Informativo da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural Ano 8 - Nº 46 I N F O R M A Novembro-Dezembro/2004 Tendências da Engenharia Estrutural 5 Nova diretoria toma posse 9 A entrega do Prêmio Talento Engenharia Estrutural 12 Estar à frente da ABECE no “Compartilhando Experiências” Novembro-Dezembro / 2004 I N F O R M A EDITORIAL A nova caminhada Av. Brigadeiro Faria Lima, 1685 - cj. 2D CEP 01451-908 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3097-8591 Fax (11) 3813-5719 www.abece.com.br [email protected] Presidente Valdir Silva da Cruz Vice-presidente José Roberto Braguim Diretor administrativo-financeiro Fernando de Moraes Mihalik Diretores Alberto Naccache, Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, Marcos Monteiro, Roberto Dias Leme, Sérgio de Faria Linardi, Suely Bacchereti Bueno e Wagner Edson Gasparetto Conselho deliberativo Antonio Carlos Reis Laranjeiras, Augusto Carlos Vasconcelos, Catão Francisco Ribeiro, Celso Augusto Cortez, Francisco Paulo Graziano, Gabriel Oliva Feitosa, José Luiz Cavalheiro, Júlio Timerman, Justino Artur Ferraz Vieira, Kalil José Skaf, Luiz Cholfe, Luiz Roberto Pasqua, Marcelo Rozenberg, Marcos de Mello Velletri, Natan Jacobsohn Levental, Nelson Covas, Paulo Rafael Cadaval Bedê, Ricardo Leopoldo e Silva França e Sérgio Vieira da Silva ABECE Informa é uma publicação bimestral da ABECE - Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural Conselho Editorial Diretoria Executiva da ABECE Produção Prefixo Comunicação S/C Ltda. Tels./Fax: (11) 6915-8599 / 6915-7218 [email protected] 2 Editora Rosana Córnea (MTb 17.183) niciamos uma nova gestão na ABECE depois de 10 anos de trabalho árduo, dos quais acompanho há oito na diretoria, com muito aprendizado. Quero aqui agradecer a confiança da diretoria anterior, em especial ao Júlio Timerman, e a todos os sócios que depositaram sua esperança na continuidade de nossas metas. I Sabemos que a ABECE é hoje conhecida e reconhecida pela maioria das associações e entidades, e procuraremos manter esta visibilidade, fruto do trabalho de meus antecessores. Nessa gestão, queremos enfatizar e focar as ações principalmente junto ao nosso associado, que é a razão de existir da Associação. E, para isso, elegemos alguns itens principais: • Valorização Profissional – Apoiar e manter com o maior apreço e empenho o Grupo de Valorização, que já está instalado e trabalhando intensamente; • ABECE Universidades – Contato próximo entre profissionais e estudantes do último ano de graduação e com os departamentos de estrutura das universidades; • Comissão de Ética e Ouvidoria – Criar regras para convivência profissional, aparar arestas entre os colegas e escutar os anseios dos associados; • Reuniões Plenárias – Uma vez por mês, para aumentar nossa informação, conhecimento e entrosamento dos colegas e também pela saudável gastronomia; • Marketing – Aperfeiçoar e criar áreas para informar não só os contratantes, mas também e, principalmente, os consumidores finais, que a engenharia estrutural não é uma questão de honorários e prazos, e sim de segurança. Nós não vendemos e entregamos “desenho”, mas nossa criação, conhecimento, experiência e responsabilidade técnica sobre a estrutura. Daremos prosseguimento às outras ações da ABECE, como sócios colaboradores, divulgação, fórum de Tributos, seguro, cursos técnicos, relacionamento institucional, Prêmio Talento Engenharia Estrutural, regionais, etc. Estaremos presentes, quando possível, nas comunidades de engenharia estrutural, via e-mail, para a discussão de assuntos pertinentes à nossa profissão e à colocação da posição da ABECE, pois precisamos resgatar a importância da engenharia e, em especial, da estrutural. Então, meu amigo, não se esqueça que a Associação não somos eu, minha diretoria e diretorias anteriores. A ABECE somos todos nós: eu, você e toda a comunidade de engenharia estrutural. Portanto, arregacemos as mangas e vamos trabalhar juntos. Será que cada um de nós não pode doar uma hora por semana pelo bem da classe? Por isso, conclamo você para nos auxiliar. Para aqueles poucos que ainda jogam pedras, tragam suas pedras para construirmos uma Associação mais forte. Se a situação melhorar, melhora para mim, para você e para todos nós. É chegada a hora de sairmos de nossas cascas e brigarmos por nosso lugar. Mande sugestões, responda aos e-mails e pesquisas solicitadas, pois do outro lado tem alguém que se preocupa com você, que quer saber sua opinião e deseja uma classe melhor. Por fim, peço o apoio de todos nesta empreitada: dos colegas, da nossa família e a proteção de Deus para que possamos trilhar o caminho correto e levar a ABECE ao lugar que merece. Não se esqueça: A ABECE somos todos nós! Valdir Silva da Cruz Presidente A ABECE deseja a todos os seus associados e parceiros um feliz Natal e um novo ano repleto de realizações Novembro-Dezembro / 2004 I N F O R M A Evento reuniu cerca de 200 profissionais do setor Discussões abordaram as novas tendências da engenharia estrutural ob o tema Tendências da Engenharia Estrutural Pós NBR 6118:2003, a sétima edição do ENECE - Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural, realizada no dia 20 de outubro, no anfiteatro do Prédio da Administração da Escola Politécnica da USP, em São Paulo (SP), reuniu aproximadamente 200 profissionais da área de projetos estruturais, construtores, estudantes e interessados. S das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva e Sinduscon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), o evento propiciou espaço para que o público presente pudesse se aprofundar nas discussões sobre as novidades apresentadas na nova NBR 6118:2003. Com o apoio da ABCP (Associação O ENECE 2004 contou com palesEvento reuniu aproximadamente 200 profissionais Brasileira de Cimento Portland), ABCEM tras, divididas em cinco módulos e mi(Associação Brasileira da Construção Metálica), ABESC (Associação nistradas por renomados profissionais do setor, e reservou um momento Brasileira de Empresas de Serviços de Concretagem), ABPE (Associação especial para a entrega do Prêmio Talento Engenharia Estrutural e para a posse da nova diretoria (veja pág. 5). Além disso, disponibilizou Brasileira de Pontes e Estruturas), Escola Politécnica da Universidade um espaço para exposições onde as empresas patrocinadoras puderam de São Paulo, Gerdau, Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto), mostrar ao público presente seus produtos e serviços. IE-SP (Instituto de Engenharia de São Paulo), Secovi-SP (Sindicato Espaço para exposição dos patrocinadores atraiu público presente 3 Novembro-Dezembro / 2004 I N F O R M A Engenheiros recebem títulos de sócios honorários omo já se tornou praxe durante o ENECE - Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural, a ABECE confere o título de sócio honorário a engenheiros que atuam há mais de 40 anos na profissão, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados à engenharia estrutural e consultiva brasileira. No 7º Encontro foram homenageados os seguintes engenheiros: C • Victor Manuel de Souza Lima: engenheiro civil formado em 1951 pela EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo); professor titular pela EPUSP em 1968; pró-reitor de graduação da USP; presidente do Conselho de OrienEng. Victor Manuel de S. Lima (à dir.) recebe tação do Instituto de Pesquisas Tecnolótítulo das mãos do gicas de São Paulo; vencedor do Prêmio eng. Júlio Timerman Emílio Baumgart, conferido pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) em 1981; chefe do Departamento de Engenharia Civil da Promon Engenharia e membro da junta de consultores civis da Hidroelétrica de Itaipu; •Lauro Modesto dos Santos: engenheiro civil formado em 1953 pela EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo); doutor em Engenharia pela USP em 1962; foi professor durante 35 anos da Escola de Engenharia de São Carlos e da EPUSP; professor coordenador de cursos de pós-graduação do Departamento de Estruturas e professor responsável por três disciplinas na EPUSP; trabalhou durante 13 anos na Promon Engenharia, participando de grande projetos; vencedor do Prêmio Emílio Baumgart, do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto), em 1990; professor do ano em 1993 pela Associação dos Antigos Alunos da Escola Politécnica; nomeado "Homem da Construção" pela revista O Empreiteiro - dez.97; participa, há vários anos, de O presidente eleito da comissões de estudo da ABNT (AssociABECE, Valdir S. da Cruz, na entrega do título ação Brasileira de Normas Técnicas) na ao eng. Lauro M. preparação e revisão de normas técnicas; dos Santos (à dir.) é autor de cerca de 60 trabalhos; 4 • José Luiz Cardoso: ex-professor das Universidades Federal Fluminense, Federal do Rio de Janeiro, Estadual do Rio de Janeiro, Pontifícia Universidade Católica e Instituto Militar de Engenharia; atua como projetista e consultor autônomo; O título ao eng. José Luiz Cardoso (ao centro) é entregue pelo diretor da ABECE Justino Vieira (à esq.) e pelo delegado regional do Rio de Janeiro, César S. Pinto • Marcello da Cunha Moraes: engenheiro civil pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil em 1956; estagiário no Instituto Otto Graf (Stuttgart - Alemanha) e no Lenec (Lisboa, Portugal); professor e diretor da Escola de Engenharia da Universidade Federal de Goiás e da Escola de Engenharia da Universidade de Brasília; conselheiro do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) - Goiás; engenheiro das Centrais Elétricas de Goiás; presidente do Núcleo Regional de Brasília da Associação Brasileira de Mecânica de Solos; diretor regional do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) em Brasília; ganhador do O eng. Marcello da C. Moraes (à dir.) recebe Prêmio Ary Frederico Torres, do Ibracon, título do diretor da ABECE em 1983, e vencedor do Prêmio 37ª Fernando Mihalik REIBRAC - Ibracon; • Péricles Brasiliense Fusco: engenheiro civil pela EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) em 1952; engenheiro naval pela USP em 1960; doutor em Engenharia pela USP em 1968; livre docente da EPUSP em 1975; professor titular EPUSP em 1980; projetista de estruturas de concreto, tendo participado do projeto de grandes obras realizadas O vice-presidente eleito no país nas áreas de edifícios altos e da ABECE José Roberto Braguim faz a entrega do indústrias pesadas, pontes e usinas; autor título ao eng. Péricles B. de livros relacionados com a engenharia Fusco (à dir.) estrutural de concreto armado. Novembro-Dezembro / 2004 I N F O R M A Nova diretoria eleita para o biênio 2004-2006 toma posse a presença de todos os participantes do 7º ENECE - Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural, Novos diretores eleitos (da esq. p/ dir.): tomou posse a nova diFernando Mihalik, Augusto G. Pedreira de Freitas, Alberto Naccache, José Roberto retoria executiva da Braguim, Valdir Silva da Cruz, Sérgio de Faria ABECE, que cumprirá Linardi, Wagner Gasparetto e Marcos Monteiro seu mandato até outubro de 2006. Na ocasião, foram também anunciados os novos membros do Conselho Deliberativo (veja, à direita, relação dos conselheiros eleitos para o quadriênio 2004-2008). N de existência e nunca ter se afastado da principal missão que a regeu: a valorização da engenharia estrutural. Destacou as atividades empreendidas e agradeceu a colaboração de todas as entidades coirmãs que sempre apoiaram e prestigiaram as ações da ABECE. Avançar na luta pela valorização profissional O novo presidente empossado, eng. Valdir Silva da Cruz, reforçou a importância da atuação da ABECE como entidade de classe ao longo dos 10 anos e prometeu dar continuidade às ações implementadas nas gestões anteriores, empreendendo a constituição de novas delegacias regionais em Recife, Campinas e Florianópolis. Antes de iniciar o discurso de abertura do evento, o então presidente da ABECE, eng. Júlio Timerman, agradeceu o prestígio de todos, em especial às celebridades que compuseram a mesa. O eng. Júlio Timerman (no púlpito, à dir.) agradeceu a presença dos convidados à mesa (da esq. p/ dir): eng. Gilberto do Valle - presidente da ABPE (Associação Brasileira de Pontes e Estruturas), eng. Luiz Carlos de Alcântara - representante do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de São Paulo) e coordenador do GT Acessibilidade, eng. João Cyro André, representante da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo) e vice-presidente do Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações, eng. Valdir Silva da Cruz - vice-presidente da ABECE, eng. Arnaldo Jardim deputado estadual e do eng. Paulo Roberto do Lago Helene - presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto). O eng. Timerman ressaltou a importância do ENECE, um evento que está se tornando tradicional na agenda anual da Associação, e lembrou o significado especial da comemoração do décimo aniversário da entidade por ter se mostrado empreendedora durante este tempo O novo presidente, eng. Valdir Silva da Cruz (à esq. no destaque), e a mesa de solenidade de posse da nova diretoria (da esq. p/ dir.): eng. Augusto Carlos Vasconcelos (membro do Comitê Europeu do Beton), eng. Cátia Mac Cord (representante do IBS e CBCA), eng. Valdir Silva da Cruz (vice-presidente da ABECE), eng. Júlio Timerman (presidente da ABECE), eng. Renato José Giusti (presidente da ABCP), Eduardo F. Lafraia (presidente do IE) e Sérgio Vieira da Silva (sócio fundador e representante do conselho deliberativo da ABECE) Conselheiros 2004 - 2008 Francisco Paulo Graziano - Gabriel Oliva Feitosa José Luiz Cavalheiro - Júlio Timerman Justino Artur Ferraz Vieira - Luiz Cholfe Natan Jacobsohn Levental - Nelson Covas Paulo Rafael Cadaval Bedê 5 Novembro-Dezembro / 2004 Tendências da Engenharia E As estruturas serão mais baratas ou mais caras a partir das novas diretriz de ferramentas para gerar estruturas mais econômicas? Que tipo de forma ferramentas? Enfim, quais são as novas tendências da engenharia estrutural? Nacional de Engenharia enomados profissionais foram convidados para abordar em palestras, divididas em cinco módulos e mediadas pelo diretor da ABECE José Roberto Braguim, as principais novidades implementadas pela NBR 6118:2003 e as tendências da engenharia estrutural. R Eng. Francisco Paulo Graziano As alterações no consumo de aço no dimensionamento de pilares de edifícios empregando-se a nova Norma foram apresentadas pelo eng. Francisco Paulo Graziano, mestre em Engenharia de Estruturas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e ganhador do Prêmio Emílio Baumgart, promovido pelo Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto), em agosto de 2004. Começando pelas condições impostas pela NB-1 para dimensionamento de pilares, as situações possíveis para os momentos de 1ª e 2ª ordem e as análises dos efeitos, o eng. Graziano fez comparações entre as normas de 1978 e de 2003. Em sua conclusão, salientou que a NBR 6118:2003 não traz impacto em termos de pilares. “A nova NB-1 trouxe modelos mais exatos. Em caso de pilares, constatamos economia; porém, no projeto de pilares parede temos que ser mais criteriosos. Precisamos planejá-los bem para não termos excesso de consumo”, alertou. 6 O professor de Finanças e mestre em Economia José Paulo Carelli foi convidado para abordar a assimetria das negociações comerciais e contratação dos serviços de engenharia. Carelli demonstrou alguns caminhos para que as empresas possam criar diferenças no setor da engenharia estrutural para se destacarem e obterem resultados positivos. A necessidade do envolvimento do cliente na elaboração do projeto, bem como da comProf. José Paulo Carelli petição em termos de “qualidade” no serviço oferecido, foi destacada pelo professor como fator preponderante na conquista de bons resultados. Parceria e integração O papel da indústria brasileira do cimento no desenvolvimento e integração da cadeia produtiva da construção civil foi o tema apresentado pelo eng. Renato José Giusti, presidente da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), vice-presidente do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento) e Eng. Renato José Giusti membro do Conselho Deliberativo da ABNT (Associação Brasileira da Normas Técnicas). O engenheiro enfatizou ser a parceria a premissa básica para o desenvolvimento do mercado da construção civil e, após expor panorama do mercado do cimento e do setor, reforçou ser “necessária a integração de toda a cadeia da construção”. Para demonstrar a comparação dos resultados do dimensionamento à punção segundo a NBR 6118:2003 e NBR 6118:1978 foi convidado o eng. Joaquim Eduardo Mota, professor do Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil da Universidade Federal do Ceará e mestre na área de estruturas. Segundo o eng. Eng. Joaquim Eduardo Mota Mota, a nova Norma levou a uma visão mais rica sobre o tema da punção, sobretudo no detalhamento da armadura. O que muda na obra e quais são as novas tendências O eng. Justino Vieira e a profa. Lídia Shehata apresentaram o resultado de uma pesquisa junto a concreteiras I N F O R M A strutural pós NBR 6118:2003 zes implementadas pela NBR 6118:2003? A nova NB-1 provê seus usuários ação os projetistas precisam adquirir para ficarem aptos a empregarem tais ? Estas questões foram amplamente discutidas no ENECE 2004 - 7º Encontro e Consultoria Estrutural sobre os efeitos da NBR 6118:2003 nas obras de edifícios na área da região metropolitana do Rio de Janeiro (Grande Rio), particularmente em Niterói. Eng. Justino Vieira (à esq.) e profa. Lídia Shehata “Não é fácil falar sobre tendências!”, enfatizou o eng. Fernando Rebouças Stucchi ao abrir a palestra Tendências da Engenharia Estrutural Pós NBR 6118:2003. Presidente da Comissão de Revisão da NB-1 da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), livre docente pela EPUSP (Escola Politécnica da USP)-1997 e professor de Pontes e Grandes Estruturas na EPUSP, Stucchi traçou um quadro da situação brasileira atual da engenharia civil e estrutural, enfocando as dificuldades existentes ao longo do processo produtivo e ressaltando as principais mudanças implementadas pela nova NB-1. Destacou a importância de revisar e atualizar as normas Eng. Fernando Rebouças Stucchi brasileiras com mais freqüência e a necessidade de apoio financeiro e logístico da comunidade da construção para tal. “Estamos propondo que a NB-1 seja aprovada como norma internacional e isto significa um grande avanço para a engenharia estrutural brasileira”, ressaltou. Eng. José Roberto Braguim (ao centro) mediou debates que ocorreram entre os módulos Carta Aberta à Sociedade Brasileira O então presidente da ABECE, eng. Júlio Timerman, leu, ao finalizar seu discurso na abertura do ENECE 2004, a Carta Aberta à Sociedade Brasileira, documento de manifesto do 7º Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural baseado na tragédia ocorrida no dia 14 de outubro de 2004 resultante do desabamento do Edifício Areia Branca, localizado no município metropolitano de Jaboatão dos Guararapes, região de Recife (PE). “... fatos como o de Recife felizmente não são regra mas, de qualquer forma, são inaceitáveis e injustificáveis. Dado que a regulamentação da profissão da engenharia no Brasil não restringe a atividade nos diversos segmentos, cabe então orientar as empresas contratantes para que verifiquem se o profissional, além de ser habilitado e capacitado, é devidamente reconhecido pelos seus pares nas suas associações de classe. Para isso existe a ABECE - Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural, onde para ser membro o profissional tem que comprovar pelo menos oito anos de experiência na área de estruturas e que reúne mais de 250 empresas e profissionais do setor em todo o Brasil”, finaliza a Carta. Leia a íntegra do documento no site da ABECE (www.abece.com.br). 7 Novembro-Dezembro / 2004 I N F O R M A ABECE, 10 anos a serviço da engenharia estrutural onstituída a partir do Instituto de Engenharia de São Paulo para representar, de forma efetiva, a engenharia estrutural perante a sociedade brasileira, a ABECE comemorou, durante a realização do 7º ENECE - Encontro Nacional de Engenharia e Consultoria Estrutural, 10 anos de atividades. C Desde a fundação, seu principal objetivo foi lutar pela valorização profissional através da promoção de cursos de aperfeiçoamento, palestras, seminários, etc. Fazem parte de seu programa de ações o estabelecimento de padrões mínimos reconhecidos de desempenho profissional, estruturação formal da carreira profissional de engenheiro estrutural, estímulo ao intercâmbio de experiências profissionais, criação de mecanismos de desenvolvimento e fortalecimento das empresas do setor, entre outras. Através dos canais de comunicação criados ao longo de sua existência, como o ABECE Informa (boletim bimestral), ABECE News (boletim eletrônico) e o site da entidade, os associados podem acompanhar as atividades e projetos implementados. Atualmente, a ABECE conta com regionais em diversas localidades do país, reunindo as principais empresas de projeto e consultoria estrutural, que representam mais de 80% dos negócios do setor. O ENECE 2004 reservou um momento especial para homenagear a ABECE pelos seus 10 anos de fundação. No encerramento do evento, coquetel reuniu diretores e participantes para comemorar os 10 anos da entidade 8 Novembro-Dezembro / 2004 I N F O R M A Prêmio Talento Engenharia Estrutural Segunda edição destaca projeto vencedor e concede menção honrosa grande vencedor do Prêmio Talento Engenharia Estrutural, entregue durante a realização do ENECE 2004, foi o projeto estrutural executado na Rodovia Imigrantes, sob a responsabilidade do eng. Roberto de Oliveira Alves (Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projeto Ltda.). O O vencedor do Prêmio eng. Roberto de O. Alves (à dir.) recebe troféu do diretor executivo da Gerdau, Joaquim Guilherme Bauer O projeto foi escolhido entre 25 trabalhos inscritos e analisados por uma comissão julgadora constituída pelo presidente da ABECE, eng. Júlio Timerman, pelo gerente de marketing da Gerdau, Vinicius Rodrigues Morais Jr., pelo diretor da ABECE, eng. Luiz Cholfe, pelo consultor prof. dr. Augusto Carlos Vasconcelos e pelo editor da Revista Téchne - Editora Pini, Paulo Kiss. evento e uma viagem e estadia para visitar o World of Concrete 2005, em Las Vegas, no mês de janeiro de 2005. Em sua segunda edição, o concurso ganhou novas características e premiou alguns projetos com menção honrosa para os quais foram entregues diploma, placa alusiva ao evento e isenção das mensalidades da ABECE pelo período de um ano (confira abaixo). O concurso é aberto a todos os projetistas estruturais do país, que podem concorrer com apenas um projeto de estrutura que tenha sido realizado nos últimos cinco anos e que destaque a concepção estrutural, processos construtivos, uso adequado de materiais, originalidade, monumentalidade, implantação no ambiente, esbeltez/ deformabilidade e estética/ economicidade. Menção honrosa Projeto Biblioteca UNITRI Uberlândia (MG): eng. Flávio Correia D’Alambert (Alpha Eng. Estr.) Prof. dr. Augusto Carlos Vasconcelos (à dir.) entrega menção honrosa ao eng. Flávio C. D’Alambert Projeto Ponte JK - Brasília (DF): eng. Filemon Botto de Barros (Projconsult Eng. Proj. Ltda.) Eng. Filemon B. de Barros (à esq.) recebe menção honrosa do eng. Vinicius R. Morais Jr. Projeto Edifício VIVO - São Paulo (SP): eng. João Alberto de Abreu Vendramini (Vendramini Engenharia) Compuseram a mesa para a entrega do Prêmio (da esq. p/ dir.) Vinicius R. Morais Jr., eng. Luiz Cholfe, eng. Júlio Timerman, prof. dr. Augusto Carlos Vasconcelos, Paulo Kiss e Joaquim Guilherme Bauer Agradecendo a ABECE e a Gerdau pela iniciativa e pelo prêmio conquistado, o eng. Alves falou sobre a obra, inaugurada no ano de 2002 em São Paulo (SP), e o prazer em ter participado de seu projeto. "O prêmio é importante por valorizar os projetos estruturais e parabenizo seus promotores e todos os demais participantes", destacou ao receber a placa alusiva ao Paulo Kiss (à dir.) entrega menção honrosa ao eng. João Alberto de A. Vendramini Projeto Ponte Almir Gabriel - Rio Guamá - Belém (PA): eng. Alfredo de Souza Queiróz Filho (Vetec Engenharia/ Enescil Eng. Proj. S/C Ltda.) Eng. Alfredo de S. Queiróz Filho (à esq.) recebe menção honrosa do eng. Júlio Timerman 9 Novembro-Dezembro / 2004 I N F O R M A Delegacias Regionais fortalecem a atuação da ABECE m dos pilares da atuação da ABECE nos últimos anos foi a reativação de delegacias regionais, visando promover a união das empresas que atuam na engenharia estrutural. U O principal objetivo desta ação é descentralizar as atividades da Associação, fazendo com que as capitais brasileiras e os municípios com maior número de escritórios de projetos e de consultoria estrutural se constituam em postos avançados para debater não só questões particulares como também de importância para a categoria profissional. Em reunião realizada com os delegados regionais na sede da ABECE, em São Paulo (SP), no dia 19 de outubro de 2004, foi apresentado um balanço das atividades realizadas no ano de 2004 e previsão de ações para 2005. É importante que o associado entre em contato com a delegacia de sua região e conheça as ações que estão em andamento para que a ABECE possa contar com a participação de todos na defesa dos interesses do setor. Delegacias Regionais 2004-2006 Delegacia Regional de Belo Horizonte (MG) Delegacia Regional de Porto Alegre (RS) Responsável: Paulo Rafael Cadaval Bedê ([email protected]) Responsável: Martin Alfredo Beier ([email protected]) Delegacia Regional de Brasilia (DF) Responsável: Ilacir Ferreira ([email protected]) Delegacia Regional do Rio de Janeiro (RJ) Responsável: Bruno Contarini ([email protected]) Delegacia Regional de Curitiba (PR) Responsável: Yassunori Hayashi ([email protected]) Delegacia Regional de Salvador (BA) Delegacia Regional de Fortaleza (CE) Responsável: Antonio Carlos Reis Laranjeiras ([email protected]) Responsável: Sérgio Otoch ([email protected]) Delegacia Regional de São Paulo (SP) Delegacia Regional de Manaus (AM) Responsável: Ruy Fernando Ribeiro da Fonseca ([email protected]) 10 Responsável: Marcelo Rozenberg ([email protected]) Novembro-Dezembro / 2004 I N F O R M A ESPAÇO DO PATROCINADOR Aspectos da revisão da Norma Brasileira de Projeto de Estruturas de Aço NBR 8800:1986 Ricardo Hallal Fakury Professor adjunto - Doutor da UFMG norma brasileira atualmente em vigor para projetos de estruturas de aço de edifícios (NBR 8800:1986 - Projeto e Execução de Estruturas de Aço de Edifícios) representou na época um grande avanço e funcionou, desde então, como propulsora de uma notável evolução da construção metálica no país. Como grande novidade, incluiu regras para o cálculo de vigas mistas de aço e concreto, introduzindo em normas nacionais os elementos estruturais formados pelo trabalho conjunto desses dois materiais. A Nos quase 20 anos que se passaram desde sua edição, pesquisas foram realizadas, principalmente na Europa e na América do Norte, e também no Brasil, levando a uma evolução nos procedimentos de cálculo. Novos regulamentos internacionais surgiram e, adicionalmente, revisões de outras normas brasileiras, com prescrições que afetam as estruturas de aço, foram editadas nos dois últimos anos, como a NBR 6118:2003 (Projeto de Estruturas de Concreto) e a NBR 8681:1984 (Ações e Segurança nas Estruturas). Tornou-se necessária, portanto, uma revisão da NBR 8800:1986, para que a mesma não ficasse desacreditada e deixasse de ser usada. Assim, um grupo de especialistas das áreas de estruturas de aço e estruturas mistas, formado por professores e pesquisadores de importantes universidades, representantes de órgãos de classe e da ABNT e engenheiros especializados, concluiu, em meados de 2003, um texto-base de revisão da norma. Esse trabalho foi disponibilizado aos interessados, via internet, no sítio www.dees.ufmg.br/fakury e encaminhado à ABNT para os procedimentos formais de discussão e aprovação. Formou-se a Comissão de Estudos CE-02:125.03, sob a coordenação do prof. dr. Julio Fruchtengarten, da Escola Politécnica da USP. Três reuniões dessa Comissão foram realizadas em São Paulo, no Instituto de Engenharia, nos meses de novembro de 2003 e fevereiro e abril de 2004, quando puderam ser percebidas as expec- tativas dos integrantes com relação à redação final. No momento, estão sendo feitos ajustes no texto-base, antes da retomada das reuniões. Objetiva-se que a norma seja submetida à consulta pública no primeiro semestre de 2005. Entre as diversas novidades que a nova NBR 8800 conterá, encontram-se procedimentos mais realistas para análise e estabilidade estrutural, atualização das fórmulas para combinação de ações, estabelecimento de critérios mais corretos para determinação de esforços resistentes de cálculo para diversos estados limites últimos, como ruptura da área líquida de barras tracionadas e flambagem lateral com torção de vigas, e o uso de novos parâmetros para os estados limites de serviço, além de ajustes gerais na parte referente a ligações. É importante destacar que a nova NBR 8800 apresentará também regras com abordagem consistente para o projeto de elementos estruturais mistos de aço e concreto (vigas, pilares, lajes e ligações), a exemplo das especificações de estruturas de aço norte-americana e canadense. Corrige-se assim um grande problema da normalização brasileira da área estrutural, pois embora as vigas mistas já sejam parte da atual NBR 8800:1986, pilares mistos e lajes mistas encontram-se indevidamente na NBR 14323 (Dimensionamento de Estruturas de Aço de Edifícios em Situação de Incêndio), uma norma que deveria tratar exclusivamente, conforme seu próprio título indica, das estruturas em situação de incêndio. As ligações mistas, portanto, estão ignoradas. Têm sido tomados cuidados especiais quanto aos elementos mistos, de modo que todas as partes relacionadas ao uso do concreto estejam em conformidade com a NBR 6118:2003. Para tanto, representantes da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) participam ativamente das reuniões da Comissão de Estudos e, inclusive, encaminharam um documento com importantes considerações. 11 Novembro-Dezembro / 2004 I N F O R M A COMPARTILHANDO EXPERIÊNCIAS Estar à frente de uma associação como a ABECE o dia seguinte ao término da minha gestão à frente da ABECE, pairaram sobre minha mente diversas lembranças e questões que somente o tempo poderá responder. N Administrar a ABECE não é uma tarefa fácil! Quando você menos percebe, está inteiramente envolvido nos problemas da Associação, sacrificando sua vida profissional, a família, o descanso... Manual do Escopo de Serviços de Engenharia Estrutural, Tabelas de Referência de Honorários, Seguro de Responsabilidade Civil, PSQ’s, Comunidade da Construção, ENECE’s, informativos ABECE, cursos e palestras técnicas, convênios com outras entidades... são alguns dos temas que me vêm à cabeça neste balanço que faço da ABECE. Mas, será que tudo isto valeu a pena? Recordo-me que, quando do nascimento da ABECE, no Instituto de Engenharia, os profissionais reclamavam dos honorários praticados naquela época, lamentavam a desunião de nosso meio técnico e da visão que os contratantes tinham da engenharia estrutural. Será que a ABECE conseguiu (ou está conseguindo) reverter algumas destas questões? Freqüentemente, fomos indagados por alguns associados sobre o fato da ABECE estar focando demasiadamente o aperfeiçoamento técnico e organizando diversos cursos voltados não só à reciclagem técnica mas também à evolução empresarial. O que estes profissionais não percebiam era que, tão importante quanto o conteúdo dos cursos ministrados na ABECE, foi a oportunidade única de estarem juntos, conhecendo-se e trocando experiências para o próprio crescimento e a evolução da engenharia estrutural. Eng. Júlio Timerman Sob o ponto de vista do associativismo, entendo que sim! Hoje, o engenheiro de estruturas sabe que está inserido em uma atividade que não comporta atitudes isoladas. Ele entende que a engenharia estrutural deve experimentar um crescimento homogêneo, onde todos participem e usufruam na mesma proporção. Quando eu falo de crescimento, estou me referindo ao aspecto mais amplo, que engloba o aprimoramento técnico, a evolução administrativa, etc. 12 Antes do advento da ABECE, nossa visão empresarial era limitada: orientávamo-nos para uma meta e percebíamosnos ignorando uns aos outros. E aí está a grande virtude da ABECE: hoje, o engenheiro estrutural sabe que existe uma entidade na qual pode discutir abertamente seus problemas, sentar-se frente a frente com profissionais que outrora considerava inimigos. Neste ponto, destaco o dr. Martin Luther King Jr., corajoso líder dos direitos civis na década de 60, que escreveu em certa ocasião: “Aprendemos a nadar como os peixes e a voar como os pássaros, mas não aprendemos ainda a arte de vivermos como irmãos”. Entendo que o caminho é longo e penoso, com mudanças em culturas e paradigmas, mas tenham a certeza que a ABECE saberá trilhá-lo para atingir a tão sonhada meta que sempre a norteou: Valorização Profissional - Hoje e Sempre!!!! Júlio Timerman Presidente no Biênio 2002 - 2004