PORTUGAL Madeira A ilha dos 24 R O TA S D O M U N D O TE Florestas verde-esmeralda, cenários tropicais, túneis e levadas, jardins luxuriantes. A pé ou de carro, a Madeira é uma caixinha de surpresas, onde a beleza natural nos abraça generosamente TEXTO CÉLIA HATHERLY FOTOS RUTH SCHAFFRATH SOUROS R O TA S D O M U N D O 25 Queensland | AUSTRÁLIA INESQUECÍVEL As cascatas surpreendem o caminhante durante as levadas, como na do Risco 26 R O TA S D O M U N D O MAJESTOSA A vista dos Vinháticos para a serra de Água leva-nos a pensar em paragens sul-americanas, em Machu Picchu R O TA S D O M U N D O 27 Queensland | AUSTRÁLIA A ACELERANDO ENCOSTA ACIMA, curva e contracur- va, e vencido o contratempo de ficar sem gasolina, vejo o crepúsculo aproximar-se. O «espectáculo» estava quase a começar e bastaria um pequeno atraso de minutos para o perder para sempre, até porque ali não há encore. As nuvens, «convidadas especiais», já tinham entrada em cena no Pico do Arieiro. Só faltávamos mesmo nós, ainda no Poiso, a cerca de 7 quilómetros. Todos os dias, a «encenação» é diferente e a de hoje prometia ser brilhante. Uma vez chegadas ao cimo, a «plateia» e o «balcão» estavam só por nossa conta. Pontualmente, o Sol inicia a sua descida gloriosa no horizonte e parece que alguém acendeu um braseiro gigante nas montanhas. O céu estava, dir- 28 R O TA S D O M U N D O -se-ia, a arder e as nuvens, por baixo de nós, serviam de filtro. É um daqueles momentos que apetece congelar, em que desejamos que o tempo pare, para que o possamos saborear mais. Mas não. É tudo tão belo quanto fugaz. Ruth tinha desaparecido numa passerelle de rocha e nuvens com o tripé e a máquina fotográfica. Sentei-me num banquinho de pedra a observar a última valsa do sol. Nunca me sentira tão pequenina perante a majestosa natureza a meus pés. Poderia estar ali horas infinitas a admirar as danças de tons de fogo e de sombras, mas tudo acabou em escassos minutos, num festim crepuscular laranja-dourado, antes de conseguir sequer recompor-me. Engoli em seco e, quando voltei ao carro, a noite já caíra. Perdoem- -me o lugar-comum, mas esta fotografia vale mesmo mil palavras. Quando decidi conhecer a ilha da Madeira muitas foram as vozes que me criticaram. «Vais ficar lá uma semana? Mas aquilo vê-se em três dias...» O cliché permanece na cabeça da maioria das pessoas, sem que se perceba bem porquê. A ilha principal do arquipélago, indiferente às modas e chavões, guarda pequenos e grandes tesouros naturais impossíveis de descobrir numa escapada de fim-de-semana. Julgava ser difícil de encontrar numa superfície de 737 quilómetros quadrados tanta biodiversidade. A verdade é que para conhecer a beleza natural da região são necessários vários dias. Pelo menos seis.... Mal desembarquei no aeroporto, os aromas doces das plantas e a temperatura amena aqueceram-me e descontraíram os sentidos. Por momentos, pensei que estava num destino exótico e longínquo, mas afinal só tinha andado hora e meia de avião... Nem sabia o que me esperava. E até ao final da semana passei por montanhas com recortes caprichosos que se assemelham a Machu Picchu, por vales e encostas luxuriantes que pareciam postais de florestas tropicais, atravessei túneis que Enid Blyton não desdenharia ter em Os Cinco, vi árvores mais antigas e fantasmagóricas que as imaginadas por J.K. Rowling em Harry Potter, vislumbrei cenários que Peter Jackson podia ter usado em King Kong e até conduzi num planalto saí- SUAVES CONTRASTES Depois do pôr-do-sol no Pico Arieiro, ainda se pode observar este cenário inesperado na estrada de regresso. Na levada do Caldeirão Verde, entramos no coração da floresta Laurissilva R O TA S D O M U N D O 29 Queensland | Percursos para sonhar AUSTRÁLIA É CERTO QUE PRECISA DE CAMINHAR UM POUCO E, EM ALGUNS CASOS, AFRONTAR O CANSAÇO QUE LHE ATACARÁ AS PERNAS. MAS EM CADA UM DESTES CAMINHOS TERÁ UM PRÉMIO À SUA ESPERA 1 125 Fontes Começa no Rabaçal e termina no lago das 25 Fontes, onde confluem 25 cascatas num lago lindíssimo. Distância: 11 quilómetros, ida e volta. Duração: Cerca de quatro horas. Dificuldade: Baixa. Apanhe a estrada ER110, que atravessa o planalto do Paul da Serra, e estacione na zona do Rabaçal. Há um vaivém da Câmara da Calheta que o leva até à Casa do Rabaçal, onde começa a levada. Se tiver tempo, pode fazer um pequeno desvio até ao Risco, a cerca de 1 quilómetro. A caminho das 25 Fontes, no início, há escadas íngremes. Algumas partes da levada têm a protecção natural da vegetação, mas a maioria não, pelo que deve ter cuidado. 30 R O TA S D O M U N D O 2Caldeirão Verde Começa no Casa de Abrigo das Queimadas e termina na cascata impressionante do Caldeirão Verde. Distância: 13 quilómetros, ida e volta, no coração da floresta Laurissilva. Duração: Conte com cinco horas e meia para poder passear à vontade e observar o cenário envolvente. Dificuldade: Moderada. Leve lanternas para atravessar os quatro túneis, um deles bastante extenso. A dificuldade do passeio é moderada, plano na sua maioria e toda a levada está bem protegida com uma nova vedação. Para chegar às Queimadas toma-se a estrada ER103 em direcção a Santana e, ali, seguem-se as indicações. 3Ribeiro Frio-Portela A partir de Ribeiro Frio, uma caminhada até à Portela. É possível acabar a levada na Portela e a partir daí apanhar um transporte até ao ponto de partida. Aconselha-se a combinar previamente com um táxi, por exemplo. Distância: 10 quilómetros, ida e volta Duração: Cerca de quatro horas. Dificuldade: Moderada. No Poiso, apanhe a estrada ER103 até Ribeiro Frio e deixe o carro ao pé do café com o mesmo nome, em frente à loja de artesanato. Inicie aí a levada e antes se tiver tempo dê um passeio pelo Parque Florestal, para observar os viveiros de trutas, criadas na água fria. 2 4 3 4Pico Arieiro-Pico Ruivo Esta vereda parte do Pico Arieiro até ao ponto mais alto da ilha, o Pico Ruivo, e passa pelo miradouro do Ninho da Manta. Atravessa vários túneis e permite vistas impressionantes sobre desfiladeiros, mas exige um caminhante experimentado e em forma pois o trilho é difícil. Distância: 6 quilómetros. Duração: Três horas, só ida, mais tempo de descanso. Dificuldade: Elevada. Do Funchal suba em direcção ao Poiso e aí apanhe a E202 para o Pico Arieiro. Deixe o carro no parque da pousada. R O TA S D O M U N D O 31 Queensland | AUSTRÁLIA Pico Arieiro Curral das Freiras Caldeirão Verde Fanal 32 R O TA S D O M U N D O Numa superfície tão pequena como a da Madeira, o viajante descobre as paisagens mais variadas do de um road-movie americano. Em seis dias não parei um segundo: dei voltas de carro à ilha, palmilhei muitos quilómetros a pé, mas gozei muito mais do que se tivesse ficado de papo para o ar numa qualquer praia ou piscina… A pé pela preciosa Laurissilva A situação privilegiada no Atlântico permite que aqui se encontrem espécies botânicas únicas. O geógrafo e professor Raimundo Quintal escreve num dos seus livros sobre a ilha que «Charles Darwin em A Origem das Espécies referiu-se mais vezes à Madeira do que ao arquipélago das Galápagos». A floresta autóctone, a Laurissilva, classificada pela Unesco como Património Natural da Humanidade, há sete anos, encontra aqui um reduto precioso. Para a admirar no seu esplendor nada como caminhar a pé pelas levadas, para observar o til, o vinhático, o loureiro, arbustos como a urze ou os musgos. De automóvel, também é possível alcançar o Fanal, uma região do Parque Natural onde se en- contram os exemplares mais antigos dos tis. Infelizmente, além das vacas que ali pastam felizes, pouco mais se encontra. Nomeadamente, informação sobre aquele valioso templo vegetal. A Laurissilva madeirense ocupa no total uma superfície de 15 mil hectares (cerca de 20 por cento do total da ilha) e constitui a mais extensa e a mais bem conservada das ilhas atlânticas. Percorrer uma levada ensinou-me imenso sobre a fauna e a flora da Madeira e sobre o legado deixado por aqueles que, a altitudes consideráveis, rasgaram pequenos aquedutos nas montanhas para transportar água para as zonas baixas e com menor precipitação. Estas notáveis obras de engenharia começaram a ser construídas no início da colonização e hoje constituem uma mais-valia turística, que cativa mais estrangeiros, sobretudo alemães e ingleses, que munidos de mapas e equipados a rigor, «patrulham» os trilhos paralelos aos canais, que têm a vantagem de serem planos. No total, são mais de duzentas as levadas que atravessam a ilha. COSTA NORTE Vale a pena conduzir pela estrada antiga da costa norte, a 101, que liga São Vicente a Porto Moniz R O TA S D O M U N D O 33 Queensland | AUSTRÁLIA A avifauna e as plantas, como a emblemática estrelícia, marcam toda a paisagem Na primeira que pisei, a do Ribeiro Frio para a Portela, uma das mais frequentadas, apreciei demoradamente cada truta que via na levada, cada árvore e rocha, cada queda de água. As condições meteorológicas são sempre uma lotaria, mas nesta apanhei chuva e frio, já que se atravessa um denso bosque onde a humidade domina e o sol quase não entra. Esta levada permite ainda ter uma ideia de que como deve ter sido difícil a construção destes canais de irrigação, encavalitados nas alturas e irrompendo entre a rocha e a vegetação luxuriante. No Rabaçal e no Caldeirão Verde Feita a primeira levada, estava em pulgas pela do dia seguinte, a das 25 Fontes. Antes, porém, parei no Fanal, onde os majestosos tis, com musgo e uma névoa persistente, parecem saídos de Harry Potter e atravessei o curioso e cinematográfico planalto do Paul da Serra, também ele cheio de nevoeiro, até ao Rabaçal. Na segunda caminhada, já me senti mais confiante e, refeita da surpreendente paisagem, caminhei a um ritmo mais rápido. Aqui vive e nidifica o raríssimo pombo trocaz, espécie 34 R O TA S D O M U N D O LEVADAS SEGURAS 1 Levar água e comida. 2 Não ir sozinho. 3 Levar equipamento apropriado: botas antiderrapantes e impermeável. 4 Levar lanterna. 5 Se está num hotel avise para onde vai. 6 Antes da caminhada, informe-se no local sobre as condições do tempo e o estado da levada. 7 Levar telemóvel. 8 Não sair do trilho indicado. 9 Concentre-se nos passos e no caminho. 10 Se for num grupo, respeite a pessoa mais fraca e o seu ritmo. endémica e exclusiva da ilha, mas não tive a sorte de o avistar, apesar do silêncio que caracteriza as montanhas. A cerca de 1000 metros, domina o urzal de altitude numa área integrada na mancha da Laurissilva e que faz parte da rede europeia de sítios de importância comunitária – a Rede Natura 2000. Apesar de o trilho não oferecer dificuldades, convém ver onde se põe os pés. De início, tropecei frequentemente nos calhaus, de tão deslumbrada que estava com as vistas. Por outro lado, há caminhos estreitos e sem protecção, pelo que não se aconselha a pessoas com vertigens. Esta levada começou a ser construída em 1835 e só vinte anos depois as águas correram ali pela primeira vez, passando de norte para o sul. Deixando para trás locais de sonho, chega-se a uma lagoa com uma parede em rocha onde brotam mais de vinte e cinco fontes de água, que descem do Paul da Serra. Neste pacífico e inspirador cenário é tempo de uma pausa e de um piquenique para reabastecer energias, até porque já fizéramos quase cinco quilómetros… Nas levadas é importante levar água e comida, que tanto pode ser barras ener- R O TA S D O M U N D O 35 Queensland | AUSTRÁLIA Na costa norte, encontram-se ainda vilas CALDEIRÃO MÁGICO A magia do Caldeirão Verde deslumbra os caminhantes e faz esquecer os 6,5 quilómetros de regresso 36 R O TA S D O M U N D O géticas como uma sanduíche, para ganhar forças para o caminho de regresso. Uma vez de volta ao parque de estacionamento, suba ao posto de vigilância contra incêndios (que este ano tanto fustigaram a região), bem perto da câmara de carga da central hidroeléctrica da Calheta. Em dias limpos, avista-se o mar e o vale da Ribeira da Janela. A terceira levada, a do Caldeirão Verde, foi a mais comprida e decididamente a minha favorita. Inicia-se em pleno Parque Natural, na curiosa Casa de Abrigo das Queimadas, com o telhado de colmo típico de Santana. Construída no século XVIII, a levada atravessa encostas e escarpas abruptas, rochas profundas através de túneis, transportando água da montanha para os terrenos agrícolas do Faial. As características do relevo e da paisagem emprestam-lhe uma certa mística que se transforma em aventura plena quando se atravessa o primeiro túnel. Aí senti que estava numa história de Os Cinco, a tentar adivinhar, no meio da escuridão, que bichos estariam no tecto e se o chão escorregadio era mesmo só lama ou algo mais... A segunda passagem tem quase duzentos metros e ainda se torna mais emocionante. A escuridão é total e só as luzes das obras de beneficiação da levada estragam, no início, a aventura. Mesmo assim, durante algum tempo não se vê a luz ao fundo do túnel… Ao caminhar dentro dos túneis devemos ter em atenção os tectos baixos, protegendo a cabeça com o braço. Uma pequena distracção valeu-me uma recordação saliente e dolorosa na cabeça. Também o uso de lanternas é aqui obrigatório. Que o diga o casal de portugueses continentais – o único com quem me cruzei nas três levadas – que sem o devido equipamento caminhava de sandálias e tentava, em vão, iluminar os túneis com a luz emitida pelo telemóvel… O terceiro túnel reserva uma surpresa e uma oportunidade fotográfica singular: uma janela do lado direito mostra a exuberante vegetação do vale e da encosta oposta. Visto assim, parece a gruta do King Kong, com o verde-esmeralda da floresta de tis, urzes centenárias ou da uveira da serra a dar o tom ambiente a todo o cenário. Nesta levada, agora com protecções reforçadas em aço e ferro (uma opção de gosto duvidoso, em vez da tradicional urze que se integra na paisagem), pode avistar-se o melro preto, o bisbis, o tentilhão, a lavandeira e o mais raro pombo trocaz. Cerca de um quilómetro depois do último túnel, uma tabuleta as- piscatórias características como o Seixal sinala CALDEIRÃO VERDE para um lado e CALDEIRÃO DO INFERNO para outro. Seguimos a primeira e, subindo alguns metros pelo leito do ribeiro, entre pedregulhos e lama, lá está a enorme cascata do Caldeirão Verde, que cai de uma altura superior a cem metros num pequeno lago em forma de anfiteatro. O «espectáculo» é novamente avassalador e naquele recanto mágico sento-me embasbacada. Será difícil descrever isto, penso então, adivinhando o momento de explicar no papel as sensações do momento. Tal como muitos estrangeiros que se vão espalhando pelas rochas, puxo do farnel e, apesar de a fome apertar, vou comendo devagar, observando a cascata e a beleza que nos abraça generosamente. Nesta altura, já Ruth trepara para as alturas, para captar a essência do caldeirão. Os caminhantes chegam e partem, não sem antes encherem o cartão das máquinas e dos telemóveis com instantâneos. Ao cruzarmo-nos, cumprimentamo-nos com um sorriso e um «olá», «hello» ou «hallo» que denuncia a respectiva origem. Os alemães estão em maioria, mas os madeirenses também aparecem em grupos ou em passeios descontraídos a dois. Custa sair dali, mas ainda há muito para ver e o dia está quase a acabar. O caminho de regresso já nem custa a fazer, depois daqueles momentos de inspiração pura. Na manhã seguinte, ao viajar para o lado norte da ilha, e ao tomar um café na acolhedora Pousada dos Vinháticos, tive a sensação de que estava na América do Sul, em Machu Picchu. Mas não. Eram apenas as montanhas da serra da Água recortadas no céu azul, mais uma paisagem inesperada nesta «caixinha de surpresas» Atravessada a Encumeada em direcção a São Vicente, vale a pena percorrer de automóvel toda a costa norte pela estrada antiga, desde que o tempo esteja bom, com túneis e cascatas, passar no Seixal, mergulhar nas piscinas naturais de Porto Moniz e parar em Achadas da Cruz, Ponta do Pargo, Paul do Mar, Jardim do Mar (nem que seja para ver como o polémico molhe e a promenade estragaram a praia santuário do surf...), Ponta do Sol, Ribeira Brava... E guardar um bocadinho do dia para alimentar o espírito no magnífico Centro das Artes Casa das Mudas, na Calheta. Além da riqueza arquitectónica do edifício cinzento e geométrico, a sugerir uma ruptura com a paisagem, encontra-se ali uma exposição da Colecção Berardo. Se eu tivesse ido apenas três dias não tinha visto mesmo nada… p ÁGUAS TEMPERADAS As piscinas naturais de Porto Moniz ou a praia da Laje, uma das poucas com areia, convidam a um mergulho R O TA S D O M U N D O 37 GUIA DO VIAJANTE MADEIRA à tarde as nuvens tomam conta dos cenários, criando aquilo que os madeirenses chamam «capacete»: uma coroa de nuvens que, muitas vezes, traz chuva. p TRANSPORTE A melhor forma de ver a ilha é alugar um automóvel e combinar os passeios de carro com os pedestres. As agências de viagens disponibilizam também excursões variadas por terra e mar. Quem quiser conhecer as levadas, mas não tiver experiência de caminhadas, deve contactar uma agência ou o balcão do Turismo (na Av. Arriaga) e pedir um guia de montanha. Para ver As típicas casas de Santana Planear a viagem A Tap e a Portugália são as únicas hipóteses directas de alcançar a ilha. Enquanto não houver uma low-cost a voar para o Funchal, os preços continuam altos. Na Tap, os voos rondam 210 euros; na Portugália, 190. Quando ir Todas as épocas do ano são boas. Para além dos picos do fim de ano e do Carnaval, a Primavera é particularmente apreciada pelos amantes das plantas e da natureza. Setembro, mês das vindimas, também atrai muitos visitantes. O que deve saber p O QUE LEVAR Roupa e sapatos confortáveis, botas de montanha, impermeável, agasalho e lanterna 4 para as levadas, chapéu, protector solar e óculos escuros. p CLIMA A ilha da Madeira não tem um só clima, mas vários. Além da latitude, que lhe dá um clima subtropical, e da situação oceânica, o relevo influencia as condições meteorológicas. Assim, no Funchal, as temperaturas são amenas, o calor húmido e os dias mais solarengos. No Inverno, mantêm-se nos 16 graus centígrados, mas nas montanhas as descidas são acentuadas e chegam a registar-se temperaturas negativas e até queda de neve no Pico Arieiro (onde ainda existe o iglu Poço da Neve a lembrar tempos passados) e no Pico Ruivo. Os locais dizem que é normal num só dia testemunhar as quatro estações, bastando para isso alcançar os pontos mais altos. De manhã, há mais possibilidade de céu limpo nas montanhas, mas Se quiser fazer um passeio pelas levadas, informe-se numa agência especializada DE CARRO Subir até à Eira do Serrado para ver o famoso vale do Curral das Freiras; ir ao cabo Girão, onde tal como na Achada da Cruz, também existe um teleférico para descer até à Fajã. Subir até à Encumeada (parar na Pousada dos Vinháticos, tel. 291 775936, para admirar a vista), seguir para a bonita São Vicente e fazer a antiga estrada à beira-mar da costa norte, admirando o litoral, as quedas de água, as localidades em cima dos rochedos, como o Seixal, a praia da Laje (com areia), o tom apetitoso do mar até chegar às piscinas naturais nas rochas de Porto Moniz. Depois, continuar pela mesma estrada até à Achada da Cruz (ir ao miradouro), e seguir para a Ponta do Pargo, Fajã de Ovelha, Paul do Mar, Jardim do Mar, Calheta (onde se encontra a Casa das Mudas, tel. 291 822 808), Ponta do Sol e Ribeira Brava, até ao Funchal. Para o lado oriental, suba até ao Ribeiro Frio, Santana (com as típicas casas de colmo), Porto da Cruz (com outra praia de areia e vista para o rochedo da Penha Na Rede 2 www.madeiratourism.org A página oficial do Turismo da Madeira, com informação extensa sobre o que fazer, alojamento, mapas, brochuras e calendários de eventos. 2 www.madeira-web.com e www.guia-madeira.net Guias com locais a visitar, contactos, directório de hotéis, excursões e actividades, história do arquipélago. 2 http://isnova.madeiratecnopolo.pt Página com informação detalhada sobre levadas e veredas. Um site pensado e desenvolvido no âmbito do Projecto Comunitário Isnova, construído em parceria pelas Regiões da Madeira, Canárias e Baleares e coordenado pelo Madeira Tecnopolo. 2 www.levadaseveredasmadeira.com. Outro site com conselhos e sugestões sobre passeios pedestres. 46 R O TA S D O M U N D O da Águia), Portela, Caniçal até à Ponta de São Lourenço, onde há um miradouro que permite observar esse extremo da ilha, com uma paisagem completamente diferente da restante. NO FUNCHAL É difícil escolher entre os muitos jardins, mas o Monte Palace, o Jardim Botânico (acessíveis pelo teleférico, cerca de 14 euros, ida e volta) ou o Palheiro Ferreiro (Blandy’s Garden), apanhando o autocarro 36, são imprescindíveis. Entre os muitos museus funchalenses, destaque para o Museu do Instituto do Vinho da Madeira, R. 5 de Outubro, tel. 291 204600, e para o Photographia-Museu “Vicentes”, R. da Carreira, 43, o mais antigo estúdio de fotografia existente em Portugal, fundado em 1848. Ainda o Museu da Quinta das Cruzes, Calçada do Pico, uma quinta madeirense dedicada às artes decorativas, e o Museu de Arte Contemporânea, na Fortaleza de São Tiago. Para dormir Choupana Hills De entre a vasta oferta hoteleira, os bungalows exóticos deste hotel marcam a diferença. Da encosta da Choupana obtém-se uma boa vista do Funchal, quando o tempo o permite. O restaurante Xôpana é igualmente uma tentação, tal como o Spa. Tel. 291 206020. www.choupanahills.com Quinta da Bela Vista Um hotel clássico premiado, numa zona sossegada do Funchal. A qualidade do serviço e a colecção de antiguidades distingue-o dos demais. Tel. 291 706400. www.belavistamadeira.com Quinta da Casa Branca Uma pérola arquitectónica no meio de exuberantes jardins. O Spa e o restaurante são outros pontos fortes. Reservas: tel. 21 780 3470. Quinta das Vinhas No Estreito da Calheta, numa quinta de vinhedos, encontram-se estas acolhedoras casinhas de turismo rural. O edifício principal data do século XVII. Tel. 291 824086. www.qdvmadeira.com Estalagem Ponta do Sol Tem uma localização privilegiada em cima dos rochedos, na Ponta do Sol. Tel. 291 970200. www.pontadosol.com Para comer A gastronomia madeirense é mais do que as famosas espetadas em pau de loureiro. Alguns restaurantes, como o da Quinta da Casa Branca, uma referência no Funchal, sob orientação do chef Fausto Airoldi, já oferecem menus de fusão, utilizando com criatividade as especialidades locais, como os filetes de peixe-espada ou um delicioso gelado com bolo de mel. Os bifes de atum, o milho frito, o pão com batata-doce e o bolo do caco são igualmente apetecíveis, tal como a poncha, uma bebida feita com aguardente, mel de cana e sumo de limão. De beber e chorar por mais... (quando não se conduz). Chega de Saudade R. dos Aranhas, 20, tel. 291 242289. Restaurante e café acolhedor durante o dia, à noite funciona como bar de jazz. Golden Gate Grand Café Av. Arriaga, 29, tel. 291 234383. Café histórico do Funchal, também tem restaurante e uma agradável esplanada. Café do Museu (de Arte Sacra) Pça. do Município. Oferece refeições O automóvel é a melhor opção para conhecer a ilha de ponta a ponta criativas com boa relação qualidade/ preço. Café do Teatro Av. Arriaga, tel. 291 226371. Um espaço sempre in, que à noite funciona como bar. Restaurante do Miranda (Perto do Jardim Botânico e Choupana Hills) Muito popular, serve boa comida tradicional a preços acessíveis. O Abrigo do Pastor Restaurante serrano, entre o Poiso e a Camacha, especialista em pratos de montanha e grelhados. Tel. 291 922060. CASAS DE CHÁ Integram a tradição madeirense e em algumas até se pode comer muito bem, para além do simples lanche ou snack. Sugerimos duas pela localização privilegiada: na Quinta do Monte (à saída do teleférico do Monte) e O Fio, na Ponta do Pargo, com uma vista soberba sobre o oceano. Outra hipótese menos tradicional mas igualmente com boas vistas é o café-esplanada do Centro das Artes Casa das Mudas, na Calheta. Para comprar , Ler 2 MADEIRA, LEVADAS E VEREDAS De David Francisco e Ana Lecoq, uma rota dos vários passeios pedestres na Madeira e Porto Santo. Edição Livros e Livros. Por € 9,90 na Webboom. GUIA ESSENCIAL DA MADEIRA De Nick Gibbs. Por € 9, na Fnac. O famoso bolo de mel e o mel de cana podem ser adquiridos na Sociedade dos Engenhos da Calheta, na Calheta, tel. 291 822264. Aqui pode ver também o modo de produção do mel e do açúcar, outrora um dos pontos fortes da economia madeirense. A Fábrica de Bolachas de Santo António, no Funchal, é também obrigatória (Trav. do Forno, 27), com bolos, compotas e rebuçados de funcho e eucalipto. Para comprar vinho da Madeira, o Old Blandy Madeira Wine Lodge (Av. Arriaga, 28, tel. 291 740110) é um dos mais recomendados. Quanto aos bordados, deixe-se tentar nas várias lojas da baixa do Funchal. p Ganhe viagens e livros A ROTAS DO MUNDO em colaboração com a HALCON VIAGENS oferece um fim-de-semana na Madeira a um leitor (e acompanhante) da nossa revista. Para o ganhar, só precisa de escrever uma frase sobre a Madeira e enviá-la, por correio (até 20 de Janeiro), para Passatempo Madeira, Rotas do Mundo, Rua Calvet de Magalhães, n.º 242, Laveiras, 2770-022 Paço de Arcos. O autor da frase mais original e criativa ganhará um fim-de-semana na Madeira (para duas pessoas), incluindo as viagens de avião, transfers, estadia na Estalagem do Santo e ainda passeio em duas levadas. Os autores das primeiras 50 frases a chegarem à nossa redacção serão automaticamente premiados com a oferta de um livro fundamental para conhecer a ilha: Madeira, À Descoberta da Ilha de Carro e a Pé, de Raimundo Quintal, um especialista madeirense que tem promovido os passeios pedestres na região. Trata-se de uma obra com informação detalhada sobre a fauna, a flora, as levadas, veredas e outros passeios, com mapas. R O TA S D O M U N D O 47