Transcrição vídeo Paulo Freire – ref 1078 vI tombo 1508 Local: Curo se pós graduação da PUC Data: 1994 Transcrição elaborada por Raimundo Ferreira Ignácio Pesquisa: A gestão Paulo Freire na SME de SP Cátedra Paulo Freire Profa Ana Maria Saul 1º sem 2001 CLASSE: Foi aprendendo a ser simples, ou ficar simples que eu fui melhorando. Passei a não ter problemas em ser educador para classes diferentes. O pequeno burgues, se deseja ser util à libertação, deve suicidar sua classe. Eu falo como falo e não preciso corrigir o outro, ou seja, não devo ficar procurando imitá-lo. O importante é se aceitar para tentar plantar sementes de mudança e aí se diminui o erro. Não preciso deixar de comer para lutar para quem não come. Não posso me metamorfosiar para agradar ninguém. CONSCIENTIZAÇÃO: Um exemplo, podemos dizer: Que projeto pedagógico é este, hoje, que possibilita pensar na educação como formadora de cidadania? No fundo, a gente não é, mas está sendo. O ser humano é um ser que está sendo para ser. Isto porque a condição fundamental para ser é estar sendo. DESUMANIZAÇÃO: É só aceitar a verdade como pronta. A verdade verdadeira. DISCURSO NEOLIBERAL O professor é visto sempre como culpado ou impertinente EDUCAÇÃO PROGRESSISTA. A desocultação da verdade é uma das tarefas fundamentais da educação progressista que não deve esconder a verdade. Deve deixa-la transparente. Neste intuito deve-se trabalhar com certa ideologia onde a “postura certa” diante da certeza é não estar demasiado certo da certeza.(***) Ela minimiza a exclusão, já que ninguém está livre de uma certa exclusão, porém elas são diferentes, já que certas exclusões nós nos impomos. É importante compreender a exclusão como auto-limitação. O conteúdo não se transfere, deve ser compreendido, o que significa partir da realidade para a formação deste. Desta forma, a relação do ensinar com a relação dos conteúdos possibilita democratizar o ensino, já que a educação que interessa é a educação que permite uma análise da realidade sócio-econômica. É incompatível considerar o professor como aplicador de decisões. O professor não é o único decisor do que vale a pena, já que a decisão deve ser obtida de forma coletiva, principalmente através de diálogos e aí chega-se ao que realmente vale a pena. É o diálogo que está relacionado com a realidade e isto não é fixo já que o discurso se faz e refaz, sempre numa relação solidária, não solitária. HISTÓRIA COMO POSSIBILIDADE É um método para compreender a realidade. (***) História é uma possibilidade quando opto, promovo uma ruptura e isto é mais fácil com a educação. Devemos estar preparados para saber escolher e aí fica mais claro que a educação é uma das chaves. LINGUAGEM: Não existe linguagem sem esquematização, sem sistematização, sem regras, sem significação e estruturação. A educação cria a possibilidade de se optar e aí a linguagem aumenta as possibilidades. A aquisição da linguagem se dá socialmente e aí Vygotsky supera Piaget. A linguagem dos acadêmicos, na escrita, corresponde a linguagem cultural e enquanto a linguagem falada é a linguagem cotidiana, que é uma linguagem desarmada. Se desejo me comunicar tenho que me aproximar do outro e isto não significa que ele traia seus valores. Se isto não for conseguido, eu não faço comunicação, só comunicado. Temos que encontrar uma semântica viável para compreender a sintaxe. Todos tem que me compreender. Esta é uma grande dificuldade a ser superada. PRÁTICA DE ENSINO É fundamental que saibamos lidar com as expectativas, já que sem elas a classe está morta, porém, os alunos não motivados matam o professor. PRÁTICA EDUCATIVA CONSERVADORA: Hoje não tem sentido falar de conscientização, já que a história é sempre a mesma. O que importa é a capacitação técnico-cientifico, é esse o discurso neoliberal. O que deve ficar claro é que o futuro não é pré determinado, não é pré- sabido. Ele deve ser encarado como problemático o que implica não ser pré estabelecido. É assim que a história deve ser encarada, como algo que deve ser construído e é isto que nos motiva a faze-la, abrindo assim uma possibilidade de luta, já que a certeza é um momento da história possível. Não posso aceitar a imposição do fatalismo, como também não aceito o fato de conhecermos totalmente a verdade. Não aceito, também, ignorá-la. Devemos sempre procurar desvendala. (***) A educação conservadora está ligada com a exclusão e a ocultação da verdade, onde o excluído é conscientizado da sua própria culpa, ou seja, assume a culpa por não ter exito. PRÁTICA DA LIBERTAÇÃO: Procurei entende-la não só da forma científica, mas ontológica, ou seja, o que temos, não é um presente para nós mas uma conquista seja sucesso ou fracasso. Nós Da esquerda, marxista ou cristão, erramos quando diminuímos a prática da educação, como por exemplo ao afirmarmos que se deve pensar no problema da educação após a revolução. As mudanças devem começar a partir da educação. A educação tem muito mais importância quando busca formar o reconhecimento do humano. Pessoas com estudo, letradas, tem mais facilidade de reinventar a vida. Isto prova que a história não é uma determinação, mas é tempo e possibilidade, portanto, não existe o impossível, porém isto exige um grau de consciência. Portanto, tem um papel importante na transformação do mundo e ai a educação é fundamental, já que se tudo fosse como deve ser, não teria muito significado. POSIÇÃO MECANICISTA É aquela que impede a luta, já que tem a verdade verdadeira e que resulta no aluno cada vez mais fraco e alienado RELAÇÃO ENTRE OPRIMIDO EXCLUÍDO Todo oprimido é excluído disso ou daquilo e todo excluído é oprimido disso ou daquilo, já que se tudo é como deveria ser (determinismo) ficamos paralizados. SER MAIS É ter a capacidade de criar a própria história. TEMA GERADOR O tema extrapola a limitação regional constituindo-se um eixo a ser desenvolvido a partir da realidade local para a nacional. Cuidado para não ficar só no local. Na gestão na SME, um dos problemas enfrentados era o medo de não saber desenvolver a pesquisa e este era combatido com a certeza de quem não sabe aprende, apesar das dificuldades de informação e de formação. Para se minimizar os problemas de formação reuniam-se especialistas do conhecimento que mesmo não encarados como donos da verdade, eram fundamentais para a formação inclusive dos educadores. ANA SAUL: A ideia central para se trabalhar a partir da realidade é a reflexão sobre para que e por que da educação, considerando que o ser humano vive em uma realidade e é conhecendo-a que ele se torna capaz de tomar decisões. A direção tomada pela proposta de Paulo Freire é para uma sociedade mais justa, portanto, a educação deve permitir uma análise da justiça social, política e econômica que ele está vivendo e isto vai além da motivação apenas, que não pode ser a única razão. Sabendo isto é preciso que o professor e o aluno dêem um avanço no conhecimento da realidade, que não pode ficar só num conhecimento mecanicista, ou seja, deve ir além da descrição da história e da geografia. Conhecendo, deve se refletir como podemos avançar, ou seja, só no primeiro momento ela fixa-se na realidade local. Não é possível pensar uma pedagogia sem conteúdos, já que estes são os instrumentos de conhecimentos. A partir da realidade local, deve-se desenvolver os conteúdos que não pode ficar só na descrição. A questão central: para que a educação? Para se ter um educando crítico que arquiteta formas, que ligadas ao mundo consegue transforma-lo em mais justo e humano. Como o professor faz isto? Não é se isolando e nem se achando a dono da verdade.