ANO 3 - Nº 10
+ Decoração + Turismo + Gastronomia + Arte + Cinema
ANO 3 - Nº 10
Qualidade de vida
Os benefícios de morar
próximo a parques e em
empreendimentos que
trazem a natureza até você
Chico
Buarque
A trajetória do maior compositor
vivo brasileiro e sua relação
com o Rio de Janeiro
LANÇAMENTO TORRE
PERFEITO PARA MORA R,
MORE NO CENTRO, EM UM BAIRRO
UM BAIRRO EM RENOVAÇÃO.
Localizado no Bom Retiro, o Aquarela Paulistana está próximo aos metrôs
Tiradentes e Luz, com fácil acesso às principais vias da cidade. O bairro
oferece excelente infraestrutura comercial e de serviços e está incluso no
plano de desenvolvimento do Centro de São Paulo. São inúmeros projetos*
que estão desenvolvendo a região, trazendo diversas melhorias para quem
mora, trabalha e investe no Novo Centro.
* A Queiroz Galvão não se responsabiliza pelo não cumprimento das obras de operações urbanas.
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RETIRO
FONTE: INTELIGÊNCIA DE MERCADO DA QGDI SP
O auge da cultura brasileira também está representado na região.
A Estação da Luz complementa a região não só pelo fato de auxiliar
no transporte, mas também por ser histórica e por abrigar outros dois
espaços importantes para a cultura e educação da população:
o Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca do Estado.
A diversidade étnica e cultural da região tornou o bairro um verdadeiro
roteiro gastronômico, com excelentes restaurantes.
Venha conhecer o Aquarela Paulistana e não perca essa grande
oportunidade de investimento, moradia e valorização do Novo Centro.
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Vendas:
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Incorporação e Construção:
Creci: 5.425- J
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As áreas comuns serão entregues conforme memorial descritivo. Incorporadora Responsável: Queiroz Galvão Bom Retiro Desenvolvimento Imobiliário Ltda. - Av. Juscelino Kubitschek, 360 - 13º andar
- CEP: 04543-000 - São Paulo/SP. Memorial de Incorporação registrado no R2 da matrícula 205.901, do 15º Registro de Imóveis - SP, em 17/06/2011. O empreendimento será construído de acordo com
projeto aprovado pela Prefeitura Municipal de São Paulo de número 2011/19105-00 publicado no dia 19/05/2011. Central de Atendimento: Abyara Brokers - Av. República do Líbano, 1.110 - São Paulo/
SP - Creci 20.636-J. Fernandez Mera Negócios Imobiliários - Av. Brigadeiro Luis Antônio, 4.910 - CEP: 01402-002 - São Paulo/SP - Creci 5.425-J.
PARA MORAR.
PARA VIVER.
Expediente
Queiroz Galvão
Diretor-presidente:
Diretores:
Frederico Pereira
Administrativo: Arno Stupp
Engenharia: Henrique Suassuna Fernandes
Financeiro: Fernando Roberto Bitu Moreno
Produtos / Projetos: Ricardo Costa Carvalho de Gusmão
Regional PE: Mucio Pires de Souto
Regional SP: Carlos Roberto Morais Coimbra
Regional BA: Carlos Andre Hiltner Almeida
Regional RJ: Pedro Gomes da Cunha
Regional DF: Claudia Simone Moreiras
Editora
JB Pátria Editora Ltda.
Presidente:
Diretor:
Administrativo / Financeiro:
Comercial e circulação:
Jaime Benutte
Iberê Benutte
Gabriela S. Nascimento
Patricia Torre
Premium Magazine
Publisher:
Conselho editorial:
Editora:
Projeto gráfico e arte:
Diretor de arte:
Assistentes de arte:
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Colaboradores:
Impressão:
Jaime Benutte
Carol Boxwell, Christiana Guimarães,
Germana Monte e Michaella Baratz
Kelly Souza
Belatrix Ltda.
Marcelo Paton
Camilla Stoian e Gabriel de Moraes Luiz
Patrícia Pappalardo
Dani Berti, Kalinka Merkel, Lila Oliveira, Luan Silva,
Maria Pinzon, Mariane Morisawa
Gráfica Santa Marta
Empresa filiada à Associação Nacional
dos Editores de Publicações, Anatec.
A Revista PREMIUM QUEIROZ GALVÃO é uma publicação
trimestral da JB Pátria Editora Ltda.
www.patriaeditora.com.br
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Mande seus comentários, sugestões e críticas pelo e.mail
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Os textos assinados são responsabilidade dos seus autores,
que não estão autorizados wa falar pela revista.
04
Editorial
QUEIROZ GALVÃO
A revista Premium chega a sua décima edição com o intuito de deixar o lar
e os momentos de lazer ainda mais agradáveis. Para isso, listamos dez dicas
de passeios imperdíveis em Salvador, dez dicas gastronômicas e dez mandamentos da arquitetura. E fazemos uma homenagem ao Rio de Janeiro dos
versos de Chico Buarque e Seu Jorge.
Áreas verdes são o tema da matéria sobre o Instituto de Pesquisa Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, que, além da importância científica que tem
para o País, encanta com suas paisagens repletas de lagos, plantas e
animais.
Preparar receitas valendo-se de frutas e ervas no lugar de temperos é a dica
da matéria de gastronomia, com a colaboração do chef César Santos. Em
Decor Arquitetura, a palavra é de Serio Gattáss, que cita dez mandamentos
da arte de construir.
O sucesso internacional de alguns brasileiros é tema de Art Cinema, que
relembra bons momentos profissionais de Rodrigo Santoro, Alice Braga e
Carlos Saldanha. O espetáculo Lua Cambará, que resgata uma lenda cearense e a leva para os palcos, encerra essa Premium, recheada de dicas
de consumo e lazer.
Esperamos que essa edição número dez resuma de forma fiel a alegria de
ter um lar confortável e em sintonia com a qualidade de vida. Boa leitura.
Frederico Pereira
Diretor-presidente
05
Sumário Edição 10
dezembro DE 2011
30 Chico Buarque
O ídolo está de volta aos palcos após
cinco anos de jejum musical. E a Cidade
Maravilhosa ainda permeia sua obra
08 Spot Objetos de Desejo
Cadeiras e adesivos em homenagem ao Rio
de Janeiro, louças e objetos decorativos que
fazem a diferença não só pela funcionalidade,
mas principalmente pela beleza
22 Decor Arquitetura
A arquitetura sob a ótica de Sergio Gattás, que
cita os dez mandamentos da arte de construir
26 Decor Paisagismo
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro e sua
importância para estudos científicos no Brasil
36 Destino Nacional
Capa: Chico Buarque
Foto: Bruno Veiga
06
Gastronomia e pontos turísticos traduzem
os dez principais motivos para passear
em Salvador
16 Perfil
56 Decor Estilo
A vida dele daria um livro: um resumo da
trajetória de Seu Jorge, que morou nas ruas
e hoje desfruta boa fama internacional
Veja algumas ideias para decorar o lar
apresentadas na Casa Cor Rio de Janeiro
42 Destino Internacional
62 Queiroz Galvão
A misteriosa Machu Picchu, uma das
sete maravilhas do mundo moderno,
completa 100 anos de descoberta
Sonhos de consumo, os novos projetos
da Queiroz Galvão em São Paulo e
Recife estão prontos para receber
moradores em busca de luxo
46 Gourmet
Dez dicas gastronômicas do chef César
Campos, que ensina como aproveitar
melhor o sabor natural dos alimentos
52 Bem Viver Áreas verdes
Os dez principais benefícios de
morar próximo a áreas verdes – e
empreendimentos que trazem
a natureza até você
70 Art Cinema
Brasileiros que levaram seus trabalhos
além das fronteiras e conquistaram
uma carreira internacional
76 Art Cultura
O espetáculo Lua Cambará leva um
pouco da cultura nordestina para as
outras regiões do País
82 Habitar
07
Spot
Poltrona Vidigal
Os traços do Rio de Janeiro
Poltrona Joatinga
Os designers Leonardo Lattavo e Pedro Moog criaram uma série de cadeiras inspiradas na arquitetura de bairros cariocas. As poltronas Ipanema e Copacabana, por exemplo, fazem alusão ao famoso calçadão de
pedra portuguesa presente nos dois bairros e foram projetadas para uso
em varanda. Outras regiões homenageadas foram a periferia Vidigal e a
praia da Joatinga. À venda na Lattoog. Preço sob consulta.
Poltrona Ipanema
Poltrona
Copacabana
08
Sustentável e criativo
Os móveis criados pelo designer holandês
Frank Willems mais parecem obras de arte.
A partir de resíduos de colchões utilizados,
Willems criou peças volumosas e confortáveis.
As poltronas são da coleção Rubens e estão à
venda na Benedixt. Preço sob consulta.
Trabalhe com conforto
A nova linha de cadeiras da Herman Miller tem
sistema que permite que o produto se adapte
às formas e movimentos das pessoas, mantendo,
ao mesmo tempo, o suporte do corpo. O design
é de Yves Béhar e a linha, chamada Sayl, tem
93% de componentes recicláveis. À venda na Italica Casa. Preço sob consulta.
09
Spot
Cozinha fashion
Conhecida pelas roupas que fabrica, a
grife italiana Missoni ultrapassou os limites da passarela e levou suas cores e
design para a mesa. As louças da marca
têm estampas variadas, como geométricas, coloridas ou discretas – até mesmo
o famoso zigue-zague do vestuário aparece em algumas peças culinárias. À venda
na 6F Decorações. Preço sob consulta.
Na St James, o toque de moda fica por conta do estilista Karl
Lagerfeld, que assina uma linha de cristais Orrefors – símbolo
de luxo do design sueco –, composta por taças de champanhe,
água, vinho e licor, além de copos e vasos, nas cores preto,
branco e transparente. As taças e copos vêm com o monograma KL gravado. Na foto: vaso, R$ 10.000,00, copo colorido
vendido em par, R$ 1.200,00 e taça, R$ 1.200,00 a unidade.
Para quem gosta de peças mais casuais e resistentes, a loja
tem uma linha de alumínio com estampa floral – sem relação com o estilista Lagerfeld. Na foto: saladeira (R$ 51,00),
bandeja retangular (R$ 75,00), bandeja grande (R$ 145,00) e
bandeja (R$ 57,00).
10
A Queiroz Galvão lança o seu 1o empreendimento comercial
no Rio de Janeiro. Uma oportunidade única, na área mais nobre de
Campo Grande, um dos bairros que mais crescem e se valorizam na região.
Ilustração artística da fachada.
Imagem ilustrativa.
Lojas e salas comerciais de 18 a 97m2, integradas em um grande centro de consumo
e negócios ao lado do maior polo comercial do bairro: o Calçadão de Campo Grande.
Ilustração artística - Point
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Vendas
QUALIDADE - SOLIDEZ - CREDIBILIDADE
Construção
Todas as perspectivas contidas neste material são meramente ilustrativas, podendo sofrer alterações de cor, formato, textura, posição, acabamento, metragem. As especificações estão contidas no Memorial
Descritivo. Memorial de Incorporação prenotado sob o número 547865 no 4º Ofício do RGI em 26/09/2011. Engenheiro responsável: Alberto Zilberman- CREA 78101483-3/D.
Arquiteto responsável: Rogerio Golgfeld Cardeman - CREA 126265/D.
Incorporação:
PARA
MORAR.
PARA VIVER.
Telefone: (21) 2411-5499
11
Spot
Decoração iluminada
Além de trazer aconchego para o ambiente, luminárias
com base de velas são opções charmosas também
para decorar a casa, em qualquer época do ano. As
minilanternas estilo marroquinas da Laris são feitas de
metal, de cor discreta e cabem em diversos espaços.
São fechadas, para proteger as chamas. O conjunto tem
cinco peças e custa R$ 224,90.
Xeque-mate
Inspirados em peças do Jogo de Xadrez, os moedores
da Bisetti levam um pouco de humor para a cozinha. Podem ser utilizados para moer condimentos ou temperos
secos. São feitos com madeira nobre europeia, nas cores
marfim e preto, e com mecanismo de cerâmica. A linha,
assinada pelo designer israelense Itamar Harari, destaca
a chegada da marca italiana no Brasil. À venda na Imeltron. Preço sob consulta.
Úteis e belos
Feitos de aço inoxidável, os suportes para líquido e comida de pássaros da EvaSolo poderiam ser confundidos
com algum enfeite de jardim. Requintados e fáceis de
limpar, unem beleza e funcionalidade. O projeto é da
Tools Designs e as peças estão à venda na Scandinavia
Design. Preço sob consulta
12
13
Spot
Deu frutos
A Coleção Carambola, feita pelo designer Pedro
Useche para a Vermeil, tem como base dos móveis
formas que lembram o desenho da fruta cortada ao
meio. Essa estrutura pode ser revestida com diferentes materiais, desde pergaminhos e laca a folhas
de ouro. Além da mesa, a linha tem cadeiras, poltronas, armários e bufês. Detalhes de pastilhas de
osso fazem o acabamento dos móveis. O preço varia
conforme o revestimento da peça.
Cartões-postais
Símbolo do Rio de Janeiro, a imagem do Cristo
Redentor foi parar na decoração. A ideia é da marca
I-Stick, que vende adesivos ultrafinos feito de vinil,
que ficam com textura de tinta quando aplicados
na parede. Também podem ser colados em outras
superfícies lisas, como vidro e espelho. Medidas: 150
cm x 96 cm. Preço: R$ 199,00.
Provocação cultural
Frases animadoras e poemas e pensamentos de grandes
escritores compõem os kits feitos pela LI.TER.ATO, empresa epecializada em brindes corporativos. Os presentes são
personalizados e transformam objetos cotidianos – como
lápis, espelhos e objetos decorativos – em elementos de
reflexão. Alguns textos são exclusivos da empresa, como os
do poeta Manoel Affonso de Mello. A ideia é humanizar os
momentos cotidianos, despertar bons sentimentos e disseminar conhecimento por meio da beleza e poesia.
14
Fotos: Nana Moraes /Divulgação
Perfil Seu Jorge
16
Seu
Jorge
do Rio e do mundo
A trajetória do carioca que morou na rua, virou
ator e já cantou ao lado de Bono, do U2
Por Mariane Morisawa
A
alma de Seu Jorge é cosmopolita. Paris?
Adora. Los Angeles? Pira. “São lugares onde
me sinto em casa”, diz o ator e cantor de 41
anos. “Uma vez na França, você é mais um cidadão do mundo. Talvez não do mundo, mas
no mundo, ali para se expressar e encontrar
pessoas.” Desde que foi revelado para o planeta inteiro pelo cinema, no filme Cidade de
Deus, de Fernando Meirelles, em 2002, sua
carreira artística muitas vezes foi tão ou mais
internacional do que nacional. Participou de
produções como A Vida Marinha com Steve
Zissou, de Wes Anderson, fez shows nas principais capitais e até cantou com Bono numa
das apresentações do U2 na última temporada da banda irlandesa no Brasil.
Mas, ainda que cidadão do mundo, como
diz, ele é mesmo do Rio de Janeiro, não há
como negar. “Reconheço que o Estado vai
comigo”, afirma. Seu Jorge – ou Jorge Mário
da Silva – não veio do Rio de Janeiro do cartão-postal, mas de uma favela em Belford
Roxo, na Baixada Fluminense. Lá encantou-se
com a música, muito por influência familiar
– o pai sempre adorou samba, os irmãos,
baile funk. Um dos primos é Dudu Nobre. “A
música foi minha saída do gueto”, disse ao
jornal inglês The Guardian, em 2008.
17
Perfil Seu Jorge
Em abril, subiu ao palco ao lado de Bono, numa
participação no show da banda irlandesa em São Paulo
Ator de cinema e poliglota
Aos 10 anos, já queria cantar e tocar. Mas
foi trabalhar – como borracheiro, office boy,
relojoeiro – para ajudar a família a sobreviver. Cumpriu o serviço militar obrigatório,
mas tudo se desmantelou depois que um de
seus irmãos foi assassinado numa chacina. A
família precisou sair do bairro, cada um foi
para um lado, e Seu Jorge chegou a morar na
rua por três anos. Foi resgatado pela arte. Primeiro, pelo teatro, graças a Gabriel Moura,
seu amigo até hoje, e fez mais de 20 espetáculos no Teatro da Universidade Estadual do
Rio de Janeiro. Em 1998, lançou um CD com
a banda Farofa Carioca, que misturava samba, reggae, funk e rap. Foi nessa época que
o músico Marcelo Yuka deu a ele o apelido
que carrega até hoje. Pouco tempo depois, o
cineasta Walter Salles indicou o homem alto,
magro, de voz forte, para viver o Mané Galinha em Cidade de Deus. Quase ao mesmo
18
tempo, Seu Jorge virava cantor de sucesso e
astro de cinema – trabalhou ainda em Casa
de Areia, de Andrucha Waddington, e Tropa
de Elite 2, de José Padilha.
Não foi pouca coisa que aconteceu na vida
desse flamenguista e devoto, claro, de São
Jorge, que aprendeu sozinho a falar inglês,
italiano e francês em suas andanças por aí.
No ano passado, experimentou com o disco
Seu Jorge & Almaz, lançado primeiro no exterior, com versões personalíssimas de canções de todas as partes, incluindo Kraftwerk
e Michael Jackson. Agora, ele voltou ao subúrbio de sua infância para se inspirar para
seu novo álbum, Músicas para Churrasco
Vol. 1. “O Rio de Janeiro é meu berço. É o
lugar onde aprendi a conviver com pessoas
do subúrbio, vi essa espontaneidade suburbana”, conta. “Meu imaginário é desse lado
do Rio, que eu conheço melhor.”
19
Perfil Seu Jorge
Novo CD remete a personagens do subúrbio carioca
Como o nome indica, o disco é formado por
faixas cheias de balanço e alto-astral, ótimas para animar as festas dos suburbanos
ou playboys, por que não. Suas canções têm
como personagens as pessoas que viu em
Belford Roxo. “De alguma maneira, dentro
desse lugar, dessa rua, desse bairro, dessa
comunidade, elas se encontram, comungam
entre si um pouco de alegria, de música, de
20
beber junto, de comemorar uma certa data,
um feito, uma conquista ou simplesmente
se encontrar para se ver, para bater um
papo, para sair da mesmice.” A ideia foi fazer crônicas musicais, a partir desse universo, curiosas sobre esses personagens, que,
Jorge garante, não têm caras identificáveis.
“São frutos do imaginário, é tudo inventado.
É um roteiro original, não é adaptado. Mas
Rio, Estado
despojado e elegante
“O Rio tem essa coisa
legal: um chinelo e
uma bermuda, não
necessariamente um
terno e uma gravata”
a gente constrói e pega exemplos e referências ao longo da vida.” Quanto ao som, prefere fugir das autodefinições. “Neste, faço
música popular”, diz. Concorda, no entanto,
que, de alguma forma, Música para Churrascos Vol. 1 remete a outros momentos de
sua carreira. “A gente está visitando algumas coisas que já fiz, temperaturas de outros discos, como o próprio Farofa Carioca,
Samba Esporte Fino, América Brasil. As músicas novas passeiam um pouco pela alma
desses discos.”
Mesmo orgulhoso de suas raízes cariocas e
suburbanas, Seu Jorge, pai de Flor de Maria, Maria Aimeé e Luz Bella, mudou-se há
oito anos para São Paulo, onde mora com
a mulher, Mariana Jorge. Do Rio, sente falta
principalmente da mãe, do pai e dos muitos amigos – gente como Zeca Pagodinho,
Marcelo D2 e Marisa Monte. É para os amigos que ele corre assim que pisa na cidade
que deixou de ser sua, sem jamais deixar.
“Traz uma tranquilidade de estar em casa.”
Além das pessoas queridas que lá deixou, o
Rio o encanta pela sua naturalidade de lidar
com o simples. “E, mesmo simples, as coisas
tendem a ficar sofisticadas, o Rio tem essa
coisa legal. Um chinelo, uma bermuda, às
vezes dão uma sofisticada no ambiente, não
necessariamente o terno e a gravata”, afirma. “Eu gosto desse jeito, dessa alternativa
que parece existir no Rio de Janeiro. Parece
sempre haver um jeito novo de viver e de encarar o dia a dia ali.” Mesmo longe, voltou a
acreditar no lugar onde nasceu. “O que mais
gosto é que lá ainda está acesa a chama de
que a cidade pode dar muito certo.” E é com
essa certeza que ele roda o mundo, sem, em
algum canto da alma, esquecer do garoto do
subúrbio do Rio de Janeiro.
21
Decor Arquitetura
A arquitetura de
Sergio
Gattáss
Nome de peso do setor imobiliário,
carioca lista os dez mandamentos
da arte de construir
C
om projetos de edifícios comerciais, shopping centers e condomínios
residenciais, Sergio Gattáss tem um portfólio invejável, que inclui trabalhos no Rio de Janeiro, Fortaleza e Salvador. No escritório que leva
seu nome – criado em 1984 –, ele comanda, com quatro sócias,
um grupo de 45 arquitetos. Parceiro da Queiroz Galvão, Gattáss é o
convidado desta edição para citar algumas das principais funções da
arquitetura, sob sua ótica.
1.
2.
Proteção
Servir de abrigo para pessoas e bens pessoais é uma das funções de
uma residência. “A função primordial da arquitetura é proteger o ser
humano das intempéries, dos rigores do clima e de animais ferozes.
Foi por isso que ela se desenvolveu.”
22
Fotos: Divulgação
Conforto
“Temperatura, acústica, luminosidade e ventilação devem ser pensados para garantir conforto em qualquer construção. Também é importante equilibrar elementos quentes – como tapetes e madeira – e
frios, como pedras, vidros e metais.”
Segurança
O homem sente necessidade de se proteger do próprio homem: “Isso sempre me chamou
a atenção, principalmente na arquitetura europeia. Isso fica claro quando visito uma edificação medieval, como o Palácio da Pena, na cidade portuguesa de Sintra, ou mesmo nos
condomínios atuais, que se tornaram células urbanas menores – protegidas do resto da
cidade –, onde as crianças podem brincar com segurança.”
Palácio Nacional de
Pena, em Portugal
23
Fotos: divulgação
Decor Arquitetura
Bairro La Défense, em Paris
Foto: divulgação Atout France
O Arquiteto Sergio Gattás.
Abaixo, imagem artística do
Empreendimento Barra Village
Life Houses, da Queiroz Galvão
Desenvolvimento Imobiliário
Barra Village House Life, Barra
da Tijuca – Rio de Janeiro
Privacidade
De acordo com Gattás, os grupamentos residenciais não devem ser muito
densos, para que cada unidade tenha sua privacidade, e nem tão rarefeitos a ponto de os moradores se
sentirem isolados. “Quando eu morava em um condomínio de casas, onde
cada um tinha sua área de lazer, um
vizinho sugeriu a construção de uma
piscina coletiva, que virou um sucesso. As pessoas gostam de viver em
comunidade, mas não abrem mão
de ter seu canto. No lançamento do
Barra Village, condomínio que desenhamos e que está sendo construído
pela Queiroz Galvão, vimos que esse
modelo de moradia deixa as pessoas
de fato satisfeitas.”
24
5.
Durabilidade
A compra da casa própria demanda anos de investimento, por isso
a durabilidade é indispensável à arquitetura. “As construções residenciais devem ser discretas, sem elementos escolhidos simplesmente por estarem na moda, para que o projeto não fique datado.
O esforço que se faz para adquirir um imóvel é tão grande que ele
deve durar a vida toda.”
6.
Evolução social
O planejamento da construção de uma residência, como materiais
utilizados e quantidades de ambientes possíveis e necessários pode
se modificar de acordo com as necessidades da época. “A modernidade trouxe profundas mudanças à rotina das famílias. Hoje o casal
sai junto para trabalhar, então os filhos precisam de espaços de lazer completos. Outra coisa que mudou é que, atualmente, trabalha-se
muito em casa, o que pede um local tranquilo para a realização das
tarefas profissionais.”
Ideias materializadas
Segundo Gattáss, a arquitetura tem sido usada como meio de propagação de mensagens, a serviço principalmente do
Estado e da religião. “No Brasil, o exemplo mais claro está nas obras que Juscelino Kubitschek encomendou a Oscar
Niemeyer na época da construção de Brasília. O intuito era materializar seu discurso, que enaltecia a modernidade.
Essa também foi a plataforma do presidente francês François Mitterrand. Ele criou o bairro La Défense para propiciar
a Paris espaços adequados para grandes empresas, mas também para reforçar a ideia de modernização do país. E
quando se fala em arquitetura como veículo de divulgação de ideais religiosos, a lista de exemplos é ainda maior. Eles
vão desde as igrejas de Constantinopla – onde mosaicos bizantinos narravam histórias para uma população predominantemente analfabeta – até os templos da Igreja Universal do Reino de Deus.”
9.
Palácio de Buckingham, em Londres
Valorizar pessoas
“A arquitetura deve fazer as pessoas se sentirem valorizadas. Recursos como o pé-direito alto e porta dupla assumem essa função
hoje, mas alguns palácios antigos, como o de Buckingham, já carregavam essa ideia. Embora encante os turistas que o conhecem
por fora, a riqueza arquitetônica aparece principalmente em seu
interior, justamente para valorizar quem vive ali.”
Organização
A partir de projetos criam-se espaços determinados e mais organizados: “A Praça
de São Pedro, em Roma, era visualmente desorganizada, mas um novo projeto
trouxe a unidade que vemos hoje. A ideia
do Papa que encomendou a reforma era
organizar a área, o que é uma das principais funções da arquitetura.”
10.
Fazer pensar
Ao comparar uma construção ao Estado,
Gattáss recorre aos palácios: “Historicamente eles têm sido construídos para que os
enormes espaços vazios façam o homem se
sentir ‘pequeno’, desprovido de poder diante da grandiosidade do Estado.”
25
Decor Paisagismo
Cultura
e meio ambiente
Jardim Botânico do Rio de Janeiro integra
beleza, história e conteúdo científico
a zona sul da capital carioca, limítrofe à terceira maior área verde urbana
do mundo, está o Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro
(JBRJ). Reconhecido pela Unesco como Reserva da Biosfera e tombado
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), é considerado um dos mais tradicionais centros de pesquisa botânica do mundo.
Com área total de 137 hectares, possui um Arboreto – espaço aberto para
visitação – de 57 hectares, com mais de nove mil espécimes de vegetais
vivos e 400 espécies de animais.
Os jardins botânicos têm papel relevante tanto em pesquisas como na conservação de espécies. O primeiro deles foi construído em Pisa, na Itália, em 1543.
Atualmente há cerca de 1.800 no mundo – 30 no Brasil. Criado em 1808, o
JBRJ é o mais antigo em funcionamento no País. Sua paisagem foi concebida
pela sobreposição de diferentes projetos, ou seja, não houve um projeto prévio
autêntico para construí-lo. Segundo Ana Rosa Vieira, paisagista do JBRJ, “o
eixo central do Jardim lembra a paisagem de alguns jardins franceses, principalmente o Jardim de Versalhes, que apresenta em sua escala macro grandes
eixos retilíneos que se abrem, ordenando e apropriando-se do território”.
Nos traçados, nota-se a divisão do território em quadras, delimitadas por
alamedas de árvores. Tal divisão permitiu ao Jardim uma flexibilidade funcional, integrando espaços para diferentes atividades, como horto, parque
público, museu, biblioteca e teatro. Por se tratar de um monumento nacional
tombado, sua estrutura não pode ser alterada: as modificações paisagísticas
recentes são apenas para conservar e revitalizar ou expandir. Entretanto, de
acordo com Liszt Vieira, 45° presidente da instituição, é difícil levar adiante
os projetos que visam aumentar a área do JBRJ, devido a entraves fundiários.
26
Foto: Marcos Sá Corrêa
N
Chafariz da Alameda
Frei Leandro
“São 620 casas situadas no entorno que impedem a expansão do Jardim Botânico, já que ninguém quer deixar seus
lares”, disse. Atualmente, o JBRJ está vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, tem 250 funcionários e orçamento
anual de 10 milhões.
Passeios pelas quadras do
Jardim Botânico
Entrando pelo portão central da Rua Jardim Botânico, a paisagem surpreende. Cerca de 140 palmeiras imperiais enfileiradas numa extensão de 740 metros lineares formam a
aleia principal do Arboreto. Mais adiante está o Chafariz das
Musas, importado da Inglaterra em 1895. É feito de ferro fundido e ornamentado com alegorias que representam poesia,
música, ciência, arte e outras simbologias. Em torno dessa
área, os olhares mais atentos poderão captar algumas das
mais de 300 espécies de vertebrados existentes no local.
Na direção da Rua Jardim Botânico está o Jardim Bíblico.
Nele, estão expostos exemplos de plantas que são associadas às tradições judaico-cristã, como a videira, mirra,
tamareira, entre outras. Na parte superior do Arboreto,
subindo em torno do Lago Frei Leandro – parcialmente
cercado por um bambuzal – a visitação é imprescindível
devido às coleções de plantas existentes no local.
No espaço destinado a plantas medicinais, há mais de 150
espécies que são utilizadas na confecção de produtos de saúde, beleza, temperos e outros. No mesmo perímetro pode ser
visitada a estufa de plantas carnívoras; o Bromeliário, com
bromélias de várias partes da América, o Orquidário, com
cerca de 600 espécies e dezenas de outras coleções.
27
Foto: Ricardo Zerrener/Riotur
Foto: Lourdes de Fátima Penne Guimarães
Decor Paisagismo
A biblioteca Barbosa Rodrigues, também situada no JBRJ, deve
ser ponto de parada para quem busca se aprofundar nos assuntos concernentes à biologia. As mais de quatro mil obras
raras – nacionais e estrangeiras - que datam desde o século XVI
até os dias atuais constituem fonte valiosa para estudos biológicos, especialmente nas áreas de Botânica e História da Ciência.
Jardim teria sido idealizado
para “socorrer” Portugal
Em 1808, Portugal enfrentava grande crise com a ameaça
napoleônica e a decadência da extração do ouro em Minas
Gerais, iniciada em 1750. Logo depois que a Coroa Portuguesa e uma comitiva fugiram para o Brasil, uma série de
mudanças ocorreram no Rio de Janeiro para recebê-los.
Era necessário pensar em uma forma de salvar os cofres
públicos.No livro Árvores Notáveis: 200 anos do Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, a autora Begonha Bediaga
destaca que, na época, o reino português vivia uma conjuntura de crise: “A decadência da extração do ouro contribuía para que as correntes da economia defensoras da
agricultura como o caminho para o desenvolvimento encontrassem terreno fértio para fazer valer as suas ideias”.
Nesse contexto, foi desenvolvido um ambicioso projeto de
investimento nas possíveis riquezas naturais que se mostrassem comercialmente rentáveis, pois havia expectativa
28
de encontrar plantas que proporcionassem a Portugal os
exorbitantes lucros obtidos na época do monopólio das
especiarias. O rei D João VI ordenou então que fosse construído um jardim de aclimatação destinado a cultivar plantas de grande valor comercial, como eram o chá e a canela,
vindas principalmente do Oriente.
Dois séculos depois, o Jardim de Aclimatação viria a se tornar o JBRJ, que passou por várias transformações ao longo
do tempo. No início, tinha atividade voltada para agricultura, se limitando a abrigar e reproduzir plantas. No século
20, com o aumento considerável do número de espécies
vivas e a classificação específica dos exemplares cultivados, passou a ser considerada uma instituição científica.
Atualmente, tem relevância indispensável para a compreensão e estudo das riquezas naturais do País. Atua com
cerca de 290 projetos em diversos biomas do Brasil: desde
o alto da Amazônia, zona marinha, Caatinga, Cerrado, Pantanal e se estede até a região dos pampas, no Rio Grande
do Sul. A maioria dos projetos está concentrada na Mata
Atlântica, área na qual o JBRJ está situado.
Visitas ilustres e cuidados
a serem tomados
O visitante deve estar atento para não cometer crimes ambientais. “Esculpir” letras nos troncos de árvores, por exemplo, é uma atitude desaconselhável. Plantas são seres vivos
e, quando seus troncos são riscados, tornam-se alvo para a
entrada de agentes que podem trazer doenças ou mesmo
a morte do espécime. Além disso, aquelas recomendações
costumeiras de “não alimentar os animais” também devem
ser respeitadas, porque muitos dos animais silvestres que
frequentam ou residem no arboreto do Jardim Botânico
não têm defesa biológica contra doenças.
Foto: Cristiane Rangel
Foto: Ricardo Zerrener/Riotur
Foto: Ricardo Zerrener/Riotur
Um cactário, diversos
lagos, um bromeliário
e animais são
algumas das atrações
do Jardim Botânico
Entretanto, as grandes perdas do JBRJ foram ocasionadas
pela própria natureza. Em 1936 uma enchente destrui 2/3
de sua área, obrigando-o a fechar para obras de restauração durante dois anos. Em 1927 um raio atingiu a árvore
mais antiga do Jardim, plantada por D João VI.
Fora isso, recebeu ilustres visitas e demonstrações de respeito, como a de Albert Einstein, em 1925, extasiado pelo
prestígio e sucesso que conquistara no meio acadêmico,
sobretudo por ter publicado a teoria da relatividade. Quan-
do o cientista soube das utilidades da Jequitibá, tanto para
construção quanto para uso medicinal, abraçou o tronco da
espécie, uma das árvores mais altas da flora brasileira, beijou
e depois escreveu no caderno de visitas:. “A Visita ao Jardim
Botânico do Rio de Janeiro significa para mim um dos maiores acontecimentos que tive mediante impressões externas”.
Esse ano foi a vez do cantor Jack Johnson prestigiar o local, ao plantar a primeira espécie de Jequitibá-Açu, árvore-símbolo da cidade carioca.
Paisagista notável
Além do empurrãozinho português, um paulistano também
contribuiu para enriquecer o paisagismo do Rio de Janeiro:
Roberto Burle Marx. E não é preciso ir a um local específico
para apreciar suas obras,muitas delas espalhadas a céu aberto pela cidade carioca.
Burle Marx foi um artista versátil. Ao longo de sua carreira,
desenvolveu mais de dois mil projetos como desenhista, pintor,
tapeceiro, ceramista, escultor, pesquisador e criador de joias.
Começou como paisagista em 1932, projetando jardins para
residências privadas do Rio de Janeiro. Seis anos depois, se
consagrou ao projetar os jardins e terraços do Ministério da
Educação e Saúde, no centro da cidade - o trabalho foi considerado marco da arquitetura moderna no Brasil.
Ao longo dos 85 anos de vida - morreu em 1994 -, ele daria
Burle Marx ajudou a tornar o Rio
de Janeiro a cidade maravilhosa
ao Rio de Janeiro outras 20 importantes criações. Sua assinatura pode ser vista principalmente ao longo da orla marítima da cidade, numa área contínua que vai dos jardins do
Aeroporto Santos Dumont, passando pelo Parque do Flamengo, até as calçadas e jardins da Praia de Copacabana. Este
último, também conhecido como Calçadão de Copacabana,
é cartão postal do País. Feito em 1970, seus 4,5 quilômetros de extensão foram desenhados em pedra portuguesa.
A ondulação das pedras do passeio, ladeado por coqueiros
e com o Pão de Açúcar ao fundo, possuem o equilíbrio de
uma composição dignamente atribuída a Burle Marx e suas
obras, presentes nos cinco continentes. Por esse motivo, não
é exagero dizer que Burle Marx contribuiu para tornar o Rio
a cidade maravilhosa.
29
Capa Chico Buarque
Rio de ladei
Civilização enc
Cada
Hoje a c
H
Dobra a
Desce a Fr
Se m
Eu fui à Lapa,
e perdi a viagem
que aquela tal malandr
não existe
Juro que eu ia até
na Penha
30
iras
cruzilhada
a ribanceira é uma nação
cidade acordou
toda na contramão
Homens com raiva,
a Carioca,olerê
buzinas,sirenes,
estardalhaço
Chico
e a cidade
rei Caneca,olará
manda pra Tijuca
Sobe o Borel
ragem
mais
casar
com ela
O Rio de Janeiro dos versos de seu mais
apaixonado compositor
Por Maria Pinzon
Foto: Daryan Dornelles/divulgação
A vida é bela
31
Fotos: Bruno Veiga/divulgação Canivello Comunicação
Capa Chico Buarque
C
32
hico Buarque mora no Leblon, perto do mar e com vista para o Morro Dois Irmãos. Pela manhã, sai de casa
de bermuda, camiseta e chinelos, apenas com dinheiro
para a água de coco, e caminha a passos rápidos, para
que as pessoas que o reconheçam pelo caminho nem
tenham tempo de pedir um autógrafo.
Vai até o mar, mergulha, e depois volta para seus
acordes, o computador, o violão. “Cidade Maravilhosa, és minha”, diz na música Carioca, do CD de
mesmo nome. As Ritas, Carolinas, Cecílias e Lígias de
suas canções andam por esses cenários, balançam
a caminho do mar, brilham na passarela do samba
e esperam seus homens voltar dos bares da Lapa.
Os guris, operários e ladrões, pedem esmola, erguem
paredes sólidas, chacoalham nos trens da Central e
roubam nas esquinas.
Suas músicas renderiam um belo roteiro pelo que a
Cidade Maravilhosa tem de mais fascinante e caótico, um mergulho em seus contrastes. Aos 67 anos, o
compositor acaba de lançar um novo CD, chamado
Chico, e mais uma vez a cidade aparece como presença marcante e determinante de sua obra.
Compor músicas
ou simplesmente
passar a tarde
tocando já faz
parte do dia a
dia do cantor
E Chico “descobriu” a
internet...
De sua casa, ele fez um trabalho de marketing inédito antes de colocar o novo disco nas lojas. A cada
dia, apresentava uma música diferente a seus fãs,
para que eles pudessem conhecer o trabalho aos
poucos. “É moderno fazer isso, mas antigo ao mesmo tempo. Antes você ia aos programas de rádio e
mostrava as músicas aos poucos”, diz o compositor
em um show que fez ao vivo também pela internet,
dois dias antes do lançamento oficial do disco.
Quem ouve Essa Pequena consegue imaginar Chico
pelo Leblon: “Meu dia voa e ela não acorda/ Vou
até a esquina, ela quer ir para a Flórida.” O amor
e a paixão são uma referência forte nas letras do
novo trabalho. “Você é um senhor de respeito, não
é um garoto. Tem essa beleza do amor maduro,
mas ao mesmo tempo tem esse ridículo, e você começa a achar graça de você mesmo, dos teus sentimentos juvenis, que parecem não ter cabimento”,
diz Chico num trecho do documentário Dia Voa,
dirigido por Bruno Natal.
E m u m d o s v í d e o s p u b l i c a d o s p a ra o s f ã s, C h i c o s e d i ve r t e a o d i va g a r s o b re s u a re l a ç ã o c o m
a i n t e r n e t : “ O a r t i s ta n o r m a l m e n t e a c h a q u e
é m u i to a m a d o , p o rq u e e l e a n d a n a s r u a s e é
‘ B o m d i a , b o m d i a ’ , c h e i o d e c a r i n h o . Fa z o
s h ow, é a p l a u d i d o e ta l . M a s n a i n t e r n e t e l e é
o d i a d o ” , d i z . “ E u l i o s c o m e n tá r i o s ( d e u m a n o t í c i a s o b re e l e ) – e u n u n c a t i n h a e n t ra d o n i s s o :
‘ E s s e ve l h o . . .’ , ‘ O q u e o á l c o o l n ã o fa z c o m u m a
p e s s o a ? ’ I s s o é u m a i n j u s t i ç a , p o rq u e e u j á n e m
b e b o m a i s. ‘ O q u e e s s e ve l h o e s tá fa ze n d o , a i n d a ? ’ ” , c o n ta C h i c o , c o m b o m h u m o r. “ E x i s t e u m a
ra i va . E n ã o a d i a n ta f i c a r c o m ra i va d e q u e m
t e m ra i va , e n tã o d e i xo p ra l á . N ã o p o d e f i c a r
t r i s t e c o m i s s o e n e m m o r re r [ p o r c a u s a d i s s o ] .
S e m o r re r é p i o r : ‘ J á m o r re u ta rd e, j á va i ta r d e ’ ” , c o m p l e ta , à s g a rg a l h a d a s.
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Capa Chico Buarque
Cidade mar
O poe
Quando
poça
ao
No caminho
há um bar
Foto: Daryan Dornelles/divulgação
pra
Infância e juventude
Chico Buarque nasceu no Rio de Janeiro e mudou-se
com a família, aos dois anos, para São Paulo. Na capital
paulista, já adolescente, tem sua primeira aparição na
imprensa, nas páginas policiais do jornal Última Hora,
por “puxar” um carro para dar umas voltas durante a
madrugada: “Pivetes furtaram um carro: presos”, foi a
manchete do jornal.
Voltou para a Cidade Maravilhosa aos 22 anos. Nesse meio
tempo, passou um ano na Itália, onde conviveu com os intelectuais e artistas que frequentavam sua casa – para onde
34
voltou em 1969, num autoexílio durante a ditadura.
As férias, ansiosamente esperadas quando ainda era menino, eram sempre na casa da avó materna, Maria do Carmo,
que morava em Copacabana. Preferido dela, ele sempre
dava um jeito de ir dormir no quarto da avó, de onde escutava o barulhinho das ondas lambendo as areias.
Encontrava os primos, brincava muito, mergulhava no
mar e esperava a avó hastear um pano vermelho na varanda para voltar para o almoço. Mas o garoto nem sempre ficava na casa de Maria do Carmo. Às vezes, por conta
de arranjos familiares, hospedava-se na casa de Heloísa,
mãe de seu pai, no Jardim Botânico, e não via a hora de
pegar o bonde e ir correndo para a praia.
ravilhosa és minha
oente na espinha das tuas montanhas
nos apaixonamos
d''água é chafariz,
olhar o céu de Ramos
vê-se as luzes de Paris
da oficina
em cada esquina
sei lá o quê
você comemorar
Eu te vejo sair por aí
Te avisei
que a
cidade
era um vão
Pelos bairros cariocas
Desde criança, por influência da mãe, Maria Amélia, era
torcedor do Fluminense. E já gostava de assistir ao Carnaval a partir da janela do escritório de um tio na avenida
Presidente Vargas, onde aconteciam os desfiles. Na adolescência, começou a frequentar outras praias, extrapolando os limites de Copacabana. Depois de assistir ao filme
francês Orfeu da Conceição, quis ir conhecer o morro da
Babilônia, onde já havia uma pequena favela.
Em 1965, quando ainda morava com a família em São Paulo, decidiu parar com o curso de arquitetura na USP, quando
já havia lançado várias músicas. Apaixonado por Marieta Severo, no ano seguinte decidiu ir morar no Rio, onde alugou
uma quitinete em Copacabana, perto da casa da avó. Aos
poucos, passou a alugar apartamentos cada vez melhores,
até que conseguiu comprar o primeiro, no Leblon. Desde
então, morou em duas casas na Gávea, por causa das filhas;
Copacabana foi o cenário de
muitas das histórias de Chico
depois, já separado, no Jardim Botânico, de onde pegava a
bicicleta para ir tomar seus sagrados banhos de mar.
Saudoso do barulhinho das ondas, cansado dos barulhos
do Jardim Botânico, que inspiraram a música Carioca
(“Gostosa, quentinha, tapioca/ O pregão abre o dia/ Hoje
tem baile funk”), ele decidiu voltar para o Leblon, onde
instalou-se aos pés do Morro Dois Irmãos. É de lá que ele
sai para passeios a pé e jogos de futebol no campo de seu
time, o Polytheama, no Recreio dos Bandeirantes.
35
Destino Salvador
Redescubra Salvador
Conheça os cantinhos, sabores e cores da capital baiana que vão além
dos tradicionais pontos turísticos da cidade
S
alvador é um daqueles lugares que te pega, encanta e
não quer mais te deixar ir embora. Você é fisgado pelo
estômago, disperso pelas cores e cheiros e envolvido
pela religiosidade e história que nos remete ao tempo a que cidade foi escolhida para sediar a capital do
Brasil, em 1549.
Encanto que vai além do burburinho de lugares como
o Elevador Lacerda e o Pelourinho. Há muito mais o
que se ver e experimentar na cidade: aquele acarajé
que só a Cira sabe fazer, o melhor sorvete da Praia da
36
Ribeira, a boemia de Rio Vermelho ou a natureza em
torno de parques e lagoas.
Existe uma dinâmica na cidade, moldada e herdada
dos tempos do Império: na parte Baixa, funcionam
as atividades comerciais originadas a partir do porto.
Na Cidade Alta fica o núcleo residencial, administrativo e religioso.
As belezas de Salvador não deixam dúvidas: a Bahia
de santos e festas tem muito a oferecer e a mostrar
aos turistas.
Fotos: João Ramos
1.
Ponta de Humaitá
Um programa imperdível em Salvador é ver o pôr do sol na Ponta
de Humaitá, região protegida pelo forte e abençoada pela Igreja
de Mont Serrat. É um pedaço de uma Salvador antiga, onde os
moradores conservam ainda inúmeras tradições típicas, como
colocar cadeiras na calçada para ver o sol se pôr. O espaço da
Ponta do Humaitá agrega um conjunto arquitetônico formado
pela Igreja de Monte Serrat, um mosteiro, o antigo Iate Clube de
Monte Serrat e casas no estilo do século XIX, além de um farol,
construído no começo do século XX para guiar as embarcações
que passavam pela região. Com cenário natural e histórico, é um
dos locais mais bonitos da Cidade Baixa, com vista para a Baía
de Todos os Santos de um dos ângulos mais favoráveis.
Ponta de Humaitá
Farol da Barra
2.
Taça com três dos diversos
sabores à venda na
Sorveteria Ribeira
Sorveteria da Ribeira
Passagem obrigatória para quem gosta de conhecer lugares a
partir da gastronomia local. Embora relativamente distante do
centro mais turístico de Salvador – fica na Praça General Osório,
em frente à Praia da Ribeira -, vale a visita. A sorveteria foi
inaugurada em 1931 e, 80 anos depois, ainda lota de fregueses
as mesas que ficam num espaço aberto. O mais gostoso é isso:
fazer como os moradores locais e sentar ao ar livre para ver o
sol se pôr enquanto desfruta alguns dos mais de 50 sabores
de sorvete, como coco verde, sapoti, jabuticaba e pitanga,
preparados artesanalmente. Além dos sorvetes, o milk-shake de
tapioca faz sucesso.
37
Destino Salvador
3.
Solar do Unhão
Um engenho de açúcar à beira-mar. Visite à tarde, onde também
é possível apreciar o pôr do sol, um dos mais belos de Salvador. O
conjunto arquitetônico foi construído no século 17, em alvenaria de
pedra, um complexo do mesmo tipo dos engenhos encontrados na
zona da mata: com casa-grande, capela e senzala. A propriedade
pertencia a Pedro de Unhão Castelo Branco, que residiu no solar
a partir de 1690. O solar também tem armazéns e cais, por
onde escoava o açúcar produzido no Recôncavo. Em 1962, foi
restaurado, e hoje abriga o Museu de Arte Moderna (MAM), com
um importante acervo de cerca de mil obras de artistas como
Tarsila do Amaral, Portinari e Di Cavalcanti. No jardim há um
Parque das Esculturas, com peças de Carybé, Mário Cravo, Rubem
Valentim entre outros. Vale a pena conferir a programação, pois
há apresentações de shows musicais ao ar livre e filmes fora do
circuito comercial.
4.
5.
38
Rio Vermelho
Circular pelo boêmio e fervido bairro do Rio Vermelho já faz parte
do roteiro de alguns turistas em busca de agito e boas ofertas
gastronômicas. É lá também, no Largo de Santana e no Largo da
Mariquita, que estão as mais afamadas baianas do acarajé, como
a Cira. Coma sem culpa o bolinho de massa de feijão-fradinho e
camarão seco moído frito em azeite de dendê e acompanhado por
camarão, vatapá, caruru e claro, pimenta, servido pela baiana de
mão cheia. Ao redor das barraquinhas, nos botecos, a diversão é
comer acarajé recém-preparado e, junto, pedir um drinque ou uma
cerveja. A “rósca”, nome local da caipirinha de vodca, tem sabores
variados: lima, caju, seriguela, graviola, umbu ou umbu-cajá.
Famoso acarajé das
baianas do Rio Vermelho
Festas populares
Muitos eventos de rua movimentam a cidade: a Festa do Bonfim,
que acontece no segundo domingo depois do Dia de Reis, em
janeiro, seguida pela mais conhecida e popular Lavagem do
Bonfim, que acontece na segunda quinta-feira depois do Dia de
Reis, são bons exemplos. Outra dica é a festa da Nossa Senhora
da Boa Morte, em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, que fica
a 116 quilômetros de Salvador. A celebração acontece na sede
da Irmandade da Boa Morte – uma das poucas nas Américas a
venerar a fase final da vida de Nossa Senhora, criada há cerca de
240 anos por escravas alforriadas. Acontece nos dias 13, 14 e 15
de agosto e inclui procissões, rodas de samba e capoeira, e fartas
opções de pratos típicos, como feijoada, vatapá, caruru, cozido e
maniçoba.
Festas populares fazem parte
do calendário da cidade
Museu Rodin
Localizado no arborizado e sofisticado bairro da Graça, em
Salvador, o Palacete das Artes Rodin Bahia um casarão de 1912
restaurado
faz uma ponte imaginária entre a capital baiana e
o Museu Rodin de Paris, como a única filial fora da Europa. A
exposição atual, Auguste Rodin, Homem e Gênio, conta com 62
obras que ficam em Salvador até o ano que vem. Você poderá
conhecer algumas das famosas esculturas de Rodin, como O Beijo,
O Pensador ou Eva.
Foto: Roberto Nascimento
6.
Solar do Unhão
Foto: Roberto Nascimento
Fotos: divulgação
Artigos religiosos e danças
populares fazem parte das
feiras e ruas da cidade
Museu Rodin
7.
Parque de Pituaçu
Próximo à orla marítima, o Parque Metropolitano de Pituaçu
destaca-se como uma das principais áreas verdes de Salvador,
com 425 hectares de vegetação remanescente de mata atlântica.
Há, na reserva ecológica, uma ciclovia com aproximadamente 15
quilômetros de extensão sob a sombra de cajueiros, dendezeiros
e coqueiros, e uma lagoa onde se pode passear de pedalinho. O
parque também abriga o Espaço Mário Cravo, onde ficam expostas
ao ar livre mil esculturas doadas ao governo do Estado pelo artista
baiano. São esculturas contemporâneas: tridimensionais, sonoras,
totens vegetais e objetos alados, feitas de diversos materiais,
técnicas, tamanhos e cores. As esculturas flutuantes ganharam
uma pequena lagoa com peixes.
Escultura O Beijo, de
Auguste Rodin
39
Destino Salvador
8.
Barra
Apesar de bem famoso como ponto turístico, a importância do local
vai além de paisagens: se a Bahia começou em Santa Cruz de Cabrália,
Salvador nasceu na Barra. Foi lá que o navegador Américo Vespúcio
descortinou, em 1501, a Bahia de Todos os Santos. Hoje, a praia da
Barra concentra o movimento diurno da capital. A apenas cinco quilômetros do centro, alinha hotéis, restaurantes e bares diante de um
calçadão. O Forte de Santo Antonio divide a Barra em praia do Porto
e praia do Farol. A primeira, de águas calmas, e a segunda, com boas
ondas para surfar. A fortaleza, que começou a ser construída em 1534,
tem forma de decágono e é a primeira do Brasil. Nela fica o Farol da
Barra, de 1698, um dos primeiros das Américas, ainda em funcionamento. É no forte também que fica o Museu Náutico.
Barra
9.
Farol de Itapuã
A 27 quilômetros do centro, Itapuã é a famosa vila de
pescadores que foi eternizada ao ser cantada por Dorival
Caymmi, Vinicius de Morais e Caetano Veloso. Ponto badalado da cidade e muito procurado por turistas e pela
população local, as areias e coqueiros dividem espaço
com inúmeras barracas de comes e bebes. O Farol de
Itapuã segue orientando a navegação nas costas da capital baiana. O acesso é restrito, mas é ponto marcante na
paisagem. É em Itapuã também que está uma das mais
famosas bases do Projeto Tamar, que preserva tartarugas marinhas. Vale separar uma manhã ou tarde inteira
para conhecer Itapuã. Mesmo que toda poesia cantada
pelos poetas compositores se confunda em meio a tanta
gente, procure um lugar próximo da água e admire o mar
batendo nas pedras, que, na maré seca, forma piscinas
naturais.
Farol de Itapuã
10.
Lagoa do Abaeté
Um passeio para interagir com a natureza e encher os
olhos. Suas águas escuras contrastam com as dunas e
com as cores da vegetação ao redor. Área de Proteção
Ambiental, Abaeté é protegida por um parque metropolitano que leva seu nome. A lagoa era usada por lavadeiras
que, em suas margens, ajudaram a manter vivas muitas
das tradições ancestrais que enriquecem a cultura de
Salvador. Um importante polo de lazer ecológico de Salvador, cercado de lendas e muita beleza natural.
Lagoa do Abaeté
40
Destino Machu Picchu
Beleza inca
Machu Picchu, uma das sete maravilhas do mundo
moderno, completa 100 anos de descoberta e continua
envolta de mistérios e encanto
Fotos: Kalinka Merkel
Por Kalinka Merkel
42
Com vista para Cusco, Sacsahuamán é uma fortaleza inca
que fica a 40 minutos de caminhada do centro da cidade
M
O imenso
gramado era
a praça da
cidade, que
dividia, no
Setor Urbano,
a área sagrada
da residencial
ais do que um destino imperdível, Machu Picchu desafia nossa
imaginação a recriar a história desse lugar, que fez parte do
maior império pré-colombiano do Novo Mundo. Localizada a
2.400 metros de altitude no vale do rio Urubamba, no Peru,
a cidade sagrada dos Incas foi descoberta há 100 anos pelo
explorador e arqueólogo americano Hiram Bingham.
A viagem começa na capital peruana, Lima, de onde se segue
para a cidade de Cusco de ônibus, trem ou avião. Brasileiros não
precisam de visto e podem viajar apenas com a identidade. Mas
para aqueles que gostam de colecionar destinos no passaporte,
na entrada do parque existe um carimbo que o próprio visitante
faz, com direito a reprodução das montanhas e data.
Cusco – “o umbigo do mundo”, como dizem por lá – é a porta de entrada para conhecer as ruínas de Machu Picchu (que
em quéchua significa “Montanha Velha”), com muitas paradas
quase obrigatórias pelo caminho. Reserve pelo menos uma
semana para conhecer o lugar. Programe-se para observar outros sítios arqueológicos, como Pisac e Ollantaytambo, antes
de chegar a Machu Picchu, pois provavelmente nada mais o
impressionará. É a melhor forma de assimilar a grandeza desse
império extinto, além de preparar sua alma de viajante para
conhecer a cidade sagrada, mais intacta construção inca.
Cusco oferece uma grande opção de hotéis, pousadas e albergues (os hostels), com preços para todos os bolsos. A dica é
dar uma pesquisada antes de viajar, porque ao chegar na cidade os turistas certamente são abordados por uma infinidade
de cusquenhos que oferecem serviços que variam de hotéis a
passeios, massagens, restaurantes e lojas.
43
Destino Machu Picchu
Convento San Domingo, erguido sobre o Qoriqancha,
principal templo de adoração ao Sol
O Vale Sagrado
O vale do rio Urubamba, a nordeste de Cusco, é conhecido
como Vale Sagrado dos Incas. Um único bilhete, chamado de
“Boleto Turístico” serve de ingresso para 15 atrações, que
vão desde museus em Cusco a ruínas que ficam nas pequenas cidades e vilarejos que se espalham pelo Vale Sagrado.
O “Boleto Turístico” vale por 10 dias, o que possibilita conhecer Cusco e suas atrações para só depois seguir de
trem ou ônibus ao Vale Sagrado até o destino final, Machu
Picchu. Uma boa opção é seguir com excursão, de ônibus,
até Ollantaytambo, de onde poderá pegar o trem para
Águas Calientes, cidade base de Macchu Picchu.
Um dia é o suficiente para conhecer Machu Picchu, e vale
a pena chegar bem cedo. Além de ter a oportunidade de
ver a região sem tantos turistas, fica mais fácil garantir a
entrada para Huayna Picchu (“Montaha Nova”), com limite
diário de visitas em 400 pessoas e de onde se tem uma
vista privilegiada de Machu Picchu. A entrada é controlada
e há horários determinados para isso: apenas na parte da
manhã, às 9h e às 11h.
Informações práticas
A vacina contra febre amarela é obrigatória, ao menos dez
dias antes da partida. Cusco fica a mais de 3.300 metros
de altitude e alguns visitantes sofrem com o chamado mal
das alturas (soroche): fadiga, falta de ar, náusea e dor de
cabeça. Rapidamente o organismo se acostuma, e as farmácias vendem remédios especificamente para o soroche.
44
Pisac tem ruínas de uma fortaleza inca e vista
para um vale recortado nos Andes, com terraços
para agricultura cavados nas rochas
A melhor época para visitar a região é na estação seca, que
vai de maio a meados de outubro. Na época das chuvas,
de dezembro a fevereiro, os rios costumam transbordar e
muitas estradas ficam bloqueadas.
Se tiver mais tempo para viajar e um bom condicionamento
físico, faça a trilha inca. A partir das proximidades de Cusco
são 40 quilômetros até Machu Picchu, percorridos em três
noites passadas em acampamentos. Essa opção exige planejamento antecipado: como hoje o número de turistas é
limitado, é necessário reservar seu lugar com até dois meses
de antecedência. A recompensa são as paisagens impressionantes, além da sensação indescritível de estar caminhando
sobre a única estrada inca inteiramente conservada.
Cultura inca desperta curiosidade
Originado no século 13, o império inca estendeu-se por um
Assim como outros lugares que sofreram com o processo co-
vasto território, em mais de 4 mil quilômetros ao longo dos
lonizador, a cultura inca resistiu, mesmo com o empenho dos
Andes. No auge, chegaram a contar 12 milhões de súditos, que
espanhóis em acabar com qualquer referência, construindo
falavam pelo menos 20 línguas, mas que não dispunham de
igrejas católicas sobre os templos incas. É por isso que gran-
nenhum sistema de escrita, nem hieroglífica como a dos maias.
de parte dos templos em Cusco não são visíveis, pois encon-
Os incas são reconhecidos por serem exímios construtores e
tram-se escondidos em segundos pisos e camadas.
até hoje causam perplexidade com a imponência de suas
A tenacidade inca resistiu do mesmo modo como se deu com
obras arquitetônicas, construídas com blocos de pedra
outras culturas, como as práticas religiosas de origem africa-
que pesam toneladas e que se encaixam perfeitamente.
na que foram completamente proibidas no Brasil a partir de
Situam-se em lugares muitas vezes de difícil acesso, e ain-
1591. Apesar desta violenta perseguição às manifestações
da hoje não se sabe ao certo quem foram esses soberanos
afrodescendentes, muitos rituais religiosos, no transcorrer
andinos que conquistaram reinos, esculpiram montanhas e
do século 20, foram conquistando seu espaço com a fun-
arquitetaram um vasto império interligado por trilhas que
dação de terreiros de Candomblé, Umbanda, entre outras.
vão do mar a Amazônia.
Mesmo que não visíveis, os templos em Cusco continuam lá,
Menos ainda se sabe sobre o destino dessa civilização, que
sob as edificações espanholas e assinalados nos mapas turís-
foi dizimada pelos colonizadores espanhóis que chegaram
ticos da cidade. A antiga capital do império atrai milhares de
em 1534 ávidos por ouro, prata e poder, e que de forma
turistas o ano todo, de todas as partes do mundo. A gastro-
muito agressiva impuseram, em apenas 40 anos, seus cos-
nomia local, repleta de variedades de milho, batata e grãos,
tumes e religião, construindo sobre a capital do império inca
como a quinua, ainda nos remetem ao império que tinha pleno
– Cusco – uma nova cidade colonial espanhola.
domínio da agricultura e que garantia comida para todos.
45
Gourmet
Palavra de
mestre
A originalidade culinária do renomado chef pernambucano
César Santos compartilhada em dez dicas gastronômicas
Por Luan Silva
E
ra 1992 e a cidade alta de Olinda, em Pernambuco, ganhava o que poderia
ter sido mais um restaurante de comida brasileira, o Oficina do Sabor. Numa
atitude audaciosa, o chefe César Santos aboliu das receitas condimentos
como cominho e colorau – ingredientes abundantemente utilizados na culinária pernambucana, oriundos da influência árabe no Estado – e passou a
utilizar frutas e ervas como tempero. Com isso, deixava os pratos mais leves
ao paladar e valorizava o sabor natural dos alimentos da região, como feijão
verde, carne de sol, macaxeira, queijo de coalho, peixes e frutos do mar.
As pessoas o indagavam: “Será que isso é bom mesmo? Isso é esquisito.
Que coisa é essa?” Atualmente, o Oficina do Sabor já virou atração turística. Aos 45 anos, César Santos é um colecionador de prêmios gastronômicos e já apresentou seu talento em diversos países. É reconhecido
como Embaixador Gastronômico de Pernambuco, título concedido por
Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras. Confira algumas dicas culinárias do chef.
46
O aconchego e a
bela vista que se
tem a partir de
algumas mesas do
Oficina do Sabor
1.
Utilize frutas e ervas nas receitas
Manga, maracujá, pitanga, goiaba e abacaxi
são as frutas que mais combinam com molhos, segundo o chef. Elas devem estar bem
maduras. Algumas das misturas tropicais
criadas pelo chef utilizando essas frutas:
manga com camarão, maracujá com peixe,
goiaba com pernil de cabrito e abacate com
carne de porco. Elas também combinam
com ervas, que dão um sabor especial ao
prato. As combinações prediletas do chef
são manga com hortelã e maracujá com
zimbro ou leite de coco.
2.
Pitangas em destaque
Para César, pitanga é a fruta que representa Pernambuco, pois
a maioria das casas do estado tem uma pitangueira no quintal.
Com a fruta é possível fazer desde sobremesas, como sorvete
e mousse, a bebidas como licor e conhaque. A base do molho
feito com frutas tropicais consiste em refogar o suco da fruta
com cebola, manteiga, azeite e mostarda. Não se deve usar
alho, pois interfere muito no sabor. Acrescente a isso meio
litro de suco concentrado de pitanga e três colheres de sopa de
açúcar. A receita combina muito bem com camarão: o segredo
é cozinhar o crustáceo no molho e servir logo em seguida. Se
demorar a servir, o camarão absorve o sabor doce do molho,
deixando-o amargo.
47
Gourmet
3.
Camarão no ponto certo
“Quem não mora em frente ao mar terá dificuldade em encontrar
um bom camarão fresco”, adianta o chef. O ideal é comprar congelado e de um fornecedor confiável.
Para prepará-lo, preaqueça a frigideira no fogo alto. Momentos antes de despejar os camarões na frigideira, diminua a chama para
fogo médio. Deixe-o cozinhando de 6 a 8 minutos. “É preciso ter
olho clínico para saber o momento certo de tirar. Quando ele está
cozido, costuma ficar rosado. Se passar do ponto, o camarão fica
ressecado e diminui de tamanho.” Ele indica essa técnica para compor pratos como camarão com creme de manga, peixe ao molho de
camarão e camarão ao alho e óleo.
4.
Do jerimum se usa tudo
Há 19 anos, quando ainda era estudante, César Santos conheceu as
técnicas e receitas de Paul Bocuse. Na época, o famoso chef francês exibia uma de suas principais receitas, que consistia em utilizar
todas as propriedades da abóbora – conhecida no Nordeste como
48
jerimum – para preparar uma sopa.
Nela, tirava-se a polpa da abóbora
para preparar o creme, que posteriormente seria servido na casca de onde
foi tirado. Desse modo, aproveitava-se tudo do alimento. Santos importou o conceito e adaptou à cozinha
pernambucana. Ele indica recheios
feitos com camarão, peixe ou linguiça. Aqueça a casca no forno por 30
minutos antes de rechear.
5.
Manteiga de garrafa
Usada para substituir o óleo, “a manteiga de garrafa tem sido bastante
explorada na cozinha brasileira”, segundo o chef. Ela realça o sabor do
alimento, deixando-o mais saboroso.
Canela de Cabrito com Três Purês Arretados de Bom
Canela de cabrito
Ingredientes
50 g de mix de pimenta em grão
2 litros de vinho tinto
4 colheres (sopa) de molho inglês
4 colheres (sopa) de mostarda
8 dentes de alho picado
4 canelas de cabrito (Corte Jarret do
Cordeiro)
4 ramos de alecrim
4 folhas de louro
4 anis-estrelado
2 talos de salsão picado
2 canelas em pau
2 cebolas roxa
1 cenoura grande em cubos
1 talo de alho-poró
Preparo
Em um bowl, faça uma marinada com
todos os temperos, as especiarias, 1 litro
do vinho e tempere com sal a gosto. Junte
as canelas de cabrito e deixe marinar de
um dia para o outro coberto com papel
filme. Em um tabuleiro, arrume as canelas
de cabrito com a marinada, cubra com
papel-alumínio e leve ao forno a 150°C
por 4 horas – não deixe a marinada secar
e, se necessário, acrescente água morna
e deixe até ficar macia. Retire do forno,
separe a canela do cabrito e reserve. Leve
ao liquidificador todo o molho que ficou
no tabuleiro e bata bem. Passe por uma
peneira, leve ao fogo e, quando esquentar,
adicione o litro de vinho restante e deixe
cozinhar até virar um molho consistente.
Acrescente a canela de cabrito.
Purê de batata doce com
castanha de caju
Ingredientes
400 g de batata doce cozida e amassada
200 g de castanha de caju
200 g de manteiga
200 g de creme de leite
Sal a gosto
Preparo
Cozinhe a batata doce sem casca e
amasse, ainda quente, com a manteiga.
Acrescente o creme de leite, misture
bem e adicione a castanha de caju bem
quebradinha. Acerte o sal.
Purê de beterraba com
suco de laranja
Ingredientes
4 beterrabas cozidas e descascadas
Suco de 4 laranjas
6.
Aventure-se na cozinha
Antes de abrir seu próprio restaurante,
César Santos dedicou anos a estudar
gastronomia. Contudo, para ele, “cozinhar não tem mistério, basta querer”. A
primeira noção que a pessoa deve ter
quando entra na cozinha “é que só há
hora para começar, quando vai terminar
não se sabe.” Buscar referências é fundamental. Os chefs que mais o inspiraram foram os brasileiros Paulo Martins
e Breno Braga e o francês Paul Bocuse.
7.
Perceba os sons do ambiente
Ouvir o barulho da frigideira, escutar a
lâmina da faca cortando o alimento, estar atento ao vapor que sai das panelas
junto ao aroma de dar água na boca.
2 batatas inglesas cozidas e descascadas
1 colher (sopa) de manteiga
1 talo de baunilha
Preparo
Cozinhe as beterrabas junto com as
batatas, descasque, junte o suco de
laranja e leve para cozinhar novamente.
Acrescente os talos de baunilha, a
manteiga e deixe ferver. Retire os talos
de baunilha e passe no liquidificador.
Purê de macaxeira com
queijo de coalho
Ingredientes
400 g de macaxeira cozida e moída
100 g de queijo de coalho ralado
150 ml de leite
2 colheres (sopa) de manteiga
Sal a gosto
Preparo
Coloque a macaxeira já moída em uma
panela e leve ao fogo com a manteiga, o
leite e o queijo ralado. Misture bem até
formar uma massa homogênea.
Obs.: Queijo de coalho pode ser
substituído por queijo parmesão.
Para o chef, estar na cozinha é vivenciar uma experiência completa. Ele,
por exemplo, não gosta de interferências externas enquanto cozinha,
como barulho de televisão. “A pessoa deve entrar em sintonia com os
componentes da cozinha.” Na hora da refeição, o chef permite uma
música que não seja agitada. “Comer é um momento sagrado de dividir
a comida com quem estiver ao lado. A atenção tem que estar voltada
somente para a mesa.” Para quem gosta de uma boa MPB, ele indica
A paz, de Zizi Possi.
8.
Fique atento quando for comprar o alimento
Manuseie os alimentos. Se vai à feira, o chef faz questão de cheirar
a fruta, senti-la com as mãos e escolher a dedo as que vai levar. Na
compra de frutos do mar, carnes e peixes, os cuidados são redobrados.
Para identificar se a carne foi congelada e descongelada, basta abrir a
embalagem e verificar se há muitos cristais de gelo. Se houver, ela não
deve ser comprada. Já a lagosta não pode ser consumida se estiver há
mais de dois meses congelada. “Eu sempre abro a casca, se a carne de
dentro estiver escura, não compro. Ela deve estar meio branca.”
49
Gourmet
Jerimum Frevo É
Ingredientes:
15 camarões pré-cozidos e
descascados
4 lagostas pré-cozidas e
descascadas
2 xícaras de calda de maracujá
½ cebola cortada em tirinhas
1 colher (sopa) de manteiga
1 colher (sopa) de azeite
de oliva
1 colher (sopa) de mostarda
1 colher (chá) de tempera tudo
10 frutos de zimbro
1 colher (chá) de endro
1 jerimum jacarezinho de 1½ kg
1 colher (sopa) de requeijão
1 colher (sobremesa) de
maisena diluída em dois dedos
(copo) de água
9.
Preparo:
Doure a cebola na manteiga e
no azeite, acrescente a calda
de maracujá com um pouco de
água, tempere com o restante
dos ingredientes, coloque
os camarões e as lagostas,
deixe cozinhar um pouco
e engrosse com a maisena
diluída na água. Reserve. Abra
um tampo no jerimum, retire
toda a semente, lave a casca
com sabão e água, coloque
no forno em um tabuleiro com
água e deixe cozinhar entre
30 e 40 minutos. Depois do
jerimum cozinhado, recheie
com o creme de maracujá já
preparado e finalize com a
colher de requeijão.
Quando for a Pernambuco, não se esqueça...
Existem alguns afazeres gastronômicos que são indispensáveis a
quem visita Pernambuco. “Coisas simples como comer uma tapioca no Alto da Sé ou um queijo coalho assado na feirinha de Boa
Viagem, ou mesmo na praia, fazem toda a diferença”, sugere o
chef. Assim como o parmesão é internacionalmente reconhecido
como queijo produzido em Parma, na Itália, os registros históricos
apontam que o queijo coalho foi inicialmente produzido em Pernambuco, em 1597. “É um queijo que você encontra na esquina,
na barraca, no mercado, na feira. Tem um preço bacana e bom.”
50
10.
Leve um pedaço do Estado
“Se quiser presentear alguém com
um pedaço de Pernambuco, dê um
bolo-de-rolo”, diz. O bolo-de-rolo, reconhecido como Patrimônio Cultural e
Imaterial do Estado, é tradição em Pernambuco há mais de 300 anos. É feito
com massa finíssima de farinha de trigo
e recheado com creme de goiaba. O aspecto pode lembrar o rocambole.
Bem viver
A dois passos
do Paraíso
Morar próximo a áreas verdes é uma solução para
quem busca conforto e qualidade de vida
Fotos: divulgação
N
52
as grandes metrópoles, ter uma das vistas mais
cobiçadas da cidade e um parque público como
área de lazer é privilégio para poucos – e pode
ser um fator decisivo na hora de escolher um imóvel residencial. De acordo com Sueli Rodrigues,
do Centro de Estudos de Meio Ambiente & Integração Social (Cemais), a tendência é que as pessoas busquem, cada vez mais, moradias próximas
ou em locais de fácil acesso a parques e rios.
Sueli pontua que esse comportamento é solidificado
pelas vantagens proporcionadas pela natureza. “Nas
ações desenvolvidas nas comunidades percebemos
a valorização das pessoas pelas áreas verdes, em
especial devido à péssima qualidade do ar nos grandes centros”, diz. “São áreas essenciais para o bem-estar da população, e têm a finalidade de melhorar
a qualidade de vida, agindo simultaneamente sobre
o lado físico e mental do homem”, completa.
Uma pesquisa feita por Maria Geralda Viana Hele-
no, coordenadora do Programa de Pós-Graduação
em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista
de São Paulo, avaliou a qualidade de vida de usuários de parques públicos e apontou alguns motivos
do interesse das pessoas por esses espaços.
Um dos resultados da pesquisa é que 45% dos
frequentadores de parques indicou como principal
motivo de irem a essas regiões a promoção da saúde. Para os jovens com menos de 19 anos, os parques funcionam como um local de encontro social.
Opinião também manifestada entre adultos e idosos que, ao se encontrarem por diversas vezes nas
áreas verdes ou orlas, em momentos descontraídos,
acabam interagindo e promovendo uma convivência sadia, além da ampliação de amizades, segundo a professora. Outro dado da pesquisa é que em
adultos com idade entre 20 a 59 anos observa-se
que a frequência em parques públicos está relacionada ao prazer de estar ali (40,3%).
Paisagem do lago do
empreendimento Nature Village 2
53
Bem viver
Ilustração artística da fachada
do edifício Engenho Apipucos
Benefícios vão além
da saúde física
Para atender esse público em busca
de qualidade de vida, alguns edifícios integram lazer e moradia. Antonio Caramelo, arquiteto que atua em
parceria com a Queiroz Galvão na
concepção de alguns empreendimentos, acredita os projetos estão cada
vez mais adaptados às necessidades
do morador: “Tudo isso em razão das
exigências provenientes das mudanças sociais profundas nas estruturas
familiares, somadas às dificuldades
de deslocamento nos centos urbanos, insegurança nas áreas públicas
e necessidade de infraestruturas de
esporte, lazer, contemplação e vida
saudável”, diz ele.
Embora o entorno de parques seja
normalmente uma região movimentada, ter a natureza como vista ou
como opção de passeio a pé compensa tanto pela opção de lazer
como pela valorização do imóvel.
Além disso, paisagens verdes são
benéficas para a cidade, já que, por
meio do paisagismo, é possível humanizar as construções e amenizar a
rigidez da arquitetura.
54
Ilustração artística do mirante
do edifício Engenho Apipucos
Natureza dentro e
fora de casa
Para contribuir com a qualidade
de vida de quem mora em apartamentos, alguns condomínios investem na infraestrutura das áreas
sociais. O Edifício Joel Queiroz, no
terreno ao lado do Parque Dona
Lindu, em Boa Viagem, Pernambuco, é um bom exemplo. A vista
para o mar e a valorização da área
com a abertura de um parque projetado por Oscar Niemeyer são
as grandes apostas. O empreendimento terá 22 pavimentos tipo
com um apartamento por andar,
com três ou quatro suítes – todas
com vista para o mar. A área de
lazer terá piscina na cobertura, salão de festas e fitness.
Unir a tranquilidade de morar
perto da natureza com o acesso
a importantes pontos culturais
é uma vantagem de quem mora
no Edifício Engenho Apipucos,
no bairro Apipucos, também em
Pernambuco. O empreendimento
lançado pela construtora Queiroz Galvão tem localização privilegiada: o bairro é histórico e
oferece diversos serviços e atrativos culturais, como Fundação
Ilustração artística das fachadas
das casas do Nature Village
Gilberto Freyre, Museu do Homem do Nordeste e igrejas seculares. O projeto contempla uma
horta, estufa, mirante para o rio,
jardim, pequeno campo gramado, pista de caminhada, espaço zen e propostas sustentáveis
que visam redução do consumo
de água e energia. A região onde
fica o edifício ganhará um parque voltado para educação ambiental, com um píer, praça e
área para contemplar o rio Capibaribe.
Em São Paulo, o Nature Village
2 é uma opção para quem quer
usufruir da qualidade de vida do
interior do Estado sem abrir mão
de morar próximo à capital. Localizado em Jundiaí, o condomínio fechado composto por casas
está junto à Serra do Japi e contará com um bosque particular.
São cinco lagos, horta, trilhas
ecológicas para caminhada, um
fitness center e uma fazendinha
com animais.
Em alguns empreendimentos, há a
possibilidade de unir a beleza do
litoral com a qualidade de vida de
parques. Caso do futuro empreendimento da Queiroz Galvão, que
Trilha ecológica do Nature Village 2
estará entre o azul do mar e o
verde do Parque de Pituaçu, em
Salvador. O esperado lançamento terá paisagismo de Benedito
Abbud e localização privilegiada, numa área que está em expansão na cidade.
“Para tornar o projeto agradável e
contemplativo, os espaços foram
pensados com praças de chegada
em frente. E praças de convivências e um espaço com descanso
pergolados”, diz Caramelo, que
assina o projeto arquitetônico.
No Parque de Pituaçu, as belezas naturais remanescentes da
Mata Atlântica, fauna e flora
diversificadas, uma bela lagoa,
atividades culturais, esportes de
aventura, caminhadas, ecoturismo, uma ciclovia de 18 quilômetros, um playground com equipamentos de lazer para a criançada
e uma área de 55 hectares que
abriga um centro comercial e espaços para alimentação.
O emp reend i mento s erá constr uí d o em um ter reno d e ap roxi mad amente 40.000 metros
q uad rad os. “ Em d eter mi nados
momentos d as nos s as vi d as tod os nós q ueremos p razer, confor to, p az e f el i ci d ad e em u m
s ó l ug ar. A s s i m s erá o emp reend i mento, no mel hor l ug ar de
Pi tuaçu” , d es creve Caramel o.
Lagoa do Parque Pituaçu
55
Foto: divulgação
Decor Estilo
Casa Cor
Rio de Janeiro
A cascata de cubos da Minicopa ganhou fundo
espelhado para dar sensação de amplitude. Na
bancada, cafeteira que se move por meio de um
pequeno elevador
Tecnologia, integração
e cores quentes são
alguns elementos da
mostra carioca
56
P
é direito bem alto, sanca, esfige, boiserie e piso de parquet são alguns dos inúmeros detalhes que concedem elegância ao Palacete Modesto Leal, cenário
da Casa Cor Rio de Janeiro 2011. O desafio dos arquitetos que participaram
da mostra foi projetar ambientes que preservam as características antigas da
casa. Nem por isso itens como a tecnologia ficaram de fora. Pelo contrário,
ela esteve presente em todos os ambientes, desde camas que esquentam
ou esfriam um dos lados do colchão, tela de TV double-face, vasos sanitários
com lavagem embutida à uma cafeteira que sobe e desce por um elevador –
presente no ambiente Minicopa, de Sophia Galvão. “A bancada pode ter dois
cenários: um espaço para tomar café da manhã, ou um bar. Por meio de um
controle remoto, é possível acionar o elevador e trazer a cafeteira”, explica a
arquiteta. Confira alguns destaques apresentados na mostra desse ano.
Fotos: divulgação
Foto: Kitty Paranaguá
No Banheiro e Closet Infantil, o espelho ganhou o
formato de uma peça de quebra-cabeça; ambiente
reúne outras tendências da mostra, como o uso
da laca, de pendentes e de cores quentes. Acima,
espelhos emoldurados por bacias na Suíte do
Hóspede; abaixo, teto espelhado da Foto Galeria
Espelhos
A Minicopa tem outro recurso muito utilizado em decoração:
o uso de espelhos para dar sensação de amplitude. No ambiente de Sophia, o armário com acabamento em laca branca
vira uma cascata de cubos com fundo espelhado. “Virou uma
escultura, e o espelho dá profundidade”, explica a arquiteta.
Na Suíte do Hóspede, de Roberta Moura, Paula Faria e Luciana Mambrini, o espelho aparece no fundo de bacias penduradas na parede.
No Banheiro e Closet Infantil, de Flavio Hermolin, os espelhos
ganharam recortes divertidos, como uma peça de quebra-cabeça, um vestido e um coração.
Na Foto Galeria, de Izabela Lessa, os espelhos no teto trazem
o visitante para dentro da obra. “É um espaço para fotografias,
e quis que o visitante se visse como parte delas. As pessoas se
misturam com o espaço por meio do espelho, além de ser um
outro olhar para as obras”, explica a arquiteta. A preocupação
com o meio ambiente também faz parte do projeto: “O espelho
que utilizei é o Guardian, por ser considerado ecologicamente
correto. Ele tem uma série de diferenciais importantes durante
sua produção, como não utilizar materiais pesados como cobre e zinco e reaproveitar a água empregada no processo, que
vai para tratamento e se torna potável. A cola utilizada para
unir as placas ao forro do teto também é ecológica”, completa.
57
Foto: divulgação
Decor Estilo
Guarde os objetos
Foto: Thiago Barros
Estante de laca vermelha com fundo
espelhado enriquece o Hall dos Quartos
Também com fundo espelhado, a estante de
laca cinza mantém o tom neutro da decoração
da Sala de Música
58
Foto: Leonardo Costa
Se depender do que tem sido visto nas mostras da
Casa Cor esse ano, as estantes ficarão cada vez mais
despojadas e a laca terá vida longa. No Hall dos Quartos, Eliane Fiuza explorou o pouco espaço com uma
estante modular de laca vermelha com fundo espelhado, “para dar uma sensação de amplitude”, diz.
“Características marcantes do espaço, como o piso de
tábua corrida, as portas e alisares originais integram-se com peças de design minimalista, como a estante,
que tem estrutura bem leve”, completa.
Outra estante com fundo espelhado é da Sala de Música, de Lia Lamego e Monica Camargo. De laca cinza,
mantém a cor sóbria do ambiente e dá visibilidade
para a luminária, feita com capas de disco de vinil e
bem colorida.
No Escritório, de Denise Niemeyer, Eliane Amarante e
Mario Santos, a estante é de teca com recortes de laca
azul. “É uma espécie de Lego, com várias funções. Os
recortes em laca dão sensação de movimento, como
se fosse um corte na madeira, uma massa”, explica
Eliane. A mesa, no tom da estante, tem uma régua regulável na extremidade, que serve para encaixar livros
de diferentes tamanhos.
No Escritório, recortes de laca azul na estante de
teca dão movimento ao móvel
Foto: divulgação
Um pouco de cor
Detalhes em cores
quentes, como o
coral, se destacam
no fundo off-white
do Grande Hall
Fotos: divulgação
Tons quentes, que começam no amarelo, passam pelo laranja,
coral e vermelho e acabam no berinjela são os grandes destaques da paleta de cores dessa temporada. “São cores que combinam com o Rio de Janeiro”, diz o arquiteto Caco Borges. Presentes em objetos pontuais, são normalmente acompanhadas
por um fundo clássico, como o branco. No Grande Hall, a parede
off-white destaca as poltronas Voltaire, customizadas com tecido
de cor vibrante, um coral no mesmo tom do lustre do ambiente.
“Cor é emoção, mas devemos dar pinceladas ao invés de usar
em grandes quantidades”, recomenda Borges, autor do projeto.
O Quarto das Crianças tem espaço
para dormir, brincar e estudar
Integração
Estudar, brincar e dormir no mesmo lugar parece ser a proposta da arquiteta Juliana Neves, que, junto com Luciana Nasajon e Mabel Graham Bell projetou o Quarto das Crianças.
O espaço é dividido em três partes: área de dormir, com duas
camas e um sofá-cama; área de estudar, com mesa regulável
de acordo com a altura da criança ou adulto; e um mezanino
para brincar, onde os brinquedos podem ficar sempre disponíveis. Baús, gavetões e estantes garantem a organização. Na
escada, os degraus viram gavetinhas, para guardar miudezas.
“Um quarto com tonalidades unissex, para uma menina de
quatro anos e um menino de seis ou sete” indica Juliana.
Na Sala da Família, de Mauricio Nóbrega, o uso de veludo e
madeira traz sensação de aconchego. Poltronas, baús e bebidas compõem o espaço, onde é possível ler, beber um vinho
ou jogar conversa fora.
O espaço externo Estufa Experimental, de Antônio Cláudio de
Souza Leite, Flavia Martins e Felipe Lobão, vai além de um
local para cultivar plantas. Convivem com as espécies um sofá
com lona de caminhão, poltronas, churrasqueira, televisão e
uma bancada onde é possível fazer refeição. “Dá para rece59
ber os amigos, almoçar. Tem um tanque antigo e enferrujado,
original da casa, que mantivemos, onde é possível por gelo
e cerveja e acompanhar uma partida de futebol, uma corrida
de carro e ouvir música, por exemplo”, diz Leite. “E, além de
cultivar plantas, dá para plantar ervas de cheiro, que servirão
para temperar o churrasco”, completa.
Foto: divulgação
Foto: Rodrigo Azevedo
Decor Estilo
A Sala da Família e a Estufa Experimental
reúnem aconchego e funcionalidade
Fotos: divulgação
Vale a dica
Diversos
pendentes
Tom Dixon
utilizados
no mesmo
ambiente são
exemplos do
maximalismo
presente na
mostra. Living,
de Gisele
Taranto
No Escritório do Chef, de
Marcelo Jardim e Tiago Freire,
o abajur de piso ganhou forro
com estampa pied de poule
e o globo customizado tem
imagens de caveiras
60
Eles voltaram com tudo: papel de parede, texturas e revestimentos estão em alta e podem
ser vistos em diversos ambientes da mostra.
Na Suíte do Casal, a parede da cabeceira da
cama, as cortinas e os abajures têm a estampa Ikate, referência que Marcia Malta Müller
foi buscar longe. De acordo com a arquiteta,
a estampa era utilizada em casas de veraneio
elegantes nas décadas de 1930 e 1940, na região de Palma de Maiorca, Espanha.
Para quem pensa em forrar as paredes de
casa, Marcia dá uma dica: “Tecido ou papel
de parede devem ser utilizados em ambientes
com pé direito alto, pois dá impressão de diminuir o espaço.”
Foto: Denise Leão
Paredes cobertas
Na Suíte do Casal, o papel de parede ganhou a
mesma estampa dos tecidos do ambiente
Rede Casal Scorpion, da Trançarte, uma
espécie de cama de balanço, é trançada
à mão e tem couro náutico. Jardim do
Jardim, de Paula Bergamin
... e dourada,
na cabeceira da
cama da Suíte do
Rapaz, de Isabela
Augusto de Lima
e João Meireles;
ambiente tem
colcha feita com
lona de caminhão
Imagem de caveira também aparece, em preto e branco,
nas gravuras da artista Anna Luiza Vasconcellos, no
ambiente Estar Íntimo, de Marise Marini...
61
Queiroz Galvão São Paulo
Ilustração artística do Terraço Social
62
único
Nobre e
No Le Klabin, o espaço e a privacidade dos pavimentos
estão aliados à riqueza e ao aconchego das áreas sociais
63
Queiroz Galvão São Paulo
Ilustrações artísticas
da Fachada e do
Living Ampliado
A
64
partamentos extensos e edifício com todo o conforto que uma família precisa. Assim é o Le Klabin,
localizado no bairro Chácara Klabin, em São Paulo. O empreendimento da Queiroz Galvão tem 20
apartamentos tipo, sendo um por andar, com 268
metros quadrados e quatro suítes cada.
O living tem ambientes integrados e é estendido
pelo Terraço Social, espaço aberto que valoriza a
sala, a vista e a sensação de amplitude do lar.
Geograficamente privilegiado, o condomínio fica
numa rua arborizada e que dá acesso para avenidas
importantes na cidade, como a Paulista e a Bandeirantes. Está próximo a duas estações do metrô e a
importantes pontos de lazer, como academias, bares, restaurantes e o Parque do Ibirapuera.
Mas não é preciso sair de casa para usufruir de
infraestrutura voltada para o lazer: o Le Klabin tem
espaço gourmet, fitness, quadra recreativa, salão
de festas, piscina infantil, piscina coberta com raia
de 20 metros aquecida por energia solar, piscina
de adulto com hidromassagem, playground com
brinquedos estrategicamente posicionados para
atender diferentes faixas etárias e uma praça.
Ilustração
artística da
Piscina Adulto
e Infantil
Plantas e materiais nobres
“O paisagismo do Le Klabin acompanha o alto padrão
de qualidade do empreendimento. Tem gradil de vidro;
pisos com materiais nobres, como o granito; palmeiras
imperiais, ipês e plantas escultóricas, por exemplo”,
diz Benedito Abbud, paisagista que assina o projeto.
No hall social, um espelho d’água com borbulhas
e palmeira azul iluminada. Em seguida, a Praça da
Fonte e seus dois lounges, exemplos da sofisticação do empreendimento, com plantas frutíferas,
fonte e iluminação que cria um cenário aconchegante. De um lado, bancos almofadados e pufes,
que podem ser movimentados facilmente. Do outro lado, bancos rodeados por lanternas e velas,
numa espécie de sala de estar a céu aberto.
Ao fundo dos dois lounges, uma vegetação rica, com
árvores como a jasmim-manga. “É uma planta muito perfumada, que em determinada época fica sem
folhas e expõe seus galhos, que lembram uma escultura”, diz Abbud. “É um projeto com desenho que
perdura no tempo. Daqui há muitos anos ainda será
um empreendimento atual”, completa o paisagista.
O Le Klabin tem o serviço Personal Touch, que permite ao cliente customizar sua unidade com o auxílio de arquitetos e engenheiros especializados.
65
Queiroz Galvão Pernambuco
Luxo em
dose dupla
Edifícios Luiz Dias Lins e Maria
Ângela Lucena são as novas e
sofisticadas opções de moradias da
Queiroz Galvão em Pernambuco
O
local é o mais requisitado do Recife: na beira-mar de
Boa Viagem, com infraestrutura total e paisagens exuberantes. Não por acaso, o bairro tem expectativa de
vida de 74 anos e Índice de Desenvolvimento Humano
de 0,97% – o máximo é 1 –, de acordo com o Atlas de
Desenvolvimento Urbano de Recife 2006.
Ao longo da orla de aproximadamente sete quilômetros
de extensão, é possível apreciar jardins, coqueiros, esculturas, praças e uma igreja. O bairro ganhou impulso po-
66
pulacional em meados de 1800, quando o primeiro
trecho da Estrada de Ferro Recife-São Francisco foi
inaugurado. Anos depois, a construção da avenida
Boa Viagem, que corta todo o bairro, ajudou a desenvolver um pouco mais a região.
A beleza do bairro já inspirou versos, rimas e textos de grandes escritores, como o pernambucano
Gilberto Freyre, que no seu Guia Prático, Histórico e Sentimental da Cidade do Recife descreveu
Foto aérea dos
edifícios Luiz Dias Lins
e Maria Ângela Lucena
Boa Viagem como sendo a região que proporciona
aquilo que a cidade tem de melhor, um belo banho de mar: “Um banho em Boa Viagem é um dos
maiores regalos que o Recife oferece a adventícios,
tanto quanto a nativos. Uma das experiências mais
recifenses que o adventício pode ter no Recife: um
mar de água morna, um sol que em pouco tempo
amorena o corpo do europeu ou do brasileiro do
Sul; vento fresco; recifes, sargaço.”
Fotos da piscina e
do fitness do Maria
Ângela Lucena
67
Queiroz Galvão Pernambuco
Fotos da sauna e do espaço
para massagens do Maria
Ângela Lucena
Conforto por todos os lados
Nesse contexto de bem-estar e sofisticação estão
dois recentes edifícios da Queiroz Galvão: o Maria
Ângela Lucena e o Luiz Dias Lins (LDL), prontos para
morar e verdadeiros sonhos de consumo. Ambos
estão localizados em frente à orla de Boa Viagem, e
cada empreendimento tem apartamentos tipo com
quatro suítes, todas de frente para o mar.
O Maria Ângela tem 39 pavimentos – com um
apartamento tipo de 401 metros quadrados por
andar –, mais uma cobertura duplex.
Além das tradicionais áreas sociais, como piscina
68
com raia semi-olímpica aquecida de 25 metros e
fitness, o Maria Ângela possui espaços voltados para
o bem-estar, como spa Splendid com hidromassagem
aquecida, sauna, salas de massagem e jardins com
paisagismo, projetados por Luiz Vieira.
Nos apartamentos, suítes master com 50 metros quadrados e dois banheiros, sala de 130 metros quadrados para
seis ambientes, varanda, espaço para circulação, vista
para o mar a partir das quatro suítes e hall social privativo.
O LDL, também na beira-mar, tem 32 pavimentos
tipo mais a cobertura duplex, com dois apartamentos tipo por andar, de 235 metros quadrados cada.
Tem sala para três ambientes, varanda, vista para o
mar a partir das quatro suítes, estar íntimo, rouparia, lavabo e ambientes de serviço.
No edifício, salões de festa gourmet e de jogos, piscina, ducha, fitness e antena coletiva de TV, além das
áreas que promovem descanso, como local para relax, terraço descoberto, sauna e spa.
Com tantas vantagens, os empreendimentos são um
incentivo para que o morador sinta a exclusividade
da área nobre de Recife dentro e fora de casa.
Uma grande parceria
comprovada por milhares
de sorrisos.
A Brasil Brokers Jairo Rocha se orgulha
da longa parceria com a Queiroz Galvão
e a liderança absoluta de vendas nos
últimos cinco anos. Mais do que grandes
resultados, a certeza de felicidade
na vida de milhares de famílias.
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67
Art Cinema
Brasileiros em
Hollywood
L
70
á se vão mais de 70 anos desde que Carmen Miranda conquistou Hollywood com seu sorriso permanente, olhar penetrante e chapéu enfeitado com bananas. Nos dias de hoje, os
brasileiros prescindem dos acessórios chamativos para brilhar no cinema mundial.
Carlos Saldanha, por exemplo, utiliza os computadores. Nascido e criado em Marechal Hermes, no Rio de Janeiro, mudou-se para os Estados Unidos porque mal se sabia o que
era computação gráfica no Brasil. Começou a se destacar no
cenário mundial da animação como codiretor do sucesso A
Era do Gelo, de 2002. Depois, vieram duas sequências da
produção e Robôs. Tanto sucesso permitiu que ele fizesse um
filme inteirinho dedicado à sua cidade-natal. Rio foi um estouro tão grande que, poucas semanas após sua estrondosa
estreia, o diretor anunciou a continuação.
Também em 2002, um filme brasileiro alavancou a carreira
internacional de muita gente. Para começo de conversa, Ci-
Fotos: divulgação
Atores e diretores que fazem sucesso em
produções de cinema internacionais
Carlos Saldanha ficou
conhecido no exterior após ser
codiretor de A Era do Gelo
71
Art Cinema
dade de Deus, indicado a quatro Oscar, tornou o
próprio diretor, Fernando Meirelles, um nome conhecido no planeta inteiro. Três anos mais tarde, ele
estreava sua primeira produção falada em inglês,
O Jardineiro Fiel, que rendeu a Rachel Weisz um
Oscar de melhor atriz coadjuvante. Em 2008, viria
Ensaio sobre a Cegueira, baseado na obra de José
Saramago. E, agora, o paulistano finaliza 360, com
Anthony Hopkins no elenco. A cobrança sobre seus
ombros é grande. “Sinto que sou superestimado às
vezes, e essa sensação não é das melhores. Mas
não me deixo abalar pelas expectativas. Continuarei
72
fazendo os filmes que quero fazer e pronto”, disse o
cineasta à revista Joyce Pascowitch.
Em Cidade de Deus, uma garota morena, de longos cabelos encaracolados, estreava como atriz.
Alice Braga tinha tudo para seguir os passos da
tia, Sonia Braga, que engatou trabalhos sólidos
nos Estados Unidos depois de sucessos como
Dona Flor e Seus Dois Maridos. E seguiu. De 2007
para cá, ela apareceu ao lado de Will Smith em
Eu Sou a Lenda, Adrien Brody em Predadores e
Anthony Hopkins em O Ritual. Mas a atriz diz que
não pretende abandonar o Brasil. “Estou a fim de
Foto: João Miguel Jr/divulgação
Rodrigo
Santoro tem
um agente nos
Estados Unidos
José Padilha
dirige Wagner
Moura em
Tropa de Elite 2
trabalhar, seja onde for”, afirmou à revista Preview.
Não que estar cada hora em um lugar seja fácil.
“A saudade é meu estado permanente. Mas amo
tanto o que faço...”
Rodrigo Santoro é outro que alterna os trabalhos
nos filmes brasileiros com as produções estrangeiras, desde Carandiru (2003). Muito se falou sobre
seus papéis breves em As Panteras Detonando,
300 e Simplesmente Amor, mas o ator nem liga.
Costuma dizer que não tem problemas em fazer
personagens pequenos fora do Brasil e nem no
Brasil, pois a forma como se dedica aos persona-
gens é a mesma, independentemente da quantidade de cenas em que ele apareça. Para ele, o que
vale é a experiência. Entre seus próximos projetos
fora do país estão Hemingway & Gellhorn, com Nicole Kidman, e Falling Slowly, com Mandy Moore.
Por fim, o sucesso estrondoso de Tropa de Elite, de
2007, colocou no mapa tanto seu diretor, José Padilha, quanto seu protagonista, Wagner Moura. No
último Festival de Berlim, o cineasta já confirmava o
interesse de Hollywood, mas mostrava certo ceticismo. “Quanto maior o orçamento, menor o controle.
Não digo que não farei uma grande produção, mas,
se topar, vou com medo”, afirmou na época.
Pouco tempo depois, foi anunciado que ele dirigiria uma nova versão de Robocop. Moura também
demonstra a mesma desconfiança. “Estou aberto
a trabalhar em qualquer lugar. Tenho um agente
nos Estados Unidos. Mas as coisas que eu quero
fazer, eles querem que o Javier Bardem faça”, brincou. Poucas semanas mais tarde, ele foi escolhido
o vilão de Elysium, novo filme do cultuado diretor
Neill Blomkamp, de Distrito 9, estrelado ainda por
Matt Damon e Jodie Foster.
Hollywood sempre precisa de talentos, e isso o cinema brasileiro está provando ter de sobra.
73
Em atenção às leis federais nº 4.591/64 e nº 8.078/90 (CDC), informamos que todas as imagens apresentadas neste material publicitário são meramente ilustrativas dos imóveis a serem construídos. O Memorial de
Incorporação do Engenho Apipucos Virgílio Augusto de Sá Pereira encontra-se registrado no 3° Cartório de Registro Geral de Imóveis sob o n° R6 da matrícula 12.823. *De acordo com as especificações da construtora.
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Foto: Robson Xavier
Piscina aquecida com raia semiolímpica de 25m.
SPA Splendid com sauna, ducha
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Art Cultura
Do sertão
aos palcos
Projeto social do Recife remonta musical
dramático inspirado em lenda cearense
Por Lila de Oliveira
76
P
ersonagem mitológica do sertão nordestino,
Lua Cambará é filha de um coronel branco com
uma escrava, mas rejeita a ascendência negra,
semeando o mal por onde passa. No espetáculo
de dança contemporânea que conta sua história,
transparecem sentimentos como amor, ódio, poder, ambição e medo.
“Tudo é expresso por meio do canto e da dança”,
afirma Clara Machado, que assina, com Ana Emília
Freire, a direção artística e a coreografia da peça.
“Os movimentos dos bailarinos são tão sutis e ao
mesmo tempo tão marcantes, que muitos dos elementos cenográficos puderam ser dispensados
sem que a narrativa fosse prejudicada”, diz.
77
Art Cultura
“Mesmo quem não entende todo o enredo acaba
gostando do que vê, pois esta é uma peça para
ser sentida”, afirma Cecília Brennand. A bailarina
– que dirige a ONG Aria Social, de onde vieram
os 46 integrantes do elenco – participou da primeira versão do espetáculo, encenada em 1990,
e decidiu remontá-lo por acreditar na importância da preservação da cultura sertaneja. “Também
por isso fizemos questão de excursionar pelo Sudeste, onde a tradição oral nordestina é pouco
conhecida”, afirma.
Entre as novidades trazidas para essa montagem está a trilha sonora, interpretada ao vivo.
A música foi composta pelo instrumentista Antonio Madureira e ganhou letra de Assis Lima e
Ronaldo Correia de Brito – autor do conto que
originou a peça, escrito em 1970. O resultado
78
dessa mistura é uma combinação de elementos
da música clássica com fortes influências da cultura nordestina.
O coral do Aria é acompanhado por percussionistas da própria ONG, além de músicos contratados para a turnê, que tem patrocínio da Queiroz Galvão. Desde agosto de 2010, o grupo já
passou por cidades como Recife, Maceió, Natal,
São Paulo, Rio de Janeiro e Ouro Preto.
Estreia em grande estilo
Cecília Brennand sabia que tinha um grande desafio pela frente quando convidou seus alunos
para a ousada montagem. “O texto é riquíssimo
e a gente queria uma interpretação mais abstrata,
diferente do que já tinha sido feito”, conta. “Não
Ficha técnica
Direção geral:
Cecília Brennand
Deborah Priston
Coordenação geral:
Coreografia e direção artística:
Ana Emília Freire e Carla Machado
Texto: Ronaldo Correia de Brito
Música: Antonio Madureira
Letra: Ronaldo Correia de Brito
e Assis Lima
Direção musical e regência:
Rosemary Oliveira
Violão: Rosemary Oliveira
Teclados: Rosemary Oliveira
e Danielle Batista
Flauta: Adriana Nascimento
Percussão: Charly Jadson,
Davidson Oliveira e Manoel Júnior
Cenário e criação de figurino:
Beth Gaudêncio
Confecção de adereços: Jeremias da Silva
e Maria do Socorro Figueiredo
Confecção de figurino: Nafis Santana
e Wedna Vasconcelos
Técnica de som: Isabel de Brito
Iluminação: Saulo Uchôa
foi uma tarefa fácil, já que a maioria dos dançarinos nunca tinha pisado em um palco, mas
eles se envolveram de tal forma que, ainda no
início dos ensaios, conseguimos a autorização
para encenar o texto.”
Leidiane Silva Dornelas aprendeu a dançar no
Aria Social, onde se tornou professora, e hoje,
aos 30 anos, afirma que fazer parte do elenco
do musical está sendo muito importante para
o seu processo de amadurecimento. “Na peça,
trabalhamos os sentimentos de uma forma muito profunda. É algo que vai muito além da
personagem”, explica.
Para Flávio Henrique da Silva, a turnê também é
uma “experiência muito enriquecedora”. Aos 22
anos, o bailarino – que também leciona na ONG
– se diz honrado por estar no grupo. “Estou traba-
Passagem do espetáculo pelo Sudeste
divulga a tradição oral do Nordeste
lhando com profissionais incríveis e, além disso, a
história da Lua Cambará mexeu bastante comigo
porque é um drama muito intenso”, afirma Flávio,
que frequenta as aulas da instituição desde 2007
e a considera sua segunda casa.
O Aria Social foi fundado em 2004 e tem como principal objetivo a transformação humana por meio da
arte. As oficinas gratuitas – de canto, dança, percussão e confecção de instrumentos, entre outras
– são oferecidas a alunos de escolas públicas das
cidades de Recife e Jaboatão dos Guararapes.
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Rua Dalcidio Jurandir, 255, sala 136
Rio de Janeiro
Tel.: (21) 3387-7978
Eliane Fiuza
Rua Dalcidio Jurandir, 255, sala 319
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Tel.: (21) 2438-4282
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O melhor lugar do mundo
A
82
brir a porta, calçar um chinelo quentinho e macio, sentar-se naquela poltrona que lembra um abraço de tão
confortável... Não há nada como chegar em casa depois
de uma jornada de trabalho. “Todo dia a gente devia poder tirar umas horinhas de férias. E em casa mesmo.” A
frase não é minha, é da Clarice Lispector. E, sendo bem
sincera, não é nada fácil entrar assim, de um estalo, só
porque a gente está a fim, em clima de férias. Custa um
bocado – de tempo e de esforço mental – esquecer
da fechada que você levou do motorista mal-educado,
relaxar ombros e pescoço tensos depois de um dia apagando fogos esparsos no escritório e resolvendo por
telefone problemas na escola do filho.
Mas se você consegue (acredite, todos somos capazes),
é uma delícia. Porque, melhor que férias, só mesmo a
sensação de estar em férias. Aquele sentimento difuso
de que as horas serão uma sucessão de experiências novas, um olhar atento que é capaz de ver uma beleza que
já estava ali, mas foi apagada pelo peso da rotina. Você
já percebeu que quando fugimos do cotidiano temos a
impressão de que fazemos muito mais coisas, quem um
dia de férias parece valer por uns três trabalhando? É
porque o tempo, para nosso inconsciente, não existe. É
subjetivo. Vale pelo que vivemos com intensidade, não
pelo distância que percorrem os ponteiros do relógio.
Bem, agora voltamos a você sentado na poltrona
confortável. E a Clarice, essa mestre que era capaz
tanto de mergulhar numa alma atormentada quanto
de dar conselhos de beleza às moças de sua época.
A casa, para ela, é um refúgio onde a chatice do patrão e as intrigas não chegam. “Um lugar bom para
ser.” Para ser, por exemplo, criativo! Recentemente
visitei a casa de Vic Meirelles, o principal designer
de flores do País. É um verdadeiro delírio criativo e
colorido. Tem cristais de várias origens, almofadas de
tecidos modernos ou de artesanatos ancestrais do
Leste Europeu, obras de arte, bonecos, esculturas...
Cada canto forma uma espécie de instalação de arte
com características próprias. O cara não tem medo
de ser feliz! Eu pensei: qual é o segredo de misturar
tanta coisa e manter o bom gosto? E logo respondi,
com meus botões: a paixão. Ele é um apaixonado
pelo que faz, pela casa, pelos amigos, pela família.
Cuida de cada detalhe, imagina cenários para a sua
vida, e a casa é a verdadeira expressão de uma vida
rica e intensa. Faça da sua também uma expressão
de você mesmo. Coloque um ramo verde no vaso,
acenda uma vela para quebrar a intensidade da luz,
coloque uma música linda e curta bem as suas horinhas diárias de férias.
Foto: Zsuzsanna Kilian / sxc.hu
Habitar Crônica de Maria Pinzon
Movimentamos diariamente 1 bilhão de pessoas
no mundo.
Isso quer dizer que em 1 semana movemos o mundo.
Para nós, elevadores, escadas e esteiras rolantes são mais que simples meios de
transporte. São responsáveis pelo movimento da vida e pela mobilidade de milhões
de pessoas ao redor do mundo. Para sermos mais exatos, transportamos 1 bilhão de
pessoas diariamente em nossos equipamentos em mais de 100 países.
Esse impressionante número nos dá orgulho e satisfação. Afinal, cada uma
dessas vidas, com seus sonhos, ideias e emoções, deve ser levada por nossos
equipamentos com segurança e conforto.
Por isso, é pensando em você que buscamos, todos os dias, soluções inovadoras,
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Edição nº 10 | Janeiro/2012 +