753 CONSTRUÇÃO DE IMAGENS REMAPEADAS PARA O SITIM Luís Eduardo Bondesan Paulino Maria Assunção Faus da Silva Dias Depto. de Meteorologia do I.A.G.U.S.P. Caixa Postal 30627; 01051 São Paulo - SP 1. Introdução Em sua forma original, as imagens obtidas através do satélite geoestacionário SMSjGOES, apresentam limitações consideráveis para o uso em nosso país. Além da distorção espacial provocada pela posição do satélite, nos últimos anos desfavorável em relação a nossa poslçao geográfica, existem, durante o dia, flutuações em sua órbita que fazem com que em imagens consecutivas, um mesmo ponto (linha,elemento) represente posições geográficas (latitude, longitude) diferentes. A distorção espacial muitas vezes dificulta a identificação e localização correta de certos sistemas, e não permite uma comparação rápida e direta com produtos meteorológicos de uso comum, como as cartas sinóticas ou campos de análise objetiva, enquanto que as flutuações na órbita tornam imperfeitas as animações de sequências de imagens, onde os padrões representados parecem dançar de um lado para o outro. Torna-se útil, portanto, um remapeamento dessas imagens num formato mais adequado, no caso presente uma grade em latitude e longitude . 2. Metodologia e Resultados O remapeamento só é possível através da navegação das imagens, processo que utiliza os parâmetros dinâmicos do satélite para realizar a transformação entre os sistemas de coordenadas do satélite (linha,elemento) e da Terra (latitude,longitude). Um conjunto de subrótinas para a navegação de imagens do satélite SMSjGOES gravadas em fita magnética no INPE em Cachoeira Paulista, foi fornecido pelo CSAjINPE (vide Conforte et alli, 1983). Com essas subrotinas pode-se obter a partir de um par (latitude, longitude) o correspondente par (linha,elemento) e vice-versa. 754 o processo de remapeamento começa com a def inição da grade desej ada. Em seguida, para cada par ( latitude, longi tude) obtém-se um par (linha,elemento). Aqui deve-se ressaltar que os valores da linha e elemento calculados pelas subrotinas como valores reais, são arredondados para valores inteiros, o que implica que um ponto selecionado para a montagem da grade sej a na verdade o ponto mais prOXlmo da posicão terrestre ( latitude , longi tude) determinada previamente. A nova imagem é então montada, lendo-se a imagem na fita linha por linha, e selecionando-se apenas os "counts" (valores de intensidade de cada ponto na imagem) correspondentes aos pares (linha,elemento) calculados. No computador Burroughs B7900, foi escrito um programa em linguagem FORTRAN que, utilizando as subrotinas para a navegação, executa o procedimento descrito acima, gerando como saída três arquivos em formato texto, um de "counts" (que é a imagem remapeada), um de linhas e um de elementos para verif icação e controle do processo. Esses arquivos são então transferidos para o microcomputador, onde um programa transforma o arquivo de "counts" para o formato binário utilizado no SITIM. Cria-se então o arquivo descritor da imagem, feito através do programa CRlMA, integrante do SITIM. Nesse ponto, utilizando-se rotinas gráficas da biblioteca do SITIM, torna-se fácil desenhar análises ou limites políticos sobre as imagens. Nos testes iniciais do programa foram obtidas imagens remapeadas a partir de imagens gravadas em fitas magnéticas durante o Experimento Meteorológico 111 do Projeto Radasp 11, em três formatos distintos. Para o dia 14/02/89 foi gerada uma sequência de 15 imagens de 101X101 pontos, centradas no radar 0 0 0 de Bauru (22. 35 S, 49. 03 W), com espaçamentos de 0.1 tanto em latitude como longitude. Para o dia 23/02/89 foi gerada uma sequência de 15 imagens de 95X101 pontos centradas em (22.60 0 8, 45.98 0 W), com espaçamentos de 0.1 0 tanto em latitude como longitude, cobrindo a região do radar de Ponte Nova. Foram geradas também, várias imagens de 351X226 pontos, com 0 espaçamentos de 0.2 tanto em latitude como em longitude, cobrindo a região da América do Sul entre (10 0 N, 80 0 W) e (60 0 8, 35 0 W). (Ver figuras). 755 Através para cada uma dos das arquivos imagens de foi linhas e verificado repetições de "counts" numa mesma imagem, elementos que não gerados ocorreram o que aconteceria no caso de diferentes pares ( latitude, longitude ) corresponderem a um mesmo par (linha,elemento), ou seja, no caso em que a resolução da imagem na fita fosse inferior à estabelecida pela grade. Comparando visualmente as imagens remapeadas com imagens originais que cobrem aproximadamente a mesma reglao, nota-se que o método preserva os padrões mais evidentes e revela outros menos notáveis, localização. acrescentando sempre Para serem construídas uma no maior B7900, facilidade de as de imagens 95XI01 pontos gastam cerca de 3 minutos de CPU, enquanto que as de 351X226 pontos gastam cerca de 25 minutos de CPU, tempo demasiado aI to. Uma saída para esse problema seria a navegação de um número menor de pontos da grade, e uma posterior interpolação linear em linhas imagens remapeadas e elementos para obter os restantes. 4. Conclusões As entre os quais pode-se servem citar: a inúmeros sobreposição propósitos com análises meteorológicas convencionais para permitir uma melhor descrição dos sistemas de precipitação; aplicação de técnicas de análise de sistemas de precipitação através do uso conjunto de radar e satélite; aplicação precipitação. de quantitativa de Essas atividades estão em andamento no Depto. de Meteorologia da USP. "hardware" etapas e num técnicas de avaliação Espera-se poder superar as futuro próximo trabalhar com os de produtos forma das a limitações de agilizar as remapeadas em poder imagens tempo real. 5.Agradecimentos Este CNPq. proj eto Agradecemos Imagens (DPI) a tem o apoio assessoria do da ~INEP , Depto. de da FAPESP e do Processamento de e do Centro de Aplicação de Satélites Ambientais (CSA) do INPE nas várias etapas do presente trabalho. 756 6.Referências Bibliográficas Conforte, J. C., N. Araí e F. C. Almeida, 1983. Navegação das Imagens dos Satélites Meteorológicos Estacionários. INPE-277RPE/435. Figura 1: imagem IV das 18:00Z de 15/02/89, obtida na UAI-M do 7 0 DISME (São Paulo). Figura 2: imagem IV das 18:00Z de 15/02/89, remapeada a partir de arquivo gravado em fita magnética pelo INPE em Cachoeira Paulista. 757 Figura 3: imagem IV das 14:00Z de 14/02/89, centrada no radar de 0 0 Baurú (22.35 S,49.03 W), obtida através de arquivo gravado em fita magnética pelo INPE em Cachoeira Paulista (São Paulo). Figura 4: imagem IV das 14:00Z de 14/02/89, centrada no radar de 0 0 Baurú (22.35 S,49.03 W), remapeada a partir de arquivo gravado em fita magnética pelo INPE em Cachoeira Paulista (São Paulo) . ,.8 ,.8 108 lOS 208 218 21'9 228 228 238 2~8 ~s 248 ""8 268 CllIC figura 5: representação da imagem da figura 4 no programa MicroMAGICS, onde é possível a realização de superposições com outros campos meteorológicos.