1 - JESUS DIZIA ENORMES DISPARATES Jesus era apenas um homem. E ser um homem não é pouco, pois o Homo Sapiens é de longe o produto mais apurado da Evolução. Jesus era apenas um homem. E um homem que, se disse o que os Evangelhos afirmam que disse, dizia enormes disparates. Dizia, por exemplo, que não nos preocupássemos com o dia de amanhã, confiando inteiramente na providência divina: - “Olhai as aves do céu: não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros”. “Aprendei dos lírios do campo, como crescem, e não trabalham nem fiam”. – Doutrina perigosíssima se fosse levada a sério. Uma doutrina que desvaloriza o trabalho, talvez porque Jesus nunca trabalhou. Disse, segundo os Evangelhos, que voltaria ainda naquela geração. Que voltaria sobre as nuvens do céu e que a sua segunda vinda seria como um relâmpago que atravessa o céu do oriente a ocidente, e que alguns dos que o escutavam ainda assistiriam. – Voltou? – Não voltou. É por isso evidente que dizia disparates, e não eram pequenos, acerca da sua segunda vinda, tal como eram disparates tudo o que dizia acerca de espantosas calamidades que a precederiam e que até incluíam a queda das estrelas do céu. No mesmo pacote estava incluída a destruição do templo. A destruição do templo aconteceu, mas não o mais que Jesus associava a essa destruição e que era incomparávelmente mais importante. E não foi a primeira vez que o templo foi destruído. E falava da “abominação da desolação anunciada pelo profeta Daniel” associando-a ao fim do mundo. Agora a “abominação da desolação” já não pode acontecer, porque o templo já não existe. Já não há palco para a grande tragédia anunciada! Jesus, quando foi preso para a seguir ser julgado, estava completamnete alienado em consequência de ter acreditado que tinha sido anunciado pelos profetas. Na Introdução já pus em destaque palavras dos Atos dos Apóstolos que, com base no Deuteronómio, pretendem mostrar que Jesus foi anunciado desde Moisés. É claro que essa passagem do Deuteronómio só abusivamnete pode aplicar-se a Jesus, mas isso acontece também com todas as pseudo-profecias messiânicas! Jesus acreditava cegamente nessas pseudo-profecias! Vou mostrar o que, segundo os Evangelhos, Jesus dizia acerca de tudo o que associava à destruição do templo. As transcrições são d’“A Bíblia de Jerusalém”. – Há n’ “A Bíblia de Jerusalém” uma nota que diz que a afirmação de que aquela geração não passaria sem que tudo o anunciado acontecesse é apenas relativa à destruição de Jerusalém e não ao fim do mundo; mas isso é apenas uma tentativa de esconder a evidência de que Jesus errou enormemente. As palavras de Jesus são claras: – “Sem que tudo isso aconteça”. E veja-se esta outra passagem de “Mateus”, no capitulo 10, versículo 23: – É inegável que Jesus dizia aos discípulos que voltaria ainda naquela geração. Mas vamos ver o que se pode ler no Evangelho atribuído a Marcos. – Como se vê, também em “Marcos” se diz que aquela geração não passaria sem que tudo o anunciado acontecesse. Nota-se que está em contradição com isso a afirmação, no versículo 10, de que “é necessário que primeiro o evangelho seja proclamado a todas as nações”, mas ou Jesus pensava que o mundo era tão pequeno que isso podia fazer-se em pouco tempo ou tal afirmação lhe foi atribuída mais tarde sem que ele a tivesse feito: a segunda hipótese é que deve estar certa, visto que em “Mateus” ele é apresentado a dizer que os apóstolos não acabariam de percorrer as cidades de Israel até que viesse o Filho do Homem. Várias passagens dos Evangelhos revelam que Jesus se considerava destinado a cumprir a sua missão apenas para os descendentes de Israel, pelo que todas as expressões com sentido universalista lhe devem ter sido atribuídas mais tarde. Vejamos ainda o que acerca dos assuntos a que se referem as passagens transcritas de “Mateus” e “Marcos” pode ler-se em “Lucas” (no capítulo 21): - Como se vê, também em “Lucas” se diz que aquela geração não passaria sem que tudo acontecesse. E já em 9, 27 podia ler-se: O Evangelho atribuído a João não inclui qualquer referência aos acontecimentos anunciados nas passagens trancritas dos três primeiros Evangelhos, mas isso explica-se por que foi escrito mais tarde: quando já se verificara que efectivamente o templo e a cidade tinham sido destruídos mas não acontecera tudo o mais que Jesus associara a essa destruição. Ter-se-á elaborado então o Evangelho atribuído a João – no qual, para fazer esquecer que Jesus falhara estrondosamente, se procurava dar a volta por cima consumando a sua divinização através de um prólogo que começa pela seguinte frase: – “No princípio era o Verbo e o verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” – omitindo qualquer referência ao seu nascimento. Mas não nos desviemos do assunto deste capítulo: – Que Jesus dizia enormes disparates. A origem disso era a errada interpretação das Escrituras, e há um livro que contribuiu para isso mais do que qualquer outro: – “Daniel” Mostrarei que além dos disparates que já mostrei disse muitos outros. E era filho de José. E não ressuscitou. Provàvelmente nem sequer morreu na cruz. O que não obstou a que a sua memória desempenhasse um papel importantíssimo na história de grande parte da Humanidade, para o bem e para o mal.