2013
6º Simpósio sobre Recursos Naturais
e Socioeconômicos do Pantanal
Resumos
26 a 29 de novembro de 2013
Corumbá, MS
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Pantanal
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
6º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal e
1º Evento de Iniciação Científica do Pantanal
Desafios e Soluções para o Pantanal
De 26 a 29 de novembro de 2013
Corumbá, MS
Resumos
2ª edição
Suzana Maria Salis
Ana Helena B. Marozzi Fernandes
Balbina Maria Araújo Soriano
Evaldo Luis Cardoso
Editores Técnicos
Embrapa
Brasília, DF
2013
Embrapa Pantanal
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Embrapa Pantanal
Comitê Local de Publicações da Embrapa Pantanal
Presidente: Suzana Maria de Salis
Membros: Ana Helena B. M. Fernandes
Dayanna Schiavi N. Batista
Sandra Mara Araújo Crispim
Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis
Secretária: Eliane Mary P. de Arruda
Supervisora editorial: Suzana Maria de Salis
Normalização bibliográfica: Maria de Fátima da Cunha
Tratamento de ilustrações: Eliane Mary P. de Arruda
Capa: Maximiliano Gomes de Lima
Editoração eletrônica: Eliane Mary P. de Arruda
Disponibilização na página: Marilisi Jorge Cunha
1ª edição
CD_ROM (2013): 300 exemplares
2ª edição
On-line (2013)
Todos os direitos reservados.
A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Embrapa Informação Tecnológica
Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal (6. :2013: Corumbá, MS).
6º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal e Desafios e 1º Evento de Iniciação
Científica do Pantanal : desafios e soluções para o Pantanal : de 26 a 29 de novembro de 2013, Corumbá, MS ;
resumos [recurso eletrônico] / Suzana Maria Salis, Ana Helena B. Marozzi Fernandes, Balbina Maria Araújo
Soriano, Evaldo Luis Cardoso, editores técnicos. – Dados eletrônicos. - Brasília, DF : Embrapa, 2013.
228 p. : il.
Sistema requerido: Adobe Acrobat Reader
Disponível em: <http://www.cpap.embrapa.br/agencia/simpan6/Resumos_6Simpan_1Evinci_2013.pdf>.
Título da página web (31 dez. 2013)
Disponível também em: CD-ROM Desafios e soluções para o Pantanal: resumos.
ISBN 978-85-7035-323-8
1. Ecossistema. 2. Pantanal. 3. Recurso natural. 4. Recurso socioeconômico. I. Salis, Suzana Maria. II.
Fernandes, Ana Helena B. Marozzi. III. Soriano, Balbina Maria Araújo. IV. Cardoso, Evaldo Luís. V. Título. VI.
Embrapa Pantanal.
CDD 333.7 (23. ed.)
© Embrapa 2013
Comitê realizador do
6º Simpósio sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos
do Pantanal - 6º SIMPAN
Desafios e Soluções para o Pantanal
Comissão organizadora
Presidente: Guilherme Miranda Mourão - Embrapa Pantanal
Coordenadora geral: Sandra Mara Araújo Crispim - Embrapa
Pantanal
Coordenador financeiro: Thiago Nery da Cunha Coppola Embrapa Pantanal
Parceiros organizadores do 6º SIMPAN
Edgar Aparecido da Costa - Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul - UFMS, Campus Pantanal
Marivaine da Silva Brasil - Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul - UFMS, Campus Pantanal
Maximiliano Gomes de Lima - Instituto de Comunicação Social
do Brasil
Parceiros organizadores do 1º Evento de Iniciação
Científica do Pantanal -1º EVINCI
Rafael Mendonça dos Santos - Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS, Campus
Corumbá
Claudia Santos Fernandes - Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul - IFMS, Campus
Corumbá
Comissão Científica
Suzana Maria Salis - Embrapa Pantanal
Ana Helena B. Marozzi Fernandes - Embrapa Pantanal
Balbina Maria Araújo Soriano - Embrapa Pantanal
Evaldo Luis Cardoso - Embrapa Pantanal
Eliane Mary P. Arruda - Embrapa Pantanal
Comissão de Apoio e Logística
Dayanna S. do Nascimento Batista - Embrapa Pantanal
Cecília Torrico Vargas - Embrapa Pantanal
Marcelo Xavier da Silva - Embrapa Pantanal
Reynaldo Sidney Brandão Pereira - Embrapa Pantanal
Wilson dos Santos Batista - Embrapa Pantanal
Comissão Cultural
Ubiratan Piovezan - Embrapa Pantanal
Guilherme F. dos Santos Caetano - Embrapa Pantanal
Raquel Soares Juliano - Embrapa Pantanal
Revisores dos resumos
Adriana Takahasi - UFMS
Agostinho Carlos Catella - Embrapa Pantanal
Antonio Thadeu M. Barros - Embrapa Gado de Corte
Aurélio Vinicius Borsato - Embrapa Pantanal
Catia Urbanetz - Embrapa Pantanal
Cláudia Santos Fernandes - IFMS
Débora Karla S. Marques - Embrapa Pantanal
Fábio Galvani - Embrapa Pantanal
Fabricia Ferreira de Souza - IFMS
Fernando A. Fernandes - Embrapa Pantanal
Fernando R. Teixeira Dias - Embrapa Pantanal
Ivan Bergier - Embrapa Pantanal
Jeruza dos Santos Santiago - IFMS
José Anibal Comastri Filho - Embrapa Pantanal
Luci Helena Zanata - UFMS
Luiz Orcírio F. de Oliveira - Embrapa Pantanal
Marcia Divina de Oliveira - Embrapa Pantanal
Marcia Furlan N. T.de Lima - Embrapa Pantanal
Marçal H. Amici Jorge - Embrapa Hortaliças
Marivaine da Silva Brasil - UFMS
Michele Soares de Lima - IFMS
Nelson Rufino de Albuquerque - UFMS
Rafael Françozo - IFMS
Raquel Soares Juliano - Embrapa Pantanal
Ricardo Borghesi - Embrapa Pantanal
Sandra Aparecida Santos - Embrapa Pantanal
Sandra Mara A. Crispim - Embrapa Pantanal
Ubiratan Piovezan - Embrapa Pantanal
Vanderlei D. A. dos Reis - Embrapa Pantanal
Zilca M. da Silva Campos - Embrapa Pantanal
Apresentação
A Embrapa Pantanal e seus parceiros têm a satisfação de disponibilizar para a comunidade científica,
produtores e sociedade em geral esta publicação com os 96 resumos que foram apresentados no 6º Simpósio
sobre Recursos Naturais e Socioeconômicos do Pantanal - 6º SIMPAN e no 1° Evento de Iniciação Científi ca do
Pantanal - 1º EVINCI para divulgação dos resultados das pesquisas mais recentes realizadas no Pantanal.
O 6º SIMPAN abordou como tema principal “Desafios e Soluções Sustentáveis para o Pantanal” com a
apresentação de cinco mesas-redondas com 19 palestrantes, visando harmonizar o desenvolvimento com a
conservação da planície pantaneira. Trata-se de tema instigante, na medida em que a conservação da região
dependerá de conhecimentos técnico-científicos que embasem as decisões de uso dessa região ímpar no mundo.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer o empenho de todos que contribuíram para a realização
desse evento e, especialmente aos parceiros, professores, pesquisadores e aos funcionários da Embrapa
Pantanal que auxiliaram para a concretização da publicação dos Anais do 6º SIMPAN.
Dra. Emiko Kawakami de Resende
Chefe-Geral da Embrapa Pantanal
Sumário
Resumos apresentados no 6º SIMPAN
A influência da massa e sexo de indivíduos de Cerdocyon thous sobre o tamanho da área de vida ................................10
Laísa Carvalho Campanha, Guilherme de Miranda Mourão
A limpeza do município de Aquidauana na visão dos garis ...................................................................................................11
Fabiula Aletéia de Souza, Thaiany Alonso Rodrigues, Suelen Martins Gonçalves, Diego Fialho da Silva
Abundância e diversidade de machos de abelhas Euglossina (Hymenoptera: Apidae) em quatro pontos na região de
Corumbá-MS ...............................................................................................................................................................................12
Priscila Vicente de Moraes, Edivan dos Santos Mendes, Bruna da Costa Pereira, Aline Mackert
Amplificação heteróloga de loci de microssatélites em bromélias nativas do Mato Grosso do Sul ..................................13
Gilaine Moreira de Miranda, Brenda Baía Brandão, Renata de Barros Ruas, Gecele Matos Paggi
Análise da fertilidade, fenologia e biologia reprodutiva de espécies do gênero Dyckia, Corumbá-MS .............................14
Diego Finati-Alves, Brenda Baía Brandão, Flórence Cristina dos Santos Ignácio, Gilaine Moreira de Miranda, Gecele Matos
Paggi
Análise econômica da produção ornamental do camarão-do-pantanal Macrobrachium pantanalense (Dos Santos, Hayd
e Anger, 2013) .............................................................................................................................................................................15
Hanner Mahmud Karim, José Eduardo Costa de Freitas, Thalles Policarpo de Carvalho Lima, Marcelo dos Santos Nascimento,
Liliam de Arruda Hayd
Aplicação do índice biológico BMWP para avaliação preliminar da qualidade da água de uma microbacia hidrográfica,
município de Dois Irmãos do Buriti, MS ...................................................................................................................................20
Kim Filipe Duarte Moreira, Fernanda Pimentel, Maria Helena da Silva Andrade, Paola Zamin Cembranel, Maike Ledesma
Aplicação do princípio da proporcionalidade na resolução de conflitos socioambientais no Parque de Piraputangas..21
Marina Kleinsorge Daibert, Ricelly Aline Camargo de Souza, Daniela Lopo
Aplicação MEV Ambiental no estudo de afinidade/repelência à água na superfície de Salvinia auriculata ......................26
Ana Paula Souza Silva, Ivan Bergier
Área desmatada no município de Miranda, MS no período de 1994 a 2007 ..........................................................................30
Sandra Mara Araújo Crispim, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Luiz Alberto Pellegrin
Aspectos socioeconômicos do município pantaneiro de Porto Murtinho/MS, na fronteira Brasil-Paraguai: subsídios
para o planejamento e gestão territorial...................................................................................................................................33
Roberto Ortiz Paixão, Tito Carlos Machado de Oliveira, Maria Helena da Silva Andrade
Assembleias de macrófitas aquáticas em diferentes áreas no rio Paraguai.........................................................................37
Camila Silveira de Souza, Muryel Furtado de Barros, Tiago Green de Freitas, Vali Joana Pott, Arnildo Pott, Geraldo Alves
Damasceno-Junior, Edna Scremin-Dias
Associação de estilosantes Cv. Campo Grande em pastagem de braquiárias, Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS42
Sandra Mara Araújo Crispim, Sandra Aparecida Santos, José Anibal Comastri Filho, Oslain Domingos Branco
Avaliação da exatidão de mapa de vegetação utilizando o índice Kappa .............................................................................43
Balbina Maria Araujo Soriano, Omar Daniel, Éder Comunello, Sandra Aparecida Santos, Geula Graciela Gomes Gonçalves
Avaliação de ganho de peso e peso a desmama em bezerros pantaneiros e pantaneiro X nelore, criados a pasto ........44
Thomas Malby Horton, Heitor Romero Marques Júnior, Monise Cedran, Raquel Soares Juliano, Sandra Aparecida Santos,
Eriklis Nogueira
Avaliação de teste alternativo para determinar a viabilidade de sementes de adubos verdes e milho .............................48
Edmar Sebastião de Arruda, Willian Pereira de Oliveira, Cristiano Almeida da Conceição, Mayara Santana Zanella, Tayrine
Pinho de Lima Fonseca, Rosaina Cuiabano Reis, Aurélio Vinicius Borsato, Alberto Feiden
Avaliação sensorial de pescado empanado produzido com carne mecanicamente separada de pacu cultivados em
tanques-rede ...............................................................................................................................................................................51
Jovana Silva Garbelini Zuanazzi, Ádina Cléia Botazzo Delbem, Nilton Garcia Marengoni, Jorge Antonio Ferreira de Lara
Besouros rola-bosta (Coleoptera: Scarabaeinae) do Pantanal: lista e chave de gêneros .................................................55
Marcelo Bruno Pessôa, Fernando Zagury Vaz de Mello
Biologia reprodutiva do jacaré-paguá, Paleosuchus palpebrosus, e as ameaças nos seus ambientes do Maciço do
Urucum, Pantanal Sul.................................................................................................................................................................56
Zilca Campos
Capim-piatã adubados com fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água: parte aérea e raiz ...........................57
Thiago Trento Biserra, Luísa Melville Paiva, Henrique Jorge Fernandes, Camila Fernandes D. Duarte, Diego Lopes Prochera,
Kassyo Roberto Sanches Falcão, Rosiane Lima Fernandes, Lidiane da Silva Flores
Capim-piatã em pastos adubados com fontes de fósforo de diferentes solubilidades, na transição Cerrado-Pantanal .61
Camila Fernandes Domingues Duarte, Luísa Melville Paiva, Henrique Jorge Fernandes, Luiz Henrique Cassaro, Alex Coene
Fleitas, Elen Regina Cáceres de Souza, Danielly Xenxen Ferreira, Thiago Trento Biserra
Características da pesca de iscas vivas na bacia do Alto Paraguai em Mato Grosso do Sul .............................................65
Agostinho Carlos Catella, Vanessa Spacki, Bibiana Sagrillo Gindri, Berinaldo Bueno, Carlos André Zucco
Características físicas da carne de queixada (Tayassu pecari Link, 1795) ...........................................................................66
Ubiratan Piovezan, Jovana G. Zuanazzi, Gisele A. Felix, Jorge A. F de Lara
Caracterização biométrica de frutos de sucupira branca e baru ...........................................................................................70
Daiane Oliveira da Silva, Sebastião Ferreira de Lima, Ana Paula Leite de Lima, Arthur Ribeiro Ximenes, Yasser Alabi Oiole
Caracterização biométrica de frutos e sementes de barbatimão ...........................................................................................73
Arlindo Ananias Pereira da Silva, Ana Paula Leite de Lima, Sebastião Ferreira de Lim, Arthur Ribeiro Ximenes, Igor Erickson
Tosta Maia
Caracterização morfológica de exemplares de equinos da raça quarto de milha utilizadas no laço comprido ................77
Marcos Paulo Gonçalves de Rezende, Urbano Gomes Pinto Abreu, Geovane Gonçalves Ramires
Carbono orgânico total em Latossolo Vermelho distroférrico sob sistemas de manejo em Dourados, MS......................81
Ricelly Aline Camargo de Sousa, Daniela Lopo, Marina Kleinsorge Daibert
Composição química de forrageiras no Pantanal....................................................................................................................85
Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, Ériklis Nogueira, Urbano Gomes Pinto Abreu, Antonio Arantes Bueno Sobrinho, Oslain
Domingos Branco, Caroline Bertholini Ribeiro, Dayana Schiavi Nascimento Batista
Composição zooplanctônica (Copepoda/Cladocera) em dois períodos distintos de uma lagoa no município de
Aquidauana, MS..........................................................................................................................................................................86
Dhébora Albuquerque, Bruno Paiva Faustino, Ricardo Henrique Gentil Pereira, Adriana de Barros
Construção de aprisco com materiais alternativos no Mato Grosso.....................................................................................90
Antonio Rodrigues da Silva, Fernanda de Cassia Fabricio Carretoni, Fernanda Vieira Gomes, Sandie Souza
Consumo e produção de farinha de bocaiuva em Corumbá ..................................................................................................91
Fernando Rodrigues Teixeira Dias, Alberto Feiden, Aurélio Vinicius Borsato, Catia Urbanetz, Fábio Galvani, Suzana Maria Salis,
Fernando Fleury Curado, Marçal Henrique Amici Jorge, Gilberto Chena Rolon
Contexto sociocultural e ambiental da pesca artesanal de tuviras (Gymnotiformes) no Pantanal.....................................92
Débora Karla Silvestre Marques, Fernando Fleury Curado, Rodrigo da Silva Lima
Controle automático da umidade do solo com energia solar para pequenos produtores...................................................93
Danielle Silva, Gabriel Oliveira, Roosevelt Silva, Claúdia Fernandes, Leandro de Jesus, Ivan Bergier
Desempenho de bezerros submetidos à desmama precoce no Pantanal.............................................................................98
Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Ériklis Nogueira, Antonio Arantes Bueno Sobrinho, Dayanna
Schiavi Nascimento Batista, Egleu Diomedes Marinho Mendes
Desenvolvimento de um sistema de monitoramento remoto de umidade do solo ............................................................102
Gabriel Oliveira, Danielle Silva, Claúdia Fernandes, Roosevelt Silva, Leandro de Jesus , Ivan Bergier
Determinação da composição centesimal de pacu (Piaractus Mesopotamicus) cultivados em tanques-rede no Pantanal
....................................................................................................................................................................................................105
Jovana Silva Garbelini Zuanazzi, Ádina Cléia Botazzo Delbem, Nilton Garcia Marengoni, Flávio Lima Nascimento, Jorge
Antonio Ferreira de Lara
Diagnóstico de gestação de fêmeas nelore de diferentes categorias criadas extensivamente no ecótono
Cerrado/Pantanal, Aquidauana/MS .........................................................................................................................................108
Nicacia Monteiro de Oliveira, Urbano Gomes Pinto Abreu, Antonio do Nascimento Rosa, Marcos Paulo Gonçalves de Rezende
Disponibilização de mapas de precipitação da bacia do Alto do Paraguai-Pantanal na rede social Facebook ..............112
Carlos Roberto Padovani, Viviana Teixeira da Costa Gonçalves
Distribuição e conservação de aves limícolas migratórias no Pantanal .............................................................................113
Alessandro Pacheco Nunes, Gislaine Disconzi, Rudi Ricardo Laps, Walfrido Moraes Tomas
Distribuição espacial e temporal dos focos de calor de 1999 a 2012 ..................................................................................117
Balbina Maria Araujo Soriano, Luis Alberto Pellegrin, Fábio Santos Coelho Catarineli, Alexandre de Matos Martins Pereira
Diversidade funcional de besouros rola-bosta (Coleoptera: Scarabaeinae) em um gradiente de paratudo (Tabebuia
aurea) no Pantanal Sul.............................................................................................................................................................118
Marcelo Bruno Pessôa, Tatiana Souza do Amaral, Fernando Zagury Vaz de Mello
Efeito da suplementação em “creep-feeding” sobre o desempenho de bezerros em pastagens nativas no Pantanal ..122
Ériklis Nogueira, Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Hildeberto Petzold, Dayanna Schiavi
Nascimento Batista, Egleu Diomedes Marinho Mendes
Efeito das condições climáticas na viabilidade de embriões produzidos in vivo na raça Girolando na região do
alto Pantanal ............................................................................................................................................................................123
André Luiz Leão Fialho, Mirela Brochado de Souza, Jair Sábio de Oliveira Junior, Fabiana de Andrade Melo Sterza, Christopher
Junior Tavares Cardoso, Jonathan Vinícius dos Santos
Efeito de área e densidade de árvores sobre a probabilidade de ocupação de manchas florestais no Pantanal por
corujas pretas (Strix huhula) ...................................................................................................................................................124
Walfrido Moraes Tomas, Gabriel Oliveira de Freitas, Guellity Marcel Fonseca Pereira
Efeito do mês do parto na taxa de prenhez e no peso ao desmame de bovinos de corte criados extensivamente na sub
– região de Aquidauana ...........................................................................................................................................................130
Marcos Mitsuo Sonohata, Daniele Portela de Oliveira, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Francielen Maria Santi............................
Espécies de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponina) de ocorrência na região de Corumbá-MS ...........134
Monique Eriane Cavalcanti Campos, Edgar Aparecido Costa, Aline Mackert ..................................................................................
Espécies de ninfas de cigarrinhas (Homoptera: Cercopidae) em pastagens de braquiária em Rondonópolis, MT........135
Elizete Cavalcante de Souza Vieira, Dannyara Rodrigues Neves, Éder Rodrigues Batista, Marizete Cavalcante De S. Vieira,
Mauro Osvaldo Medeiros .................................................................................................................................................................
Estado de controle do mexilhão dourado (Limnoperna fortunei) no Brasil: opções para controle e lacunas de
conhecimento ..........................................................................................................................................................................136
Márcia Divina de Oliveira, Renata Claudi, Tom Presct, Domingos Sávio Barbosa, Monica Campos
Estrutura de tamanho e reprodução de Iguana iguana no Pantanal Norte .........................................................................137
Zilca Campos, Arnaud Desbiez
Evolução demográfica do cavalo Pantaneiro nos municípios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul............................138
Sandra Aparecida Santos, Concepta McManus, Flávia de Paula, José Aníbal Comastri Filho, Samuel Paiva, Raquel Soares
Juliano, Manoel Cristino de Arruda Marques
Fenologia de Stryphnodendron adstringens e Machaerium acutifolium em área de cerrado antropizado no município de
Chapadão do Sul, MS ...............................................................................................................................................................142
Igor Erickson Tosta Maia, Ana Paula Leite de Lima, Sebastião Ferreira de Lima, Arlindo Ananias Pereira da Silva, Ana Paula
Mezoni
Fitossociologia de um cerrado no Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS ......................................................................143
Suzana Maria Salis, Carlos Rodrigo Lehn, Sandra Mara Araújo Crispim, Iria Hiromi Ishii
Florística de ilhas de solo em bancadas lateríticas no Parque Municipal Piraputangas, Corumbá, MS ..........................144
Nataly Maria de Souza, Thomáz Guerreiro Botelho, Marcus Vinícius Santiago Urquiza, Camila Bárbara Danny Silva André,
Andressa da Cunha Trindade, Iria Hiromi Ishii, Adriana Takahasi
Flutuação da disponibilidade de biomassa de herbáceas de pastagem nativa, em uma área de campo limpo, Pantanal
da Nhecolândia, Corumbá, MS ................................................................................................................................................145
Sandra Mara Araújo Crispim, Sandra Aparecida Santos, Oslain Domingos Branco
Frequência de fitoplanctôn de uma lagoa localizada na zona rural de Aquidauana MS ....................................................146
Marivania Silva Santos das Chagas, Dhébora Albuquerque Dias, Ricardo Henrique Gentil Pereira
Granulometria e conteúdos de carbono e nitrogênio do solo sob diferentes fitofisionomias da fazenda Nhumirim,
Pantanal Sul-Mato-Grossense .................................................................................................................................................147
Ana H B Marozzi Fernandes, Evaldo Luis Cardoso, Fernando Antonio Fernandes
Grau de invasão de canjiqueira (Byrsonima cydoniifolia) nas áreas de pastagens nativas do Pantanal ........................148
Cleomar Berselli, Sandra Aparecida Santos, José Antônio Maior Bono, Raquel Soares Juliano, Leize Tatiane da Silva
Identificação preliminar de grupos funcionais em pastagens nativas no Pantanal ...........................................................149
Sandra Aparecida Santos, Arnildo Pott, José F. M. Valls, Sandra Mara A. Crispim, Cleomar Berselli, João Batista Garcia
Incêndios florestais na Terra Indígena Kadiwéu entre os anos de 2010 e 2012 .................................................................154
Alexandre de Matos Martins Pereira, Márcio Ferreira Yule
Índice de adequação do requerimento de água para bovinos em fazendas do Pantanal ..................................................155
Sandra Aparecida Santos, Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, Marcos Tadeu B. D. Araújo, Márcia Divina de Oliveira, Marcia Toffani
S. Soares
Influência da umidade da polpa na composição centesimal de tortas de macaúba ..........................................................156
Fábio Galvani, Grazielly Munhões Sorrilha, Simone Palma Favaro
Influência das condições climáticas sobre a viabilidade oocitária de fêmeas Girolando e Pantaneira ...........................157
André Luiz Leão Fialho, Mirela Brochado de Souza, Wilian Aparecido Leite da Silva, Fabiana de Andrade Melo Sterza, Ériklis
Nogueira, Henrique Kischel
Localização e distribuição espacial da pecuária orgânica e biodinâmica no Pantanal da Nhecolândia, MS...................158
Thais Gisele Torres Catalani, Cristiano Garcia Rodrigues, Ricardo Marques da Silva, Ana Paula Correia de Araújo, Icléia
Albuquerque de Vargas
Medidas angulares de equinos da raça quarto de milha utilizados em provas de laço comprido....................................159
Geovane Gonçalves Ramires, Marcos Paulo Gonçalves de Rezende, Urbano Gomes Pinto Abreu, Nicacia Monteiro de Oliveira
Monitoramento da verminose no Núcleo de Conservação de ovino Pantaneiro da Embrapa Pantanal...........................164
Cleomar Berselli, Suellen de Rezende Cardoso, Paulo Henrique Braz, Sandra Aparecida Santos, Alda Izabel de Souza, Raquel
Soares Juliano
O uso e ocupação do solo no assentamento Santa Amélia, Dois Irmãs do Buriti – MS ....................................................167
Maricelma Calças, Maria Helena da Silva Andrade, Paola Zamin Cembranel
Padrões fenotípicos e índices de conformação de muares (Equus Asinus) criados no Pantanal do MS ........................168
Marcos Paulo Gonçalves de Rezende, Geovane Gonçalves Ramires, Júlio Cesar de Souza
Percepção do trabalhador rural e do pecuarista em relação à anemia infecciosa equina.................................................173
Dayanna Schiavi do N. Batista, Sandra Mara Araújo Crispim, Hildeberto Valle Petzold, Márcia Furlan Nogueira T. de Lima
Percepção dos fronteiriços em relação à arborização urbana das cidades de Corumbá e Puerto Quijarro....................174
Daniela Lopo, Marina Kleinsorge Daibert, Ricelly Aline Camargo de Souza
Percepções de consumidores sobre carne bovina com indicação geográfica de raças locais brasileiras, Campo
Grande-MS................................................................................................................................................................................179
André Steffens Moraes, Fabiana Villa Alves, Raquel Soares Juliano, Maria Clorinda Soares Fioravanti, Joyce Caroline dos
Santos Lopes, Guilherme Pasculli Barcellos, Yasmin Abdo
Permacultura em criação de galinha caipira no Mato Grosso..............................................................................................184
Antonio Rodrigues da Silva, Regiani Chagas Lopes Meira, Gustavo Severino Camilo, Tatiane Nascimento Silva, Sandie Souza
Relação entre a profundidade e as formas de vida de macrófitas em diferentes ambientes do rio Paraguai .................185
Damião T. de Azevedo, Danielle B. Borges, Jacqueline A. Rotta, Alexandre Ferraro, Suzana N. Moreira, Edna Scremin-Dias
Relato da ocorrência de Moluscos Bivalves Invasores da espécie Corbicula fluminea (Müller, 1774) em uma Lagoa de
Meandro Abandonado no Município de Aquidauana/MS. .....................................................................................................186
Eron Marques Barbosa, Ricardo Henrique Gentil Pereira
Rendimento do óleo essencial de Melissa officinalis L. em diferentes tempos de extração.............................................187
Mayara Santana Zanella, Alexandre do Amaral, Edmar Sebastião de Arruda, Rosaina Cuiabano Reis, Tayrine Pinho de Lima
Fonseca, Aurélio Vinicius Borsato
Saturação por alumínio e sua variabilidade espacial em uma “cordiilheira” no Pantanal Norte Mato-Grossense .........191
Jackline Arantes Faria, Raimisson de Oliveira Dias, Dione Castro, Luciano Marques Godoy, Léo Adriano Chig, Eduardo
Guimarães Couto
Sugestão dos fronteiriços em relação às espécies para arborização urbana de Corumbá e Puerto Quijarro ................197
Daniela Lopo, Marina Kleinsorge Daibert, Ricelly Aline Camargo de Souza
Tamanho insular e diversidade em ilhas de solo nas bancadas lateríticas de Corumbá, MS ...........................................196
Adriana Takahasi
Uso da técnica de ARDRA para agrupamento de Azospirillum isolados de pastagens do Pantanal ...............................200
Thianny Fernanda C. Viana, Marivaine da Silva Brasil, Mayara Silva Torres de Souza, Carla Braga Leite, Gecele Matos Paggi
Utilização de pote plástico cônico na formação de mudas de Handroanthus heptaphyllus (piúva) ................................201
Catia Urbanetz, Marçal Amici Jorge, Ernande Ravaglia, Jose Manoel Marconcini
Variabilidade espacial da capacidade de troca catiônica total em uma “cordilheira” no Pantanal Norte Mato-Grossense
....................................................................................................................................................................................................202
Raimisson de Oliveira Dias, Dione Castro, Jackline Arantes Faria, Merita Albertini Chagas, Luciano Marques Godoy, Léo
Adriano Chig, Eduardo Guimarães Couto
Variabilidade espacial da saturação por bases em uma “cordilheira” no Pantanal Norte Mato-Grossense....................206
Dione Castro, Raimisson de Oliveira Dias, Jackline Arantes Faria, Léo Adriano Chig, Eduardo Guimarães Couto
Variação anual do peso vivo e condição corporal de vacas de cria no Pantanal Sul-Mato-Grossense: vacas paridas e
solteiras.....................................................................................................................................................................................210
Marcos Mitsuo Sonohata, Daniele Portela de Oliveira, Urbano Gomes Pinto de Abreu, Luisa Melville Paiva, Francielen Maria
Santi
Variação da concentração de carbono orgânico total na bacia do rio Cuiabá, MT ............................................................215
Débora F. Calheiros, Eliana F. G. C. Dores, Peter Zeilhofer, Alício A. Pinto, Márcio de Jesus Mecca, Paulo Almeida, Luanna
Menithen S. Santos, Rafhael S. F. de Amorim, Mário Netto
Resumos apresentados no 1º EVINCI do Pantanal
Análise da composição de classes de fitoplâncton em lagoa urbana da bacia do rio Aquidauana .................................216
Marivania Silva Santos das Chagas, Ricardo Henrique Gentil Pereira, Diego Fialho da Silva, Luciano de Oliveira Falcão de Souza
Análise hematológica e de hemoparasitas em uma população de Caiman yacare na estação de seca do Pantanal, MS
....................................................................................................................................................................................................217
Suelem Martini Assmann, Marcia Regina Russo, Paulo Ricardo Barbosa de Souza, Rodney Murillo Peixoto Couto, Tatiene
Mendonça Zenni
Avaliação da balneabilidade da água da ‘Prainha’ de Anastácio, rio Aquidauana, Anastácio, MS...................................218
Fabiula Aletéia de Souza, Thaiany Alonso Rodrigues, Suelen Martins Gonçalves, Adriana de Barros, Diego Fialho da Silva,
Ricardo Henrique Gentil Pereira
Avaliação preliminar da aceitação de mudas de plantas apícolas fornecidas a agricultores familiares de Corumbá....219
Michael de Souza Toledo, Alberto Feiden, Marçal Henrique Amici Jorge, Vanderlei Doniseti Acassio dos Rei
Comparação da comunidade bentônica de córrego urbano e rural do município de Corumbá, MS ................................220
Júlio Anderson Baldueno, Lucilene De Farias, Rogers de Souza Gomes, Zarife Magalhães de Moraes, Lucí Helena Zanata,
William Marcos Da Silva
Comparação de métodos de purificação de cera apícola para agricultores familiares .....................................................221
Jean Carlos Soares de Medeiros, Marcela Rita do Nascimento Aldana, Vanderlei Doniseti Acassio dos Reis
Densidade de Acrocomia aculeata na comunidade de Antônio Maria Coelho ...................................................................222
Thomas Celescuekci Lodi Corá, Catia Urbanetz, Suzana M. Salis
Desenvolvimento de software estatístico de apoio e decisão para políticas públicas educacionais baseado no Censo
Escolar.......................................................................................................................................................................................223
Beatriz Oliveira, Gubert M. Salis Maia, Eduardo Lourenço dos Santos, Rafael Françozo
Desenvolvimento de veículo aéreo não tripulável monitorador de incêndio do Pantanal Sul-Mato-Grossense .............224
Erick F. Cainelli, Gabriel Avellar, Thiago Moraes, Cláudia S. Fernandes, Roosevelt F. M. Silva
Levantamento preliminar da ocorrência de espécies lenhosas de Chaco no Mato Grosso Sul .......................................225
Juliete Fernandes Gonçalves de Almeida, Suzana Maria Salis, Catia Urbanetz
Manutenção e organização da Coleção de Referência de Peixes da Embrapa Pantanal...................................................226
Lincon Eder Ribeiro, Agostinho Carlos Catella
Moscas ectoparasitas de morcegos filostomídeos em um fragmento urbano de cerrado, Campo Grande, MS.............227
Luciano Brasil Martins de Almeida, Gustavo Lima Urbieta, Guilherme Torres, Carla Cristina Cerezolli de Jesus, Marcelo
Rezende, Mariana Pires Veigas Martins, Jaire Marinho Torres, Alessandro Shinohara, Elaine Aparecida Carvalho dos Anjos
Transição agroecológica: avaliação de biomassa de plantas medicinais no assentamento 72 em Ladário, MS............228
Luã Santos Araújo da Silva, Edmar Sebastião de Arruda, Aurélio Vinicius Borsato, Alberto Feiden
10
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
A influência da massa e sexo de indivíduos de Cerdocyon thous sobre o tamanho da
área de vida
1
Laísa Carvalho Campanha , Guilherme de Miranda Mourão
2
A ordem Carnivora possui 271 espécies distribuídas em doze famílias. As famílias que ocorrem no Pantanal são:
Canidae, Felidae, Mustelidae e Procyonidae, compreendendo um total de 21 espécies na planície e entorno. Entre
elas, Cerdocyon thous (Canidae) também conhecida como cachorro-do-mato, graxaim, graxaim-do-mato,
raposinha-do-mato, raposão, lobinho, lobete, guaraxo, guancito, fusquinho e rabo-fofo, é a única espécie do
gênero. Possui hábito noturno e crepuscular e uma dieta generalista e oportunista, variando conforme a época do
ano e a região habitada, o que permite a este canídeo uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo no norte da
Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, leste do Peru, Paraguai, Uruguai, norte da Argentina e no Brasil, com
exceção da região Amazônica. A estrutura social destes animais caracteriza-se por uma composição que pode
variar de dois a cinco indivíduos que forrageiam a uma distância de aproximadamente 100 metros entre si, mas
geralmente não existindo colaboração durante as caçadas. Quantificar a área ocupada, atividade do animal e o
uso do hábitat disponível, pode revelar muito a respeito da dinâmica social e requerimento energético de uma
espécie, na qual área de vida é definida como “a área percorrida pelo animal em suas atividades normais de
busca de alimento, acasalamento e cuidado parental, e é frequentemente usada para descrever aspectos
ecológicos como organização social, densidade populacional e requerimentos de habitat. Os objetivos deste
estudo foi relacionar o tamanho da área de vida com o sexo e massa (kg) dos indivíduos. O estudo foi conduzido
na fazenda Nhumirim (18º59´S, 56º39´W), campo experimental da Embrapa Pantanal, localizada na sub-região da
Nhecolândia, Pantanal-MS, Brasil. As capturas dos animais foram feitas com armadilhas do tipo gaiola feitas de
estrutura metálica com a porta de entrada do tipo guilhotina. As armadilhas foram iscadas com pedaços de bacon
ao final da tarde e checadas ao amanhecer. Os animais capturados foram anestesiados com Zoletil 50 com a
-1
ajuda e acompanhamento de um veterinário, com a proporção de 0,2 ml.kg (usada para carnívoros). Foram
anotados o peso e o sexo do animal, e foi feita a colocação de coleiras com um rádio transmissor e um aparelho
de GPS modificado. A pilha do GPS (pilha AA lithium) tem duração de aproximadamente oito meses, e foi mantida
no colar no pescoço do animal junto com o transmissor VHF (3.5 v 1.8 ah Li) por tempo médio de 40 dias. Os
aparelhos de GPS foram programados para obter informações do animal (localização geográfica, altitude, latitude,
hora, data) a cada cinco minutos. As recapturas para retirada dos colares seguiram os mesmos protocolos de
captura e contenção farmacológica. Este procedimento foi repetido em dez indivíduos de C. thous (quatro fêmeas
e seis machos) de janeiro a julho de 2013. Para a análise dos dados foi utilizado o programa R para calcular o
tamanho da área de vida com uso do método Kernel adaptativo 95% para cada conjunto de dados. Para relacionar
a massa e sexo dos animais em função da área de vida, foram feitas duas análises de Regressão Linear. A
variação da área de vida em função da massa dos indivíduos de C. thous foi significativa (p<0,05; R=0,64). Já a
relação área de vida/ sexo não demonstrou resultado relevante (p>0,05; R=0,04). Os resultados mostram que
animais com maior massa possuem uma maior área de vida, sugerindo que animais com maior porte podem
possuir maior aptidão física para a busca por alimento e abrigo, abrangendo uma maior área de uso. Lobinhos são
animais territorialistas, o que pode exercer alguma consequência sobre o tamanho da área de ocupação desses
animais (quanto maior o porte do animal maior será sua aptidão para marcação de território). O sexo de indivíduos
de C. thous não demonstrou ser um fator importante, o que pode nos mostrar que fêmeas e machos da espécie
possuem uma mesma aptidão física. É recorrente o número de registros de Lobinhos organizados socialmente em
casais, dividindo o mesmo espaço e utilizando o hábitat de maneira próxima, podendo dessa maneira não haver
tanta diversificação de área de vida entre machos e fêmeas. Foi concluído neste estudo que o tamanho da área de
vida de indivíduos de Cerdocyon thous é influenciado pela massa nos animais e não pelo sexo.
1
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549,
79070-900, Campo Grande, MS ([email protected])
2
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS (guilherme.mourã[email protected])
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
A limpeza do município de Aquidauana na visão dos garis
1
2
3
4
Fabiula Aletéia de Souza , Thaiany Alonso Rodrigues , Suelen Martins Gonçalves , Diego Fialho da Silva .
A pesquisa tem como ponto de partida suscitar a discussão sobre a limpeza da cidade de Aquidauana na visão
dos garis que fazem a coleta junto do caminhão e também os que varrem as ruas e praças. Nessa pesquisa foi
utilizada uma metodologia qualitativa, sob a técnica da entrevista individual realizada nos períodos entre agosto e
setembro de 2012. Durante este período, foram realizadas entrevistas com dez garis, que foram transcritas e
interpretadas a partir dos depoimentos. Verificou-se que os garis possuem tempo de serviço variado, apenas os
que acompanham o caminhão são uniformizados e possuem equipamento de proteção individual (EPI). Percebeuse que o lixo é visto pela maioria dos entrevistados, como algo perigoso à saúde. Relataram também que o peso é
uma das maiores dificuldades encontradas no serviço de coleta, sendo que nenhum dos garis reclamou do mau
cheiro existente no caminhão. Os entrevistados percebem o lixo como uma forma de sobrevivência, pois é a forma
que eles têm de ganhar a vida, já que não estudaram e não tem profissionalização para exercer outra função. No
questionário foi perguntado sobre reciclagem e compostagem como uma maneira alternativa de findar os resíduos
sólidos, mas os garis disseram que não têm apoio nenhum da prefeitura para tentar diminuir a quantidade de lixo
lançado no aterro sanitário que eles denominam simplesmente ‘lixão’. Embora os entrevistados afirmem que a
cidade é limpa e bonita, não sabem relatar sobre coleta seletiva. Deixaram bem claro que todo o lixo coletado nas
ruas vai para dentro do caminhão sem passar por nenhum processo de separação. Foi observado que em
algumas residências havia separação de material reciclado, mas a coleta foi feita de forma corriqueira. No decorrer
dessa pesquisa também foi observado que os garis não possuem treinamento, são apenas funcionários
contratados para exercer a função; alguns afirmam que a cidade deve ser suja, que as pessoas não precisam se
preocupar com a limpeza, pois essa é uma forma de manterem seus empregos; na visão deles, se a cidade for
limpa correm o risco de ficar desempregados. Surpreendentemente foram presenciadas cenas em que garis que
acabaram de varrer as ruas param para fumar e jogam as bitucas de cigarro no chão, lugar que eles próprios
limparam. É possível afirmar que há uma grande quantidade de resíduos sólidos que acaba prejudicando o meio
ambiente e causando problemas à saúde humana. Os efeitos causados pelos resíduos na saúde dos
trabalhadores são muito pouco estudados, assim como também não temos publicações sobre o que pensam os
trabalhadores da coleta de resíduos sólidos da cidade de Aquidauana. Nessa perspectiva, a pesquisa teve o
objetivo de promover uma discussão sobre a limpeza da cidade de Aquidauana a partir da visão dos garis que
fazem a coleta de lixo – tanto os que recolhem o lixo das casas, acompanhando o caminhão, como os que fazem
a limpeza diária nas ruas e praças – na tentativa de despertar uma maior preocupação com a saúde desses
trabalhadores e com a limpeza da cidade.
1
Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
3
Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
4
Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
2
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Abundância e diversidade de machos de abelhas Euglossina (Hymenoptera: Apidae) em
quatro pontos na região de Corumbá-MS1
2
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Priscila Vicente de Moraes , Edivan dos Santos Mendes , Bruna da Costa Pereira , Aline Mackert
5
As abelhas Euglossina constituem um grupo de abelhas com participação importante na polinização de diversas
espécies vegetais, mas consideradas como polinizadores específicos de orquídeas, pois, os machos visitam estas
espécies para coleta de fragrâncias que são provavelmente utilizadas como sinais químicos para comportamento
de corte e territorial. Na região do Pantanal, os trabalhos com abelhas em geral são escassos e mais limitados
ainda com as abelhas Euglossina, por esta razão foi realizado um levantamento da diversidade e abundância de
espécies de abelhas Euglossina em quatro fragmentos florestais nas regiões de Corumbá - MS. As coletas
mensais foram realizadas de abril de 2011 a março de 2012, os pontos de coleta consistiam em dois locais na
região urbana e dois em mata afastada da localidade urbana. Foram utilizadas iscas-odores contendo as
essências: eucaliptol, eugenol, vanilina, benzoato de benzila, salicilato de metila ou escatol. Foram amostrados
980 machos distribuídos em 11 espécies, correspondendo a quatro dos cinco gêneros destas abelhas: Eufriesea
auriceps, Eulaema nigrita, Eulaema marcii, Exaerete smaragdina, Euglossa carolina, Euglossa securigera,
Euglossa melanotricha, Euglossa fimbriata, Euglossa leucotricha Euglossa truncata e Euglossa hemichlora. E.
nigrita foi a mais comum nas iscas, com 43,88% das visitas, sendo registrada em todos os meses de coleta. E.
hemichlora (Assentamento 72), E. truncata (Codrasa) e E. marcii (UFMS) apresentaram apenas um macho nas
iscas. A área urbana teve um número reduzido de espécimes coletados, 18,9% na UFMS e 13,8% no Porto
Limoeiro, enquanto pontos afastados da área urbana tiveram maior diversidade e abundância: Assentamento 72
com 29,1% e Codrasa com 38,3%. No Assentamento 72 ocorreu grande abundância da espécie E. smaragdina
(39 de 42 indivíduos), já na localidade da Codrasa, a espécie E. auriceps foi a mais abundante (129 de 176
indivíduos), sendo a espécie mais sazonal, ocorrendo entre os meses de novembro e fevereiro. O presente estudo
acrescenta dados importantes sobre a diversidade de espécies de abelhas Euglossina na área de Corumbá-MS,
onde nenhum dado foi obtido anteriormente. No entanto, a continuação das coletas na área possibilitará catalogar
as espécies da região, incluindo outros pontos de amostragem para que o estado real de diversidade destas
abelhas seja verificado.
1
Financiado por FUNDECT/CNPq e PROPP/UFMS.
Acadêmica do Curso de Biologia e Bolsista Permanência, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Corumbá, MS
([email protected])
3
Acadêmico do Curso de Biologia e Estagiário do Laboratório de Zoologia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Corumbá, MS
([email protected])
4
Acadêmica do Curso de Biologia e Bolsista Permanência, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Corumbá, MS
([email protected])
5
Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Corumbá, MS ([email protected])
2
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Amplificação heteróloga de loci de microssatélites em bromélias nativas do Mato Grosso
do Sul
1
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Gilaine Moreira de Miranda , Brenda Baía Brandão , Renata de Barros Ruas , Gecele Matos Paggi
4
A família Bromeliaceae é composta por aproximadamente 3000 espécies subdivididas tradicionalmente nas
subfamílias: Pitcairnioideae, Tillandsioideae e Bromelioideae, que estão distribuídas quase exclusivamente nas
Américas, com exceção de uma única espécie que ocorre na África. As bromélias sofrem grande pressão
antrópica devido à coleta predatória e a destruição de habitats, sendo utilizadas para ornamentação, forragem,
alimentação humana e medicinal. Duas espécies do gênero Dyckia (Pticairnoideae) que ocorrem no Maciço do
Urucum (cidades de Corumbá e Ladário, Mato Grosso do Sul) são alvos deste trabalho. A amplificação heteróloga
de regiões de microssatélites consiste na utilização de “primers” desenvolvidos para outras espécies. O objetivo
deste trabalho é avaliar a taxa de amplificação heteróloga em espécies de bromélias utilizando 20 loci
desenvolvidos para Dyckia distachya, Dyckia marnier-lapostollei var. estevesii, Ananas comosus e Aechmea
caudata. A extração de DNA foi realizada pelo protocolo CTAB, com algumas modificações, a partir de uma
amostra de 130 indivíduos de Dyckia leptostachya de cinco populações: Fazenda Band’Alta, Fazenda Monjolinho,
Fazenda Carandá, Morro São Domingos e Sítio Arqueológico Lajeto; e de uma amostra de 50 indivíduos de
Dyckia sp. nov. de duas populações: Fazenda São João e Fazenda Monjolinho. Os loci de microssatélites foram
amplificados pela técnica de PCR (“Polimerase Chin Reaction”) segundo os protocolos desenvolvidos por nosso
grupo de pesquisa com pequenas modificações. Até o momento, foram realizadas reações de PCR com 20 pares
de “primers” para as espécies Dyckia leptostachya e Dyckia sp. nov. As amplificações foram analisadas em gel
agarose 1% corado com SyberGreen (Invitrogen) e visualizado em transluminador de lâmpada azul. Todos os loci
apresentaram amplificação heteróloga, em diferentes proporções. Os resultados preliminares indicaram um
percentual de 50% para ambas as espécies, sendo que houve o sucesso de amplificação nas espécies do gênero
Dyckia a partir de primers de todas as espécies utilizadas. A determinação de um protocolo para utilização desses
marcadores em diferentes espécies de bromélias será extremamente importante para pesquisas em diferentes
áreas, principalmente para estudos de genética de populações, como diversidade genética, estrutura genética de
populações e fluxo gênico, cujos resultados poderão ser utilizados para a emissão de diagnósticos de viabilidade
das populações naturais visando sua conservação.
1
Aluna do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsista permanência; e-mail: [email protected]
Aluna do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq 2013/14; e-mail: [email protected]
Aluna do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsista de iniciação científica PIBIC/UFMS 2012/13; aluna do Programa Ciência sem
Fronteiras/CNPq; e-mail: [email protected]
4
Professora da UFMS, Curso de Ciências Biológicas-CPAN; e-mail: [email protected]
2
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Análise da fertilidade, fenologia e biologia reprodutiva de espécies do gênero Dyckia,
Corumbá-MS
1
2
2
Diego Finati-Alves , Brenda Baía Brandão , Flórence Cristina dos Santos Ignácio , Gilaine Moreira de
2
3
Miranda , Gecele Matos Paggi
A família Bromeliaceae compreende aproximadamente três mil espécies, das quais, pelo menos 50% são
brasileiras, sendo o Brasil um dos maiores centros de diversidade da família. Trabalhos relacionados com
estratégias de conservação são relativamente raros, no entanto, tornam-se cada vez mais importantes, já que as
bromélias são ameaçadas principalmente pelo aumento do extrativismo ilegal e a fragmentação das florestas.
Grande parte dos estudos da família Bromeliaceae trata de levantamentos florísticos de determinadas regiões.
Pesquisas realizadas recentemente consideram a fenologia, biologia reprodutiva, aspectos da polinização e
fertilidade de populações como ferramentas importantes para a emissão de um diagnóstico da real viabilidade das
populações, visando à sua conservação. Duas espécies da família Bromeliaceae que ocorrem no Maciço do
Urucum, Corumbá-MS, Dyckia leptostachya e Dyckia sp. nov., foram objeto de estudo deste trabalho. Os objetivos
deste trabalho foram: identificar e descrever caracteres morfológicos para uma nova espécie de Dyckia; realizar
experimentos de biologia reprodutiva; analisar o número de flores, frutos e sementes; analisar a viabilidade do
pólen; e estudar a fenologia. O estudo da fertilidade foi conduzido em duas estações reprodutivas (2012/2013),
sendo baseado na produção de flores, frutos e sementes e na viabilidade do pólen e das sementes de cada
espécie. Para investigar os sistemas de cruzamento das duas espécies em estudo foram realizados experimentos
de polinização controlada em uma população de cada espécie, utilizando-se 10 flores de diferentes indivíduos por
tratamento, totalizando 50 flores por espécie (10 flores/5 tratamentos). A receptividade do estigma foi testada em
quatro flores de cinco indivíduos de uma população de cada uma das espécies em uma estação de florescimento
(n = 20 flores/espécie), em diferentes intervalos de tempo, 3, 6, 9, e 12 horas após a abertura da flor. Cada
estigma pode ser utilizado apenas uma vez para a análise da receptividade, portanto, foi utilizada uma flor para
cada intervalo. As flores foram ensacadas e foi medida a atividade da catalase utilizando H2O2 (volume 10) nas
papilas receptivas, onde ocorre uma reação de borbulhamento (liberação de O2) na superfície do estigma
receptivo. A análise da fenologia foi realizada nas duas espécies de Dyckia. Os trabalhos a campo foram
conduzidos durante pelo menos duas estações de florescimento das espécies. Foi amostrada pelo menos metade
dos indivíduos reprodutivamente ativos nas populações de estudo. As inflorescências foram observadas in situ
para identificar o número de flores abertas por dia, características da antese (horário, sequência e duração),
intensidade e duração das fenofases (floração e frutificação) e registrar dados sobre a morfologia das flores.
Foram analisados também o arranjo espacial e o amadurecimento temporal das estruturas sexuais, androceu e
gineceu. Foi definido como maturidade sexual do androceu o período de abertura (deiscência) das anteras e,
como maturidade sexual do gineceu o período de receptividade do estigma. Foi identificado que Dyckia sp. nov.,
corresponde à uma espécie nova endêmica da região, cuja descrição está sendo finalizada. As espécies são
autocompatíveis, capazes de produzir sementes sem polinizadores. Apresentam alta produção de flores, frutos e
sementes, sendo que D. sp. nov. apresenta maior taxa de frutificação, do que D. leptostachya. São espécies
polinizadas por beija-flores e abelhas, apresentando antese diurna. Dyckia leptostachya floresce em abril e maio, e
D. sp. nov. nos meses de novembro, abril e junho. As populações naturais das espécies apresentaram
características de populações viáveis. No entanto, D. sp. nov. está representada por somente quatro populações,
sendo somente uma com grande número de indivíduos (Fazenda São João), e D. leptostachya, embora esteja
presente em um número maior de populações e indivíduos (sete), não apresentou aspectos positivos de fertilidade
e reprodução. As espécies de estudo deste projeto, Dyckia sp. nov. e D. leptostachya (Bromeliaceae) ocorrem em
Corumbá, Mato Grosso do Sul. Ambas as espécies ocorrem em solos rochoso-ferruginosos, conhecidos como
“bancadas lateríticas”, localizadas nas proximidades do Planalto Residual do Urucum, Corumbá-MS. Durante os
trabalhos de campo observou-se que Dyckia sp. nov. é uma espécie de distribuição restrita, endêmica de
Corumbá, com flores alaranjadas, apresentando somente três populações nas proximidades de Corumbá. Dyckia
leptostachya é uma espécie de distribuição ampla, no Brasil, Paraguai e Argentina, apresentando flores
vermelhas. Em Corumbá já foram identificadas sete populações. Até agora, pode-se concluir que D. sp. nov.
apresentou uma maior número de flores por planta, maior a produção de frutos, e maior número médio de
sementes por fruto foi quando comparada a D. leptostachya. Do ponto de vista da conservação, verificou-se que
ambas as espécies ocorrem em regiões com alto risco de ação antrópica, seja pela criação de gado, seja pela
ação do fogo. Portanto as espécies estão vulneráveis.
1
Aluno do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq 2012/13; [email protected]
Alunas do Curso de Ciências Biológicas do CPAN/UFMS, bolsistas permanência; [email protected]; [email protected];
[email protected]
3
Professora da UFMS, Curso de Ciências Biológicas-CPAN; e-mail: [email protected]
2
15
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Análise econômica da produção ornamental do camarão-do-pantanal Macrobrachium
pantanalense (Dos Santos, Hayd e Anger, 2013)
1
1
Hanner Mahmud Karim , José Eduardo Costa de Freitas , Thalles Policarpo de Carvalho Lima¹, Marcelo
2
dos Santos Nascimento¹, Liliam de Arruda Hayd .
Resumo: O camarão-do-pantanal (Macrobrachium pantanalense) é encontrado no Pantanal Sul Matogrossense e
apresenta características interessantes para sua utilização na aquicultura ornamental. Este trabalho analisou a
viabilidade econômica da produção ornamental do camarão-do-pantanal, no município de Aquidauana-MS. Os
indicadores de viabilidade econômica utilizados neste estudo foram: valor presente líquido (VPL), taxa interna de
retorno (TIR), relação benefício/custo (RBC) e período de recuperação do capital (PRC). A análise de investimento
foi realizada por meio da elaboração do fluxo de caixa, além da determinação dos indicadores de viabilidade
econômica. O fluxo de caixa foi determinado a partir dos levantamentos com o investimento, despesas e receitas
para um horizonte de atividade de 15 anos. As análises demonstraram os seguintes indicadores: VPL: R$
318.618,50, TIR: 82%, RBC: 5,43, PRC: 1,22 anos. Dois cenários foram criados para a análise de sensibilidade,
sendo: redução no preço de venda e aumento nas taxas de mortalidade. Estes afetaram os índices de viabilidade
econômica, porém, não determinam a inviabilidade da atividade, mantendo a TIR entre 31 e 35% e o PRC entre
2,74 e 3,04 anos. Conclui-se que a produção do camarão-do-pantanal para o abastecimento da aquicultura
ornamental é considerada viável e de pouco risco, apresentando bons indicadores de rentabilidade.
Palavras–chave: Viabilidade econômica, camarão ornamental, camarão de água doce
Economic analysis of the Pantanal shrimp Macrobrachium pantanalense (Dos Santos, Hayd e Anger, 2013)
ornamental production
Abstract: The shrimp the marsh (Macrobrachium pantanalense) is found in the Pantanal and presents interesting
characteristics for use in ornamental aquaculture. This study analyzed the economic feasibility of production of
ornamental shrimp the marsh, in the municipality of Aquidauna - MS. The indicators of economic viability used in
this study were: Net Present Value (VPL), Rate Interns of Return (TIR), Ratio Beneficial/Cost (RBC) Payback
Period (PRC). The investment analysis was performed by preparing cash flow, and the determination of the
economic viability indicators. Cash flow was determined from surveys with the investment, income and expenses
for a horizon of 15 years of activity. The analysis showed the following indicators: VPL: R$ 318.618,50; TIR: 82%,
RBC: 5,43; PRC: 1,22 years. Two scenarios were created for the sensitivity analysis are reduction in the selling
price and increased mortality rates. These affected the indexes of economic viability, however, do not determine
the impossibility of activity, keeping the IRR between 31 and 35 % and between 2.74 and CRP 3.04 years. It is
concluded that the production of shrimp from marsh to supply ornamental aquaculture is considered viable and
low-risk, showing good profitability indicators .
Keywords: Economic viability, ornamental shrimp, freshwater shrimp
Introdução
O Pantanal possui grande potencialidade para a prática da aquicultura, apresentando características físicas
e climáticas adequadas (VALENTI et al., 2008). Suas várias características hidrológicas, como baías, corixos,
vazantes, lagoas (salinas e doces), diversos banhados com grandes áreas alagadiças e vários rios determinam
sua abundância de recursos hídricos. Nele se aloja uma rica fauna aquática, que se dispersa segundo as
características ambientais desse grande ecossistema. Desta forma, a região do Pantanal brasileiro possui um
grande desafio: conciliar a preservação do bioma com o uso econômico dos seus recursos ambientais.
No caso de Organismos Aquáticos Ornamentais (OAO), a valorização acontece quando o produtor
consegue fornecer uma nova variedade ou espécie (RIBEIRO, 2010). Assim, o camarão do Pantanal Sul
Matogrossense apresenta uma característica interessante para o segmento da aquicultura ornamental.
1
Alunos de Pós Graduação em Zootecnia nível Mestrado da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Campus de Aquidauana, 79200-000,
Aquidauana, MS.
2
Docente do departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Campus de Aquidauana, 79200-000, Aquidauana, MS.
email - [email protected]
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Macrobrachium pantanalense é reconhecido hoje como uma nova espécie, apresentando diferenciações
morfológicas, anatômicas, fisiológicas e comportamentais do camarão-da-amazônia, Macrobrachium amazonicum
(DOS SANTOS et al., 2013).
Considerando estes fatores, o objetivo deste trabalho foi apresentar um estudo sobre a viabilidade
econômica na produção de camarões-do-pantanal destinados ao mercado nacional de organismos aquáticos
ornamentais.
Material e Métodos
O estudo foi baseado em uma produção hipotética de camarões ornamentais no município de AquidauanaMS, que também faz parte do Pantanal Sul matogrossense, encontrando-se na rota do Rio Aquidauana,
possuindo uma rica fauna aquática, verificando inclusive, a presença da espécie de camarão de água doce do
Pantanal M. pantanalense (DOS SANTOS et al., 2013).
O local escolhido para instalação do empreendimento foi um terreno de 1.500 m². A estrutura considerada
para a implantação da atividade possui 29 m² de área e foi construída em alvenaria. De acordo com o projeto
técnico foram definidas algumas repartições, tais como: um almoxarifado (3,5 m²), um escritório com banheiro (11
m²) e um laboratório com banheiro e vestiário (14,5 m²). Esta construção abrigou toda a estrutura necessária para
o bom funcionamento da atividade. O valor do m² foi fixado em R$ 882,60 (oitocentos e oitenta e dois reais e
sessenta centavos), estando de acordo com o Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de
Mato Grosso do Sul (SINDUSCON-MS) para construção de residências unifamiliares para o período de abril/2013.
O período de produção anual foi fixado em 52 semanas, estando de acordo com o número aproximado de
semanas existentes em um ano. O ciclo produtivo possuiu oito semanas, sendo: duas de incubação dos ovos, três
de larvicultura, duas para berçário I, e mais uma para o berçário II. A cada semana iniciou-se um novo ciclo, dessa
forma, a oitava semana foi responsável pelo primeiro lote de juvenis produzido. Em um ano foram concluídos 45
ciclos (52 semanas - 8 iniciais = 45).
Os reprodutores foram capturados no rio Aquidauana com a devida autorização do IMASUL (Instituto de
Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul). O número de indivíduos necessários para garantir o desenvolvimento da
atividade foi de 200 fêmeas e 40 machos, porém, foram coletados um número 15% maior, sendo 230 fêmeas e 46
machos, o que garantiu uma margem de segurança para a eficácia da coleta. Os reprodutores foram estocados
em um único aquário de vidro de 200 L com o uso de um aquecedor com termostato (200 W) e abrigos. Um
biofiltro de 40 L foi utilizado para manter a qualidade da água dentro dos níveis aceitáveis para o cultivo. A
distribuição dos indivíduos foi de 1 macho para cada 5 fêmeas, na densidade inicial de 0,82 animais/L.
A identificação das fêmeas ovígeras foi facilitada pela transparência do aquário. O período de estocagem
dos reprodutores compreendeu 45 semanas, da 1ª até a 45ª semana de produção, e a taxa de reposição destes
ao final do ano produtivo fixou-se em 100%, esses 192 reprodutores substituídos também foram comercializados,
sendo incluídos na categoria de juvenis produzidos.
A produção semanal foi de 646 juvenis, sendo que ao final do ano tivemos 29.070 juvenis produzidos, mais
os 192 reprodutores que foram substituídos contabilizou-se 29.262 animais para serem comercializados
anualmente. O valor fixado para a venda dos animais foi de R$ 3,00 a unidade. A cotação do dólar neste mesmo
período variou em torno de R$ 2,05. As taxas de sobrevivência de cada estágio, a densidade e o período de
estocagem estão descritos na Tabela 01.
Tabela 1. Taxa de sobrevivência, período e densidade inicial de estocagem nas diferentes etapas da produção de
juvenis do Macrobrachium pantanalense em Aquidauana-MS.
Período de estocagem
(semanas)
Densidade inicial de
estocagem (u.a L¯ ¹)*
Fêmeas ovígeras
2
0,83
Larvicultura
3
50 a 80
80
Berçário I
2
12
85
Berçário II
1
9
95
Categoria
Taxa de sobrevivência
(%)
80**
* u.a L¯ ¹ = unidade animal por litro de água.
** A taxa de sobrevivência das fêmeas ovígeras se refere ao período de cultivo de 45 semanas.
17
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Os custos com investimento inicial e despesas operacionais foram calculados. A mão-de-obra utilizada foi
familiar, no entanto, a visita técnica de um zootecnista a cada duas semanas foi necessária. Um contrato anual foi
confeccionado para o cumprimento de 26 visitas e o pagamento de uma parcela única no valor de R$ 8.814,00 ao
final do ano produtivo foi realizado. Para o cálculo de gastos com manutenção foi estabelecido os valores
correspondentes de cada item; dos bens, 5% ao ano (aa.), benfeitorias, 2% aa. e veículo, 10% aa.
Para o fluxo de caixa foram considerados um horizonte de 15 anos. No ano zero foram considerados o
investimento inicial e as despesas operacionais referentes a um ciclo de produção, já dos anos de 1 a 15,
considerou-se os valores de investimentos anuais, despesas operacionais, valor residual dos itens que
apresentaram vida útil acima de 15 anos, e ainda, receita bruta e capital de giro, este por sua vez foi calculado por
meio das despesas operacionais referentes ao primeiro ciclo produtivo. A receita bruta foi calculada considerando
todo o ano produtivo (45 ciclos), e a venda total de 29.262 animais, pelo preço unitário de R$ 3,00.
Os indicadores de viabilidade econômica utilizados neste estudo foram: valor presente líquido (VPL) com
a taxa de desconto de 12% aa., taxa interna de retorno (TIR), relação benefício/custo (RBC) e período de
recuperação do capital (PRC).
O custo de produção, que inclui; custos fixos e custos variáveis também foi calculado. A taxa usada para a
remuneração do capital investido foi de 12% aa. O investidor teve sua remuneração baseada em 1,5 salário
mínimo brasileiro, o que lhe rendeu um valor de R$ 1.017,00 mensais. Os custos variáveis incluíram despesas
operacionais e os juros de 12% aa. sobre 50% do montante gasto com as despesas operacionais, ainda foram
calculados custos médios de produção variáveis e totais. e a receita líquida, que fora obtida pela diferença entre a
receita bruta e o custo total de produção.
Foi observada a necessidade de simular distintos cenários em que índices zootécnicos ou características
mercadológicas eram modificadas, dessa forma, dois cenários foram criados para a realização da análise de
sensibilidade do empreendimento, sendo estes:
1. Queda de 40% no preço de mercado do juvenil, passando de R$ 3,00 para R$ 1,80;
2. Duplicação das taxas de mortalidade, passando de 20% para 40% na larvicultura, 15% para 30% no
berçário I, 5% para 10% no berçário II e 20% para 40% nos reprodutores.
Resultados e Discussão
Para a produção de 29.262 juvenis de M. pantanalense/ano o investimento inicial foi de R$ 71.120,40,
Considerando que os custos iniciais com infraestrutura e logística para a comercialização foram os mais onerosos,
totalizando 72,9%. Neste trabalho, a infraestrutura representou o segundo maior valor de investimento, R$
25.859,70; apesar de não ser considerado o mais custoso, está bem próximo dos R$ 25.980,00 necessários para
a aquisição e legalização do veículo. Isso foi determinado devido a produção utilizar de uma estrutura física bem
compacta, com apenas 29 m² de área construída. Apesar do maior valor de investimento ser representado pelos
gastos inicias com o veículo (36,5%), sua necessidade é indiscutível, pois, este possibilita o transporte do produto
final. A compra do terreno e a construção de um poço escavado poderiam aumentar o custo inicial, no entanto,
estes não tiveram gastos, auxiliando para melhores índices de viabilidade econômica.
O valor total das despesas operacionais para a produção de 45 ciclos em um ano foi de R$ 29.133,60;
sendo que, 30,25% deste valor foi referente a assistência técnica de um zootecnista, retratando o maior custo
dentre as despesas operacionais. A caracterização familiar da atividade contribuiu para a diminuição do custo
operacional total (COT), levando em conta que houve uma economia com mão-de-obra. Desta forma, os custos
totais com mão-de-obra foram contabilizados somente para a mão-de-obra especializada do zootecnista que
contribuiu respectivamente com 30,3% do COT (R$ 29.133,60). Levando em conta a produção de peixes
ornamentais, KODAMA et al. (2011) relataram que no cultivo do peixe palhaço (Amphiprion ocellaris) 40% do COT
foi provindo do custo com mão-de-obra, entretanto, não caracterizada como familiar.
O fluxo de caixa foi calculado diante de um horizonte de 15 anos. Contando com investimentos de R$
1.050,24 a cada 5 anos e mais R$ 29.967,28 a cada dez anos. A atividade apresentou os seguintes indicadores
de viabilidade econômica: VPL: R$ 318.618,50; TIR: 82%; RBC: 5,43; PRC: 1,22 anos. Observou-se que a TIR,
RBC e PRC conseguem atender bem a implantação de um sistema de produção de camarões ornamentais,
avaliando esta atividade como viável. Esses indicadores demonstraram que a atividade tem um curto período de
retorno sobre o investimento estando acima de outros empreendimentos da aquicultura. Na produção intensiva de
tilápias do nilo (Oreochromis niloticus) em 200 tanques-rede CAMPOS et al. (2007) obtiveram índices de 57% e
1,71 anos para TIR e PRC respectivamente, já KODAMA et al. (2011) trabalhando com o cultivo do peixe palhaço
obtiveram a TIR e o PRC (pay-back) entre 37,15% a 58,23% e 2,1 a 2,8 anos respectivamente.
18
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
A análise de custo-retorno anual foi calculada obtendo valores de lucratividade, margem de lucro, custo total
médio de cada juvenil e o ponto de equilíbrio da produção, demonstrando os seguintes valores: Lucro anual: R$
36.358,10; Margem de lucro: 41,4%; Custo total médio por juvenil: R$ 1,76; Ponto de equilíbrio da produção:
10.825 juvenis/ano.
Foram observadas variações nos indicadores de viabilidade econômica de todos os cenários, sendo que o
RBC chega a diminuir de 5,43 para 1,99 do cenário real para o cenário 02, tendo ainda um aumento no período de
retorno do capital de 1,99 anos. Apesar das variações todos os cenários simulados permaneceram
economicamente viáveis (Tabela 02).
Tabela 2. Indicadores de viabilidade econômica, VPL, TIR, RBC, PRC, do cenário real e ainda de cada cenário
simulado na análise de sensibilidade da produção de 29.262 juvenis de Macrobrachium pantanalense em
Aquidauana-MS.
Indicadores
Real
*Cenário 01
**Cenário 02
318.618,50
79.481,99
71.243,56
82
31
29
RBC
5,43
2,11
1,99
PRC (anos)
1,22
3,04
3,21
VPL (R$)
TIR (%)
*Cenário 01: Redução de 40% no valor de mercado do juvenil;
**Cenário 02: Duplicação das taxas de mortalidade.
A piscicultura ornamental está entre os setores mais lucrativos da piscicultura, essa tendência também pôde
ser observada na carcinicultura. SILVA et al. (2012) analisando a viabilidade econômica da produção de camarões
para alimentação, em Mossoró-RN, obteve TIR de 60%, payback de 2 anos e RBC de 1,4. Já para o cultivo de M.
amazonicum, VALENTI et al. (2008) apresentaram dados referentes a análise econômica da produção no
Pantanal Sul Matogrossense para fins comerciais de iscas vivas descrevendo: TIR=55%, PRC=2,1 anos e
RBC=4,46. Quando comparamos os índices apresentados por este trabalho com os descritos por SILVA et al.
(2012) e VALENTI et al. (2008) observa-se que os valores econômicos continuam muito atrativos. Apesar de
VALENTI et al. (2008) simularem, na mesma região, o cultivo do camarão de água doce, o tamanho da produção
e os fins comerciais são diferentes o que justifica a diferença nos índices econômicos.
Conclusões
Sabendo que o camarão-do-pantanal pode ser uma espécie apreciada para a ornamentação, foi possível
verificar que a carcinicultura ornamental de água doce também é uma ótima opção para conseguir lucros na
produção desta espécie, com índices de viabilidade econômica muito atrativos. No entanto, mais estudos
precisam ser realizados em diferentes escalas que venham a servir de padrão tecnológico para ser empregado
pela aquicultura da região.
Agradecimentos
Á Capes e UEMS, pela concessão de bolsas de estudos durante o período de realização das atividades
do Mestrado em Zootecnia.
Referências
VALENTI, W.C.; HAYD, L.A.; VETORELLI, M.P.; MARTINS, M.I.E.G. 2008. Viabilidade Econômica da Produção
de Iscas e Juvenis de Macrobrachium amazonicum no Pantanal. In: Aquaciência 2006, Tópicos Essenciais em
Biologia Aquática e Aquicultura II, Bento Gonçalves, RS.
CAMPOS, C.M; GANECO, L.N; CASTELANNI, D; MARTINS, M.I.E. Avaliação econômica da criação de tilápias
em tanque-rede, município de Zacarias, SP. Boletim Instituto de Pesca, São Paulo, v.33, p. 265 - 271, 2007.
19
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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KODAMA, G.; ANNUNCIAÇÃO, W.F.; SANCHES, E.G.; GOMES, C.H.D.A.M.; e TSUZUKI, M.Y. Viabilidade
econômica do cultivo do peixe palhaço, Amphiprion ocellaris, em sistema de recirculação. Boletim do Instituto de
Pesca, São Paulo, v.37, p. 61-72, 2011
SILVA, A. L.G. da; PONTES, F.S.T.; PONTES, F.M.; BESSA JUNIOR, A.P.B.; OLIVEIRA, D.M. de. Análise de
investimento na carcinicultura do Rio Grande do Norte: um estudo de caso. Revista Caatinga, Mossoró-RN, v.25,
n. 1, p. 168-175, 2012.
RIBEIRO, F.A.S. Policultivo de acará-bandeira e camarão-marinho. 2010. 95 p. Tese (Doutorado) – Centro de
Aquicultura, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Jaboticabal, SP.
DOS SANTOS, A., HAYD L.; ANGER K. A new species of Macrobrachium Spence Bate, 1868 (Decapoda,
Palaemonidae), M. pantanalense, from the Pantanal, Brazil. Zootaxav, v. 3700, p. 534–546, 2013.
FAO; Fishstat Plus Universal software for fishery statistical time series. 2009. Fisheries Department,
Fisheries information, Data and Statistics Unit.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Aplicação do índice biológico BMWP para avaliação preliminar da qualidade da água de
uma microbacia hidrográfica, município de Dois Irmãos do Buriti, MS1
2
3
4
Kim Filipe Duarte Moreira , Fernanda Pimentel , Maria Helena da Silva Andrade , Paola Zamin
5
6
Cembranel , Maike Ledesma
Os rios brasileiros vêm sofrendo há décadas com os impactos ambientais associados ao uso e à ocupação
do solo, sendo que as atividades antrópicas podem causar o comprometimento da boa qualidade das suas
águas. O uso de bioindicadores e aplicação de índices ecológicos para o monitoramento da integridade das
bacias hidrográficas ganharam força nos países ditos desenvolvidos, mas, no Brasil, ainda tem seu emprego
restrito. Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a qualidade da água através do uso de parâmetros
biológicos, além de contribuir para a geração de informações a respeito da bacia hidrográfica do rio Paraguai, foi
avaliada preliminarmente a qualidade de água da referida bacia utilizando-se o índice biológico de qualidade
ambiental BMWP (Biological Monitoring Working Party), criado na Grã-Bretanha em 1976, no qual as famílias
encontradas são ordenadas em dez grupos, sendo conferido a cada grupo um valor numérico estabelecido de
acordo com sua tolerância à poluição. A microbacia do córrego Quati está localizada em Dois Irmãos do Buriti –
MS (20°08’37” e 20°02’37” latitude sul e 55°09’03” e 55°34’57” longitude oeste) e faz parte da bacia do rio
Paraguai, sendo importante como elemento formador do pantanal, já que suas águas desaguam no rio
Aquidauana. Nos limites da citada bacia, foi instalado o projeto de assentamento (PA) Santa Amélia, com fins
de reforma agrária e onde são cultivados produtos hortifrutigranjeiros, além de áreas de pastagens para a
criação de bovinos e caprinos. As coletas foram realizadas em duas estações do ano, sendo o inverno de
2012 (setembro) e primavera (outubro). Foram efetuadas coletas de macroinvertebrados bentônicos em cinco
pontos estabelecidos ao longo de todo o córrego, desde a nascente (20°39'4.91"S / 55°18'34.37"O) até a
foz (20°40'12.22"S / 55°21'43.24"O), no encontro com o rio Dois Irmãos, de acordo com possibilidades de
acesso ao citado corpo de água. Em campo, o sedimento foi fixado com formaldeído a 4% e, em laboratório,
a fauna foi triada com auxilio de estereomicroscópio binocular, conservada em álcool 70% e identificada até o
menor nível possível, utilizando-se chaves clássicas. No inverno, foram encontrados os seguintes táxons:
Chironomidae, Ceratopogonidae, Culicidae, Elmidae, Glossiphoniidae, Baetidae, Tubificidae, Tipulidae,
Naucoridae, Planorbidae e Tabanidae, num total de 269 indivíduos coletados. O resultado da aplicação do
índice BMWP indicou que a qualidade da água foi classificada como “péssima” em todos os pontos investigados.
Na primavera, encontrou-se os táxons Chironomidae, Glossomatidae, Tubificidae, Empididae, Helicopsichidae,
Planorbidae, Elmidae, Hirudinae, Tipulidae, Ceratopogonidae, Gelastocoridae, Tabanidae, num total de 69
indivíduos coletados. O resultado da aplicação do índice BMW P indicou que a qualidade da água foi considerada
“péssima” em quase todos os pontos investigados, exceto no ponto 02, que apontou uma qualidade “ruim”
da água. Os resultados preliminares apontam para uma condição de comprometimento da qualidade da água,
sendo necessário que sejam continuados os trabalhos de pesquisa para a melhor compreensão da dinâmica
ambiental local, além do desenvolvimento de ações de educação ambiental objetivando o uso e ocupação do
solo da bacia de maneira mais equilibrada e sustentável.
1
Parte do projeto de Iniciação Científica/CNPq “Indicadores de qualidade de água na microbacia do córrego Quati, Dois Irmãos do Buriti, MS –
elementos para educação ambiental”.
2
Graduando do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/FAENG. Campo Grande, MS
([email protected])
3
Graduanda do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / CPAn. Aquidauana, MS
([email protected])
4
Professora do curso de Geografia da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e urbanismo e Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul- FAENG. Campo Grande, MS ( [email protected])
5
Graduanda do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Federal de Mato G rosso do S ul/FAENG. Campo Grande, MS
([email protected])
6
Graduando do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / CPAn. Aquidauana, MS
([email protected])
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Aplicação do princípio da proporcionalidade na resolução de conflitos socioambientais
no Parque de Piraputangas1
2
3
Marina Kleinsorge Daibert , Ricelly Aline Camargo de Souza , Daniela Lopo
4
Resumo: Não são poucas as acusações de depredação ao meio ambiente direcionadas aos adeptos das religiões
afro-brasileiras. Principalmente, em relação às oferendas e despachos que são entregues nas matas, rios, mares
e outros ambientes naturais. O presente trabalho aborda a aplicação do princípio da proporcionalidade na
resolução de um embate que envolve preservação ambiental e liberdade de culto religioso. Assim sendo, por meio
da pesquisa etnográfica, este artigo objetiva descrever de que modo o poder público municipal de Corumbá-MS
buscou solucionar um conflito socioambiental no Parque Natural Municipal de Piraputangas, uma unidade de
conservação de proteção integral. Espera-se, assim, a formação de outros parâmetros para se pensar a relação
cultura/natureza sob a ótica do Direito Ambiental.
Palavras–chave: direito ambiental, práticas religiosas, unidade de conservação
Application of the proporcionality principle of the social and environmental conflict resolution in the
1
Parque de Piraputangas
Abstract: There are a lot of environmental depredation cases related to the afro-brasileiras religions,
predominantly related to offerings and shipments that are given by them to forests, rivers and other kinds of natural
environments. The currently work deals with the proportionality principle in settling a conflict between the
environmental conservation and of the right to the freedom of the religious worship. Thus, with aid of ethnographic
research, this article has as objective to describe the alternative adopted by the government of the municipality of
Corumbá, estate of Mato Grosso do Sul, to solve this conflict in the Parque Natural Municipal de Piraputangas, an
area of environmental conservation fully protected by the Brazilian Government. Finally, other definitions of
parameters are expected to help people think about the relation between culture and nature, according to the
environmental law.
Keywords: environment law, religious practices, conservation area
Introdução
Sabe-se que a preocupação com a ordem ambiental internacional surgiu em virtude de dois problemas: a
escassez de recursos, onde o acesso e a herança dos recursos naturais podem ser ameaçados diante do seu uso
desenfreado e a ameaça de segurança, impossibilitando a continuidade de vida na Terra (RIBEIRO, 2001).
E uma das maiores preocupações do novo século está na exploração dos recursos ambientais. Pois, se por
um lado há consenso quanto à necessidade urgente de preservação destes recursos, por outro há um número
cada vez maior de conflitos sociais relacionados aos modos de exploração e preservação dos mesmos recursos.
O Brasil tem apresentado, especialmente nas últimas décadas, vários exemplos destes conflitos, que transcendem
as questões de direito de uso e propriedade e têm como base questões sociais profundas (ACSERALD, 2004).
Os conflitos socioambientais constituem constantes problemas presentes no ato de gerir e manejar os
recursos naturais. No Brasil, eles surgem em todos os aspectos da gestão ambiental, principalmente na gestão
das reservas naturais.
As reservas naturais no Brasil recebem o nome de Unidades de Conservação (UC’s) e constituem áreas de
interesse de proteção ambiental sob regime especial de administração. As mesmas são destinadas a ordenar o
processo de ocupação em territórios que apresentem características naturais relevantes.
O Direito Ambiental, como ramo autônomo do mundo jurídico, apesar de recentemente criado no século
passado, já apresenta certa complexidade no enfretamento de alguns temas, como é o caso das unidades de
conservação.
1
Parte do Trabalho de Conclusão de Curso em Direito Ambiental e Urbanístico da pós-graduação de Marina Kleinsorge Daibert
Bióloga da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá, 79300-040, Corumbá, MS
([email protected])
3
Engenheira Agrônoma da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá, 79320-208, Corumbá, MS
([email protected])
4
Bióloga da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá, 79303-220, Corumbá, MS ([email protected])
2
22
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Segundo Primack e Rodrigues (2002, p. 200), “uma das medidas mais controvertidas na preservação de
comunidades biológicas é o estabelecimento de áreas legalmente protegidas”. Os mesmos autores afirmam que
uma vez que a área esteja sob proteção, devem ser tomadas decisões quanto ao grau de interferência humana
que será permitido naquele local.
A Lei N º 9985, de 18 de julho de 2000 institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza – SNUC, que estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de
conservação. De acordo com a Lei, entende-se por unidade de conservação um espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo
Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se
aplicam garantias adequadas de proteção.
Em Mato Grosso do Sul, encontra-se o Parque Natural Municipal de Piraputangas, situado no município de
Corumbá, que se localiza na porção Centro-oeste do Brasil, inserido na mesorregião Pantanal Sul MatoGrossense e na microrregião Baixo Pantanal, que também compreende os municípios de Ladário e Porto
Murtinho, conforme subdivisão do Brasil dada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (1985).
Por se tratar de área da União e com fins de preservação, nesta UC são proibidas a ocupação e utilização para
qualquer atividade não autorizada pela Fundação do Meio Ambiente do Pantanal, órgão ambiental da Prefeitura
Municipal de Corumbá.
Em 2005, a Prefeitura Municipal de Corumbá confrontou com um problema socioambiental no Parque em
decorrência de conflitos de interesses entre a mesma e religiosos praticantes do candomblé e da umbanda, os
quais faziam oferendas ao longo de uma cachoeira situada no interior deste Parque. Em busca de solucionar o
problema de maneira equitativa e justa, o poder público municipal buscou atender os anseios dos atores sociais
envolvidos no conflito por meio do uso do princípio da proporcionalidade.
Segundo Cleve e Ferreira (2002), é a partir do princípio da proporcionalidade que se opera o "sopesamento"
dos direitos fundamentais, assim como dos bens jurídicos quando se encontram em estado de contradição,
oferecendo ao caso concreto uma solução ajustadora de condenação e cominação dos bens em colisão.
Considerando os aspectos descritos acima, a justificativa em empreender este estudo se deve às
peculiaridades apresentadas no desfecho deste conflito sob a ótica do Direito Ambiental.
Assim, este trabalho tem como objetivos:
• Descrever a importância socioambiental do Parque Natural Municipal de Piraputangas;
• Analisar sob a ótica do Direito Ambiental de que maneira o poder público municipal de Corumbá buscou
solucionar um conflito em uma área protegida.
• Apresentar de que modo a aplicação do princípio da proporcionalidade pode atuar como equacionador da
colisão dos interesses antagônicos que coadjuvam uma mesma relação jurídica, sem ferir o que está previsto no
Direito Ambiental.
Material e Métodos
A metodologia utilizada para a realização deste estudo dividiu a pesquisa em etapas. Inicialmente foram
realizadas pesquisas bibliográficas que buscaram estabelecer a base teórico-conceitual deste trabalho. Também
foram consultados artigos, teses, dissertações, notícias, dentre outros na internet e nos arquivos da Prefeitura
Municipal de Corumbá. Este vasto referencial teórico foi de grande auxílio para o desenvolvimento da pesquisa
empírica.
Levando em consideração a forma de abordagem do problema estudado, esta é uma pesquisa qualitativa
aplicada, a pesquisa aplicada tem como objetivo resolver problemas ou necessidades concretas e imediatas. Já
do ponto de vista dos seus objetivos, esta pesquisa é exploratória e explicativa. Exploratória, porque visou
proporcionar maior familiaridade com o problema, a fim de torná-lo explícito por meio de levantamento
bibliográfico. E explicativa, porque buscou identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência
do problema, aprofundando o conhecimento da realidade ao explicar a razão das coisas.
Quanto aos procedimentos técnicos, trata-se de uma pesquisa-ação, um tipo de pesquisa social com base
empírica concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo e na qual pesquisador e participantes representativos da situação ou do problema, estando envolvidos de
modo cooperativo ou participante.
23
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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A coleta de dados foi obtida via inquérito pessoal utilizando o método etnográfico. Sendo que, optou-se em
fazer uso da etnografia em virtude da convivência que a pesquisadora tem com os sujeitos da pesquisa. Vale
mencionar que a etnografia é um processo guiado preponderantemente pelo senso questionador do etnógrafo.
Resultados e Discussão
Desde os tempos primitivos, procurou o homem, o equilíbrio e a justiça, o que fez com que Rodrigues
(2005, p. 107 apud CUIABANO, 2001) inferisse: "A ideia de proporcionalidade remonta aos tempos antigos,
confundindo-se com a própria noção de Direito. Desde a época de Talião, almejava-se alcançar o justo equilíbrio
entre os interesses em conflito". A ideia de justo no imaginário humano pressupõe dar a cada um,
proporcionalmente, o que lhe é devido. Por seu turno, o professor Castro (2003, p. 88 apud CUIABANO, 2001),
ensina que: "a ideia de proporcionalidade prende-se à noção geral de bom senso (aplicada ao âmbito jurídico),
como algo que emana do sentimento de repulsa diante de um absurdo ou de uma arbitrariedade".
O princípio da proporcionalidade remete à noção de coerência, cuja adequação depende dos valores
escolhidos pelo sistema jurídico. O princípio da proporcionalidade é conhecido também como o principio da
proibição do excesso ou principio da razoabilidade. Em regra, a coerência deve estar presente em todas as
decisões judiciais e políticas, inclusive no Direito Ambiental. A afetividade da proteção do meio ambiente depende
da aplicação do principio da proporcionalidade, que no caso, lida com a difícil tarefa de harmonização e otimização
de interesses e pretensões intensamente colidentes.
O modelo de unidades de conservação adotado no Brasil e no Terceiro Mundo, em geral, é um dos
principais elementos de estratégia para a conservação da natureza. Ele deriva da concepção de áreas protegidas
construídas no século passado nos Estados Unidos, com o objetivo de proteger a vida selvagem (wilderness)
ameaçada pelo avanço da civilização urbano-industrial. Esse modelo expandiu-se logo em seguida para o Canadá
e países europeus, consolidando-se como um padrão mundial, principalmente a partir da década de 60 quando o
número e a extensão das áreas protegidas ampliaram-se enormemente em todo o mundo. A ideia que fundamenta
este modelo é a de que a alteração e domesticação de toda a biosfera pelo ser humano são inevitáveis, sendo
necessário e possível conservar pedaços do mundo natural em seu estado originário, antes da intervenção
humana.
Assim, esse modelo supõe uma dicotomia conflitante entre ser humano e natureza, supõe que as
comunidades locais são incapazes de desenvolver um manejo mais sábio dos recursos naturais (o que pode ser
verdade nos casos de extrativismo comercial em grande escala, mas não em todos os casos), e finalmente, que
estas áreas podem ser perpetuadas num estado de natural equilíbrio. Ainda que este modelo possa ser
relativamente adequado aos EUA, dada a existência de grandes áreas desabitadas, sua transposição para o
Terceiro Mundo mostra-se problemática, pois mesmo as áreas consideradas isoladas ou selvagens abrigam
populações humanas, as quais, como decorrência do modelo adotado, devem ser retiradas de suas terras,
transformadas de agora em diante em unidade de conservação para benefício das populações urbanas (turismo
ecológico), das futuras gerações, do equilíbrio ecossistêmico necessário à humanidade em geral, da pesquisa
científica, mas não das populações locais.
Segundo Primack e Rodrigues (2002, p. 287), “em muitos casos, as populações locais já protegem as
florestas, os rios, as águas costeiras. Essa proteção é imposta pelos cidadãos mais velhos e é baseada em
crenças religiosas e tradicionais”.
Tanto é que na história da humanidade é possível detectar a relação existente entre o ser humano e o
ambiente, no que diz respeito às suas crenças. Tanto diretamente, quando os elementos naturais são adorados
como deuses, como indiretamente, quando esses elementos são utilizados como um meio de comunicação com
as divindades. A liberdade religiosa é um direito fundamental do ser humano, assim como a garantia de um meio
ambiente saudável.
De acordo com Maragon e Agudelo (2011), o aumento das tensões socioambientais em Unidades de
Conservação (UCs) indica que existe um descompasso entre os diferentes instrumentos de gestão territorial e as
políticas públicas. Além disso, inexiste o diálogo entre os diversos grupos de interesses, o que torna inviável uma
possível convergência de ideias voltadas a um fim comum: conciliar a presença humana com o uso sustentável
dos recursos naturais.
Os mesmos autores observaram em sua pesquisa que a incorporação da dimensão cultural sob a ótica da
sustentabilidade abre ao debate uma diversidade de enfoques sobre as alternativas meramente técnicas para os
problemas socioambientais. Os patrimônios simbólicos das diversas culturas proporcionam meios para o
enriquecimento cultural do mundo através da diferenciação, assim como para construir uma nova racionalidade
produtiva e um novo paradigma de desenvolvimento.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Estamos diante, portanto, de uma diferente maneira de interpretar as práticas religiosas que envolvem a
natureza nas religiões afro-brasileiras. Tudo começa, a partir da constatação de que as religiões afro-brasileiras
apresentam fortes ligações com a natureza.
Por outro lado, não são poucas as acusações de depredação ao meio ambiente que lhes são dirigidas.
Principalmente em relação às oferendas e despachos que são entregues nas matas. Velas acesas podem
provocar incêndios; comidas dos santos podem servir de alimentos aos animais silvestres, que não só podem se
intoxicar como se machucarem nos detritos espalhados. Segundo Franca (2006 apud DA SILVA, 2009), os rios e
cachoeiras também são atingidos, pois a água é elemento importante nos rituais. Só com o esgotamento do tempo
ritualístico esses materiais viram “lixo”, e podem ser retirados. É dentro dessa permanência e a não retirada
desses materiais, que se observa a formação de conflitos, como o caso de proibições do acesso das comunidades
religiosas a espaços de preservação ambiental. Apesar disso tudo, o discurso do candomblé como religião
“ecologicamente correta”, parece se difundir sem muita crítica.
Estamos, portanto, diante de duas formas de interpretar as práticas religiosas que envolvem a natureza nas
religiões em questão. Nesta última, parece que embora a presença da natureza como essência divina seja
importante, verifica-se que isso pode não se traduzir plenamente em consciência ecológica.
O Parque de Piraputangas possui a área da Cachoeira do Córrego São Domingos, localizada próxima ao
areeiro São Domingos, acima da estrada de ferro pertence. Esta região tem servido há mais de 50 anos como
local de oferendas religiosas realizadas por adeptos da umbanda e candomblé do município de Corumbá.
De acordo com a “mãe de santo” Catarina da Silva Bruno da “Tenda São Jorge”, eles precisam de um lugar
em contato com a natureza: “para recobrar nossas forças e orações para os necessitados, temos o direito de
continuar fazendo o culto na cachoeira São Domingos”, frisou, lembrando que foi preparada para receber a coroa
há 20 anos, naquele local.
Em reunião do MPE com as autoridades do poder público municipal e representantes da umbanda e do
candomblé ficou deliberado, entre outras providencias, a suspensão imediata dos cultos religiosos no Parque,
além da proposta de disponibilização de outra localidade, diversa de área de preservação ambiental, para
realização das oferendas.
Como uma reação à determinação do MPE, os adeptos de umbanda e candomblé chegaram a realizar uma
manifestação pacífica, por meio de uma passeata pelas ruas do centro de Corumbá. O objetivo do protesto foi
solicitar que fosse revogada a decisão do MPE de proibir a utilização do Parque Municipal de Piraputangas, no
Córrego São Domingos para seus rituais.
Por outro lado, o então secretário interino de meio ambiente de Corumbá, Cássio Augusto da Costa
Marques, afirmou que na época não foi procurado por nenhum dos representantes religiosos envolvidos no
conflito, para que os mesmos visitassem três localidades possíveis para a realização dos cultos religiosos.
Vale mencionar que a Prefeitura, com o apoio do MPE, estava respaldada legalmente pelo artigo 40 da Lei
9605/98, conhecida com a Lei dos Crimes Ambientais, que prevê punição aos que causarem dano direto ou
indireto às Unidades de Conservação e às áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de
1990, independentemente de sua localização.
Por sua vez, o pai de santo Hamilton disse que na ocasião foi feita uma reunião com todos os
representantes da Umbanda e Candomblé, a fim de verificar se havia algum outro local para a prática do ritual,
mas segundo ele, não encontraram um que possuísse as mesmas características encontradas na Cachoeira do
Córrego São Domingos. Ainda conforme o pai de santo, o local é o mais acessível às pessoas mais carentes
adeptas das religiões, enfatizando a função ecológica dos mesmos como guardiões da natureza ao afirmar:“nunca
denegrimos nem poluímos o Parque, nós até ajudamos a comunidade que reside nas imediações com doações, é
um absurdo falar que estamos prejudicando a natureza”, explicou.
Assim, considerando a necessidade de atender os adeptos do culto de umbanda e candomblé e de garantir
a liberdade religiosa, bem como o respeito as suas tradições e manifestações, conforme preconiza o artigo 5
inciso VI da Constituição Federal, o Poder Público Municipal fez uso do Princípio da Proporcionalidade, a fim de
atender os interesses dos atores sociais envolvidos. Deste modo, por meio do decreto 399/2005, de 28 de
dezembro, desmembrou uma área de 5.387 km² do Parque onde ocorriam os rituais umbandistas.
A área desmembrada foi denominada Vale dos Orixás e passou a atender as comunidades de Umbanda e
Candomblé de Corumbá e também de Ladário, que agora contam com um local apropriado para a prática de
cultos religiosos. O ato foi definido pelo prefeito como um momento de respeito ao meio ambiente e a uma crença
religiosa.
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Conclusões
O Poder Público Municipal de Corumbá buscou solucionar o conflito ocorrido no Parque Natural Municipal
de Piraputangas por meio do princípio da proporcionalidade. Pois, com isso, atenderia aos anseios da comunidade
religiosa que se sentia lesada em seus direitos fundamentais.
A possível solução para o embate ainda reside no uso do princípio da proporcionalidade. Porém, a
Prefeitura de Corumbá deve proceder legalmente, criando uma Lei específica para regulamentar o
desmembramento.
Assim, conclui-se que o princípio da proporcionalidade é uma ferramenta legal a ser usada na resolução de
conflitos socioambientais em unidades de conservação pelo poder público, desde que este o faça de acordo com
o que está previsto no Direito Ambiental.
Referências
ACSELRAD, Henri. Conflitos Ambientais no Brasil. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Fundação Heinrich Böl,
2004. 294p.
CUIABANO, R.M. O Princípio da Proporcionalidade no Direito Ambiental: Breves Exemplos de
Implementação no Direito Brasileiro. Revista da Faculdade de Direito da UFPR, V. 36, 2001.
DA SILVA, J.P. Práticas Religiosas e Consciência Ecológica nas Religiões Afro-pessoenses. Disponível em:
<http://www.cchla.ufpb.br/caos/n14/11Pr%C3%A1ticas%20Religiosas%20e%20Consci%C3%AAncia%20Ecol%C3
%B3gica%20nas%20Religi%C3%B5es%20Afro.pdf>Acesso:08 abr. 2013.
MARAGON, M.; AGUDELO, L.P.P. Uso da Paisagem e Conservação: Tensões Socioambientais e Diálogos
de Saberes. Revista Educação & Tecnologia. 2011.
PRIMACK, R.B.; RODRIGUES, E. Biologia da Conservação. Londrina: Editora Vida, 2002.
RIBEIRO, W.C. A ordem ambiental internacional. São Paulo: Contexto, 2001, 176p
26
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Aplicação MEV Ambiental no estudo de afinidade/repelência à água na superfície de
Salvinia auriculata
1
Ana Paula Souza Silva , Ivan Bergier
2
Resumo: Salvinia auriculata é uma planta aquática, pilosa, abundante no Pantanal brasileiro. Este estudo teve por
objetivo avaliar suas capacidades hidrofílicas e superhidrofóbicas em microscopia eletrônica de varredura (MEV)
no modo ambiental. Amostras da planta foram submetidas a uma dinâmica de pressão em baixo vácuo e baixas
temperaturas. Com isso foi possível estudar a hidrofilicidade na porção terminal dos tricomas e a
superhidrofobicidade responsável pela repelência da água, retenção de ar e pela capacidade autolimpante. Essas
habilidades são importantes descobertas do Biomimetismo, e suas aplicabilidades se estendem de roupas de
banho impermeáveis, tintas, vidros de veículos e placas solares autolimpantes, a redução da fricção de arrasto de
transporte de fluidos e navios.
Palavras–chave: Biomimetismo, biofísica, superfície superhidrofóbica, superfície autolimpante.
ESEM application in the study of water affinity and repellence in Salvinia auriculata
Abstract: Salvinia auriculata is an aquatic plant, hairy, abundant in the Brazilian Panatanal. This study aimed to
assess their hydrophilic and superhydrophobic capacities by scanning electron microscopy in environmental mode.
Samples of plant were subjected to dynamic pressure in low vacuum and low temperatures. By this approach it
was possible to study the hydrophilicity in the terminal portion of the trichomes and the superhydrophobicity, which
are responsible for water-repellency, air-retention and self-cleaning capacities. These capacities are important
discoveries of the Biomimetics, and their applicability extend from waterproof swimsuits, paints, and self-cleaning
glass vehicle and solar panels, to the reduction of transport drag friction of fluids and ships.
Keywords: Biomimetics, biophysics, superhidrofobic surface, self-cleaning surfaces.
Introdução
A Salvinia auriculata, conhecida popularmente como orelha-de-onça, é uma planta aquática, flutuante livre,
com folhas ovaladas repletas de tricomas (ou pêlos). Nativa de regiões tropicais da America Central e do Sul é
encontrada em abundância no Pantanal brasileiro. É uma das primeiras espécies na sucessão vegetal de corpos
d’água após a intervenção humana, como a formação de represas. De acordo com Castro et al, (2010), de todas
as espécies registradas em oito ilhas flutuantes (camalotes) no rio Paraguai somente duas estiveram presentes
em todas amostragens, Eichhornia crassipes e Salvinia auriculata. A superfície de suas folhas apresenta
capacidade superhidrofóbica; gotas de água em sua superfície formam um ângulo de contato maior que 150°. O
interesse por esse tipo de superfície teve início na década de 70, quando o biólogo Wilhelm Barthlott estudou a
flor-de-lótus (Nelumbo nucifera) e observou que esta apresentava propriedade autolimpante. O comportamento
conhecido como “Efeito Lótus” resulta de dois níveis estruturais (Rodak, 2005). O primeiro deles origina-se de uma
camada cerosa na superfície das folhas. O segundo, identificado por microscopia eletrônica de varredura (MEV),
origina-se de saliências em escala nanométrica equivalentes a pêlos. A rugosidade entre duas saliências aprisiona
o ar sob as gotas de água sobre a folha, e esta interface folha-ar é responsável pelo elevado ângulo de contato e
o comportamento de rolamento de gotas esféricas de água sobre a folha de lótus. Ao rolar, as gotas removem
partículas e tornam a superfície autolimpante.
Cerman et al. (2009) mostram que as folhas com tricomas cerosos são extremamente repelentes à água,
como, por exemplo, as folhas de Salvinia auriculata e Pistia stratiotes. O fator crucial na superhidrofobicidade nas
folhas de Salvinia é dado pelos tricomas de 0,2 a 1 mm de altura, aos quais se sobrepõem uma camada de
pequenos cristais de cera hidrofóbica. A combinação de tricomas e cera fazem a superfície da folha de plantas do
gênero Salvinia sp. super-hidrofóbica, conferindo flutuabilidade por meio de uma película de ar ao submergir. Tal
propriedade faz dela um modelo vivo bem sucedido para aplicações biomiméticas (mimetizar estruturas biológicas
para inovação em novos produtos e processos). A influência dessa capacidade super-hidrofóbica não se limita
apenas ao caráter autolimpante, embora esse tenha se tornado o principal alvo de interesse em aplicações
biomiméticas e de engenharia sustentável, devido a sua vasta aplicabilidade. A camada na superfície de retenção
de ar na Salvinia auriculata é de grande interesse tecnológico, econômico e ecológico, pois se trata de uma
1
2
Bolsista CNPq na Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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solução que pode, por exemplo, reduzir a fricção no transporte de fluidos, e reduzir o efeito de arrasto no
revestimento de grandes e pequenos navios. A combinação única de trechos hidrofílicos na superfície superhidrofóbica, ou “Efeito Salvinia”, fornece um novo conceito para o desenvolvimento de revestimentos com
propriedades autolimpantes e de retenção de ar (BARTHLOTT et al., 2010). O presente trabalho objetiva estudar
em microscopia eletrônica de varredura no modo ambiental as propriedades hidrofílicas e hidrofóbicas de Salvinia
auriculata.
Material e Métodos
O estudo foi realizado no Laboratório de Conversão de Biomassa da Embrapa Pantanal. A amostra foi
coletada na área de ensino de plantas aquáticas da Embrapa Pantanal. Após a coleta, uma amostra foi submetida
à microscopia eletrônica de varredura no modo ambiental em vapor d’água com um estágio frio (QUANTA FEI
250). Para a obtenção de imagens foram utilizados dois tipos de detectores, o Large Field Detector (LFD) e o
Gaseous Secundary Electron Detector (GSED). Com o GSED, para a dinâmica de pressão, o estágio foi resfriado
a 1,5ºC. A pressão foi ajustada para 750 Pascal. Depois de estabelecidos esses parâmetros, fechou-se o
microscópio e iniciou-se o baixo vácuo no modo ambiental. Quando a pressão atingiu 750 Pascal, a amostra foi
submetida a um feixe de elétrons de 20 kV. A amostra foi então submetida à dinâmica de pressão a temperatura
constante de 1,5ºC. A pressão foi variada de 750 a 1000 Pascal, e com o aumento da pressão de vapor,
microgotículas de água surgiram por condensação, conforme diagrama na Figura 1. No uso do LFD, para
o
imageamento dos tricomas, o procedimento foi análogo, porém a temperatura foi ajustada a -20 C para congelar
as estruturas e a pressão foi mantida constante a 750 Pascal.
Figura 1. Diagrama da dinâmica de pressão de vapor com a temperatura. A amostra a 1.5 ºC foi submetida a um
aumento da pressão de vapor de 750 a 1000 Pascal (seta em vermelho). A curva representa o equilíbrio de
umidade relativa (UR) a 100%.
Resultados e Discussão
Como mencionado por Steigleder (2010), em baixa temperatura a estrutura da planta é mantida em seu
formato original. Nas folhas adultas, as terminações celulares de cada quatro tricomas são colapsadas formando
um grupo de quatro células mortas, Sua estrutura final assemelha-se a batedores de ovos (Figura 2). Durante a
dinâmica de pressão foi possível avaliar a dupla aptidão da superfície foliar da planta devido ao conjunto de
tricomas e presença e ausência de cristais de cera. A capacidade hidrofílica foi identificada nas terminações
celulares dos tricomas (Figura 3A). Essas terminações não apresentam cristais de cera e por isso geram uma forte
ligação com a água, apresentando um ângulo de contato entre a superfície e a água menor que 90º, como
mencionado por Barthlott et al. (2010). Com exceção da terminação de quatro células mortas, a folha inteira é
recoberta por cristais cerosos (não mostrados). A conformação estrutural estabelecida proporciona a retenção de
uma camada de ar entre folha e gotas d’água, que não escapa com facilidade ao submergir. A planta pode
manter-se seca por 4 a 5 dias mesmo submersa (CERMAN et al., 2009). De acordo com Koch et al. (2008),
superfícies superhidrofóbicas apresentam ângulo de contato estático igual ou superior a 150°. A média dos
ângulos obtidos em esferas de água na Fig. 3A e 3B é ~151° ± 12°.
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Figura 2. A e B) Imagens obtidas em MEV ambiental (LFD). C e D) Detalhe da porção terminal de um tricoma
(GSED).
A
B
172 °
140°
146°
142
163 °
145 °
152 °
Figura 3. A) A gota de água amorfa (linha em amarelo) na porção terminal do tricoma evidencia a hidrofilia dessa
superfície. A e B) Medição do ângulo de contato de gotas esféricas repelidas pela superfície superhidrofóbica.
Conclusão
A microscopia eletrônica de varredura ambiental permite estudar fenômenos biofísicos, como o Efeito
Salvinia, e pode auxiliar na identificação de novos fenômenos biofísicos de interesse aplicado para outras
espécies da biodiversidade do Pantanal.
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Agradecimentos
Esta pesquisa teve apoio do Projeto MCTI/CNPq/Repensa, Processo no. 562441/2010-7.
Referências
BARTHLOTT, W.; SHIMMEL, T.; WIERSCH,S.; KOCH, K.; BREDE, M.; BARCZEWSKI, M.; WALHEIM, S.; WEIS,
A.; KALTENMAIER, A.; LEDER, A; BOHN, H. F. The Salvinia paradox: superhydrophobic surfaces with hydrophilic
pins for air retention water. Advanced Materials, vol. 22, p. 2325-2328, 2010.
CASTRO, W. J. P.; VIANNA, E. F.; SALIS, S.M.; GALVANI, F.; LIMA, I.B.T. Composição florística e fauna
associada das ilhas flutuantes livres, Rio Paraguai, Corumbá, MS. Corumba: Embrapa Pantanal, 2010. 4p.
CERMAN, Z.; STRIFflER, B. F.; BARTHLOTT,W. Dry in the water: the superhydrophobic water fern Salvinia –
a model for biomimetic surfaces, in: Functional Surfaces in Biology, ed. S. N. Gorb, Springer, Berlin, Heidelberg,
2009.
CHENG Y.T.; RODAK, D.E. Is the lotus leaf superhydrophobic? Applied Physics Letters, vol. 86, 144101.
DOI:10.1063/1.1895487.
Koch, K; Bhushanb, B.; Barthlott, W. Diversity of structrure, morphology and wetting of plant surface. Soft Matter,
vol. 4, p.1943-1963, 2008.
STEIGLEDER, A. P. Estudo morfológico da planta Salvinia molesta: uma contribuição para a biônica e o
design de produto. 2010. 102 f. Dissertação (Mestrado em Design) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Escola de Engenharia e Faculdade de Arquitetura, Porto Alegre.
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Área desmatada no município de Miranda, MS no período de 1994 a 20071
2
3
Sandra Mara Araújo Crispim , Urbano Gomes Pinto de Abreu , Luiz Alberto Pellegrin
4
Resumo: A busca do desenvolvimento sustentável é um dos maiores desafios para toda a humanidade e em
especial no Pantanal, a maior área úmida do mundo e Patrimônio Nacional pela Constituição Brasileira. A principal
atividade econômica é a pecuária de corte extensiva, baseada quase que exclusivamente em pasto nativo. Devido
os custos crescentes da produção pecuária teve início o plantio de forrageiras exóticas. Para o plantio deve ser
requerida uma solicitação aos órgãos competentes. Este trabalho teve por objetivo verificar qual a área situada na
planície pantaneira, autorizada para desmatamento ou substituição de áreas de gramíneas grosseiras, para o
plantio de braquiárias, no período de 1994-2008, em Miranda, MS. Os dados coletados foram número, extensão e
totais de hectares das fazendas que solicitaram autorização. Os dados foram analisados por meio de equação de
regressão linear múltipla, considerando-se como variável dependente área desmatada média (ha) do município e
como variáveis independentes, os anos de 1994 a 2007. Os dados mostram que houve uma tendência de
crescimento até 2001, a partir desse ano uma diminuição linear, provavelmente deveu-se a diminuição do preço
do bezerro. O incremento percentual para cada ano foi de 0,014; 0,087; 0,073; 0,075; 0,081; 0,078; 0,077; 0,077;
0,061; 0,061; 0,064; 0,064; 0,063; 0,064, no período de 1994 a 2007, respectivamente, com uma taxa média no
período de 0,067 %.
Palavras–chave: Desenvolvimento sustentável, extensão do desflorestamento, introdução de pastagem, Pantanal
Deforested area in the municipality of Miranda, MS in the period 1994 to 2007
Abstract: The search to attain sustainable development is one of the greatest challenges of humanity, especially in
the Pantanal, the largest wetland in the world and a National Heritage Site, according to the Brazilian Constitution.
The main economical activity of the region is extensive cattle raising, conducted exclusively in native pastures. Due
to the rising costs of livestock production and farm division, cattle ranchers started using exotic grasses. A special
permit is needed to plant these grasses. This work aims to study what is the current situation of the Pantanal plains
regarding the authorization to deforest or the substitution of native grasses by Brachiaria grass. The study was
conducted in Corumbá (Mato Grosso do Sul state) from 1994-2007. Data collected were number and size of farms
that had requested authorization, total hectare and percent of deforestation or areas with grass substitution. Data
were analyzed through multiple linear regressions by considering the deforested average area (ha) in the county as
the dependent variable and the years, from 1994 to 2007, as independent variables. Data showed an increasing
tendency until 2001 after this a linear decrease probably was due to decrease in the price of the calf. The
percentage increase for each year were 0.014; 0.087; 0.073; 0.075; 0.081; 0.078; 0.077; 0.077; 0.061; 0.061;
0.064; 0.064; 0.063; 0.064 in 1994-2008, respectively. The average rate for the period was 0.067%.
Keywords: Extension of deforestation, Pantanal, pasture introduction, sustainable development
Introdução
O Pantanal é considerado a maior área úmida do mundo e foi declarado Patrimônio Nacional pela
Constituição Brasileira de 1988, além de abrigar sítios de relevante importância internacional pela Convenção de
Áreas Úmidas RAMSAR. Contempla ainda áreas de Reserva da Biosfera declaradas pela UNESCO em 2000.
No século XVII teve início a atividade pecuária na planície pantaneira, aproximadamente 300 anos,
constituindo a principal economia no Pantanal e tem demonstrado ser a grande aliada nessa conservação. Com
base no mapeamento na caracterização da cobertura vegetal da Bacia do Alto Paraguai (BAP) foi constatado que
até 2008, a planície pantaneira manteve intactos 86% de sua cobertura vegetal nativa (SOSPANTANAL, 2012). O
Pantanal é o bioma com menor impacto antrópico, pode-se afirmar que a criação tradicional extensiva de gado
bovino de corte é fundamental para a conservação desse bioma.
1
Parcialmente financiado pelo Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP)
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Corumbá, MS ([email protected])
Pesquisador Embrapa Pantanal, Corumbá, MS ([email protected])
4
Analista Embrapa Pantanal, Corumbá, MS ([email protected])
2
3
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O município de Miranda (MS) faz parte da sub-região do mesmo nome, com uma área de 5.494,5 km², dos
quais 38 % estão no Pantanal. As atividades econômicas são a agropecuária, indústria de cerâmica, turismo de
pesca e ecoturismo (IBGE, 2010).
Este trabalho teve por objetivo quantificar a área situada na planície pantaneira, autorizada para
desmatamento ou substituição de gramíneas grosseiras, para o plantio de braquiárias, no período de 1994-2008,
em Miranda, MS.
Material e Métodos
A Embrapa Pantanal juntamente com o Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP), realizou um levantamento
das autorizações emitidas, pelo Instituto Brasileiro de meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) e Instituto de Meio Ambiente Pantanal (IMAP), órgão vinculado a Secretaria de Meio Ambiente do Mato
Grosso do Sul (SEMA), órgãos de licenciamento ambiental, no período de 1994 a 2007. Até novembro de 1993, os
dois órgãos poderiam emitir essa autorização (licenciamento); atualmente, somente o IMAP tem essa atribuição.
As solicitações das autorizações poderiam ser para desmatamento de áreas florestadas e/ou de áreas de campos
para substituição de gramíneas não ou pouco consumidas pelos bovinos, tais como áreas de “capim carona”,
Elyonurus muticus, “fura-bucho”, Paspalum lineare, e “capim-vermelho”, Andropogon hypoginus, e áreas de
campo-cerrado com predominância de espécies como “lixeira”, Curatella americana L., para introdução das
braquiárias.
Nesse levantamento foram identificados os números de estabelecimentos agropecuários que requereram a
solicitação, o tamanho em hectares desses estabelecimentos agropecuários, o total de hectares autorizados para
desmatamento e o incremento em percentual da área para cada ano, de todo o município.
Os dados foram analisados por meio de equação de regressão linear com decomposição polinomial cúbica,
considerando-se como variável dependente a área desmatada média (ha) no município de Miranda e como
variáveis independentes, os anos de 1994 a 2007. As análises estatísticas foram realizadas no módulo de análise
de dados da planilha eletrônica do EXCEL de acordo com Lapponi (2000).
Resultados e Discussão
Durante o período estudado foram emitidas 185 autorizações de desmatamento para estabelecimentos
agropecuários do município de Miranda. Essas autorizações ficaram distribuídas em 3 para 1994; 16 em 1995; 15
em 1996; 6 em 1997; 10 em 1998; 7 em 1999; 21 em 2000; 13 em 2001; 1 em 2002; 19 em 2003; 27 em 2004; 22
em 2005; 19 em 2006; 06 em 2007. Com a finalidade de conter as autorizações de desmatamento no Pantanal, o
governo estadual em 27 de dezembro de 2006 editou a Lei 3.348, que proibiu o desmatamento pelo prazo de 12
meses, na área da planície pantaneira alagável, exceção para aqueles pedidos que já estavam em tramitação.
Nos anos de 2004, 2005 e 2000 foram observados os maiores números de autorizações, 27, 22 e 21,
respectivamente. Os mesmos autores também verificaram que 2004 foi o ano que apresentou o maior número de
autorizações (46) no município de Rio Verde de Mato Grosso (CRISPIM et al., 2011).
Figura 1. Incremento percentual da área desmatada no município de Corumbá (MS), no período de 1994-2008
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Na Figura 1, observa-se a área desmatada (ha) para todo o período do estudo. No ano de 2000 foi
registrado o maior desmatamento, 6.732 ha, seguido de 5.7571 ha em 2003, enquanto que o menor
desmatamento ocorreu em 1994 com 788 ha. A equação para a estimativa da área desmatada ou substituída em
ha, segue o modelo y = 10,724 x³ - 273,08 x² + 1985,6 x + 157,22 e R² = 0,5985 (Figura 1).
Esses dados mostram que em 1995 teve um pico de crescimento, de 1996 até 2001 houve uma tendência
de crescimento. A partir de 2004 a 2007 ocorreu uma estabilização. Uma causa provável pode estar associada à
queda do preço do bezerro (CEPEA, 2010). Outro fato relevante é a precipitação pluvial ocorrida nesse período de
14 anos, que apresentou uma variação de 728,1 mm a um máximo de 1432,4 mm, em 1995 e 2003,
respectivamente. Apenas em cinco anos a precipitação foi inferior a 1000 mm, 867,4, 1999; 771,7 2002; 949,2
2006 e 931,2 em 2007 (ANA, 2012). Anos mais secos na região Pantaneira é um fator favorável para a introdução
de espécies exóticas. O incremento do percentual de desmatamento para cada ano foi de 0,014; 0,087; 0,073;
0,075; 0,081; 0,078; 0,077; 0,077; 0,061; 0,061; 0,064; 0,064; 0,063; 0,064, no período de 1994 a 2007,
respectivamente. Sendo que a taxa média no período foi de 0,067%. Vale salientar que esse dado engloba todo o
município e não somente a área do Pantanal. Com esses dados observa-se que o incremento para o município de
Miranda foi o mesmo encontrado para Porto Murtinho e essa é a menor taxa observada dentro os demais
municípios de Mato Grosso do Sul que os mesmos autores estudaram. Nos municípios de Corumbá a taxa foi de
0,17 %, Aquidauana 0,52 %, e Rio Verde de Mato Grosso, com 0,73% (CRISPIM et al., 2011).
Diferentes metodologias de amostragem foram utilizadas para o estudo do desmatamento no Pantanal.
Entretanto, esse último estudo realizado por algumas organizações não governamentais, em que ficou
comprovado que o Pantanal é o bioma com menor impacto antrópico, pois 85% da vegetação nativa conserva-se
intacta (SOSPANTANAL, 2010), a pesquisa científica tem que estar cada vez mais compromissada com o
estabelecimento de bases para o desenvolvimento sustentável da região aliada à conservação da biodiversidade.
Também o planejamento das fazendas deve estar dentro dos critérios de sustentabilidade ecológica. Entretanto,
alguns cuidados são necessários para utilização da pastagem cultivada, o manejo correto é fundamental e no
Pantanal, outro ponto a ser enfatizado é que, os pecuaristas deverão utilizar as pastagens cultivadas, como uma
alternativa para algumas categorias animais (touros após a estação de monta, bezerros desmamados, novilhas de
reposição e primeira cria), que requerem pastagens com maior disponibilidade e melhor qualidade nutricional e
nunca como substitutas das pastagens nativas.
Conclusões
Políticas das diferentes esferas do poder público (municipal, estadual e federal) adequadas às condições
edafoclimáticas e aos sistemas de produção do Pantanal, capazes de operacionalizar políticas de
desenvolvimento para a região são demandas urgentes.
Agradecimentos
Agradecemos aos funcionários do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA) e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e Tecnologia (SEMAC) do
Mato Grosso do Sul pela cessão dos dados.
Referências
ANA. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Disponível em: <http://www.ana.gov.br/portalsnish>. Acesso em 06 set.
2013.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo agropecuário 2006. Brasília: IBGE,
2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home /estatistica/economia.shtm>. Acesso em 06 set. 2013.
CEPEA. CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA. Piracicaba: CEPEA, 2010.
Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/boi>. Acesso em: 06 jul. 2013.
CRISPIM, S. M. A.; ABREU, U. G. P.; PELLEGRIN, L. A. Quantificação da área desmatada no município de Porto
Murtinho, MS, Brasil. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 48, 2011, Belém.
Anais...Brasília: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2011 (CD-ROM).
LAPPONI, C. Estatística usando Excel. 2. ed. São Paulo: Lapponi Editora e Treinamento Ltda. 2000. 452 p.
SOS PANTANAL, 2012. Mapeamento da cobertura vegetal
<http://www.sospantanal.org.br/projeto1-2>. Acesso em 06 set. 2013.
do
Pantanal.
Disponível
em
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Aspectos socioeconômicos do município pantaneiro de Porto Murtinho/MS, na fronteira
Brasil-Paraguai: subsídios para o planejamento e gestão territorial1
2
3
Roberto Ortiz Paixão , Tito Carlos Machado de Oliveira , Maria Helena da Silva Andrade
4
Resumo: O presente texto é o resultado de uma pesquisa que teve por objeto um diagnóstico mais aproximado
dos aspectos socioeconômicos para subsidiar a gestão territorial no município pantaneiro de Porto Murtinho,
localizado na porção sudoeste do estado de Mato Grosso do Sul, na fronteira com a república do Paraguai. Foram
consultados dados secundários de diversas fontes, seguindo-se de um levantamento a campo nos setores urbano
e rural. Adotou-se a metodologia quali-quantitativa: registro fotográfico, entrevista semi-estruturadas a gestores e
técnicos da esfera governamental, empresarial, produtores e trabalhadores rurais. Os resultados demonstraram
que o município apresenta uma baixa densidade populacional com aproximadamente 65% residindo na área
urbana e 35% na zona rural na atualidade, com uma ligeira vantagem da população do sexo masculino que conta
com aproximados 53 % frente aos 47% da população do sexo feminino. A pecuária extensiva responde por
aproximadamente 48% na composição do PIB municipal; seguida do setor terciário com 42,4%; e o setor industrial
com 9,6%; considerando-se o período de 1999-2009. Outro aspecto marcante é grande concentração fundiária e a
pequena diversificação da pecuária com forte ênfase na bovinocultura, cuja atividade passa por um processo
observado também em outras regiões e que os paraguaios denominam"ganaderos forâneos", ou pecuaristas de
outros lugares, os quais estabelecem poucos vínculos com a comunidade e o comércio local. Um ponto positivo é
o turismo de pesca que tem crescido na região e que pode trazer um novo panorama para o município, ainda que
essa modalidade tenha seus contrapontos socioambientais.
Palavras–chave: dinâmica regional, fronteira, pecuária extensiva, planejamento territorial, socioeconomia, turismo
Socioeconomic aspects of the municipality of Porto Murtinho Pantanal / MS, the Brazil-Paraguay border:
support for planning and land management
Abstract: This text is the result of a research that had as its object a diagnosis closest to subsidize socioeconomic
aspects of land management in the municipality of Porto Murtinho, located in the southwestern portion of the state
of Mato Grosso do Sul, on the border with the Republic of Paraguay. Were consulted secondary data from various
sources, followed by a survey of the field in the urban and rural sectors. Adopted the qualitative-quantitative
methodology: photographic record, semi -structured interviews with managers and technicians from government,
business, and farm workers. The results showed that the municipality has a low population density with
approximately 65 % residing in urban areas and 35 % in rural areas today, with a slight advantage of the male
population that has approximate 53 % compared to 47 % of the population of female. The extensive livestock
accounts for approximately 48 % of the composition of the municipal GDP, followed by the tertiary sector with 42.4
% and the industrial sector with 9.6 %, considering the period 1999-2009. Another striking aspect is great land
concentration and small livestock diversification with strong emphasis on cattle, whose activity undergoes a
process also observed in other regions and that Paraguayans call "Ganaderos forâneos" or ranchers elsewhere,
which provide few links with the community and local businesses. A positive point is that fishing tourism has grown
in the region and can bring a new perspective to the council, although this modality has its environmental
counterpoints.
Keywords: border, extensive cattle, regional dynamic, territorial planning, tourism, socioeconomic
Introdução
O estado de Mato Grosso do Sul tem uma atividade econômica marcadamente constituída pelo binômio
‘boi-soja’. De forma mais ampla podemos dizer que o Estado é um território historicamente ligado à pecuária e ao
agronegócio nas últimas décadas. A pecuária é marcante na formação territorial do Mato Grosso do Sul inclusive
nos rumos da política desse jovem estado (ESSELIN, 2011). Entretanto, essa força política não reflete
positivamente em uma materialização mais efetiva na gênese econômica local de muitos municípios: geração de
1
Parte dos trabalhos do Plano de Manejo para a Gestão Integrada da Bacia do Rio APA, com apoio financeiro da União Europeia.
Professor do Curso de Geografia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - UEMS, Campo Grande, MS ([email protected]).
3
Professor titular nos cursos de Mestrado em Estudos Fronteiriços e Mestrado em Geografia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul- UFMS,
Campo Grande, MS ([email protected]).
4
Professora adjunta do Curso de Geografia da FAENG, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS, Campo Grande, MS
([email protected]).
2
34
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
emprego e renda. Também constata-se no MS, embora não na mesma representatividade espacial, atividades
como a mineração de forma pontual, o turismo e uma industrialização recente.
Esta é a realidade de muitos municípios do estado ressalvadas algumas peculiaridades, como o município
de Porto Murtinho, localizado na porção sudoeste de Mato Grosso do Sul, à margem do rio Paraguai, na fronteira
com a república do Paraguai e, aproximadamente, a 460 km da capital do estado.
A localização de Porto Murtinho na geografia na América do Sul faz latente o discurso sobre o potencial do
município como elo de ligação para uma rota bioceânica. Desde os seus primórdios de povoamento, essa
localização já foi um chamativo para a instalação de um porto fluvial e, consequentemente, um povoamento com
perspectivas de crescimento e pujança do local. À semelhança de outro entreposto portuário e comercial que
ganhava destaque naqueles idos: Corumbá. Sobre essa perspectiva de desenvolvimento para a Vila de Porto
Murtinho, o trecho abaixo, transcrito do Album Gráphico de Mato Grosso (1914: 416) reforça essa leitura:
O progresso da villa no decorrer dos apenas 22 anos desde a sua fundação, deixa de esperar que o seu futuro
será brilhante, uma vez que, pela immigração espontânea ou subvencionada, lhe seja facilitada o numero de
braços precisos para o desenvolvimento e a exploração das suas riquezas naturaes.
Obviamente, isto não se concretizou na mesma dimensão que o ocorrido em Corumbá por diversas
razões, dentre as quais pode-se mencionar que a fundação do Porto Murtinho em 1892, pela “Companhia Matte
Laranjeira”, tinha como propósito o escoamento do produto que lhe conferiu o seu primeiro ciclo econômico: a
erva-mate. Não obstante, a erva-mate passou a ser transportada para alhures por outros portos afluentes da bacia
do Paraná, prejudicando sobremaneira o esperado desenvolvimento de Porto Murtinho no início do século
passado, conforme está escrito no Album Gráphico de Mato Grosso (1914: 400):
Esta villa [...] , como sabei, porto de exportação de herva matte e por onde a empresa recebia quase todas as
suas mercadorias, tendo n’ella importantes depósitos e outras repartições. Hoje, porém tendo ella estabelecido
portos no rio Paraná [...] por alli fará toda a sua exportação e importação, porque, além de estarem mais próximos
da zona ervateira, são os mesmos servidos por diversas vias fluviais, taes como os rios Iguatemy, Amambahy e
Ivinhema, que atravessam a referida zona e que reduzem consideravelmente os gastos [...]. Este facto prejudicou
sensivelmente o movimento commercial de Porto Murtinho [...].
Assim, o povoamento que no início do Século XX tinha uma população de 12 mil habitantes, atualmente
está na ordem de 16 mil, segundo dados do IBGE (2013), o que dá uma clara noção da letargia econômica do
município no decorrer de um século. No vácuo deixado pelo deslocamento portuário de exportação da erva-mate
vieram outras atividades econômicas, similarmente à dinâmica regional ocorrida em outros municípios do Mato
Grosso do Sul, com raras exceções.
Em Porto Murtinho, paralelamente ao ciclo da erva-mate, já se fazia presente a pecuária favorecida pela
extensa área e grandes fazendas de criação, contando com um “saladeiro”, como eram denominados os
abatedouros de gado, sendo o primeiro abatedouro denominado "Tereré", inaugurado em 1917, e que exportava
charque e sabão da graxa do gado. Na sequência, ocorreram atividades ligadas à extração de madeira e tanino.
Assim como em outros municípios pantaneiros, a partir disso, a gênese econômica da região passou a ser
alicerçada pela pecuária extensiva de corte até os dias atuais, embora existam outras atividades ligadas ao setor
terciário dentre as quais o turismo de pesca.
Neste sentido, sabendo-se que no planejamento territorial e as políticas públicas tem base em dados cuja
escala de detalhes contempla aspectos gerais, este trabalho teve como objetivo ampliar a acuidade de diagnóstico
no âmbito regional e local para o município pantaneiro de Porto Murtinho, procurando contribuir para um
planejamento territorial com dados primários mais detalhados e assim subsidiar a gestão municipal e processos de
integração fronteiriça entre Brasil e Paraguai.
Material e Métodos
Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se a base do Atlas Multirreferencial (1990) e os referenciais
cartográficos do IBGE, ZEE/MS para escolha de pontos a serem amostrados, cuja localização se deu em campo
com o uso de GPS para localização de pontos de destaque, sendo as cartas temáticas rodadas em SPRING
(Sistema de Processamento de Informações Georreferenciada) por pesquisadores colaboradores. Foram
aplicados questionários quali-quantitativos com perguntas fechadas, abertas e semi-estruturadas a variados
segmentos regionais: funcionários públicos, munícipes, produtores e trabalhadores rurais. Os questionários
aplicados e viáveis foram transcritos e agrupados por variáveis categóricas e, juntamente com os dados
secundários e outras informações foram expressos sob a forma gráfica para análise, juntamente com o material
resultante do registro fotográfico.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Resultados e Discussão
O município de Porto Murtinho, pelo que já foi exposto anteriormente, experimentou vários momentos
econômicos sem, no entanto, haver um efeito multiplicador que sustentasse uma dinâmica econômica e
populacional, tomando-se como base o fato de que o Album Graphico de Mato Grosso (1914) menciona uma
população de 12 mil habitantes, ao passo que atualmente esse município conta com aproximadamente 16 mil
(IBGE, 2013). Ou seja, uma constatação muito clara de que a população não avançou mais do que aproximados
25% ao cabo de um século, denunciando, de modo bastante grave, a letargia econômica do município que ao
longo de um século, entre idas e vindas, não conseguindo imprimir um ritmo minimamente satisfatório de atração
e fixação populacional em Porto Murtinho. Outros pontos a destacar sobre a demografia do município de Porto
Murtinho é que, dos aproximados 25% de aumento populacional ao longo de pouco mais de um século, 15%
ocorreu na última década. Relacionando-se sua população e extensão territorial o município apresenta uma baixa
densidade populacional e também não escapou ao processo de urbanização ocorrido no Brasil, com
aproximadamente 65% residindo na área urbana e 35% na zona rural na atualidade. Nesse conjunto populacional
há uma ligeira vantagem da população do sexo masculino que conta com aproximados 53 % frente aos 47% da
população do sexo feminino.
Segundo o IRS (2007), Porto Murtinho foi o único município que apresentou queda geral no quadro dos
Indicadores de Produção de Riqueza, o que é bastante preocupante, pois esse dado demonstra a dinâmica
econômica a partir da quantidade de energia utilizada tanto pelo setor produtivo quanto residencial. O município
teve uma redução na geração de riqueza no período analisado, ficando, inclusive, numa situação destacada, com
uma posição abaixo da média estadual.
É fato que os motrizes da economia murtinhense são, em primeiro lugar, a pecuária, com uma
participação bastante significativa do setor terciário e, em último plano e com pouco destaque, o setor secundário
na composição do PIB municipal. No caso do turismo, há uma ligeira desvantagem de Porto Murtinho na oferta
desses serviços com relação a outros municípios que ofertam esses serviços. Isso, tomando-se em conta a
facilidade de acesso ao destino e a quantidade de equipamentos urbanos em geral e os próprios do setor turístico,
como é o caso de Corumbá que também é um polo de turismo de pesca e dispõe de uma regularidade de
transporte aéreo, bem como maior rede hoteleira e barcos de grande porte para a atividade de turismo de pesca.
Um dado interessante, neste sentido, é que ambos os municípios têm sofrido um solapamento na base econômica
dessa atividade em decorrência do aumento do número de “ranchos de pesca”, como pode ser observado tanto
em Corumbá quanto em Porto Murtinho. Inclusive na APA Cachoeira do Apa onde existem vários ranchos dessa
natureza de uso.
Dentre outros aspectos socioeconômicos a destacar no município, a educação apresenta um quadro com
demanda por cursos superiores presenciais, mas apenas oferta cursos à distância, sendo ainda preocupante o
número de analfabetos que se aproxima da casa dos 18 %, o que, embora não seja um dos piores no Mato
Grosso do Sul, vai repercutir negativamente em outros setores como o de serviços e o de saúde, entre outros.
Entende-se que esse quadro também está associado à precariedade do sistema de saúde e carência de
profissionais da medicina, obrigando os murtinhenses a um deslocamento para outros locais, geralmente a capital,
na busca de solução para problemas de saúde mais complexos, o que nem sempre é possível para boa parte dos
que enfrentam problemas de saúde.
Apesar do quadro socioeconômico do município, os habitantes locais entendem que a pecuária é será o
carro chefe da economia, contribuindo, inclusive, para identidade local. Entretanto, para a maioria dos
entrevistados é preciso buscar indústrias e dar uso adequado ao porto, na perspectiva de outrora onde o porto era
a infraestrutura necessária para o desenvolvimento e razão da existência de Porto Murtinho. Os entrevistados
ainda manifestaram que dentre as atividades que podem “ajudar a criar emprego no município” o turismo tem
grande potencial, inclusive mencionaram atividades turísticas em consolidação, como o moto-turismo e o turismo
de pesca, sem, no entanto diferenciar turismo de excursionismo. Igualmente, não se pode negar que o município
tem buscado alternativas nesse sentido com ênfase ao turismo de eventos. Sobre o turismo de pesca, cabe o
alerta para alguns problemas sociais como a prostituição, a sazonalidade do setor e a falta de uma infraestrutura
de transporte que atenda ao esperado fluxo turístico do município.
Em geral, a população entrevistada também mencionou expectativas quanto ao funcionamento do porto
fluvial para atrair turistas e investimentos, bem como apontou a dificuldade que os residentes têm quanto à
carência de cursos de requalificação de cursos superiores, ainda que exista oferta de educação superior à
distância através de uma parceria entre a Prefeitura e duas universidades.
36
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Conclusões
A pecuária não promoveu uma dinâmica econômica capaz de sustentar o município de Porto Murtinho no
aspecto populacional, inclusive com migração perene e sazonal de população para outros municípios e regiões.
A capacidade produtiva ociosa e o preço relativamente baixo das terras, quando comparada aos valores
praticados nas regiões sul e sudeste do Brasil atraíram produtores de outras regiões e estados para Porto
Murtinho, assim como para outros municípios do MS, compondo um processo que os paraguaios denominam
"ganaderos foraneos" e isso tem sido apontado por locais como um fator que agrava ainda mais a crise no
comércio local.
Segundo o Mapa de Potencialidades econômicas (ZEE, 2009) há uma carência de incentivos fiscais para
o município e uma tendência de manutenção da pecuária nas terras produtivas, onde atualmente existe uma
grande concentração fundiária.
Os habitantes locais reclamam a falta de equipamentos de saúde e educação mais amplos. Também
reclamam a falta de articulações das variadas esferas de gestão para fomentar a oportunidades de emprego e
renda para seus habitantes, apontando o turismo como uma das possibilidades de desenvolvimento mais latentes,
apesar dos problemas sociais, como a prostituição, associados a essa atividade. Outras atividades podem ser
incorporadas como a silvicultura, a piscicultura, bem como outras modalidades de turismo como: aventuras,
científico, pedagógico, contemplativo, etc.
Referências
ALBUM Graphico de Mato Grosso. Hamburgo, 1914.
ESSELIN, P. M. A Pecuária bovina no processo de ocupação e desenvolvimento econômico do Pantanal
sul-mato-grossense: 1830 – 1910. Dourados, MS: Editora UFGD, 2011.
IBGE
Instituto
Brasileiro
de
Geografia
e
Estatística.
Disponível
em:
<http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=500690&search=mato-grosso-do-sul|porto-murtinho>.
Acesso em: 09 out. 2013.
ZEE MS. Disponível em: <http://www.semac.ms.gov.br/zeems>. Acesso em: 09 ago. 2012.
MATO GROSSO DO SUL. Índice de Responsabilidade Social de Mato Grosso do Sul. Campo Grande-MS:
SEMAC, 2007. 242 p.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Assembleias de macrófitas aquáticas em diferentes áreas no rio Paraguai
1
1
Camila Silveira de Souza1, Muryel Furtado de Barros , Tiago Green de Freitas , Vali Joana Pott2, Arnildo
2
2
2
Pott , Geraldo Alves Damasceno-Junior , Edna Scremin-Dias
Resumo: Pulsos de inundação e a variedade de habitats estão intimamente ligados com a diversidade da
vegetação de macrófitas aquáticas e suas variedades de formas de vida, em áreas alagáveis. Elas colonizam os
mais diversos ambientes aquáticos, proporcionando assim a maior estabilidade da zona litoral, proteção de
bancos e retenção de nutrientes e poluentes. O objetivo deste trabalho foi analisar a composição de macrófitas em
diferentes áreas da planície do rio Paraguai no estado de Mato Grosso do Sul. As coletas ocorreram em seis
pontos amostrais, em populações distribuídas em áreas com distintas características abióticas a partir do distrito
de Forte Coimbra até a cidade de Porto Murtinho. Foram amostradas todas as espécies presentes em parcelas de
0,5 x 0,5, lançadas ao longo de transectos traçados da borda em direção ao centro das populações. Foram
amostradas 62 espécies de macrófitas aquáticas distribuídas em 51 gêneros e 26 famílias, tendo Poaceae (9
spp.), Fabaceae (8 spp.) e Malvaceae (5 spp.) como as famílias mais representativas, totalizando 35,4% de todas
as espécies amostradas. Plantas emergentes foram as mais comuns (53,2%), seguido de plantas flutuantes livres
(19,3%), flutuantes fixas (16,1%), epífitas/emergentes (4,8%) e submersas e epífitas com 3,2% cada. As espécies
encontradas neste estudo podem compor formações quase que monodominantes nos pontos amostrados, e isso
pode estar refletindo as condições abióticas propicias para seu estabelecimento, ou ainda estar relacionada a
forma de reprodução das espécies.
Palavras–chave: Cobertura, emergentes, Polygonum, transecto, valor de importância
Composition of aquatic macrophytes in different areas in the Miranda River, Pantanal Nabileque
Abstract: Flood pulses and the variety of habitats are closely linked with the diversity of macrophyte vegetation
and its variety of life forms in wetlands. They colonize the most diverse aquatic environments, thus providing
greater stability of the coastal zone, protecting banks and retention of nutrients and pollutants. The aim of this study
was to analyze the composition of macrophytes in different areas of the plain of the Paraguay River in the state of
Mato Grosso do Sul. The samples were collected at six sites in populations distributed in areas with abiotic
characteristics distinct from the district of Fort Coimbra to Porto Murtinho. We sampled all species present in plots
of 0.5 x 0.5, released along transects plotted from the edge toward the center of the population. We sampled 62
species of aquatic macrophytes distributed in 51 genera and 26 families, with Poaceae (9 spp.), Fabaceae (8 spp.)
and Malvaceae (5 spp.) as the most representative families, totaling 35.4% of all species. Emergent plants were
the most common (53.2%), followed by free floating plants (19.3%), floating fixed (16.1%), epiphytes / emerging
(4.8%) and submerged and epiphytic 3 2% each. The species found in this study can compose almost
monospecific formations in the sampled points, and this may reflect the abiotic conditions favorable for their
establishment, or be related to form of reproduction of the species.
Keywords: Coverage, emerging, Polygonum, transect, importance value
Introdução
A inundação sazonal é o fenômeno ecológico mais importante do Pantanal, sendo que nesse processo as
cheias dominam cerca de 80% das áreas de planície do Pantanal. Durante a estiagem, a água retorna para o
leito dos rios ou evapora, caracterizando os pulsos de inundação que, somados a variedade de habitats estão
intimamente ligados com a diversidade da vegetação de macrófitas aquáticas e suas variedades de formas
de vida. Os principais ambientes lóticos de ocorrência de vegetação aquática são as margens dos rios, os
meandros e anabranchs, e os principais sistemas lênticos são lagos, lagoas e campos inundáveis do Pantanal
Diferenças nesses ambientes lóticos/lênticos determinam os recursos para a dinâmica e estrutura das
comunidades de macrófitas aquáticas, sendo que durante a inundação, os sistemas aquáticos expandem suas
áreas, conectando os corpos d’água com o rio (ADÁMOLI, 1982; JUNK et al., 1989).
1
Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549,
79090-900, Campo Grande, MS [email protected]; [email protected]; [email protected]
2
Professores do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549,
79090-900, Campo Grande-MS, [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]
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As macrófitas colonizam os mais diversos ambientes aquáticos, proporcionando assim uma maior
estabilidade da zona litoral, proteção de bancos e retenção de nutrientes e poluentes. A distribuição de espécies
ao longo de vários gradientes abióticos inter-relacionados é difícil para abordagens fitossociológicas e para a
determinação de subunidades em comunidades de macrófitas, e por este motivo, pouco se sabe sobre a dinâmica
e estrutura da comunidade de macrófitas aquáticas em relação ao trabalho fitossociológico realizado em
ecossistemas terrestres (HUTCHINSON, 1975). Este trabalho teve como objetivo analisar a composição de
macrófitas em diferentes áreas da planície do rio Paraguai no estado de Mato Grosso do Sul e analisar se as
assembléias deste grupo de plantas variavam em pontos amostrais com distintas características abióticas.
Material e Métodos
O levantamento foi realizado durante o período de cheia, em áreas sob influência do Rio Paraguai em Mato
Grosso do Sul, iniciando no distrito de Forte Coimbra percorrendo todo o trajeto até a cidade de Porto Murtinho.
Foram amostradas seis áreas distintas ao longo de 400 km, abrangendo desde baceiro à margem do Rio Paraguai
no Distrito de Forte Coimbra, com profundidade maior do que 7 metros e muitos indivíduos do gênero Polygonum,
área dois caracterizada por estar em curva acentuada do rio, em meandro na divisa entre Brasil, Paraguai e
Bolívia com profundidade entre 2,5 – 3,5 metros, com águas em média a pouca velocidade e muitos indivíduos
de Aspilia latissima e Eichhornia crassipes. Outras quatro áreas foram avaliadas, área três sendo ramificação do
rio (Anabranch), com profundidade entre 2,0 – 3,5 metros, com grande quantidade de indivíduos de Aspilia
latíssima, localizado também próximo à fronteira Brasil/Paraguai/Bolívia, área quatro caracterizada por ser um
paleodique na foz do rio Nabileque com profundidade variando de 2-4 metros e muitos indivíduos de Polygonum
acuminatum e água com pouca velocidade, a área cinco localizada no Forte Olimpo, na região de Chaco, constitui
campo inundável com profundidade e torno de 3 metros, água parada, forte odor de matéria orgânica em
decomposição e predominância de espécies invasoras como Senna aculeata e Neptunia plena. A sexta área de
amostragem localizada no feixo dos morros, região de Porto Murtinho, é formada de campo inundável com
profundidade em torno de 3 metros, águas também paradas e predominância de indivíduos de Polygonum
ferrugineum e Utricularia foliosa (Tabela 1).
Tabela 1. Seis áreas amostradas com as marcações de GPS número de linhas e parcelas.
Áreas
Área 1
Pontos
Linhas
Parcelas
W 57º59’01,4”
W 58º02’51,9”
2
40
Área 2
S 19º56’46,2”
S 20º05’38,0”
2
40
Área 3
S 20º05’33,1”
W 58º02’20,9”
2
40
Área 4
S 20º56’12,05”
W 57º49’59,5”
4
80
Área 5
S 21º03’49,8”
W 57º50’45,1”
5
1400
Área 6
S 21º26’43,0”
W 57º54’29,8”
6
120
21
420
TOTAL
-
Os dados foram coletados ao longo de transectos, traçados a partir da borda até o interior das comunidades
de macrófitas, utilizando barco a motor, sendo estimada a porcentagem de cobertura para cada espécie de planta
vascular em cada parcela (50 x 50 cm), de acordo com Brower e Zar (1984), a qual é calculada pela projeção
perpendicular em relação à água que permite estimar o percentual da parcela coberta para cada uma das
espécies de macrófitas analisadas individualmente.
Os dados fitossossiológicos calculados foram frequência relativa (RF, em%) e cobertura relativa (RC, em%)
de cada espécie, chegando valor de importância (IV) que foi considerado como a soma de RF e RC por espécie
(DAMASCENO-JUNIOR e POTT, 2011).
As espécies foram identificadas em campo com auxílio dos especialistas ou por bibliografia especializada.
As formas de vida de cada uma das espécies também foram classificadas em campo, ocorrendo: emergente,
flutuante livre, flutuante fixa, submersa fixa, submersa livre e epífita. Indivíduos férteis foram coletados,
processados e incorporados no Herbário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CGMS).
39
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Resultados e Discussão
Foram amostrados no total 62 espécies de macrófitas aquáticas distribuídas em 51 gêneros e 26 famílias.
Bryophita foi representada por uma espécie (Ricciocarpos natans), Monilophyta com quatro famílias e cinco
espécies e Angiospermae com 56 espécies dentro de 21 famílias.
As famílias mais representativas foram Poaceae (9 spp.), Fabaceae (8 spp.) e Malvaceae (5 spp.),
representando 35,4% de todas as espécies amostradas. Panicum foi o único gênero que apresentou três
espécies, já Eichhornia, Ludwigia, Melochia, Mimosa, Neptunia, Paspalum, Polygonum, Salvinia e Utricularia foram
representados por duas espécies cada. Plantas emergentes foram as mais comuns (53,2%), seguido de plantas
flutuantes livres (19,3%), flutuantes fixas (16,1%), epífitas/emergentes (4,8%) e submersas e epífitas com 3,2%
cada (Tabela 2).
Tabela 2. Formas de vida (%) de macrófitas amostradas em seis áreas distinta no rio Paraguai, Mato grosso
do Sul.
Forma de vida
A1
A2
A3
A4
A5
A6
Emergente
13
12
15
15
23
22
Flutuante livre
16
16
17
19
16
17
Flutuante fixa
18
14
18
11
21
18
Epífita/Emergente
30
20
20
20
10
0
Epífita
0
0
50
15
25
0
Submersa livre
0
0
0
0
33
67
As espécies de macrófitas encontradas neste estudo já haviam sido registradas em outros trabalhos no
Pantanal, sendo o número de espécies também semelhante ao encontrado em estudos similares (e.g. CATIAN
et al., 2012). Com o aumento do nível de água, muitas zonas úmidas adjacentes ao rio ficam inundadas, podendo
recrutar bancos de sementes e propágulos vegetativos, favorecendo assim o desenvolvimento de espécies
adicionais, o que pode explicar a variedade de espécies encontradas no presente trabalho, já que este se deu no
período de cheia. A cheia também proporciona diferentes áreas para o estabelecimento de macrófitas aquáticas, o
que também explica as diferentes áreas amostradas e a riqueza de famílias e espécies (Adámoli, 1982; Junk, et
al. 1989).
Em relação ao valor e importância das espécies, na área 1, P. ferrugineum, P. rotundifolia e P. acuminatum
apresentaram os maiores valores de importância, na área 2, E. crassipes, S. minima e A. latissima; na área 3,
A. latissima, P. fluitans e L. aequinoctiales; área 4, P. acuminatum, S. minima e M. micrantha; Área 5, S. minima,
P. wrightii, A. caroliniana; Área 6, P. ferrugineum, U. foliosa e O. latifolia (Figura 1). Neste estudo,
pudemos caracterizar formações quase que monodominantes de espécies, nas diferentes áreas amostradas (e.g.
baceiros, campos inundáveis) e isso pode refletir o fato dessas áreas serem propicias para o estabelecimento em
áreas com características bióticas peculiares, e também indicar as formas de reprodução e propagação das
espécies de macrófitas avaliadas.
40
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Figura 1. Valores de importância (IV) das dez espécies de macrófitas aquáticas mais representativas em seis
distintas populações, amostradas ao longo do rio Paraguai.
Conclusões
Os resultados deste trabalho podem esclarecer um pouco mais sobre a estrutura da comunidade de
macrófitas aquáticas em relação ao trabalho fitossociológico destas espécies no Pantanal, sendo possível
estabelecer algumas espécies que se mostraram importantes na comunidade de macrófitas aquáticas estudada
como P. ferrugineum, P. rotundifolia, P. acuminatum, E. crassipes, S. minima, A. latissima, S. minima e A.
caroliniana.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Agradecimentos
A Suzana Neves Moreira, Rosa Helena da Silva, Gisele Catian, Fernando Alves Ferreira e aos
tripulantes do Kassatomaru.
Referências
ADÁMOLI, J. O Pantanal e suas relações fitogeográficas com os cerrados: discussão sobre o conceito “Complexo
do Pantanal”. In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 32, 1981, Teresina. Anais. Teresina: Sociedade
Botânica do Brasil, 1982. p. 109-119.
BROWER, J. E.; ZAR, J. H. Field and laboratory methods for general ecology. 1984.
CATIAN, G. G.; LEME, F. M.; FRANCENER, A.; CARVALHO, F. S.; GALLETTI, V. S.; POTT, A.; POTT, V. J.;
SCREMIN-DIAS, E.; DAMASCENO-JUNIOR, G. A. Macrophyte structure in lotic-lentic habitats from brazilian
Pantanal. Separata de: Oecologia Australis, v.16, n.4, p. 782-796, 2012.
DAMASCENO-JUNIOR, G. A.; POTT, A. Métodos de amostragem em estudos fitossociológicos sugeridos para o
Pantanal. In: J.M. FELFITI, P.V. EISENLOHR, M.M.R.F. MELO, L.A. ANDRADE, & J.A.A. MEIRA-NETO (orgs.).
Fitossociologia no Brasil: métodos e estudos de caso. Viçosa, MG: Editora UFV, 2011. vol. 1. p. 295-323.
HUTCHINSON, G.E. A treatise on limnology: limnological botany. v. 3.John Wiley and Sons, New York, NY.
660p. 1975
JUNK, W.J.; BAYLEY, P.B. & SPARKS, R.B. The flood pulse concept in river-floodplain systems.Canadian Species
Published Fishies. Aquatic Science, v.106, p.110-127, 1989.
42
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Associação de estilosantes Cv. Campo Grande em pastagem de braquiárias, Pantanal da
Nhecolândia, Corumbá, MS
1
1
Sandra Mara Araújo Crispim , Sandra Aparecida Santos José Anibal Comastri Filho³, Oslain Domingos
4
Branco
A consorciação de leguminosas com gramíneas é sempre um gargalo na produção animal, devido à baixa
persistência da leguminosa sob pastejo. A inclusão de leguminosas é um fator importante no incremento do nível
adequado de proteína na dieta animal, como também pelo aporte de nitrogênio ao sistema. O estilosantes cv.
Campo Grande (SCG) foi desenvolvido pela Embrapa Gado de Corte a partir da mistura de duas espécies de
leguminosas, o Stilosanthes capitata e S. macrocephala. Este estudo objetivou avaliar a persistência da SCG em
consorciação com braquiárias no Pantanal arenoso, sub-região da Nhecolândia, MS. O estudo foi efetuado em
área de campo sujo em uma invernada da fazenda Nhumirim. Em 2007 foram semeadas sementes de Urochloa
humidicola, U. decumbens e SCG, na proporção de 30%, 50% e 20%, respectivamente. A persistência da
leguminosa foi avaliada no período de abr/08 a jun/10, por meio de transecto fixo medindo 50 m x 1 m. Em cada
avaliação foram observadas o percentual da cobertura total e frequencia de todas as espécies de plantas
presentes. Na última amostragem foram coletadas amostras de estilosantes para análises químicas. Um total de
11 avaliações foi realizado nos meses de fevereiro, abril, junho, setembro e novembro A cobertura de plantas
variou de um mínimo 54% e máximo de 79%, em nov/08 (início da época das chuvas) e abr/09 (final das chuvas),
respectivamente. Conforme esperado, o estilosantes decresceu ao longo do tempo, não esteve presente na
amostragem de abril/10, com frequencia máxima de 43%, na primeira amostragem, em maio/08. Observou-se
visualmente que os animais faziam um consumo maior da leguminosa durante os períodos mais secos do ano. O
maior percentual observado para U. humidicola foi de 35% em novembro/08 e o menor de 5%, em novembro/09.
Para U. decumbens o maior percentual foi de 15 em jun/08 e o menor de 2, em nov/08. As demais espécies de
plantas encontradas na composição florística foram Waltheria albicans, Croton glandulosus e Annona dioica. Os
valores médios da análise química de estilosantes indicaram teor de proteína de 12,8% e de macronutrientes,
cálcio (0,4%); fósforo (0,18%), potássio (0,8%) e sódio (0,03). Proteína e cálcio atendem os requerimentos das
vacas de cria. Estudos adicionais necessitam ser executados para avaliar os benefícios da associação do
estilosantes com pastagens cultivadas no desempenho animal e na reciclagem de nutrientes, assim como definir a
pressão de pastejo mais adequada.
1
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Pesquisador Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Técnico Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
43
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Avaliação da exatidão de mapa de vegetação utilizando o índice Kappa
1
2
3
4
Balbina Maria Araujo Soriano , Omar Daniel , Éder Comunello , Sandra Aparecida Santos , Geula Graciela
5
Gomes Gonçalves
O bioma Pantanal é uma extensa planície de áreas úmidas contínuas da América do Sul com área de 138.183
2
km . Considerando-se os aspectos relacionados à inundação, relevo, solo e vegetação, o Pantanal foi subdividido
em onze sub-regiões entre elas a sub-região da Nhecolândia. Estas sub-regiões possuem uma grande
variabilidade de unidades de paisagem, diretamente associadas às diferentes condições ambientais a que estão
sujeitas. Diante dessa complexidade de ambientes, o uso de imagens orbitais tem possibilitado a realização de
diversos mapeamentos regionais de vegetação, mas são raros os trabalhos que avaliem a acurácia desses dados.
Este trabalho teve como objetivo avaliar a exatidão e precisão do mapa de vegetação da sub-região da
Nhecolândia utilizando o índice Kappa. O mapeamento foi realizado por meio do processamento digital das
imagens de satélite TM/Landsat-5, referentes ao período de estiagem de 1999. Após as etapas de préprocessamento, as imagens foram submetidas à técnica de classificação não supervisionada. O mapeamento da
vegetação, resultante da classificação, foi organizado em 10 classes em função do grau de inundação e classe de
vegetação (florestas, savanas e campos não inundáveis, florestas, savanas e campos sazonalmente inundáveis,
florestas, savanas e campos /úmidos e corpos d’água). O mapeamento foi validado por meio de unidades de
amostra in loco. Devido à grande dimensão da sub-região e às dificuldades de acesso, foi estabelecido um buffer
de 30 km (11% da área total) com centro na Fazenda Nhumirim, onde foram coletados 99 pontos de referência,
utilizados para calcular a acurácia da classificação por meio da matriz de confusão e índices gerados. Os valores
da exatidão global e o Índice Kappa foram de 72,73% e 0,66, resultando num mapa temático classificado como
sendo de boa qualidade.
1
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Prof. Titular da Faculdade de Ciências Agrárias/UFGD, Caixa Postal 533, 79804-970, Dourados, MS, ([email protected])
Pesquisador Embrapa Agropecuária Oeste, Caixa Postal 449, 79804-970, Dourados, MS ([email protected])
4
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Prof.ª da Prefeitura Municipal de Amambai, Caixa Postal 533, 79990-000, Amambai, MS ([email protected] )
2
3
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Avaliação de ganho de peso e peso a desmama em bezerros pantaneiros e pantaneiro X
nelore, criados a pasto
1
2
3
4
Thomas Malby Horton , Heitor Romero Marques Júnior , Monise Cedran , Raquel Soares Juliano , Sandra
5
6
Aparecida Santos , Eriklis Nogueira
Resumo: O bovino Pantaneiro é uma raça local brasileira que possui entre outras características, grande
adaptabilidade às condições ambientais extremas aos quais são submetidos esses animais, no seu habitat
natural, o Pantanal. Devido ao sério risco de extinção, a Embrapa Pantanal e parceiros têm dedicado suas
pesquisas a conservação e uso desse patrimônio genético, divulgando suas potencialidades como forma de
estimular a criação dessa raça em diferentes sistemas produtivos. Com o objetivo de avaliar o ganho de peso
diário (GPD) e peso a desmama (PD) de animais da raça Pantaneiro e mestiços Pantaneiro X Nelore, foram
coletados pesos de machos e fêmeas ao nascimento e próximo a idade de desmama. Não houve diferença de
GPD entre os grupamentos raciais para ambos os sexos. A média de GPD de bezerras Pantaneiras e mestiças foi
0,575 kg/dia e 0,654 kg/dia, respectivamente. Para bezerros Pantaneiros e mestiços, os valores encontrados
foram 0,643 kg/dia e 0,692 kg/dia, respectivamente. Não houve diferença de médias comparadas para o peso a
desmama entre os grupamentos raciais para ambos os sexos. A média de PD, ajustado para 205 dias, de
bezerras Pantaneiras e mestiças foi 148,3 kg e 161,6 kg, respectivamente. Para bezerros Pantaneiros e mestiços,
os valores encontrados foram 161,7 kg e 172,3 kg, respectivamente. Os resultados encontrados foram
semelhantes aos descritos na literatura para raça Nelore, principal raça bovina criada em sistema extensivo a
pasto, em áreas de Cerrado. Sendo assim, considera-se que a inclusão de bovinos Pantaneiros pode ser uma
alternativa viável do uso desse patrimônio genético em sistemas produtivos de cria.
Palavras–chave: Desempenho, raças bovinas locais, Recurso genético animal.
Evaluation of weight gain and weaning weight in Pantaneiro and Pantaneiro X Nellore raised on pasture.
Abstract: Pantaneiro cattle is a Brazilian local breed that has great adaptability to extreme environmental
conditions to which they are subjected in their natural habitat, Pantanal. Due to the serious risk of extinction,
Embrapa Pantanal and partners have dedicated their research to conservation and use of this genetic resource,
disclosing its potential as a way to stimulate the creation of this breed in different production systems. In order to
evaluate assess daily weight gain (DWG) and weaning weight (WW) of Pantaneiro animals and crossbreed
Pantaneiro X Nellore, weights of males and females were collected at birth and weaning age. There was no
difference in average weight gain (GPM), between racial groups for both sex. The average GP of Pantaneiro and
crossbreed female calves were 0.575 kg/day and 0.654 kg/day, respectively. To Pantaneiro and crossbreed males,
the values found were 0.643 kg/day and 0.692 kg/day, respectively. There was no difference in average compared
to the weight WW among racial groups for both sex. The average PD, adjusted to 205 days, of Pantaneiro and
crossbred female calves were 148.3 kg and 161.6 kg, respectively. To Pantaneiro and crossbreed males, the
values were 161.7 kg and 172.3 kg, respectively. The results found were similar to those described in the literature
for Nelore cattle breed that is the main racial group created in extensive system in areas of Cerrado. Therefore, we
can conclude that the inclusion of Pantaneiro cattle can be a viable alternative to the use of this genetic resource in
cow/calf production systems.
Keywords: Performance, local breeds, animal genetic resource.
1
Produtor Rural, Associação Brasileira de Criadores de Bovino Pantaneiro, Rua Joaquim Murtinho, 281, 79002-100, Campo Grande, MS
([email protected])
Professor do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Católica Dom Bosco, Av. Tamandaré, 6000, 79117-900, Campo Grande, MS
([email protected])
3
Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Católica Dom Bosco, Av. Tamandaré, 6000, 79117-900, Campo Grande, MS
4
Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
6
Pesquisador, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
45
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Introdução
Originalmente, as raças das quais descendem o bovino Pantaneiro, vieram da Península Ibérica e foram
trazidas para região do Pantanal pelos espanhóis, na primeira metade do século XVI, durante o processo de
colonização e exploração das províncias andinas. As expedições espanholas eram saqueadas pelos indígenas,
durante sua passagem pela planície pantaneira e os animais que se desgarravam passavam a ser criados
livremente em decorrência da abundância das pastagens nativas. A atividade pecuária no Pantanal brasileiro teve
início a partir do século XVIII com o povoamento e a colonização dessa extensa área e nessa época houve uma
segunda introdução de bovinos, chamados de Curraleiro, descendentes principalmente de raças portuguesas,
vindos da “província de Goyaz”, uma provincia do Reino do Brasil criada em 1821 (MAZZA et al, 1994).
Esses animais passaram por um processo de adaptação e seleção natural às duras condições de
sobrevivência do Pantanal. Foram a base da economia pecuária local até meados do século XX, porém, com a
introdução das raças zebuínas na região, sofreram um processo de miscigenação e substituição, até chegarem ao
ponto de risco de extinção (MAZZA et al., 1994)
Diante da necessidade de recuperação e conservação da diversidade dos recursos genéticos animais para
a produção de alimentos, a Embrapa Pantanal, em colaboração com seus parceiros, iniciou suas pesquisas a
partir de 1986, com a implantação de um núcleo de criação e conservação de bovinos Pantaneiros. A necessidade
de ampliação dessa população e da adoção da raça por parte dos produtores, para a formação de novos núcleos
de criação, fez com que os pesquisadores priorizassem estratégias que estimulassem o uso desse recurso
genético em sistemas produtivos locais. Com isso, a partir do século XXI novos núcleos foram formados e
atualmente os pesquisadores acompanham e orientam o manejo de mais três rebanhos, além do núcleo original
da Embrapa Pantanal (MARQUES JUNIOR et al., 2012).
Cientes de que a população dessa raça é muito reduzida e que o efetivo não seria suficiente para produção
de animais em escala de abate, mesmo com vistas a abastecer um mercado restrito regional, optou-se pela
estratégia de inserir o seu uso em cruzamentos com raças comerciais de origem zebuínas. Sendo assim, deu-se
início atividades de pesquisa para avaliar o potencial produtivo de animais cruzados, em condições que atendam a
realidade dos sistemas produtivos aplicados ao Pantanal e Cerrado brasileiro. Espera-se com isso que outros
produtores se interessem pela criação desses animais e procurem diferentes formas de viabilizar economicamente
a exploração dessa raça.
Esse trabalho tem como objetivo avaliar o ganho de peso diário (GPD) e peso a desmama (PD) de animais
Pantaneiros e mestiços Pantaneiros X Nelore, criados em sistema extensivo a pasto, em região de Cerrado.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado na fazenda Santo Augusto, localizada na região de.Rochedo, Mato Grosso do Sul,
que apresenta vegetação e fatores edafoclimáticos típicos da região de Cerrado.
Foram avaliados dois grupos raciais, machos e femeas, Pantaneiros (n=17) e mestiços Pantaneiro X Nelore
(n=40), criados em sistema contínuo de pastejo, em pasto de Urochloa Brizantha, numa taxa de lotação de 1
UA/ha. Foram realizadas pesagens de todos os animais ao nascimento e no momento da desmama após jejum de
12 horas (Tabela 1). O cálculo de GPD foi feito para o período desde o nascimento até o desmame aos sete
meses de idade. O peso a desmama foi ajustado para 205 dias. As análises foram realizadas utilizando-se os
procedimentos GLM do SAS (1990) com media ajustada e modelo inteiramente casualizado.
Tabela 1. Número de animais por grupo amostral, estratificados por raça e sexo.
Grupo racial
Macho
Fêmea
Total
Pantaneiro
4
13
17
Pantaneiro X Nelore
20
20
40
Total
24
33
57
46
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26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Resultados e Discussão
As médias de GPD constam na Tabela 2. Não houve diferença estatística (p>0,05) entre os grupamentos
raciais para ambos os sexos.
Euclides Filho et al. (1998) avaliaram bezerros provenientes de cruzamentos das raças, Nelore, Fleckvieh,
Chianina e Charolês. Os autores obtiveram médias de GPD variando entre 0,630 e 0,680 kg, corroborando com os
resultados encontrados no presente trabalho.
Tabela 2. Médias de ganho de peso diário (kg/dia) estratificados por raça e sexo.
Grupo racial
Macho
Fêmea
Pantaneiro
0,643
0,575
Pantaneiro X Nelore
0,692
0,654
A média de PD, ajustado para 205 dias está descrita na Tabela 3. Não houve diferença estatística (p>0,05)
entre os grupamentos raciais para ambos os sexos.
Tabela 3. Médias de peso a desmama (kg), estratificados por raça e sexo.
Grupo racial
Macho
Fêmea
Pantaneiro
161,7
148,3
Pantaneiro X Nelore
172,7
161,6
Os resultados foram semelhantes aos descritos por Toral et al. (2004) que avaliaram dados de peso de
mais de 20.000 animais Nelore, criados a pasto no estado de Mato Grosso do Sul e obtiveram média de peso a
desmama de 148,00 kg para fêmeas e 161,00 kg para machos aos 205 dias de idade. Os resultados foram
superiores quando comparados aos resultados de peso a desmama de diferentes cruzamentos obtidos por
MacManus et al. (2002) que obteviveram uma média de 133,74 ± 22,82 kg, com as maiores médias aproximandose dos 145,50 kg, para bezerros mestiços com as raças Canchim, Holandês e Pardo Suíço.
As variáveis avaliadas refletem o desempenho dos bezerros no período pré-desmama, embora seja
bastante conhecida a interferência de fatores maternos, de manejo e ambientais nessa primeira etapa de
desenvolvimento. Analisando sob esse mesmo prisma, o GPD e o PD podem ser importantes na avaliação do
desempenho das mães, bem como a resposta desses animais frente a adversidades impostas pelo ambiente
(MALHADO et al., 2004).
Nesse contexto, é possível afirmar que tanto animais Pantaneiros, quanto mestiços Pantaneiro x Nelore
apresentaram desempenho satisfatório para as condições presentes em um sistema produtivo de pecuária
extensiva de corte, em região de Cerrado, demonstrando que a raça Pantaneira, pode ser uma opção viável em
programas de cruzamento, mesmo não tendo passado por um processo de seleção para melhoramento genético.
Conclusões
Os grupamentos raciais avaliados apresentaram desempenhos semelhantes para características de GPD e
PD, quando comparados entre si, para ambos os sexos.
O desempenho encontrado para ambos os grupamentos avaliados é semelhante ao descrito na literatura,
para diferentes grupamentos raciais sob condições próximas às reproduzidas no presente trabalho.
Os resultados encontrados reforçam a necessidade de continuar investigando o desempenho da raça em
diferentes cenários da cadeia produtiva da carne, como estratégia de fornecer subsídios que estimulem a
conservação e o uso racional desse recurso genético.
O número reduzido de indivíduos da raça Pantaneira é limitante à realização de pesquisas zootécnicas,
entretanto com o aumento dessas populações e envolvimento de produtores e pesquisadores, esse desafio pode
ser superado.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Referências
EUCLIDES FILHO, K.; FIGUEIREDO, G.R.; SILVA, L.O.C.; ALVES, R. G. O. Idade aos 165 kg de peso vivo para
progênies de Nelore, Fleckvieh, Chianina, Charolês, f1’s e retrocruzas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.27,
n.5, p.899-905, 1998
MALHADO, C. H. M.; LÔBO, R. N. B.; MARTINS FILHO, R.; FACÓ, O.; AZEVEDO, D. M. M. R. Efeito da
incorporação da covariância entre os efeitos direto e materno sobre a análise para a característica dias para
ganhar 160 Kg. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 41, p. 14-19, 2004
MARQUES JUNIOR, H. R.; JULIANO, R. S.; ABDO, Y. Bovino pantaneiro: retrospectiva histórica e fomento à raça.
Experiência da parceria entre Embrapa Pantanal, Agropecuária Preservação da Fauna e Universidade Católica
Dom Bosco. Multitemas, v. 2, p. 71-86, 2012.
MAZZA, M. C. M.; MAZZA, C. A. S.; SERENO, J. R. B.; SANTOS, S. A.; PELLEGRIN, A. O. Etnobiologia e
conservação do bovino Pantaneiro. Corumbá: EMBRAPA- CPAP; Brasília: EMBRAPA- SPI, 1994. 61p.
McMANUS, C. M.; SAUERESSIG, M. G.; FALÇÃO, R.; SERRANO, G.; MARCELINO, K. R. A.; PALUDO, C. R.
Componentes reprodutivos e produtivos no rebanho mestiço de corte da Embrapa Cerrados. Revista Brasileira
de Zootecnia, v.31, n.2, p.648-657, 2002.
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Avaliação de teste alternativo para determinar a viabilidade de sementes de adubos
verdes e milho1
2
3
4
Edmar Sebastião de Arruda , Willian Pereira de Oliveira , Cristiano Almeida da Conceição , Mayara
5
6
7
8
Santana Zanella , Tayrine Pinho de Lima Fonseca , Rosaina Cuiabano Reis, Aurélio Vinicius Borsato ,
9
Alberto Feiden
Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência de um teste alternativo para determinar a viabilidade de
sementes de Crotalaria juncea, C. ochroleuca, C. espectabilis e milho (Zea mays) variedade BR 274, utilizadas
como adubos verdes. Os Tratamentos (T) foram: T1- teste de germinação padrão em germinador de câmara e T2–
teste de germinação em prateleira. Em ambos os tratamentos, para cada espécie foram tomadas ao acaso quatro
repetições de 50 sementes. No T1, foi utilizado papel germinação Germilab esterilizado em estufa de secagem
normal e ventilação fechada. As folhas de papel com as sementes foram enroladas, colocadas em bandejas de
plástico e levadas ao germinador equipado com quatro lâmpadas fluorescentes de 2000 lux, programado para
fotoperíodo de 12 horas e temperatura de 25°C. No T 2, foram utilizadas folhas de papel toalha de uso doméstico.
As folhas de papel com as sementes foram colocadas em sacos plásticos transparentes finos de supermercado e
levados para um armário, permanecendo à temperatura ambiente. Os resultados mostraram que para todas as
espécies, não foram observadas diferenças estatísticas significativas para as médias de porcentagem de
germinação entre os tratamentos. Quanto ao Índice de velocidade de germinação, todas as espécies
apresentaram maiores valores no T2, havendo diferença significativa entre os tratamentos apenas para o milho.
Os valores próximos e não diferentes estatisticamente dos resultados obtidos nos tratamentos permitiram concluir
que o teste alternativo é eficaz para determinar a viabilidade das sementes das espécies testadas.
Palavras–chave: germinação, germinador de câmara, tecnologia adaptada.
1
Evaluation of alternative test to determine the viability of seeds of maize and green manures
Abstract: The aim of this study was to evaluate the efficiency of an alternative test to determine the viability of
seeds of Crotalaria juncea, C. ochroleuca, C. spectabilis and corn (Zea mays) variety BR 274, used as green
manure Treatments (T) were: T1 - standard germination test in an incubator chamber and T2 - germination test on
shelf. In both treatments, for each species were randomly taken from four replicates of 50 seeds of T1 was used
Germilab sterile germination paper in standard oven drying and ventilation closed. The sheets of paper with seeds
were rolled up, placed in plastic trays and taken to the germinator equipped with four fluorescent lamps, 2000 lux,
with photoperiod of 12 hours and temperature of 25 °C. In T2, we used paper towels of use domestic. Th e sheets
of the seeds were placed in transparent plastic bags fine grocery and taken to a closet, remaining at room
temperature. The results showed that for all species, there were statistically significant differences in the average
percentage of germination between treatments. The speed of germination, all species had higher values in T2,
significant difference between treatments only for corn. Values close and not statistically different from the results
obtained in treatments allowed us to conclude that the alternative test is effective to determine the viability of the
seed species tested.
Keywords: germination, chamber germinator, adapted technology.
1
Atividade vinculada ao Macroprograma 6
Acadêmico de Ciências Biológicas da UFMS-CPAN e bolsista IEX/CNPq da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900,
Corumbá, MS ([email protected])
3
Acadêmico de Ciências Biológicas da UFMS-CPAN e bolsista IEX/CNPq da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected]).
4
Acadêmico de Geografia da UFMS-CPAN e bolsista IEX/CNPq da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected]).
5
Acadêmica de Ciências Biológicas da UFMS-CPAN e bolsista PIBIC/CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
6
Acadêmica de Geografia da UFMS-CPAN e bolsista do MP2 da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
7
Acadêmica de Geografia da UFMS-CPAN e bolsista PIBIC/CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
8
Engenheiro Agrônomo e Pesquisador, da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
9
Engenheiro Agrônomo e Pesquisador, da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
49
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Introdução
A germinação é um fenômeno considerado como a retomada do processo de desenvolvimento do embrião
iniciando-se com a absorção de água pela semente e terminando com a protrusão do embrião através do
tegumento (BEWLEY e BLACK, 1994).
Avaliar e conhecer a viabilidade de lotes de sementes utilizadas em seus sistemas de produção é muito
importante para os agricultores, principalmente quando as sementes encontram-se armazenadas por mais de um
ano, pois permite corrigir a semeadura a campo (BANCOS..., 2007). Para isso, o teste de germinação padrão,
realizado sob condições de temperatura, luz e substratos ideais é o mais utilizado (PASSOS et al. 2008). Porém,
para o pequeno agricultor, este teste padrão é difícil de ser realizado, devido às inúmeras dificuldades decorrentes
do baixo poder aquisitivo. Assim, torna-se necessário testar métodos alternativos de baixo custo, acessíveis a
pequenos agricultores e extensionistas.
O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência de um teste alternativo em prateleira descrito em Bancos...,
(2007) para determinação da viabilidade de sementes de Crotalaria juncea, C. ochroleuca, C. espectabilis e milho
(Zea mays) variedade BR 274, utilizadas como adubos verdes.
Material e Métodos
Foram utilizadas sementes da safra de 2009/2010, armazenadas em garrafas PET em laboratório na
Embrapa Pantanal por dois anos. Apenas as sementes de milho quando compradas já se encontravam tratadas
comercialmente com fungicidas e herbicidas, pois não foi possível encontrar sementes sem tratamento no
mercado.
Para cada uma das espécies os Tratamentos (T) foram: T1- teste de germinação padrão (BRASIL, 2009)
em germinador de câmara e T2– teste de germinação em prateleira (BANCOS..., 2007). No T1, foi utilizado
germinador equipado com quatro lâmpadas fluorescentes de 2000 lux, programado para fotoperíodo de 12 horas e
temperatura de 25°C. Neste tratamento foi utilizado papel de germinação Germilab, com dimensões de 38 cm de
comprimento por 28 cm de largura. O papel foi esterilizado em estufa de secagem normal e ventilação fechada em
temperatura de 105°C, durante 2 horas. Para melhor assepsia, antes do teste o germinador foi desinfetado com
hipoclorito de sódio 1% e álcool 70%. Para cada espécie foram tomadas ao acaso quatro repetições de 50
sementes. As sementes foram dispostas ordenadamente em sobre duas folhas de papel filtro e foram umedecidas
com água destilada, com volume de 2,5 vezes o peso do papel. As folhas de papel com as sementes foram
enroladas, colocadas em bandejas de plástico, cobertas com filme de PVC para manutenção da umidade e
levadas ao germinador.
No T2, para cada espécie, foram feitas quatro repetições de 50 sementes tomadas ao acaso, sendo estas,
dispostas ordenadamente sobre duas folhas de papel toalha de uso doméstico com grande capacidade de
absorver água. As folhas de papel com as sementes foram enroladas e umedecidas com água de torneira, antes
de serem colocadas em sacos plásticos transparentes finos de supermercado. Os sacos plásticos com os rolinhos
foram colocados em bandejas de plástico e em seguida, levados para um armário, não havendo o controle de
temperatura e umidade, permanecendo à temperatura ambiente. As prateleiras do armário foram desinfetadas
com álcool a 70%, porém as folhas de papel toalha não foram esterilizadas, buscando aproximar da realidade dos
agricultores e extensionistas em condições reais de campo.
Com duração de 10 dias, o teste constou de contagens de sementes germinadas diariamente. Em ambos
os tratamentos, as sementes que apresentavam radícula com no mínimo 1 cm de comprimento foram
consideradas germinadas. Com os dados das contagens, foram calculados a porcentagem de germinação e
ainda, o índice de velocidade de germinação (IVG), de acordo com a fórmula descrita por Maguire (1962), que
refere-se à germinação média diária. Os resultados foram submetidos ao teste t a 5% de probabilidade para
comparações entre médias de duas amostras presumindo variâncias diferentes.
Resultados e Discussão
Os resultados mostraram que para todas as espécies, as médias de porcentagem de germinação entre os
tratamentos apresentaram valores muito próximos, não diferindo estatisticamente pelo teste t (Tabela 1).
50
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 1. Médias de porcentagem de germinação (%G) em (T1- teste de germinação padrão e T2- teste
alternativo de germinação em prateleira) e Índice de Velocidade de Germinação (IVG).
Avaliações
%G
IVG
T1
CV%
T2
CV%
T1
CV%
T2
CV%
Espécies
C. juncea
90,5A
2,1
92,5A
4,7
14,9a
2,9
15,4a
4,7
C. ochroleuca
87,0A
5,4
84,5A
4,0
12,5a
6,3
13,4a
4,8
C. especabilis
61,5A
15,1
60,0A
7,2
8,6a
11,8
9,0a
6,4
Zea mays
82,0A
3,4
85,0A
4,0
12,8a
2,1
13,9b
4,3
*Médias seguidas de letra, maiúscula e minúscula, na mesma linha não diferem entre si pelo teste t a 5% de probabilidade.
Para a C. juncea e para o milho a porcentagem de germinação foi maior no T2 (92,5%) e (85,0%)
respectivamente, mesmo padrão observado por Feiden et al. (2011) em que o teste alternativo teve maior taxa de
germinação que o teste padrão em germinador. Já para a C. ochroleuca (87,0%) e para a C. espectabilis (61,5%)
a taxa de germinação foi maior em T1.
Quanto ao IVG, todas as espécies apresentaram maiores valores no T2, havendo diferença significativa
entre os tratamentos apenas para o milho (T1- 12,8) e (T2- 13,9), fato não observado por Feiden et al. (2011), que
trabalhando com milho e feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) não constataram diferenças significativas de IVG
para as espécies testadas.
Os valores próximos e não diferentes estatisticamente dos resultados obtidos nos tratamentos, mostraram a
eficiência do teste alternativo para determinar a viabilidade das sementes de C. juncea, C. ochroleuca, C.
espectabilis e Zea mays. Podendo ser aplicado por pequenos agricultores, pois permite que sejam realizados
testes de germinação nas propriedades, sem a necessidade de recursos e equipamentos caros, adequando- se à
realidade dos agricultores.
Conclusões
O teste alternativo é eficaz para determinação da viabilidade das sementes de Crotalaria juncea, C.
ochroleuca, C. espectabilis e milho (Zea mays) variedade BR 274, utilizadas como adubos verdes.
Agradecimentos
Ao Projeto MP1 - Bases Científicas e Tecnológicas para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica no Brasil. Ao
CNPq/IEX pela concessão das bolsas. Ao Projeto do CNPq “Alternativas para o desenvolvimento territorial rural do
assentamento 72 em Ladário-MS, região do Pantanal”
Referências
BANCOS comunitários de sementes: adubos verdes cartilha para agricultores. Campinas: Gráfica Editora Modelo,
2007. 20 p.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regras para análise de sementes. Brasília, DF:
MAPA, 2009 b. p.148-178.
BEWLEY, J. D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2. ed. New York: Plenum Press,
1994. 445p. Disponível em: <http://link.springer.com/chapter/10.1007/978-1-4615-1747-4_1#page-2>. Acesso em:
11 out. 2013.
FEIDEN, A.; JORGE, M. H. A.; ARRUDA, E.; LUCAS, D. C.; ALMEIDA, W. B. Teste alternativo para avaliação
do potencial fisiológico de sementes de milho e feijão de porco. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2011. 3p.
(Embrapa
Pantanal.
Comunicado
Técnico,
89).
Disponível
em:
<www.cpap.embrapa.br/publicacoes/online/COT89>. Acesso em: 06 out. 2013.
MAGUIRE, J. D. Speed of germination- aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop
Science, Madison, v.2, n.1, p.176-177, 1962.
PASSOS, M. A. A.; SILVA, F. J. B. C.; SILVA, E. C. A.; PESSOA, M. M. L.; SANTOS, R.C. Luz, substrato e
temperatura na germinação de sementes de cedro vermelho. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 43,
n. 2, p. 281-284, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100204X2008000200019>. Acesso em: 11 out. 2013.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Avaliação sensorial de pescado empanado produzido com carne mecanicamente
separada de pacu cultivados em tanques-rede
1
2
3
Jovana Silva Garbelini Zuanazzi , Ádina Cléia Botazzo Delbem , Nilton Garcia Marengoni , Jorge Antonio
4
Ferreira de Lara
Resumo: A análise sensorial pode ser aplicada para determinar a aceitação de um produto por parte dos
consumidores, no desenvolvimento de novos produtos, no melhoramento de produtos, ou ainda em estudos para
redução de custos, controle de qualidade e, entre outras aplicações, estudos de vida útil. O objetivo deste trabalho
foi realizar a avaliação sensorial do empanado elaborado com carne mecanicamente separada de pacu. Os
empanados foram analisados por cem provadores não treinados de várias faixas etárias. Para a caracterização da
análise sensorial os empanados foram assados em forno elétrico durante 20 minutos, e em seguida, encaminhado
para a avaliação sensorial, onde os provadores expressaram o grau de aceitação global em relação ao sabor, cor,
aroma, aparência e textura. As variáveis apresentaram correlações positivas e significativas entre elas, exceto
entre textura e cor. Outra correlação significativa que houve, mas negativa, foi o teste de intenção de compra
(comprar ou não comprar o produto) com a variável sabor. A carne mecanicamente separada de pacus cultivados
no Pantanal mostrou-se tecnologicamente viável para produção de empanado.
Palavras-Chaves: agregação de valor, aceitabilidade, Piaractus mesopotamicus, subprodutos de pescado
Sensory evaluation of fish product: of breaded produced of the minced of pacu raised in net cages
Abstract: Sensory analysis can be applied for determining a product acceptance by consumers, development of
new products, improvement of products, or in studies to cost reduction, and quality control, among other
applications, life studies useful. The aim of this study was to evaluate sensory batter made with mechanically
separated meat pacu. The empanadas were analyzed by one hundred untrained tasters of various age groups. For
the characterization of the sensory analysis were breaded baked in an electric oven for 20 minutes, and then
forwarded to the sensory evaluation, all the judges expressed the degree of global acceptance for flavor, color,
aroma, appearance and texture. Variables showed significant positive correlations between them, except between
texture and color. Another significant correlation was that, but no, it was the test of intent to purchase (or not to buy
the product) with the variable flavor. The mechanically deboned meat of pacu grown in the Pantanal proved
technologically feasible to produce fingers.
Keywords: acceptability, value aggregation, Piaractus mesopotamicus, fish products
Introdução
O Brasil apresenta baixo consumo de pescado pela falta de hábito, pelo preço e a maneira pelo qual ele é
ofertado. Uma opção para aumentar o consumo do pescado, seria por meio da diversificação no processamento,
através da elaboração de novos produtos e subprodutos, que oferecem ao consumidor maiores opções de escolha
Os produtos empanados tem sido uma alternativa interessante já que a aceitação desse produto tem sido
crescente por parte dos consumidores, uma vez que apresentam aparência, odor e sabor apreciados.
Empanados, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária e Abastecimento (Portaria n. 574 de
08/12/1998), são produtos cárneo industrializado, obtido a partir de carnes de diferentes espécies de animais,
acrescidos de ingredientes, moldados ou não, e revestido de cobertura apropriada que o caracterize. São
populares devidos suas características de textura, odor e sabor proporcionados pela cobertura utilizados a qual
pode ser composta de diferentes ingredientes proporcionando sabor diferenciado ao produto.
A análise sensorial pode ser aplicada para determinar a aceitação de um produto por parte dos
consumidores, no desenvolvimento de novos produtos, no melhoramento de produtos, ou ainda em estudos para
redução de custos, controle de qualidade e, entre outras aplicações, estudos de vida útil.
1
Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Pesquisadora Bolsista DCR FUNDECT\CNPq, 79320-,900, Corumbá, MS ([email protected])
Professor Adjunto do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Marechal Cândido Rondon, PR
(email:[email protected])
4
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
3
52
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Segundo Noronha (2003), quando se trata de um produto alimentício a expectativa que o consumidor tem
sobre este produto assume um importante papel, pois pode inclusive aumentar ou diminuir a intenção de compra
deste mesmo antes dele ser experimentado.
Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo a realização da avaliação sensorial do empanado
produzidos com carne mecanicamente separada (CMS) de pacu.
Material e Métodos
A matéria-prima utilizada para a obtenção da CMS foi o pescado de pacu (Piaractus mesopotamicus),
cultivado em tanques-rede proveniente da região do Bracinho, um braço do Rio Paraguai localizado no município
de Ladário-MS. Os empanados foram desenvolvidos no Laboratório de Análise de Carnes (LAC) da Embrapa
Pantanal.
A análise sensorial também foi realizada no (LAC) da Embrapa Pantanal onde foi utilizado o teste de
aceitação através da escala hedônica de cinco pontos para o teste de perfil de características (cor, sabor, textura
e aparência com nota de 1=péssimo, 2= regular 3= bom, 4= muito bom e 5=excelente) e sete pontos para o teste
de intenção de compra (1=compraria sempre, 2= compraria muito frequentemente, 3= compraria frequentemente,
4= compraria ocasionalmente, 5=compraria raramente, 6= compraria muito raramente e 7=nunca compraria)
conforme Ramires (2008).
Os empanados foram analisados por cem degustadores não treinados de várias faixas etárias. Para a
caracterização da análise sensorial os empanados foram assados em forno elétrico durante 20 minutos, e em
seguida, encaminhado para a avaliação sensorial. Os testes foram realizados no período da manhã e da tarde. Os
provadores que participaram das análises não tiveram nenhum vínculo com os responsáveis pelo projeto.
Os resultados foram analisados estatisticamente por análises de variância – ANOVA, teste de comparação
de médias (Tukey, p < 0,05 ou teste t de Student). O programa utilizado para a análise estatística foi o Assitat®
(SILVA e AZEVEDO, 2002).
Resultados e Discussão
Dos cem provadores desse experimento 60% eram do sexo masculino e 40% do sexo feminino. Os
resultados da avaliação sensorial para os parâmetros cor, odor, sabor, maciez, aparência e teste de intenção de
compras estão apresentados na Tabela 1. As médias para as variáveis de aparência, cor, aroma, sabor, textura e
teste de intenção de compras variaram de 3,12 a 3,89.
O atributo que teve a maior nota foi o sabor (3,89) seguido do aroma (3,69). Sabe-se que o aroma é
considerado cada vez mais, como uns dos parâmetros mais exigidos pelos consumidores. Segundo Franco &
Janzatti (2003) em alimentos processados, que não apresentam o aroma original do produto, existem uma
tendência à rejeição por parte dos consumidores.
Pelos resultados obtidos observa-se que não houve diferença significativa entre a aparência e a cor. Sabese que a cor é o principal fator para estimular os consumidores a interessar-se por um produtos cárneos em geral,
principalmente aqueles em que não há experiências anteriores de consumo, como verificado em outras carnes,
como encontrou Velho et al. (2009).
Tabela 1. Resultado das médias para o empanado relacionado com as variáveis de aparência, cor, aroma, sabor,
textura e teste de intenção de compras.
Processado
Aparência
Cor
Aroma
Sabor
Textura
Teste de
intenção de
compras
Empanado
3,38 b
3,22 b
3,69 a
3,89 a
3,67 a
3,12 b
a;b= as médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si, (p<0,05).
No teste de intenção de compra, o provador expressa sua aceitação pelo produto, seguindo uma escala
previamente estabelecida, que varia gradativamente, com base nos termos hedônicos, “compraria sempre” ao
“nunca compraria”.
53
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
As médias transformadas para o teste de intenção de compras ficaram próximas de 3,12 que na escala
hedônica significa (compraria frequentemente), podendo assim constatar que os empanados foram aceito
moderadamente pelos provadores. A intenção de compras e aceitação neste experimento pode ser considerada
de moderada para alta e reflete uma tendência cada vez maior de busca por produtos de rápido preparo e de
quanto o mesmo é inovador para um grupo de pessoas.
Na Tabela 2 estão expostos os resultados de correlação entre a variável cor, odor, sabor, maciez, aparência
e teste de intenção de compras para os empanados. A correlação aparência x teste de intenção de compras, cor x
textura, cor x teste de intenção de compras e aroma x teste de intenção de compras não foi significativa entre
essas variáveis.
Tabela 2. Resultados dos coeficientes de correlação (r), das análises entre as variáveis: cor, odor, sabor, maciez,
aparência e teste de intenção de compras para o empanado elaborado com CMS de pacu cultivado em tanquerede no Rio Paraguai.
Variáveis de correlação
Aparência x Cor
Aparência x Aroma
Aparência x Sabor
Aparência x Textura
Aparência x Teste de Intenção de Compras
Cor x Aroma
Cor x Sabor
Cor x Textura
Cor x Teste de Intenção de Compras
Aroma x Sabor
Aroma x Textura
Aroma x Teste de Intenção de Compras
Sabor x Textura
Sabor x Teste de Intenção de Compras
Empanados (r)
0,7310 **
0,3415 **
0,3284 **
0,2413 *
-0,1167 ns
0,3221 **
0,3369 **
0,1871 ns
-0,1512 ns
0,4976 **
0,4235 **
-0,1765 ns
0,4153 **
-0,5658 **
(r)= coeficiente de correlação; **=significativo ao nível de 1% de probabilidade (p< 0,01);*= significativo ao nível de 5% de probabilidade
(0,01≤p< 0.05); ns= não significativo (p> 0,05).
As variáveis apresentaram correlações positivas e significativas entre aparência com cor, aroma, sabor e
textura e essas variáveis sensoriais entre elas. Exceto cor com textura que não foram significativas, Outra
correlação que houve, mas negativa, foi o teste de intenção de compra (comprar ou não comprar o produto) com a
variável sabor refletindo uma moderada tendência de parte dos provadores não familiarizados com o consumo de
pescado de não comprar produtos derivados do mesmo em função de seu sabor característico.
Entretanto, de acordo com Dill et.al (2009), os produtos como empanados têm sido opções interessantes,
cujo consumo vem crescendo, aumentando sua produção relativa entre os processados derivados da carne. A
aceitação de produtos empanados tem sido crescente por parte dos consumidores, uma vez que apresentam
aparência, odor e sabor muito apreciados.
Os empanados após o processamento térmico tendem a ter características visuais semelhantes entre os
produtos de matérias-primas de diversas origens. A correlação significativa e negativa entre sabor e intenção de
compra revela uma tendência moderada
De forma geral o empanado de pacu foi bem aceito pelos provadores, percebeu-se que as características
sensoriais agradaram-lhes apresentando também boa intenção de compras, cabendo ressaltar que este
experimento foi composto por provadores não treinados.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Conclusões
A avaliação sensorial indicou uma boa aceitação por parte dos provadores, onde os consumidores
compraria com frequência o empanado.
A carne mecanicamente separada de pacus cultivados no Pantanal mostrou-se tecnologicamente viável
para produção de empanado.
Agradecimentos
A Embrapa por financiar a pesquisa, aos funcionários de apoio da Embrapa Pantanal pelo empenho e aos
provadores por aceitarem participar dos testes.
Referências
DILL, D. D.; SILVA, A. P.; LUVIELMO, M. M. Processamento de empanados: sistemas de cobertura. Estudos
Tecnológicos, São Leopoldo, v. 5, n. 1, p. 33-49, 2009.
FRANCO, M.R.B.; JANZANTTI, N.S. Avanços na metodologia instrumental da pesquisa do sabor. In: FRANCO, M.
R. B. Aroma e sabor de alimentos: temas atuais. Livraria Varela, São Paulo, p. 17-28, 2003.
NORONHA, R. L. F.; DELIZA, R.; SILVA, M. A. A. P. A Expectativa do consumidor e seus efeitos na avaliação
sensorial e aceitação de produtos alimentícios. Alimentos e Nutrição, Araraquara, v. 16, n. 3, p. 299-308, jul./set,
2005.
RAMIRES, D. G. Valor agregado ao cachara Pseudoplatystoma fasciatum: efeito da sazonalidade e da
defumação. Dissertação (Mestrado em Aquicultura) – Universidade Estadual Paulista. Botucatu, 47f, 2008.
SILVA, F.A.S. e AZEVEDO, C.A.V. Versão do programa computacional Assistat para sistema operacional
Windows. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.4, n.1, p.71-78, 2002.
VELHO, J.P.; BARCELLOS, J.O.J.; LENGLER, L.; ELIAS, S.A.; OLIVEIRA, T.E. Disposição dos consumidores
porto-alegrenses à compra de carne bovina com certificação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.2, p.,
2009.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Besouros rola-bosta (Coleoptera: Scarabaeinae) do Pantanal: lista e chave de gêneros
1
2
Marcelo Bruno Pessôa , Fernando Zagury Vaz de Mello
Enquanto alguns grupos como aves, répteis, plantas, anfíbios e mamíferos são bem estudados, peixes e
artrópodes são pouco conhecidos no Pantanal. Entre os artrópodes de interesse ecológico estão os besouros
da subfamília Scarabaeinae, popularmente chamados rola-bostas, devido ao hábito de formar bolas de
fezes e rolá-las. Estes besouros por alimentarem-se principalmente de fezes (coprófagos) e carniça
(necrófagos), são gentes importantes na degradação de matéria orgânica no solo, e ao construírem seus
ninhos enterrando o material, contribuem para o aumento na fixação do Nitrogênio no solo, assim como a
bioturbação do mesmo. Louzada e colaboradores (2007) em seu estudo em uma das sub-regiões do Pantanal
observaram uma riqueza elevada e baixo endemismo. Para auxiliar futuros trabalhos realizados no Pantanal,
este estudo objetiva a confecção de lista de espécies de besouros rola-bosta no Pantanal. Para confecção da
lista foi realizada uma pesquisa bibliográfica utilizando os termo Scarabaeidae e Pantanal, revisão realizada
na Coleção Entomológica da UFMT analisando todo material referente ao Pantanal e coletas realizadas
com armadilha “pitfall” iscadas nos municípios de Corumbá (Pantanal do Miranda, Pantanal de Nhecolândia,
Pantanal do Paraguai), Poconé (Pantanal de Poconé), Porto Murtinho (Pantanal de Porto Murtinho) e em
Santo Antônio do Leveger (Pantanal de Barão de Melgaço). Para a pesquisa bibliográfica foram
considerados apenas estudos que continham lista de espécies e espécies identificadas. Somente
mantiveram-se espécies não identificadas com exemplares coletados ou presentes na Coleção Entomológica
da UFMT. Foram encontradas 71espécies de besouros ocorrendo no Pantanal, sendo que destas 22 não
foram identificadas. O gênero Canthon Hoffmansegg, 1817 é o gênero de maior riqueza, exclusivamente
americano e a maioria de suas espécies são neotropicais. Dichotomius bos, Dichotomius nisus, Ontherus
appendiculatus e Trichillum externepunctatum foram as espécies com ocorrência mais comum. As quatro
espécies possuem ampla distribuição. D. bos e D. nisus são espécies comuns de pastos e do cerrado, T.
externepunctatum e O. appendiculatus ocorrem por quase toda a América do Sul. Este estudo encontrou o
mesmo padrão de distribuição das espécies encontradas por Louzada e colaboradores (2007) e proposto por
Brown Jr, 1996. A maioria das espécies possuem ampla distribuição, embora a comunidade de besouros do
Pantanal seja composta principalmente por espécies do chaco e do cerrado. Destacam-se os primeiros
registros de sete espécies para o Pantanal: Ontherus aphodioides Burmeister, 1984 e Eurysternus aeneus
Genier, 2009, coletados em Santo Antônio do Leveger, no Pantanal de Barão do Melgaço; O. azteca Harold,
1869, coletado em Porto Murtinho, no Pantanal de Porto Murtinho; O. digitatus Harold, 1868, coletado em
Poconé, no Pantanal de Poconé; O. erosioides Luederwaldt, 1930 e Phanaeus palaeno Blanchard, 1846,
coletados em Corumbá, no Pantanal da Nhecolândia; Phanaeus kirby Vigors, 1825, coletado em Corumbá, no
Pantanal do Miranda. O baixo endemismo do Pantanal pode ser explicado por duas razões: a origem
relativamente recente e os pulsos de inundação que pode influenciar na seleção de espécies generalistas.
1
Bolsista DTI-CNPQ, Projeto Biota MS, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Departamento de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT
( [email protected])
2
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26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Biologia reprodutiva do jacaré-paguá, Paleosuchus palpebrosus, e as ameaças nos seus
ambientes do Maciço do Urucum, Pantanal Sul
Zilca Campos
1
O jacaré-paguá, Paleosuchus palpebrosus, é considerado um dos menores crocodilianos, com tamanho no
máximo de 2,10 cm para machos e 1,56 cm para fêmeas e de ampla distribuição no Brasil. No entanto, a espécie
ocupa ambientes de águas correntes, transparentes e fria, características essas dos riachos e cabeceiras de rios
no entorno do Pantanal. As ameaças nos seus ambientes aliados com a falta de informação da biologia refletem
na necessidade de ações de conservação urgentes, a fim de evitar extinção local. O propósito deste estudo foi
caracterizar a população reprodutiva e os ninhos nos riachos do Maciço do Urucum, área sob efeito de mineração.
De janeiro a fevereiro de 2006 a 2013, a busca ativa dos ninhos foi feita por duas pessoas caminhando nas
margens dos riachos, áreas de matas ripárias, do Maciço do Urucum. Cada ninho encontrado foi anotado sua
posição geográfica e observado o estado do ninho. As fêmeas em cuidado parental, tanto ao lado dos ninhos
como dos filhotes foram registradas durante vistorias ao local dos ninhos, e com uso de rádios-transmissores
(modelo Sirtrack). Os ninhos intactos foram abertos e seus ovos contados. Em 8 anos de estudo, foram
encontrados 24 ninhos nas matas ripárias dos riachos das Pedras, Kacupê e Banda Alta. O número médio de
ovos foi de 10,4± 2,16 (6 -13 ovos; N=11). Duas fêmeas e seus filhotes foram monitorados com rádiostransmissores, as quais permaneceram ao lado dos filhotes nos riachos das Pedras e da Banda Alta. O
desmatamento das matas ripárias dos riachos reflete na disponibilidade de áreas de nidificação. Além disso, a
retenção de água das nascentes e o pisoteio do gado nos riachos poderá comprometer a sobrevivência da
população de jacaré-paguá no Maciço do Urucum
1
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Capim-piatã adubados com fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água: parte
aérea e raiz
1
2
2
1
Thiago Trento Biserra , Luísa Melville Paiva , Henrique Jorge Fernandes , Camila Fernandes D. Duarte ,
3
3
3
Diego Lopes Prochera , Kassyo Roberto Sanches Falcão , Rosiane Lima Fernandes , Lidiane da Silva
3
Flores
Resumo: Objetivou-se avaliar a produção da parte aérea e raiz do capim-piatã adubado com fontes de fósforo de
diferentes solubilidades em água. A área experimental está implantada em oito ha da Fazenda UEMS, em
Aquidauana, MS. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com quatro blocos. Utilizaram-se três
tratamentos de fonte de fósforo (FNR, SS e FH) e um tratamento controle (sem fósforo). No início do inverno e da
primavera foram coletadas quatro amostra de planta por piquete, separadas em duas frações (parte aérea e raiz),
e levadas à estufa a 65ºC. Em seguida foram pesadas. Os dados foram comparados segundo um modelo em
blocos casualizados, e as médias comparadas com o tratamento controle pelo teste t. A 5% de significância em
todas as análises. Na coleta 1 os tratamentos de SS e FH, apresentaram maior peso total, da raiz e da parte aérea
do que o tratamento FNR. Na coleta 1 não observou-se diferença significativa (P<0,05) para porcentagem da raiz
e da parte aérea, entre os tratamentos. Na coleta 2 observou-se que o peso total e da raiz foi maior no tratamento
com FH, do que nos tratamentos SS e FNR, sendo que esses dois tratamentos não diferenciaram entre si. Na
coleta 2 não observou diferença significativa (P<0,05) para peso da parte aérea entre os tratamentos. Nos
tratamentos com FH e FNR apresentaram maior porcentagem da raiz e da parte aérea, do que o tratamento SS,
sendo que os tratamentos FH e FNR não diferenciaram entre si.
Palavras–chave: Adubação fosfatada, Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã, desenvolvimento rural sustentável,
forragicultura e pastagens.
Piatã grass fertilized with phosphorus sources of different solubility in water: shoot and root
Abstract: This study aimed to evaluate the production of shoot and root Piatã grass fertilized with phosphorus
sources of different solubilities in water. The experimental area is located in eight hectares of Finance UEMS in
Aquidauana, MS. The experimental design was a randomized block design with four blocks. Three treatments were
used as a source of phosphorus (FNR, SS and FH) and a control (no match). At the beginning of winter and spring
were collected four plant sample per paddock, separated into two fractions (shoot and root), and dried at 65 °C.
They were then weighed to determine each component. The data were compared according to a randomized block
design, and means were compared with the control by t test. A 5 % significance level for all analyzes. In collecting
1 treatment SS and FH had higher total weight, root and shoot than treatment FNR. In collecting 1 was not
observed significant difference (P< 0.05) percentage of root and shoot, between treatments. In the second
collecting observed and the total weight of the roots was higher in the treatment FH than in treatments SS and
FNR, and these two treatments did not differ from each other. In collecting 2 not significant difference (P<0.05)
weight of shoots between treatments. In the treatments with FH and FNR showed a higher percentage of root and
shoot, than treatment SS and FH and FNR treatments did not differ among themselves.
Keywords: Phosphate fertilizer, Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã, sustainable rural development, forage crops
and pastures
Introdução
O Brasil possui cerca de 200 milhões de hectares de pastagens. Desse total, cerca de 50 milhões
encontra-se em algum estágio de degradação (VILELA, 2002). Dentre os principais fatores relacionados à
degradação dessas pastagens estão a baixa fertilidade do solo e manejo das pastagens, dentre outros, que
possibilitaram a baixa produtividade e qualidade forrageira e, consequentemente, a infestação de plantas daninhas
(OLIVEIRA et al., 2012). Usualmente, as pastagens não recebem nenhum tipo de adubação (DUPAS, 2008).
1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970,
Aquidauana, MS ([email protected]).
Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS
([email protected])
³Acadêmicos do curso de Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS.
2
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Dentre os nutrientes que limitam a produção das forrageiras, o P merece destaque, em virtude da baixa
disponibilidade desse nutriente nos solos tropicais e do importante papel que desempenha nas plantas. A
importância do P para a produtividade das plantas decorre de sua participação nas estruturas e processos vitais
para o desenvolvimento dos vegetais (MARSCHNER, 1995). Cecato et al. (2008) relataram sua grande influência
no desenvolvimento do sistema radicular e produtividade das gramíneas.
Segundo Costa et al (2008), são vários os fatores que determinam á eficiência da adubação fosfatada,
dentre os quais: tipo de solo e fonte de P utilizada. Assim, a demanda de P nas adubações depende da textura do
solo, uma vez que o tamponamento, diretamente relacionado ao teor de argila, vai modular a fração de P que
permanecerá disponível para a planta. Comparativamente, os solos argilosos requerem quantidades mais
elevadas de fosfato para atender à demanda de uma dada cultura (SOUSA et a., 2004).
Desta forma objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito de fontes de fósforo de diferentes solubilidades
em água na relação parte aéra:raiz do capim-piatã.
Material e Métodos
A área experimental está implantada em oito ha da Fazenda UEMS, em Aquidauana, MS. A área total foi
subdividida em 16 piquetes de meio ha cada, onde foram distribuídos os tratamentos. O experimento foi realizado
em delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro blocos. Serão quatro tratamentos de fonte de
fósforo (solubilidade lenta – FNR; solubilidade rápida – SS; fonte de solubilidade mista – FH; e controle, sem
fósforo – C). Os tratamentos de fontes de fósforo foram distribuídos a lanço, nas seguintes quantidades: SS = 150
1
-1
-1
kg ha- ; FNR = 103,5 kg ha ; e, FH = 97 kg ha .
O capim-piatã (B. brizantha cv. BRS-Piatã) foi semeado em fevereiro de 2012, após duas gradagens para
-1
limpar e preparar o solo, na quantidade de 10 kg de sementes ha . No momento da implantação foram
distribuídos os tratamentos de adubação fosfatada. No início do inverno (21 de junho de 2013) e da primavera (24
de setembro de 2013) foram coletadas quatro amostra de plantas por piquete, separadas em duas frações (parte
aérea e raiz), limpas e levadas à estufa de circulação forçada, a 65ºC por 48 horas para determinação do teor de
matéria seca ao ar (ASA). Após esse procedimento as plantas foram pesadas para determinação da quantidade
de ASA de cada componente e do total da planta.
Os dados foram comparados segundo um modelo em blocos casualizados, e as médias comparadas com o
tratamento controle pelo teste t. O nível de significância de 5% foi adotado em todas as análises.
Resultados e Discussão
Observou-se efeito significativo (P<0,05) de fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água no
capim-piatã para peso total (g), peso da raiz (g) e peso da parte aérea (g) na coleta 1, e peso total (g), peso da
raiz (g) porcentagem da raiz (%) e porcentagem da parte aérea (%) na coleta 2 (tabela 1).
Tabela 1. Peso total (g), peso da raiz (g), peso da parte aérea (g), porcentagem da raiz (%), porcentagem da parte
aérea (%), da primeira e segunda coleta do capim-piatã em resposta a fontes de fósforo com diferentes
solubilidades em água
Tratamento
C
SS
FH
C.V
FNR
coleta 1
Tratamento
C
SS
FH
(%)
23,46
60,11
62,39 a
67,41
28,84 b
132,20
139,28 b
44,40
55,60
62,05 a
63,83 a
30,44 b
Porcentagem da raiz (%)
50,27
49,85
46,86
Porcentagem da parte aérea (%)
49,73
50,15
53,14
183,61 a
155,49 b
25,06
Peso da raiz (g)
58,46
59,49 b
Peso da parte aérea (g)
29,33
(%)
Peso total (g)
124,45 a
131,23 a
59,27 b
Peso da raiz (g)
67,4 a
FNR
coleta 2
Peso total (g)
52,80
C.V
91,74 a
73,17 b
30,29
Peso da parte aérea (g)
61,06
73,74
79,78
19,69
44,18
41,29 b
91,86
79,78
24,15
Porcentagem da raiz (%)
49,78 a
47,09 a
14,18
Porcentagem da parte aérea (%)
18,06
55,81
58,71 b
Médias na linha seguidas da mesma letra minúscula não diferem entre si pelo teste de t a 5%.
50,22 a
52,91 a
11,88
59
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Na primeira coleta os resultados obtidos nos tratamentos SS e FH, apresentaram maior peso total (g),
peso da raiz (g) e peso da parte aérea (g) do que os observados no tratamento FNR. Costa et al. (2008)
observaram diferença significativa entre a aplicação da fontes de maior solubilidade de P, com incremento na
produção de fitomassa da parte aérea e raiz da B. brizantha cv. Marandu.
Rezende et al. (2011) avaliando a influência do P na B. brizantha cv. Marandu ressaltam que houve uma
estreita diferença nos valores de matéria seca da parte aérea entre os tratamentos que receberam adubação
fosfatada. Assim a eficiência e necessidade da adubação fosfatada para a melhoria da produção.
Diferente dos resultados encontrados no primeiro corte da forrageira, Maciel et al. (2007) ao avaliarem a
resposta do capim Marandu de diferentes fontes de P, não observaram diferença significativa entre a produção de
matéria seca da parte com fontes de adubação fosfatada independente da solubilidade.
Na primeira coleta não observou-se diferença significativa (P<0,05) para porcentagem da raiz (%) e
porcentagem da parte aérea (%), entre os tratamentos.
Na segunda coleta observou-se que o peso total (g) e peso da raiz (g) foi maiores no tratamento com FH,
do que nos tratamentos SS e FNR, sendo que esses dois tratamentos não diferenciaram entre si.
Costa et al. (2008) não observaram diferença significativa no segundo corte da B. brizantha cv. Marandu.
Entre a aplicação das fontes de maior solubilidade de P para produção de fitomassa da parte aérea. Para
fitomassa da raiz observaram diferença significativa independentemente da solubilidade dos fosfatos.
Na segunda coleta não observou diferença significativa (P<0,05) para peso da parte aérea (g) entre os
tratamentos. No entanto, os resultados observados nos tratamentos FH e FNR apresentaram maior porcentagem
da raiz (%) e porcentagem da parte aérea (%), do que o tratamento SS, sendo que os tratamentos FH e FNR não
diferenciaram entre si. Maciel et al. (2007) ao avaliarem a resposta do capim Marandu no segundo corte da
forrageira com tratamentos de diferentes fontes de P, observaram diferença significativa entre os tratamentos com
fontes de adubação fosfatada independente da solubilidade.
O P promove maior crescimento da forrageira principalmente por desempenhar função estrutural na
planta, além de fazer parte de compostos orgânicos como o ATP, os aminoácidos e de todas as enzimas, e assim,
participa de diversos processos metabólicos, especialmente no processo de transferência e de armazenamento de
energia (MALAVOLTA, 2006).
Conclusões
As adubações de diferentes fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água proporcionaram
incremento no peso total (g), peso da raiz (g) e peso da parte aérea (g) na primeira coleta e peso total (g), peso da
raiz (g), porcentagem da raiz (%) e porcentagem da parte aérea (%) na segunda coleta do capim-piatã.
A produção de raiz e parte aérea em pasto de capim-piatã necessitam de fornecimento constante de
fósforo, inicialmente às fontes prontamente disponíveis e posteriormente àquelas que forneçam fósforo
lentamente.
Agradecimentos
Ao Grupo de Estudos em Plantas Forrageiras sob Estresse Ambiental, sem o qual não seria possível
conduzir esse trabalho.
Referências
CECATO, U.; SKROBOT, V. D.; FAKIR, G. R.; BRANCO, A. F.; GALBEIRA, S.; GOMES, J. A. N. Perfilhamento e
características estruturais do capim-Mombaça, adubado com fontes de fósforo, em pastejo. Acta Scientiarum
Animal Science, Maringá, v.30, n.1, p. 1-7, 2008.
COSTA, S. E. V. G. A.; NETO, A. E.; RESENDE, A. V.; SILVA, T. O.; SILVA, T. R. Crescimento e nutrição da
braquiária em função de fontes de fósforo. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 32, n. 5, p. 1419-1427, set./out.,
2008.
DUPAS, E. Produtividade de massa seca e atributos de valor nutritivo do capim-Marandu relacionados à
adubação nitrogenada e irrigação no cerrado paulista. 2008. 43f. Dissertação (Mestrado em Sistemas de
Produção) - Faculdade de Engenharia “Júlio de Mesquita Filho”, Universidade Estadual Paulista, Ilha Solteira.
2008.
60
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
MACIEL, G.A.; COSTA, S. E. G. V. A.; NETO, A. E. F.; FERREIRA, M. M.; EVANGELISTA, A. R. Efeito de
diferentes fontes de fósforo na Brachiaria Brizantha cv. Marandu cultivada em dois tipos de solos. Ciência Animal
Brasileira, v. 8, n. 2, p. 227-233, abr./jun. 2007.
MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2006. 638 p.
MARSCHNER, H. Mineral nutrition of haigher plants. London: Academic, 1995. 889 p.
OLIVEIRA, S. B.; CAIONE, G.; CAMARGO, M. F.; OLIVEIRA, A. N. B.; SANTANA, L. Fontes de fósforo no
estabelecimento e produtividade de forrageiras na região de Alta Floresta – MT. Global Science and
Technology. Rio Verde, v5, n. 01, ´p. 01 -10, jan/abr. 2012.
REZENDE A. V. de; LIMA, J. F. De; RABELO, C.H. S.; RABELO, F. H. S.; NOGUEIRA, D. A.; FARIA JUNIOR, D.
C. N. A.; BARABARA, L, A. Características morfofisiológicas da Brachiaria brizantha cv. Marandu em resposta à
adubação fosfatada. Revista Agrarian, v.4, n.14, p.335-343, 2011.
SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E. Correção do Solo e Adubação. 2.ed. Embrapa Tecnológica. Brasília (DF),
Embrapa-CPA, 2004. p. 290-292.
VILELA, L.; SOARES, W. V.; SOUZA, D.M. G.; MACEDO, M. C. M. Calagem e adubação para pastagens na
região do Cerrado. 2.ed., rev. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2000. 15p.
61
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Capim-piatã em pastos adubados com fontes de fósforo de diferentes solubilidades, na
transição Cerrado-Pantanal
1
2
2
Camila Fernandes Domingues Duarte , Luísa Melville Paiva , Henrique Jorge Fernandes , Luiz Henrique
3
3
3
3
Cassaro , Alex Coene Fleitas , Elen Regina Cáceres de Souza , Danielly Xenxen Ferreira , Thiago Trento
1
Biserra
Resumo: A adubação fosfatada destaca-se por ser um nutriente indispensável ao adequado estabelecimento e
manutenção de pastagens cultivadas, especialmente em solos da região de Aquidauana. Com isso, indiretamente,
a aplicação de fósforo em quantidades adequadas é importante para a produção animal em pasto. Objetivou-se
com este trabalho determinar as características morfogênicas e estruturais do capim-piatã em pastos adubados
com fontes de fósforo com diferentes solubilidade em água. O experimento foi realizado em oito hectares da
Fazenda UEMS, em Aquidauana – MS, com delineamento experimental de blocos casualizados. Semanalmente
realizou-se a mensuração dos comprimentos de pseudocolmo e folhas, com os quais foram calculadas as taxas
morfogênicas e estruturais. Os dados foram comparados segundo um modelo em blocos casualizados, e as
médias comparadas com o tratamento controle pelo teste de Dunnett e os tratamentos entre si pelo teste t. O nível
de significância de 5% foi adotado em todas as análises. Houve efeito de fonte de fósforo (P>0,05) para as
variáveis TAlF e TAlC, sendo as fontes com fósforo prontamente solúvel superiores ao controle. Comparados
entre si, as fonte que contém fósforo prontamente solúvel (SS e FH) apresentaram-se superiores à fonte que
contém unicamente fósforo de liberação lenta, para TAlF, TAlC e DVF. No primeiro ano de implantação, as fontes
de fósforo prontamente solúveis foram favoráveis ao desenvolvimento e duração de vida das folhas de capimpiatã, em pastos na região de transição Cerrado-Pantanal.
Palavras–chave: Adubação de pastagens, Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã, desenvolvimento sustentável,
ecofisiologia de forrageiras, produção em pasto
Development of grass-Piatã in pastures fertilized with phosphorus sources of different solubility in water,
in the region of the Cerrado-Pantanal
Abstract: Phosphorus fertilization stands out for being a nutrient indispensable for the proper establishment and
maintenance of cultivated pastures, especially in soils of the region Aquidauna. Thus, indirectly, the use of
phosphorus in adequate quantities is important for animal production in pasture. The objective of this work was to
determine the morphogenetic and structural Piatã in grass pastures fertilized with phosphorus sources with
different water solubility. The experiment was conducted in eight acres of Finance UEMS in Aquidauna - MS with
randomized complete block design. Weekly conducted to measure the lengths of pseudo stem and leaves, which
were calculated rates Morphogenetic and structural. The data were compared according to a randomized block
design, and means were compared with the control by Dunnett's test and treatments together with the t test. The
significance level of 5 % was adopted for all analyzes. There was an effect of phosphorus sources ( P > 0.05 ) for
the variables LER and SER, the sources being readily soluble phosphorus from the control. Compared, the source
that contains phosphorus readily soluble ( SS and FH ) were superior to the source containing only phosphorus
slow release for LER, SER and DVF. In the first year of implementation, sources of readily soluble phosphorus
were favorable to the development and life span of leaves of grass Piatã in pastures in the region of the Cerrado Pantanal.
Keywords: Pasture fertilization, Brachiaria brizantha. BRS Piata, sustainable development, eco-physiology of
forage production on pasture
Introdução
A baixa disponibilidade de fósforo (P) para as forrageiras é uma característica predominante nos solos do
Cerrado, região polo da produção de bovinos em pasto, no Brasil. O baixo aporte de fósforo é um dos fatores que
impossibilita a produção sustentável de pastagens. Para Novais & Smith (1999) a adubação fosfatada influencia
1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970,
Aquidauana, MS ([email protected])
2
Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS
([email protected])
3
Acadêmico do curso de Zootecnia, Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-970, Aquidauana, MS
62
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
positivamente o desenvolvimento radicular, assim como o seu potencial de produção de massa forrageira. Batista
et al. (2002) apontaram que a falta desse nutriente compromete tanto a produtividade como a qualidade da
forrageira.
As fontes de fósforo de diferentes solubilidades em água são recomendadas de acordo com o manejo e
melhoram a eficiência do uso da adubação, já que a utilização consorciada de fontes de P de solubilização lenta e
rápida promove incrementos na produção forrageira a curto, médio e longo prazo (MACIEL et al., 2007).
Uma ferramenta para estudar a eficiência da produção de ruminantes em pasto é a caracterização
morfogênica e estrutural das plantas forrageiras, considerado um instrumento que busca soluções de manejo de
acordo com a morfofisiologia de cada espécie ou cultivar. Segundo Rodrigues (2008) o entendimento das
características morfogênicas e estruturais são fundamentais para a compreensão da dinâmica de produção de
pastagens e o impacto das estratégias de manejo empregadas.
A produtividade e a longevidade das pastagens estão associadas de maneira geral a uma série de fatores,
sejam eles genéticos, edafoclimáticos, de fertilidade ou manejo do pasto, que juntos determinam o equilíbrio e
evitam um possível quadro de degradação. Portanto torna-se necessário buscar o equilíbrio entre a oferta da
forragem e o consumo animal, de que se conserve uma aérea foliar suficiente para a recuperação das plantas
após a desfolha, visando à perenidade dos sistemas produtivos baseados em pastagens (DA SILVA et al., 2009).
Objetivou-se com esse trabalho avaliar as características morfogênicas e estruturais do capim-piatã
(Brachiaria brizantha cv. BRS Piatã) em pastos adubados com fontes de fósforo de diferentes solubilidades em
água, em Aquidauana, MS, buscando uma ferramenta que possa melhorar a eficiência da atividade pecuária
numa região de transição entre os biomas Cerrado e Pantanal.
Material e Métodos
A área experimental foi implantada em oito ha da Fazenda UEMS, em Aquidauana, MS, latitude 20º28’ S;
longitude 55º48’ W e altitude de 149 metros. O clima da região segundo a classificação de Köppen é Tropical
Úmido (AW), dividido em duas estações, a chuvosa (outubro a março) e a seca (abril a setembro).
O experimento foi realizado segundo delineamento experimental de blocos casualizados. Utilizaram-se três
tratamentos de fonte de fósforo (solubilidade lenta – FNR; solubilidade rápida – SS; fonte de solubilidade mista –
FH; e um tratamento controle, sem fósforo – C); em quatro blocos, onde os blocos representavam o gradiente de
variação da área experimental. Os tratamentos foram distribuídos a lanço, nas seguintes quantidades: SS = 150
-1
-1
-1
kg ha ; FNR = 103,5 kg ha ; e, FH = 97 kg ha .
A área total foi subdividida em 16 piquetes de meio ha cada. O capim-piatã (B. brizantha cv. BRS-Piatã) foi
semeado em fevereiro de 2012, após duas gradagens de limpeza e preparo do solo, na quantidade de 10 kg de
-1
sementes ha . No momento da implantação foram distribuídos os tratamentos de adubação fosfatada.
A avaliação das forrageiras foi realizada através da caracterização morfogênica das plantas nos meses de
agosto a outubro de 2013. Foram demarcados, em cada piquete 12 perfilhos em três sítios, demarcados por
réguas transectas. Os perfilhos foram identificados com fio plásticos coloridos e, com auxílio de régua milimetrada,
foram medidos o comprimento das lâminas foliares verdes e do pseudocolmo, de acordo com o proposto por
Sbrissia e da Silva (2001). As medições nas plantas foram realizadas em intervalos regulares de sete dias.
Com essas informações foi possível calcular as seguintes características morfogênicas (LEMAIREe
CHAPMAN, 1996):
•
Taxa de aparecimento foliar (TApF): relação entre o número de folhas surgidas por perfilho e o número de
dias do período de avaliação;
•
Filocrono (Filo): número de dias que duas folhas cresceram num mesmo perfilho;
•
Taxa de alongamento foliar (TAlF): relação entre o somatório de todo alongamento das lâminas foliares
(cm) e o número de dias do período de avaliação;
•
Taxa de alongamento do colmo (TAlC): diferença do comprimento do pseudocolmo no final e início pelo
número de dias do período de avaliação;
•
Taxa de senescência de lâminas foliares (TSeF): somatório dos comprimentos senescidos das laminas
foliares presentes no perfilho e o número de dias do período de avaliação;
As características estruturais foram determinadas através dos seguintes cálculos (CHAPMAN e LEMAIRE,
1993, adaptado por SBRISSIA e da SILVA, 2001):
63
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
•
Filo);
Duração de vida das folhas (DVF): segundo proposto por Lamaire e Chapmam (1996), (DVF = NFV X
•
Número de folhas vivas por perfilho: média do número de folhas vivas por perfilho durante todo o período
de avaliação;
Os dados foram comparados segundo um modelo em blocos casualizados, e as médias comparadas com o
tratamento controle pelo teste de Dunnett, e os tratamentos entre si pelo teste t. O nível de significância de 5% foi
adotado em todas as análises.
Resultados e Discussão
Observou-se efeito significativo (P<0,05) da adubação fosfatada com SS e com a fonte mista de P, em
relação ao controle, na TAlF, conforme apresentado na Tabela 1. Não se observou efeito significativo (P<0,05) da
aplicação de FNR em relação ao controle. Entre os tratamentos, o FH foi superior aos demais na TAlF.
Gastal et al. (1992) relataram que a disponibilidade de P para as plantas teve efeito pronunciado na TAlF.
Alexandrino et al (2004) e Martuscello et al. (2005), trabalhando com as cultivares Marandu e Xaraés, de
B.brizantha, respectivamente também observaram aumento nessa taxa quando submeteram as plantas à
adubação com formulado comercial 0-30-0.
Silveira (2006) descreveu que o processo de desenvolvimento e de expansão completa das folhas é
determinado geneticamente e condicionado por variações nas condições de ambiente. O autor ainda pontuou que
efeitos mais pronunciados são relacionados com a temperatura e fornecimento de nutrientes.
Tabela 1.Características morfogênicas e estruturais do capim-piatã em resposta a fontes de fósforo com diferentes
solubilidades em água.
Tratamentos
C.V.
Fontes de Fósforo
Característica
(%)
Controle
SS
2,91
5,78 a*
3,31 c
4,53 b*
9,99
-1
0,71
1,24 a*
0,64 c
0,87 b
18,55
0,64
0,64 a
0,61 a
0,64 a
5,68
102,64
121,67 a
89,44 b
5,38
5,94 a
5,76 a
TAlC (cm dia )
-1
-1
TApF (folha perfilho dia )
DVF (dias)
-1
NFV (número de folhas vivas perfilho )
2
FNR
-1
TAlF (cm dia )
1
FH
111,26 ab
5,88 a
16,15
6,64
Médias de fontes de fósforo seguidas de um * diferentes diferem do tratamento controle pelo teste de Dunnet ao nível de 5%.
Médias de fontes de fósforo seguidas de letras minúsculas diferentes diferem entre si pelo teste t ao nível de 5%.
A adubação mista apresentou o melhor resultado na TAlC quando comparada às demais adubações,
também diferindo significativamente (P<0,05) quando comparada ao tratamento controle.
Ao trabalhar com capim-marandu, Peternelli (2003) observou que o alongamento de colmo aumentou
conforme o aumento de doses de P, juntamente com intervalos entre pastejos mais longos. O autor ainda relata
que esse aumento alterou significativamente a estrutura do pasto por meio do acúmulo desse componente na
massa de forragem.
Embora a adubação fosfatada não tenha diferido significativamente (P<0,05) do tratamento controle pelo
teste de Dunnet, observou-se que, na DVF, os tratamentos de fonte mista (FH) e fonte prontamente disponível
(SS) foram superiores ao FNR. Pode-se demonstrar com isso que fontes de fósforo prontamente disponível
influenciam na sustentabilidade das pastagens desde seu período de implantação. Pode-se também inferir que a
fonte prontamente disponível presente no tratamento FH foi suficiente para elevar esse parâmetro, dado esse que
será interessante observar e discutir com o decorrer do tempo, acompanhando a evolução do trabalho e a
disponibilização da fonte de solubilidade lenta.
64
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Santana et al. (S/D) ao avaliarem as características estruturais de capim-buffel cvs. Áridus e CPATSA
7754 submetidos à adubação fosfatada observaram que dependendo da dose de P a DVF apresentou
comportamento diferente entre as cultivares. Hodgson (1990) afirma que a DVF é determinada por características
genéticas e sofre influencia de condições ambientais.
Conclusões
No primeiro ano de implantação, as fontes de fósforo prontamente solúveis foram favoráveis ao
desenvolvimento e duração de vida das folhas de capim-piatã, em pastos na região de transição CerradoPantanal.
Agradecimentos
Agradecimento a FUNDECT pela concessão da bolsa. Às empresas Heringer fertilizantes, Tramasul
madeiras e Belgo Bekaert, pelo apoio à pesquisa. Ao Grupo de Estudos em Plantas Forrageiras sob Estresse
Ambiental, sem o qual não seria possível conduzir esse trabalho.
Referências
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BAKER, M.J. (Ed). Grasslands for our world. SIR Publishing, p.55-64, 1993.
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65
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Características da pesca de iscas vivas na bacia do Alto Paraguai em Mato Grosso do
Sul1
2
3
3
3
Agostinho Carlos Catella , Vanessa Spacki , Bibiana Sagrillo Gindri , Berinaldo Bueno , Carlos André
4
Zucco
A pesca de iscas vivas, destinadas ao comércio com o setor turístico pesqueiro, tornou-se uma importante
alternativa de renda para os pescadores profissionais artesanais na Bacia do Alto Paraguai em Mato Grosso do
Sul (BAP/MS). Os dados para este estudo foram obtidos por meio de questionários aplicados de julho a novembro
de 2010 junto a 1.405 pescadores profissionais artesanais nos principais municípios pesqueiros da BAP/MS, dos
quais 310 declararam capturar iscas vivas para comercializar. Os pescadores de iscas vivas são conhecidos
regionalmente como "isqueiros" e suas pescarias combinam diferentes características. Dentre os entrevistados,
179 (58%) declararam capturar exclusivamente iscas vivas e 131 (42%) iscas vivas e pescado. As mulheres
representaram 54% do total de pescadores entrevistados e 63% dos pescadores exclusivos de iscas. A maioria
dos pescadores atua com um parceiro fixo (283; 93%), que pode ou não ser uma pessoa da mesma família. Um
menor número de pescadores não possui um parceiro fixo, podendo se juntar a diferentes parceiros ou atuar
individualmente (23; 7%). Um total de cinco aparelhos de captura foram citados pelos isqueiros: tela, tarrafa, linha
e anzol, covo e peneira, sendo a tela o mais importante (280; 91%). Um total de 20 tipos de iscas diferentes foi
citado pelos pescadores, sendo tuvira (Gymnotus spp.), seguida por caranguejo (Decapoda) os mais citados. A
maior parte das pescarias tem duração de um dia (228; 74%), nas quais os pescadores se deslocam até o sitio de
pesca e retornam para casa no mesmo dia; um menor número tem duração de dois a vários dias, nas quais os
pescadores se deslocam até os sítios de pesca onde permanecem acampados (79; 26%). O número de dias de
pesca por semana varia com a duração das pescarias. Naquelas com duração de apenas um dia, a maioria dos
pescadores pesca de 3 a 6 dias por semana, sendo a mediana igual a 5 dias. Quando realizam pescarias com
duração maior do que um dia, tendem a pescar durante todos os dias da viagem, prevalecendo 7 dias de pesca
por semana. Isto está relacionado à necessidade de garantir a produção para custear os gastos da viagem.
Observou-se que a proporção de homens que realizam pescarias com duração maior do que um dia (34%) foi
significativamente maior (n=307, p = 0,004) do que a de mulheres (19%), o que certamente está relacionado ao
papel social e às funções domésticas e cuidados com os filhos, que normalmente são atribuições das mulheres. O
número declarado de iscas vivas capturadas por pescaria variou de 15 a 20.000 exemplares, apresentando
distribuição assimétrica à direita. Essa grande variação provavelmente está relacionada às diferentes
características das pescarias e, em alguns casos, pode ser devido ao entendimento da pergunta por parte do
pescador. A fim de relacionar a produção com outras variáveis, foi estimado o número de iscas capturadas por dia
por dupla de pescadores, obtendo-se 150 iscas/dia em mediana, compreendida entre 100 e 250 iscas/dia,
respectivamente iguais à junta inferior e superior da distribuição (n = 306). Estimou-se o número de iscas
capturadas por mês e, em seguida, estimou-se a renda mensal multiplicando-se este número pelo preço mediano
de venda das iscas praticado por pescador. A renda mediana por dupla de pescadores foi estimada em R$
900,00, compreendida entre a junta inferior de R$ 514,28 e a junta superior de R$ 1.500,00 da distribuição (n =
257). Considerando que o salário mínimo vigente na época foi R$ 510,00, a renda mediana foi equivalente a 1,76
salário mínimo por dupla de isqueiros, ou a 0,88 salário mínimo por isqueiro. Em seu conjunto, os resultados
obtidos neste estudo reunidos àqueles de outras fontes, poderão contribuir para o conhecimento das rotinas e
características da atividade, bem como para a orientação de políticas públicas para o setor.
1
Estudo realizado como parte do Projeto Censo Estrutural da Pesca na Bacia do Alto Paraguai – Estado de Mato Grosso do Sul, financiado
pelo Ministério da Pesca e Aquicultura - MPA, e Projeto Iscas, financiado pela Embrapa.
2
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, N.S. de Fátima, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
ONG Ecologia e Ação - Ecoa, Rua 14 de Julho, 3169, Centro, 79002-333, Campo Grande, MS ([email protected];
[email protected]; [email protected])
4
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia – UFRJ, lotado no Laboratório de Vida Selvagem da Embrapa Pantanal
([email protected])
66
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Características físicas da carne de queixada (Tayassu pecari Link, 1795)1
2
3
4
Ubiratan Piovezan , Jovana G. Zuanazzi , Gisele A. Felix , Jorge A. F de Lara
5
Resumo: A fauna é um agente que não pode ser ignorado na gestão de recursos naturais renováveis. Além de
sua importância direta na conservação dos ecossistemas, o desenvolvimento do potencial econômico das
espécies silvestres pode viabilizar, em curto prazo, a conservação de tais organismos também de ecossistemas.
Este estudo descreve características físicas da carne de queixadas (Tayassu pecari) produzidas em cativeiro.
Quinze animais (seis machos e nove fêmeas) criados no município de Mineiros-GO foram abatidos em frigorífico
de Formosa-GO, em novembro de 2007. Os parâmetros considerados foram: queda do pH 24h após o abate,
perdas por cozimento (PPC) e capacidade de retenção de água (CRA) do músculo Longissimus dorsi. O pH médio
foi de 6,20, as perdas por cozimento foram em média de 21,57 % e a capacidade de retenção de água média foi
de 68,80 %. Não houve diferença entre sexos. Os resultados demonstram que a carne de queixada oriunda de
cativeiro apresenta valores semelhantes aos de outras espécies. Observou-se, no entanto, que o percurso de 700
km (9 horas) que precedeu o abate pode ter influenciado os resultados observados.
Palavras–chave: capacidade de retenção de água, carne DFD, manejo sustentável, perdas por cozimento,
qualidade da carne
Physical meat characteristics of white lipped peccary (Tayassupecari)
Abstrat: The fauna is an agent that cannot be ignored in the management of renewable natural resources. Besides
its direct importance in the conservation of ecosystems, the development of the economic potential of wild species
can enable, in the short term, the conservation of populations as well as the ecosystems. This study describes the
physical characteristics of meat of peccaries (Tayassu peccary) produced in captivity. Fifteen animals (six males
and nine females) reared in Mineiros-GO were slaughtered in a slaughterhouse in Formosa-GO, November 2007.
The parameters considered were pH decrease 24h after slaughter, cooking loss (CL) and water holding capacity
(WHC) of the Longissimus dorsi muscle. The average pH was 6.20, cooking losses were averaged 21.57%, and
water holding capacity average was of 68.80%. There was no difference between sexes. The results shown that
the meat originated from captive white lipped peccaries have similar values to those found in other species. It was
noted, however, that the distance of 700 km (9 hours) which preceded the slaughter might influenced the observed
results
Keywords: water holding capacity, DFD meat, sustainable management, cooking losses, meat quality.
Introdução
Além de sua importância direta na conservação dos ecossistemas naturais, o desenvolvimento do
potencial produtivo ou econômico de espécies silvestres como a queixada, pode auxiliar na conservação de
ecossistemas em um cenário de curto prazo. Algumas espécies da fauna silvestre brasileira apresentam aptidão
para o manejo econômico sustentável, como o jacaré do Pantanal (Caiman yacare), a capivara (Hydrochoerus
hydrochaeris) e o queixada (Tayassu pecari). Tais espécies apresentam características evolutivas favoráveis ao
manejo como possuírem populações abundantes, elevadas taxas de crescimento, estrutura social definida e
ampla distribuição geográfica.
Assim como os catetos, as queixadas são onívoras e apresentam pré-estômago característico, constituído
por dois sacos cegos e uma bolsa gástrica, o que permite a utilização de alimentos fibrosos por meio da
fermentação microbiana da celulose. Tal característica torna sua criação em cativeiro viável, uma vez que facilita a
alimentação à base de uma dieta de baixo custo (ração). Poucos trabalhos vêm sendo realizados sobre a
qualidade nutricional, mercado e o consumo das carnes de tayassuideos, sendo a maioria dos estudos disponíveis
relacionados ao cateto. Pouco se sabe sobre a qualidade da carne das queixadas, e trabalhos discorrendo sobre
as características físicas e químicas deste tipo de carne são raros. O objetivo deste estudo foi descrever
parâmetros físicos da carne de queixadas, comparando os resultados entre indivíduos de sexos diferentes.
1
Projeto financiado pela Fundect
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Goiás, Caixa Postal 131, 74001-970, Goiânia, GO
([email protected])
5
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
67
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Material e Métodos
Foram utilizados 15 animais adultos, sendo seis machos e nove fêmeas (Autorização SISBIO n.º 10479, de
12/11/2007) provenientes de criatório comercial no município de Mineiros (GO). A alimentação foi fornecida na
forma de ração farelada, à base de milho e soja, além de cucurbitáceas fornecidas inteiras. Os animais foram
submetidos a abate humanitário, com prévia insensibilização pro eletronarcose, em frigorífico comercial localizado
no município de Formosa (GO), a cerca de 700 km do criatório. As carcaças foram resfriadas (1-2ºC) por 24h para
posterior amostragem das carcaças (Longíssimus dorsi). Foram avaliadas as seguintes características da carne:
capacidade de retenção de água, perdas de água por cozimento e pH24 horas post-mortem. Para estas
avaliações, foram consideradas três subamostras dos músculos Longissimus dorsi, na posição compreendida
a
a
entre a 12 e 13 costelas. Amostras de 100 gramas de cada corte foram separadas, homogeneizadas,
identificadas e congeladas a -18 ºC para a avaliação no Laboratório de Análises de Carnes (LAC) da Embrapa
Pantanal (CPAP), Corumbá, MS.
Foram realizadas leituras de pH final (24 horas após o abate) com o auxílio de um medidor de pH Digimed
DMPH – 2 com eletrodo para carnes (modelo DME-CF1). O pH intramuscular foi avaliado em triplicata antes da
realização dos demais testes.
Para capacidade de retenção de água (CRA) cada amostra de 0,5g foi posicionada entre dois papéis filtros
qualitativo circulares de 5,5 cm de diâmetro, espessura de 200mm e gramatura de 80g/m². Amostras e os papéis
de filtro foram posicionados entre duas placas quadrangulares de vidro com espessura de 8mm cada uma. Sobre
este sistema foi colocado um peso de 10 kg por cinco minutos. A pressão exercida sobre a amostra foi uniforme
em toda sua área. Posteriormente a amostra e os papéis foram pesados e os resultados expressos em
porcentagem.
As perdas de água por cozimento (PPC) foram estimadas pesando-se 70g de cada amostra e embalandoas em saco plástico colocadas em banho-maria até que a temperatura interna de cada uma atingisse entre 75 a
80°C. Após o cozimento, as amostras foram resfriada s até que a temperatura interna atingisse entre 25 e 30°C.
Os resultados foram expressos em porcentagem de perda, determinada pela diferença entre os pesos antes e
após o cozimento.
As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do pacote R Core Team (2012). Utilizou-se a análise
de variância, considerando-se o efeito fixo de sexo em um delineamento inteiramente casualizado.
Resultados e Discussão
Os valores médios para pH, PPC e CRA são apresentados na Tabela 1. A análise de variância não mostrou
efeito do sexo sobre os valores de pH. Considerando os valores de referência para a carne suína, o pH observado
em queixadas (5,7 em pH) encontra-se acima da faixa sugerida por Ludtke et al. (2010) que descreveram valores
de pH de 5,54 ± 0,14 e 5,60 ± 0,14 como esperados para suínos submetidos ao baixo e alto estresse no manejo
pré-abate. Segundo Bridi e Silva (2009), carnes suínas com pH final superiores a 6,00 podem ser consideradas
carnes DFD (do inglês dark, firm and dry), ou seja, de cor escura, textura firme e com baixa capacidade de
retenção de água.
Pelo fato de serem animais silvestres, esses animais podem apresentar uma maior suscetibilidade ao
estresse, determinando uma depleção das reservas de glicogênio muscular e uma menor produção e acúmulo de
ácido lático após o abate. De fato, os valores encontrados neste estudo foram semelhantes aos descritos em
outros experimentos com silvestres. No trabalho realizado por Albuquerque et al. (2009) com caititus os valores de
pH encontrados no pernil variaram entre 6,2 a 6,3 após 24 horas post mortem. Já Bressan et al. (2004)
observaram que para capivaras adultas em cativeiro os valores de pH final médio foram de 6,01 no músculo L.
dorsi. No trabalho realizado por Oda et al. (2004), também com capivaras o pH final médio foi de 5,96. Este valor é
considerado acima do intervalo adequado de acidificação em carnes vermelhas, resultando em carnes menos
ácidas às 24 horas post mortem. Vários são aos fatores que podem estar relacionado ao uso destas reservas
sendo um deles o estresse sofrido pelos animais. É valido ressaltar que neste estudo os animais foram
conduzidos do criatório em Mineiros-GO por aproximadamente 700 km em um percurso de 9 horas até chegar ao
local do abatedouro em Formosa-GO, o que pode ter contribuído para os valores de pH final observados.
Com relação à CRA, o valor médio encontrado para machos e fêmeas foi de 70,30, dados que condizem
com as afirmações de Bridi e Silva (2009) de que valores de pH superiores a 6,00 resultam em maior CRA.
Entretanto, para suínos, Lopes et al. (2009) descrevem valores de 69,03 ± 6,33 para carne normal e 70,54 ± 4,75
para carne PSE (do inglês pale, soft and exudative, ou seja, carne de cor clara, de textura mole e com baixa
capacidade de retenção de água) o que contradiz as afirmações acima citadas. Já os valores encontrados para
CRA por Albuquerque et al.(2009) para catetos variaram entre 60,70 a 63,06%. Bressan et al. (2004)
demonstraram CRA de aproximadamente 76,50 % para a carne de capivara.
68
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Valores altos de CRA podem acarretar em menor vida de prateleira podendo ser definida como o maior ou
menor nível de fixação de água de composição do músculo nas cadeias de actino-miosina. No momento da
mastigação a CRA se traduz em sensação de maior ou menor suculência, podendo ser avaliada de maneira
positiva ou negativa pelo consumidor. Embora indesejável sob o ponto de vista sanitário, um pH elevado pode
trazer vantagens tecnológicas aumentando a capacidade de retenção de água da carne e permitindo a elaboração
de produtos mais nobres, como presunto cozido.
A água liberada durante a aplicação de qualquer tipo de força externa ou ao longo de um determinado
processo arrasta proteínas solúveis, vitaminas e minerais com consequente redução do valor nutritivo. Entretanto,
durante a cocção ocorrem além destas perdas algumas manifestações de desnaturação proteica, pois o
aquecimento incrementa as associações entre as moléculas de proteína. Para perdas de água por cozimento ou
cocção (PPC), os valores médios encontrados foram de 21,57 % para macho e 23,00 % para fêmeas de queixada,
inferiores aos descritos por Lopes et al. (2009) que para suínos descreveram valores de 33,26 ± 3,77 e 32,47 ±
3,49 para carnes PSE e normal, respectivamente. Bressan et al. (2004) observaram PPC variando de 31,28 a
33,60% em capivaras, valores semelhantes aos descritos por Oda et al. (2004) que variaram entre 24,93 a 33,84
% de PPC. Esses valores foram superiores, por sua vez, aos descritos por Albuquerque et al. (2009) que em pernil
de catetos observaram PPC variando de 15,1 a 22,1%, sendo estes os menores valores já relatados para esta
característica em carnes silvestres.
Tabela 1. Análise qualitativa da carcaça de queixadas (valores médios e coeficiente de variação).
Sexo*
Fêmea 1
Fêmea 2
Fêmea 3
Fêmea 4
Fêmea 5
Fêmea 6
Fêmea 7
Fêmea 8
Macho 1
Macho 2
Macho 3
Macho 4
Macho 5
Macho 6
Média das Fêmeas
Média dos Machos
Média Geral
CV (%)
pH
6,50
5,96
6,50
5,70
5,70
6,60
6,40
6,00
6,30
6,16
6,40
6,70
5,80
6,60
6,10
6,30
6,20
5.48
DP
±2,23
±0,13
±0,30
±0,06
±0,05
±0,04
±0,05
±0,08
±2,27
±0,33
±0,19
±0,04
±0,03
±0,10
±0,34
±0,34
PPC (%)
20,83
23,33
23,17
24,80
21,36
22,64
11,38
21,30
24,14
24,01
19,00
19,40
19,71
23,15
23,00
21,57
22,30
25,30
DP
±2,86
±3,98
±6,14
±2,61
±0,16
±9,04
±4,31
±0,88
±4,40
±5,41
±6,60
±10,40
±11,13
±3,95
±5,64
±5,64
CRA (%)
70,20
70,80
71,60
73,50
74,00
70,00
64,20
74,70
73,30
68,00
67,30
70,90
67,60
65,60
71,24
68,80
70,30
4,34
DP
±5,66
±4,31
±14,14
±8,29
±12,16
±4,00
±5,52
±11,55
±9,24
±5,29
±6,11
±4,45
±5,58
±3,89
±3,05
±3,05
PPC = perdas de água por cozimento, CRA = capacidade de retenção de água.
* Valores médios (análises em triplicatas), seguidos de respectivo desvio padrão.
Conclusões
Os aspectos físicos da carne de queixada (pH, perda por cozimento e capacidade de retenção de água)
não diferiram quando comparados entre sexos e foram semelhantes aos descritos para catetos e capivaras de
cativeiro, bem como comparáveis aos apresentados por suínos.
Referências
ALBUQUERQUE, N. I; CONTRERAS, C.C; ALENCAR, S; MEIRELLES, C. F; AGUIAR, A.P; MOREIRA, J. A;
PACKER, I. U. Propriedades da carne e perfil de ácidos graxos do pernil de catetos (Tayassu tajacu) alimentados
com torta de babaçu (Orbignya phalerata). Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo
Horizonte, MG, v.61, n.6, p.1419-1427, 2009.
69
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
BRESSAN, M. C; JARDIM, N. S; PEREZ, J. R. O; THOMAZINI, M; LEMOS, A. L. S. C; ODA, S. H. I; PISA, A. C.
C; VIEIRA, J. O; FARIA, P. B; FREITAS, R. T. F. Influência do sexo e faixas de peso ao abate nas características
físico-químicas da carne de capivara. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, SP, v. 24, n.3, p. 357-362,
2004.
BRIDI, A. M; SILVA, C. A. Avaliação da Carne Suína. Londrina: Midigraft, 2009, 120p.
LOPES, R.T; VARGAS JR, F. M; CALDARA, F. R; SANTIAGO, J. C; FERREIRA, V. M. O. S; GARCIA, R. G; PAZ,
I. C. L. A; FREITAS, L. W. Características físicas da carne PSE em suínos na Região da Grande Dourados - MS.
In: 3º Encontro de Extensão, 3º Encontro de Iniciação Científica e 2º Encontro de Pós-Graduação, 2009,
Dourados. 3º Encontro de Extensão, 3º Encontro de Iniciação Científica e 2º Encontro de Pós-Graduação - Ciência
no Brasil. Anais... Dourados: UFGD, 2009.
LUDTKE, C. B; SILVEIRA, E. T. F; BERTOLONI, W; ANDRADE, J. C. de; BUZELLI, M. L; BESSA, L. R; SOARES,
G. J. D. Bem-estar e qualidade de carne de suínos submetidos a diferentes técnicas de manejo pré-abate. Revista
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ODA, S. H. I; BRESSAN, M. C; MIGUEL, G. Z; VIEIRA, J. O; FARIA, P. B; SAVIAN, T. V; KABEYA, D. M. Efeito do
método de abate e do sexo sobre a qualidade da carne de capivara (Hydrochaeris hydrochaeris). Ciência e
Agrotecnologia, Lavras, MG, v. 24, p.3: 341-346, 2004.
70
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Caracterização biométrica de frutos de sucupira branca e baru
1
2
2
1
Daiane Oliveira da Silva , Sebastião Ferreira de Lima , Ana Paula Leite de Lima , Arthur Ribeiro Ximenes ,
1
Yasser Alabi Oiole
Resumo: Este trabalho objetivou caracterizar biometricamente frutos de sucupira branca Pteryx alata Vog e baru
Pterodon emarginatus Vog coletados em diferentes árvores durante o ano 2012/13 de acordo com a fenologia da
espécie. Para a caracterização biométrica de frutos foram coletados 10 frutos de cada planta marcada, totalizando
100 frutos de cada espécie. Todos os frutos tiveram suas dimensões: comprimento, largura e espessura medidos
com paquímetro digital. A massa de frutos foi determinada utilizando-se uma balança analítica com precisão de
0,001g. Para a biometria do baru a espessura dos frutos apresentou valor médio de 28,12 mm, para comprimento
a maior frequência de frutos foi encontrada na classe de 38.0 a 40,0 cm e para largura 24,3 a 27,3 cm. Para a
sucupira, a maior frequência de frutos foi encontrada na classe de 19,9 a 26,3 cm para comprimento, 8,1 a 10,5
cm para largura, 6,2 a 7,4 cm para espessura e 1,6 a 2,1 para massa fresca.
Palavra-chave: Morfometria; espécies nativas, cerrado
Biometric characterization of sucupira branca and baru fruits
Abstract: This study aimed to characterize biometrically fruits sucupira branca Pterodon emarginatus Vog and
baru Dpteryx alata Vog collected from different trees during the year 2012/13 according to the phenology of the
species. To characterize biometric fruits were collected 10 fruits of each marked plant, totaling 100 fruits of each
species. All fruits had their dimensions: length, width and thickness measured with a digital caliper. The fruit mass
was determined using an analytical balance accurate to 0.001 g. For biometrics baru the thickness of the fruits
showed a mean value of 28.12 mm, length to the higher frequency of fruit found in the class of 38.0 to 40.0 cm
wide and 24.3 to 27.3 cm. For sucupira, the highest frequency of fruits found in class 19.9 to 26.3 cm for length, 8.1
to 10.5 cm in width, 6.2 to 7.4 cm thick and 1.6 to to 2.1 for fresh mass.
Keywords: Morphometry; native species, savannah
Introdução
O reconhecimento das espécies tem grande importância para a análise de suas características de interesse.
A biometria de frutos e sementes é importante para diferenciar a intensidade de variação das espécies que se
relacionam a fatores ambientais, fornecendo importantes informações para a caracterização dos aspectos
ecológicos como o tipo de dispersão, agentes dispersores e estabelecimento das plântulas, além de permitir
avaliar o comportamento das populações quando estabelecidas em outro ambiente, principalmente em espécies
que possuem ampla distribuição geográfica e adaptação a diversos ecossistemas (RODRIGUES et al., 2006).
Para espécies arbustivas e arbóreas existe uma relação entre o tamanho das sementes e o número de
sementes por fruto conforme observado em baru (Dipteryx alata). Correa et al. (2008) verificaram que a média
geral para peso de fruto foi de 28,30 g. Para comprimento e largura foram obtidos 53,89 mm e 39,37 mm,
respectivamente. A espessura dos frutos apresentou valor médio de 28,12 mm com valor máximo de 33,20 mm e
mínimo de 22,90 mm.
O objetivo desse trabalho foi de avaliar a biometria de frutos de baru e sucupira.
Material e Métodos
O presente projeto foi desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Chapadão do Sul,
MS, utilizando material vegetal coletado de plantas na região.
2
O Município de Chapadão do Sul, com uma área de 3.851 km , está localizado na porção nordeste do
Estado de Mato Grosso do Sul e faz parte da Micro-Região Geográfica de Cassilândia. Sua sede está a uma
1
Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS,
([email protected])
2
Docentes de Engenhenharia Floresta e Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Chapadão do Sul, Caixa Postal 112,
79560-000, Chapadão do Sul, MS.
71
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
altitude de 790 m acima do nível do mar e situa-se nas seguintes coordenadas geográficas: Latitude - 18º 41’ 33"
Sul e Longitude - 52º 40’ 45” Oeste de Greenwich, distanciando da capital 330 km.
As espécies arbóreas estudadas foram: sucupira branca (Pterodon emarginatus Vog.) e baru (Dipteryx alata
Vog.). Foram marcadas 10 plantas distanciadas em pelo menos 30 m entre elas para a coleta de frutos. A coleta
de frutos ocorreu durante o ano 2012/13 de acordo com a fenologia da espécie.
Para a caracterização biométrica de frutos foram coletados 10 frutos de cada planta marcada, totalizando
100 frutos de cada espécie. Todos os frutos tiveram suas dimensões: comprimento, largura e espessura medidos
com paquímetro digital. A massa de frutos foi determinada utilizando-se uma balança analítica com precisão de
0,001g.
Os dados de biometria das espécies foram representados graficamente em histogramas de classes de
frequência para cada variável.
Resultados e Discussão
Na Figura 1 está representada a biometria de frutos de baru para comprimento, largura, espessura e massa
fresca de frutos. O comprimento do fruto variou de 34,0 a 44,0 mm, a largura de 31,25 a 39,68 mm, a espessura
de 21,24 a 36,32 mm e a massa de 12,25 a 25,98 g. A espessura dos frutos apresentou valor médio de 28,12 mm
com valor máximo de 33,20 mm e mínimo de 22,90 mm. A maior frequência de frutos foi encontrada na classe de
38,0 a 40,0 cm para comprimento, 32,9 a 34,6 cm para largura, 24,3 a 27,3 cm para espessura e 12,2 a 15,0 g
para massa fresca. A característica de massa fresca foi a que apresentou a maior variação para a amplitude de
frutos com 112,1%.
Figura 1. Características biométricas de fruto de baru.
72
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
A Figura 2 apresenta a biometria de frutos de sucupira em relação ao comprimento, largura, espessura e
massa fresca. O comprimento do fruto variou de 13,40 a 45,69 mm, a largura de 8,11 a 20,10 cm, a espessura de
2,76 a 8,57 cm e a massa de 0,57 a 3,07 g.
A maior frequência de frutos foi encontrada na classe de 19,9 a 26,3 cm para comprimento, 8,1 a 10,5 cm
para largura, 6,2 a 7,4 cm para espessura e 1,6 a 2,1 para massa fresca. A característica de massa fresca foi a
que apresentou a maior variação para a amplitude de frutos com 538%.
Figura 2. Características biométricas de frutos de sucupira.
Conclusões
A biometria de frutos de baru e sucupira indica grande variação nas características morfométricas dentro
das espécies.
Referências
CORRÊA, G. M. et al. Determinações físicas em frutos e sementes de baru (Dipteryx alata Vog.), cajuzinho
(Anacardium othonianum Rizz.) e pequi (Caryocar brasiliense Camb.), visando melhoramento genético.
Bioscience Journal, Uberlândia, v. 24, n. 4, p. 42-47, 2008.
RODRIGUES, A. C. da C.; OSUNA, J. T. A.; QUEIROZ, S. R. de O. D.; RIOS, A. P. S. Biometria de frutos e
sementes e grau de umidade de sementes de angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan var. cebil (Griseb.)
Altschul) procedentes de duas áreas distintas. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal, Garça,
ano 4, n. 8, p. 1-15, 2006.
73
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Caracterização biométrica de frutos e sementes de barbatimão
1
2
2
Arlindo Ananias Pereira da Silva , Ana Paula Leite de Lima , Sebastião Ferreira de Lima , Arthur Ribeiro
1
1
Ximenes , Igor Erickson Tosta Maia
Resumo: O barbatimão (Stryphnodendron adstringens), pertencente a família Fabaceae-Mimosoidae é uma
espécie arbórea com grande potencial de utilização. O conhecimento da biometria de frutos e sementes é
importante para diferenciar a intensidade de variação das espécies da mesma região que se relaciona com os
diversos fatores ambientas desse ambiente. O objetivo desse trabalho foi de avaliar as características biométricas
de frutos e sementes de barbatimão. O trabalho foi desenvolvido no campus da Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul, em Chapadão do Sul, MS utilizando o material vegetal coletado de plantas locais. Foi avaliada a
espécie arbórea do barbatimão onde foram marcadas 10 plantas distanciadas em pelo menos 30 metros entre
elas para a coleta de frutos e sementes. A biometria foi realizada em 100 frutos e 100 sementes. Os resultados
permitiram identificar grande variação nas características morfométricas dentro das espécies.
Palavras-chave: Morfometria, Recuperação de áreas degradadas, espécies nativas.
Biometric characterization fruits and seeds barbatimão
Abstract: Barbatimão (Stryphnodendron adstringens) belonging to the family Fabaceae-Mimosoidae is an arboreal
species with great potential for use. Knowledge of the fruits and seeds of biometrics is important to differentiate the
intensity variation of species in the same region as it relates to the various factors ambientas that environment. The
aim of this study was to evaluate the biometric characteristics of fruits and seeds barbatimão. The study was
conducted on the campus of the Federal University of Mato Grosso do Sul, in Chapadão South MS using plant
material collected from local plants. We evaluated the tree species of which were marked barbatimão 10 plants
spaced at least 30 meters between them to collect fruits and seeds. Biometrics was performed in 100 and 100 fruit
seeds. The results showed a wide variation in morphometric characteristics within species.
Keywords: Morphometry, recovery of degraded areas, native species.
Introdução
A intensidade de variação das espécies é medida pela biometria de frutos e sementes, geralmente
relacionado as condições climáticas do local, e a partir dessas informações, pode-se caracterizar os aspectos
ecológicos como o tipo de dispersão, agentes dispersores e estabelecimento das plântulas. Também permite a
comparação quando a planta é submetida a diferentes ambientes, principalmente em espécies que possuem
ampla distribuição geográfica e boa relação adaptativa a ecossistemas (RODRIGUES et al., 2006). Além disso, a
biometria de frutos e sementes é muito importante quando é necessário conhecer as estruturas reprodutivas para
estimar o potencial produtivo e compostos residuais, considerando as condições ambientais.
Estudos da biometria, tanto da semente quanto do fruto, constituem uma ferramenta importante na
identificação da variabilidade genética dentro de populações de uma mesma espécie considerando os fatores
ambientais, podendo assim, ser utilizado em programas de melhoramento genético (CARVALHO et al. 2003).
A biometria de sementes e frutos também ajuda na aquisição de informações sobre a conservação e
exploração da espécie, assim possibilitando um melhor desempenho da planta, A biometria é uma ferramenta
fundamental para subsidiar programas de reflorestamento e recuperação de APPs.
Este trabalho teve como objetivo avaliar as características biométricas de frutos e sementes do barbatimão.
Material e Métodos
O presente projeto foi desenvolvido na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em Chapadão do
Sul, MS, utilizando material vegetal coletado de plantas do cerrado local.
1
Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS ([email protected]
2
Docente de Engenharia Florestal e Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul,
MS.
74
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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2
O Município de Chapadão do Sul, com uma área de 3.851 km , está localizado na porção nordeste do
Estado de Mato Grosso do Sul e faz parte da Micro-Região Geográfica de Cassilândia. Sua sede está a uma
altitude de 790 m acima do nível do mar e situa-se nas seguintes coordenadas geográficas: Latitude - 18º 41’ 33"
Sul e Longitude - 52º 40’ 45” Oeste de Greenwich, distanciando da capital 330 km.
A cobertura vegetal original do Município é de cerrados e campos limpos e a classe de solo predominante
é o Latossolo Vermelho distrófico. O clima é, segundo Köppen, do tipo tropical úmido (Aw), com estação chuvosa
no verão e seca no inverno e precipitação média anual de 1.850 mm. A temperatura média anual varia de 13ºC a
28ºC.
A espécie estudada foi o barbatimão (Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville). Foram marcadas 10
plantas distanciadas em pelo menos 30 m entre elas para a coleta de frutos e sementes. A coleta de frutos
ocorreu durante o ano 2012/13
Para a caracterização biométrica de frutos foram coletados 10 frutos com sementes de cada planta
marcada, totalizando 100 frutos. Desse total de frutos foram obtidas aleatoriamente 100 sementes para a
determinação biométrica de sementes. Todos os frutos e sementes tiveram suas dimensões: comprimento, largura
e espessura medidos com paquímetro digital. A massa de frutos e sementes foi determinada utilizando-se uma
balança analítica com precisão de 0,001g. Para o comprimento dos frutos, sem o pedúnculo, foi utilizado um
paquímetro digital, também foi avaliado o número de perfurações causadas por insetos, em frutos e sementes.
Os dados de biometria foram representados graficamente em histogramas de classes de frequência.
Resultados e Discussão
A Figura 1 apresenta a biometria de frutos de barbatimão em relação ao comprimento, largura, espessura
e massa fresca de frutos. O comprimento do fruto variou de 51,2 a 82,3 mm, a largura de 12,4 a 19,2 mm, a
espessura de 11,2 a 19,6 mm e a massa de 7,2 a 18,2 g. Teixeira et al. (2012) encontraram valores muito
próximos também para frutos de barbatimão, sendo a variação de comprimento de 6,00 a 10,00 cm, a largura de
1,04 a 1,46 cm, a espessura de 1,02 a 1,86 cm e a massa de fruto foi de 5,00 a 14,25 g.
Figura 1. Características biométricas de fruto de barbatimão
75
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
A maior frequência de frutos foi encontrada na classe de 63,6 a 69,9 cm para comprimento, 13,7 a 15,1 e
17,8 a 19,2 cm para largura, 12,9 a 14,6 cm para espessura e 13,8 a 16,1 g para massa fresca.
O barbatimão apresentou 26% de seus frutos danificados, com perfurações, sendo a média de 2,2 furos
por fruto danificado. O valor máximo de perfurações por fruto foi de 5. A característica de massa fresca foi a que
apresentou a maior variação para a amplitude de frutos com 151,7%.
A Figura 2 apresenta a biometria de sementes de barbatimão em relação ao comprimento, largura,
espessura e massa fresca. O comprimento da semente variou de 6,03 a 8,65 mm, a largura de 3,45 a 6,58 mm, a
espessura de 3,01 a 4,77 mm e a massa de 0,37 a 1,69 g. Teixeira et al. (2012) encontrou valores mais distintos
para sementes de barbatimão, sendo a variação de comprimento de 0,50 a 0,99 cm, a largura de 0,3 a 1,0 cm, a
espessura de 0,13 a 0,50 cm e a massa de fruto foi de 0,65 a 2,03 g.
A maior frequência de sementes foi encontrada na classe de 7,1 a 7,6 mm para comprimento, 4,7 a 5,3 cm
para largura, 3,0 a 3,4 e 4,1 a 4,4 cm para espessura e 0,37 a 0,63 g para massa fresca.
O barbatimão apresentou 79,8% de suas sementes danificadas. Esse valor foi bem superior ao verificado
por Teixeira et al. (2012), que encontrou em média 32% de suas sementes danificadas. A característica de massa
fresca foi a que apresentou a maior variação para a amplitude de frutos com 455%.
Essa espécie apresenta grande produção de frutos e sementes, isso contribui para a sobrevivência da
espécie no ambiente, mesmo com alto índice de predação. Esse fato também pode contribuir na produção de
mudas visando projetos de recuperação de áreas degradadas ou a exploração de seus frutos e sementes para
outras finalidades, como a produção de óleo.
Figura 2. Características biométricas de semente de barbatimão
76
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Conclusões
A biometria de frutos e sementes de espécies nativas indica grande variação nas características
morfométricas dentro das espécies.
Referências
CARVALHO, J. E. U.; NAZARÉ, R.F.R.; OLIVEIRA, W. M. Características físicas e físico-quimicas de um tipo de
bacuri (Platonia insignis Mart.) com rendimento industrial superior. Revista Brasileira de Fruticultura. Cruz das
Almas, v. 25, p. 326-328, 2003.
RODRIGUES, A. C. da C.; OSUNA, J. T. A.; QUEIROZ, S. R. de O. D.; RIOS, A. P. S. Biometria de frutos e
sementes e grau de umidade de sementes de angico (Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Var. cebil (Griseb.)
Altschul) procedentes de duas áreas distintas. Revista Científica Eletrônica de Engenharia Florestal, Garça,
ano 4, n. 8, p. 1-15, 2006
TEIXEIRA, E. C.; LIMA, S. F.; LIMA, A. P. L.; SANTOS, M. A.; VALDEZ, L. C. C.; OIOLE, Y. A. Biometria de frutos
e sementes de barbatimão Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (Leguminosae-Mimosoideae). In:
Simpósio Internacional de Botânica Aplicada, 2012, Lavras. I Sinbot. Lavras: UFLA, 2012. p. 1-1
77
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Caracterização morfológica de exemplares de equinos da raça quarto de milha utilizadas
no laço comprido
1
2
Marcos Paulo Gonçalves de Rezende , Urbano Gomes Pinto Abreu , Geovane Gonçalves Ramires
3
Resumo: Objetivou-se realizar a caracterização morfológica de exemplares de equinos da raça Quarto de Milha
utilizados no Laço Comprido. Foram amostrados 69 equinos (54 fêmeas e 15 machos) com idade adulta, utilizados
em provas realizadas em Miranda e São José do Camisão - Aquidauana, sub-regiões do Pantanal do MS. Com
auxílio de fita métrica, mensuraram-se: perímetros: torácico, canela, joelho e antebraço; largura: peito, garupa,
cabeça e ísquio; tamanho: orelha; alturas: cernelha, codilho ao solo, garupa, joelho e dorso lombar; comprimentos:
quartela torácica, perna, canela pélvica, canela torácica, garupa, pescoço, cabeça, corporal, espádua, dorso e
antebraço; longitude: rosto; distâncias: escápula boleto e tórax abdômen. Com base nas medidas, estimaram-se
os índices de conformação: relação cernelha garupa, corporal, dáctilo torácico, peso e carga na canela. O estudo
da variação das pelagens baseou-se a partir da simples contagem das ocorrências do fenômeno, entre os
eqüinos. Analisou-se possível efeito do dimorfismo sexual sobre as características morfométricas e conformação.
Para interpretação das pelagens, a análise estatística foi realizada em função da distribuição de freqüências. Não
houve diferenças significativas (P<0,05) em nenhuma das características entre machos e fêmeas. Os eqüinos
foram classificados como cavalos de médio porte, aptidões intermediárias para força e velocidade, com bom
equilíbrio entre os membros locomotores, aptidões intermediárias para uso em sela ou tração e com boa
capacidade dos membros locomotores deslocarem toda a massa corporal. Observou maior predominância da
pelagem alazã (52,17%), seguida da castanha (18,84%) e baia (8,69%), ao passo que as pelagens lobuna
(1,44%), zaina (4,34%) obtiveram menor representabilidade.
Palavras–chave: conformação, Eqqus Caballus, esporte equestre, fenótipo.
Morphological characterization of equine exemplary of breed Quarter Horse used in Long Bow
Abstract: The objective is to characterize morphological copies of Equine Quarter Horse used in the Long Bow.
We sampled 69 horses (54 females and 15 males) aged adult, used in tests carried out in Miranda and St. Jose do
Camisão-Aquidauana, sub-regions of the Pantanal MS. With the help of measuring tape, measured up: perimeters:
chest, shin, knee and forearm width: chest, hip, head and rump, size: ear; heights withers codilho the ground, hip,
knee and back Lumbar lengths : pastern chest, leg, pelvic cinnamon, cinnamon chest, hip, neck, head, body,
shoulder, back and forearm; longitude: face; distances: Billet scapula and chest abdomen. Based on the
measurements, it was estimated the rates of conformation: relationship withers croup, body, dactyl chest, weight
and load on the shin. The study of the variation of the pelts was based from simple counting of occurrences of the
phenomenon, among horses. We analyzed the possible effect of sexual dimorphism on the morphometric
characteristics and conformation. For interpretation of coats, statistical analysis was performed according to the
frequency distribution. No significant differences (P<0.05) in any of the characteristics between males and females.
The horses were classified as medium-sized horses, intermediate skills for strength and speed, with good balance
between members locomotor skills intermediate for use in saddle or with good traction and ability of members
locomotor move entire body mass. Predominance of the coat observed alazã (52.17%), followed chestnut (18.84%)
and pen (8.69%), while the coats wolfish (1.44%) zaina (4.34%) had lower representability.
Keywords: conformation, Equus Caballus, equestrian sport, phenotype.
Introdução
As provas de Laço Comprido representam uma tradição para o Mato Grosso do Sul, estado esse que tem
sua base econômica voltada ao agronegócio, principalmente a pecuária de bovino de corte. Frente ao exposto,
aumentou-se o interesse pelo melhoramento genético dos equinos, por meio da seleção de animais com perfil
morfométrico e conformação de acordo com as exigências de cada atividade em que este irá ser utilizado.
1
Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79320-900, Campo Grande, MS
([email protected])
2
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Graduando em Zootecnia, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal, 67, 79200-000, Aquidauana, MS
([email protected])
78
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Pesquisas específicas realizadas com animais utilizados em esporte equestre veem sendo realizadas por
diversos pesquisadores no Brasil, devido à grande importância dessas modalidades tanto socialmente como
culturalmente. Entre essas podem ser citados estudos com equinos de Vaquejada no Rio Grande do Norte
(PIMENTEL et al., 2011), equinos utilizados em provas de Hipismo (GODOI et al., 2013), avaliação do equilíbrio do
cavalo Quarto de Milha de prova de Três Tambores (DONOFRE et al., 2011) e caracterização morfológica de
equinos competidores em provas de Freio de Ouro (SOUZA et al., 2011).
Para Godoi et al. (2013) a avaliação morfométrica é essencial e muito utilizada para a escolha de equinos,
especialmente para atividades esportivas. Analisando toda a cinemática dos equinos utilizados em provas de Laço
Comprido, e considerando a biomecânica, a locomoção do equino envolve movimentos de todo o corpo e de
segmentos dos membros em um ritmo e padrões automáticos que definem as combinações de coordenação entre
os membros. Nesse ínterim objetivou-se caracterizar a morfologia de equinos Quarto de Milha utilizado em provas
de Laço Comprido, MS.
Material e Métodos
Para coleta das informações, foram amostrados 69 equinos da raça Quarto de Milha (54 fêmeas e 15
machos) com idade adulta, utilizados em provas de Laço Comprido em provas realizadas no município de Miranda
e no Distrito de São José do Camisão - Aquidauana, sub-regiões do Pantanal do MS. Com auxílio de fita métrica e
hipômetro, mensuraram-se os equinos sempre do lado esquerdo do corpo posicionado com menos irregularidade
possível em relação ao solo.
Com base nas metodologias descritas por Parés i Casanova (2010), foram aferidas as seguintes medidas
lineares: perímetro: torácico, canela, joelho e antebraço; largura: peito, garupa, cabeça e ísquio; tamanho: orelha;
altura: cernelha, codilho ao solo, garupa, joelho e dorso lombar; comprimento: quartela torácica, perna, canela
pélvica, canela torácica, garupa, pescoço, cabeça, corporal, espádua, dorso e antebraço; longitude: rosto;
distância: escápula boleto e tórax abdômen.
Com base nessas medidas, estimou-se 5 índices de conformação de acordo com as metodologias descritas
na literatura (PARÉS i CASANOVA, 2010).
Relação altura de cernelha e garupa: altura da cernelha dividida pela altura da garupa.
Índice dáctilo torácico: relação entre o perímetro da canela e o do tórax.
Peso corporal: perímetro torácico elevado ao cubo multiplicado pela constante 80.
Índice corporal: relação entre o comprimento do corpo e o perímetro torácico.
Índice de carga na canela: relaciona o perímetro da canela com o peso e indica a capacidade dos membros de
deslocar a massa corporal.
O estudo da variação das pelagens baseou-se a partir da simples contagem das ocorrências do fenômeno,
entre os eqüinos participantes das provas de Laço Comprido.
Para tratamento estatístico dos dados, utilizou-se o programa Bioestat 5.3. Para análise morfométricas e
rconformação dos equinos, realizou-se análise estatística descritiva (médias, medianas, coeficiente de variação CV, etc.), sendo as estimativas realizada pelo método dos quadrados mínimos, e ANOVA para verificar possível
efeito do dimorfismo sexual sobre as características. Para interpretação das pelagens, a análise estatística foi
realizada em função da distribuição de freqüências.
Resultados e Discussão
Analisando a tabela 1, nota-se que não houve diferenças significativas (P<0,05) em nenhuma das
características morfométricas ou conformação por decorrência do dimorfismo sexual. Apenas as características de
largura de peito (CV = 10,49%), largura de ísquio (CV: 10,32%), circunferência de canela pélvica (CV: 19,41%),
circunferência de canela torácica (CV: 13,80%), longitude do rosto (CV: 11,34%), peso (CV: 14,91%) e índice de
carga na canela (CV: 11,68%) apresentaram coeficiente de variação superior a 10%.
Os valores médios das medidas morfométricas dos equinos apresentam satisfatório para a raça Quarto de
Milha, apresentando boa largura de peito e largura, altura e comprimento de posterior, o que torna o animal mais
habilitado a atividades que exijam explosão. Verificou-se menor comprimento do dorso em relação ao
comprimento de tórax abdômen, sendo esse modelo ideal para tornar as passadas mais longas dos equinos, o
que garante menos gasto de energia pelo animal. Observou-se bons valores médios de perímetros de canela,
joelho e braço, o que garante boa sustentação dos membros locomotores do animal. Todos os fatores citados
79
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
acima em conjunto, se tornam importante para um equino utilizado em provas de Laço Comprido, em vista que os
mesmos correspondem as exigências de um modelo corporal necessário para essa prática de esporte equestre.
De acordo com os índices de conformação, os equinos foram classificados como eumétricos (cavalos de
médio porte), mediolíneo (aptidões intermediária para força e velocidade), apresentando equilíbrio entre os
membros locomotores, com aptidões intermediárias para uso em sela ou tração e com boa capacidade dos
membros locomotores de deslocar toda a massa corporal.
Observa-se analisando a tabela 2, maior predominância da pelagem alazã (52,17%), seguida da castanha
(18,84%) e baia (8,69%), ao passo que as pelagens lobuna (1,44%), zaina (4,34%) obtiveram menor
representabilidade. Esses resultados apresentam consonância com a freqüência de distribuição de pelagens
registradas de 1995 a 2008 na Associação Brasileira do Quarto de Milha (ABQM) do total de produtos e por sexo,
onde as pelagens alazãs e castanhas representaram 53,20% e 24,30% respectivamente em relação as demais, e
para os machos registrados 53,40% eram alazões e 24,40% castanhos, enquanto as fêmeas 53% alazãs e
24,30% castanhas.
De acordo com Gonçalves et al. (2008), embora a pelagem alazã tenha predominado e ainda predomina no
plantel da raça Quarto de Milha, as pelagens tordilho, baio, baio amarilho vem ganhando espaço entre os
criadores da mesma, especialmente nas últimas décadas. Vale ressaltar que o tipo da pelagem não apresenta
influência no desempenho dos animais no Laço Comprido, todavia dependendo do tipo da pelagem, a mesma
pode influenciar no valor comercial do animal.
Tabela 1. Sumário da análise de variância considerando o dimorfismo sexual dos eqüinos da raça Quarto
de Milha utilizados no Laço Comprido.
S
Mín.
Máx.
Méd.
S
E.P.
CV
Mín.
Máx.
Méd.
S
E.P.
CV
Mín.
Máx.
Méd.
S
E.P.
CV
PT
ns
158,00
197,00
175,26
73,51
1,03
4,89%
AG
ns
90,00
160,00
146,99
90,59
1,14
6,48%
CE
ns
44,00
64,00
53,59
14,42
0,45
7,09%
PC
ns
16,00
22,00
19,60
1,09
0,12
5,34%
AJ
ns
35,00
53,00
44,66
7,57
0,33
6,16%
CAB
ns
27,00
48,00
38,15
11,09
0,40
8,73%
PJ
ns
27,00
36,00
30,14
2,62
0,19
5,38%
ADL
ns
73,00
152,00
141,16
110,32
1,26
7,44%
LR
ns
27,00
47,00
35,89
16,59
0,48
11,34%
PAB
ns
30,00
58,00
49,29
23,42
0,58
9,82%
CQT
ns
17,00
25,00
21,23
3,12
0,21
8,32%
DEB
ns
70,00
110,00
92,52
35,01
0,71
6,40%
LP
ns
30,00
46,00
37,23
15,23
0,47
10,49%
CP
ns
60,00
92,00
81,16
26,82
0,62
6,38%
DTA
ns
54,00
85,00
71,48
35,24
0,71
8,31%
LG
ns
45,00
61,00
53,07
12,98
0,43
6,79%
CCP
ns
18,00
40,00
25,88
25,25
0,60
19,41%
CD
ns
34,00
64,00
51,68
23,99
0,61
9,48%
LCAB
ns
18,00
26,00
20,90
2,21
0,17
7,12%
CCT
ns
16,00
32,00
21,60
8,88
0,35
13,80%
RCG
ns
0,94
1,72
1,013
0,0085
0,0111
9,08%
LI
ns
30,00
48,00
39,69
16,77
0,49
10,32%
CG
ns
38,00
61,00
53,47
19,40
0,53
8,24%
IDT
ns
0,1
0,12
0,11
0,00
0,00
5,01%
TO
ns
10,50
20,00
17,89
2,69
0,19
9,18%
CPE
ns
48,00
74,00
55,18
22,83
0,57
8,66%
P
ns
315,54
611,63
433,73
4183,96
7,78
14,91%
AC
ns
126,00
159,00
148,13
31,35
0,67
3,78%
CCAB
ns
47,00
70,00
61,26
14,40
0,45
6,19%
IC
ns
0,77
0,97
0,86
0,00
0,00
4,60%
ACS
ns
57,00
99,00
83,95
45,39
0,81
8,03%
CC
ns
123,00
165,00
151,19
51,21
0,86
4,73%
ICC
ns
3,59
6,02
4,59
0,28
0,06
11,68%
*P<0,05, **P<0,01, ***P<0,001, ns: não significativo; Mín.: mínimo; Máx. máximo; Méd. média; S: variância; EP.: erro padrão; CV: coeficiente
de variação; PT: perímetro torácico; PC: perímetro de canela; PJ: perímetro de joelho; PAB: perímetro de antebraço; LP: largura de peito; LG:
largura de garupa; LCAB: largura de cabeça; LI: largura de ísquio; TO: tamanho de orelha; AC: altura de cernelha; ACS: altura de codilho ao
solo; AG: altura de garupa; AJ: altura de joelho; ADL: altura dorso lombar; CDT: comprimento quartela torácica; CP: comprimento perna; CCP:
comprimento de canela pélvica; CCT: comprimento de canela torácica; CG: comprimento de garupa; CPE: comprimento de pescoço; CCAB:
comprimento de cabeça; CC: comprimento corporal; CE: comprimento de espádua; CAB: comprimento de antebraço; LR: longitude do rosto;
DEB: distância escápula boleto; DTA: distância tórax abdômen; CD: comprimento de dorso; RCG: relação cernelha garupa; IDT: índice dáctilo
torácico; P: peso estimado; IC: índice corporal; ICC: índice de carga na canela.
80
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 2. Frequência de pelagens em exemplares de equinos Quarto de Milha utilizados em provas de Laço
Comprido.
Pelagem
Número
% Total
% Machos
% Fêmeas
Alazã
36
52,17
46,66
53,70
Baia
6
8,69
13,33
7,40
13
18,84
13,33
20,37
Lobuna
1
1,44
0,00
1,85
Rosilha
5
7,24
13,33
5,55
Tordilha
5
7,24
6,66
7,40
Zaina
3
4,34
6,66
3,70
Castanha
Conclusões
Os exemplares de equinos utilizados em provas de Laço Comprido, realizadas em duas etapas em subregiões do Pantanal do MS (Miranda e São José do Camisão - Aquidauana), apresentam características
morfológicas de equinos de médio porte, com aptidões intermediárias tanto para força e velocidade, como para
uso em sela ou tração; e considerando as exigências necessárias de aptidões de equinos utilizados em provas de
Laço, os animais Quarto de Milha apresentaram padrão corporal compatível, apresentando ainda, a pelagem
Alazã como predominante.
Referências
DONOFRE, A.C.; PUOLI FILHO, J.N.P.; MOTA, M.D.S. Avaliação do equilíbrio de cavalos da raça quarto de
Milha na modalidade de três tambores por meio de comparação de medidas lineares corporais [Iniciação
cientifica]. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ). Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Campus de Botucatu. Botucatu, SP, Brasil, 2011.
GODOI, F.N.; BERGMANN, J.A.G.; ALMEIDA, F.Q.; SANTOS, D.C.C.; MIRANDA, A.L.S.; VASCONCELOS, F.O.;
OLIVEIRA, J.E.G.; KAIPPER, R.R.; ANDRADE, A.M. Morfologia de potros da raça Brasileiro de Hipismo. Ciência
Rural, Santa Maria, v.43, n.4, p.1-10, 2013.
GONÇALVES, V.F.; MOTA, M.D.S.; XAVIER, M.A.; FIGUEIREDO, L.G.G.; PUOLI FILHO, J.N.P. Caracterização
das pelagens do Cavalo Quarto de Milha. Disponível em: <http://prope.unesp.br/xxi_cic/27_36820284802.pdf>.
Acesso em: 03 de out. de 2013.
PARÉS I CASANOVA, M.P. Relación entre variables morfométricas en canales de la raza equina “Cavall pirinenc
català”. Revista Electrónica de Veterinaria, v.11, n.11, p.1695-7504, 2010.
PIMENTEL, M.L.; CAMARA, F.V.; DANTAS, R.A.; FREITAS, Y.B.; DIA, R.G.; SOUZA, M.V. Biometria de equinos
de vaquejada no Rio Grande do Norte, Brasil. Acta Veterinaria Brasilica, Mossoró, v. 4, n.4, p.376-379, 2011.
SOUZA, J.R.M.; FLÓRIO, G.M.; DODE, M.E.B.D.; PIMENTEL, A.M.H.; MOREIRA, H.L.M.; MARTINS, C.F.
Características morfológicas em relação a idade de equinos competidores de freio de ouro. In: Anais do 21º
Congresso de Iniciação Cientifica da Universidade de Pelotas, 21. 2011, Pelotas, RS. Anais... Universidade
Federal de Pelotas; 2011. p.1-4.
81
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Carbono orgânico total em Latossolo Vermelho distroférrico sob sistemas de manejo em
Dourados, MS1
2
3
Ricelly Aline Camargo de Sousa , Daniela Lopo , Marina Kleinsorge Daibert
4
Resumo: Distintos sistemas de manejo corroboram com modificações nas características do solo, com efeito
sobre a matéria orgânica do solo (MOS), capaz de alterá-la de forma benéfica (acúmulo de carbono) ou prejudicial
(perda de carbono). O objetivo do presente trabalho foi avaliar a capacidade de sistemas de manejo alterar a
quantidade de MOS através da avaliação dos teores de carbono orgânico total (COT). Para estudar o efeito do
manejo agrícola, quantificaram-se os teores de COT do solo em um experimento de longa duração, localizado em
Dourados, MS, em Latossolo Vermelho argiloso distroférrico sob sistemas de manejo. Os sistemas de manejo
avaliados foram: 1) preparo convencional (PC); 2) sistema plantio direto (SPD); 3) integração lavoura-pecuária
(ILP) e 4) pastagem permanente (PP). Coletaram-se amostras nas áreas descritas, na profundidade de 0 a 10 cm,
em uma grade de pontos georreferenciados. Os teores de carbono foram determinados por métodos de
®
combustão seca em analisador Shimadzu . Os dados foram submetidos à análise de variância, aplicando-se o
teste F, e para comparação entre as médias usou-se o teste de Tukey-Kramer HSD a 1%. Os sistemas de manejo
contendo pastagens, de forma isolada ou em rotação com lavouras, apresentaram os maiores teores de COT (teor
-1
máximo de 23,5 g kg em solo sob PP). Os distintos sistemas de manejo avaliados evidenciaram a importância da
utilização da pastagem (Urochloa decumbens) nos sistemas de cultivo, e a importância, portanto, da rotação
lavoura-pecuária em plantio direto no sistema de produção agropecuária.
Palavras–chave: matéria orgânica do solo, plantio direto, Urochloa decumbens.
1
Total organic carbon in Oxisol under tillage systems in Dourados, MS
Abstract: Different management systems corroborate changes in the characteristics of the soil, the effect on the
soil organic matter (MOS), able to change it in a beneficial way (carbon accumulation) or harmful (carbon loss). The
objective of this study was to evaluate the ability of management systems change the amount of MOS by
evaluating the levels of total organic carbon (COT). To study the effect of agricultural management, were quantified
to COT soil in a long-term experiment, located in Dourados, MS in dystrophic Oxisol under management systems.
The management systems were evaluated: 1) conventional tillage (PC), 2) no-tillage system (SPD), 3) croplivestock integration (ILP) and 4) permanent pasture (PP). Samples were collected in the areas described in depth
0-10 cm in a grid of georeferenced points. The carbon contents were determined by dry combustion methods
®
Shimadzu analyzer. Data were subjected to analysis of variance, applying the F test, and comparisons between
the means used the Tukey-Kramer HSD 1%. Management systems containing pasture, alone or in rotation with
-1
crops showed the highest COT (maximum of 23,5 g kg in soil under PP). The different management systems
evaluated showed the importance of pasture utilization (Urochloa decumbens) in cropping systems, and the
importance, therefore, the rotation of crops and livestock in no-tillage system in agricultural production.
Keywords: matter organic soil, no-tillage, Urochloa decumbens.
Introdução
A agropecuária brasileira constituiu-se, ao longo da história, numa atividade fundamental e de grande
importância no cenário socioeconômico do País; no entanto, esta inquestionável relevância da agropecuária e os
resultados expressivos atingidos escondem a grande amplitude de índices de produtividade obtidos no campo,
pois há sistemas produtivos obtendo elevados rendimentos e, em outro extremo, encontram-se valores de
rendimentos e coeficientes técnicos muito baixos (Salton e Carvalho, 2007).
Neste contexto, muito vem sendo discutido sobre as formas de produção e os possíveis danos ambientais
decorrentes das atividades agrícolas, pois há inúmeras maneiras de utilizar o recurso solo, os quais podem
contemplar desde o uso de uma cadeia produtiva com técnicas precárias a métodos com o emprego de
1
Parte do banco de dados do setor de Arborização urbana do município de Corumbá, MS, financiado pela Prefeitura Municipal de Corumbá
Engenheira Agrônoma, Mestre em Produção Vegetal, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, CEP79320-208, Corumbá, MS
([email protected])
3
Bióloga, Especialista em Educação Ambiental, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, 79303-220, Corumbá, MS ([email protected])
4
Bióloga, Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, 79300-040, Corumbá, MS ([email protected])
2
82
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
tecnologias adequadas ao ambiente, maneira pela qual o processo produtivo pode atingir seus objetivos, sem,
contudo resultar em danos irreversíveis ao solo e ao meio ambiente.
Do ponto de vista edáfico, as alterações no uso da terra tem estreita relação com a matéria orgânica do solo
(MOS) (MAFRA et al., 2008), estudando-se, nesta, o teor de carbono orgânico total (COT), que é uma propriedade
sensível as alterações no uso do solo e importante nos estudos de impacto do manejo sobre o solo; portanto, útil
na identificação das formas de manejo mais sustentáveis.
De acordo com o exposto, o objetivo deste trabalho foi estudar o carbono orgânico total da matéria orgânica
em um Latossolo Vermelho distroférrico sob diferentes sistemas de manejo.
Material e Métodos
O experimento foi implantado em 1995, ocupando área de 28 ha de um Latossolo Vermelho distroférrico
típico, caulinítico, no campo experimental da Embrapa Agropecuária Oeste, no Município de Dourados, MS,
coordenadas 22°16' S e 54°48' W. Este local encontr a-se em uma faixa de transição entre os biomas Cerrado e
Mata Atlântica, sendo o clima desta região classificado como Cwa (clima mesotérmico úmido, verões quentes e
-1
invernos secos). O solo possui teor médio de argila de 650 g kg . Antes da implantação do experimento, a área foi
utilizada para o cultivo de grãos com preparo convencional do solo, desde a década de 1970 (SALTON et al.,
2005).
Neste experimento de longa duração, conduzem-se quatro formas de produção, sob diferentes sistemas de
manejo e históricos de uso conhecidos (com sequência de cultivos descrita na Figura 1), apresentados abaixo: a)
PC: Lavoura sob preparo convencional, com monocultivo de soja no verão e aveia no outono/ inverno, com
preparo do solo, utilizando grades de discos (pesada+niveladora), em gleba de 2 ha; b) SPD: Lavoura sob sistema
plantio direto, em uma área de 6 ha, subdividida em três partes de 2 ha, de modo a suportar sistema de rotação de
culturas, no qual durante o verão, 2/3 da área é ocupada com soja e 1/3 com milho. Durante o outono-inverno e
primavera são semeadas as culturas de trigo, aveia e nabo para produção de palha e grãos; c) ILP: Rotação de
lavoura com pastagem, mantendo-se a alternância de lavoura (soja/aveia) com pastagem (Urochloa decumbens),
conduzida em plantio direto, com ciclos de dois anos. Cada gleba (subparcela) ocupa 4 ha, totalizando 8 ha,
sendo a pastagem submetida ao pastejo por novilhas, com lotação ajustada de forma a manter a oferta de
forragem constante, em torno de 7% (7 kg de massa seca de forragem para 100 kg de peso vivo por dia). A
adubação foi realizada apenas nas culturas anteriores às pastagens, não se utilizando adubos ou corretivos na
implantação e manutenção das mesmas; e d) PP: Pastagem contínua com Urochloa decumbens, em 4 ha,
manejada em pastoreio rotativo, com a lotação ajustada de forma a manter a oferta de forragem constante, em
torno de 7%; a implantação, deste sistema ocorreu em novembro de 1995 e não houve a utilização de adubos ou
corretivos.
Os sistemas de manejo com parcelas subdivididas, onde havia uma sequência e/ ou alternância para o
cultivo, dentro do próprio sistema, como o observado em SPD (área dividida em três glebas) e ILP (área dividida
em duas glebas) foram consideradas como sistemas únicos, já que as sequências se repetem no tempo. Portanto,
os tratamentos foram fundidos, e o SPDa, SPDb e SPDc foram considerados o tratamento SPD, e o ILPa e ILPb
foram considerados o tratamento ILP.
Utilizaram-se amostras de solo do banco da Embrapa Agropecuária Oeste, datadas do ano de 2008, as
quais foram coletadas no período posterior a colheita das culturas de verão (2007/2008) e anterior a semeadura
das culturas de inverno (2008), em uma grade de pontos georreferenciados, espaçados em 30 m x 30 m, definindo
242 pontos fixos de amostragem, onde se determinaram os teores de COT.
As amostras foram retiradas em forma de monólitos de aproximadamente 10 cm x 10 cm x 10 cm da
camada superficial, com o auxílio de pá reta, e, posteriormente, acondicionaram-na em frascos de plástico rígido
(SALTON et al. 2012). Os recipientes contendo as amostras da camada de 0 a 10 cm foram abertos e mantidos à
sombra para a terra atingir o ponto de friabilidade, sendo destorroadas manualmente, desta forma o volume total
da amostra foi fracionado para transpassar a malha de 9,52 mm, sendo excluídos da amostra fragmentos de
plantas e outros resíduos não componentes do solo perceptíveis a olho nu, além de pedras e cascalhos retidos na
peneira (SALTON et al., 2005).
83
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Figura 1. Esquema dos sistemas de manejo com as sequências de cultivos e a situação no momento da coleta
das amostras de solo, no ano de 2008. PC: preparo convencional, SPD: sistema plantio direto, ILP: integração
lavoura-pecuária, PP: pastagem permanente; M: milho, S: soja, A: aveia, T: trigo, N: nabo.
A determinação dos teores de COT foi realizada por combustão seca, em analisador Shimadzu, modelo
TOC-VCPN, com uso de amostras de aproximadamente 0,5 g maceradas em almofariz de ágata até passar em
peneira com abertura de 0,25 mm. Os dados foram submetidos à análise de variância, aplicando-se o teste F,
quando diferenças significativas foram observadas, efetuou-se a comparação entre as médias pelo teste de
Tukey-Kramer HSD, a 1% de probabilidade. O tratamento dos dados foi realizado com o programa de análise de
variância univariada One-way ANOVA.
Resultados e Discussão
Os teores de C no solo variaram em função do sistema de manejo adotado. De modo geral, as diferenças
mais expressivas em relação ao COT (Tabela 1), na profundidade de 0 a 10 cm, foram observadas nos sistemas
que incluíam pastagens, permanente ou em rotação, apresentando valores superiores aos demais sistemas
-1
estudados, concordando com os resultados de Salton et al. (2005). O sistema de PP (23,48 g kg ) proporcionou o
-1
maior acúmulo de COT no solo, e o sistema de ILP (21,03 g kg ) resultou em teores intermediários, e, portanto, o
-1
SPD e PC (18,39 e 16,90 g kg respectivamente) ocasionaram os resultados menos expressivos.
A manutenção dos resíduos vegetais sobre a superfície do solo e a redução em seu revolvimento são
apontados como meios para aumentar o armazenamento de carbono no solo; assim, a constatação de que o
sistema com PP apresenta valores superiores ao PC, ao SPD e ao ILP está associado ao maior aporte de material
vegetal pelas pastagens e à ausência de revolvimento do solo. Contudo, embora os teores de COT sejam
diferentes significativamente para a PP e ILP, constatou-se tendência de valores superiores para os manejos com
pastagem e lavoura-pecuária.
Tabela 1. Teor médio de carbono orgânico total (COT), na profundidade de 0-10 cm, em um Latossolo Vermelho
distroférrico em Dourados, MS, submetido a sistemas de manejo durante 13 anos.
-1
Sistemas de manejo
COT (g kg )
Erro Padrão
Desvio Padrão
PC
16,90 C
0,55
3,24
SPD
18,39 C
0,31
1,87
ILP
PP
21,03 B
23,48 A
0,30
0,41
2,70
3,83
Médias seguidas de mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey-Kramer HSD, a 1% de probabilidade. PC:
preparo convencional, SPD: sistema plantio direto, ILP: integração lavoura-pecuária e PP: pastagem permanente.
A menor concentração de COT em solo sob o sistema de PC esta associado à sua forma de utilização, uma
vez que este solo é preparado periodicamente (a cada novo cultivo), por meio do uso de grades, corroborando
com reduções expressivas no teor de COT, devido ao decréscimo de MOS, no qual, o manejo persiste desde o
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ano de 1970, ainda, aliado à esse fator, o cultivo de soja (verão) e aveia (outono/inverno), não devem proporcionar
adequada deposição de material orgânico no solo, a fim de manter ou aumentar a entrada de carbono no sistema.
O efeito da grade sobre a cobertura no momento em que se realiza o preparo do solo dá início a uma queda
drástica na porcentagem de cobertura, assim, o sistema baseado no PC conta com falta de equilíbrio entre a
adição e a perda de MOS, efeito da dinâmica que há neste sistema de manejo, ante a maior saída do que a
entrada de MOS.
O sucesso da pastagem (U. decumbens) esta associado ao manejo, de forma que, durante
aproximadamente 13 anos de experimento, atendeu-se a adequada lotação de animais na área, realizando-se o
pastoreio rotativo. A concentração de COT poderia ser inversa, se, houvesse inadequado manejo (SOUSA et al.,
2010), onde haveria reduzido aporte de material orgânico na superfície via senescência de folhas e talos,
reduzindo o fluxo de C ao solo, implicando em redução da concentração de C total (SALTON et al., 2005).
A não eficácia do SPD em relação aos sistemas de PP e ILP deve estar ligado a falta de inclusão de
culturas com grande formação de fitomassa (aérea e radicular) de elevada relação C/N, pois este é um fator
fundamental para a preservação da MOS (BAYER et al., 2002).
Conclusões
Os maiores teores de carbono no solo ocorreram nos sistemas com pastagem permanente, enquanto os
menores valores ocorreram nos sistemas apenas com lavouras em preparo convencional e sistema plantio direto.
O manejo do solo é essencial na preservação do carbono orgânico do solo, mas quando este é associado a
poácea Urochloa decumbens o efeito acumulativo e de preservação da MOS é potencializado, associação que
pode corroborar com os inúmeros benefícios advindos do aumento da matéria orgânica ao solo, através de
alterações benéficas nos atributos químicos, físicos e biológicos.
Referências
BAYER, C,; MIELNICZUK, J.; MARTIN NETO; L. & ERNANI, P. R. Stocks and himification degree of organic
matter fractions as affected by no-tillage on a subtropical soil. Plant and Soil, v.238, p.133-140, 2002.
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MS. In: Simpósio sobre recursos naturais e socioeconômicos do Pantanal, 5, 2010. Anais… Corumbá, Embrapa,
2010. CD-ROM.
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Composição química de forrageiras no Pantanal1
2
2
2
Luiz Orcirio Fialho de Oliveira , Ériklis Nogueira , Urbano Gomes Pinto Abreu , Antonio Arantes Bueno
3
4
5
6
Sobrinho , Oslain Domingos Branco , Caroline Bertholini Ribeiro , Dayana Schiavi Nascimento Batista
As forrageiras nativas são recursos naturais à produção animal, servem de alimento aos herbívoros e ruminantes
domesticados e silvestres. Sua utilização requer conhecimento sobre seus hábitos de crescimento, da sua
composição química e valor nutricional, levando-se em consideração suas fragilidades e potenciais. A intensidade
de utilização pode comprometer sua taxa de crescimento e de sobrevivência, podendo causar consequentemente
danos à produção, reprodução e saúde dos animais. A composição química das forrageiras é função das
características do solo (fertilidade, capacidade de troca, retenção de água), e do clima, e por sua vez limita a
produção animal. Acompanhou-se durante seis meses as pastagens nativas de duas áreas da Fazenda São Bento
do Abobral (Pantanal Sul), anotando mensalmente a frequência e tipos de forragens presentes em 150 pontos de
cada sítio de pastejo. Foram colhidas amostras das partes consumidas das forragens nativas, determinadas por
observação visual. A frequência foi determinada aplicando-se os multiplicadores 70.2, 21.1 e 8.7 para as três
principais em cada ponto. Realizou-se ajustes da frequência para determinação da média em 100% das três
principais forrageiras nativas a fim de compará-la com a humidicola (Urochloa humidicola). O capim mimoso
(Axonopus purpusii), felpudo (Paspalum plicatum) e mimosinho (Reimarochloa brasiliensis) foram as três principais
forrageiras e observadas nas frequências de 29.8, 27.7, e 14.5, respectivamente. Os teores de proteína bruta, de
energia (NDT) e das frações fibrosas FDN e FDA foram de 5.54%, 59.32%, 69.56% e 36.45% respectivamente
para as forrageiras nativas e de 5.30%, 63.39%, 70.54% e 34.51% respectivamente para a humidicola. Os teores
de cálcio, fósforo, sódio, potássio e magnésio determinados em g/kg de Matéria Seca (MS) foram de 2.99, 1.40,
0.76, 7.80 e 2.52 respectivamente para as forrageiras nativas e de 2.68, 1.60, 3.60, 18.02 e 1.62 respectivamente
para a humidicola. Os valores de ferro, manganês, zinco e cobre determinados em mg/kg de MS foram de 72.42,
225.78, 18.04 e 1.12 respectivamente para as nativas e de 67.42, 154.54, 22.51 e 3.00 respectivamente para a
humidicola. De maneira geral, não são observadas diferenças entre as frações proteicas, fibrosas, energia e
minerais das forrageiras nativas e da humidicola, ressaltando que em ambas as dietas, não se atende as
recomendações nutricionais para níveis de produção animal mais elevados (PB de 8,5 a 10% e NDT > 65%).
Neste sentido é importante o estabelecimento de baixa lotação animal, a fim de proporcionar maior oferta de
forragem, oportunidade de seleção de partes das planta mais nutritivas pelo animal e maior consumo. Esta forma
de manejo proporciona menor tempo de pastejo e maior aporte de nutrientes, minimizando o déficit nutricional.
Partindo-se das recomendações média para gado de corte de 4.0, 2.1, 0.8, 6.0, e 1.0 (g/kg de MS) para os
minerais cálcio, fósforo, sódio, potássio e magnésio, observa-se que não são atendidos as exigências para cálcio
e fósforo em ambas as forrageiras, e são atendidas as exigências para potássio e magnésio em ambas as
forrageiras. Verifica-se entretanto que os níveis de sódio das forrageiras nativas são levemente inferiores às
recomendações, enquanto que o nível de sódio e de potássio determinado na humidicola foi 3.75 e 3.00 vezes
maior que as recomendações respectivamente, o que certamente interfere nos ajustes da suplementação mineral
para os animais mantidos nestas pastagens. Em ambas as forrageiras não foram atendidos os níveis
recomendados de zinco (30 mg/kg de MS) e Cobre (10 mg/kg de MS), não havendo a necessidade de
suplementação dos microminerais ferro e manganês em razão do atendimento das exigências recomendadas de
50 e 20 mg/kg de MS.
1
Estudo financiado pela EMBRAPA e In Vivo-NSA, com apoio da Fazenda São Bento do Abobral – Grupo Real
Pesquisadores da Embrapa Pantanal, Rua 21 de setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected];
[email protected]; [email protected])
3
Supervisor dos laboratórios da Embrapa Pantanal ([email protected]);
4
Técnico da Embrapa Pantanal ([email protected]);
5
Aluna de Doutorado de Ciência Animal da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul ([email protected]);
6
Analista da Embrapa Pantanal ([email protected]).
2
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Composição zooplanctônica (Copepoda/Cladocera) em dois períodos distintos de uma
lagoa no município de Aquidauana, MS
1
2
3
Dhébora Albuquerque , Bruno Paiva Faustino , Ricardo Henrique Gentil Pereira , Adriana de Barros
4
Resumo: O objetivo deste trabalho foi de verificar a composição de zooplâncton (Cladocera/Copepoda) de uma
lagoa localizada na área rural de Aquidauana em dois períodos distintos, sendo um na seca e outro e no período
chuvoso da região. Essas comunidades vêm sendo utilizadas nos estudos, como ferramentas na caracterização
dos ambientes aquáticos, principalmente os ambientes lênticos. A Lagoa dos Bobos esta localizada entres as
latitudes 20º27’00,83” S e longitudes 55º44’43,47” O, não possui mata ciliar e possui uma grande quantidade de
plantas aquáticas e está cercada por propriedades que desenvolvem atividades agropastoris. As analises do
zooplâncton, mostraram que o grupo dos Cladocera foi o mais diversificado nos dois períodos de coleta, sendo
que no mês de agosto foram encontradas 19 espécies de Cladocera e no mês de novembro foram apenas 9
espécies. Os copepoda foram representados por 5 espécies no mês de agosto (período seco) e por 4 espécies no
mês de novembro. As analises estatísticas mostram que no período seco, houve uma maior diversidade em
relação a o outro período que foi o chuvoso, sendo que no mês de agosto o índice de diversidade ficou com
0,8743 bits por indivíduos para os Cladocera e 0,5371 bits por indivíduos para os Copepoda, já no mês de
novembro (período chuvoso) o índice de diversidade ficou de 0,7512 bits/indivíduos para os Cladocera e de
0,3846 bits/indivíduos. A lagoa dos Bobos durante o período de estudo apresentou uma riqueza de zooplanctôn
intimamente associado aos eventos climáticos, possivelmente em função de se tratar de um ambiente raso e com
ausência total de mata ciliar, havendo uma baixa diversidade no período chuvoso. Para as Cladocera, as espécies
do gênero Disparalona sp. foram consideradas frequentes na lagoa e para os Copepoda as espécies frequentes
foram do gênero Microcyclops sp.
Palavras–chave: Copepoda, Cladocera, Pantanal.
Zooplanktonic compositon (Copepoda/Cladocera) in two diffent periods of a laggon in the city of
Aquidauana, MS.
Abstract: The objective of this work was to verify the zooplanktonic composition ( Cladocera / Copepoda ) from a
lagoon located in rural Aquidauna in two distinct periods , one in the dry and in the rainy season and the other in the
region . These communities have been used in the studies , as tools for the characterization of aquatic environments ,
especially lentic environments . The Lagoon Bobos is located entres latitudes 20 ° 27'00 , 83 " S and longitude 55 º
44'43 , 47 " W, has no riparian vegetation and has a lot of aquatic plants and is surrounded by properties that develop
agropastoral activities . The analysis of zooplankton showed that the group of Cladocera was the most diverse in both
periods , and in August found 19 species of Cladocera and the month of November were only 9 species . The copepod
species were represented by 5 in August (dry season ) and 4 species in November. The statistical analysis shows that
in the dry season, there was a greater diversity compared to other period which was rainy, and in August the diversity
index was 0.8743 with bits by individuals for Cladocera and 0.5371 bits per individuals for Copepoda, already in
November (rainy season) was the diversity index of 0.7512 bits / individuals for Cladocera and 0.3846 bits / individuals.
The Lagoon Bobos during the study had a wealth of zooplankton closely associated with climatic events, possibly due
to it is a shallow water environment and with total absence of riparian vegetation, with a low diversity in the rainy
season. For the Cladocera, the genus Disparalona sp. were considered common in the lagoon and the copepod
species of the genus were frequent Microcyclops sp.
Keywords: Copepoda, Cladocera, lagoon
Introdução
A comunidade de zooplâncton representa um componente importante dos sistemas aquáticos que é
constituído por um conjunto extremamente variável de organismos cujos comportamentos biológicos são
amplamente determinados por vários fatores ambientais, como predação, competição e recursos alimentares,
1
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])
Graduado no Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])
3
Professor do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])
4
Técnica do Laboratório de Hidrologia do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS
([email protected])
2
87
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além das variáveis abióticas, como temperatura, concentração de oxigênio dissolvido, flutuação do nível da água,
vento e precipitação (Espindola e Niselli, 1996).
Essas comunidades vêm sendo utilizadas nos estudos, como ferramentas na caracterização dos ambientes
aquáticos, principalmente os ambientes lênticos. Na comunidade zooplanctônica se destacam os grupos dos
cladóceros, por apresentam um grande número de espécies, principalmente nas regiões litorâneas, vivendo
associados às macrófitas, se alimentado basicamente de algas e perifíton (Sipaúba-Tavares e Rocha, 2001) e o
grupo dos copépodos, por serem considerados bioindicadores ambientais, uma vez que existem várias espécies
que podem indicar a qualidade do ambiente aquático, pois sua abundância e diversidade estão agregadas a
diferentes fatores, tais como grau de trofia dos sistemas aquáticos, grau de poluição, contaminação e
disponibilidade de habitats (Tundisi et al., (1995).
O objetivo deste trabalho foi de verificar a composição de zooplâncton (Cladocera/Copepoda) de uma lagoa
localizada na área rural de Aquidauana em dois períodos distintos, sendo um na seca e outro e no período
chuvoso da região.
Materiais e Métodos
A Lagoa dos Bobos esta localizada entres as latitudes 20º27’00,83” S e longitudes 55º44’43,47” O, não
possui mata ciliar e possui uma grande quantidade de plantas aquáticas e está cercada por propriedades que
desenvolvem atividades agropastoris. Possui ainda aproximadamente 520 metros de comprimento e de 180
metros de largura em linha reta, onde foram distribuídos 4 pontos de coleta longitudinalmente da nascente até
próximo a foz da lagoa (Figura 1).
Com o auxílio de uma sonda multiparâmetro, foram feitas as leituras de concentração de oxigênio
dissolvido, condutividade elétrica e pH em dois períodos distintos, sendo a primeira coleta em agosto de 2011
(período seco) e a outra em novembro de 2011 ( período chuvoso). Também foram coletadas amostras de água
de cada ponto para análise de clorofila a em laboratório seguindo as metodologias de Nush (1980) e os nutrientes
totais e dissolvidos de acordo com as metodologias sugerida em Mackereth et al. (1978).
Figura 1. Distribuição dos pontos de coleta na Lagoa dos Bobos. Foto adaptada do Google Earth.
Para análise da comunidade de Copepoda as amostras foram coletadas próximo à superfície da água com
auxílio de um balde de plástico de 10 litros de capacidade. Através da utilização de uma rede de plâncton de 30
μm de abertura de malha, foi filtrado um volume de 100 litros de água para cada ponto de amostragem. O material
filtrado foi fixado com solução de formol a 4%.
As espécies de Cladocera foram identificadas à nível de espécies de acordo com Elmoor-Loureiro (1997), e
Alonso (1996), e as espécies de Copepoda foram identificadas de acordo com Reid (1985). A densidade foi
determinada através da contagem dos organismos em placas quadriculadas sob microscópio estereoscópico, foi
calculada a frequência de ocorrência das espécies (%). Com os dados biológicos obtidos com as análises dos
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Cladocera e Copepoda foi aplicado o índice de diversidade de Shannon & Wiener (1949) para os períodos
amostrados, através do programa estatístico BioEstat 5.0.
Resultados e Discussão
Os resultados do pH mostrou que a lagoa no período de estudo se manteve básico, sendo que em
-1
novembro registrou apenas 5,2 (período chuvoso). A condutividade elétrica variou entre 18,4 uS/cm em agosto e
-1
de 23,6 uS/cm em novembro. As concentrações de oxigênio dissolvido estiveram baixos nos períodos amostrais,
-1
ficando com 1,11 mg/l em agosto, segundo Esteves (1988), em ambientes aquáticos rasos e com densa
população de macrofitas são observadas maiores variações diárias de oxigênio, características estas da Lagoa
dos Bobos. Os resultados das concentrações de fósforo total apresentaram-se baixas em agosto e um pequeno
aumento em novembro, resultados que pode estar relacionado com as chuvas, que permitiram o aporte de fósforo
para dentro da lagoa, principalmente resultante da decomposição de origem alóctone (ESTEVES, 1988).
Tabela 1. Valores das variáveis limnológicas obtidos nos pontos durante o estudo da Lagoa Comprida.
Parâmetros
Período
Agosto
pH
5,9
C. E. (uS/cm-1)
18,4
O. D. (mg l-1)
3,23
Alc. T. (mg l-1)
14,42
F. T. (mg l-1)
0,023
Novembro
5,2
23,6
1,11
10,30
0,025
*pH: potencial de hidrogênio iônico; C. E.: Condutividade Elétrica; Alc. T: Alcalinidade Total; O.D: oxigênio dissolvido; F. T: Fósforo
Total.
As análises do zooplâncton mostraram que o grupo dos Cladocera foi o mais diversificado nos dois períodos
de coleta, sendo que no mês de agosto foram encontradas 19 espécies de Cladocera e no mês de novembro
foram apenas 9 espécies. Os copepoda foram representados por 5 espécies no mês de agosto (período seco) e
por 4 espécies no mês de novembro. Observando a figura 2, percebemos que no período de seca (agosto) foi
encontrada uma maior diversidade e densidade do que no mês de novembro, período de chuvas na região e
segundo Talamoni e Okano (1997), as chuvas causam mudanças nas propriedades físicas e químicas da água,
que interferem na diversidade do ecossistema aquático.
Entre os Copepoda, o gênero do Microcyclops foi o mais representativo, com 4 espécies, sendo a mais
frequente Microcyclops sp com 31,82%, seguido por Microcyclops alius com 28,79% e Microcyclops ceibaensis
com 25,76% (Tabela 2). Segundo Peixoto et al. (2007), algumas espécies do gênero Microcyclops são adaptadas
a períodos chuvosos e a ambientes com muitas macrófitas.
Foram encontradas 22 espécies de Cladocera, sendo que no mês de agosto (período seco) foram
registradas 19 espécies, sendo Disparalona acutirostris com 49 indivíduos a espécie que obteve maior densidade
numérica nesta coleta. No mês de novembro houve uma diminuição na diversidade e na densidade de indivíduos,
ficando registradas apenas 9 espécies, sendo a espécie com maior densidade numérica a Disparalona dadayi
com 22 indivíduos (Tabela 3). Segundo Elmoor-Loureiro (1997), o gênero Disparalona, tem uma ampla distribuição
no Brasil, ocorrendo em diversos ambientes aquáticos e isto pode ter favorecido a seu registro no estudo da
Lagoa dos Bobos.
As análises estatísticas mostram que no período seco, houve uma maior diversidade em relação a o outro
período que foi o chuvoso, sendo que no mês de agosto o índice de diversidade de Shannon-Wiener, (1974), ficou
com 0,8743 bits por indivíduos para os Cladocera e 0,5371 bits por indivíduos para os Copepoda, já no mês de
novembro (período chuvoso) o índice de diversidade ficou de 0,7512 bits/indivíduos para os Cladocera e de
0,3846 bits/indivíduos. Em relação à densidade, também o mês de agosto foi o que obteve maior densidade
zooplanctônica, ficando com 169 indivíduos (Tabela 4).
Tabela 4. Resultados da diversidade, riqueza e densidade numérica do zooplâncton nos meses de agosto e
novembro de 2011.
Cladocera
Copepoda
Agosto
Novembro
Agosto
Novembro
Densidade
125
60
44
22
Riqueza
19
9
5
4
Diversidade
0,8743
0, 7512
0,5371
0, 3846
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Conclusão
A lagoa dos Bobos durante o período de estudo apresentou uma riqueza de zooplanctôn intimamente
associado aos eventos climáticos, possivelmente em função de se tratar de um ambiente raso e com ausência
total de mata ciliar, havendo uma baixa diversidade no período chuvoso. Para as Cladocera, as espécies do
gênero Disparalona sp. foram consideradas frequentes na lagoa e para os Copepoda as espécies frequentes
foram do gênero Microcyclops sp. No entanto novos estudos poderão aprofundar o conhecimento sobre a
estrutura e a dinâmica das populações de zooplâncton desse ecossistema, principalmente relacionados com a
associação com as macrófitas da lagoa e com outros parâmetros não estuados durante o estudo.
Referências
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1996.
ELMOOR-LOUREIRO, L. M. A. Manual de identificação de cladóceros límnicos do brasil. Brasília: Universa,
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MACKERETH, F, J. H.; HERON, J.; TALLING, J. F. Water analysis: some revised methods for limnologists.
(Freshwater Biological Association Scientific Publication, 36). Kendal, Titus Wilson & Sons Ltda, 1978.
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PEIXOTO, R. S.; MENDES DE SÁ, C. E.; GUIMARÃES, A. S.; MAIA-BARBOSA, P. M.; BARBOSA, F. A. R.
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TUNDISI, J.G.; MATSUMURA-TUNDISI, T.; BICUDO, C.E.M. Limnology in Brazil Brazilian Academy of
Sciences, Brazilian Limnological, 1995.
90
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Construção de aprisco com materiais alternativos no Mato Grosso
1
2
3
Antonio Rodrigues da Silva , Fernanda de Cassia Fabricio Carretoni , Fernanda Vieira Gomes , Sandie
4
Souza
A construção de aprisco para caprinos se torna necessária, pois é uma instalação que deve ser utilizada como
abrigo para proteção contra a radiação solar direta e das chuvas, o qual proporciona maior conforto para os
animais, haja vista que os caprinos são sensíveis à alta umidade e o aprisco pode facilitar a higienização do local.
No planejamento das instalações devem-se levar em consideração os fatores como localização na propriedade,
orientação geográfica, declividade e altitude do terreno e adequação ao sistema de criação utilizado. Este tipo de
construção permite manejar os animais, evitando-se o estresse para não prejudicar o desempenho produtivo e
reprodutivo dos mesmos. O crescimento dos rebanhos de caprinos entre os anos de 2009 e 2010 foi da ordem de
1,6%. Neste sentido, há necessidade de estudos de melhorias para aumento a qualidade dos produtos da
caprinocultura. O objetivo desse trabalho foi utilizar material de baixo custo (madeira, telhas, grades de ferro) que
seriam descartados no meio ambiente, como alternativa para execução de um projeto de construção de aprisco
para reprodutores, a ser utilizado como unidade didática na área experimental do Instituto de Ciências Agrárias e
Tecnológicas (ICAT) do Campus de Rondonópolis da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), localizada no
município de Rondonópolis - Mato Grosso, Zona Rural de Rondonópolis–MT (212 metros de altitude, nas
coordenadas 15º57’47” de latitude e 17º18’00” de longitude). Foram reutilizados nove caixotes de madeira,
utilizados como embalagem de para-brisa de automóveis, grades de ferros (utilizados como cerca), folhas de
isopor retiradas do forro de prédios da UFMT, retalhos de telhas de amianto e de zinco, e madeiramentos de
construção (vigas e caibros). Além dos materiais utilizados foi necessário comprar pregos 15x15,13x15 e 17x21,
2
canos ¾, arames galvanizados e verniz. A área total utilizada tem 21,36 m , subdivididos em aprisco, solário,
depósito, terraço e área de acesso. O depósito, com uma área de 5,40 m2, foi construído com a finalidade se
armazenar rações, equipamentos de manutenção do local e do animal. Nele foi utilizadas telhas de zinco para a
sua cobertura com 10% de queda, em suas paredes laterais foram instaladas folhas de isopor buscando uma
isolação térmica com o meio externo e o piso foi concretado. Este depósito foi construído ao lado do aprisco para
facilitar o manejo e a higienização dos animais. Com um pé direito de 2,41 metros de altura, sendo bem ventilado,
para melhorar o conforto térmico. Na área utilizada como solário e sob a área ripada foi mantido piso de terra
batida, utilizando-se pedriscos aterrados para evitar acumulo de urina e facilitar remoção dos resíduos sólidos. A
construção foi planejada para que o sol possa ter uma ação bactericida, sendo de forma natural e não prejudicial
ao animal, além de manter uma baixa umidade no local. O piso ripado, sendo este removível, cuja altura é de
0,88m, evita que o animal entre em contato com seus dejetos e se contamine, visando uma maior facilidade na
higienização. As porteiras, com 1,19 metros de largura por 1,55 metros de altura, foram instaladas para deter o
animal. Para o acesso ao aprisco foi construída uma rampa com 2,20 metros de comprimento por 25 cm de
largura com inclinação de 25%, na qual foram fixadas ripas sobre sapatas de borracha (na posição horizontal) com
intervalos de 18 cm, para melhor apoio no deslocamento. Para o fornecimento da forragem seca (feno) ou de
capim in natura, é feito utilizando-se um fenil de ferro tipo vergalhão, cuja capacidade de armazenagem temporária
3
é de 0,09 m . O fenil foi fixado dentro do aprisco de modo a facilitar o acesso ao alimento. Para o fornecimento de
água é utilizado um balde de plástico de 25 litros, fixado junto a cerca de ferro para evitar desperdício e facilitar a
higienização. A rampa de acesso ao aprisco promoveu um aumento do gasto de energia pelo animal, evitando o
sedentarismo obtendo a diminuição do estresse animal. Esses fatores podem ser observados na aparência geral
do animal alojado. O resultado obtido, pela utilização do material supracitado, garantiu a não deposição resíduos
sólidos na natureza, cujo capital investido foi muito baixo considerando-se a reutilização desses materiais, sendo
reaproveitados, além de proporcionar o Bem-Estar Animal. A construção do aprisco foi uma opção altamente
funcional, de baixo custo e atendeu as necessidades do animal, além de contribuir com os fatores ambientais, tais
como a redução da poluição no meio ambiente e do desmatamento, foi possível se construir um abrigo seguro e
confortável. Há a possibilidade de incentivo governamental para a continuação e ampliação do projeto por ser de
suma importância para o meio ambiente e para a caprinocultura.
1
Professor do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78735-609, Rondonópolis, MT ([email protected])
Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78800-000, Rondonópolis, MT ([email protected])
Acadêmico do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78780-000, Rondonópolis, MT ([email protected])
4
Acadêmico do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78780-000, Rondonópolis, MT ([email protected])
2
3
91
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Consumo e produção de farinha de bocaiuva em Corumbá
1
2
3
4
Fernando Rodrigues Teixeira Dias , Alberto Feiden , Aurélio Vinicius Borsato , Catia Urbanetz , Fábio
5
6
7
8
Galvani , Suzana Maria Salis , Fernando Fleury Curado , Marçal Henrique Amici Jorge , Gilberto Chena
9
Rolon
Quem vem a Corumbá pela BR-262 vê muitos pés de bocaiuva – ou macaúba, Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd.
–
ex Mart ao longo da rodovia e dispersos na paisagem. Extrativistas e artesãos da cidade, comunidades e
assentamentos da região aumentam a renda de suas famílias com a produção artesanal e comercialização de
produtos alimentícios a partir do fruto da bocaiuva, como a farinha, sorvetes, pães e licores. Extrativistas da região
vendem parte da polpa de bocaiuva por eles produzida para que seja beneficiada e transformada em farinha na
Casa do Artesão de Corumbá, onde é vendida para turistas, restaurantes da região e compradores de outras
cidades e estados. Neste trabalho realizou-se um levantamento preliminar de dados econômicos dos processos
envolvidos na produção e consumo da farinha de bocaiuva em Corumbá. Para isso, foram realizadas entrevistas e
medições com mulheres extrativistas da comunidade de Antonio Maria Coelho. Elas coletam o fruto e produzem
polpa seca de bocaiuva e outros produtos. Também foi entrevistado o Sr. Gilberto Chena Rolon, que processa a
polpa seca fornecida por esta comunidade e outros extrativistas para fabricar a farinha de bocaiuva na Casa do
Artesão. Segundo registros do Sr. Gilberto, no ano de 2012, a Casa do Artesão comprou 950 kg de polpa seca a
R$ 6,00 o quilo, 235 kg destes comprados das senhoras extrativistas da comunidade de Antonio Maria Coelho.
Toda a polpa seca comprada em 2012 foi convertida em cerca de 760 kg de farinha e vendida a R$ 12,00 o quilo.
A perda de cerca de 20% do peso é devida à filtragem por peneira de impurezas na polpa e na farinha e às perdas
na máquina de moagem. O preço pago pelo quilograma da polpa seca é considerado atrativo para a comunidade
de Antonio Maria Coelho e demais extrativistas que fornecem para a Casa do Artesão, apesar do processo de
produção da polpa seca ser artesanal e custoso, dada a escassez de recursos da comunidade. A coleta dos frutos
caídos no chão é realizada nas imediações da comunidade: as extrativistas caminham de suas casas até as
palmeiras já conhecidas e selecionadas tradicionalmente por produzirem frutos com aspectos desejáveis para a
produção de farinha. O volume colhido por dia varia muito, a depender de fatores como: a capacidade física da
extrativista para coletar e transportar a carga colhida; a disponibilidade de “carona” para transporte da colheita do
dia; a distância do local de colheita até a casa da extrativista ou da associação; a disponibilidade de tempo da
extrativista para a colheita no dia, atividade que compete com as suas outras atividades da rotina doméstica. Cada
quilograma de fruto colhido rende cerca de 300 g de polpa fresca por hora de trabalho de despolpa manual,
utilizando uma faca adaptada. A polpa fresca é seca ao sol e depois transportada até a Casa do Artesão,
aproveitando, na maioria das vezes, “caronas”, outras viagens necessárias a Corumbá, ou a viagem gratuita no
transporte público das extrativistas que possuem esse benefício por serem idosas. O processamento da polpa em
farinha segue um método aperfeiçoado pelo Sr. Gilberto, que inclui a seleção, mistura e moagem de polpa seca de
origens, sabores e cores distintas que variam do amarelo bem claro ao laranja escuro, o que permite produzir uma
farinha com características mais homogêneas, desejáveis e apreciadas para quem as consome. O Sr. Gilberto
produz cerca de 10 kg de farinha no início da safra da bocaiuva (agosto a outubro na região de Corumbá) a cada 3
horas. No fim da safra (novembro a dezembro), a polpa se apresenta com maior teor de óleo e açúcar, o que leva
a produtividade da moagem (kg/h) a cair até a metade para atingir a qualidade desejada para a farinha. Estas
informações fazem parte de um levantamento preliminar dos custos e coeficientes técnicos das etapas do
processo de produção e comercialização de farinha de bocaiuva em Corumbá. O resultado deste trabalho pode
subsidiar órgãos governamentais que regulam o preço de produtos da biodiversidade brasileira. O
estabelecimento do preço mínimo regulamentado trará um benefício para as comunidades extrativistas e de
artesãos da bocaiuva no Pantanal.
1
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
6
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
7
Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal 44, 49025-040, Aracaju, SE ([email protected])
8
Pesquisador da Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, 70351-970, Gama, DF ([email protected])
9
Colaborador da Casa do Artesão de Corumbá, Rua Dom Aquino, 405, Centro, 79302-040, Corumbá, MS ([email protected])
2
92
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Contexto sociocultural e ambiental da pesca artesanal de tuviras (Gymnotiformes) no
Pantanal
1
2
Débora Karla Silvestre Marques , Fernando Fleury Curado , Rodrigo da Silva Lima
3
A captura de iscas vivas no Pantanal representa 73% da renda total das famílias envolvidas nessa atividade,
situação que confere a sua grande importância social, ambiental e econômica na região. Os peixes da Ordem
Gymnotiformes, conhecidos regionalmente como tuviras, representam mais de 70% da captura anual de iscas
vivas, sendo pouco conhecidos cientificamente. O presente trabalho retrata os resultados parciais de uma
pesquisa participativa concebida para atender as demandas dos pescadores do Pantanal, na construção coletiva
de estratégias para a exploração sustentável das tuviras. A pesquisa teve como objetivo central identificar,
sistematizar e analisar o conhecimento tradicional dos pescadores artesanais de tuviras e a percepção dos
mesmos quanto ao impacto ambiental da atividade, dialogando, portanto, com uns dos pilares da agroecologia ao
abordar a dimensão sociocultural do trabalho dos pescadores artesanais destas espécies e a teia de
conhecimentos a ele associados na relação que estabelecem com o ambiente local. A realização da pesquisa
deu-se, principalmente, a partir da interação com as famílias, a partir de reuniões, oficinas, além do
acompanhamento da coleta das iscas, normalmente realizada em duplas e durante o período noturno. Além disso,
foram realizadas entrevistas semi-estruturadas, buscando-se o registro das informações sobre a trajetória de vida
dos pescadores, a atividade laboral, a diversidade de espécies e, finalmente, sobre o grau de percepção destes
pescadores com a execução da pesca de forma sustentável. Os resultados preliminares informam que a maior
parte das famílias tem a sua trajetória de vida desenvolvida na própria região de estudo. Evidenciam igualmente
que detém um vasto conhecimento sobre as espécies de peixes, a distribuição das mesmas e estratégias de
manejo da pesca que garantem a sustentabilidade ambiental à atividade da pesca. Percebeu-se, portanto, a
importância da participação dos ribeirinhos no processo de pesquisa, garantindo, desse modo, que o
conhecimento tradicional, associado ao conhecimento científico, gerado a partir da compreensão das estratégias
locais de conservação e uso sustentável das tuviras, seja gradativamente traduzido no fortalecimento da
organização dos próprios pescadores artesanais, assim como, na formulação de legislações específicas e de
políticas públicas que direcionadas à pesca de tuviras no Pantanal.
1
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected]), financiado pela Embrapa, Macroprograma 6
Pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Caixa Postal 44, Aracaju, SE ([email protected])
3
Acadêmico do Curso de Biologia, Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, SE
2
93
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Controle automático da umidade do solo com energia solar para pequenos produtores
1
2
3
4
5
Danielle Silva , Gabriel Oliveira , Roosevelt Silva , Claúdia Fernandes , Leandro de Jesus , Ivan Bergier
6
Resumo: Esse trabalho tem por objetivo apresentar um protótipo autônomo de irrigação energizado por uma
célula fotovoltaica de 5 W, baseado na plataforma Arduino (código e hardware aberto). O sistema consiste de um
sensor de umidade do solo que ao atingir um dado sinal elétrico aciona um dispositivo solenoide de liberação do
fluxo de água em uma rede de irrigação. O sistema tem custo aproximado de R$240, é de fácil manipulação e
manutenção, e funciona de maneira autônoma durante o dia quando há energia solar disponível. O emprego do
sistema pode aumentar a produtividade de pequenos produtores pela redução do estresse em períodos de seca.
Palavras–chave: Arduino, automação, estresse hídrico, irrigação de solo.
Automated control of soil moisture with solar energy for small rural producers
Abstract: This work aims to present a prototype of an autonomous system of irrigation powered by a 5 W
photovoltaic cell, based on the Arduino platform (open source code and hardware). The system consists of a soil
moisture sensor that, for a given electrical signal, triggers the opening of a solenoid valve that releases the water
flow in an irrigation network. The system has an approximate cost of US$110, is easy to handle and to maintain,
and works autonomously during the day when there is available solar energy. The use of the system can increase
the productivity of small farmers by reducing stress during dry periods.
Keywords: Arduino, automation, soil irrigation, water stress.
Introdução
Para o sucesso de qualquer atividade agrícola, seja ela de pequeno ou grande porte, é importante controlar
a umidade do solo a fim de garantir o aproveitamento eficiente da água para as culturas, especialmente em
períodos de estresse hídrico, que no Brasil usualmente ocorre no inverno. Em atividades agrícolas de pequeno
porte, como é o caso da produção de hortaliças e frutas, este cuidado é de extrema importância para garantir uma
boa produção e renda para os produtores (Bayer et al., 2013).
Atualmente existem plataformas de código e hardware aberto que possibilitam o desenvolvimento de
protótipos e também de sistemas completos, com os mais diversos propósitos. Uma dessas plataformas é o
Arduino, que oferece um sistema de hardware e software livre, e cujo objetivo é fornecer uma plataforma
acessível,
flexível
e
de
baixo
custo
(mais
informações
acerca
do
Arduino
em
http://playground.arduino.cc//Portugues/HomePage). Estes sistemas podem ser facilmente configurados para
diversos fins práticos do dia a dia das pessoas. No caso da automação na agricultura de pequeno porte, tais
sistemas são de suma relevância pela sua simplicidade e capacidade de executar tarefas de rotina, tornando-as
automáticas e independentes com o uso de energia solar, sem baterias. Esta abordagem permite aos produtores
rurais, especialmente os pequenos, melhorar sua produção e direcionar seu tempo e força de trabalho para outras
finalidades braçais ou criativas como esta, isto é desenvolver outros sistemas autônomos capazes de facilitar sua
vida e maximizar seu lucro de forma sustentável.
Por este prisma, o presente trabalho tem por objetivo apresentar a construção de um protótipo movido à
energia solar, sem baterias e totalmente automático, capaz de ligar e desligar autonomamente e realizar a
irrigação de áreas de cultivo de hortaliças, frutas e outros no período diurno.
1
Bolsista PiBic/Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Graduanda em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
2
Bolsista PiBic/Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Graduando em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas, Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, 79370-000, Corumbá, MS ([email protected])
3
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
4
Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
5
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
79320-198, Aquidauna, MS ([email protected])
6
Pesquisador da Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
94
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Material e Métodos
Para o desenvolvimento do protótipo do sistema foi utilizado o módulo Arduino Fio (2013), um
microcontrolador que pode ser programável à distância por módulos Xbee®. O Arduino Fio permite a leitura de
sinais elétricos analógicos e digitais de diversos tipos de sensores, atuadores e dispositivos eletrônicos, como o
sensor de umidade de solo SEN0114 empregado nesse protótipo. Uma vez que o código é configurado e o
download é feito para o Arduino Fio, o módulo XBee® não é mais requerido em campo. O módulo Xbee® foi
empregado também para coletar os dados do sensor de umidade e validar o funcionamento do sistema.
Resultados e Discussão
Até o momento foi desenvolvido o protótipo diagramado na Figura 1. Este sistema realiza todas as
operações básicas, desde a verificação do nível de umidade do solo e a ativação e desativação da válvula
solenoide (AQUATECH, 2013) ao ser atingido um nível crítico de umidade no solo.
Figura 1. Diagrama esquemático do protótipo.
Como pode ser observado no esquema, o sistema é alimentado por uma célula fotovoltaica de 15 V (5
Watts), que atua como fonte de energia para o Arduino Fio e para a válvula solenoide. Nesta configuração, o
sistema se desliga ao anoitecer e retorna ao amanhecer de forma automática, mantendo seu funcionamento
enquanto houver luz solar. Um regulador de tensão, um capacitor e dois resistores são usados para direcionar 3 V
para o Arduino Fio. Os 12 V restantes de tensão são dirigidos para a válvula solenoide também com um regulador
de tensão, um capacitor e dois resistores. Para obter as tensões corretas, a escolha dos resistores foi feita com a
ajuda de Putnam (2013). A alimentação do sensor pelo Arduino Fio é representada pelas linhas vermelha e preta,
sendo a linha azul escuro a leitura do sinal do sensor de umidade (DFROBOT, 2013) em uma das portas
analógicas (A0) do Arduino Fio. Outro circuito em azul claro representa o circuito de controle binário digital (0,
desligado, 1 ligado) da válvula solenoide, cujo estado binário é definido pelos limiares críticos de umidade
identificados através do sinal da porta analógica A0. Este circuito de controle apresenta dois resistores, um
transistor (FAIRCHILD, 2013) e um diodo (Figura 1).
Foram definidos arbitrariamente um mínimo de ativação e um máximo para o desligamento e fechamento da
válvula solenoide. Quando o sensor de umidade atinge um limiar menor ou igual ao mínimo crítico (no caso o valor
250), a válvula solenoide é ativada e permanece aberta, liberando o fluxo de água, até que o nível de umidade
registrada pelo sensor atinja o limiar máximo crítico definido por 700. O código de controle é apresentado na
Figura 2. É importante destacar que para o bom funcionamento desse sistema, o sensor de umidade deve estar
95
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
suficientemente enterrado, por exemplo, a 10 ou 20 centímetros da superfície do solo. Caso contrário, poderá
entrar em contato com a água, retornar rapidamente a um sinal analógico elevado, fechar a válvula solenoide e
tornar a irrigação insuficiente.
Figura 2. Código de controle da válvula solenoide do Arduino.
Para definir os níveis mínimo e máximo do sinal analógico para ativação/desativação da válvula solenoide
foi realizado um experimento de bancada em laboratório para coletar dados de sinal do sensor de umidade. Esse
teste consistiu em dispor o sensor de umidade em um Becker de 50 ml com solo levemente úmido e coletar o sinal
do sensor a cada dez minutos (Figura 3). Após seis dias a partir do início do experimento, a terra foi molhada a fim
de verificar a variação de sinal retornada pelo sensor.
Como pode ser observado na Figura 3, o sensor de umidade apresentou oscilações, porém estas não são
significativas para o sistema, pois o coeficiente de variação na escala horária é menor do que 1% até o momento
de aplicação da água (indicado na figura por uma seta). A elevação brusca de sinal registrada no gráfico entre os
dias 11/09 e 12/09 denota o momento exato em que o solo úmido foi detectado, apontando o valor de sinal
analógico atingido quando o sensor entra em contato com solo umidificado.
Esses resultados foram utilizados para determinar os limiares de ativação e desativação da válvula solenoide,
sendo 250 o nível mínimo (terra seca) e 700 o nível máximo (terra úmida). É importante destacar que os níveis de
sinal podem variar em cada sensor (não mostrado), portanto é necessário realizar testes individuais a fim de
calibrar corretamente cada sensor para se atingir o nível de umidade do solo desejada. O custo de construção do
sistema eletrônico, incluindo um microcontrolador Arduino Fio, uma válvula solenoide, painel solar, sensor de
umidade do solo e componentes eletrônicos, que pode ser acondicionado numa caixa de leite longa vida é da
ordem de R$ 240,00, sem incluir mangueira e conexões hidráulicas.
96
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Figura 3. Sinal analógico do sensor de umidade do solo ao longo de quase uma semana, operado pelo Arduino
Fio alimentado por energia elétrica convencional em laboratório. Elevação súbita para valores acima de 600
ocorreu após umedecer o solo com água.
Conclusões
O desenvolvimento e o avanço da Tecnologia da Informação são de suma importância para simplificar e
melhorar a vida das pessoas na área urbana ou no meio rural. O protótipo do sistema de irrigação automático
movido à energia solar aqui apresentado tem essa finalidade. Sua difusão, replicação e aperfeiçoamento são
livres.
Agradecimentos
Os autores agradecem o financiamento das pesquisas pela Embrapa Macroprograma 2 SEG
02.11.05.002.00.00 e Projeto MCTI/CNPq/Repensa processo número 562441/2010-7.
Referências
ARDUINO. Arduino Fio. Disponível em: <http://arduino.cc/en/Main/ArduinoBoardFio>. Acesso em: 17 set. 2013.
AQUATECH. Aqua Tech Solenoid Valves. Disponível em: <https://www.sparkfun.com/datasheets/Robotics/Aqua
Tech Solenoid Valves.pdf>. Acesso em: 17 set. 2013.
BAYER, A; MAHBUB, I.; CHAPPELL, M.; RUTER, J.; IERSEL, M. Water Use and Growth of Hibiscus acetosella
‘Panama Red’ Grown with a Soil Moisture Sensor-controlled Irrigation System. HortScience, vol. 48, 980-987,
2013.
DFROBOT. Moisture Sensor (SKU:SEN0114). Disponível em: <http://www.dfrobot.com/wiki/index.php/Moisture
Sensor (SKU:SEN0114)>. Acesso em: 17 set. 2013.
FAIRCHILD.
TIP120/TIP121/TIP122
NPN
Epitaxial
Darlington
<http://www.adafruit.com/ datasheets/TIP120.pdf>. Acesso em: 17 set. 2013.
Transistor.
Disponível
em:
PUTNAM, M. LM 317 Calculator. Disponível em: <http://www.electronics-lab.com/articles/LM317>. Acesso em: 17
set. 2013.
97
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Desempenho de bezerros submetidos à desmama precoce no Pantanal1
2
2
2
Luiz Orcirio Fialho de Oliveira , Urbano Gomes Pinto de Abreu , Ériklis Nogueira , Antonio Arantes Bueno
3
4
4
Sobrinho , Dayanna Schiavi Nascimento Batista , Egleu Diomedes Marinho Mendes
Resumo: A desmama precoce é uma excelente ferramenta para incrementos na eficiência reprodutiva,
principalmente em condições de restrição alimentar, característica comum dos sistemas de cria de bovinos de
corte no Pantanal e em outras regiões brasileiras. Implantou-se na Fazenda São Bento do Abobral, um
experimento onde se acompanhou o desempenho dos bezerros submetidos aos diferentes métodos de desmama.
Os animais permaneceram em áreas de pastagens nativas avaliadas mensalmente. Foram comparados 406
bezerros machos das raças Nelore e Tabapuã, submetidos à desmama precoce aos 110 dias (DP110) ou à
®
desmama convencional aos 210 dias de idade (DC210). Os animais do grupo DP110 receberam ração Via Lac
com fornecimento de 1% do peso vivo, ajustados mensalmente e foram mantidos em pasto formado com
humidícola (Urochloa humidicola). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, sendo os
resultados comparados pelo teste Tukey a 5% pelo modelo linear do procedimento GLIMMIX do programa SAS
versão 9.12 (2010). As pastagens nativas de maior predominância nos principais sítios de pastejo foram o capim
mimoso (Axonopus purpusii), felpudo (Paspalum plicatum), mimosinho (Reimarochloa brasiliensis), capim mimoso
vermelho (Setaria geniculata), capim vermelho (Andropogon hypoginus) e capim fino (Axonopus paraguiaiensis),
com 29.8, 27.7, 14.5, 11.7, 8.4 e 5.8% respectivamente. Os animais desmamados precocemente (DP110)
alcançaram 166,71 kg à idade padrão de 210 dias, enquanto os animais desmamados convencionalmente
(DC210) o peso de 168,26 kg, não havendo diferenças entre os mesmos (P>0,05). Na forma adotada, a desmama
precoce não afetou o desempenho dos bezerros, não sendo este fato impeditivo à adoção da mesma.
Palavras–chave: ganho de peso, pastagens nativas, ração
Performance of calves submitted to early weaning in Pantanal
Abstract: Early weaning is an excellent tool for increments in reproductive efficiency, especially in conditions of
food restrictions, common feature of creates system of beef cattle in the Pantanal and in other Brazilian regions.
Implanted in São Bento of Abobral Farm, an experiment which accompanied the performance of calves subjected
to different methods of weaning. The animals remained in native pasture area evaluated monthly. Four hundred six
male calves of Nelore and Tabapuã were compared, submitted early weaning with 110 days (DP110) or
conventional weaning with 210 days of age (DC210).The calves of early weaning were supplemented with ViaLac1% of live weight feeding, adjusted monthly and were kept in planted area with humidicola (Urochloa humidicola).
The experimental design was completely randomized, with the results compared by Tukey Test to 5% by the linear
model of SAS program GLIMMIX procedure version 9.12 (2010). The native grasses more predominance in key
places of grazing was the “mimoso grass” (Axonopus purpusii), “felpudo grass” (Paspalum plicatum), “mimosinho
grass” (Reimarochloa brasiliensis), mimoso vermelho grass” (Setaria geniculata), “vermelho grass” (Andropogon
hypoginus) e “fino grass” (Axonopus paraguaiensis), with 29.8, 27.7, 14.5, 11.7, 8.4 e 5.8 respectively. Early
weaning animals (DP110) reached 166.71 kg at 210 days of age, while conventional weaned animals (DC210)
168,26 kg weight. There are no differences between them. In the form adopted, early weaning did not affect the
performance of the calves, not being this fact prohibitive factor to adoption the early weaning.
Keywords: weight gain, native pasture, ration
Introdução
Avanços na suplementação de bezerros têm fundamental importância nos novos modelos de produção
animal. A demanda mundial por alimentos, celulose e energia provocaram aquecimento nos mercados de grãos,
de papel e do álcool, provocando uma expansão destas culturas em áreas antes ocupadas pela pecuária de corte.
Este processo inexoravelmente tem promovido o deslocamento da pecuária de corte e principalmente da fase de
cria, para regiões menos agricultáveis como é o caso do Pantanal. Limitações de ordem nutricional e alimentar
1
Estudo financiado pela EMBRAPA e In Vivo-NSA, com apoio da Fazenda São Bento do Abobral – Grupo Real.
Pesquisadores da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]).
3
Laboratorista da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS.
4
Analistas da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS.
2
98
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
nestas regiões provocam redução na produtividade e na eficiência reprodutiva, sendo a suplementação dos
bezerros uma das formas de minimizar o déficit nutricional das matrizes, com consequente aumento nos índices
de concepção e de natalidade do rebanho.
A desmama precoce é outra ferramenta que estrategicamente adotada pode melhorar os índices
reprodutivos do sistema, necessitando, entretanto, de avaliações sobre o crescimento dos bezerros e a taxa de
concepção das vacas, na condição utilizada.
Lobato et al. (2007) e Vaz et al. (2011), mostraram que os pesos padronizados aos 7 meses de idade foram
levemente inferiores (média de 171 kg) quando comparados com os bezerros de desmama convencional (DC)
(média de 192 kg), mas sem diferenças aos 12 meses (médias de 208 e 219 kg) e aos 24 meses de idade com
peso de 418 e 416 kg para os bezerros de DP e DC respectivamente. Da mesma forma os autores não
observaram diferenças nas carcaças dos animais como o nível de acabamento, rendimento, conformação e
classificação para a “Cota Hilton”.
Em razão das dificuldades naturais de acesso na região do Pantanal, tecnologias que demandam um aporte
maior de insumos, devem ser avaliadas de forma criteriosa, levando-se em consideração aspectos como
transporte, comercialização dos animais, etc. Este trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho dos bezerros
submetidos à desmama precoce nas condições específicas da região, servindo como subsídio para adoção desta
tecnologia.
Material e Métodos
O trabalho foi implantado na Fazenda São Bento do Abobral, localizada no município de Miranda, entre os
rios Abobral e Miranda, no Pantanal Sul. Acompanhou-se o desempenho de 406 bezerros submetidos a desmama
precoce (110 dias) ou convencional (210 dias), das raças Nelore e Tabapuã. Os animais enquanto acompanhados
de suas mães, permaneceram em pastagens nativas, avaliadas mensalmente segundo Santos et al. (2002).
Identificaram-se os principais sítios de pastejo, procedendo-se a coleta por meio de utilização de quadrados
em 150 pontos por sítio de pastejo. Foram anotadas as principais forrageiras em cada ponto, aplicando-se os
multiplicadores 70.2, 21.1, e 8.7 para as três principais a fim de estimar a composição botânica. Amostras das
forrageiras foram colhidas nos pontos observados por meio da observação visual de consumo das suas frações
para posterior análise química, sendo a dieta estimada pela frequência das forrageiras e da composição botânica.
Determinou-se os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), cálcio, fósforo,
sódio, potássio, magnésio, ferro, manganês, zinco e cobre, fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente
ácido (FDA), lignina, nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e em detergente ácido (NIDA) conforme
descrito em Silva e Queiroz (2002). Procedeu-se a correção da FDN para os níveis de cinzas e proteínas (FDNcp),
e os carboidratos não fibrosos (CNF) foram calculados pela equação: CNF (%)=100 – (%FDNcp + %PB + %EE +
%cinzas).
O teor de nutrientes digestíveis totais (NDT) observado foi obtido a partir da equação:
NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD, onde:
PBD, EED, FDNcpD e CNFD representam os valores digestíveis da PB, EE, FDNcp e CNF
respectivamente, sendo os mesmos estimados pelas equações e fatores de correção descritos no NRC (2001).
A desmama foi realizada aos 110 dias de idade média, sendo os bezerros adaptados ao consumo da ração
durante os primeiros dias no curral. Posteriormente foram transferidos para uma invernada próxima da sede,
formada por humidícola (Urochloa humidicola), e avaliada mensalmente conforme procedimento adotado
anteriormente para as outras áreas. Além do peso a desmama, os bezerros foram submetidos às pesagens
mensais, sendo a oferta de suplemento ajustada para fornecimento de 1% do peso vivo (PV) total do lote.
®
A ração oferecida na forma peletizada (ViaLac ) era composta por milho, farelo de soja, farelo de trigo,
farelo de arroz, casca de aveia, glúten de milho, minerais, vitaminas, monensina sódica e probióticos, e
apresentando 18,5% de PB, 69,0% de NDT, 20,4% de FDN e 12,0% de FDA. As matrizes foram inseminadas em
tempo fixo e posteriormente colocadas com touros até o final da estação de monta de 120 dias de duração, sendo
ao término desta procedido o diagnóstico de gestação por ultrassonografia.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, ajustando-se os pesos à idade de 210
dias para ambas as raças, e comparando-se as médias pelo teste Tukey a 5% pelo modelo linear do procedimento
GLIMMIX do programa SAS versão 9.12 (2010).
99
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Resultados e Discussão
A composição química das forragens e a estimativa da dieta apresentaram níveis baixos de proteína bruta e
elevados para FDA, FDN e lignina (Tab.1). Os níveis de Sódio, Potássio, Magnésio, Ferro e Manganês da dieta
são superiores aos recomendados pelo NRC (1996), enquanto que os níveis de Cálcio, Fósforo, Zinco e Cobre
não atenderam o mínimo recomendado (Tab. 2).
Dietas com altos níveis de fibra e baixa concentração energética, provocam uma redução no consumo por
meio de uma restrição física do trato digestivo, ao mesmo tempo em que níveis baixos de substâncias solúveis
(proteínas, carboidratos não fibrosos, açúcares, etc.) provocam uma redução nos processos de crescimento
microbiano, de degradação do alimento no rúmen, de síntese de proteína microbiana e de ácidos graxos voláteis
(AGV), causando menor aporte de nutrientes, menor absorção, metabolização e redução no desempenho.
Tabela 1. Frequência e composição química das forragens nativas e da Brachiaria humidicola na Fazenda São
Bento do Abobral – Pantanal Sul.
1
Frequência
(%)
Axonopus purpusii
Paspalum plicatum
Reimarochloa brasiliensis
Setaria geniculata
Axonopus paraguaiensis
3
Média Frequencial
29,8
27,7
14,5
11,7
5,8
2
MS
PB
(%)
(%)
Pasto Nativo
NIDA
(%)
FDN
(%)
FDA
(%)
Lignina
(%)
NDT
(%)
34,9
27,9
34,3
25,5
31,8
31,2
0,32
0,83
0,70
0,66
0,44
0,59
68,85
72,16
66,05
68,83
71,04
69,56
35,33
39,71
32,53
35,77
39,29
36,55
3,88
7,80
4,40
5,94
5,51
5,55
64,74
57,34
64,88
59,14
63,52
61,66
0,26
70,54
34,51
3,69
4,19
6,85
5,85
6,68
6,28
5,74
Pasto Formado
Brachiaria humidicola
22,8
1
5,30
2
62,02
3
Frequência das forrageiras conforme Santos et al. (2002); NDT = PBD + 2,25 x EED + FDNcpD + CNFD (conforme NRC, 2001); Média do
pastejo simulado das forragens (cortes das frações consumidas por observação visual), multiplicado pela sua frequência/participação nos
sítios.
Tabela 2. Frequência e composição mineral das forragens nativas e da Brachiaria humidicola na Fazenda São
Bento do Abobral – Pantanal Sul.
Ca
P
Na
K
Mg
Fe
Mn
Zn
Cu
(g/kg) (g/kg)
(g/kg)
(g/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg) (mg/kg)
Pasto Nativo
Axonopus purpusii
Paspalum plicatum
Reimarochloa brasiliensis
Setaria geniculata
Axonopus paraguaiensis
1
Média Frequencial
Recomendações
2
(NRC, 1996)
3,15
3,06
2,53
2,75
2,07
2,90
4,00
0,96
1,60
1,93
2,16
1,32
1,50
2,10
0,47
1,04
0,82
2,18
0,80
0,95
0,80
4,80
11,23
7,36
24,13
7,41
9,52
6,00
2,93
2,18
2,32
1,52
2,00
2,35
1,00
85,3
48,4
91,7
54,0
43,7
68,2
50,0
147,8
271,9
297,9
169,4
227,1
218,5
20,0
11,57
20,48
26,67
33,46
9,40
19,49
30,0
1,45
0,85
0,95
5,12
0,69
1,61
10,0
1,63
67,4
154,5
22,50
3,01
Pasto Formado
Brachiaria humidicola
1
2,68
1,60
3,60
Frequência das forrageiras conforme Santos et al. (2002);
produção à pasto.
2
18,02
Níveis recomendados pelo NRC (1996) para bovinos de corte em sistemas de
Os minerais fazem parte de inúmeros processos bioquímicos, atuam em reações do metabolismo
energético, do sistema imune, do sistema reprodutivo, na síntese de tecidos (muscular, ósseo, nervoso), e sua
falta pode afetar de diversas formas a produção animal. Uma suplementação mineral correta é fundamental para o
sucesso e a eficiência do sistema de produção, sendo a identificação da composição da dieta nos diferentes
estágios de desenvolvimento das forrageiras, uma forma importante para obtenção de resultados satisfatórios na
atividade.
100
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Não houve diferenças de peso entre os animais DP110 ou DC210 (P>0,05), confirmando as observações de
Lobato et al. (2007) e Vaz et al. (2011), demonstrando que nas condições realizada, esta estratégia não prejudica
o desenvolvimento dos bezerros nascidos nesta região do Pantanal.
Tabela 3. Médias ajustadas (± EPM) do peso corrigido aos 210 dias de acordo com o grupo racial e método de
desmama.
Desmama Convencional
Nelore
Tabapuã
Geral
a
167,82 ± 1,23
a
171,67 ± 3,53
a
169,75 ± 1,88
Desmama Precoce
a
165,30 ± 1,73
a
171,34 ± 3,04
a
168,32 ± 1,74
Médias seguidas por letras iguais na mesma linha não diferem (P > 0,05).
O índice de concepção das vacas desmamadas precocemente foi de 98,45% e de 75,00% para as vacas de
desmama convencional. Níveis satisfatórios de energia podem proporcionar maiores índices reprodutivos,
mesmos para as vacas DC, o que não se observou neste estudo. Desta forma, supõe-se que o desempenho
reprodutivo das vacas de desmama convencional tenha sido afetado por consumo reduzido de matéria seca,
situação normal em condições de pastagens fibrosas e com baixos teores de proteínas solúveis.
Conclusões
Adotadas condições adequadas de alimentação e de suplementação, os bezerros submetidos à DP,
apresentam desempenhos semelhantes aos desmamados convencionalmente, e desta forma podem ser
submetidos à esta estratégia de manejo no Pantanal, desde que os ganhos adicionais sobre a eficiência
reprodutiva superem os custos relativos à suplementação e manejo dos bezerros.
Agradecimentos
Especial agradecimento à toda equipe da Fazenda São Bento do Abobral e a Indústria InVivo-NSA.
Referências
LOBATO, J.F.P.; ALMEIDA, L.S.P.; OSORIO, E.B.; MÜLLER, A. Efeito da idade de desmama no desenvolvimento
e nas características de carcaça de novilhos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.3, p.596-602,
2007.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of beef cattle. 7. Ed. Washington: National Academici
Press, 1996, 242p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient requirements of dairy cattle. 7. Ed. Washington: National
Academici Press, 2001, 362p.
SANTOS, S. A.; COSTA, C.; SOUZA, G.S. e; GARCIA, J.B.; PELLEGRIN, L.A.; GUTIERREZ, R. Metodologia de
amostragem para avaliação da qualidade das Pastagens Nativas Consumidas por Bovinos no Pantanal.
Corumbá: Embrapa Pantanal, 2002. 27p. (Embrapa Pantanal. Documentos, 31).
SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. de. Análise de Alimentos: Métodos Químicos e Biológicos. 3 Ed. Viçosa:
Universidade Federal de Viçosa, 2002, 235p.
VAZ, R.Z., LOBATO, J.F.P., PASCOAL, L.L. Desenvolvimento de bezerros de corte desmamados aos 80 ou 152
dias até os 15-16 meses de idade. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.1, p.221-229, 2011.
101
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Desenvolvimento de um sistema de monitoramento remoto de umidade do solo
1
2
3
4
5
Gabriel Oliveira , Danielle Silva , Claúdia Fernandes , Roosevelt Silva , Leandro de Jesus , Ivan Bergier
6
Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar o protótipo de um sistema autônomo de monitoramento de
umidade do solo. O sistema consiste de três sensores de umidade de solo conectados a um microcontrolador
Arduino, alimentado por uma bateria carregada por uma célula fotovoltaica. O propósito desse sistema é realizar a
transmissão por módulo Xbee® de sinal analógico referente ao teor de umidade do solo. O sinal transmitido é
captado por outro módulo Xbee® ligado a um programa servidor capaz de armazenar continuamente as
informações captadas.
Palavras–chave: Arduino, qualidade do solo, sensores, banco de dados, transmissão sem fio.
Development of a remote monitoring system of soil moisture
Abstract: This work aims to present the prototype of an autonomous system for the monitoring of soil moisture.
The system consists of three soil moisture sensors connected to an Arduino microcontroller, powered by a battery
charged by a solar cell. The purpose of this system is to transmit by a XBee® module the analog signal related to
the moisture content of the soil. The transmitted signal is recognized by another XBee® module connected to a
server program that continuously stores the captured information.
Keywords: Arduino, soil quality, sensors, database, wireless transmission.
Introdução
Existem diversas plataformas de hardware e código abertos disponíveis que possibilitam o desenvolvimento
não só de protótipos, mas também de sistemas completos com os mais variados propósitos em controle e
automação de processos. O monitoramento por meio de sensores é uma das aplicações mais comuns desse tipo
de abordagem. O Arduino é uma plataforma de código e hardware livres, baixo custo e possibilita o aprendizado
em automação e eletrônica, bem como o desenvolvimento de soluções inovadoras. O Arduino é de fácil manuseio
e
programação
e
para
mais
informações
recomenda-se
o
acesso
ao
site
http://playground.arduino.cc//Portugues/HomePage.
O presente trabalho visa mostrar resultados ainda preliminares de um protótipo desenvolvido para o
monitoramento remoto (sem fio) da umidade do solo, cuja aplicação em fase final (validada) de desenvolvimento
pode ser o monitoramento da umidade em solos de jardins, hortas, estufas, ou mesmo de ecossistemas e
agroecossistemas.
Material e Métodos
Para o desenvolvimento do protótipo, alimentado por uma bateria de 3,7V recarregável por energia solar
(célula fotovoltaica de 7V), foi utilizado um módulo Arduino Fio (ARDUINO, s.d.) que consiste de um
microcontrolador programável com suporte a um módulo de comunicação sem fio XBee®. Este componente
permite a comunicação sem fio entre módulos Arduino e computadores em redes de diferentes topologias ou
configurações (veja http://xbee.wikispaces.com/MESH). Três sensores de umidade SEN0114 (DFROBOT, s.d.)
foram utilizados para realizar a leitura do sinal de umidade, não calibrado, enviando sinais ao Arduino que por sua
vez envia os dados coletados para um servidor por meio da comunicação/protocolo XBee®.
1
Bolsista PiBic/Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Graduando em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, 79370-000, Corumbá, MS ([email protected])
2
Bolsista PiBic/Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Graduanda em Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
3
Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
4
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
5
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
79320-198, Aquidauna, MS ([email protected])
6
Pesquisador da Embrapa, Laboratório de Conversão de Biomassa, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
102
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Resultados e Discussão
Até o momento foi desenvolvido o protótipo representado diagramado na Figura 1. O sistema atual realiza a
leitura de dados analógicos de três sensores de umidade e os envia, por meio da comunicação XBee® para um
computador que por sua vez envia por TCP/IP os dados a um servidor onde são gravados em uma base de dados
do projeto CNPq/REPENSA desenvolvida pelo IFMS de Corumbá.
Figura 1. Diagrama do protótipo com três sensores testado nas dependências da Embrapa Pantanal, em
Corumbá.
Como mostra o diagrama na Figura 1, o sistema é alimentado por uma bateria de 3,7V que é carregada por
uma célula fotovoltaica de 7V, desta forma a bateria é carregada durante o dia para que a noite o sistema continue
funcionando, possibiltando coleta initerrupta de dados. Os três sensores de umidade de solo são enterrados em
níveis de profundidade diferentes, sendo o primeiro a 10 cm, outro a 20 cm e o terceiro a 30 cm da superfície.
A fim de testar o funcionamento do protótipo, foi realizada a aquisição de dados entre os dias 27/09/13 e
08/10/13, em que o sistema obteve dados de umidade do solo e os enviou ao computador receptor em intervalos
regulares de dez minutos. O resultado da coleta dos dados pode ser visualizado na Figura 2.
Como pode ser observado na figura acima, os três sensores de umidade forneceram leituras de dados
semelhantes, não havendo diferenças entre as profundidades. Os sensores foram enterrados a mais de 6 meses e
não é possível explicar a falta de variação entre as profundidades medidas. A princípio, seria esperado que o
sensor mais próximo a superfície se comportasse diferentemente dos demais. Pode-se notar, também, grandes
oscilações ao longo de toda a série de dados, sendo que tais oscilações não estão diretamente ligadas com
temperatura (ver relação com radiação solar da estação meteorológica de Corumbá do INMET) ou chuva (não
mostrado). Podem estar ligadas ao funcionamento de ar condicionado de salas próximas, cuja água condensada é
despejada nos arredores do sistema enterrado.
103
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Figura 2. Sinais analógicos dos sensores de umidade e radiação solar em função do tempo.
Conclusões
O sistema está em fase de prototipagem e testes. Os resultados são preliminares e serão feitos ajustes e
testes para que o sistema possa ser melhorado. Futuramente serão escolhidas outras áreas/solos de teste e
incluídos sensores de temperatura junto aos sensores de umidade, fornecendo, assim, informações relevantes
para uma melhor avaliação e validação do funcionamento do sistema.
Agradecimentos
Os autores agradecem o financiamento das pesquisas pela Embrapa Macroprograma 2 SEG
02.11.05.002.00.00 e Projeto MCTI/CNPq/Repensa processo número 562441/2010-7.
Referências
ARDUINO, s.d. Arduino Fio. Disponível em: <http://arduino.cc/en/Main/ArduinoBoardFio>. Acesso em: 10 out.
2013.
DFROBOT. Moisture Sensor (SKU:SEN0114). Disponível em: <http://www.dfrobot.com/wiki/index.php/Moisture
Sensor (SKU:SEN0114)>. Acesso em: 10 out. 2013.
INMET. Consulta Dados da Estação Automática: CORUMBA (MS). Disponível em: <http://www.inmet.gov.br/
sonabra/dspDadosCodigo.php?QTcyNA==>. Acesso em: 08 out. 2013.
104
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Determinação da composição centesimal de pacu (Piaractus Mesopotamicus) cultivados
em tanques-rede no Pantanal
1
2
3
Jovana Silva Garbelini Zuanazzi , Ádina Cléia Botazzo Delbem , Nilton Garcia Marengoni , Flávio Lima
4
5
Nascimento , Jorge Antonio Ferreira de Lara
Resumo: Avaliou-se a composição centesimal dos pacus de tanques-rede na região do Pantanal. Os pacus foram
capturados com aproximadamente 500 g de peso dos tanques-rede localizados em um braço do rio Paraguai no
município de Ladário. Os animais permaneceram nas gaiolas alimentados com ração comercial por cinco meses e
meio (entre os meses de outubro e março). Foram realizadas em triplicata análises de umidade, cinzas, lipídios e
proteína. Nos dados referentes à composição centesimal foram observados teores de umidade de 65,15%,
proteínas de 18,21%, lipídios de 8,43% e cinzas de 1,24%. Os resultados mostraram que o alto teor de lipídios na
carne quando comparados com pescado de outras espécies, mas baixo quando comparado com pacus. Isso se
deve, respectivamente, ao fato do pacu conter naturalmente mais gordura que outros peixes e ter sido abatido
mais jovem que nos cultivos tradicionais por causa da decoada. Os resultados encontrados foram compatíveis
com o sistema de cultivo adotado e espécie analisada, permitindo assim considerar o pescado de pacu cultivado
em tanque-rede no Pantanal uma alternativa para a dieta de proteínas e gordura de origem animal.
Palavras- Chave: filé, piscicultura, Rio Paraguai.
Determination of chemical composition of Pacu (Piaractus mesopotamicus) raised in net cages in the
Pantanal
Abstract: We evaluated the chemical composition of pacu in cages in the Pantanal region. The pacu were
captured with approximately 500 g weight of the cages located in an arm of the Paraguay River in the municipality
of Ladário. The animals were kept in cages fed with rations for five and a half months (between October and
March). Were performed in triplicate analyzes of moisture, ash, fat and protein. The data relating to composition
were observed moisture content of 65.15%, 18.21% protein, 8.43% lipids and ash 1.24%. The results showed that
the high content of lipids in the fish flesh compared to other species but low compared to pacus. This is due,
respectively, to the fact of pacu naturally contain more fat than other fish and have been slaughtered younger than
the traditional crops because of decoada. The results were compatible with crop system and species analyzed,
thus consider the pacu fish grown in cages in the Pantanal an alternative to the diet of protein and animal fat.
Keywords: fillet, aquaculture, Paraguay River
Introdução
No Brasil, nos últimos anos tem aumentado a demanda pela criação de peixes em cativeiro. Dentre as
espécies nativas destaca-se o pacu (Piaractus mesopotamicus) que apresenta grande potencial para a piscicultura
intensiva, devido à adaptabilidade ao cultivo, menor exigência de proteína e não necessidade de grandes
quantidades de farinha de peixe na ração.
Embora o pescado apresente importantes propriedades nutritivas, seu consumo no Brasil é de 9kg por
habitante ao ano - índice considerado baixo pela Organização Mundial da Saúde, que recomenda pelo menos
12kg por habitante no período - ou seja, inferior à média mundial, de 16kg por habitante ao ano.
O pescado deve ser incluídos na dieta por ser fontes de componentes nutricionais, por ser alimento com
baixo teor de gordura e alto teor de proteína e que além de ser fonte energética são ricos em ácidos graxos
poliinsaturados, como os da família ômega 3.
Atualmente existem poucas informações disponíveis sobre a composição química do peixe, mesmo sobre
os peixes mais populares brasileiros, prejudicando o estabelecimento de dietas balanceadas para a sociedade.
1
Mestre em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Pesquisadora Bolsista DCR FUNDECT\CNPq, 79320-,900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Professor Adjunto do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Marechal Cândido Rondon, PR
([email protected])
4
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
105
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
O conhecimento da composição química do peixe tem sua importância devido ao fato que para a mesma
espécie de peixe a composição pode variar bastante.
Com o isso, o objetivo do trabalho foi avaliar a composição centesimal (cinzas, umidade, proteína e gordura)
de pacus cultivados em tanques-rede no Pantanal.
Material e Métodos
Os pacus foram capturados com aproximadamente 400 g de peso dos tanques-rede localizados em um
braço do rio Paraguai no município de Ladário. Os animais permaneceram nas gaiolas alimentados com ração
comercial por cinco meses e meio (entre os meses de outubro e março).
Os animais, em jejum, foram transportados e abatidos em gelo na proporção de 1:1 água e gelo e, em
seguida, processados no Laboratório de Carnes da Embrapa Pantanal.
No laboratório os peixes foram descabeçados, eviscerados e as carcaças foram mergulhadas em água
clorada (5 ppm de cloro) por cerca de 5 minutos.
Para a obtenção dos teores de umidade, cinzas, lipídios e proteína, as amostras foram analisadas em
triplicata de acordo com os métodos descritos pela (AOAC,1995).
Resultados e Discussão
Os resultados da composição centesimal apresentaram 65,15% de umidade, 18,21% de proteína, 8,43% de
gordura e 1,24% de cinzas (Tabela 1). Netto (2010) relatou valores para filé de pacu “in natura” de 69,48%, 2,8%,
10,85% e 17,02% respectivamente para umidade, cinza, lipídios e proteína. Os valores de umidade, cinzas e
lipídios são superiores ao encontrado nesse estudo.
O componente que mais pode variar na composição centesimal da carne de pacu é a gordura com
implicações na proporção dos outros componentes. De fato, o teor de gordura pode está relacionado com
características da dieta dos peixes, onde rações com maior presença de gordura em suas formulações pode levar
a um aumento no acúmulo deste componente na carne (BOSCOLO et al., 2004).
Além disso, Souza e Maranhão (2001) observaram que peixes jovens, possuem carne com mais umidade e
menos gordura que os adultos, visto que estão em fase de crescimento, logo, com menos gordura disponível para
reserva.
Em função da decoada o cultivo dos pacus não pode ultrapassar o período de cerca de nove meses e, por
causa do menor tempo de engorda, seu peso na despesca é inferior ao de peixes obtidos em cultivo em gaiolas
de outras regiões. Esses peixes foram retirados com 5 meses e meio, jovens, quando comparados com o cultivo
tradicional, o que explica o menor teor de gordura quando comparados com trabalhos com cultivos em outras
regiões.
A decoada é um fenômeno natural do Pantanal, onde a bacia hidrográfica recebe uma quantidade muito
acima do normal de matéria orgânica, decorrente do ciclo de vida da biodiversidade do bioma, com alterações
físico-químicas da água e alta mortalidade de peixes.
A umidade é um componente que também pode variar, apresentando uma correlação inversa com o
conteúdo de lipídios, sendo que quando constatado um elevado teor de umidade os lipídios se mostrou baixo ou
vice-versa. Os dados obtidos para os pacus estão de acordo com essa correlação entre umidade e lipídios.
Uma forma de avaliar a classificação dos peixes em relação ao teor de gordura está baseada na seguinte
forma: menor que 2% de conteúdo de lipídeos, é um pescado de baixo conteúdo de gordura; entre 2 e 5%, é um
pescado moderado em conteúdo de gordura; e maiores que 5%, é considerado um pescado com alto conteúdo de
gordura (PIGOTT; TUCKER, 1990).
106
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 1. Valores médios e seus respectivos desvios padrões da composição centesimal de filés de pacu in
natura cultivados em tanques-rede (n=5)
Parâmetros
Umidade
Carne in natura
Proteína
18,21 ± 1,42
Lipídios
8,43 ± 1,76
Cinzas
1,24 ± 0,12
65,15 ± 3,41
Assim, de acordo com essa classificação os pacus de tanques-rede utilizados no presente trabalho podem
ser considerados um peixe com alto teor de gordura, mesmo apresentando valores inferiores aos encontrados por
(NETTO, 2010).
O alto teor de lipídios na carne pescado pode apresentar benefícios, já que os peixes que possuem essas
características são considerados mais saborosos podendo ser utilizados em subprodutos como os empanados,
patês, hambúrgueres entre outros.
A determinação da cinza fornece uma indicação da riqueza da amostra em elementos minerais. Segundo
Simões (2007), peixes de água doce apresentam variações na fração de cinzas que vão de 0,90% a 3,39%. Estes
valores são compatíveis aos valores de cinzas encontrados nos filés de pacu cultivados em tanques-rede.
Conclusão
Os resultados encontrados foram compatíveis com o sistema de cultivo adotado e espécie analisada,
permitindo assim considerar o pescado de pacu cultivado em tanque-rede no Pantanal uma alternativa para a
dieta de proteínas e gordura de origem animal.
Agradecimentos
A Embrapa e Ministério da Pesca e Aquicultura por financiar a pesquisa e aos funcionários de apoio da
Embrapa Pantanal pelo empenho nos trabalhos.
Referências
AOAC – Association of Official Analytical Chemists. Oficial methods of analysis of the Association of
Official Analytical Chemistis. 16 ed. Arlington; AOAC, 1995.
BOSCOLO, W.R.; HAYASHI, C.; MEURER, F.; FEIDEN, A; WOLFF, L. Desempenho e características de carcaça
de tilápias do Nilo (Oreochromis niloticus L.) alimentadas com rações contendo diferentes níveis de gordura. Acta
Scientiarum, Animal Sciences, v. 26, n. 4, p. 443- 447, 2004.
NETTO, J. D. P. C.; BOSCOLO, W. R.; FEIDEN, A.; MALUF, M. L. F.; FREITAS, J. M. A. D.; SIMÕES, M. R
Formulação, análises microbiológicas, composição centesimal e aceitabilidade de empanados de jundiá (Rhamdia
quelen), pacu (Piaractus mesopotamicus) e tilápia (Oreochromis niloticus). Revista do Instituto Adolfo Lutz
(Impresso), São Paulo, v. 69, n. 2, p. 181-187, 2010.
PIGOTT, G; TUCKER, B. Sea food effects of technology on nutrition, 1st edit. New York: Marcel Dekker INC,
1990.
SIMÕES, M. R; RIBEIRO, C. D. F. A.; RIBEIRO, S. D. C. A.; PARK, K. J.; MURR, F. E. X. Composição físicoquímica, microbiológica e rendimento do filé de tilápia tailandesa (Oreochromis niloticus). Ciência e Tecnologia
de Alimentos, Campinas, v. 27, n. 3, p. 608-613, 2007.
SOUZA, M.L.R.; MARANHÃO, T.C.F. Rendimento de carcaça, file e subprodutos da filetagem da tilápia do nilo,
Oreochomis niloticus (L), em função do peso corporal. Acta Scientiarum. Maringá, v.23, n. 4, p. 897-901, 2001.
107
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Diagnóstico de gestação de fêmeas nelore de diferentes categorias criadas
extensivamente no ecótono Cerrado/Pantanal, Aquidauana/MS1
1
2
3
Nicacia Monteiro de Oliveira , Urbano Gomes Pinto Abreu , Antonio do Nascimento Rosa , Marcos Paulo
4
Gonçalves de Rezende
Resumo: Informações de diagnóstico de gestação considerando diferentes categorias de fêmeas Nelores tornamse necessárias para elaboração de estratégias de manejos diferenciada a cada categoria, com objetivo de suprir
as exigências necessárias para aumentar o desempenho do rebanho. Objetivou-se realizar um diagnóstico de
gestação de fêmeas Nelore de diferentes categorias criadas extensivamente no ecótono Cerrado/Pantanal,
Aquidauana/MS. Para análise do diagnóstico de gestação, foram utilizadas informações coletadas, entre os anos
de 2003 a 2012, de 5.433 fêmeas Nelores, criadas em sistemas de manejo extensivo. Observou-se que tanto as
vacas adultas como as novilhas apresentaram melhor eficiência reprodutiva com relação ao diagnostico de
gestação, quando comparado as vacas primíparas, sendo em ambos os casos as diferenças significativas
(P<0,01). Maiores coeficiente de variação (CV) foram verificados para a categoria de vacas primíparas (CV =
5,70%), o que indica oscilações na taxa de fêmeas prenhes durante os anos de análise. As vacas adultas e
novilhas apresentam taxas de prenhes superiores ao esperado, sendo essa diferença de 8,39% e 6,46%
respectivamente, ao passo que as vacas primiparas apresentaram 61,90% a menos que o esperado. Conclui-se
que diagnóstico de gestação foi uma prática de manejo eficiente para identificar o manejo adequado para cada
categoria. Vacas primíparas apresentaram como a categoria mais exigente e responsável pela diminuição da taxa
de prenhez do rebanho.
Palavras–chave: fase de cria, matrizes, reprodução, seleção, Zebuínos.
Pregnancy diagnosis of Nellore different categories created extensively in ecotone Cerrado/Pantanal,
1
Aquidauana/MS
Abstract: Information pregnancy diagnosis considering different categories of Nelore females become necessary
to develop strategies for different managements for each category, in order to meet the requirements needed to
increase the performance of the herd. The objective was to conduct a pregnancy diagnosis of Nellore different
categories created extensively in ecótono Cerrado/Pantanal, Aquidauana/MS. For analysis of gestation, we used
information collected between the years 2003 to 2012, from 5433 Nelore females, reared in extensive management
systems. It was observed that both adult cows and heifers showed better reproductive efficiency in relation to the
diagnosis of pregnancy, when compared primiparous cows, and in both cases the significant differences (P<0,01).
Higher coefficient of variation (CV) were checked for the category of primiparous cows (CV=5,70%), which
indicates fluctuations in the rate of pregnant females during the years of analysis. Adult cows and heifers pregnant
at rates higher than expected, and this difference of 8.39% and 6.46% respectively, whereas the primiparous cows
had 61.90% less than expected. We conclude that pregnancy diagnosis was a practice of efficient management to
identify appropriate management for each category. Primiparous cows presented as the category most demanding
and responsible for the decrease in the pregnancy rate of the flock.
Keywords: phase creates arrays, reproduction, selection, Zebu.
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor.
Aluna do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia Produção Animal no Cerrado/Pantanal, Nível Mestrado, Universidade Estadual do Mato
Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
2
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Caixa Postal 830, 79106-550, Campo Grande, MS ([email protected])
4
Graduando em Zootecnia pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS
([email protected])
1
108
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Introdução
O Brasil ocupa as posições de maior produtor e exportador de carne bovina e esses rebanhos são na
maioria das vezes mantidos sob ampla variação de condições de manejo e ambiente (FERRAZ & FELÍCIO, 2010),
com uma eficiência reprodutiva inferior ao desejado.
Os produtores para continuar dando frente à competitividade do mercado de carne mundial necessitam de
animais com melhores desempenhos reprodutivos e produtivos, pois de acordo com Pötter et al. (1998), essa
competitividade da pecuária de corte depende deste desempenho para aumento da rentabilidade do sistema. Uma
pequena parcela de aumento da eficiência nos índices de reprodução direciona um aumento também da
produtividade e lucratividade nos rebanhos de bovinos (RADOSTITS et al., 2001).
Informações de diagnóstico de gestação considerando diferentes categorias de fêmeas Nelores tornam-se
necessário para elaboração de estratégias de manejos diferenciada a cada categoria, visando atender as
exigências necessárias para aumentar o desempenho do rebanho em um todo. Nesse ínterim, objetivou-se um
diagnóstico de gestação de fêmeas Nelore de diferentes categorias criadas extensivamente no ecótono
Cerrado/Pantanal, Aquidauana/MS.
Material e Métodos
Para analise do diagnóstico de gestação, foram utilizadas informações de 5.438 fêmeas Nelores coletadas
em uma propriedade entre os anos de 2003 a 2012 (Tabela 1), localizada na região do ecótono Cerrado/Pantanal,
Aquidauana (MS). As fêmeas Nelores estão submetidas a sistemas de manejo extensivo. A propriedade tem sua
base de produção, direcionado ao manejo na fase de cria.
Tabela 1. Sumário do diagnóstico de gestação de fêmeas Nelores de diferentes categorias, entre os anos de 2003
a 2012.
Ano
T.
Vacas adultas
V.
C. %
T.
Vacas primíparas
V.
C.
%
T.
Novilhas
V.
C.
%
T.
Rebanho
V.
C.
%
2003
343
27
316
92
93
23
70
75
97
7
90
93
533
57
476
89
2004
366
31
335
92
85
52
31
38
99
25
74
75
550
108
440
80
2005
385
20
365
95
71
44
27
38
79
8
71
90
535
72
463
87
2006
402
53
349
87
61
23
38
62
118
14
104
88
581
90
491
85
2007
326
30
296
91
95
55
40
42
120
7
113
94
541
92
449
83
2008
337
49
288
86
109
79
30
28
106
12
94
89
552
140
412
75
2009
305
25
305
92
87
24
63
72
105
7
105
93
522
56
466
89
2010
359
41
318
89
97
29
68
70
78
0
78
100
534
70
464
87
2011
368
57
311
85
77
07
70
90
87
09
78
90
532
73
459
86
2012
398
76
322
81
77
16
61
79
78
8
70
90
553
100
453
82
T.: total; V.: vazia; C.: cheia; %: freqüência de fêmeas cheias.
Para análise do diagnóstico de gestação, utilizou-se a taxa de prenhez das fêmeas Nelores entre as
diferentes categorias de matrizes (vacas adultas, vacas primíparas e novilhas). A taxa de prenhes foi analisada
por meio do pacote estatístico do programa R versão 2.15.3. Foram estimadas pelo método dos quadrados
mínimos as variâncias da característica para as diferentes categorias. Posteriormente realizou-se o teste do Quiquadrado com objetivo de verificar as diferenças entre as taxa de prenhez das diferentes categorias analisadas.
109
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Resultados e Discussão
Na Tabela 2, observa-se que tanto as vacas adultas como as novilhas apresentaram melhor eficiência
reprodutiva com relação ao diagnóstico de gestação, quando comparadas às vacas primíparas, em ambos os
casos as diferenças significativas são (P<0,01).
Verificou-se maior coeficiente de variação para a categoria de vacas primíparas (CV= 35,70%),o que
permite inferir na maior variação no desempenho reprodutivo desses animais durante o período analisado.
Tabela 2. Resumo da análise de variância para a taxa de prenhes (%) de acordo com a categoria de fêmeas
Nelore.
Vacas Adultas
Vacas Primíparas
Novilhas
Mínimo
81
28
75
Máximo
95
90
100
Média
89,00a
59,40b**
90,20b
Variância
177,78
449,60
40,40
Desvio Padrão
42,16
212,03
63,56
Coeficiente de Variação
4,74%
35,70%
7,05%
Letras iguais na média, não diferem estatisticamente (P<0,05) pelo teste de Tukey. *P<0,05; **P<0,01; ***P<0,001.
Na Tabela 3, observamos que vacas adultas e novilhas apresentam taxas de prenhes superiores
esperado, sendo essa diferença de 8,39% e 6,46% respectivamente. Considerando que a taxa de natalidade
um rebanho está diretamente ligada à taxa de prenhes das matrizes, Beretta et al. (2001) retratam que a taxa
natalidade de um rebanho de cria é a variável que causa maior impacto sobre a rentabilidade de um sistema
produção. Abreu et al. (2003) reforçam que o impacto econômico no sistema com o aumento da taxa
natalidade é de 65% para 70% que eleva em média 16,3% o número de animais vendidos.
ao
de
de
de
de
Ao contrário do desempenho das demais categorias, as vacas primíparas apresentaram taxa de prenhez de
61,90% a menos que o esperado. Nesse sentido, sugere-se uma atenção maior a esta categoria, como privilegiar
as mesmas, fornecendo os melhores pastos da propriedade ou colocando-o em pastejo de ponta para aumentar o
grau de escolha, pois de acordo com Lobato et al. (1998) maiores taxas de prenhez em vacas primíparas têm sido
obtidos com a utilização de pastagens de qualidade.
Tabela 3. Número de informações observadas e esperadas na taxa de prenhez das diferentes categorias de
fêmeas.
Vaca Adulta
Vaca Primípara
Novilha
Total
Vazia
409 (677,03)
352 (134,11)
97 (153,67)
858
Cheia
3.205 (2.936)
498 (715,89)
877 (820,32)
4.580
Total
3.614
850
974
5.438
2
*X =P<0,05.
Conclusões
Conclui-se que diagnóstico de gestação é uma estratégia de manejo eficiente para identificar sistema de
manejo adequado para cada categoria. Vacas primíparas apresentaram como a categoria mais exigente e
responsável pela diminuição do índice de prenhez do rebanho em um todo.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Referências
ABREU, U.G.P.; CEZAR, I.M.; TORRES, R.A. Análise bioeconômica da introdução de período de monta em
sistemas de produção de rebanhos de cria na região do Brasil Central. Revista Brasileira de Zootecnia, Brasília,
v.30, n.5, p.1198-1206, 2003.
BERETTA, V.; LOBATO, J.F.P.; MIELITZ NETO, C.G.A. Produtividade e eficiência biológica de sistemas pecuários
de cria diferindo na idade das novilhas ao primeiro parto e na taxa de natalidade do rebanho no Rio Grande do
Sul. Revista Brasileira de Zootecnia, Brasília, v.30, n.4, p.1278-1286, 2001.
FERRAZ, J.B.S.; FELÍCIO, P.E. Production systems – An example from Brazil. Meat Science, v. 84, p. 238 – 243,
2010.
LOBATO J.F.P., DERESZ F., LEBOUTE E.M., PEREIRA NETO O.A. Pastagens melhoradas e suplementação
alimentar no comportamento reprodutivo de vacas de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, Brasília, v.27, n.1,
p.47-53, 1998.
PÖTTER, L.; LOBATO, J.F.P.; MIELITZ NETO, C.G.A. Produtividade de um modelo de produção para novilhas de
corte primíparas aos dois, três e quatro anos de idade. Revista Brasileira de Zootecnia, Brasília, v.27, n.3,
p.613-619, 1998.
RADOSTITS, O.M. Herd Health: Food Animal Production Medicine. 3º ed. Philadelphia: W.B. Saunders
Company, 2001.
111
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Disponibilização de mapas de precipitação da bacia do Alto do Paraguai-Pantanal na
rede social Facebook1
2
3
Carlos Roberto Padovani , Viviana Teixeira da Costa Gonçalves
As informações sobre a precipitação são importantes na agricultura, pecuária e até mesmo para a pesca.
Informação sobre as precipitações são estratégicas para alertar sobre riscos, maximizar a produção e minimizar as
perdas econômicas e até mesmo de vidas humanas. Tradicionalmente, as informações sobre as precipitações são
disponibilizadas por entidades como o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e Centro de Previsão de Tempo
e Clima (INPE – CPETC) em escala nacional e estadual. Essas informações são coletadas com pluviógrafos no
terreno. Não há até o momento informação sobre precipitação específica para a Bacia do rio Paraguai-Pantanal,
integrando toda a bacia e disponibilizada em redes sociais como o Facebook que permite a publicação massiva e
de fácil acesso, possibilitando a popularização da ciência e de informações importantes para a sociedade. Os
mapas de precipitação estimada da “Tropical Rainfall Measuring Mission” (TRMM) foram adquiridos usando o
GES-DISC interativo de visualização on-line e Infraestrutura de análise (Giovanni), como parte de Goddard de
Ciências da Terra da NASA (GES) de Dados e Serviços de Informação Center (DISC). A sua distribuição espacial
é formada por uma grade regular, enquanto que a distribuição dos pluviógrafos é irregular e ausente em muitas
regiões. Os mapas de precipitação foram sobrepostos com camadas de informação locais como drenagem, bacias
hidrográficas, limite do Pantanal e limite dos municípios fornecidos como referência. Os resultados
disponibilizados na forma de produtos e serviço são mapas de precipitação acumulada para toda a Bacia do Alto
Paraguai-Pantanal em diferentes intervalos de tempo, semanais, mensais e por temporadas de precipitação e
estiagens, além de mapas de precipitação de eventos extremos. Os mapas são comentados sobre a distribuição
espacial e a intensidade das precipitações para o planalto e para o Pantanal, de forma comparativa e buscando
associar com referências geográficas como rios, regiões do Pantanal, bacias hidrográficas, entre outras. Os
mapas semanais fornecem informação atualizada sobre as precipitações na bacia, enquanto os mapas mensais
fornecem a precipitação acumulada no mês, como uma síntese mensal. Os mapas por temporadas de
precipitação (outubro a março) e estiagens (abril a setembro) são disponibilizados para os últimos quatro anos
como uma memória de precipitações passadas e para que os usuários possam fazer comparações das chuvas
atuais com temporadas de anos anteriores. Análises de comparações de temporadas de precipitação e de
estiagem também são apresentadas. Animações (pequenos vídeos com mapas de 3 em 3 horas) para cada
semana do mês corrente e de eventos extremos de precipitação (trombas d’água) ocorridos no ano corrente,
permitem ao usuário visualizar a dinâmica espaço-temporal da precipitação em toda a bacia e no caso dos
eventos extremos, entender como evoluiu a precipitação para provocar eventos extremos de inundações em
cidades e no Pantanal. Para o ano de 2013 foram registrados pela análise dos mapas e por informações da mídia
três eventos extremos no mês de abril. Entre os dias 5 e 6 na bacia do rio Miranda, inundando a cidade de
Miranda e a região do Pantanal a jusante, no dia 7 na bacia do rio Apa, inundando parte da cidade de Porto
Murtinho e áreas de Pantanal e no dia 13 na região da Nhecolândia, no Pantanal entre os rios Taquari Velho e rio
Negro, próximo do rio Paraguai, influenciando na inundação da região do Passo do Lontra em conjunto com a
inundação vinda da bacia do rio Aquidauana. Com base nesses mapas de precipitação e informações da mídia um
alerta de inundação foi publicado no canal de televisão local. Além da intensidade desses eventos em milímetros
de precipitação, o seu mês de ocorrência em abril, já no início do período de estiagem, demonstra a variabilidade
que pode ocorrer nas temporadas de precipitação e estiagens. À medida que os mapas vão sendo publicados e
comentados, novas possibilidades de comentários e análises vão surgindo e vão sendo incorporadas. A
possibilidade de interação com os usuários, recebendo o retorno dos mesmos, com criticas, sugestões e até mais
informações abre um grande leque de possibilidades de fazer pesquisa de forma transparente e participativa. A
disponibilização da precipitação de forma gráfica, com mapas, permite o entendimento rápido e intuitivo, adequado
a sua publicação em redes sociais como o Facebook, seguindo uma tendência crescente de disponibilização de
informações na Internet. A informação sobre precipitação tradicionalmente é dispobilizada em unidades territoriais
político-administrativas para reações e ações de resposta a eventos extremos a partir dos governos a nível
nacional, estadual e municipal. Embora a precipitação faça parte do ciclo hidrológico, geralmente essa informação
não é disponibilizada tendo como referencia espacial a bacia hidrográfica. Essa abordagem é fundamental para o
manejo de bacias hidrográficas, principalmente devido à interdependência planalto – planície (Pantanal) na Bacia
Hidrográfica do Alto rio Paraguai.
1
Financiado com recursos do projeto AGROHIDRO, 01.12.01.001.01.04
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Corumbá, MS. ([email protected])
3
Estagiária, estudante de Geografia da UFMS, Campus de Corumbá, MS ([email protected])
2
112
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Distribuição e conservação de aves limícolas migratórias no Pantanal1
2
3
4
5
Alessandro Pacheco Nunes , Gislaine Disconzi , Rudi Ricardo Laps , Walfrido Moraes Tomas
Resumo: A planície pantaneira é uma importante região de parada e sítio de alimentação para aves limícolas
migratórias que utilizam a Rota Amazônia Central/Pantanal. Nesse estudo apresentamos dados bibliográficos e de
campo sobre composição, abundância relativa, habitat e status de conservação das espécies de aves aquáticas
da ordem Charadriformes ocorrentes no Pantanal. Há grandes lacunas de conhecimento sobre as espécies
neárticas que utilizam o Pantanal durante seus deslocamentos pela América do Sul. Registramos a ocorrência de
quinze espécies no Pantanal, sendo Pluvialis dominica, Tringa flavipes, Bartramia longicauda e Calidris melanotos
as mais abundantes. Algumas espécies se encontram presentes em listas globais de espécies ameaçadas, como
o Tryngites subruficollis que é considerada quase ameaçada de extinção e Calidris canutus, que apresenta
acentuado declínio populacional na América do Norte. A conservação de habitats como salinas e campos nativos
no Pantanal é de extrema importância para que as estratégias de conservação das espécies limícolas migratórias
no Hemisfério Ocidental sejam efetivas.
Palavras-chave: aves limícolas migratórias, abundância, salinas, conservação, Pantanal.
Distribution and conservation of migratory shorebirds in the Pantanal
Abstract: The Pantanal wetland is an important stopover region and feeding site for Nearctic shorebirds that use
the Central Amazonia/Pantanal flyway. The study presents literary and field data of composition, abundance,
habitat and conservation status of the species of Charadriiformes order. Although are considerable gaps in
knowledge about shorebirds in the Pantanal during their pathways across South America. We recorded the
occurrence of fifteen species in the Pantanal, and Pluvialis dominica, Tringa flavipes, Calidris melanotos and
Bartramia longicauda the most abundant. Some species are present in global lists of endangered species such as
the Tryngites subruficollis which is considered near threatened of extinction and Calidris canutus, which shows a
marked population decline in North America. The conservation of habitats such as salinas and native grasslands
fields in the Pantanal is high importance for the shorebirds conservation strategies on the Western Hemisphere to
be effective.
Keywords: Scolopacidae, abundance, salinas, conservation, Pantanal.
Introdução
Planícies de inundação são ecossistemas altamente produtivos devido à grande e rápida ciclagem de
nutrientes, comportando assim uma riquíssima biota terrestre e aquática (JUNK, 2002; HARRIS et al., 2005).
Nunes e Tomas (2008) relatam a ocorrência de mais de 550 espécies de aves no Pantanal, muitas delas
migrantes neárticas e austrais, que o torna esta a planície inundável mais rica em aves. Anualmente milhares de
aves de diversas espécies deslocam-se do Hemisfério Norte em direção à Argentina e uma considerável parcela
destas utiliza a Rota Amazônia Central/Pantanal e encontram na planície pantaneira extensas áreas de habitats
favoráveis à parada de descanso e alimentação (SERRANO, 2010). No entanto, essa rota migratória e as
espécies que a utilizam ainda são pouco conhecidas e estudadas. Este estudo apresenta dados de abundância
relativa e distribuição das espécies de aves aquáticas migratórias da Ordem Charadriiformes que ocorrem no
Pantanal.
1
Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiado por Embrapa Pantanal
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549,
79070-900, Campo Grande, Mato Grosso do Sul ([email protected])
3
Membro do Conselho de Conservação das Aves Aquáticas para as Américas e coordenadora Nacional do Censo Neotropical de Aves Aquáticas –
CNAA/Brasil, Caixa Postal 73.070-055, Brasília, Distrito Federal ([email protected])
4
Professor do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 549, 79070-900, Campo
Grande, Mato Grosso do Sul ([email protected])
5
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, Mato Grosso do Sul ([email protected])
2
113
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Material e Métodos
Compilamos os dados de (i) localidades obtidos em Tubelis e Tomas (2003) e Serrano (2010), (ii)
abundância obtida em Morrison et al. (2008), Serrano (2010), Cestari (2011) e dados pessoais dos autores entre
os anos de 2005 a 2013 através de censos (BIBBY et al., 1992), (iii) tipo de habitat (SERRANO, 2010) e (iv) status
de conservação (IUCN, 2013) das espécies de aves limícolas migratórias ocorrentes no Pantanal. Os dados de
abundância contidos em Morrison et al. (2008) foram obtidos através de censos aéreos em várias sub-regiões do
Pantanal em 1996. Serrano (2011) obteve os dados de abundância através de compilação de dados de censos
efetuados por outros pesquisadores atuantes na região. Dados históricos apresentados por Tubelis e Tomas
(2003) não foram considerados na abundância das aves. Espécies como Calidris alba, Calidris bairdii, Calidris
minutilla e Calidris pusilla não foram considerados nesse estudo pois os registros atribuídos ao Pantanal são
incertos, ou seja, a área de distribuição potencial incompatível e/ou os registros não apresentam evidência
comprobatória adequada como espécime coletado, foto e/ou vocalização gravada). Numenius borealis encontrase extinto na natureza e também não foi incluído nesse estudo. Quanto aos habitats consideramos: rios e bancos
de areia (ri), campos nativos inundados (ci), campos nativos secos (cs), baías (ba) e salinas (sa). Os dados de
localidade das espécies foram utilizados para a confecção de um mapa das áreas inventariadas no Pantanal.
Resultados e Discussão
Verifica-se na Figura 1, que a maioria dos estudos faunísticos no Pantanal foi realizada ao longo dos
principais rios e há ainda consideráveis lacunas de conhecimento sobre a avifauna limícola neártica ocorrente
neste ecossistema, notadamente nas sub-regiões de Cáceres, Piquiri/São Lourenço, Paraguai, Paiaguás,
Nhecolândia e Nabileque. Esta situação possivelmente é resultado da dificuldade de acesso a muitas regiões da
planície, principalmente durante a estação chuvosa. Ressaltamos também, que os estudos de longo prazo com
aves limícolas no Pantanal são escassos e pontuais, restritos à porção norte (Poconé-MT).
As espécies mais abundantes no estudo foram Pluvialis dominica, Tringa flavipes, Bartramia longicauda e
Calidris melanotos (Tabela 1). Por outro lado, espécies como Arenaria interpres, Calidris canutus e Numenius
phaeopus tiveram poucos indivíduos registrados no Pantanal. Entretanto, tais abundâncias podem estar
subestimadas devido à escassez de estudos. Considerando-se a sub-região da Nhecolândia cuja paisagem
apresenta milhares de corpos-d’água incluindo baías e salinas, as quais são habitats com potencial ocorrência
para milhares de aves aquáticas de diferentes espécies, a abundância de Tringa flavipes, Calidris fuscicollis e
Calidris melanotos pode estar muito subestimada. Espécies como Arenaria interpres, Calidris himantopus e
Numenius phaeopus foram registradas recentemente para o Pantanal, fato que evidencia e destaca a planície
como grande potencial área de parada para aves limícolas e a necessidade de censos e inventários. Arenaria
interpres, Calidris himantopus e Numenius phaeopus utilizam principalmente a Rota Atlântica para invernar na
Patagônia e têm a região litorânea do Brasil como principal ponto de parada durante seus deslocamentos. Desta
forma, a baixa abundância dessas espécies na planície do Pantanal é esperada. A maioria das espécies limícolas
setentrionais frequentemente chega ao Pantanal no começo do ano, de passagem para a Argentina. Há
evidências que Calidris canutus também utiliza a Rota Amazônia Central/Pantanal, porém Niles et al. (2010)
observaram que indivíduos que passam o inverno na Patagônia cruzam transvesalmente o interior do Brasil,
passando direto pela planície pantaneira em direção ao sul e ou ao norte. A maioria das espécies limícolas
neárticas frequentemente chega ao Pantanal no começo do ano, de passagem para a Argentina. Outras
espécies, no entanto, concentram-se no Pantanal nos meses de outubro-novembro ou setembro-março
(SERRANO, 2010; NILES et al., 2010).
114
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Figura 1. Localidades com ocorrência de aves limícolas neárticas no Pantanal. Imagem: Luiz Alberto Pellegrim
(Laboratório de Geoprocessamento, EMBRAPA Pantanal).
Quanto ao uso de habitat, a maioria das espécies ocorre amplamente nos ambientes aquáticos,
principalmente em salinas, habitat este que parece o único utilizado por Phalaropus tricolor. Salinas são habitats
altamente produtivos e ricos em copépodes e outros macroinvertebrados e, por conseguinte, são fundamentas
para a manutenção de populações de aves limícolas migratórias no Pantanal. Intervenções humanas na paisagem
como desmatamento das cordilheiras do entorno das salinas e o excesso de gado pode alterar significativamente
a concentração de sais devido à entrada de água e sedimentos das inundações, que por sua vez diminuem a
qualidade e a produtividade deste habitat para espécies migratórias. Tryngites subruficollis encontra-se na
categoria de Quase Ameaçada de extinção (NT) em âmbito global (IUCN, 2013) e as demais espécies na
categoria de Menos Preocupante (LC). No entanto, Brown et al. (2000) alertam para o acentuado declínio
populacional de Calidris canutus na América do Norte.) Excetuando T. subruficollis, B. longicauda e P. dominica,
essas aves limícolas são altamente dependentes de habitats aquáticos intactos, principalmente salinas. Pelo
menos duas espécies ocorrem estritamente em campos: Bartramia longicauda e Tryngites subruficollis. Embora B.
longicauda ocorra também em campos cultivados, T. subruficollis por outro lado, ocorre exclusivamente em
campos nativos de capim baixo (ISACH e CARDONI, 2011). A substituição de pastagens nativas por gramíneas
exóticas pode comprometer seriamente os sítios de invernada dessa espécie no Pantanal, devido à alteração na
estrutura do habitat.
115
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 1. Espécies de aves limícolas ocorrentes no Pantanal e respectivas abundâncias. Habitat: campos
inundados (ci), campos secos (cs), baía (ba), salina (sa), rios e praias de areia (ri). Status: quase ameaçada (NT),
pouco preocupante (LC).
Espécies
Localidades/Períodos/Abundâncias
A
A
Pluvialis dominica
Nhecolândia e rio Negro/1996 (580) , rio Cuiabá/1996 (3) , Porto
B
B
Quebracho (3) , Fazenda Campinas/1996 (31) , Fazenda Aliança/1996
B
B
B
(216) , Fazenda Cocais/1996 (147) , Fazenda Firme/1996 (15) ,
D
Fazenda Alegria/2013 (1)
Limosa haemastica
centro-sul/1996 (9) , Fazenda Aliança/1996 (7) , Fazenda Campo
B
B
Dora/1996 (2) , Curva do Leque/1996 (1) , Fazenda Barranco Alto/2012
D
D
(2) , Fazenda São Bento/2012 (3)
Bartramia
longicauda
Nhecolândia/1996 (123) , rio Negro/1996 (79) , Porto Quebracho (1) ,
B
B
Fazenda Campinas/1996 (1) , Fazenda Aliança/1996 (5) , Fazenda São
B
B
Vicente/1996 (1) , Fazenda Cocais/1996 (3) , Curva do Leque/1996
B
B
D
(21) , Fazenda Firme/1996 (65) , Fazenda Nhumirim/2013 (60) ,
D
Fazenda Alegria/2007 (45)
Actitis macularius
Pantanal/1996 (15) , Fazenda Nhumirim/2005 (38) , Fazenda São
D
Bento/2012 (8)
Tringa melanoleuca
Fazenda Campinas/1996 (126) , Porto da Manga/1996 (13)
Tringa flavipes
Fazenda Firme/1996 (461) , Fazenda Rio Negro/2005 (19) , Fazenda
D
D
Nhumirim/2013 (80) , Fazenda Alegria/2013 (56) , Fazenda Barranco
D
D
Alto/2012 (~250) , Serra do Amolar/2013 (22) , Base de Estudos do
D
Pantanal/2013 (3)
Tringa solitaria
rio Piquiri/1996 (2) , Fazenda Nhumirim/2013 (21) , Fazenda
D
D
Alegria/2013 (12) , Fazenda Santo Expedito/2013 (17) , EstradaD
D
Parque Sul/2013 (5) , Base de Estudos do Pantanal/2013 (3) , Fazenda
D
Barranco Alto/2012 (6)
Arenaria interpres
rio Negro/1996 (2)
A
B
A
A
A
B
D
B
B
B
C
A
D
A
B
B
Habitat
Status
cs, ri
LC
sa, ri
LC
cs
LC
sa, ri
LC
ci, ba,
sa, ri
LC
ci, ba,
sa, ri
LC
ci, ba,
sa, ri
LC
sa, ri
LC
ba, sa,
ri
LC
ba, sa,
ri
LC
Calidris canutus
Fazenda Campinas/1996 (1) , Fazenda São Vicente/1996 (5) ,
Calidris fuscicollis
Fazenda Nhumirim/2013 (55) , Fazenda Alegria/2012 (32) , Fazenda
D
Novos Dourados/2013 (12)
Calidris melanotos
rio Negro e Nhecolândia/1996 (720) , Fazenda Campinas/1996 (30) ,
B
B
Fazenda Aliança/1996 (216) , Fazenda São Vicente/1996 (1) , Fazenda
B
B
Firme/1996 (121) , Porto da Manga/1996 (9) , Fazenda Barranco
D
Alto/2012 (17)
B
ba, sa,
ri
LC
Calidris himantopus
Fazenda Campinas/1996 (1) , Fazenda Aliança/1996 (74) , Fazenda
B
D
São Vicente/1996 (1) , Fazenda Barranco Alto/2012 (2)
Tryngites
subruficollis
Fazenda Campinas/1996 (1) , Fazenda Aliança/1996 (74) , Fazenda
B
São Vicente/1996 (1)
Numenius
phaeopus
Nhecolândia/1996 (29)
Phalaropus tricolor
Fazenda Nhumirim/2007 (90)
D
D
A
B
B
ba, sa,
ri
LC
B
B
cs
NT
sa, ri
LC
sa
LC
A
D
Fonte: A Morrison et al. (2008), B Serrano (2010), C Cestari (2011), D (dados dos autores).
116
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Conclusões
O Pantanal pode ser considerado área de parada com importância nacional para várias espécies de aves
limícolas neárticas que utilizam a Rota Amazônia Central/Pantanal para invernar ao sul da Argentina. Novos
registros têm sido feitos recentemente, aumentando assim a diversidade de espécies limícolas que utilizam o
Pantanal como ponto de parada. Tal fato ressalta o grande potencial da região como ponto de parada e descanso
para aves limícolas no Brasil e a necessidade dos estudos de longa duração envolvendo censos, captura com
anilhamento e marcação com uso de geolocalizadores para melhor compreender como e quais espécies utilizam
essa rota migratória no continente Sul Americano. De igual importância se faz necessária à elaboração de estudos
para avaliar o estado sanitário dos migrantes que chegam anualmente ao Pantanal, uma vez que podem estar
introduzindo importantes zoonoses no Brasil. O manejo das paisagens no Pantanal deve levar em consideração a
especificidade e dependência das aves aquáticas migratórias em relação aos habitats aquáticos (principalmente
salinas e campos de pastagens nativas). A conservação desses habitats na planície do Pantanal é de relevante
importância para que as estratégias de conservação das espécies limícolas no continente americano sejam
efetivas.
Agradecimentos
A Embrapa Pantanal forneceu apoio logístico e financeiro (Projetos SEG 02.07.50.003-02 e SEG
02.10.06.007.00.03); o Ministério de Ciência e Tecnologia-MCT e Centro de Pesquisa do Pantanal-CPP
forneceram parte dos recursos financeiros (Projeto 2004/CPP/0008); a CAPES concedeu bolsa de pós-graduação
a A.P. Nunes (processo no. 1028330); os proprietários das fazendas Alegria (Dr. Heitor Herrera) e Santo Expedito
(Sr. Alfredo Marques Machado) permitiram a condução dos trabalhos de campo em suas propriedades.
Referências
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BROWN, S.; HICKEY, C.; GILL, B.; GORMAN, L.; GRATTO-TREVOR, C.; HAIG, S.; HARRINGTON, B.; HUNTER,
C.; MORRISON, G.; PAGE, G.; SANZENBACHER, P.; SKAGEN, S.; WARNOCK, N. National shorebird
conservation assessment: shorebird conservation status, conservation units, population estimates,
population targets, and species prioritization. Massachusetts: Manomet Center for Conservation, Manomet
Sciences, 2000. 54p.
CESTARI, C. Fazenda Rio Negro, Pantanal. p. 205-209. In: VALENTE, R. M.; SILVA, J. M. C.; STRAUBE, F. C.;
NASCIMENTO, J. L. X. (Ed.). Conservação de aves migratórias neárticas no Brasil. Belém: Conservação
Internacional, 2011. 400p.
HARRIS, M. B.; TOMAS, W. M.; MOURÃO, G.; SILVA, G. J.; GUIMARÃES, E.; SONODA, F.; FACCHINI, E.
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Biology, vol. 19, p. 714-720, 2005.
ISACCH, J. P.; CARDONI, D. C. Different grazing strategies are necessary to conserve endangered grassland
birds in short and tall salty grassland of the flooding pampas. Condor, vol. 113, n. 4, p. 724-734, 2011.
IUCN – International Union for Conservation of Nature. The IUCN Red List of Threatened Species. Red List 2013.
Disponível em: <http://www.iucnredlist.org>. Acesso em: 28 set. 2013.
JUNK, W. J. Long-term environmental trends and the future of tropical wetlands. Environmental Conservation,
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MORRISON, R. I. G.; SERRANO, I. L.; ANTAS, P. T.; ROSS, R. K. Aves migratórias no Pantanal: distribuição
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NILES, L. J.; BURGER, J.; PORTER, R. R.; DEY, A. D.; MINTON, C. D. T.; GONZALEZ, P. M.; BAKER, A. J.;
FOX, J. W.; GORDON, C. First results using light level geolocators to track Red Knots in the Western Hemisphere
show rapid and long intercontinental flights and new details of migration pathways. Wader Study Group Bulletin,
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NUNES, A. P.; TOMAS, W. M. Aves migratórias e nômades ocorrentes no Pantanal. Corumbá: EMBRAPACPAP, 2008. 124p.
SERRANO, I. L. Distribuição e conservação de aves migratórias neárticas da Ordem Charadriiformes
(Famílias Charadriidae e Scolopacidae) no Brasil. (Doutorado em Zoologia) - Museu Paraense Emílio Goeldi,
Universidade Federal do Pará, Belém, 2010. 373p.
TUBELIS, D. P.; TOMAS, W. M. Bird species of the wetland, Brazil. Ararajuba, vol. 11, n. 1, p. 5-37, 2003.
117
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Distribuição espacial e temporal dos focos de calor de 1999 a 2012
1
1
Balbina Maria Araujo Soriano , Luis Alberto Pellegrin , Fábio Santos Coelho Catarineli³, Alexandre de
4
Matos Martins Pereira
No Pantanal, o manejo das pastagens naturais é complexo e dinâmico, em razão da grande diversidade de
fitofisionomias, que variam espacialmente e temporalmente, principalmente em função das condições climáticas.
Muitas dessas fitofisionomias são propensas a incêndios que podem ocorrer acidentalmente ou provocados por
práticas de manejo inadequadas de queimas em pastagem. Desde 2000, a Embrapa Pantanal tem um programa
de monitoramento das variáveis meteorológicas e das ocorrências de focos de calor (FC) no Pantanal MatoGrossense, onde pode ser observado que dependendo da variação do clima entre anos, ocorre maior ou menor
número de eventos, modificando a paisagem local. Este trabalho teve como objetivo apresentar a distribuição
espacial e temporal do número de focos de calor no período de 1999 a 2012, nas sub-regiões do Pantanal Matogrossense. Os dados de FC são detectados pelo satélite AQUA no período da tarde e disponibilizados pela
Divisão de Processamento de Imagens/INPE para toda a América Latina no formato de tabela, com coordenadas,
que pode ser convertida em um mapa de pontos, georreferenciado, ou no formato de mapa shapefile. Após
aquisição, os dados foram recortados dentro do limite do Pantanal no Laboratório de Geoprocessamento da
Embrapa Pantanal e assim quantificados para cada ano e sub-região do Pantanal. Com a análise dos FC foi
possível observar que entre 1999 a 2012, a maior incidência de FC foi em 2002 com um total de 9.289 FC e a
menor em 2006 com 913. Em 2002, a sub-região que apresentou maior número de FC foi Nabileque com um total
de 2.522, seguida das sub-regiões do Paiaguás (1.144), Nhecolândia (1.095), Miranda (893) e Paraguai (870). A
distribuição mensal apresentou uma forte tendência de aumento dos focos a partir de maio e prolongando-se até
novembro, atingindo seu pico em agosto, setembro e outubro, período este marcado pela diminuição das chuvas
na região. A distribuição espacial dos FC, no período de 1999 a 2012, teve sua concentração na parte
oeste/sudoeste do Pantanal, principalmente nas sub-regiões do Nabileque e Paraguai. O monitoramento de FC
por satélite é uma ferramenta importante e eficaz para o controle de focos no Pantanal, dando subsídios ao
Comitê de Risco de Incêndio na elaboração do Plano de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais no
Município de Corumbá e Ladário.
1
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS, 79320-900 ([email protected])
Analista Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS, 79320-900 ([email protected])
3
Major do Corpo de Bombeiros de Corumbá, Corumbá, MS, 79303-720 ([email protected])
4
Ecólogo, Analista Ambiental do IBAMA/MS, Campo Grande, MS 79020-906 ([email protected])
2
118
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Diversidade funcional de besouros rola-bosta (Coleoptera: Scarabaeinae) em um
gradiente de paratudo (Tabebuia aurea) no Pantanal Sul
1
2
Marcelo Bruno Pessôa , Tatiana Souza do Amaral , Fernando Zagury Vaz de Mello
3
Resumo: As pressões antrópicas geram perda de espécies e estudar a relação da riqueza com a diversidade
funcional se tornou uma ferramenta crucial para entender o efeito da extinção de espécies na funcionalidade do
ecossistema. Deste modo, procurou-se neste estudo observar a composição e a diversidade funcional da
comunidade de rola-bosta em uma monoformação de Tabebuia aurea (paratudal). Foram utilizadas 15
armadilhas dispostas num gradiente de densidade arbórea e analisou-se a diversidade funcional através dos
atributos funcionais das espécies coletadas. Foram coletados 385 besouros, distribuídos em 18 espécies. A
comunidade apresentou uma substituição de espécies ao longo do gradiente. Os índices mostraram um alto grau
de diferenciação de nicho na comunidade de rola-bosta, entretanto partes do nicho espacial são subutilizados e
alguns dos recurso disponíveis podem não estar sendo utilizados.
Palavras chave: Guildas, gradiente de habitat, riqueza funcional, divergência funcional, equitabilidade funcional
Functional diversity of dung Beetles (Coleoptera: Scarabaeinae) in a “paratudo” (Tabebuia aurea)
gradient in South Pantanal
Abstract: The human pressures generate loss of species and study the relationship between richness and
functional diversity has become a crucial tool to understand the effect of species extinction in the ecosystem
functionality. Thus, this study aimed to observe the composition and functional diversity of the community of dung
beetles in a monoformation of Tabebuia aurea (paratudal). We used 15 traps arranged in a tree density gradient
and analyzed the functional diversity through the functional attributes of the species collected. 385 beetles were
collected, distributed in 18 species. The community had a substitution of species along the gradient. Both indices
showed a high degree of niche differentiation in the community of dung beetles, however parts of the niche space
is underutilized and some of the resources available may not being used.
Keywords: Guilds, habitat gradient, functional richness, functional divergence, functional equitability
Introdução
O Pantanal é um bioma caracterizado por seus ciclos de inundação, e atualmente encontra-se ameaçado
por várias atividades humanas, entre as quais o desmatamento e a pecuária. Estas pressões tornam cada vez
mais importantes o conhecimento sobre a diversidade no bioma. Junk et al. (2006) evidenciam a necessidade de
se estudar a diversidade com um foco mais funcional, analisando também os serviços ecológicos que o bioma
desempenha. Como as pressões antrópicas geram perda de espécies, é importante estudar a relação da riqueza
com a diversidade funcional, para entender o efeito da extinção de espécies na funcionalidade do ecossistema.
Essa relação é positiva, mas nem sempre linear visto que algumas espécies possuem funções equivalentes
(redundância funcional). Fonseca e Ganade (2001) demonstraram que ambientes com maior redundância
funcional possuem uma estabilidade maior a extinções aleatórias.
Os besouros da sub-família Scarabaeinae (Coleoptera) são popularmente conhecidos como rola- bostas
por se alimentarem de fezes e outros materiais em decomposição, como carcaças e frutas podres. Estes
besouros provêm vários serviços ecológicos e respondem rapidamente a mudanças ambientais. Os rola-bostas
se dividem principalmente em três grupos funcionais: roladores (telecoprídeos), cavadores (paracoprídeos) e
residentes (endocoprídeos).
Sabe-se que ambientes em mosaico geram respostas diferentes de populações e ambientes alterados
(plantações, criação de gado e outras atividades humanas) geram distúrbios que alteram a diversidade funcional
de rola-bostas. Por isso torna-se importante o conhecimento das respostas da comunidade de besouros em
ambientes como o Pantanal, paisagem em mosaico com distúrbios naturais e anuais devido aos ciclos de
inundação. Logo, este estudo procurou analisar a composição e a diversidade funcional da comunidade de rolabosta em gradiente de densidades em um paratudal, na região do Pantanal do Miranda, Mato Grosso do Sul.
1
Bolsista DTI-CNPQ, Embrapa Pantanal, Projeto Biota MS, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Técnica de Laboratório, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Corumbá, MS ([email protected])
3
Departamento de Biologia e Zoologia do Instituto de Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT
([email protected])
2
119
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Material e métodos
O estudo foi realizado na sub-região do Miranda, em uma área próximo a Base de Estudos do Pantanal da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (BEP-UFMS). A paisagem regional é formada por campos
inundáveis, matas ciliares, manchas de vegetação (capões e cordilheiras) e formações monotípicas, com
predomínio de algumas espécies, entre elas o paratudal, uma formação monotípica deTabebuia aurea (Manso)
Benth. & Hook. f. ex S. Moore. Neste tipo de formação é comum encontrar áreas com diferentes densidades de
árvores, formando algumas manchas com densidade alta e baixa, entre as manchas de campos savânicos.
O estudo foi realizado entre os dias 2 e 4 de outubro, final da estação seca da área de estudo. Foram
utilizadas 15 armadilhas “pitfall” com isca de fezes humanas espaçadas 50m entre si, dispostas ao longo de um
gradiente de densidade no Paratudal, permanecendo em campo por 48 horas. O gradiente de densidade de
árvores foi inferido como a influência da cobertura vegetal, medida através da intensidade luminosa (lux) obtida
entre as 8h e 9h da manhã em cada ponto. Para analisar funcionalmente a comunidade foram obtidos os
seguintes traços dos indivíduos: tamanho (mm), período de atividade (diurno e noturno), realocação de recurso
(paracoprídeo, telecoprídeo e endocoprídeo). Foram calculadas as seguintes estimativas de diversidade
funcional para cada amostra no gradiente de densidade de T. aurea: riqueza funcional (FRic), equidade funcional
(FEve), divergência funcional (FDiv) e o índice de Rao (Q). Os besouros coletados foram depositados na coleção
entomologia da UFMT.
Para verificar a influência da densidade arbórea na distribuição das espécies encontradas foi feita uma
ordenação direta da abundância relativa das espécies em função da intensidade luminosa dos pontos
amostrados. Para analisar a influência do gradiente sobre a diversidade funcional da comunidade de
scarabaeideos do paratudal foram feitas análises de regressão linear para cada índice calculado. Os índices não
puderam ser calculados para o ponto 3 (P3), pois a riqueza funcional não pode ser calculada para comunidades
com menos de três espécies funcionalmente singulares, que ocorreu no P3. As análises foram realizadas
utilizando pacote “FD” e pacote “Vegan” disponível na versão 2.14.1 do programa R (2011).
Resultados e Discussão
Foram coletados 385 besouros, pertencentes a 18 espécies. As espécies mais abundantes foram
Canthidium barbacenicum (PREUDHOMME de BORRE, 1886), Canthon aff. marmoratus (PEREIRA e
MARTINEZ, 1956) e Ontherus sulcator (Fabricius, 1775), que juntas totalizaram 60% dos indivíduos coletados. A
comunidade apresentou uma tendência de substituição de espécies conforme aumenta a densidade das árvores
(Figura 1).
A riqueza funcional e o índice de RAO das amostras apresentaram valores baixos demonstrando um
pequeno espaço funcional e uma alta redundância funcional entre as espécies. Em contraste, a equitabilidade e
a divergência funcional apresentaram valores mais elevados demonstrando que a exploração do recurso ocorre
de maneira satisfatória e com baixa competição (Tabela 1). Ao analisar o efeito do gradiente a riqueza funcional,
a equitabilidade funcional e a divergência funcional não apresentaram respostas ao aumento da densidade de
árvores (p=0,25; r²= 0,11; p=0,52; r²=0,03; p=0,23; r²=0,11). O índice de RAO aumentou com a diminuição da
densidade arbórea (p=0,003; r²=0,51).
As espécies que ocorrem no Pantanal possuem ampla distribuição geográfica, são resistente e
oportunistas, devido aos ciclos de cheia e seca (LOUZADA et al., 2007). A substituição de espécies através do
gradiente observada no presente estudo demonstra que as espécies de besouros respondem a alterações
mesmo que pequenas, evidenciando a relação dos mesmos a nichos específicos.
A baixa riqueza funcional no gradiente estudado pode sugerir que existe um aumento na equivalência
funcional dos ambientes devido às espécies presentes serem em sua maioria generalistas e que a sazonalidade
do Pantanal restringe o número de espécies que possam se estabelecer no ambiente. Isto corrobora com a
proposta de Escobar et al. (2007), de que a resposta a impactos pode possuir um efeito diferencial dependendo
das características biogeográficas e ecológicas da comunidade de escarabeídeos que habitam a região.
120
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Figura 1. Ordenação direta das espécies coletadas no gradiente de densidade de Tabebuia aurea, em uma
região de mono formação desta espécie no Pantanal do Miranda, Corumbá, Mato Grosso do Sul.
A similaridade na equitabilidade funcional sugere que esta família de besouros explora de maneira eficaz
os recursos independentes do ambiente, provavelmente devido à alta diferenciação de nicho demonstrada pela
divergência funcional, semelhante em todo o gradiente.
O índice de RAO ao diminuir com o gradiente demonstra que a redundância funcional aumenta, ou seja,
que o ambiente com menor flutuação climática, logo, maior estabilidade, apresenta um número maior de
espécies coexistindo no mesmo nicho funcional. Porém, diferente do observado por Barragán et al. (2011), no
campo houve redundância funcional de algumas espécies, assim como nos habitats com árvores. Esse fato pode
ser relacionado aos distúrbios causado pela inundação, uma vez que devido aos mesmos, apenas espécies
generalistas e oportunistas se estabelecem no ambiente. É importante salientar que em ambientes tropicais foi
observada a complementaridade, e, ou facilitação entre os grupos funcionais de rola bostas (SLADE et al.,
2007).
121
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 1. Valores dos índices de diversidade funcional e lux obtidos em amostras em diferentes gradientes
de densidade em um paratudal, Pantanal, sub-região do Miranda, Corumbá, Mato Grosso do Sul, onde: Fric=
riqueza funcional, Feve= equidade funcional, Fdiv= divergência funcional e Q= índice de RAO.
Amostr
Fric
a
P1
0,030614054
P2
0,023546243
P3
P4
0,023159243
P5
0,030308186
P6
0,003857224
P7
0,000212044
P8
0,000153765
P9
0,010598051
P10
2,53864E-05
P11 0,068255569
P12 0,067822953
P13 0,066553925
P14
0,03758916
P15 0,058186681
Feve
0,5523921
0,6876494
0,8202952
0,7006291
0,4237513
0,7805909
0,6143402
0,4292794
0,7049284
0,5674447
0,7049061
0,6806058
0,4728915
0,7131797
Fdiv
0,8689755
0,9396788
0,8893041
0,8732731
0,6893627
0,9722305
0,9670693
0,9800578
0,7994336
0,8519802
0,6794819
0,9046375
0,8847506
0,873611
Frao
0,18863363
0,2066725
0,2082885
0,18695367
0,13956426
0,1739163 9
0,14432998
0,12391962
0,0314822
0,15415435
0,07639316
0,163602
0,17188228
0,13249965
Lux
3000
3000
3000
3000
3000
1479
1499
1483
1487
772
652
331
1210
855
702
Conclusão
É possível que a comunidade de besouros rola-bosta ainda apresente os efeitos causados pela
inundação na área de estudo, uma vez que a comunidade é representada por espécies generalistas e
oportunistas, o que se espera em ambiente com distúrbios frequentes, onde espécies resistentes e com alta
capacidade de dispersão e colonização se estabeleçam. A colonização deste ambiente por estas espécies
pode ser a razão da alta redundância funcional encontrada nos diferentes gradientes de densidade arbórea.
Referências
BARRAGÁN F.; MORENO C. E.; ESCOBAR F.; HALFFTER G.; NAVARRETE D. Negative Impacts of human
land use on dung beetle functional diversity. PLoS ONE, v. 6, p.1-8, 2011.
ESCOBAR, F.; HALFFTER, G.; ARELLANO, L. From forest to pasture: an evaluation of the influence of
environmental and biogeography on the structure of dung beetle (Scarabaeinae) assemblages along three
altitudinal gradients in the Neotropical region. Ecography, v. 30p. 193–208, 2007.
FONSECA, C.R.; GANADE, G. Species functional redundancy, random extinctions and the stability of
ecosystems. Journal of Ecology, v. 89, p.118–125, 2001.
JUNK W. J.; NUNES-DA-CUNHA C.; WANTZEN K. M.; PETERMANN P.; STRÜSSMANN C.; MARQUES M. I.;
ADIS J.. Biodiversity and its conservation in the Pantanal of Mato Grosso, Brazil. Aquatic Sciences v. 68, p.
278-309, 2006
LOUZADA J. N. C.; LOPES F. S.; VAZ-DE-MELLO F. Z. Structure and composition of a dung beetle community
(Coleoptera, Scarabaeinae) in a small Forest patch from Brazilian Pantanal. Revista Brasileira de
Zoociências, v. 9, p. 199-203, 2007.
SLADE, E.M.; MANN, D.J.; VILLANUEVA, J.F.; LEWIS, O.T. Experimental evidence for the effects of dung
beetle functional group richness and composition on ecosystem function in a tropical forest. Journal of Animal
Ecology, v. 76, p. 1094-104, 2007.
122
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Efeito da suplementação em “creep-feeding” sobre o desempenho de bezerros em
pastagens nativas no Pantanal1
2
2
2
3
Ériklis Nogueira , Luiz Orcirio Fialho de Oliveira , Urbano Gomes Pinto de Abreu , Hildeberto Petzold ,
4
4
Dayanna Schiavi Nascimento Batista , Egleu Diomedes Marinho Mendes
Com objetivo de avaliar o efeito da suplementação em “creep-feeding” sobre o peso a desmama precoce e aos 8
meses (idade da desmama convencional no Pantanal) de bezerros Nelore e Tabapuã machos. Estabeleceu-se um
experimento em campos de pastagens nativas com 156 vacas e suas crias, onde o grupo T1- bezerros
®
submetidos à suplementação com ração Via Lac (“Creep”) do nascimento até a desmama precoce aos 110 dias
de idade e T2- sem suplementação (Controle) até a desmama precoce. As quantidades do suplemento e das
sobras foram medidas diariamente. Os lotes foram formados considerando-se a data de parto, e a idade das
vacas, sendo os lotes rotacionadas e avaliadas em intervalos de 28 dias. As vacas tiveram seus bezerros
desmamados precocemente aos 110 dias de idade e foram submetidas a IATF e posteriormente cobertas com
touros avaliados andrologicamente em uma estação de monta de 120 dias. O delineamento experimental utilizado
foi inteiramente casualizado, sendo os resultados comparados pelo teste Tukey a 5% pelo modelo linear do
procedimento GLIMMIX do programa SAS versão 9.12. A composição química da dieta foi de 5.5% de proteína
bruta (PB), 0.5% de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), 68.9% de fibra em detergente neutro (FDN),
35.7% de fibra em detergente ácido (FDA). O suplemento oferecido aos bezerros apresentou 18.5% de PB, 69.0%
de NDT, 20.4% de FDN e 12.0% de FDA, sendo seu consumo de 105,7 g por animal por dia, considerado abaixo
do esperado para o período, o que justifica a necessidade de produtos com alta palatabilidade nessas condições.
Os animais suplementados chegaram ao final do período com peso médio de 117,87 kg, superiores (p<0,05) ao
dos animais não suplementados com 106,3 kg. Já aos 8 meses, os animais do grupo suplementado apresentaram
peso de 17,85 ± 3,90 kg que não diferiu do grupo controle (173,88 ± 1,91 kg). As taxas de prenhez de IATF foram
de 38,5% e 41,5%, e de 97,4 e 91,5% de prenhez ao final da EM para os tratamentos “Creep” e Controle,
respectivamente, não apresentando diferenças entre os tratamentos. Tais índices de prenhez são elevados frente
aos encontrados nas fazendas Pantaneiras, o que pode contribuir na elevação da taxa de desfrute dos rebanhos
deste Bioma. A suplementação em “creep-feeding” de bezerros no Pantanal promoveu aumento do ganho de peso
até a desmama precoce, porém essa diferença não foi observada no período da desmama convencional,
provavelmente devido ao ganho compensatório dos animais não suplementados.
1
Estudo financiado pela EMBRAPA e In Vivo-NSA, com apoio da Fazenda São Bento do Abobral – Grupo Real. Nossos agradecimentos aos
parceiros.
2
Pesquisadores da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected];
[email protected]; [email protected])
3
Assistente da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS (hildeberto.petzold)
4
Analistas da Embrapa Pantanal, Rua 21 de Setembro, 1880, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected],
egleu.mendes@embrapa)
123
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Efeito das condições climáticas na viabilidade de embriões produzidos in vivo na raça
Girolando na região do alto Pantanal1
2
3
4
André Luiz Leão Fialho , Mirela Brochado de Souza , Jair Sábio de Oliveira Junior , Fabiana de Andrade
5
6
7
Melo Sterza , Christopher Junior Tavares Cardoso , Jonathan Vinícius dos Santos
O objetivo desse estudo foi comparar o ITU (Índice de Temperatura e Umidade) com a viabilidade dos embriões
coletados de fêmeas Girolando na região do alto Pantanal, onde o clima sofre uma grande variação diária de
temperatura e umidade. Para o experimento foram utilizadas vacas da raça Girolando (n=3) denominadas
doadoras, não gestantes e cíclicas, identificadas como A, B e C, as quais foram submetidas a 4 programas de
Múltipla Ovulação e Transferência de Embriões (MOET) entre os meses setembro de 2012 e abril de 2013. A
colheita dos embriões foi realizada sete dias depois da inseminação artificial, e a classificação dos embriões foi
feita segundo padrões da International Embryo Transfer Society (IETS). Os valores de ITU foram definidos como
brando (72 a 78), moderado (79 a 88) e severo (89 a 98), sendo os mesmos relacionados com maior ou menor
conforto térmico. Há relatos de que animais dessa raça são considerados mais sensíveis, apresentando uma
temperatura de desconforto térmico acima de 26°C, v alor este facilmente superado durante os dias de calor na
região. As variáveis avaliadas foram a média de embriões produzidos por animal por coleta, e a média de ITU
máximo e mínimo entre as coletas. A estatística foi realizada no programa ASSISTAT, onde foi realizado uma
análise de variância ANOVA seguido de um teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Foi observada grande
variação da ITU diária (78,08 x 66,73; p<0,05), confirmando a necessidade de se considerar os valores máximos e
mínimos do dia e não a média diária, pois pode mascarar o período de estresse sofrido pelo animal. Não foi
observada diferença das ITUs entre as coletas, cuja média foi 72,4 (estresse brando). Da mesma forma não foi
observada diferença estatística da produção de embriões entre as fêmeas nas diferentes coletas. Conclui-se que o
estresse moderado nas horas mais quentes do dia não foi suficiente para influenciar negativamente a produção de
embriões de fêmeas da raça Girolando
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiado por CNPq e Fundect.
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000,
Aquidauana, MS ([email protected])
3
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000,
Aquidauana, MS ([email protected])
4
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79000-900,
Aquidauana, MS ([email protected])
5
Professor do Curso de Pós-graduação em Zootecnia da Unidade de Aquidauana, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25,
79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
6
Acadêmico do Curso de Zootecnia e bolsista, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS
([email protected])
7
Acadêmico do Curso de Zootecnia e bolsista, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS
([email protected])
2
124
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Efeito de área e densidade de árvores sobre a probabilidade de ocupação de manchas
florestais no Pantanal por corujas pretas (Strix huhula)
1
2
Walfrido Moraes Tomas , Gabriel Oliveira de Freitas , Guellity Marcel Fonseca Pereira
3
Resumo: A fragmentação e a degradação de habitats estão entre os principais problemas para a conservação da
biodiversidade. No Pantanal, muitas vezes considerado o ecossistema mais preservado do Brasil, a criação de
gado bovino há mais de dois séculos na região se baseia em práticas de manejo da vegetação utilizadas de
formas diversas, em especial o uso do fogo. Entretanto, os efeitos de distúrbios crônicos sobre a estrutura de
habitats e seus efeitos sobre as espécies não tem sido estudados. Nós utilizamos a modelagem de ocupação para
avaliar os efeitos da estrutura de habitats forestais sobre a coruja preta, com base em amostragem em 36 pontos
localizados na porção oeste da Nhecolândia, Pantanal, Corumbá, MS, entre fevereiro e junho de 2013. O melhor
modelo de probabilidade de ocupação inclui tanto a área das manchas florestais qunanto a densidade de árevores
maiorres que 50 cm de circunferencia á altura do peito. Os resultados indicam que distúrbios crônicos podem estar
afetando a estrutura de habitats, por interferencia na dinamica da vegetação, e consequentemente afetando
espécies da fauna associadas à habitats florestais, como a coruja preta.
Palavras-chave: Pantanal, Strix huhula, florestas, densidade de árvores, área, ocupação.
Effect of area and tree density on the occupancy of forest patches in the Pantanal wetland by the blackstripped owl (Strix huhula)
Abstract: Habitat fragmentation and degradation are among the main problems for biodiversity conservation. In
the Pantanal wetland, often considered the most conserved eco-region in Brazil, cattle ranching present for more
than two centuries is based on several vegetation management practices, especially the use of fire. However, the
effect of chronic disturbances on the forest vegetation structure has not been studied. We used the occupancy
modeling approach to evaluate the effects of habitat structure on the black-stripped owl, based on 36 sample sites
at the western portion of the Nhecolândia region, Pantanal, Corumbá, MS, from February to June, 2013. The best
occupancy model includes both the area of forest patches and the density of trees larger than 50 cm of
circumference at the breast height. The results indicate that chronic disturbance be affecting the structure of forest
habitats bye interference on the vegetation dynamics, and consequently affecting wildlife species associated to
these type of habitats, such as the black-stripped owl.
Keywords: Pantanal, Strix huhula, forests, tree density, area, occupancy.
Introdução
A fragmentação e a degradação de habitats estão entre os principais fatores afetando a biodiversidade
(CAUGHLEY E GUNN,1996; PRIMACK, 1999; FAHRIG 2003). Espécies generalistas tendem a ser menos
afetadas por estes fatores, enquanto espécies mais especializadas, bem como espécies que se caracterizam
como topo de cadeia alimentar, tendem a ser fafetadas de forma negativa (Harrison & Bruna, 1999). Desta forma,
a conservação da biodiversidade tem se dedicado bastante a estudar as causas, os efeitos e as soluções para os
efeitos negativos da fragmentação e degradação de habitats, entre outros aspectos que podem afetar a
diversidade biológica e espécies ameaçadas de extinção (, 1996; FAHRIG, 2003; KUUSSAARI et al., 2009)
O Pantanal, apesar do avanço da substituição da vegetação nativa por áreas de pastagens cultivadas,
ainda é considerado como “o Bioma mais conservado do Brasil”. Entretanto, esta afirmação se baseia apenas em
mapeamentos de alterações na paisagem, através de imagens de satélite, desconsiderando, portanto, outras
formas de degração do estado de conservação de ecossistemas (poluição, degradação dos habitats,
assoreamentos, alterações hidrológicas, introdução de espécies exóticas, entre outros). Ainda pouco se conhece
sobre a conjunção destes fatores, abordados em escalas diferentes, entre eles os efeitos da interação entre
fragmentação e degradação das condições ambientais. Por outro lado, dada a paisagem complexa do Pantanal, a
1
Pesquisador, Laboratório de Vida Selvagem, Embrapa Pantanal, R. 21 de Setembro 1880, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
2
Bolsista Embrapa Pantanal/ Universidade do Vale do Paraíba – Rua Helena David neme n*148 apto 21, são Dimas, São José dos Campos, SP
([email protected])
3
Formando em Biologia, Universidade Católica Dom Bosco. Av. Nelson Lírio - 1897, Centro, 79180-000, Ribas do Rio Pardo
([email protected])
125
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
distribuição em manchas de determinados tipos de habitat é um padrão característico da região, oferecendo
excelente oportunidade para estudos em ecologia de paisagem e sua relação com a biodiversidade.
Em face da presença do gado bovino há mais de dois séculos na região, práticas de manejo da vegetação
em sido utilizados de formas diversas, em especial o uso do fogo. Some-se ao efeito das queimadas os impactos
potenciais do pisoteio e pastoreio pelo gado, além de eventuais retiradas de madeira para uso local, ao longo de
décadas, torna-se sugestivo o uso do conceito de distúrbio crônico afetando a qualidade de habitats na planície
inundável. Por outro lado, avaliação destes efeitos sobre a biodiversidade pode ser extremanente complicada e
custosa. Uma possível abordagem é utilizar espécies indicadoras em estudos desta natureza.
O objetivo deste trabalho foi utilizar a coruja preta como espécie indicadora para avaliar os efeitos da
degradação de habitats florestais no Pantanal, bem como as respostas da espécie à variação no tamanho das
manchas deste tipo de habitat. A coruja preta (Strix huhula) é uma ave noturna e florestal, considerada rara e uma
espécie “fantasma”, ou seja, dificilmente avistada (Sick, 1997). È uma das espécies menos conhecidas de corujas
Neotropicais (Holt et al. 1999). A espécie se alimenta de pequenos mamíferos, aves, morcegos e insetos de
grande porte, sendo considerada uma ave especializada para a vida no dossel de florestas densas (Sick 1997).
Registros da espécie são raros no Pantanal (Tubelis & Tomas, 2003; Vasconcelos et al., 2008). Assim, buscamos
analisar como os efeitos da variação no tamanho e na densidade de árvores afeta a ocupação destes habitats por
esta espécie, bem como identificar os parâmetros passíveis de orientar tomadas de decisão
Material e Métodos
Trinta e seis pontos de amostragem foram definidos aleatoriamente, em habitats florestais na região
sudoeste da Nhecolândia, Panatnal, em Corumbá, MS. Estes pontos estavam distanciados uns dos outros por
pelo menos 1 km, distribuídos em 6 fazendas da região (Nhumirim, Porto alegre, Dom Valdir, Ipanema, Alegria e
2
Santo Expedito), em uma área de 40 x 15 km, num total de 600 km . Em cada sitio de amostragem foi estimada a
densidade por classe ontogenética (circunferência à altura do peito: 1,30m): 15 - 25 cm, 26 - 50 cm, 51 - 75 cm, 75
- 100 cm, 100 - 200 cm, e >200 cm. As densidades foram estimadas através de pelo menos 3 parcelas de 10 x 50
m locadas nas direções acrdeais em cada sitio. Parcelas foram interrompidas com menos de 50 m nos casos em
que a mancha florestal era mais estreita. Nestas parcelas, foram registradas todas as árvores com mais de 15 cm
de circunferencia, as quais fora posteriormente divididas em calsses ontogenéticas. A densidade foi estiamda
separadamente para cada classe. O tamanho das manchas florestais estudadas foi estimado com base em mapas
obtidos pela classificação da vegetação em imagens de satélite com 20 m de resolução, utilizando o software
Spring.
Para detectar a presença de corujas pretas e construir um histórico de detecções para cada sitio de
amostragem foi adotado o método de playback. Utilizamos para tanto o registro de vocalização da espécie
depositado no site Xenocanto (XC47925). Este registro foi tocado em cada sitio uma vez a cada 25- 30 dias , entre
fevereiro e junho de 2013, totalizando 5 ocasiões de amostragem. A vocalização foi repetida 3 vezes em cada
ocasião, sendo tocada de forma continua durante 3 minutos, com intervalo de um minuto para a segunda e a
terceira vez. Foram registradas as ocasiões em que a coruja preta vocalizou e/ou foi avistada no sitio de
amostragem. Os avistamentos foram facilitados pelo uso de lanternas focadas para as copas da árvores próximas.
As amostragens foram feitas em diferentes horários em cada sitio, iniciando por volta das 19:00 h e encerrando
até 02:00 h. Dias/noites chuvosos foram evitados.
O histórico de detecções foi utilziado na modelagem da probabilidade de ocupação (Mackenzie et al., 2006),
tendo como co-variáveis a área das manchas florestais e a densidade de aárvores em cada classe onteogenética,
além em grupos de classes. O software Presence foi usado para a construção de modelos, bem como o testes de
ajuste destes modelos através de 1000 bootstraps, visando à seleção dos melhores modelos entre as alternativas
testadas. A seleção dos melhores modelos baseou-se na comparação do Critério de Informação de Akaike (AIC,
da sigla em Inglês), o teste de ajuste baseado em qui-quadrado ontido atraves de bootstraps, além de medidas de
dspersão.
Resultados e Discussão
O tamanho das manchas florestais incluídas neste estudo variou de 0,42 a 2.258 hectares. Neste conjunto
de manchas florestais foram medidas 1.774 árvores acima de 15 cm de circunferencia à altura do peito. A
densidade total de árvores variou entre 20 e 923 individuos/ha entre os sitios de amostragem, com extrema
variação entre as classes ontogenéticas e entre sitios (Figura 1).
126
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Corujas foram detectadas 39 vezes em 17 sítios de amostragem, em todos os horários nos quais as
detecções foram tentadas. O melhor modelo para a probabilidade de ocupação de manchas florestais por coruja
preta incluiu não só a área destas manchas como também a densidade de árvores acima de 50cm de
circunferencia (incluindo as classes 51-75 cm, 76-100 cm, 101-200 cm e > 200cm) (Figura 2). Modelos alternativos
incluíram apenas a área ou apenas a densidade de arvores acima de 50 cm de circunferencia (Tabela 1).
Os resultados sugerem um alto grau de desestruturação de habitats florestais entre as manchas estudadas,
o que pode ser resultado de distúrbios crônicos afetando recrutamento e sobrevivência em comunidade de árvores
por um longo período. A ausência ou quase ausência de indivíduos jovens (árvores menores que 50 cm de
circunferencia) em diversos sítios sugere que efeitos de pisoteio excessivo, forrageamento de algumas espécies,
bem como a incidência de fogo podem estar afetando de forma crônica estas ambientes no Pantanal. Isso parece
ser mais evidente em situações em que manchas florestais estão inseridas em matrizes campestres amplas, onde
habitats florestais são mais dispersos e proporcionamento menos disponíveis. Nestas áres, a densidade de gado
bovino pode ser maior devido à maior qualidade/quantidade de pastagem, aumentando a utilização de locais
florestados pelo gado durante a noite, períodos chuvosos ou mesmo períodos de cheias. Com isso, o impacto é
maior do que, por exemplo, em locais com menor proporção de campos e maior de habitats florestais, o que dilui a
densidade bruta de gado e a consequente menor incidência do mesmo dentro de habitats florestais.
A coruja preta mostrou uma associação forte com habitats florestais mais estruturados, com árvores de
maior porte em densidade que resulta em dossel contínuo. O melhor obtido indica que a probabilidade de
ocupação por volta de 100% só foi atingida para situações de manchas florestais maiores que 2000 ha e com
densidade de árvores maiores que 50 cm de circunferencia acima de 250 arvores/ha. Mesmo em probabilidades
de ocupação menores, como 50%, as manchas florestais deveriam ter uma área de pelo menos 900 ha e uma
densidade de arvores cima de 150 individuos /ha. Devido aos hábitos carnívoros desta espécie, é provavel que
sua exigência em termos de habitats esteja ligado não apenas à sua estratégia de vida como também à qualidade
dos habitats para as populações de presas potenciais. É evidente neste modelo de ocupação por coruja preta que
a espécie requer habitats florestais relativamente extensos e, com isso, pode responder negativamente à
fragmentação destas manchas florestais maiores. Resultados semelhantes têm sido encontrados para outras
espécies de corujas (p.e., Simberloff, 1987; Nagl et al. 2013).
Os resultados sugerem que distúrbios crônicos têm afetado a qualidade de habitats no Pantanal,
demonstrando que o estado de conservação de ecossistemas não pode ser aferido apenas com base em imagens
de satélite. Uma paisagem pode parecer intacta em mapeamentos feitos através de interpretação deste tipo de
tecnologia, mas podem apresentar sinais evidentes de degradação quando examinadas em outras escalas de
abordagem. Além disso, a resposta de Strix huhula à variação na estrutura de florestas demonstra claramente que
estes distúrbios afetam também a estrutura de comunidades animais, já que espécies topo de cadeia, como a
coruja preta, deixam de ocupar manchas florestais degradadas. É adequado postular que muitas outras espécies
são também afetadas pela degradação de habitats no Pantanal e, assim, a biodiversidade pode estar sendo
afetada de forma crônica pelo menos em determinadas situações dentro das paisagens pantaneiras.
Tabela 1. Modelos alternativos para ocupação de habitats florestais por coruja preta (Strix huhula) em 36 sitios de
amostragem na região oeste da Nhecolândia, Pantanal, Corumbá MS, em amostragens mensais (n=5) conduzidas
entre fevereiro e junho de 2013. Ψ = probabilidade de ocupação; p = probabilidade de detecção; (.) = modelo nulo;
AIC = Akaike Information Criteria; Npar = número de parâmetros no modelo; P = probabilidade de x2 maior que o
esperado; ĉ = medida de dispersão; d3456 = densidade de árvores nas classes ontogenéticas 3, 4, 5 e 6
(=densidade de árvores maiores que 50 cm de circunfêrencia à altura do peito).
Modelo
AIC
Npar
P
ĉ
Ψ (area+d3456) p(.)
156.79
4
0.1508
1.2659
Ψ (d3456) p(.)
157.42
3
0.1798
1.1398
Ψ (area) p(.)
159.30
3
0.2158
1.1764
Ψ (.) p(.)
162.52
2
0.2897
1.1418
127
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
A
AA
J
N
P
T
Z
U
1 2 3 4 5 6
CLASSES
Q
V
1 2 3 4 5 6
CLASSES
L
R
X
1 2 3 4 5 6
CLASSES
4
2
.0
7
7
3
43
7
.3
6
8
2
3
.3
3
3
29
8
6
.6
6
7
2
78
6 .4
.9 2
21
3
2
6
23
46
6 .8
.6 4
62
7
2
2
2
6
.6
6
7
20
26
3 .6
.0 6
77
7
2
1
6
0
13
45
6 .1 5 4
1
1
3
3
.3
3
3
12
36
0 .6
.7 6
67
9
1
1
1
5
11
10
2
1
1
0
6
.6
6
10
00
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3
1
9
9
.4
1
5
93
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.4 3
03
7
9
9
2
.3
0
8
8
8
86
7 .6
.9 6
17
2
8
8
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88
0 .9 4 7
7
7
8
.5 7 1
7
5
70
3 .3 3 3
7
6
6
.6
6
7
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4
.2
8
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61
4 .5 3 8
6
67
0 .1
5
43
5
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5
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.8
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46
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4
45
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.6 6 4
7
4
4
2
.1 0 5
4
0
35
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3
3
3 .3
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32
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26
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.6 4
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2
2
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2
10
6 .7
.4 8
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1
5
14
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10
3 .5
.3 2
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3
1
1
0
7
.6
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2
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.6 4
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5
5
0
4
2
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3
4
.3
6
8
2
97
3
.3
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3
2
6
.6
6
7
28
7
6
.9
2
3
2
66
8 .6
.4 6
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1
2
4
2
23
26
6 .8
.6 4
62
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2
2
3
26
00
6 .0
.6 7
67
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1
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.3
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0
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67
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5
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46
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.7 6
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4
2
.1 0 5
48
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7
32
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9
26
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.6 4
67
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2
5 .3 1 6
2
10
6 .7
.4 8
89
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1
5
1
5
13
4 .3
.2 3
83
6
1
1
0
.5
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1
0
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.6 6
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2
6
5
.8 4
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0
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2
.0
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3
43
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.3
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8
2
3
.3
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3
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.6
6
7
2
78
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.9 2
21
3
2
6
23
46
6 .8
.6 4
62
7
2
2
2
6
.6
6
7
20
26
3 .6
.0 6
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7
2
1
6
0
13
45
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1
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3
.3
3
3
12
36
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.7 6
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1
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10
2
1
1
0
6
10
00
5 .6
.2 6
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.4 3
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8
0
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.9 7
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6
.6
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1
.5 3 8
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46
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45
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.6 6 4
7
4
4
2
.1 0 5
4
0
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32
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26
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.6 4
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2
2
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2
10
6 .7
.4 8
89
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1
5
14
5 .2
1
8
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10
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.3 2
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1
1
0
7
.6
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2
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.6 4
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5
0
4
2
3 .0
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4
.3
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2
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.3
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3
2
6
.6
6
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28
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.9
2
3
2
66
8 .6
.4 6
27
1
2
4
2
23
26
6 .8
.6 4
62
7
2
2
3
26
00
6 .0
.6 7
67
7
1
1
4
6
.1 5 4
1
3
5
1
3
3
.3
3
3
12
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.7 6
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9
1
1
1
5
11
10
2
1
1
0
6
.6 6
1
0
5
67
3
19
0 .4
0 .2
9
1
5
93
3 .3
.4 3
03
7
9
9
2
08
87
8 .3 1
8
85
6 .9
.6 6 2
7
8
8
0
78
8 .5
.9 7
41
7
7
7
5
7
3
.3 3 3
76
0 .6
6
6
7
64
4 .2 8 6
6
6
1
.5 3 8
67
0 .1
5
43
5
5
5
3
.8
4
6
52
3 .6
.3 3
32
3
5
4
8
46
6 .6
.7 6
87
4
4
4
5
40
2 .1 0 5
4
3
8
.4 6 2
33
5 .3
3
33
3
7
32
0 .9 6
2
9
26
6 .2
.6 4
67
2
2
5 .3 1 6
2
10
6 .7
.4 8
89
4
1
5
1
5
13
4 .3
.2 3
83
6
1
1
0
.5
2
1 .6
0 926
7
6
5 .6
.8 6
47
8
5
0
AM
B
H
M
S
Y
1 2 3 4 5 6
CLASSES
DENSIDADE
4
23
7
7
3
47 .0
.3
6
8
2
.3
3
3
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.6
6
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2
76 .4
.9 2
21
3
2
68
2
2 46
36 .6
.8 6
47
2
2
26
.6
6
7
2
23
2 60
06 .0
.6 7
67
7
1
1
46 .1 5 4
1
1 35
33 .7
.3 6
39
3
1
30
1
26
1 12
15 .6 6 7
1
1
10
1 05
06 .2
.6 6
63
7
1
1
00
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9.4 0
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9
9
3.3
3
3
98
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8
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7.9 6
17
2
8
8
5
8
0
7 8.5
8.9 7
41
7
7
7
5
70
3.3 3 3
7
6
6.6
6
7
64
4.2 8 6
6
6
1.5
38
6 7.1
0 4
5
3
5
5
5 3.3
3.8 3
43
6
5
5
2.6
32
4 6.7
8 8
4
4
4
7
4 6.6
5 6
4
2.1
05
4
0
35
8.4 6 2
3
K
G
DENSIDADE
I
F
4
2
3 .0
7
7
3
4
.3
6
8
2
97
3
.3
3
3
2
6
.6
6
7
28
7
6
.9
2
3
2
66
8 .6
.4 6
27
1
2
4
22
36
6 .6
.8 6
47
2
2
2
2
3
.0
2
0
6
.6 7
67
7
14
66
0 .1
1
54
13
33
5 .3
1
12
36
0 .6
.7 3
63
9
1
6
7
1
1
5
11
10
2
1
1
0
6
.6
6
1
0
5
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3
19
0 .4
0 .2
9
1
5
9
3
.4
0
7
92
3 .3
.3 0
38
3
9
8
8
86
7 .6
.9 6
17
2
8
8
5
88
0 .9 4 7
7
7
8
.5 7 1
73
5 .3
7
33
76
0 .6
6
6
7
6
4
.2
8
6
61
4 .5 3 8
6
67
0 .1
5
43
53
5 .8
5
4
6
52
3 .6
.3 3
32
3
5
4
8
46
6 .6
.7 6
87
4
4
4
5
4
2
.1 0 5
48
0 .4
3
62
33
5 .3
3
3
3
63
7
32
0 .9
2
9
.2
4
26
6 .3
.6 1
66
7
2
2
5
2
0 .4 8 4
1
16
5 .7 8 9
1
5
13
4 .3
.2 3
83
6
1
1
0
.5 2
6
1
0
7 .6
.6 6
97
2
6
5
.8 4
8
5
0
DENSIDADE
E
AQ
DENSIDADE
C
AP
4
2
.0
7
7
3
43
7
.3
6
8
2
3
.3
3
3
29
8
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.6
6
7
2
78
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.9 2
21
3
2
6
23
46
6 .8
.6 4
62
7
2
2
22
26
3 .6
.0 6
77
7
2
0
6
.6
6
7
1
6
0
13
45
6 .1 5 4
1
1
13
33
0 .3
.7 3
63
9
1
2
6
.6
6
7
1
1
5
11
10
2
1
1
0
6
.6
6
10
00
5 .2 6 7
3
1
9
9
.4
1
5
93
3 .3
.4 3
03
7
9
9
2
.3
0
8
8
8
86
7 .6
.9 6
17
2
8
8
5
88
0 .9 4 7
7
7
8
.5 7 1
7
5
70
3 .3 3 3
7
6
6
.6
6
7
6
4
.2
8
6
61
4 .5 3 8
6
6
0
55
7 .1 4 3
5
5
3
.8
4
6
52
3 .6
.3 3
32
3
5
4
8
46
6 .6
.7 6
87
4
4
4
5 .1
4
5
42
0 0
3
8
62
33
5 .4 3
3
30
2 .3
.9 6 3
7
3
2
9
.2 4
2
6
25
6 .6
.3 6
17
6
2
2
0 .4 8 4
1
16
5 .7 8 9
1
5
13
4 .3
.2 3
83
6
1
1
0
.5 2
6
1
0
7
.6
9
2
6 .8
.6 4
68
7
5
5
0
DENSIDADE
AO
AK
4
2
3 .0
7
7
3
4
.3
6
8
2
97
3
.3
3
3
2
6
.6
6
7
28
7
6
.9
2
3
2
66
8 .6
.4 6
27
1
2
4
22
36
6 .6
.8 6
47
2
2
2
2
3
.0
2
0
6
.6 7
67
7
14
66
0 .1
1
54
13
33
5 .3
1
12
36
0 .6
.7 3
63
9
1
6
7
1
1
5
11
10
2
1
1
0
6
.6
6
1
0
5
67
3
19
0 .4
0 .2
9
1
5
93
3 .3
.4 3
03
7
9
9
2
.3
0
8
87
8 .9 1 2
8
8
6
80
5 .6 6 7
8
7
8
.9
4
7
75
8 .5 7 1
7
7
3
33
76
0 .3 6
6
64
4 .6
.2 8 7
6
6
6
1
.5 3 8
67
0 .1
5
43
53
5 .8
5
4
6
5
3
.3
3
3
58
2 .6 3 2
4
46
6 .6
.7 6
87
4
4
4
5 .1
4
5
42
0 .4 0
3
8
62
3
5
32
3 .9
.3 6
37
3
3
3
20
9 .6
.2 6
47
2
6
2
6
20
5 .3 1 6
2
1
16
5 .4
.7 8
84
9
1
5
13
4 .3
.2 3
83
6
1
1
0
.5 2
6
1
0
7 .6
.6 6
97
2
6
5
.8 4
8
5
0
DENSIDADE
AN
AJ
AD
DENSIDADE
AG
AC
DENSIDADE
AF
PONTO
AB
Figura 1. Densidade de árvores (n/ha) em diferentes classes de circunferencia à altura do peito em 36 manchas
florestais no Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS. As classes ontogenéticas são: 1 (15-25 cm), 2 (26-50 cm), 3
(51 – 75 cm), 4 (75 – 100 cm), 5 (101 – 200 cm) e 6 (> 200 cm).
128
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
0.9
1 .0
0.8
2500
2000
0 .6
Área (ha)
0 .7
1500
1000
0.5
0.4
500
0.3
0.2
0
0
0.2
50
100
150
200
Densidade (árvores/ha)
250
Figura 2. Probabilidade de ocupação de manchas florestais por coruja preta, Strix huhula, como uma função da
área das manchas e da densidade de árvores acima de 50 cm de circunferência à altura do peito, na região da
Nhecolândia, Pantanal, Corumbá, MS (n = 36 sítios, em 5 ocasiões de amostragem, entre fevereiro e junho de
2013).
Conclusões
Os resultados sugerem que práticas de manejo adequadas devem ser estabelecidas e adotadas em fazendas de
pecuária de forma a ajustar a atividade econômica com a conservação da biodiversidade. À luz do Artigo 10° do
novo Código Florestal, o uso do Pantanal deve ser conduzido de forma ecologicamente sustentável, o que implica
na manutenção da biodiversidade e dos processos ecológicos-chave, entre eles a dinâmica da vegetação nos
diversos tipos de habitats. Desta forma, o uso de modelos que descrevem a relação espécie-habitat e as
respostas de espécies ou grupo de espécies indicadoras, ou ainda grupos funcionais indicadores, aos efeitos de
atividades antrópicas são importantes ferramentas para definir parâmetros de manejo voltado à garantir a
sustentabilidade ecológica dos ecossistemas. No caso da coruja preta, os resultados indicam que a fragmentação
de habitats florestais mais extensos, bem como a degradação da vegetação, são fatores contrários à
sustentabilidade.
Agradecimentos
Agradecemos à Embrapa pelos recursos financeiros e logísticos, bem como à bolsa conedida para o estagiário
Gabriel Oliveira de Freitas (Projeto SEG 02.10.06.007.00.03); aos proprietários das fazendas Alegria, Santo
Expedito, Porto Alegre, Ipanema e Dom Valdir, os quais permitiram a condução dos trabalhos de campo em suas
propriedades.
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Referências
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130
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Efeito do mês do parto na taxa de prenhez e no peso ao desmame de bovinos de corte
criados extensivamente na sub-região de Aquidauana1
2
3,
4
Marcos Mitsuo Sonohata , Daniele Portela de Oliveira Urbano Gomes Pinto de Abreu , Francielen Maria
5
Santi
Resumo: Objetivou-se com este trabalho verificar o efeito do mês do parto sobre a taxa de prenhez e no peso a
desmama de bezerros de vacas aneloradas criadas extensivamente na sub-região de Aquidauana, Pantanal SulMato-Grossense. Foram analisadas informações produtivas de 111 vacas multíparas aneloradas referente ao ano
pecuário de 2007 e 2008. As informações da taxa de prenhez da vaca na estação de monta subsequente, o sexo,
mês de nascimento e o peso ao desmame de bezerros foram consideradas nas análises. O efeito do mês do parto
na taxa de prenhez foi analisado por meio de regressão logística. Na análise de variância verificaram-se os efeitos
do sexo, mês de nascimento e a interação entre sexo e mês de nascimento. As informações foram analisadas
através do programa estatístico R. As médias dos parâmetros avaliados considerados significativos foram
comparadas através do Teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. Vacas com partos realizados no início da
estação de nascimento apresentaram maiores taxas de prenhez na estação de monta subsequente (P<0,05). Os
efeitos de sexo e mês de nascimento apresentaram interação significativa para o peso ao desmame de bezerros
(P<0,05). Nas condições climáticas da sub-região de Aquidauana, Pantanal Sul-Mato-Grossense, o ajuste
estratégico da estação de monta visando os nascimentos dos bezerros em períodos de maior oferta de forragem
contribui para o melhor desempenho reprodutivo e produtivo do rebanho.
Palavras–chave: Bovinos de corte, bezerros, cria extensiva, reprodução
Effect of month of birth on pregnancy rate and weaning weight of beef cattle raised extensively in the sub 1
region Aquidauana
Abstract: The objective of this work was to verify the effect of month of calving on pregnancy rate and weaning
weight of calves graded Nelore cattle raised extensively in the sub-region Aquidauna, Pantanal-Mato-Grossense .
The data were analyzed production of 111 multiparous cows graded Nelore cattle for the year 2007 and 2008. The
information in the pregnancy rate of cows in subsequent breeding season, sex , month of birth and weaning weight
of calves were considered in the analyzes. The effect of month of birth on pregnancy rate was analyzed by logistic
regression. The analysis of variance verified the effects of sex, month of birth and the interaction between sex and
month of birth to. Data were analyzed using the statistical program R. The averages of these parameters were
considered significant compared by Tukey test at 5% probability of error. Cows with parturition at the beginning of
the season of birth had higher pregnancy rates in subsequent breeding season (P <0.05 ). The effects of sex and
month of birth showed a significant interaction for weaning weight of calves (P <0.05 ). In the climatic conditions of
the sub-region Aquidauna, Pantanal Mato-Grossense, the strategic adjustment of the breeding season in order
births of calves in periods of increased forage supply contributes to better reproductive and productive herd.
Keywords: Beef cattle, calves, creates extensive, reproduction
Introdução
O bezerro desmamado consiste no principal produto comercializado pelos produtores de bovinos de corte
na região do Pantanal Sul-Mato-Grossense. No entanto, neste ambiente, ainda prevalecem algumas propriedades
que apesar dos baixos índices produtivos obtidos, persistem em realizar o sistema tradicional de produção. Nesse
sistema de produção, os animais recebem poucos cuidados e são criados quase que exclusivamente em extensas
áreas de pastagens nativas refletindo diretamente nas baixas taxas de natalidade e desmama. Tal fato mostra a
razão da necessidade de melhorar o desempenho e a eficiência da atividade de cria na região.
De acordo com Túlio (1986), a adoção da estação de monta é fundamental para o desempenho produtivo
de bovinos de corte, pois permite concentrar os nascimentos em épocas pré-determinadas do ano, resultando em
1
Parte do trabalho de iniciação científica do primeiro autor, financiado pelo PIBIC/UEMS.
Zootecnista autônomo, Mestre em Zootecnia pelo PPGZOO/UUA/UEMS, Caixa Postal 32, 79400-000, Coxim, MS
([email protected]).
3
Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Zootecnia FCAV/UNESP, 14884-900, Jaboticabal, SP ([email protected]).
4
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]).
5
Professora do Departamento de Graduação em Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de Dourados - FAD, 79825-150, Dourados,
MS ([email protected]).
2
131
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lotes uniformes de bezerros, assim como a redução na taxa de mortalidade e o aumento do peso a desmama.
Além disso, outras variáveis como o sexo e o mês de nascimento do bezerro exercem forte influência sobre o
peso ao desmame (MENEZES et al., 2013).
Segundo Oliveira et al. (2006), as vacas de cria mais eficientes tendem a parir no início da estação de
nascimento e consequentemente desmamam seus bezerros mais pesados, por terem a sua disposição maior
quantidade de forragens de boa qualidade nutricional por um período maior.
Nesse sentido, o objetivo com esse trabalho foi avaliar o efeito do mês do parto sobre a seguinte taxa de
prenhez e no peso a desmama de bezerros de vacas aneloradas criadas extensivamente na sub-região de
Aquidauana, Pantanal, Sul-Mato-Grossense.
Material e Métodos
O trabalho foi conduzido no setor de Bovinocultura de corte da fazenda experimental do Departamento de
Zootecnia da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade Universitária de Aquidauana – MS
(DZO/UEMS/UUA), entre o período de agosto de 2007 a dezembro de 2008. A unidade está localizada na Micro
Bacia do Córrego Fundo, Serra de Maracaju, região fisiográfica do Alto Pantanal Sul-Mato-Grossense, sub-região
de Aquidauana (Latitude 20° 27’ 44’’ Sul; Longitude 55° 39’ 83’’ Oeste; Altitude 149 m).
O clima da região é classificado como subtipo Aw (tropical úmido) com temperatura variando entre 35°C no
verão e 12°C no inverno. A região é caracterizada p or duas estações bem definidas em uma seca com poucas
chuvas (abril a setembro) e outra chuvosa compreendendo o período das águas (outubro a março), sendo
dezembro e janeiro os meses mais chuvosos. A precipitação média anual é de aproximadamente 1.400 mm e
umidade relativa do ar entre 20% a 40%, respectivamente, durante o ano.
Foram utilizadas informações de 111 vacas multíparas compostas da raça Nelore (aneloradas), com idade
entre três e quatorze anos criadas em regime extensivo de pastejo, manejadas nas mesmas condições de
pastagens. Durante o todo o período experimental as vacas permaneceram numa área de 350 ha formada de
Brachiaria decumbens recebendo mistura mineral e água a vontade.
O manejo sanitário praticado no rebanho foi de acordo com o controle usual da fazenda experimental,
constando dos seguintes procedimentos: vacinações contra febre aftosa, brucelose, raiva, carbúnculo sintomático,
gangrena gasosa, botulismo, aplicações de vermífugo e o controle estratégico da “mosca-do-chifre” e do
carrapato, assim como a assepsia do umbigo dos bezerros após o nascimento.
A estação de nascimento foi do mês de setembro a dezembro. Foi realizada a assepsia do umbigo de todos
os bezerros ao nascimento, posteriormente eles foram criados extensivamente até o sétimo ou oitavo mês de vida
quando foram pesados e desmamados.
A estação de monta, com duração de 108 dias, foi realizada por monta natural, durante o período
reprodutivo com início na segunda quinzena do mês de dezembro de 2007 e término na primeira quinzena do mês
de abril de 2008. Neste período, foram utilizados três touros da raça Nelore puros de origem, considerados aptos
para a reprodução após exame andrológico prévio a estação reprodutiva. O diagnóstico de gestação foi realizado
três meses após o término da estação de monta, através do método de palpação retal e confirmado após os
nascimentos dos bezerros.
O efeito do mês do parto na taxa de prenhez ao final da estação de monta foi analisado pela metodologia de
modelos lineares generalizados por meio de regressão logística. O peso ao desmame foi submetido inicialmente
ao teste de Shapiro-Wilk para verificar a normalidade dos resíduos. O peso ao desmame foi submetido à análise
de variância considerando os efeitos de sexo, macho ou fêmea, os quatro meses de nascimento e as interações
entre os sexos e os meses de nascimento. As variáveis, sexo e mês de nascimento, isoladamente não
apresentaram efeito estatisticamente significativo sobre o peso ao desmame (P>0,05 para o Teste F). Porém
observou-se efeito significativo na interação entre sexo e mês de nascimento dos bezerros. A interação entre os
parâmetros foi desdobrada e foram considerados significativos através do Teste de Tukey a 5% de probabilidade
de erro. As análises foram realizadas pelo programa R (R Development Core Team, 2013).
Resultados e Discussão
Neste trabalho, observou-se efeito significativo (P<0,05) do mês do parto sobre a taxa de prenhez,
indicando que vacas que pariram no início da estação de nascimento apresentaram maior taxa de prenhez ao final
da estação de monta subsequente (Tabela 1). Resultado semelhante foi observado por Carneiro et al. (2012) com
vacas da raça Nelore, que verificaram influência significativa do mês de parição sobre a taxa de gestação.
Provavelmente, esse efeito ocorreu em função do maior tempo que a vacas tiveram para se recuperarem do parto
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antes do início da próxima estação de monta e consequentemente tiveram maiores chances de emprenharem na
estação de monta subsequente.
Segundo Rocha et al. (2007) e Oliveira et al. (2006), vacas que parem no início da estação de nascimento
têm maior tempo de recuperação do estresse causado pela gestação anterior e, por isso, apresentam condição
privilegiada para uma nova cobertura com concepção positiva nos primeiros dias da estação de monta
subsequente.
Tabela 1. Relação entre o mês do parto em função da taxa de prenhez ao final da estação de monta (EM) de
vacas aneloradas criadas extensivamente na sub-região de Aquidauana, Pantanal Sul-Mato-Grossense.
Mês de parto
Taxa de prenhez ao final da EM*(%)
Setembro
96,77 (30/31) a
Outubro
84,84 (28/33) ab
Novembro
66,66 (14/21) bc
Dezembro
57,89 (11/19) c
a,b
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
* Relação do número de partos pelo número de vacas prenhes no mês.
Para o peso a desmama, verificou-se efeito significativo (P<0,05) da interação entre sexo e mês de
nascimento no peso ao desmame dos animais (Tabela 2). Os meses de nascimentos observados não
influenciaram no peso a desmama das bezerras (P>0,05). Entretanto, foi observado efeito significativo (P<0,05) do
mês de nascimento sobre peso a desmama dos bezerros. Resultados semelhantes foram observados por
Carneiro et al. (2012) e Menezes et al. (2013) com animais Nelore e cruzados, respectivamente.
Os bezerros que nasceram em setembro e outubro apresentaram peso a desmama, estatisticamente iguais.
Para os animais nascidos nos meses de novembro e dezembro não se observou diferença significativa para peso
ao desmame. Porém, os bezerros nascidos em novembro e dezembro foram desmamados com peso inferior aos
que nasceram em setembro e outubro (Tabela 2). Provavelmente, a ausência do efeito significativo do mês de
nascimento sobre peso a desmama das bezerras se deve à variação climática verificada na região. O clima da
região onde foi realizado o estudo possui características pouco definidas com variações nas épocas de chuva e
seca de um ano para outro.
Em um estudo conduzido por Carneiro et al. (2012), as vacas que pariram no início da estação de
nascimento desmamaram bezerros mais pesados, em função de terem à sua disposição forragens de boa
quantidade e qualidade nutricional por um longo período. Bocchi et al. (2004), ao avaliarem o desempenho
produtivo de bezerros Nelore em quatro regiões do Brasil, observaram que, independente da região, animais que
nasceram entre os meses de julho a dezembro apresentam peso ao desmame superior ao dos animais nascidos
entre janeiro e março.
A concentração dos nascimentos em uma época propícia do ano resulta em lotes uniformes de bezerros
(as) permitindo a adoção de diferentes práticas de manejo, que visam à redução da mortalidade e maior peso a
desmama (OLIVEIRA et al., 2006).
Tabela 2. Número de informações (N), média do peso ao desmame (kg), desvio padrão de bezerros anelorados
criados extensivamente na sub-região de Aquidauana, Pantanal Sul-Mato-Grossense de acordo com o sexo e mês
de nascimento.
Bezerras
Mês de nascimento
N
Setembro
14
153,20 ± 24,88
Outubro
18
150,55 ± 23,54
Novembro
10
145,30 ± 21,75
Dezembro
11
167,53 ± 25,93
Valor de P
a,b
N
Média ± DP
<0,3425
Bezerros
Média ± DP
aA
17
170,03 ± 29,32
aA
aA
15
169,96 ± 28,89
aA
11
161,44 ± 25,43
aA
8
159,75 ± 24,12
aA
bA
bA
<0,002
Médias seguidas de letras maiúsculas, na linha, e minúsculas, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de
erro.
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Conclusões
Nas condições climáticas da sub-região de Aquidauana, Pantanal Sul-Mato-Grossense, vacas que parem
entre os meses de setembro e outubro apresentam maior taxa de prenhez ao final da estação de monta e
desmamam bezerros mais pesados que as vacas que parem em novembro e dezembro.
Diante disso, para melhorar o desempenho reprodutivo e produtivo do rebanho é pertinente ajustar uma
estratégia de na estação de monta visando os nascimentos dos bezerros no período de maior oferta de forragem.
Referências
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desmame de bezerros nelore nas diferentes regiões brasileiras. Acta Scientiarium Animal Sciences, v.26, n.4,
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taxa de gestação subsequente e no peso ao desmame dos bezerros de vacas Nelore. Acta Scientiae
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MENEZES, L.M.; PEDROSA, A.C.; PEDROSO, D.; FERNANDES, S. Desempenho de bovinos Nelore e cruzados
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OLIVEIRA, R. L.; BARBOSA, M. A. A. F.; LADEIRA, M. M.; SILVA, M. M. P.; ZIVIANI, A. C.; BAGALDO, A. R.
Nutrição e manejo de bovinos de corte na fase de cria. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, v.7,
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ROCHA, J.M.; RABELO, M.C.; SANTOS, M.H.B.; CHAVES, R.M.; MACHADO, P.P.; FREITAS NETO, L.M.;
OLIVEIRA, M.A.L. Eficiência reprodutiva de vacas Nelore submetidas a diferentes manejos na Região Agreste do
Estado do Rio Grande do Norte. Medicina Veterinária, v.1, n.1, p.58-61, 2007.
TULLIO, R.R. Período de monta para o Pantanal Mato-Grossense, sub-região dos Paiaguás. Corumbá:
Embrapa Pantanal, 1986. 4p. (Pesquisa em Andamento, 7).
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Espécies de abelhas sem ferrão (Hymenoptera, Apidae, Meliponina) de ocorrência na
região de Corumbá-MS1
2
3
Monique Eriane Cavalcanti Campos , Edgar Aparecido Costa , Aline Mackert
4
As abelhas nativas sem ferrão constituem um grupo de abelhas que apresentam o ferrão atrofiado. Cerca de 400
espécies distribuídas em aproximadamente 40 gêneros foram descritas, sendo que mais de 70% destas espécies
ocorrem nas Américas. Constituem cerca de 90% dos polinizadores efetivos das árvores brasileiras, algumas das
quais dependem exclusivamente destes insetos. Sabe-se que muitas abelhas são endêmicas e necessitam de
mais estudos. Conhecer a fauna local de abelhas sem ferrão é essencial para auxiliar em programas de
conservação, especialmente devido ao potencial econômico, principalmente pela produção de produtos como mel
e própolis, de muitas espécies. Os dados do presente trabalho foram gerados a partir da captura das abelhas em
flores de diferentes localidades na região de Corumbá-MS durante o período de um ano, bem como pela
identificação pontual de ninhos, fotografados e registrados. Foram identificadas seis espécies: Tetragonisca
fiebrigi, Plebeia catamarcensis, Scaptotrigona depilis, Trigona chanchamayoensis, Trigona sp. e Oxytrigona tataira
através do levantamento de abelhas visitantes florais. Outros quatro morfotipos não identificados aguardam
identificação por especialista. Ninhos das espécies S. depilis, T. fiebrigi, P. catamarcensis, Melipona sp. e
Lestrimellita rufipes foram encontrados em campo. A lista de espécies presentes na região, bem como a
identificação de seus ninhos e das fontes florais são prioritários para realização de programas de conservação e
dar auxílio à criação racional destas abelhas na região. Assim, este trabalho é importante por ser pioneiro no
estudo destas abelhas e sua execução disponibiliza dados importantes sobre a fauna de abelhas sem ferrão.
1
Financiado por CNPq.
Acadêmica do Curso de Biologia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Corumbá, MS
([email protected])
3
Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Corumbá, MS
4
Professora Adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Corumbá, MS ([email protected])
2
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Espécies de ninfas de cigarrinhas (Homoptera: Cercopidae) em pastagens de braquiária
em Rondonópolis, MT
1
1
2
Elizete Cavalcante de Souza Vieira , Dannyara Rodrigues Neves , Éder Rodrigues Batista , Marizete
3
4
Cavalcante De S. Vieira , Mauro Osvaldo Medeiros
As cigarrinhas são insetos sugadores de seiva, sendo que as ninfas de coloração brancas amareladas ficam
protegidas na base das plantas cobertas por uma espuma branca característica. Assim, o objetivo deste trabalho
foi identificar as ninfas de cigarrinhas em pastagens no Município de Rondonópolis, MT. Foram efetuadas
amostragens quinzenais de cigarrinhas de agosto/2011 a julho/2012, entre as 15 e 17h. No Sítio Poxoréo foram
selecionadas duas áreas, cada qual com 0,5 hectare, sendo a Área 1 cultivada com Brachiaria humidicola e a
Área 2 cultivada com Brachiaria brizantha. Foi utilizado um quadrado de ferro de 50 cm de lado para amostrar as
ninfas, lançado ao acaso na pastagem. Na Área 1, encontrou-se a ocorrência das seguintes espécies: Deois
incompleta, Peregrinus maidis, Deois schach, Tagosodes sp, Mahanarva posticata e Aetalian reticulatiun. Os
valores médios obtidos, embora não significativos (P > 0,05), apresentaram maiores ocorrências das espécies
Aetalian reticulatiun e Deois incompleta. Na Área 2, observou-se a ocorrência das seguintes espécies: Deois
incompleta, Deois schach, Mahanarva posticata, Peregrinus maidis, Tagosodes sp, e Aetalian reticulatiun. As
médias obtidas, embora não significativas (P > 0,05), apresentaram maiores valores de ocorrência para as
espécies Aetalian reticulatiun e Deois incompleta. Das seis espécies de ninfas de cigarrinhas capturadas, as do
gênero Deois predominaram com freqüência de 34,24% em Brachiaria humidicola e 34,15% em Brachiaria
brizantha. Verificou-se ainda que Aetalion reticulatium foi a espécie mais encontrada com incidência de 19,68% e
19,79%, respectivamente em Brachiaria humidicola e Brachiaria brizantha.
1
Graduandos em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso/Roo
Graduado em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso/Roo
3
Departamento de Química e Bioquímica, Laboratório de Biologia Vegetal, Instituto de Biociências – UNESP/Botucatu-São Paulo
4
Professor Doutor, Depto Biológicas Universidade Federal de Mato Grosso/Roo
2
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Estado de controle do mexilhão dourado (Limnoperna fortunei) no Brasil: opções para
controle e lacunas de conhecimento
1
2
2
3
Márcia Divina de Oliveira , Renata Claudi , Tom Prescot , Domingos Sávio Barbosa , Monica Campos
4
Nos últimos 20 anos o molusco mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), uma espécie exótica oriunda do Sudeste
Asiático, tem se tornado abundante na América do Sul. As áreas afetadas pelo mexilhão diferem de indústria para
indústria e a mais apropriada técnica de controle tem sido diferente para cada usuário. Neste estudo avaliamos as
estratégias de controle que tem sido usadas pelos usuários de água com mexilhão dourado para controlar a
incrustação da espécie, e para identificar tecnologias de controle com potencial de uso mais amplo, as quais
podem ser investigadas em mais detalhes. Nós visitamos 3 hidrelétricas, uma estação de captação de água e uma
estação de piscicultura em tanques-rede em Novembro de 2010. Os responsáveis pelo controle do mexilhão
dourado em cada local foram entrevistados para determinar a extensão do problema causado pelo mexilhão, os
mais típicos problemas oriundos da incrustação, descrever as estratégias de controle já testadas, os métodos
atuais de controle e seus sucessos e insucessos. As principais estratégias de controle que as indústrias tem
adotado são filtros de autolimpeza, gás ozônio, campo magnético, tintas antincrustantes e produtos químicos
como dicloro, hidróxido de sódio, dichoroisocyanurate e MSD-100. Nenhuma das estratégias existentes tem sido
totalmente suficiente e a maioria das indústrias está aberta a novas estratégias de controle. Novas tecnologias
como sistema ultravioleta para tratamento de grandes volumes são promissores para substituir os produtos
químicos, sendo esta tecnologia em fase final de teste no Brasil, e com ótimos resultados nos Estados Unidos. Há
pouca informação sobre os efeitos reais das metodologias de controle no assentamento das larvas, e muitas das
estratégias têm informação limitada sobre seus efeitos no ambiente, principalmente no caso dos químicos. Dentre
os usuários analisados, a piscicultura em tanques-rede é o sistema que conta com menos formas de controle, já
que nas telas dos tanques o uso de recobrimentos antincrustantes é limitado por causa da contaminação dos
peixes.
1
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
RNT Consulting, Canadá
Docente Universidade Federal de mato Grosso, Campus Rondonópolis, Avenida Binário Norte, Parque Sagrada Família, 78735-000, Rondonópolis,
MT
4
Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), Belo Horizonte, Brazil
2
3
137
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Estrutura de tamanho e reprodução de Iguana iguana no Pantanal Norte
1
Zilca Campos , Arnaud Desbiez
2
A iguana ou sinimbu, Iguana iguana, ocorre na Amazônia, Caatinga e Pantanal. Alguns aspectos da reprodução
tem sido reportado na Amazônia e Pantanal. O ciclo reprodutivo é anual, com desenvolvimento testicular entre
julho a setembro e comportamento agressivo entre machos em maio. O propósito deste estudo foi caracterizar a
população reprodutiva e detalhar os ninhos e tamanho das posturas nas praias do rio Cuiabá e tributários,
Reserva SESC-Pantanal. De 2005 a 2009, as iguanas foram capturadas à noite quando estavam dormindo nos
galhos de arbustos e árvores nas margens do rio Cuiabá e tributários. As medidas biométricas e marcação foram
feitas logo após as capturas e sem seguida soltas no mesmo local. Os ninhos das iguanas foram localizados nas
praias de agosto a setembro de 2005 a 2009. Os ovos encontrados em cada ninho foram contados e medidos e as
fêmeas próximas dos ninhos foram capturadas. Em quatro anos, nós capturamos 130 iguanas (67 fêmeas, 39
machos e 24 jovens). O comprimento rostro-cloaca (CRC, cm) dos machos variou entre 20,0 - 45,5 cm e as
fêmeas entre 20,5 – 39,0 cm. Em 2005, encontramos 5 ninhos, em 2006 foram 14, em 2008 foram 5 e em 2009
foram 20, localizados em túnel simples ou complexo. O número médio de ovos foi de 21,0 ± 8,1 (N=42; 5 - 41
ovos). O pico de postura ocorre ao redor de julho a final de agosto, o que diferiu da região do rio Paraguai,
Pantanal Sul, onde a reprodução ocorre em novembro. Provavelmente, o nível de água explica essa variação
entre as duas áreas, já que as atividades reprodutivas são influenciadas pelas condições ambientais e
disponibilidade de praias para desova. A identificação e proteção dos sítios reprodutivos é uma medida importante
para conservação da espécie, principalmente em rio sob efeito das variações no regime fluvial causada pela UHE
Manso.
1
2
Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79720-900, Corumbá, MS, Brasil ([email protected])
Royal Zoological Society of Scotland, Murrayfield, Edinburg, EH12 6TS, Scotland.
138
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Evolução demográfica do cavalo Pantaneiro nos municípios de Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul1
2
3
4
5
Sandra Aparecida Santos , Concepta McManus , Flávia de Paula , José Aníbal Comastri Filho , Samuel
6
7
8
Paiva , Raquel Soares Juliano , Manoel Cristino de Arruda Marques
Resumo: O interesse pela criação do cavalo Pantaneiro tem crescido nas ultimas décadas devido ao seu valor
inestimável como animal de lida do gado adaptado às condições inóspitas do Pantanal, bem como à seleção e
melhoramento para conformação e funcionalidade, tornando-o um animal valorizado pelos criadores. Atualmente o
cavalo também vem sendo utilizado para práticas esportivas e de lazer em diversas partes do Brasil e do mundo.
Este estudo objetivou avaliar a evolução dos cavalos Pantaneiros registrados na Associação Brasileira de
Criadores de Cavalo Pantaneiro (ABCCP) nos estados de Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS). A
população estudada incluiu todos os animais registrados pela ABCCP, desde sua criação, em 1972, até março de
2010. Os dados foram analisados em nível de estado, município, sexo e tipo de pelagem básica. No período foram
analisados os animais com registros definitivos e provisórios totalizando 10.381 animais em MT (n=6.655) e em
MS (n=3.726). Dentre os 16 municípios de MT que registraram cavalos, destaca-se Poconé com 75% do total de
registros. Em MS destacam-se os municípios de Corumbá, Rio Verde e Campo Grande com 47%, 22% e 11%do
total, respectivamente. Onze tipos de pelagens básicas foram observados com a predominância da pelagem
tordilha (44% em MT e 53% em MS), mostrando a grande preferência dos criadores por este tipo de pelagem. Em
seguida constatou a preferência pela pelagem de cor baia (18% em MT e 20% em MS).
Palavras–chave: pelagem, população, raças locais, recursos genéticos animais
Demographic development of the Pantaneiro horse in the municipalities of Mato Grosso and Mato Grosso
1
do Sul
Abstract: The interest in rearing Pantaneiro horse has increased over the last decade due to inestimable value as
animal for dealing the cattle adapted to inhospitable conditions of the Pantanal, as well as due to selection and
improvement in terms of conformation and functionality. These traits makes it valued highly and attracted for
breeders. Actually, the breed also has been used in sports practices and recreation options in several parts of the
world. This study aims to evaluate the evolution of Pantaneiro horses registered with the Brazilian Pantaneiro
Horse Breeders Association (BPHBA) in both States that compose the Brazilian Pantanal, Mato Grosso (MT) and
Mato Grosso do Sul (MS). In the studied population were included all animals registered by BPHBA since its
foundation in 1972 until March 2010. Data were analyzed in level of states, municipalities, sex and coat type. In the
study period were analyzed all animals with definitive and provisory registers totaling 10.381 animals in both states,
being 6.655 in MT and 3.726 in MS. Among the 16 municipalities that registered horses in MT, stand out the
municipality of Poconé with 75% of total number of registers. Among the municipalities that registered horses in MS
highlight the municipalities of Corumbá, Rio Verde and Campo Grande with 47%, 22% and 11%, respectively of
total. Eleven coat types were observed with predominance of grey coat (44% in MT and 53% in MS), showing the
great preference of breeders by this type of coat. Subsequently was found the preference by bay coat (18% in MT
and 20% in MS).
Keywords: animal genetic resources, coat, local breeds, population.
1
Dados fornecido pela Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pantaneiros (ABCCP)
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal X, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Professora da Universidade de Brasília, Brasília, DF (e-mail: [email protected] )
4
Aluna de Pós Graduação da Universidade de Brasília, DF, Campo Grande, MS, (e-mail: [email protected])
5
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal X, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
6
Pesquisador da Embrapa Cenargen, Caixa Postal 02372, 70770-917, Brasília, DF ([email protected])
7
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal X, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
8
Técnico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Pantaneiro, Poconé, MT (e-mail:[email protected] )
2
3
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Introdução
O interesse pela criação do cavalo Pantaneiro tem crescido nas ultimas décadas devido as suas inúmeras
funções tais como a lida do gado nas condições extensivas do Pantanal, meio de transporte para a população
local, atividades de lazer e esportivas. A seleção e o melhoramento genético, em termos de conformação e
funcionalidade, foi o ponto de partida que levou esta população a categoria de raça, tornando este animal
altamente valorizado nos dias de hoje (SANTOS et al., 2009). Hoje, face ao seu grande desempenho e
resistência, já comprovados, este animal esta credenciado para as práticas esportivas em diversas partes do
Brasil e do mundo.
A Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pantaneiros (ABCCP) foi criada em 1972 na cidade de
Poconé como o intuito de fomentar, preservar e melhorar a raça. O livro de registro Genealógico do Cavalo
Pantaneiro foi fechado para machos em 2008 enquanto que o livro das fêmeas continua aberto. McManus et al.
(2012) avaliaram a estrutura do pedigree da raça Pantaneira registrada na ABCCP e verificaram que embora
esteja ocorrendo um aumento no número de registros está havendo um aumento da endogamia na raça.
Observaram também que não há heterogeneidade entre municípios, portanto, sugeriram que os planos de
melhoramento deveriam incluir o intercâmbio de reprodutores entre os municípios para manter baixos os níveis de
endogamia e de variação genética.
Este estudo teve como objetivo avaliar a evolução dos cavalos Pantaneiros registrados na ABCCP nos
municípios de ambos os estados que compõem o Pantanal do Brasil, Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul
(MS).
Material e Métodos
O estudo foi realizado a partir das informações de registro genealógico da raça do período de 1972 a março
de 2010, disponibilizados pela ABCCP, sediada na cidade de Poconé, MT. Na análise do banco de dados
considerou-se o percentual do número de registros dos cavalos por estado, município, sexo e tipo de pelagem
básica.
Resultados e Discussão
No período foram analisados os animais com registros definitivos e provisórios totalizando 10.381 animais
em ambos os estados, sendo 6.655 em MT e 3.726 em MS. O número de registros anuais de cavalos Pantaneiros
manteve-se estável até a década de 80, a partir da qual houve um incremento de registros, principalmente na
última década (Figura 1). O maior número de registros refere-se às fêmeas devido ao fechamento do livro de
registros dos machos no final de 2008.
Figura 1. Número de animais registrados na Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Pantaneiros, fêmeas
e Machos, nos estados de MT e MS, de acordo com ano de nascimento.
140
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Conforme dados do IBGE, havia um efetivo de populacional de equinos de 290.445 e 194.362 cabeças em
1970 (Censo Agropecuário), comparado com um efetivo de 344.918 e 344.589 cabeças em 2010 (Pesquisa
Pecuária Municipal), para MT e MS, respectivamente. Estes dados mostram que a população de equinos
aumentou em ambos os estados, mas o incremento foi maior em MS.
Dentre os 16 municípios de MT que registraram cavalos, destaca-se o município de Poconé com 75% do
total de registros, seguidos dos municípios de Juscimeira, Cáceres e Rosário d'Oeste (Figura 2). Dentre os
municípios que registraram cavalos em MS destacam-se os municípios de Corumbá, Rio Verde e Campo Grande
com 47%, 22% e 11 % do total, respectivamente (Figura 2).
Figura 2. Percentual de cavalos Pantaneiros registrados na ABCCP por municípios nos estados de MT e MS
Onze tipos de pelagens básicas foram observados com a predominância da pelagem tordilha (44% em MT
e 53% em MS), mostrando a grande preferência dos criadores por este tipo de pelagem. Em seguida constatou a
preferência pela pelagem de cor baia (18% em MT e 20% em MS). A pelagem amarilha foi predominante em MT
com 18% dos animais registrados enquanto que em MS houve apenas 1% (Figura 3). Esta preferência é muito
bem visualizada, quando os animais são apresentados nas pistas de julgamento. Santos et al. (1995) avaliaram os
dados da ABCCP e verificaram que até 1990 os animais registrados apresentavam um percentual de 35%, 27% e
22% das pelagens tordilha, castanha e baia, respectivamente.
Figura 3. Percentual de tipos de pelagem encontrados nos cavalos registrados na ABCCP em MT e MS
141
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Conclusões
Os resultados obtidos mostram que o crescimento de registros de cavalos Pantaneiros aumentou em ambos
os estados, principalmente na ultima década. Embora o tipo de pelagem preferida em ambos os estados seja a
tordilha, há algumas preferências regionalizadas.
Referências
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Banco de Dados Agregados - Pecuária. Disponível em:
<http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/pecua/default.asp?t=2&z=t&o=24&u1=1&u3=1&u4=1&u5=1&u6=1&u7=1&u2=38
>. Acesso em: 03 out. 2013.
McMANUS, C.; SANTOS, S. A.; DALLAGO, B.S.L.; PAIVA, S.R.; MARTINS, R.F.S.; NETO, J.B.; MARQUES, P.R.;
ABREU, U.G.P. Evaluation of conservation program for the Pantaneiro horse in Brazil. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.6, p.404-413, 2013.
SANTOS, S. A.; ABREU, U.G.P.; COMASTRI FILHO, J.A.; MARQUES, M.C.; SOARES, R.; MARIANTE, A.S.;
EGITO, A.; MARQUES, R.; ALBURQUERQUE, S.M. Importância da motivação dos criadores na conservação do
cavalo Pantaneiro. In: SIMPOSIO DE RECURSOS GENÉTICOS PARA AMÉRICA LATINA Y EL CARIBE.
RECURSOS ZOOGENÉTICOS, 7, Púcon, 2009. Anais...Púcon, Chile, 2009.
SANTOS, S.A.; MAZZA, M.C.M.; SERENO, J.R.B.; ABREU, U.G.P.; SILVA, J.A. Avaliação e conservação do
cavalo Pantaneiro. Corumbá, MS: EMBRAPA-CPAP, 1995, 40 p.il. (EMBRAPA-CPAP. Circular Técnica, 21).
142
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Fenologia de Stryphnodendron adstringens e Machaerium acutifolium em área de
cerrado antropizado no município de Chapadão do Sul, MS
1
2
2
Igor Erickson Tosta Maia , Ana Paula Leite de Lima , Sebastião Ferreira de Lima , Arlindo Ananias Pereira
da Silva¹, Ana Paula Mezoni¹.
Espécies nativas dos Biomas, Cerrado e Pantanal, tais como barbatimão e jacarandá, possuem grande potencial
para utilização em arborização urbana, devido à sua adaptação as condições ambientais locais, porém são pouco
utilizadas principalmente devido a escassez de estudos. Sua utilização em paisagismo urbano pode promover a
preservação da flora nativa. Uma das ferramentas básicas para o conhecimento biológico e reprodutivo destas
espécies é o estudo fenológico, pois o conhecimento das fenofases pode servir tanto como base de dados para
coleta de material fértil, como para pesquisas de reprodução das espécies. Desta forma, o objetivo deste estudo
foi avaliar o potencial ornamental e estudar a fenologia de Stryphnodendron adstringens e Machaerium acutifolium
em uma área de cerrado, em Chapadão do Sul, MS. Foram lançados dois transectos em uma área de cerrado
antropizado, no município de Chapadão do Sul, MS. As observações acerca do potencial ornamental dessas
espécies foram realizadas, nos indivíduos encontrados ao longo dos transectos, considerando uma distância de
aproximadamente um metro para cada lado destes. Para determinação do potencial ornamental das espécies
foram consideradas características estéticas de porte, cor, textura, forma, estrutura e simetria. Foi realizado ainda,
o acompanhamento fenológico, a cada quinze dias, dos eventos de florecimento, de frutificação e de perda e
brotação de folhas, no período compreendido entre outubro de 2011 a julho de 2013. A espécie barbatimão,
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville, planta de até 5m de altura, revestido por casca com ritidoma
suberoso, escamoso. Possuindo folhas compostas bipinadas, sendo suas flores esbranquiçadas e em racemos
axilares. A árvore é bastante ornamental pela forma da copa e delicadeza da folhagem, apresentou período de
floração em novembro inferior a 15 dias, e frutificação de dezembro a julho (8 meses). A estagnação na produção
de novas folhas ocorreu de outubro a janeiro (4 meses) e a brotação de fevereiro a julho (6 meses) sendo mais
expressivo em julho. Machaerium acutifolium Vogel, possui altura de 10-20m, com tronco revestido por casca
pardo-acinzentada, fina e com ritidoma escamoso. Folíolos glabros e coriáceos e suas panículas apresentam
flores amarelo-esbranquiçadas. Planta rústica, com características ornamentais, principalmente pelo formato
piramidal da copa com ramos pendentes.A floração não foi verificada por ocorrer em um período inferior a quinze
dias, não sendo possível a verificação. A frutificação ocorreu de novembro a março, por um período de 5 meses. A
estagnação na produção de novas folhas foi de dezembro a fevereiro (3 meses) e brotação de março a julho (5
meses). Ambas espécies não apresentaram uma floração relevante, porém a variação foliar ocorreu de forma
semelhante. Não houve desfolha nas duas espécies, sendo que mesmo lançando folhas novas, as folhas adultas
não são totalmente perdidas, permanecendo a copa com sua forma inalterada.
1
Acadêmico de Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS
([email protected])
2
Docente de Engenharia Florestal e Agronomia, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 112, 79560-000, Chapadão do Sul, MS
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Fitossociologia de um cerrado no Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS1
2
3
4
Suzana Maria Salis , Carlos Rodrigo Lehn , Sandra Mara Araújo Crispim , Iria Hiromi Ishii
5
Os cerrados há muito tempo vêm sendo utilizados pela criação extensiva de gado bovino no Pantanal. Apesar da
importância dessa fisionomia para a pecuária na região, ainda são poucos os estudos sobre a estrutura e a
composição florística nesse tipo de formação. O objetivo desse estudo foi identificar as espécies lenhosas e
herbáceas de maior ocorrência em uma área de cerrado do Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS. O
levantamento fitossociológico foi feito numa área de cerrado na fazenda Nhumirim (19°00'42,7''S; 56°38 '29,5''W)
em março de 2008. Para amostragem das espécies lenhosas foi utilizado o método de quadrantes móvel. No
estrato arbóreo foram levantadas as árvores com diâmetro a 1,30 m de altura do solo (DAP) ≥ 5 cm e no estrato
arbustivo todos os arbustos anotando-se o diâmetro ao nível do solo. Foi amostrada uma área equivalente a 0,25
ha para ambos os estratos com a amostragem de 77 indivíduos arbóreos e 111 arbustivos. As espécies herbáceas
mais frequentes foram obtidas por amostragem em 10 quadrados de 1 m x 1 m. A densidade total do estrato
-1
-1
arbóreo foi 313 indivíduos.ha e de 4335 indivíduos.ha para o estrato arbustivo. As árvores apresentaram altura
média de 6,4 ± 3,2 m, chegando a 14 metros. Já o estrato arbustivo apresentou indivíduos com altura média de
1,1 ± 0,7 m, chegando a 5,5 m. Foram observadas 23 espécies no estrato arbóreo, se destacando, por
apresentarem maior número de indivíduos (=densidade absoluta) e alta dominância, Curatella americana (lixeira),
Mouriri elliptica (coroa-de-frade) e Hymenaea stigonocarpa (jatobá-do-cerrado). No estrato arbustivo encontrou-se
17 espécies com destaque, pelo maior número de indivíduos e dominância, para Annona dioica (araticum),
Byrsonima cydoniifolia (canjiqueira) e Diospyros hispida (fruta-de-boi). A riqueza das espécies arbóreo-arbutivas
nesse cerrado foi próximo ao observado em outras áreas de cerrado no Pantanal. Já no estrato herbáceo foram
amostradas 25 espécies, ocorrendo com maior frequência Waltheria albicans (malva-branca) e Stilpnopappus
pantanalensis, número um pouco menor quando comparado com uma área de cerrado no Pantanal de Poconé,
onde foram observadas 34 espécies.
1
Pesquisa financiada pela Conservação Internacional do Brasil com apoio da Embrapa.
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, Campus Panambi, Rua Erechim, 860, 98280-000 Panambi, RS
([email protected])
4
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Avenida Rio Branco, 1270, 79394-902, Corumbá, MS ([email protected])
2
144
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Florística de ilhas de solo em bancadas lateríticas no Parque Municipal Piraputangas,
Corumbá, MS1
2
2
3
Nataly Maria de Souza , Thomáz Guerreiro Botelho , Marcus Vinícius Santiago Urquiza , Camila Bárbara
2
2
4
4
Danny Silva André , Andressa da Cunha Trindade , Iria Hiromi Ishii , Adriana Takahasi
Os afloramentos rochosos ferruginosos, denominados bancadas lateríticas, podem ser considerados uma
paisagem peculiar do Centro-Oeste do Brasil. As principais características destes ambientes são: a ausência
quase completa de cobertura de solo, alto grau de insolação e evaporação e grande heterogeneidade topográfica.
As plantas que se estabelecem nos afloramentos rochosos crescem diretamente sobre a rocha exposta ou em
ilhas de vegetação, que apresentam tamanhos variados, gerando um mosaico de acordo com a declividade da
rocha e a profundidade do substrato. As ilhas de solo são formadas por agrupamentos de plantas herbáceoarbustivas rodeadas por uma superfície rochosa. O presente trabalho tem como objetivo verificar quais espécies
vasculares se estabelecem em ilhas de solo em bancadas lateríticas. O estudo está sendo realizado no Parque
Municipal Piraputangas (19°14'34,96"S e 57°38'18,36 ”O) com cerca de 1.300 ha, em Corumbá, MS. O clima é do
tipo Awa segundo a classificação de Koppen correspondendo a um clima tropical megatérmico. Inicialmente todas
as ilhas de solo presentes nas bancadas lateríticas foram marcadas e numeradas com tinta esmalte branca. Cada
ilha de solo teve seu maior e menor comprimento medidos para o cálculo da área, considerando-se que o formato
predominante das ilhas de solo foi a elipse. Após o cálculo da área insular foram sorteadas 30 ilhas de solo,
enquadradas em três classes de tamanho arbitrárias: pequena (até 3,80 m²), média (até 10,80 m) e grande (até
1100 m²) para o levantamento florístico. As coletas mensais vêm sendo realizadas desde julho de 2013. O
material coletado foi identificado através de literatura especializada e comparação com espécimes depositados em
herbário. O material testemunho foi depositado no Herbário COR (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul,
câmpus Pantanal). Até o momento foram identificadas 76 espécies pertencentes a 34 famílias botânicas, sendo
quatro espécies de pteridófitas e outros cinco táxons indeterminados. As famílias com maior número de espécies
foram: Fabaceae (15) e Poaceae (9). No local de estudo observaram-se poucas ilhas de solo, mas com uma área
insular maior do que o observado em outras bancadas lateríticas da região. As espécies mais frequentes nas ilhas
de solo foram: Discocactus ferricola, Selaginella sellowii, Portulaca mucronulata e Melinis repens, que possuem
uma ampla distribuição em diferentes bancadas lateriticas. As ilhas de solo se diferenciam, principalmente, pela
presença da espécie Deuterocohnia meziana associada a componentes herbáceos, enquanto ilhas de solo com
Bromelia balansae apresentam maior área insular e também maior riqueza de espécies, compostas por
componentes arbustivos característicos das matas deciduais como Acrocomia aculeata, Aspidosperma sp., Croton
urucumensis, Hymenaea stigonocarpa, Sebastiania hispida e Tocoyena formosa. Há necessidade de mais estudos
para avaliação da associação entre as espécies em função do tamanho das ilhas de solo para subsidiar propostas
de conservação destes locais.
1
Financiamento Fundect (proc. n. 23/200.626/2012)
Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Campus do Pantanal, Av. Rio Branco nº1270, 79304020,
Corumbá, MS ([email protected], [email protected], [email protected], [email protected])
3
Biólogo, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Campus do Pantanal, Av. Rio Branco nº1270, 79304020, Corumbá, MS
([email protected])
4
Professora Universidade Federal de Mato Grosso do Sul-Campus do Pantanal, Av. Rio Branco nº1270, 79304020, Corumbá. MS ([email protected],
[email protected])
2
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26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Flutuação da disponibilidade de biomassa de herbáceas de pastagem nativa, em uma
área de campo limpo, Pantanal da Nhecolândia, Corumbá, MS1
Sandra Mara Araújo Crispim², Sandra Aparecida Santo s³, Oslain Domingos Branco
4
A atividade pecuária na planície pantaneira tem sido a principal atividade econômica, baseada quase que
exclusivamente em pastagem nativa. A partir da década de 90, com a queda da rentabilidade da pecuária aliada à
divisão das fazendas por questões de herança, muitas fazendas foram vendidas, houve a entrada de capital de
fora, e como ferramenta de aumento da produtividade, teve início à introdução de espécies de gramíneas exóticas,
ocasionando os desmatamentos e/ou a substituição de pastagens. Esse projeto foi elaborado com a finalidade de
estabelecer critérios técnicos para o manejo do ecossistema pantaneiro, conferir sustentabilidade á pecuária de
corte (=manter a biodiversidade, os padrões e os processos ecológicos), utilizando algumas espécies como
indicadoras. Assim, o objetivo desse estudo foi acompanhar a variação da flutuação de biomassa (kg/ha/MS) de
herbáceas, em um ponto fixo na grade do projeto (A 3500), área de campo limpo adjacente a um cerrado, em
duas épocas (chuvas e seca), nos meses de abril e setembro, respectivamente, no período de 2008 a 2012, no
total de 10 avaliações. As amostragens foram realizadas com a utilização de quadrados de 0,5 m x 0,5 m, no total
de 100 pontos por amostragem, sendo alocadas ao acaso. Em cada quadrado, foram anotadas todas as espécies
presentes que foram ordenadas (“rank”), com valores correspondentes ao peso seco (variando de 1 a 5 e todas as
suas combinações) e a cobertura do solo. Conforme esperado, os maiores valores de biomassa encontrados
foram no período chuvoso, 4304 e 3495 kg/ha/MS, em abril de 2008 e 2009, respectivamente. Os demais valores
foram muito próximos aos encontrados para o período da seca, devido ao menor volume de chuvas registrado
nesses anos, com o mínimo de 1174 kg/ha/MS, em set/2012. O número de espécies presentes nas amostragens
variou de 34 a um mínimo de 9, em abr/2009 e set/2010, respectivamente. A espécie vegetal que teve a maior
participação na composição botânica em todas as avaliações foi à grama-do-cerrado (Mesosetum chaseae), que
variou de 100¢ e 78% em abr/2008 e set/2012, respectivamente, apresentando um valor máximo de biomassa de
3924 kg/ha/MS e mínimo de 821 kg/ha/MS, nessas mesmas épocas. De acordo com os estudos realizados é
considerada uma espécie chave, por ser preferida pelo gado e devido ao seu hábito estolonífero, tem a
capacidade de cobrir bem o solo. O conjunto de todas as informações levantadas será essencial para a
elaboração dos critérios para a sustentabilidade da atividade pecuária.
1
Parte do projeto de Pesquisa “Análise das respostas de indicadores da biodiversidade às variações naturais e antropogênicas na busca de critérios
para pecuária sustentável do Pantanal”
²Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
³Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Técnico Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Frequência de fitoplanctôn de uma lagoa localizada na zona rural de Aquidauana MS 1
1
2
3
Marivania Silva Santos das Chagas ·, Dhébora Albuquerque Dias , Ricardo Henrique Gentil Pereira
A comunidade fitoplanctônica exerce um papel importante como produtor primário na conversão da
matéria inorgânica em orgânica, principalmente na região de limnética dos ecossistemas aquáticos, em casos
poluição também são utilizados como indicadores. Sua produtividade primária é controlada essencialmente pela
disponibilidade de nutrientes e pela intensidade luminosa. Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de avaliar
a frequência das espécies de fitoplâncton da Lagoa dos Bobos, localizada na área rural do município de
Aquidauana, está cercada por propriedades que desenvolvem atividades agropastoris e se caracteriza por não
possui mata ciliar e ter uma grande quantidade de plantas aquáticas. Também possui aproximadamente 520
metros de comprimento e de 180 metros de largura em linha reta, onde foram distribuídos 4 pontos para as
coletas. Nos pontos previamente delimitados foram coletadas amostras da água próxima à superfície com ajuda
de um balde de 20 litros, sendo filtrado um total de 100 litros de água em rede de fitoplâncton de 20 micrômetros
de abertura de malha, o material foi fixado com formol a 4%. As amostras foram levadas para o Laboratório de
Hidrologia Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde foram feitas as análises físicoquímicas da água e a identificação das algas com o auxílio de microscópio e de referências bibliográficas
específicas. Os resultados do pH mostrou que a lagoa no período de estudo se manteve básico, sendo que em
-1
novembro registrou apenas 5,2. A condutividade elétrica variou entre 18,4 uS/cm-1 em agosto e de 23,6 uS.cm
em novembro. As concentrações de oxigênio dissolvido estiveram baixos nos períodos amostrais, ficando com
-1
1,11 mg.L . Foram encontrados 4 classes taxonômicas de fitoplâncton: Crysophyta com 28,76% e
Clamidophyceae com 21,36% no mês de novembro, Clorophyceae com 25,75%, encontrados em agosto e
novembro, Euglenophiceae com 8,6% no mês de maio e agosto, Cyanophyceae com 15,47% no mês de
novembro, As maiores frequências encontradas foram de gêneros pertencentes as classes Crysophyta
considerada classe dominante com 30% de presença de indivíduos por amostra analisada e Clorophyceae com
26% A maior frequência mostrou correlação positiva com o maior índice de luminosidade, profundidade, DBO e
outros parâmetros limnológicos utilizados.
1
Acadêmica do curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])
3
Professor Doutor do Curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])
2
147
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Granulometria e conteúdos de carbono e nitrogênio do solo sob diferentes
fitofisionomias da fazenda Nhumirim, Pantanal Sul-Mato-Grossense1
2
3
Ana H B Marozzi Fernandes , Evaldo Luis Cardoso , Fernando Antonio Fernandes
4
Apesar dos solos da fazenda Nhumirim serem classificados como NEOSSOLOS QUATZARÊNICOS, solos
profundos e de textura essencialmente arenosa, diferenças podem ocorrer em função das diversas fitofisionomias
presentes no mesorrelevo, bem como o nível de inundação a que a área está sujeita periodicamente. O objetivo
deste trabalho foi, portanto, avaliar a granulometria e os conteúdos de carbono (C) e nitrogênio (N) do solo das
diversas unidades de paisagem com vistas a fornecer material de referência para estudos futuros. O trabalho foi
conduzido em quatro fitofisionomias diferentes do mesorrelevo: baixada - área sujeita a inundação periódica, com
predominância de Axonopus purpusii (capim mimoso); campo limpo - áreas sujeita a inundação periódica, situada
em mesorrelevo um pouco mais alto do que a anterior, com predominância de Mesosetum chaseae (capim do
cerrado); campo cerrado – área localizada mais acima no mesorrelevo em relação ao campo limpo, que sofre
inundações ocasionais, com presença de espécies graminóides e de alguns arbustos como Byrsonina orbignyana
(Malpighiaceae - canjiqueira); e cerradão – área localizada no ponto mais elevado do mesorrelevo, livre de
inundação e coberta por vegetação arbórea, sendo que entre as principais espécies ocorre: Anadenanthera
colubrina (angico), Protium heptaphyllumi (almecega), Astronium fraxinifolium (gonçalo), Tabebuia roseo-alba
(piuxinga). Em cada uma das áreas foram abertas três trincheiras até 1,5 de profundidade, sendo coletadas
amostras de solo nas profundidades 0-10; 10-20; 20-30; 30-40; 40-60; 60-80 e 80-100 cm de três faces de cada
uma das trincheiras. Foram determinados os conteúdos totais de areia, silte e argila por meio de método
preconizado pela Embrapa, e de carbono e nitrogênio por meio de combustão seca em analisador elementar. Os
conteúdos de areia não foram menores do que 90% em nenhuma das áreas amostrada. Diferenças de
granulometria do solo entre as áreas foram observadas nos primeiros 20 cm. A área de baixada apresentou
conteúdos de silte+argila significativamente maiores e de areia significativamente menores do que as outras áreas
(p>0,05). Abaixo dos 30 cm, porém, a área de campo cerrado apresentou teores significativamente maiores de
silte+argila e menores de areia em relação àqueles observados na área de borda de baía. Com relação aos
conteúdos de C e N do solo, a área de baixada apresentou conteúdos significativamente maiores do que as
outras áreas nos primeiros 30 cm (p>0,05). Entretanto, abaixo dos 30 cm esses conteúdos foram
significativamente menores nessa área em relação às demais, até os 60 cm de profundidade, quando não foram
mais detectadas diferenças entre os conteúdos. Alguns fatores podem contribuir para esse comportamento, tais
como a ocorrência de inundações periódicas nessa área, e consequente acúmulo de material vegetal morto, como
também a presença mais intensiva de gado, devido à ocorrência de espécies que fazem parte da dieta
preferencial dos mesmos. Ambos podem ocasionar uma maior deposição de matéria orgânica do que ocorre nas
outras áreas, o que poderia explicar os maiores conteúdos de C e N no solo nas camadas mais superficiais.
1
Trabalho integrante de projeto participante da Rede PECUS de pesquisa, financiado pela Embrapa.
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Grau de invasão de canjiqueira (Byrsonima cydoniifolia) nas áreas de pastagens nativas
do Pantanal
1
2
3
4
Cleomar Berselli , Sandra Aparecida Santos , José Antônio Maior Bono , Raquel Soares Juliano , Leize
5
Tatiane da Silva
A redução da capacidade de suporte das pastagens nativas devido a invasão de espécies arbustivas e arbóreas
tem sido um grande problema enfrentado pelos fazendeiros da região do Pantanal. Dentre as espécies arbustivas
invasoras destaca-se no Pantanal arenoso a canjiqueira (Byrsonima cydoniifolia). A presença da espécie é normal
quando encontrada no ambiente natural, como borda de cordilheiras, capão, campo-cerrado inundável ou não,
tornando-se invasora quando disseminada nos campos limpos e áreas baixas. Quando encontrada de forma
densa o problema torna-se ainda mais grave, pois além de prejudicar o acesso de animais e do homem não
permite a utilização pelo gado na área invadida. Considerando que a espécie é nativa na região e que sua
presença faz parte das paisagens e da composição florística, há a necessidade de conhecer não somente o limiar
de invasão que causa perda de resiliência do ecossistema, mas também um sinal de alerta que mostre a
proximidade deste limiar.Portanto, este estudo objetivou avaliar o grau de invasão da canjiqueira em áreas de
campos e baixadas do Pantanal. O estudo foi feito em uma invernada invadida da fazenda Nhumirim, localizada
na sub-região da Nhecolândia, no período seco (julho a setembro) de 2009. Nas áreas de campo limpo invadidos
foram feitos transectos e a dominância, avaliada com a utilização da escala do percentual de cobertura (1< 0,01%,
2= 0,01-10%, 3=10-25%, 4= 25-50%, 5=50-75% e 6= 75-100%). Para estabelecer escores (classes) de
dominância e usá-los como um indicador do grau de invasão, adotou-se a análise boxplot usando o programa R,
no qual valores acima do 3º quartil foi considerado muito alto; do 2° quartil (mediana) até 3º quartil , alto, do 1º ao
2° quartil, moderado; do 1° quartil ao extremo infe rior (outlier), baixo. Observou-se que o grau de invasão
considerado muito alto envolve invasão acima de 60%, 40-60% alto, 20-40% moderado e abaixo de 20% baixo.
Estas classes de invasão serão utilizadas para a definição de indicadores práticos de campo, como a distância
entre arbustos, a qual indicará o momento correto de se proceder o controle da invasora, servindo como uma
ferramenta aos pecuaristas que auxiliará na detecção precoce da invasão evitando a perda da capacidade
produtiva das fazendas.
1
Mestrando do Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial, Universidade Anhanguera Uniderp, Embrapa Pantanal, Caixa
Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Professor do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Produção e Gestão Agroindustrial, Universidade Anhanguera Uniderp, 79037-280,
Campo Grande, MS ([email protected])
4
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Mestranda do Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial, Universidade Anhanguera Uniderp, 79037-280, Campo Grande, MS
([email protected])
2
149
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Identificação preliminar de grupos funcionais em pastagens nativas no Pantanal
1
2
3
1
4
Sandra Aparecida Santos , Arnildo Pott , José F. M. Valls , Sandra Mara A. Crispim , Cleomar Berselli ,
5
João Batista Garcia
Resumo: As pastagens nativas do Pantanal são dinâmicas, principalmente devido às inundações periódicas. O
conhecimento sobre os grupos funcionais dos estados de transição dessas comunidades é de extrema
importância no manejo para resiliência do ecossistema. Este artigo objetivou identificar grupos funcionais de
plantas em uma borda de baía, influenciada por inundação e superpastejo, de bovinos ao longo do tempo. O
trabalho foi desenvolvido na borda de uma lagoa superpastejada na fazenda Nhumirim, sub-região da
Nhecolândia, Pantanal, no período de setembro 2007 a março 2010. Para avaliar a composição florística da
borda implantou-se um transecto fixo de 250 m, seguindo o nível topográfico. Durante as seis épocas de coleta,
foram identificadas 36 espécies de plantas, pertencentes a 16 famílias. Para cada espécie de planta, elaborou-se
uma lista preliminar com algumas características qualitativas de interesse, relacionadas com o histórico de vida.
Foram analisados os grupos funcionais por meio do método de agrupamento hierárquico. Dentre as 36 plantas
encontradas na borda da baía, foram definidos 12 grupos funcionais considerando como ponto de corte nos
grupos de forrageiras. A forma de vida de plantas aquáticas foi a principal característica na diferenciação dos
grupos funcionais no ambiente estudado. Os resultados obtidos mostram a importância de definir grupos
funcionais nos ecossistemas do Pantanal, principalmente aqueles que respondem aos diferentes distúrbios
visando desenvolver estratégias de manejo adaptativo para conservação, restauração, produtividade, entre outras
funções de interesse. Outras características de importância devem ser avaliadas para melhor caracterização dos
grupos funcionais, assim como maior abrangência de ambientes e de tipos de distúrbios.
Palavras–chave: distúrbio, forma biológica, manejo adaptativo, resiliência,
1
Preliminary identification of functional groups in natural pastures of the Pantanal
Abstract: Natural pastures are dynamic, mainly due to seasonal flooding. Knowledge about functional groups of
transition states of these communities is important for management resilience of the ecosystem. This work aimed to
identify plant functional groups on the edge of a pond influenced by cattle overgrazing and flooding at Nhumirim
ranch, Nhecolândia sub-region, Pantanal wetland, along the time, from September 2007 to March 2010. The
floristic composition was evaluated using fixed transect lines according to topographical level along 250 m. We
identified 36 plant species from 16 families, during six data acquisition periods. A preliminary list was elaborated for
each plant species with qualitative traits related to life history. Functional groups were analyzed by the method of
hierarchical grouping. We defined 12 functional groups among the 36 plants found on the edge of the pond taking
into consideration the forages plant as cut point. Life form of aquatic plants was the main trait that distinguished
among functional groups on the studied environment. The obtained results indicate the importance to define
functional groups in the ecosystems of the Pantanal, mainly those respond to different disturbances, with the
objective to develop adaptive strategies for conservation, restoration, productivity, along with other information of
interest. Other important traits may be evaluated for better characterization of functional groups, as well as a
broader range of environments and disturbance types.
Keywords: adaptive management, disturbance, life form, resilience, wetland
Introdução
O Pantanal possui uma heterogeneidade de comunidade vegetais que formam um mosaico de paisagens
que varia espaço-temporalmente em função das condições edafoclimáticas e antrópicas e respectivas interações
(POTT et al., 1994). Muitas destas comunidades apresentam predominância de plantas herbáceas, especialmente
gramíneas e ciperáceas, que favorecem a criação de bovinos de corte. As áreas úmidas, existentes ao redor dos
corpos d'água, canais e baixadas possuem forrageiras de melhor qualidade e são mais intensamente usadas para
pastejo (SANTOS et al., 2002).
1
Pesquisadoras da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Professor Visitante do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal da UFMS, Campo Grande, MS ([email protected])
3
Pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Brasília, DF ([email protected])
4
Técnico da Embrapa Pantanal, e aluno do curso de Mestrado da UNIDERP, Campo Grande, MS ([email protected])
5
Analista da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
150
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
De maneira geral, essas comunidades são dinâmicas, principalmente as que sujeitas a inundações
periódicas. Elas se caracterizam pela existência de vários estados, dependentes do histórico de manejo e
condições climáticas (MAURO et al., 1998). Estados podem ser caracterizados, por abundância e composição de
espécies, assim como função (SUDING; HOBBS, 2009). Do ponto de vista ecológico, não há estados
considerados mais desejados, ao contrário do ponto de vista de sistemas produtivos, no qual o estado mais
desejável corresponde a aquele que possibilita maior produtividade. No caso de sistemas de criação de gado, os
ecossistemas onde dominam forrageiras são os mais desejados, consequentemente, são ecossistemas cuja
principal função é a produção de forragem. Porém, esses ecossistemas podem perder esta função quando mudam
de estado, ou seja, estado dominado por herbáceas de interesse forrageiro para estado dominado por plantas
herbáceas, sem interesse forrageiro. A mudança destes estados pode ser determinada por limiares entre estrutura
da vegetação e função, no entanto, quando isto acontece, o ecossistema pode ter perdido sua resiliência, ou seja,
a capacidade de recuperação. No entanto, na avaliação destes estados é importante conhecer grupos funcionais
de plantas existentes que consistem em um conjunto de espécies que desempenha funções semelhantes
(DROBNIK et., 2011). Esta identificação de grupos funcionais ao longo do tempo em resposta aos distúrbios
climáticos e antrópicos pode auxiliar na definição de estratégias de manejo para recuperação, conservação e
produtividade das pastagens.
O objetivo deste trabalho foi identificar grupos funcionais de plantas, em uma borda de baía influenciada por
inundação e superpastejo ao longo do tempo.
Material e Métodos
O estudo foi realizado na fazenda Nhumirim, sub-região da Nhecolândia, Pantanal, MS, na borda de uma
lagoa temporária, superpastejada por bovinos ao longo do tempo. Para avaliar a composição florística da borda,
implantou-se um transecto fixo de 250 m, seguindo o nível topográfico, no qual foram alocadas estacas a
2
intervalos de 10 m. No final das chuvas (março) e da seca (setembro) foram colocados quadrados de 0,25m em
cada estaca para avaliar a composição botânica e a cobertura em percentual de cada forrageira, num total de 25
quadrados amostrais, no período de setembro de 2007 a março de 2010.
Durante as seis épocas de coletas, foram identificadas 36 espécies de plantas, pertencentes a 16 famílias.
Para cada espécie de planta, elaborou-se uma lista preliminar com algumas características qualitativas de
interesse (MCINTYRE et al., 1999) relacionadas com o histórico de vida: forma de vida com base no sistema de
Raunkiær (caméfita, hemicriptófita, terófita, geófita, fanerófita, hidrófitas); ciclo de vida (anual e perene) e
estratégia de vida (ruderal, competitiva, tolerante ao estresse); morfologia: forma de vida de plantas aquáticas
(erva anfíbia, erva emergente, erva terrestre, erva flutuante enraizada, arbusto anfíbio, arbusto terrestre, flutuante
livre, palmeira acaulescente) e altura (baixa, média e alta); resposta ou adaptação a distúrbios: pastejo (aumento
ou diminuição); fogo (aumento ou diminuição); nutrição (oligotrófica, mesotrófica, eutrófica); regeneração:
propagação lateral (sim ou não) e grau de preferência animal (preferida, desejável, indesejável e tóxica) e via
fotossintética (C3, C4).
Foram analisados os grupos funcionais por meio do método de agrupamento hierárquico de Ward, com a
utilização do pacote fpc do programa R, com ponto de corte estabelecido conforme grupo de interesse, que no
caso, foram às espécies forrageiras. Também se aplicou o método de agrupamento hierárquico com valores de
Booststrapped utilizando o pacote pclust e análise de correspondência múltipla com o pacote FactoMineR, ambos
do programa R.
Resultados e Discussão
Dentre as 36 plantas encontradas na borda da baía durante o período de 2007 a 2010, foram definidos 12
grupos funcionais, considerando como ponto de corte grupos de forrageiras (Figura 1). A principal característica
que diferenciou os grupos funcionais foi a forma de vida das plantas aquáticas. A composição florística de cada
grupo e suas principais características encontra-se na Tabela 1.
As espécies de forrageiras estiveram presentes em quatro grupos funcionais (G3, G4, G9 e G12), sendo
que os grupos G3 e G12 foram exclusivos de gramíneas forrageiras. Dentre os quatro grupos, os de maior
interesse são o G3 totalmente composto de espécies de gramíneas preferidas pelo gado (SANTOS et al., 2002),
geralmente de via fotossintética C3, que representam forrageiras de alta qualidade, e o G4 composto por espécies
preferidas e base da dieta de bovinos (SANTOS et al., 2002), com exceção das espécies Euphorbia thymifolia e
Scoparia dulcis. O grupo G9 apresentou algumas gramíneas preferidas e o G12 é composto por espécies de
porte baixo e anuais, com espécies de alta preferência por bovinos. O G12 é muito importante no Pantanal como
forrageiras, especialmente em condições de superpastejo. No grupo constaram duas espécies, Axonopus purpusii,
151
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
que predominou onde as condições de conservação estavam melhores, enquanto que Cynodon dactylon
predominou em condições de degradação e superpastejo. No G10 foram incluídas plantas ruderais, uma sendo
espinhosa (Solanum viarum) e outra, tóxica (Senna occidentalis).
Os grupos funcionais foram plotados ao longo do tempo (Figura 2). O grupo das forrageiras preferidas
(grupo 3) dominou nos primeiros anos, porém nos últimos anos foram dominados por espécies de pouco interesse
forrageiro, com exceção do grupo 12. No entanto, estudos mais amplos devem ser conduzidos para a definição de
grupos funcionais que tenham maior alcance das diversas condições ambientais (DROBNIK et., 2011).
Figura 1. Agrupamento hierárquico dos grupos funcionais de plantas encontradas na borda de uma baía
superpastejada no período de setembro de 2007 a março de 2009, em pastagem natural inundável no Pantanal.
Figura 2. Comportamento dos grupos funcionais ao longo do tempo, em pastagem natural inundável no Pantanal
152
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 1. Composição florística e caracterização dos clusters observados em pastagem natural inundável no
Pantanal
Cluster
Espécies
Caracterização
(Grupo)
1
Mimosa polycarpa, M. weddelliana, Senna alata
Grupo de leguminosas perenes arbustivas que
predomina na época de seca
2
Heliotropium indicum, Melochia simplex,
Polygonum hydropiperoides
Grupo de ervas perenes e anuais não-gramíneas
que predomina em pastagens com melhores
condições de conservação
3
Hymenachne amplexicaulis, Paspalidium
paludivagum, Leersia hexandra
Grupo de gramíneas hidrófilas de via
fotossintética C3, consideradas preferidas pelo
gado, que predomina em pastagens com
melhores condições de conservação
4
Axonopus purpusii, Caperonia castaneifolia,
Cyperus sp., Diodia kuntzei, Euphorbia
thymifolia, Reimarochloa spp., Scoparia dulcis,
Steinchisma laxum
Grupo de gramíneas tropicais e herbáceas,
perenes e anuais, que predomina em pastagens
com melhores condições de conservação
5
Salvinia auriculata, Wolffia brasiliensis
Grupo de espécies hidrófitas que aparece
somente em áreas com lâmina de água
6
Attalea phalerata, Aeschinomene fluminensis
Grupo de espécies que aparece de forma
esparsa
7
Nymphoides grayana
Espécie hidrófila que aparece em áreas úmidas.
Não consumida por bovinos, mas preferida por
espécies da fauna, como veado campeiro
8
Xymenia americana
Espécie esporádica
9
Digitaria decumbens, Luziola subintegra,
Malachra radiata, Paspalum acuminatum
Grupo de espécies que aparecem durante o ano
todo, mas em pastagens com médio a bom
estado de conservação
10
Senna occidentalis, Sida acuta, Solanum viarum
Grupo de ervas e subarbustos, anuais e perenes
que aparecem em sistemas degradados
11
Dactyloctenium aegyptium, Portulaca fluvialis,
Richardia grandiflora
Grupo de herbáceas rasteiras que sinaliza locais
muito superpastejados e secos
12
Cynodon dactylon, Setaria parviflora
Grupo de gramíneas que sinalizam locais
perturbados, principalmente superpastejo e
pisoteio.
Conclusões
Os grupos funcionais identificados na borda da baía responderam aos diferentes distúrbios ao longo do
tempo. No entanto, o uso deste grupos como indicadores de critério na definição de estratégias de manejo e
conservação do Pantanal pode ter valor limitado para outras condições ambientais, necessitando que este tipo de
estudo seja ampliado para outros ambientes e distúrbios ao longo do tempo, de modo que possam ser
identificados grupos funcionais de utilização mais ampla.
153
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Agradecimentos
Aos funcionários da fazenda Nhumirim, especialmente ao Sr. Nelson, Messias e Marcos Tadeu.
Referências
DROBNIK, J.; RÖMERMANN, C.; BERNHARDT-RÖMERMANN, M.; POSCHLOD, P. Adaptation of plant functional
group composition to management changes in calcareous grassland. Agriculture. Ecosystems and
Environment, v.145, p. 29-37, 2011.
MAURO, R.A.; POTT, A.; SILVA, M.P. Una propuesta de modelos de estados y transiciones para una sabana
tropical inundable: el Pantanal arenoso. Ecotrópicos, v. 10, p. 99-112, 1998.
MCINTYRE S., LAVOREL S., LANDSBERG J. Disturbance response in vegetation towards a global perspective
on functional traits. J. Veg. Sci., v.10, p.621–630, 1999.
POTT, A. Ecossistema Pantanal. In: PUIGNAU, J.P. (ed) Utilization y manejos de pastizales. Montevideo:IICAPROCISUR, p. 31-34, 1994.
SANTOS, S. A.; CARDOSO, E. L.; SILVA, R. A. M. S; PELLEGRIN, A.O. Princípios básicos para a produção
sustentável de bovinos de corte no Pantanal. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2002. 25p. (Embrapa Pantanal.
Documentos, 37).
SUDING, K.N.; HOBBS, R.J. Threshold models in restoration and conservation: a developing framework. Trends
Ecol. Evol., v.24, p.271-279, 2009.
154
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Incêndios florestais na Terra Indígena Kadiwéu entre os anos de 2010 e 2012
1
Alexandre de Matos Martins Pereira , Márcio Ferreira Yule
2
A Terra Indígena (TI) Kadiwéu localiza-se no município de Porto Murtinho, MS. Possui cerca de 540 mil hectares e
população residente de 2.000 indígenas, aproximadamente. As principais ameaças ambientais que a TI Kadiwéu
sofre são a extração ilegal de madeiras e o uso inadequado do fogo, causando incêndios florestais. Nesta
perspectiva, este trabalho tem como objetivo quantificar e analisar a área atingida pelos incêndios florestais no
período de 24 de julho a 16 de setembro dos anos de 2010, 2011 e 2012. Utilizamos focos de calor detectados
pelo satélite Aqua na sua passagem à tarde e disponibilizados pelo Instituo Nacional de Pesquisas Espaciais
(INPE). Para a quantificação da área queimada utilizamos imagens disponibilizadas diariamente pela
NASA/GSFC, Rapid Response, AERONET, Subset Campo Grande que foram processadas com Software Livre
Quantum Gis 1.8.0 Lisboa. O registro de focos de calor para o período estudado foi o seguinte: em 2.010 foram
registrados 751 focos, 264 em 2011 e 134 em 2012 no interior da Terra Indígena Kadiwéu. A área queimada
mensurada para os anos de 2010, 2011 e 2012 foram de 223.862,91 ha, 81.099,16 ha e 35.587,67 ha,
respectivamente. Observamos que houve redução gradativa da área queimada de 2010 para 2012,
proporcionalmente ao número de focos de calor. Por exemplo, a área queimada de 2010 para 2011, houve uma
redução de aproximadamente 35%, porcentagem semelhante para o registro de focos de calor. A redução da área
queimada no interior da TI Kadiwéu pode ser atribuída a fatores climáticos e a fatores biológicos (quantidade de
biomassa estocada). Contudo, ao verificarmos os registros de focos de calor para o estado de Mato Grosso do Sul
podemos observar que houve redução de 2010 para 2011 (2.817 e 1.462, respectivamente), mas diferentemente
da TI Kadiwéu, o focos de calor registrados para todo estado aumentou em 2013 (4.939). Com isso, podemos
inferir que a redução da área queimada no interior da TI Kadiwéu não está relacionada a fatores climáticos. A
outra hipótese, estoque de biomassa, pode ser uma variável que explica a redução da área queimada. Como
extensão de área queimada em 2010 foi bastante grande, o consumo da biomassa foi intenso, não havendo
estoque suficiente para ser consumida pelas chamas nos anos de 2011 e 2012. Outro fator que devemos
considerar na redução da área queimada é a presença de uma Brigada de prevenção e combate aos incêndios
IBAMA/PREVFOGO composta por quinze integrantes e que começou suas atividades no ano de 2011. O registro
de focos de calor, a mensuração das áreas queimadas e a quantificação do estoque de biomassa são variáveis
que devem ser monitoradas ao longo dos anos para termos subsídios para conseguirmos implementar o manejo
integrado do fogo para a TI Kadiwéu e todo o Mato Grosso do Sul.
1
2
Ecólogo, Analista Ambiental do IBAMA/MS, rua Euclides da Cunha, 97579020-906, Campo Grande, MS ([email protected])
Superintendente do IBAMA/MS, Campo Grande, MS ([email protected])
155
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Índice de adequação do requerimento de água para bovinos em fazendas do Pantanal1
2
3
4
Sandra Aparecida Santos , Luiz Orcirio Fialho de Oliveira , Marcos Tadeu B. D. Araújo , Márcia Divina de
5
6
Oliveira , Marcia Toffani S. Soares
Atualmente o bem estar animal faz parte do rol de exigências da comunidade internacional, sendo fundamental a
adoção de boas práticas de produção e de manejo animal para a comercialização dos produtos de origem animal.
No Pantanal predomina o sistema de produção de gado de corte em sistemas extensivos de pastagens, nativas e
cultivadas. Embora os bovinos sejam criados próximo do seu ambiente natural, estes podem sofrer algumas
restrições nutricionais e/ou hídricas (acesso a alimento e água) como também manejo inadequado no transporte e
curral (medo, sofrimento por manejo inadequado). Este trabalho visou desenvolver um índice para avaliar a
adequação do requerimento de água para bovinos em uma fazenda Pantaneira, com o intuito de compor
indicadores para o desenvolvimento da ferramenta FPS (Fazenda Pantaneira Sustentável). A definição do índice
baseou-se nos parâmetros mínimos necessários para quantificar os requerimentos de água dos bovinos: tamanho
da invernada ou unidade de manejo, número de animais e categoria, número e tipo de bebedouros disponíveis
(tamanho, tipo, profundidade e localização geográfica). A partir destas medidas definiu-se critérios e respectivas
classes de avaliação (ideal, moderada e ruim) com base na literatura e opinião de especialistas. Foram
considerados quatros critérios: 1. Acesso/distância (ideal- até 2 km; moderado- 2 a 4 km e ruim- acima de 4 km);
2. Análise da limpeza e turbidez da água por meio da análise visual da presença de fezes, lodo, algas, entre
outras sujeiras (ideal - sem sinais de sujeira; moderado - alguns sinais de sujeira, mas em níveis moderados e
ruim - muita sujeira); 3. Espaço disponível por animal que corresponde metros linear/cabeça (ideal - acima de
10cm/animal; moderado - 4 a 10 cm/animal e ruim - abaixo de 4cm/animal); 4. Disponibilidade e Vazão (idealacima de 50 litros de água/animal com boa vazão; moderado - entre 30 e 50 litros de água com vazão moderada;
ruim - abaixo de 30 litros de água/animal com vazão ruim). O acesso (distância mínima) foi quantificada a partir de
imagens de satélite. No caso da vazão, esta só pode ser estimada em tanques artificiais no qual é possível medir
o tempo necessário para completar um volume conhecido. A partir destas informações gerou-se o índice de
adequação do requerimento de água (IARA), classificados em três níveis de escore: Adequado - IARA = 3. Este
escore é obtido o acesso aos corpos d’ gua e bebedouros é garantido, com espaço ideal por animal. A quantidade
e qualidade da água dos bebedouros disponíveis atendem adequadamente às necessidades dos animais em
pastejo; Moderado – IARA = 2. O escore 2 é obtido quando os animais têm acesso à água, mas a distância e
espaço é moderado e a quantidade e/ou qualidade estão aquém do nível desejado; Não adequado – IARA= 1,
quando os critérios descritos acima estão no nível ruim.
1
Ìndicador componente da ferramenta FPS (Fazenda Pantaneira Sustentável), financiado pela Embrapa
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected])
3
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected])
4
Técnico da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected])
5
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, Corumbá, MS ([email protected])
6
Pesquisadora da Embrapa Florestas, Caixa Postal 319, Colombo, PR ([email protected])
2
156
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Influência da umidade da polpa na composição centesimal de tortas de macaúba
1
2
Fábio Galvani , Grazielly Munhões Sorrilha , Simone Palma Favaro
3
A macaúba ou bocaiuva (Acrocomia aculeata (Jacq.). Lodd. ex Mart.) apresenta grande potencial para a produção
de óleo com vasta aplicação em setores industriais e energéticos. Do processo de extração de óleo são gerados
coprodutos, como carvão para siderurgia, além da torta da polpa e da amêndoa usadas na alimentação animal. No
Pantanal de Corumbá, MS, a polpa da macaúba tem sido utilizada, como fonte de alimentos por apresentar-se rica
em carboidratos, proteínas e fibras e a torta da polpa vem sendo investigada como fonte de matérias primas para
agregar valor à cadeia produtiva. Neste trabalho realizou-se uma avaliação química da torta da macaúba da região
de Corumbá obtida da extração mecânica do óleo da polpa como potencial alternativo para nutrição animal. Os
frutos foram coletados na região de Corumbá durante a safra de 2010 (setembro a dezembro) e secos em estufa
o
com circulação de ar a 60 C por 30 minutos monitorando-se a umidade dos frutos até atingirem 10% e 20%. O
despolpamento foi realizado mecanicamente utilizando um protótipo com capacidade para 10 kg de fruto/batelada.
A prensagem da polpa foi em prensa contínua tipo expeller para extração do óleo. A torta resultante da extração
do óleo foi homogeneizada e analisada quanto ao teor de Matéria Seca (MS); Cinza ou Matéria Mineral (MM);
Proteína Bruta (PB); Extrato Etéreo ou Gordura (EE); Fibra em Detergente Neutro (FDN) e Fibra em Detergente
Ácido (FDA). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com três repetições. Foram observadas
as seguintes concentrações em base seca nas diferentes amostras: torta obtida de frutos com 10% de umidade
(MS = 92,06%; MM = 4,16%; PB = 10,06%; EE = 6,85%; FDN = 52,78%; FDA = 21,35%); torta obtida de frutos
com 20% de umidade (MS = 89,81%; MM = 4,02%; PB = 9,65; EE = 8,99%; FDN = 43,61%; FDA = 28,57%). O
teor de matéria seca da amostra com 10% de umidade correspondeu a 98% do total de MS encontrada na
amostra com 20% de umidade. Provavelmente esta pequena diferença deveu-se ao aquecimento durante a
prensagem, chegando a mais de 90°C o que leva à per da de água da massa prensada. Teores de minerais e
proteína bruta foram similares em ambas as polpas. A extração de óleo foi mais eficiente na polpa com menor
umidade favorecendo, portanto, tanto o rendimento industrial quanto o uso deste coproduto como ração animal. O
potencial nutritivo da torta produzida com polpa contendo 10% de água mostrou-se também mais adequado
quanto aos níveis de FDN e FDA, uma vez que a concentração de FDN foi superior e a de FDN inferior em relação
à polpa com 20% de água. Conclui-se que a secagem da polpa a 10% de umidade confere a obtenção de torta
com melhor qualidade para o aproveitamento como ração para ruminantes e melhora a eficiência do processo de
extração de óleo.
1
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Acadêmica do Curso de Biologia e bolsista PIBIC/CNPq, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – Campus do Pantanal (CPAN), 79394-902,
Corumbá, MS (grazzi22_sorrilha@ hotmail.com)
3
Pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Caixa Postal 40.315, 70770-901, Brasília, DF ([email protected])
2
157
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Influência das condições climáticas sobre a viabilidade oocitária de fêmeas Girolando e
Pantaneira1
2,
3
4
André Luiz Leão Fialho Mirela Brochado de Souza , Wilian Aparecido Leite da Silva , Fabiana de Andrade
5
6
7
Melo Sterza , Ériklis Nogueira , Henrique Kischel
A tecnologia da produção de embriões in vitro a partir da aspiração folicular guiada por ultrassonografia (OPU),
vem cada vez mais ganhando espaço no mercado, pelo fato de se conseguir maior número descendentes de uma
genética superior, uma vez que o animal pode ser submetido ao procedimento a cada 15 dias. A região do alto
Pantanal, devido ao seu clima tropical, está constantemente submetido a mudanças bruscas de temperatura e
umidade relativa do ar, aumentando assim o interesse em busca de raças mais adaptadas a tal clima. O presente
trabalho tem por objetivo a comparação entre animais da raça Girolando e pantaneira, submetidos no mesmo dia
a uma sessão de OPU, relacionando a viabilidade oocitária e os embriões produzidos, com valores de Índice de
Temperatura e Umidade (ITU). Animais da raça Girolando (n=7) e Pantaneira (n=5) de idade entre 3 a 5 anos,
foram submetidos ao procedimento de OPU, em um dia do mês de julho, onde se teve o valor de ITU máximo de
76,67, valor esse que se enquadra em um nível de estresse por calor brando, e o valor de ITU mínimo e médio,
foram respectivamente 52 e 67,94, valores esses que se enquadram em um ambiente sem estresse por calor,
confirmando assim a variação diária de temperatura já relatada na literatura. As variáveis analisadas foram taxa
média de viabilidade oocitária e média de embriões produzidos. O dados foram submetidos ao teste de Tukey a 5
% de probabilidade. A taxa média de viabilidade oocitária das fêmeas Girolando e Pantaneira foi de 30,18% e
35,32% (p>0,05), a média de embriões produzidos por animal foi 0,5 e 0,6 respectivamente para fêmeas das raças
Girolando e Pantaneira (p>0,05). Conclui-se que sob estresse brando pelo calor, a viabilidade oocitária e a
produção de embriões in vitro é similar entre as raças Girolando e Pantaneira.
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiado por CNPq e Fundect
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000,
Aquidauana, MS ([email protected])
3
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000,
Aquidauana, MS ([email protected])
4
Acadêmico do Curso de Zootecnia e bolsista, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS
([email protected])
5
Professor do Curso de Pós-graduação em Zootecnia da Unidade de Aquidauana, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25,
79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
6
Pesquisador na Embrapa Pantanal, Caixa-postal: 109, 79320-900 Corumbá, MS ([email protected])
7 7
Acadêmico do Curso de Zootecnia e bolsista, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS
([email protected])
2
158
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Localização e distribuição espacial da pecuária orgânica e biodinâmica no Pantanal da
Nhecolândia, MS
1
2
3
Thais Gisele Torres Catalani , Cristiano Garcia Rodrigues , Ricardo Marques da Silva , Ana Paula Correia
4
5
de Araújo , Icléia Albuquerque de Vargas
Este trabalho faz parte de um projeto maior de pesquisa desenvolvido pelo grupo Pantanal Sul, Ambiente e
Organização do Território, subsidiado pela estrutura do Laboratório de Estudos Rurais e Regionais LER,
FAENG/UFMS, com recursos do CNPq e PROPP/UFMS. Tem por objetivo central apresentar os resultados de
pesquisas de iniciação científica sobre o pantanal da Nhecolândia, onde foi possível identificar, analisar e mapear
a localização e distribuição espacial da produção de bovinos de corte, enquadrada dentro dos sistemas orgânicos
e biodinâmicos. Espera-se que o mapeamento e discussões levantadas neste trabalho fomentem tanto o estudo
como a criação de instrumentos que auxiliem nas estratégias de planejamento e gestão territorial para o
desenvolvimento sócio-espacial da região. A metodologia utilizada consistiu-se do levantamento e revisão
bibliográfica, da coleta e análise de dados primários de campo e em entrevistas realizadas com representantes da
Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO). O pantanal, tradicional área de criação de bovinos, sempre
teve em seus atributos naturais, como o ciclo das águas e seus campos com pastagens nativas um dos
condicionantes no modo de produção da região. Ao mapear o território das fazendas produtoras de carne orgânica
e biodinâmica no Estado, a partir do levantamento de suas coordenadas, foi identificada uma maior concentração
destas propriedades nas regiões pantaneiras, com destaque para o Pantanal da Nhecolândia, indicando a aptidão
da região para os sistemas mencionados. Os resultados da pesquisa indicam que atualmente os sistemas
alternativos de produção pecuária, como o orgânico e biodinâmico vêm se destacando em meio à produção
tradicional. Estes sistemas que envolvem a incorporação dos processos naturais despontam como novas
estratégias de produção e de gestão da propriedade rural configurando um sistema que se sobressai pela redução
de custos em médio e longo prazo e por maior equilíbrio na exploração de recursos naturais devido à utilização
mais consciente dos recursos. Embora conte vários fatores positivos, não só do ponto de vista de conservação
como no fornecimento de um produto diferenciado ao mercado, estes sistemas ainda encontram grandes desafios,
principalmente em agregar maior valor ao produto, uma vez que o preço pago pela arroba permanece
praticamente o mesmo de bovinos criados em sistemas tradicionais. A região tida como propícia à produção de
bovinos agora se vê com possibilidade e desafios em conciliar produção, produtividade e conservação dos
recursos naturais.
1
Acadêmica do Curso de Geografia e Bolsista PIBIC- CNPq, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo
Grande, MS ([email protected])
Acadêmico do Curso de Geografia e Bolsista PIBIC- CNPq, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo
Grande, MS ([email protected])
3
Acadêmico do Curso de Geografia e Bolsista PIBIC- CNPq, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo
Grande, MS ([email protected])
4
Professora adjunta - FAENG, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo Grande, MS ([email protected])
5
Professora adjunta - FAENG, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 79.070.900, Campo Grande, MS ([email protected])
2
159
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Medidas angulares de equinos da raça quarto de milha utilizados em provas de laço
comprido
1
2
3
Geovane Gonçalves Ramires , Marcos Paulo Gonçalves de Rezende , Urbano Gomes Pinto Abreu , Nicacia
4
Monteiro de Oliveira
Resumo: Caracterizaram-se as medidas angulares de equinos Quarto de Milha utilizados em duas etapas
(município de Miranda e distrito de Camisão) de Laço Comprido em sub-regiões do Pantanal/MS. Amostraram-se
54 equinos (42 fêmeas e 12 machos) Quarto de Milha, com idade adulta e peso corporal estimado em 543,17±
81,02 kg. Com auxílio de goniômetro aferiram-se as seguintes medidas angulares: ângulo de cabeça (ACAB),
ângulo de pescoço (APE), ângulo escápulo-umeral (AEU), ângulo escápulo solo (AES), ângulo úmero-radial
(AUR), ângulo radial-carpo-metacarpiano (ARCM), ângulo metacarpo-falangeano- (AMF), ângulo coxo-solo (ACS),
ângulo coxo-femoral (ACF), ângulo fêmur-tibial (AFT), ângulo tíbio-tarso-metatarsiano (ATTM) e ângulo metatarsofalangeano (AMFa). Realizou-se análise de variância entre as medidas angulares considerando o dimorfismo
sexual como efeito fixo; e análise multivariada para redução de váriaveis passiveis de serem mantidas por
apresentarem maior contribuição para variação total. Verificou-se diferença significativa (P<0,05) por dimorfismo
sexual apenas em ACAB e ARCM. Maiores coeficientes de variação (CV) foram observados para em ACF
(27,37%) e ACS (17,59%), ao passo que ARCM (2,05%) e ATTM (3,12%) apresentaram mais uniforme entre os
equinos machos e fêmeas. Os seis primeiros componentes principais apresentaram percentagem de variância
acumulada de 75,64% da variação total. Sete variáveis que apresentaram maiores coeficientes de ponderação,
em valor absoluto, a partir do último componente principal em direção ao primeiro, foram descartadas. As variáveis
sugeridas para descarte foram, respectivamente, em ordem de menor importância para a explicação da variação
total: APE, ACF, ACS, AUR, AEU e ACAB, pois apresentam associação aos componentes que explicam muito
pouco a variabilidade dos dados.
Palavras–chave: Eqqus caballus, morfofuncionalidade, análice multivariada, perfil racial.
Angular measurements of the horses Quarter Horses used in tests of Long Bow
Abstract: Characterized the angular measurements of horses Quarter Horses used in two stages (municipality of
Miranda and district Camisão) Long Bond in sub-regions of the Pantanal/MS. 54 horses were sampled (42 females
and 12 males) with adulthood and weight estimated at 543.17 ± 81.02 kg. With the aid of a goniometer data about
height, the following angular measurements: head angle (ACAB), neck angle (EPA), scapular-humeral angle
(AEU), soil scapular angle (AES), humeral-radial angle (AUR), angle radial-carpal-metacarpal (ARCM), metacarpalfalangeano-angle (MFA), lame-ground angle (ACS), coxofemoral angle (ACF), femoral-tibial angle (FTA) angle
tibio-tarsal-metatarsal (TAF ) and falangeano-metatarsal angle (AMFA). We conducted analysis of variance
between the angular measurements considering sexual dimorphism as a fixed effect, and multivariate analysis to
reduce variables considered likely maintained by submitting greater contribution to the total variation. There was a
significant difference (P<0.05) for sexual dimorphism only ACAB and ARCM. Higher coefficients of variation (CV)
were observed for at ACF (27.37%) and ACS (17.59%), whereas ARCM (2.05%) and TAF (3.12%) had a more
uniform between male and female horses. The first six principal components showed percentage of cumulative
variance of 75.64% of the total variation. Seven variables had higher weightings in absolute value, from the last
major component toward the former, were discarded. Variables suggested for disposal were, respectively, in order
of minor importance for the explanation of the total variance: APE, ACF, ACS, AUR, AEU and ACAB, because their
association with components that explain very little data variability.
Keywords: Equus caballus, morfofuncionalidade, multivariate racial profiling.
1
Graduando em Zootecnia, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79200-000, Aquidauana, MS
([email protected])
2
Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79320-900, Campo Grande, MS
([email protected])
3
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Aluna do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Produção Animal no Cerrado/Pantanal, Nível Mestrado, Universidade Estadual do Mato
Grosso do Sul, Unidade de Aquidauana, Caixa Postal 67, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
160
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Introdução
O estado tem sua base econômica voltada ao agronegócio, com maior destaque a pecuária de bovinos de
corte, e desde o início dessa atividade no estado, os equinos são utilizados para dar suporte ao manejo. Assim,
por incentivo do manejo com os bovinos, iniciou-se a prática do Laço Comprido. Com o passar dos anos esse
esporte equestre veio se tornando popular e tradicional no estado. Desta maneira houve um direcionamento para
a realização de seleção e melhoramento genético de equinos utilizados nessas provas, com objetivo de aumentar
o desempenho do animal. Nesse contexto, as utilizações de ferramentas zootécnicas, como a caracterização do
perfil corporal dos animais participantes dessas provas, podem gerar informações que subsidiem o biótipo animal
para esse tipo de esporte equestre.
Dentre as ferramentas para caracterização fenotípica dos equinos, sugerem-se a mensuração de medidas
angulares, em vista da importância dessas. Para Cabral et al. (2004), há harmonia e o equilíbrio no andamento do
equino está relacionado com a concordância dos ângulos posteriores e anteriores. Godoi (2012) retrata que a
mensurações em diversas partes do corpo do eqüino, fornece informações que inter-relacionam o perfil corporal
do animal com as suas aptidões.
Nesse sentido, objetivou-se caracterizar as medidas angulares de equinos da raça Quarto de Milha
utilizados em duas etapas (município de Miranda e distrito de Camisão) de Laço Comprido no estado do Mato
Grosso do Sul.
Material e Métodos
O estudo foi conduzido em parceria com os Clubes de Laço Coração Pantaneiro (município de Miranda) e
Clube de Laço São José (Distrito de São José do Camisão), ambos localizados em sub-regiões do Pantanal, no
estado do Mato Grosso do Sul.
Utilizou-se um montante de 54 equinos Puros de Origem da raça Quarto de Milha, distribuídos em 42
fêmeas e 12 machos, com idade adulta e peso corporal estimado em Kg de 543,17± 81,02. Conforme as
metodologias de Godoi (2012), Lage (2004), Procópio et al. (2007) e Cabral et al. (2004) e com auxilio de
goniômetro, foram adotados os pontos referências anatômicas nos equinos para aferição das medidas angulares.
Para a mensuração dos ângulos, posicionou-se no centro da articulação do compasso sobre o centro de
movimento do ângulo, com os ramos do compasso posicionados sobre o eixo dos raios ósseos, procedendo-se as
leituras no círculo graduado de:
Ângulo da cabeça (ACAB) - formado pelo ponto médio da crista facial ao ponto da porção cranial da face lateral da
asa do atlas até o ponto da porção dorsal na cartilagem da escápula seguindo a linha da espinha da escápula;
Ângulo do pescoço (APE) - formado pelo ponto da porção cranial da face lateral da asa do atlas, ao ponto da
porção dorsal na cartilagem da escápula e ao ponto da área central da articulação escápulo-umeral;
Ângulo escápulo-umeral (AEU) - formado pelo ponto da porção dorsal na cartilagem da escápula, ao ponto da
área central da articulação escápulo-umeral e ao ponto da área central da articulação úmero-radial;
Ângulo úmero-radial (AUR) - formado pelo ponto da área central da articulação escápulo- umeral, ao ponto da
área central da articulação úmero-radial e ao ponto do terço médio lateral da articulação cárpica, região lateral do
osso carpiano ulnar;
Ângulo rádio-carpo-metacarpiano (ARCM) - formado pelo ponto da área central da articulação escápulo-umeral,
ao ponto da área central da articulação úmero-radial e ao ponto do terço médio lateral da articulação cárpica;
Ângulo metacarpo-falangeano (AMF) - formado pelo ponto da área central da articulação úmero-radial, ao ponto
do terço médio lateral da articulação cárpica e ao ponto do terço médio da face lateral da articulação metacarpo
falangeana;
Ângulo escápulo-solo (AES) - formado pela inclinação da escápula em relação ao plano horizontal;
Ângulo coxo-solo (ACS) - formado pela inclinação da garupa em relação ao plano horizontal;
Ângulo coxo-femoral (ACF) - formado pelo ponto médio ventral da face lateral da tuberosidade coxal, ao ponto da
região média do trocanter maior da articulação coxo-femoral até o ponto do médio lateral da articulação fêmoro
tíbio patelar;
Ângulo femoro-tibial (AFT) - formado pelo ponto médio do trocanter maior, ao ponto do médio lateral da articulação
fêmoro tíbio patelar até o ponto do terço médio lateral da articulação társica;
161
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Ângulo tíbio-tarso-metatarsiano (ATTM) – formado pelo ponto médio lateral da articulação fêmoro tíbio patelar, ao
ponto do terço médio lateral da articulação társica e ao ponto do terço médio da face lateral da articulação
metatarso falangeana;
Ângulo metatarso-falangeano (AMFa) - formado pelo ponto do terço médio lateral do tarso, ao ponto do terço
médio da face lateral da articulação metatarso falangeana e ao ponto da face lateral da articulação inter
falangeana
Para tratamento estatistico dos dados utilizou-se o programa Bioestat versão 5.3. Foi realizada análise de
variância entre as medidas angulares considerando o dimorfismo sexual como efeito fixo. Realizou-se análise
multivariada considerando o critério da variância minima explicada igual ou superior a 70% para reter os
componentes principais. O critério para descarte de variáveis (medidas angulares) foi realisado conforme
recomendações de Jolliffe (1973), que sugere que o número de variáveis descartadas deve ser igual ao número
de componentes principais cuja variância (autovalor) é inferior a 0,7.
Resultados e Discussão
Verificou-se diferença significativa (P<0,05) por dimorfismo sexual apenas para as medidas angulares de
cabeça e radial carpo metacarpiano. Maiores coeficientes de variação foram observados para em ângulo coxo
femoral (27,37%) e ângulo coxo solo (17,59%), ao passo que ângulo radial carpo metacarpiano (2,05%) e ângulo
tíbio tarso metatarsiano (3,12%) apresentaram-se mais uniformes entre os equinos.
Os valores médios, desvio padrão e coeficiente de variação das fêmeas e machos Quarto de Milha estão
apresentados na Tabela 1. Para o ângulo de cabeça, observou superioridade de 4,31 centímetros para os equinos
machos, já o ângulo radial carpo metacarpiano foi maior nas fêmeas com diferença de 1,37% em relação aos
machos. Exceto essas duas medidas citadas, as demais, apresentaram diferenças pequenas intercalando entre os
equinos machos e fêmeas.
O AEU é importante para o impulso do animal, em vista que o mesmo influencia na báscula do pescoço e
no recolhimento dos membros torácicos durante o impulso, favorecendo a amplitude dos movimentos, assim o
maior valor desse ângulo favorece ao animal, um andamento menos alongado, porém fortes e altos (TORRES &
JARDIM, 1987). O AES reflete diretamente no tamanho do pescoço, na inclinação e angulação dos cascos, e por
fim no comprimento dorso lombar em relação ao tórax abdômen, pois quando menor a inclinação, a cernelha será
puxada para frente, aumenta o dorso lombo, tornando o animal com passadas mais curtas. O mesmo segue para
as demais angulações, onde uma boa angulação influencia diretamente no equilíbrio do animal.
A angulação tanto do pescoço como da cabeça, estão diretamente relacionada ao movimento báscula
durante qualquer atividade equestre do animal, e considerando a explosão inicial necessária de um animal de
Laço Comprido, e acompanhamento do bezerro durante todo percurso da pista, a movimentação do pescoço e
cabeça do equino, proporciona um maior equilíbrio para o equino. De acordo com Godoi (2013), os equinos com
menores AUR, ARCM, AMF, apresentam menores suportes de peso, especialmente durante os movimentos do
animal. Já os maiores ACF e ATTM, associado à menor AFT, proporcionar maior impulsão e explosão do animal.
Na Tabela 2, estão expostos os resultados obtidos pela análise multivariada. Observa-se que os seis
primeiros componentes principais apresentaram percentagem de variância acumulada de 75,64% da variação
total. Portanto são os componentes que estão associados aos maiores autovalores e retendo maior contribuição
para variação total.
De acordo com os critérios de Jolliffe (1973), componentes principais que apresentarem autovalores
menores que 0,7 devem ser descartados por estarem associados a componentes de menor importância relativa e
que explicam pouco da variabilidade dos dados. Assim sete variáveis que apresentaram maiores coeficientes de
ponderação, em valor absoluto, a partir do último componente principal em direção ao primeiro, foram
descartadas, conforme mostrado na Tabela 3.
162
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 1. Médias (Med), desvio padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) das medidas de angulações das
fêmeas e machos Quarto de Milha utilizados no Laço Comprido.
Fêmeas
ACAB
APE
AEU
AES
AUR
ARCM
Med.
93,85 ±
72,71 ±
80,21 ±
56,76 ±
133,33 ±
172,88 ±
DP
6,96
8,43
8,51
5,65
5,78
3,18
CV
7,42%
11,60%
10,61%
9,96%
4,34%
1,84%
AMF
ACS
ACF
AFT
ATTM
AMFa
Med.
138,14 ±
33,95 ±
48,76 ±
143,95 ±
155,61 ±
141,16 ±
DP
6,15
5,30
14,66
10,93
4,79
6,00
CV
4,46%
15,64%
30,07%
7,59%
3,08%
4,26%
Machos
ACAB
APE
AEU
AES
AUR
ARCM
Med.
98,16 ±
75,33 ±
80,83 ±
54,66 ±
134,50 ±
170,50 ±
DP
4,38
7,25
6,17
10,06
6,77
4,18
CV
4,47%
9,63%
7,64%
18,41%
5,04%
2,46%
AMF
ACS
ACF
AFT
ATTM
AMFa
Med.
137,50 ±
33,50 ±
45,66 ±
141,16 ±
153,16 ±
140,33 ±
DP
7,68
8,09
4,96
7,74
4,70
9,41
CV
5,59%
24,17%
10,86%
5,49%
3,07%
6,71%
*P<0,05, **P<0,01, ***P<0,001. ACAB: ângulo de cabeça; APE: ângulo de pescoço; AEU: ângulo escapo umeral; AES: ângulo escapulo solo;
AUR: ângulo úmero radial; ARCM: ângulo radial carpo metacarpiano; AMF: ângulo metacarpo falangeano; ACS: ângulo coxo solo; ACF: ângulo
coxo femoral; AFT: ângulo femoro tibial; ATTM: ângulo tíbio tarso metatarsiano; AMFa: ângulo metatarso falangeano.
Tabela 2. Componentes principais (CP), autovalores (λi), percentagem da variância explicada pelos componentes
(% VCP) e percentagem acumulada das medidas angulares dos equinos Quarto de Milha.
Componentes principais
% VCP
% VCP (acumulada)
λi
CP1
2,7913
23,26
23,26
CP2
1,7377
14,48
37,74
CP3
1,4373
11,97
49,71
CP4
1,2105
10,08
59,80
CP5
1,0583
8,81
68,62
CP6
0,8428
7,02
75,64
CP7
0,6567
5,47
81,12
CP8
0,6409
5,34
86,46
CP9
0,5759
4,79
91,26
CP10
0,4216
3,51
94,77
CP11
0,3413
2,84
97,61
CP12
0,2856
2,38
100,00
ACAB: ângulo de cabeça; APE: ângulo de pescoço; AEU: ângulo escapo umeral; AES: ângulo escapulo solo; AUR: ângulo úmero radial;
ARCM: ângulo radial carpo metacarpiano; AMF: ângulo metacarpo falangeano; ACS: ângulo coxo solo; ACF: ângulo coxo femoral; AFT: ângulo
femoro tibial; ATTM: ângulo tíbio tarso metatarsiano; AMFa: ângulo metatarso falangeano.
Tabela 3. Coeficientes de ponderação das medidas angulares dos equinos Quarto de Milha com os componentes
principais descartados em ordem de menor importância.
Coeficientes
CP7
CP8
CP9
CP10
CP11
CP12
0,6953
ACAB
-0,0648
-0,1367
-0,0921
-0,4117
-0,0191
0,5778
APE
0,1773
-0,2176
0,1231
-0,3728
-0,1287
0,5145
AEU
0,1746
-0,4135
-0,1440
-0,2770
-0,0595
AES
0,0808
-0,3975
0,2635
0,2993
-0,2409
-0,0449
0,5657
AUR
0,3820
0,1482
-0,1109
0,1343
-0,3365
ARCM
0,1652
0,0785
0,3013
0,1779
0,1504
0,2266
AMF
0,2322
0,0595
0,1503
0,3990
-0,1822
0,0717
0,5595
ACS
0,2444
-0,0485
-0,4277
0,2369
0,2569
-0,7228
ACF
-0,3597
-0,1282
0,0451
0,1364
-0,0870
AFT
-0,0655
-0,0248
0,0545
-0,2760
-0,0263
0,5323
ATTM
0,1509
-0,3456
-0,2572
-0,3623
0,0956
-0,3525
0,5960
AMFa
-0,0692
0,1956
-0,0046
-0,1302
0,0969
ACAB: ângulo de cabeça; APE: ângulo de pescoço; AEU: ângulo escapo umeral; AES: ângulo escapulo solo; AUR: ângulo úmero radial;
ARCM: ângulo radial carpo metacarpiano; AMF: ângulo metacarpo falangeano; ACS: ângulo coxo solo; ACF: ângulo coxo femoral; AFT: ângulo
femoro tibial; ATTM: ângulo tíbio tarso metatarsiano; AMFa: ângulo metatarso falangeano.
163
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Verifica-se que as variáveis sugeridas para descarte foram, respectivamente, em ordem de menor
importância para a explicação da variação total, sendo: ângulo de pescoço, ângulo coxo femoral, ângulo coxo
solo, ângulo úmero radial, ângulo escapulo umeral e ângulo de cabeça, pois apresentam associação aos
componentes que explicam muito pouco a variabilidade dos dados.
Conclusões
Houve em apenas duas medidas angulares diferença entre machos e fêmeas. As fêmeas em geral
apresentaram amena superioridade nos valores de medidas angulares. Através da análise multivariada, reduziuse 53,84% das variáveis, pois apresentam associações aos componentes que explicam pouca a variabilidade dos
dados.
Referências
CABRAL, G.C.; ALMEIDA, F.Q.; AZEVEDO, P.C.N.; QUIRINO, C.R.; SANTOS, E.M.; CORASSA, A.; PINTO,
L.F.B. Avaliação Morfométrica de Eqüinos da Raça Mangalarga Marchador: Medidas. Revista Brasileira de
Zootecnia, Brasília v.33, n.6, p.1790-1797, 2004.
GODOI, F.N. Avaliação cinemática de variáveis relacionadas ao resultado dos saltos de potros. 2012. 149p.
Tese (Doutorado) – Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
JOLLIFFE, I.T. Discarding variables in a principal component analysis. II: Real data. Applied Statistics, v.22, n.1,
p.21-31, 1973.
LAGE, M.C.G.R. Caracterização morfométrica dos aprumos e do padrão de deslocamento de equinos da
raça Mangalarga Marchador e suas associações com a qualidade da marcha. 2004. 114p. Tese (Doutorado) Escola de Veterinária, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte.
PROCÓPIO, A.M.; BERGMANN, J.A.G.; MENZEL, H.J. et al. Curvas ângulo-tempo das articulações dos equinos
marchadores. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária Zootecnia, Belo Horizonte, v.59, p.41-48, 2007.
TORRES, A.P.; JARDIM, W.R. Criação do cavalo e de outros eqüinos. 3 ed. São Paulo: Nobel. 654p, 1987. p.
190-198.
164
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Monitoramento da verminose no Núcleo de Conservação de ovino Pantaneiro da
Embrapa Pantanal
1
2
3
4
Cleomar Berselli , Suellen de Rezende Cardoso , Paulo Henrique Braz , Sandra Aparecida Santos , Alda
5
6
Izabel de Souza , Raquel Soares Juliano
Resumo: O Núcleo de Conservação de ovino Pantaneiro possui cerca de 60 indivíduos, com a finalidade de e
conservação in situ desse recurso genético, como também atender à demanda de animais para projetos de
pesquisas no seu ambiente natural. Visando acompanhar as condições de saúde desses animais em relação à
infestação por endoparasitas, este estudo objetivou monitorar a verminose do rebanho durante o período seco em
animais mantidos em pastagens nativas da sub-região da Nhecolândia, Pantanal para subsidiar recomendações
de vermifugação estratégica. A metodologia envolveu a coleta de sangue e fezes nos meses de julho e setembro
de 2013, de pelo menos 50% dos animais do rebanho para a realização de contagem de hematócrito (Ht) e exame
coproparasitológico de contagem de ovos por grama de fezes (OPG), respectivamente. Os resultados obtidos até
o momento indicaram que em julho, a contagem de OPG foi indicativa de infestação mista baixa (5,2%), moderada
(8,3%) e pesada (2,1%) nessa população, entretanto, somente dois indivíduos apresentaram Ht baixo. Sendo
assim, optou-se pela aplicação individual de anti-helmintico, nos animais com Ht abaixo de 27%. Em setembro, a
frequência de indivíduos com infestação mista leve foi 13,5%, moderada foi 11,5%, enquanto 1,9% apresentaram
infestação pesada. A média da contagem de OPG foi 230 e 350 para os meses de julho e setembro
respectivamente. Seguindo a recomendação descrita na literatura, optou-se por não realizar a vermifugação dos
animais. Conclui-se que as estratégias de vermifugação foram variáveis entre os dois meses avaliados durante o
período seco, protanto, as coletas e análises devem ser realizadas por um período mínimo de um ano ou mais
para verificar o comportamento da verminose nas condições em que são criados esses animais e assim definir
estratégias de controle durante o ano.
Palavras–chave: anti-helmíntico, coproparasitológico, hematócrito, recurso genético animal
Monitoring of nematode parasites in Conservation herd Pantaneiro sheep breed Embrapa Pantanal
Abstract: The Pantaneiro Sheep Conservation Nucleus has 120 animals, in order to do in situ conservation and to
meet requirement of animals for research projects in their natural environment. Therefore, this study aimed to
monitor the health of these animals kept in native pastures from Nhecolância sub region, Pantanal in relation to
endoparasitic infestation during dry period, in order to support strategic deworming. The methodology provides
blood and feces sampling of at least 50% of herd animals to perform the hemcrit (Ht) and fecal egg counts
examination (EPG), respectively, in July and September. The results obtained showed that in July the EPG count
indicated low (5,2%), moderate mixed infestation (8.3%) and heavy mixed infestation (2,1%). However, only two
animals had low Ht. Therefore, it was decided to apply anthelmintic, in animals with Ht below 27%. In September,
the frequency of individuals with low mixed infestation was 13,5%, moderate mixed infestation was 11,5%, while
1,9% had heavy mixed infestation. The mean EPG was 230 and 354 for July and September, respectively.
Following the recommendation described in the literature, we decide do not implement the animals deworming. It
was concluded that the sampling and analyzes must be conducted for a minimum of a year to check the behavior
of the worms in the conditions in which these animals are raised and then, it will be possible to establish a
deworming protocol for them.
Keywords: animal genetic resource, anthelmintic, feces parasitology, hematocrit
1
Mestrando da Uniderp/Anhanguera, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal do Ceará
3
Mestrando do Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, UFMS
4
Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Professor do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
6
Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
165
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Introdução
A Embrapa Pantanal possui um Núcleo de Conservação in situ de ovinos Pantaneiros. Esses animais são
mantidos em sistema extensivo sob pastejo contínuo em gramíneas nativas, juntamente com bovinos, criados no
campo experimental, Fazenda Nhumirim, no pantanal da Nhecolândia. A finalidade desse rebanho é manter um
número de animais em reprodução, para atender a demanda de projetos de pesquisa que investigam o potencial
de adaptabilidade e uso desse importante recurso genético, mantendo o máximo de diversidade.
Estudos anteriores revelaram que o Pantanal apresenta potencial para a produção de ovelhas Pantaneiras
para cruzamentos no planalto, produção de cordeiros (orgânicos) ou produção de subsistência da fazenda. Os
ovinos adaptados ao Pantanal apresentam características de rusticidade, quando comparados às raças
comerciais, criadas em outros sistemas produtivos, por isso pode atender à necessidade de produtores e técnicos
que procuram animais mais resistentes. Para tanto, há a necessidade de desenvolver práticas sustentáveis de
manejo da ovinocultura no Pantanal, pois não há conhecimento sobre o tamanho atual da população existente,
seu potencial genético e produtivo, resistência às verminoses e outras doenças. Observou-se que manejo
sanitário é mínimo e que apesar de os produtores fazerem a vermifugação dos animais, não há critérios
estabelecidos, como por exemplo, grau de infestação, peso dos animais ou alternância de princípios químicos
para evitar resistência parasitária. (SANTOS et al., 2010).
Com o objetivo de verificar a condição de saúde dos animais e estabelecer procedimentos de manejo em relação
à verminose ovina, iniciou-se a partir julho de 2013 a coleta sistematizada de sangue e fezes desses animais
pararealização de exames de hematócrito (Ht) e coproparasitológico (OPG).
Material e Métodos
O rebanho ovino do Núcleo de Conservação in situ de ovino Pantaneiro possui um total de 120 cabeças.
Essa população é criada em sistema extensivo em pastagem nativa, na Fazenda Nhumirim, na sub região da
Nhecolândia, Pantanal. Os animais permanecem soltos e em pastejo contínuo com bovinos, durante todo o dia.
Ao final da tarde são fechados em um aprisco de chão batido para protegê-los de predadores.
Em maio todo rebanho recebeu antihelmíntico oral, antes do início da parição; a partir de julho, a cada 60
dias, durante um ano, ocorrerá a coleta sistemática de sangue total e fezes para o monitoramento do Ht e OPG
dessa população. No presente trabalho serão apresentados os resultados das amostragens realizadas em julho e
setembro de 2013, em pelo menos 50% do rebanho.
A coleta de sangue foi realizada por punção jugular em tubos a vácuo com anticoagulante (Edta),
identificados com o número do animal. O material foi acondicionado sob refrigeração por no máximo 24hs até o
seu processamento em laboratório. Foi efetuada a contagem de Ht em aparelho automatizado Humancount®, com
cartão para espécie ovina.
As fezes foram coletadas diretamente da ampola retal, acondicionadas em sacos plásticos identificados
com o número do animal e mantidos sob refrigeração até o momento de realização do exame coproparasitológico
de OPG, seguindo a metodologia descrita por Gordon e Witlock, modificada por Ueno e Gonçalves (1998).
Os resultados de Ht e OPG são apresentados na forma de média, valores mínimos e máximos e frequência
do grau de infestação nos animais amostrados.
Resultados e Discussão
Na tabela 1 estão descritas as médias e valores de Ht e OPG nas coletas realizadas em julho e setembro
de 2013.
Em julho o Ht apresentou-se com valores médios dentro da faixa de referência para a espécie ovina, entre
27% e 45% (FELDMAN et al., 2000), entretanto dois indivíduos tiveram hematócritos abaixo do valor mínimo e por
isso optou-se por aplicar anti-helmíntico nesses animais. Em setembro o valor médio do Ht apresentou uma
elevação, a qual se manteve dentro da faixa de referência e o mesmo ocorreu com todos os animais amostrados.
Os valores médios de OPG mantiveram-se abaixo do valor descrito por Ueno e Gonçalves (1998) para
classificar os graus de infestação como: grau leve na faixa de 500 a 800 ovos, moderado de 800 a 1.500 ovos e
elevado acima de 1.500 ovos.
166
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 1. Número de amostras de ovinos Pantaneiros e valores de hematócrito (Ht) e ovos por grama de fezes
(OPG) de coletas realizadas nos meses de julho e setembro de 2013, na Fazenda Nhumirim, sub região da
Nhecolância, Pantanal.
Data de
coleta
Ht (%)
Número de
amostras
OPG (ovos /grama de fezes)
Média
Valor mínimo
Valor máximo
Média
Valor mínimo
Valor máximo
Julho
96
34
22
47
230
0
4750
Setembro
52
40
32
50
354
0
1800
A frequência de infestação nos meses de julho e setembro pode ser visualizada na Tabela 2. Considerando
a infestação e os valores obtidos no Ht desses animais nos dois momentos avaliados, optou-se pela não aplicação
de anti-helminticos, tendo em vista o fato dos animais não apresentarem sinais de anemia. Situação semelhante
foi descrita por Chagas et al.(2008), que verificaram que a vermifugação de animais com valores de OPG igual ou
acima de 4.000 foi suficiente para controlar a endoparasitose em ovinos.
Tabela 2. Número de animais e freqüência do grau de infestação de helmintos (UENO e GONÇALVES, 1998), em
ovinos Pantaneiros coletados em julho e setembro de 2013, na Fazenda Nhumirim, sub região da Nhecolândia,
Pantanal.
Grau de infestação
Julho
Setembro
n
%
n
%
Leve
5
5,2
7
13,5
Moderado
8
8,3
6
11,5
Pesado
2
2,1
1
1,9
É provável que a manutenção de níveis toleráveis de infestação pela população estudada ocorra devido a
uma associação de fatores tais como a baixa lotação das pastagens, as pastagens nativas preferidas pelos ovinos
possuem pequeno porte, o que facilita a incidência solar e diminue a viabilidade das fases infectantes de vida livre.
Estas hipóteses corroboram algumas práticas de manejo recomendadas pela literatura (CEZAR et al., 2008). Além
disso, o pastejo integrado com bovinos é uma alternativa conhecida de controle integrado de verminose ovina,
principalmente no controle da infecção por Haemonchus contortus (AMARANTE, 2004)
Conclusões
Os animais do Núcleo de Conservação in situ de Ovinos Pantaneiros da Embrapa Pantanal apresentaram
valores de Ht dentro da faixa de referência e OPG abaixo dos níveis críticos de infestação e por isso não
necessitaram aplicação de tratamento anti-helmíntico nos meses de julho e setembro. As pesquisas devem
continuar investigando o comportamento da verminose ovina em rebanhos criados sob essas condições para
fornecer informações que servirão de subsídio para implantação e recomendação de estratégias mais apropriadas
para o Pantanal.
Referências
AMARANTE, A.F.T. Controle integrado de helmintos de bovinos e ovinos. Revista Brasileira de Parasitologia
Veterinária, v.13, supl.1, p.68-71, 2004.
CEZAR, A. S.; CATTO, J. B.; BIANCHIN, I. Controle alternativo de nematódeos gastrintestinais dos ruminantes:
atualidade e perspectivas. Ciência Rural, v.38, n.7, p.2083-2091, 2008.
CHAGAS, A. C. S.; OLIVEIRA, M. C. S.; CARVALHO,C. O.; MOLENTO, M. B. Método Famacha©: um recurso
para o controle da verminose em ovinos. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2007. (Circular Técnica, 52).
FELDMAN, B.F.; ZINKL, J.G.; JAIN, N.C. Schalm's veterinary hematology. Philadelphia: Williams & Wilkins, 2000.
1344p.
SANTOS, S. A.; JULIANO, R. S.; PAIVA, S. R.; ARAÚJO, M. T. B. D.; BERSELLI, C. Descrição de sistemas de
criação tradicionais de ovinos da Nhecolândia, Pantanal, MS. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2010. 5 p.
(Circular Técnica, 94).
UENO, H.; GONÇALVES, P. C. Manual para diagnóstico de helmintoses de ruminantes. 4. ed. Tokyo: Japan
International Cooperation Ageny (JICA), 1998.
167
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
O uso e ocupação do solo no assentamento Santa Amélia, Dois Irmãs do Buriti – MS1
2
3
Maricelma Calças , Maria Helena da Silva Andrade , Paola Zamin Cembranel
4
Muitos são os fatores que podem influenciar a qualidade das águas de uma bacia hidrográfica tais como a
topografia, vegetação, geologia e uso do solo. Inúmeros autores apontam o modo de uso e ocupação do solo
como os fatores principais que determinam a qualidade ambiental de um dado local. Assim, pretendendo contribuir
para a ampliação do conhecimento a respeito das microbacias hidrográficas constituintes da bacia do rio Paraguai,
este trabalho teve como objetivo discutir, preliminarmente, o uso e a ocupação do solo no Assentamento Santa
Amélia, localizado no município de Dois irmãos do Buriti, às margens da MS-162 e a BR-262, numa distância de 6
km da sede do município de Dois Irmãos do Buriti e 17km da BR-262, associando estes usos à qualidade da água
do córrego Quati. A referida microbacia está situada na porção centro-oeste do estado de Mato Grosso do Sul,
entre as coordenadas 20°08’37” e 20°02’37” latitude sul e 55°09’03” e 55°34’57” longitude oeste. O mun icípio está
localizado na borda pantaneira, sendo uma interconexão entre o cerrado, a leste e a planície pantaneira, a oeste.
A região está sob influência da Bacia do rio Paraguai, pertencente à Bacia do rio da Prata. O rio Dois Irmãos é
afluente pela margem esquerda do rio Aquidauana, desaguando nele entre Camisão e Piraputanga, fazendo com
que Dois Irmãos do Buriti seja parte da rede de drenagem do pantanal mato-grossense. O projeto de
assentamento possui setenta e quatro famílias de acordo com dados fornecidos pela AGRAER (2013), ocupando
uma área de 2.609,5 hectares. Os dados foram coletados no mês de agosto de 2013, sendo apenas uma das
muitas idas ao campo, de acordo com cronograma de execução do projeto. Por meio de um GPS, modelo Garmin,
parte dos lotes foram marcados e, por meio de observação in locu, foi possível identificar as atividades produtivas
dos lotes, sendo que os formulários foram preenchidos com auxílio dos moradores locais. Apesar de preliminares,
os resultados apontam para o uso do solo por meio de pequenas lavouras de hortifrutigranjeiros, tais como
tomates, quiabo, mandioca, cítricos, banana, folhosos (couve, alface, repolho, salsa, cebolinha), além de formação
de pastagens para a criação de bovinos e caprinos. A produção de leite também deve ser considerada, mas pouco
ainda se sabe sobre esta atividade. Os resultados de qualidade de água, obtidos em 2012/2013 através de índices
ambientais, indicam como “ruim” e “péssima” a qualidade dos recursos hídricos. Estes resultados obtidos fazem
parte do projeto de pesquisa que engloba uma análise mais complexa e integrada da microbacia, desenvolvido
pela equipe de alunos e docentes da FAENG. Os produtores e moradores locais reclamam a falta de assistência
ou incentivos. Assim, é importante que os trabalhos de investigação continuem para que seja possível avaliar, com
segurança, em que grau e intensidade as bacias hidrográficas vêm respondendo às mais diversas formas de
ações antrópicas.
1
Parte do projeto de Iniciação Científica/UFMS “O uso e ocupação do solo como ferramenta de avaliação da qualidade de água do córrego Quati,
Assentamento Santa Amélia, Dois Irmãos do Buriti/MS”.
2
Graduanda do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / FAENG. Campo Grande, MS
([email protected])
3
Professora do curso de Geografia da Faculdade de Engenharia, Arquitetura e urbanismo e Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul-FAENG. Campo Grande, MS ([email protected])
4
Graduanda do curso de Bacharelado em Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul / FAENG. Campo Grande, MS
([email protected])
168
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Padrões fenotípicos e índices de conformação de muares (Equus Asinus) criados no
Pantanal do MS
1
2
Marcos Paulo Gonçalves de Rezende , Geovane Gonçalves Ramires , Júlio Cesar de Souza
3
Resumo: Considerando as peculiaridades do Pantanal, junto à utilização e criação de equinos, algumas
propriedades rurais passaram a criar Muares, devido a sua rusticidade. Nesse ínterim, objetivou-se caracterizar os
padrões fenotípicos (PF) e índices de conformação (IC) de Muares criados no Pantanal do MS. Amostrou-se 75
Muares (43 fêmeas e 32 machos) sem padrão racial definido, com idade adulta. Mensuraram-se as seguintes
medidas de perímetros: torácico, canela e antebraço; alturas: cernelha, joelho, garupa e jarrete; comprimento:
corporal, cabeça, pescoço, espádua, dorso lombar, garupa; larguras: anca e peito; distância: codilho ao solo. Com
nas medidas, estimou-se 9 IC: relação cernelha garupa, dáctilo torácico, peso, corporal, conformação, carga 1,
carga 2, corporal relativo e torácico. Analisou possíveis diferenças significativas entre machos e fêmeas sobre o
PF e IC. Realizou-se análise de correlação de Pearson entre o PF e IC. Não houve influencia (P<0,05) do
dimorfismo sexual sobre as características analisadas. Os Muares foram classificados como: animais de médio
porte, com baixo equilíbrio entre os membros locomotores e aptidões para trabalho que exijam força (brevílineos)
e tração leve. O peso sem esforço exagerado que o animal pode suportar sobre o dorso, trabalhando a trote ou a
galope, é de 119,04 Kg, e trabalhando a passo, é de 201,95 Kg. Por meio das correlações, sugere-se que animais
mais pesados apresentam maior capacidade de se suporte de peso sobre o dorso, animais com canelas mais
grossas apresentam maior suporte de pressão sobre as mesmas, e animais com maior profundidade torácica
apresentam maiores aptidões para força.
Palavras–chave: aptidões, equídeos, morfologia, região Pantaneira.
Phenotypes and indices conformation Mules (Equus Asinus) created in Pantanal of MS
Abstract: Considering the peculiarities of the Pantanal, with the creation and use of horses, some farms started
creating Mules, due to its hardiness. Meanwhile, it was aimed to characterize the phenotypes (PF) and
conformation indexes (CI) of Mules created in Pantanal of MS. Sampled to 75 Mules (43 females and 32 males)
without defined breed with adulthood. Measured the following girth measurements: chest, shin and forearm;
heights: Withers, knee, hip and hock, length: body, head, neck, shoulder, back, lower back, hip; widths: Hip and
chest; distance: the codilho soil. With the measurements, it was estimated 9 IC: relationship withers croup, dactyl
chest, weight, body shaping, load 1, load 2, relative body and chest. Examined possible differences between males
and females on the PF and IC. Analysis was performed using Pearson correlation between the PF and IC. There
was no influence (P<0,05) of sexual dimorphism on the characteristics analyzed. The Mules were classified as
medium-sized animals, with a low balance between members and locomotor skills for work requiring strength
(brevílineos) and light traction. The weight without undue effort which the animal can stand on the back working
trotting or galloping, is 119,04 kg, and the working step is 201,95 Kg By means of the correlations, it is suggested
that animals heavier have a higher ability to support weight on the back, ankles as well as animals with thicker
supports a higher pressure on them and greater depth chest to have higher strength capabilities.
Keywords: skills, horses, morphology, Pantanal region.
Introdução
2
O Pantanal Brasileiro concentra uma imensa planície inundada, com seus 140 milhões de km , situada em
2
uma região de fronteira com os países Bolívia e Paraguai, atingindo um total aproximado de 250 milhões de km .
Essa região apresenta condição climática com dois períodos bem definidos, sendo a estação seca e chuvosa.
A pecuária de bovino de corte é a principal fonte econômica da região Pantaneira, e toda a movimentação e
lida do rebanho, só é possível com a utilização dos equídeos salientando a importância desses animais dentro do
Pantanal. Considerando as peculiaridades de clima, parasitas, forragem de baixa qualidade nutricional do
1
Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67, 79320-900, Campo Grande, MS
([email protected])
2
Graduando em Zootecnia, Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal, 67, 79200-000, Aquidauana, MS
([email protected])
3
Professor do Departamento de Biologia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Caixa Postal 67,792000-000, Aquidauana, MS
([email protected])
169
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Pantanal, junto à utilização e criação de equinos, algumas propriedades rurais passaram também a criar Muares,
devido à grande rusticidade desse genótipo.
Todavia, a poucos estudos de caracterização fenotípica desse grupo genético, criados no Pantanal, e essas
informações tornam-se importantes para procedimentos de seleção e melhoramento genético. De acordo com
Franci et al. (1989), Martin-Rosset (1983) Ribeiro (1988) e Torres & Jardim (1987), através do conhecimento de
alguns índices de conformação, podem se obter informações sobre as aptidões dos equinos, como a verificação
com relação ao equilíbrio entre membros locomotores do animal, se o mesmo é hipermétricos (cavalo grande),
eumétricos (cavalo médio) e elipométricos (cavalo pequeno), se possui característica de longilíneo (velocidade),
mediolínio (intermediário entre velocidade e força) e brevilíneo (força), se está mais apto para ser utilizado em sela
ou tração; os índices ainda indicam o peso sem esforço exagerado que o animal pode suportar sobre o dorso,
trabalhando a trote ou a galope ou trabalhando a passo.
Nesse ínterim, objetivou-se caracterizar os padrões fenotípicos e índices de conformação de Muares (Equus
Asinus) criados no Pantanal do Mato Grosso do Sul.
Material e Métodos
O estudo foi conduzido em parceria com propriedades rurais localizadas na região do Pantanal do Mato
Grosso do Sul. Foi amostrado um montante de 75 Muares (Equus Asinus) sem padrão racial definido, distribuídos
em 43 fêmeas e 32 machos, com idade adulta. Com auxílio de fita métrica e régua específica (hipômetro) e de
acordo com as metodologias descritas por Parés i Casanova (2009), aferiram-se:
Perímetro torácico: Medida de circunferência aferida com fita métrica posicionada logo após o final da cernelha,
entre os processos espinhosos T8 e T9, passando pelo espaço intercostal da 8ª e 9ª costelas até a articulação da
última costela com o processo xifoide.
Perímetro de canela: Medida de circunferência aferida na região mediana da canela de um dos membros
anteriores, formada pelos ossos metacárpicos II, III e IV.
Perímetro de antebraço: Medida aferida entre o perímetro do antebraço do animal.
Perímetro de joelho: Medida de circunferência aferida na região mediana do joelho, compreendida pelos ossos
carpianos.
Largura do peito: Distância entre as bordas laterais das articulações escápulo-umeral direita e esquerda.
Largura de garupa: Distância entre as porções laterais das tuberosidades ilíacas.
Altura de cernelha: Medida aferida do ponto mais alto da região interescapular localizado no espaço definido pelo
processo espinhoso de T5 e T6, até o solo.
Altura de garupa: Medida aferida do ponto mais alto da garupa, especificamente sobre a tuberosidade sacral, até o
solo.
Distância codilho ao solo: Distância entre o codilho e o solo.
Altura de jarrete: Distância do solo até o ponto do jarrete do animal.
Altura de joelho: Altura do solo aos ossos carpianos.
Comprimento dorso lombar: Distância entre as extremidades dos processos espinhosos de T8 e T9 e a porção
cranial da tuberosidade sacral.
Comprimento de garupa: Distância entre as porções cranial da tuberosidade ilíaca e caudal da tuberosidade
isquiática.
Comprimento de pescoço: Distância entre a porção cranial do arco dorsal do atlas e o terço médio da borda
cranial da escápula.
Comprimento de cabeça: Distância entre a extremidade proximal da cabeça, que coincide com a crista nucal, e a
porção medial ou central da arcada incisiva inferior conforme.
Comprimento corporal: Distância entre as porções cranial do tubérculo maior do úmero e caudal da tuberosidade
isquiática.
Comprimento de espádua: Distância entre a borda dorsal da cartilagem da escápula e o ângulo distal da escápula
ou porção central da articulação escápulo-umeral.
170
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Com base nessas medidas, estimou-se 9 índices de conformação de acordo com as metodologias descritas
na literatura (FRANCI et al.,1989; MARTIN-ROSSET, 1983; RIBEIRO, 1988; SANTOS et al., 1995; TORRES &
JARDIM, 1987).
Relação altura de cernelha e garupa: altura da cernelha dividida pela altura da garupa.
Índice dáctilo torácico: altura de canela dividido por perímetro torácico.
Peso corporal: perímetro torácico elevado ao cubo multiplicado pela constante 80. Os pesos superiores a 550 kg
correspondem a cavalos grandes ou considerados hipermétricos; entre 350 e 550 kg, cavalos médios ou
eumétricos; e inferiores a 350 kg correspondem a cavalos pequenos ou elipométricos.
Índice corporal: comprimento corporal dividido por perímetro torácico. Quando o IC é superior a 0,90, indica animal
longilínio; entre 0,86 e 0,88, animal mediolínio; inferior a 0,85, animal brevilíneo. O animal longilíneo é mais
adequado para velocidade e o brevilíneo para a força, enquanto o mediolíneo, com proporções médias, possui
aptidão intermediária.
Índice torácico: Largura de peito divido por perímetro torácico. O valor de IT do animal longilíneo é inferior a 0,85;
do animal mediolíneo, entre 0,86 e 0,88; e do animal brevilíneo, superior a 0,90.
Índice de conformação: Perímetro torácico elevado ao quadrado dividido pela altura da cernelha. O cavalo de sela
deve apresentar ICF igual ou a 2,1125, enquanto valores acima deste indicam animais de tração.
Índice de carga 1: Perímetro torácico elevado ao quadrado e multiplicado pela constante 56, dividido pela altura da
cernelha. Este índice indica o peso sem esforço exagerado que o animal pode suportar sobre o dorso, trabalhando
a trote ou a galope.
Índice de carga 2: Perímetro torácico elevado ao quadrado e multiplicado pela constante 95, dividido pala altura da
cernelha. Este índice indica o peso, em quilogramas, que o animal pode suportar sem esforço exagerado sobre o
dorso, trabalhando a passo.
Índice corporal relativo: Comprimento do corpo multiplicado pela constante 100 e dividido pela altura da cernelha.
Para tratamento estatístico dos dados utilizou-se o programa Bioestat versão 5.3. Realizou-se análise de
variância (ANOVA) para verificar possível diferença significativa por decorrência do dimorfismo sexual sobre as
características fenotípicas e índices de conformação. Também foi realizada a análise de correlação de Pearson
entre as características fenotípicas e índices de conformação.
Resultados e Discussão
Não houve diferenças significativas (P<0,05) para nenhuma das características analisadas entre os
machos e as fêmeas, com predominância de coeficientes de variação menores de 10%, exceto para comprimento
de pescoço (CV: 10,15%), comprimento de espádua (CV: 10,31%), comprimento de garupa (CV: 13,48%),
perímetro de canela (CV: 13,72%), largura de peito (10,03%), índice dáctilo torácico (CV: 17,74%) e peso (CV:
16,96%). Em geral os Muares apresentaram-se como animais de médio porte, baixo equilíbrio entre os membros
locomotores, aptidões para trabalho que exijam força (brevílineos) e tração leve. O peso sem esforço exagerado
que o animal pode suportar sobre o dorso, trabalhando a trote ou a galope, é de 119,04 Kg, e o peso que o animal
pode suportar sem esforço exagerado sobre o dorso, trabalhando a passo, é de 201,95 Kg.
Os valores médios e erro padrão das características fenotípicas dos Muares machos e fêmeas estão
expostos na tabela 1. Apesar de não haver diferenças com significância a 5% entre os machos e fêmeas,
observa-se pelos valores de altura de cernelha, garupa, jarrete e codilho ao solo, que as fêmeas se apresentam
mais altas que os machos. Todavia os Muares machos apresentaram peso estimado e índice de cargas maiores
em relação às fêmeas. Considerando esses resultados, sugere-se que animais com perfil corporal baixo tendem a
apresentar mais força e suporte de peso.
Analisando as correlações aos pares das características fenotípicas e índices de conformação (tabela 2),
com maiores destaques, notam-se altas correlações no sentido positivo e significativo (P<0,0001) entre perímetro
torácico com peso estimado, índices de carga e índices de conformação. Assim sugere-se que animais mais
pesados dentro do rebanho apresentam maior capacidade de suporte de peso sobre o dorso. O perímetro de
canela apresentou correlação de magnitude alta no sentido positivo (P<0,0001) com índice dáctilo torácico, assim
sugere-se que animais com canelas mais grossas apresentam maior suporte de pressão sobre as mesmas. E por
fim observou-se por meio da correlação (77%) no sentido positivo (P<0,0001) entre largura de peito e perímetro
torácico, que animais com maior profundidade torácica apresentam maiores aptidões para força.
171
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 1. Valores médios e erro padrão das características fenotípicas e índices de conformação dos Muares
criados no Pantanal do MS.
Fêmeas
PT
AC
CC
CCAB
CP
CE
CDL
CG
AJ
Med.
EP
Med.
EP
Med.
EP
Med.
EP
Med.
EP
Med.
EP
171,41±
1,61
PJ
29,60 ±
0,41
RCG
0,99 ±
0,00
139,95 ±
1,17
AG
139,60 ±
1,04
IDT
0,10 ±
0,00
141,10 ±
1,31
PC
19,90 ±
0,42
P
407,31 ±
10,54
64,53 ±
0,77
LA
46,67 ±
0,65
IC
0,82 ±
0,01
57,32 ±
0,85 ±
LP
33,95 ±
0,56
ICF
2,10 ±
0,03
51,37 ±
0,89 ±
AJA
48,65 ±
0,72
ICG1
117,90 ±
1,73
58,93 ±
0,85
DCS
82,76 ±
1,13
ICG2
200,00 ±
2,94
41,67 ±
0,79
PAB
43,20 ±
0,59
ICR
100,92 ±
0,83
42,13 ±
0,55
IT
0,19 ±
0,00
PT
AC
CC
CCAB
Machos
CP
CE
CDL
CG
AJ
172,21 ±
1,76
PJ
30,34 ±
0,49
RCG
1,00 ±
0,00
138,00 ±
1,23
AG
137,28 ±
1,02
IDT
0,11 ±
0,00
140,40 ±
1,10
PC
20,50 ±
0,47
P
412,60 ±
12,51
64,43 ±
0,96
LA
46,25 ±
0,56
IC
0,81 ±
0,00
58,06 ±
1,10 ±
LP
35,37 ±
0,51 ±
ICF
2,15 ±
0,03
50,78 ±
0,78
AJA
49,28 ±
0,63
ICG1
120,58 ±
1,92
58,15 ±
0,95
DCS
80,18 ±
1,02
ICG2
204,56 ±
3,26
42,78 ±
1,11
PAB
44,46 ±
0,69
ICR
101,84 ±
0,61
42,06 ±
0,51 ±
IT
0,20 ±
0,00
Med.: média; EP: erro padrão. PT: perímetro torácico; AC: altura de cernelha; CC: comprimento corporal; CCAB: comprimento de cabeça; CP:
comprimento de pescoço; CE: comprimento de espádua; CDL: comprimento dorso lombar; CG: comprimento de garupa; AJ: altura de joelho;
PJ: perímetro de joelho; AG: altura de garupa; PC: perímetro de canela; LA: largura de anca; LP: largura de peito; LCAB: largura de cabeça;
AJA: altura de jarrete; DCS: distância codilho ao solo; PAB: perímetro de antebraço; RCG: relação cernelha garupa; IDT: índice dáctilo torácico;
P: peso; IC: índice corporal; ICF: índice de conformação; ICG1: índice de carga 1; ICG2: índice de carga 2; ICR: índice corporal relativo; IT:
índice torácico.
Tabela 2. Correlação entre as características fenotípicas com os índices de conformação dos Muares criados no
Pantanal do MS.
PT
AC
CC
CCAB
CP
CE
RCG
IDT
P
IC
ICF
ICG1
ICG2
ICR
IT
0,23*
-0,09ns
0,99****
-0,67***
0,90****
0,90****
0,90****
-0,49****
-0,20**
0,45****
0,21ns
0,64****
-0,04ns
0,21ns
0,22ns
0,22ns
-0,41**
0,19ns
0,20ns
0,33**
0,24*
0,59****
-0,09ns
-0,09ns
-0,09ns
0,44***
0,39***
0,11ns
0,39***
0,42***
0,05ns
0,16ns
0,16ns
0,16ns
-0,07ns
0,20ns
0,37**
0,28*
0,61****
-0,14ns
0,40***
0,40***
0,40***
-0,20ns
0,25*
0,35**
0,31**
0,59****
-0,15ns
0,40***
0,41***
0,41***
-0,17ns
0,07ns
CDL
CG
AJ
PJ
AG
PC
RCG
IDT
P
IC
ICF
ICG1
ICG2
ICR
IT
0,04ns
0,36**
0,21ns
0,07ns
0,06ns
0,06ns
0,06ns
0,03ns
0,09ns
0,00ns
-0,07ns
0,22ns
0,08ns
0,07ns
0,08ns
0,08ns
0,00ns
0,35**
0,16ns
0,40***
0,43***
-0,04ns
0,16ns
0,16n
0,16ns
-0,20ns
0,07ns
0,38***
0,56****
0,48****
-0,05ns
0,22ns
0,22ns
0,22ns
-0,20ns
0,20ns
-0,09ns
0,09****
0,55ns
-0,02ns
0,21ns
0,21ns
0,21*
-0,28ns
0,17
0,37**
0,71****
0,35**
-0,02ns
0,14ns
0,14ns
0,14ns
-0,17ns
0,21ns
LA
LP
AJA
DCS
PAB
RCG
IDT
P
IC
ICF
ICG1
ICG2
ICR
IT
-0,08ns
0,03ns
0,40***
0,13ns
0,16ns
0,16ns
0,16ns
0,08ns
0,31**
0,22ns
0,11ns
0,46****
-0,04ns
0,24ns
0,24*
0,24*
-0,13ns
0,77****
-0,01ns
0,12ns
0,19ns
0,00ns
0,05ns
0,05ns
0,05ns
-0,15ns
-0,05ns
0,23***
0,35***
0,47ns
-0,09ns
0,19ns
0,19ns
0,19**
-0,34ns
-0,05ns
-0,03ns
-0,03ns
0,30**
-0,01ns
0,13ns
0,13ns
0,13ns
-0,08*
0,14ns
*P<0,05, **P<0,01, ***P<0,001, ****P<0,0001. PT: perímetro torácico; AC: altura de cernelha; CC: comprimento corporal; CCAB: comprimento
de cabeça; CP: comprimento de pescoço; CE: comprimento de espádua; CDL: comprimento dorso lombar; CG: comprimento de garupa; AJ:
altura de joelho; PJ: perímetro de joelho; AG: altura de garupa; PC: perímetro de canela; LA: largura de anca; LP: largura de peito; LCAB:
largura de cabeça; AJA: altura de jarrete; DCS: distância codilho ao solo; PAB: perímetro de antebraço; RCG: relação cernelha garupa; IDT:
índice dáctilo torácico; P: peso; IC: índice corporal; ICF: índice de conformação; ICG1: índice de carga 1; ICG2: índice de carga 2; ICR: índice
corporal relativo; IT: índice torácico.
172
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Conclusões
Não houve influencia do dimorfismo sexual sobre as características analisadas. Os Muares foram
classificados como: animais de médio porte, com baixo equilíbrio entre os membros locomotores e aptidões para
trabalho que exijam força (brevílineos) e tração leve. O peso sem esforço exagerado que o animal pode suportar
sobre o dorso, trabalhando a trote ou a galope, é de 119,04 Kg, e o peso que o animal pode suportar sem esforço
exagerado sobre o dorso, trabalhando a passo, é de 201,95 Kg. Por meio das correlações, sugere-se que animais
mais pesados dentro do rebanho apresentam maior capacidade de suporte de peso sobre o dorso, assim como
animais com canelas mais grossas apresentam maior suporte de pressão sobre as mesmas e animais com maior
profundidade torácica apresentam maiores aptidões para força.
Referências
FRANCI, O.; GIOGETTI, A.; GREMOLI, G. Evoluzi one delle caractteristic hemorphologi quenel cavalo avelignese
in accrescimento. Zootecnia Nutrizione Animale, v.15, n.1, p.373-380, 1989.
MARTIN-ROSSET, W. Particularites de lacroissance et du development ducheval. Revue bibliographique.
Annales Zootechnie, v.32, n.1, p.373-380, 1983.
PARÉS i CASANOVA, M.P. Valoración morfológica de los animales domésticos – Zoometría. Sociedad Española
de Zooetnólogos. Ministerio de Medio Ambiente y Medio Ruraly Marino, 862p, 2009.171-198p.
RIBEIRO, D.B. O cavalo de raças, qualidade e defeitos. Rio de Janeiro: Editora Globo Rural. 290p, 1988. p. 10–
85.
SANTOS, S.A.; MAZZA, M.C.M.; SERENO, J.R.B. Avaliação e conservação do cavalo Pantaneiro. Corumbá:
Embrapa Pantanal. 1995. 40p. (Embrapa Pantanal, Circular Técnica, 21).
TORRES, A.P.; JARDIM, W.R. Criação do cavalo e de outros eqüinos. 3.ed. São Paulo: Nobel. 654p, 1987. p.
190 – 198.
173
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Percepção do trabalhador rural e do pecuarista em relação à anemia infecciosa equina1
2
3
4
Dayanna Schiavi do N. Batista , Sandra Mara Araújo Crispim , Hildeberto Valle Petzold , Márcia Furlan
5
Nogueira T. de Lima
A anemia infecciosa equina (AIE) é uma retrovirose, incurável e semelhante à síndrome da imunodeficiência
adquirida (AIDS), sem ter a conotação de doença sexualmente transmissível. Após um período de elevada
mortalidade de equídeos na década de 1970, quando o vírus foi introduzido no Pantanal, a AIE estabeleceu-se
como endemia na região. Como características da AIE endêmica no Pantanal, verifica-se uma alta taxa de
prevalência, ao redor de 40%, e uma população de equídeos que, apesar de soropositivos, são assintomáticos e
permanecem realizando sua função na lida com o gado das fazendas. Paralelamente a este cenário, na última
década vem se tornando cada vez mais proeminente o cavalo da raça Pantaneiro. Com os preços nos leilões cada
vez mais atrativos, um número crescente de proprietários rurais vem se interessando pela raça, e é neste
momento que a AIE passa a configurar-se um grande problema para a equideocultura regional, um verdadeiro
estigma que denigre a imagem do cavalo Pantaneiro. Com o objetivo de mensurar o conhecimento do público
estratégico (trabalhadores rurais e pecuaristas), sobre o nível do conhecimento da AIE e interesse pelas práticas
de manejo, foi aplicado um questionário, no início do Projeto de Pesquisa “Anemia Infecciosa Equina no Pantanal
brasileiro: caracterização do agente, diagnóstico molecular, avaliação de práticas de manejo e modelagem
quantitativa”. Ao final do projeto será aplicado o mesmo questionário para aferir, se houve o aumento das práticas
de manejo. O questionário com perguntas fechadas e estruturadas foi distribuído nos dias de campo, realizados
em fazendas no estado de Mato Grosso do Sul, propriedades em sua maioria, com mais de 100 equídeos. O
público estratégico analisado foi o dos trabalhadores rurais (n=31) e dos pecuaristas (n=26), sendo possível notar
a diferença de percepção com relação a pergunta “O que é a AIE?”, dos 31 trabalhadores rurais, somente 12
acertaram a resposta e dos 26 pecuaristas, todos acertaram (“uma infecção incurável causada por um vírus que é
transmitido pelo sangue contaminado”). O mesmo ocorreu para a pergunta sobre os sinais clínicos da AIE, em que
nove trabalhadores rurais erraram e todos os pecuaristas acertaram a resposta (“febre, perda de peso, fraqueza,
inchaço e palidez de mucosas”). Estes resultados demonstram que as informações sobre o que é a AIE e os seus
sinais clínicos ficam centrados no pecuarista, que na maioria das vezes é o empregador e o tomador de decisão
na propriedade rural. Devido a isto, sugere-se que o público alvo a ser atingido pelas campanhas de
conscientização e de cursos e treinamentos, seja o trabalhador rural e não o proprietário/pecuarista, pois quem
está na lida com os animais é o trabalhador. É para esses agentes que os esforços de transferência de tecnologia
deveriam se voltar. Assim, estratégias com agentes multiplicadores e parcerias com a assistência técnica pública e
ou privada devem ser usadas e validadas. Para a pergunta “Quanto gastaria por mês para controle da AIE?”, os
pecuaristas, na sua maioria responderam que estão dispostos a dispender de R$100,00 a R$1.000,00 por mês,
para controlar a AIE. Ações de transferência de tecnologia estão sendo realizadas no decorrer da pesquisa e, ao
final serão comparadas às respostas iniciais para inferir se houve ou não, a conscientização e aprendizado sobre
as técnicas de manejo para controle da AIE, pela maioria dos trabalhadores rurais e pecuaristas. Em caso
negativo, ações mais enérgicas deveram ser incrementadas juntamente com outros órgãos nas diferentes esferas.
1
Parte do Projeto de Pesquisa “Anemia Infecciosa Equina no Pantanal brasileiro: caracterização do agente, diagnóstico molecular, avaliação de
práticas de manejo e modelagem quantitativa”, financiado pela Embrapa
2
Analista Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected] )
3
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Técnico Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Pesquisadora Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS (má[email protected])
174
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Percepção dos fronteiriços em relação à arborização urbana das cidades de Corumbá e
Puerto Quijarro1
2
3
Daniela Lopo , Marina Kleinsorge Daibert , Ricelly Aline Camargo de Souza
4
Resumo: As cidades abrigam mais da metade da população existente no planeta, e seu crescimento demográfico,
a cada dia, acontece em ritmo mais acelerado. Na mesma intensidade em que as cidades crescem, os sistemas
naturais urbanos são degradados em contraposição à qualidade de vida. A cidade construída é a expressão dos
valores de uma sociedade, onde o social se inter-relaciona com a estrutura física e com o ambiente natural. As
cidades fronteiriças, em especial, apresentam características próprias e complexas de relações, que ocorrem em
virtude da interação entre diferentes nacionais e suas culturas. Isso significa que, em sua construção, contribuem
sujeitos com diferentes identidades, percepções e modos de vida. Essa pluralidade, ligada a aspectos valorativos,
algumas vezes divergentes, outras convergentes, deve ser estudada, para promover aporte técnico-científico e
direcionar políticas públicas relacionadas ao desenvolvimento sustentável de regiões fronteiriças, como por
exemplo, para elaboração de políticas de arborização urbana. A presença de árvores é requisito para a qualidade
de vida nas cidades, mas é necessária a realização de análises que orientem seu planejamento. Este trabalho
analisou a percepção de fronteiriços em relação à arborização urbana. Quanto aos resultados, no geral, os
fronteiriços, residentes em Corumbá, MS, Brasil e Puerto Quijarro, GB, Bolívia, percebem a arborização como um
bem fundamental relacionado com a qualidade de vida, porém, brasileiros apresentaram condições
comparativamente melhores nesse sentido, e para minimizar as divergências, bem como para garantir o sucesso
de programas de arborização, faz-se necessárias políticas locais inovadoras, relacionadas a arborização e a
sensibilização ambiental dos fronteiriços.
Palavras–chave: Fronteira Brasil – Bolívia, gestão da arborização, percepção ambiental, recursos naturais
urbanos
Perception of the border population in relation to afforestation urban areas of the cities of Corumbá and
Puerto Quijarro
Abstract: Cities are home to more than half of the population of the planet and its population growth, every day, it
happens at a faster pace. The same intensity as the cities grow, urban natural systems are degraded as opposed
to quality of life. The city is built expression of the values of a society, where the social is interrelated with the
physical structure and the natural environment. Border towns in particular have their own features and complex
relationships that occur due to the interaction between different national and their cultures. This means that in its
construction, contributing individuals with different identities, perceptions and ways of life. This plurality, linked to
evaluative aspects, sometimes divergent, convergent other, should be studied to promote a contribution of
technical and scientific information and direct public policies related to sustainable local development, eg for policy
of urban forestry. The presence of trees is a prerequisite for the quality of life in cities, but it is necessary to perform
analyzes to guide their planning. This study examined the perception of border compared to urban areas.
Regarding the results obtained, in general, the border (residents Corumbá, MS, Brazil and Puerto Quijarro, GB,
Bolivia realize afforestation as a fundamental good and relate to quality of life, however, Brazilians showed
comparatively better conditions in this sense, it is fundamental to the implementation of local policies that allow new
advances in environmental awareness regarding urban forestry, as a condition for the success of afforestation
programs.
Keywords: Environmental perception, frontier Brazil - Bolivia, tree management, urban natural environment
1
Parte do relatório de qualificação de mestrado em Estudos Fronteiriços, CPAN/UFMS de Daniela Lopo.
Bióloga, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79303-220. Corumbá, MS. ([email protected]).
Bióloga, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79300-040. Corumbá, MS. ([email protected]).
4 4
Engenheira Agrônoma da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79320-208. Corumbá, MS.
([email protected])
2
3
175
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Introdução
Estabelecidas para facilitar a vida humana, concentrando serviços e gerando oportunidades, as cidades
transformam-se e representam, muitas vezes, contradição à qualidade de vida. Suas estruturas – redes viárias,
espaços residenciais, áreas de serviços e industriais, espaços institucionais e áreas livres – nem sempre
constituem referenciais e, mais ainda, nem sempre são orgânicas e funcionais (MILANO; DALCIN, 2000). Como
parte do processo de urbanização, o aumento do número de edificações, os asfaltamentos, a redução drástica da
cobertura vegetal para abrigar novos equipamentos urbanos, são causadores diretos de diversos problemas sócioambientais, como o aparecimento de lixões a céu aberto, esgotos domésticos lançados nos rios sem qualquer
tratamento, poluição atmosférica, excesso de ruídos, ocupações ilegais em Áreas de Proteção Permanente –
APP´s, loteamentos clandestinos, proliferação de vetores e epidemias de doenças, impermeabilização do solo e
inundações, entre outros. Esses impactos relacionam-se com a forma como ocorre a espacialização em cada
cidade, e culminam de uma interação de fatores: políticos, econômicos, culturais, históricos, etc.
Identificar os impactos ambientais provocados pela urbanização em cidades fronteiriças, e, sobretudo,
propor soluções conjuntas não é tarefa trivial. Fatores como a existência de arcabouços legais próprios, além da
diversidade de culturas, língua, religião, costumes, modo de vida relacionado à economia, entre outros fatores,
criam sujeitos com identidades, valores e percepções diferentes, e por vezes antagônicas. Essas percepções e
identidades distintas dificultam a realização de ações para melhoria da qualidade ambiental nas cidades. Mas
todas essas condições devem ser consideradas durante o desenvolvimento de políticas públicas em cidades
fronteiriças como Corumbá (MS, Brasil) e Puerto Quijarro (GB, Bolívia), já que ambos os nacionais são sujeitos
ativos no processo de desenvolvimento e urbanização local. A urbanização rápida e ausência de políticas eficazes
de gestão pública que disciplinem e direcionem o crescimento das cidades provocam, além de problemas sociais
uma série de agravos ambientais.
O conhecimento, obtido por práticas participativas, corroboram com a implementação de ações voltadas ao
desenvolvimento econômico local e concomitantemente garantem a qualidade de vida do cidadão fronteiriço pela
manutenção de um meio ambiente urbano saudável e equilibrado. A presença de árvores nas áreas urbanas está
intrinsecamente relacionada à qualidade de vida dos cidadãos, uma vez que, essas plantas exercem múltiplas
funções como: melhoria do microclima, redução de poluição atmosférica e sonora, barreira contra o vento,
embelezamento que, além de valorizar o imóvel ainda tem outro papel, a melhoria da condição psicológica
(MILANO; DALCIN, 2000). Dessa forma, as ações do Estado devem ser pensadas de modo a garantir sua
manutenção no meio artificial – pois contribuem com a saúde física e psíquica dos cidadãos. Nesse sentido,
acredita-se ser fundamental a realização de investigações aprofundadas a esse respeito, a fim de se identificar os
anseios da população para o desenvolvimento saudável e pleno arborização urbana e sua multifuncionalidade.
No caso de sociedades abrigadas em regiões de fronteiras binacionais, faz-se necessário um “olhar”
diferenciado, no sentido de que a compreensão da dinâmica de interações dos nacionais influencia cada Estado
ao planejar suas ações, ao mesmo tempo em que o ambiente circundante é comum, como é o caso do Pantanal.
Especificamente na fronteira Corumbá (MS, Brasil) – Puerto Quijarro (GB, Bolívia), em virtude das relações
intensas no cotidiano dos cidadãos fronteiriços, ora pacíficas, ora conflituosas, onde brasileiros e bolivianos
cruzam seus limites geográficos diariamente em busca de bens, serviços, lazer, há que se compreender
previamente a percepção do cidadão fronteiriço em seus múltiplos aspectos: seus anseios, o que sente, o que
aspira, o que considera melhor para si, quais suas necessidades, etc., a fim de se alcançar a eficiência na
elaboração de políticas públicas locais. Em se tratando da arborização urbana, reconhecer a relação entre a
população e as árvores das cidades, identifica as necessidades e a define estratégias para plantio, manutenção e
para a elaboração de campanhas educativas entorno da importância desse recurso natural.
Este trabalho teve como objetivo analisar, por meio da aplicação de questionário estruturado, a percepção
dos fronteiriços, brasileiros e bolivianos, em relação à Arborização urbana: sua concepção, sua relação com o
meio natural, suas necessidades e anseios. Sua realização justifica-se pela carência de informações técnicocientíficas em relação a percepção da Arborização Urbana de Corumbá (Brasil) e Puerto Quijarro (Bolívia). Estes
conhecimentos poderão orientar o planejamento da gestão do verde urbano local a fim de melhorar a qualidade de
vida do cidadão fronteiriço. Como parte da estratégia de gestão, é possível, até mesmo, proteger espécies
arbóreas nativas bastante exploradas. A abordagem da percepção do cidadão fronteiriço deste trabalho, ainda
poderá influenciar a criação de estratégias locais fundamentadas na educação ambiental, para o enfrentamento da
problemática ambiental na busca de sociedades sustentáveis.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Material e Métodos
Área de estudo
Corumbá (MS, Brasil): De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município de
Corumbá, fundando em 1778, se localiza na porção Centro-Oeste do Brasil. Está inserido na mesorregião
Pantanal Sul Mato-Grosssense e na microrregião Baixo Pantanal, que também compreende os municípios de
Ladário e Porto Murtinho, conforme subdivisão do Brasil dada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
2
2
IBGE (1985). A área total de Corumbá é de 64.961 km , sendo 10.056 km de área urbana. Seu principal acesso
rodoviário é a rodovia asfaltada BR-262, que interliga à capital do Estado – Campo Grande, da qual dista 426 km.
O acesso da área urbana da cidade à Seccíon de Puerto Quijarro (Província de German Bush, Departamento de
Santa Cruz), ocorre pela rodovia Ramon Gomes, cuja distância é de 7 km. Segundo o Censo de 2010, elaborado
pelo IBGE, a população urbana de Corumbá é de 93.510 habitantes, enquanto sua a população rural é de 10.262
habitantes, ou seja, 90% da população reside na cidade. Os principais setores econômicos são, por ordem de
geração de receita: serviços, indústria e agropecuária.
Puerto Quijarro (GB, Bolívia): De acordo com o Instituto Nacional de Estadística (INE), o município de
Puerto Quijarro, fundado em 1940, localiza-se na Província de German Busch, Departamento de Santa Cruz,
Bolívia. O município, que é formado pelos distritos de Puerto Quijarro e Arroyo Concepción, possui 22 juntas
vicinais, 2 comunidades rurais e 3 comunidades indígenas. Encontra-se a 660 km de Santa Cruz de La Sierra,
interligadas por linha férrea ou rodovia e a 15 km de Puerto Suarez. Sua população total é de 16.778 habitantes
de acordo com o censo de 2007 do Instituto Nacional de Estadística, dos quais 97,05% residem na área urbana.
Sua economia gira em torno de exportação de cereais através de seu porto, e com as relações comerciais formais
e informais com brasileiros, moradores e turistas, através da cidade de Corumbá. A população fala espanhol,
quéchua, chiquitano (idioma que está sento extinto pela aculturação) e “portunhol”.
Coleta de informações: Para avaliação da percepção dos fronteiriços em relação à arborização urbana,
foram aplicados questionários semiestruturados a 293 pessoas, cuja abordagem foi feita segundo as
recomendações da Resolução CNS n° 466/2012, que dis põe sobre as diretrizes e normas regulamentadoras de
pesquisas envolvendo seres humanos. Os participantes foram escolhidos de forma aleatória, descartados apenas
os não residentes em Corumbá ou Puerto Quijarro e menores de 18 anos. Responderam aos questionários,
pessoas que, no ato da pesquisa, transitavam em duas praças públicas, nas áreas centrais das cidades
estudadas, locais bastante movimentados, já que ambas dão acesso às áreas comerciais locais. Da totalidade,
177 questionários foram aplicados a brasileiros e 116 a cidadãos bolivianos. As informações levantadas foram as
seguintes: sexo, grau de escolaridade, percepção sobre a arborização da cidade, ações públicas prioritárias,
vantagens e desvantagens das árvores urbanas.
Resultados e Discussão
Do total de entrevistados, o percentual de participantes do sexo masculino foi de 41,24% em Corumbá e de
44,83% em Puerto Quijarro e 58,76% de mulheres residentes em Corumbá e 55,17% em Puerto Quijarro. Os
resultados da pesquisa revelaram que a diferença de sexo em ambos os países não foi um fator discriminante do
perfil dos entrevistados, que se apresentou homogêneo neste sentido. Em relação à faixa etária dos entrevistados,
comparativamente, Corumbá e Puerto Quijarro apresentaram-se da seguinte maneira, respectivamente: de 18 a
20 anos - 12,99% e 9,48%, de 21 a 40 anos – 56,50% e 61,21% e com mais de 40 anos – 30, 51% e 29,31%. A
idade foi bastante similar, permitindo uma melhor comparação das percepções verificadas em cada país. Em
virtude da pequena variação da faixa etária dos entrevistados entre as duas cidades, o critério “idade” não trouxe
interferência significativa nos resultados descritos neste trabalho. Quanto ao grau de escolaridade dos
entrevistados, em Corumbá e Puerto Quijarro, obteve-se, respectivamente, as seguintes porcentegens: 0% e
0,86% de analfabetos; 7,91% e 8,62% com ensino fundamental incompleto; 9,04% e 10,34% com ensino
fundamental completo; 10,73% e 12,34% com ensino médio incompleto; 20,34% e 29,31% com ensino médio
completo; 26,55% e 23,28% com ensino superior incompleto; 14,12% e 13,79% com ensino superior completo;
11,30% e 1,72% de pós-graduados. O nível de escolaridade dos entrevistados, em ambas as cidades, implicou no
bom entendimento das perguntas formuladas. Em Corumbá há predominância de pessoas que estão cursando o
ensino superior (ensino superior incompleto), enquanto em Puerto Quijarro, predominam pessoas que concluiram
o ensino médio. Em relação aos cursos de pós-graduação, há aproximadamente 10% a mais de brasileiros que já
os completaram, em relação aos bolivianos. Nenhum entrevistado afirmou ser analfabeto no município brasileiro.
Já no outro lado da fronteira, houve apenas um caso declarado. A partir dessa análise, constatou-se que os
entrevistados residentes em Corumbá apresentam maior grau de instrução em relação aos moradores de Puerto
Quijarro.
177
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A percepção em relação à arborização urbana e áreas verdes urbanas é subjetiva e decorre, além de outros
fatores, das experiências pessoais de cada um. Aliado às experiências, vale mencionar a influência do grau de
escolaridade pois, quanto maior for a instrução educacional, acredita-se ser maior a compreensão sobre a
importância da conservação de áreas verdes na cidade (SOUZA, 2008). Desta forma, é possível estabelecer uma
relação entre o grau de escolaridade e a percepção em relação a arborização, onde, teoricamente, as pessoas
que possuem maior grau de instrução (Corumbá) possuem mais compreensão sobre os benefícios da arborização
para os seres humanos.
O diagnóstico da percepção ambiental contextualiza a realidade da sociedade e colabora no processo de
estreitamento na relação entre a sociedade com a arborização urbana, sob uma perspectiva mais dinâmica,
eficiente e participativa. “A busca da percepção da população em relação à arborização permite resgatar a
afetividade, a reverência e o respeito e à memória da população, que “faz” a cidade integrante da teia da vida”
(CAMPANHOLO; MIELKE; OLIVEIRA, 2012). De acordo com Campanholo; Mielke; Oliveira, (2012) a análise dos
dados oriundos de pesquisas participativas permitem a caracterização da dinâmica de significados, valores e
atitudes dos atores avaliados em relação à arborização urbana. Quanto à percepção dos entrevistados sobre
aspectos quantitativos da arborização urbana da cidade, os residentes em Corumbá e em Puerto Quijarro
demonstraram insatisfação, já que as respostas mais frequentes foram “razoavelmente arborizada” (42,37% e
44,83%, respectivamente), seguida de “pouco arborizada” (35,59% e 39,66% respectivamente)
Os entrevistados foram questionados quanto às ações prioritárias que devem ser implementadas pelo poder
público para melhoria, e como garantia do sucesso do programa de arborização urbana da cidade. Os resultados
indicam que há necessidade de se plantar mais mudas de árvores nas cidades de Corumbá e Puerto Quijarro
como medida prioritária da administração pública (45,76% e 25,85%, respectivamente). As demais repostas
apresentaram-se de forma similar, e correspondem a: manutenção das árvores urbanas, (re) planejar as ações em
relação a arborização, incentivar os cidadãos a adotar árvores e intensificar as ações de educação ambiental para
o sucesso da arborização.
Também foram abordadas nas entrevistas as vantagens da arborização urbana. De acordo com Tuan
(1980), cada ser humano tem a capacidade de perceber coisas que para outro pode ser invisível. Deste modo,
benefícios podem ser sentidos por uns, enquanto para outros, esses benefícios não são auferidos. As principais
funções da arborização são a melhoria a qualidade do ar, diminuição a temperatura, função estética, por vezes,
interligam áreas livres urbanas, tem função de corredor ecológico, proporcionando pela interação de fatores, uma
sensação de bem estar na população (MILANO; DALCIN, 2000).
Neste estudo, tanto os entrevistados de Corumbá como de Puerto Quijarro afirmaram que sombreamento
(23,16% e 40,52%, respectivamente) e redução da temperatura (26,55% e 31,03%) são os principais serviços
prestados pela arborização. Em Corumbá, 20,90% responderam que a principal vantagem da arborização é a
redução da poluição atmosférica contra 4,31% em Puerto Quijarro. Este resultado pode ser explicado pelo fato dos
residentes da Cidade de Corumbá terem a sensação térmica de calor maximizada em relação à outra cidade
fronteiriça, em decorrência do desflorestamento e da maior emissão de gases poluentes advindos da
industrialização local, o que significativamente aumenta o “efeito estufa”. Ao responder que as árvores contribuem
com o embelezamento, residentes em Corumbá (3,39%) e Puerto Quijarro (6,90%) estão estabelecendo uma
relação entre as árvores e as melhorias psicológicas por elas proporcionadas. Algumas pessoas assinalaram
“outras vantagens”, citando, por exemplo, a presença de aves na área urbana e a redução do escoamento
superficial das chuvas diminuindo riscos de enchentes. Para arborizar ruas, de modo que a população possa
auferir todos os benefícios acima relacionados é necessário um planejamento sistemático das ações, já que,
planejar a arborização, na visão de Biondi; Althaus (2005) é escolher a espécie certa para um lugar certo, é utilizar
critérios técnico-científicos e respeitar os limites naturais do meio. Ao observar as respostas mais frequentes, é
possível identificar que os principais anseios da população em relação à arborização é no sentido de exercer a
função de melhoria do clima. Nesse sentido, acredita-se que ao planejar a arborização, de modo a atender os
desejos da população, deve-se optar por espécies que possuam copas densas e perenes.
Em relação às desvantagens da arborização destacadas pela população, tanto em Corumbá, quanto em
Puerto Quijarro, a resposta mais frequente foi “sujeira nas ruas e calçadas provocada pela queda de folhas”
(24,29% e 31,03%, respectivamente). Provavelmente esta resposta está relacionada a grande incidência de
espécies caducifólias plantadas nas cidades, da qual, a mais comum é a Terminalia catappa, conhecida
popularmente como “sete-copas”. A segunda resposta mais frequente em Corumbá (19,21%) foi a “redução da
iluminação pública”, onde as pessoas relacionam o “escuro” provocado pela copa das árvores em conflito com
postes de iluminação pública, como um fator que favorece e intensifica a violência urbana. Os residentes de
Puerto Quijarro classificam a redução da iluminação em quarta importância (14,66%). Quanto ao conflito com a
rede aérea, seja telefônica ou de energia, por exemplo, a opção preferida por 16,38% dos residentes em Corumbá
e por 18,97% das pessoas residentes em Puerto Quijarro, reflete a ineficiência dos serviços públicos relacionado a
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26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
manutenção da arborização, já que o problema decorre da falta de podas de conformação nas árvores da área
urbana.
Os danos provocados pelo afloramento do sistema radicular de árvores em calçadas também obteve
bastante atenção por parte dos entrevistados de Corumbá e Puerto Quijarro (19,21% e 22,41%, respectivamente).
Estas respostas evidenciam a falta de planejamento em relação à escolha de espécies. Ao planejar, devem-se
levar em consideração as características edáficas e das raízes, além da área livre suficiente para o bom
desenvolvimento da árvore, utilizando-se preferencialmente espécies nativas (MILANO; DALCIN, 2000). Os danos
em calçadas pavimentadas também podem ser provocados por canteiros ou espaços livres muito pequenos em
torno de mudas, que, além de dificultar a penetração de água das chuvas ou da rega, não acompanham o
desenvolvimento da muda, causando rachaduras. Covas rasas favorecem o afloramento das raízes, também
causando danos no passeio. No município de Corumbá e Puerto Quijarro, uma quantidade considerável de
pessoas, 15,25% e 8,62%, respectivamente, assinalou a opção “outras desvantagens”. Neste caso, a maior parte
mencionou os seguintes prejuízos: o incômodo causado por “pessoas estranhas” que costumam sentar-se em
frente de suas residências sob as árvores ou utilização de galhos como “escadas” para ladrões adentrar em
residências.
Tais problemas são resultantes da ineficiência do planejamento e manutenção da arborização urbana.
Problemas como conflitos com rede de energia, com sinalização de trânsito ou impedimento da iluminação do
local, mencionados por uma grande quantidade de entrevistados em ambos os países podem ser resolvidos
apenas com estabelecimento de uma rotina de podas em todas as árvores de logradouros públicos. Já a sujeira
provocada pela queda de folhas, provavelmente resposta dada em virtude da grande quantidade de “sete copas”
(Terminalia catappa), árvore caducifólia presente em ambas as cidades pesquisadas, pode ser resolvida com a
substituição gradativa por espécies perenes. Danos em calçadas são provocados por espécies inadequadas ou
plantio/manutenção feitos de forma incorreta, isso, pode ser corrigido durante a escolha das espécies e
realizando-se o manejo adequado. Assim, tornam-se também necessárias ações administrativas que estimulem a
integração entre as ações de planejamento da arborização urbana, plantio e manutenção de mudas, com as
questões da segurança pública, de forma a minimizar o descontentamento, e modificar o vínculo afetivo entre os
cidadãos e as árvores (CAMPANHOLO; MIELKE; OLIVEIRA, 2012).
Conclusões
A população, reconheceu a arborização como algo importante, sobretudo em relação a melhoria do clima.
Contudo, sua percepção, refletiu forma geral, o estado atual da arborização urbana nos municípios estudados. Os
aspectos negativos citados pela população fronteiriça devem ser levados em consideração pelos gestores
públicos para subsidiar o (re) planejamento da arborização de Corumbá e Puerto Quijarro. A começar por eliminar
espécies inadequadas, e promover o plantio de espécies apropriadas, e em locais compatíveis e promover o
manejo dessa arborização. Algumas desvantagens mencionadas pela população, como conflito com rede aérea,
impedimento da iluminação da rua, demonstram as deficiências operativas dos órgãos responsáveis pela
manutenção das árvores de logradouros públicos urbanos, já que arborizar não se resume apenas em plantar
árvores, mas também consistem em estabelecer uma rotina de cuidados para garantir que a arborização exerça
todas suas funções.
Referências
BIONDI, D. Diagnóstico da Arborização Urbana de ruas da Cidade de Recife. 1985. 167 p. Dissertação de
Mestrado. Universidade Federal do Paraná. Curitiba.
BIONDI, D; ALTHAUS, M. Árvores de rua de Curitiba: cultivo e manejo. Curitiba: FUPEF, 2005.
CAMPANHOLO, R. MIELKE, E. C. OLIVEIRA, C. M. R. de. Arborização Urbana sob o olhar da Educação
Ambiental: Estudo de caso da Percepção de munícipes do Bairro Cajuru, Município de Curitiba – PR. HARPIA Revista de Divulgação Científica e Cultural do Isulpar. vol.1- nº 4- Agosto, 2012.
MILANO, M.; DALCIN, E. Arborização de vias públicas. 1.ed. Rio de Janeiro: LIGHT, 2000. 226p.
SOUZA, M. dos S. Arborização Urbana e Percepção Ambiental: uma análise descritiva em dois bairros de
Natal/RN. 2008. 98 p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal.
TUAN, Y. F. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel, 1980. 286p.
179
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Percepções de consumidores sobre carne bovina com indicação geográfica de raças
locais brasileiras, Campo Grande-MS1
2
3
4
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André Steffens Moraes , Fabiana Villa Alves , Raquel Soares Juliano , Maria Clorinda Soares Fioravanti ,
6
7
8
Joyce Caroline dos Santos Lopes , Guilherme Pasculli Barcellos , Yasmin Abdo
Resumo: Foi realizado levantamento com 347 consumidores de carne bovina em 12 estabelecimentos que
comercializam carnes em Campo Grande (MS), a fim de identificar sua percepção com relação às carnes
diferenciadas, especialmente identificação geográfica (IG), buscando entender como essa percepção pode ser
utilizada como estratégia para conservação de raças locais, como o bovino Pantaneiro e o bovino Curraleiro PéDuro, e identificar se estão dispostos a pagar por estes atributos. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas
verbais utilizando um questionário semiestruturado composto por questões fechadas e abertas, subdividido em
duas partes, uma referente ao perfil do consumidor e outra sobre seu conhecimento das características de carnes
com indicação geográfica e das raças bovinas locais. Constatou-se que a maioria dos consumidores tem pouco
conhecimento sobre o que são carnes com indicação geográfica e o que são raças bovinas locais. Mesmo assim,
demonstraram interesse em consumir carne com IG de raças locais caso essas características sejam um indicador
de qualidade e também para incentivar e valorizar um produto local. Além disso, estão dispostos a pagar mais por
este tipo de produto, embora a frequência de consumo vá depender do preço. Conclui-se que o consumidor
valorizou os atributos desse tipo de carne, sendo possível agregar valor em função de tais diferenciais. Desta
forma, o uso de IG em raças locais pode contribuir para a conservação dessas raças ao incorporar sua carne ao
mercado.
Palavras-chave: agregação de valor, carne bovina, conservação in situ, Pantanal, Cerrado
Consumers' perceptions from Campo Grande on meat with a geographical indication of local Brazilian
breeds
Abstract: A survey was conducted with 347 beef consumers in 12 establishments that sell meat in Campo Grande
(MS), to identify their perception of the different meats, especially geographical identification (GI), seeking to
understand how this perception can be used as a strategy for conservation of local breeds, such as Pantaneiro
cattleand Curraleiro Pé-Duro cattle, and identify if they are willing to pay for these attributes. Data were obtained
through oral interviews using a semi-structured questionnaire consisting of open and closed questions, divided into
two parts, one for the consumer profile and another on its knowledge of the characteristics of meat with
geographical indication and local breeds. It was found that most consumers have little knowledge about what
meats are with GI and what local breeds means. Even so, they demonstrated interest in consuming meat with GI of
local breeds if these features are an indicator of quality and also to encourage and enhance a local product.
Moreover, they are willing to pay more for this type of product, although the frequency of use will depend upon the
price. It is concluded that the consumer values the attributes of this type of meat, and it is possible to add value in
terms of such differentials. Thus, the use of IG in local breeds can contribute to conservation of thesebreedsby
incorporate the meat on the market.
Keywords: adding value, beef, in situ conservation, Pantanal, Cerrado
1
Pesquisa financiada pelo CNPq: Rede Pró Centro-Oeste, Edital 31/2010, Processo Nº 564077/2010-0.
Pesquisador, Embrapa Soja, Caixa Postal 231 - CEP 86001-970, Londrina, PR ([email protected])
3
Pesquisadora, Embrapa Gado de corte, Avenida Rádio Maia, 830 - Zona Rural CEP 79106-550 Campo Grande, MS ([email protected])
4
Pesquisadora, Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Professora do Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Caixa Postal 131, CEP 74001-970, Goiânia, GO
([email protected])
6
Zootecnista, Bolsista AT/CNPq, Universidade Federal de Goiás, Caixa Postal 131, CEP 74001-970, Goiânia, GO ([email protected])
7
Acadêmico do Curso de Medicina Veterinária e Bolsista IC/CNPq, Universidade Católica Dom Bosco, Av. Tamandaré, 6000, 79117-900, Campo
Grande, MS ([email protected])
8
Acadêmica do Curso de Medicina Veterinária, Universidade Católica Dom Bosco, Av. Tamandaré, 6000, 79117-900, Campo Grande, MS
2
180
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Introdução
O aumento da procura por carnes com algum tipo de diferenciação – carne orgânica, certificada, com
indicação geográfica, rastreabilidade e outros –, tem induzido as empresas a buscar conhecer que atributos
atendem aos gostos e preferências dos consumidores, como os mesmos valorizam tais produtos e que garantias
(como selos de qualidade) podem significar atrativos, mesmo que a um preço diferenciado. Tais produtos podem
ter função na promoção do desenvolvimento rural e, quando aplicado às raças bovinas locais, podem funcionar
como estratégia para conservação dessas raças, já que algumas delas estão sob risco de desaparecerem. Por
outro lado, alguns fatores que contribuem para a diferenciação são pouco entendidos pelos consumidores, o que
gera, em alguns casos, confusão sobre os efeitos ou benefícios dessa diferenciação, dificultando o processo de
compra. Este trabalho objetivou identificar o perfil do consumidor de carne da cidade de Campo Grande (MS),
avaliar seu conhecimento sobre processos de diferenciação de carnes e sobre raças bovinas locais, assim como
sua disposição em pagar por carnes de raças locais com indicação geográfica, a fim de melhorar a compreensão
do mecanismo de IG como ferramenta estratégica na diferenciação de carnes e na conservação de raças bovinas
locais.
Material e Métodos
Foi elaborado um questionário semiestruturado composto por questões fechadas (únicas e múltiplas) e
abertas (como "outros”, “onde” e “porque”), subdividido em duas partes, uma referente ao perfil do consumidor
(quanto ao consumo de carne em geral e de carne bovina em particular) e outra sobre seu conhecimento das
características de carnes diferenciadas, como carne bovina orgânica e carne com indicação geográfica, e neste
caso, especificamente para duas raças bovinas locais, Pantaneiro e Curraleiro Pé-Duro. O questionário foi
inicialmente avaliado por especialistas para aperfeiçoamento e adequação, e posteriormente foi submetido a um
pré-teste para reduzir eventuais erros. A pesquisa foi realizada em junho de 2012, em doze diferentes tipos
estabelecimentos que comercializam carne na cidade de Campo Grande (hipermercado, açougue, etc.),
localizados em vários bairros, visando incluir na amostra diferentes classes de renda. Foram entrevistados 347
consumidores por quatro entrevistadores treinados e que estavam identificados por crachá. Os dados foram
TM
analisados com planilha Excel .
Resultados e Discussão
Com relação ao perfil dos consumidores, foi entrevistado percentual semelhante de mulheres (52%) e
homens (48%), com idade entre 17 e 80 anos, concentrados (64%) na faixa entre 30 e 60 anos, a maior parte
(45%) com ensino superior, completo (34%) ou incompleto (11%) (Tabela 1). A renda familiar média foi de R$
5.224,00 (ou 8,4 salários mínimos (SM); na época, 1 SM = R$ 622,00), com 43% da amostra tendo renda familiar
entre 4 e 10 salários mínimos (entre R$ 2.489,00 e R$ 6.220,00; classe C, segundo classificação do IBGE; NERI,
2010). A ocupação mais representada na amostra foi a de profissional liberal (22%), seguida de profissional de
nível técnico (19%) e serviços gerais (14%). A maioria das famílias está composta por três (22%) ou quatro
pessoas (34%) (Tabela 1).
Analisando o comportamento de consumo e de compra de carne observa-se que 100% da amostra
respondeu que consome carne bovina, que é a carne preferida de 69% das famílias, sendo consumida
diariamente em 36% dos casos. A maioria consome entre 1 e 2 kg (21%) e entre 2 e 3 kg (20%) desta carne por
semana, com média de 4,1 kg por semana; cerca de 25% das famílias consome acima de 5 kg por semana. O
consumo ocorre entre o diário e três vezes por semana (Tabela 1). Delgado et al. (2006) encontraram dados
semelhantes para as famílias brasileiras em termos de preferência por carne (a bovina) e de período de consumo
(entre o diário e três vezes por semana).
Os aspectos mais importantes na escolha da carne bovina são a qualidade do produto (maciez, corte,
carne magra; 33,8%), qualidade do estabelecimento (higiene, atendimento; 28,5%) e aspecto da carne (20,2%). O
preço da carne não foi um item importante na decisão de compra (4,9%) quando espontaneamente expresso pelo
consumidor, mesmo quando se considera respostas múltiplas envolvendo o preço (como por exemplo, quando o
consumidor informa “qualidade e preço do produto” – com 2,7% e incluído em “outros” na Tabela 1). Pouco mais
da metade (51,3%) dos entrevistados compra carne em supermercados (25,8%) e açougues (25,5%); os demais
se utilizam de mercadinhos de bairro (10,4%), mercado público, hipermercados ou múltiplos estabelecimentos
(32,1%). Pinheiro et al. (2008), investigando sobre o perfil e as preferências de consumidores de carne na cidade
de Boa Vista (RR), também encontraram como itens mais importantes para a decisão de compra, a qualidade da
181
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
carne e a aparência e higiene do estabelecimento, e igualmente, que o preço é menos relevante, embora a
qualidade do estabelecimento tenha sido um fator muito mais preponderante (74%).Brandão et al. (2012), em
estudo sobre a percepção dos consumidores porto-alegrenses sobre carne com indicação geográfica,
encontraram como principal local de compra de carne o supermercado (80%), da mesma forma que Pinheiro et al.
(2008) (56,2%), indicando que em Campo Grande os consumidores buscam outras opções de local de compra
além do supermercado.
Após o questionamento sobre qual seria o fator mais importante no momento da compra da carne através
de pergunta aberta – e, portanto, com resposta espontânea do consumidor –, foi solicitado aos entrevistados que
enumerassem qual o fator mais importante e qual o menos importante de uma lista de oito fatores: preço,
qualidade da carne (maciez, sabor, suculência), local da compra, origem do animal, forma como o animal foi criado
(bem-estar animal), forma como o animal foi abatido e cuidados com o meio ambiente, além da opção de resposta
aberta “outro motivo”. Os resultados estão apresentados na Tabela 2.
De forma similar à pergunta aberta sobre o que é importante na decisão de compra da carne bovina
(Tabela 1), observa-se, com a pergunta fechada (Tabela 2), que a qualidade da carne e o local de compra são os
fatores mais importantes para aquela decisão, e que fatores como a forma de criação e de abate, assim como a
origem do animal e os cuidados com o meio ambiente, são fatores menos importantes. Interessante relatar que,
com relação à origem e bem-estar do animal, muitos entrevistados que responderam que estes são fatores
importantes para a decisão de compra, também relataram que esta informação não está, em geral, disponível ao
consumidor, e que buscam essa informação junto ao açougueiro ou funcionário do balcão. Também houve relatos
de alguns consumidores de que a existência do SIF (Serviço de Inspeção Federal) é garantia de que essas
características (origem e cuidados com o animal, além da questão ambiental) estariam todas presentes no produto
com o selo SIF, o que, não é o caso, já que o SIF indica tão somente que a carne passou por inspeção. O que
sugere que os consumidores de Campo Grande têm interesse por informações que não são fornecidas ou não são
apresentadas no produto e que com base nas informações disponíveis nos pontos de venda os consumidores não
podem inferir sobre a qualidade da carne.
A seção seguinte do questionário avaliou o conhecimento do consumidor sobre raças bovinas locais
(Pantaneiro e Curraleiro Pé-Duro), sobre indicação geografia e sobre carne orgânica (no estilo “já ouviu falar de”).
Especificamente, se o consumidor considera importante consumir carnes de raças bovinas locais com indicação
geográfica, se pagaria a mais por este tipo de carne e quanto pagaria, e de quanto em quanto tempo compraria e
consumiria tal produto. Aos que responderam afirmativamente era solicitado que relatassem o que sabiam sobre o
assunto (sobre as raças locais e sobre indicação geográfica), e quando a resposta era inconsistente (como em:
“raça local é o Nelore que vive solto no Pantanal”), foi considerado pelo entrevistador que não havia conhecimento
sobre o assunto e a resposta foi tabulada como resposta negativa. A seguir, havia um texto padrão explicando
sobre raças locais e sobre indicação geográfica (respectivamente a cada pergunta), que era lido para todos,
independentemente de a resposta ter sido afirmativa ou negativa. Também havia uma seção similar a respeito do
conhecimento de carne orgânica de forma geral (ou seja, não especificamente relacionada com raças locais), mas
os resultados referentes à carne orgânica não eram o foco principal da pesquisa e não serão tratados neste texto.
182
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
1
Tabela 1. Caracterização da amostra de consumidores, preferências e comportamento de consumo de carnes .
Características do
consumidor
A
Gênero
Masculino
Feminino
Renda familiar
2
(SM)
Acima 20 SM
De 10 a 20 SM
De 4 a 10 SM
De 2 a 4 SM
Até 2 SM
Comportamento de
3
consumo
Carnes
consumidas pela
família
Bovina
Frango
Peixe
Suína
Ovina
Outras
Frequência de
consumo de carne
bovina
Diariamente
1 vez por semana
2 vezes por semana
3 vezes por semana
4 vezes por semana
5 vezes por semana
Frequência
(%)
B
47,6%
52,4%
5,3%
20,8%
43,1%
21,1%
9,7%
Frequência
(%)
Características do
consumidor
Frequência
(%)
Idade
Menos de 20 anos
De 20 a 29 anos
De 30 a 39 anos
De 40 a 49 anos
De 50 a 59 anos
De 60 a 69 anos
70 anos e mais
0,9%
10,2%
23,3%
25,3%
25,6%
8,4%
6,4%
Ocupação
Profissional liberal
Profis. nível técnico
Serviços gerais
Comerciante
Aposentado
Do Lar
Funcionário público
Professor / estudante
22,0%
18,8%
13,8%
11,3%
9,8%
9,5%
8,7%
5,5%
100,0%
75,2%
52,9%
43,5%
20,2%
2,6%
Comportamento de
3
consumo
Carnes preferidas
pela família
Bovino
Frango
Peixe
Suíno
Ovino
4
Outras
35,6%
2,9%
8,7%
21,6%
16,6%
11,7%
Quantidade
consumida de carne
5
bovina por semana
Até 1 kg por semana
De + 1 kg até 2 kg
De + 2 kg até 3 kg
De + 3 kg até 4 kg
De + 4 kg até 5 kg
Acima de 5 kg/sem.
Frequência
(%)
69,2%
11,0%
3,7%
1,2%
0,6%
14,4%
9,2%
20,9%
19,9%
11,7%
13,6%
24,6%
Características do
consumidor
C
Frequência
(%)
D
Escolaridade
Fundam. incompleto
Fundam. completo
Médio incompleto
Médio completo
Superior incompleto
Superior completo
Pós-graduação
7,8%
6,3%
6,0%
26,8%
10,7%
34,3%
7,5%
Pessoas na
residência
1 pessoa
2 pessoas
3 pessoas
4 pessoas
5 pessoas
Mais de 5 pessoas
4,0%
15,2%
21,7%
33,9%
16,5%
8,7%
Comportamento de
3
consumo
Estabelecimento
onde compra carne
Supermercado
Açougue
Mercadinho
Mercado público
Outros
Múltiplos estabelecim.
Fatores importantes
para comprar carne
6
bovina
Qualidade do produto
Qual. do estabelecim.
Aspecto do produto
Preço do produto
7
Outros
Frequência
(%)
25,8%
25,5%
10,4%
3,8%
2,4%
32,1%
33,8%
28,5%
20,2%
4,9%
12,6%
Notas: 1 Algumas somas não totalizam 100% devido a condições não listadas na Tabela por sua pequena porcentagem e/ou a ausência de
respostas (exemplo: em Escolaridade: sem estudo = 0,6%).
2 SM = salário mínimo; na época da pesquisa, 1 SM = R$ 622,00.
3 Comportamento de consumo com as questões e as opções de resposta.
4 Outras: não tem preferência, prefere mais de um tipo, não respondeu.
5 Calculado com base no total de respostas (316).
6 Calculado com base no total de respostas (263).
7 Outros: apresentação e embalagem; praticidade; preço e qualidade (do produto e do estabelecimento); etc.
Tabela 2. Fatores que influenciam a decisão de compra de carne bovina, em %.
Qualidade
da carne
Local da
compra
Preço da
carne
Origem
do
animal
Cuidados
ambientais
Forma de
criação
Forma de
abate
Maior
93,7
73,4
63,5
36,6
36,7
28,9
28,7
Intermediária
3,0
17,9
26,3
18,9
19,8
18,2
18,3
Menor
3,3
8,8
10,2
44,4
43,5
52,8
53,0
Total de respostas
(nº)
333
319
323
322
313
318
317
Importância
Nota: Percentuais calculados sobre o total de respostas.
183
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 3. Principais razões para comprar carne bovina de raça local com origem geográfica, frequência com que
ocorreria consumo caso o produto estivesse disponível e disposição a pagar por carnes diferenciadas.
Razão para comprar
carne com IG
Pela qualidade do
produto
Para incentivar e
valorizar produto local
Por ser um produto
saudável
Para experimentar
Depende do preço
%
31,2
Frequência de
consumo de carne
diferenciada
Mais de uma vez por
semana
%
Percentual que
pagaria a mais por
carne diferenciada
%
33,2
Até 5% a mais
13,8
15,6
Depende do preço
13,9
Até 10% a mais
20,8
14,3
Semanalmente
12,8
Até 15% a mais
7,1
7,8
Mensalmente
9,6
Até 20% a mais
11,7
6,5
Quinzenalmente
7,0
Acima de 20% a mais
8,8
1
Pelo sabor
3,8
Mesma frequência
7,0
Total de pagantes
62,1
Outros
14,3
6,4
Não pagaria
37,9
Não sabe
6,5
10,2
-
Total (nº de
respostas)
77
Eventualmente
Não sabe / não
comeria
Total (nº de
respostas)
187
Total (nº de
respostas)
1
240
Mesma frequência de consumo da carne convencional.
Conclusões
Os consumidores reconhecem a indicação geográfica em carnes como um indicador de qualidade e
mostram-se dispostos a pagar mais por essa diferenciação, inclusive quando ela provém de raças bovinas locais,
atribuindo também valor a produtos de origem local. Apesar disso, o conhecimento e as exigências relacionadas à
qualidade de carnes com indicação geográfica não confirmam este reconhecimento, já que um percentual
significativo de consumidores pouco sabe sobre diferenciação de carnes e sobre raças bovinas locais.
Há, portanto, necessidade de fornecer também informação de qualidade sobre esses produtos aos
consumidores. Por outro lado, aqueles que realmente possuem conhecimento sobre essas características, as
associam à qualidade, saúde e ausência de resíduos químicos e hormônios.
O prêmio que os consumidores estão dispostos a pagar pela carne diferenciada indica que é possível
direcionar este produto para nichos de mercado e agregar valor à carne com indicação geográfica. É possível
fazer isso inclusive com carnes de raças bovinas locais, o que pode significar um passo importante na
manutenção dessas raças, ameaçadas de desaparecerem.
Referências
BRANDÃO, F. S. Percepções do consumidor de carne com indicações geográficas. 2009. 77f. Dissertação
(Mestrado em Agronegócios) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Centro de Estudos e Pesquisas em
Agronegócios. Porto Alegre.
BRANDÃO, F.S.; CEOLIN, A.C.; CANOZZI, M.E.A.; RÉVILLION, J.P.P.; BARCELLOS, J.O.J. Confiança e
agregação de valor em carnes com indicação geográfica. Arquivos Brasileiros de Medicina Veteterinária e
Zootecnia, v.64, n.2, p.458-464, 2012.
DELGADO, E. F.; AGUIAR, A. P.; ORTEGA, E. M. M. et al. Brazilian consumers’ perception of tenderness of beef
steaks classified by shear force and taste. Scientia Agricola, v.63, p.232-239, 2006.
NERI, M. C. (Coord.). A nova classe média: O lado brilhante dos pobres. Rio de Janeiro: FGV/CPS. 2010. 149p.
PINHEIRO, M. C.; GOMES, F. E.; LOPES, G.N. Perfil e preferência de consumo da carne bovina na cidade de
Boa Vista – RR. Revista Agroambiente On-line, v.2, n.1, 2008.
184
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Permacultura em criação de galinha caipira no Mato Grosso
1
2
3
Antonio Rodrigues da Silva , Regiani Chagas Lopes Meira , Gustavo Severino Camilo , Tatiane Nascimento
4
5
Silva , Sandie Souza
Atualmente a criação de aves caipiras é uma das atividades produtivas que pode oferecer oportunidades para
os pequenos produtores da região sul de Mato Grosso, levando-se em consideração que esta atividade possui
características sustentáveis. Para a produção de ovos e carnes, o a utilização de produtos da própria
propriedade como folhas, frutos, raízes, tubérculos e sementes oriundos da hortifruticultura, sendo esta uma
boa forma de se reduzir custos no que se refere à aquisição de ração comercial (concentrada). O mercado
para essa atividade é bem promissor, pois a demanda é maior em comparação à oferta. Além disso, a
comercialização é feita diretamente entre produtor e consumidor, cujos os preços serem satisfatórios para
ambas as partes. Essa atividade tem como características a utilização de mão de obra familiar, com
participação da mulher e filhos facilitando no manejo, utilização de pequena área de terra e seus produtos
carne e ovos de excelente qualidade. Para o sucesso da criação deve-se ter acompanhamento zootécnico
para que as instalações sejam adequadas ao conforto e sanidade dos animais, esquemas de vacinações,
qualidade da água, cuidados com os pintos, reprodução dentre outras medidas que venham garantir a saúde
dos animais em cada fase, chegando assim em um produto idôneo para consumo tanto do produtor como para
seus consumidores. Para garantir essa idoneidade foram realizados acompanhamentos em algumas
propriedades que após a observação do manejo alimentar, sanitário, condições das instalações e cuidados em
cada fase de vida dos animais é que foram progamadas visitas pré-agendadas para prática da extensão e
assistência zootécnica. Ocorreu um aumento significativo na produção, com destaque em maior quantidade de
animais terminados em pesos adequados, consequentemente uma melhor relação benefício/custo. A
orientação ao pequeno produtor foi de grande valia pois foi possível observar um aumento da lucratividade,
além de possibilitar amplo conhecimento da permacultura nas propriedades rurais de modo racional. As
instalações foram submetidas a algumas modificações respeitando a densidade populacional, mantendo-se as
aves soltas em áreas cercados de baixo custo. Foi possível separar os animais por fases para melhorar o
manejo. Com a adoção das técnicas recomendadas foi possível observar uma melhor conscientização sobre a
importância da qualidade da água e maior número de ninhos em quantidade suficiente, disponibilizados em
locais de fácil acesso, bem como uma redução no desperdício de ração. Com base na sanidade ocorreu
melhor controle de pragas, eliminando-se os entulhos na propriedade, evitando assim a incidência de doenças
e consequente redução na mortalidade já que não fazem o uso de vacinas de acordo com a idade dos
animais, já que os proprietários utilizam apenas medicamentos quando necessários. No quesito reprodução
teve um acréscimo no numero de reprodutores, onde foram introduzidos galos de outras propriedades para se
evitar endogamia. Devido ao tradicionalismo, a incubação natural, isso é, ovos chocados pelas próprias
galinhas, favoreceu de forma significativa para o nascimento de pintinhos. Para o fornecimento de alimentos,
foram sugeridas quantidades corretas e modo de fornecimento adequados, sendo um trato pela manha e um
pela tarde acompanhados de gramíneas, cascas e resíduos de ortifruti a vontade, possibilitando assim a
eficiência no consumo e melhor desenvolvimento. As vendas aumentaram porque os animais apresentavam
boa aparência, mais saúde, maiores pesos e a comercialização era realizadas no próprio sitio, sem a
necessidade de transportar os animais até feiras livres das cidades de Rondonópolis e Pedra Preta-MT. Com a
mudança no manejo, foi possível observar uma melhora na qualidade em produtos finais, gerando maiores
lucros e com esta mudança racional despertou o interesse dos vizinhos em aprender e aplicar os fundamentos
zootécnicos em suas criações, buscando o mesmo propósito e visando maior sustentabilidade na
permacultura.
1
Professor do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78735-901, Rondonópolis, MT ([email protected])
Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78800-000, Poxoréo, MT ([email protected])
3
Acadêmico do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78780-000, Alto Araguaia, MT ([email protected])
4
Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78700-000, Rondonópolis, MT ([email protected])
5
Acadêmica do Curso de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso, 78800-000, Rondonópolis, MT ([email protected])
2
185
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Relação entre a profundidade e as formas de vida de macrófitas em diferentes ambientes
do rio Paraguai1
2
3
Damião T. de Azevedo , Danielle B. Borges², Jacqueline A. Rotta², Alexan dre Ferraro², Suzana N. Moreira ,
4
Edna Scremin-Dias
O rio Paraguai nasce em território brasileiro e sua bacia hidrográfica abrange área de 1.095.000 km², com 34% no
Brasil e demais áreas nos territórios da Argentina, Bolívia e Paraguai. A bacia hidrográfica do Alto Paraguai (BAP)
compreende 4,3% do território brasileiro, com 51,8% em Mato Grosso do Sul e 48,2% em Mato Grosso, sendo
dividida em duas grandes regiões fisiográficas, o Pantanal ou Planície Pantaneira, e o Planalto. As áreas
alagáveis do Pantanal, são favoráveis ao estabelecimento de muitas plantas aquáticas em diversos ambientes,
ocorrendo em rios, corixos, vazantes, baías (lagoas), lagoas de meandro, brejos, campos alagáveis e em caixas
de empréstimo. Nesses ambientes, as macrófitas aquáticas são importantes na cadeia trófica, fornecendo abrigo a
peixes, insetos, moluscos, entre outras espécies de fauna e perifíton. A estimativa de espécies de macrófitas
aquáticas para Região Neotropical é de 984 espécies, referida como a maior diversidade deste grupo de plantas
no planeta. Inventários conduzidos até o momento apontam 280 espécies para o Pantanal, distribuídas entre os
grupos das algas macroscópicas, hepáticas, pteridófitas e em maior riqueza, as angiospermas. De acordo com a
forma de vida, as macrófitas podem ser classificadas em flutuantes livres, flutuantes fixas, submersas, emergentes
e anfíbias. O tamanho e diversidade morfológica de macrófitas aquáticas é bastante variável e, no Pantanal,
ocorre desde a menor angiosperma (Wolffia brasiliensis Wedd.) até a de maior tamanho (Victoria amazonica
(Poepp.) Sowerby), registradas na literatura. O objetivo deste trabalho foi observar se há influência da
profundidade na distribuição das diferentes formas de vida de plantas aquáticas, comparando ambientes lóticos e
lênticos de um trecho do rio Paraguai. Foram percorridos cerca de 300 km descendo o Rio Paraguai, partindo da
cidade de Corumbá-MS até Porto Murtinho-MS, sendo as coletas realizadas em cinco pontos distintos ao longo do
Rio – Forte Coimbra (área 1), Baía Negra (área 2), Foz do Nabileque (área 3), Forte Olimpo (área 4) e Feixe dos
Morros (área 5) – em meandros, lagoas e corixos. Em cada área amostral foram traçados transectos da borda da
vegetação em direção à parte interna da população de macrófitas, e lançadas parcelas de 0,5m x 0,5m. Em cada
parcela foram amostradas e identificadas todas as espécies presentes, medidas a profundidade e a transparência
com o auxílio de disco de Secchi. Foram amostrados 18 transectos, totalizando 235 com área amostral de
58,75m². As formas de vida foram classificadas conforme a literatura de referência para este grupo de plantas, e
as espécies coletadas foram identificadas e depositadas no Herbário CGMS. Foram inventariadas 51 espécies,
classificadas em quatro formas de vida: emergente (33), flutuante livre (16), flutuante fixa (4) e epífita (1). A
relação da forma de vida com a profundidade evidenciou haver predomínio das espécies flutuante livre entre as
classes de 1 a 2m, 2 a 3m, e 3 a 4m. As emergentes tiveram pequeno predomínio na classe 0 a 1m, porém
decaíram em maiores profundidades (4 a 5m) assim como as flutuantes livre. Acredita-se que esse fato esteja
relacionado, também com outros fatores, como temperatura e condutividade, e não apenas com a profundidade da
água ser propícia para a colonização de tais espécies, além de outros fatores físico-químicos. Além disso,
espécies flutuantes livres podem ocorrer a qualquer profundidade, haja vista suas partes fotossintetizantes
estarem acima da lâmina d’água e não terem restrições no alongamento dos pecíolos. A espécie epífita,
Oxycaryum cubense (Poepp. & Kunth) Palla, só esteve presente em duas parcelas sobre dois indivíduos de
Salvinia auriculata Aubl., característica comum para o estabelecimento desta espécie em populações flutuantes de
macrófitas. Relacionando as formas de vidas com as áreas coletadas, a área 1, caracterizada pela correnteza
forte e grandes profundidades, as espécies flutuantes livres e emergentes foram as formas de vida dominantes; na
área 2, com menor correnteza e grandes profundidades, as emergentes tiveram maior dominância; na área 3
caracterizado por ser ambiente lêntico, também apresentou predomínio de plantas emergentes, e grande
presença de plantas flutuantes livre. Para a área 4, um meandro abandonado, e ambiente lêntico, destacou a
presença da Nymphaea oxypetala, espécie flutuante fixa, além de espécies flutuantes livre e, para a área 5,
meandro formado por um braço do rio que circunda morro, e apresenta correnteza branda, destacou-se a
presença de plantas emergentes. As características ambientais como profundidade e presença de correnteza
influenciam na composição da estrutura da vegetação aquática no rio Paraguai.
1
Parte dos resultados de disciplina de campo do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – UFMS, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - Cidade
Universitária s/n - Caixa Postal 549, Campo Grande, MS ([email protected])
Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – UFMS ([email protected]; [email protected]; [email protected],
[email protected])
3
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – UFMG ([email protected])
4
Prof.ª Dr.ª do Programa de Pós-Graduação em Biologia Vegetal – UFMS ([email protected])
2
186
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Relato da ocorrência de Moluscos Bivalves Invasores da espécie Corbicula fluminea
(Müller, 1774) em uma Lagoa de Meandro Abandonado no Município de Aquidauana/MS.
1
Eron Marques Barbosa , Ricardo Henrique Gentil Pereira
2
O objetivo deste trabalho era inicialmente investigar, a ocorrência e distribuição de moluscos bivalves e
gastrópodes em duas lagoas de meandro abandonado no município de Aquidauana, visando desta forma
conhecer a malaco-fauna da região, pouco citada na literatura. As coletas foram realizadas em seis pontos
amostrais em quatro visitas ao longo do ano de 2012 e os exemplares foram coletados manualmente com o auxilio
de um puçá de 0,30mm de malha. Foram utilizados ainda: uma Draga (busca fundo) de Pitersen modificada (3
litros), uma Draga (busca fundo) de Van Veem, um quadrante de 1m² e uma Sonda multi parâmetro tipo HANNA
para coleta dos dados físico-químico da água. Os moluscos coletados foram medidos e identificados, e o resultado
demonstra a ocorrência de oito táxon diferente distribuído em: quatro espécies de moluscos bivalves nativos da
América do Sul, pertencentes a duas Familias; Mycetopodidea: Anodontites trapesialis (LAMARK, 1819),
Anodontites elongatus (Swainson, 1823), e Mycetopoda siliquosa (Spix, 1827), e a família Sphaeridea: moluscos
do gênero Eupera sp (Bourguinat, 1854). Durante o estudo foi constatado pela primeira vez na região a presença
de moluscos exóticos invasores, um bivalve, da espécie Corbicula fluminea (Müller, 1774), e um gastrópode da
espécie Melanoides tuberculata (Müller, 1774); bem como o registro da presença de moluscos gastrópodes
nativos: das famílias Ampullaridae e Planorbiidae, neste trabalho foram coletados ao todo 475 indivíduos As
lagoas deste estudo estão localizadas à margem direita do rio Aquidauana, possuem características morfológicas
semelhantes, porém com acentuadas diferenças na diversidade de espécie e nas condições físicas e químicas da
água. A primeira lagoa é denominada Lagoa do Ismael, localizada próxima ao centro urbano do município, entre
os paralelos Lat. 20°28’09,15”S a 20°28’14,27”S e e ntre os meridianos Lat. 55°49’32,06”W a 55°49’24,67 ”W. A
segunda lagoa estudada é denominada Lagoa da Volta Grande por se encontrar dentro da Fazenda Volta Grande
no município de Aquidauana, foi formada recentemente, há cerca de 10 anos, e está localizada entre os paralelos
Lat. “20°28’09,15”S a 20°28’14,27”S e entre os meri dianos Lat. 55°49’24,67”W a 55°49’32,06”W. As invas ões
biológicas estão adquirindo importância cada vez maior, pelos problemas de ordem sanitária e econômicos
causados e principalmente pelos impactos ecológicos. Através dos dados coletados conclui-se que apesar de sido
encontrada na Lagoa da Volta Grande o molusco invasor C. fluminea, até o momento a espécie não conseguiu se
estabelecer no ambiente, pois não foram coletados indivíduos vivos (com parte mole), os exemplares coletados
possuem aproximadamente 4 cm de comprimento, que são grandes para esta espécie em relação ao tamanho
das conchas coletadas e relacionadas na literatura, constatou-se então que são indivíduos adultos. Estima-se que
mais lagoas localizadas no município de Aquidauana contenha o C. fluminea e pela singularidade dos dados
propõe-se que mais estudos devem ser realizados em maior número de lagoas para um diagnóstico da situação
atual de infestação da espécie na região.
1
2
Licenciado em Biologia pelo curso de Ciências Biológicas UFMS Campus de Aquidauana, Aquidauana, MS ([email protected])
Professor do Curso de Ciências Biológicas UFMS Campus de Aquidauana, Aquidauana, MS (Orientador) ([email protected])
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Rendimento do óleo essencial de Melissa officinalis L. em diferentes tempos de
extração1
2
3
4
5
Mayara Santana Zanella , Alexandre do Amaral , Edmar Sebastião de Arruda , Rosaina Cuiabano Reis ,
6
7
Tayrine Pinho de Lima Fonseca , Aurélio Vinicius Borsato
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar o rendimento do óleo essencial de Melissa officinalis L.
em diferentes tempos de extração. M. officinalis é uma planta originária do Mediterrâneo e da Ásia, da família
Lamiacea que possui, entre as várias atividades farmacológicas conhecidas, a atividade antiviral contra o vírus do
herpes simples. Folhas de M. officinalis foram coletadas na unidade demosntrativa de plantas medicinais,
aromáticas e condimentares da Embrapa Pantanal, em Corumbá MS, e trazidas ao Laboratório de Prospecção de
Plantas Medicinais da Embrapa Pantanal, Corumbá-MS, selecionadas, secas em estufa a 40ºC e acondicionadas.
As amostras foram então submetidas ao processo de hidrodestilação, por meio de aparelho do tipo Clevenger,
utilizando-se, para cada repetição 40g de folhas desidratadas e 800mL de água destilada, em balão de fundo
redondo. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado com três tratamentos (tempos de extração de 3h,
4h e 5h) e quatro repetições. O rendimento médio de óleo essencial de folhas de M. officinalis foi de 1,4, 1,7 e 2,4,
em base seca, após 3h, 4h e 5h, respectivamente. Conclui-se que o tempo para se obter o maior rendimento é de
5h. Outros estudos estão em andamento para avaliar a composição química do óleo essencial em função do
tempo de extração.
Palavras–chave:Erva-cidreira; hidrodestilação; planta medicinal
1
Yield of essential oil of Melissa officinalis L. in different extraction times
Abstract: The present work aimed to evaluate the yield of essential oil of Melissa officinalis L. in different times of
extraction. M.officinalis is a plant native to the Mediterranean and Asia, Lamiacea which has, among the various
pharmacological activities known antiviral activity against herpes simplex virus. M. officinalis leaves were collected
in the Units demosntrativas of medicinal plants, aromatic and spice da Embrapa Pantanal, em Corumbá MS, and
brought to Prospecting Laboratory of Medicinal Plants da Embrapa Pantanal, Corumbá-MS, selected, dried at 40 °
C and packed. The samples were then subjected to steam distillation process, by Clevenger type apparatus, using
for each repetition, 40g of dried leaves and 800 mL of distilled water in a round bottom flask. The design utilized
was a completely randomized design with three treatments (extraction time 3h, 4h and 5h) and four replications.
The average yield of essential oil from leaves of M.officinalis was 1.4, 1.7 and 2.4, on dry basis, after 3h, 4h and
5h, respectively. It was concluded that the time for obtaining the highest yield is 5h. Other studies are underway to
evaluate the chemical composition of the essential oil as a function of extraction time.
Keywords: Erva-cidreira; hydrodistillation; medicinal plant
Introdução
Originária da região Sul da Europa, a erva-cidreira (Melissa officinalis L., Lamiaceae) também é conhecida
pelos nomes populares de cidrilha e melitéia. É uma erva perene, de caule de secção quadrangular; folhas
opostas ovais, verde-claras, brilhantes e denteadas. Os constituintes químicos principais são o tanino e o óleo
essencial. A erva-cidreira é calmante, digestiva, carminativa, antiespasmódica e antinevrálgica. É usada para o
tratamento de insônia, problemas nervosos e feridas e atua ainda como hipotensor. É aromatizante na culinária e
em licores (MARTINS et al., 2000). Dentre as espécies apícolas, algumas também são aromáticas, cujos óleos
essenciais são muito utilizados como bactericidas, inseticidas, fungicidas, por conter propriedades analgésicas,
antiinflamatória, anti-sépticas e antimicrobianas (GUENTHER, 1972).
1
Atividade vinculada ao Macroprograma 6, Embrapa
Acadêmica de Ciências Biológicas da UFMS- CPAN Bolsista PIBIC/CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
3
Agricultor, Assentamento Tamarineiro II Sul, lote 189, Caixa Postal 109, 79330-060, Corumbá, MS ([email protected])
4
Acadêmicos de Ciências Biológicas da UFMS- CPAN, Bolsista IEX da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
5
Acadêmica de Geografia da UFMS- CPAN, Bolsista PIBIC/CNPq e Bolsista MP2 da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá,
MS ([email protected])
6
Acadêmica de Geografia da UFMS- CPAN, Bolsista IEX, e Bolsista MP2 da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
7
Engenheiro Agrônomo e Pesquisador, da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected] )
2
188
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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A Embrapa Pantanal implantou unidades demonstrativas em parceria com a Infraero (Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária - Superintendência de Corumbá-MS – Projeto Social “o amanhã em nossas mãos”),
com o intuito de oferecer à comunidade local treinamentos e capacitações em produção, manejo e
comercialização de plantas medicinais, condimentares e aromáticas. Algumas das espécies cultivadas tem sido
foco de pesquisa voltada, principalmente, a propagação, manejo e extração de óleo essencial de espécies nativas
e adaptadas de maior importância paraa região(BORSATO et al., 2010).
Os níveis de rendimento dos óleos essenciais podem ser influenciados por uma série de fatores, dentre eles
o tempo de hidrodestilação utilizado para a extração do óleo essencial, que pode gerar significativas alterações na
obtenção dos óleos essenciais. A disponibilidade de trabalhos que avaliam o rendimento do óleo essencial em
Melissa officinalis varia de acordo com a variável analisada. Porém há poucos trabalhos que avaliam o tempo de
hidrodestilação na obtenção do óleo essencial da M. officinalis.
O presente trabalho tem como objetivo avaliar o rendimento do óleo essencial da Melissa officinalis L. em
diferentes tempos de extração, pois a indicação do melhor tempo de extração proporciona o maior aproveitamento
pós-colheita desta espécie apresentando a melhor qualidade do óleo essencial com o mínimo de perdas.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Laboratório de Prospecção de Plantas Medicinais da Embrapa Pantanal,
Corumbá-MS. Folhas da erva-cidreira (M.officinalis) foram coletadas na unidade demosntrativa de plantas
medicinais, aromáticas e condimentares da Embrapa Pantanal, em Corumbá MS (Figura 1).
.
Figura 1. Unidades demonstrativas da Embrapa Pantanal em parceria com a INFRAERO (Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária - Superintendência de Corumbá-MS – Projeto Social “O amanhã em nossas mãos”)
As amostras utilizadas para este experimento foram coletadas no período da manhã devido maior
concentração de óleo essencial durante o período matutino (MARTINS, 1998). O material foi armazenado em
sacos de papel Kraft, identificados, pesados e colocados para secar em estufas de circulação de ar forçado,
reguladas para a temperatura de 40ºC, correspondente, a um período de 24 horas. Após a secagem o material foi
pesado em balança analítica, determinando-se sua massa seca.
Para a extração do óleo essencial utilizou-se 40g de amostra (folhas) em cada repetição. O óleo essencial
foi extraído pelo processo de hidrodestilação, por meio de aparelho do tipo Clevenger, adaptado com balão de
fundo redondo com capacidade de 800mL, por um período de 3, 4 e 5 horas. O óleo essencial obtido durante a
hidrodestilação foi armazenado em frasco âmbar, e mantido no freezer a uma temperatura de-15ºC
189
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Resultados e Discussão
Os tempos utilizados para a hidrodestilação influenciam significativamente no rendimento do óleo essencial
da erva-cidreira (M. officinalis). Os valores máximos do rendimento do óleo essencial em base seca foram obtidos
durante o terceiro tempo de extração (5h) sendo este 2,4% em base seca, os outros valores obtidos foram de
1,4%, 1,7% extraidos em 3h e 4h respectivamente. Foi observado durante este experimento que no rendimento do
óleo essencial da erva-cidreira (M. officinalis L.) ocorre significativas mudanças, quando se observa os tempos de
hidrodestilação ao qual se submetem as amostras analisadas (Figura 2).
Figura 2. Rendimento do óleo essencial em base seca de Melissa officinallis L. em diferentes tempos de
hidrodestilação.
As amostras analisadas apresentaram resultados distintos em cada tratamento utilizado. No experimento
realizado para determinação do tempo de máxima extração de óleo essencial de menta demonstrou que após 60
minutos de hidrodestilação em aparelho de Clevenger obteve-se um teor de 0,5 mL e ocorre estabilização
(OLIVEIRA et al., 2012). Para a estabilização do rendimento do óleo essencial da M.officinalis o tempo encontrado
foi o de 5h, sendo este superior ao encontrado por Ehlert et al. (2006), para outras espécies medicinais: 130
minutos de extração para Cymbopogon citratus, 150 minutos para as espécies Cymbopogon winterianus,
Aristolochia sp, Hyptis pectinata e Hyptis fruticosa, 160 minutos para Lippia sidoidese 230 minutos para
Eucalyptus globulus.
O óleo essencial obtido a partir de folhas de erva-cidreira extraídas em diferentes tempos de hidrodestilação
está sendo analisado em laboratório da UFPR quanto a sua composição química (quantitativa e qualitativa).
Outros estudos, com enfoque agroecológico, estão sendo desenvolvidos na região de Corumbá-MS de modo a
avaliar as melhores condições de cultivo, manejo e coleta de plantas medicinais, aromáticas e condimentares.
Conclusões
Conclui-se que para folhas de M.officinalis (erva-cidreira) obtém-se maior rendimento de óleo essencial sob 5h de
hidrodestilação, por meio de aparelho do tipo Clevenger.
190
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Agradecimentos
Ao PIBIC/CNPq pela concessão da bolsa; à Embrapa Pantanal pela oportunidade de realização do presente
estudo. A Infraero (Superintendência de Corumbá-MS). Ao macroprograma 6, pelo financiamento.
Referências
BORSATO, A. V.; JORGE, M. H. A.; MELO, M. C. DE.; RAVAGLIA, E.; JESUS, S. de; BENICIO, S. J.; RONDON,
R. dos S. Unidades demonstrativas de plantas medicinais, aromáticas e condimentares da Embrapa Pantanal, em
Corumbá, MS. Cadernos de Agroecologia, v. 5, n.1, 2010.
EHLERT PAD; BLANK AF; ARRIGONI-BLANK MF; PAULA JWA; CAMPOS DA; ALVIANO CS. Tempo de
hidrodestilação na extração de óleo essencial de sete espécies de plantas medicinais. Revista Brasileira de
Plantas Medicinais, v.8, p. 79-80. 2006.
GUENTHER, E The Production of Essential Oils. In. The essential oils. New York: d.Van Nostrand Co. v.1,
p.87-226, 1972.
MARTINS, E.R. et al. Plantas medicinais. Viçosa, MG:UFV, 2000. p.136-137.
OLIVEIRA, Ariana RMF et al. Determinação do tempo de hidrodestilação e do horário de colheita no óleo
essencial de menta. Hortic. bras, v. 30, n. 1, 2012.
191
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Saturação por alumínio e sua variabilidade espacial em uma “cordiilheira” no Pantanal
Norte Mato-Grossense
1
1
1
2
Jackline Arantes Faria , Raimisson de Oliveira Dias , Dione Castro , Luciano Marques Godoy , Léo Adriano
3
4
Chig , Eduardo Guimarães Couto
Resumo: A área analisada situa-se em uma formação geomorfológica denominada de Cordilheira, que são muito
comuns na região do Pantanal. Tendo em vista tamanha importância para a biodiversidade no Pantanal, é de
extrema necessidade que se conheça a distribuição de atributos químicos destes solos, como é o caso da
+3
saturação por alumínio (m%), pois este pode representar a proporção de alumínio (Al ), que no solo pode ser
considerado como inimigo numero um de todas as culturas. Com o objetivo de verificar a variabilidade espacial em
relação à saturação de alumínio, este estudo foi realizado em uma área sob cordilheira (paleodiques) inseridas no
Pantanal Mato-grossense, localizadas na sub-região de Poconé (MT), tendo como critério de seleção a vegetação
local, com predominância de cerrado mesotrófico e presença de (Carvoeiro) Callisthene fasciculata Mart. Com
2
uma área de 0,6 ha (6.000 m ) com seus limites georreferenciados, as amostras foram coletadas em esquema de
malha fixa de 10 x 10 metros nas profundidades de 0 a 20 cm e 40 a 60 cm, num total de 60 pontos amostrados.
Constatou-se que o uso da técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da
saturação por alumínio em toda a cordilheira em ambas as profundidades estudadas, e que também há uma
moderada a forte dependência espacial quanto à saturação por alumínio no solo na cordilheira, o que pode estar
correlacionado com a presença e distribuição da população de carvoeiro no local.
Palavras–chave: teor de alumínio, carvoeiro, geoestatística, solos do pantanal, semivariograma
Saturation in aluminum and its spatial variability on a paleoleeve in the Pantanal of Mato Grosso
Abstract: The study area is situated in a geomorphological called Range, which is very common in the Pantanal
region. In view of such importance for biodiversity in the wetland is of utmost necessity knowing the distribution of
soil chemical attributes , as in the case of aluminum saturation (m%), as this may represent the ratio of aluminum
+3
(Al ), which in soil can be regarded as the number one enemy of all cultures. In order to check the spatial
variability in relation to aluminum saturation , this study was conducted in an area under cordillera (paleodiques)
inserted in the Pantanal, located in the subregion of Poconé (MT) , with the selection criteria local vegetation ,
predominantly savannah mesotrophic and presence Carvoeiro (Callisthene fasciculata Mart ). With an area of 0.6
2
ha ( 6,000 m ) with its limits georeferenced samples were collected in scheme fixed mesh of 10 x 10 meters depths
0-20 cm and 40-60 cm, a total of 60 sample points. It was found that the use of the technique of geostatistics
enabled a precise description of the natural variability of aluminum saturation across the ridge in both layers and
also that there is a moderate to strong spatial dependence on the aluminum saturation in the soil in the Andes,
which can be correlated with the presence and distribution of the population of Collier on site.
Keywords: aluminum content, collier, geoestatistics, wetland soils, semivariogram
Introdução
O Pantanal Mato-grossense é uma das maiores planícies alagadas do mundo, possuindo grandes terras
inundáveis, sendo caracterizado como intensos depósitos de sedimentos, onde se encontra presente uma bacia
sedimentar quaternária recente e tectonicamente ativa. O mesmo é localizado na Bacia Hidrográfica do Alto do
Paraguai, possuindo uma área de 138.183 km². Sendo provida de diferentes habitats com uma gama de
diversidade animal, vegetal e de solos.
1
Estudante de Agronomia da Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100, 78065-900,Cuiabá, MT
([email protected]; [email protected]; [email protected])
2
Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100,
78065-900, Cuiabá, MT ([email protected])
3
Professor Doutor da Universidade de Cuiabá, Pesquisador do Instituto Nacional de Áreas Úmidas. Av. Manoel José de Arruda n° 3.100, 78065-900,
Cuiabá, MT ([email protected])
4
Prof. Dr. Associado de Ciência do Solo, DSER/FAMEV/UFMT, Av. Fernando Corrêa, s/n, Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá, MT
([email protected])
192
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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A produção nesta área, desperta interesses, pois a mesma armazena e reciclam nutrientes, os quais são
arrastados pelo processo de erosão superficial (laminar, suco ou voçorocas) de altitudes superiores e depositados
ali. Deste modo explica-se a abundância de seres Bióticos e Abióticos na região. Tendo em vista essa
heterogeneidade a paisagem do Pantanal se apresenta relacionada às variadas facetas geomórficas; com isso
condicionada as variações climáticas, geram uma grande variedade de modelagem da superfície; dentre elas
estão presentes as formas positivas (soerguimentos ou elevações) e as formas negativas (depressões ou
rebaixamentos) tudo em relação ao relevo da região e/ou do local.
Neste contexto as Cordilheiras são lugares de pequenas elevações (variando de 1 a 6 m de altura) em
forma de cordões, que constituem a topografia mais elevada da paisagem (forma de relevo positivo), onde a
inundação ocorre somente em casos excepcionais, tendo desejáveis características químicas e físicas dos solos.
Possuindo ocorrências marcantes de solos eutróficos das classes formadas de Planossolos e Luvissolos.
Dentre as características químicas do solo está presente a Saturação por alumínio (m%), pois o alumínio no
solo é considerado o inimigo número um de todas as culturas. O óxido de alumínio é um agente que contribui de
maneira eficaz na estrutura do solo tropical, sendo, portanto, altamente benéfico. Se o alumínio trocável não
ultrapassar determinada porcentagem dos cátions existentes na CTC efetiva (dependendo da textura do solo),
possivelmente não será maléfico, além disso, segundo Ronquim (2010) para se avaliar corretamente a toxidez por
alumínio deve-se calcular a saturação por Al (m%).
Dentro disso constata-se que nessa forma positiva de relevo, a química do solo é pouco estudada e com a
necessidade de estudo mais profundados dos solos do pantanal Mato-grossense; o objetivo deste trabalho foi de
verificar a variabilidade espacial no que diz respeito à saturação de alumínio em uma cordilheira no pantanal norte
mato-grossense.
Material e métodos
Este estudo foi realizado em uma área sob cordilheira (paleodiques) inseridas no Pantanal Mato-grossense,
localizadas na sub-região de Poconé (MT), tendo como critério de seleção a vegetação local, com predominância
de cerrado mesotrófico e presença de Carvoeiro (Callisthene fasciculata Mart.). O clima da região é classificado
como Aw (quente e úmido), com amplitude térmica é relativamente alta, com temperaturas entre 20 e 28ºC e as
2
-1
máximas ultrapassam a 40ºC. A radiação solar é intensa e perfaz 460 cal.cm .dia . Dentro da área em estudo foi
2
delimitada uma parcela de 0,6 ha (6.000 m ) e teve seu limite georreferenciado. Foram coletadas amostras de solo
em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros, nas profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm. Sendo ainda
descrito um perfil representativo do solo. As amostras de solo após secar ao ar e peneiradas foram analisadas,
para a determinação dos atributos químicos e físicos. A granulometria foi determinada pelo método do densímetro
-1
de Bouyoucos, após dispersão com NaOH 0,1 mol.L .
Além disso, foram determinados os atributos químicos e físicos das amostras coletadas nos perfis de
trincheira para a classificação pedológica. A análise estatística foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa, os
dados foram submetidos à análise da estatística clássica, onde foram determinados: o teste de homogeneidade da
variância, o teste de distribuição normal e estatística descritiva. Na segunda etapa, foi utilizada a análise
geoestatística para detecção de variabilidade espacial do objeto de estudo em um campo amostral. Utilizou-se o
estimador usual do semivariograma, onde neste trabalho, as coordenadas de campos (x e y) utilizadas foram as
coordenada UTM – “Universal Transversa de Mercator”, de cada ponto amostrado e o valor da variável (z) foi o
valor da Saturação por Bases e seus elementos estudados nas diferença de nível.
Para verificação da qualidade do ajuste do semivariograma aos dados experimentais foi utilizada a soma de
quadrados de resíduos (SQR) que é melhor modelo matemático de semivariograma, em seguida utilizou-se à
técnica de validação cruzada, para analisar o quão os dados estimados são semelhantes aos dados reais. A
interpretação da dependência espacial (DE) dos dados do atributo estudado foi feita através da proporção em
percentagem do efeito pepita (C0) em relação ao patamar (C0 + C1), e que de acordo com Cambardella et al.
(1994), apresenta a seguinte proporção: (a) dependência forte < 25%; (b) dependência moderada de 26 a 75%, e
(c) dependência fraca > 75%. Posteriormente, para interpolação dos dados utilizou-se a técnica de krigagem, para
que fossem gerados os mapas de isovalores dos atributos estudados.
193
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Resultados e Discussão
O solo da cordilheira foi classificado como LUVISSOLO HÁPLICO Órtico típico, apresenta uma
característica particular, ao qual, segundo Soares et al. (2006) está classe de solo pertence a extensões
inexpressivas e isoladas, remanescentes das áreas cuja formação geológica não diz respeito à Formação
Pantanal. Couto e Oliveira (2009) descrevem que na região do Pantanal, são apenas identificadas a Subordem
Argissolo Vermelho-Amarelo (ao qual apresentam cores vermelho-amareladas no matiz 5YR ou mais vermelho e
mais amarelo que 2,5YR, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B, inclusive BA), tendo sua fertilidade
variável. O critério de cor é bastante subjetivo uma vez que a variação de apenas uma unidade de valor e/ou
croma pode mudar a classe dos solos ao nível de ordem, de Planossolo para Argissolo.
Dentro de cada área estudada foi observada uma diferença de nível de no máximo 30 cm. Couto e Oliveira
(2008) descrevem que as diferenças de relevo, mesmo em poucos centímetros de altura, têm grandes efeitos em
termos ecológicos e determinam seu período de inundação e seca.
Os solos das áreas de estudo desenvolveram-se sobre sedimentos fluviais. Onde a maior concentração do
teor de areia em superfície indica maior energia das águas durante a deposição do sedimento.
Os teores de Saturação de Alumínio observados nessa área foram altos (Tabela 01). Estes resultados
demonstram a singularidade dos solos do norte do Pantanal quanto às suas características químicas.
Tabela 1. Estatística descritiva dos valores de saturação por alumínio
0 a 20 cm
40 a 60 cm
Média
50,31b
64,6a
Máximo
68,15
73,2
Mínimo
31,21
53,1
Amplitude
36,94
20,2
Desvio Padrão
8,35
4,74
17
7
Coeficiente de Variação
Médias seguida de letras minúsculas, na mesma coluna, para cada área na mesma profundidade, não diferem entre si pelo teste de Tukey
(P<0,01).
Nesse contexto, o comportamento espacial do valor de saturação por alumínio em boa parte da cordilheira
em ambas as camadas: de 0 a 20 e de 40 a 60 cm respectivamente, apresentaram níveis que podem ser
considerados inadequados para o desenvolvimento das plantas (>15%).
O modelo matemático que melhor se ajustou para descrever a distribuição espacial da saturação por
alumínio em ambas às profundidades estudadas dentro da cordilheira foi o Esférico (Figura 1 A e B). Pode-se
observar moderada dependência espacial, respectivamente para as profundidades 0 a 20 cm (48%) e 40 a 60 cm
(44%), e o coeficiente de regressão foram superiores a 75%, com alcance de dependência inferior a distancia
máxima da área de estudo que foi de 116 m.
Figura 1. Modelo de semivariograma para a distribuição espacial dos tores de Saturação de Alumínio na
profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm (B).
194
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Pode-se observar na Figura 2, que nas regiões da cordilheira onde estão presentes as cores vermelhas
mais escuras são lugares que apresentam os teores elevados de Saturação de Alumínio, já as que apresentam
cores mais claras possuem níveis mais baixos de Saturação de Alumínio. Neste contexto, a relação de cores
escuras (Saturação de Alumínio ↑) é inversamente proporcional às cores mais claras (Saturação de Alumínio ↓).
Figura 2. Distribuição espacial dos tores de Saturação por Alumínio na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60
cm (B).
Conclusões
O uso da técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da saturação
de alumínio em toda a cordilheira em ambas as profundidades estudadas.
Há uma moderada a forte dependência espacial quanto à saturação por alumínio no solo na cordilheira, o
que pode estar de certa maneira correlacionado com a presença e distribuição da população de carvoeiro no local.
Referências
CAMBARDELLA, C. A.; MOORNA, T. B.; NOVAK, J. M.; PARKIN, T. B.; KARLEN, D. L.; TURCO, R. F.;
KONOPKA, A. E. Field-scale variability of soil properties in Central Iowa soils. Soil Science Society of America
Journal, v. 58, p. 1501-1511, 1994.
COUTO, E. G.; OLIVEIRA, V. A. de. The soil diversity of the Pantanal. In: JUNK, W. J. et al. (Org.). The
Pantanal of Mato Grosso: ecology, biodiversity and sustainable management of a large neotropical seasonall
wetland. Sofia: Pensoft, 2008.
RONQUIM, C. C. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais. Campinas:
Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010, 26 p. (Embrapa Monitoramento por Satélite. Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento)
SOARES, A.F.; SILVA, J.S.V.; Ferrari, D.L. Solo da paisagem do Pantanal brasileiro adequação para o atual
sistema de classificação. In: Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, 1. Campo Grande. Simpósio de
Geotecnologias no Pantanal, 1. Campinas: Embrapa Informática Agropecuária. 2006.
SOUSA, D.M.G; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Embrapa Informação Tecnológica,
Brasília, 416 p. 2004.
195
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Sugestão dos fronteiriços em relação às espécies para arborização urbana de Corumbá
e Puerto Quijarro1
2
3
Daniela Lopo , Marina Kleinsorge Daibert , Ricelly Aline Camargo de Souza
4
A arborização urbana exerce fundamental importância nas cidades, minimizando impactos provocados pela
urbanização, melhorando a qualidade ambiental das cidades, além de embelezar e preservar espécies da flora.
Portanto, pode-se dizer que a arborização contribui em aspectos sociais, econômicos e ambientais. A presença de
árvores é requisito para a qualidade de vida nas cidades, mas é necessária a realização de análises prévias que
orientem programas de arborização. Como forma de garantir o sucesso de suas ações, a administração deve
implementar práticas participativas, onde a sociedade possa corroborar na tomada de decisões, como por
exemplo, sugerir espécies para arborizar sua rua, bairro e cidade. Para avaliação da percepção dos fronteiriços
em relação à espécies que gostariam que fossem utilizadas nos programas de arborização urbana das cidades
fronteiriças de Corumbá (MS, Brasil) e Puerto Quijarro (GB, Bolívia), foram aplicados questionários
semiestruturados a 293 pessoas, escolhidas de forma aleatória, descartados apenas os não residentes em
Corumbá ou Puerto Quijarro e menores de 18 anos. Responderam aos questionários, pessoas que, no ato da
pesquisa, transitavam na área central das cidades. Participaram 177 brasileiros e 116 cidadãos bolivianos. Os
critérios utilizados em suas escolhas podem ter sido influenciados pelo conhecimento que os mesmos têm das
características das árvores, de suas funções, pelo valor estético ou por aspectos topofílicos. A topofilia é o elo
afetivo entre o indivíduo e o seu lugar, que pode ser uma infinidade de possibilidades, como um objeto, um
cômodo de uma casa, uma cidade ou um bairro. A relação afetiva do indivíduo para com o seu lugar apresenta
traços de suas experiências pessoais vinculadas a valores e a maneira como apreende o seu meio ambiente.
Neste sentido, acredita-se que, em alguns casos, as espécies citadas podem estar relacionadas com memórias de
experiências positivas vividas, principalmente ao citar as árvores frutíferas, que remetem as pessoas à sua
infância. Diante da existência de vínculos entre homens e árvores, os gestores públicos, ao planejar a arborização,
devem considerar as recomendações da população, escolhendo entre elas, as que são compatíveis com as
características ambientais locais – naturais e artificiais. Com relação à preferência de espécies de árvores, no
município de Corumbá, 33,33% das pessoas sugeriram “ipês”, 15,25% as “frutíferas”, 9,04% não souberam
informar, 6,78% preferem as “patas de vaca”, 6,21% decidiram por árvores “nativas” e os 29,39% foram divididos
entre as espécies: “castanheira”, “flamboyant´s”, “oiti”, “pau brasil”, “brasileirinha”, “chapéu de napoleão” e
“pinheiro”. Na cidade de Puerto Quijarro, as espécies preferidas para compor a arborização urbana, na visão de
seus moradores são: figueirinhas (38,79%), ipês (7,76%), frutíferas (7,76%), sete copas (7,76%), tamarineiro
(7,76%) e 6,03% não souberam informar. Os 24,05% restante citaram “cerejeira”, “coqueiro”, “paraíso”, “cupuaçu”,
“pingo de ouro” e “barriguda”. As árvores frutíferas foram bastante mencionadas em ambos os países. O plantio de
frutíferas e árvores com flores exuberantes provoca melhoria estética e funcional do ambiente, que por sua vez
indiretamente agrega valor econômico ao imóvel, e traz bem estar e melhoria na qualidade de vida do cidadão. A
presença de frutos nas árvores, ainda serve como atrativo para a avifauna e para alimentação das pessoas, mas
em muitos casos, principalmente as exóticas, causam transtornos e desvantagens como a sujeira das calçadas.
Dessa forma, recomenda-se o plantio de frutíferas nativas, já que apresentam potencial para arborização de uma
localidade em virtude da compatibilização com características edáficas e climáticas. Recomenda-se a utilização de
frutíferas nativa em áreas livres públicas urbanas. Em ruas, a queda dos frutos podem causar uma série de
transtornos. Já para a arborização de ruas, deve-se optar dentre as citadas, por aquelas que, preferencialmente
são perenes e que não apresentam raízes agressivas. Ao se fazer uma análise comparativa dos resultados,
observa-se que a população de Corumbá tem maior esclarecimento, visto que, mencionaram em maior proporção,
as espécies que são apropriadas para a arborização urbana como os “ipês” e “nativas”, ao contrário de residentes
em Puerto Quijarro, que sugeriram Ficus benjamina (figueirinha) e Terminalia catappa (sete copas), espécies que
não são recomendadas em virtude dos danos provocados pelo sistema radicular agressivo e/ou pela queda de
folhas. Já os ipês tem relevante importância ecológica e também estética, embelezam o local, melhoram o aspecto
psicológico e valorizam o imóvel, portanto exercem também função econômica. A população corumbaense
desconhece quais são as espécies nativas, contudo, o fato de citá-las demonstra a valorização da flora local e o
entendimento de que o “nativo” provavelmente vai de desenvolver melhor do que o “exótico” em se tratando do
fator adaptação. Conclui-se que, para garantir o sucesso dos programas de arborização urbana das cidades
fronteiriças, deve-se buscar compatibilizar o uso de espécies recomendadas por estudos científicos, com espécies
sugeridas pela população, e também, promover ações educativas para orientar e sensibilizar a população em
ambas as cidades quanto a aspectos gerais da arborização.
1
Parte do relatório de qualificação de mestrado em Estudos Fronteiriços, CPAN/UFMS de Daniela Lopo.
Bióloga, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79303-220. Corumbá, MS
([email protected])
3
Bióloga, da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79300-040. Corumbá, MS [email protected])
4
Engenheira Agrônoma da Fundação de Meio Ambiente do Pantanal, Prefeitura Municipal de Corumbá. 79320-208, Corumbá, MS
([email protected]).
2
196
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tamanho insular e diversidade em ilhas de solo nas bancadas lateríticas de Corumbá,
MS1
Adriana Takahasi
2
Resumo: Os afloramentos rochosos apresentam condições ambientais bastante restritivas para as plantas,
afetando sua colonização e estabelecimento, que tendem a ser minimizadas nas ilhas de solo. O objetivo do
presente estudo foi verificar se o tamanho insular influencia a riqueza e diversidade (H’) e número de
monocotiledôneas nas bancadas lateríticas da região da Morraria do Urucum e Morraria do Rabicho. Foram
registradas as espécies vasculares presentes e cobertura vegetal em 164 ilhas de solo em três locais nos
municípios de Corumbá (66 ilhas na fazenda Monjolinho) e Ladário (70 ilhas na fazenda Banda Alta, e 28 ilhas na
fazenda São Sebastião do Carandá). As relações entre a cobertura vegetal e a composição de espécies foram
exploradas através da análise de correspondência segmentada (DCA) e calcularam-se as correlações de Pearson
entre os escores dos dois primeiros eixos e o tamanho da ilha de solo, riqueza, número de monocotiledôneas e H’.
Foram registradas 188 espécies pertencentes a 58 famílias botânicas, sendo oito espécies de pteridófitas. Os
resultados mostraram que o tamanho insular influencia significativamente a cobertura vegetal (r=0,546, r=0,536,
r=0,541), riqueza específica (r=0,814, r=0,745, r=0,797), número de monocotiledôneas (r=0,719, r=0,633, r=0,706)
e os valores de H’ (r=0,614, r=0,512, r=0,518) nas fazendas Banda Alta, São Sebastião do Carandá e Monjolinho,
respectivamente. O predomínio de monocotiledôneas reflete sua capacidade em colonizar ambientes inóspitos.
Plantas arbustivas ocorrem exclusivamente em ilhas maiores influenciando a riqueza e diversidade enquanto
ervas tolerantes à dessecação, ciclo de vida curto ou metabolismo CAM predominam em ilhas pequenas.
Palavras–chave: afloramento rochoso, campo ferruginoso, Morraria do Urucum
1
Insular area and diversity on soil islands of ironstone outcrops at Corumbá, MS, Brazil
Abstract: Environmental conditions of rock outcrops restricts plant colonization and establishment that may be
minimized on soil islands. The aims of this study were to determine if insular area influenced richness, diversity (H’)
and the number of monocotyledons on ironstones at Morraria do Urucum and Morraria do Rabicho. Plant mats in
soil islands were investigated in 164 units in three sites in Corumbá (66 soil islands at Monjolinho cattle ranch) and
Ladário (70 units at Banda Alta cattle ranch and 28 units at São Sebastião do Carandá cattle ranch). Floristic and
cover plant gradient analysis were explored by Detrended Correspondence Analysis (DCA) and we calculated
Pearson’s correlation index of the first two axis scores and the insular area, richness, the number of
monocotyledons and H’. A total of 180 plant species of 53 botanic families and eight ferns were found. Our data
underline that the insular area influenced significantly positive correlation of cover plant (r=0,546, r=0,536, r=0,541),
richness (r=0,814, r=0,745, r=0,797), number of monocotyledons (r=0,719, r=0,633, r=0,706) and H’ index
(r=0,614, r=0,512, r=0,518) at Banda Alta, São Sebastião do Carandá and Monjolinho cattle ranches, respectively.
Monocotyledons mats predominated for their ability to spread horizontally by means of vegetative propagation. Soil
mats associated with shrub plants were restricted at larger soil islands and on the other hand influenced richness
and diversity. Epilithic species and herbs as mats-formers were founded on small soil islands and most of them
were desiccation-tolerant, annual, succulents or xerophytic plants.
Keywords: ferricrete, ferrugineous grassland, Morraria do Urucum, rock outcrop
Introdução
Os afloramentos rochosos são encontrados em todos os continentes mas se concentram nas regiões
tropicais úmidas ou semi-úmidas e, em menor grau, em regiões temperadas, como nos EUA (Porembski, 2007).
Nos neotrópicos distribuem-se pelo leste do Brasil, oeste da Venezuela e borda leste das Guianas, enquanto nos
paleotrópicos ocorrem na África e Madagascar e, ainda, na Índia, Sri Lanka, China, Malásia e Austrália (Barthlott
et al., 1993).
No Brasil, estão distribuídos por todas as formações vegetais sob diferentes condições climáticas,
geológicas e geomorfológicas, com destaque para extensos conjuntos nas serras Do Mar, Da Mantiqueira, Cadeia
1
Parte da tese de doutorado da autora
Professora Adjunta do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN, Av. Rio Branco, 1270, 79304020, Corumbá, MS ([email protected])
2
197
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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do Espinhaço, Chapada dos Guimarães, entre outros, mas ainda pouco estudados do ponto de vista estrutural e
florístico.
Os agrupamentos de plantas nas ilhas de solo propiciam o aumento do volume de substrato e redução da
exposição do solo permitindo um tempo maior de conservação da água (Conceição et al., 2007). A formação
concêntrica de solo, da periferia da ilha para o seu centro, e o aumento no teor de matéria orgânica em ilhas de
solo em estágios sucessionais mais tardios melhora a capacidade de troca catiônica e eleva o pH (Shure &
Ragsdale, 1977). A partir da melhoria das condições ambientais nas ilhas de solo a comunidade vegetal se altera
até atingir o estágio com plantas perenes onde fatores dependentes de densidade, como a competição, passam a
regular os estágios finais da sucessão nestas comunidades (Shure & Ragsdale, 1977). Entretanto estas
comunidades não atingiriam o equilíbrio nas fases finais de sucessão (estágio “arbustivo”) já que a instabilidade do
substrato e condições de seca provocariam alta taxa de mortalidade de plantas lenhosas reconduzindo as
comunidades aos estágios iniciais.
Considerando-se que as ilhas de solo são circundadas pela superfície rochosa exposta, onde as condições
ambientais para o estabelecimento das espécies são muito restritivas podemos considerá-las sistemas insulares
terrestres ideais para se aplicar o conceito de biogeografia de ilhas.
Este estudo teve por objetivo verificar se o número de espécies de plantas, o número de espécies de
monocotiledôneas e o índice de Shannon-Wiener das ilhas solo é determinado pelo tamanho insular nos
afloramentos rochosos ferruginosos de Corumbá e Ladário.
Material e Métodos
Este estudo foi realizado de novembro de 2005 a janeiro de 2009 em três bancadas lateríticas nos
municípios de Corumbá (fazenda Monjolinho 19°16´S, 57°31´W, 65-150 m) e Ladário (fazenda Banda Alta 19°08´S, 57°34´W, 85 m - e fazenda São Sebastião do Carandá - 19°06´S, 57°31´W, 90 m), MS. As bancadas
lateríticas, denominação adotada pelo Radambrasil ao tratar dos lateritos das regiões das Morrarias do Urucum e
do Rabicho, localizam-se nas áreas de drenagem (em torno de 100 m de altitude) sendo consideradas não um tipo
de solo, mas um relevo plano ou quase plano, formadas por camada de material laterítico endurecido, de natureza
ferrífera.
A vegetação que se agrega nas ilhas de solo pode ser descrita como a associação de duas ou mais
espécies de plantas vasculares em uma área delimitada pelo substrato rochoso (Conceição et al., 2007). As ilhas
de solo foram consideradas unidades naturais com tamanho e formato elíptico a circular. Em campo todas as ilhas
de vegetação foram medidas para posterior cálculo da área, numeradas e marcadas. Para determinação da área
da ilha considerou-se que o formato predominante das ilhas de vegetação era aproximadamente uma elipse e
utilizou-se a fórmula: A= [(d1/2. d2/2). π], onde A=área, d1= distância maior, d2= distância menor. Após o cálculo da
área de cada ilha elas foram enquadradas em sete classes de tamanho procedendo-se ao sorteio de 10 ilhas por
classe.
Foram avaliadas as espécies vasculares presentes em 164 ilhas de vegetação, sendo 70 na Fazenda
Banda Alta, 28 na Fazenda São Sebastião do Carandá e 66 na Fazenda Monjolinho. Ressalta-se que o baixo
número de unidades insulares amostradas na Fazenda São Sebastião do Carandá ocorreu pela presença de
poucas ilhas de solo neste local.
Em cada unidade amostral foram registradas as espécies vasculares presentes e estimou-se a cobertura
vegetal considerando-se tanto as partes secas quanto as partes verdes das plantas. A estimativa de cobertura
vegetal e a ocorrência de espécies foram tomadas durante o período chuvoso em função da máxima expressão
nos valores de cobertura além de registro de espécies efêmeras que ocorrem somente durante o período mais
úmido.
A diversidade específica da comunidade sobre afloramentos rochosos foi expressa através do índice de
diversidade de Shannon-Wiener (H’) na base logarítmica natural com uma modificação utilizando-se, ao invés de
número de indivíduos, os valores de cobertura amostrados.
As relações entre a cobertura vegetal e a composição de espécies em ilhas de solo nos diferentes locais
foram exploradas através da análise de correspondência segmentada (DCA) com auxílio do programa MVSP for
Windows versão 3.1 (Kovach Computing Services), empregando-se o algoritmo de Hill com a correção de
tendência (“detrending”) empregando-se a partição em 26 segmentos para recálculo com 100 iterações. Para
tanto, a matriz contendo valores de cobertura de espécies por ilha de solo em cada localidade foi reduzida
retirando-se as espécies com três ocorrências ou mais. Em seguida, a matriz foi padronizada por valor máximo no
espaço das variáveis.
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Para verificar o efeito insular sobre a riqueza de espécies procedeu-se a análises de correlação de Pearson
entre os escores dos dois primeiros eixos resultantes da análise de correspondência e os valores das áreas das
ilhas de solo, o número total de espécies vasculares presentes, o número de monocotiledôneas e o índice de
Shannon para cada ilha com o programa SPSS for Windows versão 13.0.
Resultados e Discussão
Foram registradas 188 espécies de plantas vasculares pertencentes a 58 famílias botânicas, além de dois
táxons não identificados, em uma área total amostrada de 6206 m², em afloramentos rochosos ferruginosos de
Corumbá, MS. Deste total, foram contabilizadas oito espécies de pteridófitas pertencentes a cinco famílias. As
cinco famílias com maior número de espécies representaram 37% do total de espécies amostradas: Fabaceae (20
espécies), Poaceae (19), Malvaceae (13), Euphorbiaceae (9) e Cyperaceae (8)
As espécies vasculares que se estabelecem diretamente sobre a rocha também foram observadas nas
bordas das ilhas de solo. Por outro lado, as ilhas de solo propiciam condições de sombreamento e maior
quantidade de substrato e, consequentemente, de água disponível permitindo a colonização e estabelecimento de
espécies mais exigentes quanto à condições de sombreamento e de maior porte.
As correlações de Pearson entre a área insular, em metros quadrados, e os escores do eixo da DCA,
número total de espécies, número de espécies de monocotiledôneas e o índice de Shannon para cada ilha de solo
foram significativas para todos os locais estudados (Tabela 1).
Tabela 1. Resultados das correlações de Pearson entre a área insular e os escores do eixo 1 da DCA, número
total de espécies, número de espécies de monocotiledôneas, número de espécies de pteridófitas e índice de
diversidade de Shannon-Wiener em três bancadas lateríticas, Corumbá, MS.
Local
Escores do eixo
da DCA
Número total de
espécies
Número de
espécies de
monocotiledôneas
Índice de
diversidade de
Shannon-Wiener
Fazenda Banda Alta
r=0,546, p<0,001
r=0,814, p<0,001
r=0,719, p<0,001
r=0,614, p<0,001
Fazenda São Sebastião do
Carandá
r=0,536, p<0,05
r=0,745, p<0,001
r=0,633, p<0,05
r=0,512, p<0,05
Fazenda Monjolinho
r=0,541, p<0,001
r=0,797, p<0,001
r=0,706, p<0,001
r=0,518, p<0,001
Os resultados mostraram que o tamanho insular influencia a riqueza específica e os valores dos índices de
diversidade de Shannon-Wiener bem como mostra correlações entre o tamanho insular e o número de espécies
de pteridófitas e de monocotiledôneas. Os dados empíricos para a relação entre o índice de Shannon em cada
unidade insular e a área em metros quadrados mostrou um maior coeficiente de determinação para a Fazenda
Banda Alta seguida pelas Fazendas S.S.Carandá e Monjolinho. Neste caso, algumas unidades insulares de menor
tamanho apresentaram valores de Shannon mais elevados do que ilhas maiores em função da distribuição de
abundância das espécies na unidade considerada.
As plantas vasculares com os maiores valores de cobertura nas ilhas pequenas foram aquelas que
apresentaram o metabolismo CAM (p.ex. Deuterocohnia meziana) e perda de folhas durante a estação seca (p.ex.
Jatropha ribifolia), além de tolerância à dessecação (p.ex. Selaginella sellowii, Selaginella convoluta e Tripogon
spicatus) e, ainda, ciclo de vida curto (p.ex. Staelia sp.). Estas espécies têm sua importância reduzida com o
aumento do tamanho insular pois, com o incremento no número de espécies, interações interespecíficas tendem a
ser mais atuantes eliminando-as destas comunidades insulares ou restringindo sua ocorrência à bordas das ilhas.
As espécies arbustivo-arbóreas apresentaram grau de cobertura expressivo somente em ilhas de tamanho
intermediário a grande devido às melhores condições ambientais nas unidades insulares maiores, como a maior
profundidade do solo, maior umidade e heterogeneidade ambiental. Estas condições parecem ser coerentes já
que as espécies arbustivo-arbóreas raramente encontram-se de forma isolada ou diretamente sobre a rocha.
A relação positiva entre área insular e o número de espécies de monocotiledôneas nas ilhas de solo em
Corumbá reforça a importância deste grupo de plantas em afloramentos rochosos neotropicais. Esta característica
denomina, inclusive, um tipo de habitat, as moitas de monocotiledôneas (“monocotyledonous mats”) (Porembski
2007). Este padrão surge pela capacidade destas plantas de sobreviver em ambientes inóspitos e de se reproduzir
vegetativamente (Ibisch et al. 1995).
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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As espécies que definiram a fisionomia das ilhas de solo dos afloramentos ferruginosos foram
Deuterocohnia meziana, Bromelia balansae e Selaginella sellowii. Enquanto a primeira espécie revelou maiores
valores de cobertura em ilhas pequenas e médias, a segunda apresentou maiores valores de cobertura em ilhas
médias a grandes. Estes resultados refletem duas estratégias diferentes na ocupação dos afloramentos.
A primeira pode ser descrita pela formação de extensas manchas de D.meziana, muitas vezes
descontínuas, e quase homogêneas, podendo se associar a poucas espécies vasculares e ocupar locais onde o
escoamento da água da chuva é mais intenso, em locais mais íngremes ou superfícies convexas dos lajedos. A
ação do fogo também deve contribuir na descontinuidade destas ilhas já que alguns estolões não sobrevivem à
queima. Estas ilhas podem apresentar um formato alongado, em locais com declividade mais acentuada, ou
concêntrico, em áreas mais planas. De qualquer modo, esta espécie associa-se predominantemente a espécies
de porte herbáceo.
A segunda estratégia pode ser definida pela ocorrência de ilhas de solo com B.balansae associada a
componentes arbustivo-arbóreos. Esta espécie não ocorre isoladamente nem em ilhas pequenas. As ilhas de solo
com B.balansae geralmente apresentam um formato mais alongado em locais relativamente planos ou côncavos,
preenchidos com sedimentos. As espécies arbustivas e arbóreas ocorrem predominantemente em ilhas de solo
com a presença desta bromeliácea.
A pteridófita Selaginella sellowii pode constituir ilhas de solo pequenas, ocorrendo isoladamente, ou ilhas de
maior tamanho restringindo-se às bordas. Pode ser considerada uma espécie pioneira importante no processo de
sucessão de espécies em ilhas de solo. Por outro lado, as espécies tolerantes à dessecação Cheilanthes
tweediana e Anemia tomentosa apresentaram maiores valores de cobertura em ilhas maiores decorrente de uma
associação entre estas plantas e Bromelia balansae.
Conclusões
A área insular parece determinar o número total de espécies, a diversidade (H’), o número de
monocotiledôneas nas ilhas de solo de bancadas lateríticas.
Estudos posteriores podem investigar se há associações específicas entre espécies de plantas que se
estabelecem em ilhas de solo.
Agradecimentos
Aos proprietários das fazendas que permitiram o acesso às áreas (Luiz Alberto Figueiredo, Sami Lofti, Altair
Gonçalo), aos especialistas que identificaram o material botânico, ao professor Doutor Sergio T. Meirelles pela
orientação, aos à UFMS e à CAPES pela bolsa de estudos concedida em parte do período.
Referências
BARTHLOTT, W.; GROGER, A.; POREMBSKI, S. Some remarks on the vegetation of tropical inselbergs: diversity
and ecological differentiation. Biogéographica, v.69, n.3, p.17-36, 1993.
CONCEIÇÃO, A.A.; PIRANI, J.R. Delimitação de habitats em campos rupestres na Chapada Diamantina, Bahia:
substratos, composição florística e aspectos estruturais. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo,
São Paulo, v.23, n.1, p.85-111, 2005.
IBISCH, P.L.; RAUER, G.; RUDOLPH, D.; BARTHLOTT, W. Floristic, biogeographical, and vegetational aspects of
Pre-Cambrian rock outcrops (inselbergs) in eastern Bolivia. Flora, v.190, p.299-314, 1995.
POREMBSKI, S. Tropical inselbergs: habitat types, adaptative strategies and diversity patterns. Revista Brasileira
de Botânica, São Paulo, v.30, n.4, p.579-586, 2007.
SHURE, D.; RAGSDALE, H.L. Patterns of primary succession on granite outcrop surfaces. Ecology, Nova Iorque,
v.58, p.993-1006, 1977.
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Uso da técnica de ARDRA para agrupamento de Azospirillum isolados de pastagens do
Pantanal1
2
3
4
5
Thianny Fernanda C. Viana , Marivaine da Silva Brasil , Mayara Silva Torres de Souza , Carla Braga Leite ,
6
Gecele Matos Paggi
O estudo da diversidade genética de bactérias diazotróficas, ou seja, fixadoras de nitrogênio, pertencentes ao
gênero Azospirillum associadas a raízes de pastagens nativas do Pantanal Sul-Mato-Grossense, possibilita
conhecer a população de diferentes tipos de bactérias e assim aplicar técnicas sustentáveis no melhoramento de
pastagens, principalmente de nativas. A técnica ARDRA (Análise de restrição do DNA ribossomal amplificado) é
utilizada para a identificação e agrupamento de isolados de espécies diferentes, pode também ser usada para
separar isolados ao nível de gênero e espécie. A análise foi feita em 28 bactérias e duas estirpes tipo de
Azospirillum brasilense (BR11001) e Azospirillum lipoferum (BR11080), usadas para posterior comparação dos
perfis de restrição dos isolados caracterizadas morfologicamente como pertencentes ao gênero Azospirillum. Para
a extração de DNA bacteriano, as bactérias foram submetidas a um crescimento de 48 horas em meio líquido
TM
DYGS, e posteriormente, realizou-se a extração do DNA utilizando kit de extração PureLink Genomic DNA
(Invitrogen), seguindo o protocolo recomendado no produto. Para reação de PCR (reação em cadeia da
polimerase)
utilizou-se
iniciadores
específicos
para
o
gene
16S
DNAr
,
Y1(5`TGGCTCAGAACGAACGCTGGCGGC –3`) e Y3 (5`- CTAGACCCCACTTCAGCATTGTTCCAT –3`) cujo o
produto amplificado é de 1450 pares de base. A reação de amplificação para um volume de reação de 50 uL foi
feita utilizando tampão de enzima 1X em relação ao volume de reação, 2,0 mM de MgCl2, 200µM de dNTP, 0,12
µM de primer Y1 e de primer Y2, 1,0 U de Taq DNA polimerase (Ludwig). As condições de termociclagem foram:
1 etapa inicial de desnaturação ( 93°C por 2 minuto s), seguido por 35 ciclos intermediários (93°C por 45 segundos,
62°C por 45 segundos, 72°C por 2 minutos) e 1 etapa final de extensão a 72°C por 5 minutos. O amplicon
resultante foi clivado com as enzimas de restrição Alu I e Rsa I. O procedimento foi feito em banho-maria a 37°C
por três horas e posteriormente o produto de restrição foi levado a eletroforese a 65 volts por duas horas e meia,
usando gel de agarose 2,5%. Os resultados possibilitaram a visualização de perfis de restrição distintos, tanto
para enzima Alu 1, quanto para enzima Rsa 1. Na análise da enzima Rsa 1 foram gerados quatro perfis diferentes,
além de mostrar que o perfil da maioria dos isolados eram semelhantes a espécie A. lipoferum. Já a restrição feita
pela enzima Alu 1 apresentou também quatro perfis diferentes, de maneira que os perfis gerados por essa enzima
são parecidos com a espécie A. brasilense. Apesar de ainda não ter sido feita a análise de diversidade das
estirpes, os perfis de restrição das bactérias nos revelam grupos de padrão de restrição distintos. Desta forma a
técnica utilizada é eficiente, permite a princípio separar grupos com padrões genéticos distintos.
1
Parte do trabalho da monografia, financiado pela Fundect
Graduanda de Ciências Biológicas. Universidade Federal de Mato Grosso do Sul- Campus Pantanal, Corumbá, MS ([email protected])
Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus Pantanal, Caixa Postal 252, Av. Rio Branco 1.270, B. Universitário, 79304902, Corumbá, MS ([email protected])
4
Mestre em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS ([email protected])
5
Mestre em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS ([email protected])
6
Professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus Pantanal, Caixa Postal 252, Av. Rio Branco 1.270, B. Universitário, 79304902, Corumbá, MS ([email protected])
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3
201
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Utilização de pote plástico cônico na formação de mudas de Handroanthus heptaphyllus
(piúva)
1
2
3
Catia Urbanetz , Marçal Amici Jorge , Ernande Ravaglia , Jose Manoel Marconcini
4
Há vários tipos de recipientes para produção de mudas no mercado e uma de suas principais funções é permitir o
desenvolvimento satisfatório do sistema radicular das mudas. Esses recipientes devem promover o
direcionamento adequado das raízes. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi a obtenção de um recipiente de
baixo custo e de fácil manuseio, que promovesse o desenvolvimento inicial e o direcionamento adequado das
raízes. O recipiente também deveria promover uma formação de parte aérea com caule bem desenvolvido e
ramificações laterais bem distribuídas. Para tanto, foram utilizados potes plásticos cônicos, confeccionados a partir
de lâminas de politereftalato de etileno (PET), com diâmetros de 10 cm e 3 cm, e 60 cm de comprimento. Também
foram utilizados sacos plásticos pretos perfurados para avaliações comparativas (controle). Avaliou-se o
desenvolvimento inicial aéreo e radicular de mudas de piúva ou ipê roxo (Handroanthus heptaphyllus (Vell.)
Mattos). O volume de substrato utilizado foi o mesmo volume para os potes e sacos (1,8 l). As plântulas do
experimento emergiram uniformemente, tanto nos potes plásticos cônicos como nos sacos plásticos. Da
emergência até o desenvolvimento das mudas para a rustificação, houve um desenvolvimento satisfatório e
uniforme nos dois tratamentos. Observou-se que o comprimento médio de raízes, o diâmetro do caule, o
comprimento e a largura do primeiro par de folhas das mudas produzidas no cone plástico foram
significativamente maiores do que as médias do controle. De acordo com os resultados obtidos, o pote plástico
cônico se mostrou vantajoso com relação ao saco plástico, uma vez que o sistema radicular, principalmente com
relação ao alongamento da raiz principal (pivotante), não encontrou obstáculos para se desenvolver. O
desenvolvimento de uma raiz principal mais comprida possibilitou um volume maior de raízes secundárias, a ponto
das médias das massas fresca e seca dos sistemas radiculares dessas mudas serem 47% e 46%,
respectivamente, maiores do que as das mudas formadas nos sacos plásticos. Normalmente, o enovelamento das
raízes, causado pela restrição do alongamento no sentido vertical, obedecendo ao princípio do geotropismo,
comum de acontecer em recipientes como os sacos plásticos, afetam diretamente o crescimento e
desenvolvimento geral da muda. Apesar dos dois recipientes testados possuírem o mesmo volume de substrato, o
melhor desenvolvimento da raiz principal no pote cônico possibilitou a obtenção de plantas com parte aérea mais
vigorosa do que as das plantas do controle. Dessa forma, o pote plástico cônico, com um mesmo volume de
substrato, aliado a obtenção de plantas mais sadias, se mostrou uma alternativa mais viável, quando comparado
com o saco plástico, normalmente utilizado em viveiros de produção de mudas. A utilização de pote plástico
cônico como recipiente promove um aumento expressivo do desenvolvimento inicial, tanto do sistema radicular
como da parte aérea, de mudas de ipê. A utilização de mudas mais vigorosas favorece uma maior taxa de
pegamento no campo e, consequentemente, o estabelecimento de plantas adultas mais sadias após o plantio.
Assim, a utilização dos potes plásticos cônicos é recomendável para a produção de mudas, por ser uma
alternativa de baixo custo e capaz de gerar mudas vigorosas, utilizando-se o mesmo volume de substrato que os
materiais usuais.
1
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
Pesquisador da Embrapa Hortaliças, Caixa Postal 218, 70351-970, Gama, DF ([email protected])
3
Assistente Técnico da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Pesquisador da Embrapa Instrumentação, 13560-970, São Carlos, SP ([email protected])
2
202
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Variabilidade espacial da capacidade de troca catiônica total em uma “cordilheira” no
Pantanal Norte Mato-Grossense
1
1
1
1
Raimisson de Oliveira Dias , Dione Castro , Jackline Arantes Faria , Merita Albertini Chagas , Luciano
2
3
4
Marques Godoy , Léo Adriano Chig , Eduardo Guimarães Couto
Resumo: A Capacidade de Troca Catiônica Total (CTC) de um solo é um atributo muito importante que reflete
condições do solo em relação a sua origem, ambiente, relevo, além de outros aspectos. Ela representa quantidade
2+
2+
+
+
3+
+
total de cátions retidos á superfície das partículas, em condição permutável (Ca + Mg + K + H + Al + Na ) e
está sempre presente nas análises de solos, auxiliando o manejo destes e também como atributo químico
diagnóstico para a identificação de horizontes. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a variabilidade espacial da
Capacidade de Troca Catiônica em um ambiente de cordilheira no pantanal norte mato-grossense, na sub-região
2
de Poconé (MT). A área analisada constituiu-se de uma parcela de 0,6 ha (6.000 m ) que teve seu limite
georreferenciado. As amostras de solo foram coletadas em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros, nas
profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm, totalizando 60 pontos amostrais em cada profundidade. O uso da
técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da CTC em toda a cordilheira
em ambas as profundidades estudadas. No que diz respeito a vegetação, essa descrição pode permitir também
uma comparação com a distribuição espacial do carvoeiro, que predomina na região e possui função muito
importante em relação a biodiversidade local. Há uma moderada dependência espacial quanto a CTC no solo na
cordilheira.
Palavras–chave: distribuição espacial, geoestatística, semivariograma, solos do pantanal
Spatial variability of total cation exchange capacity on a paleoleeve in the North Pantanal of Mato Grosso
Abstract: The Total Cation Exchange Capacity (CTC) of a soil is a very important attribute that reflects soil
conditions in relation to their origin, environment, relief, and other aspects. It represents the total amount of cations
2+
2+
+
+
3
+
retained on the surface of the particles on condition exchangeable (Ca + Mg + K + H + Al + Na ), and is
always present in soil testing , supporting the management of these as well as chemical attribute diagnostic for
identifying horizons. The aim of this study was to characterize the spatial variability of Cation Exchange Capacity in
a mountain environment in wetland north of Mato Grosso, in the sub-region Poconé (MT). The study area consisted
2
of a plot of 0.6 ha (6,000 m ) which was georeferenced its limit. Soil samples were collected in scheme fixed mesh
of 10 x 10 meters, depths 0-20 cm and 40-60 cm, totaling 60 sampling points at each depth. The use of
geostatistical technique allowed an accurate description of the natural variability of CTC across the ridge in both
depths studied. Regarding vegetation, this description can also enable a comparison to the spatial distribution of
coal dealer, which predominates in the area and has very important function in relation to local biodiversity. There
is a moderate spatial dependence as CTC of the soil in the paleolevee.
Keywords: spatial distribution, geostatistics, semivariogram, wetland soil,
Introdução
O Pantanal é uma das maiores planícies de sedimentação do mundo. Sua planície, levemente ondulada,
pontilhada por raros morros isolados e rica em depressões rasas, têm seus limites marcados por variados
sistemas de elevações, como chapadas, serras e maciços. São cortados por grande quantidade de rios, todos
pertencentes à Bacia do Rio Paraguai.
As terras altas do entorno, muitas delas de origem sedimentar ou formadas por rochas solúveis e friáveis,
continuamente erodidas pela ação do vento e das águas, fornecem grande quantidade de sedimentos que são
depositados na planície, num processo contínuo de entulhamento. Formam-se assim terrenos de aluvião, muito
permeáveis, de composição argilo-arenosa. Dentro da planície pantaneira existem pequenas elevações em forma
1
Estudante de Agronomia da Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100 - Fone: ( 65) 3363-1000, Cuiabá, MT
([email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected])
2
Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100 Fone: (65) 3363-1000, Cuiabá, MT ([email protected])
3
Professor Doutor da Universidade de Cuiabá, Pesquisador do Instituto Nacional de Áreas Úmidas. Av. Manoel José de Arruda n° 3.100 - Fone: (65)
3363-1000, Cuiabá, MT ([email protected])
4
Prof. Dr. Associado de Ciência do Solo, DSER/FAMEV/UFMT, Av. Fernando Corrêa, s/n, Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá, MT
([email protected])
203
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
de cordões que são conhecidas como cordilheira. Estás são elevações de um a seis metros, com ocorrência
marcante de solos com horizonte Bt, com o horizonte superficial de textura arenosa contrastando com um
horizonte superficial de textura média/argiloso. São as posições mais elevadas da paisagem, onde a inundação
ocorre somente em eventos excepcionais (BEIRIGO et al., 2011), mas é comum a formação de lençol suspenso.
Assim a partir das condições edafoclimatícas do local podemos determinar a quantidade de sódio presente na
área e a Capacidade de Troca Catiônica Total (CTC) que é uma das mais importantes propriedades a serem
consideradas em um solo, que de acordo com Ronquim (2010) a capacidade de troca de cátions de um solo, de
uma argila ou do húmus representa a quantidade total de cátions retidos á superfície desses materiais em
2+
2+
+
+
3+
condição permutável (Ca + Mg + K + H + Al ) e que se a maior parte da CTC do solo está ocupada por
2+
2+
+
cátions essenciais como Ca , Mg e K , pode-se dizer que esse é um solo bom para a nutrição das plantas. Por
+
3+
outro lado, se grande parte da CTC está ocupada por cátions potencialmente tóxicos como H e Al este será um
solo pobre. Em relação à importância da CTC como um dos atributos indicativo das potencialidades do solo, este
trabalho teve como objetivo verificar a variabilidade espacial no que diz respeito da Capacidade de Troca
Catiônica em uma cordilheira no pantanal norte mato-grossense, e com isso possibilitar posteriores estudos e
comparações que levem em consideração esse atributo do solo.
Material e Métodos
Este estudo foi realizado em uma área sob cordilheira (paleodiques) inseridas no Pantanal Matogrossense, localizadas na sub-região de Poconé (MT), tendo como critério de seleção a vegetação local, com
predominância de cerrado mesotrófico e presença de Carvoeiro (Callisthene fasciculata Mart.). O clima da região
é classificado como Aw (quente e úmido), com amplitude térmica é relativamente alta, com temperaturas entre 20
2
-1
e 28ºC e as máximas ultrapassam a 40ºC. A radiação solar é intensa e perfaz 460 cal.cm .dia . Dentro da área
2
em estudo foi delimitada uma parcela de 0,6 ha (6.000 m ) e teve seu limite georreferenciado. Foram coletadas
amostras de solo em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros, nas profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm.
Sendo ainda descrito um perfil representativo do solo. As amostras de solo após secar ao ar e peneiradas foram
analisadas, para a determinação dos atributos químicos e físicos. A granulometria foi determinada pelo método do
-1
densímetro de Bouyoucos, após dispersão com NaOH 0,1 mol.L .
Além disso, foram determinados os atributos químicos e físicos das amostras coletadas nos perfis de
trincheira para a classificação pedológica. A análise estatística foi realizada em duas etapas. Na primeira etapa,
os dados foram submetidos à análise da estatística clássica, onde foram determinados: o teste de
homogeneidade da variância, o teste de distribuição normal e estatística descritiva. Na segunda etapa, foi
utilizada a análise geoestatística para detecção de variabilidade espacial do objeto de estudo em um campo
amostral. Utilizou-se o estimador usual do semivariograma, onde neste trabalho, as coordenadas de campos (x e
y) utilizadas foram as coordenada UTM – “Universal Transversa de Mercator”, de cada ponto amostrado e o valor
da variável (z) foram o valor da CTC e seus elementos estudados nas diferenças de nível.
Para verificação da qualidade do ajuste do semivariograma aos dados experimentais foi utilizada a soma
de quadrados do resíduo (SQR) que é melhor modelo matemático de semivariograma, em seguida utilizou-se à
técnica de validação cruzada, para analisar o quão os dados estimados são semelhantes aos dados reais. A
interpretação da dependência espacial (DE) dos dados do atributo estudado foi feita através da proporção em
percentagem do efeito pepita (C0) em relação ao patamar (C0 + C1), e que de acordo com Cambardella et al.
(1994), apresenta a seguinte proporção: (a) dependência forte < 25%; (b) dependência moderada de 26 a 75%, e
(c) dependência fraca > 75%. Posteriormente, para interpolação dos dados utilizou-se a técnica de krigagem, para
que fossem gerados os mapas de isovalores dos atributos estudados.
Resultados e Discussão
O solo da cordilheira foi classificado como LUVISSOLO HÁPLICO Órtico típico, apresenta uma
característica particular, ao qual, segundo Soares et al. (2006) essa classe de solo pertence a extensões
inexpressivas e isoladas remanescentes das áreas cuja formação geológica não diz respeito à Formação
Pantanal. Couto e Oliveira (2009) descrevem que na região do Pantanal, são apenas identificadas a Subordem
Argissolo Vermelho-Amarelo (ao qual apresentam cores vermelho-amareladas no matiz 5YR ou mais vermelho e
mais amarelo que 2,5YR, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B, inclusive BA), tendo sua fertilidade
variável. O critério de cor é bastante subjetivo uma vez que a variação de apenas uma unidade de valor e/ou
croma pode mudar a classe dos solos ao nível de ordem, de Planossolo para Argissolo.
Dentro de cada área estudada foi observada uma diferença de nível de no máximo 30 cm. Couto e Oliveira
(2008) descrevem que as diferenças de relevo, mesmo em poucos centímetros de altura, têm grandes efeitos em
termos ecológicos e determinam seu período de inundação e seca.
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Os solos das áreas de estudo desenvolveram-se sobre sedimentos fluviais. Onde a maior concentração do
teor de areia em superfície segundo Nunes et al. (2001) indica maior energia das águas durante a deposição do
sedimento.
Com base no estabelecido por Sousa e Lobato (2004), os valores para CTC observados nessa área foram
baixos (Tabela 01). Estes resultados demonstram a singularidade dos solos do norte do Pantanal quanto às suas
características químicas.
O comportamento espacial da Capacidade de Troca Catiônica Total em toda cordilheira em ambas as
camadas: de 0 a 20 e de 40 a 60 cm respectivamente, apresentaram níveis não considerados adequados para o
desenvolvimento das plantas. Sendo os maiores valores observados para a camada superficial de 0 a 20 cm.
O modelo matemático que melhor se ajustou para descrever a distribuição espacial da Capacidade de
Troca Catiônica Total em ambas as profundidades estudadas dentro da cordilheira foi o Esférico (Figura 01A e B).
Pode-se observar moderada dependência espacial, respectivamente para ambas as profundidades 0 a 20 cm
(30%) e 40 a 60 cm (38%), e o coeficiente de regressão foram superiores a 85%, com alcance de dependência
inferior a distancia máxima da área de estudo que foi de 116 m.
3
Tabela 1. Estatística descritiva da Capacidade de Troca Catiônica em (mmolc dm ).
0 a 20 cm
40 a 60 cm
Media
34a
28,02b
Máximo
50,9
36,5
Mínimo
18,6
21,9
Amplitude
32,3
14,6
Desvio padrão
5,99
3,85
18
14
Coeficiente de Variação
Medias seguida de letras minúsculas, na mesma coluna, para cada área na mesma profundidade, não diferem entre si pelo teste de Tukey
(P<0,01).
A
B
Figura 1. Modelo de semivariograma para a distribuição espacial da CTC na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a
60 cm (B).
Podem-se observar na Figura 02, que nas regiões da cordilheira onde estão presentes as cores vermelhas
mais escuras são lugares que apresentam elevada Capacidade de Troca Catiônica Total (CTC), já as que
apresentam cores mais claras possuem níveis mais baixos de (CTC). Neste contexto, a relação de cores escuras
(CTC↑) é inversamente proporcional às cores mais claras (CTC↓). Sendo assim, os maiores valores de
Capacidade de Troca Catiônica, foram observadas nas amostras coletadas na profundidade de 0 a 20 cm.
205
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Figura 2. Distribuição espacial da CTC na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm (B).
Conclusões
O uso da técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da CTC em
toda a cordilheira em ambas as profundidades estudadas.
No que diz respeito à vegetação, essa descrição pode permitir também uma comparação com a distribuição
espacial do carvoeiro, que predomina na região e possui função muito importante em relação à biodiversidade
local.
Há uma moderada dependência espacial quanto a CTC no solo na cordilheira.
Referências
A. E. Field-scale variability of soil properties in Central Iowa soils. Soil. Sci. Soc. Am. J., 58: 1501-1511, 1994.
COUTO, E..G.; OLIVEIRA, V.A. The Soil Diversity of the Pantanal. In: JUNK, W.J., Da Silva, C. J., Nunes da
Cunha, C.; Wantzen, K. M.. (Org.). The Pantanal of Mato Grosso: ecology, biodiversity and sustainable
management of a large neotropical seasonall wetland. Sofia: Pensoft. 2009. p.71-102.
KÖPPEN, W. Climatología. Buenos Aires: Fondo de Cultura, 1948. p. 152-192.
RONQUIM, C. C. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais. Campinas:
Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010, 26 p. (Embrapa Monitoramento por Satélite. Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento)
SOARES, A.F.; SILVA, J.S.V.; Ferrari, D.L. Solo da paisagem do Pantanal brasileiro adequação para o atual
sistema de classificação. In: Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, 1. Campo Grande. Simpósio de
Geotecnologias no Pantanal, 1. Campinas: Embrapa Informática Agropecuária. 2006.
SOUSA, D.M.G; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Embrapa Informação Tecnológica, Brasília,
416 p. 2004.
206
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Variabilidade espacial da saturação por bases em uma “cordilheira” no Pantanal Norte
Mato-Grossense
1
1
1
2
Dione Castro , Raimisson de Oliveira Dias , Jackline Arantes Faria , Léo Adriano Chig , Eduardo Guimarães
3
Couto
Resumo: As cordilheiras são lugares de pequenas elevações em forma de cordões, tendo importância em suas
características químicas e físicas dos solos. Dentre as características químicas está presente a Saturação por
Base, que é relacionado com a Soma das Bases em proporção a Capacidade de Troca Catiônica. Com isso o
objetivo deste trabalho é verificar a variabilidade espacial no que diz respeito à Saturação por Bases em uma
cordilheira no Pantanal Norte Mato-Grossense, possuindo características geomorfológicas. A área analisada
2
através da geoestatística constituiu-se de uma parcela de 0,6 ha (6.000 m ) que teve seu limite
georreferenciado. As amostras de solo foram coletadas em esquema de malha fixa de 10 x 10 metros, nas
profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm, totalizando 60 pontos amostrais e de acordo com a
profundidade foi possível inferir alguns valores em relação à quantidade de Saturação por Bases, possibilitando
a comparação desses valores entre as profundidades e, de acordo com o semivariograma e modelo
matemático esférico que melhor se ajustou para a descrição. Dentro de cada área estudada foi observada uma
diferença de nível de no máximo 30 cm. Os teores de Saturação de Bases observados nessa área e em relação
às duas profundidades foram baixos, tendo uma moderada a forte dependência espacial quanto à saturação por
bases no solo da cordilheira. Dentro disso a predominância vegetal (Carvoeiro) nessas áreas, podemos concluir
que o mesmo é bastante tolerante a níveis mais baixos de Saturação por Bases.
Palavras–chave: cordilheira, geoestatística, química do solo, semivariograma, modelo matemático esférico
Spatial variability of saturation on basis in a paleoleeve in the Pantanal of Mato Grosso Spatial
Abstract: The Cordilleras are places of small elevations in the form of strings, having relevance in their chemical
and physical characteristics of soils. Among the chemical is present for Base Saturation, which is related to the
sum of the bases in proportion to Cation Exchange Capacity. Therefore, the objective of this study is to assess the
spatial variability with respect to the saturation of bases in a mountain range in northern Pantanal of Mato Grosso,
possessing geomorphological characteristics. The area analyzed using geostatistics consisted of a plot of 0.6 ha
2
6,000 m ) which was georeferenced its limit. Soil samples were collected in scheme fixed mesh of 10 x 10 meters,
depths 0-20 cm and 40-60 cm, and a total of 60 sampling points according to the depth was possible to infer
some values for the quantity Saturation by Foundations, enabling the comparison of these values between depths
and, according to the mathematical model and spherical semivariogram best fit for the description. Within each
study area we observed a level of at least 30 cm. The levels of saturation bases observed in this area and for
the two depths were low, with a moderate to strong spatial dependence on the base saturation in the soil of the
ridge. In addition the predominance vegetable (Carvoeiro) in these areas, we can conclude that it is quite tolerant
of lower levels of saturation by bases.
Keywords: cordilheira, geostatistics, soil chemistry, semivariogram spherical mathematical model
Introdução
O Pantanal Mato-grossense é uma das maiores planícies alagadas do mundo, possuindo grandes terras
inundáveis, sendo caracterizado como intensos depósitos de sedimentos, onde se encontra presente uma bacia
sedimentar quaternária recente e tectonicamente ativa. Localizado na Bacia Hidrográfica do Alto do
Paraguai, possuindo uma área de 138.183 km². Sendo provida de diferentes habitats com uma gama de
diversidade animal, vegetal e de solos. O Pantanal armazena e reciclam nutrientes, os quais são arrastados
pelo processo de erosão fluvial de altitudes superiores e depositados ali. Deste modo explica-se a abundância de
seres Bióticos e Abióticos na região. A heterogeneidade da paisagem do Pantanal se apresenta relacionada à
variadas facetas geomórficas; com isso condicionada as variações climáticas, geram uma grande variedade de
1
Estudante de Agronomia da Universidade de Cuiabá – UNIC, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100, 78065-900, Cuiabá, MT
([email protected]; [email protected]; [email protected])
2
Professor Doutor da Universidade de Cuiabá, Pesquisador do Instituto Nacional de Áreas Úmidas, Av. Manoel José de Arruda n° 3.100, 78065900, Cuiabá, MT ([email protected])
3
Prof. Dr. Associado de Ciência do Solo, DSER/FAMEV/UFMT, Av. Fernando Corrêa, s/n, Boa Esperança, 78060-900, Cuiabá, MT
([email protected])
207
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
modelagem da superfície; dentre elas estão presentes as formas positivas (soerguimentos ou elevações) e as
formas negativas (depressões ou rebaixamentos) tudo em relação ao relevo da região e/ou do local.
Neste contexto as Cordilheiras são lugares de pequenas elevações (variando de 1 a 6 m de altura) em
forma de cordões, que constituem a topografia mais elevada da paisagem, onde a inundação ocorre somente em
casos excepcionais, tendo importância nas características químicas e físicas dos solos. Dentre as características
químicas do solo está presente a Saturação por Base (V%), onde segundo Ronquim (2010) o seu conceito está
relacionado com a Soma das Bases (SB) presentes no solo, representado na seguinte equação: (SB= Ca + Mg + K
+ Na); dividido pela Capacidade de Troca Catiônica Total expressa na formula: (CTC= H+ Al + SB). Sendo
assim: (V% = 100*SB/ CTC). A saturação por Bases também é utilizada como complemento na nomenclatura do
solo, sendo um excelente indicativo das condições gerais de fertilidade. Sendo assim a porcentagem de V% no
solo divide os mesmos em dois grupos: Os solos Eutrófico que são solos mais férteis onde a V% é igual ou
superior a 50%, e os solos Distróficos que possui a V% inferior a 50%. Um índice V% baixo significa que há
pequenas quantidades de cátions, como Ca, Mg e saturando as cargas negativas dos coloides e que a maioria
+
3+
delas está sendo neutralizada por H e Al (RONQUIM, 2010).
Constata-se nas cordilheiras que a química do solo é pouco estudada e com a necessidade de estudos
mais aprofundados dos solos do pantanal; este trabalho tem como objetivo verificar a variabilidade espacial no
que diz respeito à saturação por bases em uma cordilheira no pantanal norte mato-grossense, contribuindo
assim para o desmembramento do mesmo.
Material e Métodos
Este estudo foi realizado em uma área sob “cordilheira” (paleodiques) inseridas no Pantanal Matogrossense, localizadas na sub-região de Poconé (MT), tendo como critério de seleção a vegetação local, com
predominância de cerrado mesotrófico e presença de Carvoeiro (Callisthene fasciculata Mart.). O clima da região
é classificado como Aw quente e úmido), segundo classificação de Köppen (1948), amplitude térmica é
relativamente alta, com temperaturas entre 20 e 28ºC e as máximas ultrapassam a 40ºC. A radiação solar é
2
-1
2
intensa e perfaz 460 cal.cm .dia . Dentro da área em estudo foi delimitada uma parcela de 0,6 ha (6.000 m ) e
teve seu limite georreferenciado. Foram coletadas amostras de solo em esquema de malha fixa de 10 x 10
metros, nas profundidades de 0 a 20 cm e de 40 a 60 cm. Sendo ainda descrito um perfil representativo do solo.
As amostras de solo após secar ao ar e peneiradas foram analisadas, para a determinação dos atributos
químicos e físicos. A granulometria foi determinada pelo método do densímetro de Bouyoucos, após dispersão
-1
com NaOH 0,1 mol.L . Além disso, foram determinados os atributos químicos e físicos das amostras
coletadas nos perfis de trincheira para a classificação pedológica. A análise estatística foi realizada em duas
etapas. Na primeira etapa, os dados foram submetidos à análise da estatística clássica, onde foram
determinados: o teste de homogeneidade da variância, o teste de distribuição normal e estatística descritiva. Na
segunda etapa foi utilizada a análise geoestatística para detecção de variabilidade espacial do objeto de estudo
em um campo amostral. Utilizou-se o estimador usual do semivariograma, onde neste trabalho, as coordenadas
de campos (x e y) utilizadas foram as coordenada UTM – “Universal Transversa de Mercator”, de cada ponto
amostrado e o valor da variável (z) foi o valor da Saturação por Bases e seus elementos estudados nas diferença
de nível.
Para verificação da qualidade do ajuste do semivariograma aos dados experimentais foi utilizada a soma
de quadrados de resíduos (SQR) que é melhor modelo matemático de semivariograma, em seguida utilizou-se à
técnica de validação cruzada, para analisar o quão os dados estimados são semelhantes aos dados reais. A
interpretação da dependência espacial (DE) dos dados do atributo estudado foi feita através da proporção em
percentagem do efeito pepita (C0) em relação ao patamar (C0 + C1), e que de acordo com Cambardella et al.
(1994), apresenta a seguinte proporção: (a) dependência forte < 25%; (b) dependência moderada de 26 a 75%, e
(c) dependência fraca > 75%. Posteriormente, para interpolação dos dados utilizou-se a técnica de krigagem,
para que fossem gerados os mapas de isovalores dos atributos estudados.
Resultados e Discussão
O solo da cordilheira foi classificado como LUVISSOLO HÁPLICO Órtico típico, apresenta uma
característica particular, ao qual, segundo Soares et al. (2006) está classe de solo pertence a extensões
inexpressivas e isoladas, remanescentes das áreas cuja formação geológica não diz respeito à Formação
Pantanal. Couto e Oliveira (2009) descrevem que na região do Pantanal, são apenas identificadas a Subordem
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
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Argissolo Vermelho-Amarelo (ao qual apresentam cores vermelho-amareladas no matiz 5YR ou mais vermelho e
mais amarelo que 2,5YR, na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B, inclusive BA), tendo sua
fertilidade variável. O critério de cor é bastante subjetivo uma vez que a variação de apenas uma unidade de
valor e/ou croma pode mudar a classe dos solos ao nível de ordem, de Planossolo para Argissolo.
Dentro de cada área estudada foi observada uma diferença de nível de no máximo 30 cm. Couto e Oliveira
(2008) descrevem que as diferenças de relevo, mesmo em poucos centímetros de altura, têm grandes efeitos em
termos ecológicos e determinam seu período de inundação e seca. Os solos das áreas de estudo
desenvolveram-se sobre sedimentos fluviais. Onde a maior concentração do teor de areia em superfície indica
maior energia das águas durante a deposição dos sedimentos. Os teores de (V%) observados nessa área foram
baixos (Tabela 01). Estes resultados demonstram a singularidade dos solos do norte do Pantanal quanto às suas
características químicas.
Tabela 1. Estatística descritiva dos valores de saturação em bases
0 a 20 cm
40 a 60 cm
Média
26,8b
29,06a
Máximo
45,3
34,71
Mínimo
14,46
23,43
Amplitude
30,84
11,28
6,28
2,94
Desvio padrão
Coeficiente de variação
23
10
Médias seguida de letras minúsculas, na mesma linha, para profundidades diferentes, não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,01).
O comportamento espacial do valor de saturação por bases em boa parte da cordilheira em ambas as
camadas: de 0 a 20 e de 40 a 60 cm respectivamente, apresentaram níveis que podem ser considerados
adequados para o desenvolvimento das plantas segundo metodologia proposta por Sousa & Lobato (2004).
Porem em algumas áreas, dentro da cordilheira pode-se observar valores que podem ser considerados críticos
abaixo de 20%. O modelo matemático que melhor se ajustou para descrever a distribuição espacial da saturação
por bases em ambas as profundidades estudadas dentro da cordilheira foi o Esférico (Figura 01 A e B). Pode-se
observar moderada (44%) a forte (11%) dependência espacial, respectivamente para ambas as profundidades (0
a 20 e 40 a 60 cm), e o coeficiente de regressão foram superiores a 45%, com alcance de dependência inferior
a distancia máxima da área de estudo que foi de 116 m.
A
B
Figura 1. Modelo de semivariograma para a distribuição espacial dos tores de Saturação de Bases na
profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm (B).
Pode-se observar na Figura 02, que nas regiões da cordilheira onde estão presentes as cores
vermelhas mais escuras são lugares que apresentam os teores elevados de Saturação por base, já as que
apresentam cores mais claras possuem níveis mais baixos de (V%). Neste contexto, a relação de cores escuras
(V% ↑) é inversamente proporcional às cores mais claras (V% ↓). Sendo assim, na amostra com a profundidade
de 0 a 20 cm tivemos o máximo de (V%) é igual a 36% e o mínimo de 21%; Agora levando em consideração a
amostra de 40 a 60 cm o nível máximo de (V%) é igual a 34% e o mínimo 24%.
209
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Figura 2. Distribuição espacial dos tores de Saturação de Bases na profundidade de 0 a 20 cm (A) e 40 a 60 cm
(B).
Está área foi caracterizada devido à grande presença do Carvoeiro, e correlacionado com a saturação por
bases baixas.
Conclusões
O uso da técnica de geoestatística possibilitou uma precisa descrição da variabilidade natural da
saturação de bases em toda a cordilheira em ambas as profundidades estudadas. Há uma moderada a forte
dependência espacial quanto à saturação por bases no solo da cordilheira. No que diz respeito a vegetação, essa
descrição pode permitir também uma comparação com a distribuição espacial do carvoeiro, que predomina na
região e possui funções muito importante em relação a biodiversidade do local. Levando em consideração a
predominância vegetal do Carvoeiro nessas áreas, podemos concluir que o mesmo é bastante tolerante a níveis
mais baixos de V%.
Referências
CAMBARDELLA, C. A.; MOORNA, T. B.; NOVAK, J. M.; PARKIN, T. B.; KARLEN, D. L.; TURCO, R. F.;
KONOPKA, A. E. Field-scale variability of soil properties in Central Iowa soils. Soil. Sci. Soc. Am. J., 58: 15011511, 1994.
COUTO, E.G.; OLIVEIRA, V.A. The Soil Diversity of the Pantanal. In: JUNK, W.J., Da Silva, C. J., Nunes da
Cunha, C.; W antzen, K. M.. (Org.). The Pantanal of Mato Grosso: Ecology, biodiviersity and sustainable
management of a large neotropical seasonall wetland. Sofia: Pensoft. 2009. p.71-102.
KÖPPEN, W. Climatología. Buenos Aires: Fondo de Cultura, 1948. p. 152-192.
RONQUIM, C. C. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para as regiões tropicais. Campinas:
Embrapa Monitoramento por Satélite, 2010, 26 p. (Embrapa Monitoramento por Satélite. Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento)
SOARES, A.F.; SILVA, J.S.V., Ferrari, D.L. Solo da paisagem do Pantanal brasileiro adequação para o atual
sistema de classificação. In: Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, 1. Campo Grande. Simpósio de
Geotecnologias no Pantanal, 1. Campinas: Embrapa Informática Agropecuária. 2006.
SOUSA, D.M.G; LOBATO, E. Cerrado: correção do solo e adubação. Embrapa Informação Tecnológica,
Brasília, 416 p. 2004.
210
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Variação anual do peso vivo e condição corporal de vacas de cria no Pantanal Sul-MatoGrossense: vacas paridas e solteiras1
2
3
4
Marcos Mitsuo Sonohata , Daniele Portela de Oliveira , Urbano Gomes Pinto de Abreu , Luisa Melville
5
6
Paiva , Francielen Maria Santi
Resumo: O estudo foi realizado com objetivo de monitorar o comportamento do peso vivo e a condição corporal
de vacas paridas e solteiras ao longo de um ano de estudo. Para tanto, utilizou-se informações de peso vivo e
condição corporal de 175 vacas aneloradas, sendo: 97 vacas paridas e 78 vacas solteiras pertencentes a uma
propriedade particular que realiza a atividade de cria extensiva em pasto nativo, na sub-região do Paiaguás,
Pantanal Sul – Mato - Grossense. As informações de peso vivo e condição corporal foram obtidas mediante seis
coletas realizadas a cada dois meses de dezembro de 2010 a outubro de 2011. O peso vivo das matrizes foi
obtido sem jejum prévio, sempre no primeiro período da manhã, acompanhado da avaliação subjetiva da condição
corporal, respeitando uma escala de 1 a 6 pontos. As médias, desvios padrões e o coeficiente de variação e o
teste F para as características em cada categoria por período de coleta foram realizadas por meio do programa R.
As médias dos parâmetros avaliados considerados significativos foram comparadas através do Teste de Tukey a 5
% de probabilidade de erro. As vacas solteiras apresentaram médias de peso vivo e escore de condição corporal
superiores (P<0,05) em relação às vacas paridas ao longo do período de estudo. As variáveis peso vivo e
condição corporal apresentaram curvas semelhantes com comportamento quadrático entre vacas paridas e
solteiras. Para o peso vivo, a parte côncava da curva para vacas solteiras foi mais pronunciada quando
comparadas com as vacas paridas. A condição corporal de ambas as categorias de vacas apresentou resposta
mais rápida em relação ao peso vivo em função do período de avaliação. Pode-se concluir que o peso vivo e a
condição corporal estiveram relacionados com diferentes períodos do ano no sistema de cria extensivo em pasto
nativo, na sub-região do Paiaguás.
Palavras–chave: Bovinos de corte, desempenho produtivo, escore de condição corporal, multíparas.
Annual variation in body weight and body condition of beef cows in the Pantanal Sul – Mato - Grossense:
calving and single cows
Abstract: The study was conducted to monitor the behavior of live weight and body condition of cows calved and
single over a year of study. Therefore, we used information on weight and body condition of 175 Nelore cows,
being: 97 cows calved and 78 cows single belonging to private property that performs the activity creates extensive
native pasture in the sub-region Paiaguás, Pantanal Sul - Mato - Grossense. The information weight and body
condition were obtained by six collect held every two months from december 2010 to october 2011. The weight of
the matrices were obtained without previous fasting, always in the first period in the morning, accompanied by the
subjective evaluation of body condition, respecting a scale 1 - 6 score. The averages, standard deviation and
coefficient of variation and the F test for the characteristics in each category by collection period were performed
using the program R. The averages of these parameters were considered significant compared by Tukey test at
5% probability of error. Cows presented single averages live weight and body condition score higher (P <0.05)
toward the cows calved during the study period. The variables weight and body condition showed similar curves
with quadratic behavior between calving cows and single cows. For weight, the concave part of the curve for single
cows was more pronounced when compared to cows calved. The body condition from both categories of cows
showed faster response in relation to live weight as a function of the evaluation period. It can be concluded that the
live weight and body condition were related to different periods of the year in extensive system creating on native
pasture in the sub-region Paiaguás.
Keywords: Beef cattle, body condition score, productive performance, multiparous.
1
Um estudo de caso.
Zootecnista autônomo, Mestre em Zootecnia pelo PPGZOO/UUA/UEMS, Caixa Postal 32, 79400-000, Coxim, MS
([email protected])
3
Doutoranda do programa de Pós-Graduação em Zootecnia FCAV/UNESP, 14884-900, Jaboticabal, SP ([email protected])
4
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Professora do Departamento de Pós-Graduação em Zootecnia PPGZOO/UUA/UEMS, Caixa Postal 25, 79200-000, Aquidauana, MS
([email protected])
6
Professora do Departamento de Graduação em Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de Dourados - FAD, 79825-150, Dourados,
MS ([email protected])
2
211
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Introdução
A fase de cria extensiva em pastagens nativas consiste na principal atividade econômica realizada pelos
produtores de bovinos de corte na região do Pantanal Sul-Mato-Grossense. Neste sistema de produção, o
desempenho reprodutivo e produtivo de vacas de cria está intimamente relacionado com a condição nutricional ao
qual estão submetidas, sendo está situação dependente da quantidade e qualidade nutricional das pastagens
nativas que variam em determinados períodos do ano. Esse fator determina se a vaca apresentará condições de
peso e estado corporal satisfatórios para desempenhar a atividade reprodutiva.
Segundo Santos et al. (2010), parâmetros que avaliem a condição nutricional de bovinos são úteis para
quantificar a extensão em que o animais são afetados pela dieta que estão consumindo, doenças e ou outros
fatores ambientais. Neste caso, especialmente as oscilações na quantidade e qualidade nutricional das pastagens
nativas. De acordo com Ndlovu et al. (2007), os métodos tradicionais mais utilizados na avaliação do estado
nutricional de bovinos corte são o peso e escore de condição corporal, sendo estes parâmetros aplicados na
avaliação de vacas de cria no Pantanal Sul-Mato-Grossense (BATISTA et al., 2012; SANTOS et al., 2009).
Portanto, as ferramentas para monitorar as pastagens e a condição nutricional das matrizes são importantes para
auxílio no estabelecimento de estratégias e tomadas de decisões de manejo nutricional e no descarte de vacas
improdutivas.
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo de estudar o comportamento do peso vivo e da condição
corporal de vacas paridas e solteiras ao longo de um ano.
Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido com informações de um rebanho comercial de bovinos de corte de uma
propriedade particular que realiza a atividade de cria extensiva em pasto nativo e está localizada na sub - região
do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense município de Coxim - MS. Foram analisadas informações de peso
vivo e condição corporal de 175 vacas aneloradas, multíparas com idade entre cinco e doze anos. Divididas em
duas categorias, como vacas paridas (97) e vacas solteiras (78), identificadas individualmente.
As vacas foram criadas em regime de pastejo extensivo e manejadas em um mesmo lote nas mesmas
condições de pastagens, onde permaneceram durante todo o período de avaliação recebendo mistura mineral e
água à vontade.
Foram efetuadas seis avaliações de peso vivo e condição corporal por vaca ao longo de um ano de estudo,
sendo as coletas realizadas com um intervalo de aproximadamente 60 dias. Com início no mês de dezembro de
2010 e término no mês de outubro de 2011, num total de 525 observações de peso vivo e escore de condição
corporal para vacas parídas e 442 observações de peso vivo e escore de condição corporal para vacas solteiras.
O peso vivo das matrizes foi obtido no primeiro período da manhã, sem jejum prévio, além da avaliação
subjetiva do escore de condição corporal, no qual cada vaca recebeu um escore dentro de uma escala de 1 a 6
pontos conforme metodologia desenvolvida por Rosa et al. (2000).
As informações foram processadas por meio do programa R (R Development Core Team, 2013), onde
foram obtidas as médias, o desvio padrão e o coeficiente de variação do peso vivo e da condição corporal por
categoria em cada período de coleta. A comparação múltipla das médias de peso vivo e da condição corporal de
cada categoria analisada foi realizada pelo teste de Tukey e considerada significativa a 5% de probabilidade de
erro.
Resultados e Discussão
Neste trabalho, verificou-se efeito significativo (P<0,05) da situação da vaca sobre o peso vivo e a condição
corporal durante o período estudado (Tabela 1). Os resultados indicam que vacas solteiras apresentaram maior
peso vivo e condição corporal em relação às vacas paridas.
O menor peso vivo e condição corporal de vacas paridas pode estar relacionado a deficiências nas
exigências nutricionais em função da baixa quantidade e qualidade nutricional das pastagens nativas em
determinados períodos do ano sendo necessária a mobilização de tecidos corporais para suprir a demanda das
energias de mantença e lactação.
212
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Tabela 1. Número de observações (N), média, desvio-padrão (DP) e coeficiente de variação (CV) do peso vivo
(kg) e escore da condição corporal (ECC) de vacas paridas e solteiras no ano de avaliação (2010 a 2011), subregião do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense.
Categorias
N
Peso vivo
Escore da condição corporal
Média ± DP
Média ± DP
b
3,43 ± 0,66
b
353,35 ± 28,56
a
3,64 ± 0,59
a
<0,004
<0,001
9,40
17,88
Vacas Paridas
97
341,36 ± 37,19
Vacas Solteiras
78
Valor de P
CV(%)
a,b
Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
ECC: Escala de 1 a 6 pontos.
Tabela 2. Números de registros (N), média, desvio-padrão (DP), coeficiente de variação (CV) de peso vivo (kg) e
escore da condição corporal para vacas paridas e solteiras coletados no ano entre 2010 a 2011, na sub-região do
Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense.
Peso vivo
Vacas solteiras
Mês de coleta
N
Média ± DP
Dezembro 2010
97
329,76 ± 25,62
Fevereiro 2011
89
339,36 ± 27,53
Abril 2011
90
347,77 ± 23,42
Junho 2011
94
357,36 ± 32,15
Agosto 2011
90
341,81 ± 29,58
Outubro 2011
92
332,14 ± 26,82
ECC
CV (%)
Vacas Paridas
N
Média ± DP
e
78
341,16 ± 29,35
c
70
350,72 ± 33,21
ab
75
361,98 ± 29,48
a
75
368,87 ± 35,12
bc
73
354,31 ± 33,15
d
71
343,07 ± 28,53
e
cd
ab
a
bc
d
8,05
8,89
d
78
3,57 ± 0,56
ab
70
3,62 ± 0,67
a
75
3,73 ± 0,55
Dezembro 2010
97
3,32 ± 0,42
Fevereiro 2011
89
3,52 ± 0,59
Abril 2011
90
3,60 ± 0,49
Junho 2011
94
3,48 ± 0,52
bc
75
3,81 ± 0,69
Agosto 2011
90
3,40 ± 0,39
cd
73
3,64 ± 0,63
Outubro 2011
92
3,28 ± 0,47
e
71
3,53 ± 0,59
CV(%)
13,95
d
c
ab
a
bc
e
16,84
a,b
Médias seguidas por letras diferentes na coluna diferem entre si (P<0,05) pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.
ECC: Escala de 1 a 6 pontos.
Avaliando as médias do peso vivo e do escore da condição corporal de vacas paridas e solteiras
distribuídas ao longo do ano de estudo, observou-se um comportamento similar entre as categorias, com ganho
de peso durante o período de melhor qualidade das pastagens, dezembro a junho, com posterior perda de peso
vivo e condição corporal nas coletas de junho a outubro, coincidindo com o período de seca na região e,
consequentemente, com a baixa quantidade e qualidade nutricional das pastagens (Tabela 2).
Na Figura 1, está descrito o comportamento do peso vivo de vacas paridas e solteiras ao longo do período
de estudo.
213
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Figura 1. Peso vivo em função dos meses de coleta de informações das vacas paridas e solteiras criadas
extensivamente na sub-região do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense.
Verificou-se efeito quadrático significativo (P<0,05) do período de coleta sobre o peso vivo de vacas paridas
e solteiras em que ambas as categorias apresentaram um comportamento semelhante entre as médias de peso
vivo encontrado (Figura 1). O modelo foi representando por uma curva análoga entre as categorias estudadas,
sendo descrita por uma equação quadrática. No entanto, observou-se que a curva para o peso vivo de vacas
paridas apresentou coeficiente angular menor (331,58) em relação às vacas solteiras (344,20), demonstrando que
essa categoria de fêmeas foi mais influenciada pela variação ambiental durante o período de avaliação. Este fato
pode estar relacionado a baixa quantidade e qualidade nutricional das pastagens. Segundo Santos et al. (2009), a
nutrição é um dos fatores de maior efeito no desempenho reprodutivo e produtivo dos rebanhos de vacas de cria
na região do Pantanal.
Na Figura 2, está descrito o comportamento do escore da condição corporal (ECC) de vacas paridas e
solteiras em função do período de coleta numa escala de 1 a 6 pontos.
Figura 2. Escore de condição corporal (ECC) em função dos meses de coleta de informações (2010-2011) de
vacas paridas e solteiras criadas extensivamente na sub-região do Paiaguás, Pantanal Sul-Mato-Grossense.
Para o ECC das vacas paridas e solteiras foram obtidos valores de escores entre um e dois, em uma escala
de 1 a 6 pontos, respectivamente. Não foram observados ECC inferior a 1 e superior a 5 para ambas as
categorias de vacas estudadas.
O ECC de vacas paridas e solteiras variou em função do período de coleta (P<0,05; Figura 2),
apresentando um comportamento similar ao do peso vivo. O comportamento do ECC de vacas paridas e solteiras
foi descrito por uma função quadrática, pois apresentou melhor ajuste a variável analisada. Observou-se que a
curva que caracteriza a condição corporal sofreu uma queda mais acentuada em relação ao peso vivo. Segundo
Freneau et al. (2008), este fato pode estar relacionado ao tipo de variável, já que esta depende diretamente do
avaliador. O autor ressalta que é comum haver uma variação de uma ou duas unidades na condição corporal das
vacas ao longo do ano, principalmente em virtude das variações na qualidade e quantidade de forragem e da fase
do ciclo reprodutivo da fêmea.
214
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Outra possibilidade seria o fato da condição corporal ser mais sensível e apresentar mudanças fisiológicas
mais rápidas que o peso vivo, tendo em vista a deficiência nutricional das matrizes. De certa forma, mudanças
observadas na condição corporal consistem em um indicador mais próximo do status nutricional do rebanho
podendo ser recomendado no estudo das variações do peso vivo, pois vários fatores podem influenciar essas
mensurações, como o tamanho do animal, raça, condição fisiológica, gestação, enchimento do rúmen entre
outros.
O monitoramento do peso vivo e da condição corporal dos rebanhos de vacas de cria no Pantanal, consiste
em uma importante ferramenta na tomada de decisão e planos de estratégias alimentares em certos períodos do
ano.
Conclusões
Neste sistema extensivo de produção de bovinos de corte as vacas solteiras apresentaram maior
desempenho produtivo para o peso vivo e escore da condição corporal durante o ano de estudo.
O peso vivo e a condição corporal de vacas paridas e solteiras esteve relacionado com os diferentes
períodos do ano, comportando-se de maneira análoga.
A realização de um manejo nutricional em períodos críticos de restrição alimentar pode influenciar
positivamente no desempenho reprodutivo e produtivo de vacas paridas, na sub-região do Paiaguás, Pantanal
Sul-Mato-Grossense município de Coxim.
Referências
BATISTA, D.S.N.; ABREU, U.G.P.; FERRAZ FILHO, P.B.; ROSA, A.N. índices reprodutivos do rebanho Nelore da
fazenda Nhumirim, Pantanal da Nhecolândia. Acta Scientiarum, v.34, n.1, p.71-76, 2012.
FRENEAU, G.E.; SILVA, J.C.C.; BORJAS, A.L.R.; AMORIM, C. Estudo de medidas corporais, peso vivo e
condição corporal de fêmeas da raça nelore Bos taurus indicus ao longo de doze meses. Ciência Animal
Brasileira, v.9, n.1, p.76-85, 2008.
NDLOVU, T.; CHIMONYO, M.; OKON, A. I.; MUCHENJE, V.; DZAMA, K.; RAATS, J. G. Assessing the nutritional
status of beef cattle: current practices and future prospects. African Journal of Biotechnology, v.6, n.24, p.2727 2734, 2007.
ROSA, A.N.; SILVA, L.O.O.; THIAGO, L.R.L. Avaliação do escore da condição corporal em zebuínos. Campo
Grande: Embrapa Gado de Corte, 2000. (Embrapa Gado de Corte. Folder).
SANTOS, S.A.; ABREU, U.G.P.; SOUZA, G.S.; CATTO, J.B. Condição corporal, variação de peso e desempenho
reprodutivo de vacas de cria em pastagem nativa no Pantanal. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.2, p.354360, 2009.
SANTOS, S. A.; JULIANO, R. S.; TOMICH, T. R.; SILVA, R. A. M. S.; RIBEIRO, C. B.; RAVAGLIA, E. Avaliação
da uréia sérica, escore corporal e peso de fêmeas bovinas em pastagem nativa, Pantanal Mato-Grossensedo-Sul. Corumbá: Embrapa Pantanal, 2010. 4p. (Embrapa Pantanal. Circular Técnica, 95).
215
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Variação da concentração de carbono orgânico total na bacia do rio Cuiabá, MT1
2
3
4
5
6
Débora F. Calheiros , Eliana F. G. C. Dores , Peter Zeilhofer , Alício A. Pinto , Márcio de Jesus Mecca ,
7
8
9
10
Paulo Almeida , Luanna Menithen S. Santos , Rafhael S. F. de Amorim , Mário Netto
O material particulado em suspensão e as substâncias dissolvidas resultantes da drenagem da bacia hidrográfica
atuam como integradores dos processos naturais e/ou antrópicos ao longo do sistema fluvial. Os elementos
transportados pelos rios desempenham importante função nos ambientes aquáticos, pois constituem fontes de
energia em trânsito ou acumulada, além de influenciarem sua biogeoquímica. As pesquisas sobre dinâmica
sazonal de formas de carbono nas águas dos rios formadores do Pantanal são raras e na bacia do rio Cuiabá - MT
inexistentes. As amostras de água para análise de carbono orgânico total (COT) foram coletadas mensalmente, de
setembro de 2012 a agosto de 2013, em 15 pontos de coleta ao longo dos principais tributários como Cuiabá,
Manso, São Lourenço, Vermelho, Tenente Amaral e Ponte de Pedra, tanto em suas regiões de planalto quanto
nas de planície. As amostras foram tomadas na camada superficial da coluna d’água, nas duas margens e na
região central de uma seção transversal dos rios sob estudo, sendo acondicionadas, respectivamente, em três
frascos de polietileno, preservadas com ácido fosfórico (H3PO4) a pH ≤ 2,0 e mantidas sob refrigeração. As
análises foram realizadas em amostra composta, em triplicata, no Laboratório de Físico-Química do Departamento
de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMT no Equipamento TOC AURORA 1030W com amostrador
automático, utilizando-se água ultrapura para a limpeza das vidrarias e preparo de padrões, obtida em Purificador
-1
GEHAKA – Master System – MS 2000. Os resultados de COT obtidos variaram de 0,70 a 12,0 mg.L , sendo mais
-1
elevados ( > 4,0 mg.L ) nos rios com maior concentração de material em suspensão e nos ambientes da planície
-1
pantaneira, em especial na fase de chuvas, alcançando até 12 mg.L . A perda de solos por escoamento
superficial e maior lixiviação da solução de solo na época de chuvas na região de planalto, bem como os
processos de decomposição de matéria orgânica submersa nas áreas de inundação da planície são os prováveis
processos responsáveis pelos valores mais elevados observados.
1
Projeto PRONEX/FAPEMAT
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, cedida para a UFMT – Depto. de Geografia, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected])
3
Professora do Departamento de Química, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected])
4
Professor do Departamento de Geografia, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected])
5
Professor Adjunto (Aposentado) do Departamento de Química, UFMT, 78050-560, Cuiabá, MT ([email protected])
6
Técnico do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected])
7
Técnico do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected])
8
Acadêmico do Curso de Engenharia Sanitária e Ambiental, UFMT, 78060-900, Cuiabá, MT ([email protected])
9
Acadêmico do Curso Técnico de Meio Ambiente, IFMT - Cuiabá/Bela Vista, 78050-560, Cuiabá, MT ([email protected])
10
Acadêmico do Curso Técnico de Química, IFMT - Cuiabá/Bela Vista, 78050-560, Cuiabá, MT ([email protected])
2
216
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Análise da composição de classes de fitoplâncton em lagoa urbana da bacia do rio
Aquidauana
1
2
3
Marivania Silva Santos das Chagas , Ricardo Henrique Gentil Pereira , Diego Fialho da Silva , Luciano de
4
Oliveira Falcão de Souza
A composição de organismos fitoplanctônicos é de importância fundamental para os ecossistemas aquáticos,
principalmente como produtores primários na cadeia trófica, mas também como bioindicadores de qualidade
ambiental, podendo revelar o impacto causado por ocupação urbana. Com o objetivo de caracterizar a distribuição
e composição das comunidades fitoplanctônicas de lagoas em áreas urbanas, foi desenvolvido um estudo na
Lagoa Comprida, localizada no município de Aquidauana, MS, para tanto foi realizado um total de quatro coletas
nas quais foram demarcados cinco pontos amostrais em todas as estações do ano no período que compreendeu
os meses de agosto de 2011 a maio de 2012. Nos pontos previamente delimitados foram coletadas amostras da
água próxima à superfície com ajuda de um balde de 20 litros, sendo filtrado um total de 100 litros de água em
rede de fitoplâncton de 20 micrômetros de abertura de malha, o material foi fixado com formol a 4%. As amostras
foram levadas para o Laboratório de Hidrologia Ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, onde
foram feitas as análises físicas e químicas da água e a identificação das algas com o auxílio de microscópio e de
referências bibliográficas específicas. Os resultados demonstraram que o valor máximo de condutividade elétrica,
52,9 uS/cm, foi registrado no mês de agosto. O oxigênio dissolvido apresentou grandes variações entre os pontos
-1
durante as coletas, apresentando a concentração mínima de 0,190 mg.L no ponto 02 no mês de março de 2012
e a maior concentração registrada na coleta de agosto de 2011 com 9.740 mg/l, referente ao ponto 03. No estudo
da lagoa Comprida foram encontrados 8 classes taxonômicas de fitoplâncton: Euglenophyceae 06 táxons,
Cyanophyceae 05 táxons, Clamidophyceae 03 táxons, Clorophyceae 08 táxons, Zygnematophyceae 23 táxons,
Crysophyceae 03 táxons, Eustigmatophycea 02 táxons. As maiores frequências encontradas foram de gêneros
pertencentes as classes Zygnematophycea considerada classe dominante com 53% de presença de indivíduos
por amostra analisada e Chlorophyceae com 46%. A maior frequência mostrou correlação positiva com o maior
índice de luminosidade, profundidade e DBO.
1
Acadêmica do curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])
Professor e Pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])
Acadêmico do curso de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Aquidauana, MS ([email protected])
4
Acadêmico do curso de Ciências Biológicas e bolsista do Programa de Iniciação Científica, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus
de Aquidauana, MS.
2
3
217
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Análise hematológica e de hemoparasitas em uma população de Caiman yacare na
estação de seca do Pantanal, MS
1
2
3
Suelem Martini Assmann , Marcia Regina Russo , Paulo Ricardo Barbosa de Souza , Rodney Murillo
4
5
Peixoto Couto , Tatiene Mendonça Zenni
A presença de endoparasitas em répteis como o Caiman yacare é comum tanto em ambiente natural como em
cativeiros. Muitos animais invertebrados podem ser vetores desses parasitas sanguíneos e até mesmo,
hospedeiros definitivos, como moscas, carrapatos, sanguessugas. A importância de nos atentar para essa relação
parasita-hospedeiro se dá por desequilíbrios ecológicos diversos que esses animais podem sofrer, alterando
negativamente esta relação. Infestações de endoparasitas podem desencadear doenças infectoparasitárias,
tornando assim prejudiciais no organismo do indivíduo. Neste contexto, a análise hematológica nesses animais
torna-se uma ferramenta para estudos sanitários e da qualidade do ambiente em que vivem. Este trabalho foi
realizado entre os dias 14 a 21 de Junho de 2013, na região do Passo do Lontra, município de Miranda/MS. Foram
capturados e mobilizados mecanicamente 10 animais, com a ajuda de um cabo de aço e cordas, com a devida
aprovação do comitê de ética da faculdade. A retirada do sangue foi feita por punção venosa através do seio
occipital, com uma seringa hipodérmica. O sangue foi armazenado em tubos devidamente identificados para cada
amostra, contendo anticoagulante (EDTA), mantido em uma caixa de isopor contendo gelo reutilizável em gel por
sete dias, durante as coletas. Também foram retiradas algumas medidas biométricas (Comprimento Rostro
Cloacal, Comprimento Total e peso) e a sexagem de cada indivíduo. Posteriormente a essa etapa, foram feitos em
laboratório, esfregaços sanguíneos em lâminas e a coloração com Giemsa. Com o auxílio de um microscópio
ótico, foi feita a contagem das células observadas, através da metodologia padrão, onde foi feita contagem de
2.000 células nos campos observados. O número de hemoparasitas encontrados foi obtido nos mesmos campos
de análise, dentre as células contadas. Feita a análise estatística descritiva dos dados encontrados, os resultados
parciais indicaram a presença de hemoparasitas em 90% (9/10) dos animais. Foram encontrados hemoparasitas
das espécies Hepatozoon caimani da família Haemogragarinidae, parasitando eritrócitos na sua maioria. A média
do comprimento total dos indivíduos amostrados foi de 137 cm, com um desvio padrão de 485 cm (devido à
grandes diversidade de tamanhos), sendo na maioria indivíduos fêmeas (7/10). O trabalho deve continuar com a
coleta de amostras em outros períodos do ano, para que possamos fazer análises comparativas do grau de
infestação por hemoparasitas durante os períodos de seca e de chuva na região do Pantanal.
1
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79804-970, Dourados, MS
([email protected])
2
Professora Doutora da Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79804-970,
Dourados, MS ([email protected])
3
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade e bolsista CAPES Universidade Federal da
Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79804-970, Dourados, MS ([email protected])
4
Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79804-970, Dourados, MS
([email protected])
5
Acadêmica do Curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal da Grande Dourados, Caixa Postal 533, 79.804-970, Dourados, MS
([email protected])
218
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Avaliação da balneabilidade da água da ‘Prainha’ de Anastácio, rio Aquidauana,
Anastácio, MS
1
2
3
4,
Fabiula Aletéia de Souza , Thaiany Alonso Rodrigues , Suelen Martins Gonçalves , Adriana de Barros
5
6
Diego Fialho da Silva , Ricardo Henrique Gentil Pereira
A população de Aquidauana e Anastácio costuma utilizar a “prainha” como balneário, para realizar atividades de
recreação. O clima local com temperaturas elevadas e a localização estratégica do rio Aquidauana que corta as
duas cidades favorecem essa prática. A balneabilidade é um conceito que faz referência à questão da qualidade
das águas, sendo este termo entendido como o contato direto e prolongado, onde há possibilidade de ingestão de
água em certa quantidade. Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise microbiológica para avaliar as
condições de balneabilidade das águas da “prainha” da cidade de Anastácio-MS, por onde passa o rio
Aquidauana, e também avaliar a percepção da população que utiliza este local e as águas do rio Aquidauana
como lazer e recreação de suas famílias. O trabalho foi desenvolvido a partir de um questionário aplicado a dez
famílias que frequentam a “prainha”, realizado no dia 29 de setembro de 2013. A coleta da água para a análise
dos índices de coliformes fecais e a análise da sonda multiparâmetra foram realizadas nos dias 27 e 30 de
setembro de 2013 em três pontos diferentes localizados a 100 metros de distância um do outro, abrangendo as
áreas de banho da população. Para realizar a análise de coliformes foi utilizado método usual. As amostras foram
coletadas na porção superior do rio Aquidauana em frascos de vidro esterilizados em autoclave por 20 minutos a
120°C e mantidos em isopor até o momento da análise no laboratório. Os caldos de Água Peptonada, Lauril
Simples, Lauril Duplo, EC e Bile foram preparados utilizando a diluição indicada pelo fabricante. Depois de
colocadas as quantidades indicadas de cada caldo nos tubos, os mesmos foram tampados e autoclavados a
120°C por 20 minutos. Depois de frios, os tubos for am numerados e dispostos em fileiras de 03 tubos. Com auxílio
de um pipetador automático de ponteiras esterilizadas, foi tranferido 1 mL da amostra para cada tubo contendo
9 mL de água peptonada. Preparou-se, assim, a primeira diluição decimal (10¯¹), correspondente a 0,1 mL da
amostra. Homogeneizou-se a primeira diluição (10¯¹) e transferiu-se 1 ml desta solução para cada outro tubo
contendo 9 mL de água peptonada, conseguindo-se, assim, a segunda diluição decimal (10‫־‬²), correspondente a
-3
0,01 mL da amostra. Procedeu-se dessa maneira para a terceira diluição (10 ). Em seguida, foi transferido 1 mL
de cada tubo de água peptonada para seu tubo correspondente, contendo LD e LS. Os tubos foram levados à
estufa por 48h a uma temperatura de 35 + 0,5 ºC. Em seguida, foi transferida cada cultura com resultado
presuntivo positivo, para caldo lactosado com verde brilhante e bile a 2%, já contendo um tubo de Duhran
invertido, com o auxílio de uma alça de platina. A incubação foi feita a 35 + 0,5 ºC, durante 48 horas. As culturas
com resultados positivos foram para tubos contendo meio EC, também com auxílio de uma alça de platina e, em
seguida, incubados durante 24 +2 horas a 44,5 + 0,2 ºC em banho-maria. A determinação do número de
coliformes totais e fecais foi finalizada por meio de contagem dos tubos com amostras positivas e correlação com
tabela específica do método. Ao analisar os questionários respondidos pelos usuários da “prainha” pôde-se
perceber que a população pensa que a água do rio, pelo fato de ser corrente, não proporciona nenhum mal à
saúde. Os resultados obtidos no dia 27 de setembro com a análise de coliformes totais foram: P1: 4600/ P2:
11000 e P3: 11000 e coliformes termotolerantes foram: P1: 1500/ P2: 1100/ P3: 280. No dia 30 de setembro os
resultados de coliformes fecais obtidos foram: P1: 1500/ P2: 24.000/ P3: 11000 e coliformes termotolerantes
foram: P1: 230/ P2: 11000/ P3: 4600. De acordo com a classificação estabelecida pela Resolução CONAMA
274/2000, as águas impróprias para banho são as que apresentam acima de 1.000 coliformes fecais por 100 mL
de água, em no mínimo duas amostras de cinco analisadas, ou quando o valor obtido na última amostragem for
superior a 2.500 coliformes fecais, comprovando assim que a “prainha” de Anastácio-MS não possui as condições
necessárias para ser utilizada como balneário pela população.
1
Graduanda em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
Graduanda em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
3
Graduanda em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS [email protected])
4
Técnica do Laboratório de Hidrologia, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
5
Graduando em Ciências Biológicas, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
6
Professor Doutor, na UFMS, CPAQ, 79200-000, Aquidauana, MS ([email protected])
2
219
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Avaliação preliminar da aceitação de mudas de plantas apícolas fornecidas a
agricultores familiares de Corumbá1
2
3
3
Michael de Souza Toledo , Alberto Feiden , Marçal Henrique Amici Jorge , Vanderlei Doniseti Acassio dos
3
Reis
Foi realizado um trabalho de avaliação preliminar da aceitação de mudas de plantas apícolas fornecidas pela
Embrapa Pantanal a alguns dos agricultores familiares dos assentamentos rurais de Corumbá, Mato Grosso do
Sul. As mudas foram originadas em decorrência de estudos de identificações e multiplicação realizadas em outras
etapas desse projeto de pesquisa, as quais foram entregues, prontas para serem cultivadas, em diversos eventos
para os apicultores e para outras pessoas interessadas nas mesmas. O objetivo dessa ação foi consolidar a
produção de mudas dessas espécies na Embrapa Pantanal para futuros fornecimentos a agricultores, que utilizam
em seus lotes essas plantas para uso múltiplo como, por exemplo, as espécies frutíferas (laranjeiras, limoeiros,
mexeriqueiras, jabuticabeiras, etc.), as quais também são utilizadas pelas abelhas africanizadas (Apis mellifera)
para a coleta de néctar, pólen, resina e/ou melato. As espécies vegetais selecionadas terão a sua frequência
ampliada nessa região e devem fornecer grandes quantidades de qualquer um desses tipos de recursos, de
preferência por um longo período como, por exemplo, a barriguda (Ceiba pubiflora) que floresce copiosamente no
inverno, época que ocorre carência alimentar para esses insetos. Para a elaboração da lista das espécies apícolas
foram consideradas apenas as que florescem por mais de um mês. A avaliação foi realizada por meio de um
questionário aplicado a três assentados rurais para determinar qual a avaliação que os agricultores fazem das
espécies que receberam. Verificou-se que as espécies lembradas pelos entrevistados foram carobinha (Jacaranda
caroba), moringa (Moringa oleifera), acacia mangium (Acacia mangium), Tarumã (Vitex polygama), louro-preto
(Cordia glabrata), aroeira (Myracrodruon urundeuva), cerejinha ou calabura (Muntingia calabura) e ipê ou piúva
(Hadroanthus impetiginosus), sendo que todas já eram conhecidas pelos assentados. Além disso, essas espécies
receberam uma nota de 0 a 10 para a avaliação das mesmas, na qual houve uma oscilação de regular (cerejinha
e Acacia mangium), bom (tarumã, louro-preto, aroeira, ipê e carobinha) para ótimo (moringa). Essa oscilação de
nota deve-se ao não desenvolvimento da maioria das plantas devido à seca, geada e falta de irrigação. A
continuidade deste trabalho deve possibilitar aumentos na quantidade de plantas apícolas com consequentes
melhoras nas condições produtivas para as abelhas africanizadas e que podem resultar em maiores obtenções de
produtos apícolas com possíveis impactos positivos na renda familiar desses agricultores.
1
Parte do projeto “Apicultura como Estratégia para Inserção do Desenvolvimento Rural Sustentável em Assentamentos de Corumbá-MS”, financiado
pelo Macroprograma 6 da Embrapa - Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura Familiar e à Sustentabilidade do Meio Rural
2
Acadêmico da UFMS e bolsista CNPq/PIBIC na Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Pesquisadores da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected]; [email protected];
[email protected])
220
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Comparação da comunidade bentônica de córrego urbano e rural do município de
Corumbá, MS
1
2
3
4
Júlio Anderson Baldueno , Lucilene De Farias , Rogers de Souza Gomes , Zarife Magalhães de Moraes ,
5
6
Lucí Helena Zanata , William Marcos Da Silva
Os macroinvertebrados bentônicos são organismos que respondem às mudanças ambientais, tais como as
condições da bacia hidrográfica e da qualidade da água. A estrutura, composição e diversidade das comunidades
bentônicas são utilizadas como indicadores de qualidade ambiental e, em conjunto com outros parâmetros
abióticos, é uma importante ferramenta para a gestão ambiental. Com o objetivo de verificar a comunidade de
zoobentos em córregos com diferentes usos e qualidade de água no município de Corumbá, MS, foram
amostrados dois ambientes da área urbana (córregos da Vila Mamona e Poliesportivo, nas coordenadas
geográficas 18º59’54.48’’S, 57º38’06.06’’O e 19º00’38.19”S, 57º38’23.69”O, respectivamente) e um córrego
localizado na área rural (balneário São Domingos, coordenadas 19º15’19.02’’S, 57º37’54.11’’O), distante 40km da
área urbana. As amostragens foram realizadas em um único evento amostral em agosto de 2013, onde as
variáveis físicas e químicas foram medidas com sonda multiparamétrica HORIBA U52, considerando os seguintes
parâmetros: concentração de oxigênio dissolvido, pH, Potencial Redox (ORP), condutividade, turbidez e
temperatura da água, a temperatura do ar foi feita com termômetro de mercúrio. Para coleta da comunidade
2
bentônica foi utilizado coletor Surber, com rede de 250µm de malha, com amostragem de 50cm de área. O tipo
de fundo do ambiente foi observado e anotado. O material coletado foi fixado com formol 4% para posterior
triagem e identificação dos organismos em laboratório, com auxílio de esteomicroscópio e bibliografia
especializada. Os dados físicos e químicos foram utilizados para agrupar os córregos por similaridade. Para a
comunidade biótica foram aplicados o índice de similaridade de Sorensen e o índice biótico de família (IBF),
utilizando as tolerâncias de BMWP. O índice de similaridade aplicado para os parâmetros físicos e químicos
mostraram uma maior similaridade entre os córregos da cidade com 96,98%, entretanto o córrego rural foi
-1
ligeiramente menor com 95,5%. Nos córregos urbanos se destacam a maior condutividade entre 0,350mScm e
-1
-1
0,402mScm , enquanto no córrego rural foi de 0,004mScm , a temperatura foi maior nos córregos urbanos com
21ºC e em torno de 12ºC no córrego rural. A comunidade bentônica esteve representada por 10 famílias, das
quais Chironomidae foi a mais frequente, com representantes nos três ambientes amostrados, e também a mais
abundante nos três ambientes. Os córregos urbanos tiveram as maiores riquezas com 7 e 6 para os córregos Vila
Mamona e para o Poliesportivo, respectivamente, e apenas 1 para o córrego rural. Já o índice de similaridade
destaca o córrego do Poliesportivo como o mais diferente e os córregos Vila Mamona e rural mais similares entre
si, com cerca de 97% contra 85% do córrego poliesportivo, onde os córregos urbanos tiveram três espécies em
comum e sete diferentes. O índice aplicado às famílias, o IBF, mostrou grande similaridade entre os pontos com
maior semelhança entre os córregos da cidade com valores de 6,40 e 6,47 para os córregos Poliesportivo e Vila
Mamona, respectivamente, o córrego rural teve um valor de 6,0 para o índice, entretanto todos estes ficaram na
classificação de qualidade ambiental regular com poluição moderada. As diferenças apresentadas podem ter
explicação no tipo de fundo que variou de minério de ferro, pedregulho e folhiço. Os resultados mostraram que
apesar dos córregos estarem em ambientes diferentes e apresentarem composição e estrutura zoobentônica
diferentes, todos apresentaram a qualidade regular para água, sofrendo uma poluição moderada. Para um melhor
entendimento destes ambientes e melhor compreender as diferentes estruturas das populações bentônicas e sua
variação com a qualidade ambiental para poder balizar políticas de gerenciamento ambiental, necessita-se ampliar
os esforços amostrais tanto em número de pontos por córrego quanto em tempo de amostragens abrangendo todo
o ciclo hidrológico.
1
Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304-020,
Corumbá, MS ([email protected])
Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304020, Corumbá, MS ([email protected])
3
Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304-020,
Corumbá, MS ([email protected])
4
Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252, 79304-020,
Corumbá, MS ([email protected])
5
Professor Adjunto I do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252,
79304-020, Corumbá, MS ([email protected])
6
Professor Adjunto II do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, Caixa Postal 252,
79304-020, Corumbá, MS ([email protected])
2
221
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Comparação de métodos de purificação de cera apícola para agricultores familiares1
2
3
Jean Carlos Soares de Medeiros , Marcela Rita do Nascimento Aldana , Vanderlei Doniseti Acassio dos
4
Reis
Este trabalho descreve alguns dos métodos de purificação de cera apícola, com suas vantagens e limitações, que
podem ser empregados em pequena escala nas condições reais dos agricultores familiares. Os favos velhos, que
não mais têm condições ideais de uso pelas abelhas africanizadas (Apis mellifera) do apiário normalmente são
descartados, em muitos casos de maneira inadequada, devido às desvantagens que proporcionam para o
adequado desenvolvimento das colônias desses insetos. Além disso, os favos velhos liberam substâncias voláteis
que atraem pragas como, por exemplo, traças, formigas e forídeos e até mesmo ataques de animais de maior
porte como, por exemplo, irara e tatu. O material a ser purificado, composto exclusivamente por favos velhos sem
presença de mel, pólen e/ou crias, foi separado em três tratamentos, sendo cada um composto por 2,20 kg. Cada
um desses tratamentos foi submetido a um método de purificação diferente. No primeiro método foram
adicionados os favos velhos em uma panela de alumínio com capacidade para 35 litros e com quantidade de água
suficiente para que esses materiais ficassem submersos. A seguir foi aceso o fogo e mantido o aquecimento até
que a cera estivesse derretida na água aquecida. Na sequência a panela foi retirada do fogão a gás liquefeito de
petróleo onde estava. A seguir, a mistura resultante foi peneirada, para a retirada dos materiais não derretidos,
sobre uma bandeja plástica onde ficou depositada durante 24 horas para seu resfriamento total e separação, por
diferença de densidade, da maior parte das sujidades da cera. A cera obtida nesse processo deve ser derretida
sucessivas vezes para que se obtenha um grau mais adequado de purificação da mesma. O segundo método foi
semelhante ao primeiro, mas durante o peneiramento da mistura foi mantida a panela sob aquecimento no fogão,
impedindo assim seu resfriamento, aumentando a eficácia de recuperação da cera e a facilidade no manuseio do
material. No terceiro método foi utilizado um derretedor de cera, produto de alumínio fabricado para tal fim, que
produz vapor d'água quente que atravessa os favos velhos e libera a cera apícola juntamente com a água
resultante do condensamento do vapor num recipiente para contê-los. No primeiro método obteve-se 20 g de cera
purificada, o que representa 0,91% do peso inicial. No segundo método obteve-se 42 g de cera purificada, o que
representa 1,91% do peso inicial. No terceiro método foram recuperados 37 g de cera, o que representa 1,68% do
peso inicial. O primeiro método foi o mais dificultoso, pois ao retirar a panela do fogo logo a mistura resfriava-se
rapidamente e ficava mais sólida, o que dificultava a sua passagem na peneira e com visível presença de cera nos
resíduos e nos utensílios utilizados no processo de purificação. O segundo método foi o que obteve o melhor
rendimento. Apesar da purificação ter sido feita de maneira mais lenta, por se manter a cera aquecida. Contudo,
há um maior risco de acidentes nesse método, pois o material pode pegar fogo, sendo necessária a presença de
duas pessoas para acompanhar adequadamente este processo. O terceiro método é o mais seguro uma vez que
é mais difícil da cera entrar em combustão. Além disso, a purificação nesse método se mostrou mais eficaz quanto
à pureza da cera. Contudo, os inconvenientes deste método seriam a duração do processo, pois foi o mais
demorado, com maior consumo de gás de cozinha e a relativa dificuldade para a aquisição do derretedor de cera
em relação aos materiais empregados nos outros dois métodos. Analisando-se os resultados dos três métodos de
purificação da cera apícola concluí-se que apesar da baixa porcentagem recuperada desse material o apicultor
familiar só tem vantagens na utilização de qualquer um desses processos, principalmente no segundo e terceiro
métodos, pois se deixar os favos velhos no apiário vai estar prejudicando o desenvolvimento das colônias de
abelhas africanizadas. Além disso, a cera recuperada poderá servir para vários fins como na produção de lâminas,
pesam em media 0,06 g, de cera alveolada e até mesmo como fonte de renda por meio da sua comercialização
direta.
1
Parte do projeto “Apicultura como Estratégia para Inserção do Desenvolvimento Rural Sustentável em Assentamentos de Corumbá-MS”, financiado
pelo Macroprograma 6 da Embrapa - Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura Familiar e à Sustentabilidade do Meio Rural
2
Acadêmico da UNOPAR e bolsista CNPq/PIBIC na Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
3
Acadêmica da UFMS e bolsista CNPq/PIBIC na Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
222
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Densidade de Acrocomia aculeata na comunidade de Antônio Maria Coelho
1
2
Thomas Celescuekci Lodi Corá , Catia Urbanetz , Suzana M. Salis
3
A bocaiuva (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart.) é uma palmeira nativa brasileira, utilizada para diversos
fins. A comunidade de Antônio Maria Coelho extrai a polpa do fruto da bocaiuva para a produção de farinha e
outros produtos que auxiliam na renda da comunidade. Essa comunidade é tradicional e está localizada no distrito
de Albuquerque, no município de Corumbá, MS. O objetivo do trabalho foi estimar a densidade populacional da
bocaiuva, em área extrativista utilizada pela comunidade de Antônio Maria Coelho. Essa informação servirá de
base para ter uma estimativa da quantidade de frutos por hectare que a comunidade utiliza. Essa estimativa será
importante para os estudos socioeconômicos que serão feitos com a comunidade. A determinação da densidade
populacional foi realizada em três áreas pelo método de transectos, (contagem de todos os indivíduos em uma
faixa de área conhecida). As bocaiuvas foram separadas em jovens e adultos (identificados pela presença ou
vestígios de estrutura reprodutiva - cacho). Foram amostradas duas áreas ao lado da ferrovia, uma de 20 m x 250
m (0,5 ha), e outra de 20 m x 400 m (0,8 ha), totalizando 1,3 ha nessas duas áreas. A outra área é um pasto de
348 m x 230 m (8 ha). Com a utilização do método de transecto, foi possível determinar a densidade populacional
das áreas amostradas. A primeira área ao lado da ferrovia que totalizava 0,5 ha possui uma densidade absoluta
de 172 indivíduos/ha e uma densidade de indivíduos jovens e adultos de respectivamente 74 indivíduos/ha, e 98
indivíduos/ha. O número de indivíduos encontrados nessa área foi 86. A densidade de indivíduos adultos da
segunda área perto da ferrovia que totalizava 0,8 ha é de 165 indivíduos/ha, e a de indivíduos jovens é de 61,25
indivíduos/ha. Essa segunda área apresentou uma densidade absoluta de 226,25 indivíduos/ha. A área do pasto
apresentou 403 indivíduos e uma densidade absoluta de 6,29 indivíduos/ha, e uma densidade de indivíduos
jovens e adultos de respectivamente 0,95 indivíduos/ha, e 5,34 indivíduos/ha. É possível concluir que as três
áreas utilizadas para o extrativismo têm densidades muito distintas, e que as áreas ao lado da ferrovia são mais
fáceis para a coleta devido à alta densidade de bocaiuvas.
1
Acadêmico do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e bolsista da Embrapa Pantanal, Caixa Postal
109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
3
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
223
DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Desenvolvimento de software estatístico de apoio e decisão para políticas públicas
educacionais baseado no Censo Escolar
1
2
3
Beatriz Oliveira , Gubert M. Salis Maia , Eduardo Lourenço dos Santos , Rafael Françozo
4
Este projeto de iniciação busca apresentar os parâmetros adotados para o desenvolvimento de uma ferramenta
estatística para análise dos resultados do Censo Escolar no período entre 2007-2012 com a possibilidade de ser
estendido para anos posteriores. Atualmente os dados do Censo Escolar são passiveis de analise apenas por
meio de softwares comerciais. Esta proposta pauta-se na dialética entre a comunidade acadêmica, gestores do
sistema de ensino e comunidade visando estabelecer um princípio de mobilização coletiva, proporcionando ao
acadêmico, experiências práticas de desenvolvimento de software e interação com o contexto social e educativo.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP coordena, em parceria com as secretarias de
estaduais e municipais de educação com a participação de todas as escolas públicas e privadas do Brasil, um
levantamento estatístico conhecido como Censo Escolar. Os resultados do Censo Escolar são de domínio público
e disponibilizados no portal do MEC, para acessá-los é necessário utilizar um dos softwares estatísticos que o
INEP já disponibiliza modelos para abertura e análise, o SPSS (http://www.spss.com.br/) da IBM e o SAS
(http://www.sas.com/) desenvolvido pela SAS Institute. Os dois programas são desenvolvidos para o sistema
operacional Windows e não são de livre utilização e distribuição. Os dados disponibilizados pelo Censo Escolar
são fundamentais em grande parte das pesquisas em educação, no que diz respeito à educação especial, perfil
dos estudantes, formação dos professores, evasão, rendimento entre outras informações. No entanto, a
necessidade de se utilizar um sistema operacional proprietário e um software proprietário para recuperação dos
dados se torna um obstáculo para o acesso aos dados do Censo Escolar. Estes obstáculos se apresentam como
uma oportunidade para o desenvolvimento de uma ferramenta web livre e gratuita que possa ser utilizada sem
restrições por pesquisadores de todo o país que ainda podem auxiliar no continuo desenvolvimento da ferramenta
com melhorias e atualizações constantes. Os resultados da ferramenta apresentam relacionamentos no sistema
educacional brasileiro, como tendências de evasão escolar por minorias com histórico de violação dos direitos
(pessoas com deficiência, descendentes de quilombolas, população ribeirinha entre outros), de forma mais local
possibilitando aos gestores de pequenas cidades dados e relacionamentos mais precisos a respeito do sistema
educacional de sua região. Baseados nos dados obtidos pelo Censo Escolar e apresentados pelo sistema os
gestores podem adotas medidas, os governantes locais podem estabelecer políticas públicas que favoreçam o
sistema educacional e permita um melhor desenvolvimento do IDEB em sua região. Até o presente momento, temse a estrutura do banco de dados para receber as informações do Censo Escolar, durante o processo de
importação foi identificada que apenas uma das tabelas, a tabela com dados dos docentes, possui mais de onze
milhões de registros, diante do enorme volume de dados há a necessidade de um tratamento de inteligência
artificial que possa tornar o acesso e a recuperação dos dados e relacionamentos mais eficientes.
1
Acadêmica do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e bolsista PIBIC-IFMS, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, 79300-000,
Corumbá, MS ([email protected])
Acadêmico do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e bolsista PIBIC-IFMS, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, 79300-000,
Corumbá, MS ([email protected])
3
Acadêmico do Curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e bolsista PIBIC-IFMS, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, 79300-000,
Corumbá, MS ([email protected])
4
Professor do Departamento de Informática - Redes, Instituto Federal de Mato Grosso do Sul, 79300-000, Corumbá, MS
([email protected])
2
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Desenvolvimento de veículo aéreo não tripulável monitorador de incêndio do Pantanal
Sul-Mato-Grossense
1
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Erick F. Cainelli , Gabriel Avellar , Thiago Moraes , Cláudia S. Fernandes , Roosevelt F. M. Silva
5
Em 2012, conforme a estatística do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), já ocorreram 3.517 focos de
incêndio no Estado. Em 2011, foram 2.254 no mesmo período, segundo o órgão. Ainda de acordo com as
comparações apresentadas sobre os últimos seis anos (2007 a 2012) no site do INPE, o número de focos já
contabilizados é inferior somente aos registros de 2010. Naquele ano, foram detectados 4.365 focos de incêndio.
Como a região de Corumbá é muito quente e existem áreas de difícil acesso (bioma Pantanal), os estragos
ambientais decorrentes de incêndios são devastadores. Um veículo que não coloque seres humanos em risco e
que ainda assim, monitore os focos de incêndio identificando regiões de risco será de grande utilidade. Outra forte
justificativa para o projeto é o oferecimento de oportunidades de aprendizagem efetiva aos estudantes, para que
eles possam ampliar a visão da comunidade e do mundo e de sua capacidade de transformá-lo. Uma
aprendizagem considerada efetiva passa por emoções como curiosidade, empolgação, concentração e também
na construção de algo com significado, como um robô ou um programa de computador. Robótica é uma tecnologia
que abrange diversas áreas da ciência, como eletricidade, eletrônica, mecânica e computação. Trata-se de
sistemas compostos por partes mecânicas automatizadas controladas por circuitos integrados e tem como
consequência tornar os sistemas mecânicos motorizados, controlados manualmente ou automaticamente por
circuitos elétricos. Cada vez mais utilizado e presente em diversas áreas desde industriais até residenciais, esse
ramo da tecnologia pode também ser uma ferramenta de ensino e de grande motivação aos estudantes. As
atividades desse projeto visam contemplar os objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais de formação
interdisciplinar, contextualizada, ativa e crítica de seus estudantes – objetivos que extrapolam o espaço escolar.
Para isso, as ações necessárias para realização desta pesquisa abarcam a interdisciplinaridade, o
desenvolvimento de senso crítico e do interesse por projetos que venham a contribuir para o desenvolvimento
tecnológico e a democratização de saberes. Este projeto, em fase de desenvolvimento, está construindo um
Veículo Aéreo Não Motorizado- VANT para monitorar os focos de incêndios no Pantanal Sul-Mato-Grossense.
Foram realizadas pesquisas de quais peças são necessárias, com análise de suas respectivas medidas,
resistência, potência, e assim com estudos e testes obtendo um quadricóptero com estabilidade e com rendimento
eficiente para sobrevoar e colher informações. A escolha de quais informações o VANT irá coletar, também faz
parte da pesquisa, pois depende de quais equipamentos terão um melhor desempenho. O projeto tem três planos
de trabalho: Construção de um VANT, Desenvolvimento do Software funcional para o VANT e Sistema de
gerenciamento de posicionamento global. O primeiro plano de trabalho visa o estudo das placas controladoras a
serem utilizadas, das linguagens de programação para estas placas; a identificação dos sensores necessários
para o monitoramento de incêndios (temperatura, umidade etc.) e de como devem ser operacionalizados. O foco
do segundo plano será a implementação do software para controlar todos os dispositivos do VANT, com exceção
do GPS. Esse software, além do controle funcional, deverá possibilitar que o VANT adquira estabilidade no vôo. O
último plano de trabalho tem como objetivo percorrer rotas traçadas pelo GPS. Foram Até o momento, foram
identificadas as seguintes peças necessárias ao VANT: os motores, estes devem ter grande potência e torque; a
placa controladora KK Multicopter Controller V5.5, pois permite todo o controle dos quatro motores, inclusive para
direcionar o veículo; o esqueleto do VANT, moldura de alumínio liga: 2,8 milímetros de espessura (Axis HJ450
Multi Flame Wheel Flame Strong Smooth KK MK MWC Quadcopter Kit), com peso e espaço suficiente para
acomodar os motores, baterias e sensores e, ainda assim, possibilitar o vôo; 4 hélices de plástico resistente,
porém bem leves e por último as baterias que alimentam os quatro motores, estas possuem capacidade de 0,1
ampers-hora, possibilitando quantidade de corrente suficiente para manter a tensão de 1,5. De forma integrada e
concomitante, estes três planos de trabalho (construção e etapas de desenvolvimento) possibilitarão aprimorar o
protótipo até alcançar o rendimento máximo, e assim alcançar os objetivos esperados.
1
Estudante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de
Sistemas, 79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
2
Estudante do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
3
Estudante da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Sistemas de Informação, 79394-902, Corumbá, MS ([email protected])
4
Professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
5
Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul, Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas,
79320-198, Corumbá, MS ([email protected])
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Levantamento preliminar da ocorrência de espécies lenhosas de Chaco no Mato Grosso
Sul1
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Juliete Fernandes Gonçalves de Almeida , Suzana Maria Salis , Catia Urbanetz .
O Chaco brasileiro se situa na borda oeste do estado Mato Grosso do Sul ocupando cerca de 7% da sub-região
do Pantanal do Nabileque. Essa formação está fragmentada devido à expansão da atividade agropecuária das
últimas décadas. A composição florística dessa formação é única e, no Brasil, só ocorre no estado do Mato
Grosso do Sul. Por isso, trata-se de uma formação vegetal com alta prioridade para a conservação. Há espécies
típicas de Chaco que ocorrem em áreas de ecótonos com outras formações. Dessa maneira, este trabalho tem
como objetivo levantar a ocorrência de espécies lenhosas de Chaco em Mato Grosso do Sul. Os pontos de
ocorrência servirão para gerar mapas de distribuição das espécies, que poderão embasar a escolha de áreas
prioritárias de conservação no estado. O levantamento foi realizado a partir de consulta às páginas do Specieslink
e Flora do Brasil, artigos, anais de congresso e teses. Até o momento, a listagem obtida para o Estado do Mato
Grosso do Sul conta com 60 espécies de Chaco pertencentes, à 25 famílias e 49 gêneros. As famílias que mais se
destacaram foram: Leguminosae com 18 espécies, e Capparaceae, Malvaceae e Polygonaceae (quatro). A
grande maioria dessas espécies foi coletada e/ou observada no município de Porto Murtinho. Algumas dessas
espécies também ocorreram nos municípios de Aquidauana, Corumbá e Miranda. Certas espécies chaquenhas
foram coletadas e ou observadas apenas no município de Corumbá, tais como Achatocarpus praecox,
Bougainvillea praecox e Erythoxylum patentissimum. Segundo a literatura, Corumbá não apresenta formações
vegetais típicas de Chaco e sim uma vegetação de transição, com a ocorrência de algumas das espécies. O
número de espécies apresentado ainda é preliminar. O trabalho terá continuidade com maiores consultas na
literatura, herbários virtuais e coleções de herbários.
1
Parcialmente financiado pelo Fundect.
Aluna do Curso de Assistência Social e bolsista PIBIC - CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79302-900, Corumbá, MS
([email protected])
3
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
4
Pesquisadora da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Manutenção e organização da Coleção de Referência de Peixes da Embrapa Pantanal
1
Lincon Eder Ribeiro , Agostinho Carlos Catella
2
A Bacia do Alto Paraguai é formada pelo Pantanal, uma planície alagável, circundada por Planaltos, abrangendo
áreas do Brasil, Paraguai e Bolívia. A diversidade de ambientes aquáticos e a extensão das áreas alagáveis
permitem que a região abrigue uma ictiofauna amplamente diversificada, contendo mais de 270 espécies de
peixes, distribuídos em rios, baias, corixos e vazantes. Com a finalidade de dar suporte aos trabalhos que
envolvem a identificação de peixes, conservar exemplares testemunhos de espécies em estudos, e estimular o
interesse de estudantes e da comunidade em geral pelos peixes da região, foi criada a Coleção de Referência de
Peixes do Pantanal lotada na Embrapa Pantanal, em Corumbá, MS. O acervo da Coleção reúne atualmente cerca
de 750 lotes de peixes conservados em frascos com álcool a 70%, num total de 156 espécies, que corresponde a
58% do total. As 11 Ordens de peixes da região estão representadas no acervo, bem como 33 das 36 Famílias e
120 dos 167 Gêneros. Dentre as principais Ordens, a Coleção reúne 76 espécies (69%) de Characiformes, 48
(46%) de Siluriformes,16 (84%) de Perciformes e 6 (40%) de Gymnotiformes. Contudo, ainda há material coletado,
triado e fixado, disponível para ser incluído no acervo, de modo que o número de espécies registradas tende a
aumentar. Vale destacar que a Coleção abriga o lote original que foi coletado do Gênero Merodoras (Siluriformes,
Doradidae), parte do qual foi enviado para identificação no MZ-USP e serviu de base para a descrição de
Merodoras nheco Higuchi, Birindelli, Sousa & Britski, 2007. A conservação e manutenção desse acervo exige
cuidados permanentes de curadoria, tanto na conservação física dos lotes, quanto na atualização dos dados.
Neste estudo, apresentamos as atividades de rotina que são realizadas para a manutenção e organização da
Coleção. Para os novos lotes de peixes que são incorporados ao acervo, é feita a identificação por meio de
chaves dicotômicas a partir dos grandes grupos até o nível de espécie. Cada lote recebe um rótulo contendo
informações sobre a identificação e a coleta, que são as mesmas contidas no livro de tombo e no programa da
Coleção. Nos lotes já incorporados ao acervo, procede-se a verificação e correção do teor do álcool, que deve ser
mantido a 70%, utilizando-se o auxilio de um alcoômetro, funil de haste longa, proveta graduada e bastão de vidro.
É importante, também, a verificação das tampas e das plaquetas de vedação que ficam na parte interna das
tampas, efetuando-se a substituição quando necessário, a fim de reduzir a evaporação do álcool. Após estes
procedimentos, efetua-se a verificação dos dados de identificação e da coleta, conferindo-se as informações dos
rótulos com as do livro do tombo e do programa da Coleção. Quando necessário, efetua-se a correção das
informações dos rótulos ou a impressão de um novo rotulo para o lote. Ao final, o lote conferido retorna para a sala
do acervo, mantida ao abrigo da luz e climatizada. Os lotes de peixes que não tem as informações essenciais são
destinados para fins didáticos como empréstimo para escolas secundárias. Desse modo, procura-se organizar e
conservar o acervo, para que a Coleção possa atender as suas finalidades junto à comunidade cientifica, aos
estudantes e à comunidade em geral.
1
Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas e bolsista do Projeto NATDATA - Embrapa, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - CPAN,
Caixa Postal 252, 79.304-902, Corumbá, MS ([email protected])
2
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79.320-900, Corumbá, MS ([email protected])
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Moscas ectoparasitas de morcegos filostomídeos em um fragmento urbano de cerrado,
Campo Grande, MS1
2
2
2
Luciano Brasil Martins de Almeida , Gustavo Lima Urbieta , Guilherme Torres , Carla Cristina Cerezolli de
2
2
3
3
4
Jesus , Marcelo Rezende , Mariana Pires Veigas Martins , Jaire Marinho Torres , Alessandro Shinohara ,
5
Elaine Aparecida Carvalho dos Anjos
Chiroptera é uma Ordem com relevante diversidade, apresentando 18 famílias, 202 gêneros e 1.120 espécies,
sendo a família Phyllostomidae com maior diversidade de hábitos alimentares. Como qualquer outro animal,
morcegos têm a possibilidade de apresentar artrópodes, principalmente pertencentes as classes Insecta e
Arachnida, que vivem às custas dos hospedeiros alimentando-se de seus fluídos corpóreos e folículos capilares.
Este estudo objetivou pesquisar a interação parasita-hospedeiro entre os ectoparasitas e morcegos filostomídeos
ocorrentes em um fragmento urbano de cerrado do Instituto São Vicente, no município de Campo Grande, MS. As
coletas foram realizadas mensalmente entre agosto de 2011 e março de 2013, utilizando-se seis redes de neblina
“mist nets” dispostas a uma altura de 0,5 a 2,5 metros de altura do solo e abertas por um período de 12 horas por
2
noite, totalizando um esforço amostral de 80.616 h.m . A cada 30 minutos as redes eram vistoriadas, os animais
capturados eram colocados em sacos de algodão e permaneciam por um período de aproximadamente 30
minutos, posteriormente era feita a sua triagem e a soltura dos morcegos. As fezes coletadas foram armazenadas
em pequenos tubos plásticos - os “eppendorffs” contendo glicerina e os ectoparasitas coletados eram
armazenados em eppendorffs contendo álcool 70%. A identificação dos ectoparasitas foi feita em laboratório com
a ajuda de um estereomicroscópio e chave de identificação de Graciolli & Carvalho, 2001. Os ectoparasitas após
serem identificados foram colocados na coleção zoológica da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Para a
descrição da comunidade de ectoparasitas foram feitos alguns cálculos parasitológicos, como a prevalência média
(número de hospedeiros infestados/números de hospedeiros examinados x100), abundância média (número de
ectoparasitas/número de morcegos examinados) e intensidade média de infestação (número de parasitas/número
de hospedeiros infestados). Foram capturados no total 270 morcegos pertencentes a 10 espécies da família
Phyllostomidae. Destes, em 86 morcegos foram encontrados ectoparasitas pertencentes a nove diferentes
espécies sendo que 26,78% dos hospedeiros eram do sexo masculino e 73,22% do sexo feminino. A prevalência
foi maior em morcegos da espécie Carollia perspecillata e a abundância média foi maior de Megistopoda aranea
para morcegos da espécie Artibeus planirostris enquanto a intensidade média foi maior do ecto Trichobius tiptoni
para o hospedeiro Carollia perspecillata. O conhecimento da sua ocorrência em uma área urbana no município de
Campo Grande contribui para a determinação de sua distribuição no estado de Mato Grosso do Sul onde ainda
existem poucos estudos, bem como contribuir com informações para uma área de pesquisa da na Universidade
Católica Dom Bosco.
1
Projeto PIBIC UCDB/CNPq
Graduandos em Ciências Biológicas da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) ([email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected],)
3
Graduados em Ciências Biológicas pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) ([email protected], [email protected])
4
Mestre em Entomologia pela UNESP, FCAV, Campus de Jaboticabal, SP ([email protected])
5
Professora do curso de Ciências Biológicas da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) ([email protected])
2
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DESAFIOS E SOLUÇÕES PARA O PANTANAL
26 A 29 DE NOVEMBRO DE 2013
Transição agroecológica: avaliação de biomassa de plantas medicinais no assentamento
72 em Ladário, MS1
2
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Luã Santos Araújo da Silva , Edmar Sebastião de Arruda , Aurélio Vinicius Borsato , Alberto Feiden
5
No assentamento 72, situado em Ladário, MS, vivem vários agricultores assentados que tiram seu sustento dos
cultivos realizados no local. No lote 47, de propriedade do Sr. Ramão da Silva Pires, foram introduzidas 23
espécies de plantas medicinais com o intuito de resgatar a cultura do cultivo destas plantas, em consórcio com as
hortaliças, para aumentar a diversidade de espécies no local. Trata-se de mais uma atividade promotora do
sistema de transição agroecológica, buscando maior equilíbrio natural por meio do aumento da diversidade e,
consequentemente, eliminando ou reduzindo a utilização de insumos sintéticos para o controle de pragas e
doenças. Dentre as espécies introduzidas, quatro medicinais melhor adaptadas foram escolhidas para a medição
da biomassa fresca em t/ha, pressupondo que quanto maior a produção de biomassa maior a produção de
princípios ativos, podendo ser utilizada para o controle de pragas e doenças. Este estudo preliminar teve como
objetivo mensurar o potencial de biomassa das seguintes espécies: Falso Boldo (Plectranthus barbatus), Boldo
Cheiroso (Plectranthus amboinicus), Cravo de Defunto (Tagetes minuta) e Losna (Artemisia absinthium). Todas as
coletas foram realizadas no dia 26/09/2013, utilizando-se um gabarito de 25cmX25cm (quatro repetições para
cada espécie). As amostras foram retiradas com o auxílio de uma tesoura e imediatamente determinou-se a
massa fresca por meio de uma balança digital. Estimou-se a biomassa fresca total de 70,5t/ha para a espécie
Plectranthus barbatus, 74,7t/ha para Plectranthus amboinicus, 52,9t/ha para Tagetes minuta e 31,8t/ha para a
espécie Artemisia absinthium. Resultados estes positivos em sistema de consórcio com hortaliças, indicando boa
adaptação destas medicinais àquelas condições de manejo agroecológico. As demais espécies serão também
monitoradas quanto a produção de biomassa. Na continuidade serão aprofundados os estudos, especialmente os
teores e a produção de óleos essenciais de cada espécie.
1
Financiado pelo Macroprograma 4 da Embrapa
Acadêmico de Ciências Biológicas da UFMS/CPAN, Bolsista PIBIC/CNPq da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
3
Acadêmico de Ciências Biológicas da UFMS/CPAN, Bolsista IEX, da UFMS/Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS
([email protected])
4
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
5
Pesquisador da Embrapa Pantanal, Caixa Postal 109, 79320-900, Corumbá, MS ([email protected])
2
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