Responsáveis Desejamos a todos os nossos leitores e amigos um Páscoa feliz. António Colaço Maria Cecília Braga 50 exemplares O JORNALINHO Nº 14 • Abril 2009 CASAS DA RIBEIRA — MAÇÃO ~~~~~~~~~~~~~~~ ~~~~~~~~~~~~~~~ http://www.areopago.com.pt Preço: €1,00 (gratuito para os habitantes de Casas da Ribeira) Vila Branca, Rua Principal, 245, Casas da Ribeira — 6120-724 Mação ANEDOTA EDIÇÃO DE PÁSCOA! Num jantar em que os convivas estão muito apertados, o conde de Cerro Velho ficou com um dos pés da mesa entre as pernas. A dada altura, reparou que a senhora que estava ao seu lado revelava sinais de indisposição. – Está-se a sentir bem, minha senhora? – Não estou lá muito bem, senhor conde. Sinto que me falta o ar; estou aqui muito apertada, muito incomodada. – Ora, minha senhora..., se tivesse entre as pernas o que eu tenho aqui entre as minhas! QUOTAS DA S.C.R.C.R. ESTÃO A PAGAMENTO ENTREVISTA À DONA MARIA DA CONCEIÇÃO MARQUES PAISANA CONHEÇA A LINGUAGEM HTML TRATAR-SE COM A AROMATERAPIA Página 9 Para andar põem-me a capa, Para andar hão-de ma tirar; Com capa não ando, Sem capa não posso andar. SOLUÇÕES DO N.º ANTERIOR 1. borracha do vinho 2. metade de uma meia Página 2 Página 2 ADIVINHAS Armadinha nova, De bom parecer, Nenhum carpinteiro A pode fazer. Só Deus do céu Tem esse poder. AS REGRAS PARA FAZER QUEIMADAS Página 10 RECEITA PASCAL ANIVERSARIANTES DO MÊS DE ABRIL Página 6 Dia 04 - Clotilde Joaquina Dia 09 - Alice Marques Branqueiro Os responsáveis pel'O Jornalinho desejam muita alegria nestes dias tão especiais, bem como as maiores felicidades nos anos vindouros. Que os vossos sonhos ainda se possam realizar. VIVER COM SABEDORIA APLICAÇÕES DO VINAGRE Páginas 3 a 6 PEREGRINAÇÃO A SANTIAGO DE COMPOSTELA Página 8 Página 7 TAREFAS AGRÍCOLAS DE ABRIL | ANIVERSARIANTES | CULTURA | CURIOSIDADES | PASSATEMPOS 2 O JORNALINHO EDITORIAL Chegou a Primavera e com ela o tempo mais quente e seco. Com as chuvas de Inverno as matas cresceram, as ervas medraram. Com o calor da nova estação o pasto seca e transforma-se numa autêntica mecha para a floresta. Uma faísca, um descuido, e é o suficiente para a tragédia voltar a acontecer. Ainda estão frescos na memória os incêndios de 2003, que consumiram toda a floresta em volta desta aldeia de Casas da Ribeira e chegaram a pôr em risco as próprias casas e a vida dos habitantes. As queimas e queimadas feitas por esta altura são perigosíssimas e totalmente proibidas sem as devidas autorizações camarárias e vigilância das autoridades competentes. Segunda a legislação em vigor (Dec.-Lei nº 124, de 2006), as queimadas (uso do fogo para a renovação das pastagens) carecem de autorização escrita da Câmara Municipal, com o parecer dos Bombeiros, que devem inspeccionar o terreno a queimar e determinar a melhor hora para o fazer. As queimas de sobrantes não necessitam de licenciamento, mas é necessário avisar os Bombeiros. A não observação destas regras pode acarretar pesadas multas para o infractor. Em todos os casos, deve-se sempre observar as condições meteorológicas, a velocidade e direcção do vento, a temperatura ambiente, manter sempre vigilância permanente durante a queima, e abandonar o local somente quando exista a certeza de que daí não surja reacendimento. Estas regras são essenciais para a segurança de todos e para a preservação da Natureza. ABRIL 2009 NOTÍCIAS ABRIL 2009 11 O JORNALINHO TERAPIAS NATURAIS LITERATURA CANÇÃO DA FADA MALMEQUER Quotas da Associação a Pagamento (continuação) As quotas da Associação Cultural e Recreativa de Casas da Ribeira para o ano de 2009 encontram-se a pagamento, cabendo ao Sr. Elizardo Pita a sua cobrança. Solicitamos, assim, a todos os sócios que regularizem o mais brevemente possível a sua situção contributiva, uma vez que esta Associação só poderá sobreviver com o apoio de todos nós. TAREFAS AGRÍCOLAS DE ABRIL Nos campos - Preparam-se os campos para as sementeiras do feijão, da luzerna, do grão, do milho, da beterraba. Nas hortas - Acaba-se a preparação dos terrenos destinados às sementeiras e plantações da época. Semeiam-se abóboras, tomates, pepinos, pimentos, agriões, alfaces, cenouras, coentros, tomilho, cominhos, couves lombardas, repolhos, bróculos, couve portuguesa. Aplica-se adubo natural azotado nas hortaliças já pegadas, tendo cuidado para não atingir as folhas. Nos jardins - Plantam-se begónias e gladíolos; semeiam-se amores perfeitos, campainhas de trepar, manjericos, perpétuas, petúnias, zínias, baunilha, malvaíscos, abóboras ornamentais. Vulgarmente, pode adquirir numa ervanária ou dietética os óleos que sugerimos para tratar alguns dos problemas de saúde indicados, nunca aumentando as quantidades e o tempo recomendados: 3-4 gotas num pequeno frasco de óleo de amêndoas doces para massajar a parte afectada; 4-6 gotas na água do banho; 3 gotas diluídas em água quente para inalar ou perfumar o ambiente; 3 gotas diluídas em água destilada ou álcool para aplicar nas roupas; os tratamentos não devem ultrapassar os 15 dias. Pode usar apenas um dos óleos ou combinar dois ou três simultaneamente. • nervosismo, stress, depressão, ansiedade, angústia, insónia - óleos de alfazema, bergamota, ylang ylang, vetiver, neroli, sândalo, alecrim, laranja. • próstata, infertilidade, impotência, frigidez, dores menstruais - óleos de jasmim, sândalo, vetiver, gengibre, funcho, limão, alfazema, gerânio, árvore do chá. • cólon irritável, barriga inchada, flatulência, azia - óleos de hortelã-pimenta, camomila, pimenta preta, bergamota, funcho, gengibre, neroli, alfazema. • ossos e articulações, dores musculares - óleos de vetiver, alecrim, cipreste, hortelã-pimenta, camomila, limão, laranja, gengibre, funcho. • tosse, bronquite, asma, rinite, sinusite, rouquidão, constipação e gripe eucalipto, pinheiro, limão, cedro, árvore do chá, sândalo, rosa, neroli, benjoim. Ó Sol grandioso no céu, Por cima da minha cabeça, No alto, tão dourado e glorioso! Repara que as minhas pétalas Também são douradas; Elas também brilham, Mas não tanto como tu. Espalho muitas sementes E onde elas caem no chão, Mais malmequeres hão-de nascer, Mais flores se hão-de abrir Em horas solares. Por isso eu gosto tanto de ti! Volto-me para te ver, Quando vais dormir. Sem a tua luz, não há alegria. Olha-me, ó glorioso, E inunda-me com a tua luz! The Complete Flower Fairies Collection, Cicely Mary Barker, London, Fredrick Warne, 2002, trad. Maria Cecília Braga 10 O JORNALINHO ABRIL 2009 TERAPIAS NATURAIS O JORNALINHO madeiras e gomas aromáticas. Na múmia do faraó Tutankhamon foram detectados óleo de cedro, especiarias e gomas de olíbano e mirra. O grande médico grego Hipócrates recorria ao remédio natural «megaleion», que continha mirra e canela, para tratar feridas e fazer perfumes. O médico árabe Avicena inventou a destilação dos óleos para retirar os elementos químicos da rosa. Na Idade Média, o médico Nicholas Culpeper publicou um herbário (1649), em que descrevia as ervas e revelava o seu processo para extrair os óleos das plantas. No século XX, a Aromaterapia desenvolveu-se no Ocidente, a partir dos anos 20 e 30, com os trabalhos do químico de perfumes francês René-Maurice Gattefossé e, a partir dos anos 70, com as teorias e práticas do inglês Robert Tisserand. Os óleos mais utilizados em Aromaterapia são os de alfazema, rosmaninho, eucalipto, pinheiro, cedro, olíbano, árvore do chá, ylang ylang, bergamota, cipreste, sândalo, alecrim, neroli, hortelã-pimenta, tomilho, manjerona, salva, funcho, camomila, vetiver, zimbro, pimenta preta, gengibre, benjoim, jasmim, rosa, gerânio, jojoba, laranja, tangerina, limão, amêndoas doces. Antes de iniciar qualquer tratamento, é bom não esquecer que os óleos contêm propriedades químicas que interagem com o organismo, para o mal e para o bem. Aconselhamos por isso que se informe ou consulte uma pessoa especializada sobre os tipos de óleos indicados para o distúrbio em causa, as quantidades e a duração do tratamento. 3 ENTREVISTA VIVER COM SABEDORIA AROMATERAPIA A Aromaterapia é um tratamento baseado em óleos essenciais muito concentrados, diluídos em óleos transportadores, em água destilada ou álcool, que são retirados de plantas, flores, frutos, madeiras, cascas, sementes, e aplicados nas zonas do corpo a tratar. O terapeuta aplica o óleo por meio de massagens ou inalações, recomendando como perfumes, atomizadores de ambiente, em banhos, nos lenços de assoar, almofadas, toalhas turcas, roupa interior. Conhece-se o emprego da Aromaterapia para fins medicinais já no antigo Egipto, em que os óleos extraídos eram usados para tratar doenças, fazer perfumes e embalsamar os mortos. Os médicos conservavam os corpos com óleos de plantas, ABRIL 2009 O fim da tarde de Novembro já trazia os primeiros frios que anunciavam o Inverno. Subimos à Serra para conversar com a Dona Maria, uma mulher pequena, mas ainda muito viva e cheia de genica, apesar da doença crónica de que padece. Logo nos abriu a porta sorridente. De imediato nos mostrou a horta verdejante e os cantos à casa. Entrámos para a sua cozinha com lareira, onde os belos cheiros a coentros e a fruta recém-colhidos perfumavam o ambiente. JORNALINHO - Boa tarde, Dona Maria. Aqui estamos conforme o combinado. Vamos lá ouvir o que nos tem para contar. Em primeiro lugar, que idade é que a senhora tem? MARIA - Eu tenho 78 anos. J. - E há quanto tempo é que vive em Casas da Ribeira? M. - Eu nasci na Fadagosa. Quando o meu pai veio prá aqui, procurou uma casa. Eu não me lembro, que era pequenina. E aqui ficámos e aqui casei. J. - Nesta mesma casa, neste terreno? M. - Na parte de baixo, lá ao fundo da ribeira. Éramos cinco irmãos, casáramos lá. O meu pai que Deus tem mais o meu sogro fizeram esta casinha e aqui tenho estado. Quando eu tinha aí 40 anos fui pra baixo; fui pra Alhos Vedros. J. - A senhora não viveu sempre aqui... M. - Não, fui viver pra Alhos Vedros porque o meu marido já lá estava a trabalhar como pedreiro, e eu empreguei-me numa fábrica. Saiu daqui por não haver trabalho e depois vinha quando podia. Eu empreguei-me numa fábrica, ela fechou e eu fui para outra, havia muitas fábricas, e lá reformei-me. J. - O que fazia na fábrica? M. - Trabalhava na cortiça. Mas havia lá muito pó e foi assim que apanhei a minha doença, mas a bronquite não apanhei na fábrica. É por isso que tenho aqui este aparelho (levanta-se e mostra a botija de oxigénio e o inalador). J. - A senhora parece ter uma doença profissional. Veio embora com alguma indemnização? M. - Não vim nada! Não me pagaram nada! Os medicamentos tenho de pagá-los à minha conta. Só não pago o oxigénio, mas tenho de pagar a luz que fica mais cara por causa do aparelho; puxa muito; gasto muita luz. Gasto mais do dobro do que costumava pagar. J. - Deviam ter-lhe dado qualquer coisa. A senhora trabalhou na fábrica quanto tempo? M. - Trabalhei lá dezoito anos. Muitos ainda apanharam alguma coisa, mas eu não apanhei. Tenho a minha reforma. Já está tudo resolvido, mesmo que a gente queira já não pode fazer nada. É assim. J. - A Dona Maria casou com que idade? M. - Casei com vinte e três anos. J. - O seu marido também era de Casas da Ribeira? M. - Também, o meu marido era irmão do Ti Gueifão. 4 O JORNALINHO ABRIL 2009 ABRIL 2009 ENTREVISTA J. - Então o seu marido era irmão do senhor Manuel Gueifão e do senhor António Frade? M. - Sim, senhora. J. - Como é que ele se chamava? M. - Hermenegildo Gueifão. J. - Casou com vinte e três anos e ficou aqui. Com que idade teve o primeiro filho? M. - Depois de casada fiquei logo grávida ao fim de um mês. Mas depois tive mais dois filhos, mas morreram-me. Fiquei só com o primeiro. Depois lá em Alhos Vedros o meu marido morreu e eu ainda fiquei a trabalhar, depois reformei-me e o meu filho casou. Então eu vim prá aqui e aqui tenho estado. J. - Portanto, a Dona Maria está viúva há quantos anos? M. - Há vinte e oito anos. Tem sido um bocado difícil; sinto-me só; não gosto de estar só. J. - Mas está sempre aqui com os seus vizinhos... M. - Pois estou. Há pessoas que se sentem na paz sozinhas, eu não. Vou falar um bocado com eles, tenho de me adaptar. Não estraguei a vida de ninguém; não estraguei nada. J. - Como foi a sua vida depois? M. - Vim prá aqui e agarrei-me aqui à horta, aos frangos; agarrei-me a isto. Muitas vezes senti-me um bocado pra baixo. Mas aqui ando. A idade também já não é nova e a gente também tem sofrimentos e chega a uma altura que não pode. Olhe, vai-se andando. Mesmo assim ainda faço tudo. J. - Então o que é que andou a fazer hoje na horta, conte-me lá. M. - Andei a semear um canteirinho de cebola e andei a cuidar da criação. J. - Ah, bom, também tem criação! E que animais tem nas capoeiras? M. - Galinhas, frangos e codornizes. J. - Quantos bichos tem ao todo? M. - Tenho vinte codornizes, quatro galinhas, dez frangos..., também já tive patos..., agora não tenho, tive oito. J. - O que dá às codornizes? M. - Dou-lhes trigo e milho partido e migo hortaliça miudinha e dou-lhes. Como as codornizes e os ovos, às vezes mato uma galinha pra fazer canja. O resto mato e também dou ao meu filho e à minha nora. Não preciso de tanto. J. - Ainda tem vinho? M. - Tenho. É vinho morangueiro. J. - Quer falar mais do seu dia-a-dia? M. - Levanto-me às nove horas porque já não trabalho e está muito frio. Lavo-me, tomo os comprimidos, como uma banana - disseram que a banana era muito boa prá bronquite e prás cãibras depois vou dar comer às criações e vou prá horta. Também tenho uma horta em Mação, prós lados da Igreja de São Domingos, tenho esta e tenho a da Fadagosa, mas não posso, não posso, e o meu filho também não pode, sofre da coluna. Esta aqui ainda vou dando com ela, até ver... Olhe, vou-lhe arranjar ali uns coentros, não quer? J. - Quero, sim, muito obrigada, Dona Maria. Bem, e agora gostaria que me dissesse o que fazia quando era moça, antes de casar. Também andava aqui a trabalhar no campo? M. - Andava a trabalhar na resina, mas em Mação. J. - Concretamente, o que fazia nesse trabalho da resina? M. - Fazia uns golpes nas cascas dos pinheiros, pra dentro dumas tigelas, e o O JORNALINHO 9 O CIDADÃO A LINGUAGEM HTML No seguimento do número anterior, vamos hoje dar-lhe as primeiras noções de HTML, a linguagem com a qual escrevemos as páginas do nosso sítio. Vamos criar a nossa primeira página, uma receita para uma salada. Podemos escrever uma página de internet em qualquer processador de texto que grave em formato .TXT (texto simples), por exemplo, o Bloco de Notas (Notepad). Abra o seu Bloco de Notas e escreva: <html> <head> <title>As minhas receitas!</title> </head> <body> <h1>RECEITAS SABOROSAS</h1> <h2>SALADAS</h2> <h3>Salada Primavera</h3> <ul><b>Ingredientes:</b> <li>1 pepino <li>1 pimento vermelho <li>1 cenoura grande <li>200g de feijão branco cozido <li>100g de milho-miúdo cozido <li>200g de ervilhas cozidas <li>azeitonas <li>azeite biológico <li>sumo de limão <li>sal integral q.b.. </ul> <p>Descasque a cenoura e o pepino e corte-os às rodelas finas. Misture o pimento em pequenas tiras. Adicione o feijão, o milho e as ervilhas, mexendo tudo muito bem. Tempere ao seu gosto com sal, azeite, sumo de limão. Sirva à temperatura ambiente. </body> </html> Agora grave o texto com o nome "receitas.html". Já está! Verificamos, desde logo, que todo o texto está envolvido em etiquetas (tags). São elas que contêm, controlam e apresentam o texto. As páginas iniciam-se com a etiqueta <html> (= início de html) e acabam com </html> (= fim de html). Depois divide-se em dois grandes blocos: a cabeça, que se inicia com <head> e finaliza com </head>, e o corpo principal, que começa com <body> e acaba com </body>. Dentro do cabeçalho podemos pôr o título da página (<title> ... </title>). Dentro do corpo podemos ter cabeçalhos de vários tamanhos (<h1> .. </h1>, <h2> ... </h2>, <h3> ... </h3>), parágrafos (<p> ... </p> o parágrafo não precisa de ter uma etiqueta a fechá-lo e, portanto, a </p> é opcional) e, entre muitos outros elementos, listas de itens. Estas começam com <ul> e acabam com </ul>. Lá dentro temos os itens, que se iniciam com <li>, sendo o </li> opcional. A etiqueta <b> ... </b> põe o texto em negrito (bold). A nossa página está completa. Depois de gravá-la, basta clicar para, no seu computador, ver o efeito. Pode editá-la até ter o resultado que deseja. Então é só carregá-la para o seu servidor para ela ficar on-line (ver edição anterior d'O Jornalinho). Nos números seguintes ensinamos-lhe outras etiquetas, como por exemplo, como adicionar imagens à sua página. Se quiser saber mais, existem imensos livros sobre HTML que pode comprar ou cursos sobre esta linguagem que pode consultar na internet. 8 ABRIL 2009 O JORNALINHO DICAS PRÁTICAS APLICAÇÕES DO VINAGRE Use o vinagre misturado em água em partes iguais para: • Retirar cimento da parede ou do chão; • Dar brilho a pratas, cromados, latão, cobre; • Tirar riscos de esferográfica; • Eliminar nódoas de gordura, de sangue, de ferrugem; • Limpar alcatifas (tira as nódoas e aviva as cores); • Desinfectar o lava-louça, o frigorífico e as louças sanitárias; • Retirar cera de velas; • Limpar vidros; • Remover o calcário do chuveiro; • Desinfectar escovas de dentes; • Tirar a electricidade estática de roupas de fibra sintética; • Lavar e desinfectar legumes; • Acelerar a germinação de sementes; • Prolongar a vida das flores numa jarra; • Matar insectos (da horta e da despensa: traças, moscas da fruta); • Repelir formigas, gatos e cães; • Aclarar as manchas da pele; • Massajar músculos doridos; • Amaciar calos; • Avivar cabelos louros; • Eliminar a caspa e dar brilho aos cabelos; • Aliviar as dores de queimaduras solares e de picadas de insectos. CULTURA SUGESTÕES CULTURAIS PARA O MÊS DE ABRIL Livro - Longe de Manaus, Francisco José Viegas, 2006. Um romance policial recheado de peripécias, cuja acção se desenrola entre Portugal e o Brasil. Filme - Shine, de Scott Hicks, com Geoffrey Rush e Lyinn Redgrave, 1996. A história de um pianista genial, que na infância foi dominado pelo pai e acaba os seus dias num hospício. Música - Mingos e os Samurais, Rui Veloso, EMI - Valentim de Carvalho, 1990. Um Cd duplo com as canções mais populares deste cantor, de que destacamos Não Há Estrelas no Céu, O Prometido é Devido, O Trolha d'Areosa. ABRIL 2009 O JORNALINHO 5 ENTREVISTA pinheiro sangrava prá ali e depois despejávamos pra umas latas. Também sachava milho e apanhava azeitona, era o que aparecesse. E quando era ao domingo à tarde, os moços iam prá fonte namorar. Mas antes íamos à missa... Só íamos depois da missa. E à tarde íamos outra vez, depois dos moços de outras terras regressarem aqui. E depois íamos ao baile, aqui antigamente havia dança. J. - E onde é que faziam os bailes? M. - Olhe, no Verão era na rua; à porta da minha irmã dancei muita vez; também no larguito onde mora o Manuel Gueifão. E quando era no Inverno, faziam-se assim: em cada domingo, cada cachopa dava a casa dela, pra fazer o bailarico; este domingo calhava-me a mim e depois no outro domingo era na casa de outra rapariga. E quando era na rua, tínhamos um «pitromax», que já era a «carburete», que dava uma luz que era uma maravilha! J. - E dançavam todos à luz do candeeiro! Que engraçado! Nessa altura havia alguma taberna ou alguma mercearia na aldeia? M. - Nesse tempo até havia duas tabernas e uma mercearia. E houve uma altura em que havia três bailes. Era muita gente... J. Para além de trabalhar nos campos, fazia trabalhos de costura, bordados, renda? M. - Eu bordava e fazia renda; naquela altura todas as raparigas faziam o enxovalzinho. Fazia entremeios nos lençóis, bordava as almofadas, porque com as rendas ficavam muito pesadas. Ainda aqui tenho uma cama bordada que fiz nessa altura. O lençol e as almofadas do meu casamento ainda o tenho aí. Faço isto pra me entreter. J. - Muito bem, fantástico. Talvez um dia a deixem expor os seus trabalhos na Associação... M . - Pois, eu gostava, mas aquilo está sempre fechado. Aquilo não funciona, não vale a pena, não é dizer mal, mas é assim. As pessoas são como são e acabou-se. Sou sócia, mas não vale a pena. Tinha é que haver cooperação. Aqui ninguém faz nada; não se passa aqui nada de importante. A gente podia-se juntar, umas faziam renda, outras faziam malha, outros jogavam, outros faziam outras coisas. Principalmente nos domingos à tarde. Passava-se ali um bocado, as pessoas encontravam-se, falavam, faziam qualquer coisa. Precisamos muito de conviver uns com os outros. Às vezes vou lá um bocadinho quando aquilo está aberto, mas é só um bocadito, porque fecha logo, não dá pra nada. Até a escola fechou. Eu andava na ginástica, mas também acabou. Parece-me que foi por causa do horário. O homem chateou-se. A gente não pagava nada. Gostávamos muito. A ginástica faz bem. A minha ginástica agora faço-a por aqui, mas isto não é ginástica é trabalho. J. - Tem que se fazer qualquer coisa. Bom, Dona Maria, acho que vamos ficar por aqui. Tem mais alguma coisa que gostasse de dizer sobre a sua vida aqui na aldeia? M. - Olhe, eu sabia fiar, sabia tecer, também cosia, sei bordar e fazer renda. J. - Também teve um tear? M. Tive. Ainda sei fazer «arraióis», mas não posso fazer por causa da bronquite. Mas fiz três: prá minha nora, prá minha neta e pró meu neto. J. - E que fez ao tear? 6 O JORNALINHO ABRIL 2009 ENTREVISTA M. - O tear já era velho, deitei-o fora, já estava podre, não prestava pra nada. Ainda tenho mantas feitas por mim no tear. Agora faço uns bordadinhos e a renda só pra me entreter aqui à noite. Mas até gosto de fazer. Agora vou lá dentro buscar uma toalha pra lhe mostrar. Tem vagar? J. - Tenho sim, senhora. M. - (regressa ao fim de alguns minutos com uma enorme e linda toalha de mesa toda arrendada). Veja aqui. Fui eu que fiz isto tudo. Bordei e fiz a renda e apliquei (ajudo-a a desdobrar a pesada toalha). J. - É muito bonita; está muito bem feita. E desde já lhe digo que uma toalha destas vale hoje bom dinheiro. Damos por terminada esta nossa conversa. Desejamos as suas melhoras e esperamos conversar consigo ainda por muitos e bons anos, enquanto apreciamos os seus bonitos trabalhos. Muito agradecidos por ter partilhado a sua vida connosco. CULINÁRIA PASCAL PERNA DE BORREGO ASSADA COM BATATAS À PADEIRO Ingredientes: 1 perna de borrego (1,5 kg), 4 dentes de alho, 3 cebolas grandes, 2 colheres de sopa de colorau, 3 folhas de louro, 3 dl de vinho branco, 2 colheres de sopa de azeite, 1 ramo de salsa, folhas de hortelã q.b., sal, cravinhos e pimenta em pó e em grão q.b., 1 kg de batatas. ABRIL 2009 O JORNALINHO 7 ESPIRITUALIDADE PEREGRINAÇÃO A SANTIAGO DE COMPOSTELA Preparação: Comece por arranjar a perna de borrego: com a ajuda de uma faca afiada, corte o bedum que se encontra na perna e que dá mau sabor à carne, assim como as gorduras em excesso. Corte 1 cebola em rodelas finas e 2 dentes de alho. Tempere a carne com a cebola e os alhos, junte 1 colher de sopa de colorau, sal, pimenta em grão, 2 folhas de louro partidas aos bocadinhos, salsa, hortelã e cravinhos. Regue com vinho branco e deixe marinar de um dia para o outro, regando com o próprio molho de vez em quando. No dia seguinte, regue com metade do azeite. Leve tudo ao forno dentro de uma assadeira e deixe assar a 180º C durante cerca de 1 hora e meia, regando de vez em quando com o próprio molho. Enquanto a perna assa, prepare as batatas: lave-as, descasque-as e corte-as em gomos. Corte as cebolas em meias-luas finas e pique grosseiramente os alhos. Coloque as batatas num tabuleiro, polvilhe com as cebolas, os alhos, o restante colorau, o louro, pimenta e sal, regando finalmente com o restante azeite. Misture tudo e leve ao forno a 200º C durante 45 minutos. Depois de assadas as batatas, pode juntá-las à perna de borrego, para que ganhem mais gosto. Polvilhe tudo com salsa picada e sirva. A tradição de se fazerem peregrinações a Santiago de Compostela remonta ao século XII e fundamenta-se na devoção ao Apóstolo São Tiago (Jacobus, Iago). O peregrino recebe o nome específico de Romeiro e usa um bordão com um cabaça pendurada, uma capa, uma sacola e um chapéu com a insígnia da vieira. A peregrinação a Santiago de Compostela faz-se actualmente pelos caminhos Português, Castelhano, Irlandês ou Francês. Para que entendamos melhor esta peregrinação é preciso conhecer a biografia do Santo e as origens históricas desta tradição. São Tiago era pescador, filho de Zebedeu e Salomé, irmão de São João Evangelista. Foi um dos quatro primeiros seguidores de Jesus Cristo, segundo nos diz o Evangelho de São Mateus (10:2, Mat.). Jesus chamava-lhe «Filho do Trovão», por causa do seu temperamento arrebatado. Testemunhou a Transfiguração de Cristo e a Oração do Horto. Os seus poderes para realizar milagres manifestaram-se, por exemplo, aquando da sua prisão juntamente com São Pedro, em Jerusalém, no ano de 44 d.C., no reinado de Herodes Agripa I. Durante o cativeiro, converteu e baptizou o próprio carcereiro e curou um paralítico, no trajecto para o cadafalco, onde viria a ser decapitado. Depois de morto, os discípulos levaram o corpo às escondidas por mar para a Península Ibérica, onde o Apóstolo já antes tinha pregado. Passaram o corpo numa barca sem velas nem leme, apenas guiada pelos anjos, bordejando a Lusitânia e entrando em Espanha pela ria Arosa, nos domínios da rainha Lupa. Após ter presenciado vários milagres, a rainha converteu-se ao Cristianismo e cedeu um lugar para sepultar o Santo. O corpo foi sepultado numa arca de mármore e sobre ela foi construído um altar. A sepultura esteve muito tempo esquecida e só em 814 da nossa era é que foi encontrada pelo eremita Pelayo. Nessa altura foram avistados vários fenómenos do aparecimento do Santo no céu e a notícia do achamento do seu túmulo espalhou-se. O nosso rei D. Afonso II partiu com toda a corte para a Galiza, dando assim origem à primeira peregrinação a Santiago. Durante os séculos XII, XIII e XIV mais de meio milhão de peregrinos se dirigiram por montes e vales a Santiago de Compostela, a fim de prestarem culto ao Santo. De entre os ilustres que fizeram a peregrinação destacamos o Conde Dom Henrique, a Rainha Santa Isabel, o Rei Dom Manuel I. A Ordem de Santiago ou dos Espatários tem sede em Portugal, no Castelo de Palmela.