Prefiro chamar relato (Jefferson Medeiros da Silva Júnior) Algumas tantas datas, horas, minutos e sobra a falta do que imagino saber. Caneta a gente sabe, nada produz; ainda que habilite a mão a reluzir fogo do peito ou da mente. Assim reconheço não ser capaz de poesia porque quero. Agora preciso me fazer claro: não se inquiete, não é preciso concordar. Toda poesia é um relato da mais terna ou pavorosa forma de ver. Aqui me explico: a poesia sempre está pronta, por viver, por morrer, ou apenas sendo. Sendo assim não esta na vontade de mulher ou homem inaugurar a poesia, se a isso se pretende vem montada em mentira. Poesia é verbo de autoria humana quando floresce por natureza, não por vontade. Assim inaugura poesia minha pitangueira que sombreia e alimenta porque é vida em seu formato, não por ter querer: eu a isso apenas relato. A mim e a nós compete ser poeta sobre tudo quando capazes de amor, assim como o vento, que venta porque venta. Acredito ser transparente em dizer que poesia é ato e propriedade de tudo que vive. E que a nós em razão compete sobre ela o relato. Logo relatar poesia é indiscutivelmente ato de amor, o que faz do poeta a poesia em si, e não seu criador. Sufocante... (Uma voz no Campus) Queria eu, cada lágrima abortada Canal único de alívio, Explicasse com voz própria Aos meus pais minha derrota. Era anunciado, “Reprovarei a todos” – disse o brado Dos risos de espanto, Restou apenas o pranto. Não quero voltar... Não quero viver... Não quero sobrar... Notícia recebida em domicílio, Pela maldita ave azul que trouxe no bico E espalhada a todos os ventos, Minha honra, minha moral, meus sentimentos. Alquebrada em minha alma, Navego o oceano para me perder. Esquecer e mim. Queria eu estagnar a hora. Até que, No avançado do desobediente tempo, Nossos oceanos se cruzam e, Outras lágrimas me molham o cenho. Lá estava o garoto deitado De vermelho, só a blusa, Sereno e doce, De rosto na areia colado. Inconcebível! Seriam essas as mesmas lágrimas de antes? Quais delas as mais importantes? Teriam elas o mesmo valor? Seriam bobas as primeiras, Frente ao escândalo explícito? Não teria eu direito a elas? E de novo, Choro em puro desespero, Imatura e culpada, Descrente, desamparada Desesperada Afogada por diferentes lágrimas, Cada uma com um peso... Todas histórias do avesso.