X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESPAÇOS PÚBLICOS PARA A PRÁTICA DE LAZER NA CIDADE DE FLORIANÓPOLIS Lenka Aguiar Baranenko Aluna da Graduação de Educação Física – Licenciatura/UFSC Gustavo Remor Moritz Ex-aluno da Graduação de Educação Física – Licenciatura/UFSC Aluno da Graduação de Cinema – UFSC Resumo: Através da história do espaço público (praça), e de um levantamento do número de praças, locais e eventos onde pode haver lazer público na cidade de Florianópolis, se tem o intuito de apresentar para as pessoas que é possível se ter lazer sem ter um alto poder aquisitivo, deixando de lado a “indústria do lazer” que é estimulada pelos meio de comunicação em massa. Valores são levantados e conclui-se que há uma má distribuição dos locais, além da falta de incentivo a utilização desses espaços, que deveria fazer parte da educação (formação) do ser humano. Palavras-chave: Lazer, Espaços Públicos, Educação. No século V a.C. a Grécia não era um país unificado, está se compunha de cidades independentes. O poder ficava oculto aos súditos, dentro dos palácios e passou para as praças públicas, tó mésson (o meio), centro da aglomeração urbana, adquirindo certa transparência. A transparência nesse novo regime político é chamada de democracia (demos, povo; kratos, poder), significando o poder do povo. Antes desse regime, havia outros dois: a monarquia, que era o poder de um só (mono, um; arquia, no caso) e a aristocracia que era o poder dos melhores (aristoi, excelente). A democracia é o regime do povo comum em que todos são iguais. Não por que um se mostrou mais corajoso na guerra, mas por ser capaz na ciência ou na arte, este terá o direito de mandar nos outros. Assim como em Atenas, o povo exercia o poder nas praças públicas em outras cidades democráticas. Segundo RIBEIRO (2001), a lei ateniense do século 4 a.C., fixa 40 reuniões ordinárias por ano na ágora, que é palavra grega para a praça de decisões. Isso significa uma assembléia a cada nove dias. Falando-se da diferença entre a democracia antiga e a moderna, diz que “hoje elegemos quem decidirá por nós. Mesmo em cidades pequenas, delegamos por vários anos as decisões ao prefeito e aos vereadores. Os gregos, não. Eles iam à praça discutir as questões que interessavam a todos”. “A assembléia em Atenas reunia poucos milhares de homens, e sua democracia durou apenas alguns séculos. Regimes democráticos só voltaram à cena em fins do século XVIII: mais de 2 mil anos depois. No entanto, parece que nada jamais se igualará a Atenas”. A ágora era a praça principal da cidade grega na Antigüidade Clássica. Era um espaço livre de edificações, configurada pela presença de mercado e feiras livres em seus limites, assim como edifícios de caráter público. Reuniam-se na praça pública formando a Eclésia (Assembléia política) para ouvir os demagogos (orientadores do povo). NO BRASIL O espaço urbano mais importante na era greco-romana era a praça, o que ocorre também com as primeiras cidades coloniais brasileiras (ainda no sistema das Capitanias Hereditárias). Em torno dela se encontravam edifícios administrativos e cívicos, como a casa da redenção, câmara, cadeia, praça do pelourinho. Isso rompeu a estrutura dos índios, CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 1 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA assim como a das cidades jesuítas, que colocava no centro da praça um cruzeiro e a igreja. Tanto os portugueses quanto os jesuítas, usavam essa forma de centralidade. A imposição dessas formas sobre a dos índios, funcionaram como mecanismos de domínio, o que não aconteceu com a América espanhola, onde o crescimento das cidades ocorreu de forma desordenada, desfavorecendo a implantação de espaços públicos coletivos. Com as transformações devido à chegada da Corte, o Rio de Janeiro chegou a ser o centro político da nação. A cidade cresceu e o advento da República determinou outro tipo de organização espacial. Surgiram então, várias praças que alojavam o poder municipal, o palácio do governador, a igreja e as atividades de lazer. As cidades foram crescendo cada vez mais e na modernidade, as pessoas foram perdendo os espaços de lazer e a convivência espacial para se confinarem em bares, cafés, shoppings, deixando de lado o convívio nos locais públicos, que perde a força como espaço simbólico. Os espaços de praça passam a ser um simples espaço de circulação, como calçadas, dificultando assim a sua apropriação para atividades de lazer ou cívicas. Segundo CALDEIRA (2007, p. 11): No modernismo, a praça tem grande dimensão morfológica, mas se transforma em um espaço vazio, desarticulado do cotidiano urbano, o que a faz deserta e apenas ocupada de situações muito particulares. Já a praça contemporânea, a praça de hoje, tem preocupação de recuperar o sentido de urbanidade, depois das criticas que se fizeram à cidade modernista. Nela busca-se resgatar, com certa nostalgia, os espaços das praças históricas, de modo a recuperar-lhe o sentimento de pertencimento. GOMES (2007, p. 3), diz que falar de praça como um espaço público, é reconhecê-la como uma categoria entre diversos espaços livres urbanos, como parques, áreas verdes e de lazer e, ao mesmo tempo, reafirmá-la como espaço ancestral, onde, mesclam-se usos e grupos sociais diferenciados. No entanto ROBBA e MACEDO (2002), citados por GOMES (2007, p. 03), conceituam como “espaços livres urbanos destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos”. E para CASÉ (2000), também citado por GOMES (2007, p. 03) é a síntese da cultura urbana de uma comunidade e se constitui num legado pleno de ensinamentos, onde “a importância de uma cidade, avaliada pela sua dimensão social e humana, é proporcional aos atributos urbanos de suas praças e aos predicados arquitetônicos das edificações que a delimitam”. No Brasil, as igrejas atraíram as praças, tornando-as assim os primeiros espaços públicos urbanos. Assim como as igrejas atraíram as praças, estas atraíram as residências das principais classes, os prédios mais importantes e o principal comércio. Além de servir de elo com a paróquia, virou um local de convivência. As praças no Brasil tiveram vários papéis distintos na sociedade, entre eles civis e militares. Segundo GOMES (2007, p. 05), ZUCKER (1959) classificou as praças medievais, como praças de mercado (destinadas à atividades comerciais), praças no portal da cidade (que constituíam áreas de passagem e distribuição de tráfego), praças como centro da cidade (implantadas em comunidades novas), adros de igrejas (destinadas às atividades religiosas) e praças agrupadas (compostas por espaços de conexão entre praças de mercado e adros de igrejas). ROBBA e MACEDO (2002), classificam as praças da seguinte maneira: praça-jardim (espaços nos quais a contemplação da formação vegetal e a circulação são priorizadas), praça seca (largos históricos ou espaços que suportam intensa circulação de pedestres), praça azul (praças nas quais a água possui um papel fundamental) e praça amarela (praias em geral). Elementos que costumam ser encontrados nas praças de diversos estilos e em torno delas: bancos, bancas, coreto, fontes, lixeiras, mesa para jogos e/ou piquenique, playground, quadras, mirantes, bustos/monumentos/esculturas, pontos de ônibus/táxi, posto policial, lojas comerciais, palco, anfiteatro, Igreja, equipamentos para ginástica, pista de CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 2 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Cooper, arquibancada, lanchonete, campo de malha/bocha, lago, sanitários, bebedouros, espaços temáticos, viadutos, acesso a metrô, etc., e atividades a que se destinam, tais como contemplação, esportes, recreação infantil, circulação, feiras, eventos culturais, religiosos ou políticos/cívicos, comércio e serviços. FLORIANÓPOLIS Os primeiros habitantes de Florianópolis foram os índios tupis-guarani. No inicio do século XVI, a coroa portuguesa criou o Tratado de Tordesilhas, que incluía a futura cidade. Em 1662, o bandeirante “vicentista” Francisco Dias Velho fundou a povoa denominada Nossa Senhora do Desterro. Quando Portugal fundou a Colônia de Sacramento, em 1680, as atenções para o litoral sul aumentaram, com isso, houve uma necessidade de um primeiro governante. Sendo assim, Brigadeiro José Silva Paes foi escolhido para administrar a Capitania da Ilha de Santa Catarina em 1738. No governo de Silva Paes foram construídas as Fortalezas, o Palácio Cruz e Sousa (que foi sede do governo por quase 200 anos) e aumentou a população, que era de apenas 147 brancos em 1712. Porém o pedido de Paes só chegou em 1748, com a vinda de açorianos e madeirenses para colonizar Desterro. No século XIX, Desterro foi elevada à categoria de cidade, e tornou a Capital da Província de Santa Catarina em 1823. Com isso, projetou-se a construção de edifícios públicos e a melhoria do porto, já que o Imperador D Pedro II estaria para chegar à cidade em 1845. Seguindo a estrutura greco-romana, Florianópolis não foi diferente: em torno da Praça XV de Novembro (criada em 1662 por Francisco Dias Velho, para se ter o titulo da terra), foi providenciada a construção de uma Igreja (hoje a catedral metropolitana). Anos mais tarde foi criado o primeiro prédio público da antiga Desterro, que foi o Palácio Cruz e Sousa. Sendo a mais antiga da cidade, a Praça XV de Novembro ajudou o centro da cidade a se desenvolver, pois em torno dela, foram criadas várias ruas: João Pinto, Tiradentes, Víctor Meirelles, Fernando Machado, Anita Garibalde, Saldanha Marinho, Nunes Machado, Antônio Luz, Travessa Ratcliff, Francisco Tolentino, Conselheiro Mafra, Felipe Schmidt, Trajano, Deodoro, Jerônimo Coelho, Sete de Setembro, Álvaro de Carvalho, Pedro Ivo e Padre Roma. Além disso, a praça acabou se tornando um local de homenagens com a criação do Monumento em Honra aos Heróis Mortos na Guerra do Paraguai e de bustos de catarinenses famosos como Cruz e Sousa (poeta); Víctor Meirelles (pintor); José Boiteux (historiador); e Jerônimo Coelho (fundador da imprensa no Estado). Hoje Florianópolis possui 73 praças de diversos tamanhos. 25 se encontram no centro da cidade. Algumas possuem uma ampla área de lazer e podem ser consideradas como praça-jardim e/ou praça seca, seguindo a classificação de ROBBA e MACEDO (2002). Alem disso, existem 15 parques públicos na cidade, que podemos considerar como praçajardim e/ou praça azul e 6 largos como praça seca. Somando as áreas das praças, parques e largos, estima-se que o espaço total é de 567.872 m² destinados ao lazer. Isso sem contar com as praças amarelas, que somam 100 praias e 9 lagunas. OBJETIVO O objetivo deste estudo é verificar os espaços públicos para a prática do lazer na cidade de Florianópolis. Será feito um levantamento com o máximo de atividades, praças, locais e eventos onde pode haver lazer público na cidade, com o intuito de mostrar para as pessoas que é CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 3 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA possível se ter lazer na cidade de Florianópolis, sem um alto-poder aquisitivo, deixando de lado a “indústria do lazer” que é estimulada pelos meios de comunicação em massa. ÁREAS PÚBLICAS ARANHA e MARTINS (1986) explicam a alienação como uma perda, que com o capitalismo, tornou-se comum a população. A alienação pode ocorrer na produção ou no consumo. O lazer é privilégio dos trabalhadores (ocorre no período oposto da jornada de trabalho), que acabam se tornando duplamente alienado, pois tem uma ampla jornada de trabalho e necessitam consumir para sobreviver. Após anos de batalha do trabalhador para se ter um tempo livre para o lazer, este se tornou um consumo alienado para muitos. Segundo DUMAZEDIER, citado por ARANHA e MARTINS (1986, p. 65 - 66), o lazer visa o descanso, divertimento (equilíbrio psicológico) e participação social, no entanto o capitalismo usa os meios de comunicação para atrair o consumidor para o produto, dentro desse estão equipamentos e locais para o lazer custando um valor muitas vezes inacessível para parte da população. A população precisa se re-educar para sair do senso-comum que move a “indústria do lazer”, então verá que pode praticar inúmeras atividades de lazer sem precisar consumir nada. Obviamente, para isso ocorrer, também é necessário que a cidade tenha uma infraestrutura boa, com praças, ruas e parques estruturados e uma educação que não venha só da escola, mas de casa, tornando o lazer público parte da cultura da cidade. Segundo CAMARGO (1989, p. 66), toda residência deveria ter a distancia de no máximo 200m de uma praça ou parque para crianças e idosos e no máximo 2000m de suas residências os habitantes dispunham de uma área maior. O autor ainda completa dizendo que o correto é 10m² de área verde por habitante. SAVIANI (1983, p. 27) entende que os problemas sociais e educacionais não podem ser compreendidos senão por referência ao contexto que estão inseridos, ou seja, o lazer surgiu como necessidade para ocupar e educar o tempo livre da sociedade e a cidade se estruturou a partir dessa necessidade para suprir tudo isso, o que colocaria essa situação dentro da concepção dialética de Filosofia da Educação, fazendo o homem a síntese de múltiplas determinações. Florianópolis tem 433 km² de terra e 567 872 m² de praças, largos e parques. Precisando ter um raio de 200m para se ter uma praça, Florianópolis está em vantagem, e ainda mais quando o raio é de 2000m. Segue o pensamento: Quando o raio é de 200m, esse raio equivale a 0,125km² então se dividirmos a área da cidade com a área dos parques, praças e largos, obtemos o valor de 0,000762km². Esse valor sendo menor que o do raio, quer dizer que a distância das casas aos parques, praças e largos, é menor que 200m. Dividindo a área da cidade com somente a área das praças, obtemos o valor de 0,0015776km². Esse valor é um pouco maior que o anterior, pois essas áreas dentro do raio seriam ainda menores, mas garante que a cidade tem praças num raio menor que 200m. Fazendo os cálculos em metros, transformando em quarteirões, encontraríamos um parque, largo ou praça a mais ou menos um quarteirão de 27,613m, e calculando somente com praças, encontraríamos uma dela a cada quarteirão de aproximadamente 39,719m. Esse cálculo não é preciso, porque as praças não têm o mesmo tamanho e uma distribuição regular pela cidade. No cálculo acima, a cidade teria em torno de 3464 praças a cada 200m², tendo uma área de aproximadamente 0,48m² cada, o que não é real. A média de tamanho real das 73 praças é de 3759, 8219m². No centro há uma maior concentração delas, o que faz com que algumas regiões tenham de menos. Porém, nas regiões que há menos praças, é mais comum freqüentar as praias que também são públicas em Florianópolis. É um total de 100: na ilha se encontra mais de 70 km de extensão de praias. Estima-se que 42% de Florianópolis é composta de área de preservação (entre parques florestais, mangues, reservas marinhas, etc). Sendo assim, aproximadamente 181,86km² CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 4 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA são áreas de preservação, contendo trilhas, entre outras atividades que se faz em contato com a natureza. O QUE TEM NAS ÁREAS PÚBLICAS DE FLORIANÓPOLIS? Nas praças de Florianópolis e em sua vizinhança, podemos encontrar anfiteatros, árvores e jardins, bancas, bancos, bebedouros, bustos/monumentos/esculturas, coretos, equipamento de ginástica, espaços temáticos, eventos culturais e religiosos, feiras, fontes, igreja, lanchonetes, lixeiros, mesa de jogos e/ou piquenique, mirantes, palco, placas com o histórico da praça, playground, pistas de skate, ponto de ônibus, ponto de taxi, posto policial, quadras esportivas, relógios com termômetro, trilhos para circulação, etc. Nos parques podemos encontrar arquibancada, árvores, bebedouros, camping para acampamento, churrasqueira, espaço para grupos de idosos, equipamentos para ginástica, fontes, lagos, lagunas, lanchonete, lixeiros, locais para pesca, palco, playground, pista de Cooper, posto florestal, recreação infantil, quadras esportivas, sanitários, trilhas no meio da vegetação, etc. Os largos servem mais para circulação de pedestres, por isso tem menos equipamentos, mas nele ou em torno podemos encontrar a alfândega, árvores, bancos, comércio, feiras, fontes, igrejas, lanchonetes, lixeiros, mesas de jogos, monumentos, posto policial, posto turístico, relógios com termômetro etc. Podemos também encontrar locais na cidade, que possuem bancos, decks, equipamentos para ginástica, explicações sobre o local, lixeiros, monumentos, pista de bicicleta e caminhada, locais para a pesca, relógios com termômetro, aparelho que mede o índice dos raios UV, trapiches. Esses lugares não têm uma classificação certa, eles normalmente beiram uma rodovia como por exemplo: a Beiramar Norte, Ingleses e Coqueiros, entre outros. Servem como local de lazer e/ou circulação de pedestres. Florianópolis há alguns anos, vem sendo procurada para o turismo por ser conhecida por suas belas praias, que no total somam 100, e normalmente possuem poucos equipamentos visíveis nela e em sua região, pois é mais comum levar “de casa”. O mais comum de se encontrar nelas são bares, comércio, lixeiros, postos salva-vidas, restaurantes e uma extensa faixa de areia com um belo mar a sua frente, algumas tem até ilhas para enaltecer o visual e costões. A praia é um dos locais mais freqüentados da cidade, principalmente no verão, mesmo com a carência de “equipamentos”. Isso se deve a sua ampla área livre, onde se pode realizar diversas atividades como: tomar sol, ler, observar, mergulhar, jogar inúmeros jogos e praticar inúmeras atividades esportivas. O lazer intelectual também pode ser suprido com as Bibliotecas Públicas que possuem inúmeros tipos de livros, periódicos, além de uma infra-estrutura com sanitários, lixeiros, mesas, cadeiras e bebedouros. A história também pode ser contemplada nos Museus espalhados pela cidade e nas Fortalezas: no entanto das 5, somente 2 são publicas por se encontrarem no centro da cidade e não dependerem de transporte marítimo para o acesso. As outras são localizadas em ilhas e na praia do Forte. O Mercado Público, local que conta muito da história de Santa Catarina, hoje abriga o comércio de peixes e outros objetos, além de bares e restaurantes. Tornou-se um ponto de encontro e de “visitação obrigatória” nos roteiros turísticos da cidade. QUE ATIVIDADES PODEM SER PRATICADAS NESSAS ÁREAS? Segundo HUIZINGA (1980. p. 04), “no jogo existe alguma coisa “em jogo” que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação”. Podemos considerar a forma de vida um jogo. Até mesmo dentro da linguagem usamos o jogo, pois “por detrás de toda expressão abstrata se oculta uma metáfora, e toda a metáfora é um jogo de palavras”. Para se ter o titulo de jogo lúdico, esse autor apresenta cinco itens que devem CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 5 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA conter nessa atividade como um todo: ser livre (ato voluntário), ter regra (ele cria ordem e é ordem), utilizar a imaginação (faz de conta), ter um espaço/tempo (local para a prática e um inicio e fim) e possivelmente formar grupos. O jogo normalmente torna-se parte da cultura, pois mesmo após a atividade ter chegado ao fim, ela permanece como uma criação nova do espírito, um tesouro a ser conservado pela memória. Levando em conta os argumentos de Huizinga, todo jogo precisa de um espaço para ser realizado e essa é a função dos espaços públicos: oferecer o lazer gratuitamente a população. Como o jogo é composto dos elementos citados pelo autor, ler um livro é um jogo lúdico, pois pode ser feito por vontade própria, tem como regra seguir a numeração de páginas, tem um inicio e um fim, o espaço é determinado pela pessoa, necessita de imaginação e pode formar grupos para se debater ou repassar a idéia do livro. Por essa visão, praticamente tudo é um jogo. Então quando se vai para uma das belas praias de Florianópolis ler, jogar frescobol, futebol, soltar pipa, surfar ou até mesmo tomar banho de sol, a pessoa está dentro de um jogo, quando o ato é feito por vontade própria, possui regras, tem um local, um início e um fim, necessitam de criatividade e pode formar grupos. EVENTOS PÚBLICOS DA CIDADE Como Florianópolis é uma cidade colonizada por açorianos, ainda há muito da cultura de lá: festas religiosas e tradicionais como Festa do Divino Espírito Santo, Procissão dos Senhor Jesus dos Passos, Festa da Santíssima Trindade e da Laranja, Festa da Tainha, etc. A prefeitura tem patrocinado eventos como o Aniversário da cidade, Maratona Fotográfica de Florianópolis, Mostra Nacional da Dança de Florianópolis, Festival Nacional da Ostra e da Cultura Açoriana (Fenaostra), Encontro das Nações, Festival Nacional do Teatro de Florianópolis, Natal da Gente, Reveillon da Gente, Carnaval da Gente, Torneio de Basquete de Rua, Maratona de Santa Catarina, Meia-Maratona e Rústica, Teatro de Rua, Festival de Teatro de Florianópolis, shows, entre outros. Não se pode esquecer também das feiras de artesanato, muito comuns na cidade: Feira da Arte e Artesanato (Feirarte) no largo da catedral, Feira de Arte do Casarão na Lagoa da Conceição, Feira das Alfaias em Santo Antônio de Lisboa, Feira do Artesão Produtor (Praça Fernando Machado), Feira da Ponta do Sambaqui em Sambaqui. PROJETOS PÚBLICOS Além de todos os eventos, feiras e atividades citadas acima, existem os projetos públicos para idosos, crianças e a população em geral, que envolvem diversas modalidades esportivas (entre elas: natação, o tênis, futebol, vôlei, basquete, handebol), além de Tai Chi Chuan, alongamento, trilhas e jogos, proporcionando novas amizades e interação da comunidade. Segue uma pequena lista com alguns destes projetos: Feira de verão (Ilha Shopping); Projeto Brinca Mane; Verão Band; Ensaio das Escolas de Samba; Parada da Diversidade; Projeto "Viver Saúde" – SESC; Projeto SESC Cidadania; União dos Moradores e Amigos da Quadra 6 – UMAQ (Praia da Daniela). Também existem ONGs que promovem eventos nas comunidades, entre elas estão: Ação Social Paroquial Saco dos Limões - ASP-SL; Associação Catarinense para Integração do Cego – ACIC; Associação Comunitária Jardim Santa Mônica – ACOJAR; Associação dos Moradores da Praia do Forte – AMPRAFO; Associação dos Moradores de Santo Antônio Lisboa – AMSAL; Casa da Criança do Morro da Penitenciária - Casa da Criança; Centro de Apoio à Formação Integral do Ser - CEAFIS Fundação Açoriana para o Controle da AIDS – FAÇA; Instituto Voluntários em Ação Associação Evangélica Beneficente de Assistência Social - AEBASIVA/SC. CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 6 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA CONSIDERAÇÕES FINAIS Para que a população não seja tão influenciada pelos meios de comunicação e continue apenas buscando o “lazer de consumo” que é estimulado artificialmente pela mídia, é necessária uma base crítica, que deve vir da educação. No entanto é importante que os próprios educadores tenham consciência de que atualmente estão apenas reproduzindo o conhecimento, sem despertar o senso-crítico e a imaginação nos alunos, mantendo a sociedade estável, sem progressos ou mudanças. Percebe-se na cidade de Florianópolis, que em sábados, domingos e feriados, onde uma minoria trabalha, as praças, parques e espaços públicos encontram-se com uma pequena concentração de pessoas. Somente no verão as praias são ocupadas por uma grande massa populacional e os outros espaços seguem a mesma tendência das demais estações do ano. Grande parte da população, que é artificialmente estimulada pela mídia, opta pelo lazer de consumo: Shoppings, Cinemas, shows pagos, danceterias, etc, enquanto que quem não tem poder aquisitivo fica em casa assistindo televisão, com uma falsa sensação de que precisa de dinheiro para consumir e conseqüentemente ser feliz. O estudo realizado mostra que existem espaços para a prática de lazer na cidade de Florianópolis, no entanto o problema está na educação, que não está formando o sensocrítico nas gerações que seguem. O lazer tem grande importância na medida em que um jogo, por exemplo, ocupa o tempo livre de um individuo que poderia estar pensando em se drogar ou assaltar, evitando e substituindo esses pensamentos ruins por criatividade, imaginação e integração. Basta querer, porque espaços públicos para a prática de lazer não faltam na cidade de Florianópolis. REFERÊNCIAS ARANHA, M. L. A; MARTINS, M. H. P. Filosofando. Trabalho e alienação, São Paulo, Editora Moderna, 1986 BOSI, A.; SAVIANI, D.; MENDES, D. T.; HORTA, J. S. B. Filosofia da Educação Brasileira. Tendências e Correntes da Educação Brasileira, Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1983. BRAGA, W. L. D. História de Santa Catarina. Ensino Médio, Minas Gerais, Editora Universidade, 2003. CALDEIRA, J. M. O papel da praça pública, da Colônia ao Brasil moderno. Jornal da UNICAMP. São Paulo, p11, 26 nov 2007 CAMARGO, Luiz Otávio de Lima. O que é Lazer. São Paulo: Brasiliense, 1989. CARLSON, V. E; ZEFERINO, A. C. Trilhas e Caminhos da Ilha de SC Ao Redor da Ilha. Florianópolis: Lagoa, 2005. GOMES, M. A. S. De largo a jardim: as praças públicas no Brasil – algumas aproximações. Estudos Geográficos, Rio Claro, 5(1), p.101-120, 2007 Guia Turístico de Florianópolis – Outras Palavras, Editora Ltda, 1995. <http://www.pmf.sc.gov.br/index.php?link=perfil&sublink=historia> 24 abril 2008 Santa Catarina – Brasil Qualidade de Vida. <http://www.santacatarinaturismo.dzo.com.br/interna_br.php?secao=01&item=sub0103> 4 de maio de 2008 Guia Floripa. Copyright© 1999 – 2006 <http://www.guiafloripa.com.br/turismo/centro/pontos_turisticos.php3> 24 abril 2008 HUIZINGA, J. Homo Ludens. São Paulo. Editora Perspectiva, 1980. IntegrAção – A Revista Eletrônica do Terceiro Setor <http://integracao.fgvsp.br/ano8/06/administrando.htm> 07 de junho de 2008 CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 7 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA MACEDO, S. S; ROBBA, F. Praças Brasileiras; São Paulo: Edusp, 2002 RIBEIRO, R. J. A democracia. 1ª edição. São Paulo: Editora Publifolha, 2001. Prefeitura Municipal de Florianópolis <http://pmf.sc.gov.br> 6 de maio de 2008 ANEXOS: Praças de Florianópolis CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 8 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Fonte: Gaplan / Floram CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 9 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Parques de Florianópolis Fonte: Gaplan / Floram Largos de Florianópolis Fonte: Gaplan / Floram CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 10 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Mapa do centro da cidade, contendo a maioria das praças citadas nessa região. CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 11 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Mapa de Florianópolis com informações turísticas. CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 12 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 13 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 14 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Nome das 100 praias: 1- Arataca ou do forno do lixo; 2- Areias da lagoa ou das rendeiras; 3- Armação; 4- Baixio da Lagoa; 5- Balneário; 6- Barra da Lagoa; 7- Barro Vermelho; 8- Bom Abrigo; 9- Brava; 10Cachoeira; 11- Cacupé Grande; 12- Cacupé Pequeno; 13- Caiacangaçu; 14Caiacangaçumirim; 15- Caieira da Barra Sul; 16- Calheta ou da “Galheta”; 17- Campeche; 18- Canajurê; 19- Canasvieiras; 20- Canto da Lagoa; 21- Castelinho; 22- Centro da Lagoa ou Freguesia da Lagoa; 23- Comprida; 24- Contrato; 25- Costa da Lagoa; 26- Costeira do Pirajubaé; 27- Costeira do Ribeirão; 28- Curtume; 29- Defunto; 30- Doutor Ivo; 31- Ferrujo; 32- Flecheiras; 33- Fora; 34- Fora ou da Ponta do Caiacangaçu; 35- Forte; 36- Furnas; 37Garcia; 38- Grande; 39- Gravatá; 40- Ilha do “Raton” Pequeno; 41- Ilha do Campeche; 42Ilha do Francês; 43- Ilha do Xavier; 44- Ilha dos Guarás; 45- Ingleses; 46- Itaguaçu; 47Itaqui; 48- Joaquina; 49- José Mendes; 50- Jurere; 51- Lagoinha da Ponta das Canas; 52Lagoinha do Leste; 53- Matadouro; 54- Matadouro ou do “Matadeiro”; 55- Meio; 56- Miramar; 57- Moçambique ou Praia Grande; 58- Mole; 59- Morro das Pedras; 60- Muller; 61Naufragados; 62- Palmeiras; 63- Pântano do Sul; 64- Parque da Lagoa do Peri; 65- Pedra Grande; 66- Ponta das Canas; 67- Ponta do Leal; 68- Ponta do Lessa; 69- Ponta do Recife; 70- Ponta Grossa; 71- Pontal; 72- Posto do Sambaqui; 73- Prainha; 74- Prainha do Leste; 75- Retiro da Lagoa; 76- Ribeirão da Ilha; 77- Rio das Pacas; 78- Rita; 79- Rita Maria; 80Rizzo; 81- Rola; 82- Saco; 83- Saco da Baleia; 84- Saco do Caldeirão; 85- Saco dos Limões; 86- Saco Grande; 87- Sambaqui; 88- Santinho ou Aranhas; 89- Santo Antônio de Lisboa; 90São Luiz; 91- Saquinho; 92- Saudade; 93- Seu Ernesto; 94- Seu Lino Cunha; 95- Seu Norberto; 96- Sinfrônio; 97- Sinha ou da Ponta do Poço; 98- Tapera; 99- Tapera do Sul; 100Tipitinga. Algumas trilhas: Caminho da Grota; Caminho da Gurita; Caminho da Igreja da Lagoa; Caminho da Lomba do Ingá; Caminho da Partida (Glória); Caminho da Restinga; Caminho de Ratones à Costa da Lagoa; Caminho de Santo Antônio de Lisboa a Ratones; Caminho do Canto dos Araçás à Costa da Lagoa; Caminho do Córrego Grande ao Canto da Lagoa; Caminho do Engenho (da Ponta do Morro); Caminho do Farol de Naufragados; Caminho do Monte Verde à Costa da Lagoa; Caminho do Saco Grande a Ratones; Caminho do Saquinho (Peri); Caminho do Saquinho à Caieira da Barra do Sul; Caminho do Sertão do Ribeirão à Lagoa do Peri; Caminho do Sertão do Ribeirão à Tapera do Ribeirão; Caminho do Travessão; Trilha da Barra da Lagoa à Praia Mole (pela Galheta); Trilha da Coruja Buraqueira; Trilha da Feiticeira; Trilha da Lagoa do Peri ao Alto Ribeirão; Trilha da Lagoinha do Leste; Trilha da Solidão à Praia dos Naufragados; Trilha do Farol da Barra; Trilha do Matadeiro à Lagoinha do Leste; Trilha do Morro das Aranhas à Praia de Moçambique; Contatos: Lenka: E-mail: [email protected] Telefone: (48) 9963-1588 Gustavo: E-mail: [email protected] Telefone: (48) 9991-6096 CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 15 X SEMANA ACADÊMICA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Categoria 1 - Mesa temática Área temática: B) Aspectos sócio-culturais da Educação Física e Lazer CENTRO DE DESPORTOS PET-EDUCAÇÃO FÍSICA UFSC OUTUBRO 2009 16 Nome do arquivo: ESPAÇOS PÚBLICOS PARA A PRÁTICA DE LAZER Pasta: C:\Documents and Settings\Pet\Meus documentos\X SEMANA DA EF MOSTRA ACADÊMICA\X SEF - Mostra Acadêmica COM identificação\R. Expandido\b.Aspectos sócio-culturais da Educação Física Esporte e Lazer Modelo: C:\Documents and Settings\Pet\Dados de aplicativos\Microsoft\Modelos\Normal.dot Título: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Assunto: Autor: Usuario Palavras-chave: Comentários: Data de criação: 8/9/2009 22:22 Número de alterações: 16 Última gravação: 28/11/2009 15:50 Gravado por: PET Tempo total de edição: 134 Minutos Última impressão: 28/11/2009 15:51 Como a última impressão Número de páginas: 16 Número de palavras: 4.619 (aprox.) Número de caracteres:26.330 (aprox.)