Editoria: Gestão de Escritórios
Data: 7/7/2014
Qual o verdadeiro propósito do seu escritório?
Parece simples, porém será que todos os sócios de uma sociedade têm a resposta para esta
pergunta?
O que se observa de fato, é que não. Os sócios, em boa parte, constituem um
Antes de qualquer coisa, os sócios, proprietários do escritório, devem ter em mente qual o
propósito da vida deles. O que eles querem ser? O que eles querem fazer profissionalment e? O
que os realiza? O que os motiva? Que tipo de contribuição eles querem dar para a sociedade onde
vivem? O que os fará levantar cedo, trabalhar bastante, encarar desafios, correr riscos e ainda
assim, sentirem prazer?a sociedade de advogados sem, de man eira objetiva e clara, saberem qual
o real propósito da sociedade que estão montando.
Filosóficos estes questionamentos?
SIM!
Mas se cada sócio tiver a resposta nítida para estas perguntas, a busca por outros sócios que
comunguem as mesmas ideias, desejo s e aspirações, ou ainda que se complementem, desde que
se respeitem, propiciará uma sociedade com probabilidade muito maior de sucesso do que aquelas
que são constituídas sem tomar este cuidado, em muitas situações buscando apenas aspectos
técnicos.
Esta sintonia e complementariedade faz com que a sociedade seja muito mais coesa e o seu
desenvolvimento, bem como a superação das dificuldades, seja muito mais fácil de lidar, e acima
de tudo, menos árdua e muito mais prazerosa.
No fundo, o que estamos tratan do aqui é uma parte significativa do planejamento estratégico que
abordamos nesta coluna, na matéria: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: Por que tê -lo? publicada
em 27/05/13.
Se os sócios têm as respostas para estas perguntas, a sociedade também terá que responder a
que veio. Qual o seu verdadeiro propósito. De certa maneira, responder as mesmas perguntas
feitas individualmente a cada sócio.
As respostas destas perguntas constituirão o que o mercado denominou nos últimos anos como
Visão, Missão e Valores.
Ao se definir isto, se deve publicar, divulgar para que todos aqueles que se relacionam com o
escritório tenham ciência.
É bem verdade que em função desta div ulgação muitos não queiram se relacionar com esta
sociedade. Poderá perder -se várias oportunidades de ter em seu quadro profissionais talentosos
que não comunguem do seu propósito; vários clientes que também não aceitem o que esta
sociedade se propõe ser e fazer. Pois bem, não se pode agradar a todos!
Exemplificando: se o propósito da sociedade é ser um escritório especializado, o melhor em uma
única prática jurídica, existirão vários talentos que talvez queiram se juntar à sociedade, mas que
não atenderão o seu propósito. Diante deste mesmo propósito existirão inúmeros bons clientes
que têm como objetivo trabalhar somente com escritórios full service, portanto este escritório
também não conseguirá atende -los.
O propósito, tanto dos sócios, quanto do escritório, pode mudar ao longo do tempo, mas esta
mudança tem que ser verdadeira, de dentro para fora. Porque houve um amadurecimento, mudou se a relação com a vida, aprendeu -se e se desenvolveu outras características e competências,
portanto passou -se a ter outras coisas que os motiva, que trazem prazer.
O que não pode, ou melhor, não é desejável, são as mudanças vindas de fora, mas que não fazem
parte do seu verdadeiro propósito, pois poderão até trazer sucesso profissional, mas dificilmente
trarão prazer, felicidade, satisfação.
Este talvez seja o maior fator de infelicidade na sociedade atual, pois a necessidade de sucesso
financeiro e reconhecimento profissional imposto pelo m ercado profissional levam as pessoas
muitas vezes a fazerem algo que não faz parte do seu verdadeiro propósito. Até pode -se executar
bem devido à capacidade intelectual, mas é muito pouco provável que estes indivíduos sintam -se
realmente felizes.
Se, de fato, as pessoas sentem -se felizes com isto é porque, de alguma forma, atende ao seu
propósito.
É quase uma garantia que sociedades que têm o cuidado de definir, formalizar e seguir o seu
propósito e também cuidar para contratar profissionais, com a mesma identidade, venham a ter
sucesso. Sucesso este, não só econômico financeiro, mas também de realização de todos que a
constituem.
Cuidado! Definir um propósito é fundamental para se alcançar o sucesso, porém só isto não será o
suficiente. A capacidade técn ica, de prestar um serviço de alta qualidade, é essencial também.
Sem ela, de nada adianta a clareza de propósito.
Mario Leandro Campos Esequiel é gestor do escritório Mattos Filho Advogados. Economista, MBA em
Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela FGV e professor convidado do GVLaw da FGV. É
membro fundador do Grupo de Excelência de Administração Legal do CRA SP (Conselho Regional de
Administração de São Paulo) e do CEAE (Centro de Estudos de Administração de Escritórios de
Advocacia), e coautor do livro Administração Legal para Advogados da série GVLaw.
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