útil perante o grupo, e se tornar ativamente participativo dentro das atividades, progressos e objetivos da equipe. Nesta fase, a pessoa busca compreender como o grupo funciona, e formula para si perguntas como: quem tem autoridade sobre quem; como são tomadas as decisões; sob quem está o controle do grupo; como a pessoa pode influenciar o grupo e qual o seu grau de poder dentro dele. Estes questionamentos são importantes na medida em que, ao respondê-los a pessoa consegue firmar-se melhor dentro do grupo, estabelecendo para si qual o seu papel, suas responsabilidades e autoridade. Uma vez conquistada a inclusão e o controle, o indivíduo passa a confrontar-se com necessidades emocionais e de amizade, pois deseja experimentar o máximo da aproximação com as outras pessoas do grupo. Isso evidencia que em qualquer convívio social, seja ele por lazer ou trabalho, a pessoa geralmente busca estabelecer relacionamentos que ultrapassem os vínculos com os objetivos almejados pelo grupo. Segundo Schutz apud Fritzen a necessidade de afeição consiste em: [...] querer obter provas de ser totalmente valorizado pelo grupo. Não somente aquele que se junta a um grupo aspira ser respeitado, ou estimado, por sua competência, ou por seus recursos, mas a ser aceito como pessoa humana, não apenas pelo que tem, mas também pelo que é (1997, p. 14). Pode-se dizer que esta é a fase mais sensível emocionalmente para o indivíduo, pois o que está à prova não são suas competências técnicas ou suas habilidades práticas, e sim ele como ser humano, com sua personalidade e sua individualidade, caracterizando a necessidade de afeição. Com toda esta realidade extrema dentro dos grupos, percebe-se o porquê de haver tanta complexidade no convívio entre pessoas. A carga que cada indivíduo SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 22 traz consigo já é demasiada complexa, e contém todas suas frustrações, sonhos, perspectivas, êxitos, e demais individualidades, e ao uni-la com a de outros é necessário que haja todo um cuidado e atenção redobrada no desenvolver da relação interpessoal. A empatia precisa estar aguçada para poder identificar em qual padrão de comportamento cada pessoa se enquadra, e se faz necessário também que a flexibilidade de comportamento esteja bem desenvolvida para conseguir lidar com os diferentes perfis que aparecerem. Ao aprender como tratar esses diferentes tipos de comportamento, o homem tem mais condições de perceber como o grupo funciona, como os indivíduos interagem e o porquê disso, e assim escolher que atitudes tomar em função da realidade percebida. Desenvolvendo tais habilidades, a pessoa torna-se mais apta a estabelecer relações interpessoais saudáveis e bem-sucedidas, conseguindo assim, direcionar o grupo a um comportamento mais produtivo e harmonioso. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 23 3 O HOMEM, O TRABALHO E SUAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS A revolução industrial foi um momento de passagem que marcou o ponto culminante de uma evolução tecnológica, econômica e social, bem como, o marco nas mudanças no trabalho e no modo de vida do homem. Ocorrida na Europa em meados do século XVIII, a revolução industrial, enquanto processo histórico acabou por modificar drasticamente a mão de obra e substituiu as ferramentas de trabalho pelas máquinas, o sistema de fabricação deixou de ser doméstico para ser um sistema fabril (FALCHETTI; DI LASCIO, 2003). Tais mudanças forçaram os trabalhadores a migrarem para a cidade em busca de emprego, provocando um crescimento populacional instantâneo e uma ríspida mudança no trabalho, o que gerou desemprego e provocou desespero e revolta por parte de muitos trabalhadores. Segundo Falchetti e Di Lascio: [...] A Revolução Industrial tornou as organizações maiores e mais complexas, e trouxe com ela o avanço tecnológico e uma visão focada para a lucratividade e produtividade, na qual homens já não se identificavam com o produto de seu trabalho (2003, p.1). Percebe-se que o progresso tecnológico afetou fortemente o ser humano, uma vez que trabalhava de forma mecanizada em busca da produção tão imposta pelos donos das fábricas. Desse modo, muitos trabalhadores passaram a exercer atividades que nada significavam para eles, a forma repetitiva e mecânica do trabalho executado acabou por inibir sua criatividade, imaginação, percepção e espontaneidade. Com todas as transformações advindas do trabalho e do modo de vida dos indivíduos, as relações humanas também sofreram alterações. Segundo Minicucci (2001, p. 213) “As relações humanas no trabalho eram menos conflitantes quando a maioria das pessoas morava no campo, as relações eram de pai para filho, o mais velho ensinava o trabalho ao mais novo e isso era respeitado”. Desse modo, entende-se que o desenvolvimento do trabalho ocorreu de forma mais simples, por terem basicamente uma característica familiar. Todos compartilhavam suas tarefas, e com estas aprendiam a tomar decisões de forma coletiva e participativa. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 24 No entanto, com o aparecimento das indústrias, o trabalho se intensificou e tornou-se desgastante. A subdivisão estabelecida passou a exigir muito mais do homem. Falchetti e Di Lascio (2003, p. 2) inferem que “a divisão de tarefas e a especialização pela atividade desenvolvida era de extrema importância para originar uma produtividade mais acelerada”, porém, esta produtividade acabava por restringir o contato entre os trabalhadores, impossibilitando assim uma interação maior. Desta forma, as relações humanas entre trabalhadores foram se enfraquecendo, e os conflitos foram se intensificando. Minicucci (2000, p. 214) diz que a especialização do trabalho “trouxe vantagens e trouxe desvantagens, como aborrecimento e perda do sentimento de importância pessoal, do orgulho de estar fazendo alguma coisa importante”. Diante disto, o indivíduo começou a sentir-se sozinho, isolado, e trabalhava apenas para atingir as metas de produção impostas a ele. Este fato acabou criando um sentimento de individualidade e competitividade. O “produzir” se tornou tão importante que o contato com outro foi se perdendo. O trabalho passou a ser visto como uma atividade dolorosa para o trabalhador, que servia apenas para o seu sustento. Além disso, com o surgimento de novas tecnologias, o trabalhador foi perdendo mais e mais espaço. A importância da tecnologia para o desenvolvimento do trabalho é indiscutível, mas sabe-se que esta deve ser utilizada como suporte para homem, e não em substituição a ele. O trabalho não deve ser encarado como uma missão dolorosa a ser cumprida, e sim fonte de realização e satisfação. Muitos teóricos falam da relevância do ser humano em seu trabalho, e Passos é categórico ao afirmar que: É preciso partir da convicção de que os indivíduos são mais importantes do que as empresas e que elas existem para proporcionar-lhes melhores condições de vida. Diante disso, no que se refere às pessoas que compõem o quadro da organização, faz-se necessário entender que todos merecem respeito, independentemente do cargo ou da posição hierárquica que ocupem. Que elas devem valer pelo que são e não pelo que possam produzir e pelos benefícios que tragam à empresa (2004, p.73). O real interesse das empresas em olhar o ser humano com mais respeito iniciou-se no final do século passado, geralmente motivado por pressões externas, e a partir daí iniciou-se o processo evolutivo, o qual desaguaria nas atuais teorias de Gestão de Pessoas. 25 SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... E na perspectiva de que as mudanças estejam acontecendo de fato, Schermerhorn et. al. (1999, p. 27) afirma que “É muito provável que esta década seja lembrada como aquela em que a forma pela qual as pessoas trabalham foi fundamentalmente alterada”. Verifica-se que o homem vem conquistando novamente seu espaço como individuo transformador do trabalho, adquirindo condições mais adequadas de desenvolver suas atividades. Fiorelli, ao referir-se quanto a influência do homem em seu trabalho, e vice – e - versa, afirma que: O indivíduo afeta a Organização e recebe sua influência, modificando seus comportamentos, atitudes e visão de mundo, como conseqüência do desempenho de papéis e das experiências compartilhadas em diversas interações (2000, p.113). O homem traz consigo, das experiências anteriores, novos conhecimentos, características, traumas, o que Fiorelli (idem) chama de “bagagem psicológica”. Isto fortalece a concepção de que o capital humano2 de uma empresa é, em sua maioria, responsável pelo crescimento das organizações, e que sem ele certamente o objetivo organizacional estaria comprometido. 3.1 GESTÃO DE PESSOAS Verifica-se que já há uma preocupação com a gestão de pessoas desde a Revolução Industrial na Inglaterra, por receio de que os trabalhadores começassem a se organizar, conforme relata Werther apud Silva: Alguns empresários reagiram aos problemas humanos causados pela industrialização e criaram o posto de Secretário do Bem – Estar. Esses secretários existiam para atender às necessidades dos trabalhadores e impedir que eles formassem sindicatos. Assim os secretários sociais marcaram o nascimento da Administração especializada de Recursos Humanos [...] (2006, p. 16). A partir de então iniciou-se o longo processo de evolução da administração de recursos humanos. Neste trabalho considera-se o histórico descrito por Gil (2001). No século XIX o movimento da Administração Científica3, o 2 Kiernan define a expressão “capital humano” como “habilidades, conhecimentos e valor de funcionários individuais” (1998, p. 239). 3 Também chamado de taylorismo, por basear-se nas idéias de F. W. Taylor. (FERREIRA, 1999) SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 26 qual teve origem com as experiências de Taylor nos Estados Unidos e Fayol na França, buscava a adoção de métodos e normas, com o intuito de que os operários da época produzissem cada vez mais, por meio de uma descrição e análise meticulosa de cada parte do trabalho a ser executado (FERREIRA, 1999). Então começou a ficar claro que as relações humanas no trabalho eram bastante relevantes na busca pelo aumento da produção. O teórico Elton Mayo, pioneiro nos estudos a respeito desta temática, constatou que os trabalhadores eram afetados de forma decisiva por seus estados psicológicos e sociais4. Após a Segunda Guerra Mundial surgiu nos Estados Unidos uma tendência da criação de entidades de classes trabalhistas, a partir da concepção de que a grande força que impulsionava os lucros das organizações eram os trabalhadores. Com isso as empresas passaram a ter de ceder às reivindicações dos sindicatos e dar aos empregados maiores benefícios e garantias. Na década de 60 surgiu a nomenclatura “administração de recursos humanos”, uma abordagem sistêmica cujas características apresentadas por Gil (2001) são: • Interdependência das partes: isto é, a um grande sistema com subsistemas interdependentes, no caso do setor de recursos humanos (RH) geralmente considera-se o de seleção e o de treinamento, os quais são intimamente relacionados; • Ênfase no processo: ou seja, no fluxo de trabalho ali executado; • Probabilismo: os trabalhos são voltados não para uma certeza absoluta, e sim pela probabilidade, o que é mais coerente; • Multidisciplinaridade: significa compor o setor de RH de uma equipe de profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, como psicólogos, sociólogos, economistas, médicos, entre outros; • Concepção multicausal: acontece quando admite-se que os fenômenos interpessoais ocorrem devido a múltiplos fatores, e não apenas uma única razão; • Caráter descritivo: parte de uma busca pelo entendimento dos fenômenos que ali ocorrem, deixando a escolha dos objetivos e os procedimentos a serem tomados aos indivíduos que compõem este setor; 4 Resultado de seus estudos, iniciados em 1927 na fábrica da Wertern Electric em Chicago, sobre a influência da iluminação, os índices de acidentes e a fadiga como fatores que faziam a diferença na produtividade, SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 27 • Caráter multimotivacional: Esta característica define que, como o ser humano age por múltiplos motivos, a empresa deve buscar proporcionar também, além do seu próprio lucro, meios para satisfazer os objetivos de seus empregados; • Participação: significa tomar decisões baseadas não somente pelos cargos de maior escalão, mas ouvir os funcionários das menores unidades, que operam o trabalho em si, e como tal conhecem o trabalho como ninguém; • Abertura: quer dizer dar espaço permanente a ajustes e adequações no processo produtivo; • Ênfase nos papéis: é necessário deixar claro a todos os membros da organização o que se espera deles. É importante frisar que Gil faz várias referências de que o enfoque sistêmico e o setor de recursos humanos são muitas vezes utilizados apenas no discurso dos empresários para dar um “ar de modernidade” às empresas, no entanto acabavam não aplicando esta abordagem de fato. No Brasil a evolução da gestão de pessoas deu-se de modo peculiar. Dutra (2002) descreve este processo a partir das seguintes fases, abaixo sintetizadas: • Até 1930 (Primeira República): Neste período inexistia uma legislação trabalhista e a atividade industrial era incipiente devido ao esgotamento do modelo exportador cafeeiro. Como a mão-de-obra era abundante e pouco organizada, e quaisquer manifestações trabalhistas eram expressamente proibidas e reprimidas, não havia nenhuma preocupação com gestão de pessoas; • De 1930 a 1945 (Estado Novo): Iniciou-se a formatação de uma legislação que disciplinasse as relações de capital e trabalho5, estimulada pelo fortalecimento da atividade industrial no país e pela estruturação de sindicatos. Tudo isso gerou nas empresas a necessidade de enquadrar-se nas exigências estabelecidas, o que Dutra chama de “gestão burocrática e legalista de pessoas”. Segundo o autor, até hoje grande parte das empresas brasileiras ainda seguem esta tendência, na qual gerir pessoas resume-se apenas a atender às leis trabalhistas; 5 Em 1º de maio de 1943 foi criado o Decreto - lei nº 5.452, aprovando a Consolidação das Leis do Trabalho, a CLT (BRASIL, CLT). SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 28 • De 1945 a 1964 (Segunda República): O intenso processo de instalação de multinacionais no Brasil trouxe consigo a “importação” de um padrão de gestão de pessoas baseado no taylorismo/ fordismo6, o qual foi disseminado nas empresas brasileiras. É o começo de uma gestão mais profissionalizada dos funcionários; • Após 1964: Os trinta anos seguintes são marcados por intensa intervenção estatal na economia. O referencial taylorista/ fordista de gestão de pessoas é reforçado, com as idéias de racionalização e a política de cargos e salários. A crise dos anos 80 acabou por estimular as exportações e efetuar ajustes em seus modelos de gestão. Ainda segundo esse autor, nos anos 90, diversas mudanças externas influenciaram as organizações no Brasil e no mundo, tais como a globalização, a evolução da comunicação e da tecnologia, o acirramento da competitividade. Isto fez com que o papel do indivíduo nas empresas e a forma de gerir estas pessoas fossem repensados. A começar pela terminologia “administração de recursos humanos”, que dá a idéia de patrimônio, de material a ser administrado. Então tornou-se necessário crer que as pessoas que trabalham na empresa deveriam ser consideradas parceiras, as quais contribuiriam com seu intelecto à organização. Esta tendência vem se intensificando, a partir da percepção dos empregadores de que é o funcionário quem dinamiza e inova sua empresa, quem cativa o cliente, quem constrói diariamente a imagem, o sucesso e o lucro da organização, ou não. A nomenclatura “gestão de pessoas” surgiu no final do século XX, juntamente com diversas variantes, como “gestão de talentos”, “gestão de capital humano”, “gestão de parceiros” enfim, porém considera-se a primeira como uma alternativa mais objetiva e convincente. Chiavenato conceitua a expressão como: um conjunto de práticas de recursos humanos [...] o modo como a organização opera suas atividades de recrutamento, seleção, treinamento, remuneração, benefícios, comunicação, higiene e segurança do trabalho (2004, p. 2). Para Gil (2001), gestão de pessoas é “a função gerencial que visa a cooperação das pessoas que atuam nas organizações para o alcance dos objetivos 6 É uma forma de organização do processo industrial baseado na produção em linha de montagem, em série, no qual os funcionários desempenham tarefas repetitivas com o intuito de produzir em massa (TAMDJIAN, 2004) SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 29 tanto organizacionais quanto individuais”. Por mais que o primeiro trate do assunto voltando-se para a prática, para o efetivo exercício da gestão, e o segundo abranja mais fortemente um conceito ideológico, considera-se ambas as conceituações válidos. Contudo, ao mencionar os objetivos desta nova forma de gerir pessoas, Chiavenato (2004) também considera, entre outras, a questão ideológica, como se pode compreender: • Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão, por meio de uma gestão adequada ao negócio da empresa; • Proporcionar competitividade à organização, ou seja, saber empregar as competências e habilidades dos empregados; • Proporcionar à organização pessoas bem treinadas e bem motivadas, a partir de métodos constantemente renovados; • Aumentar a auto-avaliação e a satisfação das pessoas no trabalho, uma vez que isto contribuirá ao sucesso organizacional; • Desenvolver e manter a qualidade de vida no trabalho, por meio de ambientes agradáveis, segurança, horários adequados e tarefas significativas; • Administrar e impulsionar as mudanças, sejam elas sociais, econômicas, tecnológicas, culturais e políticas; • Manter políticas éticas e comportamento socialmente responsável, com transparência e equidade a todos os funcionários. Na prática, os processos inerentes à gestão de pessoas são a movimentação, o desenvolvimento e a valorização. Como “movimentação” entendese toda e qualquer dinâmica de um determinado funcionário dentro da empresa, desde a sua captação, passando por transferências, promoções e recolocações. O “desenvolvimento” significa todos os esforços cujo objetivo é o aprimoramento do corpo de funcionários. E a categoria “valorização” é voltada para as práticas de remuneração, premiação, serviços e facilidades como compreende Dutra ( 2002). Atualmente, em grande parte das empresas, o setor responsável por todo este trabalho é o Departamento Gestão de Pessoas7, a unidade operacional que funciona como prestador destes serviços. Os esforços deste setor são geralmente mais voltados à questão dos cargos e salários, aos sistemas de banco de dados, e, 7 Assim como o termo “gestão de pessoas” possui as mais diversas variantes, também é o Departamento de Gestão de Pessoas, que também pode ser chamado de Departamento de Recursos Humanos, Departamento de Talentos Humanos, Departamento de Gestão com Pessoas, entre outros (CHIAVENATO, 2004). SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 30 em uma tendência mais recente, à segurança no trabalho, principalmente no serviço público. É importante que este setor dê uma atenção especial para as questões dos relacionamentos interpessoais dentro da organização, e o ambiente no qual o trabalhador está inserido, visto que estes fatores são altamente influenciadores no desempenho pessoal, e podem desencadear diversos conflitos nas empresas. 3.2 AMBIENTE E COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL Chiavenato infere que “Não existem organizações sem pessoas. Toda organização é basicamente constituída de pessoas” (2003, p. 80). Desse modo, percebe-se que é importante uma conscientização tanto do individuo (enquanto profissional que reconhece seu valor), quanto das organizações que empregam estas pessoas, valorizando-as, considerando suas características, personalidades e individualidades, e dando a elas um trabalho que de fato tenha razão de ser. A partir da classificação de Morin (2002), compreende-se que para o trabalho ter sentido: a) Precisa ser feito de maneira eficiente para buscar um resultado confiável e útil. Dar tarefas aleatórias a um funcionário apenas para mantê-lo ocupado acaba por diminuir sua motivação; b) Deve ser satisfatório, para que seja possível ao funcionário exercer suas competências e habilidades; c) Precisa ser moralmente aceitável, não ser desrespeitoso, injusto e contraprodutivo, muito menos desonesto ou imoral. Caso contrário gera mal estar no trabalhador que não compartilha desses valores; d) Deve garantir segurança e autonomia, no sentido de prover as necessidades básicas do homem e consequentemente sua autonomia; e) Mantém o homem ocupado, estruturando uma rotina em sua vida e dando sentido aos períodos de férias e aos honorários por ele recebidos; f) É fonte de experiências de relações humanas satisfatórias, pois muitas vezes os colegas de trabalho geram relações benéficas, proporcionando prazer em ir trabalhar. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 31 Como se pode perceber o conceito do termo “trabalhar” não é simploriamente “exercer seu ofício8”, envolve diversas variáveis que influenciam no desempenho do funcionário nos mais diversos aspectos. Um destes fatores é a motivação. Segundo Kwasnicka (1995, p. 56), “Motivação é o processo de mobilização de energia”, que acaba definindo o comportamento de cada indivíduo. Esta conduta pode ser espontânea ou estimulada, dependendo de cada um e do seu meio. E as relações humanas e o ambiente de trabalho certamente motivam (ou não) um funcionário a desempenhar bem o seu serviço. Há diversos fatores que podem influenciar no comportamento do trabalhador, como um chefe que trata bem seus funcionários, colegas de trabalho solícitos e até mesmo um ambiente apropriado. Para Kanaane, “comportamento” pode ser definido como: As reações dos indivíduos e as respostas que este apresenta a dado estímulo, sendo determinados pelo conjunto de características ambientais (adquiridas) e hereditárias (genéticas), com absorção das pressões exercidas pelo meio ambiente (1999, p. 81). Esta é a abordagem do termo comportamento de maneira geral. No que diz respeito às atitudes das pessoas em seu ambiente de trabalho, a forma como lidam com as diferenças entre si e os objetivos em comum, a isto se denomina como “comportamento organizacional” (SCHERMERHORN, 1999). Este conceito refere-se à junção de motivação, habilidade e ambiente de trabalho como influenciadores do desempenho – positivo ou negativo – do trabalhador. Moller (2002) considera dois aspectos sobre o ambiente organizacional, o físico e o psicológico. O primeiro refere-se ao local de trabalho em si. Ambientes confusos, pouco práticos, com má iluminação e de difícil organização diminuem o rendimento do trabalhador. Locais funcionais, harmônicos, com equipamentos adequados e atualizados estimulam o funcionário. O segundo já considera fatores mais subjetivos, com ênfase no relacionamento humano, como o respeito mútuo, o repasse das informações completas, altos padrões éticos, confiança, segurança, tolerância, ênfase nos pontos fortes das pessoas, bom humor, cordialidade, entre outros. Tudo isso certamente contribui para um desempenho satisfatório de um 8 FERREIRA, 1999, p. 1980. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 32 funcionário, de um setor e conseqüentemente da organização como um todo. Sobre desempenho, Spector afirma: Para que uma organização alcance seus objetivos, os funcionários devem desempenhar suas tarefas com alto nível de eficiência. Isso é tão válido para organizações governamentais, nas quais um baixo desempenho significa um insucesso na prestação dos serviços públicos, como nas empresas privadas, onde o baixo desempenho pode significar a falência (2006, p. 370). Percebe-se que o comportamento organizacional se tornou fonte de estudo pelo fato de influenciar significativamente o alcance dos objetivos organizacionais. Murray (apud BERGAMINI, 1988, p. 25) afirma que as emoções são “poderosas reações que exercem efeitos motivadores sobre o comportamento. As emoções são reações fisiológicas que influem na percepção, aprendizagem e no desempenho”. Pode-se então afirmar que o indivíduo que gosta do que faz geralmente apresenta maiores níveis de desempenho, e, do mesmo modo, as pessoas que por algum motivo têm aversão ao seu trabalho apresentarão provavelmente atitudes mais problemáticas, gerando conflitos. Entende-se “conflito” por desentendimento, discórdia, divergência, definição a qual é corroborada por Ferreira (1999, p. 526), ao conceituar o termo como um “choque entre tendências opostas”. Chiavenato (2004) define três níveis de conflitos em uma organização: o conflito percebido, quando as partes reconhecem a existência deste conflito e entendem o porquê dele, geralmente a diferença de opiniões; o conflito experienciado, o qual provoca sentimentos de hostilidade, raiva, medo e descrédito entre as partes, mas não é manifestado publicamente, é dissimulado, velado; e o conflito manifestado, aberto, sem dissimulação, caracterizado por interferência ativa (atitude que bloqueia o outro) ou passiva (mediante omissão). Basicamente os motivos que antecedem os conflitos são a ambigüidade de papéis, quando não estão claras as funções de cada um no local de trabalho; os objetivos concorrentes, entre setores de trabalho dentro de uma mesma organização; o compartilhamento de recursos, ou seja, a incompatibilidade entre o a quantidade de serviço, de pessoas e de equipamentos; e a interdependência de SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 33 atividades, entre pessoas dentro de um setor ou entre setores (CHIAVENATO, 2004). Cada um desses setores configura um grupo de pessoas, não necessariamente uma equipe. Vergara (2003, p. 190) diz que “Para que [um conjunto de pessoas] se torne uma equipe é preciso que haja um elemento de identidade, elemento de natureza simbólica que uma as pessoas”. Desta união dependerá o sucesso ou fracasso da equipe. É praticamente inevitável que haja conflitos em uma equipe de trabalho e conseqüentemente na organização, portanto o administrador e o setor de recursos humanos precisam saber geri-los, mediá-los e preveni-los. Vergara (idem) ressalta a importância da comunicação, da discussão e da troca de histórias no grupo, o que aumentaria os laços entre estes componentes, estimulando sentimentos como empatia, solidariedade e amizade. Nesta situação é que o papel do líder ganha relevância, como facilitador, mediador e instigador da relação grupal, e assim ajuda a desenvolver o senso de equipe. Caso a liderança não esteja preparada para exercer esta função, o setor de RH precisa fazer um levantamento a fim de perceber esta possibilidade, e estimular o espírito de equipe, tanto nos líderes quanto nos demais trabalhadores. A busca por um ambiente de trabalho equilibrado deve ser galgada diariamente, por chefias e empregados. Os resultados deste equilíbrio são a melhoria dos resultados, do desempenho pessoal e da produtividade geral. Os funcionários precisam sim acatar as ordens, ser liderados, disciplinados e administrados, porém, devem ser tratados com respeito e não com opressão, afinal eles são a base de qualquer administração. São a organização viva. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 34 4 CONTEXTUALIZANDO O CAMPO DE PESQUISA O tema foi escolhido pelo desejo pessoal dos pesquisadores em aprimorar seus conhecimentos sobre as relações interpessoais e suas implicações no ambiente de trabalho, visto que este assunto está intimamente ligado à gestão de pessoas, área pertinente à formação desses acadêmicos com vistas à atuação profissional e posterior pós-graduação. 4.1 O LOCUS DA PESQUISA O processo de escolha do local para se fazer esta pesquisa deu-se pelo fato de que todas as pesquisadoras são discentes atuantes, do Curso de Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue, membros do Centro Acadêmico, representantes discentes do Conselho de Centro e uma delas funcionária do CCSE/ UEPA. A escolha, portanto, do lócus não se deu de forma aleatória, mas com base na vivência acadêmica dessas pesquisadoras. Traça-se então um breve histórico da UEPA e do CCSE. No ano de 1961 foi implantada a Fundação Educacional do Estado do Pará (FEP), vinculada à Secretaria Estadual de Educação do Pará (SEDUC) e dotada de autonomia didático, administrativa e financeira. Em 1966 a Escola de Enfermagem e Obstetrícia “Magalhães Barata” (criada em 1944) foi incorporada à FEP, tornando-se referência como entidade mantenedora do ensino superior estadual. Na década de 70 foram criadas a Escola Superior de Educação Física, com o curso de Licenciatura em Educação Física, e a Faculdade Estadual de Medicina do Pará, primeiramente com o curso de Medicina e posteriormente com os cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. A Faculdade de Educação foi criada em 1983, com os cursos de Pedagogia, Educação Artística e Licenciatura em Matemática. No ano de 1989 surgiu Instituto Superior de Educação do Pará (ISEP), também vinculado à SEDUC, com o curso de Formação de Professores de 1ª à 4ª série do Ensino Fundamental. Após todos estes anos formando profissionais nas mais diversas áreas e produzindo cientificamente, porém isoladamente, a FEP ganhou o status de Universidade no ano de 1993, reunindo os cursos de graduação e alguns de pós-graduação, predominantemente do tipo lato sensu (UEPA, Guia Acadêmico, 2009). SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 35 A Universidade do Estado do Pará (UEPA) foi criada pela Lei Estadual nº 5.747 de 18 de maio de 1993, foi autorizada pelo Decreto Presidencial de 04 de abril de 1994 e possui sede e foro na cidade de Belém (PA). Com a missão de “contribuir para o desenvolvimento e modernização do Estado do Pará” (UEPA, site, 2010), a UEPA possui característica multicampi, e, em seus 5 campi em Belém e 14 núcleos do interior oferta 17 cursos de graduação, a saber: Licenciatura Plena em Letras, Licenciatura Plena em Matemática, Educação Artística com habilitação em música, Bacharelado em Música, Ciências da Religião, Secretariado Executivo Trilíngüe, Pedagogia, Ciências Naturais com habilitação em química, física e biologia, Medicina, Terapia Ocupacional, Fisioterapia, Educação Física, Enfermagem, Tecnologia Agroindustrial, Engenharia Ambiental, Engenharia de Produção e Bacharelado em Design – Habilitação em Projeto do Produto (UEPA, idem). O organograma da UEPA é formado por um Reitor e vice-reitor, quatro pró-reitorias e diversas outras diretorias, entre as quais a de Gestão de Pessoas – DGP. Também na Reitoria da UEPA funciona o Conselho Universitário (CONSUN), órgão deliberativo, normativo e consultivo da UEPA em assuntos políticoadministrativos e planejamento universitário, o qual representa a última instância de recursos no âmbito das decisões deliberativas da Universidade (CONSUN, 2010). Dentre os 18 campi da UEPA, o locus escolhido para a pesquisa foi o campus I da Universidade do Estado do Pará - UEPA, o Centro de Ciências Sociais e Educação – CCSE, ilustrado pela Figura 1. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 36 Figura 1: Fachada do Centro de Ciências Sociais e Educação – CCSE Fonte: Pesquisa de campo (2009). Este campus é um órgão de administração setorial da Universidade, local de estudos e pesquisas nas áreas da Educação e Ciências Sociais, ofertando cursos de Licenciatura em Letras, Letras- LIBRAS, Pedagogia, Ciências Naturais, Ciências da Religião, Matemática e Música, e cursos de Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngüe e Música, bem como os cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, núcleos e grupos de pesquisa. É o maior centro da UEPA, presente em 13 núcleos do interior do Estado do Pará, distribuídos nos seguintes municípios: Altamira, Barcarena, Cametá, Conceição do Araguaia, Igarapé Açu, Marabá, Mojú, Paragominas, Redenção, Santarém, São Miguel do Guamá, Tucuruí e Vigia de Nazaré. Inicialmente este centro era denominado Faculdade Estadual de Educação (FAED) e assim permaneceu até meados de 1994, quando adquiriu a nomenclatura de Centro de Ciências Sociais e Educação, de acordo os registros do livro de atas de colação de grau do CCSE. De acordo com este documento e relatos dos funcionários mais antigos do centro, a mais provável trajetória destes administradores apresenta-se no Quadro 1. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 37 Quadro 1: Gestores do CCSE e período (aproximado) da gestão. Fonte: Livro de Atas de Colação de Grau do CCSE/ UEPA. GESTOR (A) Prof. Sérgio Antonio Sapucahy da Silva Profa. Ivanilde Apoluceno de Oliveira Profa. Nilza Melo de Oliveira e Silva Profa. Ana Claudia Serruya Hage (1ª gestão) Profa. Ana Claudia Serruya Hage (2ª gestão) Profa. Maria José de Souza Cravo PERÍODO (APROXIMADO) 01/ 1995 – 05/ 1996 08/ 1996 – 01/ 1998 03/ 1998 – 04/ 2000 2001 – 2004 2005 – 2008 2009 – 2012 O CCSE fica situado na Travessa Djalma Dutra, sem número, no bairro do Telégrafo, cidade de Belém do Pará, apresenta um total de 7.185 m², com uma área construída de 6.426 m², em atual expansão. É composto, conforme a Figura 2, em sua estrutura física por cinco blocos de três pavimentos cada. Possui um prédio histórico, conhecido como “Castelinho”, uma Central Acadêmica e um prédio, destinado ao Restaurante Universitário, recém construído, porém ainda inativo. No local onde até 2009 funcionava o anfiteatro, a copa e o almoxarifado, atualmente está sendo construído o futuro Bloco VI. O Centro possui um total de 76 salas, todas refrigeradas, sendo 20 administrativas, 26 de aula convencionais mais 9 salas de uso exclusivo do curso de Licenciatura em Música, 1 de professores, 1 sala de material didático 1 sala de recitais, 2 laboratórios de Informática, 3 laboratórios de Ciências Naturais (Física, Química e Biologia), 1 laboratório de linguagem 1 Núcleo Tecnológico, 3 salas de grupos de pesquisa e 8 salas localizada no Castelinho onde está instalado o Núcleo de Educação a Distância do CCSE. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 38 Figura 2: Vista aérea do CCSE. Fonte: Google Maps, adaptado pelas autoras. O Bloco I, também denominado Bloco Administrativo do campus, comporta os seguintes setores: o Gabinete, a Direção e Vice- Direção do CCSE, a Secretaria e a sala de reuniões do Conselho de Centro (CONCEN), e os Departamentos Acadêmicos, Coordenações dos Cursos, Laboratório Médico, Protocolo do Centro, reprografia e Coordenadoria de Registro e Controle Acadêmico (CRCA). O Bloco II é basicamente formado por 13 salas de aulas climatizadas, com cadeiras estofadas e capacidade para em torno de 40 pessoas. O Bloco III é composto pela Coordenação de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (COAD) e secretaria da Pós- Graduação lato sensu, Coordenação do Mestrado em Educação da UEPA e sala dos professores, todas localizados no térreo. No primeiro piso estão instalados: o Laboratório de Matemática (LABEM), Laboratório de Informática (LABINF), Laboratório de Física, Química e Biologia. E, no segundo piso encontram-se a salas de Artes Plásticas, Piano I, Piano II, Flauta, Violão, 02 salas de aula normais, o Laboratório de Linguagem, o qual atende o Curso de Bacharelado em Secretariado Executivo Trilingue e Licenciatura em Letras e uma destinada ao futuro Laboratório do Curso de Música. No Bloco IV estão localizados o Núcleo Tecnológico do CCSE (NTE), bem como a sala de aula do Mestrado, a sala de recitais, Grupo de Pesquisa: Culturas e Memórias Amazônicas (CUMA), o Núcleo de Educação Popular (NEP), o Núcleo de SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 39 Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais (NECAPS), além de mais 13 salas de aulas. O CCSE também conta com 18 grupos de pesquisa, que se dedicam a estudar sobre o meio ambiente, práticas sociais, psicopedagogia, educação, matemática e tecnologias aplicadas à educação, saúde inclusão social interdisciplinaridade e outros. No bloco V funciona a biblioteca do centro, denominada “Paulo Freire”, a qual possui uma área total de 1.400 m², dispondo de 12 terminais de computadores com acesso a Internet e 8 terminais para consulta. Quanto ao acervo bibliográfico este é de livre acesso a comunidade interna e externa, com consulta nos terminais disponíveis aos usuários, acesso a internet e serviços de empréstimo domiciliar com direito a 02 exemplares, pelo prazo de 07 dias, para professores, alunos e funcionários da instituição, de 2ª a 6ª feira, no horário de 08h às 21h e aos sábados, de 8h as 12h (exceto feriados), por 04 bibliotecárias, 13 auxiliares. Junto à Biblioteca situa-se a Central Acadêmica, que comporta o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e os Centros Acadêmicos (CA). 4.2 OS SUJEITOS DA PESQUISA De acordo com os documentos disponibilizados pela Coordenação Administrativa do CCSE (CAD), existem 107 funcionários lotados neste Centro, sendo 86 efetivos, 18 prestadores de serviço e 3 temporários. Dos efetivos9, 40 são funcionários de nível médio, os quais se constituem sujeitos desta pesquisa. Foram escolhidos os servidores de nível médio que ocupam o cargo de agente administrativo por eles exercerem uma atividade de base, cujo serviço é de extrema relevância na UEPA e, como se pensa, em qualquer organização. Delimitou-se também que apenas os funcionários efetivos participassem da pesquisa, pelo fato de que estes estão vinculados (teoricamente) de forma mais duradoura à instituição, e, salvo exceções, não podem ser destituídos de seus 9 A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 determina claramente em seu artigo 10 os critérios para cargo efetivo: “A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de prévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo de sua validade” (BRASIL.1990, p. 3, grifo nosso). Isto assegura que os indivíduos mais aptos entrarão para o serviço público, de acordo com as normas de cada certame. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 40 cargos, diferentemente das funções cujos representantes são eleitos pela comunidade acadêmica (como as de coordenador de curso e chefes de departamento, por exemplo), estes servidores sempre farão parte do quadro funcional. O concurso mais recente para provimento de vagas de nível superior, médio profissional, nível médio e fundamental da UEPA foi o C-118, edital nº 01 de 29 de novembro de 2007, publicado no Diário Oficial do Estado do Pará em 30 de novembro de 2007. Este previu, para o cargo de agente administrativo 10, 231 vagas em todo o Estado, com jornada de trabalho de 30 horas semanais (IOEPA, 2007). De acordo com o referido edital, as atribuições deste cargo, cujos sujeitos desta pesquisa ocupam, são: [...] apoiar administrativa e tecnicamente a autoridade hierárquica superior, envolvendo a execução, sob supervisão e orientação direta, administrativa, técnica e freqüente, de trabalhos em que se apliquem leis, regulamentos e normas referentes à administração geral e específica, bem como de trabalhos que envolvam aplicação das técnicas de pessoal, orçamento, organização, métodos, material, classificação, codificação, catalogação e arquivamento e digitação de documentos em geral, mediante supervisão e coordenação de papeis e documentos e sua conversão; atender ao público em questões ligadas às unidades burocráticas (IOEPA, 2007, p.11). Segundo o site da UEPA, no ano de 2008, 584 novos servidores técnicoadministrativos foram nomeados, e dessa forma, passaram a fazer parte do quadro funcional da UEPA. Para compor a amostra, de acordo com a sistematização de Martins (2002, p. 47), utilizou-se métodos probabilísticos, o qual “exige que cada elemento da população possua determinada probabilidade de ser selecionado”. Mais precisamente, o critério da amostragem aleatória simples foi escolhido por ser o mais elementar e o mais utilizado. Ao analisar o total dos entrevistados, constatou-se que a maioria das pessoas trabalha na instituição há pouco tempo (até 5 anos de serviço), como demonstra a Tabela 1. 10 Neste edital, o requisito para ocupar o cargo era possuir “certificado, devidamente registrado, de conclusão de curso de ensino médio (antigo segundo grau), expedido por instituição de ensino reconhecida pelo Ministério da Educação” (IOEPA, 2007, p. 10). SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... Tempo de serviço Até 1 ano De 1 a 5 anos De 5 a 10 anos De 10 a 15 anos De 15 a 20 anos De 20 a 25 anos De 25 a 30 anos Mais de 30 anos TOTAL Masculino Feminino 1 0 5 3 1 0 1 2 0 1 2 5 1 1 2 1 13 13 Total 1 8 1 3 1 7 2 3 26 41 Percentual 3,8% 30,8% 3,8% 11,5% 3,8% 26,9% 7,7% 11,5% 100,0% Tabela 1: Tempo de serviço dos entrevistados. Fonte: Pesquisa de campo (2009) Observou-se também o critério da idade. Foram entrevistadas pessoas das mais variadas faixas etárias, sendo que a faixa entre 18 e 25 anos tem menor representatividade, conforme a Tabela 2. Faixa etária De 18 a 25 De 26 a 35 anos De 36 a 45 anos De 46 a 55 anos De 56 a 65 anos TOTAL Masculino Feminino Total 0 2 2 6 1 7 4 3 7 1 5 6 2 2 4 13 13 26 Percentual 7,7% 26,9% 26,9% 23,1% 15,4% 100,0% Tabela 2: Faixa etária dos entrevistados. Fonte: Pesquisa de campo (2009) Quanto ao gênero, o público foi igualmente dividido, sendo a metade pertencendo ao sexo feminino e a outra metade ao sexo masculino, como demonstra a Tabela 3. Gênero Masculino Feminino TOTAL Nº 13 13 26 Tabela 3: Gênero dos entrevistados. Fonte: Pesquisa de campo (2009) Percentual 50% 50% 100% SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 42 4.3 OS PROCEDIMENTOS DA PESQUISA Esta pesquisa, de acordo com Vergara (2007, p. 46 – 49) considera-se descritiva quanto aos fins, pelo fato de expor características de uma determinada população ou fenômeno, na qual pode-se estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. O desenvolvimento do trabalho deu-se primeiramente por pesquisa bibliográfica, utilizando o acervo da Biblioteca Central da Universidade Federal do Pará, da Biblioteca “Paulo Freire” do Centro de Ciências Sociais e Educação CCSE/ UEPA, da Biblioteca do Centro de Ciências Naturais e Tecnologia – CCNT/ UEPA, da Biblioteca do Campus Alcindo Cacela da Universidade da Amazônia/UNAMA, rede mundial de computadores e acervos pessoais. Quanto aos meios de investigação, esta é uma pesquisa de campo, na qual é feita uma investigação empírica no local aonde um fenômeno ocorre, e dispõe de elementos para explicá-lo, neste caso o escolhido foi o CCSE. Como Vergara (idem, p. 48) menciona que os tipos de pesquisa não são mutuamente excludentes, considera-se que este trabalho é também um estudo de caso, o qual pode “incluir entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante ou não”. No presente trabalho, a unidade escolhida foi o Centro de Educação da UEPA. O levantamento de informações acerca do assunto foi feito por meio de observação e coleta de dados, por meio de questionário (Apêndice A) desenvolvido em parceria com o professor-orientador, direcionado especificamente aos servidores do CCSE. Este meio de investigação foi composto de perguntas fechadas (dicotômicas e de múltipla escolha), e com perguntas abertas, totalmente desestruturadas (LINTZ; MARTINS, 2000). Para a realização da análise dos dados, foram atribuídos nomes fictícios aos entrevistados, uma vez que, para manter o anonimato deles, não havia um campo destinado à identificação. A pesquisa de campo começou no mês de novembro de 2009 com a distribuição dos questionários pelos pesquisadores no CCSE e devolvidos pelos sujeitos entre os meses de novembro de 2009 e janeiro de 2010. Nesta pesquisa, 35 pessoas (87,5%) do total receberam o questionário, porém apenas 26 servidores (74,2%) o devolveram. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 43 A entrevista com uma funcionária da Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP) aconteceu no dia 25 de janeiro de 2010 na sala da DGP (Figura 3). Obedeceu-se um roteiro do tipo padronizado/ estruturado (Apêndice B), que de acordo com Lakatos (2007, p. 199), é aquele “em que o entrevistador segue um roteiro previamente estabelecido; as perguntas feitas ao indivíduo são prédeterminadas”, tendo sido feitas também perguntas que surgiram espontaneamente. A entrevista foi documentada em aparelho de gravação com a autorização prévia da entrevistada, com o intuito de diminuir a possibilidade de perda das informações obtidas com a entrevista. Figura 3: Porta de entrada da DGP Fonte: Pesquisa de campo (2010) Outros recursos utilizados foram registros fotográficos, com o objetivo de propiciar uma melhor exposição e caracterização do local. 4.4 ANÁLISE DOS DADOS Ao receberem os questionários, as reações dos entrevistados foram diversas: alguns se mostraram bastante solícitos, com boa vontade para responder. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 44 Outros, porém, demonstraram certo desconforto, perguntaram para que servia aquele instrumento, e após breve explicação, aceitaram responder. Ninguém recusou-se a receber o questionário, todavia aproximadamente 25% não o devolveu. A primeira pergunta feita aos entrevistados foi “Como você avalia suas relações com seus colegas de trabalho, de modo geral?”. Dentre as respostas obtidas, apenas 1 pessoa considerou seus relacionamentos como “ruim”, e no outro extremo, somente 2 classificaram como “excelente”, como evidenciado na Tabela 4. Resposta Nº 1 3 17 3 2 26 Ruim Razoável Boa Muito boa Excelente TOTAL Percentual 3,8% 11,5% 65,4% 11,5% 7,7% 100,0 Tabela 4: Respostas da 1ª pergunta do questionário. Fonte: Pesquisa de campo (2009) A maioria dos entrevistados (65,4%) avaliou esta relação como “boa”. Em virtude, porém, da maior parte dessas respostas apresentarem comentários adicionais à classificação dada, e para analisar mais profundamente estas informações, é pertinente dizer que mesmo sendo consideradas boas, os sujeitos faziam questão de apontar comentários, positivos ou negativos, conforme exposto na Tabela 5. Do total, apenas dois não fizeram nenhum tipo de acréscimo. Comentários Bons Ruins Sem comentários TOTAL Nº 13 4 2 19 Percentual 68,4% 21,1% 10,5% 100,0% Tabela 5: Classificação das respostas do tipo “bom” com relação aos comentários Fonte: Pesquisa de campo (2009) Dos comentários adicionais, 68,4% foram positivos, ressaltando atributos como educação, integração, respeito, harmonia, cooperação e cordialidade no SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 45 ambiente de trabalho. Somente 4 pessoas (21,1%) teceram comentários negativos quanto aos seus relacionamentos, como se percebe na fala de Ricardo: “alguns colegas não se sentem responsáveis por suas ações dentro da UEPA e isso traz problemas de relacionamento”. Outro entrevistado, Rodrigo, chegou a mencionar que já se sentiu “desrespeitado enquanto profissional e até mesmo enquanto ser humano”. Percebese então que, de modo geral, as relações interpessoais entre os servidores entrevistados são satisfatórias, uma vez que mais de 80% das respostas foram de cunho positivo (boas, muito boas ou excelentes). Nota-se, porém, uma necessidade de aperfeiçoar essas relações, visto que ainda há pessoas que demonstraram encontrar dificuldades no trato interpessoal, evidenciando assim uma deficiência das habilidades de empatia e flexibilidade de comportamento como infere Minicucci (2001). Com base no conceito desse mesmo autor, quando perguntados sobre a definição de relações interpessoais, as respostas dadas pelos entrevistados foi possível inferir a seguinte classificação: 1) Restringiram-se a conceituar a temática ao ambiente de trabalho; 2) As respostas foram descontextualizadas do tema; 3) Elaboraram definições aproximadas à do autor em questão. Quanto à classificação “Restringiram-se a conceituar a temática ao ambiente de trabalho”, esta foi empregada às respostas que não expuseram a hipótese de haver relações interpessoais fora do local de trabalho. A esta classificação enquadraram-se 23% dos entrevistados, e uma resposta que expõe bem esta visão restrita foi a de Alberto, o qual afirma: “relações interpessoais é o bom relacionamento no local de trabalho onde não deve haver disputa ou conflito e sim, trocas de idéias e debates para o bom desenrolar das tarefas que cabem ao servidor público”. Outra fala ainda mais restrita quanto à definição de relações interpessoais é a do entrevistado Thiago, que define como “um bom relacionamento no ambiente de trabalho”. Quanto à segunda classificação, dois entrevistados, 7,6% do total, não revelaram sua percepção pessoal a respeito do que consideravam ser a definição do tema, fugindo assim à pergunta feita. 46 SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... Na terceira classificação, os sujeitos conseguiram demonstrar conhecimento esclarecido a respeito do tema. Esta representa as respostas de maior incidência, uma vez que foram 17 (65,3%). Ainda dentro desta classificação, percebeu-se aqueles que responderam de forma sucinta, 5 pessoas, e os que se aprofundaram na elaboração do conceito do tema, 12 pessoas, correspondendo a 29,5% e 70,5%, respectivamente. A esse respeito, seguem as falas dos sujeitos: Antônia: “[...] Como senso comum, acho que relações interpessoais são questões acerca do tratamento entre duas ou mais pessoas dentro de um ambiente específico [...]”. Clara: “[...] todos os contatos entre pessoas. Nesse âmbito encontra-se um infindável número de variáveis como: sujeitos, circunstâncias, espaços, local, cultura, educação e época. A interação em qualquer ambiente que seja na nasce da aceitação, desprendimento e acolhimento [...]”. Rodrigo: “Relação interpessoais significa estabelecer contatos com outras pessoas e ela está presente em todos os lugares da vida social, econômica, cultural, política, profissional que serve de trampolim para lograr resultados podendo ser negativos ou positivos [...]”. Renato: “Relacionamento com outras pessoas no local de trabalho, o que inclui acessibilidade ao diálogo, tom de voz, linguagem corporal, etc. Também se aplica fora do local de trabalho. Pode ser positiva ou negativa.” Com base na análise destas respostas, pode-se inferir que a maioria dos entrevistados possui uma idéia bastante esclarecida a respeito do significado de relações interpessoais, utilizando inclusive argumentos próximos aos conceitos estudados, o que pode demonstrar um interesse destes servidores a respeito do referido tema. A terceira pergunta do questionário era “Sabe-se que as relações interpessoais interferem na produtividade do trabalhador. Em sua experiência profissional como isso ocorre?”. Dos entrevistados, 7 funcionários (25%) afirmaram que as relações interferem de forma positiva, como foi expresso por Antônia: “Sem dúvida que uma relação interpessoal conturbada no ambiente de trabalho pode influenciar na produtividade profissional, como exemplo posso relatar uma situação pessoal. No início, logo quando fui contratada, achei que não iria me SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 47 adaptar as personalidades diferentes que encontrei no meu setor. Estava tímida e me achava muito imatura em relação a eles. Não obstante, o tempo passou e uma amizade foi surgindo. O que antes constituía um peso psicológico por falta de adaptação, passou a representar um verdadeiro prazer”. Este depoimento demonstra que as relações interpessoais fazem de fato a diferença tanto no ambiente profissional quanto na vida pessoal dos indivíduos, como preconiza Moscovici (2004). Nessa situação, percebeu-se que Antônia, a qual trabalha na instituição entre 1 a 2 anos , sentiu-se insegura, com um “peso psicológico” em sua fase de adaptação em lidar com o diferente. Com o passar do tempo, provavelmente com o apoio desses novos colegas de trabalho, um envolvimento emocional foi surgindo, e atualmente o relacionamento e o trabalho em si tornaram-se fonte de prazer e satisfação. Por outro lado, quase o mesmo quantitativo de indivíduos apresentou respostas de cunho negativo (6 pessoas, 21,4%), dentre as quais se destaca a fala de Luiza: “com certeza, pois a falta de esforço de alguns funcionários desanima outros”. Quatro servidores não responderam a questão e a maior parte dos entrevistados, 39,3%, tangenciaram suas respostas, divagando a respeito da temática sem expressar suas experiências claramente. Como se pode observar, a maioria dos entrevistados sentiu dificuldade de relatar suas vivências profissionais. A quarta pergunta se refere à atuação da Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP) no que diz respeito ao desenvolvimento das relações interpessoais no ambiente de trabalho. De acordo com as respostas dadas, 57,7% dos servidores teceram comentários negativos, considerando a ação inexistente ou com pouca expressividade. Essa classificação dada pôde ser notada nas falas dos seguintes entrevistados: Antônia: “Infelizmente, não vejo a atuação do DGP neste sentido [...]”. Luiza: “Não há a mínima relação, parece que é um departamento inexistente que não corrobora com o desenvolvimento da referida relação”. Reinaldo: “Nula, somente a parte burocrática, funciona. Não existe, se existe nunca vi [...]”. Otto: “Na realidade, acredito que a DGP/UEPA poderia oferecer cursos, atividades, com mais freqüência aos servidores da instituição, objetivando a SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 48 integração dos servidores nos centros e entre os centros, para que os conflitos existentes pudessem ser melhor administrados”. Marcelo: “Criando, ainda em passos curtos, as informações técnicas para esse fim, pois a UEPA está crescendo e o servidor precisa acompanhar, fazendo cursos de capacitação”. Os comentários positivos quanto à atuação da DGP representaram 19,2% das respostas obtidas, e podem ser representados pela fala dos sujeitos abaixo: Rodrigo: “O Departamento de Gestão de Pessoas - DGP/ UEPA de uns anos para cá tem agido dentro de uma relativa coerência sem necessidade de perseguições e constrangimentos. Eles têm tentado agir na legalidade [...]”. Alberto: “Ainda de forma tímida porém já com a perspectiva de dias melhores, isto porque a atual equipe que coordena a área está se esforçando e articulado para a prática da união em grupo”. Clara: “Ele procura abrir caminhos mais transparentes entre setores, usando os mecanismos mais eficientes na busca de valores; mantendo as informações mais permanentes de cada servidor”. Percebeu-se que alguns entrevistados confundiram as ações da DGP com as da Escola de Governo, o órgão responsável pela formação e capacitação dos servidores públicos no Estado do Pará (EGPA, 2010), como Júlia, que fez a seguinte fala: “Acredito que através dos cursos que a Escola de Governo oferece aos funcionários? Se é nestas diretrizes, o DGP está agindo muito bem [...]”. Ainda houve aqueles que se distanciaram da pergunta feita, 23,1% da amostra, elaborando respostas que não avaliavam a gestão do referido departamento. Na quinta questão abriu-se um espaço para os entrevistados que tivessem mais alguma observação a fazer sobre relações interpessoais no ambiente de trabalho. Nesta oportunidade, a maioria dos sujeitos, 38,5% do total dos entrevistados, teceram comentários a respeito dos colegas de trabalho e sua convivência com eles, representados pela servidora Rafaela: “No meu ambiente de trabalho muitos colegas acabam exteriorizando os problemas pessoais de diversas formas. Acredito que as relações interpessoais devem ser trabalhadas de forma a conscientizar o servidor/ trabalhador. O seu verdadeiro papel (sua função social) [...]”. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 49 Alguns, 23,1%, sugeriram que as relações interpessoais deveriam ser mais trabalhadas, bem como a conscientização dos servidores, isso pode-se verificar na fala de Júlia: “Penso, que as relações interpessoais deveriam ser mais trabalhadas, principalmente porque o CCSE recebeu através de concurso muitos funcionários novatos, que precisam moldar suas atitudes e ações com o outro, quando o assunto é ambiente de trabalho”. Outra parte, 19,2%, utilizou este espaço para frisar a importância das relações interpessoais no local de trabalho, e que estas deveriam ser mais trabalhadas no CCSE, como afirma Ruth: “As relações interpessoais no ambiente de trabalho é de suma importância, pois é o local onde passamos a maior parte do tempo. E é difícil produzir em um ambiente onde você não se sente bem” Um percentual menor de entrevistados, 15,4% demonstraram ter alguma dificuldades no relacionamento com seus superiores, representados por Ricardo: “A UEPA como um todo não capacita tanto as chefias como os servidores para cursos relacionados ao comportamento no ambiente de trabalho. Começando pelas chefias que não respeitam os servidores e que não valorizam uma boa relação de trabalho. Precisa haver urgente um treinamento para conscientização das chefias da UEPA”. Notou-se também que alguns servidores mencionaram a falta de integração na UEPA, como um todo, e principalmente entre os setores, dificultando o surgimento e a expansão dos relacionamentos entre os servidores, como pode-se notar nas falas dos sujeitos abaixo: Miguel: “Não há uma promoção de [...] encontros ou ocasiões que facilitem a relação entre as pessoas. Sugiro que sejam feitas mais ações em prol do contato entre os servidores”. Otto: “Na realidade, acredito que o DGP/ UEPA poderia oferecer cursos, atividades, com mais freqüência aos servidores da instituição, objetivando a integração dos servidores nos centros e entre centros, para que os conflitos existentes pudessem ser melhor administrados” A pesquisa privilegiou uma entrevista com a pessoa que responde pela administração do setor de Gestão de Pessoas da Universidade do Estado do Pará. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 50 A administradora é funcionária efetiva do Estado há 21 anos, seu cargo de origem é datilógrafa, e está à disposição da Universidade. Quanto a função da DGP, Rosana respondeu que ali é efetuado o serviço de recursos humanos, e citou como exemplo o contato com os funcionários novos na instituição, ingresso e saída de servidores, avaliação de cargos, gratificações, informações da vida funcional, quantitativo de cargos, entre outras. Rosana considera o setor no qual trabalha “o coração da universidade”. Quando questionada quanto à importância das relações interpessoais no ambiente de trabalho, afirmou que é de grande relevância, visto que a política em seu setor é a de que todos devem saber e conhecer a função de cada um, para que possam tomar decisões acertadas e dar prosseguimento ao trabalho, no caso de uma eventual substituição de algum servidor. Mencionou também o fato de que apenas recentemente, após o concurso C-118, foi possível criar uma equipe de funcionários efetivos da Universidade, sendo que anteriormente este departamento era composto por funcionários prestadores de serviço. Rosana acredita que as relações interpessoais interferem no desempenho do servidor, e acredita que existem relações interpessoais positivas e negativas, sendo justamente na negativa que o setor precisa atuar para melhorá-las. Com relação às iniciativas da DGP voltadas para as relações interpessoais, Rosana afirmou que há naquele setor a Coordenadoria de Desenvolvimento e Capacitação, que organiza palestras, atividades, atendimento psico-social e projetos de valorização do servidor. Segundo Rosana, a DGP pretende realizar um levantamento, nos campi da capital e interior, do perfil do servidor da UEPA, sua formação, lotação e atribuições, e posteriormente traçar um plano de ação para verificar as possibilidades de adequação dos servidores nos setores. Este levantamento é necessário, de acordo com entrevistada, em virtude do cadastramento dos funcionários estar muito defasado. Inclusive já aconteceram casos de funcionários que mudaram de centro e a DGP não fora informada. A respeito da promoção de eventos e capacitações voltados à temática das relações interpessoais, Rosana afirmou que a Coordenadoria de Desenvolvimento e Capacitação da DGP já realizou palestras, as quais foram divulgadas por meio de cartazes e e-mails. A funcionária afirmou inclusive que existe uma verba voltada para a capacitação do servidor no orçamento da Universidade. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 51 Há também as qualificações promovidas pela Escola de Governo, da qual os servidores da UEPA podem participar, e que a DGP auxilia na divulgação. Rosana avaliou a participação dos servidores nas palestras de forma positiva, informando que muitas vezes não é possível atender toda a demanda, às vezes faltam vagas. Também mencionou o fato de alguns servidores não valorizarem estas capacitações, por acreditarem “que já sabem de tudo [...] Alguns põem resistência ao novo, acham que não vai adiantar de nada”. Em virtude dos diversos comentários que ouviu em seu departamento, Rosana crê na importância da capacitação e atualização dos servidores, sendo uma das maiores necessidades o esclarecimento quanto a relevância das relações com o colega de trabalho. Rosana ainda revelou que o setor está planejando as futuras ações de capacitação, que após a finalização do mapeamento poderão ser colocados no calendário da IES. De acordo com o site da UEPA verificou-se no ano de 2009 a DGP promoveu cinco cursos voltados ao tema de relações humanas, alguns inclusive em parceria com a Escola de Governo do Estado do Pará. Os cursos foram “Relações Interpessoais no Trabalho” (de 23 a 27/11), “Gestão Estratégica de Pessoas” (30/11 a 04/12) e “Gestão de Pessoas” (06/04) no CCBS, no CCSE o de “Gestão da Diversidade” (27/08), e “Humanização do Serviço Público” (19/02) no auditório da Reitoria. 52 SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A produção deste trabalho representou uma etapa marcante na vida de cada uma das pesquisadoras nele envolvidas. O tema começou a ser idealizado por duas delas, durante as aulas da disciplina “Psicologia nas Organizações” no primeiro ano do curso de Secretariado, a qual aguçou o interesse em aprofundar os conhecimentos sobre as relações interpessoais. Deu-se então início às primeiras conversas, leituras, e observações a fim de lapidar a idéia da temática, a qual foi reforçada pelos ensinamentos adquiridos nas aulas de “Gestão de Recursos Humanos”, ministrada no terceiro ano do curso. Com o tema pré-determinado, o trabalho começou a ser produzido, e pouco tempo depois, com a pesquisa ainda na fase de fundamentação teórica, houve o ingresso de mais uma colega no grupo. Este acréscimo contribuiu para acelerar o processo de finalização da produção teórica e agregar valor à pesquisa como um todo. As pesquisadoras deram início então à etapa prática do trabalho, com a entrega dos questionários aos servidores, público-alvo da investigação, e entrevista com o setor responsável pela gestão de pessoas da UEPA. Diversas dificuldades surgiram durante a produção desta pesquisa, como conseguir adequar os horários das três pesquisadoras com suas demais atividades, e aprender a lidar com as diferentes opiniões entre elas. A convivência contínua contribuiu para o entrosamento entre as três, tornando o processo de produção intelectual mais espontâneo e prazeroso. Estudar as relações humanas proporcionou às pesquisadoras um verdadeiro aprendizado interpessoal prático. Após análise dos dados coletados neste recorte de estudo de caso, verificou-se que os servidores consideram suas relações de trabalho, de modo geral boas. No entanto, estas apresentam alguns entraves, tais como dificuldades de relacionamento com as chefias, reclamações quanto à negligência dos colegas com as tarefas do setor e falta de comunicação de modo geral. Para essas pesquisadoras, caso esses fatores não sejam trabalhados de maneira adequada com o intuito de amenizá-los, pequenos conflitos do cotidiano podem vir a se tornar sérios problemas no âmbito organizacional. O principal resultado disso é a diminuição da produtividade, a conseqüência mais nociva à subsistência de qualquer instituição. SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 53 Notou-se, pelos depoimentos dos entrevistados, o quão importante é zelar pelas relações humanas, para que o servidor sinta-se confortável com seus colegas, superiores e local de trabalho, motivando-se a desempenhar o seu máximo potencial no exercício de suas tarefas. Este incentivo ao funcionário deve estar entre as prioridades do planejamento organizacional, afinal é de interesse das empresas terem em seu quadro funcional pessoas interessadas e preocupadas com o serviço da instituição. Investir em gestão de pessoas é investir na própria organização, e conseqüentemente em qualidade de serviços. Durante esta pesquisa observou-se que os servidores têm plena consciência das influências das relações interpessoais no seu desempenho, podendo este melhorar ou piorar, de acordo com a situação na qual o indivíduo está inserido. E este é mais um argumento que reforça a importância da gestão de pessoas nas organizações. Por exercer o papel de contribuir para a formação e qualificação da sociedade, a academia tem todos os meios para também aplicar os conhecimentos nela gerados na melhoria e capacitação de seus próprios servidores, uma vez que já dispõe de um corpo docente e técnico com a qualificação necessária para desenvolver este trabalho. Na Universidade do Estado do Pará, nota-se uma significativa atuação da Diretoria de Gestão de Pessoas no que tange ao treinamento técnico, voltado à execução das tarefas laborais (informática, legislação, entre outros), e à capacitação em relações humanas. Houve, contudo, um alto índice de reclamações por parte dos servidores que compuseram a amostra desta pesquisa, os quais afirmaram desconhecer ações promovidas pela DGP neste aspecto. Os motivos dessas queixas não estão claros, mas pode-se presumir que a divulgação feita pelo setor (e-mails e cartazes) não seja suficiente ou a mais adequada. Ainda há a hipótese do desinteresse dos próprios servidores em participar das palestras e cursos direcionados a esta temática. Talvez isto ocorra pelo fato das relações interpessoais serem consideradas, por alguns funcionários, inerentes ao ser humano, e por isso não vêem a necessidade de capacitação nesta área. Também pode-se supor que este desinteresse seja impulsionado pela estabilidade SANTOS, A. C.; FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S. Relações interpessoais... 54 que o serviço público oferece, a qual não deve ser interpretada pelo servidor como pretexto para acomodar-se. Cabe aos gestores, neste momento, a tarefa de sensibilizar os servidores para a importância desse tipo de qualificação, com o intuito de possibilitar uma autoreflexão sobre o papel e a importância que cada um tem na organização. As pesquisadoras atrevem-se então, a sugerir algumas medidas que possam contribuir para a minimização das dificuldades aqui constatadas: 1. Para amenizar conflitos concernentes a relacionamentos interpessoais, criar no CCSE um setor específico para tratar da gestão de pessoas, uma vez que torna-se inviável apenas um departamento (DGP) ser o responsável por esta função em uma universidade multicampi como a UEPA. Essa descentralização de políticas de recursos humanos possibilita um diagnóstico mais preciso da realidade dos servidores do campus, facilitando a elaboração de ações voltadas especificamente às carências encontradas. 2. Ainda nesta perspectiva, sugere-se a criação de um espaço para o atendimento psicossocial no Centro, ajudando o servidor a trabalhar seus conflitos, a fim de que estes não interfiram significativamente no ambiente de trabalho, visto que as intensas atividades desencadeiam situações estressantes que comprometem o estado emocional dos indivíduos e, consequentemente o seu desempenho nas atividades profissionais. 3. Potencializar a interação entre os servidores do CCSE e da UEPA como um todo, uma vez que esta foi uma carência expressa pelos entrevistados. Para isso sugere-se a promoção de encontros periódicos que proporcionem um contato maior entre os servidores, com dinâmicas de grupo e momentos recreativos, sem o caráter formal do ambiente de trabalho. A busca por relações interpessoais satisfatórias deve ser o alicerce de qualquer pessoa que queira alcançar o pleno desenvolvimento de suas atividades, colaborando para a construção de um ambiente profissional mais agradável e atingindo assim os objetivos individuais e organizacionais. FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S.; SANTOS, A. C. Relações interpessoais... 55 REFERÊNCIAS AGOSTINHO, M. E.; BAUER, R.; PREDEBON, J. (Org.) Convivencialidade: a expressão da vida nas empresas. São Paulo: Atlas, 2002. BERGAMINI, C. W. Motivação nas organizações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1997. BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/Del5452.htm>. Acesso em: 2010. BRASIL. Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8112cons.htm>. Acesso em: 2010. CHIAVENATO, I. Administração de recursos humanos. São Paulo: Atlas, 2003. CHIAVENATO, I. 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Relações interpessoais... 58 APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue Trabalho de Conclusão de Curso QUESTIONÁRIO PARA OS AGENTES ADMINISTRATIVOS EFETIVOS DO CCSE/ UEPA Sr(a). Funcionário (a), Você está recebendo um questionário cujas respostas serão utilizadas em nosso Trabalho de Conclusão do Curso de Secretariado Executivo Trilíngue, com o tema “Relações interpessoais: interferências no ambiente organizacional. Um estudo de caso no CCSE/ UEPA”. SEXO ( )Feminino FAIXA ETÁRIA ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos TEMPO DE SERVIÇO ( ) Até um ano ( ) De 1 a 5 anos ( ) De 5 a 10 anos ( ) De 10 a 15 anos ( ) Masculino ( ) 46 a 55 anos ( ) 55 a 65 anos ( ) Mais de 65 anos ( ( ( ( ) De 15 a 20 anos ) De 20 a 25 anos ) De 25 a 30 anos ) Mais de 30 anos 1. Como você avalia suas relações com os seus colegas de trabalho, de modo geral? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 2. O que você entende por relações interpessoais? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S.; SANTOS, A. C. Relações interpessoais... 59 ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 3. Sabe-se que as relações interpessoais interferem na produtividade do trabalhador. Em sua experiência profissional, como isso ocorre? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 4. Como você vê a atuação do Departamento de Gestão de Pessoas – DGP/ UEPA no que diz respeito ao desenvolvimento das relações interpessoais no ambiente de trabalho? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 5. O que mais você gostaria de falar sobre as relações interpessoais no ambiente de trabalho? ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ Muito obrigada! FIGUEIREDO, M. S.; OLIVEIRA, N. M. S.; SANTOS, A. C. Relações interpessoais... 60 APÊNDICE B – ROTEIRO DE ENTREVISTA Universidade do Estado do Pará Centro de Ciências Sociais e Educação Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue Trabalho de Conclusão de Curso ROTEIRO DE ENTREVISTA À DGP Nome: Cargo: Tempo de Serviço: Formação: Pós graduação: 1. Qual a função da Diretoria de Gestão de Pessoas? 2. Como você avalia a importância das relações interpessoais no ambiente de trabalho? 3. Você acredita que as relações interpessoais influenciam no desempenho do servidor? Explique. 4. A DGP promove alguma iniciativa voltada para a melhoria das relações interpessoais entre os servidores? Quais? 5. Estas atividades são programadas com antecedência? Fazem parte do calendário da instituição? 6. Como você avalia a participação dos servidores do CCSE/ UEPA nestes eventos? 7. Você gostaria de acrescentar mais alguma coisa sobre as relações interpessoais? Centro de Ciências Sociais e Educação Curso de Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue Trav. Djalma Dutra S/N 66113-010 Belém – PA www.uepa.br