Comportamento dos Preços Livres em 2004 Preço ao consumidor Variação % anual Discriminação Pesos Variação Contribuição Participação 2003 2004 IPCA 2004 100,0 9,3 7,6 7,6 71,1 7,8 6,5 4,7 61,3 Comercializáveis 40,1 8,7 6,3 2,5 33,3 Não comercializáveis 31,0 6,7 6,9 2,1 28,0 28,9 13,2 10,2 2,9 38,7 Livres Monitorados 100,0 Grupos Alimentação e bebidas 23,1 7,5 3,9 0,9 11,8 Habitação 16,6 12,3 7,1 1,2 15,5 Artigos de residência 5,6 6,9 5,4 0,3 4,1 Vestuário 5,2 10,2 10,0 0,5 6,8 11,0 2,3 30,7 Transportes 21,2 Saúde e cuid. pessoais 10,5 10,0 Despesas pessoais 9,1 7,3 9,6 6,9 0,7 9,5 6,9 0,6 8,3 Educação 4,8 10,2 10,4 0,5 6,4 Comunicação 3,8 18,7 13,9 0,5 6,8 Fonte: IBGE A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) alcançou 7,6% em 2004, abaixo dos 9,3% registrados em 2003, situando-se no intervalo de tolerância da meta para a inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Os preços livres aumentaram 6,5% em 2004, ante 7,8% no ano anterior, e os preços monitorados, 10,2%, ante 13,2% em 2003. Assim, a variação dos preços livres foi responsável por 4,66 p.p. da inflação de 2004, e a dos preços monitorados, por 2,94 p.p., correspondendo a participações de 61,3% e 38,7%, respectivamente, na taxa do ano. Em 2004, os preços livres foram afetados positivamente pela oferta favorável de produtos agrícolas e pela apreciação cambial registrada a partir do segundo trimestre do ano. No primeiro caso, os recuos nos preços do arroz, alimentos in natura e óleo de soja, de 17,1%, 3,2% e 11,3%, respectivamente, exerceram influência significativa para a redução da variação dos preços no grupo alimentação, de 7,5% em 2003, para 3,9% em 2004. Os efeitos da apreciação cambial foram evidenciados pelo comportamento distinto dos preços dos bens comercializáveis e dos bens não comercializáveis internacionalmente. Nesse sentido, enquanto os primeiros desaceleraram de 8,7%, em 2003, para 6,3%, em 2004, os últimos mantiveram-se no mesmo patamar, variando 6,7% e 6,9%, respectivamente. Ressalte-se, no primeiro grupo, que mesmo os preços de itens com variação elevada em 2004, a exemplo de remédios, apresentaram desaceleração significativa em relação ao ano anterior. A desaceleração dos preços livres em 2004 ante o ano anterior não foi mais expressiva em virtude 36 | Relatório de Inflação | Março 2005 de três fatores: a persistência observada em itens cujos reajustes refletem a inflação do ano precedente; a evolução dos preços internacionais do petróleo; e a elevação dos preços das commodities metálicas, em especial, ferro e aço. O efeito da inflação passada, embora mais acentuado no grupo de preços monitorados, por força da indexação contratual para reajustes de determinadas tarifas, pode ser observado, também, no grupo dos preços livres, em especial no item cursos, que engloba matrícula e mensalidade escolar. Evolução do IPCA e dos reajustes em cursos Variação % anual 15 10 5 0 1999 2000 2001 2002 2003 IPCA (-1) * até fevereiro 2004 2005* Cursos Fonte: IBGE Influência dos preços de derivados de petróleo Variação % trimestral IPA-DI IPCA 14 6 10 5 4 6 3 2 2 -2 1 -6 Fev 2001 0 Ago Fev 2002 Ago Fev 2003 Ago Fev 2004 Produtos relacionados no IPA-DI Produtos relacionados no IPCA Fonte: IBGE e FGV Ago Fev 2005 O impacto mais expressivo da elevação dos preços internacionais do petróleo sobre os preços domésticos é percebido na evolução dos preços do segmento monitorados, em particular dos combustíveis. Ressalte-se, entretanto, que esse fator também se constitui, em 2004, em determinante da elevação dos preços livres, na medida em que o aumento médio de 32,8% no preço do barril de petróleo provocou alterações representativas nos preços de insumos químicos e de matérias plásticas no atacado, com reflexos sobre os preços ao consumidor de bens afins. Assim, em resposta ao aumento das cotações do petróleo, os preços no grupo formado por matérias plásticas e produtos químicos, categorias que abrangem a maior parte dos derivados de petróleo, registraram aumento de 24,4% ao longo de 2004. No varejo, os preços no grupo formado por produtos que utilizam insumos dessa cadeia 1 elevaram-se 6,4% no ano. A exemplo do petróleo, os preços das commodities metálicas experimentaram aumentos acentuados em 2004, reflexo, em grande parte, do crescimento da economia mundial. Essa tendência impactou com maior intensidade os preços ao consumidor, principalmente os de produtos pertencentes à cadeia de ferro, aço e derivados, que guardam expressiva correlação com os insumos no atacado. Os preços dos bens de consumo durável apresentaram forte aceleração, com altas de 3,9% em 2003 e de 8,9% em 2004, destacando-se a variação de 13,7% no preço de automóvel novo, a maior variação desse item nos últimos cinco anos. 1/ No varejo, tomando-se como parâmetro o IPCA, esses produtos referem-se aos itens artigos de limpeza e de plástico, calçados e acessórios, higiene pessoal etc. No atacado, correspondem aos itens química, produtos de matérias plásticas, pneus, câmaras e mangueiras. Março 2005 | Relatório de Inflação | 37 Influência dos preços de ferro e aço Variação % trimestral IPA-DI IPCA 14 5 12 4 Os preços dos produtos que utilizam insumos dessa cadeia2 registraram, no ano, aumentos de 32,9% no atacado e de 10,5% no varejo. 10 3 8 6 2 4 1 2 0 0 -1 -2 Fev 2001 Ago Fev 2002 Fonte: IBGE e FGV Ago Fev Ago Fev Ago 2003 2004 Produtos relacionados no IPA-DI Produtos relacionados no IPCA Fev 2005 A influência dos choques do petróleo e das commodities metálicas em 2004 pode ser evidenciada pela exclusão desses grupos da variação dos preços livres no IPCA. Excluídos os dois grupos do cômputo da inflação dos preços livres, esta teria sido de 5,9% no ano, variação significativamente inferior à efetivamente registrada, de 6,6%. 2/ No varejo, tomando-se como parâmetro o IPCA, esses produtos referem-se aos itens reparos (material), utensílios para cozinha, aparelhos eletroeletrônicos, automóveis novos e usados, motocicletas, camionetas etc. No atacado, correspondem aos itens metalúrgica, mecânica, material elétrico, móveis de aço e material de transporte. 38 | Relatório de Inflação | Março 2005