ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA APLICAÇÃO DE VINHAÇA NO SOLO ATRAVÉS DE MÉTODO DE PROSPEÇÃO GEOELÉTRICO JOSE RODRIGO DOS SANTOS SILVA Instituto Federal de Goiás (Campus Goiânia) - Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Sustentáveis (PPGTPS) FABIANA FERNANDES FERREIRA DE GODOI; FRANCISCO DE ASSIS PROFETA; ANTONIO MARCELINO DA SILVA FILHO; SÉRGIO BOTELHO DE OLIVEIRA; WESLEY PACHECO CALIXTO; AYLTON JOSE ALVES; MARIA CAROLINA DA CRUZ MIRANDA 2014 2 Introdução Vinhaça A vinhaça é um líquido de cor marrom escuro, de natureza ácida, elevada Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), corrosivo e altamente poluidor. MATÉRIA ORGÂNICA 75% ÁGUA 93% SÓLIDOS 7% MINERAIS 25% Figura 1. Composição da vinhaça. Fonte: LUDOVICE (1997) 3 Introdução Devido ao estímulo à produção de álcool como combustível, as áreas de produção de cana-de açúcar (Saccharum sp.) vêm aumentando continuamente. Concomitantemente ao aumento da produção de álcool, é também acrescida a produção de vinhaça, um subproduto oriundo da sua fabricação (SILVA; GRIEBELER; BORGES, 2006). 4 Introdução Figura 2. Aplicação de vinhaça no solo. 5 Introdução Aplicação de vinhaça no solo A matéria orgânica e os teores significativos dos macronutrientes, como o nitrogênio, fósforo e potássio, fazem com que a vinhaça seja um substituto economicamente viável quando comparado com fertilizantes químicos, proporcionando as indústrias sucroalcooleiras cortes nos gastos com adubos químicos no cultivo de cana-de-açúcar (MORO et al., 2011). 6 Introdução Os efeitos da vinhaça no solo podem ser: a) elevação do pH; b) aumento da disponibilidade de alguns íons; c) aumento da capacidade de troca catiônica (CTC); d) aumento da capacidade de retenção de água; e) melhoria da estrutura física do solo; f) aumento da população e atividade microbiana no solo (GLÓRIA; ORLANDO FILHO,1983). 7 Introdução Impactos da aplicação de vinhaça no solo Grandes doses de vinhaça podem ter um impacto severo no solo e nas águas superficiais e subterrâneas, causando alterações no comportamento do solo e pode gerar problemas de salinização (DA CRUZ et al., 2008). Devido a composição química da vinhaça, esta pode influenciar na condutividade elétrica do solo, que serve portanto como indicador da presença desse efluente. 8 Introdução Os métodos geoelétricos apresentam-se como uma importante ferramenta de investigação indireta da subsuperfície do solo, não destrutiva e de baixo custo quando comparada com as técnicas diretas de investigação. 9 Introdução MÉTODO DA ELETRORESISTIVIDADE Arranjo de Wenner Figura 3. Esquema do método de medida de resistividade elétrica com o arranjo de 4 eletrodos: eletrodos de corrente C1 e C2 ; eletrodos de potencial P1 e P2 e “a” o espaçamento entre os eletrodos. Fonte: EMBRAPA (2009) 10 Introdução MÉTODO DA ELETRORESISTIVIDADE Resistividade elétrica aparente (Ω m) Rm : Resistência medida (Ω) a: espaçamento entre os eletrodos (m) P: profundidade do eletrodo (m) Condutividade elétrica aparente (S m-1 ) 11 Objetivo Portanto, o objetivo deste trabalho é desenvolver método de monitoramento do solo através do valor da condutividade elétrica de forma a servir como indicador de saturação devido à aplicação de vinhaça. de forma a servir como indicador de saturação devido à aplicação de vinhaça. 12 Material e métodos quartzarênico. O experimento foi A amostra conduzido de no vinhaça Laboratório foi coletada de Química na Destilaria do Instituto Nova União Federal – Jandaia de Goiás (GO).(IFGCampus Goiânia). O solo utilizado na pesquisa foi do tipo LATOSSOLO VERMELHO quartzarênico. A amostra de vinhaça foi coletada na Destilaria Nova União – Jandaia (GO). Coleta de amostras de solo Secagem das amostras Transferência da amostra para célula de carga Dopagem da amostra com diferentes percentuais de vinhaça Medições da condutividade elétrica da amostra Correlação entre os valores de condutividade elétrica e percentuais de vinhaça 13 Material e métodos Diferentes percentuais de vinhaça, em relação ao peso do solo, foram aplicados enquanto um terrômetro digital mensurou os valores de σa. Célula de carga Terrômetro digital Figura 4. Terrômetro e célula de carga utilizados no experimento. 14 Material e métodos O mesmo procedimento foi realizado com aplicações de água ultrapurificada para comparações. A cada aplicação dos percentuais de vinhaça e de água ultrapurificada, eram realizadas três medições de σa e depois obtidas a média dos três valores. Após os testes, os valores encontrados para σa e os percentuais de aplicação de vinhaça foram correlacionados. Resultados 15 Tabela 1. Resistência, resistividade e condutividade elétrica do solo com diferentes percentuais de água ultrapurificada. Tabela 2. Resistência, resistividade e condutividade elétrica do solo com diferentes percentuais de vinhaça. Percentuais de vinhaça Resistência elétrica média (Ω) Resistividade elétrica (Ω m) Condutividade elétrica (mS m-1) - 0% - - - - - 5% - - - 7,40 2643,26 0,378 10% 446,00 159,29 6,28 15% 4,75 1695,92 0,590 15% 259,33 92,59 10,80 20% 3,99 1423,39 0,702 20% 147,47 52,65 18,99 25% 3,35 1197,26 0,835 25% 119,07 42,51 23,52 30% 2,85 1017,55 0,983 30% 94,00 33,56 29,80 35% 2,57 917,58 1,090 35% 72,63 25,93 38,56 40% 2,20 786,67 1,271 40% 58,70 20,96 47,71 45% 1,93 689,56 1,450 45% 50,75 18,12 55,19 50% 38,63 13,79 72,80 Percentuais de água ultrapurificada Resistência elétrica média (kΩ) Resistividade Condutividade elétrica elétrica (mS m-1) (Ω m) 0% - - 5% - 10% Resultados 1,6 Condutividade elétrica (mS m -1) 16 1,4 1,2 y = 2,9011x + 0,0971 R² = 0,99473 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% Percentuais de água ultrapurificada Figura 5. Condutividade elétrica solo com diferentes percentuais de água ultrapurificada. Resultados Condutividade elétrica (mS m-1) 17 80 70 y = 157,06x - 14,457 R² = 0,97008 60 50 40 30 20 10 0 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Percentuais de Vinhaça Figura 6. Condutividade elétrica do solo com diferentes percentuais de vinhaça. Resultados 80 Condutividade elétrica (mS m-1) 18 70 60 50 40 30 20 10 0 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% Percentuais de solo e vinhaça Condutividade elétrica ( solo com água ultrapurificada) Condutividade elétrica (solo com vinhaça) Figura 7. Comparação das curvas de condutividade elétrica do solo com diferentes de percentuais de água ultrapurificada e vinhaça. 19 Resultados Tabela 3. Análise química das amostras de solo utilizadas no experimento. Elementos químicos do solo mais alterados pela vinhaça. cmolc/dm3 Amostra K S Na Zn Fe Mn CTC Matéria orgânica (M.O) Solo sem vinhaça 19,0 7,9 4 1,8 36 8,2 4,37 18,0 5,2 Solo saturado com vinhaça 750 52,2 10,0 8,4 247 140 6,64 19,0 5,2 pH 20 Conclusão O método geoelétrico baseado no arranjo de Wenner adotado nesse experimento mostrou-se adequado para detecção de vinhaça no solo. A curva de correlação entre os percentuais de vinhaça e valores de condutividade elétrica teve regressão do tipo linear, indicando que quanto maior a quantidade de vinhaça no solo maior a condutividade elétrica. Com relação à saturação do solo com vinhaça, esta ocorreu quando o conteúdo de vinhaça foi a metade do conteúdo de solo, ou seja, 50% de vinhaça, enquanto que com água ultrapurificada, a saturação ocorreu com 45%. 21 Referências DA SILVA, M. A. S.; GRIEBELER, N. P.; BORGES, L. C. Uso de vinhaça e impactos nas propriedades do solo e lençol freático. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental v.11, n.1, p.108–114, 2007 Campina Grande, PB, DEAg/UFCG. EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Condutividade elétrica do solo, tópicos e equipamentos. Embrapa Instrumentação Agropecuária, São Carlos, SP, 2009. GLÓRIA, N. A.; ORLANDO FILHO, J. Aplicação de vinhaça como fertilizante. São Paulo: Coopersucar, 1983. 38p. LUDOVICE, M.T.F. Estudo do efeito poluente da vinhaça infiltrada em canal condutor de terra sobre lençol freático. Dissertação. (Mestrado em Engenharia Civil) – Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 143 p. MORO, C.C.; RODRIGUES, J.A.; DA SILVA, M.C.; LIMA, E.P.; DE MACEDO, M.F. Utilização da vinhaça como fertilizante no cultivo da cana-de-açúcar. Artigo (Especialização). Pós Graduação Tecnológica em Química Industrial. Centro Universitário de Lins-Unilins, Lins-SP. 2011.