REPRESENTAÇÕES POLÍTICO-RELIGIOSAS NA CAMPANHA ELEITORAL: ANÁLISE DA COMPREENSÃO DE JOVENS VINCULADOS A INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS Maristela Jacinta Sartori (IC), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] Cristina Satiê de Oliveira Pátaro (OR), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] Frank Antonio Mezzomo (CO-OR), UNESPAR/FECILCAM, [email protected] O objetivo dessa pesquisa foi analisar como as representações religiosas, utilizadas na campanha política das eleições proporcionais do município de Campo Mourão/PR em 2012, influenciam e são ressignificadas pelos jovens pertencentes às instituições religiosas. Sua base está na intersecção entre juventude, religião e política, numa perspectiva interdisciplinar, analisando principalmente a partir dos campos da Educação, Psicologia, História e Sociologia. No que tange às considerações sobre a juventude, iniciamos por destacar as ideias de Souza, segundo a qual: A juventude tem-se constituído objeto de inúmeros estudos de diferentes perspectivas. Abordagens sociológica, psicológicas, pedagógicas, antropológicas, analisam mudanças físicas, psicológicas e comportamentais que ocorrem nesse momento da vida. (SOUZA, 2004, p.48). Atualmente, a temática da juventude vem ganhando especial relevância, retornando como foco das produções científicas após um período de ausência no cenário acadêmico nacional (ABRAMO, 1997). A busca pela compreensão acerca das vivências e preocupações dos sujeitos jovens na sociedade contemporânea deve-se às novas delimitações e novos desafios impostos ao âmbito do trabalho, da política, da religião, da escola, esferas que afetam particularmente os jovens – que vivenciam mais diretamente todo esse processo (PERALVA; SPOSITO, 1997). Essas considerações justificam a importância dos estudos no que se refere à compreensão da juventude na contemporaneidade, de maneira que se coloca como ponto de partida dessa investigação. Tavares e Camurça (2009) afirmam que: É justamente nesse contexto de alargamento transversal - marcado pela pluralidade de "olhares" de investigação que se delineiam as interfaces entre juventude e religião. Esses estudos fazem parte de um movimento mais amplo, é certo; mas, ao mesmo tempo, estimulam-no, esgarçando as fronteiras das questões que são consideradas como socialmente relevantes. (2009, p. 14). Numa visão mais abrangente, analisando a pesquisa maior à qual esta pesquisa se vincula, entendemos que ao trazer uma visão da juventude, essa ótica poderá embasar futuras políticas públicas específicas – relacionadas à participação e ao exercício da cidadania, à educação, à cultura, ao lazer –, que venham responder, ao menos em parte, as necessidades dessa categoria. A pesquisa, ainda, justifica-se pela tentativa de promover uma leitura e interpretação acadêmica da participação e presença de agentes religiosos no contexto político, visto que nota-se pouca produção bibliográfica referente às relações entre política e religião. Oro entende como agentes religiosos os “candidatos que reivindicaram abertamente a sua condição de líderes religiosos (membros da hierarquia ou participantes ativos de uma religião) ou que se apresentaram como representantes de uma organização religiosas” (ORO, 2001, p. 10). Ainda a este respeito, afirma Burity: O religioso e o político se desterritorializam – multiplicando-se suas instâncias e "flutuando" através das fronteiras culturais, políticas e mesmo econômicas das muitas sociedades contemporâneas. Não quer dizer que estejam em toda parte, nem que possam investir igualmente qualquer espaço social. Antes, a desterritorizalização é relativa à definição que herdamos, tradicionalmente, do modelo estatal e eclesiástico de política e de religião. Há migrações, transversalidade e superposições parciais dos dois terrenos pelos espaços e tempos das sociedades concretas em que vivemos. (BURITY, 2001). Por fim, recorremos a Fernandes (2007), que entende que Num país como o Brasil – marcado pela expressão religiosa em suas múltiplas vertentes – entendemos que a religião se configura como uma influente variável para a compreensão de aspectos e segmentos da sociedade e, por acréscimo, para a análise do comportamento juvenil. (FERNANDES, 2007, p. 154). Diante do exposto, propõe-se a compreensão da visão dos jovens acerca da relação entre a religião e a política. Com esta pesquisa direcionada a jovens evangélicos com idade entre 18 e 24 anos, espera-se compreender a articulação entre os campos religioso e político na campanha eleitoral e também entender os significados que os sujeitos jovens atribuem às representações político-religiosas criadas pelos candidatos e instituições religiosas. Assim, o objetivo geral deste trabalho visa compreender de que forma os elementos religiosos utilizados como estratégia de campanha política nas eleições proporcionais do município de Campo Mourão/PR em 2012 são ressignificados pelos sujeitos jovens vinculados às instituições religiosas. Os dados da pesquisa são oriundos das eleições a vereadores do município de Campo Mourão no pleito de 2012, para as quais foram inscritos 161 candidatos. Houve a participação de inúmeros candidatos evangélicos, dentre eles nos ateremos à participação do Pastor Nasser, da 1ª Igreja do Evangelho Quadrangular, e do Sr. Edilson Martins, da Igreja Assembléia de Deus. Esses agentes religiosos em sua campanha política se apresentavam como representantes de suas instituições religiosas, demonstrando isso em seus materiais de campanha. Suas respectivas igrejas também lhe confirmaram apoio, comprovado através da pesquisa realizada junto aos jovens evangélicos de suas comunidades. Ambos concorreram ao pleito como representantes de suas respectivas instituições religiosas, mas somente o Sr. Edilson Martins logrou êxito, sendo eleito para a Câmara de Vereadores com 1.428 votos, o que significa 2,85% dos eleitores1. METODOLOGIA Essa pesquisa assume o caráter de investigação qualitativa (LÜDKE; ANDRÉ, 1986; TRIVIÑOS, 1987; BOGDAN; BIKLEN, 1994; VALLES, 1999), cujo enfoque recai primordialmente sobre os processos (em lugar do produto) e na qual a coleta de dados, predominantemente descritivos, faz-se diretamente no/do ambiente natural e social. Nesse sentido, a preocupação do pesquisador volta-se para o significado que os sujeitos atribuem à realidade, e a análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Segundo Valles (1999), a investigação qualitativa caracteriza-se pela flexibilidade, de modo que as estratégias e os instrumentos metodológicos apenas se consolidam a partir do contato do pesquisador com a realidade investigada. Isso permite que as pesquisas, mesmo preservando características de métodos tradicionais de investigação (definição de problema e hipóteses, coleta e análise de dados, etc.), preservem a possibilidade de alteração dos instrumentos durante o processo de coleta de dados e de novas possibilidades de análise. A metodologia empregada consistiu de diferentes etapas. Em uma primeira etapa, buscou-se identificar os candidatos que fazem uso dos elementos religiosos como estratégia de campanha, sendo selecionadas as instituições religiosas que declararam apoio explícito aos candidatos. Nessa etapa, foram selecionadas a Igreja Assembleia de Deus e a 1ª Igreja do Evangelho Quadrangular2, observando-se os seguintes critérios: apoio da instituição ao candidato; vínculo do candidato com a religião; recorrência na utilização das representações político-religiosas durante a campanha. A segunda etapa compreendeu a realização de entrevista semiestruturada com 12 jovens de 18 a 24 anos, respeitando-se a proporcionalidade de gênero e a distribuição nas duas instituições religiosas investigadas. A proposta da investigação foi apresentada aos jovens, que participaram voluntariamente da pesquisa, garantindo-se o sigilo e o anonimato dos dados coletados. As entrevistas 1 Na eleição de 07 de outubro de 2012 havia, em Campo Mourão, 205 seções com urnas e 64.967 de eleitorado apto à votação. Zonas Eleitorais TRE-PR. Disponível em: http://www.tre-pr.jus.br/institucional/zonaseleitorais/zonas-eleitorais-tre-pr-pesquisa-por-municipio-1. Acesso em: 18 jul. 2013. 2 Cabe ressaltar que esta pesquisa faz parte de investigação mais ampla e está sendo realizada concomitante a outros subprojetos, que têm como objetivo verificar a perspectiva de jovens de outras duas instituições religiosas, bem como a visão de 10 candidatos ao legislativo municipal que fizeram uso de representações políticoreligiosas na campanha eleitoral. com os jovens foram realizadas ao longo das semanas que antecederam às eleições, tendo em média a duração de 20 minutos. O roteiro de entrevista era dividido em cinco eixos, a saber: dados pessoais; envolvimento com a religião; religião e política; aspectos relativos às eleições e, por fim, perspectivas do jovem quanto a seu futuro. As entrevistas objetivavam compreender os significados que o jovem evangélico atribui à religião e à política em sua vida, e também entender qual era a relação entre essas duas esferas. Visavam também entender a forma com que os jovens têm conhecimento das representações político-religiosas construídas pelos candidatos e suas impressões e considerações acerca das mesmas. Por meio das entrevistas, procurou-se ouvir os sujeitos, possibilitando um contato com as vivências desses jovens, suas preocupações, suas angústias e seus desejos, que permeiam as relações que estabelecem em seu cotidiano nos diferentes espaços que vivenciam. As entrevistas foram de suma importância, pois por meio delas conseguimos entender melhor o contexto no qual o jovem evangélico está inserido, compreender seus anseio e questionamentos. Pudemos também ver a influência que a religião tem sobre esses jovens, norteando aspectos de sua vida, nas esferas política, social e religiosa. Para discussão dos dados coletados, iremos nos ater a três eixos de análise: significados atribuídos à religião, significados atribuídos à política e compreensões sobre o apoio da religião ao candidato. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para apresentação e discussão dos resultados apresentaremos separadamente cada um dos eixos de análise indicados anteriormente. a) Significados atribuídos à religião De acordo com Maia (2006): com a fragmentação social e a necessidade de representação dos grupos sociais a religião surge como um potencial representante. O impulso definitivo, para estabelecimento das igrejas como mediadoras junto aos grupos sociais parece ter sido, justamente, o processo de secularização dos Estados modernos (MAIA, 2006, p. 100). Pode-se observar, a partir dos dados coletados na pesquisa, que os jovens veem a religião como algo fundamental e determinante em suas vidas. Muitos creem que a religião pode ajudar a lidar com os problemas corriqueiros da vida e livrá-los das ciladas do “mundo”. Os relatos a seguir exemplificam esse raciocínio: Eu creio assim, que a religião ela, ela pode sempre ajudar a nós na nossa vida. Porque o mundo em que vivemos é um mundo bem atribulado, eu creio que, se nós tivermos a palavra de Deus, estamos indo na igreja, estamos escutando a palavra de Deus, estamos nos alimentando. Eu creio que isso ajuda no nosso viver [...] (23 anos, Fem., Quadrangular). Muitos jovens, afirmam que não servem a nenhuma religião em si, já que o motivo de estarem inseridos em uma igreja é o de poder ter um relacionamento com Deus. Vejamos: Da religião eu não espero nada. Espero em Deus da minha salvação, salvação da minha família e acredito assim, no caso (23 anos, Masc., Quadrangular). Nesse sentido, muitos jovens ainda afirmam que a religião não salva, muito menos a denominação religiosa específica. Para esses participantes, o único que salva e muda vidas seria Jesus. Assim, para os jovens entrevistados, a religião nada mais é do que um meio de ligação entre eles e Deus. Bem eu acredito em Deus e acredito na salvação do homem. A igreja em si, a denominação, não salva as pessoas, mas Jesus Cristo. E essa denominação, ela segue preceitos bíblicos e a partir do momento em que você segue esses preceitos bíblicos, você pode acreditar naquela igreja [...] é uma igreja, só é edificado, é assim que eu entendo, é assim que eu sinto. (20 anos, Fem., Assembléia de Deus). a religião na minha vida é [...] eu tenho que seguir o que a minha igreja tem em seu estatuto, por respeito, mas o que é mais importante pra mim é Deus. (23 anos, Masc., Quadrangular). b) Significados atribuídos à política Podemos observar que os jovens têm certo receio quando falamos de política. Para os participantes, há uma necessidade em se focar na honestidade e idoneidade dos candidatos e ou dos governantes de uma forma geral. Segundo Müxel, A evocação da palavra “política” suscita, antes de qualquer outra perspectiva, imagens negativas. A rejeição da política, como se pode ver diariamente, é vivamente expressa, os desvios dos homens e das instituições são denunciados com a mesma força de convicção, tanto pelos estudantes como pelos assalariados, pelos jovens sejam eles diplomados ou não; de direita; de esquerda ou sem orientação política definida. A homogeneidade dos argumentos é impressionante. A constatação é unânime. A crise de representação política se impõe pelo seu caráter evidente. (MÜXEL, 1997, p. 153). Vejamos: a nossa cidade precisa, primeiramente, ser governada por uma pessoa justa. Em segundo lugar, que seja honesta de tudo e seja verdadeira, é o que eu espero (23 anos, Masc., Quadrangular). Ultimamente a gente não espera nada e quer ver uma política ativa, que represente de fato as pessoas, que não se envolvam só em corrupção. Eu tenho esperança ainda, se bem que pouca. Mas que possa ter esse vínculo de representação tal ao povo, aos eleitores. Pois é, hoje a gente vê que os políticos só se beneficiam, assim não se preocupam de fato, eles não agem, e quando agem são poucos. Então a gente acaba nem sabendo que eles fizeram ou não fizeram (20 anos, Masc., Assembléia de Deus). Percebemos que um dos significados empregados pelos jovens é de que a política não é de toda má, ainda existe esperança. Os jovens não estão desacreditados do país, mas é preciso que se tenha uma mudança urgente. Eu acho que existe político corrupto, pelo que a gente escuta nos noticiários, mas também existem aqueles que se preocupam realmente em fazer alguma coisa pela população, fazer o bem sem interesse de salário, sem interesse de desviar dinheiro público. Acredito que a política bem feita tem muito valor (22 anos, Fem., Quadrangular). Da política como forma de governo eu espero que ela traga mais do que nunca o bem estar social. Não somente o crescimento econômico do país, que é uma coisa muito boa, muito vista pelo mundo. Mas o crescimento e desenvolvimento econômico do país, assim como um todo, a melhoria dos diversos setores e que nós possamos viver bem num país democrático, como nós vivemos. A política pode tanto atrapalhar quanto contribuir, ela tem esses dois caminhos [...]. Mas a política, ela na sua essência, a coisa pública, não é isso que vivemos hoje. É uma coisa muito melhor, que pode decidir, ajudar muito nossas vidas (22 anos, Fem., Assembléia de Deus). nós votamos para prefeito, para vereador, para tentar colocar uma pessoa melhor que faça para nossa cidade o melhor. No caso, que administre bem, eu creio que é a pessoa que passa, que seja tanto prefeito como vereador que assumirá a câmara. Mas eu creio em uma renovação, na época de política está renovando, eu acho que é melhor porque vão vindo coisas novas (23 anos, Fem., Quadrangular). c) Compreensões sobre o apoio da religião ao candidato Podemos observar, de acordo com a pesquisa feita, que, em muitos casos, os jovens vinculados às instituições religiosas acham justo e relevante que se tenha um candidato de sua congregação concorrendo às eleições, já que caso eleito, o candidato traria grandes benefícios, tanto para a igreja quanto para a cidade de uma forma geral. Para Steil (2001) “A influência da religião sobre o voto dos fiéis se torna possível na medida em que aponta para uma homologia entre ação religiosa e a ação política.” (STEIL, 2001, p. 75). De acordo com os relatos dos próprios jovens: eu acho que, geralmente, quem a religião apoia são pessoas que conhecem principalmente nossa igreja, para gente apoiar um candidato porque conhece realmente o candidato. Sabe que ele quer trabalhar, que é uma pessoa honesta, que ele não vai entrar lá só por causa de dinheiro, então ele realmente quer mudança pra nossa cidade, a gente apoia o candidato que a gente conhece realmente [...] (24 anos, Fem., Quadrangular) Em outros casos, podemos observar que muitos jovens apoiam determinados candidatos, pois esse seria uma garantia de ter alguém que represente o lobby ao qual pertencem, a fim de evitar que possam, por exemplo, ser efetivadas leis que proibissem o culto, ou que trouxessem algum transtorno ou empecilho ao ato de professar a fé deles. é importante pra gente que a gente tenha um representante da igreja dentro da prefeitura. Porque às vezes podem surgir leis que possam prejudicar, restringir a nossa forma de adorar a Deus. (18 anos, Fem., Assembléia de Deus). eu pensei que política e religião deveriam ser opostos e nunca deveriam se encontrar. Mas hoje eu penso diferente, hoje eu digo que nós precisamos ter os nossos representantes, porque como nós representamos o evangelho de Cristo no mundo, muitas coisas estão saindo desse evangelho. Nós precisamos de representantes pra defender esse evangelho, então se nós deixarmos, escolhermos aleatoriamente os nossos representantes, com certeza nós seremos cada vez mais suprimidos, mas se nós escolhermos, buscarmos nossos representantes de acordo com a nossa forma de vida, eu acho que pode ajudar muito. Então eu acho que deve haver ligação sim (22 anos, Masc., Assembléia de Deus). Apesar de alguns acharem que a política e a religião devem caminhar juntas, outros entrevistados entendem que devem ser separadas. eu acho que a relação religião e política não deveria existir assim de forma aberta. Justamente porque eu sou evangélica, eu sei que existem católicos ou espíritas, e eles têm que ser respeitados. O país é laico, e eu acho que tem que ser mesmo, mas desde que não se proíba nada, não proíba nenhuma religião, entende? (22 anos, Fem.,Quadrangular). Bem, a religião é independente da política, mas a política ela é independente, mas tem que ter um segmento é de religião, porque ela vai defender o caráter de alguém. Mas a religião não tem que tá agindo juntamente com a política. A religião ela serve para alimento espiritual e pra moralidade do ser humano. A política é pra manter a ordem de uma cidade, de um estado, é na onde as pessoas não vivem desorganizadas. (20 anos, Masc., Assembléia de Deus). Olha, tem e não tem sabe, pra mim eu vejo assim que... a religião no momento em que ela entra na política, meio que... tira o foco principal da religião, que a religião não é governá e sim levá as pessoas a Jesus, a Deus, a ter uma... como que se diz assim... um mundo espiritual em si neh, então... acredito que a política não... a religião não deve interferir na política, e nem a política interferir na igreja, são coisas distintas. (20 anos, Masc., Quadrangular). CONSIDERAÇÕES FINAIS Nossa pesquisa teve como objetivo compreender de que forma os elementos religiosos utilizados como estratégia de campanha política nas eleições para o legislativo de Campo Mourão/PR, em 2012, são ressignificados pelos jovens que mantêm vínculo com duas das instituições religiosas que manifestaram apoio à campanha de candidatos. Para tanto, foi realizada entrevista semiestruturada com um total de 12 jovens, entre 18 e 24 anos, vinculados a duas diferentes igrejas. Desse modo, com essa pesquisa, pudemos identificar algumas características e compreensões de jovens vinculados às religiões 1ª Igreja do Evangelho Quadrangular e Igreja Assembléia de Deus. Com base nos dados analisados, podemos afirmar que, embora a religião apresente-se como algo importante na vida de todos os jovens participantes, chama a atenção o posicionamento diante da igreja em si, em favor muito mais de uma religiosidade (crença em Deus, em Jesus) do que propriamente um vínculo com a instituição e sua doutrina. Em paralelo, muitos jovens trazem, em seus discursos, marcas de uma ideia coletiva influenciada pelo posicionamento institucional da religião, alegando que, quando se tem um candidato “evangélico”, diminuem as chances, por exemplo, de serem proibidos de praticar livre culto. Nesse sentido, muitos acreditam que a interligação entre religião e política é bem vinda. Podemos concluir ainda, a partir dos dados, que a esperança e a vontade de mudança são marcantes no discurso desses jovens, de modo que desejam que o país melhore e que sejam garantidos os mínimos direitos aos cidadãos. REFERÊNCIAS ABRAMO, Helena. Considerações sobre a tematização social da juventude no Brasil. Revista Brasileira de Educação. 5/6, p. 25-36, maio/dez. 1997. Especial: juventude e contemporaneidade. BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994. BURITY, Joanildo. Religião e política na fronteira: desinstitucionalização e deslocamento numa relação historicamente polêmica. Revista de Estudos de Religião, São Paulo, n. 4, 2001. FERNANDES, Sílvia Regina. Adesão religiosa no segmento juvenil: apolitização ou reinvenção da política? Seropédica. Rio de Janeiro: EDUR, v. 29, n. 2, p. 152-165, jul./dez., 2007. LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: E.P.U., 1986. 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