8 www.diariodominho.pt Braga Diário do Minho DOMINGO, 29 de janeiro de 2012 Stock Outlet atrai muita gente ao AXA mas expositores queixam-se das vendas DM Carla Esteves Encontrar soluções económicas para o início do ano em grande poupança é a proposta da Feira Outlet de Braga, que este fim de semana está a atrair muita gente ao Estádio Municipal de Braga. Desde produtos de vestuário a calçado e têxteis para o lar é possível encontrar um pouco de tudo no recinto, com os já habituais descontos, entre os 50 e os 80 por cento. Contudo, apesar do movimento, os expositores queixavam-se ontem do volume de vendas ter ficado aquém das expetativas. Segundo Alberto Ferreira, da organização, encontram-se concentrados no AXA 48 expositores vindos de vários A feira outlet que hoje termina no Estádio AXA permite adquirir artigos com desconto pontos do país. «Antes desta realizou-se no Estádio Axa uma outra feira, a cargo de uma organização diferente, que não cumpriu os seus objetivos. Cabe-nos agora a nós recomeçar e corrigir o que esteve mal», esclareceu o responsável, que também realiza o mesmo tipo de eventos no Parque de Exposições de Braga (PEB). Confrontado com a opinião de alguns expositores, que prefeririam que este evento também tivesse sido realizado naquele local, Alberto Ferreira esclareceu que os dois devem funcionar em complemento. «A nossa ideia é regressar ao PEB no mês de maio e voltar aqui em outubro, controlando assim o mercado, de modo a que os eventos se complementem entre si», esclareceu. Filipe Almeida, um comer- ciante de artigos de cortiça e pele, vindo das Caldas da Rainha, participou pela primeira vez na feira no Axa. «Se continuar assim esta será a primeira vez que não ganho dinheiro em Braga», referiu, sublinhando que «esta altura do ano não é a mais adequada, depois das compras do Natal e dos saldos». O responsável da Sapataria Daniela Ana, de Braga, também participou para escoar stock das duas últimas coleções de primavera/verão e outono/inverno, mas preferiu o certame realizado no PEB. Do outro lado da fronteira, de Pontevedra, os responsáveis do pronto a vestir Passerelle deslocaram-se mais uma vez a Braga para comercializar os seus produtos, um destino que já lhes é habitual. «Vem muita gente, mas está muito frio cá dentro e os casacos ainda se vão vendendo, mas nenhuma senhora arrisca experimentar um vestido», referiu Patti, uma das responsáveis da empresa. Indiferentes às queixas, ontem eram muitos os bracarenses que aproveitavam para comprar gastando menos, numa época em que poupar é o melhor remédio. «Estamos a gostar. Já comprei um cobertor e roupa para os miúdos», revelou Ana Silva, que foi à feira com a família. Maria do Céu Costa aproveitou para comprar sapatos e botas, e acha que «valeu a pena por causa dos preços, apesar do espaço ser um pouco apertado». Núcleo de Arquitetos de Braga analisou transformações do território Marta Encarnação António Silva O Núcleo de Arquitetos da Região de Braga (NARB) da Ordem dos Arquitetos realizou ontem uma viagem pelo território de Braga. Uma viagem guiada pelos geógrafos Miguel Bandeira e Álvaro Domingues com o objetivo de observar lugares que estão sujeitos a processos de transformação radicais, lugares onde as vinhas se misturam com as vias rápidas. A iniciativa, explicou José Martins, do NARB, pretende ser uma espécie de “zoom in” temático que tem como fundo o distrito de Braga, concretamente as cidades de Braga, Famalicão, Guimarães, Barce- los e Esposende. Em cada uma destas cidades, os arquitetos propõem-se analisar diferentes temas. As reflexões temáticas serão depois publicadas em livro. José Martins realça que o enquadramento entre o rural e o urbano nem sempre é fácil. «Temos de ter sensibilidade para a construção do território. Estas coisas convivem e não há forma de as controlar. Há vários poderes por trás, poderes económicos, sociais. É uma realidade», afirmou. Os arquitetos têm de ser sensíveis ao que existe, à construção e ao que lhes é pedido. «Não é fácil. Este encontro serve para discutirmos sobre qual o seguimento que O grupo de arquitetos de Braga centrou atenções no “Dolce Vita” e na paisagem que o envolve o território está a ter, de que maneira podemos resolver e quais os problemas que vamos ter no futuro próximo», acrescentou. Para Álvaro Domingues, um dos geógrafos convidados, é importante sair dos lugares muito conhecidos e ir para locais que estão a sofrer grandes transformações. E foi na variante Braga/Prado que a comitiva centrou atenções no “Dolce Vita” e na paisagem que o envolve. «O grande desafio é perceber o que se está a pas- sar e perceber que as coisas não são incompatíveis. O brilho do centro comercial, mesmo que nunca tenha aberto, não faz com que a vinha deixe de dar uvas. Assim como a vinha não fará cair as vendas no centro comercial», susten- tou o geógrafo. Já para Miguel Bandeira, a leitura do território bracarense assenta em duas impressões: abundância e antiguidade. «O território bracarense é como um palimpsesto, que se vai raspando, que se vai escrevendo em cima e fica sempre a marca do texto anterior, e que está mais admiravelmente articulado e relacionado entre si do que aquilo que se pensa», disse. Para Miguel Bandeira, a cidade de Braga é o testemunho de uma continuidade e riqueza que a recuperação e a revisão desse passado pode constituir a «principal fonte de respostas para as perguntas de hoje».