O livro que nós criamos
Fábio Andrews Rocha Marques
Índice
Capítulo 1 – A menina chamada Melody......................................... Página 5
Capítulo 2 – O dia na casa de Melody.............................................. Página 7
Capítulo 3 – A Princesa mimada..................................................... Página 10
Capítulo 4 – A princesa Sunshine................................................... Página 14
Capítulo 5 – A cavaleira azul.......................................................... Página 17
Capítulo 6 – O livro que escrevemos sem você............................. Página 22
Capítulo 7 – O lago dos vagalumes................................................ Página 25
Capítulo 8 – O dia no shopping...................................................... Página 28
Capítulo 9 – A deusa Megami........................................................ Página 33
Capítulo 10 – A nova aluna............................................................ Página 36
Capítulo 11 – A bruxa Witch.......................................................... Página 41
Capítulo 12 – Os pais de Mimi....................................................... Página 46
Capítulo 13 – A Mimi não aguenta................................................ Página 49
Capítulo 14 – As lágrimas no luar.................................................. Página 52
Capítulo 15 – A traça-livros........................................................... Página 55
Capítulo 16 – O dia em que ela falou............................................ Página 60
Capítulo 17 – A garota chamada Sparkle...................................... Página 64
Capítulo 18 – A mansão da Princess............................................. Página 66
Capítulo 19 – A peça da escola..................................................... Página 73
Capítulo 20 – O ensaio.................................................................. Página 78
Capítulo 21 – A Cinderela............................................................. Página 81
Capítulo 22 – A filha da bruxa........................................................ Página 86
Capítulo 23 – O passeio escolar..................................................... Página 89
Capítulo 24 – A Nakamura só fala japonês?.................................. Página 94
Capítulo 25 – O garoto que não entendia ninguém..................... Página 100
Capítulo 26 – A nova professora.................................................. Página 103
Capítulo 27 – A nossa querida professora................................... Página 108
Capítulo 28 – A nova mãe de Sprout........................................... Página 115
Capítulo 29 – A boneca chamada Alice........................................ Página 120
Capítulo 30 – A boneca e a Mimi................................................. Página 124
Capítulo 31 – A boneca da bruxa................................................. Página 130
Capítulo 32 – A Nakamura ficou doente...................................... Página 135
Capítulo 33 – Os dias em que ficamos juntas.............................. Página 140
Capítulo 34 – A deusa ficou doente............................................. Página 146
Capítulo 35 – O dia em que tentamos ganhar dinheiro............... Página 151
Capítulo 36 – A minha irmã adora a Nakamura........................... Página 156
Capítulo 37 – A festa da família................................................... Página 162
Capítulo 38 – O lugar secreto...................................................... Página 169
Capítulo 39 – A professora Ma-chan?......................................... Página 175
Capítulo 40 – A nossa amiga professora Maple.......................... Página 181
Capítulo 41 – A Sprout é uma garota exibida.............................. Página 185
Capítulo 42 – A família da Melody atrapalha.............................. Página 190
Capítulo 43 – As saudades de casa.............................................. Página 195
Capítulo 44 – O Tamagochi.......................................................... Página 202
Capítulo 45 – O bichinho ideal para a Nakamura........................ Página 207
Capítulo 46 – O cachorro chamado Inu........................................ Página 213
Capítulo 47 – A Mimi quer ser mais feminina?............................ Página 217
Capítulo 48 – A verdadeira Mimi................................................. Página 223
Capítulo 49 – A cavaleira azul quer ser outra pessoa.................. Página 228
Capítulo 50 – A véspera de natal em que dá tudo errado........... Página 233
Capítulo 51 – O nosso último passeio.......................................... Página 241
Capítulo 52 – A partida................................................................ Página 247
Capítulo 53 – A narradora é a Nakamura..................................... Página 249
Capítulo 54 – A nova casa de Melody.......................................... Página 252
Capítulo 55 – A jornada................................................................ Página 255
Capítulo 56 – O acidente.............................................................. Página 258
Capítulo 57 – A maior briga de todas........................................... Página 261
Capítulo 58 – As memórias de Melody e a princesa Sunshine..... Página 265
Capítulo 59 – As memórias de Sprout e a professora Maple....... Página 269
Capítulo 60 – As memórias de Mimi e a cavaeira azul................. Página 272
Capítulo 61 – As memórias da irmã e a garota chamada Sparkle.Página 276
Capítulo 62 – As memórias da Princess e a bruxa Witch............. Página 280
Capítulo 63 – As memórias da Nakamura e a deusa Megami..... Página 284
Capítulo 64 – O aniversário mais solitário do mundo................. Página 288
Capítulo 65 – O dia em que tudo ficou claro............................... Página 294
Capítulo 66 – A Sunshine............................................................. Página 296
Capítulo Final – O livro que nós criamos...................................... Página 300
Sempre existe Sunshine............................................................... Página 303
Epílogo – A vida é um livro.......................................................... Página 346
Capítulo 1: A menina chamada Melody
Era o dia mais tedioso da minha vida. Mamãe estava
cozinhando algo como sempre e eu aqui, deitada na cama, sem nada pra
fazer. Ficava me perguntando se esse era o objetivo das férias de verão:
entediar as pessoas! Mas por que uma manhã entediante deveria ser
tão... Entediante?
Mãe: Já fez seu dever de casa, Melody?
Melody: Dever de casa? DEVER DE CASA? Mãe, quando você
estava de férias e não tinha nada pra fazer, você fazia seu dever de casa?
Mãe: Não, mas se você não fizer o seu, não haverá próximas
férias pra você!
Mãe é assim mesmo, bem melodramática...
Eu peguei meu caderno de exercícios, meu lápis da escola e
fui fazer a lição de casa de verão... Espera! Eu estou tão desesperada em
fazer alguma coisa a ponto de ir fazer o DEVER DE CASA? Eu nunca faço o
dever!
Melody: Mãe, eu acho que estou passando mal. Estou com
vontade de fazer o dever de casa!
Mamãe me disse em um tom de sarcasmo:
Mãe: Ai não! O dever de casa? Rápido! Chamem uma
ambulância!
Melody: Muito engraçada... Mãe, o que eu faço?
Mãe: Sei lá, por que não chama suas amigas para brincar?
Foi daí que eu encontrei a luz do fim do túnel. Ficar com as
amigas realmente pode me ajudar a superar essas férias chatas!
Liguei para minhas duas amigas mais queridas (as únicas que
conheço) e elas disseram que estão vindo para minha casa. Oba! Não vou
ficar a tarde inteira tentando arrancar pedacinhos da parede do meu
quarto ou me render ao temível DEVER DE CASA!
Para aqueles que não me conhecem, meu nome é Melody
Arbonold Pattterson Hitckenstein... Mas meus amigos me chamam de
Melody porque não conseguem dizer o resto do meu nome mesmo.
Eu tenho oito anos e adoro comer, dormir e brincar com
minhas amigas. Não gosto de pimentões, dever de casa, levar bronca da
mamãe... Talvez fosse mais fácil falar do que eu gosto. Ah! Eu adoro
doces! Qualquer tipo de doce para mim é delicioso: mousse, bolo,
bombom, picolé...
Minhas melhores amigas são Nakamura e Mimi.
Nakamura é minha amiga que veio do Japão. Até hoje não sei
seu primeiro nome. Sabe, é que japoneses sempre chamam uns aos
outros pelo nome de família até se conhecerem bem. Nakamura já está
comigo desde o jardim de infância, mas nunca me disse seu primeiro
nome. Ela me disse que era porque gostava quando eu a chamo pelo seu
apelido: Naka-chan. Para quem não sabe, “-chan” é um sufixo bonitinho
que indica amiga próxima no Japão (foi a Nakamura quem me ensinou).
Nakamura adora ler e é a aluna mais inteligente da classe. Ela é bem
tímida, mas somos amigas mesmo assim.
Já a Mimi é minha amiga que toma dez litros de café por dia,
ou seja, ela não para. Ela adora subir em árvores, fazer bagunça, gritar
bem alto e pular em cima das suas amigas. Conheço-a desde o jardim de
infância também, mas demorou um tempo pra que virássemos amigas.
Nakamura pediu para apelidar ela de Mimi-chan e então todas temos
esses nomes com sufixo japonês.
Minhas amigas estão vindo e por isso acho que o dia será
ótimo!
Capítulo 2: O dia na casa de Melody
Minhas amigas chegam na mesma hora e Mimi pulou em
cima de mim e me abraçou. Que pesada!
Mimi: Boooooooom dia, Melody-chan!
Melody: Bo-bom dia.
Nakamura: Ohayou*, Melody-chan. Espero não estar
incomodando nessa hora.
Melody: Não, que é isso... Vamos entrar?
Nakamura entra bem devagarzinho e retira os sapatos
deixando-os na entrada. Isso é outro dos costumes japoneses.
Quando todas já chegaram, fomos direto para meu quarto
onde todas se acomodam. Mimi pulou na minha cama sem parar e
Nakamura leu um gibi da Turma Da Mônica que encontrou no meu
quarto.
Nakamura: Posso te emprestar uns “mangás” meus se você
quiser, Melody-chan. Aposto que você iria adorar!
Mimi: Mangá? Ah! Aquelas histórias em quadrinhos japonesas
em preto e branco que você lê de trás pra frente? Tentei ler um desses
uma vez e não sabia nem por onde começar!
Melody: Que tal “de trás para frente”?
Nakamura: Eh? Sério? E-eu posso te ajudar a ler se quiser.
Mimi: Não precisa!
*Ohayou significa bom dia em japonês.
Assistimos vários filmes naquela tarde, como “Diário de um
banana 2”, “Os Muppets” e um que foi recomendação da Nakamura:
“Majou no Takkyuubin“*. Este último filme falava sobre uma bruxinha que
veio ao mundo dos humanos e trabalhava para as pessoas comuns
entregando coisas de um lugar para outro. Chorei muito na parte que a
bruxa perdeu seus poderes e então achou que ela era inútil, mas gostei
como tudo deu certo no final.
Ainda brincamos de guerra de travesseiro com tijolos dentro
(isso até a mamãe descobrir), comemos uns docinhos que minha mãe fez,
contamos histórias de terror, comemos uns docinhos que minha mãe fez,
brincamos de esconde-esconde, pulamos na minha cama e... Eu já disse
que comemos os docinhos que minha mãe fez? Já? Mas não foi só isso,
também comemos os docinhos que a minha mãe fez.
Nakamura: Melody-chan, não sei como você consegue comer
tantos docinhos e nunca engordar...
Melody: Nem eu! Mas isso é ótimo porque posso comer
quantos docinhos eu quiser!
Nakamura: Que inveja...
Quando anoiteceu, ficamos de bobeira conversando no meu
quarto.
Melody: Ai ai ai... Tô cansada.
Mimi: Já está cansada? Anda! Vamos pular mais um pouco na
sua cama!
*Majou no takkyuubin é um filme japonês do diretor e animador Hayao
Miyazaki criado em 1989. Foi traduzido no Brasil como “O Serviço de Entregas da Kiki”
Nakamura: Acho que também estou bem sem energias para
pular na cama...
Melody: Hoje eu me diverti bastante! Mas sinto falta de fazer
alguma coisa nessas férias... Alguma coisa que realmente marcasse
minhas férias. Queria terminar essas férias dizendo que fiz alguma coisa
importante.
Mimi: Brincar com as amigas não é importante? Hunf! Nunca
mais volto aqui!
Melody: Não foi isso que eu quis dizer, Mimi-chan! Ah vai, me
perdoa!
Mimi: He he, estava só brincando!
Nakamura: Acho que sei como a Melody-chan se sente,
preciso fazer algo produtivo nessas férias também... O que será que
podemos fazer?
Mimi: Já sei! Vamos lá no porão da Melody-chan! Deve ter
muita coisa legal para ver lá. Quem sabe nós não achamos um cheque de
um milhão de reais e aí podemos fazer nosso próprio filme?
Nakamura: Mas quem iria querer fazer um filme das nossas
vidas? Se tivesse um filme sobre as nossas vidas, a pessoa que pensasse na
ideia deveria ser bem desocupada. Mas podemos achar outras coisas
legais.
Melody: Quer dizer além da poeira e das dentaduras do vovô?
Nakamura: Anda, vamos!
E assim fomos ao porão procurar por um significado para
essas férias.
Capítulo 3: A princesa mimada
Chegando ao porão, vimos muita porcaria que os meus pais
deixaram aqui: discos de vinil, perucas, um computador com um buraco
no meio... Ah! Acho que me lembro dele! Foi quando a mamãe tentou
usar o computador pela primeira vez. Ela socou a tela bem no meio e ficou
com esse buracão.
Nakamura achou um monte de livros velhos espalhados.
Entre eles, estava um livro chamado “A princesa mimada”. Ela pegou o
livro e disse:
Nakamura: Ei! Eu me lembro desse livro! Nós o líamos
quando estávamos no jardim de infância!
Melody: É mesmo! Na verdade, foi com esse livro que ficamos
amigas, não foi?
Nakamura: Isso! Quando éramos pequenas, você só se
interessava por livros de culinária porque tinham vários doces neles... Mas
um dia, você me viu lendo esse livro e quis saber como ele era.
Começamos a ler o livro juntas e acabamos virando amigas graças ao livro.
Mimi: Sério? Eu me lembro de que vocês viraram minhas
amigas também graças a esse livro!
Melody: Sim! Eu me lembro! A Mimi-chan vivia atrapalhando
todo mundo porque ela queria fazer as coisas mais perigosas e precisava
de amigas, mas não tinha nenhuma. Um dia, Mimi-chan roubou meu livro
que eu adorava ler junto da Naka-chan. Depois que a achamos, ela pediu
desculpas e disse que só queria amigas para brincar com ela e não fazer
ela se sentir sozinha. Nesse momento, nós lemos esse livro juntas e
ficamos amigas.
Mimi: Esse livro está cheio de recordações, né? Como era a
história dele mesmo?
Nesse momento, eu decidi ler o livro “A princesa Mimada”
junto das minhas amigas. A história era mais ou menos assim:
Era uma vez uma linda princesa que governava o reino de
Diadust. Todas as pessoas odiavam a princesa porque ela era muito
mimada e não se importava com ninguém.
A princesa só comia o que gostava, nunca fazia seu dever de
casa e mandava os seus soldados fazerem todo o serviço pesado no
castelo. Limpar o castelo, escutar as reclamações do povo, cuidar dos
cavalos... Nada disso a princesa fazia. Ao invés disso, ordenava que outras
pessoas fizessem esses trabalhos.
Chegou o aniversário da princesa e ela ordenou que todos os
seus amigos viessem para uma grande festa no castelo. Os seus cavaleiros
passaram de porta em porta do vilarejo de Diadust para dar a notícia.
No dia da festa, a princesa tinha preparado tudo: música,
comida da mais gostosa, brincadeiras... Tudo para seus amigos e ela se
divertirem. No entanto, ninguém veio para a festa da princesa.
Ela perguntou ao seu melhor cavaleiro: “Onde estão os
convidados? Cadê meus amigos?”. O cavaleiro disse que ninguém chegou
porque a princesa não tinha amigos. Ela era muito mimada e não tratava
bem nenhuma pessoa, por isso não tinha amigo nenhum.
A princesa esperou de manhã até de noite na mesma sala,
esperando que pelo menos alguém viesse lhe dar os parabéns. Mas não
veio ninguém até o fim do dia. Naquela sala de festas escura, a princesa
mimada chorou e chorou até que o dia seguinte chegasse.
No dia seguinte, a princesa caminhava pelo reino
normalmente como se nada tivesse acontecido quando viu bem perto do
“portão de entrada para o reino de Diadust” um monte de Bruxas. A
princesa chegou bem pertinho das bruxas sem ser vista e acabou ouvindo
o que as bruxas planejavam: as bruxas iriam destruir todo o reino de
Diadust ao anoitecer, quando todos estivessem dormindo.
A princesa mimada percebeu o horror da cena e ordenou a
todos do reino que saíssem de suas casas e fossem para bem longe, mas o
povo cansou de seguir ordens dela. Afinal, sair de suas casas é como deixar
uma vida para trás. Ninguém obedeceu à princesa.
A princesa juntou todas as suas coisas importantes e decidiu
sair do reino, pois ela não queria morrer tão cedo. Quando saiu do reino e
olhou do topo de uma montanha para Diadust, ela começou a sentir algo
lá no fundo de seu coração.
Todos do seu reino seriam mortos essa noite. Eles poderiam
sobreviver se acreditassem na princesa, mas a princesa era tão egoísta
que ninguém queria mais acreditar nela. Se todos fossem mortos, a
princesa que já não tinha amigos, nunca poderia ser amiga de nenhuma
daquelas pessoas... Ela ficaria sozinha para sempre.
Foi daí que a princesa tomou uma decisão: pegou uma espada
no seu castelo e foi lutar contra as bruxas. Ela não sabia lutar muito bem e
as inimigas estavam em maior quantidade. A princesa ficou toda coberta
de sangue e quase desistiu da luta, mas sabia que se parasse de lutar,
todos do seu reino iriam morrer. Ela lutou bravamente e conseguiu
derrotar todas as bruxas malvadas.
A princesa cambaleou até chegar ao seu reino novamente.
Quando chegou lá, alguns aldeões ficaram com pena dela e a levaram
para o hospital. O sábio do reino de Diadust contou a todos sobre o que a
princesa tinha feito, todos ficaram chocados.
Quando a princesa acordou, todas as pessoas do reino de
Diadust agradeceram a princesa e fizeram uma grande festa de
aniversário para ela.
No final, a princesa mimada começou a tratar bem todo
mundo e já não estava mais sozinha, ela agora tinha muitos amigos e era
muito feliz. E todos viveram felizes para sempre.
Essa história é tão bonita que dá vontade de chorar. Olhei
para os lados e percebo que as minhas amigas estavam quase chorando
também.
Mimi: Isso é tão nostálgico...
Nakamura: Criar um livro desses para tocar o coração das
pessoas é algo impressionante. Quem escreveu deve ser realmente
incrível! Seria tão legal ler mais livros bons como esse.
Foi daí que eu tive uma brilhante ideia. E essa deveria ser
brilhante mesmo já que eu nunca tenho ideias... Para tudo há uma
primeira vez, né?
Melody: Vamos criar um livro! Juntas! É isso o que vamos
fazer nas férias!
Capítulo 4: A princesa Sunshine
Mimi: Um livro? Parece uma “ideia de girico” *, mas eu acho
que pode dar certo.
Nakamura: Sim! Mas nós somos três. Como vamos fazer? Não
podemos escrever todas ao mesmo tempo.
Melody: Tem razão... Já sei! E se cada uma escrevesse uma
parte?
Nakamura: A Melody-chan pode começar já que ela foi quem
teve a ideia. É justo.
Melody: Eu quem começo? Vejamos... Se fosse para criar um
começo deveria ser algo assim:
Era uma vez uma linda Rainha chamada Light. Ela gostava de
todos do seu reino e todos gostavam dela. Era uma rainha bem organizada
e gentil com todos.
Ela tinha uma filha chamada Sunshine. Sunshine era bem
diferente da rainha: ela era preguiçosa, comilona e adorava tirar um
cochilo ao invés de estudar. Mesmo assim a rainha amava sua filha.
A rainha sempre estava ocupada demais e não podia brincar
com sua filha quando quisesse. Nos dias em que a rainha tirava uma folga
(embora isso só aconteça em livros mesmo), Sunshine e sua mãe
brincavam o dia todo. Esses eram os melhores dias para Sunshine, por isso
ela esperava ansiosamente.
Mas com o tempo a rainha foi ficando fraca... O médico disse
que era uma doença incurável e que a rainha iria morrer antes mesmo de
Sunshine se tornar uma adulta.
*Idea de girico é uma ideia ruim, boba.
Um dia, a rainha Light morreu e Sunshine nunca mais
conseguiu brincar com sua mãe de novo. Ela chorou bastante, mas o povo
do reino tentou alegrá-la de todos os jeitos e ela acabou melhorando seu
humor.
O povo do reino ficou preocupado. A rainha morreu e agora a
princesa é quem deveria governar. Mas a princesa era bem preguiçosa e
não sabia como governar um reino.
A princesa foi treinando todos os dias, cresceu e se tornou
uma adulta. Estudou de vez em quando no banheiro e agora sabia como
governar o reino como sua mãe, mas ela ainda é bem gulosa e preguiçosa.
E agora? O que será de Diadust?
Melody: E aí? O que acharam?
Mimi: Há há! Essa princesa parece com você, Melody-chan!
Melody: He he, vocês acham?
Nakamura: N-Não é bem assim, mas é que... Digo...
Eu conseguia ver que Nakamura tentava ser gentil comigo,
mas por dentro ela não conseguia conter o riso.
Mimi: Mas por que decidiu colocar o nome do reino de
Diadust? É o mesmo nome do reino de “A princesa Mimada”. Que falta de
imaginação.
Nakamura: Foi uma homenagem, certo? Aposto que quem
escreveu o livro se sentiria honrado.
Melody: Na verdade, eu só não tenho talento para criar
nomes mesmo. Está faltando inspiração! Vou pedir para a mamãe fazer
mais docinhos, isso me dará inspiração!
Mimi: Ou quem sabe uma dor de barriga...
Todo mundo começou a rir nesse momento.
Todas nós estávamos cansadas e já passou da hora de dormir.
Dormimos todas no meu quarto. Antes de dormir, fiquei pensando o
tempo todo no que fizemos hoje: criamos uma forma bem legal de se
aproveitar as férias. Esse livro irá mudar nossas férias, eu acredito nisso!
Capítulo 5: A cavaleira azul
De manhã bem cedinho, Nakamura teve de sair da minha casa
para ir a uma aula de “como desenhar mangá sem usar as mãos”. Ela disse
que está aproveitando as férias para aprender muitas atividades que
fazem parte da cultura japonesa, como desenho de mangá, cerimônia do
chá, luta de sumô, preparação de arranjos florais... Enfim, tudo japonês.
Não sei como ela tem tanto tempo assim para encaixar todas essas
atividades. Ela deve conseguir fazer muitas cópias dela e cada cópia vai
para um canto diferente, como no mangá de Naruto*.
Nakamura se foi, mas Mimi ainda está comigo na minha casa.
Nós tomamos café da manhã juntas.
Mãe: Mimi, o que você quer para o café da manhã?
Mimi: Quero cereal de chocolate com bolinhas crocantes!
Mãe: É mesmo? QUE PENA, coma sua torrada!
Mimi: A sua mãe é bem “gentil” com as visitas.
Melody: E isso é porque você ainda não a viu de mau humor...
Mimi caiu na risada e comeu a torrada que minha mãe botou
na mesa em uma bocada só! Como ela consegue? Eu demorei mais para
tomar café porque tem bolo de cenoura com chocolate e achocolatado
me esperando na mesa... Agora na minha barriga.
Melody: Mãe! Quando é que a traça-livros chega?
Mãe: Pare de chamar sua irmã maior assim! Ela disse que só
vai chegar lá para as oito da noite.
Melody: Beleza! Então ela nem vai ligar se eu comer o bolo
todo.
*Naruto é um mangá de Masashi Kishimoto que conta a história de um
garoto ninja que quer ser o chefe da aldeia dele. O garoto consegue usar uma técnica que
cria cópias dele mesmo chamada “kage bunshin no jutsu”.
Mãe: Eu acabei de comprar esse bolo! Você consegue comer
tanto assim? Sua barriga tem um buraco negro dentro, é? Quem sabe eu
não te vendo para a NASA* e faturo milhões?
Mimi: He he, conhecendo a Melody-chan, ela sempre come
bastante. No seu último regime ela foi uma noite na lanchonete e pediu
três pizzas, quatro hambúrgueres, doze biscoitos recheados, cinco batatas
fritas e um refrigerante diet porque afinal estava de dieta.
Melody: E foi muito sacrifício ter de tomar da diet!
Decidimos ir para meu quarto e lá, Mimi me perguntou:
Mimi: Melody-chan, por que você chama sua irmã de traçalivros?
Melody: É que ela sempre está lendo um livro. Se não é um
livro da faculdade, é um livro de mistério ou policial. Ninguém lê mais do
que ela!
Mimi: Nem mesmo a Naka-chan?
Melody: Minha irmã lê livros até quando está dormindo! É
lendo com um olho e dormindo com o outro!
O papo continuou por muito tempo até que Mimi tocou em
outro assunto:
Mimi: E o livro que estávamos fazendo ontem? Que tal
continuarmos?
Melody: Hein? Mas e a Naka-chan? Não deveríamos esperar
por ela para continuar o livro?
*NASA é uma empresa dos Estados Unidos que trabalha com exploração
espacial, como achar novos planetas e... Buracos negros?
Mimi: Ela nem vai se importar... Vamos, é minha vez de
escrever!
Fiquei um pouco preocupada com Nakamura, mas decidi
entregar o livro que estávamos fazendo a Mimi.
Ela continuou o livro assim:
A nova princesa Sunshine precisava de cavaleiros corajosos
para protegê-la dos ataques dos reinos inimigos. Para empregar novos
cavaleiros, foi realizada uma competição bem diferente.
Sunshine achava que os cavaleiros deveriam saber contar
piadas, por isso decretou que o cavaleiro que contasse a melhor piada do
reino todo seria o escolhido para ser seu guarda costas real.
Muito cavaleiros tentaram aquela piada da galinha
atravessando a rua para botar um ovo... Mas a princesa achou antiquada
demais.
Outros tentaram piadas sujas, mas a princesa achou... Huh...
Sujo demais?
Os cavaleiros tentaram de tudo e ninguém conseguiu agradar
a princesa. Eles então desistiram e começaram a lutar entre si. Foi soco
pra lá, chute pra cá, muito sangue escorrendo e...
Melody: Espera! Sangue? Em um conto infantil?
Mimi: Tá bom, tá bom...
Saiu muita... Balinha de cereja de dentro dos soldados
enquanto eles lutavam, mas ninguém ficou realmente ferido.
De repente, um novo cavaleiro de armadura azul entrou no
reino e ele parecia bem confiante. “Quero mostrar a princesa minhas
melhores piadas, tenho certeza que ela vai adorar!” ele disse.
Os outros cavaleiros não gostaram da atitude do novo
cavaleiro. Disseram “quem ele pensa que é? Acha que é melhor que todos
nós? Vamos dar uma lição nele!”. E então todos os cavaleiros partiram pra
cima do cavaleiro azul. O cavaleiro azul levou muitos socos, mas no final
derrotou todos os outros.
Ele saiu cambaleando até a princesa e começou a contar sua
piada: “Seu nome é Sunshine? Então cadê as outras duas de você? Afinal,
você não é SAN shine?” (para quem não entendeu, “san” é três em
japonês).
A piada foi péééésima e todos achavam que a princesa iria
odiar, mas ao invés disso ela bolou de rir. Quando a princesa estava pronta
para nomear seu novo cavaleiro, a armadura do cavaleiro começa a se
destruir, pois foi desgastada com a luta. De dentro da armadura, sai um
corpo de uma linda mulher... O cavaleiro era na verdade uma mulher.
Os antigos guardas reais começaram a olhar feio para a
cavaleira azul. Disseram que uma mulher não poderia proteger a princesa
dos perigos, isso era trabalho para um homem forte. A cavaleira azul
começou a chorar... Tanto esforço que ela teve para se preparar para o
desafio e não resultou em nada... Mas a princesa não desistiu de recrutar
a cavaleira, ao invés disso disse que iria torná-la sua guarda costas real se
ela conseguisse provar sua força.
Os guardas disseram que era impossível uma mulher ter a
mesma força de um bravo cavaleiro real. Mas a cavaleira azul correu até a
montanha mais alta do reino e tirou ela do solo... Levantando a grande
montanha acima de sua cabeça!
No final, Sunshine tornou a cavaleira azul sua guarda costas
real e a cavaleira azul agradeceu sua princesa do fundo do coração... As
duas haviam se tornado amigas desde aquele dia.
Mimi: E então? O que achou?
Melody: Está ótimo, Mimi-chan! A cavaleira azul me lembra
muito a esquentadinha que é você.
Mimi: O quê? Digo, obrigada. Hehe, então eu te protegerei,
princesa! E protegerei suas outras três também!
Melody: Essa piada já tá ficando velha...
Nós duas terminamos de escrever outra parte do livro e
fomos todas dormir na minha casa, aquele foi outro dia incrível! Mimi
realmente sabe como escrever livros.
Capítulo 6: O livro que escrevemos sem você
Mimi e eu acordamos ao som do meu despertador superbarulhento que fica dizendo “Levanta esse seu traseiro da cama”.
Mimi: Você deixa seu despertador ligado mesmo estando nas
férias?
Melody: Foi mal, achei que tinha quebrado em mil
pedacinhos e jogado no lixo essa coisa ontem mesmo.
Mimi: Bem, há uma primeira vez pra tudo!
Mimi pega um martelo bem pesado e tenta bater no meu
despertador, mas ela acaba errando e batendo na minha mesinha de
estudo. Um pedaço de madeira da mesinha voa direto para a cara da
minha mãe que estava abrindo a porta do meu quarto.
Mãe: ME – LO – DYYYYYY!
Após levar a centésima bronca da mamãe desse mês, eu e
minha amiga descemos para tomar café da manhã. Ouço pés descalços
entrando na minha cozinha...
Melody: LADRÃO! Mamãe, pega a antiga pistola do papai.
Não, é melhor você bater nele com a frigideira de guerra mesmo.
Mãe: É a sua amiguinha, Nakamura. Ela entra descalça porque
é um costume japonês não usar sapato dentro de casa. Você não se
lembra?
Nakamura: Opa! Ohayou, Melody-chan!
Melody: Bom dia...
Ainda estava meio sonolenta e acho que a Nakamura notou
isso.
Eu e minhas amigas tomamos café da manhã normalmente.
Nakamura: Senhorita mãe da Melody, que tal começar a fazer
arroz para o café da manhã? É costume dos japoneses e aposto que a
Melody iria adorar!
Mãe: Arroz no café? Não sei o que esses japoneses tm na
cabeça, devem ter batido a cabeça com tanto terremoto balançando tudo.
Arroz é para ser servido no almoço, com feijão!
Nakamura: S-Sim, você tem razão. Sinto muito!
Mãe: Não se preocupe. Melody, sua amiga é bem educada,
hein? Por que você não é como ela?
Melody: Desculpe mãe, talvez você devesse ter se lembrado
de guardar o recibo da loja de crianças quando foi me comprar. Mas como
você já está bem velhinha, sua cabeça não lembra mais é nada, né?
Minha mãe me dá outro carão e as minhas amigas continuam
tomando café, como se nada estivesse acontecendo.
Melody: Socorroooooo! Naka-chaaaaan!
Nakamura: M-melody-chan, você deve enfrentar as
consequências sozinha. Vamos, seja homem!
Melody: Mas eu sou mulher...
Mimi: E aí Naka-chan? Tá apostando em quem? Eu aposto
que a mãe da Melody derrota ela na hora!
Melody: Me ajuuuuuuuudeeeee!
E foi assim o nosso “calmo” café da manhã. Depois disso, eu e
minhas amigas fomos para meu quarto. Nakamura notou o livro que
estávamos fazendo bem em cima da cama.
Nakamura: Desculpa não ter vindo para continuar a história
ontem, aposto que vocês duas deveriam estar ansiosas para continuá-la,
mas agora nós três podemos continuar!
Mimi: Pra falar a verdade, eu e a Melody-chan já escrevemos
outro capítulo da história. O capítulo era sobre uma cavaleira bem legal
que virou amiga da princesa Sunshine e...
Nakamura: O quê? Vocês continuaram a história sem mim?
M-Mas achei que iríamos fazer o livro juntas...
Melody: Desculpa, Naka-chan... Mas não aconteceu muita
coisa. Você pode ler o que escrevemos ontem antes de continuarmos e...
Nakamura: EU ACHEI QUE NÓS ÉRAMOS AMIGAS! Por que
vocês continuaram o livro sem mim? E nem me avisaram... Que cruel...
Nakamura começou a chorar e correu para fora do meu
quarto. Tá certo que ela vivia chorando quando era pequena, seja porque
pegaram seu bichinho de pelúcia predileto ou porque chutaram areia
nela... Mas hoje, a Nakamura pareceu realmente magoada.
Saímos correndo para fora do meu quarto e eu notei que os
sapatos da Nakamura não estavam mais na entrada, ou seja, ela saiu da
minha casa! Mimi e eu saímos da minha casa e procuramos feito doidas
pelos arredores.
Perguntamos aos vizinhos e eles disseram que viram uma
garota correndo e chorando indo para a floresta fora da cidade. Fomos
direto pra lá.
Na floresta, procuramos por todos os cantos até que achamos
a sandália japonesa da Nakamura, ela estava perto de um penhasco bem
grande.
Mimi: Um penhasco? Não, não pode ser!
Melody: Não! A Nakamura pulou no penhasco? Não!
Nakamura!
Capítulo 7: O lago dos vagalumes
Comecei a chorar e chorei, chorei bastante... Se pelo menos
não tivéssemos escrito no livro sem a Nakamura... Se pelo menos nós
tivéssemos sido boas amigas para a Nakamura e esperássemos por ela
para escrevermos o livro juntas...
Melody: Nakamura... Nakamura...
Mimi percebeu o quanto eu estava chorando e acabou sendo
levada pelo momento e chorando também. Mimi nunca chorava. Ela é a
garota mais valente que conheço, mas perder a Nakamura desse jeito
deve ter sido um choque para ela também.
Mimi: Nakamura... Droga! Por que eu fui querer escrever no
livro sem ela? A culpa é toda minha!
Melody: Não, Mimi...
Mimi: A Nakamura estava conosco quando criamos o primeiro
capítulo... Ninguém tinha decidido nada sobre as regras do livro... Eu achei
que podíamos escrever sem estarmos todas juntas... Droga! Eu sou burra,
burra mesmo! Nakamuraaaaaaaaaaa!
Melody: Nakamura...
Nós duas continuamos chorando perto do penhasco...
Choramos muito, muito mesmo.
Melody: A Nakamura sempre foi uma amiga bem gentil e
chorona... Você se lembra daquela vez no jardim de infância? Nós já
éramos três grandes amigas naquele tempo. A turma toda do jardim foi
brincar de esconde-esconde, mas a Nakamura estava gripada e fraquinha
naquele dia e então decidimos todos brincar sem ela. Ela ficou olhando a
brincadeira e depois começou a chorar, porque achava que ninguém
gostava mais dela, já que todos se divertiram muito sem ela.
Mimi: Ela saiu correndo pra bem longe, com lágrimas caindo
no chão e nariz escorrendo.
Melody: Isso! Aí nós fomos atrás dela. Procuramos a
Nakamura até anoitecer e nada de achar, até que a encontramos perto de
um lago bem grande.
Mimi: Ela ainda estava com o nariz escorrendo de tanto
chorar, mas aí nós dissemos “Te encontramos! Você é muito boa
brincando de esconde-esconde, né?”, aí ela enxugou as lágrimas e se
acalmou.
Melody: Aquele lago era o lugar secreto dela. Sempre que
começava a chorar, corria pra lá. Os vagalumes que apareciam ao
anoitecer a acalmavam, porque eram muuuuito bonitos.
Mimi: É, eu me lembro... Aqueles vagalumes...
Melody: Espera! É isso! O lago dos vagalumes! A Nakamura
deve ter ido pra lá!
Mimi: Mas a chinela dela tá aqui...
Melody: Se é para pensar que alguma coisa aconteceu, prefiro
pensar que ela está viva! Anda, Mimi-chan! Vamos atrás da nossa amiga!
Corremos para o lago dos vagalumes. Ele era bem pertinho do
penhasco onde estávamos. Fiquei pedindo por um milagre: “Por favor,
que a Nakamura esteja viva! Que ela esteja no lago dos vagalumes!”.
Quando chegamos ao lago dos vagalumes, estávamos
acabadas de tanto correr. Lá estava... Lá estava a nossa Nakamura!
Melody: Nakamuraaaaaaaa!
Pulei em cima da Nakamura e a agarrei com toda força. Não
queria mais saltar. A minha amiga está aqui!
Mimi: Nakamura, nós ficamos preocupadas! Achamos sua
sandália japonesa perto de um penhasco...
Nakamura: É, eu tropecei e caí no chão. Fiquei com a cara
toda cheia de lama, mas continuei a correr. Acabei deixando a sandália no
caminho.
Melody: Nakamura, nós nunca, NUNCA mais vamos escrever
no livro sem você! Vamos escrever o livro sempre juntas! Mas por favor,
Nakamura, não nos deixe! Seja nossa amiga pra sempre!
Nakamura: Melody-chan...
Nós três ficamos agarradas por um tempo, chorando lágrimas
de felicidade enquanto o sol foi sumindo e a lua surgindo... Depois de
tanto chorar, todas nós ficamos aliviadas.
Nakamura: Mas eu já te disse, Melody-chan. Não precisa me
chamar de Nakamura, é um nome bem complicado! Pode me chamar de
Naka-chan que já está bom.
Melody: Sim, Naka-chan!
Nakamura: Desculpa ter corrido tanto e preocupado vocês
duas, vocês são minhas amigas...
Mimi: Que é isso, Naka-chan. O importante é você estar bem.
Nakamura: Meus horários são muitos, eu realmente fico
muito atarefada durante as férias... Desse jeito fica difícil de ficarmos
todas juntas para continuar a escrever o livro. Que tal assim: posso pegar
o livro de vez em quando pra escrever? Acho que consigo escrever entre
uma aula e outra. Vocês também podem escrever sozinhas, mas nada de
guardar segredos, viu? Esse livro deve ser escrito por nós três!
Melody e Mimi: Okay!
Nakamura: He he... Vocês se lembram dos vagalumes desse
lugar? São lindos, não são?
O lago ficou cheio de vagalumes. A noite ficou bem iluminada
e bonita, assim como a nossa amizade com Naka-chan. Mesmo que haja
escuridão nas nossas noites, nossa amizade sempre iluminará o caminho.
Capítulo 8: O dia no shopping
Na noite passada, eu e minhas duas amigas dormimos juntas
na minha casa e na manhã seguinte todas nós tomamos café juntas.
Melody: E aí? O que faremos depois de tomar café?
Mimi: Bom, férias de verão são para fazer o que gostamos
mais e não temos tempo de fazer quando temos aula, né? Então o que
vocês gostam de fazer? Vamos tentar de tudo hoje!
Nakamura: Boa ideia, Mimi-chan!
Melody: Já sei por onde podemos começar!
Começamos indo ao cinema, o filme era... Era... Qual era o
nome mesmo? Ah, sei lá! Foi a Naka-chan quem escolheu. Fomos comprar
uns docinhos para comer assistindo o filme.
Nakamura: Cuidado para não melar nossos ingressos botando
doces no bolso, Melody-chan! Você sabe que chocolates derretem...
Melody: Ah, Naka-chan, você se preocupa demais!
Coloquei umas barras de chocolate no meu bolso e fomos
para a fila de entrar no cinema. A moça que verifica os bilhetes pegou os
bilhetes que estavam comigo, olhou meio feio para nossos rostos e nos
deixou passar. Acho que a ouvi dizer “As crianças de hoje crescem tão
rápido”.
Entramos na sala do filme e Nakamura nos falou finalmente
que filme nós iríamos ver:
Nakamura: O nome é Ponyo* e fala sobre uma peixinha que
acabou se apaixonando por um garoto humano e queria muito ser
humana, mas seu pai que é um cientista louco não concorda com o amor
dos dois.
Melody: Eh? Parece bom. É que nem o “Procurando Nemo”
**, não é?
Mimi: É Melody, se o nome da peixinha fosse “Nemo”, era
igualzinho ao procurando Nemo. Só fico me perguntando por que há tanto
adolescente nessa seção. E todos eles estão com as namoradas.
Nakamura: Ah, Ponyo não é um filme só para crianças! Tem
um enredo que agrada todas as idades! É uma história tocante.
Mimi: Se você diz...
Melody: Ah! Já vai começar!
Voz no filme: E agora... O cinema tem o orgulho de
apresentar...”O massacre da serra elétrica 3 : mais vale uma cabeça na
mão do que duas voando ”.
Nakamura: O quê? Massacre da serra elétrica?
Mimi: O quê? Me dá os bilhetes, Melody-chan.
Melody: Ah, tá aqui!
Mimi: Ah... Os bilhetes estão todos melados de chocolate,
não dá para ver o título nos bilhetes e um pouco de chocolate fez “sala 9”
parecer “sala 8”.
Melody: Então esse filme é...
Nakamura: Kyaaaaaaaaaaa! Quero sair daquiiiiiiiiii!!!
*Ponyo é outro filme de Hayao Miyazaki, foi lançado aqui no Brasil com o
título “Ponyo, uma amizade que veio do mar”.
**Procurando Nemo é um filme de animação da Pixar e da Disney que fala
sobre dois peixes que navegam o oceano inteiro a procura de um peixe chamado Nemo.
Nada a ver com Ponyo.
Nakamura saiu correndo da sala do cinema e nós fomos atrás
dela. He he... Falha minha!
Nakamura: Tá bom, agora eu escolho o que vamos fazer!
Nakamura nos levou para comer num restaurante japonês.
Ela pediu sushi para todas nós e começou a comer assim que a comida
chegou.
Melody: Muito legal nos levar para comer num restaurante
japonês, Naka-chan, mas... COMO SE COME COM ESSES DOIS PAUZINHOS?
Nakamura: Ah! O nome deles é hashi! São palitinhos que os
japoneses usam para comer.
Nakamura nos ensinou como usar os hashis, a Mimi estava
deixando a comida cair pra lá e pra cá e eu desisti de comer com os hashis,
decidi comer direto do prato mesmo! O povo ficou todo olhando pra mim
como se eu fosse uma turista maluca, mas eu comi bastante!
Mimi: Minha vez de decidir o que faremos!
Mimi nos levou para o “Gamestation”. É uma área do
shopping cheio de brinquedos eletrônicos onde podemos até ganhar
tickets brincando e trocar esses tickets mais tarde por brinquedos.
Mimi: Vamos tentar boliche?
Naka-chan joga a bola com a maior dificuldade, ela é muito
fraquinha e não acerta quase nenhum pino. Já eu estou “paquerando
algumas pipocas mesmo que o vendedor fique olhando estranho para
mim”, por isso erro alguns pinos. Mas a Mimi é muito boa e acerta todos
os pinos.
Tentamos um monte de brinquedos e ganhamos alguns
tickets.
Nakamura: Okay, agora vamos para casa.
Mimi: EH? Mas já? Mas... Mas... Mas ainda nem ganhamos
tickets o suficiente para ganhar aquela bola ali, ó!
Eu já estava muito cansada, mas a Mimi parecia que ia chorar
se fossemos embora agora, então ficamos um pouco mais. Não sabia que
a Mimi gostava de brinquedos para crianças pequenas, ela sempre foi tão
durona... Mas acho que ela também tem seu lado criança, né?
No final, ela conseguiu tickets o suficiente para a bola que
queria, mas viu como estávamos cansadas e não achou muito justo ficar
com o prêmio só para ela. Decidiu então trocar os tickets por três
adesivos, ficou um para cada uma de nós. Ela disse que outro dia tenta
conseguir a bola por si mesma, mas por hoje queria dividir o prêmio
conosco.
Melody: Só um adesivo? Eu queria a televisão de plasma...
Mimi: Então me dá o adesivo que eu quebro uma televisão de
plasma na sua cabeça.
Nakamura: Não, Mimi-chan! Eletricidade só vai deixar a
Melody-chan mais burra.
Melody: Obrigada, Naka-chan...
Minha mãe ligou perguntando se tínhamos morrido ou sido
sequestradas porque já eram 11 da noite e ainda não voltamos do
shopping. Ah, cheguei a falar que fizemos tudo isso no shopping? Não? Xíí,
foi mal! É que em livro fica difícil retratar cenário, sabe?
Chegamos à minha casa e mamãe falou em um tom de
sarcasmo:
Mãe: Ah, vocês já voltaram? Que droga! Achei que tinham
sequestrado minha filha e já ia dar uma festa aqui em casa!
Melody: Valeu, mamãe...
Nakamura: Melody-chan, eu posso escrever um pouco no
nosso livro? Tive uma ideia para uma personagem nova!
Melody: Eh? Do nada? Tá bom então.
Nakamura começou a escrever no livro.
Capítulo 9: A deusa Megami
Havia algo de errado no reino de Diadust. As pessoas estavam
ficando gripadas muito facilmente, todas estavam ficando com febre e
suas testas estavam vermelhas feito pimentas.
A princesa Sunshine não ficou doente, mas ela ficou
preocupada com o povo. A água do reino acabou e isso só fez as pessoas
do reino ficarem ainda piores.
Sunshine consultou uma sábia anciã para saber onde poderia
conseguir água. A anciã disse que existia uma lenda de que em um reino
vizinho vivia uma deusa que trazia paz e harmonia para todos e, como
todos sabem, deusas fazem milagres como trazer água para um reino! A
anciã pediu para Sunshine ir ao reino vizinho e encontrar a deusa.
Sunshine partiu imediatamente com sua fiel guarda costas, a
cavaleira azul. Elas cruzaram muitos obstáculos como uma barraquinha de
pastel e uma loja de bolos... Em todos os lugares que encontrava comida,
Sunshine queria parar e comer.
Melody: Nossa, que princesa gulosa essa, hein? Mamãe, você
me traz mais um pedaço daquele bolo de três camadas da geladeira? Essa
história me deixou com uma fome...
Mimi: A Princesa é gulosa, hein?
Chegando ao reino vizinho, Sunshine perguntou onde estava a
deusa que fazia milagres, mas o povo do vilarejo fazia cara feia e dizia que
nunca tinha ouvido falar de uma deusa dessas.
Uma garotinha que passeava pelo reino disse a Sunshine que
sabia algo da deusa. Segundo a avó dela, a deusa era bem gentil e ajudava
todo mundo desse reino com o que quer que seja. A deusa fazia as pessoas
doentes ficarem boas num piscar de olhos e enchia os rios de água
limpinha. Mesmo que fosse um trabalho pequeno como entregar uma
pizza, lá estava ela pronta para ajudar.
Melody: Que deusa prática! Ela bem que podia fazer chover
chocolate aqui na minha casa que eu iria gostar muito.
Mimi: De preferência chocolate quente, para te ferver. Agora
fecha a matraca, Melody-chan!
A menina disse que a deusa ajudava todo mundo, mas isso foi
há 10 anos. Nos dias atuais, as pessoas passaram a fazer as coisas por si
mesmas e ninguém precisou mais da ajuda da deusa. Ela se sentiu inútil e
saiu chorando para a floresta, de onde nunca mais voltou.
Sunshine e a cavaleira azul correram para dentro da floresta e
encontraram a deusa ainda chorando debaixo de algumas árvores. “Vocês
são do reino daqui perto? Vão embora! Todo mundo me odeia e por isso
ninguém nunca mais me chamou para fazer nada, sou uma deusa inútil”
ela disse.
Sunshine disse que ela estava errada, o povo do reino não
odiava a deusa, as pessoas só se acostumaram a fazer as coisas sozinhas e
por isso não a chamavam mais.
De repente, todo o povo do reino veio para a floresta para
pedir desculpas. Eles disseram que ainda amavam a deusa e não a
chamavam mais porque não queriam incomodá-la.
As pessoas amavam tanto a deusa que aprenderam a fazer as
tarefas sozinhas, justamente para deixa-la descansar em paz.
A deusa encheu seus olhos com lágrimas de felicidade e voltou
a ser amiga de todos do reino. Ela agradeceu a Sunshine e trouxe água
para o reino de Diadust, além de curar todos das doenças.
A princesa Sunshine ganhou uma importante aliada e no final,
perguntou qual era o nome da deusa. Ela respondeu que seu nome é
Megami e desde aquele dia, o reino se alegrou com a ajuda da deusa
Megami.
Mimi: Essa história ficou demais, Naka-chan!
Nakamura: S-Sério? Obrigada...
Melody: Sim, sim! A deusa é tão gentil como a Naka-chan!
Eh... Qual era o nome da deusa mesmo?
Nakamura: O nome dela é Megami. Megami significa deusa
em japonês!
Melody: Ah, então é isso. Que falta de criatividade, Nakachan.
Nakamura: Sério? Não ficou legal? Talvez devesse chamar a
deusa de Nakamura...
Melody: Ficaria menos criativo ainda.
Mimi: Então deixa Megami mesmo.
Mais um dia se passou e terminamos mais um capítulo do
livro. Eu tenho as melhores amigas que uma garota poderia ter, embora
elas não pensem em nomes muito criativos, né?
Capítulo 10: A nova aluna
Hoje é um dia que eu nunca achei que iria chegar...
Um dia que é temido por todos aqueles que odeiam estudar...
O dia mais tenebroso do ano...
Hoje é o dia... Hoje é o dia que...
Mãe: Melody minha filha, AINDA não se aprontou? Hoje é dia
de escola! Suas férias acabaram.
Melody: Mãe! Não estrague meu monólogo* dramático!
Mãe: Hein? Suas amigas já estão te esperando lá embaixo e
você ainda nem se vestiu.
Melody: Hein? Mas já?
Eu me apronto tão depressa que coloco meias diferentes em
cada pé, deixo de abotoar um botão da camisa, visto a saia ao avesso e
saio do quarto com o pente grudado no meu cabelo...Isso é o que ganho
por tentar pentear essa “fera” logo de manhã.
Melody: Mãe, eu estou pronta!
Mãe: Pronta pra quê? Festa a fantasia fantasiada de monstro
do cabelo de Bombril? VOLTE JÁ PARA O SEU QUARTO!
Após levar bronca da mamãe, vou para a escola junto das
minhas amigas. Saio tão depressa de casa que não tenho tempo de tomar
café da manhã, então saio com uma torrada na boca.
Nakamura: Uau, Melody-chan! Você parece uma daquelas
heroínas de mangás shoujo**. Sempre que elas saem de casa atrasadas,
ficam com uma torrada pendurada na boca.
*Monólogo é uma longa fala de uma pessoa só. Muito utilizado em peças de
teatro.
**Shoujo é um tipo de mangá onde se dá prioridade a histórias de romance e
drama. Geralmente em mangás shoujo a protagonista é uma garota desastrada.
Mimi: Hein? Não sigo sua lógica, Naka-chan. Mas a Melody
saiu de casa feito bala! Não tem despertador na sua casa não?
Melody: Quebrei meu despertador com um martelo nas férias
e não tenho mesada para comprar outro... Por que as aulas são sempre
pela manhã?
Nakamura: Não diga isso, Melody-chan! Eu estou ansiosa para
o primeiro dia de aula! Pense só no quanto vamos aprender desta vez!
Aprender coisas novas é a melhor coisa do mundo!
Mimi: Pelo menos alguém parece feliz...
Melody: Bom, pode ser que entre uma novata na nossa sala.
Deve ser legal conhecer uma nova amiga. Já pensou se ela é rica e
extremamente gentil? Aí poderíamos pedir um montão de dinheiro e
depois gastar tudo comprando doces.
Mimi: Você tá viajando...
Chegamos à sala de aula e a professora é a mesma do ano
passado. Será que a escola está cortando os gastos com professores ou é
preguiça do escritor desse livro? Espera, não teve um livro anterior a esse!
De qualquer forma ela parece ter um aviso importante para a
turma:
Professora: Turma, hoje nós teremos uma nova aluna que
estudará nessa sala de agora em diante. Ela é uma estrangeira que veio
Londres e deve estar doida para conhecer cada uma de vocês. Pode vir,
Princess.
Entrou na sala de aula uma garota de olhos azuis, cabelos
cacheados loiros, pele branquinha e usando um batom vermelho que
parecia coisa de adulto. Ela disse:
Princesa: Muito prazer seus estudantes pobres, meu nome é
Princess LightHeart e estarei estudando nessa humilde sala a partir de
hoje. Sou muito rica, meus pais compram tudo para mim e sou muito mais
bela que cada um de vocês, mas acho que isso já deu para perceber, né?
Mimi: Isso doeu! Tudo bem dizer isso da Melody-chan, mas
de mim?
Professora: Huh, Princess... Não diga mais isso, está bem?
Vamos ver... Pode se sentar ao lado da Melody.
A garota chamada Princess se sentou na carteira ao lado da
minha, decidi cumprimentá-la:
Melody: Oi Princess, meu nome é Melody e eu adoro doces!
No lugar onde você morava tinha muitos doces gostosos? Eu adoro comer
muitos doces gostosos!
Princess: Não sei te dizer, já que não como muitos doces.
Quem come muitos doces acaba engordando e ficando feia, então acho
melhor você parar com essa sua adoração doentia.
Melody: O quê? Eu sou bem magrinha! E como assim parar de
comer doces? Eu amo doces e sempre amarei!
Princess: É uma pena, então acho que você não tem salvação
mesmo, vai continuar feia para sempre...
No recreio, conversei com minhas duas amigas sobre a nova
aluna:
Melody: Ela me tira do sério! Quem ela pensa que é?
Nakamura: Calma, Melody-chan! Ela não deve ser tão ruim
assim, deve ser só tímida, eu acho...
Mimi: Ah! Lá está ela! Vamos conversar com ela. Oi! Princess,
eu sou Mimi! E aí? Vamos escalar algumas arvores da escola?
Princess: Escalar árvores? O que você é? Uma macaca?
Somente tomboys* escalam árvores. Eu prefiro ler.
Nakamura: Uau! Você está lendo um livro em inglês? Você
também sabe falar inglês?
Princess: Of course I can. I can speak english (É claro que
posso. Eu posso falar inglês).
Nakamura: Uau, isso é impressionante! Uh... Eu sei falar
japonês, é assim: watashi wa nihongo de hanasu koto ga dekimasu (Eu
posso falar japonês).
Princess: Japonês? Que perda de tempo! Quem iria querer
falar japonês? Os japoneses dormem praticamente no chão, comem peixe
e macarrão o tempo todo e fazem aquela coisa ridícula de dobrar papel.
Nakamura: O Japão tem muita cultura e fatos interessantes! É
bastante avançada tecnologicamente e tem mangás lá! É um país
maravilhoso!
Depois ficamos nós três, eu e minhas amigas, comendo
nossos biscoitos do lanche.
Mimi: Essa Princess é terrível! Ela não parece ser gentil com
ninguém e é bem esnobe!
Nakamura: Ela insultou o meu querido Japão...
Nakamura: Ela é tão ruim que parece até uma bruxa! Ei! Que
tal introduzir uma personagem parecida com ela no nosso livro?
*Tomboy neste caso significa uma garota que não se preocupa em se sujar e
adora atividades que envolvam forca física como futebol, lutas ou subir em árvores.
Mimi: Boa ideia! Uma vilã, né?
Nakamura: Vejamos...
No capítulo anterior da história uma doença fez o povo do
reino de Diadust passar mal, mas a deusa Megami apareceu e curou todo
mundo.
Essa doença em todo o povo foi obra de uma magia negra
lançada por uma bruxa que não gostava de ninguém.
A bruxa ficou furiosa porque a deusa conseguiu curar o povo e
decidiu bolar outro plano para fazer Diadust sofrer. Seu plano era
brilhante: ela planejava lançar um feitiço que faria o reino ficar na
escuridão por dias. As crianças ficariam com medo do escuro, as famílias
não conseguiriam mais se encontrar, ficaria até difícil de andar por aí pelas
ruas.
A bruxa preparou todos os ingredientes necessários em seu
caldeirão e o feitiço foi lançado, deixando todo o reino de Diadust na
escuridão eterna...
Nakamura: Que medo! E agora? O que a princesa Sunshine
fará?
Professora: Isso eu não sei, mas sei o que vocês farão...
VOLTEM PARA A SALA DE AULA AGORA! A aula já começou e vocês aqui,
conversando fora da sala de aula. Antes de voltar, quero que vocês deem
voltas pela quadra até sair um rio de suor dos seus corpos!
Levamos bronca da professora, mas conseguimos avançar
mais um pouco na escrita do livro. Queria ter terminado de escrever o
livro nas férias, mas mal posso esperar para saber o que acontece depois
nessa história! Espera, somos nós que estamos criando o livro! Nós é que
deveríamos pensar no resto. Desculpa... Esqueci!
Capítulo 11: A bruxa Witch
No outro dia, chegamos à sala de aula e observamos que
Princess estava sozinha enquanto os outros alunos ficavam com seus
amigos. Decidi então perguntar:
Melody: Ei “aluno sem nome”, o que a turma está achando da
Princess?
Aluno sem nome: A Princess vive dizendo que todo mundo
fede ou é pobre ou coisa pior.
Aluna sem nome: Ela também é muito metida! Vive falando
que ganhou brinquedos caros dos seus pais e come caviar com lagosta...
Professora: Quietos! Sentem-se em seus ligares que a aula já
vai começar!
Princess estava usando um batom preto bem chique hoje,
acho que a professora acabou de notar:
Professora: Princess, ontem eu fui boazinha porque era seu
primeiro dia, mas você não deve usar batom! Isso é coisa de adulta!
Princess: Eu já sou madura o suficiente! Mamãe me disse que
as garotas ficam ainda mais bonitas de batom!
Professora: Mas você é jovem demais. Tire imediatamente!
Princess: Hunf! Vou contar isso para a mamãe e você vai ver
só!
Princess limpou o batom num lenço todo chique que estava
dentro de sua bolsa. Fiquei feliz de vê-la levar bronca da professora... Pelo
menos dessa vez não foi eu pra variar.
Depois da aula, os alunos e alunas foram falar com Princess:
Aluna sem importância: Princess, todos nós já estamos
cansados de ouvir seus comentários. Você é cruel com todos e fica se
achando o máximo, mas não é! Todos da classe decidimos não falar mais
com você até você mudar essa sua atitude!
Princess: Não vão falar mais comigo? Grande coisa! Eu só
deveria ter amigas belas e ricas como eu, não preciso da amizade de
nenhum de vocês, seus plebeus!
Princess saiu da sala e todos os alunos fizeram cara feia para
ela. Essa Princess não leva jeito mesmo...
Todo mundo saiu da sala de aula e eu e minhas amigas
estávamos indo para nossas casas quando eu me toquei que esqueci o
meu caderno na sala de aula.
Melody: Meu caderno da “Hello kittykat”! *
Mimi: Kittykat? Ai ai ai... Vá lá pegá-lo na nossa classe! Vamos
esperar aqui.
Melody: Okay!
Voltei para pegar meu caderno. Antes de entrar na sala,
percebi que Princess ainda estava na sala e estava conversando com
alguém no celular dela. Decidi ficar do lado de fora da sala e espionar a
conversa. Crianças, não façam isso em casa, só na escola.
Princess: Alô, mamãe? Como eu estou? Estou bem! Se já fiz
muitas amigas? É claro que já! Na verdade, todos da sala imploraram para
serem meus amigos! Eu sou a garota mais popular da sala assim como
você era! Sim, sim, tá bom então, tchau! Kisses (beijos)!
Quando Princess desligou o celular, sua expressão pareceu
mudar: ela estava bem triste e tirou uma boneca da bolsa. Começou a
falar com a boneca e fingiu que a boneca falava:
Princess(na voz da boneca): Princess, minha querida, você
mentiu para sua mãe de novo! Já falei que mentir é errado!
*Foi uma paródia que junta a gata “Hello Kitty” e o chocolate KitKat. Quem
sou eu para explicar as piadas desse livro? O escritor?
Princess: Eu sei, Alice... Mas é necessário...
Princess(na voz da boneca): Por quê você não começa a ser
boazinha com todos? Assim você teria muuuuuitas amigas e não teria de
mentir mais para sua mãe!
Princess: Mas não é assim tão fácil. Eu não posso
simplesmente pedir para as outras serem minhas amigas.
Princess(na voz da boneca): Por quê não? Aposto que as
outras iriam adorar serem suas amigas!
Princess: Mas seria embaraçoso. Eu sou uma dama e sou rica!
Não posso me rebaixar ao ponto de implorar por amigos...
Princess(na voz da boneca): Mas sendo rude desse jeito, você
não vai ganhar nenhuma amiga.
Princess: Isso não é problema, Alice. Afinal, você é minha
amiga...
Lágrimas caíram do rosto de Princess e a voz dela soou cada
vez mais triste...
Princess: Você é a única amiga que preciso nesse mundo...
Você gosta de mim do jeito que eu sou... Eu não preciso de mais
ninguém... Eu... Eu... Eu queria ter amigas! Eu queria amigas que ficassem
comigo e me fizessem feliz...
Princess pareceu tão triste naquele momento, me lembrei da
história da princesa mimada, que me fez conhecer as minhas duas
melhores amigas. A princesa mimada não se importava com os outros e
por isso não tinha amigos para festejar o aniversário dela. Será que a
Princess era como a princesa mimada? Ela poderia se importar com os
outros assim como eu me preocupo com as minhas amigas? Ela me
pareceu tão triste naquele momento que decidi falar com ela:
Melody: Princess... Desculpa, eu não sabia...
Princess enxugou as lágrimas do rosto rapidamente, mas seus
olhos ainda estavam bem vermelhos.
Princess: Melody? O que está fazendo aqui? Eu só estava
treinando minha pronúncia de inglês, afinal eu preciso estar preparada
para tirar nota 10 na prova da próxima semana e mostrar a todo mundo o
quão melhor eu sou...
Melody: Não precisa disfarçar, eu sei que você está se
sentindo solitária! Sei que mudar é difícil, sei que ser a aluna nova da
classe é bem difícil, mas eu serei sua amiga! E se você for um pouco mais
gentil com todos, garanto que também fará ótimas amizades!
Princess: Melody...
Melody: Vem, vamos! Quero te mostrar uma coisa. É um livro
que eu gosto muito e minhas amigas também adoram. Garanto que você
vai adorar também!
Minhas amigas acharam estranho, mas eu levei a Princess
para minha casa e nós quatro lemos a história da princesa mimada, todas
juntas. A Princess acabou gostando muito e as minhas amigas logo
perceberam que ela não era tão má pessoa quanto parecia... Tudo bem,
ela era um pouco metida, mas prometeu nunca mais falar mal de nenhum
dos outros alunos.
Naquela noite, mostramos o livro que estávamos criando. Ela
ficou emocionada com a história e queria saber como continuava a
história depois que a bruxa lançou o feitiço.
Melody: A história continua assim:
A princesa Sunshine e suas amigas: a deusa Megami e a
cavaleira azul, decidiram passear pelo reino de Diadust, mesmo sem
conseguirem enxergar nada com a escuridão causada pela bruxa.
Megami acalmou as crianças que choravam com medo do
escuro e a cavaleira azul acendia velas para todo o povo do reino. Já a
princesa Sunshine caminhou mais um pouco e acabou encontrando a
bruxa em um canto da escuridão. A bruxa não era tão feia assim: tinha
lindos olhos azuis e era loira com uma pela bem branquinha.
A bruxa estava tremendo, dizendo que sua magia deu errado
e agora ela também está na escuridão. Mesmo que ela fosse uma adulta,
a bruxa tinha muito medo do escuro. Sempre que faltava energia na sua
casa, ela chorava muito porque ficava sozinha sem ninguém para dizer que
a luz volta alguma hora.
Sunshine percebeu o sofrimento da bruxa e decidiu abraçá-la.
Ela disse “Não se preocupe bruxa, eu estou aqui! E enquanto formos
amigas e trabalharmos juntas, a luz vai voltar, eu prometo!”.
A bruxa chorou e abraçou forte a princesa Sunshine. De
repente, a luz voltou ao reino de Diadust e tudo ficou em paz.
A bruxa disse que seu nome era Witch e a partir de hoje, ela
usaria seus feitiços para o bem e não para o mal. Afinal, ela e Sunshine são
amigas agora. Sunshine é a primeira amiga humana da bruxa e ela ficou
muito feliz.
Naquela noite, nós quatro dormimos todas no meu quarto.
Mimi-chan e Naka-chan sabiam que ganhamos uma nova amiga e aposto
que a Princess ficou muito feliz.
Capítulo 12: Os pais de Mimi
Hoje eu acordei cedo! Acho que há uma primeira vez para
tudo na vida.
Mãe: Melody, você já acordou? O que houve? Está com
febre? Sua cama quebrou? Quer que eu chame aquele doutor que cuida
de febre e é marceneiro nas horas vagas?
Melody: Não mãe, eu estou bem...
Mãe: Até que enfim minha filhinha está ficando
independente! Que bom que você acordou cedo porque assim dá para
você desentupir a privada antes de ir para a escola.
Melody: O quê? Boa noite mãe...
Mãe: ME – LO – DY!
Levei outra bronca. Mais uma vez não vejo minha irmã maior,
a traça-livros, em casa. Será que ela fica estudando até de manhã na
faculdade? Eu juro que quando eu crescer, irei pelo menos tomar café da
manhã em casa com minha mãe. Isso é, se a nossa professora durona não
resolver me trancar na sala de aula para nunca mais sair. Eu juro que tive
um pesadelo assim uma vez.
Nakamura estava na porta me esperando, mas desta vez não
vi a Mimi com ela.
Melody: Cadê a Mimi-chan?
Naka-chan: Sei lá, vai ver ainda está dormindo na casa dela.
Melody: Então essa é minha chance de acordar alguma garota
preguiçosa que não sou eu!
Nós fomos para a casa da Mimi-chan. Os pais da Mimi já
estavam na cozinha e ela estava tomando café da manhã. Com a boca
cheia, ela falou:
Mimi: B-fom Df-ia garof-tas!
Nakamura: Por favor, coma e depois fale...
Mimi engoliu tudo rapidinho e depois perguntou aos pais:
Mimi: Papai, mamãe, cadê meu lanche da escola?
Pai da Mimi: Hein? Era a vez da sua mãe preparar o lanche!
Mãe da Mimi: Não, querido. Eu juro que hoje era sua vez!
Pai da Mimi: Foi minha vez ontem! Está querendo dizer que
estou sendo folgado e que não faço nada nessa casa?
Mãe da Mimi: Só estou dizendo que você é um irresponsável
e que se esquece de fazer tudo nessa casa!
Os pais da Mimi brigaram até cansar. Mimi decidiu levar uma
barra de cereal que achou por perto e foi embora para a escola conosco.
No caminho, conversamos:
Melody: Mimi-chan, seus pais ainda brigam muito, né?
Mimi: Nem me fale! E eles sempre brigam com coisas idiotas
como o meu lanche ou o livro da escola que iriam comprar pra mim... Eu já
estou ficando cansada dessas brigas!
Nakamura: C-Coitada de você, Mimi-chan... Se quiser ir lá pra
minha casa quando seus pais brigarem, fique a vontade.
Mimi: Não, tudo bem. Isso iria preocupar sua mãe. Não quero
preocupar nenhuma família das minhas amigas.
Nakamura: Mas, Mimi-chan...
Mimi: Olha! A escola tá bem pertinho, vamos entrar!
Chegando à sala de aula, encontramos nossa nova amiga, a
Princess:
Melody: Oi, Princess! Bom dia!
Princess: Good morning (bom dia)!
Melody: O quê? Gordo morno? Você está me chamando de
gorda, é?
Nakamura: Melody-chan, sério mesmo, estude mais um
pouquinho de inglês...
Melody: Ah! Princess-chan, como vai a Alice-chan?
Princess: Você me chamou do quê?
Nakamura: É um sufixo japonês, mostra que você é nossa
preciosa amiga. Pense nisso como um apelido bonitinho.
Princess: Ah, sim... Japonês, né?
Melody: E então? E a Alice-chan?
Princess ficou com o rosto todo vermelho de vergonha e tirou
bem devagar a boneca que ela tinha da mochila. Mais uma vez ela fingiu
que a boneca falava:
Princess na voz da boneca: Eu estou bem, Melody-chan! Não
importa onde a Princess esteja, estarei sempre com ela! E acho que ela
ficou bem mais feliz agora que tem amigas novas no colégio.
Princess: Alice-chan! Pare de me envergonhar na frente das
minhas amigas...
Todas nós demos risada juntas, mas nosso riso foi
interrompido por um anúncio do diretor:
Diretor: Mimi CloverField, quero você no meu escritório agora
Capítulo 13: A Mimi não aguenta
Todas nós ficamos curiosas querendo saber para quê o diretor
queria Mimi-chan no escritório dele. Então quando ela entrou na sala do
diretor, nós três ficamos do lado de fora da sala dele, com o ouvido bem
aberto para ouvir a conversa. Mais uma vez, não façam isso em casa,
crianças!
Diretor: Mimi, essa mulher aqui do meu lado é a conselheira
da escola. Ela gosta de ouvir os alunos e dar conselhos sobre suas vidas.
Conselheira: Bom dia, Mimi-chan! Como você vai? Tudo bem?
Mimi: ... Tudo.
Conselheira: soube que seus pais têm brigado muito
recentemente. Como vão os seus estudos? O que você sente a respeito
disso?
Mimi: Eu estou bem, sério...
Conselheira: Mimi, não minta para mim. Eu sou sua amiga,
pode confiar em mim.
Mimi: Eu conheci você hoje, você não é minha amiga! E não
tem nada de errado comigo não! Meus pais brigam muito, mas eu tapo os
ouvidos e não ouço eles brigando!
Conselheira: Mimi, fique calma. Isso é para seu próprio bem.
Se tiver algum problema em casa ou se quiser desabafar alguma coisa,
ligue para mim, está bem? Aqui está meu telefone.
Mimi: Tá, valeu...
Mimi saiu da sala do diretor com muita raiva:
Mimi: Por que sou eu que tenho de ouvir esses sermões
quando são meus pais que estão brigando? Isso me deixa muito frustrada!
Nakamura: Mimi-chan...
Princess: Seus pais só estão um pouco violentos. Aposto que
se eles comprassem um brinquedo novo pra você, você se sentiria bem
melhor.
Mimi: Eu não quero brinquedo! Eu quero meus pais parando
de brigar por minha causa! Droga...
Lágrimas caíram dos olhos de Mimi-chan e ela foi embora
para casa. Todas nós decidimos ir atrás e passar a noite na casa dela. Ela
escreveu um novo capítulo do livro:
Esse capítulo falará um pouco mais sobre a cavaleira azul.
Os pais da cavaleira azul mandavam a filha fazer um monte
de coisas: enquanto a mãe queria que a cavaleira aprendesse a tricotar,
dançar e cuidar de flores, o pai queria que a filha fosse uma guerreira e
treinasse diariamente suas técnicas de espada.
Todos os dias, os pais dela brigavam porque tinham planos
diferentes para a filha. A mãe queria que ela fosse gentil como uma
donzela e o pai queria que ela fosse forte como um nobre guerreiro.
A cavaleira azul fazia tudo que seus pais mandavam. Mas no
final do dia, sempre ficava muito cansada. Ela decidiu contar tudo para
suas amigas: A deusa Megami, a princesa Sunshine e a bruxa Witch.
As amigas da cavaleira azul ficaram com pena da amiga e
quando decidiram falar alguma coisa, perceberam que a cavaleira já
estava dormindo de tão cansativo que foi o dia.
No outro dia...
Os pais da Mimi-chan gritavam tão alto que dava para ouvir a
conversa deles do quarto dela:
Mãe da Mimi: O quê? Você não comprou ainda o material
escolar da nossa filha? Como espera que ela estude bem nesse ano?
Pai da Mimi: Eu vou comprar! Eu não te falei? Você tá
achando que eu saio todas as tardes só para ficar bebendo com meus
amigos, é?
Mãe da Mimi: Sim, é exatamente isso! Você não presta
mesmo. É um péssimo pai que nunca se importou com sua filha!
Mimi: Que barulhentos...
Nakamura: Calma, Mimi-chan...
Pai da Mimi: Se eu não presto mesmo, então eu vou sair
dessa casa! Vou levar a Mimi comigo e provarei que sou um pai bem
melhor do que você pensa! Nós seremos felizes, só nós dois.
Mãe da Mimi: O quê? Divórcio? Você está pensando em
divórcio?
Mimi não conseguia mais aguentar aquela barulheira em casa
e decidiu fugir pela porta da frente. Os pais dela gritaram seu nome assim
que ela saiu, mas ela nem ouviu e continuou a correr para bem longe.
Mãe da Mimi: Tá vendo, só? É tudo culpa sua!
Princess: Ei, vocês dois! PAREM DE BRIGAR! Não percebem
que essa é a hora errada? Vocês não deveriam estar atrás de sua filha? Ela
não é “o diamante mais precioso da família” para vocês? Pelo menos é
isso que meus pais dizem sobre mim...
Capítulo 14: As lágrimas ao Luar
Todos nós decidimos procurar por Mimi-chan, até mesmo os
pais dela. Procuramos por vários lugares até que a achamos em cima de
uma árvore bem grande do parque... Era a árvore mais alta de todas.
Pai da Mimi: Mimi, o que você está fazendo? Desça já daí
agora!
Mimi: Não!
Mãe da Mimi: Mimi, esse lugar é muito perigoso, você pode
morrer se cair dessa altura!
Mimi: Não ligo!
Pai da Mimi: Por que você está sendo tão teimosa?
Mimi: TALVEZ FOSSE MELHOR SE EU MORRESSE MESMO!
Vocês vivem brigando e brigando por minha causa! Sempre discutindo
sobre o meu lanche, sobre meu material, sobre as minhas roupas... EU JÁ
CANSEI DISSO!
Melody: Mimi...
Mimi começou a chorar de cima da árvore, ela já não
aguentava mais os pais brigando sobre tudo...
Mãe da Mimi: Mimi, isso é loucura! Desça já daí!
Mimi: Não!
Pai da Mimi: Desça!
Mimi: Não, não e não!
Princess se esticou toda e deu um tapa na mãe e um no pai de
Mimi.
Princess: Ela é a filha de vocês! Ela está lá em cima da árvore
pensando em pular porque vocês vivem brigando e vocês só gritam com
ela? Vocês têm de ir lá em cima e tirá-la de lá, antes que seja tarde
demais.
Os pais de Mimi finalmente se tocaram da loucura que
haviam cometido. Quando olharam para Mimi, ela estava chorando e
gritando muito lá do topo da árvore. Os dois pais decidiram subir lá,
mesmo que a árvore fosse muito grande e eles não eram ótimos
escaladores de árvore.
Quando chegaram ao topo, eles abraçaram a filha com o
maior carinho possível, limpando as lágrimas que ela derramava do rosto.
Pai da Mimi: Desculpa, filha... Papai foi um idiota mesmo!
Papai não quer ver a filhinha sofrer nunca mais.
Mãe da Mimi: Desculpa também, filha. Eu tenho sido uma
péssima mãe. Não percebi o quanto você sofria com nossas brigas
idiotas...
Mimi: Mamãe... Papai...
Pai da Mimi: De agora em diante, eu e sua mãe nunca mais
vamos brigar e você não vai a lugar nenhum. Vai continuar morando
conosco na nossa casa.
Mãe da Mimi: Não precisa se preocupar mais, Mimi. Nunca
mais vamos brigar!
Mimi: Mamãe... Papai...
Do topo da árvore, Mimi e seus pais se abraçaram e viram,
juntos, a luz do luar que parecia linda naquela noite. Era uma luz
maravilhosa que aproximava as famílias e faziam as brigas perderem todo
o sentido.
Naquela noite, Mimi terminou o capítulo sobre a cavaleira
azul:
A cavaleira azul não aguentou mais os pais obrigando ela a
fazer coisas diferentes e sempre brigando. Ela enfiou a espada no seu
coração e morreu... A noite ficou fria como o gelo e escura como as trevas.
Os pais da cavaleira perceberam o erro que cometeram e
choraram bastante, querendo que a cavaleira voltasse a viver. Eles
prometeram nunca mais brigar e nunca mais obrigar a cavaleira a fazer
nada na vida.
As lágrimas dos pais foram o suficiente para a deusa Megami
perceber o arrependimento dos pais da cavaleira. Então ela decidiu reviver
a cavaleira azul. Os pais ficaram muito felizes e pediram desculpas. A
cavaleira finalmente conseguiu viver tranquilamente com seus pais e tudo
deu certo no fim.
A noite era bela, agora que as lágrimas já foram embora...
Capítulo 15: A traça-livros
Era uma manhã quieta... Quieta até demais...
Eu estava sonhando que estava comendo a torre Waffel* com
bastante calda de caramelo e quando cheguei quase no topo, abri o maior
bocão e caíram... Livros? São livros caindo do céu? E NENHUM LIVRO É DE
CULINÁRIA?
Quando me toquei, acordei com um livro de engenharia na
minha cara e vieram outros voando por aí. E eu já sabia de quem era a
culpa: a minha irmã traça-livros estava em casa, revirando todos os livros
da casa a procura de seu material escolar.
Irmã: Ai... Onde foi que eu deixei? Irmãzinha, você não viu por
aí o meu livro de “cálculo 1” não, né?
Melody: Não sei nem do que você está falando... Eu estava
tendo um ótimo sonho e você me acordou!
Irmã: E ainda bem que te acordei. Suas amiguinhas já estão na
porta da frente esperando por você!
Melody: Sério? Hora de fazer que nem DVD e apertar “fast
foward” **
Vesti minhas roupas, penteei o cabelo, tomei café, escovei os
dentes, tirei o lixo para fora, coloquei meus materiais na mochila, peguei
meu lanche com minha mãe, comi a sobremesa do café da manhã e
encontrei com minhas amigas... Tudo isso em menos de 5 minutos!
Mimi: Uau! Isso deve ser um novo recorde! Quero ver você
fazer isso em 4 minutos amanhã!
*Paródia com a torre eifel, só que com uma pilha de waffles ao invés da torre
**Para quem não sabe, é um modo de passar cenas de um dvd de forma
rápida
Nakamura: Você parece uma treinadora bem rígida, Mimichan. Está treinando sua discípula para as olimpíadas?
Mimi: Ela tá mais pra olim PIADAS mesmo. Não tem como não
rir com a Melody-chan se aprontando no modo “fast foward”.
Nakamura: Ah, hoje a Princess disse que iriamos nós quatro
juntas para a escola... Quando será que ela chega?
Princess acaba de chegar dentro de uma luxuosa limusine. Ela
sai de dentro da limusine e nos cumprimenta:
Princess: Good Morning, garotas!
Nakamura: B-Bom dia...
Princess: Então? O que acham de irmos de limusine para o
colégio? Garanto a vocês que é WON – DER – FUL (maravilhoso).
Mimi: Tenho uma ideia melhor: vamos andar um pouco,
Princess-chan? Se formos de limusine, chegaremos lá num instante.
Porém, o bom mesmo é demorar e conversar com as amigas.
Princess acaba concordando com a ideia e nós falamos sobre
nossos interesses:
Mimi: Assisti a um filme policial com meu pai ontem! Foi tudo
tão legal e cheio de ação! Tinha cada explosão e pancadaria!
Princess: Credo! Que filme violento! Esses filmes não são
desaconselháveis para menores não?
Mimi: O quê? Meu pai tem 27 anos então acho que não tem
problema.
Princess: Não estava falando do pai...
Nakamura: E-Eu também não gosto de filmes barulhentos...
Assisti recentemente a um filme chamado “Tonari no Yamada-kun” *.
Princess: Sério? Como era o filme?
Nakamura: Era sobre uma família onde todos são bem
gordinhos. O pai vivia querendo que o filho adolescente o respeitasse e a
irmã menor acaba sendo deixada sozinha no shopping porque a mãe e
avó... Esqueceram-se dela.
Melody: Ai caramba!
Princess: Você adora uma cultura japonesa. Né, Naka-chan?
Nakamura: Para mim, são poucos os filmes japoneses que eu
gosto, mas de Anime tem muitos!
Princess: Anime? O que é isso?
Nakamura: São os desenhos animados japoneses, mas eles
acabam sendo desenhos para todas as idades. Tem animes com muito
sangue e batalhas de espada, mas existem animes de romance com
histórias bem dramáticas também.
Princess: Sério? Quero ver algum da próxima vez.
Nakamura: Eu até tenho um aqui: chama-se “Ojamajo
Doremi” ** e fala sobre três bruxinhas que ajudam as pessoas com suas
magias, mas sem serem descobertas. Elas têm provas e tudo, como
estudantes normais.
*Em inglês o filme é chamado “My neighbours the yamadas” e foi dirigido
por Isao Takahata. É do mesmo estúdio que criou Ponyo.
** ”Ojamajo Doremi” é um anime bem legal. Embora a princípio ele possa
parecer meio infantil, as histórias são bem profundas. Altamente recomendado.
A conversa foi fluindo até chegarmos à sala de aula, quando a
professora anunciou algo importante:
Professora: Hoje passarei um dever de casa importante: vocês
têm de escrever um relatório falando sobre seus irmãos. Quem não tiver
irmão pode falar sobre mim mesmo, mas nada de me esculhambar como
o aluno que me desenhou com chifres e fogo saindo dos meus olhos.
Façam isso direito!
Melody: Ai não...
Nakamura: O que foi, Melody-chan?
Melody: Agora eu tenho de fazer um relatório sobre a traçalivros...
Nakamura: Sua irmã é uma garota legal, ela deve ter uma vida
bastante interessante.
Melody: Não sei não...
Cheguei a minha casa e perguntei a minha mãe onde minha
irmã está.
Mãe: Ela deve estar chegando...
Nesse momento, a porta abre rapidamente e a minha irmã
aparece com a maior cara de derrotada e cai no chão da entrada.
Mãe: Filha! O que houve?
Irmã: Hoje eu fiz uma apresentação na faculdade e o
professor odiou a apresentação. Ele disse que terei de refazê-la até
amanhã. É um trabalho em dupla. O que eu faço?
Mãe: Calma, filha! Vai dar tudo certo...
Melody: Mana, eu tenho de escrever um relatório sobre você
para a escola!
Irmã: Agora não, Melody... Estou cansada e tenho de fazer o
trabalho.
Minha irmã parecia muito cansada, fui dar uma espiada na
porta do quarto dela e ela estava conversando com alguma colega, eu
acho.
Irmã: Sim, eu faço o trabalho, mas será que não tinha como
você vir me ajudar? É muita coisa! Ah, desculpa, hoje você vai ao cinema
com seu namorado, né? Tá bom então, eu faço o trabalho. Mas não tem
como você me ajudar só um pouquinho? Nem que seja depois do
encontro, no último minuto mesmo... O quê? Você vai me mandar uma
parte? Tá bom então! Vou esperar até você enviar. Tá bom, tchau.
Minha irmã começou a digitar feito louca no computador do
quarto dela. Decidi não perguntar nada para meu relatório neste
momento(Faço isso mais tarde). Espero que ela não desconte toda a sua
raiva no computador como a mamãe fez, já basta um computador com
buraco no meio.
Chegou meia noite e eu tive vontade de ir ao banheiro no
meio da noite. Na ida ao banheiro, passei pelo quarto da minha irmã e
percebi que ela ainda estava fazendo o trabalho. Desta vez, ela estava
bem mais cansada e acabou batendo a cabeça nas teclas do computador.
Irmã: POR QUE ELA NÃO ME ENVIOU NADA?
Fui de fininho para o meu quarto e voltei a dormir.
Capítulo 16: O dia em que ela falou
Acordei no outro dia com minha irmã gritando com minha
mãe:
Irmã: MÃE, POR QUE É TUDO TÃO COMPLICADO? POR QUE
ESSE PROFESSOR NÃO FICOU CALADO E ME DEU NOTA ALTA? EU ODEIO A
FACULDADE! ACHEI QUE IRIA SER MAIS TRANQUILO QUE O PRÉVESTIBULAR, MAS NÃO FOI!
Mãe: Calma, filha...
Melody: Mana, eu tenho de escrever um relatório sobre você
para a escola...
Irmã: Para de me perturbar, Melody! Você não percebe que
eu estou ocupada?
Não gostei da minha irmã gritando comigo logo de manhã.
Isso me deixou irritada! Mas se bem que ela passou a noite toda fazendo
um trabalho que a amiga não ajudou em nada.
Tive uma ideia: entrei na mala do carro da minha irmã e fui
com ela para a faculdade, quem sabe eu não podia escrever um relatório
sobre ela se tivesse mais informação sobre se dia a dia?
O carro passou por uma montanha, caminho cheio de pedras,
uma parada brusca... Por que só passou por coisas que me fizessem me
machucar na mala? Esse escritor está de marcação comigo.
Quando chegamos à faculdade, saí de fininho da mala e me
escondi perto o suficiente para ouvir a minha irmã conversar com uma
colega sem ser descoberta.
Colega: E então? Como foi que ficou o nosso trabalho?
Irmã: Desculpa, eu não consegui pesquisar tudo ontem, mas
acho que fiz o possível...
Colega: O quê? Não fez tudo? Então me dá aqui! Essa parte
que você pesquisou eu direi ao professor que fui eu quem achou. E vou
dizer que você não fez nada!
Irmã: Mas isso não está certo...
Colega: E daí? Eu farei assim mesmo! Lembre-se, se você fizer
alguma coisa para me impedir, eu vou bater em você até sua cabeça ficar
doendo, entendeu?
Eu não podia acreditar no que ouvi: Minha irmã está sendo
ameaçada por uma colega de faculdade e essa colega vai ganhar todo o
crédito do trabalho que minha irmã fez com tanto esforço! Tenho de fazer
algo!
Quando a minha irmã e sua colega estavam prontas para
apresentar seu trabalho ao professor, eu mexi no computador e troquei os
slides*.
Colega: Esse é o trabalho que eu mesma fiz sozinha e que a
minha colega não fez nada.
Na tela de apresentação, apareceu uma figurinha de um
burro com língua de sogra e chapéu de festa. Tinha um homem pelado
montado em cima do burro que parecia o professor da minha irmã.
Colega: O-O quê?
Professor: Brilhante mente artística! Acho que você merece
um prêmio. Nunca uma aluna tinha zoado de mim através do computador,
você é a primeira!
Colega: Espera, não fui eu... Foi ela! Sim, a minha parceira de
trabalho foi quem zoou do senhor, eu jamais faria isso! Não é mesmo?
A colega apertou com força as mãos da minha irmã, minha
irmã quase que gritava, mas se lembrou do que aconteceria se ela gritasse
então não gritou.
*Sequência de figuras ideal para apresentação de trabalhos feita no
computador.
Eu não podia ver mais aquela cena, decidi sair do meu
esconderijo e falar com todas as palavras para o professor:
Melody: MINHA IRMÃ NÃO TEM CULPA NENHUMA! ELA
QUEM FEZ TODO O RELATÓRIO ONTEM E A COLEGA DELA NÃO FEZ NADA!
Irmã: Irmãzinha? O que está fazendo aqui?
Melody: Eu vim desmascarar essa vilã e proteger minha irmã!
Minha irmã é uma ótima aluna e sempre faz os deveres, é essa colega
quem nunca faz nada!
Professor: Isso é verdade?
Colega: É claro que não. Não é, minha parceira de trabalho?
Vamos, diga ao professor que eu fiz todo o trabalho verdadeiro.
Naquele momento minha irmã se tocou que se não fizesse
algo naquele momento, sua vida nunca mudaria. Ela continuaria sendo
maltratada pela colega, ficaria estressada com os trabalhos e seria
explorada até sair da faculdade... Isso não podia continuar assim!
Irmã: NÃO! FUI EU QUEM FEZ O TRABALHO! O TRABALHO
VERDADEIRO ESTÁ AQUI E EU FIZ SOZINHA ENQUANTO ESSA PÉSSIMA
COLEGA NÃO FEZ NADA!
Colega: Ei, pare com isso! Você vai ver! Eu vou te socar depois
da aula tão forte que você vai chorar por dias!
Professor: Hum... Tenho a impressão que acabei de descobrir
seu plano, sua aluna encrenqueira! Você será expulsa dessa faculdade e
nunca mais volte a perturbar minhas alunas, isso é uma ordem!
A minha irmã e eu vimos a vilã ser afastada da faculdade e
nós duas abrimos um grande sorriso no rosto, finalmente tudo tinha
acabado bem.
Ao anoitecer, quando eu estava pronta para dormir, ouvi
umas batidas na porta. Minha irmã perguntou se eu não queria vir para o
quarto dela.
Melody: Você não vai enfiar a minha cara no computador
para ver se a conexão fica mais rápida, vai?
Irmã: Do que está falando? Eu quero fazer as pazes. Por hoje,
amanhã eu texto o truque do computador.
Nós dormimos juntas naquela noite e acho que com esse dia
ficamos um pouco mais unidas. É muito bom ver a minha irmã sorrindo
para mim mais uma vez...
No meio da noite, sai do agarro da minha irmã e escrevi
outro capítulo do livro:
Capítulo 17: A garota chamada Sparkle
Em um dia qualquer no reino de Diadust, a princesa Sunshine
decidiu dar uma caminhada pelo reino e viu quatro crianças brincando.
Uma das crianças despertou a curiosidade de Sunshine porque ela usava
óculos e era um pouco preta e branca, como se o desenhista tivesse se
esquecido de colori-la. Mas se bem que esse livro não tem figuras.
Sunshine perguntou quem era a menina e ela respondeu
timidamente que seu nome era Sparkle.
Sparkle estava brincando de tica (pegar) com as outras
crianças. Mas por alguma razão, ninguém ticava nela. Ela fugiu dos
outros, mas ninguém foi atrás dela. Sunshine perguntou a garotinha por
que isso acontecia. Sparkle disse que era porque ela era “café com leite” e
por isso ninguém podia ticar nela. Pelo menos foi o que as outras crianças
a disseram.
Depois da brincadeira, um garoto disse que todos iriam
explorar o reino para encontrar tesouros. Ele disse que o melhor lugar era
numa caverna escura que ficava perto da praia, mas que ninguém nunca
teve coragem de entrar lá.
As crianças foram para a caverna e Sunshine foi atrás.
Lá dentro, elas bateram em algumas pedras e gritaram bem
alto, mas nada acontecia. Eles procuraram por tesouro, mas tudo que
acharam foi carvão.
Quando estavam para desistir da busca, o chão começou a
tremer e Sparkle caiu em um buraco que apareceu do nada. Sunshine
perguntou se os outros iriam descer no buraco para ajudar à amiga, mas
todos ficaram com medo e correram para fora da caverna. Deixaram
Sparkle para trás.
Sunshine não desistiu e entrou no buraco para resgatar
Sparkle. Quando a encontrou, a garotinha estava toda encolhida chorando
perto de um canto escuro. Ela chorava porque achava que ninguém iria vir
buscá-la e que poderia morrer ali mesmo.
Sunshine acariciou a cabeça de Sparkle e disse que ela iria
ajudar a garotinha a sair da caverna. Sparkle perguntou o motivo, afinal,
nem mesmo os amigos com quem ela tanto brincava vieram resgatá-la.
Sunshine disse que aquelas crianças não eram amigos da
garotinha, eles a deixaram sozinha assim como sempre a deixam de lado
das brincadeiras. Sunshine estendeu a mão para Sparkle e disse que ela
seria sua amiga, e que nunca a deixaria de fora de nenhuma brincadeira.
Sparkle chorou de alegria e as duas amigas saíram da caverna
trabalhando juntas.
Ao sair da caverna, as duas amigas notaram o céu estrelado e
admiraram aquelas estrelas lindas. As estrelas no céu já devem ter vivido
por milhares de anos e é assim que a amizade verdadeira deveria ser:
deveria durar milhares de anos, como as estrelas.
No outro dia, eu apresentei o capítulo do livro que criei para
todos da classe. Esse foi meu relatório sobre a minha irmã.
Melody: Será que a professora engole essa?
Professora: Nunca vi história mais mentirosa. Vá segurar uns
baldes de água fora da sala.
Melody: Professora, é porque você não leu a minha história
com o coração. Mas também fica difícil já que você é uma bruxa velha sem
coração.
Professora: Então agora você não vai mais segurar baldes com
água lá fora. Vou colocar alguns TIJOLOS dentro deles.
Claro que eu recebi uma nota baixa porque a professora
queria um relatório descrevendo o cotidiano da minha irmã, mas eu acho
que valeu a pena.
Nossa, esses baldes estão pesados! O que a professora
colocou aqui dentro? Chumbo? Pedras?
Capítulo 18: A mansão da Princess
Era final de semana e eu, Mimi e Naka decidimos visitar a casa
da Princess. Nós sabíamos o endereço, só não sabíamos que...
Melody: Princess-chan tem uma mansão?
Mimi: Que grande, hein?
Nakamura: Ela é realmente como uma princesa na vida real...
Melody: De qualquer forma, vamos entrar, né?
Tocamos a campainha da casa dela e saiu a voz de uma das
empregadas da nossa amiga:
Empregada: Quem é?
Melody: Viemos ver a Princess-chan! Ela está?
Empregada: Quem são vocês? Vendedoras de biscoitos? Vou
saltar os cachorros agora mesmo!
Nakamura: N-Nada disso, somos as amigas da Princess!
Empregada: Ah sim, amigas. Por que não disseram antes?
Mimi: Ufa! Quase achei que estávamos encrencadas...
Empregadas: Para as amigas da Princess eu só vou saltar uns 3
pitbulls amigáveis da casa...
Nakamura: PITBULLS?
Quando esperávamos pelos cachorros devoradores de
garotinhas, Princess chegou para nos cumprimentar:
Princess: A minha empregada já mandou saltar os cachorros?
Mimi: Só uns três pitbulls.
Princess: Só? Ela não está pegando pesado. Vou despedí-la
agora mesmo! De qualquer forma, Welcome to my beautiful castle
(Bem vindas ao meu castelo lindo)!
Entramos na casa, digo, mansão de Princess. Tinha
empregadas e mordomos por todo lado, todos reverenciavam a Princesschan.
Mimi: Quantos empregados, hein?
Princess: Vocês querem comer alguma coisa? Vem, vamos
cavalgar até a sala de jantar.
Nakamura: Cavalgar?
Princess fez um gesto com a mão e uma das empregadas ficou
de quatro como um cavalo. Princess subiu em cima dela e ofereceu que
fizéssemos o mesmo.
Melody: Não, acho que vamos andando mesmo.
Princess: Tem certeza? É só dar algumas chicotadas que as
empregadas andam rapidinho.
Melody: Como foi que a sua mãe concordou com isso
mesmo?
A sala de jantar tinha uma mesa enorme de vidro e nem sei
quantas cadeiras, mas eram muitas! Todas nós sentamos nas cadeiras e
nos deparamos com sushi da melhor qualidade, caviar, Chester...
Nakamura: Ah, sushi!
Mimi: Princess-chan, você é muito rica!
Princess: Nada, isso é só a entrada. Estão servidas?
Melody: Cadê as sobremesas? Quero doce, doce, doceeeee!
Princess: Vou mandar trazê-la agora mesmo.
Minha boca não parava de salivar enquanto eu aguardava
ansiosamente pela sobremesa. Quando e empregada trouxe o prato todo
coberto e abriu, eu olhei para dentro e era... Era... Era... Um bolo de duas
camadas!
Melody: Hora de comer!
Nakamura: Itadakimasu (Hora de comer)!
Mimi: Hora do rango!
Senti a primeira mordida e era... Bolo de aveia?
Melody: Aveia?
Princess: Mas é claro! Minhas empregadas sempre fazem as
sobremesas mais saudáveis para que eu permaneça com meu corpinho
lindo o tempo todo. Ai, como eu sou linda!
Melody: Meu bolo de duas camadas... Nãããão!
Coloquei um pouco do bolo no vaso de plantas quando a
Princess não estava olhando. As plantas morreram logo em seguida...
Acho melhor não comer não.
Depois de comermos, fomos ao quarto da Princess. Ela tinha
bem uns duzentos bichos de pelúcia, uma televisão de plasma com um
“Wii U” *, uma estande cheia de livros estrangeiros, um escorrega, uma
cama elástica, casas de boneca em tamanho real, malabaristas, espelho e
maquiagem de todos os tipos... Melhor eu parar de falar senão o livro vai
chegar à página 200 e eu ainda estou falando.
Mimi: Oba! Cama elástica!
Princess: Ei, Mimi-chan! Tire os sapatos antes de pular na
cama elástica! Ah, Naka-chan, você já está descalça?
*Videogame com sensor de movimento previsto para ser lançado em 2012
pela Nintendo. Lembrando que esse capítulo foi escrito no final de 2011. Pense como
Princess é rica! Até eu quero morar com ela!
Nakamura: Ah, é que é um costume japonês tirar os sapatos
antes de entrar na casa.
Princess: Ah, sim...
Mimi pulava tanto na cama elástica que eu achei que ela iria
conseguir alcançar o teto em um instante. Na verdade, acho que ela
“comeu” um pedaço do teto. Ela tentou fazer algumas acrobacias no ar,
mas acabou caindo em cima da Nakamura. Isso deve doer!
Nakamura: Dor...
Mimi: He he. Foi mal, Naka-chan!
Nakamura olhou para a coleção de livros que Princess tinha
no quarto.
Nakamura: Que incrível! Todos são livros em inglês?
Princess: Sim, eu já consigo ler todos eles! Existem alguns
mangás por aí também, mas estão em inglês.
Nakamura: Eh? Achei que você não gostava da cultura
japonesa...
Princess: E-Eu menti um pouquinho quando falei com vocês
da primeira vez, tudo bem?
Nakamura: Tem até alguns com algumas anotações nas capas:
Na quinta edição de “Tokyo Mew Mew” *, você circulou a Zakuro e
colocou a legenda: “essa sou eu”.
Princess: A-Acho que vou confiscar esse mangá.
*Tokyo mew mew é um mangá de Reiko Yoshida que fala sobre garotas com
super-poderes que salvam a terra de alienígenas. A Zakuro da capa da quinta edição é uma
linda modelo, então dá para perceber que a Princess se acha muito linda. Convencida, hein?
Melody: Olha! Essa casa de bonecas dá para todas nós
entrarmos dentro!
Todas nós decidimos entrar na casa de bonecas em tamanho
real da Princess. Não tinha bonecas lá dentro, mas tinha mobília de
boneca parecendo bem realista. A geladeira até abria e o forno fazia
barulho como o de verdade.
Melody: Oba! Vou ver se tem docinho na geladeira!
Mimi: Você sabe que a comida é de plástico, né?
Melody: Plástico tem fibras e vitamina P.
Nakamura: Vou tomar um pouquinho de chá de mentira.
Princess: Na verdade, o chá é de verdade e foi importado da
Inglaterra direto para minha casa.
Nakamura: Se-Sério?
Mimi: O forno é ótimo! Liga, desliga, liga, desliga...
Princess: Ei! Tome cuidado com esse forno!
Mimi: Liga, Desliga... Desliga? Desliga! Xíí, foi mal.
Saímos da casa de bonecas gigante. Nakamura observou os
bichos de pelúcia:
Nakamura: Uau! Seus bichinhos de pelúcia são lindos! Olha
quantos ursinhos!
Princess: Mandei fazer esses ursos com o algodão mais caro
do mundo, assim eles são os mais perfeitos ursos de pelúcia do mundo!
Nakamura: Sugoi (impressionante)!
Princess: I am a princess, after all (Eu sou uma princesa,
afinal).
Mimi: Você gasta dinheiro com muita besteira, hein?
Nakamura: Seus bichos são legais, mas eu ainda gosto mais
das minhas plushies* de mangás.
Princess segurou um monte de bichinhos e abraçou todos eles
de uma vez, mas percebeu o olhar de pidão da Nakamura e decidiu
compartilhar alguns bichinhos com ela. Não sei se esse é o jeito da
Princess “dar esmola aos necessitados”, mas foi legal da parte dela.
Melody: Ei, Princess-chan, que videogame é esse?
Princess: Esse é um “Wii U” e só será lançado oficialmente
ano que vem, mas meu pai mandou mandarem o protótipo só para mim!
Nakamura: Ele deve ser uma evolução com seus controles de
movimento e a tela do jogo dentro do controle. Eu fiquei sabendo que dá
até para passar vídeos e fotos para o videogame.
Princess: Ele é legalzinho, mas enjoa rápido. Vou pedir para os
criadores do “Wii U” criarem um jogo só meu, isso sim seria legal!
Melody: E essa coleção de maquiagem aqui? É sua também?
Princess: É claro! É aqui que eu me enfeito toda com meus
batons antes de ir para a sala de aula.
Nakamura: É mesmo, a professora ficou uma fera quando
descobriu o seu batom...
Princess: Ela ficou foi com inveja da minha beleza!
Melody: Podemos usar sua maquiagem também?
Princess: Yes, I don’t mind (sim, não me importo).
*Plushies são bichinhos de pelúcia. Muitos são criados com inspiração em
algum mangá ou anime, ou seja, obras japonesas.
Não estamos acostumadas com maquiagem, então ficamos
parecendo umas palhaças, mas foi divertido do mesmo jeito. Divertido até
a empregada perceber a bagunça e tirar nossa maquiagem com um rodo
de limpar chão. Crianças, não façam isso em cas- Quer saber? Melhor não
fazerem isso nunca.
Passamos a tarde inteira brincando com a Princess-chan e nos
divertimos muito.
Capítulo 19: A peça da escola
Na hora da janta, sentamos todas na grande mesa de jantar e
Princess perguntou algo à empregada:
Princess: Quando é que a mamãe chega?
Empregada: Mil perdões senhorita, mas a mestra só voltará
tarde. Você sabe o quanto ela é ocupada...
Melody: Sua mãe não vem?
Princess: Não tão cedo...
Nakamura: O que ela faz? Oshigoto wa?
Princess: “Oshi” o quê? Você me insultou? Quer que eu
chame os pitbulls?
Nakamura: Não! “Oshigoto wa?” significa “qual o seu
emprego?” em japonês. Shigoto é emprego.
Princess: Ah, sim. Minha mãe é uma atriz muuuuito famosa e
ela vive sendo chamada para interpretar vários filmes
Mimi: Filmes de ação? Filmes de monstro? Filmes de mãe que
tem uma filha que é um monstro?
Percebi o dedo da Princess em cima do botão que solta os
pitbulls então pedi para a Mimi calar a boca.
Princess: Minha mãe atua em filmes de romance. Ela é tão
linda que vive roubando a cena. Mesmo que ela fosse “árvore numero
dois” em algum filme, ela ainda iria se destacar!
Melody: Eu já fiz árvore número dois em uma peça da escola!
Mimi: Ah, eu me lembro! Foi naquela peça onde as árvores
pegavam fogo no fim!
Melody: Devia ter contratado um dublê naquela cena...
Depois da conversa, dormimos no imenso quarto da Princess.
A cama era uma cama de casal enorme então dormimos todas juntas.
No dia seguinte, a professora chegou à sala com um
comunicado importante. Espera um minuto! Essa frase já deve ter
aparecido bem umas três vezes no livro... Será que a professora só tem
importância quando vai dar algum aviso importante?
Professora: Crianças, está chegando o dia da peça da escola.
Alguém tem sugestões sobre o que devemos apresentar?
Melody: Que tal os três bolinhos e o lobo mau?
Nakamura: Não seriam porquinhos?
Melody: Não! É uma história sobre três bolinhos que decidem
fazer suas casas com doces. Um faz a casa de leite condensado, outro faz a
casa de biscoitos e outro faz a casa do tablete de chocolate mais duro de
todos. Aí o lobo vai e come a casa de dois dos docinhos, mas um consegue
manter sua casa em pé e...
Mimi: Isso é uma cópia da história dos três porquinhos!
Alguém deveria ser preso por cópia dos direitos autorais!
Professora: Alguma outra ideia?
Eu levantei minha mão devagarzinho...
Professora: Que não envolva doces que cantam e dançam?
Baixei minha mão na hora.
Princess: Vamos fazer Cinderela! É claro que eu serei a
Cinderela, pois sou linda como uma princesa!
Professora: Cinderela é uma boa. Então vamos decidir os
papéis agora.
Princess acabou ficando com o papel da Cinderela como ela
queria. Mimi seria o príncipe, embora ela seja uma menina. Nakamura
ficou com o papel da madrasta má... Essa vai ser difícil para ela. Eu fiquei
com...
Melody: Árvore número três?
Professora: Todos adoraram quando você fez a árvore
número dois, então você será a árvore número três dessa vez. Pense nisso
como uma promoção do trabalho: você não é mais a número dois, é a
três!
Melody: Professora...
Todas nós ficamos conversando sobre a peça da escola no
intervalo:
Nakamura: A madrasta má? Eu?
Mimi: Calma, se você treinar como ser má. Você consegue!
Nakamura: Eu acho...
Melody: Não há incêndios nessa peça, não é? Eu não quero
pegar fogo como da última vez...
Mimi: Mas a audiência adorou você gritando por aí dizendo
“Fogo! Fogo!”.
Nakamura: Meus pais já disseram que podem vir.
Mimi: Meus pais não perdem uma apresentação minha na
escola. Só espero que me reconheçam mesmo como príncipe...
Melody: Minha mãe tudo bem, mas odeio quando minha irmã
vem assistir as peças da escola! Ela filma tudo para assistirmos depois, é
horrível!
Mimi: E seus pais, Princess-chan? Eles vêm assistir?
Princess: Meu pai está viajando. Minha mãe...
Nakamura: Ela tem de vir! É sua primeira peça da escola
desde que se mudou!
Princess: É, quem sabe ela não vem me assistir? Afinal, essa é
minha primeira apresentação e eu serei uma princesa!
Depois da aula, decidimos passar o resto do dia na mansão da
Princess. Ela disse que iria passar na televisão dela uma seção especial:
“Harry Potter e o segredo da Princess”, gravado especialmente para ela.
Só depois de algum tempo foi que eu percebi que era o mesmo filme de
Harry Potter, mas com a cabeça da Princess no lugar da cabeça da
Hermione. A montagem foi tão mal feita que dava para ver a atriz usando
uma máscara de papel em algumas cenas.
Ao perceber que sua mãe chegou, Princess corre para dar um
abraço nela.
Princess: Mamãe!
Mãe da Princess: Como vai minha princesinha? Meu diamante
precioso?
Princess: Eu vou bem, mamãe. A nossa escola vai apresentar
Cinderela e eu serei a Cinderela! Todas as minhas amigas vão participar
também e até a Melody vai ser uma árvore que pega fogo!
Melody: Ei! Ninguém disse que eu iria pegar fogo dessa vez!
Prometeram um dublê até o dia da apresentação!
Princess: Então, você vai poder vir, mamãe?
Mãe da Princess: Desculpa, filhinha. Mamãe vive ocupada...
Mas a empregada Tamaki irá no meu lugar. Eu pedi até para ela trazer um
buquê de rosas para jogar em você quando terminar a apresentação.
Princess: Ah, tá bom...
Mãe da Princess: Desculpa mesmo, mas você não fica triste,
não é mesmo? Minha filhinha já é bem crescidinha e sabe que mamãe tem
de trabalhar muito.
Princess: Eu sei, mamãe... Não estou triste não...
Princess me pareceu bem triste, mas eu não quis comentar
nada.
Princess: Então você quer brincar comigo no meu quarto?
Podemos brincar naquela grande casa de bonecas que tem tudo lá dentro
e...
Mãe da Princess: Desculpa, minha princesa. Mamãe tem
trabalho agora. Vá brincar com suas amiguinhas na casa de bonecas, está
bem?
Nesse momento, a mãe de Princess foi embora e eu achei
que ela iria começar a chorar. Decidi então levá-la para o quarto e ficamos
brincando a noite toda, para fazer a Princess se esquecer do que sua mãe
tinha dito naquela tarde.
Capítulo 20: O ensaio
Os ensaios começaram no dia seguinte. Nakamura realmente
não sabia como ser uma malvada madrasta má.
Nakamura: Cinderela, esfregue esse chão até ficar tão limpo
que dê para ver o meu reflexo, mas se você ficar cansadinha pode dormir
um pouquinho.
Professora: Corta! Nakamura, você tem de ser má! Essa
madrasta má está mais boazinha que a fada madrinha. Vamos para a cena
da dança entre o príncipe e a princesa. Ação!
Mimi jogou Princess para lá. Jogou pra cá. Soltou a mão dela
e... Princess voou direto para a árvore número um.
Melody: Professora, acho que a árvore número um não vai
mais quebrar o nosso galho. Olha gente, eu fiz uma piada!
A sala pareceu um pouco mais fria hoje, será que foi só
impressão? Alô? Galho? Quebrar o galho? Ah, esquece.
Professora: A árvore número um está ruim assim? Pior pra
ela, podemos editar a parte dela depois com computação gráfica.
Mimi: Ei, isso não é um filme...
Professora: Tem razão. Ei, zelador! Você será a nova árvore
número um.
Zelador: Eu sabia que eu seria um galã do cinema algum dia!
Só falta eu ganhar dinheiro e uma jacuzzi* cheia de mulheres e todos os
meus sonhos irão se realizar.
Mimi: Como eu disse, isso não é um filme...
Professora: Príncipe, você é um cavalheiro! Dance
suavemente com a princesa e não como se ela fosse um saco de pancadas.
*Jacuzzi e uma banheira quente bem cara.
Mimi: Falar é fácil...
Professora: Árvore numero três! Você não me parece uma
árvore de verdade! Tem de agir com mais... Natureza! Imagine a árvore
dentro de você. Você é uma árvore!
Melody: Eu sou uma árvore!
Professora: Não, Melody! Você deve representar uma árvore!
Você me parece mais um arbusto que uma árvore. Do começo!
No intervalo, conversamos mais uma vez sobre a peça:
Melody: Eu levei carão por não saber interpretar uma árvore?
Mimi: Você tem de agir mais... ”Naturalmente”.
Melody: Quer parar com esses trocadilhos de árvore?
Nakamura deu uma gargalhada que não parou tão cedo.
Melody: O que foi, Naka-chan?
Princess: Você disse que iria treinar ser mais malvada para a
peça. Como está o treinamento?
Nakamura: Eu acabei de treinar! Na cantina, eu comprei um
pão e deixei o troco todo em moedinhas! Vai demorar para contarem
todas aquelas moedinhas. Eu sou malvada mesmo!
Mimi: Não sei se isso conta como maldade...
Princess: Isso não é ser má de verdade. Rápido, diga alguma
coisa ruim sobre a Melody-chan. Pode ser qualquer coisa mesmo.
Nakamura: Eh? M-Mas eu não poderia...
Princess: Diz logo! É para o seu treinamento!
Nakamura: Eh... Melody-chan...EU ODEIO QUANDO VOCÊ
ROUBA OS MEUS BOLINHOS NA HORA DO LANCHE! VOCÊ É MUITO
GULOSA!
Melody: Sério? Achei que você não se importava...
Nakamura: N-Não me importo mesmo! Desculpa Melodychan! Pode comer quantos bolinhos quiser!
Princess: Ah, todo o seu esforço duro...
Mimi: Ser um príncipe também é difícil! Por que afinal eu
fiquei com esse papel?
Princess: Porque você é uma tomboy, uma garota sapeca!
Mimi: Eu vou bater em vocêêê!
Nakamura: Melody-chan, que livro é esse que você está
lendo? “1001 maneiras de se apagar um incêndio”?
Melody: É, é um livro para que a árvore número três aqui não
pegue fogo na hora da apresentação. Acho que era melhor eu levar um
balde de água por precaução...
Ficamos todas rindo na hora do recreio, quando tocou o sinal,
Princess falou:
Princess: Queria que a mamãe viesse me ver na apresentação
da escola...
Melody: Eu garanto que ela virá! Ela deve estar bem
atarefada, mas deve fazer de tudo para conseguir ver sua apresentação!
Mimi: Isso se tiver apresentação. A professora não para de
dar bronca nos alunos sobre a péssima atuação! Quem ela pensa que é?
Diretora de Hollywood?
Voltamos para a sala e ensaiamos mais um pouco, acho que a
professora deve ter dito “corta” umas 50 vezes! Daqui a pouco eu quem
toco fogo nela! Cadê o livro “1001 maneiras de se começar um incêndio”?
Capítulo 21: A Cinderela
Era o dia da peça da escola e todo mundo estava nervoso
naquele dia. Para nos alegrar, o figurino ficou pronto e nós vestimos
nossas fantasias.
Nakamura: Você está bem elegante, Mimi-chan!
Mimi: Você acha? Acho que a capa foi demais, quem eles
acham que eu interpreto? Super-Homem mulher? “Klarka Kenta”?
Princess: Nakamura não me parece com cara de madrasta má.
Mimi: Eu sei como resolver isso!
Mimi pegou um marcador de texto preto bem grossão e
riscou duas sobrancelhas grossas nos óculos de Naka-chan, para fazê-la
ficar com cara de zangada.
Nakamura: Mimi-chan, isso não foi legal!
Mimi: Não esquenta.
Melody: Pessoal, como estou?
Princess: Você é uma árvore, Melody-chan...
Melody: Isso foi um elogio? Legal! Pedi para fazerem essa
fantasia com doces ao invés de maçãs nos galhos da árvore!
Mimi: Mas você é uma árvore... Doces não dão em árvores...
Nakamura: A Princess-chan realmente parece uma princesa
nesse vestido! Ela está linda!
Princess: Mas é claro! Eu nasci para fazer esse papel, pois
nasci linda como uma princesa!
Percebi que minha irmã e minha mãe já estavam na plateia.
Minha irmã, como sempre, estava segurando a filmadora.
Irmã: Você está linda, irmãzinha! Sorria para a câmera!
Melody: Nãããão!
Professora/diretora da peça: Árvore, pare de se mexer!
Percebi que os pais da Mimi estavam lá na plateia também e
eles pareciam gostar de ver a filha vestida de príncipe porque não
paravam de tirar fotos. Os pais da Nakamura eram os que mais se
destacavam, pois em homenagem a filha, eles estavam vestindo roupas
japonesas e com um cartaz bem grande dizendo “boa sorte, Nakamura!”.
Nakamura: Meus pais são uma vergonha... E isso não é um
jogo de futebol.
Parecia que os pais de todo mundo estavam lá, mas a mãe da
Princess não estava lá.
Princess: A mamãe não veio...
Melody: Ela deve estar muito ocupada com o trabalho. Não é
culpa dela.
Princess: É, eu sei...
Princess parecia muito triste. Ela não dava nem um sorriso
para o público que estava louco para ver a peça, mesmo que todos
tirassem várias fotos dela.
Ela começou a chorar, lá no cantinho do palco. Eu não
conseguia mais ver ela tão triste... Sua mãe foi a única que não apareceu
para ver a apresentação. Eu tinha de fazer alguma coisa, logo!
Melody: Tive uma ideia! Princess-chan, corra até o local onde
sua mãe está trabalhando hoje e pergunte mais uma vez se ela não pode
vir assistir a peça. Diga tudo o que você sente!
Princess: Mas a peça já vai começar, não há tempo...
Melody: Não se preocupe! Eu serei a Cinderela! Pelo menos
até você voltar com sua mãe. Vai lá, Princess-chan. Vá e traga sua mãe!
Princess correu para buscar sua mãe e então, a peça
começou... O problema é que eu não decorei todas as falas da Cinderela.
Nakamura: Cinderela, esfregue esse chão imediatamente!
Quero ver o reflexo do meu rosto estampado nesse chão, entendeu?
Melody: Ah minha senhora, será que isso daqui não já resolve
seu problema, não?
Peguei um espelho que tinha no meu bolso, o público caiu na
risada.
Garota que faz a fada madrinha: Aqui está a carruagem de
abóbora! Agora você pode ir para o baile nesse lindo vestido!
Melody: Abóbora? Será que não dava pra ter feito uma
carruagem de chocolate branco não? Detesto abóbora! Eca!
Mais uma vez o público caiu na risada.
Mimi: Não seja tímida, dance comigo esta noite e teremos
ótimos momentos juntos!
Minha barriga começa a roncar nesse instante.
Melody: Será que não dava pra lanchar primeiro? Depois eu
penso nesse negócio de dança.
O povo só faltava cair da cadeira de tanto rir!
Após mais alguns minutos de encenação, Princess voltou e me
contou tudo o que aconteceu. Vou bancar a narradora e narrar tudo para
vocês:
Princess correu até o lugar onde sua mãe trabalha. Mesmo
com os seguranças tentando impedi-la, ela correu até sua mãe.
Mãe da Princess: Filha? O quê está fazendo aqui?
Princess: Mamãe, eu quero que você venha me ver na
apresentação da escola!
Mãe da Princess: Filha, você sabe que a mamãe vive
ocupada... Mamãe vai te dar outro pônei para compensar tudo isso,
certo?
Princess: Eu... Eu... EU NÃO QUERO PÔNEI! NÃO QUERO MAIS
BRINQUEDOS, NÃO QUERO ROUPAS CARAS, NÃO QUERO CASA DE
BONECAS DO MEU TAMANHO! O QUE EU QUERO... O que eu quero... Eu
quero você, mamãe!
Mãe da Princess: Filha...
Princess: Eu quero você! Eu quero você, mamãe!
Princess começou a chorar e a mãe dela ficou extremamente
emocionada com a cena. Ela começou a chorar junto à filha e as duas se
abraçaram no momento mais lindo dessa noite. Depois, as duas correram
para a nossa escola, para realizar o desejo de Princess. Fim da narração...
Preciso de uma água, pode ser água de chocolate?
Princess e eu conversamos nos bastidores no intervalo da
peça:
Princess: Por que o público está rindo tanto dessa peça?
Melody: Digamos que a Cinderela é só um pouquinho
desajeitada... E eu estou morrendo de fome!
Princess riu da minha palhaçada e ela se preparou para ser a
Cinderela daquela noite. Eu serei a árvore número três é claro, contanto
que eu não fique em chamas mais uma vez...
Nakamura: Ah, agora é a cena do beijo entre o príncipe e a
princesa!
Mimi: E agora? O que eu faço? Eu nunca beijei ninguém e...
Com a Princess-chan?
De repente, comecei a sentir um cheirinho de queimado e
quando olhei para os meus galhos... Fogo?
Melody: Fogo! Fogo! Eu estou pegando fogo!
Princess-chan e Mimi-chan pegaram dois baldes de água e
jogaram para apagar o meu fogo. Elas depois riram juntas e o público
começou a bater palmas, achando que este foi um ótimo final da peça.
De lá da plateia, notei que a mãe da Princess-chan acenava
para sua filha e batia palmas sem parar, dizendo bem alto que a sua filha é
a Cinderela mais linda que ela já viu.
Capítulo 22: A filha da bruxa
Após a peça terminar, o que não faltava eram comentários
sobre a peça:
Irmã: O melhor foi a Melody pegando fogo! Aquilo foi
demais! Ainda bem que eu gravei!
Melody: Não mostre isso para ninguém!
Pai da Mimi: Pois eu acho que a minha filha foi a que
interpretou melhor. Gostei muito quando ela dançou com a Cinderela,
exceto quando o estômago da Cinderela roncou. Mas aquilo foi hilário!
Melody: Desculpa por isso...
Mãe da Nakamura: Estávamos o tempo todo torcendo pela
nossa filhinha com uma bandeira bem grande!
Nakamura: Isso não é um jogo de futebol ou coisa assim...
Mãe da Princess: Pois a minha filha é que foi a estrela do
show! Eu nunca vi uma Cinderela tão linda como ela!
Princess parecia bem orgulhosa de si mesma. Mais do que o
normal, mas acho que é compreensível. Ela me pediu o livro que
estávamos escrevendo, pois queria escrever um novo capítulo. Entreguei
o livro e ela escreveu com sua letra caprichada:
Era aniversário da deusa Megami e todos do reino de Diadust
estavam animados. Todos adoravam a deusa, por isso achavam que ela
merecia uma festa digna de princesa.
Não era para menos, afinal, a deusa vivia usando seus
poderes para ajudar todos do reino. Todos achavam a deusa linda e gentil.
Já a bruxa Witch conseguia usar magia, mas ninguém pedia
sua ajuda. Não pediam porque tinham medo da bruxa. Ela já foi uma
bruxa malvada uma vez, quem sabe não poderia voltar a fazer maldades?
Um dia, a bruxa Witch encontrou uma garotinha que estava
brincando sozinha com algumas bonecas. A bruxa perguntou o motivo
dela estar brincando sozinha e não ajudando o povo a preparar o
aniversário da deusa Megami.
A garotinha disse que não entendia o motivo do povo gostar
tanto da deusa Megami. A garota disse que preferia a bruxa Witch.
A bruxa se perguntava: “qual seria o motivo dessa garota
gostar de mim?”, mas ela ficou tão comovida com as palavras da menina
que nem ligou e decidiu agradecer a menina.
As duas brincaram o dia todo. Brincaram com bonecas, de
esconde-esconde, de atirar pedras no rio, de “lançar magia perigosa no
povo”... Enfim, brincaram a tarde inteira.
No final do dia, a bruxa queria mesmo saber o motivo da
garota dizer que gosta dela. A garota disse que no começo era só para
agradar a bruxa e quem sabe a bruxa não se comovia para brincar com a
menina. Mas depois, a garota disse que realmente gostou (e ainda gosta)
da bruxa porque ela é a única que brinca com a garotinha. “Você é como a
mamãe quando ela ainda estava viva, você brincou comigo o tempo todo e
é por isso que eu gosto de você!” foi o que ela disse.
A bruxa ficou tão comovida com as palavras da menina que
chorou lágrimas de alegria. A menina teve uma grade ideia: “se a deusa
Megami tem um aniversário, por que não fazemos uma festa de
aniversário para você também?”.
A menina preparou a maior festa do reino para a bruxa, tudo
sozinha. O povo do reino de Diadust ficou curioso com a grande festa, mas
afinal, para quem era aquela festa?
“É para uma bruxa muito boazinha, tão boa, linda e gentil
como uma mãe!” disse a garotinha.
E seja por curiosidade ou porque ficaram emocionadas com as
palavras da garotinha, todas as pessoas de Diadust celebraram o
aniversário da bruxa Witch.
A bruxa adorou seu dia, mas o melhor presente que recebeu
foi o carinho extremamente acolhedor da sua nova filha.
Capítulo 23: O passeio escolar
Eu e minhas amigas estávamos em um passeio escolar. Nós
fomos para uma floresta que ficava aqui perto. Aquela floresta com o lago
dos vagalumes.
Enfim, isso tudo foi ideia da Nakamura que sugeriu que a
nossa turma fizesse um passeio escolar no estilo dos japoneses: caminhar
pela floresta, montar barracas de acampamento, fazer curry, olhar as
estrelas. Acho que só a parte do curry é influência japonesa.
Nakamura: Vamos lá, meninas! Vamos fazer curry hoje! Já
temos todos os ingredientes e só falta preparar!
Melody: Acho que ninguém da nossa sala nunca fez curry...
Princess: Como ele é?
Nakamura: Bom, ele é picante e tem batatas e molho.
Mimi: Picante? Adoro coisas que explodem!
Princess: Acho que a professora não iria deixar qualquer aluna
fazer algo que explode, cadê nossas máscaras de proteção?
Nakamura: Curry não explode! É somente picante!
Mimi: O que devemos botar no curry?
Nakamura: Batatas, carne, o pó de curry.
Princess: A professora disse que o molho pode ficar ao nosso
gosto.
Melody: Já sei! Vamos colocar tudo o que mais gostamos no
molho e assim ele ficará bem gostoso!
Cada uma de nós pegava uma coisa que gostávamos e
adicionamos no curry:
Melody: Calda de chocolate é bom!
Mimi: Adoro pimenta da mais ardida!
Princess: Diamantes! Eu adoro diamantes!
Nakamura: Princess-chan, diamantes não são comestíveis!
Melody: Tarde demais, os diamantes já estão boiando no
molho do curry.
Nakamura: Então eu botarei molho de churrasco...
Todas nós olhamos para o curry, ele olhou para nós e
pensamos juntas: Essa coisa não parece boa não!
Mimi: Tá com cara de gororoba...
Nakamura: Mas nós temos de comer... É nossa criação. Acho
que ele acabou de dizer “mamãe”.
Melody: A cara está ruim, mas o gosto deve estar bom!
Princess: Não sei não, acho que se eu comer esse curry,
perderei três anos da minha vida!
Melody: Não seja tão dramática! Vamos comer!
Nakamura: Itadakimasu (hora de comer)!
Todas nós experimentamos o curry ao mesmo tempo.
Princess: Até que não está tão ruim, não é pessoal?
Nakamura: Sério mesmo, eu achei que iria passar mal com o
curry, mas até que não parece tão ruim...
Todo mundo ficou feliz comendo o curry que fizemos... Isto é,
nos primeiros 3 minutos. Depois, todo mundo correu para o banheiro mais
próximo, ou a moita mais próxima.
Professora: Quem foi que fez esse curry horrível?
Princess: Foi tudo ideia da Mimi-chan, eu não tive nada a ver
com isso!
Mimi: Traidora... Blearg!
Passamos um bom tempo botando o curry para fora e
levamos bronca da professora, mas a segunda parte nós já estamos
acostumadas.
Depois do incidente do curry, fomos até o lago e Mimi nos
ensinou como pescar peixe com as mãos:
Mimi: Você tem de tentar pegá-lo um pouco acima da sombra
na água. Quando chegar o momento certo... Hya! Pegue o peixe com uma
mão só!
Princess: Wonderful! Maravilhoso!
Nakamura: Mas é um pouco difícil perceber quando é o
momento certo...
Nakamura tentou pegar os peixes com as duas mãos achando
que seria mais fácil, mas acabou caindo na água várias vezes e ficando
toda molhada. Eu fiquei toda animada quando peguei alguma coisa:
Melody: Eu peguei! Eu peguei! Eu peguei uma... Uma bota?
Mimi: Queria saber como ela conseguiu se mexer tanto...
Melody: Eu juro que ela estava viva agorinha pouco!
Princess: Que nojo! Esses peixes são todos escorregadios! Não
quero pegar neles não. Eca!
Mimi pegou um peixe que eu juro que falou “mamãe”.
Mimi: Esse peixe deve ter comido do curry.
Depois de um pouco de treino de “Peixe-fu”, fomos observar
as estrelas no céu. É, realmente não havia nada melhor para se fazer.
Nakamura: Aquela ali é a ursa maior, e aquela é a estrela
guia...
Mimi: Que chato! Vamos contar histórias de terror ao invés
disso!
Melody: Eu começo! Eu começo!
Peguei uma lanterna de bolso e apontei para a minha cara,
para dar um “toque de terror” na minha história.
Melody: Era noite naquele dia...
Nakamura: Como pode ser noite e dia ao mesmo tempo?
Mimi: Posso ir ao banheiro?
Melody: Quietas! Como eu estava dizendo, era noite e existia
uma garotinha sem nada para comer em casa. Ela olhava em todas as
prateleiras e não achava nada para comer... Ela procurou em todos os
cantos da casa e não achou nada! De repente, ela ouviu alguns passos
vindos da cozinha. Quando ela foi verificar o que eram os passos percebeu
que era... Era... Era...
Nakamura estava morrendo de medo,agarrada em Mimi e
tremendo mais que gelatina.
Melody: ERA O MONSTRO DO BRIGADEIRO! UM BRIGADEIRO
QUE ANDA!
Todas ficaram em silêncio por um instante... Depois pegaram
seus sacos de dormir e se deitaram.
Melody: Ei, o que houve? Ficaram tão apavoradas com o
monstro que ficaram sem palavras?
Mimi: Monstro do brigadeiro? Fala sério...
Melody: O quê? Não acharam assustador? É um brigadeiro
que anda! Pense que assustador: você tenta comê-lo e ele foge para longe
de você!
Princess: Isso é o melhor que você podia contar? Boa noite!
Mimi: É, a piada foi tão ruim que chega perdi a vontade de
contar histórias de terror...
Melody: Piada? Mas é um monstro de brigadeiro!
Nakamura: E-Eu achei sua história apavorante, Melody-chan.
Melody: Você ficou com medo do monstro de brigadeiro?
Nakamura: Não, fiquei com medo da garota sozinha em casa
e do fato do dia ser na mesma hora da noite... Acho que vou ter pesadelos
depois dessa. Boa noite!
Todas zoaram da minha história de terror e fomos dormir. Eu
ainda comi alguns brigadeiros antes de dormir.
Mimi: Cuidado, Melody-chan! O moooonstro do brigadeiro
pode correr dentro da sua barriga! Há há há há há há há ha!
Melody: Vai dormir, Mimi-chan.
Capítulo 24: A Nakamura só fala japonês?
Esse capítulo começa quando todas nós decidimos brincar
juntas na casa da Nakamura. O jardim dela é imenso. Tem um lago e
algumas árvores de cerejeira, tudo em um estilo bem japonês.
Mimi: Ei, garotas! Vamos subir nessas árvores! Elas parecem
grandes!
Princess: E sujar meu vestido novo? Nem morta!
Nakamura: N-Não me parece muito seguro subir numa
cerejeira tão grande...
Mimi: Deixa de se medrosa, Naka-chan! Vamos, pode subir!
Naka-chan tentou subir a arvore assim como a Mimi-chan. Ela
subiu bem devagarzinho até que um dos galhos quebrou e ela caiu de
cabeça no lago da sua casa.
Mimi: Naka-chan! Você está bem?
Todas nós corremos preocupadas com a nossa amiga e
quando ela saiu do lago ela falou:
Nakamura: Doushite watashi wa koko ni imasu ka (Por quê
estou aqui?).
Mimi: Nakamura, você está bem?
Nakamura: Hai, genki desu (Sim, estou bem)!
Melody: Eh? O quê? Fala direito que assim não conseguimos
entender!
Nakamura: Doushite anatatachi wa watashi no hanashi ga
wakarimasen ka (Por quê vocês não estão entendendo a minha fala?).
Princess: Ai meu Deus, chamem a mãe da Naka-chan!
A mãe da Naka-chan é médica. Ela examinou a nossa amiga
para saber o que acontecia com ela.
Mãe da Nakamura: Acho que vocês não precisam se
preocupar. Ela está bem.
Melody: Que bom! Mas então por que ela só está falando
coisas que não entendemos?
Mãe da Nakamura: Ela está falando japonês o tempo todo. A
pancada que ela levou na cabeça quando caiu no lago deve ter feito isso.
Eu garanto que ela deve ficar boa logo se vocês esperarem algum tempo.
É uma “amnésia temporária”, embora ela ainda consiga entender o que
vocês falam, ela só falará japonês.
Melody: Tá bom então! Obrigada, mãe da Nakamura!
Nós fomos ao quintal estilo japonês da Naka-chan e ficamos lá
com ela, observando o quintal. Nakamura se levantou e foi na cozinha.
Quando voltou, estava com uma bandeja cheia de chá.
Nakamura: Ocha wa ikaga desu ka (Querem chá?).
Melody: O que é isso que você está servindo, Naka-chan? É
veneno? Veneno verde?
Nakamura: Hidoi (que cruel)!
Princess: Isso é tea! É chá! É costume dos japoneses oferecer
chá as visitas.
Mimi: Ah, sim! Obrigada, Naka-chan!
Nakamura: Dou itashimashite (De nada).
Melody: Ei! E se nós brincássemos de jogo de adivinhação? É
um jogo que só tem gestos mesmo, deve dar para brincarmos mesmo com
a Naka-chan só falando japonês. Naka-chan, você começa!
Naka-chan balançou os braços para cima e para baixo e abriu
e fechou a boca.
Melody: É... É um brigadeiro. Não, é um chocolate quente.
Não, é um mousse de maracujá.
Mimi: Melody-chan, uma comida não bate os braços! Não tá
vendo que isso é uma pessoa engasgando depois de comer o curry falante
que fizemos no acampamento?
Princess: Não, vocês duas estão erradas. Essa sou eu quando
atuei no filme sobre um malabarista que só tinha um braço.
Nakamura: Chigaimasu! Watashi wa tori desu (Erradas! Eu
sou um pássaro)!
Mimi: É o quê? Eu acertei? Yeah! Eu sabia que tinha acertado!
Princess: Não percebeu não? É claro que fui eu quem acertou!
Melody: Acho melhor brincarmos de outra coisa... Já sei! Que
tal assistir algum DVD?
Nakamura fez que sim com a cabeça então eu acho que ela
gostou da ideia. Ela quem escolheu o filme, acho que era algum filme de
Pokémon*. Nakamura se esqueceu e acabou botando o filme em japonês
sem legenda, achando que todos iriam conseguir entender. Ela parecia
animada com o filme então não decidimos interromper, mas no final não
entendemos nada.
Melody: Huh... Quem quer brincar de esconde-esconde?
Naka-chan, você conta!
Nakamura foi até uma parede e começou a contar em
japonês:
Nakamura: Ichi, ni, san, shi, go...
*Pokémon é um animê criado a partir de uma série de jogos que foram
desenvolvidos pela Nintendo. Fala sobre monstros que lutam uns contra os outros com as
ordens de seus treinadores, mas é um animê para crianças.
Eu não sabia se ela tinha terminado então logo botei minha
mão na parede onde ela estava contando:
Melody: Salve eu!
Nakamura: Melody-chan, gemu wa hajimemasen (O jogo
ainda não começou)!
Melody: É, eu me salvei! O jogo já começou, né?
Naka-chan chorou bem na minha frente e saiu correndo para
seu quarto. Ela trancou a porta.
Mimi: O que foi que você fez, Melody-chan?
Melody: E-Eu não fiz nada! Eu achei que já tinha começado o
jogo e então eu me salvei. Não sabia que isso iria magoar tanto a Nakachan.
Princess: A dificuldade de comunicação torna tudo muito
complicado! Queria que a Naka-chan voltasse a falar como antes...
Mimi: É mesmo... Como será que ela aguentava essa
dificuldade quando imigrou pra cá?
Mãe da Nakamura: Bem, no começo foi mesmo difícil. Eu me
lembro de que a Naka-chan não conseguia falar com ninguém porque só
sabia japonês, então ela não tinha nenhuma amiga.
Princess: Puxa, não ter nenhuma amiga assim que chegou...
Foi o mesmo que aconteceu comigo...
Mimi: Mas os motivos são diferentes...
Mãe da Nakamura: Mas você se lembra, Melody-chan? Foi
naquele tempo que você e a Nakamura se tornaram amigas.
Mimi: Sério? Como foi isso?
Mãe da Nakamura: A Nakamura não tinha ninguém para
conversar na escola, então ela levava seu livro preferido em japonês
chamado “Amattarekko Hime”.
Melody: Eu não me lembro desse livro não...
Mãe da Nakamura: É claro que você se lembra: é “A princesa
mimada”, mas em japonês.
Melody: Ah! Desse livro eu me lembro!
Mãe da Nakamura: Você só costumava ler livros de culinária
porque neles tinham figuras de doces bem gostosos. Um dia, você ficou
curiosa com o livro que a Nakamura estava lendo.
Melody: A Naka-chan me explicou todo o livro, mesmo que
ela falasse pouco português. Ela falou da história da princesa que não
pensava em ninguém e ficou sozinha no aniversário e que no final ela
salvou todo mundo do reino. Eu adorei o livro, mas não conseguia ler nada
em japonês. No outro dia, eu achei o livro em português em uma livraria e
trouxe para a Naka-chan ver. Ela me disse que parecia legal, mas ela não
sabia ler nada em português, só algumas frases pequenas. Naquele dia,
nós viramos amigas e eu a ensinei bastante português!
Mãe da Nakamura: No final, a Nakamura não focou mais
sozinha e vivia falando de você, Melody-chan. Ela adorava brincar com sua
nova amiga e não parava de falar sobre os dias que vocês passavam juntas
um minuto sequer. Acho que foi graças a você que a Nakamura acabou
gostando de morar aqui e não quis mais voltar para o Japão.
Melody: Eu não sou a melhor amiga. Sou desastrada e meio
lenta, além de ser muito gulosa.
Nakamura: Isso não é verdade, Melody-chan! Você é a melhor
amiga que alguém poderia ter!
Mimi: Naka-chan... Sua voz... Ela voltou ao normal!
Nakamura: Ah, é mesmo!
Princess: Naka-chan!
Nakamura: Eu estava tão triste por não conseguir falar direito
com ninguém que acabei me trancando no quarto e fiquei achando que
nunca mais iriamos poder ser amigas novamente...
Melody: Isso nunca iria acontecer, Naka-chan. Você sempre
será nossa amiga!
Mimi: Sim, seremos amigas para sempre!
Princess: Eu entrei faz pouco tempo para o grupo, mas já
considero você uma amiga de coração, Naka-chan.
Nakamura: Minna (Pessoal)...
Mimi: Ai não! Ela voltou a falar japonês de novo?
Naka-chan riu um pouco e disse que não. Ela só era a nossa
velha amiga de sempre. De vez em quando ela fala umas frases em
japonês, mas essa é a Naka-chan que nós conhecemos e amamos.
Capítulo 25: O garoto que não entendia
ninguém
Mimi: Nossa, mas brincar com você quando você só falava
japonês estava mesmo difícil. Não entendíamos uma só palavra! Eu até
pensava em procurar um dicionário, mas eu nem sei como é “dicionário”
em japonês.
Melody: Eu deveria tentar aquele livro: “japanese for
dummies” (Japonês para burros).
Nakamura: Eu acho que tem certas brincadeiras que as
pessoas não precisam se comunicar com palavras para brincar juntas. Bem
que vocês poderiam ter tentado essas brincadeiras.
Princess: Existe esse tipo de brincadeira? Com quem você
aprendeu? Mímicos japoneses?
Nakamura: Na verdade, vou escrever sobre isso agora
mesmo.
Melody: O quê? Sobre os mímicos japoneses?
Nakamura: Sobre as brincadeiras...
Naka-chan escreveu mais outro capítulo do livro:
A deusa Megami estava passeando pelo reino nesse dia. Em
todo canto que ela passava, existia uma criança que via até ela e brincava
com a deusa. Megami gostava de brincar com as crianças porque isso as
deixava felizes, mesmo que ela seja uma adulta.
Havia apenas uma criança que não se aproximou de Megami
quando ela passou. Foi um garotinho que parecia muito solitário e
brincava sozinho escrevendo algumas coisas em um papel. Megami
perguntou ao garotinho se ele queria brincar com ela, mas o garotinho
não pareceu entender a pergunta.
Os outros garotos que estavam por perto disseram que ele era
um garoto que veio de muito longe e não sabia falar o idioma de Diadust
ainda. Por isso, ninguém brincava com ele. Disseram que ele nunca
entenderia as regras de nenhum jogo porque não entende nada que as
pessoas falam.
A deusa Megami acreditava que as amizades poderiam vir
mesmo sem palavras. Ela pegou uma folha de papel e alguns lápis de cor e
começou a desenhar ao lado do garotinho que não entendia ninguém.
A deusa e o garoto fizeram vários desenhos e mostraram um
para o outro. Não tinha como eles dizerem em palavras o que acharam
das figuras, mas um simples gesto já era o suficiente: às vezes era um
sorriso, algumas vezes era um olhar de admiração e outras vezes eles não
entendiam mesmo era nada.
Depois que os dois cansaram de pintar, Megami brincou de
briga de dedo com o garoto. Não foi difícil entender as regras, é um jogo
bem fácil que não precisa nem de explicação. Só precisa de dedo, é óbvio.
Depois eles foram jogar algumas pedras no rio. O menino
jogou uma pedra com tanta força que acabou quebrando um barco que
passeava no mar, mas a deusa prometeu pagar tudo quando ela ganhasse
na loteria... Espera, ela não é uma deusa? Por que ela não conserta o
barco com magia?
Os outros garotos do reino começaram a achar as
brincadeiras interessantes e todos decidiram brincar também. O garoto
que não entendia ninguém adorou ter tantos amigos novos para brincar,
agora ele já não estava mais sozinho.
Com o tempo, os garotos ainda estavam brincando todos
juntos e o menino que não entendia ninguém acabou aprendendo algumas
palavras. Ele queria aprender ainda mais e decidiu estudar bastante. O
menino conseguiu entender todo mundo e todo mundo o entendia. Claro,
ele errava as palavras às vezes, mas isso era normal porque ele ainda
estava aprendendo.
Acho que quando você quer muito ser amigo de outra pessoa,
não importa qual a língua que vocês falam, não importa a cor, cabelo ou
as roupas que o outro usa. A amizade é uma linguagem que vem do
coração e ela é bem mais fácil de entender que qualquer outra linguagem
no mundo, basta querer ser amigo.
Naquela noite, dormimos em camas tradicionais japonesas. A
cama é bem perto do chão sujo e cheio de “micróbios que podem nos
transmitir doenças”, mas o futon é bem quentinho. Futon é tipo um
colchão também de origem japonesa.
Mimi: Sua casa é bem legal, Naka-chan! Dá para pescar no
lago também?
Nakamura: Meus pais gostam muito dos peixes “Koi” do lago.
Acho melhor você não pescá-los.
Princess: Você está parecendo a gulosa da Melody, Mimichan!
Melody: Ei! Eu só gosto de comer muitos doces! Peixe é doce?
Mimi: Melhor dar alguns peixes para ela comer. Quem sabe o
cérebro não liga? Ele parece que está sempre desligado.
Melody: Eu acho você ainda mais impressionante, Naka-chan.
Você sabe tudo sobre a cultura japonesa!
Mimi: Nada, ela lê tudo na caixinha de sucrilhos...
Princess: Até que sua casa é bem bonita mesmo, Naka-chan.
Claro que não chega a ser a minha, mas...
Mimi joga um travesseiro na cara da Princess-chan e foi assim
que começamos uma guerra de travesseiros na casa da Naka-chan. Claro
que os pais dela vieram reclamar do barulho e tudo, mas a noite foi ótima.
Hoje me senti ainda mais amiga da Naka-chan que antes e
aposto que minhas amigas pensam o mesmo.
Capítulo 26: A nova professora
Era um novo dia de aula. Todas nós estávamos conversando
sobre nossos cotidianos porque a professora ainda não chegou.
Princess: Ontem a minha mãe apareceu mais uma vez na
televisão. Minha mãe é tão linda que a televisão não a deixa em paz
nunca! Agora vocês sabem de onde veio toda a minha beleza, não é?
Nós decidimos ignorar os comentários da Princess-chan por
enquanto.
Nakamura: Ah, soube que vamos ter uma novidade na aula de
hoje.
Mimi: É alguma coisa boa?
Melody: A professora vai se mudar para o Alasca?
Nakamura: A-Acho que a novidade não tinha nada a ver com
Alasca...
Princess: Ei! Vocês estavam me escutando?
Melody: Ah, já estava animada... Quem sabe ela não vai para
o Alasca e deixa um professor chef de cozinha para nos ensinar?
Mimi: Quem sabe ela não te traz um cérebro de pinguim do
Alasca?
Princess: Ei! Eu estou falando com vocês!
Nakamura: Geralmente é a professora quem dá os avisos
importantes na sala de aula, será que ela ficou doente?
Princess: VOCÊS QUEREM PARAR DE ME IGNORAR?
Nessa hora, a professora abriu a porta da sala com força e
gritou bem alto:
Professora: SILÊNCIO, TURMA!
Todos calaram a boca, exceto Princess que ainda estava de pé
irritada conosco. A professora jogou um giz na cabeça dela.
Professora: Hoje nós teremos uma nova professora ensinando
vocês. Eu terei de viajar por algum tempo, mas espero que vocês se deem
bem coma nova professora.
Melody: Yes! Boa viagem para o Alasca, professora. Quando o
chef vai chegar?
Professora: Nada de “chefs” ensinando.
Menino sem importância: Ah não! Uma nova professora? Eu
já estava me acostumando com a antiga...
Menina sem importância: E agora? Será que o estilo de prova
dela é diferente? Será que pegaremos uma professora mais rígida?
Professora: Fiquem quietos! O nome dela é Maple e ela é
minha amiga de infância. Garanto que vocês se darão bem com ela tanto
quanto me aguentaram.
Alunos: Okay...
Professora: Bem, eu já tenho de ir. A professora Maple já
deve estar chegando. Tchau!
Dito isso a nossa antiga professora fechou a porta da sala.
Nakamura: Estou com medo... E se a nova professora for mais
exigente que a antiga?
Princess: Se ela reclamar do meu batom na sala de aula eu
juro que mando meu pai despedi-la imediatamente! Ou mandá-la para
beeem longe com o poder do pensamento!
Mimi: Seu pai não é diretor... E nem deus.
Melody: Eu garanto que essa nova professora deve ser mais
calminha...
Nesse momento, uma mulher um pouco baixa, de pele
branca, blush no rosto e rabo de cavalo entrou na sala de aula. Ela estava
com uma roupa bem cheia de babados e segurava um pirulito gigante.
Notei que ela vestia um laço bem grande no cabelo também. Ela estava
querendo parecer mais jovem? Parecia a mamãe no dia das bruxas.
Maple: Bom dia, turma! Como vão vocês? Eu serei a nova
professora dessa classe a partir de hoje! Eu sou professora, mas podem
me tratar como aluna também! Eu adoro brincar assim como todos vocês.
Cuidem de mim bem direitinho, combinado?
Nesse momento a turma congelou por alguns segundos.
Ainda estávamos tentando entender a situação.
Mimi: É... Essa professora que parece mais uma criança é
quem vai nos ensinar agora?
Melody: Calma, Mimi-chan. Ela parece ser uma pessoa legal,
eu acho...
Nakamura: Adoro o laço no cabelo dela.
Maple: Ei, turminha! Nada de contar segredinhos entre si! Se
tiverem algum segredo que quiserem contar, contem para mim! Afinal, eu
sou amiga de vocês, não é? Somos todos amigos e amigas! Que tal um
grande abraço?
Mimi: E-Eu dispenso...
Maple: Ah, que pena, meus abraços são bem quentinhos!
Bem, vamos começar a aula!
A nova professora escreveu alguns problemas de matemática
no quadro.
Maple: Muito bem, quem quiser pode se levantar e vir
responder as questões no quadro. Mas não precisam ser forçados a fazer
isso não. E então? Quem quer vir? Eu trouxe giz colorido para escrever no
quadro!
Aluno sem importância: Então quem não quiser, não precisa
escrever nada no quadro?
Maple: É, eu não quero forçar ninguém a fazer coisas que não
querem.
Aluno sem importância: Então, quem quiser pode sair da sala
de aula?
Maple: Bom, se estiverem precisando sair, podem sair. Eu não
vou forçar ninguém a ficar na sala de aula participando. Afinal, eu sou uma
professora legal!
A maioria dos alunos saiu da sala de aula. Eu e minhas amigas
permanecemos sentadas, esperando que a professora ficasse com raiva
dos alunos que saíram antes da aula terminar, mas ela não ficou com
raiva.
No intervalo, conversamos enquanto lanchávamos juntas:
Mimi: Essa professora... Ela não parece muito confiável, né?
Nakamura: Ela parece deixar todos os alunos fazerem o que
quiserem...
Princess: Qual o problema? Eu gosto de poder pintar minhas
unhas ao invés de ouvir a aula chata de matemática.
Nakamura: Mas as aulas são importantes...
Melody: Calma, pessoal! Garanto que a professora nova só
deixou os alunos fazerem o que quiserem porque era o primeiro dia.
Garanto que tudo será como antes na aula de amanhã!
De repente, a professora Maple veio e se sentou para lanchar
conosco.
Maple: E aí, meninas? O lanche está gostoso? O que vocês
estão fazendo?
Mimi: N-Nada de mais. Só conversando mesmo...
Maple: Sério? Eu também adoro conversar! Vocês viram o
desenho novo que passou ontem? Era tão bonitinho! Ah, quem topa
brincar de amarelinha depois de lanchar?
Nakamura: Mas sensei*, e a aula?
Maple: Ah, eu acho que ela pode esperar só mais um
pouquinho, não é? Vamos, vamos brincar!
Nakamura: Sensei...
Depois das curtas aulas, fomos todas para nossas casas
pensando que no próximo dia, teríamos uma aula normal. Como as aulas
da antiga professora.
*Sensei é como os japoneses chamam seus professores.
Capítulo 27: A nossa querida professora
No outro dia, a professora Maple ainda não havia chegado.
Princess conseguiu chegar antes dela e nossa amiga rica parecia um pouco
diferente.
Princess: Gostaram da minha nova maquiagem? Usei blush
roxo, batom vermelho, até alonguei um pouco os meus cílios. Ah, também
estou usando os brincos de argolas da minha mãe.
Nakamura: Princess-chan! Tire esses brincos logo! Se a
professora vir você usando isso, ela vai ficar uma fera!
Melody: Você parece a minha mãe no ano novo!
Princess: Relaxem, essa nova professora não dá carão em
ninguém.
Nakamura: Mas, Princess-chan...
Nessa hora, a professora Maple entrou na sala de aula. Ela
logo notou Princess-chan com sua nova maquiagem.
Maple: Princess minha querida, você colocou muita
maquiagem hoje. Não faça isso da próxima vez, certo? Tipo, eu não vou te
punir nem nada, mas peço encarecidamente que você não venha com
tanto maquiagem na minha próxima aula, pode ser?
Princess disse que sim, mas ela não parecia arrependida e
poderia vir com uma maquiagem ainda mais escandalosa no dia seguinte.
Maple: Muito bem classe, hoje vamos estudar um pouco de
inglês. Quem quer ler a página 98 do nosso livro de inglês?
Os alunos começaram a conversar entre si, a conversa deles
ficou muito alta e a aula não andou.
Maple: Q-Queridos alunos, que tal falar só um pouquinho
mais baixo?
Aluno sem importância: Eu não! Prefiro conversar com meus
amigos e não ter nenhuma aula chata.
Maple: M-Minhas aulas não são chatas! Vamos, vai ser
divertido!
Aluna sem importância: Fala sério, professora. Deixa a turma
conversar!
Maple: Mas e a aula?
Alunos sem importância: Não estamos com vontade de
assistir aula!
Nakamura: P-Professora, eu queria que você conseguisse dar
aula. É que, desde ontem eu não aprendo nada de novo...
Maple: Mas o que eu posso fazer?
Aluna dedicada: Faça alguma coisa! Eu quero aprender novas
coisas, mas seu método de ensinar é muito ruim. Não consigo estudar
direito com todo esse barulho! Eu queria a nossa antiga professora de
volta...
Maple: Quer dizer que vocês não gostam de mim?
Aluna dedicada: Claro que não! Você não ensina direito...
Aluna sem importância: Professora, já vou embora, tá bom? É
que suas aulas não chegam a lugar nenhum e eu já estou cansada disso.
Aluno sem importância: Vou para casa também! Vou usar o
tempo que deveria estar estudando para brincar mais com meus amigos. É
melhor do que ficar aqui nessa aula que não tem sentido algum.
Maple: Amiguinhos, não façam isso. Por favor, voltem!
A sala ficou bem mais vazia hoje. Só sobrou eu e minhas
amigas.
Maple: Talvez eu não sirva para ser professora...
Nakamura: Isso não é verdade, sensei. Aposto que existe uma
forma de melhorar tudo...
Maple: Não, Nakamura. Eu já entendi. Eu nunca mais voltarei
a essa sala de aula. No final, eu não sirvo para ser uma professora...
A professora Maple saiu da sala de aula com uma cara bem
triste. Acho que nunca tinha visto ela assim. Ela sempre estava bem
animada mesmo que não conseguisse dar uma boa aula desde que
chegou.
Nakamura: Coitada da sensei...
Diretor: Não se preocupem, garotas. Amanhã vocês terão
uma nova professora e acho que ela será melhor do que a Maple.
Melody: Mas aonde a Maple irá?
Diretor: Não sei, ela colocou todas as suas esperanças em
ensinar nessa escola. Se pelo menos a professora que vocês tinham
tivesse treinado a Maple antes dela começar a ensinar, as coisas poderiam
ser diferentes.
Mimi: Espera, é isso! Onde a nossa antiga professora está
agora?
O diretor nos disse que ela estava no aeroporto, pronta para
embarcar para um lugar bem distante. Corremos até o aeroporto e no
caminho pegamos uma carona com a minha irmã.
Irmã: Todas estão com os cintos de segurança bem
apertados?
Mimi: Sim, agora quer ligar logo esse carro?
Irmã: Desembaça um pouco esse espelho de trás, por favor.
Melody: Anda logo!
Irmã: Espera, vou ajustar o espelho retrovisor...
Nakamura: D-Desculpe o incômodo, irmã da Melody-chan.
Mas precisamos nos apressar um pouco.
Mimi: Pisa logo nesse acelerador!
Partimos para o aeroporto e quando chegamos lá pensando
que a nossa professora já havia viajado, encontramos ela na sala de
espera de seu voo.
Nakamura: Professora!
Professora: Garotas? O que fazem aqui?
Melody: Você não pode partir agora! A nova professora não
consegue ensinar nada porque ela não é enérgica como você!
Professora: O quê? Desculpe garotas, mas o meu voo já vai
partir daqui a pouco.
Nakamura: Professora, não diga isso! Por favor, não vá
embora. Eu gostava muito das suas aulas, gostava de aprender coisas
novas todos os dias. Mas com a nova professora, eu não aprendo mais
nada e a sala está sempre fazendo muito barulho. Por favor, professora.
Eu quero estudar!
Melody: Por favor, professora!
Professora: Eu... Eu ainda tenho um tempo até o meu voo
mesmo. Então, me levem até a professora Maple.
Nós arrastamos a professora até a escola. Chegando lá, Maple
estava chorando na sala dos professores.
Professora: Maple, o que houve?
Maple: Syrup! É você? Desculpa, Syrup! Desculpa por não
conseguir ser uma boa professora...
Princess: O nome da professora era Syrup? Parece nome de
remédio...
Mimi: Quieta!
Maple: É tudo minha culpa. Eu não consigo ser enérgica como
você, Syrup. Eu só queria me enturmar com todos os alunos...
A professora Syrup bateu no rosto de Maple com a maior
força.
Syrup: E você ainda se considera uma professora? Se os
alunos te fizeram algum mal, dê uma lição neles!
Maple: Syrup...
Syrup: Por um acaso você já se esqueceu? Você se esqueceu
da promessa que fizemos quando éramos pequenas?
Melody: Hein? Que promessa é essa?
Syrup: Quando éramos pequenas, Maple vivia sendo judiada
pelos garotos da nossa sala porque ela não sabia se defender. Sempre
levavam o lanche dela ou rabiscavam suas anotações. Mas um dia, a
professora da nossa classe deu uma lição nos valentões que implicavam
com Maple.
Maple: Naquele dia, eu disse que queria ser uma professora
tão legal quanto a que tínhamos. Só assim eu conseguiria proteger os
outros alunos e colocá-los no caminho certo.
Syrup: E é isso o que acontece agora? Você não acha que a
nossa professora iria ficar muito decepcionada se te visse agora?
Maple: Ela iria ficar muito triste...
Maple chorava mais um pouco, desta vez porque estava
emocionada com a lembrança da promessa.
Syrup: Olhe, ninguém disse que ser professora era um
trabalho fácil. Existirão vezes que você precisa gritar com os alunos. Não
peço que você seja como eu, só quero que não deixe os alunos impedirem
você de dar aulas.
Maple: Syrup...
Nakamura: Eu não te odeio como professora, Maple sensei.
Suas roupas são bem bonitas e você é boazinha com todo mundo. Mas eu
queria aprender mais com suas aulas...
Princess: Olha, eu até prometo que nunca mais venho com
maquiagem escandalosa para a sala de aula. Mas vê se ensina algo que
preste, ouviu?
Mimi: Você tem de ser um pouco mais enérgica com os
alunos! Não deixe todos conversarem durante a aula!
Melody: Professora Maple, não desista de ser professora!
Você ainda consegue ensinar, é só mudar um pouquinho.
Maple: Garotas...
Maple se sentiu bastante emocionada com tudo que
dissemos. Ela se lembrou da professora que a inspirou e chorou bastante
naquele dia. Mas ela decidiu mudar, pelo bem de seus próprios alunos. Ela
ergueu a cabeça e voltou para casa, para preparar a aula de amanhã.
Syrup conseguiu chegar a tempo no aeroporto e deixou a
nossa cidade, mas dessa vez, ela partiu com o coração aliviado de estar
deixando uma boa professora em nossas mãos.
No dia seguinte, Maple chegou bem na hora.
Maple: Bom dia, amiguinhos! Hoje vamos ter uma aula bem
divertida e vamos estudar bastante!
Aluno sem importância: Aula? Eu quero é brincar!
Maple: Que pena! Vá brincar lá fora no corredor se você quer
tanto brincar, porque a minha aula você não atrapalha! Vamos fazer
assim: Se todos conseguirem prestar atenção e responder todas as
questões do quadro, vamos todos passear na próxima semana.
Turma: Combinado!
A professora ainda continua falando como se fosse uma
criança como nós. Ela ainda gosta de brincar com a turma toda no
intervalo e veste vestidos cheios de babados. Mas hoje ela é uma boa
professora, nós conseguimos aprender bastante e ela sempre tira nossas
dúvidas. Ela é a nossa queria e amada Maple sensei.
Capítulo 28: A nova mãe de Sprout
Princess ficou impressionada no quanto nós fomos dedicadas
e ajudamos a professora nova:
Princess: Vocês são mesmo incríveis! A maioria dos alunos já
tinha desistido da nova professora. Diga a verdade, ela prometeu notas
altas.
Mimi: Notas altas? Nada disso!
Princess: Então... Dinheiro? Deve ter alguma lei que diz que
isso é ilegal.
Mimi: Não, receber dinheiro da professora não é ilegal. É bem
legal.
Nakamura cortou a conversa de Princess:
Nakamura: Por que você acha que ninguém colaborou com a
nova professora?
Princess: É que boa parte dos alunos só gosta de bagunçar e
não de estudar. Eu gosto mais de bagunçar, mas como protagonista desse
livro eu acho que deveria dar um bom exemplo.
Melody: Mas mesmo os alunos que gostam de estudar não
prestaram atenção na aula da professora.
Princess: É que eu acho que não é tão fácil aceitar uma troca
de professores tão de repente.
Mimi: A classe gostava muito da professora Syrup, embora ela
sempre gritasse com todos e dava muita bronca... Ei, parando um pouco
pra pensar, por que a turma gostava daquela professora? Eu estou é
aliviada por ela ir embora.
Melody: Pelo menos ela conseguia dar aula. E de vez em
quando ela trazia balinha pra todo mundo. Seria um suborno para
aguentar a aula dela?
Princess: Acho que o povo já estava acostumado com a antiga
professora.
Nakamura: É, ter uma professora nova de repente é bem
difícil. Uma professora é como uma segunda mãe que todos os alunos
têm.
Mimi: Depende, se for uma professora bem dedicada como a
Syrup ou a Maple, até que dá para dizer que elas são como família.
Princess: Tive uma ideia para o livro. Melody, você pode me
emprestá-lo por um tempinho?
Princess começou a escrever no livro um novo capítulo:
O reino de Diadust parecia estar bem tranquilo naquele dia,
principalmente para uma garotinha chamada Sprout e sua mãe chamada
Tree.
A garotinha adorava ficar perto de sua mãe o tempo todo:
seja no trabalho, no jantar, no banheiro...
Mimi: No banheiro? Isso já é perseguição...
Tá bom, no banheiro nem tanto. Mas na hora de dormir,
Sprout e sua mãe dormiam juntas e estavam sempre felizes.
Um dia, ocorreu uma tempestade horrível em Diadust. O
vento levou árvores, cavalos, vacas, poeira (Embora isso não fosse
novidade)... Era um vento muito forte mesmo.
Sprout estava bem porque ficou em casa o tempo todo e sua
casa era bem forte. Mas a sua mãe que foi fazer compras ainda não tinha
voltado. Sprout falou para si mesma: “devia ter ido com a minha mãe, nós
sempre fizemos as coisas juntas, mas hoje ela pediu que eu ficasse em
casa...”.
Quando a tempestade passou, todos no reino ficaram
aliviados, exceto Sprout que ainda não encontrou sua mãe.
Sprout procurou em todos os cantos e não achou sua mãe.
Quando ela passou pelo cemitério do reino, alguns moradores disseram
que já era tarde demais: a filha nunca mais poderia ver a mãe novamente.
Sprout chorou e chorou por dias. Os moradores acharam que
ela nunca mais sairia de casa e ficaram muito preocupados. Eles foram até
a princesa Sunshine e pediram sua ajuda. Sunshine não sabia o que fazer,
mas a bruxa Witch teve uma ideia.
Witch pediu que uma das pessoas de Diadust fosse a nova
mãe de Sprout. Uma das moradoras se chamava Sakura* e ela tinha um
coração tão grande que decidiu ser a nova mãe de Sprout.
Sakura se apresentou e disse que iria fazer Sprout bem feliz de
agora em diante, mas Sprout não gostou da novidade e fez a cara mais
feia de todas para sua nova mãe. Sunshine ficou preocupada, mas Witch
disse que confiava em Sakura para aquecer o coração de Sprout mais uma
vez. Ela só precisava de mais tempo.
Sakura era bem desastrada e de vez em quando queimava as
comidas que preparava para sua filha, mas sempre fazia tudo com
bastante empolgação e carinho por sua filha. No entanto, Sprout ainda
não dava importância ao esforço de sua nova mãe.
Sakura levou Sprout ao parque de diversões, deu uma
mesada maior à menina e ainda ajudou a filha com o dever de casa. Ela
também deixava Sprout chamar todas as suas amigas para farrear quando
quisesse.
Todas as noites, Sakura dizia: “Se estiver precisando de
alguém para dormir com você quando estiver com sono, pode ir bater no
quarto da mamãe que eu sempre te deixarei entrar”, mas Sprout sempre
dormia sozinha.
*Sakura significa flor de cerejeira em japonês
Algumas noites, Sakura ouvia sua filha chorar porque teve um
pesadelo ou porque tinha saudades da antiga mãe. Nesses dias, Sakura
oferecia mais uma vez que sua filha fosse dormir no quarto da nova mãe,
mas Sprout sempre recusava.
Quando chegou o dia das mães, Sakura queria passar o dia
com Sprout. Ela queria um dia com mãe e filha juntas, mas Sprout disse
“Você não é minha mãe, e nunca será! Eu odeio você!”.
Sprout fugiu de casa nesse instante, mesmo sabendo que
haveria uma grande tempestade se aproximando de Diadust hoje. Ela
correu para bem longe e foi se esconder em uma loja de doces japoneses.
“Aqui a Sakura não vai me achar. Eu não a quero como minha
nova mãe, eu só quero a mamãe!” ela disse.
O céu de Diadust ficou nublado e um vento forte foi levando
as árvores que estavam perto de Sprout. Ela começou a ficar com medo e
tremeu bastante. Tudo o que ela queria era fugir de casa, mas agora
estava em perigo. Ela disse: “Eu estou com medo, eu quero que alguém me
salve. Por favor, alguém me salve! Eu prometo não ser mais tão malvada
com a Sakura, eu prometo ser gentil com ela. Mas, por favor... Alguém me
salve...”.
De repente, Sakura apareceu e agarrou Sprout bem forte. As
duas ficaram abraçadas enquanto andavam em segurança até uma casa
que estava por perto.
Sprout ficou surpresa, pois mesmo depois dela ter dito algo
tão ruim, mesmo depois dela fugir de casa, Sakura ainda foi procurá-la no
meio da tempestade. Sprout perguntou o motivo de Sakura ter se
arriscado tanto para salvá-la no meio de uma tempestade. Sakura olhou
nos olhos de sua nova filha e disse: “É porque eu te amo! Não importa se
você não me vê como sua mãe, ou se você vive me olhando com raiva. No
meu coração você sempre será a minha querida filha”.
As duas se abraçaram por muito tempo. Lágrimas de
felicidade caíram de seus rostos enquanto a chuva parava e a tempestade
já havia desaparecido.
Witch olhou para as duas e pensou que fez a decisão certa.
Agora Sprout nunca mais estará sozinha, ela sempre poderá contar com o
amor da sua mãe de coração.
Capítulo 29: A boneca chamada Alice
O meu relógio fazia tique taque e eu ainda estava na cama.
Melody: Por favor, relógio despertador, não grite comigo essa
manhã. Eu não quero levantar daqui e ir para a escola. Quero dormir!
Acho que hoje irei dormir até a hora de dormir chegar novamente...
Irmã: Melody! Melody, acorda! O teto da casa está caindo e
você tem de sair agora mesmo! Rápido, antes que você seja esmagada!
Entrei em pânico. Peguei todas as minhas coisas importantes,
desci as escadas correndo, abri a porta da frente com toda a minha força e
enfim saí de casa.
Melody: Ufa, essa foi por pouco! Quase que o teto me
esmagava.
Mãe: Filha? Por que está fora de casa e de pijamas?
Melody: Mãe, você tem de se apressar! O teto vai cair e se
você não correr, será esmagada!
Mãe: O quê? Quem foi que te disse isso?
Melody: Foi... Foi a minha irmã.
Mãe: Ah, então ela conseguiu te acordar com a velha
desculpa do teto caindo? Minha filha está ficando esperta!
Irmã: Obrigada, mãe.
Não acredito... Antes era minha mãe que me acordava em
pleno fim de semana com essas mentiras que fazem meu coração pular
fora do corpo, mas agora até minha irmã? Já virou uma conspiração.
Melody: Preciso aprender a não acreditar nas besteiras que
vocês dizem...
Mãe: Já que você acordou tão cedo, que tal arrumar seu
quarto? Ele está uma bagunça!
Melody: Mas mamãe, meu quarto está tão bagunçado que
acho melhor nós mudarmos de casa. Tem uma casa barata em Timbuktu,
que tal?
Mãe: Filha, ou você limpa o seu quarto, ou te mando para
Timbuktu pelo correio. Sozinha!
Quando eu estava para subir as escadas, Nakamura me ligou
para nos encontrarmos na casa dela e então eu escapei da faxina e corri
direto para lá. Acho que ouvi minha mãe dizer:
Mãe: Acho melhor comprar a passagem para hoje à noite.
Timbuktu fica aonde mesmo? Você dobra a esquerda no “fim do mundo”?
Quando cheguei à casa da Nakamura, percebi que Mimi e
Princess também estavam lá. Princess estava carregando a boneca dela
nos braços: A Alice-chan.
Melody: Uau! Fazia tempo que eu não via a Alice-chan. Como
ela vai?
Princess: Por que você está perguntando para mim? Pergunte
a ela! Eu não estou mais fazendo a voz dela.
Nakamura: Melody-chan, é que a Princess-chan está
imaginando que a boneca dela realmente consegue falar sozinha e ela
está tratando a boneca como uma garota de verdade hoje.
Melody: Mesmo?
Mimi: Isso realmente está estranho. Ela deve ter visto aquele
filme: “Chuck, o brinquedo assassino” e acha que os brinquedos têm vida.
Nakamura: Que tal “Toy story”? Esse pelo menos não é de
terror.
De repente, a mãe da Naka-chan nos trouxe biscoitos e chá.
Mimi: Sua casa só tem chá? Cadê o Ovomaltine?
Nakamura: Mas os japoneses adoram chá...
Mimi: Mas os japoneses não têm o deles não? TamagoMarutine?*
Nakamura: Você está de brincadeira, não é?
Princess começou a dar os biscoitos da Nakamura para a
boneca dela comer.
Princess: Vamos, Alice-chan, abra a boquinha. É gostoso!
Farelos de biscoito ficaram grudados na boca da boneca, mas
acho que pedir para ela comer biscoito é um pouco exagerado, não?
Mimi: Princess-chan! A sua boneca não come. Ela é um
brinquedo!
Princess: O quê? Retire o que disse, a Alice-chan é de
verdade!
Mimi: Olha só o que eu faço com a Alice-chan...
Mimi jogou a boneca para cima. Ela voou tão alto que bateu
no teto e depois caiu de volta nos braços da Princess.
Princess: Alice, Alice! Tudo bem com você? Espera, mamãe vai
te dar alguns curativos...
Princess colocou vários band-aids na cabeça da sua boneca.
Mimi: Isso está ficando sério...
Nakamura: Calma, Mimi-chan! Garanto que você também
teve uma época onde achava que suas bonecas eram reais...
*Japoneses não pronunciam palavras com L e tamago é ovo em japonês.
Mimi: Eu? Eu não brincava com bonecas. Sempre gostei mais
de bolas e de “Soldadinhos dominadores de mundos”. Bonecas são chatas,
porque tudo o que dá pra fazer com elas é brincar de ser mamãe...
Nakamura: I-Isso não é verdade! Com imaginação as bonecas
podem ser o que você quiser. As minhas sempre são princesas antigas do
Japão feudal que são protegidas por vários guarda-costas lindos...
Mimi: Ai ai... E você, Melody-chan?
Melody: Eu? Bem, eu brinco com bonecas também. As minhas
sempre são patissieres* que fazem doces e mais doces no meu forno de
mentira. Os doces parecem tão gostosos que dá vontade comer mesmo
sendo de plástico.
Mimi: Você tem um problema... Quer visitar um cirurgião
para tirar o plástico da sua barriga?
Nakamura: Tudo combinado para o nosso passeio no
shopping amanhã?
Mimi: Sim! Estou doida para testar os novos jogos de tiro do
Gamestation e ver “Avatar” ** nos cinemas!
Nakamura: Você também pode ir, não é, Princess-chan?
Princess: Eu? Acho que posso ir nessa sala de jogos barata
que vocês chamam de Gamestation...
Melody: B-Barata? Eu também vou!
Nakamura: Então, nos encontramos em frente ao
Gamestation do shopping amanhã bem cedinho.
Todas nós voltamos para nossas casas e prometemos nos
encontrar no shopping amanhã.
*Patissiere é a mulher que faz doces.
**Avatar é um filme mundialmente reconhecido criado pelo cineasta James
Cameron. Está previsto para o filme ganhar mais duas continuações em breve.
Capítulo 30: A boneca e a Mimi
No outro dia eu ainda não limpei o meu quarto e corri direto
para o shopping, onde me encontraria com minhas amigas. Timbuktu está
cada vez mais perto.
Melody: Escapei da limpeza do quarto mais uma vez!
Nakamura: Desse jeito seu quarto vai começar a criar
cogumelo de tão bagunçado que ele está.
Melody: Mas arrumar dá muito trabalho...
Mimi: Concordo! Eu nunca arrumo o meu, só enfio tudo
dentro do armário e rezo para meus pais não descobrirem.
Princess: Desculpem a demora!
Princess chegou atrasada, mas conseguimos nos encontrar
com ela em frente ao Gamestation. Em suas mãos, estava Alice-chan mais
uma vez.
Mimi: Você trouxe sua boneca mais uma vez?
Princess: E-Eu não tive escolha, pois a Alice-chan fica muito
solitária quando eu a deixo em casa sozinha.
Mimi: Ela é uma bonecNakamura tapou a boca da Mimi e todas nós fomos brincar
no Gamestation.
Mimi parecia viciada em todos os jogos de tiro do lugar.
Melody: Mimi-chan, já pensou em servir o exército? Acho que
te contratavam na hora... Uah! Aponta essa arma para outro lugar!
Mimi: Eu sou boa mesmo, né? Quem é a próxima?
Princess: A Alice-chan disse que queria tentar.
Princess entregou a arma de brinquedo para a sua boneca. É
claro que a Alice-chan não conseguiria jogar porque ela não se mexe, mas
a nossa amiga gastou créditos com uma jogada mesmo assim.
Mimi: Isso já está enchendo...
Nakamura: Calma, Mimi-chan. Que tal irmos assistir ao filme
agora?
Compramos os ingressos para ver Avatar. Princess comprou
um ingresso para sua boneca também. O filme era recomendado para
maiores de 10 anos, então tivemos de mentir nossas idades para entrar no
cinema:
Moça que verifica o ingresso: Ingressos, por favor.
Mimi: Aqui estão!
Moça que verifica o ingresso: Quantos anos vocês têm?
Mimi: Todas nós temos 11 anos. Já podemos assistir ao filme?
Quando estávamos quase entrando na sala do cinema,
Princess saltou um comentário:
Princess: O quê? Cala a boca, Alice-chan! Desse jeito vão
descobrir que não temos nem 10 anos!
A moça que verifica o ingresso nos pegou na hora. Ela disse
que são regras do cinema e deveriam ser seguidas. Ficamos ouvindo um
sermão longo e chato por horas. Depois saímos do cinema e Mimi parecia
bem zangada:
Mimi: É TUDO CULPA SUA, PRINCESS-CHAN! Você não sabe o
quanto eu esperei para assistir esse filme?
Princess: A-A culpa não foi minha! Foi a Alice-chan que
revelou nossas idades para a moça dos ingressos...
Mimi: A ALICE-CHAN NÃO EXISTE! É SÓ UMA BONECA CHATA
QUE NÃO SE MEXE!
Nakamura: Mimi-chan...
Mimi: Cansei! Essa boneca chata fica nos atrapalhando o
tempo todo! Ela é uma boneca! Ela não é de verdade!
Princess: Mas a Alice-chan é...
Mimi: Não quero saber! Ou você deixa essa boneca em casa
ou nós nunca mais seremos suas amigas novamente!
Princess começou a chorar. Por dentro eu não sei se ela
estava com medo da Mimi ou se ela ficou magoada com o que a nossa
amiga disse. De qualquer forma, Princess ficou muito triste e começou a
chorar. Depois, ela correu para bem longe.
Nakamura: Princess-chan!
Mimi: Não, Nakamura. Deixe-a ir. Ela precisa aprender a
crescer.
Sentamos nas cadeiras da praça de alimentação por algum
tempo. Nakamura tentou contar uma piada japonesa para alegrar o clima,
mas não teve jeito. Piadas japonesas são péssimas de qualquer jeito, acho
que só piorou o clima.
Estávamos preocupadas com a Princess e não conseguíamos
parar de pensar nela...
Melody: Para onde será que a Princess-chan foi?
Mimi: Não sei...
Nakamura: Você não acha que foi muito dura com a nossa
amiga?
Mimi: Mas aquela boneca me irrita! A Princess fica achando
que ela é de verdade o tempo todo!
Mimi pareceu bem durona antes, mas agora ela também
estava chorando. No fundo, ela deveria estar preocupada com a nossa
amiga que fugiu.
Mimi: Eu só queria me divertir com todas vocês nesse dia,
mas acho que por minha causa, as coisas acabaram não sendo tão
divertidas...
Nakamura: Mimi-chan, você falou sério mesmo quando gritou
com a Princess-chan?
Mimi: Acho que eu exagerei, não foi? A verdade é que eu
realmente não odeio a boneca da Princess-chan. Eu meio que sinto inveja
dela...
Melody: Como assim?
Mimi: Quando eu ainda não havia me mudado para essa
cidade e conhecido vocês, eu não tinha muitas amigas mulheres. A
maioria dos amigos que eu tinha eram meninos. A maioria dos meninos
pequenos gosta de bolas, de carrinhos, de videogames... Mas não de
bonecas. Eu gostava muito de brincar com meus amigos, mas sempre que
passava por uma loja de brinquedos, imaginava como seria brincar com
uma boneca. Bonecas são tão bonitinhas e dá vontade de comprar uma só
para abraçá-la quando quisesse.
Nakamura: Então por que você não comprou uma boneca
para brincar sozinha?
Mimi: Porque no lugar onde eu vivia, bonecas eram muito
caras e meus pais não tinham dinheiro para comprar uma para mim. Eu
não queria deixar meus pais sem dinheiro, então nem mesmo no meu
aniversário eu pedi uma boneca. Por isso eu nunca brinquei de boneca na
vida...
Melody: Então o motivo de você ficar tão furiosa com a Alicechan é...
Mimi: É, eu realmente não me importo de não conseguirmos
ir ao cinema por causa daquela boneca. Mas ver como a Princess-chan
brinca com ela e a trata como se fosse uma filha de verdade... Sinto um
pouco de inveja da Princess...
Nakamura: Mimi-chan...
Mimi: Tá, falar isso me deixa com muita vergonha. Por que eu
estou perdendo tempo falando essas coisas pra vocês? Vamos achar a
nossa amiga fujona!
Melody: Sim!
Procuramos por todos os cantos que achávamos que a
Princess poderia estar: nos parques, no shopping, nas “lojas de doces
super-chiques e com doces extremamente irresistíveis”...
Mimi: Melody-chan, estamos aqui para procurar e não para
comer!
Procuramos na casa dela, nas lojas de brinquedos, mais uma
vez nas lojas de doces super-chiques.
Mimi: Melody-chan, se concentra!
Procuramos em cima das árvores, no cursinho de línguas
estrangeiras, e mais uma vez...
Melody: EU NÃO AGUENTO MAIS! QUERO DESSE, DESSE,
DESSE E MAIS UNS 20 DAQUELE!
Mimi: Melody-chan!
Perto da loja de doces, achamos a Princess chorando com sua
boneca em uma ponte. A correnteza do rio embaixo da ponte pareceu
bem forte.
Princess: Alice-chan, eu acho que só me resta uma coisa a
fazer. Foram bons os momentos que passamos juntas, mas as minhas
amigas nunca voltarão para mim se você não deixar de existir...
Quando Princess estava para lançar a boneca no rio perigoso,
Mimi gritou:
Mimi: Princess-chan! NÃO JOGUE A BONECA FORA! Desculpa
ter dito aquelas coisas horríveis. Era eu quem estava errada! Não desista
da sua boneca por minha causa! Você é nossa amiga e gostamos de você
do jeito que você é!
Princess: Mimi-chan...
As duas se abraçaram enquanto choravam lágrimas de
felicidade. Elas voltaram a ser amigas e as preocupações se foram junto
das lágrimas.
Mimi: Princess-chan, pode trazer a sua boneca quando quiser.
Eu não me incomodarei nem um pouco se você continuar a trata-la como
uma garota de verdade. Eu só quero ser amiga sua novamente.
Princess na voz da boneca: Isso é muito legal, Mimi-chan.
Finalmente você me aceitou! Mas eu acho que a Princess-chan deveria
passar menos tempo comigo e mais tempo com as amigas. Eu posso ter
sido a primeira amiga dela, mas vocês são as verdadeiras amigas que a
fazem ser feliz!
Princess: Alice-chan...
Princess na voz da boneca: Não se preocupe, Princess-chan.
Eu sempre estarei com você para te alegrar em casa. Agora, rápido! Vão
logo assistir algum filme antes que o cinema feche!
Mimi: Pode deixar, Alice-chan. Vamos fazer a Princess-chan
muito feliz hoje!
No final, todas nós fomos juntas assistir um filme no cinema.
O filme não era Avatar, mas seja qual for o filme, o importante é estarmos
todas juntas novamente. Afinal, quando se está com as amigas, não
importa qual filme decidirmos ver no cinema, nosso dia sempre será o
melhor de todos...
Capítulo 31: A boneca da bruxa
O filme que fomos ver no cinema era “O reino dos felinos”.
Nakamura disse que era um filme da Disney* que parecia ter uma história
bem intrigante cheia de amor, traição e drama.
Mimi: Minha nossa! Tem tudo isso mesmo, Naka-chan?
Nakamura: Sim! O filme tem tantas qualidades que uma
amiga minha disse que ele deveria concorrer a um óscar.
Princess: De quê? Melhor comédia romântica do ano?
Nakamura: Na verdade, o gênero não é comédia romântica...
Melody: Sério? Então qual o gênero do filme?
O filme começou logo em seguida. Ele tinha leões de verdade
e os leões não falavam como nos desenhos da Disney. O filme passava e
os leões andavam de um lado para o outro, comiam, brigavam...
Mimi: Esse filme é uma droga! Não tem fala nenhuma dos
leões e não é um desenho da Disney. Eu fui roubada!
Melody: Naka-chan, qual era o gênero do filme mesmo?
Nakamura: Achei que vocês sabiam que esse filme é um
documentário.
Mimi: Documentário? Garotas, vamos embora.
Nakamura: Hein? Vocês não vão ver o resto do filme? O
enredo parece ótimo!
Mimi: É um documentário! Pelo amor de Deus! Até meu
cachorro assiste documentário e dorme no meio. É chato que nem papel.
Princess: Papel? Chato? Não entendi...
*A Disney é uma empresa que cria filmes infantis desde muito tempo.
Mundialmente conhecida por criar personagens de desenhos também como Mickey mouse.
Mimi: Você sabe, papel! Papel é achatado e... Vamos, você
entendeu a piada.
Princess: Mimi-chan, suas piadas são chatas que nem papel!
Naka-chan estava interessada demais no filme para prestar
atenção nas besteiras que dissemos.
Mimi: Estamos indo embora, Naka-chan.
Nakamura: V-Vocês vão me deixar aqui sozinha no escuro do
cinema? E se eu for assaltada?
Mimi: Assaltante nenhum iria ver “O reino dos felinos”.
Garanto que você ficará bem...
Nakamura: Não! É muito assustador ficar sozinha no cinema!
E se ocorrer um incêndio? E se trocarem o filme no meio da sessão?
Mimi: Isso eu iria gostar!
Nakamura: P-Por favor, amigas, fiquem aqui comigo!
Então não tivemos escolha senão ficar no cinema com a
Nakamura. Depois de uma hora de filme, a Mimi já estava se debatendo
na cadeira querendo sair do cinema. Ela até espumou pela boca e ficou
cutucando a pessoa da frente para ver se passava o tempo.
Para passar o tempo, Princess-chan pegou o livro que
estávamos escrevendo e decidiu criar outro capítulo:
Quando era pequena, a bruxa Witch adorava ficar com sua
mãe. Elas brincavam de “testar poções perigosas no povo de Diadust”.
Você não sabe como brincar disto? É que nem “apertar a campainha e
correr”, só que não tem que apertar nada... E também não tem
campainha... E não precisa correr.
Embora a mãe de Witch fosse bem traquina como a filha, ela
também se esforçava para ser uma ótima mãe: ela lia histórias para a filha
dormir, brincava com a filha quando ela quisesse, fazia muitos docinhos
gostosos para a filha...
Melody: Docinhos gostosos? Eu sabia! Minha mãe é uma
bruxa!
Enfim, as duas estavam sempre juntas e adoravam ficar
juntas.
Um dia, era dia das mães e Witch não sabia o que dar para
sua mãe. Ela queria algo que fosse especial e que a mãe gostasse muito.
Ela pensou em livros, perfumes, caixas de chocolate... Mas a Witch não via
sua mãe usando nada disso.
A Witch parou um pouco e pensou: “O que a minha mãe
geralmente faz? Ela lê histórias para mim e brinca comigo. É isso! Um
brinquedo! Aposto que ela gostaria de receber um brinquedo meu!”.
Witch comprou uma boneca vestida de bruxa que ela achou a
cara da mãe. A mãe adorou receber um presente da filha e as duas
estavam mais uma vez felizes de estarem juntas.
Mas a mãe de Witch não tinha uma ótima saúde e chegou um
dia que ela não conseguia mais se levantar da cama do hospital. Witch
rezava todos os dias pedindo que sua mãe melhorasse e que as duas
conseguissem ficar unidas de novo. Rezar não é um costume muito
frequente para as bruxas, afinal elas não acreditam em deuses, mas Witch
queria que sua mãe ficasse boa novamente de qualquer jeito.
Um dia os médicos chamaram a bruxinha para a sala onde
sua mãe ficava. A mãe segurou bem forte a mão da filha e disse que elas
duas não poderiam ficar juntas nunca mais, pois a mãe já estava partindo
para o céu nesta noite.
Witch ficou muito triste com a notícia e começou a chorar.
Para que a filha não ficasse mais tão triste, a mãe a presenteou com a
boneca bruxinha que ela ganhou no dia das mães. A mãe disse “trate essa
boneca com carinho e ela será uma ótima amiga. Se você e ela ficarem
sempre juntas, ela te ajudará a esquecer de que a mamãe não está mais
com você. É um presente da sua querida mãe, então aposto que você irá
tratar a boneca com muito carinho. Mas nunca se esqueça de tratar bem
suas amigas de verdade também, porque elas também sempre estarão
perto de você para te alegrar nos momentos difíceis”.
Witch voltou para casa e abraçou a boneca bem forte. Ela
chorou por vários dias. A bruxinha não tinha amigas senão a mãe, então
ninguém veio apoiá-la enquanto ela chorava. Pelo menos era isso que
Witch pensava, mas isso foi antes de perceber que a sua boneca falava.
“Ei, não chore! Garotas bonitas como você não deveriam
chorar nunca” disse a boneca.
Witch ficou espantada no começo, achou que estava ficando
louca, mas a boneca falava mesmo.
Depois de um tempo, as duas acabaram se tornando grandes
amigas e Witch cresceu bastante, mas ainda era uma criança. Ela agora
tinha de ir para a escola de feiticeiros e lá conheceu algumas amigas como
a deusa Megami.
Witch gostava de ficar com a deusa, embora elas fossem bem
diferentes. Mas ela nunca se esqueceu da boneca: elas sempre estavam
juntas. Só que quando ela dizia que a boneca falava, ninguém acreditava.
Era como se somente Witch conseguisse ouvir a voz da boneca.
Um dia, Witch deixou sua boneca em cima da carteira da
escola e foi ao banheiro. Quando voltou, sua amiga não estava mais lá!
Alguns meninos pegaram a boneca e correram para longe. Witch se sentiu
frustrada e correu atrás dos meninos. Megami decidiu ajudar também,
mas ela corria tanto quanto um gordinho em uma maratona.
Quando Witch alcançou os meninos, eles disseram: “Essa é a
boneca que você diz que fala, mas ninguém ouve? Quero ver se ela fala
depois disso...”. Eles puxaram a boneca pelos dois braços, rasgando-a ao
meio.
Witch ficou muito triste ao ver sua amiga em pedaços, ela
chorou muito e os garotos foram punidos pela professora.
A bruxa lembrou-se de quando a mãe entregou a boneca a ela
e ficou ainda mais triste. “Agora eu não tenho mais ninguém, ficarei
sozinha para sempre!” disse ela. Mas ela acabou ouvindo uma pequena
voz da boneca que dizia: “Você nunca estará sozinha. Lembra-se do que a
sua mãe disse? Suas amigas estarão sempre perto de você nos momentos
difíceis”.
De repente, Megami apareceu e viu a boneca toda destruída
sendo segurada por Witch. A deusa teve muita pena da amiga e usou o
máximo de seus poderes para consertar a boneca, mesmo que ela ficasse
bem fraca quando usava magia.
A boneca ficou como nova e Witch ficou muito feliz. Ela
agradeceu milhões de vezes e chorou lágrimas de alegria. Witch disse à
boneca que agora as duas poderiam conversar novamente, mas a boneca
falou em uma voz bem fraquinha: “na verdade, eu nunca falei nada. Foi
você quem imaginou que eu falava esse tempo todo. Isso aconteceu
porque você precisava de uma amiga para te manter feliz nos momentos
difíceis. Mas você não vê? Você nunca esteve sozinha desde que a sua
amiga Megami te conheceu. Você não acha isso impressionante? É assim
que verdadeiras amigas deveriam ser: sempre se preocupando umas com
as outras”.
Depois daquele dia, Witch e Megami se tornaram melhores
amigas e nenhuma das duas estava mais sozinha. A boneca já não falava
mais, mas Witch nunca se esqueceu dos momentos felizes que passou com
sua primeira amiga.
Acabamos sendo expulsas do cinema porque Mimi jogou seu
tênis na tela do filme. Pelo menos escrevemos outro capitulo do livro.
Capítulo 32: A Nakamura ficou doente
Um novo dia estava chegando e ele parecia... Molhado.
Melody: Hein? Por que minha cama está toda molhada? Não
me diga que...
Irmã: Ei, Melody! Suas amiguinhas cabeçudas estão te
esperando lá na entrada.
Melody: Ah, j-já estou indo!
Irmã: Espera, você parece preocupada com alguma coisa.
Pode contar tudo para mim que eu garanto que eu só conto para os
jornais e para todas as suas amigas.
Melody: Que bela irmã você é, sua traidora!
Irmã: Espera, você está se levantando bem devagar, o lençol
parece mais pesado que o normal... Não me diga que...Você molhou a
cama?
Meu rosto ficou vermelho de vergonha.
Irmã: Há! Eu sabia! A bebezinha não pode dormir sem molhar
a cama! Vai ter de recomeçar a usar fraldas de bebê!
Melody: Mana, para! Não grite tão alto...
Irmã: Bebezinha! Bebezinha!
Mãe: Que barulheira é essa logo de manhã? Ah, Melody... Sua
cama molhou?
Melody: E-Eu juro que nunca mais faço isso na vida! Por favor,
nada de fraldas!
Mãe: Do que você está falando? Não viu que tem uma goteira
bem no teto do seu quarto? Acho melhor chamar alguém para consertar
porque hoje está chovendo muito.
Melody: Goteira? Ah, eu sabia!
Irmã: Que chato...
Depois de sair da minha humilhação quase King Kong*, vesti
minha capa de chuva e fui com minhas amigas para a escola.
Choveu bastante durante toda a aula. Fiquei prestando
atenção nos pingos de chuva caindo na janela até o momento em que a
professora jogou um apagador na minha cara por não prestar atenção na
aula. Pelo menos dessa vez não foi o facão.
Maple: Eu sei que todas nós queremos muito brincar lá fora,
mas aguente um pouco mais a minha aula, Melody-chan! Se você ouvir
toda a minha aula, podemos brincar de pula corda do intervalo assim que
a chuva passar!
Melody: Não, eu estou bem...
No intervalo, eu e minhas amigas tivemos de lanchar juntas
dentro do colégio porque estava chovendo muito lá fora. A Nakamura
estava com um cachecol envolvendo seu pescoço e um casaco bem
grande.
Mimi: Naka-chan, isso não é um exagero? Tudo bem que está
um pouco frio hoje, mas precisava disso tudo?
Nakamura: É que a minha mãe disse para eu vestir isso hoje.
Eu fiquei um pouco gripada ontem e tive até febre, mas hoje estou um
pouco melhor...
Princess: Mas deve estar fazendo até calor com essa roupa
toda.
*King Kong é um macaco gigante que aparece em um filme de Steven
Spielberg. Como passar vergonha é sinônimo de pagar mico, foi usada a referência do
macaco. Quem não entendeu vai “pentear macaco”.
Nakamura: Minha mãe disse que era para eu vestir isso hoje.
Princess: Então tudo bem, eu não vou me meter no assunto
de outros.
Depois da aula, parou de chover. Estávamos prontas para
voltar a nossas casas quando eu tive uma brilhante ideia:
Melody: Gente, que tal pularmos em algumas poças de água?
Deve ter muitas poças no caminho da minha casa!
Mimi: Gostei da ideia! Vamos todas juntas e aí poderemos
espalhar um montão de água quando pularmos!
Nakamura: N-Não sei se é uma boa ideia...
Mimi: Vamos, Naka-chan! Não seja estraga prazeres.
Naka-chan acabou concordando e todas nós pulamos em
várias poças. Ficamos um pouco molhadas depois de tantos pulos, mas foi
bem divertido! Voltei para casa e tomei banho.
Na hora do jantar, mamãe atendeu ao telefone e algo que ela
ouviu no telefone a fez ficar bem preocupada.
Mãe: Melody, você já tomou a vacina contra pneumonia, não
tomou?
Melody: Nem me lembre disso. Tenho arrepios só de pensar
no tamanho da agulha!
Mãe: Mas você tomou, não tomou?
Melody: Eu? Tomei sim, por quê?
Mãe: A Nakamura está hospitalizada com uma pneumonia
forte.
Meu coração disparou naquele momento e eu fiquei muito
preocupada com a minha amiga. Convenci a minha irmã a me levar até o
hospital para eu ver como está a Nakamura.
Cheguei lá e percebi que Mimi e Princess também estavam na
fila de espera do hospital.
Melody: Não me diga que vocês também pegaram
pneumonia?
Princess: Não, não precisa ficar preocupada! Eu já tomei
vacina quando era pequena. Quanto a Mimi-chan, tem um ditado japonês
que diz que idiotas não pegam resfriado. Acho que isso deve valer para
pneumonia também.
Mimi: Ei! Eu tomei vacina também!
Conseguimos ver a Nakamura naquela noite, mas ela parecia
tão fraquinha tomando soro pela veia. Tentamos animá-la brincando de
“pedir comida à enfermeira”.
Princess: Escargot com um pouco de caviar seria ótimo.
Mimi: E vê se traz umas batatinhas.
Enfermeira: Sério mesmo, estão achando que aqui é a casa da
mãe Joana? A comida é só para os doentes!
Melody: Mas eu já fui doente um dia! Posso comer agora?
Quando voltei para casa, já era hora de dormir. Rezei para
que a Nakamura ficasse boa logo e que pudéssemos todas sair para
brincar juntas novamente.
Os dias se passaram e a Nakamura ainda estava no hospital.
Eu chorava todas as noites pensando que ela ainda estava fraquinha
tomando soro e nunca mais voltaria para casa. Nesses momentos tristes
eu sempre pude contar com minhas amigas e minha irmã, embora ela não
fosse a melhor companhia em hora alguma.
Irmã: Você está preocupada com sua amiguinha no hospital?
Não se preocupe, eu posso quebrar uma perna sua e então você pode
ficar no hospital.
Estirei minha língua para minha irmã idiota.
Um dia, os pais da Nakamura ligaram para a minha casa e
disseram que ela já estava de volta em casa. Fiquei tão feliz que pulei no
sofá por horas e abracei a minha irmã idiota com bastante força.
Realmente aquela notícia iluminou meu dia que até agora estava nublado,
como aquela manhã cheia de chuva.
Capítulo 33: Os dias em que ficamos juntas
Eu e minhas amigas fomos visitar a Nakamura na casa dela.
Compramos um bolo gigante e levamos para ela comer no quarto.
Nakamura: Garotas, muito obrigada...
Mimi: Agora a Naka-chan finalmente pode brincar conosco
novamente! Vamos escalar algumas árvores mais tarde?
Nakamura: Desculpa, Mimi-chan. O médico disso que devo
ficar de repouso em casa por mais um tempinho então acho que não vou
poder subir nas árvores.
Mimi: O quê? Sério? Ah, não precisa se preocupar. O
importante é que você está aqui conosco!
Princess: Garanto que após comer do bolo caríssimo que
compramos você irá se sentir bem melhor. Afinal, esse bolo é feito da
farinha de mais alta qualidade e o chocolate é belga, importado direto da
França.
Nakamura: Te-Tenho certeza de que o gosto dele deve ser
muito bom.
Comemos bolo até não caber mais na boca, jogamos alguns
jogos de cartas e assistimos um animê bem legal que a Nakamura
recomendou: “Black Jack” *. Ele fala sobre um cirurgião que consegue
fazer qualquer cirurgia e assim pode salvar a vida de milhares de pessoas,
mas sempre cobra muito caro por cada cirurgia. Aparentemente você
deve achar que o cirurgião é alguém sem coração por cobrar mais caro
que todos os outros, mas ele sempre arranja algum jeito de ser o bonzinho
no final de cada episódio.
*Black Jack é um animê de Osamu Tezuka, o criador dos animês que foi
considerado o “Walt Disney do Japão”.
Nossas viagens à casa da Nakamura ficaram bem mais
frequentes: algumas vezes trazíamos jogos de tabuleiro, outras víamos
alguns DVDs.
Teve um dia que brincamos de atirar pedrinhas no lago da
casa da Nakamura. A Mimi jogou uma pedra que acertou em um dos Kois*
do pai da Nakamura. Compramos um bagre e substituímos o peixe morto.
Aposto que o pai dela nem vai notar a diferença, só se ele perceber que o
peixe come cocô.
Um dia, decidimos convidar a Nakamura para sair de casa e ir
ao parque de diversões conosco.
Nakamura: Mas pediram para que eu fique em casa e não me
esforce muito...
Mimi: O parque é bem pertinho. Se divertir é diferente de se
esforçar. Quando você faz algo que gosta, não fica tão cansada!
Princess: Aposto que se você for ao parque, vai ficar melhor.
Melody: Por favor, Naka-chan. Vamos juntas ao parque de
diversões! Sem você, não é a mesma coisa.
Nakamura: Está bem, eu vou!
Os pais da Nakamura não estavam em casa, mas aposto que
eles não se importariam se a filha fosse ao parque de diversões com as
amigas.
Andamos na montanha russa, gritamos na casa mal
assombrada, rimos bastante na casa dos espelhos, comemos algodão doce
e pipoca... Foi tudo muito legal naquele dia. Percebi que a Nakamura
estava um pouco lenta hoje, mas pela cara dela ela estava se divertindo
muito.
*Koi é um peixe japonês muito caro.
Quando estávamos na fila do brinquedo das xícaras,
Nakamura desmaiou.
Todas nós gritamos para ver se ela acordava, mas seus olhos
não abriam. Ligamos para os pais dela. Eles vieram bem depressa e
levaram a filha para casa. Deitaram a Nakamura na cama e pediram para
deixá-la repousando.
Pai da Nakamura: Vocês sabem que a nossa filha pegou uma
pneumonia forte recentemente. Ela pode ter saído do hospital, mas ainda
precisa de muito descanso!
Mãe da Nakamura: Por favor, deixem a Nakamura descansar.
Não brinquem de nada que a faça se esforçar tanto novamente.
Todas nós obedecemos aos pais da Nakamura. Até então não
sabíamos que a doença da nossa amiga tinha sido tão grave.
Nos outros dias, brincamos de quebra-cabeça, dominó,
jogamos videogame... Enfim, fizemos um monte de coisas que não
exigissem muito esforço. A Nakamura não conseguia ir à escola, por isso
trazíamos o dever de casa e os cartões dos alunos pedindo para que ela
melhore logo.
Um dia, quando terminamos de ver DVDs com a Nakamura e
estávamos no caminho de casa, conversamos um pouco:
Mimi: Vir até a casa da Naka-chan está começando a ficar um
pouco cansativo. Nós sempre fazemos as mesmas coisas.
Princess: Tem razão! Eu queria ir ao shopping brincar no
Gamestation de vez em quando também.
Melody: A Naka-chan era a única que me ajudava antes de
alguma prova, mas agora que ela não pode ir à escola, eu já não me dou
tão bem nas provas porque fico toda nervosa.
Princess: Acho que é mais porque você não estuda mesmo.
Melody: Ei! Eu estudo... Pouco, mas estudo!
Mimi: Esse é o problema!
Princess: Há, há! Essa foi muito boa, Mimi-chan. Mas sério
mesmo, visitar a Naka-chan todos os dias está sendo um pouco cansativo.
Melody: Quando será que ela vai se curar completamente da
doença?
De repente, ouvi alguns passos atrás de mim, quando virei
para ver se era alguma moça vendendo churros por perto, percebi que a
Naka-chan tinha ouvido toda a nossa conversa.
Melody: N-Naka-chan! Espera, não é bem assim...
Nakamura correu de volta para casa chorando. Dessa vez,
acho que realmente fomos longe demais.
Corremos para a casa da nossa amiga. Ela havia se trancado
no quarto e estava chorando bastante. Ela disse que não era mais querida
por suas amigas e que é tudo culpa dessa doença idiota. Ficamos bem
perto da porta do quarto dela.
Estávamos com um peso enorme na consciência e queríamos
nunca ter dito aquelas palavras sobre nossa amiga.
Princess: Eu me lembro de que quando a Naka-chan estava no
hospital, tudo o que eu queria era que ela voltasse para casa para
brincarmos juntas novamente.
Mimi: É, eu escrevi muitos cartões de melhoras para a Nakachan, mas nunca tive coragem de ir lá no hospital entregá-los
pessoalmente.
Melody: Eu rezei todas as noites para que a Naka-chan ficasse
boa novamente.
Paramos para refletir por um momento.
Melody: Acho que o que eu realmente queria era ter a Nakachan do meu lado novamente, em casa. Não importa se ela está doente e
bem fraquinha, era para eu estar feliz só de tê-la por perto nesse
momento.
Princess: A Naka-chan é nossa preciosa amiga! Eu nunca
pensei nela como um estorvo. Na verdade, eu até que gostei de vir aqui na
casa dela todos os dias porque assim podíamos brincar todas juntas todos
os dias.
Mimi: Eu tenho de admitir, eu não gosto de vir aqui todos os
dias para brincar de coisas quietas com a Naka-chan, mas eu acho que é
brincando com ela que eu demonstro o quanto eu a amo. Naka-chan, se
você estiver nos ouvindo nesse momento, quero me desculpar pelas
palavras horríveis que eu disse. O que eu quero mesmo é ficar com você.
Melody: Naka-chan, eu gosto muito de ter você aqui conosco
novamente. Não importa se você está fraca, ainda virei todos os dias para
te alegrar!
Princess: Essa casa é meio velha e eu não gosto do estilo
japonês. Mas é a casa que a Naka-chan está. Então, para mim, ela é
melhor que minha mansão bem grande.
Mimi: Sério, você não queria dizer isso mesmo. Não é,
Princess-chan?
Melody: Sabemos o quanto você é mimada.
Princess: Ei! Parem de me insultar! Olha que eu ainda solto os
meus pitbulls.
Mimi: Ainda com os pitbulls? Você deve estar só blefando.
Devem ser poodles fraquinhos.
Princess: É, são poodles “bombados” de cicatriz no rosto e
com dentes de tubarão.
Nakamura saiu do quarto e caiu na risada. Ela ainda estava
lacrimejando um pouco, mas já havia nos perdoado pelo que dissemos
antes.
Os dias passaram e nós continuamos todas juntas na casa da
nossa amiga. Contando piadas, vendo DVDs, jogando cartas...
E Então, chegou o dia em que a Nakamura não estava mais se
sentindo fraca. Ela já conseguia comer de tudo e não se sentia mal em
canto nenhum. Ela finalmente se curou da pneumonia.
Agora eu tenho certeza: não existe melhor remédio que ficar
rodeado das pessoas que você tanto ama e que te amam também.
Capítulo 34: A deusa ficou doente
A deusa Megami adorava ajudar as pessoas do reino de
Diadust com sua magia. O povo podia pedir qualquer coisa: consertar a
banheira, construir um foguete, matar uma barata, lavar o carro enquanto
faz uma apresentação de dança de rua... Qualquer pedido era realizado
pela deusa.
Quando Megami não estava ajudando as pessoas, ela estava
brincando com as crianças do reino. Embora a deusa já fosse uma adulta,
ela gostava muito de usar sua magia para alegrar o dia das crianças.
Um dia, Megami fez um dragão gigante aparecer e as
crianças usaram espadas de madeira para derrotar um dragão de
verdade... É, como o dragão cuspia fogo nas espadas de madeira, essa foi
uma grande “ideia de girico”, uma ideia ruim.
No outro dia, a deusa fez chover sorvete e as crianças se
encheram de sorvete.
Melody: Hein? Mas e as crianças intolerantes à lactose? Elas
também se encheram de sorvete?
Nakamura: Nesse caso elas ficariam inchadas, mas não cheias
de sorvete.
Tudo parecia bem enquanto Megami ainda conseguisse usar
sua magia para resolver tudo. Mas um dia, ela ficou doente e estava tão
fraca que não podia mais usar magia. Os melhores médicos foram
chamados para cuidar da deusa e as crianças rezavam todas as noites
pedindo que a deusa ficasse boa novamente.
Após muito tempo, Megami se recuperou e não precisava
mais ficar no hospital. O povo ficou bem animado e perguntou qual foi o
médico que salvou a vida da deusa. Eles se questionaram por horas, mas
nenhuma resposta.
De repente, a bruxa Witch apareceu e disse que foi ela quem
curou Megami.
Princess: A bruxa tem doutorado? Ela já operou alguém na
vida?
Melody: Se ela é uma bruxa, então foi só colocar um pouco de
veneno de rato com asa de morcego no caldeirão e usar um feitiço
poderoso.
Nakamura: Querem parar de me interromper? A bruxa tem
doutorado, sei lá.
Melody: Mas onde ela estudou medicina? Ela já foi para a
faculdade?
Todos ficaram assustados: Witch sempre teve inveja de
Megami e faria de tudo para conseguir ser a única feiticeira de Diadust.
Por qual motivo ela ajudaria a deusa?
Witch deu então a péssima notícia que abalou muita gente:
“A deusa não poderá mais usar nenhuma magia até se recuperar por
completo da doença”. Todo mundo pensou que Witch tinha jogado uma
praga na deusa e já estavam prontos para atacar a bruxa, mas Megami
não permitiu que eles fizessem tal coisa. “Ela realmente salvou a minha
vida, então não pode ser uma pessoa má” disse ela. O povo não atacou a
bruxa, mas não gostaram nem um pouco da situação.
A bruxa deu algumas instruções ao povo: “Se tratarem a
deusa com carinho, sem nenhuma indiferença, ela irá recuperar seus
poderes. Se por algum motivo vocês passarem a não gostar mais da deusa,
ela ficará muito triste e jamais voltará a ser como antes”. Todos
concordaram em tratar a deusa com bastante carinho e a deusa disse que
ainda queria ajudá-los sempre que precisassem.
Quando alguém precisava trocar uma lâmpada, lá estava
Megami com uma lâmpada novinha. Quando precisavam de ajuda com o
dever de “Fundamentos e teorias da ciência moderna”, lá estava ela mais
uma vez...
Mimi: Funda- o quê?
Nakamura: A deusa Megami é muito inteligente e sabe de
todas as matérias complicadas. Ela já nasceu inteligente!
Mimi: Tá, tá, continua.
As crianças ainda brincavam com a deusa, mas nada que
utilizasse magia. Brincavam de escalar árvores, faz de conta, assistiam
filmes do famoso cineasta japonês Hayao Miyazaki...
Mimi: Você pirou? Cineasta japonês na idade média?
A deusa começou a se acostumar com a vida sem magia, mas
o povo estava começando a pedir coisas um pouco mais difíceis como uma
viagem ao espaço, uma luta contra um dragão, chuvas que impedissem o
rio de secar, um namorado confiável... Esse tipo de desejo a deusa já não
podia mais realizar.
Todo dia, mais e mais pedidos como esse surgiam e Megami
ficava triste por não conseguir realizar os desejos do povo. Ela achava que
todos iriam voltar a ser como antes: não precisariam mais da deusa nunca
mais.
Megami ficou muito triste e correu até a bruxa Witch. Ela
disse: “Por favor, quero os meus poderes de volta! Eu não aguento mais
ficar sem usar magia! Eu não sou mais uma deusa, ninguém mais irá
precisar de uma fraca como eu que não consegue usar magia. Por favor,
eu quero voltar a ser uma deusa, quero voltar a ser amada!”.
Witch ficou muito desapontada e disse que se o povo não a
amasse mesmo depois de ela ter perdido os poderes, então ninguém
merecia ter uma amiga tão preciosa como Megami. A deusa chorou e
correu para bem longe, tentando escapar da realidade. Mal sabia ela que
o povo de Diadust estava preocupado com seu desaparecimento.
Todos de Diadust procuraram a deusa em todos os lugares e
não conseguiram a achar, mas nunca desistiram. Dia após dia, as buscas
ficavam cada vez mais perigosas. Muita gente ficou ferida.
De vez em quando, a deusa aparecia sem ser notada por
ninguém e via os habitantes de Diadust lá de cima. Ela chorava por não
conseguir fazer nada para curar os feridos, mas sabia que não poderia
voltar a viver com todos. Na cabeça dela, algum dia ninguém iria precisar
mais dela e todos se esqueceriam da deusa.
Um dia, as crianças que viviam brincando com a deusa foram
procurar Megami nas montanhas altas e perigosas do reino. Uma delas
acabou caindo e quebrou a perna. Ela sentiu muita dor, mas as outras
crianças não sabiam o que fazer e ficaram assustadas. De repente,
Megami não teve escolha e apareceu com um kit de primeiros socorros
para socorrer a criança machucada.
As crianças ficaram emocionadas e disseram que o povo
estava procurando a deusa já faz muito tempo. Megami disse o motivo de
sua fuga, mas a criança machucada a interrompeu: “Você não precisa ter
poderes para ajudar os outros. Você pode não conseguir fazer tudo o que o
povo quer, mas mesmo assim precisamos de você e nunca deixaremos de
gostar de você! Megami, nós te amamos tanto que ninguém realmente se
importou quando você não conseguia mais usar magia para ajudar. Todos
ficaram aliviados de ver que você estava curada da doença, pois gostamos
mesmo é de ter você por perto!”.
Megami chorou de alegria ao compreender os sentimentos do
povo de Diadust. Ela prometeu nunca mais fugir e todos ficaram felizes por
reencontrarem a deusa. Nesse momento, os poderes da deusa voltaram,
porque seja sem poderes ou com poderes, a deusa Megami sempre será
tratada com carinho pelo povo que a ama de verdade.
Mimi: Essa foi uma ótima história, Naka-chan!
Princess: Não é Hayao Miyazaki, mas você já faz melhor que
qualquer japonês!
Nakamura: Na verdade, eu sou japonesa também.
Princess: Ah, é mesmo. Esqueci!
Melody: Tá começando a agir que nem eu! Eu só não me
esqueço de todos os recheios dos doces da loja de doces perto da escola.
Mimi: Melody-chan, temos uma prova amanhã mesmo. Você
se lembra de todas as fórmulas complicadas?
Melody: Ah, é mesmo. Esqueci!
Mimi: Você não tem jeito mesmo, Melody-chan. Só
mandando de volta para a fábrica e consertando os defeitos.
Melody: Hein? Que fábrica? Aquela de doces caros?
Mimi: Sua irmã tem certeza que não deixou o recibo de
quando te compraram em algum lugar importante?
Todas riram juntas da minha cara. Não pude deixar de rir
também.
Mais um dia se passa e mais um capítulo do livro é
preenchido. Quantos capítulos será que esse livro terá?
Capítulo 35: O dia em que tentamos ganhar
dinheiro
Princess: Garotas, olhem só o meu novo “IMusic”. Ele toca
todo tipo de música, tem gravador, faz pipoca e leva o cachorro para
passear. Eu já baixei 2000 músicas e não tiro ele do ouvido desde ontem.
Nakamura: Uau! Ele é lindo mesmo, Princess-chan.
Mimi: Então era por isso que você ficou com fones de ouvido
na aula da professora Maple.
Melody: Se ela descobre, é provável que você fique a tarde
inteira segurando dois baldes de “água com tijolo” fora da sala de aula!
Princess: E-Então é melhor eu tomar cuidado.
Mimi: E então? Podemos ouvir música também?
Princess: Hein? Desculpa, mas só tem um headphone. Só uma
pessoa pode ouvir por vez.
Melody: Somos amigas! Amigas compartilham as coisas!
Princess: É mesmo. Ah, tenho de ir! Tchau!
Princess-chan saiu correndo da sala de aula.
Nakamura: E eu que achava que ela saberia compartilhar as
coisas...
Mimi: Não importa. Tive uma ótima ideia!
Melody: Ótima ideia? Ah, não! Lembram-se daquela vez
quando ela pensou no lava jatos para pessoas?
Nakamura: A polícia prendeu todos os “pelados em público” e
os jatos de água forte fizeram o pequeno Jimmy virar só pele e osso.
Mimi: Mas dessa vez o plano vai funcionar! Vamos ganhar
dinheiro para comprar nossos próprios aparelhos de música!
Nakamura: Como vamos fazer isso? Não temos dinheiro e
minha mãe só me dá 100 ienes por mês.
Melody: Sua mãe te dá 100 ienes por mês? Você é rica, Nakachan!
Nakamura: Na verdade, 100 ienes por aqui não valem quase
nada.
Melody: Eu sabia...
Mimi: Animem-se! Vamos vender limonada para arrecadar
dinheiro!
Melody: Esse é o seu plano? Bem, vamos tentar, né?
O plano foi melhor do que eu pensei: as limonadas estavam
vendendo como pão quente de padaria.
Melody: Nem acredito que isto esteja funcionando! A
limonada deve ser realmente gostosa!
Cliente: Mais uma limonada, por favor!
Mimi: Claro, já está saindo outra jarra.
Cliente: Essa limonada é divina! Qual o segredo?
Mimi: Ah, você sabe: açúcar, limões e muitas doses de amor.
Cliente: Isso realmente é impressionante.
Mimi: Nada, impressionante mesmo é o fedor das meias
suadas do meu primo que eu coloco dentro dessa jarra de limonada para
dar o gostinho.
Todos os clientes cuspiram a limonada que bebiam e formouse uma fila imensa no pronto-socorro do hospital.
Mimi: O que aconteceu? Qual o problema com essas pessoas?
Elas não gostam mais de limonada?
Nakamura: Acho melhor tentarmos outra coisa...
Tentamos a ideia da Naka-chan: vender biscoitos de porta em
porta.
Nakamura: Isso com certeza vai dar certo. As pessoas adoram
biscoitos fresquinhos sendo vendidos de porta em porta.
Naka-chan apertou a campainha de uma casa. De dentro, saiu
um garotinho.
Nakamura: Boa tarde! Nós estamos vendendo biscoitos para
arrecadar dinheiro. Gostaria de comprar alguns?
Menino: Biscoitos? Oba! Eu quero sim!
Ele deve ter comprado umas 20 caixas e estava comendo na
nossa frente enquanto nos pagava.
Menino: Eles são muito bons. Do que são feitos?
Princess: Do melhor leite fresquinho, com farinha de alta
qualidade e as gostas são de chocolate ao leite.
Menino: Leite? Eu sou intolerante à lactose!
O menino começou a inchar de tanto comer os biscoitos com
leite. Vimos uma ambulância perto da casa dele e decidimos fugir o mais
rápido possível.
Mimi: É você que não está fazendo direito, Naka-chan! Deixeme mostrar como se vendem biscoitos. Agora, Melody-chan, pode se
deitar no chão por um instante?
Eu me deitei sem saber o motivo.
Mimi bateu em outra porta da vizinhança e de dentro saiu
uma mulher bem alta.
Mimi: Boa tarde, minha senhora. Estamos vendendo biscoitos
para arrecadar dinheiro o suficiente para pagar um belo caixão para a
nossa amiga querida que morreu recentemente. Foi uma tragédia tão
grave. Não conseguimos parar de pensar na nossa amiga morta...
Mimi chorou algumas lágrimas falsas. A mulher já estava
quase comprando nossos biscoitos quando o meu celular apitou. Eu me
levantei e atendi.
Melody: Alô? Oi mãe! Tá tudo bem? O quê? Brigadeiro para o
jantar? Oba! Mal posso esperar!
Mulher: Essa sua amiga é morto viva?
Mimi: N-Não senhora...
A mulher bateu a porta na cara da Mimi e não comprou
nenhum biscoito.
Mimi: Valeu, Melody-chan. E agora?
Melody: Tive uma ótima ideia!
Eu fiz um buraco no chão, joguei uma moeda dentro do
buraco, tapei o buraco e depois joguei um pouco de água.
Melody: Agora é só esperar um pouco é cresce uma árvore do
dinheiro!
Nakamura: Árvores do dinheiro não existem...
Mimi: Que ideia mais idiota! Poderíamos pedir a irmã da
Melody-chan para nos emprestar algum dinheiro.
Melody: Que ideia mais idiota, Mimi-chan. Isso nunca vai
funcionar!
Mimi: Ah é, mas a sua árvore do dinheiro vai funcionar, né?
Melody: Árvores só precisam de um pouco de tempo para
crescer. E muito cocô de vaca... Digo, adubo.
Mimi: Vamos encarar os fatos: nunca teremos dinheiro o
suficiente para comprar um “IMusic” tão legal quanto o da Princess-chan.
Nakamura: Falando nela, ela está vindo em nossa direção.
Princess: Good afternoon!
Mimi: Boa tarde. Quer dizer, a tarde não é tão legal quando
você não tem um “IMusic”...
Princess: Então vocês estavam mesmo chateadas por não
terem um.
Melody: Tentamos arrecadar dinheiro para comprar um para
cada, mas nada funcionou. E agora temos de pagar a consulta do hospital
do garotinho e das pessoas que beberam limonada.
Princess: Isso é triste. Mas a tristeza acabou! Olhem só!
Princess-chan nos mostrou três “IMusics” iguais ao dela.
Nakamura: Princess-chan, você comprou um para cada uma
de nós?
Princess: É que não tem graça me gabar do meu novo
aparelho sem ter minhas amigas para curtirem o momento comigo.
Ficamos extremamente comovidas com o presente da
Princess-chan. Curtimos nossos “IMusics” por exatamente...Cinco
minutos. Depois disso, os médicos que operaram os pacientes que
beberam da nossa limonada pediram o dinheiro da consulta e então
tivemos de entregar os “IMusics”. Eu nunca mais trabalho na vida!
Capítulo 36: A minha irmã adora a Nakamura
Mal começou o meu dia é minha irmã já veio gritar comigo:
Irmã: ME-LO-DY! Que notas são essas? A mamãe sabe que
você se deu tão mal na última prova?
Melody: Deixe-me dormir. Ainda não terminei meu sono da
beleza.
Irmã: Isso é sério, Melody! Eu vou te ensinar tudo para que
você consiga notas melhores e orgulhar a mamãe.
Melody: Não dá para eu ficar aqui dormindo enquanto você
estuda e faz a minha prova?
Minha irmã pegou todo o meu lençol e puxou com força o
suficiente para me tirar da cama. Só que ela não contava com essa: eu
ainda estava agarrada no lençol.
Irmã: Vamos logo, Melody! Largue esse lençol!
De repente, ouvi alguns passos de pés descalços vindos da
entrada da minha casa.
Melody: LADRÃO! LADRÃO! Rápido, pega a velha espingarda
do papai.
Irmã: Isso já aconteceu antes. É a sua amiguinha cabeçuda
japonesa.
Melody: A Naka-chan chegou! Ela pode me ajudar a estudar
bem melhor que você, traça-livros.
Irmã: Como assim? Você confia mais na sua amiga cabeçuda
do que na sua irmã de coração?
Melody: Bom... É! Tchau, vou estudar com a Naka-chan!
Quando percebi, a Nakamura já estava sentada na mesa do
jantar e estava comendo café da manhã na minha casa.
Melody: Quanta mordomia, Naka-chan.
Nakamura: E-Eu juro que não fui eu. A sua mãe ofereceu que
eu entrasse e me sentisse confortável.
Melody: Ei mãe, cadê o meu café da manhã?
Mãe: Você não é visita, é somente a minha filha burra que só
tira notas baixas.
Melody: Tá bom, eu vou estudar...
Nakamura me ajudou a estudar no meu quarto. A minha irmã
enxerida também resolveu ajudar e estava admirada com a inteligência da
minha amiga.
Irmã: Nakamura, você realmente estuda bastante, hein? Não
quer trocar de lugar com a minha irmã? Finalmente eu teria uma irmã
inteligente para me ajudar com os trabalhos da faculdade.
Nakamura: E-Eu não estou na faculdade ainda...
Melody: Ei! Você me troca pela Naka-chan assim mesmo?
Bem na minha cara?
Irmã: É que a Nakamura é bem mais organizada, inteligente e
obediente que você. Na verdade, não sei nem como ela é sua amiga.
Nakamura: Não diga isso, amigas de verdade não se
importam se as suas amigas são burras ou desorganizadas.
Melody: Obrigada, Naka-chan...
Nakamura: D-Digo, não que a Melody-chan seja burra ou
desorganizada.
Irmã: Já entendemos. Ah, vou pegar alguns lanches para você,
Nakamura.
Nakamura: M-Muito obrigada.
Melody: Ei, e eu? Eu também estou com fome!
Minha irmã nos trouxe uma grande variedade de docinhos e
salgados. Eu comecei a atacar tudo e foi docinho para todo lado: no teto,
na televisão, na cabeça de alguém que passeava perto da minha casa... Já
a Nakamura foi pegando de pouquinho em pouquinho.
Melody: Isfo taf uma deflícia!
Irmã: Não fale de boca cheia, sua porca!
Estirei a língua para minha irmã e ela estava cheio de comida
dentro. A traça-livros ficou enojada e virou rapidamente o rosto.
Irmã: A Melody me disse que você adora ler, Nakamura. Quais
livros você gosta?
Nakamura: E-Eu gosto muito de contos de fada.
Irmã: Também gostava muito quando era garotinha, mas hoje
em dia gosto muito de “thrillers” e livros de mistério. Só não tenho muito
tempo para ler graças à faculdade.
Nakamura: Nunca li um “thriller”. Eu tenho medo até do
escuro, por isso acho que não aguentaria um livro cheio de suspense.
Irmã: Você deveria tentar um livr de mistério. Thrillers são
para garotas mais maduras. Tente esse mistério aqui: “Sherlock Bones”. É
sobre um detetive que é metade humano e metade cachorro, por isso
sempre carrega um monte de ossos para lamber depois.
Melody: Ei, isso é mesmo aconselhado para alguma criança?
Irmã: Claro, os ossos são de human- digo, galinha.
Nakamura: Nossa, a história parece bem intrigante. Posso
pegar emprestado?
Irmã: Claro!
Senti-me um pouco deixada de lado e por isso decidi falar
alguma coisa.
Melody: Eu terminei de ler outro gibi da “Turma da Mônica”
ontem mesmo. Se quiser eu empresto, Naka-chan.
Irmã: Ah, então era por isso que tinha uma revistinha jogada
no chão do banheiro hoje de manhã. Não jogue suas coisas no chão da
casa, Melody. Você é muito desorganizada!
Melody: E-Eu já estava indo guardá-la em um lugar seguro.
Irmã: Sei...
Nakamura: E-Esses docinhos estão ótimos!
Irmã: Obrigada, fui eu mesma que fiz.
Melody: Ah, por isso tem alguns com cara de queimados.
Minha irmã me deu uma cotovelada após meu comentário.
Ela é bem fraca porque não pratica nenhum esporte, mas suas
cotoveladas doem muito.
Irmã: Nakamura, não seja tímida, pode pegar quantos
docinhos quiser.
Melody: Mas eu adoro os brigadeiros!
Irmã: Melody, você come deles todos os dias! Compartilhe
um pouco com sua amiguinha educada.
Nakamura: Itadakimasu!
Melody: Isso é “hora de comer” em japonês.
Irmã: Eu sei, eu estudei um pouco de japonês assim que
entrei para a faculdade. É mais como um hobby meu.
Nakamura: Você também estuda japonês? Sugoi
(impressionante)!
Melody: Eu também sei japonês, olha: Sushi, sashimi,
yakisoba, Ni Hao...
Irmã: “Ni Hao” é “olá” em chinês, não em japonês.
Melody: E-Eu sabia.
Nakamura: Melody-chan, você já disse a sua mãe que amanhã
é a festa da família no colégio? Vai ter muitos jogos, prêmios, brincadeiras,
comidas...
Irmã: A mamãe nunca está livre nessa época do ano.
Nakamura: Ah, então você não vai poder vir?
Melody: Na verdade, minha irmã cabeçuda sempre me leva
na festa da família. É o único momento em que ficamos juntas.
Irmã: A sua mãe vai poder te levar, Nakamura?
Nakamura: Não, ela e meu pai estão ocupados amanhã o dia
todo. Acho que não vou neste ano.
Irmã: Que tal se nós três formos à festa da família juntas
amanhã?
Nakamura: Eh? Sério?
Melody: Mas, irmã...
Nakamura: Eu iria adorar! É sempre tão divertido. Não é,
Melody-chan?
Melody: Claro, divertido...
Eu gostava quando eu e minha irmã íamos só nós duas para a
festa da família. Acho que é o único momento em que nós nos
entendemos, mas não consegui dizer não a minha amiga. Talvez nada
mudasse amanhã, talvez uma pessoa a mais não faça tanta diferença.
Capítulo 37: A festa da família
De manhã bem cedinho, eu, minha irmã e a Nakamura fomos
nos divertir na festa da família do colégio. No caminho, minha irmã me
disse:
Irmã: Melody, você pode ficar entusiasmada porque eu
conversei com a Naka-chan ontem e nós preparamos uma surpresa. Mas
só vou te dar no final da festa, tá bom?
Melody: Surpresa? Legal! Não é como daquela vez que você
me prometeu uma festa de aniversário surpresa e me deixou sozinha no
posto de gasolina, não é?
Irmã: Foi legal quando você achou que tudo da loja de
conveniência era de graça e o segurança te pegou no flagra.
O primeiro evento da festa foi uma corrida usando sacos de
batatas. Percebi que a Princess e a Mimi também estavam participando
com suas famílias. A corrida era um evento só com as filhas, então eu e
minhas amigas estávamos prontas para pular.
Mimi: Princess-chan, você veio! Não sabia que você gostava
desse tipo de festa.
Princess: Eu devo participar de todos os eventos da escola.
Afinal, o motivo de alguns alunos virem foi para me ver, não é?
Mimi: Você ainda se acha...
Nakamura: Melody-chan, é melhor você segurar direito o saco
de batatas, senão pode tropeçar.
Melody: Eu estou bem.
A corrida começou e os pais da Princess pareciam
preocupados com sua filha. Eles não acreditavam que a filha toda limpinha
e engomada estava pulando dentro daquele saco imundo de batatas.
Apesar de tudo, a Princess se empolgou para vencer a corrida.
No meio do percurso, eu escorreguei no meu saco de batatas
e caí no chão. Quando me levantei para continuar a corrida, a Nakamura
já havia chegado ao fim do percurso.
Irmã: Muito bem, Nakamura! Você é mesmo muito rápida!
Gostei de ver!
Melody: Ei, e eu?
Irmã: Você tropeçou no meio do percurso.
Melody: Eu não tropecei, eu caí com estilo*.
Naka-chan riu até cansar. Acho que ela entendeu a piada, ou
talvez ela só seja doida mesmo.
O próximo evento era uma corrida de três pernas. Eu,
Nakamura e a minha irmã ficamos com nossas pernas amarradas com um
lenço e tínhamos de trabalhar juntas para chegar à linha de chegada.
O pai da Mimi se empolgou na hora da corrida e levou a filha
nas costas ao invés de andar junto a ela. Claro que a família dela foi
desclassificada. O pai da Princess não sabia dar um nó então não
conseguiu participar. Com tantas pessoas desistindo da competição, achei
que nós três poderíamos ganhar essa etapa, mas a minha irmã e eu nunca
concordamos em qual direção ir.
Irmã: É para a direita!
Melody: É claro que é para a esquerda!
Nakamura: A-Acho melhor pararmos de brigar e continuar em
frente.
Melody: Calada, Naka-chan! Vamos pelo caminho da
esquerda e ponto final!
*Isso foi uma referência ao filme de animação da Disney e Pixar “Toy Story”.
Nele, o boneco Buzz Lightyear diz que sabe voar, mas o outro boneco Woody que tem muita
inveja de Buzz diz que ele só faz “cair com estilo”.
No caminho da esquerda, tinha uma parede gigante e mais
nada. Já que pegamos o caminho errado, outra família acabou ganhando a
corrida.
Irmã: Eu te avisei.
Melody: Sem comentários...
Nakamura: A próxima é uma competição de natação.
Irmã: Natação? Ai, não!
Melody: Minha irmã é péssima em natação! Ela afunda feito
pedra.
Irmã: Mas eu garanto a você que não vou afundar hoje!
Minha irmã estava toda pronta para nadar. Ela vestiu a touca,
colocou os óculos de mergulho, se posicionou e... Afundou. Bom,
preparação nem sempre é tudo.
Irmã: É-É que eu nem estava com vontade de nadar hoje. Da
próxima vez eu não afundo.
Melody: Sei, sei.
Princess: Pelo menos a sua irmã teve coragem de pular na
água. O meu pai disse que não entraria até a água estar um pouco menos
molhada.
Nakamura: Mas é água!
Princess: Pois é, tiveram de secar a água da piscina para ele
conseguir nadar na minha última escola. Ele disse que o estilo dele é
“tartaruga terrestre”.
Irmã: Não são essas tartarugas que não nadam?
Princess: Papai, você me enganou!
Fizemos uma breve pausa para tomar sorvete.
Irmã: Incrível, Nakamura! Você não só é inteligente como
também é muito boa em gincanas da escola.
Nakamura: É que eu realmente adoro esses eventos.
Irmã: Você merece um sorvete especial pelo seu esforço.
Quando vi minha irmã entregar o sorvete crocante de
chocolate com brigadeiro que eu mais gostava para a minha amiga, não
consegui aguentar mais.
Melody: Esse é meu sorvete! Você sabe que eu adoro tomar
esse sorvete na festa da família!
Irmã: É que a Nakamura nunca tomou dele na vida. Então
resolvi dar uma a ela.
Melody: Mas nós sempre tomamos desse sorvete juntas, só
nós duas! Você se lembra do significado desse sorvete?
Irmã: Eu achei que deveria dar um para a sua amiguinha. Ela
se esforçou tanto nos jogos.
Melody: Então por que você não fica com ela no resto da
festa? Você gosta mais dela mesmo!
Irmã: Melody...
Lágrimas caíram dos meus olhos enquanto eu fugi para bem
longe. Queria fugir daquele lugar, queria fugir da minha irmã idiota que
me trocou pela minha melhor amiga.
Todos os anos a minha irmã e eu tomamos aquele sorvete
juntas. Nós até demos um nome para o sorvete: era o “sorvete das irmãs
que estarão sempre unidas”. Eu nem me lembro do motivo de termos
dado esse nome ao sorvete, mas acho que não têm mais importância, já
que eu não quero nunca mais ver a minha irmã.
Nakamura ficou preocupada comigo e me encontrou atrás da
barraquinha de cachorro quente.
Nakamura: Melody-chan, vamos voltar. A sua irmã deve estar
preocupada com você.
Melody: Não, ela não está preocupada comigo porque ela
tem você! Você é quem deveria ser irmã dela, porque é gentil, inteligente
e organizada. Você é tudo o que eu não sou e nunca serei na vida.
Nakamura: Do que está falando? A sua irmã te ama.
Melody: Como você pode saber? Ela vive brigando comigo e
nunca disse nada de bom sobre mim.
Nakamura: E é assim que ela demonstra o carinho que tem
por você.
Melody: Hein?
Nakamura: Sabe, eu sempre senti inveja de você. Você tem
uma irmã com quem brigar, que te ensina quando você tira notas baixas e
te faz companhia sempre que precisar.
Melody: Mas brigar não é legal.
Nakamura: No caso de vocês duas, brigar é legal sim. Porque
ontem quando você foi dormir, a sua irmã me disse que brigava tanto com
você porque te amava do fundo do coração. Eu perguntei por que vocês
não eram carinhosas uma com a outra ao invés de brigar, mas ela
respondeu que esse era o jeito dela de fazer você feliz.
Melody: Naka-chan...
Nakamura: É que quando vocês duas brigam, parece que se
esquecem de todos os problemas e conversam por horas. Eu sinto inveja
de ter uma irmã legal como a sua, Melody-chan. Sua irmã é muito legal,
ela até me deixou vir à festa da família.
Melody: É por isso que ela não é legal, ela queria ter uma irmã
que ganhasse as competições dessa vez e por isso que ela te trouxe. Foi
para tomar o meu lugar. Aposto que a grande surpresa que ela preparou
para me entregar no fim da tarde é a notícia que eu não serei mais a irmã
dela e você quem será.
Irmã: PARE DE DIZER COISAS SEM SENTIDO!
Percebi que a minha irmã tinha nos achado, e ela estava sem
fôlego de tanto correr procurando por mim.
Irmã: Melody, pare com isso! Você sabe que eu não poderia
pedir irmã melhor que você. Tá certo que nós brigamos sempre e às vezes
eu falo coisas que não deveria, mas brigar é meu jeito de demonstrar
carinho. A Nakamura pode ser inteligente, mas ela nunca será melhor que
a burrinha que é você.
Melody: Irmãzona...
Irmã: Você quer saber qual era a surpresa que eu prometi
hoje de manhã?
Minha irmã abriu uma caixa e dentro dela, havia muitos
sorvetes crocantes de chocolate com brigadeiro. Meus olhos lacrimejavam
mais uma vez.
Irmã: Você se lembra desse sorvete? É o “sorvete das irmãs
que estarão sempre unidas”! Quando você era pequena e o papai morreu,
a mamãe também não podia vir com você para a festa da família, então só
sobrava pra mim. Da primeira vez que nós viemos, você ainda estava
zangada comigo porque queria que a mamãe aqui com você. Você chorou
porque o papai nunca mais iria participar das gincanas com você. Naquele
dia, eu comprei um montão desses sorvetes e te disse que esse era um
sorvete muito gostoso que iria te deixar alegre: o “sorvete das irmãs que
estarão sempre unidas”. Daquele dia em diante, acho que o único
momento em que não brigamos é essa festa da família. Por isso que eu
gosto tanto de vir com você todos os anos.
Melody: Irmãzona...
Irmã: Pare de chorar, irmãzinha. Você não prefere tomar esse
montão de sorvete não? Então acho que eu vou tomar tudo sozinha e não
vou deixar nenhum!
Acho que minha irmã nunca mais tinha me chamado assim,
ela sempre me chamou de “Melody” ou de “coisa”. Fiquei tão emocionada
com o sorvete e com o carinho que toda a tristeza desapareceu. Aquela
realmente foi a melhor festa da família de todas.
Tudo bem, nós três não participamos do resto das
competições porque ficamos com dor de barriga de tanto comer sorvete,
mas naquele dia eu percebi o quanto eu gosto da minha irmã idiota.
Capítulo 38: O lugar secreto
Depois da festa da família, eu, minha irmã e a Nakamura
voltamos para a minha casa. A mamãe ainda não havia voltado e isso só
poderia significar uma coisa:
Irmã: Hoje sou eu quem vai preparar o jantar!
Melody: Prepare-se para pedir comida chinesa, Naka-chan.
Irmã: Você não confia em mim? Eu cozinho muito bem!
Melody: Da última vez que a minha irmã cozinhou,
oferecemos a comida ao cachorro esquelético do vizinho e ele recusou.
Preferiu morrer de fome.
Nakamura: Garanto que a comida não é tão ruim assim.
Minha irmã foi aprontar o jantar. Ouvimos alguns sons de
explosão, fumaça saindo da cozinha direto, gritos da minha irmã ao cortar
seu dedo pela milésima vez... Enfim, foi uma bagunça!
Depois de tantas batalhas perdidas, minha irmã finalmente
veio para a sala de jantar com uma comida que ela mesma preparou.
Nakamura: Que bom! O que teremos no cardápio de hoje?
Irmã: Minha especialidade: sopa mistério.
Nakamura: Que surpresa! E o que tem dentro da sopa?
Irmã: É um mistério. Vão ter de tomar para descobrir!
Melody: Naka-chan, não beba! Acredite, a curiosidade matou
o gato.
Na cozinha, percebi que um gato de rua entrou na minha
casa, lambeu um pouco da sopa da minha irmã e ficou bem durinho, com
a barriga para cima.
Irmã: Só uma provadinha, Melody!
Eu olhava para a sopa, ela olhava para mim. Eu mexia a colher
e a sopa se mexia dentro da panela. De vez em quando saíam algumas
bolhas verdes da panela.
Melody: Acho que perdi o apetite.
Nakamura: O gosto deve estar bom!
Nakamura tomou uma colherada da sopa mistério.
Nakamura: Viu? Não aconteceu nada comigo!
De repente, o rosto dela começou a ficar vermelho, verde,
azul, roxo... Depois ela caiu de cabeça na sopa e desmaiou lá mesmo.
Irmã: Acho que o problema foi o sal.
Melody: Acho que o problema foi você cozinhando. Anda,
vamos chamar uma ambulância.
Nakamura de repente se levantou.
Melody: Ah! Uma morta viva!
Nakamura: Eu estou bem... Só preciso de... Banheiro.
Não preciso dizer o que aconteceu depois, não é? Em respeito
a todos aqueles que estão jantando enquanto leem esse livro. Ela vomitou
tanto naquela noite.
Melody: Naka-chan, posso escrever no livro?
Nakamura: ...
Melody: Você se lembra de Sparkle, a garotinha tímida que
virou amiga da princesa Sunshine? Ela vai aparecer de novo!
Nakamura: Leg... Al...
Comecei a escrever no livro um capítulo baseado nos
acontecimentos da festa da família:
No reino de Diadust, existia uma garotinha chamada Sparkle
que se tornou amiga da princesa Sunshine. Ela era bem tímida e não tinha
nenhum verdadeiro amigo, mas acabou se tornando amiga da princesa.
Começaram as aulas do reino de Diadust e Sparkle ainda não
havia feito nenhuma nova amizade no colégio.
De repente, uma colega bem agitada chamada Genki
apareceu e disse que queria ser amiga de Sparkle. A garota gritava
bastante e era bem extrovertida, diferente de Sparkle que era tímida e não
falava com ninguém.
Um dia, Sparkle perguntou por qual motivo Genki queria ser
sua amiga. A amiga respondeu com a seguinte frase: “Você parece uma
pessoa bem gentil e de confiança, garanto que seremos ótimas amigas!”.
Receber elogios de uma pessoa que ela mal conhece fez Sparkle ficar bem
feliz e as duas sempre ficaram juntas desde aquele dia.
Seja tomando sorvete, ficando de castigo por conversar
durante a aula, no banheiro... Seja onde for, as duas amigas estavam
sempre juntas.
Um dia, elas descobriram uma casa em cima de uma árvore
que chamaram de “lugar secreto” e só as duas sabiam onde ficava esse
lugar. De vez em quando, elas se reuniam no lugar secreto para tomar
sorvete observando as estrelas.
“Esse é o nosso lugar secreto e só nós duas sabemos onde ele
fica, está bem? Não pode falar para mais ninguém porque esse lugar é o
símbolo da nossa amizade!” foi o que Genki disse. Sparkle ficou muito feliz
por ter uma amiga tão diferente, mas de tanta confiança como Genki.
“Um dia, uma amiga minha me mostrou um céu estrelado
como esse e me ensinou o que é uma amizade verdadeira. Essa amiga é
muito preciosa para mim, você tem de conhecê-la algum dia!” disse
Sparkle. Genki disse que tudo bem, mas pediu que não contasse nada
sobre o lugar secreto para essa amiga. “Esse lugar secreto é a prova da
nossa amizade e de mais ninguém! Eu sei que eu posso estar sendo egoísta
agora, mas é que eu gosto mesmo de ter só nós duas tomando sorvete e
observando as estrelas” disse Genki.
Sparkle pode ter achado um pouco grosseiro da parte de
Genki, mas isso já não importava mais. O importante era que as duas
ainda iriam ter esse lugar só para elas e a amizade das duas duraria para
sempre.
No outro dia, entrou uma aluna nova na sala. Seu nome era
Nigiyakana, ou Nigi como a chamavam na outra escola. A professora
achou bem estranho: ela tinha duas alunas com nomes japoneses na sala e
as duas tinham um significado bem parecido: “Nigiyakana” é “agitado” em
japonês e “Genki” é “saudável, cheio de energia”.
Nigi se sentou bem do lado de Genki e as duas conversaram
bastante durante a aula. Sparkle se sentiu meio deixada de lado, mas ela e
sua amiga se encontraram no intervalo e conversaram bastante.
Os dias se passaram e Genki conversou bastante com a nova
aluna. Sparkle achava que as duas haviam se tornado melhores amigas e
uma incerteza abalava seu coração: “será que Genki gosta mais da aluna
nova do que eu? Ela é bem mais forte e cheia de energia”. Mas depois, ela
dizia para si mesma: “Genki e eu ainda somos as melhores amigas. Afinal,
ainda compartilhamos o grande segredo do lugar secreto. Genki nunca
contará a ninguém sobre o local, ele é o símbolo da amizade entre nós
duas”.
Depois da aula, Sparkle e Genki foram para o lugar secreto
como de costume. No entanto, quando chegaram lá, encontraram Nigi.
Por algum motivo, Genki já sabia que Nigi estaria lá e as duas se
cumprimentaram normalmente.
Sparkle não conseguia acreditar: a sua amiga havia contado
para outra pessoa onde ficava o lugar secreto. Mas isso não era para ser
um segredo somente entre as duas? O que poderia ter acontecido? Será
que Genki agora se tornou tão amiga de Nigi que decidiu contar o
segredo? Ela ficou emocionalmente abalada com a situação e correu de
volta para casa.
A partir do outro dia, Sparkle não falou mais com Genki. Na
verdade, as duas mal se encontravam mais.
Um dia, Genki perguntou o que ela fez para a amiga nunca
mais falar com ela. Só que Sparkle estava furiosa com Genki e nem deu
ouvidos a pergunta da amiga, já saiu da sala de aula e foi para bem longe
da ex-amiga.
No caminho de volta para casa, Sparkle passou pelo lugar
secreto. Ela ficou olhando para aquela casa na árvore e pensou: “Esse
lugar era para ser nosso segredo e de ninguém mais, então o que
aconteceu? Por que a Nigi agora sabe do lugar? Será que eu não presto
mais para ser amiga da Genki? Desse jeito, Genki não vai mais ser minha
amiga e eu vou ficar sozinha novamente. Eu não quero isso!”.
Com tanta inveja no coração, Sparkle teve uma ideia horrível:
ela queimou a casa na árvore. Já que a casa na árvore representava a
amizade entre Sparkle e Genki, se ela fosse embora a amizade não existiria
mais. Pelo menos foi isso que ela pensou.
Nesse momento, Genki apareceu e perguntou a Sparkle o que
aconteceu. Sparkle contou toda a verdade e a ex-amiga deu um tapa na
cara dela.
Genki disse: “Você está louca? Essa casa é, e sempre será o
símbolo da nossa amizade! Você é minha melhor amiga e nada nesse
mundo vai mudar isso! Mas acontece que essa era a casa da aluna nova
antes mesmo de a encontrarmos. Se esse fogo acabar com a casa da Nigi,
ela não terá mais onde morar!”.
Toda a raiva de Sparkle se transformou em vergonha. Ela não
acreditava que tinha duvidado tanto da amiga. Ela não acreditava que
conseguiu fazer algo tão ruim com a nova aluna. Estava totalmente
arrependida, mas sabia que deveria fazer alguma coisa para apagar o
incêndio que havia provocado.
Sparkle se jogou para dentro da casa que pegava fogo e
apagou o incêndio abanando a própria camisa para cima e para baixo. Foi
uma tarefa muito difícil, mas a garota faria de tudo para não deixar
acabar o símbolo da amizade entre ela e sua melhor amiga.
De repente, o fogo apagou e, fora alguns estragos, a casa
ainda estava muito bem. Sparkle deve ter se desculpado umas mil vezes.
Depois de tudo, podia ser que ela e Genki nunca mais voltassem a ser
amigas, mas por mais que a inveja seja um sentimento muito forte, a
amizade é o sentimento que sempre prevalece, certo?
Demorou um pouco para as duas se entenderem novamente,
mas nada que algumas noites com sorvete observando as estrelas não
resolvesse.
O lugar secreto continua escondido, mas dessa vez ele não é
visitado somente pelas duas amigas. Sparkle ganhou uma nova amiga e as
três não poderiam ser mais felizes do que são hoje.
Melody: Gostou da história, Naka-chan?
Naka-chan ainda estava no banheiro e pelo visto essa seria
uma longa noite.
Capítulo 39: A professora Ma-chan?
Mais um dia e mais uma vez eu estava atrasada para a aula.
Normalmente eu não entraria em pânico porque eu vivo me atrasando,
mas hoje era dia de prova, então... PÂNICO!
Pensei em chamar a Princess para ela me dar carona no seu
jatinho particular ou ligar para a Mimi e mandar ela me jogar com toda a
sua força direto na escola. Decidi fazer algo que desse menos trabalho:
Liguei para a Nakamura.
Nakamura: Moshi moshi.
Melody: Ah, desculpa! Eu queria falar com a Naka-chan, não
com senhor “Moshi”.
Nakamura: Melody-chan, sou eu! “Moshi moshi” é o jeito dos
japoneses de dizer “alô”.
Melody: Ah, você está aí, Naka-chan? Pare de emprestar seu
celular a qualquer um! Acabei de ligar e quem atendeu foi um cara
estranho chamado Moshi. Ele parecia um doido falando no telefone.
Nakamura: Tá, e você me ligou só para ridicularizar meu
japonês?
Melody: Não, eu quero que você distraia a professora Maple!
Nakamura: Eu tenho algumas perguntas para ela antes da
prova, mas são só duas e...
Melody: Só duas? Enrole mais! Pergunte sobre o significado
da vida, de onde os pôneis voadores surgem...
Nakamura: Pôneis voadores não existem.
Melody: Então pergunte quem foi que levou os pôneis
voadores à extinção. Sei lá, fale qualquer coisa! Eu estou chegando o mais
rápido possível.
Nakamura sempre foi uma aluna que pergunta tudo a
professora e vive fazendo perguntas... Ou seja, uma puxa-saco. Por isso,
acho que a professora não irá nem notar se ela demorar demais
perguntando.
Corri feito bala até a escola e cheguei antes mesmo da
professora chegar.
Melody: Ufa, estou salva! Obrigada, Naka-chan!
Nakamura: “Obrigada” é pouco! Graças a você, eu serei
obrigada a ir ao psicólogo discutir sobre a existência de pôneis voadores.
Melody: A professora quem recomendou? Ai, desculpa!
Maple: Todos estão prontos para a prova super-especial que
preparei para a minha turminha da pesada que vive aprontando altas
confusões?
Mimi: Quando ela vai parar de nos chamar assim?
Maple: Ah, Melody! Sua mãe me ligou avisando que você iria
chegar um pouco mais tarde na escola. Vê se tenta chegar mais cedo da
próxima, certo?
Melody: Ela ligou? Xiii. Foi mal, Naka-chan.
Após o teste, a professora foi corrigir as provas na sala dos
professores.
Maple: Nossa! Muitos alunos da minha sala tiraram notas
baixas nessa prova. O que será que aconteceu?
Professor sem nome: Não me diga que alguma das suas
alunas também chegou atrasada?
Maple: Bom, a Melody chega atrasada todos os dias.
Professor sem nome: Eu sabia, os alunos não gostam mais de
você. Foi assim comigo também: eles tiram notas baixas, não prestam
atenção, chegam atrasados e depois contam para os pais que a culpa é do
professor. Por isso que a solução é ser um professor rígido que mete
medo nos alunos. Só assim os alunos tiram notas boas.
Maple: Mas isso está errado! Professores e alunos deveriam
ser amigos e tudo pode ser resolvido sem transformar nenhum professor
em mandão.
Professor sem nome: Tem certeza? Professores e alunos não
podem ser amigos, senão os alunos não levariam o professor a sério
nunca.
Maple: Pois eu acho que professores e alunos podem muito
bem ser melhores amigos. Quer saber? Vou te mostrar! Serei a melhor
amiga de algumas das minhas alunas e provarei que estou certa!
Eu estava com o ouvido bem pertinho da sala dos professores
e consegui ouvir toda a conversa. Quem serão as alunas azaradas que a
professora vai tentar fazer amizade?
De repente, a porta da sala dos professores se abre e a
professora Maple percebe que eu estava espiando.
Maple: Melody, você sabe que espiar é errado. Ei, que tal se
você e suas amiguinhas fizessem amizade comigo?
Melody: O quê?
Maple: Eu posso ser uma ótima amiga! Vamos ser melhores
amigas!
E foi assim que a professora se juntou ao nosso lanche na
hora do recreio.
Maple: E então? Quais são as novidades? Vocês têm assistido
muito desenho animado na televisão? Que tal brincarmos de amarelinha
depois de comer?
Mimi: Na verdade nós já estamos muito ocupadas.
Maple: Ah, vamos! Um joguinho não faz mal a ninguém!
Nakamura: E-Eu concordo! Nós adoramos brincar de
amarelinha e nada melhor que uma nova amiga, não é?
Princess: Se você diz...
Embora a professora não fosse uma criança, ela normalmente
agia como uma. Ela adorou brincar conosco no intervalo... Mas uma velha
brincando de amarelinha com as crianças no intervalo é uma imagem...
Meio estranha.
Maple: Isso foi muito legal! Vamos voltar juntas para a sala de
aula? Quem chegar por último é a mulher do padre!
A professora correu em disparada. Eu e minhas amigas
andamos normalmente, conversando sobre coisas que não
podíamos falar quando a Maple estava por perto.
Depois da aula, Maple arrumou as coisas bem depressa e nos
perguntou:
Maple: E aí? Prontas para irmos juntas para casa? Que tal
passarmos no GameStation do shopping antes e jogarmos até anoitecer?
Eu pago!
Mimi: Oba! Já gostei da ideia!
Nakamura: Desculpa, mas meus pais querem que eu volte
cedo para casa.
Maple: Ah, que pena. Fica para a próxima então. Tchau
amiguinhas, até amanhã!
Decidimos nos reunir na casa da Mimi. Só eu minhas amigas,
sem nenhuma professora.
Mimi: A professora Maple está querendo se enturmar do
nada?
Princess: Isso é mesmo muito estranho. As outras crianças
ficaram o tempo todo olhando para nós. Normalmente eles só olhariam
porque eu sou linda, mas acho que todos estão achando estranho.
Melody: Eu não quero ver a professora o tempo todo. Afinal,
sempre que eu vejo um professor, ele me dá calafrios...
Nakamura: Vocês estão sendo muito pessimistas. Eu gostei da
professora Maple estar sendo nossa nova amiga. Ela age como uma
criança, então não é tão diferente de nós.
Mimi: Esse é o problema, professores não deveriam agir
assim normalmente.
Nakamura: Pessoal, é só uma nova amiga para o nosso grupo.
Vamos, não é tão ruim assim.
Melody: É, tem razão. Que mal uma professora poderia fazer
entrando para nosso grupo?
Nesse momento, o celular da Nakamura chamou. Era a Maple
querendo saber o que estávamos fazendo. Nakamura disse que estávamos
todas reunidas na minha casa e a próxima coisa que ouvi foi uma
campainha. A professora já havia chegado à minha casa.
Irmã: A Melody se meteu em encrenca de novo? O que foi
que eu te falei sobre o projeto de ciências sobre pôneis voadores?
Melody: Desta vez não é nada sobre trabalho, eu acho.
Maple: Não precisa ficar preocupada. Sou só eu, a nova
amiguinha da Melody! Eu vim para brincar com minhas queridas novas
amigas!
Irmã: T-Tá bom.
Assim que a professora chegou, todas nós fomos para o
quarto. Ela queria assistir “A pequena sereia” e chegou até a dublar
algumas falas... Estranho.
Nakamura: V-Você já deve ter visto esse filme várias vezes,
sensei (professora).
Maple: Eu? É que eu via muito quando eu era pequen- digo,
eu ainda vejo muito esse filme!
Melody: Naka-chan, ela deve ter visto esse filme centenas de
vezes.
Maple: Andei pensando, vocês todas se chamam com esse
sufixo “-chan”. O que significa?
Nakamura: É tipo um apelido carinhoso que as crianças
japonesas usam muito com nomes de amigas.
Maple: Ah, entendi! Então, que tal se me chamarem de
Maple-chan? Não, melhor: que tal Ma-chan?
Mimi: Maçã? Alguém quer maçã?
Maple: Ma-chan! Que tal?
Nakamura: C-Claro...
E foi assim que passamos a noite com a nossa professora
Maple. Tudo aquilo era muito estranho, mas deve ser questão de tempo
até que ela desista de bancar a criança e volte a ser somente nossa
professora de antes.
Capítulo 40: A nossa amiga professora Maple
No outro dia, vimos a professora Maple entrar na sala de aula
com dois grandes laços vermelhos prendendo seu cabelo em ambos os
lados. Ela vestia uma camisa que dizia “eu amo minhas amigas” em inglês.
Ninguém merece! Isso sim é um King Kong (Se lembram da piada de pagar
mico?)!
A aula aconteceu normalmente. Princess estava com dúvidas
sobre o dever de casa e Maple a ajudou em praticamente tudo.
Após a aula, Maple nos convidou para irmos ao cinema
assistir “A bela e a fera em 3D”. Depois do filme, ela insistiu para que
brincássemos no Gamestation.
Os dias estavam sendo sempre o mesmo cotidiano: A
professora age normalmente como professora na sala de aula. Mas
quando as aulas terminam, ela sempre quer brincar com suas novas
amigas. Um dia nós fomos ao parque de diversões, no outro fomos ao
cinema ver outro filme infantil, de vez em quando brincávamos de
esconde-esconde, casinha... Enfim, sempre que ficávamos juntas, não
conseguíamos ficar longe da professora.
Teve um dia que eu decidi fazer uma festa do pijama aqui na
minha casa. Nakamura, Mimi e Princess vieram bem cedo e ficamos juntas
por alguns minutos. Daí, a professora veio até minha casa vestindo um
pijama cheio de desenhos e enfeites e se juntou a nossa festa. Minha irmã
ficou chocada, mas ela não foi a única.
Outro dia, decidimos nos esconder no banheiro para ficarmos
sozinhas por um tempo.
Nakamura: Tá bom, acho que a Maple está grudando na
gente um pouquinho demais.
Mimi: Um pouquinho? É como se ela estivesse sempre na
nossa cola! Isso já virou perseguição!
Princess: Eu tenho de admitir: sinto saudades do tempo em
que éramos somente nós quatro fazendo tudo juntas.
Melody: A professora está começando a me encher também.
Mimi: Então vá lá e fale com ela, Melody-chan!
Melody: Hein? Por que eu?
Mimi: Foi você quem começou tudo! Vá logo e diga à
professora que cansamos de ficar o tempo todo com ela.
Fiquei um pouco nervosa, mas sabia que deveria fazer alguma
coisa se quisesse que a professora parasse de nos perseguir.
Conversei com a professora tudo o que pensávamos sobre ela
ficar conosco o tempo todo e ela começou a chorar.
Maple: Você me odeia! Ninguém gosta mais de mim!
Melody: E-Espera, não é bem assim.
Maple: Buááááááá! Ninguém gosta de mim!
Quando Maple foi chorar na sala dos professores, ela teve
uma surpresa que não esperava: A nossa antiga professora, Syrup, estava
de volta.
Maple: Syrup! Que bom te ver!
Syrup: É bom ver você também, Maple. E então? Como vão os
estudantes?
Maple: Eles são terríveis! Eles reclamam quando eu quero me
divertir no parque de diversões e brincar de pular corda com eles!
Buááááá!
Syrup: Huh? Eu não estou entendendo nada. E por que você
iria querer fazer esse tipo de coisa com seus alunos?
Maple: É que... É que... Eu quero ser amiga dos estudantes
também, não só professora!
Nesse momento, Nakamura e eu entramos na sala dos
professores e perguntamos alguma coisa sobre a matéria. Embora Maple
ainda estivesse muito zangada conosco, ela ensinou tudo direitinho.
Quando saímos da sala, as duas professoras continuaram a
conversa:
Maple: Viu? Elas não querem saber mais de mim! Elas só
perguntam coisas sobre a matéria e vão embora. Acho que ninguém quer
ser minha amiga...
Syrup: Sério? Porque não é isso que eu vi agora pouco.
Maple: Como assim? Você quer meus óculos de grau
emprestados?
Syrup: Não, você não percebe? Você já é amiga dessas alunas
sem ao menos perceber!
Maple: Mas amigas fazem tudo juntas. Cadê as minhas amigas
agora?
Syrup: Mas você se esqueceu de uma coisa: amigos ajudam
uns aos outros quando precisam. Viu como aquelas alunas ficaram felizes
quando você as ajudou? Acho que se você fosse uma professora carrasca
que não se importa com as alunas, jamais elas viriam.
Maple: Mas amigas não brincam juntas sempre?
Syrup: Eu sei que é difícil. Sei que você gostaria muito de ficar
24 horas junto das suas amigas alunas, mas você tem de dar algum tempo
para que elas possam ter pelo menos um pouco de privacidade. Ser amiga
de suas alunas não significa ficar com elas o tempo todo, significa ajudálas sempre que estiverem precisando. E então? Que tal passarmos um
tempo só nós duas como nos velhos tempos? Eu não voltei para esta
cidade só para ficar de bobeira, vim para saber como a minha melhor
amiga está. E meu voo de volta é amanhã bem cedinho.
Maple:Syrup... Sim, eu quero ficar com você hoje!
Naquele dia, Maple não participou da nossa festa do pijama,
mas eu e Nakamura sabíamos que estava tudo bem. Afinal, ouvimos toda
a conversa que aconteceu na sala dos professores. Espero que a Maple e a
Syrup estejam se divertindo muito hoje.
No dia seguinte, Maple entrou na sala com suas roupas de
sempre e falou:
Maple: Bom dia, alunos! Desculpem por ser uma professora
tão pegajosa nesses últimos dias. Garanto que não vou mais perturbar
tanto as minhas quatro novas amigas.
Melody: Ufa! Ainda bem que deu tudo certo no fim.
Maple: Ontem eu e a Syrup tivemos um ótimo momento
juntas preparando essa “prova surpresa para testar todos os seus
conhecimentos até hoje”. Não se preocupem: as questões que não
souberem responder vocês só vão ter de fazer um relatório inteirinho
sobre elas. Não vai ser divertido?
Princess: Tudo deu certo no fim, não foi, Melody-chan?
Melody: Acho que falei cedo demais. Quais as respostas das
questões 20 a 2222?
Capítulo 41: A Sprout é uma garota exibida
Depois da prova mais complicada e longa da escola, eu e
Pricess fomos para a casa dela.
Melody: Princess-chan, como você não se perde nessa casa
tão grande?
Princess: Eu tenho meu mapa. E aí? Vamos escrever mais um
pouco no livro?
Melody: Depois. No momento eu quero assaltar a sua
geladeira em busca de doces. Vamos atacar a sua geladeira?
Princess: Vamos logo, Melody-chan. Eu estou te salvando de
uma aventura sem sentido, pois não existem doces na minha casa desde
quando eu entrei no regime.
Melody: SEM DOCES? Tire-me daqui! Isso é a cadeia ou coisa
assim? EU QUERO SAIR!
Princess: Controle-se! Ei, você se lembra da menina chamada
Sprout no livro?
Melody: O livro já tem tanta gente que eu já me esqueci de
muitos. Quem é essa tal de princesa Sunshine mesmo?
Princess: Bom, é a PRINCESA do reino de Diadust.
Melody: Ah, é.
Princess: Que seja, o capítulo não vai ser sobre ela. Lembra-se
de Sprout? Ela era uma garotinha que perdeu a mãe verdadeira e teve
dificuldades para se acostumar com a nova mãe, mas no final deu tudo
certo.
Melody: Você vai fazer outro capítulo sobre mães?
Princess: Não, esse capítulo vai ser só sobre Sprout sendo
malvada com as pessoas e pensando em si mesma. É como a princesa
mimada daquela sua história.
Melody: Ah, entendi. Mas isso é bem diferente da Sprout que
introduzimos antes. Não seria melhor criar outra personagem não?
Princess: Se eu introduzir mais uma personagem, é capaz de
você esquecer o nome das autoras do livro...
Melody: Quem é essa tal de Melody mesmo? Que nome
idiota!
Princess: Vamos começar...
Este é mais um capítulo sobre Sprout: A garota que perdeu a
mãe e demorou a se acostumar com a nova mãe, mas deu tudo certo no
final.
Só que desta vez o capitulo é sobre Sprout e seus amigos do
colégio. Sprout não tinha nenhum amigo do colégio...
Melody: Fim do capítulo. Esse capítulo não é sobre os amigos
do colégio de Sprout?
Mas ela vivia chamando a atenção dos outros estudantes. Ela
gostava de se gabar o tempo todo, sendo o centro das atenções.
Quando uma aluna comprava um vestido novo e mostrava
para toda a classe, Sprout dizia: “Esse vestido nem se compara aos que eu
tenho lá em casa. Mas é claro, uma garota linda como eu, merece os
melhores vestidos, não é?”.
Melody: Isso nem parece a Sprout, parece outra pessoa que
eu conheço...
Princess: Quem? Quer prestar atenção na história?
A classe de Sprout ia viajar em um passeio escolar pelo reino
todo e ela estava bem animada. Ela comprou os melhores vestidos para a
ocasião e esperava levar vários elogios para casa.
Durante o passeio de ônibus, Sprout pegou o microfone da
professora e deu uma de guia turístico, só para demonstrar o quanto sabia
sobre o reino.
Os alunos ficaram entediados e decidiram tocar uma música
durante o passeio, deixando Sprout bem irritada.
Quando chegaram à primeira parada, era uma lanchonete.
Sprout não comeu nada e disse a turma: “Essa lanchonete só tem
sanduíches podres e salgados estragados. Eu só como lanche de primeira,
por isso não comerei nada”. Ela viu as outras alunas conversando e se
dando bem enquanto comiam sanduíches e sentiu um pouco de inveja por
não estar no grupo. Decidiu entrar no grupo mesmo que não tivesse
lanche, mas não conseguiu puxar nenhum assunto que não fosse sobre ela
mesma.
Na segunda parada, todos foram visitar o castelo da princesa
Sunshine. Sprout não parava de dizer que os diamantes pareciam todos
falsos e os cavaleiros eram fraquinhos. Para contradizer a menina, a
cavaleira azul demonstrou que podia palitar os dentes com a árvore mais
alta do reino, mas Sprout nem ligou.
Mais uma vez, Sprout se juntou a outro grupo de alunos e
desta vez falou sobre o quanto custava cada uma das obras de arte do
castelo da Sunshine. Ninguém queria ouvir isso e por isso deixaram a
menina sozinha em um canto.
Na terceira etapa do passeio, todos deram um grande
mergulho na cachoeira perto do castelo, exceto Sprout que disse que a
água estava muito gelada para ela entrar. “Vocês são loucos de entrar
nessa água, tomara que apareça um crocodilo e coma todos vocês!” ela
disse.
Sprout cansou de ficar sozinha. Ela queria ter amigas para
curtir a viagem, queria se enturmar. No entanto, tudo que ela sabia fazer é
falar sobre si mesma e falar mal de todos os outros. Como alguém assim
iria conseguir arranjar amigas? De repente ela teve uma brilhante ideia:
“vou falar com a deusa Megami e ela irá me transformar em uma garota
gentil que consegue ter vários amigos”.
A deusa ficou um pouco preocupada com o plano da menina.
Ela disse “seria bom se seus amigos te aceitassem como você é
atualmente, não por você ser outra pessoa. Que tal se você só parar de
insultar os outros? Aposto que seus amigos gostariam de você dessa
forma”. Mas Sprout não queria saber e ordenou que a deusa usasse logo
uma magia que fizesse a menina “ser gentil e ganhar muitos amigos”.
Após o feitiço da deusa, Sprout conversou com os colegas de
uma forma bem diferente: ela elogiou os vestidos das meninas, comeu a
mesma comida que os outros, até cantou com os outros quando
passeavam de ônibus.
Graças à mudança de atitude da menina, todos a
estranharam, mas ela finalmente tinha assunto para falar.
Sprout achava que tudo estava dando certo. Ela elogiou mais
e mais os outros alunos e não falou nada sobre si mesma. Alguns minutos
depois da viagem, os alunos começaram a evitá-la.
Ela disse: “O que eu estou fazendo de errado? Vocês não
gostam de ser elogiados e que eu não fique falando sobre mim mesma?”.
Todos pararam por um momento até que alguns alunos
responderam: “É que essa não é a verdadeira Sprout que todos
conhecemos. Claro, você é sempre bem metida, mas essa é a verdadeira
Sprout”.
Sprout disse “Mas eu não tinha amigos antes e agora que sou
gentil terei vários amigos porque vocês gostam de mim”.
“Na verdade, nós já gostávamos de você antes. Quer dizer,
exceto pela parte em que você nos insultava. Mas o seu jeito de agir é
como princesa mesmo, e isso é diferente de qualquer um. Claro, algumas
vezes você é bem chata, mas é assim que você realmente é. Não sabíamos
que estava se sentindo sozinha, pois você sempre vive no meio de tantos
estudantes”.
Sprout nunca havia parado para pensar, mas ela realmente
sempre estava rodeada de estudantes. Mesmo que não conversassem
nada, ela sempre estava buscando escutar a conversa dos outros. Será que
ela nunca precisou realmente achar novos amigos? Será que as pessoas
com quem ela tentava se enturmar já a consideravam como amiga?
Sprout não fazia ideia de que os alunos gostavam mais do
jeito normal dela do que quando ela virou uma menina bem gentil. Ela
decidiu voltar a ser quem era antes, mas dessa vez sem insultar ninguém.
Acho que cada um tem seu jeito de ser e nada deve ser
mudado. Se você muda só para obter novos amigos, essa pessoa mudada
não é mais você, é outra pessoa.
Princess: É por isso que vocês gostam de mim do jeitinho que
eu sou. Não é, Melody-chan?
Melody: Desculpa, quem é você mesmo? É muito personagem
na cabeça!
Capítulo 42: A família da Melody atrapalha
O dia começa e eu estou morta de fome.
Melody: Mãe, o café da manhã já está pronto?
Mãe: Ele estaria mais perto de ficar pronto se você viesse me
ajudar ao invés de ficar deitada aí sem fazer nada COMO SEMPRE.
Irmã: Sabe que dia é hoje, Melody?
Melody: Hoje é domingo, não é? Não preciso ir para a escola!
Irmã: Na verdade, eu mudei todos os calendários da casa para
parecer que hoje é domingo, mas hoje é segunda. Rápido, corra para a
escola antes de começar a aula!
Escovei meu cabelo, coloquei tudo na minha bolsa, me vesti
na velocidade da luz e corri para a escola. Chegando lá eu percebi que o
portão estava fechado.
Melody: Ai não! Eu me atrasei tanto que a professora já
fechou o portão da escola! Vou ter de pular!
Peguei algumas caixas que estavam por perto e consegui
pular o portão. Corri para a sala, mas a porta estava trancada.
Melody: Ai, a professora trancou a porta também? Deve ser
uma tremenda punição por eu ter chegado atrasada!
Felizmente a sala fica no primeiro andar, então eu entrei pela
janela. Quando eu estava entrando, um policial me avistou e achou que eu
estava tentando assaltar a escola. Ele apitou e eu acabei caindo da janela.
Policial: O que você está fazendo?
Melody: Eu só queria entrar na minha sala de aula. A
professora é tão malvada que trancou até a porta da sala de aula.
Policial: E que tipo de aula é essa no domingo?
Melody: Domingo? Não, senhor policial. Hoje é segunda e eu
me atrasei bastante para a aula.
O policial ficou bem frustrado e me mostrou seu celular. No
celular, o calendário mostrava que hoje era domingo.
Melody: Ah, que coisa hein? Aposto que você deve ter
pensado um monte de coisas a meu respeito...
Policial: E pensei mesmo, que tal se você me acompanhar até
a delegacia só por um segundo?
Ele me fez duzentas perguntas antes de me liberar e me
mostrou um vídeo intitulado “assaltar a escola não é engraçado, você
pode furar um olho”. Depois eu voltei para casa.
Irmã: E então, irmãzinha? Conseguiu chegar na hora da aula?
Puxei os cabelos da minha irmã com toda a forca que possuía.
Mamãe veio parar a nossa briga e acabou queimando o café da manhã.
Mãe: Olha só o que vocês fizeram! Acho que agora teremos
que comer salgadinho para o café.
Melody: Oba! Adoro salgadinho!
Irmã: Todos os dias a mãe queima nosso café da manhã...
Mãe: Ei, é tudo culpa de vocês! Eu não posso tirar um olho
sequer que já estão brigando.
Tomamos café da manhã normalmente. Bem, quase normal
porque eram salgadinhos.
Irmã: Melody, você já fez seu dever de casa?
Melody: Hein? Huh... Não fale de dever de casa na hora do
café.
Irmã: Muito engraçada. Anda, você vai fazer o seu dever de
casa agora!
Minha irmã vive implicando comigo por eu não fazer o dever
de casa. Nos outros momentos ela pode nem ligar, mas quando se trata
do dever de casa ela sempre se preocupa comigo. Acho que é outro meio
de me perturbar.
Irmã: Essa questão está errada, você realmente está fazendo
isso direito?
Melody: É que essa questão é tão complicada. Por que você
não faz para mim?
Irmã: Nada disso! Desse jeito você nunca vai aprender. Estude
esses capítulos aqui para fazer a questão.
Melody: Mas daqui a pouco vai passar um episódio novo na
televisão!
Irmã: Primeiro o estudo, depois a diversão!
E então eu fui forçada a fazer o dever por longas 3 horas.
Após terminar tudo, dormi praticamente a tarde inteira. Depois de dormir,
cheguei lá na sala para assistir televisão, mas a minha irmã estava
assistindo alguma coisa.
Melody: Posso ver televisão agora? A Naka-chan disse que vai
estrear um desenho novo!
Irmã: Ah, agora não vai dar. Estou assistindo uma maratona
com todos os filmes da saga “Crepúsculo”.
Melody: Não é aquele filme sobre um vampiro que se
apaixona por uma humana, mas não quer transformá-la em vampira? Esse
filme é muito ruim, me deixa mudar o canal!
Irmã: Ah, você é só uma criança e não entende o quão legal
esse filme é.
Melody: Que seja, é minha vez!
Eu e minha irmã seguramos o controle em lados opostos. Eu
estava esperando o controle quebrar a qualquer segundo, mas a minha
mãe se intrometeu na nossa briga e tomou o controle.
Mãe: Vai passar uma maratona do “Mais você” *. Mal posso
esperar para ouvir as fofocas e as receitas da Ana Maria.
Melody: Mamãe, ninguém gosta desse programa!
Irmã: É, me deixa assistir o meu vampiro bonitão!
Melody: Você não precisa ver esse filme. A mocinha casa e
vira vampira no final.
Irmã: Ah... Sua... Sua... Spoiler**
A briga pelo controle demorou a noite toda, então eu desisti e
voltei para o meu quarto, assistir alguma coisa pelo DVD mesmo. A Nakachan disse que eu iria adorar um animê chamado Yumeiro Patissiere***
porque falava sobre uma garota que aprende a fazer doces de todos os
tipos. Assisti quase o animê todo. Ele é bem empolgante e engraçado,
além de me dar vontade de comer essa tela da televisão com tanto doce
aparecendo.
Depois de tudo o que aconteceu hoje, decidi criar um capítulo
do livro sobre o terrível povo mandão do reino de Diadust.
*”Mais Você” é um programa de fofocas e receitas brasileiro.
**Spoiler é alguém que conta o final de algum filme para outra pessoa que
não sabia
***”Yumeiro Patissiere” é um animê sobre uma garota que tem um paladar
incrível capaz de decifrar os ingredientes de qualquer doce. Ela vai parar numa escola de
fazedores de doces e acaba entrando em um grupo formado pelos melhores fabricantes de
doces, embora ela nunca tenha cozinhado nada na vida.
Naquele dia, a princesa Sunshine foi visitada por todo tipo de
gente do reino: tinham camponeses que queriam casas maiores, a deusa
Megami pedia que a princesa estudasse mais para se tornar uma princesa
mais sábia, vendedores de salada perguntaram se carne era um bom
complemento para uma salada... Enfim, todos no reino queriam alguma
coisa da princesa.
Ela achava que ouvir todos aqueles pedidos era muito chato e
procurava uma forma de fazer todos pararem de perturbar.
A cavaleira azul teve uma brilhante ideia: que tal dar uma
viagem para todos do reino? Assim eles ficariam longe por um tempo e a
princesa não teria de aguentar mais os pedidos chatos. Sunshine
concordou na hora e comprou as melhores passagens para “Aquele lugar
bem longe do reino de Diadust”.
O povo disse que sempre quis visitar esse lugar e todos
arrumaram suas malas e foram embora. No reino de Diadust, só sobrou a
cavaleira azul e Sunshine. Elas poderiam fazer o que quisessem sem
reclamações.
Melody: Ah, se essa história fosse real... Eu adoraria ficar
longe dessa minha família problemática pelo menos por um tempo.
De repente, o telefone toca e eu desço as escadas para
atendê-lo. Quem será?
Capítulo 43: As saudades de casa
Era a Princess no telefone. Ela ligou para perguntar se eu não
gostaria de fazer uma viagem ao Japão nesse final de semana.
Melody: O Japão no fim de semana? Sabe quanto tempo leva
a viagem? É um dia inteirinho no avião!
Princess: Não no meu jatinho particular supersônico. Avião é
coisa de pobre. E então? Quer vir? Seremos só você, eu, Naka-chan, Mimichan e minha mãe.
Melody: Oba! Eu quero ir! Eu quero ir!
Princess: Certo, então fale com a sua família amanhã de
manhã e partiremos à tarde.
Tudo estava combinado e eu estava ansiosa para viajar com
minhas amigas. Finalmente eu passaria um tempo longe da minha família
que vive me dando ordens! Eu seria livre assim como a Sunshine do livro.
No dia seguinte, minha mãe me acordou gritando:
Mãe: Filha, vá comprar leite no mercadinho que já acabou o
da geladeira!
Melody: Mas mãe, hoje eu tenho uma coisa importante para
fazer.
Irmã: Se não for o dever de casa então nada mais que você faz
é importante. Anda, eu te levo no carro.
Eu e minha irmã fomos de carro ao mercadinho. Como
sempre, minha irmã dirige o carro a sei lá, 10 km por hora. O menininho
na bicicleta nos ultrapassando foi a primeira pista do quão devagar a
minha irmã dirige, mas o pior foi a tartaruga que nos ultrapassou quando
o sinal ainda estava verde.
Chegando ao mercadinho, eu vi que tinha um novo picolé que
vinha com um palito que brilha no escuro. Pedi para a minha irmã
comprar.
Irmã: 20 reais por um picolé? Não prefere um mais barato
não? Ele nem tem cara de ser gostoso. Que tal o sorvete de brigadeiro
com recheio de leite condensado? Esse sim parece gostoso!
Melody: Mas eu quero o que vem com o palito que brilha no
escuro! Eu quero! Eu quero! Eu quero!
Irmã: Tá, leva esse de brigadeiro que outro dia eu compro o
que o palito brilha no escuro.
Melody: Outro dia nunca chega! Você já me enganou com
esse truque umas 1000 vezes!
Irmã: Correção: 1001 vezes. Deve ser um novo recorde. Mas
dessa vez eu compro mesmo.
Melody: Sei...
Voltamos para casa e eu tomei café da manhã fazendo cara
feia para minha irmã que não quis comprar o meu picolé. Mamãe encerra
o café da manhã dizendo que é minha vez de lavar a louça.
Eu realmente estou cansada da minha família. Se não é minha
mãe me mandando fazer tudo, é minha irmã sendo uma chata. Eu quero
viajar logo!
Era 3 da tarde e eu prometi me encontrar com a Princess na
casa dela agora. Quando fui dizer para a mamãe e minha irmã que eu
estava viajando para o Japão, nenhuma das duas estava presente. Acho
que tinham saído para fazer compras e me deixaram aqui.
Quer saber? Naquele momento eu não queria ver a minha
família. Deixei um bilhete na mesa de jantar e corri para a casa da
Princess.
Minhas amigas já esperavam perto do jatinho particular da
Princess. Quando o jatinho decolou, tive a impressão de que meus ouvidos
fossem estourar de tanto barulho!
Mimi animou a viagem pegando alguns amendoins para
atirarmos da janela do jatinho.
Mimi: Será que algum vai cair na cabeça de algum japonês?
Nakamura: Ah, Mimi-chan, respeite os japoneses!
Princess: Ainda nem chegamos ao lugar e vocês já estão
causando confusão?
Mimi: É legal! Vem jogar amendoim também, Princess-chan!
Nakamura: Estou bem excitada! Finalmente as minhas
amigas irão desfrutar das maravilhas do Japão: tem montanhas, pousadas,
karaokê, jogos eletrônicos, sushi, doces japoneses...
Melody: Doces japoneses? Já gostei! Quando iremos pousar?
Piloto: Umas cinco horas.
Melody: Cinco horas dentro de um jatinho? Tirem-me daqui
que eu não aguento muito tempo!
Princess: Bom, eu não me importaria de te soltar aqui mesmo
no meio dessas montanhas pontudas.
Nakamura: Princess-chan, seja paciente...
Mimi: Melody-chan, não seja... Você.
Melody: Aí tá difícil.
Chegamos ao Japão e fizemos um tour completo: fomos
comer sushi, visitamos a casa de doces japoneses, cantamos nas casas de
karaokê, vimos vários templos, visitamos a casa de doces japoneses,
relaxamos em uma pousada bem oriental, vimos as montanhas e...
Mimi: Melody-chan pare de entrar nessa casa de doces
japoneses! Toda vez que passamos só para dar uma olhadinha você entra
e compra até cansar.
Melody: Mas tudo parece tão gostoso! O vendedor altera o
estoque da loja toda vez que passamos. É coisa de louco!
Mimi: Não, você que é louca...
Ficou muito tarde e decidimos voltar para a pousada. A mãe
da Princess escovou o cabelo e os dentes da filha antes de dormir.
Nakamura: Sua mãe é bem carinhosa.
Princess: Eu só queria que ela não fosse tão pegajosa. Tem
certos momentos que eu quero ficar sozinha!
Melody: Eu também! Minha família vive me dizendo o que
fazer e por isso eu aceitei vir. Ela é tão irritante que dá vontade de ir para
bem longe! Outro dia a minha irmã me obrigou a fazer todo o dever de
casa.
Nakamura: Garanto que a sua família só se preocupa com
você, Melody-chan. Eu gosto muito quando a minha mãe lê uma história
antes de me colocar na cama, sinto saudade disso agora que estou longe
dela.
Mimi: Eu gosto quando meu pai joga bola comigo todas as
noites mesmo quando ele está bem cansado.
De repente, comecei a chorar bem na frente das minhas
amigas.
Mimi: Hein? Melody-chan, o que houve?
Melody: É que, vendo vocês falar tanto sobre as suas famílias
me fez lembrar a minha.
Princess: Mas você não queria passar um tempo longe da sua
mãe e sua irmã? Tirar uma folga?
Melody: Só agora que eu percebi o quanto sinto saudade
dela. Tudo bem, todas me obrigam a fazer coisas que eu não quero, mas
eu fiquei com saudade da mamãe queimando o café da manhã, das brigas
com minha irmã sobre o controle remoto, dos jantares tumultuados que
sempre temos...
Nakamura: Melody-chan...
Melody: Eu estou parecendo uma boba, mas eu sinto saudade
dessas coisas tão sem importância que aconteciam na minha casa. A gente
briga e briga bastante, mas só quando eu fico bem longe daquelas duas é
que eu percebo o quanto sinto saudade... Acho até que nesse momento
eu queria não ter ficado com raiva da minha irmã sobre o picolé, queria
ter escolhido um picolé mais gostoso. Eu sinto saudade delas...
Naquela noite eu chorei e gritei bastante. Minhas amigas
tentaram me consolar de todos os jeitos.
Mimi: Ei, tive uma ideia! Que tal se você tirasse umas fotos
para mostrar a sua família quando voltasse? Ela iria ficar chocada com
tanta foto no Japão! Isso não iria ser legal?
A ideia da Mimi me alegrou bastante. Ela me fez querer ficar
mais um pouco no Japão e voltar para casa com um sorriso no rosto. Me
fez esquecer a saudade e eu enchi de vontade de tirar fotos de todos os
lugares.
No dia seguinte, passamos por todo o Japão mais uma vez,
tirando várias fotos. Tem uma minha comprando todo o estoque da loja
de doces, tem uma da Nakamura vestindo um Kimono* que ficou preso no
pé da Mimi, tem outra da Princess confundindo um japonês falando tudo
em inglês.
Princess: Acho que o japonês me entendeu perfeitamente. Ele
até me deu um dinheiro em troca das minhas informações.
Nakamura: Na verdade, ele disse que era dinheiro para você
calar a boca.
*Vestimenta japonesa muito usada em festivais.
Princess: O quê? Vou processar aquele japonês!
Nós nos divertimos muito no Japão e depois voltamos para
nossas casas.
Quando eu voltei para casa, minha mãe estava louca de
preocupação:
Mãe: Você devia ter pelo menos se despedido da gente!
Irmã: Não que eu estivesse com saudades de você, mas é bom
ter você de volta, irmãzinha...
Melody: Mamãe, Irmãzona...
Irmã: Temos um presente para você. Íamos entregar na tarde
que você viajou. Aqui está!
Minha irmã me entregou uma caixa enorme cheio de picolés
com palitos que brilham no escuro. Eu fiquei bem feliz e todas nós
comemos juntas naquela noite.
Depois de tanto coisa, decidi escrever a continuação da
história no livro:
Sunshine achou que não ter o povo de Diadust por perto seria
bem legal. Ela comeu tudo o que queria, rabiscou todos os livros, dormiu
até tarde, fez bagunça no castelo todo... Enfim, foi tudo diversão.
No entanto, quando a noite chegou, ela tremeu de medo
porque as ruas pareciam desertas e silenciosas. Todas as noites em que a
princesa precisava sair de casa, ela pedia que a cavaleira azul a
acompanhasse.
A cavaleira azul não gostava de ser interrompida no seu
horário de treinamento, então nesse tempo a princesa Sunshine não tinha
ninguém com quem conversar.
Não se sabe se foi a solidão ou se foi o medo, mas alguma
coisa fez Sunshine sentir saudades de todo o povo de Diadust. Ela sentiu
saudade até das coisas ruins: dos camponeses perguntando, da deusa
exigindo estudo... Ela só não sentiu saudade dos vendedores que
pensavam em colocar carne na salada, afinal como é que aqueles que
querem emagrecer reagiriam quando comessem um bife bem gorduroso?
Percebendo toda a saudade que sentia, Sunshine ligou para
cada uma das pessoas que moravam em Diadust e todos voltaram
imediatamente. Ela ficou envergonhada, mas pediu desculpas por querer
se livrar de todos para ter um pouco de sossego.
O povo celebrou o retorno com uma grande festa e Sunshine
já não estava mais sozinha nesse reino.
Melody: Ah, como é bom estar em casa junto a minha
família...
Mãe: Filha! Vá comprar leite no mercadinho! Sua irmã dirige
até lá!
Melody: Melhor eu levar uma revista para ler no carro. Será
uma loooonga viagem.
Capítulo 44: O Tamagochi
Hoje eu acordei cedo e estou caminhando com minhas amigas
até a escola.
Nakamura: Melody-chan, você tem de começar a acordar
assim que chamamos.
Mimi: Acho que gritamos umas 1000 vezes e você ainda
continuou dormindo.
Princess: Por isso que estamos te levando para a escola com o
guindaste do meu pai puxando a sua cama pelas ruas. Agora você vai
mesmo de modelito “Pijama de bolinhos” para a escola?
Tá bom, eu menti para os leitores. Hoje eu não acordei nem
para tomar café e as minhas amigas estão me levando para a escola num
guindaste que segura a minha cama.
No caminho da escola, encontramos uma caixa no meio da
rua e dentro dela havia vários gatinhos abandonados.
Melody: Nossa, gatinhos! Que bonitinhos!
Nakamura: Eles são bem kawaiis (bonitinhos).
Princess: They are so fluffy (São tão fofinhos).
Mimi: Ei, que tal se cada uma levasse um gatinho para casa?
Vou treinar o meu gatinho até que ele consiga subir nas árvores como eu!
Princess: Vou levar a minha e escovar, dar banho, alimentar...
Melody: Sério? Não sabia que você cuidava tão bem de gatos.
Princess: Tem razão. Vou pedir para o mordomo escovar, dar
banho...
Melody: Esses gatos parecem sorvetes de baunilha se vocês
olharem atentamente...
Mimi: Melody-chan, não coma o gatinho!
Melody: Foi só uma ideia. E você, Naka-chan? O que vai fazer
com o seu?
Nakamura: Eu não posso ter um gatinho.
Mimi: Hein? Por que não? Sua mãe não deixa?
Nakamura: É que eu sou alérgica a todo tipo de animal, por
isso eu nunca tive um bichinho.
Princess: Nossa, que pena. Vamos correr para a sala antes que
a aula comece!
Tivemos de esconder nossos gatinhos embaixo das carteiras
na sala de aula. O meu fugiu perto da hora do recreio.
Melody: MEU GATO FUGIU!
Mimi: Calma, ele não deve ter ido muito longe...
Olhamos para trás da professora e vimos meu gato comendo
o giz de cera.
Melody: O que ele está fazendo?
Princess: Sei lá, comendo “sorvete de baunilha”?
Tirei o gato de lá e a professora perguntou o que eu estava
fazendo.
Melody: Estou... Comendo sorvete de baunilha, professora.
A professora me recomendou uma viagem ao psicólogo
depois da aula. Tenho de manter o gatinho numa coleira!
Depois de aula nós passamos em um pet shop para comprar
coisas para os gatinhos. Compramos comida, brinquedos, escovas, calda
de chocolate...
Mimi: Sério, Melody-chan. Vá num psicólogo quando terminar
aqui.
Nakamura só ficou olhando e ela parecia bem triste porque
queria ter um bichinho também, mas é alérgica a tudo.
Quando estávamos voltando para casa, Nakamura ficou
grudada no vidro de uma loja de brinquedos. Ela parecia bem empolgada
com um brinquedo chamado Tamagochi* que eu não faço ideia do que
seja.
Nakamura: Garotas, isso é um tamagochi!
Mimi: Tama- o quê?
Nakamura: Tamagochi! Vem da junção de palavras japonesas
“Tamago” e “Uchi” que significam “ovo” e “casa”.
Princess: Então você veio até a loja de brinquedos para
comprar ovo? Que desperdício! O “Boteco do seu Zé” fica bem aqui
perto.
Nakamura: Não, Tamagochi é um bichinho virtual que é um
brinquedo. Com esse brinquedo eu cuido de um bichinho dando comida,
banho, botando ele para dormir...
Melody: É como um bichinho de verdade?
Nakamura: É melhor que um bichinho de verdade! Tem jogos
que você pode jogar com o Tamagochi e eles crescem se você cuida bem
deles.
Melody: Uau! Isso parece ser legal!
Princess: Nem tanto, eu pedi para fazerem um Tamagochi
meu uma vez e era um bichinho muito mimado. Cansei de cuidar depois
de 10 minutos.
Mimi: Por que será, hein? Isso é o cúmulo. Nem você se
aguenta!
*Tamagochi é um brinquedo eletrônico muito popular. É um bichinho virtual
para as crianças tomarem conta dando banho, alimentando, brincando e fazendo-o dormir.
Após ver o Tamagochi da Nakamura, nós decidimos comprar
os nossos próprios também.
Depois eu voltei para minha casa.
Melody: Olha, mãe. É um tamagochi!
Mãe: Bom trabalho, filha! Você trouxe os ovos que faltavam.
Ela pegou meu Tamagochi e quando já estava queimando um
pouco de manteiga para fritá-lo eu a impedi.
Melody: Não, mãe! Ele não é de comer!
Irmã: Então o que ele é? Não me diga que você comprou
pensando que era sorvete de baunilha mais uma vez. O psicólogo ligou
perguntando se era para marcar uma sessão com você amanhã.
Melody: Por que será que todos pensam que eu sou tão
esfomeada assim?
Mãe: Fiz bolo de rolo para o jantar.
Melody: Oba!
Larguei meu Tamagochi no chão, pisei em cima e corri para a
mesa de jantar.
Após o jantar, a Nakamura ligou para a minha casa.
Nakamura: Melody-chan, ogenki desuka.
Melody: Não, eu sou Melody Arbonold Paterson Hitckenstein.
Nakamura: “Ogenki desuka” é “você está bem?” em japonês.
Achei que já tinha dito isso antes.
Melody: É que eu tenho de substituir muita coisa no meu
cérebro por matéria da escola e por isso não consigo me lembrar de todas
as suas traduções.
Nakamura: Mas você tirou nota baixa na última prova.
Melody: É porque eu tenho de substituir muita coisa no meu
cérebro por receitas de doces e por isso não consigo me lembrar de toda a
matéria.
Nakamura: Entendo... Espera, não entendo.
Melody: O que você quer?
Nakamura: Descobri como fazer para os Tamagochis
interagirem entre si. Você tem cuidado muito bem do seu?
Quando eu olhei para o meu Tamagochi no meio do chão da
sala, percebi que minha irmã estava quase pisando no coitado e me joguei
para salvar o bichinho.
Irmã: Você é louca? Eu podia ter pisado em você!
Voltei para o telefone falar com a Nakamura.
Melody: E-Eu estou cuidando muito bem do meu.
Nakamura: Que bom! Mal posso esperar para ver o
Tamagochi das minhas amigas amanhã. Sayonara (Até mais)!
É melhor eu colocar esse Tamagochi numa coleira virtual.
Capítulo 45: O bichinho ideal para a Nakamura
Os dias se passaram e a Nakamura estava sempre bem
animada brincando com o Tamagochi dela.
Nakamura: Meu Tamagochi já cresceu ontem mesmo! Daqui a
pouco ele já vai poder ganhar asas e soltar fogo virtual.
Mimi: Que bom, o meu não faz quase nada. Acho que é
porque eu não sei mexer nele.
Princess: Claro, as pessoas burras não se dão muito bem com
tecnologia.
Mimi deu uma tapa na cabeça da Princess, acho que ela
mereceu.
Princess: Isso dói! Ah, meu Tamagochi já tem vários
acessórios que combinam. Descobri uma senha no jogo que faz você ter
dinheiro infinito para usar na loja.
Nakamura: M-Mas isso é trapaça.
Princess: É não! É somente um empréstimo para minha
mascote. Afinal ela deve ser tratada como se fosse da família.
Mimi: Melody-chan, por que todas as vezes que você traz seu
Tamagochi para a sala de aula ele tem uma nova marca de sapato bem na
tela do jogo? Parece até que ele é pisoteado por alguém.
Melody: É-É só impressão sua...
Nakamura: Está na hora do meu Tamagochi comer. Não quero
deixar ele com fome.
Mimi: Falando em comer, meu gatinho tomou tanto leite
ontem que chega ficou estufado!
Princess: Que horror! Minha gatinha está fazendo regime
como eu. Ela faz longas caminhadas pela praia todas as manhãs para
manter o físico. Eu só não entendo por que ela tem tanto medo de dormir
com Pitty, a pitbull.
Melody: Minha irmã pisou na minha gatinha quando eu não
estava olhando.
Princess: O quê? E você não percebeu antes de ela pisar?
Melody: É que eu estava vendo meu programa preferido no
micro-ondas: “A vaca e o frango”*. Só que sem a vaca e o frango fica
torrado dentro do micro-ondas.
Princess: Você não tem jeito mesmo...
Nakamura: Garotas, vamos parar de falar dos gatinhos! Que
tal falarmos sobre os Tamagochis? O meu participou de uma competição
ontem!
Nakamura parecia querer participar da conversa de qualquer
jeito. Ela sempre cortava a nossa conversa sobre os gatos. Acho que é
porque ela fica se sentindo excluída quando falamos de um bichinho que
ela não possui.
Os dias se passaram e Nakamura não largava o Tamagochi de
forma alguma. Ela levava o bichinho até para o “parque aquático mais
molhado do mundo onde eletrônicos como TAMAGOCHI podem parar de
funcionar”.
Nakamura podia até estar animada com o Tamagochi, mas eu
e minhas outras amigas já estávamos cansadas de brincar com os nossos.
Nakamura: E então? Como vão seus Tamagochis? O meu já
cresceu mais uma vez ontem!
Melody: O meu vai bem...
*Desenho bem antigo sobre uma vaca e um frango. Passava no canal
“Cartoon Network” e foi criado por David Feiss.
Mimi: Naka-chan, você não já se cansou de brincar com o
seu?
Nakamura: Eu não! Ele é meu primeiro bichinho de estimação
e eu o amo! Antes eu gostava somente porque eu finalmente poderia ter
um bichinho, mas depois percebi que gosto mesmo é de ver que estamos
brincando da mesma coisa. Eu adoro vocês, amigas!
Depois dessa, eu e minhas outras amigas não podíamos mais
parar de brincar com o Tamagochi.
Melody: E agora? Se dissermos que o Tamagochi ficou chato,
vamos ferir os sentimentos da nossa amiga.
Mimi: É, mas o Tamagochi já está ficando chato.
Princess: Se pelo menos eles quebrassem nós não teríamos
mais como jogar.
Mimi: Ótima ideia, Princess-chan!
Mimi pegou um martelo do tamanho da sua cabeça e
martelou cada um dos nossos Tamagochis. A Nakamura chegou, trazendo
seu Tamagochi.
Nakamura: Prontas para mais diversão com Tamagochis?
Princess: Não vai dar, nossos Tamagochis quebraram.
Nakamura: Nossa! Como isso aconteceu?
Melody: Você sabe, teve um meteoro que caiu ontem e
tornou os Tamagochis extintos.
Nakamura: Bom, pelo menos ainda tenho o meu. Vamos
passar na loja de brinquedos depois da escola para comprar novos
Tamagochis?
Nós tínhamos de fazer alguma coisa. Se não disséssemos algo,
tudo iria começar novamente. Mimi respondeu:
Mimi: Desculpa, Naka-chan. Os Tamagochis não são mais tão
legais para nós.
Princess: É, eles só fazem as mesmas coisas. Não é nem um
pouco igual aos bichos de estimação de verdade.
Nakamura: Como assim? Eles brincam, tomam banho, se
alimentam, dormem...
Mimi: Mas eles só fazem isso! Eles não conseguem retribuir o
carinho que damos de forma diferente. Os bichinhos de estimação têm
seus próprios meios para demonstrar que nos amam. Já os Tamagochis
não demonstram amor nenhum.
Nakamura: Meu Tamagochi me ama! Afinal... Afinal... Ele é
meu primeiro bichinho e o único que eu posso ter...
Nakamura chorou ao ouvir as palavras que dissemos e
brincou com o Tamagochi dela mais do que tudo nos últimos dias. Ela nem
falava mais conosco.
Melody: Acho que a Naka-chan está mesmo bem triste com o
que dissemos.
Mimi: Mas afinal o que podemos fazer? Não podemos brincar
com Tamagochis mais uma vez. Eles ficaram chatos!
De repente, ouvimos um grito da Nakamura. Quando
corremos para ver como ela está, ela mostrou o Tamagochi para nós e
disse:
Nakamura: Meu Tamagochi morreu! Ele morreu!
Melody: Calma, é só você reiniciar o jogo.
Nakamura: Mas ele era meu primeiro bichinho! Eu não quero
outro, quero ele de volta! Buáááááááá!
A Nakamura não prestou muita atenção nas amigas nesses
últimos dias, mas ainda somos amigas, certo? Temos de fazer alguma
coisa para animá-la.
Princess: Seria bem mais fácil se todos os bichinhos pudessem
ser como nós: amigáveis, gentis... Bem melhores que um Tamagochi que
não ama a Naka-chan e ainda a faz chorar.
Mimi: Se todos os bichinhos fossem como nós?
Princess: É, assim a Naka-chan teria um bichinho que não a
faz espirrar.
Mimi: Já sei como resolver o problema! Mas nós precisamos
se alguém bem burrinha para aceitar essa ideia.
Todas olharam para mim com uma cara meio estranha. Antes
que eu pudesse me tocar, elas me agarraram e tudo ficou escuro.
Após algumas horas, ouvi a Mimi conversar com a Nakamura:
Mimi: Naka-chan, não fique triste. Temos uma surpresa que
vai te animar bastante!
Nakamura: Se não for meu Tamagochi eu duvido que vá me
animar.
Mimi: Aqui está o seu novo bichinho!
Mimi pediu para eu me aproximar e quando a Nakamura me
viu, eu estava fantasiada de cachorrinha.
Mimi: Ela só precisa de muitos doces para se alimentar.
Princess: E não se esqueça de mantê-la em forma fazendo
muitas caminhadas.
Melody: Au! E não se esqueça de me dar muito sorvete de
baunilha! Au!
Mimi: A terapia dela é hoje.
Nakamura ficou emocionada com o presente. Claro que ela
riu da minha cara por uns 10 minutos, mas adorou a surpresa.
Ela não estava mais chateada com o Tamagochi, porque com
amigas como nós, a Nakamura não precisa de bichinhos. Nós conseguimos
amá-la 1000 vezes mais que qualquer animal de estimação.
Capítulo 46: O cachorro chamado Inu
Após todo o incidente do capítulo passado, eu e minhas
amigas decidimos passar a noite na casa da Nakamura.
Ela nos mostrou que embora não possuísse um bichinho de
estimação, tinha muitos livros de histórias sobre animais na casa dela.
Nakamura: Tem “A tartaruga e a lebre”, “100 dálmatas”,
“Kung Fu Panda”...
Melody: Há! Esse não é sobre animais! Todo mundo sabe que
“Kung Fu” não é animal!
Mimi: E “Panda” é o quê?
Melody: Panda é um urso preto e branco que vive na China,
mas o que isso tem a ver com o livro? Mimi não sabe o que é um panda?
como você é burra!
Nakamura: V-Vocês já escutaram a história do cachorro
chamado “Hachiko”?
Princess: Hachiko? What is that (O que é isso?)?
Nakamura: Hachiko foi um cachorro muito fiel ao seu dono
que mesmo após seu dono morrer, ele ainda esperava-o todos os dias na
estação de Shibuya. A história do cachorro é tão comovente que fizeram
uma estátua de bronze em Shibuya para homenageá-lo.
Princess: E daí? Eu tenho uma estátua de diamantes minha no
meu jardim. Ela é polida umas 100 vezes por dia para nunca ficar suja e
sempre ser bela, assim como eu.
Mimi pegou um copo de chá que Nakamura trouxe e jogou
tudo na Princess.
Mimi: Viu? Agora você está suja!
Princess: Ai se eu te pego!
Nakamura: N-Não briguem na minha casa! Ah, que tal se eu
escrevesse outro capítulo no livro? Pode ser algo sobre animais.
Melody: Claro, Naka-chan! Toma aqui o livro...
Eu entreguei um rolo de papel higiênico ao invés do livro.
Melody: Opa! Livro errado! Aqui está o livro certo!
Nakamura: Espero que não esteja escrevendo nada no papel
higiênico do meu banheiro.
A deusa Megami passeava tranquilamente pelo reino de
Diadust até que foi surpreendida por um cachorro bem grandão que latiu
para ela.
Um garotinho correu atrás do cachorro e conseguiu acalmar a
fera. Ele disse que o cachorro não gostava de estranhos. Já com pessoas
que ele conhecia, era bem carinhoso.
Megami observou o menino e o cachorro felizes juntos. Os
dois brincavam de pegar, tomavam banho, comiam juntos...
Princess: Na mesma tigela? Eca! Isso é desumano!
Nakamura: Ninguém disse que era na mesma tigela.
Vendo o quão bem os dois brincavam juntos, a deusa teve
vontade de ter um cachorro também. Ela viu um cachorro abandonado e
usou magia para fazê-lo ficar saudável novamente. Depois, ela o levou
para casa.
Dentro de casa, o cachorro bateu nos móveis, pulou no sofá,
mordeu as almofadas... Enfim, foi uma confusão. Megami teve de arrumar
tudo com a magia dela depois e pediu para o cachorro não fazer mais
bagunça.
Megami decidiu que seu bichinho precisava de um nome e
acabou decidindo que seria Inu. Tá bom, ela não era muito original já que
“Inu” é cachorro em japonês.
A deusa estava cansada de usar tanta magia e decidiu dormir.
Ela preparou uma casinha de cachorro para Inu dormir, mas ele foi
insistente e só queria dormir junto da dona. Após muitas tentativas de
fazer Inu dormir lá fora, Megami resolveu colocar uma coleira no cachorro
e amarrá-lo bem firme na casinha.
Ela dormiu dentro de casa sem se preocupar com nada...
Quero dizer, nada exceto Inu. Ele quebrou a janela e conseguiu arrastar a
casinha até a cama de Megami. Depois dessa, ela não teve escolha senão
deixar Inu dormir no quarto dela.
No dia que Megami levou o cachorro para passear, ele correu
atrás de gatos, fez xixi no pé de um dos cavaleiros da princesa, rolou em
todas as poças de lama e... Resumindo, ele só fez bagunça.
Inu não só era travesso como também muito esperto. Teve um
dia que a deusa decidiu ir ao teatro antigo e não levou o cachorro, mas Inu
conseguiu entrar disfarçado de burguesia: com um monóculo, uma cartola
e vestindo um terno preto. O dono da bilheteria disse que nunca tinha visto
um rico tão peludo quanto ele. Mas é claro que quando Inu não aceitou a
champagne de graça que estavam oferecendo na entrada do teatro,
descobriram na hora que ele era um cachorro.
Todas as noites, Inu trazia seus amigos para a casa de
Megami. Juntos. Eles uivavam para a lua e isso enchia a paciência da
deusa, que jogava um tijolo nos cachorros para ver se eles paravam. Mas é
claro que não paravam.
Outro dia, Inu entrou no banheiro e Megami achou que, como
ele era tão inteligente, já sabia usar o sanitário para fazer suas
necessidades. Quando ele saiu, ela percebeu que tinha cocô de cachorro
no teto, na banheira, no espelho, na escova de dente... Só não tinha no
vaso sanitário, né?
Como deu para perceber, Inu era um cachorro que dava muito
trabalho para a deusa e ela já não aguentava mais. Decidiu levar o
cachorro para o meio da floresta e deixar ele lá, abandonado como
quando ela o encontrou.
Mas Megami era uma deusa, e alguns deuses tem o coração
tão mole que ajudam todos aqueles que necessitam. A deusa não
conseguia parar de pensar no cachorro perdido na floresta, sentindo frio e
fome. Decidiu voltar e buscá-lo.
No meio do caminho, um lobo estava atacando algumas
crianças e a deusa parou para ajudar. Ela tentou lançar uma magia para
acalmar o lobo, mas o animal correu atrás dela após perceber sua
presença.
Megami correu bastante até chegar ao final de uma caverna.
O lobo ainda estava lá e rosnava bastante para a deusa, só um milagre a
salvaria naquele momento.
De repente, Inu apareceu e lutou com o lobo para proteger a
deusa. Os dois animais ficaram bastante feridos, mas Inu conseguiu vencer
no final. No entanto, ele foi gravemente ferido e estava perto de morrer. A
deusa tentou usar uma magia para curá-lo, mas já era tarde demais...
Nesses últimos dias, Megami não conseguia entender o
motivo dos humanos gostarem tanto de cachorros. Cachorros só babam,
mordem e trazem confusão segundo ela. Mas após Inu protegê-la com sua
vida, a deusa entendeu o motivo de todos gostarem tanto de cachorros:
Cachorros são leais com seus donos. Só é preciso um pouco de
amor todos os dias para que um cachorro possa dar sua própria vida para
salvar aquele que eles amam.
Capítulo 47: A Mimi quer ser mais feminina?
Hoje eu estou na casa da Mimi. Ela entrou para o curso
“aprenda como usar um computador mesmo que você ainda viva na idade
da pedra” e decidiu me ensinar um pouco.
Mimi: Olha, isto é um site onde você recebe e envia e-mails
gratuitamente. Com ele, você pode enviar mensagens até para uma
pessoa do outro lado do mundo.
Melody: Quer dizer que dá pra enviar mensagens até para o
inferno e o céu? Quero reclamar com Papai Noel porque ele não me deu o
forno para fazer biscoitos que eu pedi.
Mimi: Papai Noel não mora no céu.
Melody: O quê? O que foi que ele fez para ir lá para baixo?
Mimi: Esquece. Eu quis dizer enviar mensagens somente para
as pessoas da terra! Do nosso planeta!
Melody: Ah, tá. E você? Envia mensagens para quem?
Mimi: Eu? Bem, para a Naka-chan. Afinal, ela já sabe usar o
computador até melhor que eu.
Melody: Só ela? Mas a Naka-chan você já pode ver todos os
dias.
Mimi: Tem uma amiga minha que estudava comigo antes de
eu me mudar para cá. Ela deve ter me enviado uma mensagem agora
mesmo.
Mimi leu a mensagem da amiga:
Cara Mimi, como vai você?
Ontem eu brinquei de boneca com minhas amigas, fui ao
cinema assistir um filme romântico com meu namorado... Sabe, coisas de
garota. Eu te falei que tenho um namorado? Meus pais dizem que eu
ainda sou muito jovem, mas eu não ligo. Gosto mesmo de uma aventura
quando nós dois saímos escondidos todas as noites.
Depois de passear com meu namorado eu fui ao salão pintar
minhas unhas. Adivinha? Uma de cada cor! A minha mãe ficou horrorizada
depois que teve de pagar por todos os esmaltes.
Melody: Essa sua amiga parece levada que nem você, Mimichan. Só que um pouco mais feminina.
Mimi: Eu prefiro me meter em confusões subindo em árvores
do que arranjar um namorado noturno. Ah, tem mais.
De todas as notícias boas, tem uma ruim: tem um garoto na
minha sala que é o maior problema. Ele sobe nas árvores para pegar
insetos e joga em mim, que nojo! Ele também pula em cima das pessoas só
para dizer “oi” e fica grudado feito um macaco. Quem ele pensa que é?
Um menininho do maternal? Que infantil. Eu odeio tudo que aquele
menino faz!
Que tal essa? Eu estou indo te ver amanhã! Ficamos
separadas por tanto tempo, mas finalmente vamos nos reencontrar! Mal
posso esperar para ver como você está! Até amanhã!
Assinado: pessoa sem nome
Melody: Eh? Sua amiga está vindo te visitar? Que legal, Mimichan!
Mimi: Ai não, você não leu o e-mail dela? Ela odeia o garoto
que sobe nas árvores e gruda nas pessoas como um macaco. Ela
provavelmente vai me odiar também.
Melody: Hein? Por quê? Você é uma menina, não é aquele
garoto da sala da sua amiga.
Mimi: Mas ela não iria gostar de uma “tomboy” * como eu. E
agora? Eu não quero perder a minha amizade com essa amiga.
Melody: Eu garanto que sua amiga gostaria de você de
qualquer forma, Mimi-chan.
Mimi: Esses conselhos não funcionam na vida real. Ah, vou
ligar para a Princess-chan.
Mimi ligou para a Princess e pediu que ela desse algumas
aulas sobre “como ser um pouco mais feminina” para agradar a amiga que
estava para chegar. Princess pediu que Mimi viesse à mansão dela e é
claro que eu fui junto.
Princess: Vejamos, que tal começar com a sua postura na
hora de comer? Mandei uma das empregadas preparar espaguete para o
almoço. Vamos ver como você come.
Melody: Podemos logo pular para a parte da sobremesa?
Princess: Por que você está aqui?
Melody: Por nada, só queria comer da sobremesa chique da
minha amiga rica. Posso comer agora?
Mimi cortou todo o macarrão com a faca e o garfo. Depois foi
pegando pedaço por pedaço e enfiando na boca bem depressa. Após a
comida ela colocou os cotovelos na mesa e para completar arrotou na sala
de jantar. O arroto ecoou por bastante tempo já que a casa da Princess é
grande.
Mimi: Como eu me saí?
Princess: Eu ia te contar tudo, mas acho que posso esperar
até você perceber por si mesma quais foram os erros.
*Para quem se esqueceu, “Tomboy” é uma garota que gosta de subir nas
árvores, jogar futebol... Enfim, atividades que exigem muita força física.
Mimi pensou um pouco e quando se tocou, entregou a salada
para Princess.
Mimi: Que coisa, eu nem percebi que você estava com fome.
Quanta falta de educação, hein?
Princess: Quanta fata de educação? Tenha modos ao comer!
Não corte o macarrão, não ponha os cotovelos na mesa e principalmente
não arrote!
Mimi: Ah, então eu só palito os dentes e saio da mesa?
Princess: Vai ser mais difícil do que eu pensava...
Após o almoço, Princess decidiu que era hora de praticar
conversação.
Princess: Boa tarde, senhorita Mimi. Como foi seu dia?
Mimi: Você num vai acreditar. Tem uma doida me ensinando
cada loucura que eu vou te contar.
Princess: É, eu NUM vou acreditar mesmo. Você me insultou e
ainda usou linguagem informal. Tente um pouco mais de sofisticação.
Como as garotas ricas de filmes conversam?
Mimi: Ah, saquei aonde você quer chegar! Eu vi um filme que
tinha gente chique uma vez e acho que me lembro das falas.
Princess: Ótimo! Então pare de dizer “saquei” e comece a
falar como gente chique.
Mimi preparou sua fala com um sotaque bem estranho e
britânico.
Mimi: O meu dia? Fantastique! Eu passeei com minha poodle
chamada Fifi pelas ruas de Paris.
Princess: Mimi, tente ser pelo menos um pouco mais
“realista”. Você nunca foi para Paris e uma vez pensou em ter um pitbull
chamado “Matador”.
Mimi: Tem razão, minha conversa não é muito verdadeira,
né? Que tal assim: eu brinquei com as minhas amigas.
Princess: Ótimo! E do que vocês brincaram?
Mimi: De escalar árvores! Eu escalei uma bem grande e
acabei rasgando um pouco o short, mas depois peço para minha mãe
costurar.
Princess: Errado! Você é uma garota muuuuito feminina e não
sobe em árvores.
Mimi: Ah, é mesmo. Então eu só escalei um pinheiro mesmo.
Princess: Quanto eu estou ganhando por te ensinar? Estou
começando a duvidar que o dinheiro não valha a pena.
Após algum tempo praticando...
Princess: Sua amiga disse que tinha um namorado, não é?
Então acho melhor você arranjar um também. Assim vocês duas podem
falar sobre seus namorados se ficarem sem ter o que conversar.
Melody: Há há! Quem seria burro o suficiente para namorar a
Mimi-chan?
Minhas amigas olharam para mim com uma expressão que eu
não gostei nada. Princess colocou um boné na minha cabeça e disse:
Princess: Você será o namorado da Mimi-chan.
Mimi: Eba! Parabéns, Melody-chan!
Princess: Nada de Melody-chan! Temos de dar um nome
criativo e nada feminino para seu novo namorado.
Depois de horas pensando em um novo nome, Princess
finalmente chegou à conclusão mais criativa de todas:
Princess: Vai se chamar Ydolem. Ydolem-kun*.
Melody: Uau, Princess-chan! Ydolem? Deve ser o nome mais
criativo de todos! De onde você tirou? É o nome de algum ator famoso?
Ou seria uma marca de carro bem chique? Ou quem sabe...
Princess: É Melody ao contrário, não foi tão difícil assim.
Melody: Ah, tá. Que falta de imaginação, hein?
Princess: Que seja. Ydolem-kun, passe a mão nos cabelos da
Mimi-chan. Essa é uma das coisas que namorados fazem.
Acariciei o cabelo da Mimi-chan.
Princess: Tá legal, agora já pode parar.
Melody: Não dá.
Princess: E por que não?
Melody: Minha mão ficou grudada no cabelo dela.
Mimi: Ai! Não puxa com tanta força!
Princess: Eu devo ser uma santa de me esforçar tanto para
ajudar essas duas cabeças de vento...
*o sufixo “-kun” é usado pelos japoneses para chamar amigos íntimos
garotos. É tipo o “-chan”, mas para garotos.
Capítulo 48: A verdadeira Mimi
Era o dia que a amiga da Mimi chegava para visitá-la.
Passamos a noite inteira praticando para quando ela viesse. Chega
estávamos morrendo de sono.
Mimi: Quero“mimir”.
Princess: Epa, você disse o quê?
Mimi: Quero descansar e quem sabe sonhar uma poesia em
meu branco travesseiro de plumas macias.
Melody: Isso já não está bem distante do perfil inicial da
Mimi-chan?
Princess: Bobagens, quanto mais mudanças melhor. Agora só
precisamos fazer alguma coisa sobre o seu vestido...
As empregadas arrumaram o cabelo da Mimi, ajeitaram sua
maquiagem e vestiram um lindo vestido longo bem chique na minha
amiga.
Princess: Perfeito!
Mimi: Perfeito nada! Como eu vou me mexer usando isso?
Princess: Não precisa, seu “namorado forte” vai te carregar
por todos os lados.
Melody: He he, quem será o pobre coitado que vai ter de
carregar esse peso todo o dia inteiro?
As minhas amigas mais uma vez olharam para mim com
“aquela expressão”.
Princess: Ah, eu ouço a campainha! Sua amiga chegou,
senhorita Mimi.
Já sabia o que isso significava, eu tentei dar o máximo de mim
para carregar a minha amiga até a porta da frente, mas acabei largando
ela em cima da amiga que chegou.
Amiga da Mimi: Uau! Que surpresa!
Mimi: C-Como você está? Gostaria de entrar ara tomar uma
xícara de chá?
Amiga da Mimi: É você mesmo, Mimi? Nossa, você mudou
bastante! Claro que eu quero entrar.
As duas sentaram-se à mesa de almoço e conversaram:
Amiga da Mimi: E então? O que tem feito?
Mimi: Ah, você sabe... Compras com as amigas, brincadeiras
de subir em árvores...
Princess chutou o pé da Mimi por debaixo da mesa.
Mimi: Digo, brincadeiras de subir na árvore... Da vida. Você
sabe, a vida é como uma árvore cheia de galhos onde você deve vencer os
desafios e subir cada dia.
Amiga da Mimi: Ah, sim. E quem é esse sujeito sentado ao seu
lado? É seu namorado?
Melody: Não *munch*, eu só vim aqui pra comer.
Princess: Ele não é um brincalhão? É claro que é o namorado
da Mimi.
Amiga da Mimi: E por que ele está usando boné dentro de
casa? Sua cabeça não fica quente, não? Tira isso!
Quando a amiga da Mimi tirou o meu boné, minhas
trancinhas apareceram revelando um cabelo de menina.
Mimi: E-Eu posso explicar. É que... É que o meu namorado
gosta de... De se vestir de mulher, é isso.
Amiga da Mimi: Ah, tá. Acho que é melhor você ficar de boné
mesmo...
Princess: Que tal irmos todas ao cinema? Garanto que deve
estar passando um monte de comédias românticas bem adultas para
todas nós assistirmos.
Quando chegamos ao cinema, eu comprei ingressos
aleatórios e acabamos assistindo “Aquele filme que não é uma comédia
romântica, o retorno”.
Princess: Isso é um desastre...
Mimi: HÁ HÁ HÁ! Vocês viram aquela parte? Foi hilário!
Amiga da Mimi: Foi mesmo! Esse filme é mais engraçado que
o primeiro! Eu quase caí da cadeira de tanto rir.
Princess: Tá, talvez comédia seja algo bom para se assistir
com as amigas mesmo que não seja romântico, eu acho...
Depois fomos ao parque da cidade. Lá tinham vários
escorregadores, balanços e árvores por todo canto, mas ficamos todas só
conversando em um banco mesmo.
Princess: Eu adoro esses ambientes cheios de ar puro. É tudo
tão calmo...
Mimi: É-É... Eu também adoro...
Melody: Vocês não vão brincar no escorregador? Parece
muito divertido!
Princess: Somos garotas civilizadas que não gostam de se
sujar, não é, garotas?
Mimi: É, com certeza...
Ao ver o quanto eu me divertia no escorregador e ela ficava
só parada lá no banco como uma idiota, Mimi finalmente pensou: “O que
eu estou fazendo? Essa não sou eu”.
Mimi saiu do banco e levou a amiga. As duas desceram juntas
várias vezes o escorregador. Elas se sujaram bastante em cada descida,
mas adoraram.
Amiga da Mimi: Eu sabia! Sabia que você só estava fingindo
ser uma garota rica e sem graça!
Mimi: Você descobriu? Então você deve me odiar, não é?
Amiga da Mimi: Do que você está falando?
Mimi: É que quando você falou sobre aquele garoto chato
que gosta de pegar insetos e subir nas árvores, achei que não gostasse
desse tipo de gente. Achei que gostaria de ter amigas mais
engomadinhas...
Amiga da Mimi: Ah, aquele garoto? Bem, ele é ele, e você é
você! Eu gosto muito da minha amiga Mimi que adora se sujar e me levar
junto. Lembra-se de como éramos grandes amigas antes de você se
mudar?
Mimi: Do que está falando? Ainda somos grandes amigas! E
eu prometo nunca mais mentir para você, nunca mais!
Amiga da Mimi: Que bom, porque tem uma coisa que eu
quero te contar: eu estou caidinha pelo menino que vive arranjando
encrenca que eu te falei. Estou pensando em terminar com meu
namorado para ficar com ele.
Mimi: Hein? Mas você parecia odiar ele no seu e-mail.
Amiga da Mimi: Só disse aquilo porque ele estava do meu
lado quando eu fui digitar a mensagem. Sabe, eu ainda sou muito tímida
para dizer tudo o que sinto bem na frente dele então disfarço tudo
dizendo que o odeio.
Mimi: He he, acho que o amor não é assim tão fácil quanto eu
penso...
Amiga da Mimi: Verdade, mas eu ainda conquisto o coração
dele algum dia. Ele me lembra de você, sua macaca!
Mimi: Ei! Não sou macaca!
Mimi se agarrou na sua amiga e as duas caíram juntas na
caixa de areia do parque. Depois uma ficou rindo da cara suja da outra.
As duas passaram ótimos dias juntas, brincando de tudo e
fazendo bagunça. No final da semana, a amiga de Mimi teve de voltar para
a sua terra natal.
As duas podem até ser amigas que moram longe uma da
outra, mas elas têm de admitir: é muito melhor que serem duas amigas
falsas que moram na mesma cidade.
Capítulo 49: A cavaleira azul quer ser outra
pessoa
Melody: E-Eu já posso tirar esse boné idiota?
Mimi: Mas você não estava até gostando de ser meu novo
namorado, Ydolem-kun?
Melody: HÁ HÁ HÁ, muito engraçado.
Princess: Que bom que tudo deu certo no final, embora eu
ainda ache que você precisa de umas aulas de sofisticação.
Mimi: Não, eu estou bem sendo eu mesma. Falando nisso,
Princess-chan. Quando foi a última vez que você subiu em uma árvore?
Princess: N-Nem brinque com isso! Eu sou uma “lady” e não
posso subir em árvores.
Mimi empurrou a Princess até uma árvore por perto. Então
ela agarrou a amiga e as duas subiram até o topo.
Princess: AQUI TÁ MUITO ALTO! EU QUERO DESCER! EU
QUERO DESCER!
Mimi: Que nada, aproveite a vista!
Decidi subir também, mas assim que eu cheguei onde minhas
amigas estavam, um galho da árvore quebrou.
Mimi: Valeu, Melody-chan! Agora não tem como descer da
árvore!
Melody: Eh... Desculpa? Pode não ser tão ruim assim. Vamos
viver com os esquilos, aprender a comer casca de árvore para sobreviver...
Princess: Ninguém trouxe um celular não?
Melody: Ah, eu trouxe!
Mimi: Estamos salvas!
Comecei a jogar um joguinho no meu celular, mas eu não sei
como isso vai nos tirar daqui de cima.
Princess: É para ligar pedindo ajuda!
Melody: Ah, desculpa... Opa! A bateria acabou!
Princess: Ah não...
Melody: Sem problemas, eu trouxe o carregador aqui no meu
bolso! Só precisamos achar uma tomada e estamos salvas!
Mimi: Só tem um problema: ESTAMOS NUMA ÁRVORE!
Melody: Eu estou com fome! Tem algum docinho aqui em
cima da árvore?
Princess: Por que você não come um daqueles “galhos de
caramelo” bem ali? Garanto que a fome vai passar.
Mimi: Princess-chan, ninguém seria tão burrNesse momento eu comecei a mastigar um galho que eu
achei por perto.
Melody: Ei! Esse galho não tem gosto de caramelo como você
disse! Quem sabe aquele outro...
Mimi: PARE DE COMER GALHOS!
Princess: Está começando a chover.
Melody: Rápido! Temos de ficar debaixo de uma árvore para a
chuva não nos pegar! Mas onde iremos achar uma árvore?
Mimi: Eu aguento essa... Melody-chan, posso pegar o livro?
Tipo, antes que eu comece a pensar em maneiras de te jogar daqui de
cima.
Mimi pegou o livro e começou a escrever outro capítulo:
A cavaleira azul decidiu treinar nas montanhas para ficar
ainda mais forte e proteger a princesa Sunshine de qualquer perigo. É claro
que Sunshine também foi junto.
No topo da montanha, a cavaleira quebrou umas 1000 pedras
e aguentou ficar embaixo da forte cachoeira por uma hora inteira.
Enquanto isso, Sunshine só ficava observando e comendo
bagana. De vez em quando ela fazia um exercício: “apertar o botão do
controle da televisão”.
Antes de todos os leitores perguntarem se existia televisão na
época, Sunshine apertou uma vez, duas vezes, três vezes, quatro...
“Opa! O controle caiu no chão. Cavaleira azul, pega pra mim?
Está muito longe!” disse ela. Bem, pelo menos a princesa estava lá para
apoiar sua amiga.
Em certo dia de treino, a cavaleira azul quebrou uma rocha
cheia de espinhos com a mão, o que a fez sentir muita dor depois. Foi
nessa hora que ela solou um grito bem feminino que ressoou por toda a
montanha.
Do nada, apareceu um jovem mago que ouviu o grito dela. Ele
usou uma magia na mão dela e colocou um curativo em sua mão. Depois
ele se apresentou como Wizard, o mago que vive nas montanhas.
Wizard disse que nunca tinha visto uma mulher tão bonita na
vida como a cavaleira azul. Disse que adorava garotas que são meigas e
precisam sempre de alguém para protegê-la.
Sunshine quase que conta a verdade, mas a cavaleira tapou a
boca da amiga. A cavaleira estava apaixonada pelo mago e não queria
dizer nada para que ele deixasse de gostar dela. Decidiu agir como o mago
a descreveu: meiga e dependente.
A cavaleira agarrou no braço do mago e disse que estava com
muito frio, então ele a abraçou até o momento em que fez uma fogueira
para que todos pudessem se esquentar.
Naquela noite, assim que Wizard voltou para sua casa e
prometeu voltar no dia seguinte, Sunshine pediu para olhar o ferimento da
cavaleira. Ainda parecia bem dolorido e tinha umas marcas estranhas
onde o mago usou magia. No entanto, a cavaleira disse que não estava
mais doendo, já que o amor do mago a curou.
Sunshine não gostava de ver sua amiga agindo de forma
diferente só por causa de um rapaz. Se ela o amasse de verdade, deveria
agir normalmente e torcer para que ele ainda goste dela. A cavaleira azul
não seguiu o conselho de sua amiga. “Se ele gosta de mim sendo tímida e
meiga, é assim que eu devo agir se quero conquistá-lo” disse ela.
No outro dia, Wizard se encontrou com a cavaleira mais uma
vez e os dois conversaram enquanto olhavam a linda vista do topo da
montanha. Sunshine não queria atrapalhar e decidiu procurar por água,
mesmo que ela fosse preguiçosa para fazer qualquer tipo de coisa. Quem
não entendeu a preguiça de Sunshine leia desde o começo do capítulo.
Passou a tarde inteira e a cavaleira nem notou que Sunshine
ainda estava desaparecida. Somente após Wizard voltar para sua casa nas
montanhas é que ela se tocou. Ela partiu para a floresta em uma tentativa
de achar a princesa.
Chegando perto de um penhasco, ela viu a princesa amarrada
e Wizard pronto para empurrá-la. Sunshine gritou para que sua amiga a
socorresse, mas a cavaleira ainda estava em estado de choque ao
perceber a cena.
“Ela não vai te salvar, porque está enfeitiçada desde quando
eu a marquei no outro dia. A cavaleira agora não tem toda aquela força de
antes e não vai me impedir de matar a princesa bem aqui nesse penhasco”
disse o mago.
A cavaleira parecia cada vez mais hipnotizada devido ao
feitiço do mago, mas quando percebeu que ela jogou a princesa do
penhasco, não hesitou em pular do penhasco para salvá-la.
Aquela cena era inacreditável: a cavaleira se libertou do
feitiço do mago, pulou para salvar a princesa arriscando a própria vida e
ainda conseguiu sobreviver caindo em cima de um lutador de sumô que
apareceu por perto.
A cavaleira azul pediu desculpas e disse que nunca mais iria
mudar por causa de um garoto. Afinal qual vale mais: um amor cheio de
mentiras ou uma amizade verdadeira?
Melody: Ainda não chegou ninguém para nos tirar dessa
árvore. Ai, Princess-chan! Para de comer o meu braço!
Princess: Eu já estou desesperada! E se ninguém vier nos
buscar? Teremos de viver em cima dos galhos, aprender a linguagem dos
esquilos e vamos acabar comendo uma a outra.
Mimi: Sem pânico, sem pânico... Temos de ser fortes.
Melody: Ah, eu cansei! Não quero mais brincar de ficar na
árvore.
Nesse momento eu pulei da árvore.
Mimi: Não! Melody-chan! Ela era tão jovem... E nem decidiu
quem fica com as coisas do quarto dela ainda... Sou eu, né?
Melody: Na verdade, eu estava pensando em levar tudo
comigo para o céu.
Princess: Espera, Melody-chan? Você está viva?
Melody: Claro, essa árvore nem era tão alta mesmo. Eu até
estranhei que nenhuma de vocês tenha pensado em pular. O que estão
esperando?
Mimi e Princess: ME-LO-DYYYYYYYYY!
Não me lembro bem como aconteceu, mas eu acabei presa
no telhado da mansão da Princess. Será que alguém vai me tirar daqui?
Alô? Eu estou com fome! Ah, um galho sabor chocolate branco!
Capítulo 50: A véspera de natal em que dá tudo
errado
Hoje é a véspera de natal. Eu e minhas amigas estamos
caminhando até a escola e conversando:
Mimi: Não acredito que temos aula até mesmo no natal. Essa
professora deve estar louca!
Nakamura: G-Garanto que hoje será algo diferente. Sabiam
que no Japão o natal geralmente é comemorado entre namorados? Os
namorados passam o dia inteiro juntos.
Princess: Credo! Mas o bom mesmo do natal é celebrar com a
família e sacos de dinheiro.
Mimi: Minha casa pode não ter “sacos de dinheiro para o
jantar”, mas no natal a minha família adora uma competição. Ano passado
eu ganhei 100 vezes do meu pai jogando “quem toca mais a campainha do
vizinho até ele chamar a polícia”!
Melody: Minha casa é o de sempre: Mamãe queima o peru,
minha irmã faz um enfeite horrível de natal para colocar no centro da
mesa, assistimos a aqueles filmes natalinos... O melhor é o monte de doce
que eu encontro nas meias que penduro pela casa no dia seguinte!
Nakamura: Ah, são os doces que papai noel traz, não é? Já
sabem o que pedir para ele? Hoje é a véspera, mas pode ser que ele ainda
receba a carta.
Princess: Eu realmente não preciso de nada de um gordo com
barba, meu pai já me dá tudo o que eu quero!
Nakamura: Que horror! Não o chame assim! Ah, eu pedi a paz
na terra.
Mimi: Tome, Naka-chan. Tem uma pomba da paz presa em
uma gaiola de passarinho. Agora cadê o meu presente?
Nakamura: Sua monstra! Liberte já esse passarinho!
Mimi: Eu pedi uma bola que não quebrasse os vidros da
escola quando eu fosse jogar. Acho que a professora vai perceber algum
dia a janela que quebrei semana passada.
Nessa hora, a professora Maple estava na sala dos
professores, aquela com a janela quebrada. Ela passa pra lá, passa pra cá e
nada de notar a janela. Ela até soltou um comentário: “Hoje está tão
fresquinho! Deve ser a chuva”.
Mimi: Viram? Ela com certeza já sabe da janela!
Melody: Sei, sei...
Nakamura: E você, Melody-chan?
Melody: Eu? Eu quero aquela privada de doces que eu vi na
televisão.
Mimi: PRI-PRIVADA DE DOCES?
Melody: Sim! É uma privada (vaso sanitário) normal que
quando você aperta um botão sai doce de um buraco perto do vaso. Acho
que com isso eu nunca mais sairia do banheiro só para comer os doces!
Nakamura: Você iria comer doces que saem... Da privada?
Melody: Não parece um sonho, Naka-chan? Pense só: eu
poderia ir ao banheiro e enquanto estivesse lá, comer um doce!
Mimi: Acho que de todos os presentes, este ganhou o prêmio
do mais estranho.
A aula não foi como as outras, ela teve muita coisa diferente.
Foi como se não fosse aula. Foi a melhor aula da minha vida! O quê? Vocês
querem que eu fale o que aconteceu? Não, não estou com vontade... Mas
foi demais!
Tá bom, também acho que é pura preguiça do escritor não
falar sobre a aula de hoje. Acho que ele estava sem imaginação no
momento e inventou essa desculpa de eu não querer falar.
Depois da aula, voltei para casa, pronta para celebrar a
véspera de natal com a minha família. Assim que eu cheguei, minha mãe e
minha irmã estavam todas arrumadas prontas para sair.
Mãe: Você já pegou tudo que precisa?
Irmã: Sim, mãe. Já chequei umas 10 vezes!
Melody: Vocês vão sair?
Mãe: É, a sua irmã tem uma apresentação de um trabalho
hoje e ela precisa de alguém para segurar todos esses cartazes.
Melody: Mas é quase natal!
Mãe: Desculpa, filha. Podemos celebrar juntas amanhã, não
é? Agora a mamãe vai ajudar a sua irmã no trabalho. Tchau!
Tudo bem, eu iria ficar em casa sozinha na véspera natal.
Grande coisa, quem precisa celebrar com muita gente? Tá bom, EU
PRECISO! Tenho de planejar alguma coisa. Quem sabe furar alguns pneus
do carro para que a mamãe não saia de casa? Não, fiz isso semana
passada e ela me obrigou a empurrar o carro.
Tive uma ideia brilhante: Vou passar a véspera de natal na
casa de uma das minhas amigas! Com certeza elas vão me aceitar na festa
delas.
Princess: Não!
Melody: Por favor, Princess-chan! Eu vou ficar sozinha nessa
noite escura e fria?
Princess: Tome, aqui está um casaco.
Melody: Princess-chaaaaaaaan!
Mãe da Princess: É a sua amiga da escola, filha? Pode entrar,
sempre há espaço para mais uma.
Eu estava pronta para comer um delicioso peru assado que
estava vindo da cozinha.
Empregada: O jantar de hoje será peru...
Enfiei o meu garfo antes mesmo dela terminar de falar. Estava
morte de fome e aquele peru parecia divino! Dei uma mordida no peru e
hum... hum... huuuum... Que peru... Nojento!
Melody: Eca! O que há com esse peru?
Mãe da Princess: Não gostou? É receita de família: peru por
fora e legumes por dentro. É peru de alface com alfafa e fibras! Perfeito
para o regime da minha filhinha e a prisão de ventre da mamãe.
Princess: The turkey is delicious, Mom (O peru está delicioso,
mãe).
Melody: Qual o nome desse prato?
Empregada: É “lettuce Turkey”. Peru de alface.
Melody: É, eu realmente vou “le tosse”* com esse peru. Não
paro de tossir de tão engasgada que fico com esse prato horrível!
Depois do “le tosse”, a família da Princess só ficou falando de
como eles são perfeitos e que não tinha como encher ainda mais a
banheira com dinheiro... Enfim, me senti meio deslocada naquela casa e
decidi ir para a casa de outra amiga.
A casa da Mimi é simples, mas pelo menos ela nunca iria ter
comida saudável para o jantar.
*Para quem não entendeu, “Le tosse” veio da junção de palavras “Le” em
francês e “tosse” de português. Quem leu este comentário perdeu a graça. Pare de ler esse
comentário!
Comi um peru bem gordo cheio de batatas. Mas isso foi
depois da Mimi tentar cortar o peru com um golpe de karatê que disse
que tinha aprendido. Foi recheio para tudo quando é lado e a casa ficou
uma bagunça!
Depois da comida, o pai da Mimi disse:
Pai da Mimi: E aí? Que tal algumas competições para essa
noite? Vamos começar com “quem faz mais abdominais sem vomitar o
jantar”.
Melody: Mas eu...
Pai da Mimi: VALENDO!
Mimi e seu pai estavam fazendo umas 1000 abdominais sem
parar. Já eu estava preocupada se o peru ainda iria ficar no meu estômago
esta noite depois de tantas abominais... Digo, abdominais.
É claro que eu também não aguentei a casa da Mimi na
véspera de natal. Sai de fininho logo quando ouvi o pai dela dizer
“competição para ver quem consegue ficar mais tempo olhando a
gravação do eclipse que aconteceu ontem. Eu filmei tudo”.
Fui para a casa da Nakamura, mas a família dela fez uma ceia
bem japonesa para a véspera de natal:
Nakamura: Pode se servir, Melody-chan. Tem batatas de
sushi, gemada de sushi, peru de sushi e o mais especial: “sushi de sushi”.
Melody: Não tem nada que não seja sushi?
Avô da Nakamura: Quer saquê?
Melody: Eu sou menor de idade, sabe?
Avô da Nakamura: É mesmo? Então pegue lá na cozinha outra
garrafa de saquê para seu velho avô.
Melody: Eu não sou sua neta.
Avô da Nakamura: Não é você, Nakamura? Se não é você
então... LADRÃO! TEM UM LADRÃO NA CASA! Chamem a polícia!
Antes do avô da Nakamura soltar os cachorros atrás de mim
porque ele já está “cego demais para diferenciar a amiga da sua neta e um
ladrão de 40 anos”, decidi correr pela minha vida.
Então nenhuma das festas tinha dado certo e eu estava de
volta. Ficaria sozinha na minha casa durante toda a véspera de natal. Quer
saber? É melhor que ficar na casa das minhas amigas onde só tem doido e
comida ruim.
Quando abri a porta de casa, minha irmã e minha mãe me
fizeram uma grande surpresa: elas voltaram mais cedo e prepararam um
verdadeiro banquete para mim.
Melody: Mas e a apresentação?
Irmã: A mamãe derrubou um dos cartazes na cabeça do
professor e isso o fez apagar. Como não dava para apresentar nada dentro
do hospital, decidimos voltar para casa.
Mamãe: A verdade é que sua irmã estava louca para voltar
pra casa para você não ficar sozinha.
Irmã: Mãe!
Mamãe: O quê? É a verdade, não é?
Melody: Irmã... Mãe... Eu estou tão feliz!
Irmã: Ei, nada de chorar toda emotiva! Sai pra lá! É véspera da
natal. Que tal o nosso banquete?
Quando eu estava pronta para comer, ouvi algumas batidas
na porta. Eram minhas amigas trazendo bastante comida. Elas acharam
que eu iria ficar muito sozinha celebrando a véspera de natal em casa e
decidiram me animar.
Nakamura: Ah, não sabia que a sua família já tinha voltado...
Mãe: Podem entrar. Tem comida para todas.
Princess: Ah, garanto que você vai adorar o peru de alface da
minha família.
Cochichei para minhas outras amigas:
Melody: É sério, não comam daquele peru se não quiserem
passar a noite no meu banheiro. E eu vou logo avisando: ainda não tem
doces na minha privada!
Nós comemos bastante e depois ficamos assistindo aqueles
filmes de natal que sempre passam na televisão. Podia ser algo bem
comum para a maioria das famílias, mas para mim não existe melhor
comemoração que a da minha família.
Feliz natal para todos, mesmo que não seja natal.
Atenção!
A partir daqui começam os capítulos finais.
Os “Capítulos finais” são capítulos que acontecem todos em sequência. Ou
seja, ele não apresenta um “cotidiano de dia que passa rápido” como os
capítulos anteriores. Prepare-se para uma sequência de capítulos que,
juntos, formam o final desse livro.
Cuidado com os Spoilers como, por exemplo: MELODY MORRE NO FINAL.
Mas garanto que não coloquei nenhum spoiler nas páginas finais.
Por favor, mantenham os pés e braços dentro do brinquedo o tempo todo
e nada de trazer latinhas e garrafas para o cinema.
Atenciosamente, “o escritor desse livro que permanece em
anônimo até que você leia a capa”.
Capítulo 51: O nosso último passeio
Hoje eu estava super-animada. Acordei até mais cedo só para
aproveitar ainda mais o dia.
Irmã: Acordou mais cedo? Está com febre? Quer que eu
chame o veterinário?
Melody: Eu não sou cachorro! E eu estou animada assim
porque eu vou ao parque de diversões com as minhas amigas. Mamãe
prometeu que iria me levar bem cedinho e buscar todas as minhas amigas
nas casas delas.
Mãe: Filha, eu quebrei a bacia mais uma vez. Peça para a sua
irmã te levar no parque.
Melody: Ah, não! Desse jeito eu só vou chegar ao parque
quando ele fechar!
Irmã: Não seja tão melodramática.
Duas horas depois a minha irmã apanhou a minha primeira
amiga: Nakamura.
Nakamura: Eu estou doida para chegarmos logo no parque! Já
pegaram as outras meninas?
Melody: É melhor se sentar, será uma looooonga jornada.
Nakamura: Sério? Vamos brincar de “adivinha o que eu estou
vendo lá fora” enquanto esperamos. Eu estou vendo uma coisa vermelha
que se parece com uma placa de “pare”.
Melody: É uma placa de pare.
Nakamura: Sim! Agora estou vendo uma caixa cheia de
bolinhas que parece um sinal de trânsito.
Melody: Traça-livros, quanto tempo para chegar?
Irmã: Já? Você sabe que devemos parar um pouco antes do
sinal ficar vermelho. Passar essas marchas também leva um tempo e...
Melody: Anda logo! A tartaruga está nos passando!
Demorou muito, mas conseguimos pegar a Mimi e a Princess
nas casas delas. Depois fomos para o parque de diversões.
Melody: Em que brinquedo nós vamos primeiro?
Mimi: Montanha russa! Dizem que essa é tão rápida que sai o
cérebro da pessoa se ela não ficar segurando a cabeça!
Após muito choro a Nakamura finalmente decidiu tentar a
montanha russa também. Subimos no brinquedo e quando o nosso
carrinho subiu bastante, dava para ver que estávamos tão alto quanto às
nuvens.
O carrinho desceu bem devagarzinho e... E continuou devagar
mesmo.
Mimi: Isso é a montanha russa que joga o cérebro para fora?
Quero meu dinheiro de volta!
Nakamura: Pelo menos ela é bem segura... Acho que dava
para pedir para ele ir mais lento.
Melody: Tem certeza que não estou mais no carro com minha
irmã?
Depois fomos à casa dos horrores. A Nakamura deve ter dado
uns mil pulos até perceber que tinha um monte de pessoas fantasiadas e
cartolina.
Nakamura: Eu quero sair! Sai de mim, seu monstro!
Ela nocauteou um cara vestido de múmia com um soco bem
forte.
Múmia: Ai! Depois dessa eu preciso de um curativo... Ah, já
sei!
Ele tirou as bandagens do seu rosto e usou para enfaixar o
estômago. Percebemos que o homem era mais feio sem a fantasia e
saímos correndo para fora da casa assombrada.
Eu pedi um suprimento infinito de algodão doce para comer
enquanto passeávamos pela roda gigante.
Mimi: Podemos ficar na mesma cadeira?
Homem que cuida da roda gigante: Tá bom, mas uma de
vocês vai ter de ir pendurada, fora da cadeira.
Melody: Eu hein, quem seria burra o suficiente para aceitar
esse tipo de coisa?
Todas olharam para mim.
Melody: Me ferrei...
Mimi não parava de balançar, o que fazia a Nakamura vomitar
de lá do alto. Eu fiquei gritando o tempo todo: “EU VOU CAIR! VOU CAIR!”.
Segurei o cabelo da Princess para me segurar e ela gritou bem alto. Como
deu para imaginar fomos expulsas da roda gigante.
Mimi: Isso foi divertido!
Nakamura: Pra você, que não vomitou sem parar...
Princess: Eu tenho de admitir, brincar nos brinquedos de
gente comum é uma experiência bem... Agradável eu acho. Mas só
quando não tem ninguém puxando meu cabelo!
Mimi: Diz logo que você gostou, Princess-chan!
Princess: E-Eu gostei.
Melody: Qualquer dia que passamos juntas para mim é
sempre muito bom!
Nakamura: Que coisa linda, Melody-chan.
Melody: O quê? Eu estava falando com o meu algodão doce!
Eu acho que vou me casar com ele aqui mesmo.
Mimi: Você não tem jeito mesmo, hein?
Nakamura: Eu realmente gosto muito de passar um tempo
com vocês, embora todas as confusões que nos metemos.
Mimi: Pode crer. Somos as melhores amigas!
Princess: Sintam-se gratas de terem uma amiga como eu que
paga por todos os brinquedos.
Melody: Espero que nossa amizade dure para sempre e que
nossos dias sejam sempre tão bons quanto esse!
Depois do nosso dia incrível no parque, nós voltamos para
nossas casas descansar bastante. No entanto, quando eu entrei na minha
casa, percebi a mamãe chorando e empacotando um monte de coisas.
Decidi ignorar a cena, embora minha irmã tenha ficado lá com
a mamãe. Quando eu entrei no meu quarto, todas as minhas coisas
estavam dentro de caixas de papelão. Desci as escadas para perguntar o
que aconteceu.
Mãe: A mamãe foi despedida do emprego e não pode mais
trabalhar aqui. No trabalho, falaram sobre um lugar bem longe que eu
poderia ganhar bastante lá.
Melody: Tudo bem. Desde que eu possa visitar as minhas
amigas todos os dias, está tudo bem!
Mãe: Você não entende, filha? O novo emprego não é aqui
nessa cidade, vamos ter de mudar para um lugar bem longe. Tão longe
que demorariam dias para chegar até essa cidade novamente.
Melody: O quê? Não! Isso eu não quero! Mamãe, não tem
outro jeito?
Mãe: Eu já perguntei em todos os cantos e ninguém mais quis
me contratar. Temos muitas contas para pagar e está faltando dinheiro.
Pode não ser tão ruim, vamos ganhar bastante lá e eu vou poder comprar
muitos brinquedos para você, Melody.
Melody: Não! Eu quero ficar com minhas amigas! Não quero
brinquedos novos. Irmãzona, fala! Fala que você também quer ficar aqui!
Irmã: Melody, pare com isso! Você sabe que é difícil até para
a mamãe passar por tudo isso. Acho que nem ela queria mudar, mas é o
jeito! Temos muitas contas para pagar e essa é a única solução.
Melody: NÃO! EU QUERO FICAR AQUI! EU QUERO FICAR
AQUI!
Irmã: Melody, isso só está fazendo a mamãe se sentir pior
ainda.
Melody: EU QUERO FICAR AQUI! QUERO FICAR AQUI COM AS
MINHAS AMIGAS!
Fui para o meu quarto e lembro-me de ter chorado com a
cabeça no travesseiro por quase toda a noite. Minha irmã me trouxe o
jantar, mas no momento eu não estava com fome.
Irmã: Irmãzinha, já não está na hora de parar? Pode não ser
tão ruim assim se mudar. Pense só: você vai conhecer lugares novos,
pessoas novas, vamos poder comprar muitas coisas melhores.
Melody: Mas e as minhas amigas?
Irmã: Podemos visitar esse lugar de vez em quando. Não
chore, vai dar tudo certo.
Por mais estranho que pareça, naquele momento eu gostei de
ter a minha irmã por perto. Nos sempre discutimos e eu vivo fazendo
coisas que ela não gosta, mas hoje ela estava do meu lado, segurando a
minha mão enquanto eu chorava naquela noite terrível.
Irmã: Uma menina chorona não combina nem um pouco com
você, sua monstrenga!
Melody: Ah é? Venha aqui, sua traça-livros!
Irmã: Sério mesmo, você fica “feia feito briga de foice”
quando chora assim.
Melody: Você que é feia!
Irmã: Eu? Acho que eu devo ter sido adotada, você é tão feia
quanto à mamãe com aquele cabelo de Bombril dela.
Mãe: Quem é cabelo de Bombril? Que tal se você pegasse um
pouco do meu cabelo e for lavar os pratos um pouquinho, minha filha?
Irmã: Tá bom!
Minha irmã arrancou um pedaço do cabelo da mamãe e foi
lavar os pratos na cozinha... Por incrível que pareça realmente funcionou!
Mãe: Por que eu nunca pensei nisso? Ah, tanto dinheiro
perdido comprando Bombril e produtos para cabelo...
Minha família tentou me animar à noite toda e depois de
tudo eu finalmente consegui dormir, sem saber o que iria acontecer
amanhã.
Capítulo 52: A partida
De manhã estava tudo preparado para eu e minha família nos
mudarmos para outra cidade. Ao sair de casa, minha mãe perguntou:
Mãe: Quer passar na casa das suas amiguinhas para dizer
“adeus”?
Melody: Não, conhecendo a Naka-chan ela provavelmente iria
chorar até a casa virar uma piscina. Mimi-chan iria se agarrar em mim e
nunca mais soltar. Eu não sei quanto a Princess-chan, talvez ela sorrisse ao
me vir partir?
Irmã: Ela era tão má amiga assim?
Melody: Não, ela é só doida mesmo. Anda, vamos para o
aeroporto.
Subimos no avião e eu olhava a minha cidade ficar mais e
mais distante, até que as nuvens a cobriram. Chequei se tinha esquecido
algo importante, mas ele estava lá: o livro que eu e minhas amigas
estávamos criando. Não podia ficar sem ele, não é?
Não sei por que, mas tenho a impressão que a narradora
desse livro vai mudar daqui a pouco. Espera, isso é um livro? Eu estou
falando dentro de um livro? Devo estar ficando louca de tanto subir nesse
avião.
Quando o avião pousou, olhei em volta e vi uma cidade linda.
Tinha bem mais luzes que a cidade que eu estava acostumada e muitos
prédios gigantes. Tinham pontes, lagos, barcos, docerias e...
Irmã: Melody, pare de olhar o panfleto do avião e veja logo a
nossa nova cidade!
Ah, eu sabia que era um panfleto, claro que eu sabia. Olhei
para a cidade de verdade agora. É, ela até que é bonitinha.
Capítulo 53: A narradora é a Nakamura
Eu acabei de tomar meu café da manhã estilo japonês e corri
direto para a casa da Melody, para ver se ela queria brincar.
Quando cheguei lá, Princess também estava na porta da
frente.
Nakamura: Ohayou (Bom dia), Princess-chan!
Princess: Que bom dia? A Mimi-chan acabou de entrar e
descobriu que a casa da Melody-chan foi invadida por pessoas
desconhecidas. Ela agora está travando uma “luta de vida ou morte” para
recuperar a casa da nossa amiga.
Mimi foi jogada pela porta da frente e um homem que não
conhecemos estava bem zangado com ela:
Homem: Saia daqui, sua louca!
Mimi: Essa é a casa da minha amiga e eu juro que vou chamar
a polícia!
Homem: Essa fala é minha!
Nakamura: E-to... (Bem...) Desculpa a nossa amiga, mas aqui
não mora a Melody?
Homem: Quem? Ah, você deve estar falando da família que
acabou de se mudar hoje de madrugada. Quer o endereço deles?
Mimi: Ahá! Finalmente decidiu dizer aonde você mantém as
pessoas abduzidas?
Homem: Eu sou um alienígena agora? Escuta, vão brincar
longe daqui. Eu dou o novo endereço da sua amiga. Toma!
Nakamura: Melody-chan se mudou. E para um lugar bem
longe...
Mimi: E nem falou com a gente. Que raiva!
Princess: Ela deveria ter pelo menos devolvido o anel de
diamantes que eu emprestei outro dia. Espera, será que foi intencional ela
não me devolver? Eu fui enganada?
Mimi: E agora? O que vamos fazer?
Nakamura: Eu não quero que a Melody-chan more em outra
cidade. Isso me dá vontade de chorar. Buááááááá!
Mimi: Calma, Naka-chan. Deve ter um jeito...
Princess: Temos o endereço dela. Vamos voar no meu jatinho
particular até lá e trazê-la de volta!
Mimi: Boa ideia! Espera, não foi o mesmo jatinho que usamos
para ir ao Japão e acabamos batendo no Godzilla* em um dos passeios?
Princess: Xiii, é mesmo. E agora?
Nakamura: Bom, de qualquer forma temos o endereço novo
da Melody-chan. Vamos escrever dizendo que estamos sentindo muita
saudade e quem sabe ela não volta para cá?
Mimi: Ótima ideia! Finalmente alguém “botou a cachola para
funcionar”.
Nakamura: O-O quê? Eu só pensei um pouquinho. Eu toquei
em alguma “cachola”?
Princess: Dá na mesmo, vamos escrever logo uma carta!
*Godzilla é um dinossauro gigante que aparece em alguns filmes de monstro.
Os filmes sempre se passam no Japão
Passamos a manhã inteira escrevendo uma carta para fazer a
Melody voltar para casa. Cada uma de nós escreveu um pedaço:
A Mimi escreveu: “Vem logo pra casa senão eu chamo a
polícia”.
Nakamura: Você não deveria escrever outra coisa?
Mimi: Tem razão, a mãe da Melody-chan pode não ter medo
de polícia...
A Princess escreveu: “Volte para casa e eu te dou 10
centavos”.
Princess: O quê? Você acha mesmo que eu iria dar toda a
minha fortuna só para a Melody-chan voltar para casa? Eu ainda tenho de
comprar meu iate e a minha jacuzzi!
Eu escrevi que vou chorar muito se a Melody-chan não voltar
e que já estamos sentindo saudades.
Enviamos nossa carta pelo correio assim que terminamos.
Nakamura: Será que ela vai receber logo?
Mimi: Aposto que assim que a família da Melody-chan ler
essa carta, vai voltar correndo para cá.
Princess: A Melody-chan não pode acordar sem ver o meu
lindo rosto pela manhã. Com certeza ela volta logo.
Mimi: Se uma carta não servir, vãos enviar umas 20, 30, 40...
Quantas cartas forem necessárias para a Melody-chan voltar para casa!
Nakamura: É, não podemos desistir da nossa amiga! Vamos
trazê-la de volta para casa!
Capítulo 54: A nova casa de Melody
Sou eu, Melody! Voltei a ser a narradora. Quem foi que
concordou em dar o meu emprego de narradora para outra pessoa? Eu
quero meu advogado!
A minha nova casa está caindo aos pedaços... Literalmente! A
minha cama tem uma mola, o fogão não acende, a pia está ligada e não
quer fechar e tem um cachorrão do tamanho de um pônei sentado na
mesa de jantar.
Irmã: Mãe! Achei que iríamos ficar em uma casa melhor agora
que você ganha mais.
Mãe: Bom, eu ainda não comecei a trabalhar, então vocês vão
ter de se virar com isso por alguns dias.
Irmã: Sem chance...
Ignorando a mola no meio da minha cama na hora de dormir,
até que a noite foi confortável... Só não conseguia manter a calma com
aquele “pônei” sentado na mesa de jantar.
Melody: Mãe, quando vamos nos livrar desse cachorro? Ele
me dá arrepios!
Mãe: Ele vai ao banheiro sozinho e pode guardar a nossa casa
quando estivermos dormindo.
Irmã: Ele ESTÁ no banheiro dele agora. Você vai limpar isso
depois, não é? Pra quê ter um cachorro se moramos no centésimo andar
de um apartamento? Cachorros nem são permitidos.
Mãe: Tem razão!
Minha mãe pegou o cachorrão e o jogou pela janela... Esse é o
centésimo andar do prédio, certo? Se ele não virou panqueca quando
chegou lá embaixo, eu não sei o que aconteceu.
No dia seguinte eu fui para a minha nova escola. A professora
“Tenente major soca crianças” não é tão gentil quanto à professora
Maple. Também né? Com um nome desses...
A situação podia estar sendo a pior, mas eu ainda tinha o livro
que criei com as minhas amigas. Não tinha vontade de escrever nada no
momento, então só fiquei lendo e relembrando todas as aventuras que
nós tivemos.
Continuei lendo o livro até mesmo de noite, quando fiquei em
casa sozinha com minha irmã. A mamãe está trabalhando até tarde, mas
aposto que ela está ganhando bastante também.
Os dias se passaram e a nossa situação foi melhorando:
compramos um novo apartamento bem luxuoso e grande. Não tinha
camas quebradas, pias abertas e nem “pôneis” na sala de jantar.
Na escola eu estudei bastante e me tornei a “queridinha da
professora”. Quem diria, hein? Depois de algum tempo eu percebo que a
“tenente major” não é tão ruim quanto parecia... Tá bom, eu mudei de
escola. Quem eu estou tentando enganar?
Mesmo com as coisas melhorando, não consigo parar de
pensar nas minhas amigas. Até agora não tinha recebido notícia alguma
delas, embora a mamãe tenha recebido muitas cartas. Acho que as amigas
dela estão com saudades... Queria que as minhas estivessem com
saudades também.
Será que a princesa Sunshine já sentiu saudades das suas
amigas também? Decidi escrever um pedaço de outro capítulo do livro:
Parecia um dia pacífico em Diadust, mas não era. Algo terrível
aconteceu: A princesa Sunshine foi sequestrada!
Um bilhete de resgate dizia que ela foi presa em uma torre
gigante e guardada por um dragão cuspidor de fogo. É claro que a
cavaleira azul foi atrás da princesa para salvá-la, mas ela não fez isso
sozinha: chamou a deusa Megami e a bruxa Witch para ajudá-la.
As três amigas estavam determinadas a encontrar a princesa
Sunshine. Só assim o reino, não... Elas mesmas poderiam descansar
sabendo que Sunshine estaria segura.
Minha irmã idiota me pegou no flagra escrevendo meu livro e
quis saber o que era. Eu fiz de tudo para afastá-la e guardar o livro em um
lugar seguro, livre de irmãs xeretas.
Eu durmo olhando para a lua e penso: “será que as minhas
amigas estão com saudades?”. Mas dormir olhando para a lua é meio
impossível então eu só durmo mesmo, amanhã eu olho para a lua.
Capítulo 55: A jornada
Oi pessoal! Sou eu, Nakamura. Que bom que estou sendo a
narradora do livro pelo menos por alguns capítulos, não é? Estou me
sentindo importante.
Já faz muitos dias e nada da Melody voltar para casa. Já
enviamos centenas de cartas, mas não recebemos nenhuma resposta. O
que será que está acontecendo?
Mimi: Eu sabia! O carteiro não é de confiança! Rápido, vamos
até o correio que eu quero acertar a cara dele.
Nakamura: Violência não é a solução. Precisamos pensar em
outro plano.
Mimi: Desse jeito vamos acabar tendo de ir a pé para a nova
casa da Melody-chan. Isso levaria alguns dias de caminhada e muito suor.
Princess: Boa ideia! Vamos andar até a nova casa da Melodychan. Nós temos o endereço!
Nakamura: Não deveríamos contar aos nossos pais primeiro?
Quem sabe algum deles possa nos ajudar.
Mimi: Nada feito. Os pais não entendem nada! Vamos encher
nossas bolsas de lanches e dinheiro. Começamos a jornada amanhã de
manhã.
Eu gostei quando a Mimi falou “jornada”. Pareceu que
estávamos fazendo algo bem importante.
No dia seguinte, eu vesti todos os agasalhos que encontrei no
armário e encontrei as minhas amigas perto da escola, no lugar onde
marcamos. Estava nevando nesse dia e a neve encheu o chão como nunca
antes visto.
Mimi: Ni-Ninguém falou s-sobre neve hoje...
Princess: É s-só pensar em c-coisas quentes...
Nós caminhamos naquela neve gelada por horas, eu já não
sentia mais os meus pés. Acho que fiquei gripada durante a nossa
“jornada”. Estava me sentindo fraca e não conseguia correr tanto quanto
as minhas amigas. Elas paravam um pouco para eu alcançá-las de vez em
quando.
Princess: Naka-chan, anda mais rápido! Desse jeito não vamos
chegar nunca!
Mimi: A Naka-chan só está cansada porque estamos
caminhando por muito tempo. Só mais um pouquinho, certo?
Nakamura: Podemos parar por um segundo? Eu estou
cansada...
Eu não parava de tossir e via que a Princess não gostava nada
disso.
Princess: A Naka-chan está nos atrasando! Temos de achar a
Melody-chan hoje e não amanhã!
Nakamura: D-Desculpa... Eu vou me apressar um pouco
mais...
Mimi: Sem problema, Naka-chan. Vá com calma.
Princess: Mas vá com calma depressa.
Decidi andar um pouco mais rápido para não atrasar as
meninas. Corri tão depressa que andei na frente das duas. A nevasca
estava bem mais forte e eu não conseguia ver muita coisa na minha
frente. Mal dava para ouvir o que minhas amigas diziam com tanta neve
nos meus ouvidos:
Mimi: Naka-chan, CUIDADO! NA SUA FRENTE TEM UM...
O chão ficou escorregadio e eu escorreguei. Achei que iria cair
em um buraco pequenininho e sair de á com a ajuda das minhas amigas.
Estava enganada: caí de um precipício enorme e a sensação de frio na
barriga não parava mais.
Enquanto eu caía, lembrei-me dos momentos que passei com
a Melody. Houve muitos momentos difíceis, mas mesmo com todas as
dificuldades o dia sempre acabava bem. Melody... Como eu queria te ver
nesse momento. Quem sabe você não segurava a minha mão e eu parava
de cair?
Capítulo 56: O acidente
Agora eu sou a narradora: Mimi. Essa história começou a ter
muitas narradoras, hein?
A Nakamura caiu de um penhasco bem alto. Tentei olhar para
baixo e ver se encontrava a minha amiga. Ela estava lá, mas
completamente apagada da pancada que levou ao cair.
Mimi: Princess-chan! Temos de chamar uma ambulância, um
carro de bombeiros... QUALQUER COISA! A Naka-chan está em perigo! Eu
quero salvá-la logo!
Princess: Calma, eu já liguei para o meu pai. Uma ambulância
está a caminho e a Naka-chan ficará bem.
Mimi: Como assim ela ficará bem? ELA CAIU DE UM
PENHASCO!
Princess: Pare de gritar! Eu tenho muito dinheiro e posso
pagar por qualquer cirurgia que a nossa amiga precisar. A ambulância já
está vindo. Agora nós temos de procurar pela Melody-chan...
Mimi: Você ficou louca? E deixar a Naka-chan sozinha no meio
de toda essa neve? Ela nem está acordada, é muito arriscado!
Princess: Eu já te falei, a ambulância está chegando. Eu pago
tudo depois, vamos?
Nesse momento eu explodi de raiva. A Nakamura tinha
acabado de sofrer o maior acidente. Ela estava desmaiada e
provavelmente sentindo muita dor e o que a Princess faz? Fica se gabando
de ter muito dinheiro e quer deixar a nossa amiga sozinha. Eu não
conseguia acreditar!
Mimi: NÃO!
Princess: Não o quê?
Mimi: Não, eu não vou deixar a Naka-chan sozinha.
Princess: Mas eu quero muito encontrar a Melody-chan de
novo! Eu já disse mil vezes que vou pagar a cirurgia da Naka-chan ou seja
lá o que ela precisar.
Mimi: PRINCESS, VOCÊ SÓ SABE SE GABAR DE SER MUITO
RICA? VOCÊ NÃO SE IMPORTA COM AS SUAS AMIGAS? POIS EU VOU TE
CONTAR, DESDE QUE NOS CONHECEMOS EU JÁ ACHAVA QUE VOCÊ NÃO
SE IMPORTAVA COM NINGUÉM SENÃO VOCÊ MESMA, MAS AGORA SEI
QUE É VERDADE.
Princess: Do quê você está falando? E pare de gritar comigo!
Mimi: Princess-chan, eu cansei de ser sua amiga... Não quero
mais ser amiga de uma egoísta que não se preocupa com a Nakamura. VÁ
EMBORA! Eu não quero mais te ver! Eu ficarei aqui, protegendo a
Nakamura.
Fiquei mesmo bem frustrada com a Princess e disse tudo o
que queria dizer. Assim que parei de gritar, uma ambulância chegou e o
pai da Princess nos levou para um hospital.
A Nakamura ficou deitada em uma cama, tomando muito
soro e com uma máscara de oxigênio. Os médicos depois a colocaram em
uma cama que fica atrás de algumas cortinas. Eu não sei o motivo, mas
eles corriam feito loucos e balançavam as cabeças.
Ouvi um deles dizer algo ao pai da Princess:
Médico: A menina está em coma*. Vamos Continuar com o
tratamento até que ela melhore.
Mimi: Moço, quando a Naka-chan vai acordar?
*Coma é uma doença que faz a pessoa não acordar.
Médico: Isso ainda não se sabe, mas todos vocês podem
dormir aqui no hospital essa noite. Acho que vocês estão bem abalados
depois de tudo isso.
Mimi: A Nakamura não vai mais acordar?
Médico: Estamos fazendo o melhor que podemos.
Eu não conseguia acreditar naquilo tudo: nós queríamos
achar a Melody e agora a Nakamura não vai mais acordar. O que eu podia
fazer? Decidi escrever uma carta para a mãe da Melody o mais rápido
possível. Escreverei sobre nossa jornada, sobre o nosso esforço, e sobre a
Nakamura.
Quem sabe ela não leria a carta e se sentiria culpada? Quem
sabe a Melody não voltava para casa e então a Nakamura ficaria bem
melhor? Nakamura... Por favor, acorde logo!
Capítulo 57: A maior briga de todas
A narradora agora sou eu, a gulosa e preguiçosa Melody.
Um dia, quando eu voltei da escola, minha mãe estava
chorando na sala de jantar e eu fiquei bem preocupada.
Melody: Mamãe? O que houve? Vamos ter de mudar de
novo?
Mãe: E-Eu cometi um erro, Melody. Eu nunca devia ter me
mudado para essa cidade. Eu nunca devia ter trazido vocês duas. Eu
quero... Eu quero tanto voltar...
Irmã: Do que está falando, mãe? E o seu trabalho? Você não
disse que tudo vai ser melhor aqui?
Mãe: Aconteceram algumas coisas, muitas coisas. Desculpem,
minhas filhas. Desculpem por preocupar tanto vocês duas. Desculpa pela
mudança, eu nunca deveria ter feito isso. Eu deveria ter ficado na nossa
cidade. Mesmo atolada de dívidas, a nossa vida ainda seria boa.
Irmã: Mãe, calma...
Melody: É, o que aconteceu?
Mãe: Filha, a Nakamura está doente. Está muito doente. Ela
não consegue mais acordar e é possível que ela nunca mais acorde. Você
precisa estar lá com ela!
De repente eu não conseguia ouvir mais nada. Os meus
ouvidos fizeram um zumbido estranho que crescia cada vez mais. Tudo o
que eu ouvia era: ”pode ser que a Nakamura não acorde nunca mais”.
Eu entrei em pânico. Minhas mãos tremeram feito gelatina e
eu me lembro de ter suado bastante. O que eu iria fazer se a primeira
amiga que eu tive nunca mais acordar? Eu tinha de estar com ela, agora!
Tomamos o primeiro voo e corremos direto para o hospital
onde a Nakamura estava internada.
Eu vi a minha amiga deitada em uma cama atrás de cortinas.
Segurei a mão dela e nada aconteceu. Ela não abria os olhos mesmo que
eu estivesse bem na sua frente, gritando seu nome umas mil vezes.
Percebi que a Mimi e a Princess também estavam no hospital
e decidiram se juntar a mim e gritar pela Nakamura também.
Nossa voz deve ter ecoado pelo hospital inteiro. Todos os
pacientes que estavam dormindo devem ter acordado depois dessa. O
que eu sei é que um milagre aconteceu:
A Nakamura foi abrindo os olhos bem devagar e todas nós
ficamos aliviadas. Tão aliviadas que choramos.
Os médicos gritavam o tempo todo: “É UM MILAGRE! É UM
MILAGRE!” e eu tive de concordar: É um milagre ver a minha amiga
preciosa, que parecia tão fraquinha, acordar novamente naquela cama de
hospital.
Quando ela finalmente ganhou forças para falar, ela nos disse
algo terrível:
Nakamura: Quem são vocês?
A Nakamura perdeu a memória? Mais uma vez? Eu me
lembro de que teve um dia que ela não conseguia falar mais nada senão
japonês. Ela sempre foi uma garota de saúde frágil, mas perdeu mais uma
vez a memória?
A mãe da Nakamura cuidou dela da última vez e ela estava lá
no hospital para nos dizer o que estava acontecendo com a nossa amiga:
Mãe da Nakamura: É, ela tem amnésia.
Mimi: Mas tudo bem, né? Ela já teve isso antes e foi só
esperar uns dias que tudo se resolveu. Ela vai ficar falando japonês mais
uma vez?
Mãe da Nakamura: Não é tão simples. A pancada na cabeça
dela foi feia mesmo, achei que ela não fosse acordar novamente. Dessa
vez, ela deve ter se esquecido de tudo: de como comer, dos livros que já
leu... Pode ser até que ela tenha se esquecido de vocês, garotas.
Melody: O quê? Isso é brincadeira, certo? Vamos, Naka-chan!
Diga que se lembra de nós!
Nakamura: Eu... Eu... Eu não me lembro de nenhuma de
vocês.
Nesse momento todas nós choramos muito. Tudo o que
fizemos juntas... As lembranças dos dias que passamos...Tudo foi perdido.
A Nakamura não se lembra de mais nada.
Os médicos ficaram no quarto da Nakamura por algum tempo
e isso me deu tempo para conversar com minhas amigas na sala de
espera.
Melody: Coitada da Naka-chan...
Mimi: Se pelo menos ela se lembrasse de quem nós somos...
Eu não queria ficar deprimida naquela hora. Depois de muito
tempo separadas, nós finalmente estávamos juntas novamente e eu
queria contar tudo para as minhas amigas:
Melody: Vocês não vão acreditar no que eu passei: tinha um
cachorro do tamanho de um pônei na sala de jantar, eu dormi em uma
cama com mola, a professora nova era bem durona, mas eu tirei muitas
notas boas e nós mudamos para uma casa maior. Eu até comecei a
escrever outro capitulo do livro, vê?
Quando eu fui mostrar o livro para a Mimi, ela bateu no livro
e ele acabou caindo no chão na sala de espera, fazendo o maior barulhão.
Mimi: EU NÃO QUERO SABER SOBRE O LIVRO! AO INVÉS DE
PERDER TEMPO ESCREVENDO ESSE LIVRO IDIOTA, DEVERÍAMOS TER
PASSADO MAIS TEMPO COM A NAKAMURA!
Melody: Livro idiota?
Princess: Talvez se tivéssemos passado mais tempo com a
Nakamura ao invés de escrever esse livro, ela se lembrasse da gente.
Melody: Mas esse livro... Esse livro me fez ficar feliz quando
tudo dava errado lá na minha nova cidade. Eu lia e relia capítulo por
capítulo para me sentir melhor quando eu pensava que estava longe de
vocês.
Mimi: Esse livro é idiota!
Princess: Nunca mais eu quero escrever nesse livro.
Deveríamos ter brincado mais com a Nakamura ao invés de criar esse
livro.
Melody: ESSE LIVRO NÃO É IDIOTA, VOCÊS QUE SÃO!
Eu chorei bastante. Fiquei tão feliz quando li o que
escrevemos juntas e, de repente, as minhas amigas dizem que esse é um
livro idiota. Esse livro me salvou da tristeza quando eu mais precisava. Elas
por um acaso disseram que sentiram minha falta? Não! Elas sequer
falaram comigo quando eu estava em outra cidade, elas nem foram me
visitar!
Corri para bem longe. Eu nunca mais quero ver aquelas
amigas de novo. Aliás, que amigas?
Capítulo 58: As memórias de Melody e a
princesa Sunshine
Os médicos disseram que não podíamos mais vir todas juntas,
mas era importante que as amigas da Nakamura viessem todos os dias
para refrescar um pouco da memória dela.
Hoje quem veio fui eu, Melody.
Trouxe um monte de doces japoneses para eu comer... Digo,
para eu e a Nakamura comermos. Também ensaiei uma apresentação de
sumô ao vivo que não sei se a Nakamura vai gostar ou não.
Depois da apresentação, a Nakamura falou:
Nakamura: Há há há! Você é bem engraçada, Melody!
Melody: Obrigada, Naka-chan. Eu acho que engordei uns 2
quilos para fazer essa apresentação hoje.
Nakamura: Falando em engordar, cadê os doces japoneses
que estavam aqui em cima da mesa?
Meus dedos estavam todos melados e tinha um doce na
minha boca.
Melody falando de boca cheia: Eu numf seif de nafda!
Nakamura: Há há há há! Você é muito engraçada, Melody!
Melody: Obrigada, obrigada. Estarei aqui uma vez por
semana. Cadê a minha gorjeta? Apresentação não é de graça!
Nakamura: Há há, muito engraçada, Melody. Ei, e do que você
me chamou agora pouco?
Melody: Ladra de doces?
Nakamura: Não, fui eu quem te disse isso! Eu estou falando
quando você terminou o seu show de sumô.
Melody: Ah, “Naka-chan”! É um apelido carinhoso que é
costume das crianças japonesas. As crianças usam o sufixo “-chan” quando
se referem a uma amiga preciosa.
Nakamura: É? Deve ser legal ter uma dessas... Eu gostaria de
usar o sufixo “-chan” para alguma pessoa.
Melody: Ei, que tal eu?
Nakamura: Há há há, suas piadas nunca acabam, Melody.
Melody: He he...
Nakamura: Ei, quer ver uma coisa legal? Eu achei esse livro
aqui no chão do hospital ontem à noite. O livro nem tem título ainda e
parece que um monte de gente estava escrevendo nele.
Vocês já devem saber de qual livro estamos falando, certo? O
livro que eu e minhas amigas escrevemos. Ele ficou aqui no hospital após a
briga de ontem. A Nakamura deve ter encontrado por acaso e nem se
lembra de que ela também escreveu o livro.
Nakamura: Tem essa personagem no livro chamada Sunshine.
Ela é uma princesa comilona e preguiçosa. Parece com você, Melody.
Melody: Ei! Magoei!
Nakamura: A rainha Light é a mãe da princesa. A rainha vivia
ocupada, mas nos dias de folga ela ficava com a princesa e Sunshine
esperava ansiosamente por esses dias. Eu chorei muito quando a rainha
morreu e as duas não podiam ficar mais juntas.
Melody: É, deve ter sido duro para a Sunshine.
Nakamura: Mas a princesa Sunshine é bem gentil com as
outras pessoas. Ela até ajudou a deusa Megami quando a deusa achava
que ninguém do vilarejo onde ela morava gostava mais dela. Foi a
princesa quem explicou tudo para a deusa e tudo ficou bem no final. Essa
deusa Megami tem cara de ser uma pessoa bem gentil que adora ajudar
as pessoas. Em quem será que as pessoas que escreveram o livro se
basearam?
Melody: É, quem será?
Decidi fingir que não sabia, isso poderia deixar a Nakamura
triste por não se lembrar.
De repente eu me lembrei do dia em que escrevemos esse
capitulo sobre a deusa Megami. Foi no dia em que eu e a Mimi
escrevemos no livro sem dizer nada para a Nakamura. Ela se sentiu
excluída e fugiu para bem longe. Nós achamos que ela tinha pulado de um
penhasco bem alto, mas a encontramos no lago dos vagalumes. Foi muito
linda aquela noite em que eu, Mimi e a Nakamura observamos os
vagalumes.
Nakamura: Ei, tem uma história lá perto do final sobre a
princesa Sunshine também! É um capítulo onde ela manda todo mundo
do reino viajar porque não queria mais ter nenhuma responsabilidade.
Melody: Eu me lembro dessa.
Nakamura: Você já leu esse livro?
Melody: Digamos que sim.
Nakamura: A princesa Sunshine é muito burra! Ela ficou sem
ninguém para conversar depois que mandou todo mundo do reino
embora. Se fosse eu, bastava pedir que não me dessem tanto trabalho.
Melody: Sei. Que tal assistir algum DVD agora?
Nakamura: Oba! Eu assisti ao meu primeiro “filme do cineasta
japonês Hayao Miyazaki” ontem! Chama-se “Ponyo”. Você já ouviu falar?
Melody: É, eu fui ver esse filme no cinema com umas amigas
minhas, mas acabei entrando na sala errada. Entrei na sala de um filme de
terror!
Nakamura: Filme de terror? Há há há! Quem iria confundir
ingressos para um filme de terror com Ponyo?
Melody: Eu não pude evitar. Fica difícil pensar com tanto
chocolate derretido no bolso!
Nakamura: Você é doida, Melody. Mas eu gosto de você.
Antes de assistir o filme, eu me lembrei do dia em que escrevi
a história em que Sunshine mandou todos do reino tirarem férias. Foi o
dia em que eu estava irritada com a minha família e queria me livrar dela.
Daí, as minhas amigas me chamaram para uma viagem para o Japão e eu
nem me despedi da minha família. No final eu fiquei com saudade das
bobagens do cotidiano com minha família, mas minhas amigas me
alegraram dizendo que eu podia tirar fotos para mostrar quando
chegasse.
Por que será que temos tantas lembranças boas juntas e
nenhuma das minhas amigas se importou quando eu me mudei?
E será que eu preciso engordar mais uns 300 quilos até virar
lutadora profissional de sumô? É, talvez sim. Vestir aquela “fraldinha” não
vai ser moleza.
Capítulo 59: As memórias de Sprout e a
professora Maple
Oi! Sou a professora Maple e dessa vez serei eu que contarei
a história.
Eu estava dando aula normalmente sem preocupar com nada
quando o diretor me veio com a notícia que uma de minhas alunas estava
no hospital, e não iria vir para a escola durante um bom tempo.
Maple: Ah, faltar aula? Sem problema... O QUÊ? FALTAR
AULA? A minha aula? Nem pensar! Turma, eu vou ensinar a aluna doente
e quero vocês bem quietinhos até eu voltar. Combinado?
Eu sabia que quando voltasse teria carteira para todo lado e
tachinhas na minha mesa, mas fazer o quê? Essa é a vida de uma
professora.
Fui visitar a aluna chamada Nakamura no hospital. Trouxe
uma pilha de livros e só sairia daquele hospital quando ela não estivesse
atrasada em relação à turma.
Na madrugada daquele dia, lá estava eu ensinando a
Nakamura:
Maple: E é assim que funciona a teoria da relatividade.
Nakamura: Professora, eu sou somente uma criança. Eu já
deveria ter aprendido isso?
Maple: Opa! É mesmo, você é só uma criança...
Nakamura: Uh oh.
Maple: Que tal brincarmos um pouco juntas? Vamos ser
amiguinhas inseparáveis!
Nakamura: Brincar? Do que a professora gosta de brincar?
Maple: Ué, de qualquer coisa. Pula corda, amarelinha, ticasombra, botar tachinhas na cadeira do diretor.
Olhei para o lado e o diretor também estava internado no
hospital. Se ele não me demitiu agora é porque está muito cansado de
tanto tomar soro... Ele desmaiou, então acho que eu ainda tenho o
emprego.
Nakamura: Há há há. Você é uma professora engraçada!
Parece uma criança. Sabe que você me lembrou de uma pessoa? É uma
mãe de uma garota chamada Sprout. O nome dela é Sakura.
Maple: Hum, e como ela é? É uma personagem em um livro?
Nakamura: Sim, é um livro bem legal! A Sakura não era a mãe
verdadeira de Sprout, mas ela dava o melhor de si para que a filha a
aceitasse como mãe. Sakura fazia tudo de diferente da outra mãe de
Sprout e era bem desastrada, mas no final as duas acabaram gostando
muito de serem mãe e filha.
Maple: Nossa! E como eu me pareço com essa Sakura?
Nakamura: É que os seus alunos devem ter estranhado
quando você entrou pela primeira vez em uma sala de aula, não é? Você
age feito uma criança, o que é diferente de uma professora normal.
Maple: Eu tenho de admitir, o começo foi bem difícil porque
os alunos gostavam muito da outra professora que era rígida e bem mais
mandona que eu.
Nakamura: Mas eu acho que toda professora deveria ser que
nem a senhora: diferente e cheia de energia para se dar bem com todos
os alunos.
Maple: Eu me lembro dos primeiros dias que eu dei aula. A
turma me odiava e todos faziam bagunça, mas no final acabou tudo bem.
Lembrei de uma vez que eu tentei ser amiga de umas alunas minhas e ia
até para as festas de pijamas das minhas alunas. Dá para acreditar?
Nakamura: Minha nossa...
Maple: É, mas depois eu percebi graças a você e a minha
colega de escola que o importante é eu continuar sendo eu mesma, pois
os alunos já são meus grandes amigos.
Nakamura: Fui eu quem te ajudei?
Maple: Sim, você e outra aluna cabeçuda. Você sempre
perguntava muita coisa depois da aula e eu explicava tudo. Acho que você
me tratava como uma amiga desde o começo, não só como uma
professora.
Nakamura: Você pode continuar sendo minha amigaprofessora quando eu conseguir voltar para a sala de aula.
Maple: E eu vou adorar ser sua professora novamente!
Ah, como essa Nakamura fala, hein? Mas ela me fez lembrar
tantas coisas boas que aconteceram nesse ano. Eu adorei ser professora
dela e estou torcendo para ter a Nakamura sentada bem perto de mim, na
minha classe cheia de amigos.
Vou torcer pela Nakamura, e para o diretor não me despedir.
Capítulo 60: As memórias de Mimi e a cavaleira
azul
Como deu pra notar no título desse capítulo, hoje sou eu
quem vai narrar: Mimi.
Alguns de vocês devem estar com ódio de mim porque eu
briguei com a Princess e ainda bati no livro que criamos juntas. Mas é
sempre assim: quando eu acho que tenho a razão em algum momento, eu
grito e digo tudo o que estiver na minha cabeça. Acho que é por isso que
me chamam de “cabeça quente”, mas vocês têm de entender o meu lado
da história também:
A Princess nem se importou com a Nakamura e eu fiquei
apavorada achando que a nossa amiga nunca mais iria acordar. Depois, na
sala de espera com a Melody, eu fiquei furiosa porque queria ter
aproveitado mais o tempo em que a Nakamura ainda se lembrava da
gente para brincar com ela, não para escrever o livro.
Entrei pela janela do quarto da Nakamura e ela se assustou:
Nakamura: Ladrão! Ladrão!
Mimi: Calma, não sou ladrão. Nem sou homem pra falar a
verdade.
Nakamura: Ah, desculpa...
Mimi: Tudo bem! Vem, vamos lá pra fora!
Depois de muito estranhar a “saída pela janela”, Nakamura
aceitou meu convite e eu mostrei a minha técnica de escalar árvores para
ela.
Nakamura: Uau! Você não tem medo de ficar tão alto?
Mimi: Eu estou bem! Eu adoro essa sensação de subir bem
alto e ter o vento bem na minha cara. Você devia experimentar também.
Nakamura: Demo... (mas...)
Lembrei-me do dia em que a Nakamura escalou uma árvore e
caiu no lago com uma pancada tão forte que não se lembrava de como
falar português. Achei melhor não insistir para ela subir, senão vamos ter
de recomeçar todos esses capítulos das memórias, não é?
Mimi: Tá, vamos fazer outra coisa. Que tal uma demonstração
de força?
Peguei um velhinho que passava por perto e levantei-o até o
máximo que podia.
Velhinho: Olha só mamãe, eu estou no topo do mundo!
Mimi: Ai que velho pesado!
Joguei-o com tudo no chão.
Nakamura: Há há! Você é mesmo bem forte. Parece a
cavaleira azul.
Mimi: O quê?
Nakamura: A cavaleira azul. É uma personagem de um livro
que eu estou lendo. A cavaleira azul é forte e está sempre disposta a
proteger a princesa Sunshine. Eu me lembro do capítulo em que ela
apareceu: ela teve de contar uma piada e lutar contra todos os soldados
para demonstrar que podia ser a guarda costas da princesa.
Mimi: Contar uma piada? Isso é bem louco, hein?
Nakamura: Ela disse: “Seu nome é Sunshine? Então cadê as
outras duas de você? Afinal, você não é SAN shine?”. Aquela parte foi
muito engraçada! Sabia que SAN é três em japonês?
Mimi: Sabia, uma amiga me disse.
Aquele dia em que eu escrevi no livro com a Melody sem
avisar a Nakamura deve ter sido bem doloroso para ela. Mas como a nossa
amiga não se lembra do acontecimento, melhor não contar pra ela, né?
Nakamura: Os seus pais também brigam muito?
Mimi: Huh?
Nakamura: É que os pais da cavaleira azul brigaram porque
queriam que a filha fizesse coisas diferentes. A mãe queria a cavaleira
fazendo tricô e o pai queria uma forte guerreira.
Mimi: Eu me lembro dessa história. Eles dois brigaram tanto
que a cavaleira enfiou a espada no próprio corpo. Os pais ficaram
arrependidos e prometeram nunca mais brigar. Daí, a deusa Megami fez a
cavaleira azul ficar boa novamente.
Nakamura: A cavaleira azul é muito esquentadinha, por isso
que eu prefiro a deusa Megami que é gentil com todo mundo.
Mimi: Muito esquentadinha? Ora sua pequena...
Nakamura: KYAA!
Mimi: Brincadeirinha, eu não ia te bater. Eu sou
esquentadinha também, mas eu nunca bateria nas minhas amigas.
Nakamura: Ah, yokatta... (que alívio...)
Mimi: Brincadeira! Eu “bateria” nas minhas amigas.
Nakamura fechou os olhos e virou o rosto. Só depois que ela
percebeu que eu tinha pegado uma bateria (o instrumento) de brinquedo
e bati de leve com a bateria na cabeça dela.
Nakamura: Há há... Você também é bem engraçada, Mimi.
Você já pensou em ser palhaça de circo?
Mimi: Não, eu nunca seria diferente de eu mesma. Eu sou
Mimi e sempre serei.
Nakamura: Mais uma vez isso me lembrou da cavaleira azul.
Teve um capítulo que ela ficou toda mudada porque se apaixonou por um
vilão que só queria matar a princesa Sunshine. Ela agia como se fosse uma
garota fraca, nada a ver com a cavaleira. No final ela voltou ao normal
graças à princesa Sunshine.
Mimi: É, essa história é demais, né?
Nakamura: Eu adoro esse livro!
Ao sair do quarto da Nakamura, lembrei-me do dia em que eu
tentei agir de forma mais feminina para impressionar a minha amiga do
antigo colégio. A Melody foi meu “namorado de mentira” e ela quem me
incentivou a agir normalmente. Quando eu a vi brincando toda feliz no
parque, senti inveja de toda aquela diversão e me toquei que deveria agir
normalmente, não como uma menininha abusada.
A Melody... Será que ela ainda está muito brava comigo? Será
que ela iria fazer como a princesa e me salvar assim como salvou a
cavaleira azul? Será que ela iria me ajudar a esquecer de tudo o que eu
disse e iríamos rir disso algum dia como fizemos naquele dia que eu tentei
mudar? Acho que isso tudo está longe de acontecer...
Muito bem, preciso treinar! Levantar dois bujõezinhos de gás
outro dia não vai ser mole!
Capítulo 61: As memórias da Irmã e a garota
chamada Sparkle
Hoje a narradora sou eu, a irmã da Melody. Minha irmãzinha
nunca disse meu nome verdadeiro não é? Então eu vou dizer agora. Eu me
chamo nome removido do livro por motivo nenhum, mas podem me
chamar de irmã.
Não acredito que a Melody tenha brigado com as amigas
justo quando voltou para casa, pense numa irmã burra! Eu sabia que ela
era burra, mas isso passou dos limites. O tempo todo ela fica com raiva em
casa e eu noto que ela só pensa nas amigas todos os dias, mas ninguém
faz as pazes.
Fui visitar a amiga japonesa da minha irmã, ela se chama
Nakamura. Ela tem um nome bem estranho hein? “NAKA” significa
“dentro” em japonês e “MURA” é “aldeia, vilarejo”... Deve ser o nome da
família dela, não seu primeiro nome.
Levei alguns doces que a minha mãe fez para alegrá-la. Pelo
que eu me lembre, ela também se interessou quando eu a mostrei um
livro de gênero “mistério” um dia desses. Mas como ela é uma criança,
decidi levar um livro mais leve: “A jornada” *. É um livro que conta a
aventura de duas irmãs que se odeiam, mas decidiram partir juntas em
busca da cura para sua irmãzinha menor que acabou de nascer doente.
Duas irmãs que se odeiam? Isso me lembra eu e a Melody.
Quando entrei no quarto ela perguntou qual era o meu nome.
Irmã: A-A minha irmã Melody vive me chamando só de irmã.
Que tal me chamar assim também por hoje?
*A jornada é um livro de Erin E. Moulton da editora Novo Conceito
Nakamura: Tá bom. Em japonês, irmã é “oneechan”, então
vou te chamar assim.
Irmã: Ah, tudo bem. Eu te trouxe um livro. Soube que você
gosta muito de ler.
Nakamura: Sim, eu adoooooro ler! Principalmente esse livro
que eu achei no hospital um dia desses.
Irmã: E como ele é?
Nakamura: No último capítulo que eu li, existia uma garota
chamada Sparkle que queria brincar com todas as outras crianças, mas
ninguém queria brincar com ela. Todos fingiam que brincavam com ela só
para enganá-la.
Irmã: Amigas fingidas? Pode acreditar, eu já tive muitas
dessas. Sempre me exploram para fazer um trabalho da faculdade e eu
acabo fazendo tudo sozinha.
Nakamura: Sparkle ficou presa em uma caverna e nenhum
dos amigos foi ajudá-la. Daí, a princesa Sunshine resgatou a menina e as
duas se tornaram amigas.
Irmã: Que história melosa, parece algo que a minha irmã
idiota iria escrever.
Nakamura: Eu não sei quem escreveu, mas eu gosto muito.
Tem outro capítulo que Sparkle finalmente ganha uma amiga chamada
Genki e as duas acham um lugar secreto e passam lá todos os dias.
Irmã: Lugar secreto? Para duas crianças? Espero que a minha
irmã e suas amigas não estejam visitando nenhum lugar perigoso nesses
dias.
Nakamura: Sua irmã é a Melody? Ela é bem engraçada!
Irmã: Engraçada até para escapar da hora do dever de casa...
Teve uma vez que o cachorro comeu seu dever. A professora disse que ela
não tem cachorro e ela disse “eu sei, ELE FUGIU! Buááááá!”. E claro que
ninguém cai nessa lorota, né?
Nakamura: Ter uma irmã parece ser engraçado.
Irmã: Quer ficar com a minha? Eu te pago um chiclete e um
clipe de papel, pode até ficar com o troco.
Nakamura: Há há há! Como eu estava dizendo, Sparkle
ganhou uma nova amiga, mas de repente essa amiga se interessou por
uma aluna nova. Sparkle se sentiu excluída, mas tudo bem desde que ela e
sua amiga ainda fossem as únicas que sabem da casa secreta. Um dia,
Sparkle achou que sua amiga a traiu levando outra pessoa para a casa
secreta e tocou fogo naquele lugar. No final, a casa era de outra pessoa e
Sparkle ficou muito arrependida. Ela e sua amiga tiveram de tomar muito
sorvete para que as duas voltassem a ser amigas novamente.
Irmã: Minha nossa. Que coisa!
Nakamura: Oneechan, você pode ficar aqui comigo por esta
noite? É que eu me sinto meio sozinha dormindo aqui nesse hospital.
Irmã: Mas a sua mãe não dorme aqui?
Nakamura: Mamãe vive ocupada tratando de outros
pacientes e não tem muito tempo para dormir aqui comigo.
Irmã: Tá bom, eu durmo com você. Só não vale roncar, viu?
Eu dormi com a Nakamura naquela noite. Lembrei-me de
quando a Melody se sentia triste na nova casa e eu sempre estava ao seu
lado para agradá-la. Eu sempre brigo muito com a minha irmã, mas acho
que esse é nosso jeito de dizer que nos amamos.
Lembro-me da festa da família, quando a Nakamura se deu
bem em todas as atividades e a Melody foi um fracasso. Quando ela
tropeçou correndo com sacos de batata, ela disse “Eu não tropecei, eu caí
com estilo”. Aquilo foi hilário!
Naquele dia da festa da família, a Melody se sentiu excluída e
pensou que eu gostasse mais da Nakamura porque ela era educada e
gentil. Mas pra falar a verdade, se eu tivesse outra irmã eu sentiria muita
saudade dessas brigas que eu e a minha irmã temos de vez em quando.
Espero que a Nakamura volte a ser a pessoa gentil e educada
de antes e espero que minha irmã faça as pazes com as amigas dela.
Também espero que os médicos não me botem para fora do hospital
depois de perceberem que eu não estou doente e estou ocupando a cama
de alguém.
Capítulo 62: As memórias da Princess e a bruxa
Witch
Tudo bem, hoje vocês terão o luxo de lerem as minhas lindas
palavras. A narradora sou eu, a rica, linda e talentosa Princess.
Ainda não me recuperei do que a Mimi disse para mim
naquele dia gelado quando a Nakamura caiu do penhasco. Como ousa! Eu
só queria encontrar a Melody, afinal ela foi a minha primeira amiga desde
que cheguei aqui.
Lembro-me como se fosse ontem: eu era malvada com todos
os alunos e eles me odiavam por isso. No final de uma das aulas, eu fiquei
conversando com a minha boneca: Alice-chan. A Melody deve ter sentido
muita pena de mim naquele momento porque acabamos nos tornando
grandes amigas. Quero dizer, ela deve é se sentir orgulhosa de ter uma
amiga linda e rica como eu.
O que eu estou fazendo me lembrando daquele dia? Está na
hora de ir visitar a Nakamura no hospital. Pedi para o meu mordomo me
deixar lá com a minha limusine particular.
Eca! O hospital público é mesmo uma nojeira. Sempre que eu
fico doente eu chamo meu médico particular e ele me atende em casa
mesmo. Pago muito caro por isso, mas eu sou rica afinal.
Quando entrei no quarto da Nakamura, me apresentei:
Princess: Eu sou Princess e sou uma garota muito rica. Você
deve se sentir privilegiada por eu estar aqui e te trazer muitas coisas caras.
Nakamura: Uau! Olha quantos livros estrangeiros! Você deve
ter trazido uma biblioteca inteira.
Princess: É, claro...
Nakamura: E você ainda trouxe um videogame? Não
precisava! Que videogame é esse?
Princess: É um XBOX 720*, mas até agora não pedi para fazer
nenhum jogo meu então é meio sem graça.
Nakamura: As suas roupas também são bem chiques, você
parece uma princesa!
Princess: É claro, eu SOU uma princesa! Ajoelhe-se diante dos
meus pés.
Nakamura: Mas você fala como uma bruxa...
Princess: Bruxa? Eu? Retire o que disse!
Nakamura: Ah, é que eu estou lendo um livro muito legal
nesse momento que tem uma bruxa que não é tão malvada, embora
pareça.
Princess: É mesmo? E o que mais esse livro fala sobre a
bruxa?
Nakamura: A bruxa chama-se Witch e ela parecia bem
malvada no começo do livro, mas a princesa Sunshine percebeu que ela só
estava se sentindo sozinha e sem amigos. As duas viraram boas amigas
depois de um tempo.
Claro que eu sabia que livro era esse que a Nakamura estava
lendo, mas fingi que não sabia.
Princess: E tem mais histórias sobre a bruxa?
Nakamura: Teve uma vez que todos do reino de Diadust iriam
fazer uma grande festa para a deusa Megami e a bruxa se sentiu meio
excluída. Mas aí, uma garotinha disse que gostava mais da bruxa do que
da deusa. As duas se tornaram grandes amigas como mãe e filha.
*XBOX 720 é outro videogame que só está previsto para ser lançado lá para a
metade de 2012. Ou seja, quando esse capítulo foi escrito, ele ainda não existia para
comprar. Esse videogame será desenvolvido pela Microsoft, famosa empresa de programas
de computador.
Princess: E é só isso?
Nakamura: O povo percebeu que a bruxa não era tão má
quando viu a menina bem feliz brincando com ela. Todos fizeram uma
grande festa para a bruxa e ela adorou. O melhor presente que ela
recebeu foi uma nova filha.
Eu me lembro de quando escrevi esse capítulo. Teve uma
apresentação na escola sobre Cinderela e eu ia fazer o papel principal,
mas a minha mãe não veio me ver. A Melody se apresentou até que eu
voltasse e ela até fez algumas piadas para o público cair na gargalhada. Ela
disse que a barriga roncou muito na hora da dança com o príncipe, dá
para acreditar?
Eu me lembro de ter corrido até o lugar onde a mamãe
trabalha e disse: “EU NÃO QUERO PÔNEI! NÃO QUERO MAIS
BRINQUEDOS, NÃO QUERO ROUPAS CARAS, NÃO QUERO CASA DE
BONECAS DO MEU TAMANHO! O QUE EU QUERO... O que eu quero... eu
quero você, mamãe!”. Tenho de admitir, foi bem vergonhoso no dia, mas
a Melody me faz fazer cada coisa...
Nakamura: Ei, quem é essa boneca na sua mochila?
Princess: Ah, ela? É a Alice-chan! Ela fala de verdade!
Nakamura: Mesmo? Oi, Alice-chan!
Princess na voz da boneca: Oi, Nakamura. A Princess me falou
que você ainda está bem doente. Fique boa logo que a minha amiga não
gosta de esperar tanto! Ah, e sabe esse vestido que ela está usando? Não
é coisa cara não, ela comprou num brechó.
Princess: Alice-chan! Não precisava falar essas coisas!
A Nakamura caiu na gargalhada.
Nakamura: Você também é bem engraçada, Princess. Sabia
que a bruxa também tinha uma boneca? Quando ela era pequena, a mãe
dela morreu e deixou a boneca para a filha. A bruxa tratava a boneca
como gente! Mas um dia, quando a boneca quebrou, a deusa Megami
animou a bruxa e ela finalmente entendeu que poderia sempre contar
com as amigas de verdade.
Princess: E-Eu nunca deixaria nada acontecer com a Alicechan, nunca!
Eu saí da sala da Nakamura e me lembrei do dia em que
escrevi essa história da boneca.
Foi o dia em que eu levei a Alice-chan para todos os cantos e
a tratei como gente. A Mimi ficou muito zangada comigo e não aguentou
mais. Claro que eu fiquei muito zangada com aquela plebeia, mas depois
de um tempo ela veio me pedir desculpas. Quando eu estava para jogar
fora a minha boneca preciosa, a Mimi disse “Princess-chan, pode trazer a
sua boneca quando quiser. Eu não me incomodo nem um pouco se você a
trata como uma garota de verdade”. Aquilo foi bem importante para mim.
A Mimi deve estar tão zangada comigo que nem deve se
lembrar dessa história. Será que eu deveria ter me preocupado menos
com a Melody e mais com a Nakamura? Será que eu não sou boa amiga?
Será que a Alice-chan precisa ser costurada um pouco mais no
braço para não sair o enchimento? É, eu acho que sim.
Capítulo 63: As memórias da Nakamura e a
deusa Megami
Oi pessoal, sou eu: Nakamura. Serei a narradora desse
capítulo. Yoroshiku onegaishimasu (prazer em conhecer).
Ficar nesse hospital todos os dias é meio chato, por isso eu
tento diversificar o dia caminhando um pouco pelo lugar. As enfermeiras
já me conhecem então não tem problema.
Hoje eu vi um médico fazer uma operação na própria mão. Foi
difícil de acreditar que ele conseguia segurar o bisturi com a língua. Ele
deve ser muito jouzu (habilidoso).
Pensei em tirar da máquina de doces alguns amendoins para
a mamãe, mas a enfermeira disse que ontem veio uma garota que comeu
toda a máquina em questão de segundos. Quem teria estômago pra tanto
doce?
Passei na sala da mamãe. Ela parecia ocupada tratando um
paciente, parecia caso de vida ou morte. Ela estava tão concentrada que a
sala não fazia nenhum barulho. Quando eu passei de fininho para outra
sala, ouvi a minha mãe dizer “GOOOOOOOL!” e então percebi que ela só
estava assistindo ao jogo de futebol no volume baixo mesmo. E ela estava
sentada em cima do paciente com uma lata de cerveja na mão!
Depois de tanto caminhar, decidi voltar para o meu quarto e
ler um pouco. Vocês sabem de qual livro eu estou falando.
De todas as personagens do livro, a minha favorita é a deusa
Megami. Ela é gentil e tem muitos poderes para ajudar todo mundo.
O começo dela foi difícil, porque ela saiu de um vilarejo
achando que ninguém precisava mais dela e nunca mais usou magia
nenhuma. Só que a princesa Sushine ajudou a deusa e o povo pediu
desculpas dizendo que só não a chamavam mais para nada porque
queriam não dar trabalho para Megami.
Mãe da Nakamura: E então? Como esta se sentindo hoje?
Nakamura: Eu estou bem. Hoje ninguém vem me visitar?
Mãe da Nakamura: Hoje não porque está chovendo muito
forte lá fora, mas a mamãe decidiu tirar o dia de folga para ficar aqui com
você.
Nakamura: Hontou? Arigatou (Mesmo? Obrigada)!
Mãe da Nakamura: O que está lendo?
Nakamura: É um livro que eu achei um dia desses. Ele é muito
legal! Fala sobre princesas, cavaleiros, bruxas, deusas...
Mãe da Nakamura: O quê? Minha filha não pode ler obras
satânicas. Isso é coisa do capeta!
Nakamura: Não tem “satã” na história... Tem essa deusa
chamada Megami que é bem gentil com todos e ajuda todo mundo com
sua magia. Sabia que ela ficou amiga de um menino que nem falava a
língua dela?
Mãe da Nakamura: Mesmo?
Nakamura: Foi! Teve um dia que ela achou esse menino e
começou a brincar de briga de dedo, atirar pedras no rio... Qualquer
brincadeira que não precisasse falar nada.
Mãe da Nakamura: Já pensou se esse menino falasse
japonês? Aposto que todo mundo daqui não iria entender uma palavra.
Nakamura: As crianças do reino gostaram das brincadeiras e
brincaram junto do garoto. Depois o menino estudou bastante e aprendeu
a língua do reino. Nesse momento, ele conseguia entender tudo e ganhou
um monte de amigos.
Mãe da Nakamura: Isso me lembra de um dia: foi quando
você só conseguia falar japonês e as suas amigas tentaram de tudo para
ficar com você mesmo assim. Você achou que nunca mais as suas amigas
iriam entender o que você dizia, mas elas te apoiaram até o fim e você
ficou melhor.
Nakamura: Quem eram essas amigas?
Mãe da Nakamura: Você não sabe? Elas vieram aqui faz
alguns dias. Tem uma burra e gulosa chamada Melody, uma forte e
traquina chamada Mimi e uma rica e mimada chamada Princess. Vocês
sempre estavam juntas, não importa o momento.
Nakamura: Parecia ser o máximo. Eu queria me lembrar das
coisas que fizemos juntas, mas eu não me lembro nem quem elas são...
Mãe da Nakamura: Não precisa se esforçar tanto, você vai
lembrar com o tempo. O que mais tem nesse seu livro?
Nakamura: Teve um capítulo que a deusa ficou doente e
perdeu os poderes. A bruxa Witch disse que para curá-la as pessoas
deveriam ser gentis com ela. A deusa tentou ajudar todo mundo mesmo
assim só que não deu muito certo. Quando ela fugiu achando que era
inútil e todos não iriam gostar mais dela, um garotinho disse: “você não
precisa ter poderes para ajudar os outros. Tudo bem, você não consegue
fazer tudo o que o povo quer, mas mesmo assim precisamos de você e
nunca deixaremos de gostar de você! Megami, nós te amamos tanto que
ninguém realmente se importou quando você não conseguia mais usar
magia para ajudar. Todos ficaram aliviados de ver que você estava curada
da doença, pois gostamos mesmo é de ter você por perto!”.
Mãe da Nakamura: Bem profunda essa história. Tem certeza
que não é uma obra satânica?
Nakamura: Tenho. A deusa ficou muito feliz de todos ainda se
importarem com ela, mesmo sem os poderes. Ela voltou ao normal
porque o povo a tratou com gentileza.
Mãe da Nakamura: Teve um dia que você ficou doente
também. As suas amigas tentaram brincar de coisas que não precisasse de
muito esforço, para você ficar boa logo. Elas podem ter se irritado um
pouco fazendo sempre a mesma coisa, mas ficaram do seu lado no final.
Nakamura: As mesmas amigas?
Mãe da Nakamura: As mesmas amigas. Agora descanse um
pouco, filha.
Antes de dormir, eu pensei no que a mamãe tinha me
contado. Essas amigas devem ter sido muito importantes para mim
porque sempre estavam do meu lado nos momentos mais difíceis. E por
que eu não conseguia me lembrar delas? Onde foram parar os nossos
momentos? As nossas lembranças?
Deitei a minha cabeça e dormi, com a mamãe do meu lado.
Capítulo 64: O aniversário mais solitário do
mundo
Oi, sou eu de novo, a narradora oficial desse livro: Melody.
Não aceito imitações.
Os dias se passaram e soube que muita gente foi visitar a
Nakamura no hospital. Ela ficava muito feliz quando alguém a visitava e
sempre estava lendo aquele livro que criamos juntas. Eu só queria que ela
voltasse ao normal, que ela se lembrasse das coisas que fizemos juntas.
Hoje é meu aniversário, então nada de lembrar a Nakamura,
certo?
Irmã: Melody, você quer a sua festa com tema do
“Exterminador do futuro 3” ou quem sabe “Jogos mortais 5”?
Melody: “Moranguinho” está bom demais, não acha?
Irmã: Sério? Você gostava do “Exterminador do futuro”
quando era bebê, o que aconteceu?
Melody: Eu não gostava! Você quem me obrigada a ter uma
festa com esse tema!
Irmã: Ah, é mesmo. Depois que você cresceu suas festas
ficaram bem mais chatas.
Melody: Ei!
Mãe: Melody, vá ao mercadinho e compre pratos e copos de
plástico para a sua festa.
Melody: Tá bom mãe, eu vou a pé mesmo.
Mãe: Nada disso! Sua irmã te leva no carro que é mais rápido.
Melody: Mais rápido? Isso é porque você ainda não a viu
dirigindo.
Irmã: Vamos, irmãzinha.
Depois de horas para chegar ao mercadinho e voltar,
finalmente consegui os copos e pratos para a minha festa.
Minha festa já estava toda arrumada: tinha palhaço, cama
elástica, videogame, doces, mágico... Espera, cadê o mágico?
Melody: Mãe, cadê o mágico?
Mágico(que apareceu bem na minha frente): Olá, criançada!
Sou eu: o mágico da matemática! Vou demonstrar meus incríveis poderes:
transformarei um 2 e outro 2 em 4 com o incrível poder da SO-MA!!!
Melody: Mãe, cadê o mágico DE VERDADE?
Mãe: Tivemos de cortar alguns gastos da sua festa nesse ano.
Mágico: E o que acha de eu resolver problemas de
matemática SEM uma calculadora? Huh? Incrível, não?
Melody: Alguém quer fazer o favor de se livrar desse mágico?
Decidi esquecer o mágico e comi alguns docinhos que
encontrei por perto. Deve ter sido minha mãe que fez.
Melody: Huuuum. Muito bom esses docinhos!
Mãe: Docinhos? Eu só vou preparar os docinhos da sua festa
quando terminar o almoço.
Melody: E esses docinhos?
Mãe: Não são docinhos, é comida para o cachorro do vizinho.
Cuspi toda aquela comida de cachorro e ainda enxaguei a
minha boca umas 100 vezes. Eca!
Mãe: Convidei todas as suas amigas para a sua festa de
aniversário. Garanto como todas elas devem estar loucas para vir.
Melody: A Naka-chan vem?
Mãe: Filha, você sabe que a Nakamura ainda está internada
no hospital. Duvido que ela venha para a sua festa, mas aposto que a
Mimi e a Princess virão.
Melody: Ah, claro...
Eu joguei videogame até a hora delas chegarem. Deu 5 da
tarde, 6 horas, 7 horas...
Minha irmã ficou com pena de me ver sozinha lá na sala
jogando e veio jogar comigo, o que me fez ficar um pouco mais animada.
Irmã: Ei! Por que o meu personagem não está se mexendo?
Melody: Eu desliguei seu controle já faz um tempo e você
nem percebeu. Oba, ganhei de novo!
Irmã: Isso não vale, você está roubando!
Depois eu esperei, e esperei e esperei. Nada acontecia. E eu
sabia o motivo: minhas amigas ainda estavam muito zangadas comigo
depois da nossa briga no hospital.
Ficar sozinha no aniversário, sem amigas... Isso me lembra de
alguma coisa. Ah sim, isso me lembra da história da princesa mimada.
Sabe, aquela história da princesa que não tratava ninguém com carinho e
ficou sozinha na festa porque ninguém queria ser seu amigo.
Será que eu havia me transformado na princesa mimada? “A
princesa mimada Melody”... Isso soa bem estranho, mas combina com a
situação. Só tem uma diferença: ela ganhava os amigos no final da história
e eu já não fazia ideia se eu conseguiria minhas amigas de volta... Mas elas
nem sequer se preocuparam comigo quando eu saí da cidade...
Depois de tanto tédio e tristeza de esperar pelas minhas
amigas, decidi esquecer e voltei para o meu quarto. No caminho, eu abri
algumas gavetas, procurando alguns doces de festa. Foi quando eu me
deparei com uma pilha de cartas.
Todas as cartas tinham a letra das minhas amigas e estavam
endereçadas para mim e para a minha mãe.
Abri a primeira carta e ela dizia: “Voltem para casa ou eu
chamo a polícia”. Parece algo que a Mimi escreveria, até está na letra
dela.
Abri a segunda carta e ela dizia: “Te pago dez centavos para
voltar”. A Princess me pagou dez centavos para voltar? Voltar para onde?
Será que para esta cidade?
Abri a terceira carta e era da Nakamura. Ela dizia: “Estamos
morrendo de saudades e eu vou chorar muito se você não voltar mais”.
Abri dez, vinte, trinta cartas e todas diziam coisas como:
“saudades”, “não nos esquecemos de você”, “volte logo”, “nós te
amamos”, “nunca esqueceremos você”...
De repente, minha mãe chegou à sala e ficou horrorizada com
os envelopes.
Mãe: Você... Você achou?
Melody: Mamãe, o que é isso? Que cartas são essas?
Mãe: Filha, eu sinto muito. EU SINTO MUITO!
Melody: Por que, mamãe?
Mãe: Essas cartas são cartas das suas amigas. Elas enviaram
um monte quando estávamos na nossa nova casa. Eu guardei cada uma
delas.
De repente eu me lembrei de quando eu via muitas cartas
para a mamãe e nada para mim. Isso aconteceu quando ainda não tinha
voltado para essa cidade.
Melody: Mas por quê? Por que não me disse nada?
Mãe: Porque eu não queria que você visse essas cartas e
ficasse ainda mais triste. Todos os dias eu te via lendo aquele livro e
pensando nas suas amigas e ficando cada vez mais triste. Se eu deixasse
você ler essas cartas e dissesse que não podíamos voltar nunca, você só
iria ficar mais e mais triste.
Melody: Mamãe...
Mãe: Eu não queria ver você sofrer, não queria mesmo,
Melody. Nós não podemos voltar para essa cidade, o emprego da mamãe
aqui não existe mais. Só estamos aqui por alguns dias porque a Nakamura
ficou com essa amnésia e disseram que precisavam de você.
Chorei e chorei muito naquela noite. Então as minhas amigas
se importavam comigo. Elas me mandaram tantas cartas... Tantas cartas...
Mãe: Desculpa filha, desculpa a mamãe. Ela faz o melhor que
pode, mas nem sempre tem uma solução para tudo na vida. Mas quando
recebi essa carta aqui, tive de voltar correndo para essa cidade.
Eu peguei a carta que a minha mãe segurava. Minhas mãos
tremiam feito gelatina e eu li bem devagarzinho a carta que dizia:
Melody, volte logo para cá.
Nós partimos em uma jornada com muita neve para te trazer
de volta e a Nakamura caiu de um lugar bem alto. Ela Não acorda mais e
está aqui na cama do hospital.
Eu briguei com a Princess porque ela não queria salvar a
Nakamura. Aquela idiota!
A Nakamura está muito mal e pode ser que ela nunca mais
acorde.
Eu prometo nunca mais te chamar de burra, eu prometo
trabalhar bastante para ganhar dinheiro e fazer você ficar aqui nem que
seja por um tempo, mas por favor... VENHA LOGO!
Mimi
Aquilo foi demais para mim. Eu briguei com as minhas amigas
achando que elas não tinham nem ligado quando eu me mudei. Eu fiquei
muito chateada quando elas chamaram meu livro de idiota e pra quê?
Para perder as melhores amigas que eu poderia pedir?
Se eu tivesse prestado mais atenção nas minhas amigas, se
pelo menos eu não tivesse surtado de vez quando a Mimi bateu no livro.
Ela estava certa afinal: deveríamos passar mais tempo juntas, brincando e
se divertindo. Não deveríamos ter perdido tempo escrevendo aquele livro,
deveríamos ter brincado mais quando a Nakamura ainda se lembrava de
todas nós.
O livro, era esse o problema. O livro foi o que me fez brigar
com as minhas amigas. Aquele livro já não era mais tão especial para
todas nós... EU TENHO DE DESTRUIR O LIVRO!
Capítulo 65: O dia em que tudo ficou claro
Sou eu, a Nakamura. Eu estou quase terminando de ler o
livro, acho que este deve ser o capítulo final.
O capítulo falava que a princesa Sunshine estava em uma
torre guardada por um dragão e as amigas dela tinham de salvá-la de
qualquer jeito.
Quando virei a página para ler o resto, não havia nada. O
quê? O livro acabou assim? Que pena, era um livro tão bom.
Aquela doidinha que veio no outro dia para me visitar chegou
na maior pressa e entrou no meu quarto. Acho que o nome dela é Melody.
Nakamura: Oi, Melody!
Melody: O livro? Cadê o livro?
Nakamura: Ah, está aqui. Ele não é ótimo? Teve tanta coisa
legal acontecendo. Eu queria muito saber quem foi que escreveu para
perguntar por que o final foi tão inacabado.
Melody: Essa é a última chance: Você não se lembra mesmo
de quem escreveu esse livro?
Nakamura: Não. É sério, eu não me lembro de muita coisa.
Era algo importante?
Melody: Fui eu que escrevi. Eu, você, a Mimi, a Princess...
Todas nós escrevemos. Mas isso foi um erro e eu tenho de destruir esse
livro. Me dá ele aqui!
Senti a Melody muito tensa hoje. Ela arrancou o livro com
tanta força que parecia que minha mão iria ser levada junta ao livro.
Depois ela correu para bem longe do hospital, mesmo que estivesse
chovendo.
O que ela disse mesmo? Eu também escrevi o livro? Eu e
minhas amigas? Mas então por que o final pareceu tão inacabado?
Quando Princess e Mimi entraram na minha sala do hospital,
tudo fez sentido. Foi como em um flashback*: um monte de imagens
apareceu na minha mente e bem rápido.
Eu me lembrei de tudo: Eu me lembrei da festa da família, da
boneca da Princess, do dia em que eu só sabia falar japonês e de repente
eu me lembrei do que aconteceu quando eu perdi a memória: eu estava
em uma jornada para encontrar a Melody. Fiquei com muito medo de
atrasar o grupo e andei na frente, mas acabei caindo de um lugar bem alto
e perdi a memória.
Nesses últimos dias, todas as minhas amigas e até mesmo a
professora e a irmã da Melody vieram para esta sala e ficaram comigo. E
como eu não tinha pensado nisso? Todas as minhas memórias
importantes... Todas as bobagens do cotidiano... Tudo estava escrito bem
na minha frente: naquele livro que criamos juntas!
A Melody pegou o livro e queria destruí-lo... Destruir nossas
memórias preciosas. Eu não podia deixa-la fazer tal coisa. Chamei as
minhas duas amigas e todas nós corremos atrás da Melody.
*Flashback é uma sequência de imagens que apresentam algo que já passou,
como um filme. Eles acontecem muito em filmes.
Capítulo 66: A Sunshine
Agora quem conta a história sou eu, Melody.
Eu corri o mais rápido que pude, mesmo na chuva. Com o
livro em minhas mãos eu só precisava achar algum lugar para me livrar
para sempre dele. Foi aí que eu encontrei um riacho, com uma correnteza
bem forte.
Segurei o livro com uma das mãos e estava pronta para me
livrar de tudo aquilo. Esse seria o fim do livro... O fim da briga.
É só jogar o livro na água e eu terei minhas amigas
novamente e todas nós vamos rir de como eu fui boba ao pensar que um
livro era mais importante que a Nakamura.
Mirei bem na água e quando estava pronta para jogá-lo, ouvi
bem de longe a voz da Nakamura:
Nakamura: MELODY-CHAAAAAAAAAN! NÃO JOGUE O LIVRO!
NÃO JOGUE O LIVRO!
Melody: Você me chamou de Melody... Chan?
Nakamura: Eu me lembrei de tudo! Lembrei-me da festa da
família, de quando você sentiu saudades da sua família no Japão, de
quando eu me senti excluída e me escondi perto do lago dos vagalumes,
de quando estávamos sem saber o que fazer com a professora nova, de
quando ela tentou ser nossa amiga, de quando eu fiquei doente, de
quando a Mimi brigou com os pais, de quando a Princess fingiu que a
boneca falava, de quando você me mostrou o livro da princesa mimada...
A Nakamura tomou bastante fôlego e voltou a falar:
Nakamura: E me lembrei de quando nós começamos a criar o
livro nas férias de verão. Por favor, não jogue o livro fora! Ele me ajudou a
lembrar de tudo. Ele refrescou a minha memória quando eu não lembrava
mais de nada. É o livro que conta sobre tudo que passamos juntas!
Quando eu estava para desistir de jogar o livro, ele caiu na
água. Foi sendo levado pela correnteza forte. Mas foi só questão de
tempo até uma sombra saltar dentro da água e agarrar o livro com força.
Percebi que a sombra era a Mimi, que agora estava tentando não ser
levada pela correnteza se segurando em um galho.
Mimi: Melody-chan, você é muito desastrada, hein? O que é
que vamos fazer com você?
Melody: Mimi-chan...
Mimi: Desculpa por tudo o que eu disse sobre o livro. Ele tem
nossas memórias preciosas escritas nele, não é? Então é um livro muito
importante para mim.
Mimi não conseguiu segurar o galho por muito tempo e
quando achou que seria levada pela correnteza, Princess segurou a sua
mão.
Princess: Quem é a riquinha que resolve tudo com dinheiro
agora?
Mimi: Princess-chan...
Princess: Ei, eu te perdoo por você ter surtado naquela hora.
Sinta-se privilegiada, pois não é todo dia que isso acontece.
Mimi: He he. Como eu poderia ficar triste com você, Princesschan?
Eu, Nakamura e Princess agarramos nossos braços e fizemos
uma corrente para tentar puxar a Mimi para fora da água, mas a
correnteza estava forte demais e acabamos caindo na água também.
A correnteza nos puxou com força e vimos que tinha uma
cachoeira bem na nossa frente.
Mimi: É oficial, acho que não tem mais volta.
Princess: Sintam-se privilegiadas de terem conhecido uma
pessoa como eu.
Nakamura: As nossas vidas foram tão curtas...
Melody: Mas eu estou feliz.
Mimi: PIROU DE VEZ?
Melody: Eu estou feliz porque pelo menos vamos morrer
todas juntas. Não estamos mais brigadas. Eu não poderia pedir amigas
melhores que vocês, sabiam?
Mimi: Nós também te adoramos, Melody-chan.
Princess: Sou rica demais para morrer! Mas acho que nem
com todo dinheiro do mundo eu conseguiria amigas como vocês, garotas.
Nakamura: Adorei vocês terem vindo me visitar todos os dias
no hospital. Eu só queria ter tido mais tempo para brincar com vocês. Mas
não me arrependo nem um pouco de termos criado esse livro, eu o adoro!
Melody: Eu também amo esse livro, e amo todas vocês...
Chegamos ao começo da cachoeira e quando achei que esse
era o fim... Encontrei a luz no fim do túnel. Tinha uma mulher estranha,
banhada em luz e com uma coroa de princesa na cabeça. Seria minha
imaginação ou aquela é a princesa Sunshine? Como pode? De qualquer
forma ela segurou na minha mão e pediu para eu não soltar.
Sunshine: Solte as outras garotas que eu ajudo você a subir.
Melody: Não. Se for para sobreviver sem as minhas amigas,
prefiro morrer com elas.
Sunshine: O quê? Prefere arriscar sua vida por suas amigas?
Melody: Sim! E você não pode me puxar um pouquinho mais
forte?
Sunshine: Mais você é tão pesada...
Melody: Ei, pare de reclamar! Eu não criei você para ser assim
tão egoísta!
A princesa deu um sorriso e me puxou com toda a força. Tudo
brilhou por um instante até que não conseguíamos ver mais nada.
Capítulo final: O livro que nós criamos
E quem disse que esse livro não poderia ter um final feliz?
Acordei como sempre: minha irmã gritando nos meus ouvidos
e minha mãe pedindo para eu limpar o banheiro. No meu aniversário?
De repente eu ouvi várias batidas na porta e quando abri,
Mimi me agarrou como sempre fazia. Nakamura entrou logo em seguida,
de pés descalços como sempre. A Princess veio de limusine e trazia a
boneca Alice-chan na bolsa dela.
Mãe: Filha, vá com as suas amigas comprar as coisas da festa.
Melody: Tá bom, vamos a pé mesmo.
Mãe: Não, onde já se viu andar até o mercadinho? Peça para
sua irmã ir dirigindo.
Todas: Ah, não!
Eu passei a viagem inteira reclamando da minha irmã ser
muito lenta no trânsito ela respondeu a todas as minhas investidas.
Mimi pegou um monte de refrigerante e disse que
deveríamos ter uma competição para ver quem bebe mais refrigerante na
minha festa.
Nakamura encontrou alguns doces japoneses e Princess
comprou o bolo mais caro do mercadinho. A mãe dela liga agora o tempo
todo, já que a filha acaba de ganhar um celular novo.
Princess: Vocês se lembram de quando eu queria que a minha
mãe me desse mais atenção? Já estou duvidando se queria isso mesmo...
Brincadeira.
Encontramos a professora Maple no mercadinho. A
convidamos para a festa e ela perguntou se não poderia chamar outra
pessoa. Olhamos para o lado dela e vimos a nossa antiga professora Syrup.
Syrup disse que iria morar com a professora Maple e
continuaria a dar aula na nossa escola, onde é o lugar dela.
Mimi: Conta outra. Aposto que não te aceitaram no novo
emprego, professora Syrup.
Mimi levou um carão da professora. Ela teve de admitir:
sentiu saudades de dar carão na Mimi.
Eu já falei que a minha mãe retornou ao emprego dela nessa
cidade? Pediram que ela voltasse e prometeram pagar o dobro... O triplo
do que ela recebia antigamente. Mas alguém faz ideia de como isso
aconteceu? Acontece que o chefe da mamãe ficou tão emocionado com o
nosso livro que queria a minha mãe de volta. Incrível não? O nosso livro
fez a minha mãe voltar ao trabalho.
E sobre a minha irmã? Ela já não é mais aluna de faculdade.
Ela se formou e ficou longe de todas aquelas amigas terríveis. O que ela
faz? Sei lá, ela é meio “vagabunda” mesmo.
Irmã: Eu sou escritora! E pode ter certeza que os meus
“Thrillers” irão ser os melhores de todos!
Voltamos para a minha casa e todos os convidados já haviam
chegado: Os pais das minhas amigas, a amiga de infância da Mimi, as
professoras... Não foi muita gente, mas eu adorei.
Mimi: Meus pais só me fazem passar vergonha! Eles estão
namorando bem no seu aniversário, Melody-chan!
Melody: É melhor do que ter eles brigando, não é?
Mimi: Verdade.
Nakamura: Querem saber da maior novidade? Eu fiz
tratamento de alergia e finalmente posso ter um bichinho!
Princess: E isso é bom? E eu posso ter uma jacuzzi!
Mimi: E eu posso ter dor de cabeça...
Melody: E eu posso ter... Coisas.
Mimi: É, Melody-chan. Você pode ter de tudo, menos um
cérebro.
Se tudo estava bem comigo? Eu não podia estar melhor!
Tenho todas as minhas amigas no meu aniversário e tudo está como
antes.
Na hora do “parabéns”, soprei as velas e pedi que eu e
minhas amigas continuássemos juntas para sempre, mas eu já sabia que
meu desejo iria se realizar.
Será que a pessoa que nos salvou no riacho foi mesmo a
Sunshine? Nunca vamos saber. Mas quem sabe? Eu acho que a Sunshine
sempre esteve conosco, porque mesmo que existam dias muito nublados
e cheios de tristeza, existe sempre tem um raio de sol que nos espera,
pronto para nos salvar.
O livro ficou pronto e adivinha qual o nome dele? Vou deixar
vocês descobrirem. Comecem a ler as próximas páginas, garanto que não
vão se decepcionar!
Observacão: “Sunshine” é luz do sol ou raio de sol em inglês.
Sempre existe Sunshine
Escrito por Melody, Nakamura, Mimi e Princess
Capítulo 1: A princesa Sunshine
Era uma vez uma linda Rainha chamada Light. Ela gostava de
todos do seu reino e todos gostavam dela. Era uma rainha bem organizada
e gentil com todos.
Ela tinha uma filha chamada Sunshine. Sunshine era bem
diferente da rainha: ela era preguiçosa, comilona e adorava tirar um
cochilo ao invés de estudar. Mesmo assim a rainha amava sua filha.
A rainha sempre estava ocupada demais e não podia brincar
com sua filha quando quisesse. Nos dias em que a rainha tirava uma folga
(embora isso só aconteça em livros mesmo), Sunshine e sua mãe
brincavam o dia todo. Esses eram os melhores dias para Sunshine, por isso
ela esperava ansiosamente.
Mas com o tempo a rainha foi ficando fraca... O médico disse
que era uma doença incurável e que a rainha iria morrer antes mesmo de
Sunshine se tornar uma adulta.
Um dia, a rainha Light morreu e Sunshine nunca mais
conseguiu brincar com sua mãe de novo. Ela chorou bastante, mas o povo
do reino tentou alegrá-la de todos os jeitos e ela acabou melhorando seu
humor.
O povo do reino ficou preocupado. A rainha morreu e agora a
princesa é quem deveria governar. Mas a princesa era bem preguiçosa e
não sabia como governar um reino.
A princesa foi treinando todos os dias, cresceu e se tornou
uma adulta. Estudou de vez em quando no banheiro e agora sabia como
governar o reino como sua mãe, mas ela ainda é bem gulosa e preguiçosa.
E agora? O que será de Diadust?
Capítulo 2: A cavaleira azul
A nova princesa Sunshine precisava de cavaleiros corajosos
para protegê-la dos ataques dos reinos inimigos. Para empregar novos
cavaleiros, foi realizada uma competição bem diferente.
Sunshine achava que os cavaleiros deveriam saber contar
piadas, por isso decretou que o cavaleiro que contasse a melhor piada do
reino todo seria o escolhido para ser seu guarda costas real.
Muito cavaleiros tentaram aquela piada da galinha
atravessando a rua para botar um ovo... Mas a princesa achou antiquada
demais.
Outros tentaram piadas sujas, mas a princesa achou... Huh...
Sujo demais?
Os cavaleiros tentaram de tudo e ninguém conseguiu agradar
a princesa. Eles então desistiram e começaram a lutar entre si. Foi soco
pra lá, chute pra cá, muito sangue escorrendo e...
Saiu muita... Balinha de cereja de dentro dos soldados
enquanto eles lutavam, mas ninguém ficou realmente ferido.
De repente, um novo cavaleiro de armadura azul entrou no
reino e ele parecia bem confiante. “Quero mostrar a princesa minhas
melhores piadas, tenho certeza que ela vai adorar!” ele disse.
Os outros cavaleiros não gostaram da atitude do novo
cavaleiro. Disseram “quem ele pensa que é? Acha que é melhor que todos
nós? Vamos dar uma lição nele!”. E então todos os cavaleiros partiram pra
cima do cavaleiro azul. O cavaleiro azul levou muitos socos, mas no final
derrotou todos os outros.
Ele saiu cambaleando até a princesa e começou a contar sua
piada: “Seu nome é Sunshine? Então cadê as outras duas de você? Afinal,
você não é SAN shine?” (para quem não entendeu, “san” é três em
japonês).
A piada foi péééésima e todos achavam que a princesa iria
odiar, mas ao invés disso ela bolou de rir. Quando a princesa estava pronta
para nomear seu novo cavaleiro, a armadura do cavaleiro começa a se
destruir, pois foi desgastada com a luta. De dentro da armadura, sai um
corpo de uma linda mulher... O cavaleiro era na verdade uma mulher.
Os antigos guardas reais começaram a olhar feio para a
cavaleira azul. Disseram que uma mulher não poderia proteger a princesa
dos perigos, isso era trabalho para um homem forte. A cavaleira azul
começou a chorar... Tanto esforço que ela teve para se preparar para o
desafio e não resultou em nada... Mas a princesa não desistiu de recrutar
a cavaleira, ao invés disso disse que iria torná-la sua guarda costas real se
ela conseguisse provar sua força.
Os guardas disseram que era impossível uma mulher ter a
mesma força de um bravo cavaleiro real. Mas a cavaleira azul correu até a
montanha mais alta do reino e tirou ela do solo... Levantando a grande
montanha acima de sua cabeça!
No final, Sunshine tornou a cavaleira azul sua guarda costas
real e a cavaleira azul agradeceu sua princesa do fundo do coração... As
duas haviam se tornado amigas desde aquele dia.
Capítulo 3: A deusa Megami
Havia algo de errado no reino de Diadust. As pessoas
estavam ficando gripadas muito facilmente, todas estavam ficando com
febre e suas testas estavam vermelhas feito pimentas.
A princesa Sunshine não ficou doente, mas ela ficou
preocupada com o povo. A água do reino acabou e isso só fez as pessoas
do reino ficarem ainda piores.
Sunshine consultou uma sábia anciã para saber onde poderia
conseguir água. A anciã disse que existia uma lenda de que em um reino
vizinho vivia uma deusa que trazia paz e harmonia para todos e, como
todos sabem, deusas fazem milagres como trazer água para um reino! A
anciã pediu para Sunshine ir ao reino vizinho e encontrar a deusa.
Sunshine partiu imediatamente com sua fiel guarda costas, a
cavaleira azul. Elas cruzaram muitos obstáculos como uma barraquinha de
pastel e uma loja de bolos... Em todos os lugares que encontrava comida,
Sunshine queria parar e comer.
Chegando ao reino vizinho, Sunshine perguntou onde estava a
deusa que fazia milagres, mas o povo do vilarejo fazia cara feia e dizia que
nunca tinha ouvido falar de uma deusa dessas.
Uma garotinha que passeava pelo reino disse a Sunshine que
sabia algo da deusa. Segundo a avó dela, a deusa era bem gentil e ajudava
todo mundo desse reino com o que quer que seja. A deusa fazia as pessoas
doentes ficarem boas num piscar de olhos e enchia os rios de água
limpinha. Mesmo que fosse um trabalho pequeno como entregar uma
pizza, lá estava ela pronta para ajudar.
A menina disse que a deusa ajudava todo mundo, mas isso foi
há 10 anos. Nos dias atuais, as pessoas passaram a fazer as coisas por si
mesmas e ninguém precisou mais da ajuda da deusa. Ela se sentiu inútil e
saiu chorando para a floresta, de onde nunca mais voltou.
Sunshine e a cavaleira azul correram para dentro da floresta e
encontraram a deusa ainda chorando debaixo de algumas árvores. “Vocês
são do reino daqui perto? Vão embora! Todo mundo me odeia e por isso
ninguém nunca mais me chamou para fazer nada, sou uma deusa inútil”
ela disse.
Sunshine disse que ela estava errada, o povo do reino não
odiava a deusa, as pessoas só se acostumaram a fazer as coisas sozinhas e
por isso não a chamavam mais.
De repente, todo o povo do reino veio para a floresta para
pedir desculpas. Eles disseram que ainda amavam a deusa e não a
chamavam mais porque não queriam incomodá-la.
As pessoas amavam tanto a deusa que aprenderam a fazer as
tarefas sozinhas, justamente para deixa-la descansar em paz.
A deusa encheu seus olhos com lágrimas de felicidade e voltou
a ser amiga de todos do reino. Ela agradeceu a Sunshine e trouxe água
para o reino de Diadust, além de curar todos das doenças.
A princesa Sunshine ganhou uma importante aliada e no final,
perguntou qual era o nome da deusa. Ela respondeu que seu nome é
Megami e desde aquele dia, o reino se alegrou com a ajuda da deusa
Megami.
Capítulo 4: A bruxa Witch
No capítulo anterior da história uma doença fez o povo do
reino de Diadust passar mal, mas a deusa Megami apareceu e curou todo
mundo.
Essa doença em todo o povo foi obra de uma magia negra
lançada por uma bruxa que não gostava de ninguém.
A bruxa ficou furiosa porque a deusa conseguiu curar o povo e
decidiu bolar outro plano para fazer Diadust sofrer. Seu plano era
brilhante: ela planejava lançar um feitiço que faria o reino ficar na
escuridão por dias. As crianças ficariam com medo do escuro, as famílias
não conseguiriam mais se encontrar, ficaria até difícil de andar por aí pelas
ruas.
A bruxa preparou todos os ingredientes necessários em seu
caldeirão e o feitiço foi lançado, deixando todo o reino de Diadust na
escuridão eterna...
A princesa Sunshine e suas amigas: a deusa Megami e a
cavaleira azul, decidiram passear pelo reino de Diadust, mesmo sem
conseguirem enxergar nada com a escuridão causada pela bruxa.
Megami acalmou as crianças que choravam com medo do
escuro e a cavaleira azul acendia velas para todo o povo do reino. Já a
princesa Sunshine caminhou mais um pouco e acabou encontrando a
bruxa em um canto da escuridão. A bruxa não era tão feia assim: tinha
lindos olhos azuis e era loira com uma pela bem branquinha.
A bruxa estava tremendo, dizendo que sua magia deu errado
e agora ela também está na escuridão. Mesmo que ela fosse uma adulta,
a bruxa tinha muito medo do escuro. Sempre que faltava energia na sua
casa, ela chorava muito porque ficava sozinha sem ninguém para dizer que
a luz volta alguma hora.
Sunshine percebeu o sofrimento da bruxa e decidiu abraçá-la.
Ela disse “Não se preocupe bruxa, eu estou aqui! E enquanto formos
amigas e trabalharmos juntas, a luz vai voltar, eu prometo!”.
A bruxa chorou e abraçou forte a princesa Sunshine. De
repente, a luz voltou ao reino de Diadust e tudo ficou em paz.
A bruxa disse que seu nome era Witch e a partir de hoje, ela
usaria seus feitiços para o bem e não para o mal. Afinal, ela e Sunshine são
amigas agora. Sunshine é a primeira amiga humana da bruxa e ela ficou
muito feliz.
Capítulo 5: Os pais da cavaleira
Esse capítulo falará um pouco mais sobre a cavaleira azul.
Os pais da cavaleira azul mandavam a filha fazer um monte
de coisas: enquanto a mãe queria que a cavaleira aprendesse a tricotar,
dançar e cuidar de flores, o pai queria que a filha fosse uma guerreira e
treinasse diariamente suas técnicas de espada.
Todos os dias, os pais dela brigavam porque tinham planos
diferentes para a filha. A mãe queria que ela fosse gentil como uma
donzela e o pai queria que ela fosse forte como um nobre guerreiro.
A cavaleira azul fazia tudo que seus pais mandavam. Mas no
final do dia, sempre ficava muito cansada. Ela decidiu contar tudo para
suas amigas: A deusa Megami, a princesa Sunshine e a bruxa Witch.
As amigas da cavaleira azul ficaram com pena da amiga e
quando decidiram falar alguma coisa, perceberam que a cavaleira já
estava dormindo de tão cansativo que foi o dia.
No outro dia...
A cavaleira azul não aguentou mais os pais obrigando ela a
fazer coisas diferentes e sempre brigando. Ela enfiou a espada no seu
coração e morreu... A noite ficou fria como o gelo e escura como as trevas.
Os pais da cavaleira perceberam o erro que cometeram e
choraram bastante, querendo que a cavaleira voltasse a viver. Eles
prometeram nunca mais brigar e nunca mais obrigar a cavaleira a fazer
nada na vida.
As lágrimas dos pais foram o suficiente para a deusa Megami
perceber o arrependimento dos pais da cavaleira. Então ela decidiu reviver
a cavaleira azul. Os pais ficaram muito felizes e pediram desculpas. A
cavaleira finalmente conseguiu viver tranquilamente com seus pais e tudo
deu certo no fim.
A noite era bela, agora que as lágrimas já foram embora...
Capítulo 6: A garota chamada Sparkle
Em um dia qualquer no reino de Diadust, a princesa Sunshine
decidiu dar uma caminhada pelo reino e viu quatro crianças brincando.
Uma das crianças despertou a curiosidade de Sunshine porque ela usava
óculos e era um pouco preta e branca, como se o desenhista tivesse se
esquecido de colori-la. Mas se bem que esse livro não tem figuras.
Sunshine perguntou quem era a menina e ela respondeu
timidamente que seu nome era Sparkle.
Sparkle estava brincando de tica (pegar) com as outras
crianças. Mas por alguma razão, ninguém ticava nela. Ela fugiu dos
outros, mas ninguém foi atrás dela. Sunshine perguntou a garotinha por
que isso acontecia. Sparkle disse que era porque ela era “café com leite” e
por isso ninguém podia ticar nela. Pelo menos foi o que as outras crianças
a disseram.
Depois da brincadeira, um garoto disse que todos iriam
explorar o reino para encontrar tesouros. Ele disse que o melhor lugar era
numa caverna escura que ficava perto da praia, mas que ninguém nunca
teve coragem de entrar lá.
As crianças foram para a caverna e Sunshine foi atrás.
Lá dentro, elas bateram em algumas pedras e gritaram bem
alto, mas nada acontecia. Eles procuraram por tesouro, mas tudo que
acharam foi carvão.
Quando estavam para desistir da busca, o chão começou a
tremer e Sparkle caiu em um buraco que apareceu do nada. Sunshine
perguntou se os outros iriam descer no buraco para ajudar à amiga, mas
todos ficaram com medo e correram para fora da caverna. Deixaram
Sparkle para trás.
Sunshine não desistiu e entrou no buraco para resgatar
Sparkle. Quando a encontrou, a garotinha estava toda encolhida chorando
perto de um canto escuro. Ela chorava porque achava que ninguém iria vir
buscá-la e que poderia morrer ali mesmo.
Sunshine acariciou a cabeça de Sparkle e disse que ela iria
ajudar a garotinha a sair da caverna. Sparkle perguntou o motivo, afinal,
nem mesmo os amigos com quem ela tanto brincava vieram resgatá-la.
Sunshine disse que aquelas crianças não eram amigos da
garotinha, eles a deixaram sozinha assim como sempre a deixam de lado
das brincadeiras. Sunshine estendeu a mão para Sparkle e disse que ela
seria sua amiga, e que nunca a deixaria de fora de nenhuma brincadeira.
Sparkle chorou de alegria e as duas amigas saíram da caverna
trabalhando juntas.
Ao sair da caverna, as duas amigas notaram o céu estrelado e
admiraram aquelas estrelas lindas. As estrelas no céu já devem ter vivido
por milhares de anos e é assim que a amizade verdadeira deveria ser:
deveria durar milhares de anos, como as estrelas.
Capítulo 7: A filha da bruxa
Era aniversário da deusa Megami e todos do reino de Diadust
estavam animados. Todos adoravam a deusa, por isso achavam que ela
merecia uma festa digna de princesa.
Não era para menos, afinal, a deusa vivia usando seus
poderes para ajudar todos do reino. Todos achavam a deusa linda e gentil.
Já a bruxa Witch conseguia usar magia, mas ninguém pedia
sua ajuda. Não pediam porque tinham medo da bruxa. Ela já foi uma
bruxa malvada uma vez, quem sabe não poderia voltar a fazer maldades?
Um dia, a bruxa Witch encontrou uma garotinha que estava
brincando sozinha com algumas bonecas. A bruxa perguntou o motivo
dela estar brincando sozinha e não ajudando o povo a preparar o
aniversário da deusa Megami.
A garotinha disse que não entendia o motivo do povo gostar
tanto da deusa Megami. A garota disse que preferia a bruxa Witch.
A bruxa se perguntava: “qual seria o motivo dessa garota
gostar de mim?”, mas ela ficou tão comovida com as palavras da menina
que nem ligou e decidiu agradecer a menina.
As duas brincaram o dia todo. Brincaram com bonecas, de
esconde-esconde, de atirar pedras no rio, de “lançar magia perigosa no
povo”... Enfim, brincaram a tarde inteira.
No final do dia, a bruxa queria mesmo saber o motivo da
garota dizer que gosta dela. A garota disse que no começo era só para
agradar a bruxa e quem sabe a bruxa não se comovia para brincar com a
menina. Mas depois, a garota disse que realmente gostou (e ainda gosta)
da bruxa porque ela é a única que brinca com a garotinha. “Você é como a
mamãe quando ela ainda estava viva, você brincou comigo o tempo todo e
é por isso que eu gosto de você!” foi o que ela disse.
A bruxa ficou tão comovida com as palavras da menina que
chorou lágrimas de alegria. A menina teve uma grade ideia: “se a deusa
Megami tem um aniversário, por que não fazemos uma festa de
aniversário para você também?”.
A menina preparou a maior festa do reino para a bruxa, tudo
sozinha. O povo do reino de Diadust ficou curioso com a grande festa, mas
afinal, para quem era aquela festa?
“É para uma bruxa muito boazinha, tão boa, linda e gentil
como uma mãe!” disse a garotinha.
E seja por curiosidade ou porque ficaram emocionadas com as
palavras da garotinha, todas as pessoas de Diadust celebraram o
aniversário da bruxa Witch.
A bruxa adorou seu dia, mas o melhor presente que recebeu
foi o carinho extremamente acolhedor da sua nova filha.
Capítulo 8: O garoto que não entendia ninguém
A deusa Megami estava passeando pelo reino nesse dia. Em
todo canto que ela passava, existia uma criança que via até ela e brincava
com a deusa. Megami gostava de brincar com as crianças porque isso as
deixava felizes, mesmo que ela seja uma adulta.
Havia apenas uma criança que não se aproximou de Megami
quando ela passou. Foi um garotinho que parecia muito solitário e
brincava sozinho escrevendo algumas coisas em um papel. Megami
perguntou ao garotinho se ele queria brincar com ela, mas o garotinho
não pareceu entender a pergunta.
Os outros garotos que estavam por perto disseram que ele era
um garoto que veio de muito longe e não sabia falar o idioma de Diadust
ainda. Por isso, ninguém brincava com ele. Disseram que ele nunca
entenderia as regras de nenhum jogo porque não entende nada que as
pessoas falam.
A deusa Megami acreditava que as amizades poderiam vir
mesmo sem palavras. Ela pegou uma folha de papel e alguns lápis de cor e
começou a desenhar ao lado do garotinho que não entendia ninguém.
A deusa e o garoto fizeram vários desenhos e mostraram um
para o outro. Não tinha como eles dizerem em palavras o que acharam
das figuras, mas um simples gesto já era o suficiente: às vezes era um
sorriso, algumas vezes era um olhar de admiração e outras vezes eles não
entendiam mesmo era nada.
Depois que os dois cansaram de pintar, Megami brincou de
briga de dedo com o garoto. Não foi difícil entender as regras, é um jogo
bem fácil que não precisa nem de explicação. Só precisa de dedo, é óbvio.
Depois eles foram jogar algumas pedras no rio. O menino
jogou uma pedra com tanta força que acabou quebrando um barco que
passeava no mar, mas a deusa prometeu pagar tudo quando ela ganhasse
na loteria... Espera, ela não é uma deusa? Por que ela não conserta o
barco com magia?
Os outros garotos do reino começaram a achar as
brincadeiras interessantes e todos decidiram brincar também. O garoto
que não entendia ninguém adorou ter tantos amigos novos para brincar,
agora ele já não estava mais sozinho.
Com o tempo, os garotos ainda estavam brincando todos
juntos e o menino que não entendia ninguém acabou aprendendo algumas
palavras. Ele queria aprender ainda mais e decidiu estudar bastante. O
menino conseguiu entender todo mundo e todo mundo o entendia. Claro,
ele errava as palavras às vezes, mas isso era normal porque ele ainda
estava aprendendo.
Acho que quando você quer muito ser amigo de outra pessoa,
não importa qual a língua que vocês falam, não importa a cor, cabelo ou
as roupas que o outro usa. A amizade é uma linguagem que vem do
coração e ela é bem mais fácil de entender que qualquer outra linguagem
no mundo, basta querer ser amigo.
Capítulo 9: A nova mãe de Sprout
O reino de Diadust parecia estar bem tranquilo naquele dia,
principalmente para uma garotinha chamada Sprout e sua mãe chamada
Tree.
A garotinha adorava ficar perto de sua mãe o tempo todo:
seja no trabalho, no jantar, no banheiro...
Tá bom, no banheiro nem tanto. Mas na hora de dormir,
Sprout e sua mãe dormiam juntas e estavam sempre felizes.
Um dia, ocorreu uma tempestade horrível em Diadust. O
vento levou árvores, cavalos, vacas, poeira (Embora isso não fosse
novidade)... Era um vento muito forte mesmo.
Sprout estava bem porque ficou em casa o tempo todo e sua
casa era bem forte. Mas a sua mãe que foi fazer compras ainda não tinha
voltado. Sprout falou para si mesma: “devia ter ido com a minha mãe, nós
sempre fizemos as coisas juntas, mas hoje ela pediu que eu ficasse em
casa...”.
Quando a tempestade passou, todos no reino ficaram
aliviados, exceto Sprout que ainda não encontrou sua mãe.
Sprout procurou em todos os cantos e não achou sua mãe.
Quando ela passou pelo cemitério do reino, alguns moradores disseram
que já era tarde demais: a filha nunca mais poderia ver a mãe novamente.
Sprout chorou e chorou por dias. Os moradores acharam que
ela nunca mais sairia de casa e ficaram muito preocupados. Eles foram até
a princesa Sunshine e pediram sua ajuda. Sunshine não sabia o que fazer,
mas a bruxa Witch teve uma ideia.
Witch pediu que uma das pessoas de Diadust fosse a nova
mãe de Sprout. Uma das moradoras se chamava Sakura* e ela tinha um
coração tão grande que decidiu ser a nova mãe de Sprout.
*Sakura significa flor de cerejeira em japonês
Sakura se apresentou e disse que iria fazer Sprout bem feliz de
agora em diante, mas Sprout não gostou da novidade e fez a cara mais
feia de todas para sua nova mãe. Sunshine ficou preocupada, mas Witch
disse que confiava em Sakura para aquecer o coração de Sprout mais uma
vez. Ela só precisava de mais tempo.
Sakura era bem desastrada e de vez em quando queimava as
comidas que preparava para sua filha, mas sempre fazia tudo com
bastante empolgação e carinho por sua filha. No entanto, Sprout ainda
não dava importância ao esforço de sua nova mãe.
Sakura levou Sprout ao parque de diversões, deu uma
mesada maior à menina e ainda ajudou a filha com o dever de casa. Ela
também deixava Sprout chamar todas as suas amigas para farrear quando
quisesse.
Todas as noites, Sakura dizia: “Se estiver precisando de
alguém para dormir com você quando estiver com sono, pode ir bater no
quarto da mamãe que eu sempre te deixarei entrar”, mas Sprout sempre
dormia sozinha.
Algumas noites, Sakura ouvia sua filha chorar porque teve um
pesadelo ou porque tinha saudades da antiga mãe. Nesses dias, Sakura
oferecia mais uma vez que sua filha fosse dormir no quarto da nova mãe,
mas Sprout sempre recusava.
Quando chegou o dia das mães, Sakura queria passar o dia
com Sprout. Ela queria um dia com mãe e filha juntas, mas Sprout disse
“Você não é minha mãe, e nunca será! Eu odeio você!”.
Sprout fugiu de casa nesse instante, mesmo sabendo que
haveria uma grande tempestade se aproximando de Diadust hoje. Ela
correu para bem longe e foi se esconder em uma loja de doces japoneses.
“Aqui a Sakura não vai me achar. Eu não a quero como minha
nova mãe, eu só quero a mamãe!” ela disse.
O céu de Diadust ficou nublado e um vento forte foi levando
as árvores que estavam perto de Sprout. Ela começou a ficar com medo e
tremeu bastante. Tudo o que ela queria era fugir de casa, mas agora
estava em perigo. Ela disse: “Eu estou com medo, eu quero que alguém me
salve. Por favor, alguém me salve! Eu prometo não ser mais tão malvada
com a Sakura, eu prometo ser gentil com ela. Mas, por favor... Alguém me
salve...”.
De repente, Sakura apareceu e agarrou Sprout bem forte. As
duas ficaram abraçadas enquanto andavam em segurança até uma casa
que estava por perto.
Sprout ficou surpresa, pois mesmo depois dela ter dito algo
tão ruim, mesmo depois dela fugir de casa, Sakura ainda foi procurá-la no
meio da tempestade. Sprout perguntou o motivo de Sakura ter se
arriscado tanto para salvá-la no meio de uma tempestade. Sakura olhou
nos olhos de sua nova filha e disse: “É porque eu te amo! Não importa se
você não me vê como sua mãe, ou se você vive me olhando com raiva. No
meu coração você sempre será a minha querida filha”.
As duas se abraçaram por muito tempo. Lágrimas de
felicidade caíram de seus rostos enquanto a chuva parava e a tempestade
já havia desaparecido.
Witch olhou para as duas e pensou que fez a decisão certa.
Agora Sprout nunca mais estará sozinha, ela sempre poderá contar com o
amor da sua mãe de coração.
Capítulo 10: A boneca da bruxa
Quando era pequena, a bruxa Witch adorava ficar com sua
mãe. Elas brincavam de “testar poções perigosas no povo de Diadust”.
Você não sabe como brincar disto? É que nem “apertar a campainha e
correr”, só que não tem que apertar nada... E também não tem
campainha... E não precisa correr.
Embora a mãe de Witch fosse bem traquina como a filha, ela
também se esforçava para ser uma ótima mãe: ela lia histórias para a filha
dormir, brincava com a filha quando ela quisesse, fazia muitos docinhos
gostosos para a filha...
Enfim, as duas estavam sempre juntas e adoravam ficar
juntas.
Um dia, era dia das mães e Witch não sabia o que dar para
sua mãe. Ela queria algo que fosse especial e que a mãe gostasse muito.
Ela pensou em livros, perfumes, caixas de chocolate... Mas a Witch não via
sua mãe usando nada disso.
A Witch parou um pouco e pensou: “O que a minha mãe
geralmente faz? Ela lê histórias para mim e brinca comigo. É isso! Um
brinquedo! Aposto que ela gostaria de receber um brinquedo meu!”.
Witch comprou uma boneca vestida de bruxa que ela achou a
cara da mãe. A mãe adorou receber um presente da filha e as duas
estavam mais uma vez felizes de estarem juntas.
Mas a mãe de Witch não tinha uma ótima saúde e chegou um
dia que ela não conseguia mais se levantar da cama do hospital. Witch
rezava todos os dias pedindo que sua mãe melhorasse e que as duas
conseguissem ficar unidas de novo. Rezar não é um costume muito
frequente para as bruxas, afinal elas não acreditam em deuses, mas Witch
queria que sua mãe ficasse boa novamente de qualquer jeito.
Um dia os médicos chamaram a bruxinha para a sala onde
sua mãe ficava. A mãe segurou bem forte a mão da filha e disse que elas
duas não poderiam ficar juntas nunca mais, pois a mãe já estava partindo
para o céu nesta noite.
Witch ficou muito triste com a notícia e começou a chorar.
Para que a filha não ficasse mais tão triste, a mãe a presenteou com a
boneca bruxinha que ela ganhou no dia das mães. A mãe disse “trate essa
boneca com carinho e ela será uma ótima amiga. Se você e ela ficarem
sempre juntas, ela te ajudará a esquecer de que a mamãe não está mais
com você. É um presente da sua querida mãe, então aposto que você irá
tratar a boneca com muito carinho. Mas nunca se esqueça de tratar bem
suas amigas de verdade também, porque elas também sempre estarão
perto de você para te alegrar nos momentos difíceis”.
Witch voltou para casa e abraçou a boneca bem forte. Ela
chorou por vários dias. A bruxinha não tinha amigas senão a mãe, então
ninguém veio apoiá-la enquanto ela chorava. Pelo menos era isso que
Witch pensava, mas isso foi antes de perceber que a sua boneca falava.
“Ei, não chore! Garotas bonitas como você não deveriam
chorar nunca” disse a boneca.
Witch ficou espantada no começo, achou que estava ficando
louca, mas a boneca falava mesmo.
Depois de um tempo, as duas acabaram se tornando grandes
amigas e Witch cresceu bastante, mas ainda era uma criança. Ela agora
tinha de ir para a escola de feiticeiros e lá conheceu algumas amigas como
a deusa Megami.
Witch gostava de ficar com a deusa, embora elas fossem bem
diferentes. Mas ela nunca se esqueceu da boneca: elas sempre estavam
juntas. Só que quando ela dizia que a boneca falava, ninguém acreditava.
Era como se somente Witch conseguisse ouvir a voz da boneca.
Um dia, Witch deixou sua boneca em cima da carteira da
escola e foi ao banheiro. Quando voltou, sua amiga não estava mais lá!
Alguns meninos pegaram a boneca e correram para longe. Witch se sentiu
frustrada e correu atrás dos meninos. Megami decidiu ajudar também,
mas ela corria tanto quanto um gordinho em uma maratona.
Quando Witch alcançou os meninos, eles disseram: “Essa é a
boneca que você diz que fala, mas ninguém ouve? Quero ver se ela fala
depois disso...”. Eles puxaram a boneca pelos dois braços, rasgando-a ao
meio.
Witch ficou muito triste ao ver sua amiga em pedaços, ela
chorou muito e os garotos foram punidos pela professora.
A bruxa lembrou-se de quando a mãe entregou a boneca a ela
e ficou ainda mais triste. “Agora eu não tenho mais ninguém, ficarei
sozinha para sempre!” disse ela. Mas ela acabou ouvindo uma pequena
voz da boneca que dizia: “Você nunca estará sozinha. Lembra-se do que a
sua mãe disse? Suas amigas estarão sempre perto de você nos momentos
difíceis”.
De repente, Megami apareceu e viu a boneca toda destruída
sendo segurada por Witch. A deusa teve muita pena da amiga e usou o
máximo de seus poderes para consertar a boneca, mesmo que ela ficasse
bem fraca quando usava magia.
A boneca ficou como nova e Witch ficou muito feliz. Ela
agradeceu milhões de vezes e chorou lágrimas de alegria. Witch disse à
boneca que agora as duas poderiam conversar novamente, mas a boneca
falou em uma voz bem fraquinha: “na verdade, eu nunca falei nada. Foi
você quem imaginou que eu falava esse tempo todo. Isso aconteceu
porque você precisava de uma amiga para te manter feliz nos momentos
difíceis. Mas você não vê? Você nunca esteve sozinha desde que a sua
amiga Megami te conheceu. Você não acha isso impressionante? É assim
que verdadeiras amigas deveriam ser: sempre se preocupando umas com
as outras”.
Depois daquele dia, Witch e Megami se tornaram melhores
amigas e nenhuma das duas estava mais sozinha. A boneca já não falava
mais, mas Witch nunca se esqueceu dos momentos felizes que passou com
sua primeira amiga.
Capítulo 11: A deusa ficou doente
A deusa Megami adorava ajudar as pessoas do reino de
Diadust com sua magia. O povo podia pedir qualquer coisa: consertar a
banheira, construir um foguete, matar uma barata, lavar o carro enquanto
faz uma apresentação de dança de rua... Qualquer pedido era realizado
pela deusa.
Quando Megami não estava ajudando as pessoas, ela estava
brincando com as crianças do reino. Embora a deusa já fosse uma adulta,
ela gostava muito de usar sua magia para alegrar o dia das crianças.
Um dia, Megami fez um dragão gigante aparecer e as
crianças usaram espadas de madeira para derrotar um dragão de
verdade... É, como o dragão cuspia fogo nas espadas de madeira, essa foi
uma grande “ideia de girico”, uma ideia ruim.
No outro dia, a deusa fez chover sorvete e as crianças se
encheram de sorvete.
Tudo parecia bem enquanto Megami ainda conseguisse usar
sua magia para resolver tudo. Mas um dia, ela ficou doente e estava tão
fraca que não podia mais usar magia. Os melhores médicos foram
chamados para cuidar da deusa e as crianças rezavam todas as noites
pedindo que a deusa ficasse boa novamente.
Após muito tempo, Megami se recuperou e não precisava
mais ficar no hospital. O povo ficou bem animado e perguntou qual foi o
médico que salvou a vida da deusa. Eles se questionaram por horas, mas
nenhuma resposta.
De repente, a bruxa Witch apareceu e disse que foi ela quem
curou Megami.
Todos ficaram assustados: Witch sempre teve inveja de
Megami e faria de tudo para conseguir ser a única feiticeira de Diadust.
Por qual motivo ela ajudaria a deusa?
Witch deu então a péssima notícia que abalou muita gente:
“A deusa não poderá mais usar nenhuma magia até se recuperar por
completo da doença”. Todo mundo pensou que Witch tinha jogado uma
praga na deusa e já estavam prontos para atacar a bruxa, mas Megami
não permitiu que eles fizessem tal coisa. “Ela realmente salvou a minha
vida, então não pode ser uma pessoa má” disse ela. O povo não atacou a
bruxa, mas não gostaram nem um pouco da situação.
A bruxa deu algumas instruções ao povo: “Se tratarem a
deusa com carinho, sem nenhuma indiferença, ela irá recuperar seus
poderes. Se por algum motivo vocês passarem a não gostar mais da deusa,
ela ficará muito triste e jamais voltará a ser como antes”. Todos
concordaram em tratar a deusa com bastante carinho e a deusa disse que
ainda queria ajudá-los sempre que precisassem.
Quando alguém precisava trocar uma lâmpada, lá estava
Megami com uma lâmpada novinha. Quando precisavam de ajuda com o
dever de “Fundamentos e teorias da ciência moderna”, lá estava ela mais
uma vez...
As crianças ainda brincavam com a deusa, mas nada que
utilizasse magia. Brincavam de escalar árvores, faz de conta, assistiam
filmes do famoso cineasta japonês Hayao Miyazaki.
A deusa começou a se acostumar com a vida sem magia, mas
o povo estava começando a pedir coisas um pouco mais difíceis como uma
viagem ao espaço, uma luta contra um dragão, chuvas que impedissem o
rio de secar, um namorado confiável... Esse tipo de desejo a deusa já não
podia mais realizar.
Todo dia, mais e mais pedidos como esse surgiam e Megami
ficava triste por não conseguir realizar os desejos do povo. Ela achava que
todos iriam voltar a ser como antes: não precisariam mais da deusa nunca
mais.
Megami ficou muito triste e correu até a bruxa Witch. Ela
disse: “Por favor, quero os meus poderes de volta! Eu não aguento mais
ficar sem usar magia! Eu não sou mais uma deusa, ninguém mais irá
precisar de uma fraca como eu que não consegue usar magia. Por favor,
eu quero voltar a ser uma deusa, quero voltar a ser amada!”.
Witch ficou muito desapontada e disse que se o povo não a
amasse mesmo depois de ela ter perdido os poderes, então ninguém
merecia ter uma amiga tão preciosa como Megami. A deusa chorou e
correu para bem longe, tentando escapar da realidade. Mal sabia ela que
o povo de Diadust estava preocupado com seu desaparecimento.
Todos de Diadust procuraram a deusa em todos os lugares e
não conseguiram a achar, mas nunca desistiram. Dia após dia, as buscas
ficavam cada vez mais perigosas. Muita gente ficou ferida.
De vez em quando, a deusa aparecia sem ser notada por
ninguém e via os habitantes de Diadust lá de cima. Ela chorava por não
conseguir fazer nada para curar os feridos, mas sabia que não poderia
voltar a viver com todos. Na cabeça dela, algum dia ninguém iria precisar
mais dela e todos se esqueceriam da deusa.
Um dia, as crianças que viviam brincando com a deusa foram
procurar Megami nas montanhas altas e perigosas do reino. Uma delas
acabou caindo e quebrou a perna. Ela sentiu muita dor, mas as outras
crianças não sabiam o que fazer e ficaram assustadas. De repente,
Megami não teve escolha e apareceu com um kit de primeiros socorros
para socorrer a criança machucada.
As crianças ficaram emocionadas e disseram que o povo
estava procurando a deusa já faz muito tempo. Megami disse o motivo de
sua fuga, mas a criança machucada a interrompeu: “Você não precisa ter
poderes para ajudar os outros. Você pode não conseguir fazer tudo o que o
povo quer, mas mesmo assim precisamos de você e nunca deixaremos de
gostar de você! Megami, nós te amamos tanto que ninguém realmente se
importou quando você não conseguia mais usar magia para ajudar. Todos
ficaram aliviados de ver que você estava curada da doença, pois gostamos
mesmo é de ter você por perto!”.
Megami chorou de alegria ao compreender os sentimentos do
povo de Diadust. Ela prometeu nunca mais fugir e todos ficaram felizes por
reencontrarem a deusa. Nesse momento, os poderes da deusa voltaram,
porque seja sem poderes ou com poderes, a deusa Megami sempre será
tratada com carinho pelo povo que a ama de verdade.
Capítulo 12: O lugar secreto
No reino de Diadust, existia uma garotinha chamada Sparkle
que se tornou amiga da princesa Sunshine. Ela era bem tímida e não tinha
nenhum verdadeiro amigo, mas acabou se tornando amiga da princesa.
Começaram as aulas do reino de Diadust e Sparkle ainda não
havia feito nenhuma nova amizade no colégio.
De repente, uma colega bem agitada chamada Genki
apareceu e disse que queria ser amiga de Sparkle. A garota gritava
bastante e era bem extrovertida, diferente de Sparkle que era tímida e não
falava com ninguém.
Um dia, Sparkle perguntou por qual motivo Genki queria ser
sua amiga. A amiga respondeu com a seguinte frase: “Você parece uma
pessoa bem gentil e de confiança, garanto que seremos ótimas amigas!”.
Receber elogios de uma pessoa que ela mal conhece fez Sparkle ficar bem
feliz e as duas sempre ficaram juntas desde aquele dia.
Seja tomando sorvete, ficando de castigo por conversar
durante a aula, no banheiro... Seja onde for, as duas amigas estavam
sempre juntas.
Um dia, elas descobriram uma casa em cima de uma árvore
que chamaram de “lugar secreto” e só as duas sabiam onde ficava esse
lugar. De vez em quando, elas se reuniam no lugar secreto para tomar
sorvete observando as estrelas.
“Esse é o nosso lugar secreto e só nós duas sabemos onde ele
fica, está bem? Não pode falar para mais ninguém porque esse lugar é o
símbolo da nossa amizade!” foi o que Genki disse. Sparkle ficou muito feliz
por ter uma amiga tão diferente, mas de tanta confiança como Genki.
“Um dia, uma amiga minha me mostrou um céu estrelado
como esse e me ensinou o que é uma amizade verdadeira. Essa amiga é
muito preciosa para mim, você tem de conhecê-la algum dia!” disse
Sparkle. Genki disse que tudo bem, mas pediu que não contasse nada
sobre o lugar secreto para essa amiga. “Esse lugar secreto é a prova da
nossa amizade e de mais ninguém! Eu sei que eu posso estar sendo egoísta
agora, mas é que eu gosto mesmo de ter só nós duas tomando sorvete e
observando as estrelas” disse Genki.
Sparkle pode ter achado um pouco grosseiro da parte de
Genki, mas isso já não importava mais. O importante era que as duas
ainda iriam ter esse lugar só para elas e a amizade das duas duraria para
sempre.
No outro dia, entrou uma aluna nova na sala. Seu nome era
Nigiyakana, ou Nigi como a chamavam na outra escola. A professora
achou bem estranho: ela tinha duas alunas com nomes japoneses na sala e
as duas tinham um significado bem parecido: “Nigiyakana” é “agitado” em
japonês e “Genki” é “saudável, cheio de energia”.
Nigi se sentou bem do lado de Genki e as duas conversaram
bastante durante a aula. Sparkle se sentiu meio deixada de lado, mas ela e
sua amiga se encontraram no intervalo e conversaram bastante.
Os dias se passaram e Genki conversou bastante com a nova
aluna. Sparkle achava que as duas haviam se tornado melhores amigas e
uma incerteza abalava seu coração: “será que Genki gosta mais da aluna
nova do que eu? Ela é bem mais forte e cheia de energia”. Mas depois, ela
dizia para si mesma: “Genki e eu ainda somos as melhores amigas. Afinal,
ainda compartilhamos o grande segredo do lugar secreto. Genki nunca
contará a ninguém sobre o local, ele é o símbolo da amizade entre nós
duas”.
Depois da aula, Sparkle e Genki foram para o lugar secreto
como de costume. No entanto, quando chegaram lá, encontraram Nigi.
Por algum motivo, Genki já sabia que Nigi estaria lá e as duas se
cumprimentaram normalmente.
Sparkle não conseguia acreditar: a sua amiga havia contado
para outra pessoa onde ficava o lugar secreto. Mas isso não era para ser
um segredo somente entre as duas? O que poderia ter acontecido? Será
que Genki agora se tornou tão amiga de Nigi que decidiu contar o
segredo? Ela ficou emocionalmente abalada com a situação e correu de
volta para casa.
A partir do outro dia, Sparkle não falou mais com Genki. Na
verdade, as duas mal se encontravam mais.
Um dia, Genki perguntou o que ela fez para a amiga nunca
mais falar com ela. Só que Sparkle estava furiosa com Genki e nem deu
ouvidos a pergunta da amiga, já saiu da sala de aula e foi para bem longe
da ex-amiga.
No caminho de volta para casa, Sparkle passou pelo lugar
secreto. Ela ficou olhando para aquela casa na árvore e pensou: “Esse
lugar era para ser nosso segredo e de ninguém mais, então o que
aconteceu? Por que a Nigi agora sabe do lugar? Será que eu não presto
mais para ser amiga da Genki? Desse jeito, Genki não vai mais ser minha
amiga e eu vou ficar sozinha novamente. Eu não quero isso!”.
Com tanta inveja no coração, Sparkle teve uma ideia horrível:
ela queimou a casa na árvore. Já que a casa na árvore representava a
amizade entre Sparkle e Genki, se ela fosse embora a amizade não existiria
mais. Pelo menos foi isso que ela pensou.
Nesse momento, Genki apareceu e perguntou a Sparkle o que
aconteceu. Sparkle contou toda a verdade e a ex-amiga deu um tapa na
cara dela.
Genki disse: “Você está louca? Essa casa é, e sempre será o
símbolo da nossa amizade! Você é minha melhor amiga e nada nesse
mundo vai mudar isso! Mas acontece que essa era a casa da aluna nova
antes mesmo de a encontrarmos. Se esse fogo acabar com a casa da Nigi,
ela não terá mais onde morar!”.
Toda a raiva de Sparkle se transformou em vergonha. Ela não
acreditava que tinha duvidado tanto da amiga. Ela não acreditava que
conseguiu fazer algo tão ruim com a nova aluna. Estava totalmente
arrependida, mas sabia que deveria fazer alguma coisa para apagar o
incêndio que havia provocado.
Sparkle se jogou para dentro da casa que pegava fogo e
apagou o incêndio abanando a própria camisa para cima e para baixo. Foi
uma tarefa muito difícil, mas a garota faria de tudo para não deixar
acabar o símbolo da amizade entre ela e sua melhor amiga.
De repente, o fogo apagou e, fora alguns estragos, a casa
ainda estava muito bem. Sparkle deve ter se desculpado umas mil vezes.
Depois de tudo, podia ser que ela e Genki nunca mais voltassem a ser
amigas, mas por mais que a inveja seja um sentimento muito forte, a
amizade é o sentimento que sempre prevalece, certo?
Demorou um pouco para as duas se entenderem novamente,
mas nada que algumas noites com sorvete observando as estrelas não
resolvesse.
O lugar secreto continua escondido, mas dessa vez ele não é
visitado somente pelas duas amigas. Sparkle ganhou uma nova amiga e as
três não poderiam ser mais felizes do que são hoje.
Capítulo 13: A Sprout é uma garota exibida
Este é mais um capítulo sobre Sprout: A garota que perdeu a
mãe e demorou a se acostumar com a nova mãe, mas deu tudo certo no
final.
Só que desta vez o capitulo é sobre Sprout e seus amigos do
colégio. Sprout não tinha nenhum amigo do colégio...
Mas ela vivia chamando a atenção dos outros estudantes. Ela
gostava de se gabar o tempo todo, sendo o centro das atenções.
Quando uma aluna comprava um vestido novo e mostrava
para toda a classe, Sprout dizia: “Esse vestido nem se compara aos que eu
tenho lá em casa. Mas é claro, uma garota linda como eu, merece os
melhores vestidos, não é?”.
A classe de Sprout ia viajar em um passeio escolar pelo reino
todo e ela estava bem animada. Ela comprou os melhores vestidos para a
ocasião e esperava levar vários elogios para casa.
Durante o passeio de ônibus, Sprout pegou o microfone da
professora e deu uma de guia turístico, só para demonstrar o quanto sabia
sobre o reino.
Os alunos ficaram entediados e decidiram tocar uma música
durante o passeio, deixando Sprout bem irritada.
Quando chegaram à primeira parada, era uma lanchonete.
Sprout não comeu nada e disse a turma: “Essa lanchonete só tem
sanduíches podres e salgados estragados. Eu só como lanche de primeira,
por isso não comerei nada”. Ela viu as outras alunas conversando e se
dando bem enquanto comiam sanduíches e sentiu um pouco de inveja por
não estar no grupo. Decidiu entrar no grupo mesmo que não tivesse
lanche, mas não conseguiu puxar nenhum assunto que não fosse sobre ela
mesma.
Na segunda parada, todos foram visitar o castelo da princesa
Sunshine. Sprout não parava de dizer que os diamantes pareciam todos
falsos e os cavaleiros eram fraquinhos. Para contradizer a menina, a
cavaleira azul demonstrou que podia palitar os dentes com a árvore mais
alta do reino, mas Sprout nem ligou.
Mais uma vez, Sprout se juntou a outro grupo de alunos e
desta vez falou sobre o quanto custava cada uma das obras de arte do
castelo da Sunshine. Ninguém queria ouvir isso e por isso deixaram a
menina sozinha em um canto.
Na terceira etapa do passeio, todos deram um grande
mergulho na cachoeira perto do castelo, exceto Sprout que disse que a
água estava muito gelada para ela entrar. “Vocês são loucos de entrar
nessa água, tomara que apareça um crocodilo e coma todos vocês!” ela
disse.
Sprout cansou de ficar sozinha. Ela queria ter amigas para
curtir a viagem, queria se enturmar. No entanto, tudo que ela sabia fazer é
falar sobre si mesma e falar mal de todos os outros. Como alguém assim
iria conseguir arranjar amigas? De repente ela teve uma brilhante ideia:
“vou falar com a deusa Megami e ela irá me transformar em uma garota
gentil que consegue ter vários amigos”.
A deusa ficou um pouco preocupada com o plano da menina.
Ela disse “seria bom se seus amigos te aceitassem como você é
atualmente, não por você ser outra pessoa. Que tal se você só parar de
insultar os outros? Aposto que seus amigos gostariam de você dessa
forma”. Mas Sprout não queria saber e ordenou que a deusa usasse logo
uma magia que fizesse a menina “ser gentil e ganhar muitos amigos”.
Após o feitiço da deusa, Sprout conversou com os colegas de
uma forma bem diferente: ela elogiou os vestidos das meninas, comeu a
mesma comida que os outros, até cantou com os outros quando
passeavam de ônibus.
Graças à mudança de atitude da menina, todos a
estranharam, mas ela finalmente tinha assunto para falar.
Sprout achava que tudo estava dando certo. Ela elogiou mais
e mais os outros alunos e não falou nada sobre si mesma. Alguns minutos
depois da viagem, os alunos começaram a evitá-la.
Ela disse: “O que eu estou fazendo de errado? Vocês não
gostam de ser elogiados e que eu não fique falando sobre mim mesma?”.
Todos pararam por um momento até que alguns alunos
responderam: “É que essa não é a verdadeira Sprout que todos
conhecemos. Claro, você é sempre bem metida, mas essa é a verdadeira
Sprout”.
Sprout disse “Mas eu não tinha amigos antes e agora que sou
gentil terei vários amigos porque vocês gostam de mim”.
“Na verdade, nós já gostávamos de você antes. Quer dizer,
exceto pela parte em que você nos insultava. Mas o seu jeito de agir é
como princesa mesmo, e isso é diferente de qualquer um. Claro, algumas
vezes você é bem chata, mas é assim que você realmente é. Não sabíamos
que estava se sentindo sozinha, pois você sempre vive no meio de tantos
estudantes”.
Sprout nunca havia parado para pensar, mas ela realmente
sempre estava rodeada de estudantes. Mesmo que não conversassem
nada, ela sempre estava buscando escutar a conversa dos outros. Será que
ela nunca precisou realmente achar novos amigos? Será que as pessoas
com quem ela tentava se enturmar já a consideravam como amiga?
Sprout não fazia ideia de que os alunos gostavam mais do
jeito normal dela do que quando ela virou uma menina bem gentil. Ela
decidiu voltar a ser quem era antes, mas dessa vez sem insultar ninguém.
Acho que cada um tem seu jeito de ser e nada deve ser
mudado. Se você muda só para obter novos amigos, essa pessoa mudada
não é mais você, é outra pessoa.
Capítulo 14: O dia em que Sunshine ficou sozinha
Naquele dia, a princesa Sunshine foi visitada por todo tipo de
gente do reino: tinham camponeses que queriam casas maiores, a deusa
Megami pedia que a princesa estudasse mais para se tornar uma princesa
mais sábia, vendedores de salada perguntaram se carne era um bom
complemento para uma salada... Enfim, todos no reino queriam alguma
coisa da princesa.
Ela achava que ouvir todos aqueles pedidos era muito chato e
procurava uma forma de fazer todos pararem de perturbar.
A cavaleira azul teve uma brilhante ideia: que tal dar uma
viagem para todos do reino? Assim eles ficariam longe por um tempo e a
princesa não teria de aguentar mais os pedidos chatos. Sunshine
concordou na hora e comprou as melhores passagens para “Aquele lugar
bem longe do reino de Diadust”.
O povo disse que sempre quis visitar esse lugar e todos
arrumaram suas malas e foram embora. No reino de Diadust, só sobrou a
cavaleira azul e Sunshine. Elas poderiam fazer o que quisessem sem
reclamações.
Sunshine achou que não ter o povo de Diadust por perto seria
bem legal. Ela comeu tudo o que queria, rabiscou todos os livros, dormiu
até tarde, fez bagunça no castelo todo... Enfim, foi tudo diversão.
No entanto, quando a noite chegou, ela tremeu de medo
porque as ruas pareciam desertas e silenciosas. Todas as noites em que a
princesa precisava sair de casa, ela pedia que a cavaleira azul a
acompanhasse.
A cavaleira azul não gostava de ser interrompida no seu
horário de treinamento, então nesse tempo a princesa Sunshine não tinha
ninguém com quem conversar.
Não se sabe se foi a solidão ou se foi o medo, mas alguma
coisa fez Sunshine sentir saudades de todo o povo de Diadust. Ela sentiu
saudade até das coisas ruins: dos camponeses perguntando, da deusa
exigindo estudo... Ela só não sentiu saudade dos vendedores que
pensavam em colocar carne na salada, afinal como é que aqueles que
querem emagrecer reagiriam quando comessem um bife bem gorduroso?
Percebendo toda a saudade que sentia, Sunshine ligou para
cada uma das pessoas que moravam em Diadust e todos voltaram
imediatamente. Ela ficou envergonhada, mas pediu desculpas por querer
se livrar de todos para ter um pouco de sossego.
O povo celebrou o retorno com uma grande festa e Sunshine
já não estava mais sozinha nesse reino.
Capítulo 15: O cachorro chamado Inu
A deusa Megami passeava tranquilamente pelo reino de
Diadust até que foi surpreendida por um cachorro bem grandão que latiu
para ela.
Um garotinho correu atrás do cachorro e conseguiu acalmar a
fera. Ele disse que o cachorro não gostava de estranhos. Já com pessoas
que ele conhecia, era bem carinhoso.
Megami observou o menino e o cachorro felizes juntos. Os
dois brincavam de pegar, tomavam banho, comiam juntos...
Vendo o quão bem os dois brincavam juntos, a deusa teve
vontade de ter um cachorro também. Ela viu um cachorro abandonado e
usou magia para fazê-lo ficar saudável novamente. Depois, ela o levou
para casa.
Dentro de casa, o cachorro bateu nos móveis, pulou no sofá,
mordeu as almofadas... Enfim, foi uma confusão. Megami teve de arrumar
tudo com a magia dela depois e pediu para o cachorro não fazer mais
bagunça.
Megami decidiu que seu bichinho precisava de um nome e
acabou decidindo que seria Inu. Tá bom, ela não era muito original já que
“Inu” é cachorro em japonês.
A deusa estava cansada de usar tanta magia e decidiu dormir.
Ela preparou uma casinha de cachorro para Inu dormir, mas ele foi
insistente e só queria dormir junto da dona. Após muitas tentativas de
fazer Inu dormir lá fora, Megami resolveu colocar uma coleira no cachorro
e amarrá-lo bem firme na casinha.
Ela dormiu dentro de casa sem se preocupar com nada...
Quero dizer, nada exceto Inu. Ele quebrou a janela e conseguiu arrastar a
casinha até a cama de Megami. Depois dessa, ela não teve escolha senão
deixar Inu dormir no quarto dela.
No dia que Megami levou o cachorro para passear, ele correu
atrás de gatos, fez xixi no pé de um dos cavaleiros da princesa, rolou em
todas as poças de lama e... Resumindo, ele só fez bagunça.
Inu não só era travesso como também muito esperto. Teve um
dia que a deusa decidiu ir ao teatro antigo e não levou o cachorro, mas Inu
conseguiu entrar disfarçado de burguesia: com um monóculo, uma cartola
e vestindo um terno preto. O dono da bilheteria disse que nunca tinha visto
um rico tão peludo quanto ele. Mas é claro que quando Inu não aceitou a
champagne de graça que estavam oferecendo na entrada do teatro,
descobriram na hora que ele era um cachorro.
Todas as noites, Inu trazia seus amigos para a casa de
Megami. Juntos. Eles uivavam para a lua e isso enchia a paciência da
deusa, que jogava um tijolo nos cachorros para ver se eles paravam. Mas é
claro que não paravam.
Outro dia, Inu entrou no banheiro e Megami achou que, como
ele era tão inteligente, já sabia usar o sanitário para fazer suas
necessidades. Quando ele saiu, ela percebeu que tinha cocô de cachorro
no teto, na banheira, no espelho, na escova de dente... Só não tinha no
vaso sanitário, né?
Como deu para perceber, Inu era um cachorro que dava muito
trabalho para a deusa e ela já não aguentava mais. Decidiu levar o
cachorro para o meio da floresta e deixar ele lá, abandonado como
quando ela o encontrou.
Mas Megami era uma deusa, e alguns deuses tem o coração
tão mole que ajudam todos aqueles que necessitam. A deusa não
conseguia parar de pensar no cachorro perdido na floresta, sentindo frio e
fome. Decidiu voltar e buscá-lo.
No meio do caminho, um lobo estava atacando algumas
crianças e a deusa parou para ajudar. Ela tentou lançar uma magia para
acalmar o lobo, mas o animal correu atrás dela após perceber sua
presença.
Megami correu bastante até chegar ao final de uma caverna.
O lobo ainda estava lá e rosnava bastante para a deusa, só um milagre a
salvaria naquele momento.
De repente, Inu apareceu e lutou com o lobo para proteger a
deusa. Os dois animais ficaram bastante feridos, mas Inu conseguiu vencer
no final. No entanto, ele foi gravemente ferido e estava perto de morrer. A
deusa tentou usar uma magia para curá-lo, mas já era tarde demais...
Nesses últimos dias, Megami não conseguia entender o
motivo dos humanos gostarem tanto de cachorros. Cachorros só babam,
mordem e trazem confusão segundo ela. Mas após Inu protegê-la com sua
vida, a deusa entendeu o motivo de todos gostarem tanto de cachorros:
Cachorros são leais com seus donos. Só é preciso um pouco de
amor todos os dias para que um cachorro possa dar sua própria vida para
salvar aquele que eles amam.
Capítulo 16: A cavaleira azul quer ser outra pessoa
A cavaleira azul decidiu treinar nas montanhas para ficar
ainda mais forte e proteger a princesa Sunshine de qualquer perigo. É claro
que Sunshine também foi junto.
No topo da montanha, a cavaleira quebrou umas 1000 pedras
e aguentou ficar embaixo da forte cachoeira por uma hora inteira.
Enquanto isso, Sunshine só ficava observando e comendo
bagana. De vez em quando ela fazia um exercício: “apertar o botão do
controle da televisão”.
Antes de todos os leitores perguntarem se existia televisão na
época, Sunshine apertou uma vez, duas vezes, três vezes, quatro...
“Opa! O controle caiu no chão. Cavaleira azul, pega pra mim?
Está muito longe!” disse ela. Bem, pelo menos a princesa estava lá para
apoiar sua amiga.
Em certo dia de treino, a cavaleira azul quebrou uma rocha
cheia de espinhos com a mão, o que a fez sentir muita dor depois. Foi
nessa hora que ela solou um grito bem feminino que ressoou por toda a
montanha.
Do nada, apareceu um jovem mago que ouviu o grito dela. Ele
usou uma magia na mão dela e colocou um curativo em sua mão. Depois
ele se apresentou como Wizard, o mago que vive nas montanhas.
Wizard disse que nunca tinha visto uma mulher tão bonita na
vida como a cavaleira azul. Disse que adorava garotas que são meigas e
precisam sempre de alguém para protegê-la.
Sunshine quase que conta a verdade, mas a cavaleira tapou a
boca da amiga. A cavaleira estava apaixonada pelo mago e não queria
dizer nada para que ele deixasse de gostar dela. Decidiu agir como o mago
a descreveu: meiga e dependente.
A cavaleira agarrou no braço do mago e disse que estava com
muito frio, então ele a abraçou até o momento em que fez uma fogueira
para que todos pudessem se esquentar.
Naquela noite, assim que Wizard voltou para sua casa e
prometeu voltar no dia seguinte, Sunshine pediu para olhar o ferimento da
cavaleira. Ainda parecia bem dolorido e tinha umas marcas estranhas
onde o mago usou magia. No entanto, a cavaleira disse que não estava
mais doendo, já que o amor do mago a curou.
Sunshine não gostava de ver sua amiga agindo de forma
diferente só por causa de um rapaz. Se ela o amasse de verdade, deveria
agir normalmente e torcer para que ele ainda goste dela. A cavaleira azul
não seguiu o conselho de sua amiga. “Se ele gosta de mim sendo tímida e
meiga, é assim que eu devo agir se quero conquistá-lo” disse ela.
No outro dia, Wizard se encontrou com a cavaleira mais uma
vez e os dois conversaram enquanto olhavam a linda vista do topo da
montanha. Sunshine não queria atrapalhar e decidiu procurar por água,
mesmo que ela fosse preguiçosa para fazer qualquer tipo de coisa. Quem
não entendeu a preguiça de Sunshine leia desde o começo do capítulo.
Passou a tarde inteira e a cavaleira nem notou que Sunshine
ainda estava desaparecida. Somente após Wizard voltar para sua casa nas
montanhas é que ela se tocou. Ela partiu para a floresta em uma tentativa
de achar a princesa.
Chegando perto de um penhasco, ela viu a princesa amarrada
e Wizard pronto para empurrá-la. Sunshine gritou para que sua amiga a
socorresse, mas a cavaleira ainda estava em estado de choque ao
perceber a cena.
“Ela não vai te salvar, porque está enfeitiçada desde quando
eu a marquei no outro dia. A cavaleira agora não tem toda aquela força de
antes e não vai me impedir de matar a princesa bem aqui nesse penhasco”
disse o mago.
A cavaleira parecia cada vez mais hipnotizada devido ao
feitiço do mago, mas quando percebeu que ela jogou a princesa do
penhasco, não hesitou em pular do penhasco para salvá-la.
Aquela cena era inacreditável: a cavaleira se libertou do
feitiço do mago, pulou para salvar a princesa arriscando a própria vida e
ainda conseguiu sobreviver caindo em cima de um lutador de sumô que
apareceu por perto.
A cavaleira azul pediu desculpas e disse que nunca mais iria
mudar por causa de um garoto. Afinal qual vale mais: um amor cheio de
mentiras ou uma amizade verdadeira?
Capítulo 17: Sempre existe Sunshine
Parecia um dia pacífico em Diadust, mas não era. Algo terrível
aconteceu: A princesa Sunshine foi sequestrada!
Um bilhete de resgate dizia que ela foi presa em uma torre
gigante e guardada por um dragão cuspidor de fogo. É claro que a
cavaleira azul foi atrás da princesa para salvá-la, mas ela não fez isso
sozinha: chamou a deusa Megami e a bruxa Witch para ajudá-la.
As três amigas estavam determinadas a encontrar a princesa
Sunshine. Só assim o reino, não... Elas mesmas poderiam descansar
sabendo que Sunshine estaria segura.
A jornada até a torre do dragão foi cansativa, mas nossas
heroínas enfrentaram todos os desafios.
A lava que ficava ao redor da torre fez a deusa Megami ficar
cansada e fraca, mas ela tentou não atrasar o salvamento da princesa.
Para salvar a princesa, Witch tinha um plano: a deusa poderia
distrair o dragão enquanto a cavaleira e ela salvariam a princesa. Megami
queria muito salvar Sunshine e concordou com o plano.
O plano pareceu dar certo, mas a deusa estava muito fraca e
já não aguentava mais nem voar. Ela apagou em pleno ar e foi comida
pelo dragão. A cavaleira assistiu a cena toda e não conseguiu acreditar
que a bruxa tenha colocado Megami em perigo. Ela ficou com muita raiva
da bruxa e as duas não eram mais amigas.
Quando Sunshine ficou aliviada de ter sido salva pelas amigas,
a cavaleira apontou sua espada para a princesa e jurou que nunca mais a
protegeria. A cavaleira disse: ”Graças a você, perdemos a deusa Megami e
ela nunca mais voltará para nós. Foi tudo culpa sua! Eu te odeio!”.
Desde aquele dia, a princesa nunca mais encontrou as suas
amigas. Aliás, elas deveriam estar com muita raiva da princesa. E agora?
O que Sunshine deveria fazer?
Ela passava várias noites solitárias pensando o tempo todo
nas amigas. É claro que a cavaleira azul e a bruxa Witch também
pensavam muito nas amigas que perderam.
Um dia, ela encontrou quatro garotinhas que perguntaram o
que havia acontecido com a princesa. Ela falou de tudo o que aconteceu e
chorou enquanto contava a história. Seu choro foi interrompido por uma
das garotinhas:
“Você dá trabalho, hein? Não percebe que está brigando por
uma causa bem idiota?” foi o que a garota que parecia a mais levada
disse.
A princesa chamou a garotinha de malvada porque a morte
da deusa não foi nada idiota. A garota mais tímida respondeu:
“Mas vocês não eram grandes amigas? Pra quê brigar por
uma coisa dessas? A deusa ainda não morreu, ela pode estar na barriga do
dragão e você ainda não percebeu.” ela disse.
“Isso é loucura” disse a princesa.
“Você que é louca” disse a Menina mais bem arrumada.
“Se eu fosse amiga dessa deusa, iria preferir acreditar que ela
está viva ao invés de choramingar por sua morte” disse a Menina que
parecia a... A menos esperta.
A princesa achou que elas pudessem estar certas e decidiu ir
sozinha até o dragão. Ela pegou a maior espada do reino e partiu para
cima do dragão, mas as bolas de fogo do monstro fizeram a espada virar
churrasco.
Quando a princesa achou que estava perdida, a cavaleira azul
rebateu uma das bolas de fogo do dragão e a salvou. A bruxa Witch
também estava por perto e lançou seus melhores feitiços contra o dragão.
Todas pediram desculpas e não estavam mais brigadas. Na
verdade, estavam tão unidas que derrotaram o dragão usando todos os
seus poderes.
A deusa estava lá. Ela estava viva e chorou lágrimas de
alegria por ter reencontrado as amigas. Tudo estava bem agora.
Chegou o dia da coroação da princesa Sunshine. Ela agora se
tornaria rainha, depois de tanto tempo após a morte de sua mãe. Ela
olhava para o céu e sentia que sua mãe estava orgulhosa da filha, pois
Sunshine não era mais preguiçosa e nem irresponsável, era uma linda
rainha com várias amigas importantes.
Os pais da cavaleira azul ficaram orgulhosos da filha agora
estar protegendo uma rainha e abraçaram a filha bem forte.
Sakura e sua filha Sprout também foram ver a coroação. Elas
chegaram trazendo todos os colegas de Sprout, que agora eram seus
melhores amigos. Mesmo que ela ainda fosse uma garota bem metida.
Sparkle veio acompanhada das suas amigas, Nigi e Genki. Nigi
agora tinha uma casa bem grande que Sparkle nomeou de “lugar secreto
2”. Que falta de imaginação, hein?
Witch veio com a sua filha, que gostava beeem mais de
bruxas que de deusas. Na verdade, a filha dela disse que iria ser uma
“aprendiz de bruxa”, que tal?
Megami veio com o garotinho que não sabia falar nada no
reino, mas ele agora já sabia falar e tinha muitos amigos. Lembram-se
dessa história? Ela olhou para o céu para ver se o cachorro que ela teve
estava vendo essa celebração tão importante para a sua melhor amiga.
Sunshine foi coroada rainha e com certeza sua mãe devia
estar bem orgulhosa da filha lá no céu.
A nova rainha pensou sobre o dia em que ela e as amigas
fizeram as pazes. Ela se lembrou das quatro garotinhas que a ajudaram:
uma parecia bem burra, outra usava óculos, outra parecia bem forte e
outra parecia bem... Rica?
Quem será que eram aquelas quatro garotinhas que
ajudaram Sunshine quando ela mais precisava? Bom, isso não importa.
Talvez essas garotinhas sempre estiveram lá para ajudar Sunshine. Porque
você sabe: mesmo que o dia esteja o mais nublado possível e que tudo
pareça que vai dar errado, haverá sempre um raio de sol para iluminá-lo e
trazer a felicidade de volta. Quem sabe esse raio de sol não era na verdade
quatro garotinhas que ensinaram Sunshine como se desculpar com suas
amigas? Não, acho que isso é pensar demais...
Epílogo: A vida é um livro
Irmã: Melody, suas amigas estão esperando lá fora.
Melody: Opa! Já estou indo!
Mimi: Tem certeza que não está se esquecendo de nada?
Nakamura: Leve tudo o que precisar.
Princess: Qualquer coisa é só comprar no caminho.
Melody: Ah, é mesmo! Me esqueci de uma coisa!
Mimi: O que vamos fazer com você, Melody-chan?
Subi as escadas da minha casa e peguei um caderno em
branco. Era um caderno sem nada mesmo, totalmente em branco.
Poderíamos escrever qualquer coisa nele.
Melhor levar esse caderno quando for passear com as minhas
amigas. Nunca se sabe, não é? Pode ser que tenhamos uma nova ideia
para um livro. Afinal, a vida é um livro. FIM.
Pode ser que alguns dias sejam nublados.
Pode ser que nem todo dia seja só alegria.
Mas não deixe de acreditar.
Sempre existirá luz do sol para clarear a nossa vida.
Fábio Andrews Rocha Marques
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O livro que nós criamos