ANO 3 - Nº 10 + Decoração + Turismo + Gastronomia + Arte + Cinema ANO 3 - Nº 10 Qualidade de vida Os benefícios de morar próximo a parques e em empreendimentos que trazem a natureza até você Chico Buarque A trajetória do maior compositor vivo brasileiro e sua relação com o Rio de Janeiro LANÇAMENTO TORRE PERFEITO PARA MORA R, MORE NO CENTRO, EM UM BAIRRO UM BAIRRO EM RENOVAÇÃO. Localizado no Bom Retiro, o Aquarela Paulistana está próximo aos metrôs Tiradentes e Luz, com fácil acesso às principais vias da cidade. O bairro oferece excelente infraestrutura comercial e de serviços e está incluso no plano de desenvolvimento do Centro de São Paulo. São inúmeros projetos* que estão desenvolvendo a região, trazendo diversas melhorias para quem mora, trabalha e investe no Novo Centro. * A Queiroz Galvão não se responsabiliza pelo não cumprimento das obras de operações urbanas. VALOR MÉDIO DO M2 DA REGIÃO DO NOVO CENTRO. R$ 12.000 R$ 9.000 R$ 8.300 R$ 8.000 I M A G E M I L U S T R AT I VA R$ 5.600 UNIÃO DO TRADICIONAL COM O NOVO, DO CLÁSSICO COM O MODERNO. BOM RETIRO. UM LUGAR ÚNICO. BELA VISTA CONSOLAÇÃO LIBERDADE REPÚBLICA NOVO BOM RETIRO FONTE: INTELIGÊNCIA DE MERCADO DA QGDI SP O auge da cultura brasileira também está representado na região. A Estação da Luz complementa a região não só pelo fato de auxiliar no transporte, mas também por ser histórica e por abrigar outros dois espaços importantes para a cultura e educação da população: o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca do Estado. A diversidade étnica e cultural da região tornou o bairro um verdadeiro roteiro gastronômico, com excelentes restaurantes. Venha conhecer o Aquarela Paulistana e não perca essa grande oportunidade de investimento, moradia e valorização do Novo Centro. PINACOTECA CORES - BOM RETIRO EXCELENTE PARA INVESTIR. QUE NÃO PARA DE SE MODERNIZAR. APTOS. COM 2 E 3 DORMS. DE 56 A 67m2, COM TERRAÇO GRILL E LAZER DE CLUBE. 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Central de Atendimento: Abyara Brokers - Av. República do Líbano, 1.110 - São Paulo/ SP - Creci 20.636-J. Fernandez Mera Negócios Imobiliários - Av. Brigadeiro Luis Antônio, 4.910 - CEP: 01402-002 - São Paulo/SP - Creci 5.425-J. PARA MORAR. PARA VIVER. Expediente Queiroz Galvão Diretor-presidente: Diretores: Frederico Pereira Administrativo: Arno Stupp Engenharia: Henrique Suassuna Fernandes Financeiro: Fernando Roberto Bitu Moreno Produtos / Projetos: Ricardo Costa Carvalho de Gusmão Regional PE: Mucio Pires de Souto Regional SP: Carlos Roberto Morais Coimbra Regional BA: Carlos Andre Hiltner Almeida Regional RJ: Pedro Gomes da Cunha Regional DF: Claudia Simone Moreiras Editora JB Pátria Editora Ltda. Presidente: Diretor: Administrativo / Financeiro: Comercial e circulação: Jaime Benutte Iberê Benutte Gabriela S. Nascimento Patricia Torre Premium Magazine Publisher: Conselho editorial: Editora: Projeto gráfico e arte: Diretor de arte: Assistentes de arte: Revisão: Colaboradores: Impressão: Jaime Benutte Carol Boxwell, Christiana Guimarães, Germana Monte e Michaella Baratz Kelly Souza Belatrix Ltda. Marcelo Paton Camilla Stoian e Gabriel de Moraes Luiz Patrícia Pappalardo Dani Berti, Kalinka Merkel, Lila Oliveira, Luan Silva, Maria Pinzon, Mariane Morisawa Gráfica Santa Marta Empresa filiada à Associação Nacional dos Editores de Publicações, Anatec. A Revista PREMIUM QUEIROZ GALVÃO é uma publicação trimestral da JB Pátria Editora Ltda. www.patriaeditora.com.br Fale Conosco: Queremos fazer uma revista cada vez melhor para você. Mande seus comentários, sugestões e críticas pelo e.mail [email protected] Os textos assinados são responsabilidade dos seus autores, que não estão autorizados wa falar pela revista. 04 Editorial QUEIROZ GALVÃO A revista Premium chega a sua décima edição com o intuito de deixar o lar e os momentos de lazer ainda mais agradáveis. Para isso, listamos dez dicas de passeios imperdíveis em Salvador, dez dicas gastronômicas e dez mandamentos da arquitetura. E fazemos uma homenagem ao Rio de Janeiro dos versos de Chico Buarque e Seu Jorge. Áreas verdes são o tema da matéria sobre o Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que, além da importância científica que tem para o País, encanta com suas paisagens repletas de lagos, plantas e animais. Preparar receitas valendo-se de frutas e ervas no lugar de temperos é a dica da matéria de gastronomia, com a colaboração do chef César Santos. Em Decor Arquitetura, a palavra é de Serio Gattáss, que cita dez mandamentos da arte de construir. O sucesso internacional de alguns brasileiros é tema de Art Cinema, que relembra bons momentos profissionais de Rodrigo Santoro, Alice Braga e Carlos Saldanha. O espetáculo Lua Cambará, que resgata uma lenda cearense e a leva para os palcos, encerra essa Premium, recheada de dicas de consumo e lazer. Esperamos que essa edição número dez resuma de forma fiel a alegria de ter um lar confortável e em sintonia com a qualidade de vida. Boa leitura. Frederico Pereira Diretor-presidente 05 Sumário Edição 10 dezembro DE 2011 30 Chico Buarque O ídolo está de volta aos palcos após cinco anos de jejum musical. E a Cidade Maravilhosa ainda permeia sua obra 08 Spot Objetos de Desejo Cadeiras e adesivos em homenagem ao Rio de Janeiro, louças e objetos decorativos que fazem a diferença não só pela funcionalidade, mas principalmente pela beleza 22 Decor Arquitetura A arquitetura sob a ótica de Sergio Gattás, que cita os dez mandamentos da arte de construir 26 Decor Paisagismo O Jardim Botânico do Rio de Janeiro e sua importância para estudos científicos no Brasil 36 Destino Nacional Capa: Chico Buarque Foto: Bruno Veiga 06 Gastronomia e pontos turísticos traduzem os dez principais motivos para passear em Salvador 16 Perfil 56 Decor Estilo A vida dele daria um livro: um resumo da trajetória de Seu Jorge, que morou nas ruas e hoje desfruta boa fama internacional Veja algumas ideias para decorar o lar apresentadas na Casa Cor Rio de Janeiro 42 Destino Internacional 62 Queiroz Galvão A misteriosa Machu Picchu, uma das sete maravilhas do mundo moderno, completa 100 anos de descoberta Sonhos de consumo, os novos projetos da Queiroz Galvão em São Paulo e Recife estão prontos para receber moradores em busca de luxo 46 Gourmet Dez dicas gastronômicas do chef César Campos, que ensina como aproveitar melhor o sabor natural dos alimentos 52 Bem Viver Áreas verdes Os dez principais benefícios de morar próximo a áreas verdes – e empreendimentos que trazem a natureza até você 70 Art Cinema Brasileiros que levaram seus trabalhos além das fronteiras e conquistaram uma carreira internacional 76 Art Cultura O espetáculo Lua Cambará leva um pouco da cultura nordestina para as outras regiões do País 82 Habitar 07 Spot Poltrona Vidigal Os traços do Rio de Janeiro Poltrona Joatinga Os designers Leonardo Lattavo e Pedro Moog criaram uma série de cadeiras inspiradas na arquitetura de bairros cariocas. As poltronas Ipanema e Copacabana, por exemplo, fazem alusão ao famoso calçadão de pedra portuguesa presente nos dois bairros e foram projetadas para uso em varanda. Outras regiões homenageadas foram a periferia Vidigal e a praia da Joatinga. À venda na Lattoog. Preço sob consulta. Poltrona Ipanema Poltrona Copacabana 08 Sustentável e criativo Os móveis criados pelo designer holandês Frank Willems mais parecem obras de arte. A partir de resíduos de colchões utilizados, Willems criou peças volumosas e confortáveis. As poltronas são da coleção Rubens e estão à venda na Benedixt. Preço sob consulta. Trabalhe com conforto A nova linha de cadeiras da Herman Miller tem sistema que permite que o produto se adapte às formas e movimentos das pessoas, mantendo, ao mesmo tempo, o suporte do corpo. O design é de Yves Béhar e a linha, chamada Sayl, tem 93% de componentes recicláveis. À venda na Italica Casa. Preço sob consulta. 09 Spot Cozinha fashion Conhecida pelas roupas que fabrica, a grife italiana Missoni ultrapassou os limites da passarela e levou suas cores e design para a mesa. As louças da marca têm estampas variadas, como geométricas, coloridas ou discretas – até mesmo o famoso zigue-zague do vestuário aparece em algumas peças culinárias. À venda na 6F Decorações. Preço sob consulta. Na St James, o toque de moda fica por conta do estilista Karl Lagerfeld, que assina uma linha de cristais Orrefors – símbolo de luxo do design sueco –, composta por taças de champanhe, água, vinho e licor, além de copos e vasos, nas cores preto, branco e transparente. As taças e copos vêm com o monograma KL gravado. Na foto: vaso, R$ 10.000,00, copo colorido vendido em par, R$ 1.200,00 e taça, R$ 1.200,00 a unidade. Para quem gosta de peças mais casuais e resistentes, a loja tem uma linha de alumínio com estampa floral – sem relação com o estilista Lagerfeld. Na foto: saladeira (R$ 51,00), bandeja retangular (R$ 75,00), bandeja grande (R$ 145,00) e bandeja (R$ 57,00). 10 A Queiroz Galvão lança o seu 1o empreendimento comercial no Rio de Janeiro. Uma oportunidade única, na área mais nobre de Campo Grande, um dos bairros que mais crescem e se valorizam na região. Ilustração artística da fachada. Imagem ilustrativa. Lojas e salas comerciais de 18 a 97m2, integradas em um grande centro de consumo e negócios ao lado do maior polo comercial do bairro: o Calçadão de Campo Grande. Ilustração artística - Point www.qgdi.com.br Vendas QUALIDADE - SOLIDEZ - CREDIBILIDADE Construção Todas as perspectivas contidas neste material são meramente ilustrativas, podendo sofrer alterações de cor, formato, textura, posição, acabamento, metragem. As especificações estão contidas no Memorial Descritivo. Memorial de Incorporação prenotado sob o número 547865 no 4º Ofício do RGI em 26/09/2011. Engenheiro responsável: Alberto Zilberman- CREA 78101483-3/D. Arquiteto responsável: Rogerio Golgfeld Cardeman - CREA 126265/D. Incorporação: PARA MORAR. PARA VIVER. Telefone: (21) 2411-5499 11 Spot Decoração iluminada Além de trazer aconchego para o ambiente, luminárias com base de velas são opções charmosas também para decorar a casa, em qualquer época do ano. As minilanternas estilo marroquinas da Laris são feitas de metal, de cor discreta e cabem em diversos espaços. São fechadas, para proteger as chamas. O conjunto tem cinco peças e custa R$ 224,90. Xeque-mate Inspirados em peças do Jogo de Xadrez, os moedores da Bisetti levam um pouco de humor para a cozinha. Podem ser utilizados para moer condimentos ou temperos secos. São feitos com madeira nobre europeia, nas cores marfim e preto, e com mecanismo de cerâmica. A linha, assinada pelo designer israelense Itamar Harari, destaca a chegada da marca italiana no Brasil. À venda na Imeltron. Preço sob consulta. Úteis e belos Feitos de aço inoxidável, os suportes para líquido e comida de pássaros da EvaSolo poderiam ser confundidos com algum enfeite de jardim. Requintados e fáceis de limpar, unem beleza e funcionalidade. O projeto é da Tools Designs e as peças estão à venda na Scandinavia Design. Preço sob consulta 12 13 Spot Deu frutos A Coleção Carambola, feita pelo designer Pedro Useche para a Vermeil, tem como base dos móveis formas que lembram o desenho da fruta cortada ao meio. Essa estrutura pode ser revestida com diferentes materiais, desde pergaminhos e laca a folhas de ouro. Além da mesa, a linha tem cadeiras, poltronas, armários e bufês. Detalhes de pastilhas de osso fazem o acabamento dos móveis. O preço varia conforme o revestimento da peça. Cartões-postais Símbolo do Rio de Janeiro, a imagem do Cristo Redentor foi parar na decoração. A ideia é da marca I-Stick, que vende adesivos ultrafinos feito de vinil, que ficam com textura de tinta quando aplicados na parede. Também podem ser colados em outras superfícies lisas, como vidro e espelho. Medidas: 150 cm x 96 cm. Preço: R$ 199,00. Provocação cultural Frases animadoras e poemas e pensamentos de grandes escritores compõem os kits feitos pela LI.TER.ATO, empresa epecializada em brindes corporativos. Os presentes são personalizados e transformam objetos cotidianos – como lápis, espelhos e objetos decorativos – em elementos de reflexão. Alguns textos são exclusivos da empresa, como os do poeta Manoel Affonso de Mello. A ideia é humanizar os momentos cotidianos, despertar bons sentimentos e disseminar conhecimento por meio da beleza e poesia. 14 Fotos: Nana Moraes /Divulgação Perfil Seu Jorge 16 Seu Jorge do Rio e do mundo A trajetória do carioca que morou na rua, virou ator e já cantou ao lado de Bono, do U2 Por Mariane Morisawa A alma de Seu Jorge é cosmopolita. Paris? Adora. Los Angeles? Pira. “São lugares onde me sinto em casa”, diz o ator e cantor de 41 anos. “Uma vez na França, você é mais um cidadão do mundo. Talvez não do mundo, mas no mundo, ali para se expressar e encontrar pessoas.” Desde que foi revelado para o planeta inteiro pelo cinema, no filme Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, em 2002, sua carreira artística muitas vezes foi tão ou mais internacional do que nacional. Participou de produções como A Vida Marinha com Steve Zissou, de Wes Anderson, fez shows nas principais capitais e até cantou com Bono numa das apresentações do U2 na última temporada da banda irlandesa no Brasil. Mas, ainda que cidadão do mundo, como diz, ele é mesmo do Rio de Janeiro, não há como negar. “Reconheço que o Estado vai comigo”, afirma. Seu Jorge – ou Jorge Mário da Silva – não veio do Rio de Janeiro do cartão-postal, mas de uma favela em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Lá encantou-se com a música, muito por influência familiar – o pai sempre adorou samba, os irmãos, baile funk. Um dos primos é Dudu Nobre. “A música foi minha saída do gueto”, disse ao jornal inglês The Guardian, em 2008. 17 Perfil Seu Jorge Em abril, subiu ao palco ao lado de Bono, numa participação no show da banda irlandesa em São Paulo Ator de cinema e poliglota Aos 10 anos, já queria cantar e tocar. Mas foi trabalhar – como borracheiro, office boy, relojoeiro – para ajudar a família a sobreviver. Cumpriu o serviço militar obrigatório, mas tudo se desmantelou depois que um de seus irmãos foi assassinado numa chacina. A família precisou sair do bairro, cada um foi para um lado, e Seu Jorge chegou a morar na rua por três anos. Foi resgatado pela arte. Primeiro, pelo teatro, graças a Gabriel Moura, seu amigo até hoje, e fez mais de 20 espetáculos no Teatro da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Em 1998, lançou um CD com a banda Farofa Carioca, que misturava samba, reggae, funk e rap. Foi nessa época que o músico Marcelo Yuka deu a ele o apelido que carrega até hoje. Pouco tempo depois, o cineasta Walter Salles indicou o homem alto, magro, de voz forte, para viver o Mané Galinha em Cidade de Deus. Quase ao mesmo 18 tempo, Seu Jorge virava cantor de sucesso e astro de cinema – trabalhou ainda em Casa de Areia, de Andrucha Waddington, e Tropa de Elite 2, de José Padilha. Não foi pouca coisa que aconteceu na vida desse flamenguista e devoto, claro, de São Jorge, que aprendeu sozinho a falar inglês, italiano e francês em suas andanças por aí. No ano passado, experimentou com o disco Seu Jorge & Almaz, lançado primeiro no exterior, com versões personalíssimas de canções de todas as partes, incluindo Kraftwerk e Michael Jackson. Agora, ele voltou ao subúrbio de sua infância para se inspirar para seu novo álbum, Músicas para Churrasco Vol. 1. “O Rio de Janeiro é meu berço. É o lugar onde aprendi a conviver com pessoas do subúrbio, vi essa espontaneidade suburbana”, conta. “Meu imaginário é desse lado do Rio, que eu conheço melhor.” 19 Perfil Seu Jorge Novo CD remete a personagens do subúrbio carioca Como o nome indica, o disco é formado por faixas cheias de balanço e alto-astral, ótimas para animar as festas dos suburbanos ou playboys, por que não. Suas canções têm como personagens as pessoas que viu em Belford Roxo. “De alguma maneira, dentro desse lugar, dessa rua, desse bairro, dessa comunidade, elas se encontram, comungam entre si um pouco de alegria, de música, de 20 beber junto, de comemorar uma certa data, um feito, uma conquista ou simplesmente se encontrar para se ver, para bater um papo, para sair da mesmice.” A ideia foi fazer crônicas musicais, a partir desse universo, curiosas sobre esses personagens, que, Jorge garante, não têm caras identificáveis. “São frutos do imaginário, é tudo inventado. É um roteiro original, não é adaptado. Mas Rio, Estado despojado e elegante “O Rio tem essa coisa legal: um chinelo e uma bermuda, não necessariamente um terno e uma gravata” a gente constrói e pega exemplos e referências ao longo da vida.” Quanto ao som, prefere fugir das autodefinições. “Neste, faço música popular”, diz. Concorda, no entanto, que, de alguma forma, Música para Churrascos Vol. 1 remete a outros momentos de sua carreira. “A gente está visitando algumas coisas que já fiz, temperaturas de outros discos, como o próprio Farofa Carioca, Samba Esporte Fino, América Brasil. As músicas novas passeiam um pouco pela alma desses discos.” Mesmo orgulhoso de suas raízes cariocas e suburbanas, Seu Jorge, pai de Flor de Maria, Maria Aimeé e Luz Bella, mudou-se há oito anos para São Paulo, onde mora com a mulher, Mariana Jorge. Do Rio, sente falta principalmente da mãe, do pai e dos muitos amigos – gente como Zeca Pagodinho, Marcelo D2 e Marisa Monte. É para os amigos que ele corre assim que pisa na cidade que deixou de ser sua, sem jamais deixar. “Traz uma tranquilidade de estar em casa.” Além das pessoas queridas que lá deixou, o Rio o encanta pela sua naturalidade de lidar com o simples. “E, mesmo simples, as coisas tendem a ficar sofisticadas, o Rio tem essa coisa legal. Um chinelo, uma bermuda, às vezes dão uma sofisticada no ambiente, não necessariamente o terno e a gravata”, afirma. “Eu gosto desse jeito, dessa alternativa que parece existir no Rio de Janeiro. Parece sempre haver um jeito novo de viver e de encarar o dia a dia ali.” Mesmo longe, voltou a acreditar no lugar onde nasceu. “O que mais gosto é que lá ainda está acesa a chama de que a cidade pode dar muito certo.” E é com essa certeza que ele roda o mundo, sem, em algum canto da alma, esquecer do garoto do subúrbio do Rio de Janeiro. 21 Decor Arquitetura A arquitetura de Sergio Gattáss Nome de peso do setor imobiliário, carioca lista os dez mandamentos da arte de construir C om projetos de edifícios comerciais, shopping centers e condomínios residenciais, Sergio Gattáss tem um portfólio invejável, que inclui trabalhos no Rio de Janeiro, Fortaleza e Salvador. No escritório que leva seu nome – criado em 1984 –, ele comanda, com quatro sócias, um grupo de 45 arquitetos. Parceiro da Queiroz Galvão, Gattáss é o convidado desta edição para citar algumas das principais funções da arquitetura, sob sua ótica. 1. 2. Proteção Servir de abrigo para pessoas e bens pessoais é uma das funções de uma residência. “A função primordial da arquitetura é proteger o ser humano das intempéries, dos rigores do clima e de animais ferozes. Foi por isso que ela se desenvolveu.” 22 Fotos: Divulgação Conforto “Temperatura, acústica, luminosidade e ventilação devem ser pensados para garantir conforto em qualquer construção. Também é importante equilibrar elementos quentes – como tapetes e madeira – e frios, como pedras, vidros e metais.” Segurança O homem sente necessidade de se proteger do próprio homem: “Isso sempre me chamou a atenção, principalmente na arquitetura europeia. Isso fica claro quando visito uma edificação medieval, como o Palácio da Pena, na cidade portuguesa de Sintra, ou mesmo nos condomínios atuais, que se tornaram células urbanas menores – protegidas do resto da cidade –, onde as crianças podem brincar com segurança.” Palácio Nacional de Pena, em Portugal 23 Fotos: divulgação Decor Arquitetura Bairro La Défense, em Paris Foto: divulgação Atout France O Arquiteto Sergio Gattás. Abaixo, imagem artística do Empreendimento Barra Village Life Houses, da Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário Barra Village House Life, Barra da Tijuca – Rio de Janeiro Privacidade De acordo com Gattás, os grupamentos residenciais não devem ser muito densos, para que cada unidade tenha sua privacidade, e nem tão rarefeitos a ponto de os moradores se sentirem isolados. “Quando eu morava em um condomínio de casas, onde cada um tinha sua área de lazer, um vizinho sugeriu a construção de uma piscina coletiva, que virou um sucesso. As pessoas gostam de viver em comunidade, mas não abrem mão de ter seu canto. No lançamento do Barra Village, condomínio que desenhamos e que está sendo construído pela Queiroz Galvão, vimos que esse modelo de moradia deixa as pessoas de fato satisfeitas.” 24 5. Durabilidade A compra da casa própria demanda anos de investimento, por isso a durabilidade é indispensável à arquitetura. “As construções residenciais devem ser discretas, sem elementos escolhidos simplesmente por estarem na moda, para que o projeto não fique datado. O esforço que se faz para adquirir um imóvel é tão grande que ele deve durar a vida toda.” 6. Evolução social O planejamento da construção de uma residência, como materiais utilizados e quantidades de ambientes possíveis e necessários pode se modificar de acordo com as necessidades da época. “A modernidade trouxe profundas mudanças à rotina das famílias. Hoje o casal sai junto para trabalhar, então os filhos precisam de espaços de lazer completos. Outra coisa que mudou é que, atualmente, trabalha-se muito em casa, o que pede um local tranquilo para a realização das tarefas profissionais.” Ideias materializadas Segundo Gattáss, a arquitetura tem sido usada como meio de propagação de mensagens, a serviço principalmente do Estado e da religião. “No Brasil, o exemplo mais claro está nas obras que Juscelino Kubitschek encomendou a Oscar Niemeyer na época da construção de Brasília. O intuito era materializar seu discurso, que enaltecia a modernidade. Essa também foi a plataforma do presidente francês François Mitterrand. Ele criou o bairro La Défense para propiciar a Paris espaços adequados para grandes empresas, mas também para reforçar a ideia de modernização do país. E quando se fala em arquitetura como veículo de divulgação de ideais religiosos, a lista de exemplos é ainda maior. Eles vão desde as igrejas de Constantinopla – onde mosaicos bizantinos narravam histórias para uma população predominantemente analfabeta – até os templos da Igreja Universal do Reino de Deus.” 9. Palácio de Buckingham, em Londres Valorizar pessoas “A arquitetura deve fazer as pessoas se sentirem valorizadas. Recursos como o pé-direito alto e porta dupla assumem essa função hoje, mas alguns palácios antigos, como o de Buckingham, já carregavam essa ideia. Embora encante os turistas que o conhecem por fora, a riqueza arquitetônica aparece principalmente em seu interior, justamente para valorizar quem vive ali.” Organização A partir de projetos criam-se espaços determinados e mais organizados: “A Praça de São Pedro, em Roma, era visualmente desorganizada, mas um novo projeto trouxe a unidade que vemos hoje. A ideia do Papa que encomendou a reforma era organizar a área, o que é uma das principais funções da arquitetura.” 10. Fazer pensar Ao comparar uma construção ao Estado, Gattáss recorre aos palácios: “Historicamente eles têm sido construídos para que os enormes espaços vazios façam o homem se sentir ‘pequeno’, desprovido de poder diante da grandiosidade do Estado.” 25 Decor Paisagismo Cultura e meio ambiente Jardim Botânico do Rio de Janeiro integra beleza, história e conteúdo científico a zona sul da capital carioca, limítrofe à terceira maior área verde urbana do mundo, está o Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Reconhecido pela Unesco como Reserva da Biosfera e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), é considerado um dos mais tradicionais centros de pesquisa botânica do mundo. Com área total de 137 hectares, possui um Arboreto – espaço aberto para visitação – de 57 hectares, com mais de nove mil espécimes de vegetais vivos e 400 espécies de animais. Os jardins botânicos têm papel relevante tanto em pesquisas como na conservação de espécies. O primeiro deles foi construído em Pisa, na Itália, em 1543. Atualmente há cerca de 1.800 no mundo – 30 no Brasil. Criado em 1808, o JBRJ é o mais antigo em funcionamento no País. Sua paisagem foi concebida pela sobreposição de diferentes projetos, ou seja, não houve um projeto prévio autêntico para construí-lo. Segundo Ana Rosa Vieira, paisagista do JBRJ, “o eixo central do Jardim lembra a paisagem de alguns jardins franceses, principalmente o Jardim de Versalhes, que apresenta em sua escala macro grandes eixos retilíneos que se abrem, ordenando e apropriando-se do território”. Nos traçados, nota-se a divisão do território em quadras, delimitadas por alamedas de árvores. Tal divisão permitiu ao Jardim uma flexibilidade funcional, integrando espaços para diferentes atividades, como horto, parque público, museu, biblioteca e teatro. Por se tratar de um monumento nacional tombado, sua estrutura não pode ser alterada: as modificações paisagísticas recentes são apenas para conservar e revitalizar ou expandir. Entretanto, de acordo com Liszt Vieira, 45° presidente da instituição, é difícil levar adiante os projetos que visam aumentar a área do JBRJ, devido a entraves fundiários. 26 Foto: Marcos Sá Corrêa N Chafariz da Alameda Frei Leandro “São 620 casas situadas no entorno que impedem a expansão do Jardim Botânico, já que ninguém quer deixar seus lares”, disse. Atualmente, o JBRJ está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, tem 250 funcionários e orçamento anual de 10 milhões. Passeios pelas quadras do Jardim Botânico Entrando pelo portão central da Rua Jardim Botânico, a paisagem surpreende. Cerca de 140 palmeiras imperiais enfileiradas numa extensão de 740 metros lineares formam a aleia principal do Arboreto. Mais adiante está o Chafariz das Musas, importado da Inglaterra em 1895. É feito de ferro fundido e ornamentado com alegorias que representam poesia, música, ciência, arte e outras simbologias. Em torno dessa área, os olhares mais atentos poderão captar algumas das mais de 300 espécies de vertebrados existentes no local. Na direção da Rua Jardim Botânico está o Jardim Bíblico. Nele, estão expostos exemplos de plantas que são associadas às tradições judaico-cristã, como a videira, mirra, tamareira, entre outras. Na parte superior do Arboreto, subindo em torno do Lago Frei Leandro – parcialmente cercado por um bambuzal – a visitação é imprescindível devido às coleções de plantas existentes no local. No espaço destinado a plantas medicinais, há mais de 150 espécies que são utilizadas na confecção de produtos de saúde, beleza, temperos e outros. No mesmo perímetro pode ser visitada a estufa de plantas carnívoras; o Bromeliário, com bromélias de várias partes da América, o Orquidário, com cerca de 600 espécies e dezenas de outras coleções. 27 Foto: Ricardo Zerrener/Riotur Foto: Lourdes de Fátima Penne Guimarães Decor Paisagismo A biblioteca Barbosa Rodrigues, também situada no JBRJ, deve ser ponto de parada para quem busca se aprofundar nos assuntos concernentes à biologia. As mais de quatro mil obras raras – nacionais e estrangeiras - que datam desde o século XVI até os dias atuais constituem fonte valiosa para estudos biológicos, especialmente nas áreas de Botânica e História da Ciência. Jardim teria sido idealizado para “socorrer” Portugal Em 1808, Portugal enfrentava grande crise com a ameaça napoleônica e a decadência da extração do ouro em Minas Gerais, iniciada em 1750. Logo depois que a Coroa Portuguesa e uma comitiva fugiram para o Brasil, uma série de mudanças ocorreram no Rio de Janeiro para recebê-los. Era necessário pensar em uma forma de salvar os cofres públicos.No livro Árvores Notáveis: 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a autora Begonha Bediaga destaca que, na época, o reino português vivia uma conjuntura de crise: “A decadência da extração do ouro contribuía para que as correntes da economia defensoras da agricultura como o caminho para o desenvolvimento encontrassem terreno fértio para fazer valer as suas ideias”. Nesse contexto, foi desenvolvido um ambicioso projeto de investimento nas possíveis riquezas naturais que se mostrassem comercialmente rentáveis, pois havia expectativa 28 de encontrar plantas que proporcionassem a Portugal os exorbitantes lucros obtidos na época do monopólio das especiarias. O rei D João VI ordenou então que fosse construído um jardim de aclimatação destinado a cultivar plantas de grande valor comercial, como eram o chá e a canela, vindas principalmente do Oriente. Dois séculos depois, o Jardim de Aclimatação viria a se tornar o JBRJ, que passou por várias transformações ao longo do tempo. No início, tinha atividade voltada para agricultura, se limitando a abrigar e reproduzir plantas. No século 20, com o aumento considerável do número de espécies vivas e a classificação específica dos exemplares cultivados, passou a ser considerada uma instituição científica. Atualmente, tem relevância indispensável para a compreensão e estudo das riquezas naturais do País. Atua com cerca de 290 projetos em diversos biomas do Brasil: desde o alto da Amazônia, zona marinha, Caatinga, Cerrado, Pantanal e se estede até a região dos pampas, no Rio Grande do Sul. A maioria dos projetos está concentrada na Mata Atlântica, área na qual o JBRJ está situado. Visitas ilustres e cuidados a serem tomados O visitante deve estar atento para não cometer crimes ambientais. “Esculpir” letras nos troncos de árvores, por exemplo, é uma atitude desaconselhável. Plantas são seres vivos e, quando seus troncos são riscados, tornam-se alvo para a entrada de agentes que podem trazer doenças ou mesmo a morte do espécime. Além disso, aquelas recomendações costumeiras de “não alimentar os animais” também devem ser respeitadas, porque muitos dos animais silvestres que frequentam ou residem no arboreto do Jardim Botânico não têm defesa biológica contra doenças. Foto: Cristiane Rangel Foto: Ricardo Zerrener/Riotur Foto: Ricardo Zerrener/Riotur Um cactário, diversos lagos, um bromeliário e animais são algumas das atrações do Jardim Botânico Entretanto, as grandes perdas do JBRJ foram ocasionadas pela própria natureza. Em 1936 uma enchente destrui 2/3 de sua área, obrigando-o a fechar para obras de restauração durante dois anos. Em 1927 um raio atingiu a árvore mais antiga do Jardim, plantada por D João VI. Fora isso, recebeu ilustres visitas e demonstrações de respeito, como a de Albert Einstein, em 1925, extasiado pelo prestígio e sucesso que conquistara no meio acadêmico, sobretudo por ter publicado a teoria da relatividade. Quan- do o cientista soube das utilidades da Jequitibá, tanto para construção quanto para uso medicinal, abraçou o tronco da espécie, uma das árvores mais altas da flora brasileira, beijou e depois escreveu no caderno de visitas:. “A Visita ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro significa para mim um dos maiores acontecimentos que tive mediante impressões externas”. Esse ano foi a vez do cantor Jack Johnson prestigiar o local, ao plantar a primeira espécie de Jequitibá-Açu, árvore-símbolo da cidade carioca. Paisagista notável Além do empurrãozinho português, um paulistano também contribuiu para enriquecer o paisagismo do Rio de Janeiro: Roberto Burle Marx. E não é preciso ir a um local específico para apreciar suas obras,muitas delas espalhadas a céu aberto pela cidade carioca. Burle Marx foi um artista versátil. Ao longo de sua carreira, desenvolveu mais de dois mil projetos como desenhista, pintor, tapeceiro, ceramista, escultor, pesquisador e criador de joias. Começou como paisagista em 1932, projetando jardins para residências privadas do Rio de Janeiro. Seis anos depois, se consagrou ao projetar os jardins e terraços do Ministério da Educação e Saúde, no centro da cidade - o trabalho foi considerado marco da arquitetura moderna no Brasil. Ao longo dos 85 anos de vida - morreu em 1994 -, ele daria Burle Marx ajudou a tornar o Rio de Janeiro a cidade maravilhosa ao Rio de Janeiro outras 20 importantes criações. Sua assinatura pode ser vista principalmente ao longo da orla marítima da cidade, numa área contínua que vai dos jardins do Aeroporto Santos Dumont, passando pelo Parque do Flamengo, até as calçadas e jardins da Praia de Copacabana. Este último, também conhecido como Calçadão de Copacabana, é cartão postal do País. Feito em 1970, seus 4,5 quilômetros de extensão foram desenhados em pedra portuguesa. A ondulação das pedras do passeio, ladeado por coqueiros e com o Pão de Açúcar ao fundo, possuem o equilíbrio de uma composição dignamente atribuída a Burle Marx e suas obras, presentes nos cinco continentes. Por esse motivo, não é exagero dizer que Burle Marx contribuiu para tornar o Rio a cidade maravilhosa. 29 Capa Chico Buarque Rio de ladei Civilização enc Cada Hoje a c H Dobra a Desce a Fr Se m Eu fui à Lapa, e perdi a viagem que aquela tal malandr não existe Juro que eu ia até na Penha 30 iras cruzilhada a ribanceira é uma nação cidade acordou toda na contramão Homens com raiva, a Carioca,olerê buzinas,sirenes, estardalhaço Chico e a cidade rei Caneca,olará manda pra Tijuca Sobe o Borel ragem mais casar com ela O Rio de Janeiro dos versos de seu mais apaixonado compositor Por Maria Pinzon Foto: Daryan Dornelles/divulgação A vida é bela 31 Fotos: Bruno Veiga/divulgação Canivello Comunicação Capa Chico Buarque C 32 hico Buarque mora no Leblon, perto do mar e com vista para o Morro Dois Irmãos. Pela manhã, sai de casa de bermuda, camiseta e chinelos, apenas com dinheiro para a água de coco, e caminha a passos rápidos, para que as pessoas que o reconheçam pelo caminho nem tenham tempo de pedir um autógrafo. Vai até o mar, mergulha, e depois volta para seus acordes, o computador, o violão. “Cidade Maravilhosa, és minha”, diz na música Carioca, do CD de mesmo nome. As Ritas, Carolinas, Cecílias e Lígias de suas canções andam por esses cenários, balançam a caminho do mar, brilham na passarela do samba e esperam seus homens voltar dos bares da Lapa. Os guris, operários e ladrões, pedem esmola, erguem paredes sólidas, chacoalham nos trens da Central e roubam nas esquinas. Suas músicas renderiam um belo roteiro pelo que a Cidade Maravilhosa tem de mais fascinante e caótico, um mergulho em seus contrastes. Aos 67 anos, o compositor acaba de lançar um novo CD, chamado Chico, e mais uma vez a cidade aparece como presença marcante e determinante de sua obra. Compor músicas ou simplesmente passar a tarde tocando já faz parte do dia a dia do cantor E Chico “descobriu” a internet... De sua casa, ele fez um trabalho de marketing inédito antes de colocar o novo disco nas lojas. A cada dia, apresentava uma música diferente a seus fãs, para que eles pudessem conhecer o trabalho aos poucos. “É moderno fazer isso, mas antigo ao mesmo tempo. Antes você ia aos programas de rádio e mostrava as músicas aos poucos”, diz o compositor em um show que fez ao vivo também pela internet, dois dias antes do lançamento oficial do disco. Quem ouve Essa Pequena consegue imaginar Chico pelo Leblon: “Meu dia voa e ela não acorda/ Vou até a esquina, ela quer ir para a Flórida.” O amor e a paixão são uma referência forte nas letras do novo trabalho. “Você é um senhor de respeito, não é um garoto. Tem essa beleza do amor maduro, mas ao mesmo tempo tem esse ridículo, e você começa a achar graça de você mesmo, dos teus sentimentos juvenis, que parecem não ter cabimento”, diz Chico num trecho do documentário Dia Voa, dirigido por Bruno Natal. E m u m d o s v í d e o s p u b l i c a d o s p a ra o s f ã s, C h i c o s e d i ve r t e a o d i va g a r s o b re s u a re l a ç ã o c o m a i n t e r n e t : “ O a r t i s ta n o r m a l m e n t e a c h a q u e é m u i to a m a d o , p o rq u e e l e a n d a n a s r u a s e é ‘ B o m d i a , b o m d i a ’ , c h e i o d e c a r i n h o . Fa z o s h ow, é a p l a u d i d o e ta l . M a s n a i n t e r n e t e l e é o d i a d o ” , d i z . “ E u l i o s c o m e n tá r i o s ( d e u m a n o t í c i a s o b re e l e ) – e u n u n c a t i n h a e n t ra d o n i s s o : ‘ E s s e ve l h o . . .’ , ‘ O q u e o á l c o o l n ã o fa z c o m u m a p e s s o a ? ’ I s s o é u m a i n j u s t i ç a , p o rq u e e u j á n e m b e b o m a i s. ‘ O q u e e s s e ve l h o e s tá fa ze n d o , a i n d a ? ’ ” , c o n ta C h i c o , c o m b o m h u m o r. “ E x i s t e u m a ra i va . E n ã o a d i a n ta f i c a r c o m ra i va d e q u e m t e m ra i va , e n tã o d e i xo p ra l á . N ã o p o d e f i c a r t r i s t e c o m i s s o e n e m m o r re r [ p o r c a u s a d i s s o ] . S e m o r re r é p i o r : ‘ J á m o r re u ta rd e, j á va i ta r d e ’ ” , c o m p l e ta , à s g a rg a l h a d a s. 33 Capa Chico Buarque Cidade mar O poe Quando poça ao No caminho há um bar Foto: Daryan Dornelles/divulgação pra Infância e juventude Chico Buarque nasceu no Rio de Janeiro e mudou-se com a família, aos dois anos, para São Paulo. Na capital paulista, já adolescente, tem sua primeira aparição na imprensa, nas páginas policiais do jornal Última Hora, por “puxar” um carro para dar umas voltas durante a madrugada: “Pivetes furtaram um carro: presos”, foi a manchete do jornal. Voltou para a Cidade Maravilhosa aos 22 anos. Nesse meio tempo, passou um ano na Itália, onde conviveu com os intelectuais e artistas que frequentavam sua casa – para onde 34 voltou em 1969, num autoexílio durante a ditadura. As férias, ansiosamente esperadas quando ainda era menino, eram sempre na casa da avó materna, Maria do Carmo, que morava em Copacabana. Preferido dela, ele sempre dava um jeito de ir dormir no quarto da avó, de onde escutava o barulhinho das ondas lambendo as areias. Encontrava os primos, brincava muito, mergulhava no mar e esperava a avó hastear um pano vermelho na varanda para voltar para o almoço. Mas o garoto nem sempre ficava na casa de Maria do Carmo. Às vezes, por conta de arranjos familiares, hospedava-se na casa de Heloísa, mãe de seu pai, no Jardim Botânico, e não via a hora de pegar o bonde e ir correndo para a praia. ravilhosa és minha oente na espinha das tuas montanhas nos apaixonamos d''água é chafariz, olhar o céu de Ramos vê-se as luzes de Paris da oficina em cada esquina sei lá o quê você comemorar Eu te vejo sair por aí Te avisei que a cidade era um vão Pelos bairros cariocas Desde criança, por influência da mãe, Maria Amélia, era torcedor do Fluminense. E já gostava de assistir ao Carnaval a partir da janela do escritório de um tio na avenida Presidente Vargas, onde aconteciam os desfiles. Na adolescência, começou a frequentar outras praias, extrapolando os limites de Copacabana. Depois de assistir ao filme francês Orfeu da Conceição, quis ir conhecer o morro da Babilônia, onde já havia uma pequena favela. Em 1965, quando ainda morava com a família em São Paulo, decidiu parar com o curso de arquitetura na USP, quando já havia lançado várias músicas. Apaixonado por Marieta Severo, no ano seguinte decidiu ir morar no Rio, onde alugou uma quitinete em Copacabana, perto da casa da avó. Aos poucos, passou a alugar apartamentos cada vez melhores, até que conseguiu comprar o primeiro, no Leblon. Desde então, morou em duas casas na Gávea, por causa das filhas; Copacabana foi o cenário de muitas das histórias de Chico depois, já separado, no Jardim Botânico, de onde pegava a bicicleta para ir tomar seus sagrados banhos de mar. Saudoso do barulhinho das ondas, cansado dos barulhos do Jardim Botânico, que inspiraram a música Carioca (“Gostosa, quentinha, tapioca/ O pregão abre o dia/ Hoje tem baile funk”), ele decidiu voltar para o Leblon, onde instalou-se aos pés do Morro Dois Irmãos. É de lá que ele sai para passeios a pé e jogos de futebol no campo de seu time, o Polytheama, no Recreio dos Bandeirantes. 35 Destino Salvador Redescubra Salvador Conheça os cantinhos, sabores e cores da capital baiana que vão além dos tradicionais pontos turísticos da cidade S alvador é um daqueles lugares que te pega, encanta e não quer mais te deixar ir embora. Você é fisgado pelo estômago, disperso pelas cores e cheiros e envolvido pela religiosidade e história que nos remete ao tempo a que cidade foi escolhida para sediar a capital do Brasil, em 1549. Encanto que vai além do burburinho de lugares como o Elevador Lacerda e o Pelourinho. Há muito mais o que se ver e experimentar na cidade: aquele acarajé que só a Cira sabe fazer, o melhor sorvete da Praia da 36 Ribeira, a boemia de Rio Vermelho ou a natureza em torno de parques e lagoas. Existe uma dinâmica na cidade, moldada e herdada dos tempos do Império: na parte Baixa, funcionam as atividades comerciais originadas a partir do porto. Na Cidade Alta fica o núcleo residencial, administrativo e religioso. As belezas de Salvador não deixam dúvidas: a Bahia de santos e festas tem muito a oferecer e a mostrar aos turistas. Fotos: João Ramos 1. Ponta de Humaitá Um programa imperdível em Salvador é ver o pôr do sol na Ponta de Humaitá, região protegida pelo forte e abençoada pela Igreja de Mont Serrat. É um pedaço de uma Salvador antiga, onde os moradores conservam ainda inúmeras tradições típicas, como colocar cadeiras na calçada para ver o sol se pôr. O espaço da Ponta do Humaitá agrega um conjunto arquitetônico formado pela Igreja de Monte Serrat, um mosteiro, o antigo Iate Clube de Monte Serrat e casas no estilo do século XIX, além de um farol, construído no começo do século XX para guiar as embarcações que passavam pela região. Com cenário natural e histórico, é um dos locais mais bonitos da Cidade Baixa, com vista para a Baía de Todos os Santos de um dos ângulos mais favoráveis. Ponta de Humaitá Farol da Barra 2. Taça com três dos diversos sabores à venda na Sorveteria Ribeira Sorveteria da Ribeira Passagem obrigatória para quem gosta de conhecer lugares a partir da gastronomia local. Embora relativamente distante do centro mais turístico de Salvador – fica na Praça General Osório, em frente à Praia da Ribeira -, vale a visita. A sorveteria foi inaugurada em 1931 e, 80 anos depois, ainda lota de fregueses as mesas que ficam num espaço aberto. O mais gostoso é isso: fazer como os moradores locais e sentar ao ar livre para ver o sol se pôr enquanto desfruta alguns dos mais de 50 sabores de sorvete, como coco verde, sapoti, jabuticaba e pitanga, preparados artesanalmente. Além dos sorvetes, o milk-shake de tapioca faz sucesso. 37 Destino Salvador 3. Solar do Unhão Um engenho de açúcar à beira-mar. Visite à tarde, onde também é possível apreciar o pôr do sol, um dos mais belos de Salvador. O conjunto arquitetônico foi construído no século 17, em alvenaria de pedra, um complexo do mesmo tipo dos engenhos encontrados na zona da mata: com casa-grande, capela e senzala. A propriedade pertencia a Pedro de Unhão Castelo Branco, que residiu no solar a partir de 1690. O solar também tem armazéns e cais, por onde escoava o açúcar produzido no Recôncavo. Em 1962, foi restaurado, e hoje abriga o Museu de Arte Moderna (MAM), com um importante acervo de cerca de mil obras de artistas como Tarsila do Amaral, Portinari e Di Cavalcanti. No jardim há um Parque das Esculturas, com peças de Carybé, Mário Cravo, Rubem Valentim entre outros. Vale a pena conferir a programação, pois há apresentações de shows musicais ao ar livre e filmes fora do circuito comercial. 4. 5. 38 Rio Vermelho Circular pelo boêmio e fervido bairro do Rio Vermelho já faz parte do roteiro de alguns turistas em busca de agito e boas ofertas gastronômicas. É lá também, no Largo de Santana e no Largo da Mariquita, que estão as mais afamadas baianas do acarajé, como a Cira. Coma sem culpa o bolinho de massa de feijão-fradinho e camarão seco moído frito em azeite de dendê e acompanhado por camarão, vatapá, caruru e claro, pimenta, servido pela baiana de mão cheia. Ao redor das barraquinhas, nos botecos, a diversão é comer acarajé recém-preparado e, junto, pedir um drinque ou uma cerveja. A “rósca”, nome local da caipirinha de vodca, tem sabores variados: lima, caju, seriguela, graviola, umbu ou umbu-cajá. Famoso acarajé das baianas do Rio Vermelho Festas populares Muitos eventos de rua movimentam a cidade: a Festa do Bonfim, que acontece no segundo domingo depois do Dia de Reis, em janeiro, seguida pela mais conhecida e popular Lavagem do Bonfim, que acontece na segunda quinta-feira depois do Dia de Reis, são bons exemplos. Outra dica é a festa da Nossa Senhora da Boa Morte, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, que fica a 116 quilômetros de Salvador. A celebração acontece na sede da Irmandade da Boa Morte – uma das poucas nas Américas a venerar a fase final da vida de Nossa Senhora, criada há cerca de 240 anos por escravas alforriadas. Acontece nos dias 13, 14 e 15 de agosto e inclui procissões, rodas de samba e capoeira, e fartas opções de pratos típicos, como feijoada, vatapá, caruru, cozido e maniçoba. Festas populares fazem parte do calendário da cidade Museu Rodin Localizado no arborizado e sofisticado bairro da Graça, em Salvador, o Palacete das Artes Rodin Bahia um casarão de 1912 restaurado faz uma ponte imaginária entre a capital baiana e o Museu Rodin de Paris, como a única filial fora da Europa. A exposição atual, Auguste Rodin, Homem e Gênio, conta com 62 obras que ficam em Salvador até o ano que vem. Você poderá conhecer algumas das famosas esculturas de Rodin, como O Beijo, O Pensador ou Eva. Foto: Roberto Nascimento 6. Solar do Unhão Foto: Roberto Nascimento Fotos: divulgação Artigos religiosos e danças populares fazem parte das feiras e ruas da cidade Museu Rodin 7. Parque de Pituaçu Próximo à orla marítima, o Parque Metropolitano de Pituaçu destaca-se como uma das principais áreas verdes de Salvador, com 425 hectares de vegetação remanescente de mata atlântica. Há, na reserva ecológica, uma ciclovia com aproximadamente 15 quilômetros de extensão sob a sombra de cajueiros, dendezeiros e coqueiros, e uma lagoa onde se pode passear de pedalinho. O parque também abriga o Espaço Mário Cravo, onde ficam expostas ao ar livre mil esculturas doadas ao governo do Estado pelo artista baiano. São esculturas contemporâneas: tridimensionais, sonoras, totens vegetais e objetos alados, feitas de diversos materiais, técnicas, tamanhos e cores. As esculturas flutuantes ganharam uma pequena lagoa com peixes. Escultura O Beijo, de Auguste Rodin 39 Destino Salvador 8. Barra Apesar de bem famoso como ponto turístico, a importância do local vai além de paisagens: se a Bahia começou em Santa Cruz de Cabrália, Salvador nasceu na Barra. Foi lá que o navegador Américo Vespúcio descortinou, em 1501, a Bahia de Todos os Santos. Hoje, a praia da Barra concentra o movimento diurno da capital. A apenas cinco quilômetros do centro, alinha hotéis, restaurantes e bares diante de um calçadão. O Forte de Santo Antonio divide a Barra em praia do Porto e praia do Farol. A primeira, de águas calmas, e a segunda, com boas ondas para surfar. A fortaleza, que começou a ser construída em 1534, tem forma de decágono e é a primeira do Brasil. Nela fica o Farol da Barra, de 1698, um dos primeiros das Américas, ainda em funcionamento. É no forte também que fica o Museu Náutico. Barra 9. Farol de Itapuã A 27 quilômetros do centro, Itapuã é a famosa vila de pescadores que foi eternizada ao ser cantada por Dorival Caymmi, Vinicius de Morais e Caetano Veloso. Ponto badalado da cidade e muito procurado por turistas e pela população local, as areias e coqueiros dividem espaço com inúmeras barracas de comes e bebes. O Farol de Itapuã segue orientando a navegação nas costas da capital baiana. O acesso é restrito, mas é ponto marcante na paisagem. É em Itapuã também que está uma das mais famosas bases do Projeto Tamar, que preserva tartarugas marinhas. Vale separar uma manhã ou tarde inteira para conhecer Itapuã. Mesmo que toda poesia cantada pelos poetas compositores se confunda em meio a tanta gente, procure um lugar próximo da água e admire o mar batendo nas pedras, que, na maré seca, forma piscinas naturais. Farol de Itapuã 10. Lagoa do Abaeté Um passeio para interagir com a natureza e encher os olhos. Suas águas escuras contrastam com as dunas e com as cores da vegetação ao redor. Área de Proteção Ambiental, Abaeté é protegida por um parque metropolitano que leva seu nome. A lagoa era usada por lavadeiras que, em suas margens, ajudaram a manter vivas muitas das tradições ancestrais que enriquecem a cultura de Salvador. Um importante polo de lazer ecológico de Salvador, cercado de lendas e muita beleza natural. Lagoa do Abaeté 40 Destino Machu Picchu Beleza inca Machu Picchu, uma das sete maravilhas do mundo moderno, completa 100 anos de descoberta e continua envolta de mistérios e encanto Fotos: Kalinka Merkel Por Kalinka Merkel 42 Com vista para Cusco, Sacsahuamán é uma fortaleza inca que fica a 40 minutos de caminhada do centro da cidade M O imenso gramado era a praça da cidade, que dividia, no Setor Urbano, a área sagrada da residencial ais do que um destino imperdível, Machu Picchu desafia nossa imaginação a recriar a história desse lugar, que fez parte do maior império pré-colombiano do Novo Mundo. Localizada a 2.400 metros de altitude no vale do rio Urubamba, no Peru, a cidade sagrada dos Incas foi descoberta há 100 anos pelo explorador e arqueólogo americano Hiram Bingham. A viagem começa na capital peruana, Lima, de onde se segue para a cidade de Cusco de ônibus, trem ou avião. Brasileiros não precisam de visto e podem viajar apenas com a identidade. Mas para aqueles que gostam de colecionar destinos no passaporte, na entrada do parque existe um carimbo que o próprio visitante faz, com direito a reprodução das montanhas e data. Cusco – “o umbigo do mundo”, como dizem por lá – é a porta de entrada para conhecer as ruínas de Machu Picchu (que em quéchua significa “Montanha Velha”), com muitas paradas quase obrigatórias pelo caminho. Reserve pelo menos uma semana para conhecer o lugar. Programe-se para observar outros sítios arqueológicos, como Pisac e Ollantaytambo, antes de chegar a Machu Picchu, pois provavelmente nada mais o impressionará. É a melhor forma de assimilar a grandeza desse império extinto, além de preparar sua alma de viajante para conhecer a cidade sagrada, mais intacta construção inca. Cusco oferece uma grande opção de hotéis, pousadas e albergues (os hostels), com preços para todos os bolsos. A dica é dar uma pesquisada antes de viajar, porque ao chegar na cidade os turistas certamente são abordados por uma infinidade de cusquenhos que oferecem serviços que variam de hotéis a passeios, massagens, restaurantes e lojas. 43 Destino Machu Picchu Convento San Domingo, erguido sobre o Qoriqancha, principal templo de adoração ao Sol O Vale Sagrado O vale do rio Urubamba, a nordeste de Cusco, é conhecido como Vale Sagrado dos Incas. Um único bilhete, chamado de “Boleto Turístico” serve de ingresso para 15 atrações, que vão desde museus em Cusco a ruínas que ficam nas pequenas cidades e vilarejos que se espalham pelo Vale Sagrado. O “Boleto Turístico” vale por 10 dias, o que possibilita conhecer Cusco e suas atrações para só depois seguir de trem ou ônibus ao Vale Sagrado até o destino final, Machu Picchu. Uma boa opção é seguir com excursão, de ônibus, até Ollantaytambo, de onde poderá pegar o trem para Águas Calientes, cidade base de Macchu Picchu. Um dia é o suficiente para conhecer Machu Picchu, e vale a pena chegar bem cedo. Além de ter a oportunidade de ver a região sem tantos turistas, fica mais fácil garantir a entrada para Huayna Picchu (“Montaha Nova”), com limite diário de visitas em 400 pessoas e de onde se tem uma vista privilegiada de Machu Picchu. A entrada é controlada e há horários determinados para isso: apenas na parte da manhã, às 9h e às 11h. Informações práticas A vacina contra febre amarela é obrigatória, ao menos dez dias antes da partida. Cusco fica a mais de 3.300 metros de altitude e alguns visitantes sofrem com o chamado mal das alturas (soroche): fadiga, falta de ar, náusea e dor de cabeça. Rapidamente o organismo se acostuma, e as farmácias vendem remédios especificamente para o soroche. 44 Pisac tem ruínas de uma fortaleza inca e vista para um vale recortado nos Andes, com terraços para agricultura cavados nas rochas A melhor época para visitar a região é na estação seca, que vai de maio a meados de outubro. Na época das chuvas, de dezembro a fevereiro, os rios costumam transbordar e muitas estradas ficam bloqueadas. Se tiver mais tempo para viajar e um bom condicionamento físico, faça a trilha inca. A partir das proximidades de Cusco são 40 quilômetros até Machu Picchu, percorridos em três noites passadas em acampamentos. Essa opção exige planejamento antecipado: como hoje o número de turistas é limitado, é necessário reservar seu lugar com até dois meses de antecedência. A recompensa são as paisagens impressionantes, além da sensação indescritível de estar caminhando sobre a única estrada inca inteiramente conservada. Cultura inca desperta curiosidade Originado no século 13, o império inca estendeu-se por um Assim como outros lugares que sofreram com o processo co- vasto território, em mais de 4 mil quilômetros ao longo dos lonizador, a cultura inca resistiu, mesmo com o empenho dos Andes. No auge, chegaram a contar 12 milhões de súditos, que espanhóis em acabar com qualquer referência, construindo falavam pelo menos 20 línguas, mas que não dispunham de igrejas católicas sobre os templos incas. É por isso que gran- nenhum sistema de escrita, nem hieroglífica como a dos maias. de parte dos templos em Cusco não são visíveis, pois encon- Os incas são reconhecidos por serem exímios construtores e tram-se escondidos em segundos pisos e camadas. até hoje causam perplexidade com a imponência de suas A tenacidade inca resistiu do mesmo modo como se deu com obras arquitetônicas, construídas com blocos de pedra outras culturas, como as práticas religiosas de origem africa- que pesam toneladas e que se encaixam perfeitamente. na que foram completamente proibidas no Brasil a partir de Situam-se em lugares muitas vezes de difícil acesso, e ain- 1591. Apesar desta violenta perseguição às manifestações da hoje não se sabe ao certo quem foram esses soberanos afrodescendentes, muitos rituais religiosos, no transcorrer andinos que conquistaram reinos, esculpiram montanhas e do século 20, foram conquistando seu espaço com a fun- arquitetaram um vasto império interligado por trilhas que dação de terreiros de Candomblé, Umbanda, entre outras. vão do mar a Amazônia. Mesmo que não visíveis, os templos em Cusco continuam lá, Menos ainda se sabe sobre o destino dessa civilização, que sob as edificações espanholas e assinalados nos mapas turís- foi dizimada pelos colonizadores espanhóis que chegaram ticos da cidade. A antiga capital do império atrai milhares de em 1534 ávidos por ouro, prata e poder, e que de forma turistas o ano todo, de todas as partes do mundo. A gastro- muito agressiva impuseram, em apenas 40 anos, seus cos- nomia local, repleta de variedades de milho, batata e grãos, tumes e religião, construindo sobre a capital do império inca como a quinua, ainda nos remetem ao império que tinha pleno – Cusco – uma nova cidade colonial espanhola. domínio da agricultura e que garantia comida para todos. 45 Gourmet Palavra de mestre A originalidade culinária do renomado chef pernambucano César Santos compartilhada em dez dicas gastronômicas Por Luan Silva E ra 1992 e a cidade alta de Olinda, em Pernambuco, ganhava o que poderia ter sido mais um restaurante de comida brasileira, o Oficina do Sabor. Numa atitude audaciosa, o chefe César Santos aboliu das receitas condimentos como cominho e colorau – ingredientes abundantemente utilizados na culinária pernambucana, oriundos da influência árabe no Estado – e passou a utilizar frutas e ervas como tempero. Com isso, deixava os pratos mais leves ao paladar e valorizava o sabor natural dos alimentos da região, como feijão verde, carne de sol, macaxeira, queijo de coalho, peixes e frutos do mar. As pessoas o indagavam: “Será que isso é bom mesmo? Isso é esquisito. Que coisa é essa?” Atualmente, o Oficina do Sabor já virou atração turística. Aos 45 anos, César Santos é um colecionador de prêmios gastronômicos e já apresentou seu talento em diversos países. É reconhecido como Embaixador Gastronômico de Pernambuco, título concedido por Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras. Confira algumas dicas culinárias do chef. 46 O aconchego e a bela vista que se tem a partir de algumas mesas do Oficina do Sabor 1. Utilize frutas e ervas nas receitas Manga, maracujá, pitanga, goiaba e abacaxi são as frutas que mais combinam com molhos, segundo o chef. Elas devem estar bem maduras. Algumas das misturas tropicais criadas pelo chef utilizando essas frutas: manga com camarão, maracujá com peixe, goiaba com pernil de cabrito e abacate com carne de porco. Elas também combinam com ervas, que dão um sabor especial ao prato. As combinações prediletas do chef são manga com hortelã e maracujá com zimbro ou leite de coco. 2. Pitangas em destaque Para César, pitanga é a fruta que representa Pernambuco, pois a maioria das casas do estado tem uma pitangueira no quintal. Com a fruta é possível fazer desde sobremesas, como sorvete e mousse, a bebidas como licor e conhaque. A base do molho feito com frutas tropicais consiste em refogar o suco da fruta com cebola, manteiga, azeite e mostarda. Não se deve usar alho, pois interfere muito no sabor. Acrescente a isso meio litro de suco concentrado de pitanga e três colheres de sopa de açúcar. A receita combina muito bem com camarão: o segredo é cozinhar o crustáceo no molho e servir logo em seguida. Se demorar a servir, o camarão absorve o sabor doce do molho, deixando-o amargo. 47 Gourmet 3. Camarão no ponto certo “Quem não mora em frente ao mar terá dificuldade em encontrar um bom camarão fresco”, adianta o chef. O ideal é comprar congelado e de um fornecedor confiável. Para prepará-lo, preaqueça a frigideira no fogo alto. Momentos antes de despejar os camarões na frigideira, diminua a chama para fogo médio. Deixe-o cozinhando de 6 a 8 minutos. “É preciso ter olho clínico para saber o momento certo de tirar. Quando ele está cozido, costuma ficar rosado. Se passar do ponto, o camarão fica ressecado e diminui de tamanho.” Ele indica essa técnica para compor pratos como camarão com creme de manga, peixe ao molho de camarão e camarão ao alho e óleo. 4. Do jerimum se usa tudo Há 19 anos, quando ainda era estudante, César Santos conheceu as técnicas e receitas de Paul Bocuse. Na época, o famoso chef francês exibia uma de suas principais receitas, que consistia em utilizar todas as propriedades da abóbora – conhecida no Nordeste como 48 jerimum – para preparar uma sopa. Nela, tirava-se a polpa da abóbora para preparar o creme, que posteriormente seria servido na casca de onde foi tirado. Desse modo, aproveitava-se tudo do alimento. Santos importou o conceito e adaptou à cozinha pernambucana. Ele indica recheios feitos com camarão, peixe ou linguiça. Aqueça a casca no forno por 30 minutos antes de rechear. 5. Manteiga de garrafa Usada para substituir o óleo, “a manteiga de garrafa tem sido bastante explorada na cozinha brasileira”, segundo o chef. Ela realça o sabor do alimento, deixando-o mais saboroso. Canela de Cabrito com Três Purês Arretados de Bom Canela de cabrito Ingredientes 50 g de mix de pimenta em grão 2 litros de vinho tinto 4 colheres (sopa) de molho inglês 4 colheres (sopa) de mostarda 8 dentes de alho picado 4 canelas de cabrito (Corte Jarret do Cordeiro) 4 ramos de alecrim 4 folhas de louro 4 anis-estrelado 2 talos de salsão picado 2 canelas em pau 2 cebolas roxa 1 cenoura grande em cubos 1 talo de alho-poró Preparo Em um bowl, faça uma marinada com todos os temperos, as especiarias, 1 litro do vinho e tempere com sal a gosto. Junte as canelas de cabrito e deixe marinar de um dia para o outro coberto com papel filme. Em um tabuleiro, arrume as canelas de cabrito com a marinada, cubra com papel-alumínio e leve ao forno a 150°C por 4 horas – não deixe a marinada secar e, se necessário, acrescente água morna e deixe até ficar macia. Retire do forno, separe a canela do cabrito e reserve. Leve ao liquidificador todo o molho que ficou no tabuleiro e bata bem. Passe por uma peneira, leve ao fogo e, quando esquentar, adicione o litro de vinho restante e deixe cozinhar até virar um molho consistente. Acrescente a canela de cabrito. Purê de batata doce com castanha de caju Ingredientes 400 g de batata doce cozida e amassada 200 g de castanha de caju 200 g de manteiga 200 g de creme de leite Sal a gosto Preparo Cozinhe a batata doce sem casca e amasse, ainda quente, com a manteiga. Acrescente o creme de leite, misture bem e adicione a castanha de caju bem quebradinha. Acerte o sal. Purê de beterraba com suco de laranja Ingredientes 4 beterrabas cozidas e descascadas Suco de 4 laranjas 6. Aventure-se na cozinha Antes de abrir seu próprio restaurante, César Santos dedicou anos a estudar gastronomia. Contudo, para ele, “cozinhar não tem mistério, basta querer”. A primeira noção que a pessoa deve ter quando entra na cozinha “é que só há hora para começar, quando vai terminar não se sabe.” Buscar referências é fundamental. Os chefs que mais o inspiraram foram os brasileiros Paulo Martins e Breno Braga e o francês Paul Bocuse. 7. Perceba os sons do ambiente Ouvir o barulho da frigideira, escutar a lâmina da faca cortando o alimento, estar atento ao vapor que sai das panelas junto ao aroma de dar água na boca. 2 batatas inglesas cozidas e descascadas 1 colher (sopa) de manteiga 1 talo de baunilha Preparo Cozinhe as beterrabas junto com as batatas, descasque, junte o suco de laranja e leve para cozinhar novamente. Acrescente os talos de baunilha, a manteiga e deixe ferver. Retire os talos de baunilha e passe no liquidificador. Purê de macaxeira com queijo de coalho Ingredientes 400 g de macaxeira cozida e moída 100 g de queijo de coalho ralado 150 ml de leite 2 colheres (sopa) de manteiga Sal a gosto Preparo Coloque a macaxeira já moída em uma panela e leve ao fogo com a manteiga, o leite e o queijo ralado. Misture bem até formar uma massa homogênea. Obs.: Queijo de coalho pode ser substituído por queijo parmesão. Para o chef, estar na cozinha é vivenciar uma experiência completa. Ele, por exemplo, não gosta de interferências externas enquanto cozinha, como barulho de televisão. “A pessoa deve entrar em sintonia com os componentes da cozinha.” Na hora da refeição, o chef permite uma música que não seja agitada. “Comer é um momento sagrado de dividir a comida com quem estiver ao lado. A atenção tem que estar voltada somente para a mesa.” Para quem gosta de uma boa MPB, ele indica A paz, de Zizi Possi. 8. Fique atento quando for comprar o alimento Manuseie os alimentos. Se vai à feira, o chef faz questão de cheirar a fruta, senti-la com as mãos e escolher a dedo as que vai levar. Na compra de frutos do mar, carnes e peixes, os cuidados são redobrados. Para identificar se a carne foi congelada e descongelada, basta abrir a embalagem e verificar se há muitos cristais de gelo. Se houver, ela não deve ser comprada. Já a lagosta não pode ser consumida se estiver há mais de dois meses congelada. “Eu sempre abro a casca, se a carne de dentro estiver escura, não compro. Ela deve estar meio branca.” 49 Gourmet Jerimum Frevo É Ingredientes: 15 camarões pré-cozidos e descascados 4 lagostas pré-cozidas e descascadas 2 xícaras de calda de maracujá ½ cebola cortada em tirinhas 1 colher (sopa) de manteiga 1 colher (sopa) de azeite de oliva 1 colher (sopa) de mostarda 1 colher (chá) de tempera tudo 10 frutos de zimbro 1 colher (chá) de endro 1 jerimum jacarezinho de 1½ kg 1 colher (sopa) de requeijão 1 colher (sobremesa) de maisena diluída em dois dedos (copo) de água 9. Preparo: Doure a cebola na manteiga e no azeite, acrescente a calda de maracujá com um pouco de água, tempere com o restante dos ingredientes, coloque os camarões e as lagostas, deixe cozinhar um pouco e engrosse com a maisena diluída na água. Reserve. Abra um tampo no jerimum, retire toda a semente, lave a casca com sabão e água, coloque no forno em um tabuleiro com água e deixe cozinhar entre 30 e 40 minutos. Depois do jerimum cozinhado, recheie com o creme de maracujá já preparado e finalize com a colher de requeijão. Quando for a Pernambuco, não se esqueça... Existem alguns afazeres gastronômicos que são indispensáveis a quem visita Pernambuco. “Coisas simples como comer uma tapioca no Alto da Sé ou um queijo coalho assado na feirinha de Boa Viagem, ou mesmo na praia, fazem toda a diferença”, sugere o chef. Assim como o parmesão é internacionalmente reconhecido como queijo produzido em Parma, na Itália, os registros históricos apontam que o queijo coalho foi inicialmente produzido em Pernambuco, em 1597. “É um queijo que você encontra na esquina, na barraca, no mercado, na feira. Tem um preço bacana e bom.” 50 10. Leve um pedaço do Estado “Se quiser presentear alguém com um pedaço de Pernambuco, dê um bolo-de-rolo”, diz. O bolo-de-rolo, reconhecido como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado, é tradição em Pernambuco há mais de 300 anos. É feito com massa finíssima de farinha de trigo e recheado com creme de goiaba. O aspecto pode lembrar o rocambole. Bem viver A dois passos do Paraíso Morar próximo a áreas verdes é uma solução para quem busca conforto e qualidade de vida Fotos: divulgação N 52 as grandes metrópoles, ter uma das vistas mais cobiçadas da cidade e um parque público como área de lazer é privilégio para poucos – e pode ser um fator decisivo na hora de escolher um imóvel residencial. De acordo com Sueli Rodrigues, do Centro de Estudos de Meio Ambiente & Integração Social (Cemais), a tendência é que as pessoas busquem, cada vez mais, moradias próximas ou em locais de fácil acesso a parques e rios. Sueli pontua que esse comportamento é solidificado pelas vantagens proporcionadas pela natureza. “Nas ações desenvolvidas nas comunidades percebemos a valorização das pessoas pelas áreas verdes, em especial devido à péssima qualidade do ar nos grandes centros”, diz. “São áreas essenciais para o bem-estar da população, e têm a finalidade de melhorar a qualidade de vida, agindo simultaneamente sobre o lado físico e mental do homem”, completa. Uma pesquisa feita por Maria Geralda Viana Hele- no, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, avaliou a qualidade de vida de usuários de parques públicos e apontou alguns motivos do interesse das pessoas por esses espaços. Um dos resultados da pesquisa é que 45% dos frequentadores de parques indicou como principal motivo de irem a essas regiões a promoção da saúde. Para os jovens com menos de 19 anos, os parques funcionam como um local de encontro social. Opinião também manifestada entre adultos e idosos que, ao se encontrarem por diversas vezes nas áreas verdes ou orlas, em momentos descontraídos, acabam interagindo e promovendo uma convivência sadia, além da ampliação de amizades, segundo a professora. Outro dado da pesquisa é que em adultos com idade entre 20 a 59 anos observa-se que a frequência em parques públicos está relacionada ao prazer de estar ali (40,3%). Paisagem do lago do empreendimento Nature Village 2 53 Bem viver Ilustração artística da fachada do edifício Engenho Apipucos Benefícios vão além da saúde física Para atender esse público em busca de qualidade de vida, alguns edifícios integram lazer e moradia. Antonio Caramelo, arquiteto que atua em parceria com a Queiroz Galvão na concepção de alguns empreendimentos, acredita os projetos estão cada vez mais adaptados às necessidades do morador: “Tudo isso em razão das exigências provenientes das mudanças sociais profundas nas estruturas familiares, somadas às dificuldades de deslocamento nos centos urbanos, insegurança nas áreas públicas e necessidade de infraestruturas de esporte, lazer, contemplação e vida saudável”, diz ele. Embora o entorno de parques seja normalmente uma região movimentada, ter a natureza como vista ou como opção de passeio a pé compensa tanto pela opção de lazer como pela valorização do imóvel. Além disso, paisagens verdes são benéficas para a cidade, já que, por meio do paisagismo, é possível humanizar as construções e amenizar a rigidez da arquitetura. 54 Ilustração artística do mirante do edifício Engenho Apipucos Natureza dentro e fora de casa Para contribuir com a qualidade de vida de quem mora em apartamentos, alguns condomínios investem na infraestrutura das áreas sociais. O Edifício Joel Queiroz, no terreno ao lado do Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, Pernambuco, é um bom exemplo. A vista para o mar e a valorização da área com a abertura de um parque projetado por Oscar Niemeyer são as grandes apostas. O empreendimento terá 22 pavimentos tipo com um apartamento por andar, com três ou quatro suítes – todas com vista para o mar. A área de lazer terá piscina na cobertura, salão de festas e fitness. Unir a tranquilidade de morar perto da natureza com o acesso a importantes pontos culturais é uma vantagem de quem mora no Edifício Engenho Apipucos, no bairro Apipucos, também em Pernambuco. O empreendimento lançado pela construtora Queiroz Galvão tem localização privilegiada: o bairro é histórico e oferece diversos serviços e atrativos culturais, como Fundação Ilustração artística das fachadas das casas do Nature Village Gilberto Freyre, Museu do Homem do Nordeste e igrejas seculares. O projeto contempla uma horta, estufa, mirante para o rio, jardim, pequeno campo gramado, pista de caminhada, espaço zen e propostas sustentáveis que visam redução do consumo de água e energia. A região onde fica o edifício ganhará um parque voltado para educação ambiental, com um píer, praça e área para contemplar o rio Capibaribe. Em São Paulo, o Nature Village 2 é uma opção para quem quer usufruir da qualidade de vida do interior do Estado sem abrir mão de morar próximo à capital. Localizado em Jundiaí, o condomínio fechado composto por casas está junto à Serra do Japi e contará com um bosque particular. São cinco lagos, horta, trilhas ecológicas para caminhada, um fitness center e uma fazendinha com animais. Em alguns empreendimentos, há a possibilidade de unir a beleza do litoral com a qualidade de vida de parques. Caso do futuro empreendimento da Queiroz Galvão, que Trilha ecológica do Nature Village 2 estará entre o azul do mar e o verde do Parque de Pituaçu, em Salvador. O esperado lançamento terá paisagismo de Benedito Abbud e localização privilegiada, numa área que está em expansão na cidade. “Para tornar o projeto agradável e contemplativo, os espaços foram pensados com praças de chegada em frente. E praças de convivências e um espaço com descanso pergolados”, diz Caramelo, que assina o projeto arquitetônico. No Parque de Pituaçu, as belezas naturais remanescentes da Mata Atlântica, fauna e flora diversificadas, uma bela lagoa, atividades culturais, esportes de aventura, caminhadas, ecoturismo, uma ciclovia de 18 quilômetros, um playground com equipamentos de lazer para a criançada e uma área de 55 hectares que abriga um centro comercial e espaços para alimentação. O emp reend i mento s erá constr uí d o em um ter reno d e ap roxi mad amente 40.000 metros q uad rad os. “ Em d eter mi nados momentos d as nos s as vi d as tod os nós q ueremos p razer, confor to, p az e f el i ci d ad e em u m s ó l ug ar. A s s i m s erá o emp reend i mento, no mel hor l ug ar de Pi tuaçu” , d es creve Caramel o. Lagoa do Parque Pituaçu 55 Foto: divulgação Decor Estilo Casa Cor Rio de Janeiro A cascata de cubos da Minicopa ganhou fundo espelhado para dar sensação de amplitude. Na bancada, cafeteira que se move por meio de um pequeno elevador Tecnologia, integração e cores quentes são alguns elementos da mostra carioca 56 P é direito bem alto, sanca, esfige, boiserie e piso de parquet são alguns dos inúmeros detalhes que concedem elegância ao Palacete Modesto Leal, cenário da Casa Cor Rio de Janeiro 2011. O desafio dos arquitetos que participaram da mostra foi projetar ambientes que preservam as características antigas da casa. Nem por isso itens como a tecnologia ficaram de fora. Pelo contrário, ela esteve presente em todos os ambientes, desde camas que esquentam ou esfriam um dos lados do colchão, tela de TV double-face, vasos sanitários com lavagem embutida à uma cafeteira que sobe e desce por um elevador – presente no ambiente Minicopa, de Sophia Galvão. “A bancada pode ter dois cenários: um espaço para tomar café da manhã, ou um bar. Por meio de um controle remoto, é possível acionar o elevador e trazer a cafeteira”, explica a arquiteta. Confira alguns destaques apresentados na mostra desse ano. Fotos: divulgação Foto: Kitty Paranaguá No Banheiro e Closet Infantil, o espelho ganhou o formato de uma peça de quebra-cabeça; ambiente reúne outras tendências da mostra, como o uso da laca, de pendentes e de cores quentes. Acima, espelhos emoldurados por bacias na Suíte do Hóspede; abaixo, teto espelhado da Foto Galeria Espelhos A Minicopa tem outro recurso muito utilizado em decoração: o uso de espelhos para dar sensação de amplitude. No ambiente de Sophia, o armário com acabamento em laca branca vira uma cascata de cubos com fundo espelhado. “Virou uma escultura, e o espelho dá profundidade”, explica a arquiteta. Na Suíte do Hóspede, de Roberta Moura, Paula Faria e Luciana Mambrini, o espelho aparece no fundo de bacias penduradas na parede. No Banheiro e Closet Infantil, de Flavio Hermolin, os espelhos ganharam recortes divertidos, como uma peça de quebra-cabeça, um vestido e um coração. Na Foto Galeria, de Izabela Lessa, os espelhos no teto trazem o visitante para dentro da obra. “É um espaço para fotografias, e quis que o visitante se visse como parte delas. As pessoas se misturam com o espaço por meio do espelho, além de ser um outro olhar para as obras”, explica a arquiteta. A preocupação com o meio ambiente também faz parte do projeto: “O espelho que utilizei é o Guardian, por ser considerado ecologicamente correto. Ele tem uma série de diferenciais importantes durante sua produção, como não utilizar materiais pesados como cobre e zinco e reaproveitar a água empregada no processo, que vai para tratamento e se torna potável. A cola utilizada para unir as placas ao forro do teto também é ecológica”, completa. 57 Foto: divulgação Decor Estilo Guarde os objetos Foto: Thiago Barros Estante de laca vermelha com fundo espelhado enriquece o Hall dos Quartos Também com fundo espelhado, a estante de laca cinza mantém o tom neutro da decoração da Sala de Música 58 Foto: Leonardo Costa Se depender do que tem sido visto nas mostras da Casa Cor esse ano, as estantes ficarão cada vez mais despojadas e a laca terá vida longa. No Hall dos Quartos, Eliane Fiuza explorou o pouco espaço com uma estante modular de laca vermelha com fundo espelhado, “para dar uma sensação de amplitude”, diz. “Características marcantes do espaço, como o piso de tábua corrida, as portas e alisares originais integram-se com peças de design minimalista, como a estante, que tem estrutura bem leve”, completa. Outra estante com fundo espelhado é da Sala de Música, de Lia Lamego e Monica Camargo. De laca cinza, mantém a cor sóbria do ambiente e dá visibilidade para a luminária, feita com capas de disco de vinil e bem colorida. No Escritório, de Denise Niemeyer, Eliane Amarante e Mario Santos, a estante é de teca com recortes de laca azul. “É uma espécie de Lego, com várias funções. Os recortes em laca dão sensação de movimento, como se fosse um corte na madeira, uma massa”, explica Eliane. A mesa, no tom da estante, tem uma régua regulável na extremidade, que serve para encaixar livros de diferentes tamanhos. No Escritório, recortes de laca azul na estante de teca dão movimento ao móvel Foto: divulgação Um pouco de cor Detalhes em cores quentes, como o coral, se destacam no fundo off-white do Grande Hall Fotos: divulgação Tons quentes, que começam no amarelo, passam pelo laranja, coral e vermelho e acabam no berinjela são os grandes destaques da paleta de cores dessa temporada. “São cores que combinam com o Rio de Janeiro”, diz o arquiteto Caco Borges. Presentes em objetos pontuais, são normalmente acompanhadas por um fundo clássico, como o branco. No Grande Hall, a parede off-white destaca as poltronas Voltaire, customizadas com tecido de cor vibrante, um coral no mesmo tom do lustre do ambiente. “Cor é emoção, mas devemos dar pinceladas ao invés de usar em grandes quantidades”, recomenda Borges, autor do projeto. O Quarto das Crianças tem espaço para dormir, brincar e estudar Integração Estudar, brincar e dormir no mesmo lugar parece ser a proposta da arquiteta Juliana Neves, que, junto com Luciana Nasajon e Mabel Graham Bell projetou o Quarto das Crianças. O espaço é dividido em três partes: área de dormir, com duas camas e um sofá-cama; área de estudar, com mesa regulável de acordo com a altura da criança ou adulto; e um mezanino para brincar, onde os brinquedos podem ficar sempre disponíveis. Baús, gavetões e estantes garantem a organização. Na escada, os degraus viram gavetinhas, para guardar miudezas. “Um quarto com tonalidades unissex, para uma menina de quatro anos e um menino de seis ou sete” indica Juliana. Na Sala da Família, de Mauricio Nóbrega, o uso de veludo e madeira traz sensação de aconchego. Poltronas, baús e bebidas compõem o espaço, onde é possível ler, beber um vinho ou jogar conversa fora. O espaço externo Estufa Experimental, de Antônio Cláudio de Souza Leite, Flavia Martins e Felipe Lobão, vai além de um local para cultivar plantas. Convivem com as espécies um sofá com lona de caminhão, poltronas, churrasqueira, televisão e uma bancada onde é possível fazer refeição. “Dá para rece59 ber os amigos, almoçar. Tem um tanque antigo e enferrujado, original da casa, que mantivemos, onde é possível por gelo e cerveja e acompanhar uma partida de futebol, uma corrida de carro e ouvir música, por exemplo”, diz Leite. “E, além de cultivar plantas, dá para plantar ervas de cheiro, que servirão para temperar o churrasco”, completa. Foto: divulgação Foto: Rodrigo Azevedo Decor Estilo A Sala da Família e a Estufa Experimental reúnem aconchego e funcionalidade Fotos: divulgação Vale a dica Diversos pendentes Tom Dixon utilizados no mesmo ambiente são exemplos do maximalismo presente na mostra. Living, de Gisele Taranto No Escritório do Chef, de Marcelo Jardim e Tiago Freire, o abajur de piso ganhou forro com estampa pied de poule e o globo customizado tem imagens de caveiras 60 Eles voltaram com tudo: papel de parede, texturas e revestimentos estão em alta e podem ser vistos em diversos ambientes da mostra. Na Suíte do Casal, a parede da cabeceira da cama, as cortinas e os abajures têm a estampa Ikate, referência que Marcia Malta Müller foi buscar longe. De acordo com a arquiteta, a estampa era utilizada em casas de veraneio elegantes nas décadas de 1930 e 1940, na região de Palma de Maiorca, Espanha. Para quem pensa em forrar as paredes de casa, Marcia dá uma dica: “Tecido ou papel de parede devem ser utilizados em ambientes com pé direito alto, pois dá impressão de diminuir o espaço.” Foto: Denise Leão Paredes cobertas Na Suíte do Casal, o papel de parede ganhou a mesma estampa dos tecidos do ambiente Rede Casal Scorpion, da Trançarte, uma espécie de cama de balanço, é trançada à mão e tem couro náutico. Jardim do Jardim, de Paula Bergamin ... e dourada, na cabeceira da cama da Suíte do Rapaz, de Isabela Augusto de Lima e João Meireles; ambiente tem colcha feita com lona de caminhão Imagem de caveira também aparece, em preto e branco, nas gravuras da artista Anna Luiza Vasconcellos, no ambiente Estar Íntimo, de Marise Marini... 61 Queiroz Galvão São Paulo Ilustração artística do Terraço Social 62 único Nobre e No Le Klabin, o espaço e a privacidade dos pavimentos estão aliados à riqueza e ao aconchego das áreas sociais 63 Queiroz Galvão São Paulo Ilustrações artísticas da Fachada e do Living Ampliado A 64 partamentos extensos e edifício com todo o conforto que uma família precisa. Assim é o Le Klabin, localizado no bairro Chácara Klabin, em São Paulo. O empreendimento da Queiroz Galvão tem 20 apartamentos tipo, sendo um por andar, com 268 metros quadrados e quatro suítes cada. O living tem ambientes integrados e é estendido pelo Terraço Social, espaço aberto que valoriza a sala, a vista e a sensação de amplitude do lar. Geograficamente privilegiado, o condomínio fica numa rua arborizada e que dá acesso para avenidas importantes na cidade, como a Paulista e a Bandeirantes. Está próximo a duas estações do metrô e a importantes pontos de lazer, como academias, bares, restaurantes e o Parque do Ibirapuera. Mas não é preciso sair de casa para usufruir de infraestrutura voltada para o lazer: o Le Klabin tem espaço gourmet, fitness, quadra recreativa, salão de festas, piscina infantil, piscina coberta com raia de 20 metros aquecida por energia solar, piscina de adulto com hidromassagem, playground com brinquedos estrategicamente posicionados para atender diferentes faixas etárias e uma praça. Ilustração artística da Piscina Adulto e Infantil Plantas e materiais nobres “O paisagismo do Le Klabin acompanha o alto padrão de qualidade do empreendimento. Tem gradil de vidro; pisos com materiais nobres, como o granito; palmeiras imperiais, ipês e plantas escultóricas, por exemplo”, diz Benedito Abbud, paisagista que assina o projeto. No hall social, um espelho d’água com borbulhas e palmeira azul iluminada. Em seguida, a Praça da Fonte e seus dois lounges, exemplos da sofisticação do empreendimento, com plantas frutíferas, fonte e iluminação que cria um cenário aconchegante. De um lado, bancos almofadados e pufes, que podem ser movimentados facilmente. Do outro lado, bancos rodeados por lanternas e velas, numa espécie de sala de estar a céu aberto. Ao fundo dos dois lounges, uma vegetação rica, com árvores como a jasmim-manga. “É uma planta muito perfumada, que em determinada época fica sem folhas e expõe seus galhos, que lembram uma escultura”, diz Abbud. “É um projeto com desenho que perdura no tempo. Daqui há muitos anos ainda será um empreendimento atual”, completa o paisagista. O Le Klabin tem o serviço Personal Touch, que permite ao cliente customizar sua unidade com o auxílio de arquitetos e engenheiros especializados. 65 Queiroz Galvão Pernambuco Luxo em dose dupla Edifícios Luiz Dias Lins e Maria Ângela Lucena são as novas e sofisticadas opções de moradias da Queiroz Galvão em Pernambuco O local é o mais requisitado do Recife: na beira-mar de Boa Viagem, com infraestrutura total e paisagens exuberantes. Não por acaso, o bairro tem expectativa de vida de 74 anos e Índice de Desenvolvimento Humano de 0,97% – o máximo é 1 –, de acordo com o Atlas de Desenvolvimento Urbano de Recife 2006. Ao longo da orla de aproximadamente sete quilômetros de extensão, é possível apreciar jardins, coqueiros, esculturas, praças e uma igreja. O bairro ganhou impulso po- 66 pulacional em meados de 1800, quando o primeiro trecho da Estrada de Ferro Recife-São Francisco foi inaugurado. Anos depois, a construção da avenida Boa Viagem, que corta todo o bairro, ajudou a desenvolver um pouco mais a região. A beleza do bairro já inspirou versos, rimas e textos de grandes escritores, como o pernambucano Gilberto Freyre, que no seu Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife descreveu Foto aérea dos edifícios Luiz Dias Lins e Maria Ângela Lucena Boa Viagem como sendo a região que proporciona aquilo que a cidade tem de melhor, um belo banho de mar: “Um banho em Boa Viagem é um dos maiores regalos que o Recife oferece a adventícios, tanto quanto a nativos. Uma das experiências mais recifenses que o adventício pode ter no Recife: um mar de água morna, um sol que em pouco tempo amorena o corpo do europeu ou do brasileiro do Sul; vento fresco; recifes, sargaço.” Fotos da piscina e do fitness do Maria Ângela Lucena 67 Queiroz Galvão Pernambuco Fotos da sauna e do espaço para massagens do Maria Ângela Lucena Conforto por todos os lados Nesse contexto de bem-estar e sofisticação estão dois recentes edifícios da Queiroz Galvão: o Maria Ângela Lucena e o Luiz Dias Lins (LDL), prontos para morar e verdadeiros sonhos de consumo. Ambos estão localizados em frente à orla de Boa Viagem, e cada empreendimento tem apartamentos tipo com quatro suítes, todas de frente para o mar. O Maria Ângela tem 39 pavimentos – com um apartamento tipo de 401 metros quadrados por andar –, mais uma cobertura duplex. Além das tradicionais áreas sociais, como piscina 68 com raia semi-olímpica aquecida de 25 metros e fitness, o Maria Ângela possui espaços voltados para o bem-estar, como spa Splendid com hidromassagem aquecida, sauna, salas de massagem e jardins com paisagismo, projetados por Luiz Vieira. Nos apartamentos, suítes master com 50 metros quadrados e dois banheiros, sala de 130 metros quadrados para seis ambientes, varanda, espaço para circulação, vista para o mar a partir das quatro suítes e hall social privativo. O LDL, também na beira-mar, tem 32 pavimentos tipo mais a cobertura duplex, com dois apartamentos tipo por andar, de 235 metros quadrados cada. Tem sala para três ambientes, varanda, vista para o mar a partir das quatro suítes, estar íntimo, rouparia, lavabo e ambientes de serviço. No edifício, salões de festa gourmet e de jogos, piscina, ducha, fitness e antena coletiva de TV, além das áreas que promovem descanso, como local para relax, terraço descoberto, sauna e spa. Com tantas vantagens, os empreendimentos são um incentivo para que o morador sinta a exclusividade da área nobre de Recife dentro e fora de casa. Uma grande parceria comprovada por milhares de sorrisos. A Brasil Brokers Jairo Rocha se orgulha da longa parceria com a Queiroz Galvão e a liderança absoluta de vendas nos últimos cinco anos. Mais do que grandes resultados, a certeza de felicidade na vida de milhares de famílias. www.brasilbrokers.com.br 67 Art Cinema Brasileiros em Hollywood L 70 á se vão mais de 70 anos desde que Carmen Miranda conquistou Hollywood com seu sorriso permanente, olhar penetrante e chapéu enfeitado com bananas. Nos dias de hoje, os brasileiros prescindem dos acessórios chamativos para brilhar no cinema mundial. Carlos Saldanha, por exemplo, utiliza os computadores. Nascido e criado em Marechal Hermes, no Rio de Janeiro, mudou-se para os Estados Unidos porque mal se sabia o que era computação gráfica no Brasil. Começou a se destacar no cenário mundial da animação como codiretor do sucesso A Era do Gelo, de 2002. Depois, vieram duas sequências da produção e Robôs. Tanto sucesso permitiu que ele fizesse um filme inteirinho dedicado à sua cidade-natal. Rio foi um estouro tão grande que, poucas semanas após sua estrondosa estreia, o diretor anunciou a continuação. Também em 2002, um filme brasileiro alavancou a carreira internacional de muita gente. Para começo de conversa, Ci- Fotos: divulgação Atores e diretores que fazem sucesso em produções de cinema internacionais Carlos Saldanha ficou conhecido no exterior após ser codiretor de A Era do Gelo 71 Art Cinema dade de Deus, indicado a quatro Oscar, tornou o próprio diretor, Fernando Meirelles, um nome conhecido no planeta inteiro. Três anos mais tarde, ele estreava sua primeira produção falada em inglês, O Jardineiro Fiel, que rendeu a Rachel Weisz um Oscar de melhor atriz coadjuvante. Em 2008, viria Ensaio sobre a Cegueira, baseado na obra de José Saramago. E, agora, o paulistano finaliza 360, com Anthony Hopkins no elenco. A cobrança sobre seus ombros é grande. “Sinto que sou superestimado às vezes, e essa sensação não é das melhores. Mas não me deixo abalar pelas expectativas. Continuarei 72 fazendo os filmes que quero fazer e pronto”, disse o cineasta à revista Joyce Pascowitch. Em Cidade de Deus, uma garota morena, de longos cabelos encaracolados, estreava como atriz. Alice Braga tinha tudo para seguir os passos da tia, Sonia Braga, que engatou trabalhos sólidos nos Estados Unidos depois de sucessos como Dona Flor e Seus Dois Maridos. E seguiu. De 2007 para cá, ela apareceu ao lado de Will Smith em Eu Sou a Lenda, Adrien Brody em Predadores e Anthony Hopkins em O Ritual. Mas a atriz diz que não pretende abandonar o Brasil. “Estou a fim de Foto: João Miguel Jr/divulgação Rodrigo Santoro tem um agente nos Estados Unidos José Padilha dirige Wagner Moura em Tropa de Elite 2 trabalhar, seja onde for”, afirmou à revista Preview. Não que estar cada hora em um lugar seja fácil. “A saudade é meu estado permanente. Mas amo tanto o que faço...” Rodrigo Santoro é outro que alterna os trabalhos nos filmes brasileiros com as produções estrangeiras, desde Carandiru (2003). Muito se falou sobre seus papéis breves em As Panteras Detonando, 300 e Simplesmente Amor, mas o ator nem liga. Costuma dizer que não tem problemas em fazer personagens pequenos fora do Brasil e nem no Brasil, pois a forma como se dedica aos persona- gens é a mesma, independentemente da quantidade de cenas em que ele apareça. Para ele, o que vale é a experiência. Entre seus próximos projetos fora do país estão Hemingway & Gellhorn, com Nicole Kidman, e Falling Slowly, com Mandy Moore. Por fim, o sucesso estrondoso de Tropa de Elite, de 2007, colocou no mapa tanto seu diretor, José Padilha, quanto seu protagonista, Wagner Moura. No último Festival de Berlim, o cineasta já confirmava o interesse de Hollywood, mas mostrava certo ceticismo. “Quanto maior o orçamento, menor o controle. Não digo que não farei uma grande produção, mas, se topar, vou com medo”, afirmou na época. Pouco tempo depois, foi anunciado que ele dirigiria uma nova versão de Robocop. Moura também demonstra a mesma desconfiança. “Estou aberto a trabalhar em qualquer lugar. Tenho um agente nos Estados Unidos. Mas as coisas que eu quero fazer, eles querem que o Javier Bardem faça”, brincou. Poucas semanas mais tarde, ele foi escolhido o vilão de Elysium, novo filme do cultuado diretor Neill Blomkamp, de Distrito 9, estrelado ainda por Matt Damon e Jodie Foster. Hollywood sempre precisa de talentos, e isso o cinema brasileiro está provando ter de sobra. 73 Em atenção às leis federais nº 4.591/64 e nº 8.078/90 (CDC), informamos que todas as imagens apresentadas neste material publicitário são meramente ilustrativas dos imóveis a serem construídos. O Memorial de Incorporação do Engenho Apipucos Virgílio Augusto de Sá Pereira encontra-se registrado no 3° Cartório de Registro Geral de Imóveis sob o n° R6 da matrícula 12.823. *De acordo com as especificações da construtora. L U X U RY N a b e i ra - m a r d e B o a V i a g e m R e c i fe - Pe r n a m b u c o A v. B o a V i a g e m , 4 9 8 8 . www.qgdi.com.br QUALIDADE - SOLIDEZ - CREDIBILIDADE O ENDEREÇO MAIS NOBRE DO NORDESTE. PRONTO PARA MORAR. Fotos reais. Visite o empreendimento e encante-se. Hall do empreendimento decorado por Danielle Côr te Foto: Robson Xavier Real e Dayanne Cavalcanti. Foto: Robson Xavier Vencedor do CASA COR Pernambuco 2010. 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No espetáculo de dança contemporânea que conta sua história, transparecem sentimentos como amor, ódio, poder, ambição e medo. “Tudo é expresso por meio do canto e da dança”, afirma Clara Machado, que assina, com Ana Emília Freire, a direção artística e a coreografia da peça. “Os movimentos dos bailarinos são tão sutis e ao mesmo tempo tão marcantes, que muitos dos elementos cenográficos puderam ser dispensados sem que a narrativa fosse prejudicada”, diz. 77 Art Cultura “Mesmo quem não entende todo o enredo acaba gostando do que vê, pois esta é uma peça para ser sentida”, afirma Cecília Brennand. A bailarina – que dirige a ONG Aria Social, de onde vieram os 46 integrantes do elenco – participou da primeira versão do espetáculo, encenada em 1990, e decidiu remontá-lo por acreditar na importância da preservação da cultura sertaneja. “Também por isso fizemos questão de excursionar pelo Sudeste, onde a tradição oral nordestina é pouco conhecida”, afirma. Entre as novidades trazidas para essa montagem está a trilha sonora, interpretada ao vivo. A música foi composta pelo instrumentista Antonio Madureira e ganhou letra de Assis Lima e Ronaldo Correia de Brito – autor do conto que originou a peça, escrito em 1970. O resultado 78 dessa mistura é uma combinação de elementos da música clássica com fortes influências da cultura nordestina. O coral do Aria é acompanhado por percussionistas da própria ONG, além de músicos contratados para a turnê, que tem patrocínio da Queiroz Galvão. Desde agosto de 2010, o grupo já passou por cidades como Recife, Maceió, Natal, São Paulo, Rio de Janeiro e Ouro Preto. Estreia em grande estilo Cecília Brennand sabia que tinha um grande desafio pela frente quando convidou seus alunos para a ousada montagem. “O texto é riquíssimo e a gente queria uma interpretação mais abstrata, diferente do que já tinha sido feito”, conta. “Não Ficha técnica Direção geral: Cecília Brennand Deborah Priston Coordenação geral: Coreografia e direção artística: Ana Emília Freire e Carla Machado Texto: Ronaldo Correia de Brito Música: Antonio Madureira Letra: Ronaldo Correia de Brito e Assis Lima Direção musical e regência: Rosemary Oliveira Violão: Rosemary Oliveira Teclados: Rosemary Oliveira e Danielle Batista Flauta: Adriana Nascimento Percussão: Charly Jadson, Davidson Oliveira e Manoel Júnior Cenário e criação de figurino: Beth Gaudêncio Confecção de adereços: Jeremias da Silva e Maria do Socorro Figueiredo Confecção de figurino: Nafis Santana e Wedna Vasconcelos Técnica de som: Isabel de Brito Iluminação: Saulo Uchôa foi uma tarefa fácil, já que a maioria dos dançarinos nunca tinha pisado em um palco, mas eles se envolveram de tal forma que, ainda no início dos ensaios, conseguimos a autorização para encenar o texto.” Leidiane Silva Dornelas aprendeu a dançar no Aria Social, onde se tornou professora, e hoje, aos 30 anos, afirma que fazer parte do elenco do musical está sendo muito importante para o seu processo de amadurecimento. “Na peça, trabalhamos os sentimentos de uma forma muito profunda. É algo que vai muito além da personagem”, explica. Para Flávio Henrique da Silva, a turnê também é uma “experiência muito enriquecedora”. Aos 22 anos, o bailarino – que também leciona na ONG – se diz honrado por estar no grupo. “Estou traba- Passagem do espetáculo pelo Sudeste divulga a tradição oral do Nordeste lhando com profissionais incríveis e, além disso, a história da Lua Cambará mexeu bastante comigo porque é um drama muito intenso”, afirma Flávio, que frequenta as aulas da instituição desde 2007 e a considera sua segunda casa. O Aria Social foi fundado em 2004 e tem como principal objetivo a transformação humana por meio da arte. As oficinas gratuitas – de canto, dança, percussão e confecção de instrumentos, entre outras – são oferecidas a alunos de escolas públicas das cidades de Recife e Jaboatão dos Guararapes. 79 Endereços Cultura QUEIROZ GALVÃO 6F Decorações Rua Gonzaga, 60 Cotia, São Paulo Tel. (11) 4612-3600 www.6f.com.br Antônio Cláudio de Souza Leite, Flavia Martins e Felipe Lobão Rua Dona Mariana, 137, casa 2 Rio de Janeiro Tel.: (21) 2266-1402 Aria Social Av. Canal de Setúbal, 766-A Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco Tel.: (81) 3341-1014/ (81) 3462-9095 www.aria.art.br Atec Original Design Rua Gomes Carneiro, 112, 3° andar Rio de Janeiro Tel.: (21) 2267-9795 www.atecnet.com.br Benedixt Rua Haddock Lobo, 1.584 São Paulo Tel.: (11) 3081-5606 Caco Borges Av. Ataulfo de Paiva, 341, sala 202 Rio de Janeiro Tel.: (21) 2239-8082 www.cacoborges.com.br César Santos Oficina do Sabor www.oficinadosabor.com Denise Niemeyer, Eliane Amarante e Mario Santos Rua Dalcidio Jurandir, 255, sala 136 Rio de Janeiro Tel.: (21) 3387-7978 Eliane Fiuza Rua Dalcidio Jurandir, 255, sala 319 Rio de Janeiro Tel.: (21) 2438-4282 Flavio Hermolin Av. das Américas, 500, bloco 21, sala 233 Rio de Janeiro Tel.: (21) 3982-2696 www.flaviohermolin.com.br Gisele Taranto Rua J.J. Seabra, 14, casa 2 Tel.: (21) 2579-0448 Imeltron Tel.: (19) 3202-1600 www.imeltron.com.br 80 Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro www.jbrj.gov.br Isabela Augusto e João Meireles Av. Aquarela do Brasil, 333/703 Rio de Janeiro Tel.: (21) 7107-5705 I-Stick Fashion Mall Estrada da Gávea, 899, piso 1 (e em mais sete endereços) Rio de Janeiro Tel.: (21) 2529-2593 www.istickonline.com Italica Casa Rua Antonio Pedro de Figueiredo, 96 Recife Tel.: (81) 3465-4394 / (81) 3465-3576 Izabela Lessa Estrada da Gávea, 712, salas 308 e 309 Rio de Janeiro Tel.: (21) 2579-2288 Juliana Neves de Castro, Luciana Nasajon e Mabel Graham Bell Rua Dias Ferreira, 455, sala 202 Rio de Janeiro Tel.: (21) 2529-6254 Laris Tel.: (11) 5521-1326 www.laris.com.br Lia Lamego e Monica Camargo Rua General Urquiza, 263, sala 105 Rio de Janeiro Tel.: (21) 2259-9094 Luciana Mambrini, Paula Faria e Roberta Moura Rua Visconde de Pirajá, 330, sala 660 Rio de Janeiro Tel.: (21) 2267-4518 www.robertamoura.com Marcelo Jardim e Tiago Freire Av. Ataulfo de Paiva, 1251, sala 501 Rio de Janeiro Tel.: (21) 2239-5688 Marcia Malta Müller Rua Rita Ludolf 90/801 Rio de Janeiro Tel: (21) 2239-2499 Marise Marini Rua Visconde de Pirajá, 407, sala 705 Rio de Janeiro Tel.: (21) 2523-7948 www.arquiteturamm.com.br Mauricio Nóbrega Tel.: (21) 2540-6964 www.mauricionobrega.arq.br Museu Rodin Rua da Graça, 284 Salvador Tel.: (71) 3117-6986 Parque de Pituaçu Av. Otávio Mangabeira, s/n Salvador Scandinavia Designs Rua Barão de Capanema, 559 São Paulo Tel: (11) 3081-5158 www.scandinavia-designs.com Sergio Gattáss Arquitetos Associados Tel.: (21) 2132-7997 sergiogattass.com.br Simone Goltcher Av. Brigadeiro Faria Lima, 1567, Cj. 601 São Paulo Tel.: (11) 3814-6566 www.simonegoltcher.com.br Solar do Unhão Avenida Contorno, s/n Salvador Tel.: (71) 3117-6139 Sophia Galvão Rua Barão de Jaguaripe, 304 Rio de Janeiro Tel.: (21) 3511-6734 www.sophiagalvao.com.br St. James Tel.: (11) 2955-5344 www.saintjames.com.br Vermeil Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 785 São Paulo Tel.:(11) 3061-5525 www.vermeil.com.br O melhor lugar do mundo A 82 brir a porta, calçar um chinelo quentinho e macio, sentar-se naquela poltrona que lembra um abraço de tão confortável... Não há nada como chegar em casa depois de uma jornada de trabalho. “Todo dia a gente devia poder tirar umas horinhas de férias. E em casa mesmo.” A frase não é minha, é da Clarice Lispector. E, sendo bem sincera, não é nada fácil entrar assim, de um estalo, só porque a gente está a fim, em clima de férias. Custa um bocado – de tempo e de esforço mental – esquecer da fechada que você levou do motorista mal-educado, relaxar ombros e pescoço tensos depois de um dia apagando fogos esparsos no escritório e resolvendo por telefone problemas na escola do filho. Mas se você consegue (acredite, todos somos capazes), é uma delícia. Porque, melhor que férias, só mesmo a sensação de estar em férias. Aquele sentimento difuso de que as horas serão uma sucessão de experiências novas, um olhar atento que é capaz de ver uma beleza que já estava ali, mas foi apagada pelo peso da rotina. Você já percebeu que quando fugimos do cotidiano temos a impressão de que fazemos muito mais coisas, quem um dia de férias parece valer por uns três trabalhando? É porque o tempo, para nosso inconsciente, não existe. É subjetivo. Vale pelo que vivemos com intensidade, não pelo distância que percorrem os ponteiros do relógio. Bem, agora voltamos a você sentado na poltrona confortável. E a Clarice, essa mestre que era capaz tanto de mergulhar numa alma atormentada quanto de dar conselhos de beleza às moças de sua época. A casa, para ela, é um refúgio onde a chatice do patrão e as intrigas não chegam. “Um lugar bom para ser.” Para ser, por exemplo, criativo! Recentemente visitei a casa de Vic Meirelles, o principal designer de flores do País. É um verdadeiro delírio criativo e colorido. Tem cristais de várias origens, almofadas de tecidos modernos ou de artesanatos ancestrais do Leste Europeu, obras de arte, bonecos, esculturas... Cada canto forma uma espécie de instalação de arte com características próprias. O cara não tem medo de ser feliz! Eu pensei: qual é o segredo de misturar tanta coisa e manter o bom gosto? E logo respondi, com meus botões: a paixão. Ele é um apaixonado pelo que faz, pela casa, pelos amigos, pela família. Cuida de cada detalhe, imagina cenários para a sua vida, e a casa é a verdadeira expressão de uma vida rica e intensa. Faça da sua também uma expressão de você mesmo. Coloque um ramo verde no vaso, acenda uma vela para quebrar a intensidade da luz, coloque uma música linda e curta bem as suas horinhas diárias de férias. Foto: Zsuzsanna Kilian / sxc.hu Habitar Crônica de Maria Pinzon Movimentamos diariamente 1 bilhão de pessoas no mundo. Isso quer dizer que em 1 semana movemos o mundo. Para nós, elevadores, escadas e esteiras rolantes são mais que simples meios de transporte. São responsáveis pelo movimento da vida e pela mobilidade de milhões de pessoas ao redor do mundo. Para sermos mais exatos, transportamos 1 bilhão de pessoas diariamente em nossos equipamentos em mais de 100 países. Esse impressionante número nos dá orgulho e satisfação. Afinal, cada uma dessas vidas, com seus sonhos, ideias e emoções, deve ser levada por nossos equipamentos com segurança e conforto. Por isso, é pensando em você que buscamos, todos os dias, soluções inovadoras, modernas e eficientes. www.atlas.schindler.com • 0800 055 1918