Gestão da Inovação em Empresas Cearenses: O Quanto se Está Distante!
Autoria: Henrique César Muzzio de Paiva Barroso, Francisca Karine Lima Torres
Damasceno
Este trabalho empírico trata da investigação das práticas empresariais em relação à Pesquisa,
Desenvolvimento & Inovação (P,D&I). Diante de um cenário de alta concorrência que requer
diferenciações competitivas, a inovação é a principal fonte renovável e sustentável de
rendimentos diferenciados, ocupando um lugar central na economia do conhecimento. Itami e
Numagami (1992) defenderam a interação entre estratégia e tecnologia, a qual deve ser ponto
central nas decisões empresariais, isto remete ao objetivo deste trabalho que buscou
identificar qual a postura de dirigentes empresariais frente a P,D&I e sua vinculação às
preocupações estratégicas. Quanto à metodologia, foi realizada uma pesquisa exploratória em
20 empresas industriais cearenses de diferentes segmentos e tamanhos, através de uma
amostra por conveniência, que responderam a um questionário estruturado. Quanto aos
resultados, estes indicaram, mesmo com registros positivos, que prevalece uma situação
preocupante da postura deste empresariado cearense, dentre eles: baixo uso de redes em
P,D&I; descompasso entre objetivos estratégicos e P,D&I; desconhecimento de legislação de
incentivo; baixo índice de parceria com IES; baixo nível educacional dos atores envolvidos;
ausência de orçamento específico. Estes resultados evidenciam uma distância da prática
destes empresários com o preceituado na literatura, que entende a P,D&I como meio
fundamental para alcance da competitividade. Este posicionamento de parte do setor
produtivo presente no Ceará indica uma postura reativa, de não valorização da atuação em
rede e de dependência do governo ou IES como principais vetores deste processo, quando
experiências vitoriosas internacionais indicam a necessidade de participação ativa do setor
produtivo na P,D&I.
1.
Problema da Pesquisa
Um dos maiores desafios organizacionais nesta época é ser capaz não só de possuir vantagens
competitivas frentes seus oponentes, mas de tornar esta superioridade sustentável. Mas a
sustentabilidade não é garantida por si só. Diante da clara possibilidade dos competidores
alcançarem o mesmo padrão de uma organização líder, seja pela imitação ou pelo
oferecimento de produtos ou tecnologias substitutos, por exemplo, urge que as organizações
tenham uma postura prioritária de estar sempre na busca de se diferenciar de seus
concorrentes.
Um caminho clássico e poderoso neste sentido é a estreita relação entre as estratégias
organizacionais e os avanços tecnológicos, alcançados pela pesquisa e inovação. Mais ainda
do que no passado, em virtude de um cenário de hiper-competitividade hoje observado, a
Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (P,D&I) emerge como fator preponderante para a
competitividade organizacional.
Teece, Pisano e Shuen (1997) já falavam nas Capacidades Dinâmicas quando se referiram a
capacidade das empresas de adaptar, integrar e reconfigurar apropriadamente os seus recursos
e as suas competências internas, paralelo com a preocupação de adequar-se às exigências de
um ambiente de negócios em constante mudança.
1
Mas esta adequação não significa ser um ator passivo no processo. Para Schumpeter (1982;
48), “as inovações no sistema econômico não aparecem, via de regra, de tal maneira que
primeiramente as novas necessidades surgem espontaneamente nos consumidores e então o
aparato produtivo se modifica sob sua pressão. É o produtor que, via de regra, inicia a
mudança econômica, e os consumidores são educados por ele..., ensinados a querer coisas
novas”. Neste sentido, é necessária uma gestão pró-ativa para a inovação, impositivamente
aliada com os objetivos estratégicos organizacionais.
A inovação tecnológica é o desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas a produtos,
processos e serviços, que pode ser desenvolvida e implementada de forma isolada por
empresas ou em parceria com outras empresas, universidades ou institutos de pesquisa.
Alguns estudiosos enfatizam as inovações como produtoras de grandes impactos econômicos
e que envolvem recursos vultosos e altos riscos. Mas pode ter uma significação mais simples,
mas não menos abrangente, onde inovar é explorar comercialmente novas idéias, obtendo
uma diferenciação para a competitividade dos produtos na empresa.
A partir da inovação é possível obter condições melhores em distintos níveis de análise
organizacional, tais como na criação de produtos e melhoria de processos, na exploração de
novos mercados, ma revitalização de negócios maduros e, de uma forma mais geral, na
competitividade.
Segundo Hasegawa e Furtado (2001; 9), “a inovação não é resultado de um processo linear
que se inicia com a pesquisa básica, passa pela pesquisa aplicada e termina com o
desenvolvimento de um novo produto ou processo que é ofertado ao mercado”. Assim, o
processo inovador deve ser entendido como uma série de interações e troca entre
pesquisadores, cientistas, usuários, técnicos, governo, empresas etc. que, por fim, constituem
a rede de inovação.
Diante da reduzida explanação aqui realizada, já é possível perceber uma posição presente
neste trabalho de que a inovação constitui tema de relevância para a competitividade
empresarial. Há vasta literatura onde pode ser encontrada esta defesa, notadamente com a
celeridade dos avanços tecnológicos destes últimos tempos e sua vinculação com o
desempenho organizacional. Na literatura predominante parece não haver maiores
discordâncias desta importância, mas será que isto está disseminado no meio empresarial?
Tanto do ponto de vista do reconhecimento como do ponto de vista da aplicação prática? O
que é preceituado na literatura é percebido pelos gestores organizacionais, sobretudo nas
pequenas empresas? Esses gestores incorporam as teorias da inovação em suas práticas? O
quanto a inovação ocupa hoje lugar privilegiado nas estratégias empresariais deste segmento?
Com a intenção de ampliar este debate e conhecer mais sobre as práticas empresariais
apresenta-se o objetivo deste trabalho, que repousa na análise da gestão da inovação em
empresas atuantes no Estado do Ceará e suas conexões com as ações estratégicas.
A justificativa deste trabalho baseia-se no fato de que, no Estado do Ceará, há ainda uma
parca pesquisa, sobretudo pelo foco acadêmico, de como se comportam as organizações
quanto à variável gestão da inovação. Este estudo é um passo que colabora para reduzir esta
deficiência do campo nesta região do país. Para a realização deste objetivo o trabalho consta
de seis partes, além da problematização aqui discutida. As duas seções seguintes analisam o
cenário da inovação e a necessidade de uma gestão estratégica da inovação para a
competitividade organizacional. Em seguida é apresentada a metodologia realizada na
2
pesquisa de campo, para depois serem apresentados os resultados da pesquisa empírica. Nos
comentários finais é feita uma análise crítica a partir dos resultados encontrados.
2. Cenário Organizacional e Inovação
Diante de um cenário mundial onde prevalece uma hiper-competição, a pesquisa e a inovação
constituíram-se em um imperativo ainda maior que fora em outros tempos, conforme
comentado. A visão prevalecente na literatura atualmente é tratar estas questões como fator
estratégico para a competitividade organizacional.
A inovação e o conhecimento são, assim, pilares de grande relevância que determinam a
competitividade nos diversos ramos industriais. A capacidade de mudar as relações com o
ambiente leva a empresa a originar sua vocação de competitividade tendo como base, o
conhecimento e a informação. Segundo Mañas (2001; 20), “para obter a vantagem
competitiva, a organização se vê obrigada a encontrar meios de ensinar os homens, que dela
fazem parte, a gerar essas informações e conhecimentos”.
A inovação é uma das principais fontes renováveis e sustentáveis de desempenho diferenciado
das empresas, tendo esta inovação ocupado um lugar central na economia baseada no
conhecimento. A tecnologia utilizada é o ingrediente fundamental para o desenvolvimento de
novos produtos ou para tornar os já existentes adaptados à demanda de seus atuais e futuros
clientes. Admite-se aqui que as permanentes transformações do meio socioeconômico são
derivadas da implantação das inovações tecnológicas e da expansão do mercado mundial que
motivam empresários a um contínuo processo de adaptação, a fim de assegurarem sua
sobrevivência e crescente participação no mercado.
De acordo com Santos (1996; 2), “a empresa deve reagir rapidamente às mudanças, em
função de sua percepção quanto às ameaças e oportunidades, para que possa atingir seus
objetivos e aumentar a probabilidade de garantir a sua perenidade”. Essas inovações
constituem, essencialmente, em mudanças empreendidas e adotadas pelas empresas, portanto,
“a estratégia fundamental para ganhar competitividade está na capacidade de inovar”
(ENRÍQUEZ E COSTA, 2005; 2).
A obtenção e a manutenção da vantagem competitiva nas empresas estão também ligadas ao
grau de inovação tecnológica investido, tanto na inclusão de novas tecnologias aos seus
produtos, quanto na aceitação de processos modernizados de fabricação e distribuição dos
mesmos. A invenção de produtos só possui importância sob o ponto de vista empresarial caso
isto possa ser explorado comercialmente. “Inovar tecnologicamente é reunir um arcabouço de
conhecimentos e técnicas para desenvolver novos processos e fazer novos produtos para o
mercado, gerando riquezas e divisas para o país. É nas empresas que a ciência pode se
transformar num bem econômico e social” (CRAVEIRO, 2004).
A inovação tecnológica é constituída de várias etapas e atividades complexas, nas quais
integram diversos agentes com diferentes papéis, tornando assim, uma tarefa difícil de
delimitar o inicio e o termino de um processo de inovação. De modo geral, esse processo é
desenvolvido a partir da percepção de um problema ou oportunidade, técnica ou
mercadológica, e finaliza na aceitação do produto que funde as soluções tecnológicas
encontradas. Uma empresa não precisa dominar todas as tecnologias que utiliza, podendo
portanto, conviver com hiatos tecnológicos, mas passando da simples capacidade de produção
3
para a capacidade de inovação terá que adquirir o domínio de alguma tecnologia
(GUIMARÃES, 2004).
Todo este cenário coloca as organizações em uma posição complexa onde atitudes passivas
podem significar redução de participação no mercado e até mesmo sua exclusão do mesmo.
Em função disto, gestores necessitam estar muito atentos a questões relacionadas à inovação
tecnológica. Não que isto seja por si só suficiente para um desempenho satisfatório, mas
admite-se que sua negligência constitui um potencial problema para alcançar um estágio de
competitividade.
3. A Gestão Estratégica da Inovação
Muito já se discutiu sobre a importância de interpretar a inovação e os investimentos em
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (P,D&I) como pontos fundamentais na capacidade de
competição das firmas ao longo do tempo. Itami e Numagami (1992) defenderam a interação
entre estratégia e tecnologia, a qual deve ser ponto central nas decisões estratégicas. Para os
autores são possíveis três perspectivas desta integração: i) a estratégia capitalizando a
tecnologia: a estratégia que a empresa gostaria de adotar e a tecnologia que ela possui. Aqui a
tecnologia pode agir sobre a estratégia como uma arma competitiva que a empresa pode
utilizar a seu favor; como algo a que ela deve se adaptar ou como uma ameaça da qual a
empresa deve se proteger e competir. ii) a estratégia cultivando a tecnologia: os efeitos de
estratégias correntes em tecnologias futuras. Aqui o esforço de desenvolvimento tecnológico
pode trazer para a empresa não somente armas competitivas efetivas no negócio corrente, mas
também uma profunda base tecnológica aplicada em outros negócios da empresa. iii) a
tecnologia orientando a estratégia: Têm-se os efeitos da tecnologia corrente nas estratégias
futuras. Esta perspectiva representa as tecnologias que a empresa possui no momento atual e
/ou o compromisso corrente da empresa para o desenvolvimento tecnológico, afetando no
processo cognitivo humano para a formação das estratégias pelo compartilhamento do
conhecimento nos diversos colaboradores ou pelo compartilhamento do entendimento e da
compreensão destas idéias emergentes que se constituirão em estratégias.
Durante muito tempo, a função tecnologia foi pouco relevante na estratégia competitiva das
empresas. Foi um período em que produzir certo e de maneira correta não era necessariamente
resultado de uma vantagem competitiva para a empresa. Com a demanda maior do que a
oferta, o maior desafio para as empresas era expandir a capacidade produtiva para atender a
um mercado crescente, e não precisamente produzir o que o mercado estava disposto a pagar.
Este panorama começa a reverter com mudanças mais céleres na regra de competição, a
globalização dos mercados, a formação dos blocos econômicos e a rapidez das inovações
tecnológicas, que demonstram cenários de alta mutação para as organizações. Conforme
Montbrial apud Vieira e Ohayon (2002), são novos desafios impostos pela crescente
complexidade do mundo sem fronteiras, uma vez que empresas e aglomerados intensivos em
tecnologia e conhecimento são essenciais para competirem frente a uma “nova economia”. E
a tecnologia é a interface entre a pesquisa e a aplicação prática da inovação que foi alcançada
e, assim, contém os procedimentos técnicos necessários para a alocação dos novos
conhecimentos científicos gerados na produção de bens ou aplicações pertinentes
(OLIVEIRA e ALÁRIO JR., 2000).
A ciência e a tecnologia hoje são resultados fundamentais para que organizações se
mantenham sempre competitivas em mercados mutantes e acirrados. “A tecnologia é voltada
4
para as necessidades e demandas do mercado, ao passo que a ciência busca, antes de tudo, o
conhecimento como um bem em si mesmo” (TAMBOSI, 2005). As indústrias que buscam
competitividade e diversificação nos seus produtos e serviços necessitam inovar, abrangendo
um grande investimento na aplicação do desenvolvimento tecnológico.
A inovação necessita de condições favoráveis, tais como crédito a um custo competitivo e
mercado com significativo poder aquisitivo e em expansão. O incentivo à inovação
tecnológica precisa ser reconhecido pelas empresas como um insumo imprescindível,
analogamente ao capital, a recursos humanos e a matérias-primas. Ela precisa ser difundida
como norma pela alta administração, fazendo parte do plano estratégico, estando em
consonância com as áreas de finanças, marketing e produção entre outras. Muitas empresas
não se conscientizaram da importância das atividades de P,D&I aplicada na melhoria da
produtividade e na competitividade. Toda inovação nas organizações encontra dificuldades
burocráticas. “Na verdade, só existem inovações quando existe o seu gerenciamento. A
tecnologia só é modificada num empreendimento qualquer quando existe o esforço
administrativo para tanto”, declarou Mañas (2001).
Um ponto central na discussão sobre competitividade organizacional reside nas decisões
gerenciais e do reconhecimento da importância de uma adequada gestão do processo inovador
como base para uma vantagem competitiva. Segundo Nonaka e Takeuchi (1995), a
competência para inovar depende muito da existência de mecanismos e procedimentos
desenvolvidos pelas firmas que possam garantir a sustentação de sua capacidade inovadora.
Em países desenvolvidos, os números de investimentos em P,D&I, registro de patentes,
alocação de pesquisadores no setor empresarial, dentre outros, não deixam dúvidas quanto
esta temática é importante sob o ponto de vista estratégico. Em países em desenvolvimento
como o Brasil isto não é necessariamente verdade, ainda que possa ser defendido pela maioria
dos empresários, porém, mais no plano teórico do que no nível prático.
Para Tambosi (2005; 1), “é necessário reconhecer que, apesar de todos os avanços, o modo
científico de pensar ainda está longe de ser universal. A tecnologia já conquistou os corações,
mas a ciência ainda não alcançou as mentes”. “Empresas não inovadoras desaparecem, ou
crescem a um ritmo mais lento e instaura-se um processo de destruição criadora”, comenta
Souza (1997; 181), no entanto, parte dos dirigentes destas empresas não percebe que os
investimentos em pesquisa, desenvolvimento e em inovação são geradores de negócios e é um
dos meios de garantir a competitividade no mercado.
Sob o ponto de vista específico do Brasil, segundo Silva e Melo (2001), um dos maiores
desafios para a incorporação de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) à agenda da
sociedade brasileira é exatamente de ordem institucional, isto porque, segundo eles, a inércia
é uma característica básica das instituições. Rodrigues, Barbosa e Gonçalves Neto (2004)
afirmaram que uma das limitações do sistema de C&T brasileiro sempre foi a baixa
contribuição do setor privado para o esforço P,D&I no país, conseqüência do modelo de
desenvolvimento industrial adotado no passado e da reduzida cultura empreendedora que
caracteriza nossa economia.
Algo diferente que ocorre em países desenvolvidos e que pode explicar parte de uma tímida
participação mundial do Brasil em P,D&I é a distancia entre a empresa e a universidade e
centros de pesquisa. No Brasil, reconhece-se que a empresa interage pouco com as
Universidades, principalmente as de menor porte econômico, por investirem pouco em
5
tecnologia, já as grandes empresas realizam pesquisas internamente e outras trazem
tecnologia de fora, portanto, há pouco conhecimento das empresas quanto à utilidade das
universidades, notadamente em sua capacidade de pesquisa.
Para Amaral (2003, 52), as universidades precisam “olhar a colaboração com a empresa com
menos dúvida e menos preconceito. E o empresário precisa ver na universidade um aliado,
respeitar os que estão na chamada pesquisa pura porque não existe pesquisa aplicada, porque
não se aplica o que não se tem, o que existe é ciência”. O principal papel da universidade é
produzir ciência. À medida que ela vai produzindo ciência, mais espaço ela estará criando
para a aplicação.
Sob o ponto de vista estratégico, pode-se considerar que a posição brasileira é frágil frente os
países desenvolvidos, mas o mais grave não é a distância absoluta medida, por exemplo, por
patentes requeridas. Talvez o mais grave seja esta postura do setor produtivo de querer que o
principal executor seja o governo, universidades e centro de pesquisa, quando se reconhece a
necessidade de tal processo se dar preferencialmente, como as experiências internacionais
exitosas, com expressiva participação da iniciativa privada.
Segundo Schwartzman (2002), mais de 90% dos doutores listados nos diretórios dos grupos
de pesquisas do CNPq eram vinculados às instituições universitárias. Para o autor, isto
“demonstra como os recursos humanos para a pesquisa se concentram em instituições
acadêmicas e em uns poucos institutos públicos, restando pouco ou quase nada para o setor
privado” (2002, p. 373). Sem dúvida, uma situação que merece uma reflexão e mudança de
postura do setor produtivo.
Esta situação das empresas não condiz com uma realidade complexa que hoje se apresenta.
Gestores precisam aderir a uma postura mais ativa e prospectora frente aos novos desafios da
inovação. Não se pode conceder um comportamento empresarial que está a reboque dos
avanços tecnológicos. De certo que se pode contestar que as condições brasileiras não são
adequadas quando comparadas com os concorrentes internacionais (juros mais baixos,
garantias menores, prazos maiores etc.) Mas isto não pode significar simplesmente se valer de
tecnologias obsoletas ou sem competitividade adequada.
A literatura oferece modelos que permitem uma classificação e comparação entre empresas no
que se refere a postura empresarial frente à inovação. Coutinho, Bomtempo e Weinberg
(2003) ofereceram um modelo evolutivo para firmas de países em desenvolvimento que
procura identificar a posição relativa da empresa no que tange a estratégia sobre a tecnologia e
inovação. As empresas são classificadas como pioneiras ou seguidoras, conforme o seu
estágio evolutivo. As pioneiras são aquelas que têm como foco estratégico a busca de
inovações radicais nas indústrias em que competem. As empresas seguidoras são aquelas que
têm como foco inovações incrementais, onde a imitação é estratégia foco.
As seguidoras dividem-se ainda em seguidoras rápidas e lentas e as seguidoras rápidas podem
ainda ser pró-ativas ou reativas. As seguidoras lentas caracterizam-se por se limitarem a
imitar ou comprar tecnologias disponíveis no mercado com raros investimentos em P,D&I.
Preferem usar de licenciamentos ou parcerias de diversos tipos para dispor das tecnologias de
que necessitam. Já as seguidoras pró-ativas inovam lançando produtos com vantagens
percebidas pelo cliente, ainda que adotem a mesma base tecnológica lançada por um pioneiro.
Tal inovação poderia se dar pela agregação de mais tecnologia, pela geração de produtos
6
modificados direcionados para atender nichos específicos de mercado, pelo uso de vantagens
competitivas próprias ou através de artifícios de marketing.
De certo que as empresas precisam buscar sempre uma postura que a coloquem em um nível
de vanguarda, como por exemplo, pioneiras no modelo anterior ou qualquer outra
nomenclatura de outro modelo que signifique uma atitude ativa e de vanguarda em seu setor
de atuação.
No que se refere à pequena empresa em geral, se reconhece a menor capacidade da empresa
de menor porte econômico quanto a acesso a recursos financeiros ou recursos humanos
especializados. Aliado a uma provável maior competitividade das grandes empresas, pode-se
inferir que os desafios para as empresas menores são mais complexos. Em específico a
P,D&I, isto também é uma realidade, mais ainda, dado geralmente os retornos incertos do
investimento em pesquisa e o ciclo longo de retorno, reconhece-se o grande desafio das
pequenas empresas quanto a uma gestão de P,D&I.
Para a pequena empresa, recai quase sempre sobre o gestor principal o dever de conduzir a
gestão de P,D&I, nesse sentido, as considerações sobre a temática é fundamental para sua
implantação efetiva nestas empresas. Langley e Truax (1994) propõem, um modelo do
processo de adoção de inovações que parte da existência de três sub-processos paralelos e
interativos: o processo de compromisso estratégico, o processo de escolha da tecnologia e o
processo de justificação financeira. O que foi investigado nesta pesquisa refere-se o primeiro
sub-processo deste modelo.
4. Metodologia
A natureza desta pesquisa é exploratória. A justificativa para isto deve-se ao reduzido
acúmulo de informações deste campo em específico para o Estado do Ceará, que notadamente
dispõe de poucas pesquisas de cunho acadêmico que tenham investigado o comportamento de
seus gestores quanto a P,D&I e sua vinculação com as estratégias desenvolvidas. Gil (1999)
afirmou que o estudo exploratório tem como finalidade desenvolver, esclarecer e modificar
conceitos e idéias, tendo a formulação dos problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis
para estudos posteriores, com o objetivo de proporcionar uma visão geral, do tipo
aproximativo, acerca de determinado fato. Como citado pelo autor, as informações aqui
encontradas irão subsidiar futuros estudos sobre o campo neste estado da federação.
Utilizou-se de uma análise quanti-qualitativa onde se procurou levantar além das práticas
desenvolvidas ao longo do tempo pelas empresas investigadas, também as expectativas de
ações futuras em relação ao tema. Dentre as informações levantadas cita-se: identificações dos
respondentes; ações de P,D&I desenvolvidas; estrutura formal desta atividade na empresa;
conhecimento e aplicação de legislação pertinente e expectativas estratégicas da P,D&I para a
empresa.
Embora sejam apresentadas algumas estatísticas descritivas, não é possível fazer
generalizações comuns nos estudos quantitativos, haja vista o número de respondentes do
questionário, mas como estudo exploratório, que subsidiará futuras pesquisas, seus resultados
são pertinentes. A junção de metodologia quantitativa e qualitativa já é comum na literatura e
sua parte qualitativa está em acordo com a predominância de método utilizados nos estudos
organizacionais.
7
Os dados foram levantados através da aplicação de um questionário estruturado que continha
perguntas fechadas e abertas. Para a análise dos dados valeu-se de análise estatística descritiva
simples e análise de conteúdo para as questões abertas.
O período de realização da pesquisa se deu entre agosto de 2004 e novembro de 2005, com a
fase de coleta de dados ocorrendo ao longo de julho e setembro. Em acordo com os objetivos
da pesquisa, um corte seccional já foi suficiente. Inicialmente aplicou-se um pré-teste com
executivos de quatro empresas no intuito de analisar a consistência e a pertinência das
perguntas, entendimento dos questionamentos pelos respondentes, tempo de aplicação etc.
Diante de pequenas alterações realizadas, foi aplicado o questionário em sua forma definitiva.
Os dados foram obtidos a partir de uma amostra por conveniência (não-probabilística). Foram
enviados questionários para 50 empresas (tendo um índice de resposta de 40%). Em seguida
foram realizados contatos telefônicos e pessoais para recebimento das informações. Uma
dificuldade da pesquisa foi o tempo de resposta dos solicitados em preencher o questionário,
fato já comum em pesquisas desta natureza. Para ampliar o número de recebimento dos
questionários enviados, estes foram coletados por um dos autores tanto de forma presencial
como de forma eletrônica, através de recebimento pela internet.
Procurou-se utilizar de respondentes de diferentes ramos empresariais para conseguir maior
representatividade dos dados obtidos. A amostra final foi composta por empresas implantadas
no Estado do Ceará, do segmento industrial, de diferentes segmentos como têxtil, confecção,
metalúrgico, mineração e calçados. Os respondentes foram seus representantes principais haja
vista o objetivo da pesquisa de investigar o comportamento estratégico das empresas e para
tal, necessitar inquirir as pessoas responsáveis por estas empresas. Um total de 20 empresas
participou da pesquisa, todas instaladas na Região Metropolitana de Fortaleza.
5. Análise Empírica
Inicialmente fez-se uma identificação dos respondentes, nesse sentido os aspectos vistos
foram: tempo de existência; tempo de atuação dos dirigentes; natureza jurídica; atuação
internacional e número de colaboradores. No que diz respeito à caracterização dos
respondentes, o tempo de existência das 20 empresas no mercado distribui-se assim: 8
empresas existem há mais de 15 anos, 7 delas estão entre 5 até 10 anos de existência, 4
empresas tem até 5 anos e 1 empresa atua no intervalo 10 até 15 anos. O tempo de atuação
dos dirigentes principais tem como principal categoria mais de 15 anos de experiência. A
maior parte trata-se de empresa LTDA (13 respondentes), com 07 empresas classificadas
como Sociedade Anônima (S/A). Destas 20 empresas, 05 são exportadoras e 15 não possuiam
comércio internacional na época da pesquisa. Quanto ao numero de funcionários, considerouse pequena empresa aquela que possuía até 99 empregados e média empresa, aquela com até
499 empregados. Dentre os respondentes, 13 classificaram-se como pequena empresa e 07
delas foram classificadas como média empresa.
Quanto aos dirigentes principais das respondentes (19 respostas válidas) o nível de instrução
constatado foi de 12 empresários que possuem nível superior completo; 05 empresários têm
nível superior incompleto; 01 respondente possuía nível de pós-graduação 01 possuía o nível
médio. O predomínio do gênero desses dirigentes é o sexo masculino (17 dirigentes).
Procurou-se identificar o grau de formalização na estrutura organizacional do setor de P,D&I,
tal fato justifica-se pelo entendimento que a formalização e a vinculação hierárquica do setor
8
é um forte indício de sua valorização na cultura da organização respondente. Aqui já se
observa situação indesejada visto que, 12 empresas afirmaram não possuir um setor
formalizado de pesquisa, mesmo que seja considerado um setor com pouca estrutura. Das
empresas que possuem uma formalização, 05 delas vinculam o setor de P,D&I à diretoria
empresarial, 02 empresas vinculam a subordinação ao nível presidencial e em uma delas está
ligada ao nível gerencial. Observa-se uma realidade não condizente com os desafios e as
práticas organizacionais requeridas atualmente, conforme já comentado. A maioria dos
respondentes se quer possui setores de P,D&I, o que mostra um certo grau de amadorismo e
mesmo de negligência sobre a pesquisa e inovação em tais organizações.
Outro ponto investigado diz respeito ao conhecimento de benefícios da legislação específica
do tema por parte das organizações. Esta variável também pode ser um indicativo do interesse
dos participantes em tentar conhecer e usufruir de possíveis instrumentos legais que
permitiriam uma gestão mais adequada desta seara. Aqui também se pode observar um fator
preocupante, pois, de 19 questionários respondidos, 09 deles declararam que simplesmente
não conhecem qualquer legislação relacionada com esta temática, enquanto 10 empresas
reconhecem a existência de uma legislação.
Ainda com o reconhecimento, quase a totalidade não se utiliza de tais mecanismos de apoio à
pesquisa e inovação. Das 19 respostas válidas, 18 delas disseram não se utilizar de qualquer
benefício legal de pesquisa, sendo que apenas uma empresa é beneficiada com a utilização de
um programa federal, o PADCT (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico). Registra-se ainda que nenhuma das empresas utiliza os programas presentes na
legislação estadual de apoio a Pesquisa e Desenvolvimento, que também poderia contribuir
para uma melhor gestão da inovação destas empresas.
Outro fator que pode refletir diretamente o comprometimento com a P,D&I é a aplicação de
recursos próprios. Aqui mais uma vez o que se pôde observar entre os respondentes foi um
resultado não tão adequado quando comparado com outras realidades relatadas na literatura.
Neste quesito, apenas quatro empresas aplicam recursos próprios em pesquisa.
Mais grave foi a situação constatada que a maior parte dos respondentes não designa recursos
por não considerarem relevante tal prática. Isto demonstra um grande distanciamento das
práticas empresariais destes respondentes com as demandas indicadas nos referenciais
teóricos deste tema.
Outro fator investigado referiu-se ao reconhecimento da P,D&I como fator estratégico. Aqui
também a literatura expressa a importância que tal prática traz para que a inovação seja algo
fundamental para os objetivos estratégicos organizacionais. Mas mesmo que isto pareça claro,
o que se pôde constatar é que a maioria também não considera esta prática relevante, visto que
apenas sete respondentes destacaram a prática da pesquisa com estreita correlação com suas
ações empresariais.
Estes dados são preocupantes sob o ponto de vista estratégico, no que diz respeito à
participação da P,D&I não ser considerada relevante para as grandes ações destas empresas.
Fato refletido também quando apenas cinco das empresas respondentes declararam que
utilizam de tecnologias advindas de tecnologia de domínio próprio. Como salientado no
referencial teórico, a competitividade está cada vez mais atrelada com produtos e processos
inovadores, e quando visto um conjunto de empresas que não considera esta prática
9
importante, fica-se a preocupação da posição competitiva e mesmo a sobrevivência das
mesmas.
Esta posição está refletida em mais uma variável aqui investigada, a que trata da destinação de
parte do orçamento empresarial para a P,D&I. A tônica principal é simplesmente a total
ausência de destinação orçamentária para este fim por 14 das 20 respondentes. Tendo-se
apenas seis delas com esta prática, o que vem mais uma vez enfatizar uma situação delicada
das empresas respondentes instaladas no Estado do Ceará, ainda que tais resultados não sejam
generalizáveis.
Uma última variável de investigação diz respeito à atuação em rede destas organizações para
ações de P,D&I. Reconhece-se hoje a importância que tal prática exerce sobre a
competitividade de muitas organizações, não só na pesquisa em si, mas também em muitos
outros setores que a literatura esclarece mas que não é o foco desta pesquisa. Mas ainda
quando existe uma propagada importância de uma atuação em rede em P,D&I no alcance da
competitividade. Mais uma vez os resultados se mostraram distantes do que é reconhecido
como adequado pela literatura. Dos vinte respondentes, apenas quatro assinalaram algum tipo
de parceria formal e oito delas responderam possuir apenas práticas informais de parceria, o
que permite inferir que são ações pontuais e sem qualquer elemento estratégico, haja vista que
ocorrem apenas no nível informal.
Um tipo específico de parceria é aquela realizada com universidades e centro de pesquisa,
visto estes serem locais especializados e que seriam um caminho natural para a existência de
parcerias desta natureza. Mais uma vez os resultados podem ser considerados críticos. Apenas
três empresas entre os respondentes registraram parcerias formalizadas com universidades
para o desenvolvimento de alguma P,D&I e ainda assim, relatados como em estágios
embrionários, o que não pode ser considerado um número adequado quando comparado ainda
com práticas internacionais.
6. Considerações Finais
Este artigo relata uma investigação sobre as ações dos dirigentes principais de indústrias
instaladas no Estado do Ceará quanto à inovação, pesquisa e desenvolvimento. A questãochave investigada foi se as empresas se comportariam de acordo com o preceituado na
literatura. Basicamente se buscou saber: está disseminado no meio empresarial a importância
da P,D&I, tanto do ponto de vista do reconhecimento como do ponto de vista da aplicação
prática? O que é preceituado na literatura é percebido pelos gestores organizacionais? Esses
gestores incorporam as teorias da inovação em suas práticas? O quanto a inovação ocupa hoje
lugar privilegiado nas estratégias empresariais?
Os resultados corroboraram com algo que não é apenas visto neste setor em específico. De
forma geral, há uma constatação que existe um grande distanciamento entre as teoria e
modelos disseminados na academia e aquilo que é observado no mundo prático das
organizações. Mais uma vez, fazer esta ponte entre estes dois mundos é um grande desafio a
ser vencido.
Os resultados aqui encontrados, ainda que em um número não representativo do universo
empresarial cearense sob o ponto de vista quantitativo, são representativos se for levado em
consideração uma visão qualitativa e indicam uma situação desconexa com o verificado na
10
literatura em geral. Isto é reforçado ainda mais pela condição de que entre os respondentes há
empresas de vários setores empresariais.
Pode-se admitir, por uma extrapolação, que a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação não são
reconhecidos, de uma forma em geral, como questões estratégicas entre grande parte das
empresas industriais cearenses. Os resultados colhidos permite admitir que as práticas
empresariais não incorporaram ainda, a necessidade de colocar a inovação como fator chave
da competitividade empresarial. Isto de certa forma não deixa de ser realidade no nível
nacional, conforme demonstra pesquisa da Associação Nacional de Pesquisa,
Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (ANPEI, 2004).
Nota-se que o distanciamento entre a prática das empresas industriais instaladas no Ceará
respondentes da pesquisa, com o preceituado na literatura, não está concentrado em um ou
poucos itens do que foi pesquisado, mas tal discrepância percorre praticamente em todos os
quesitos investigados. Isto é particularmente preocupante quando se reconhece
internacionalmente o papel estratégico da P,D&I.
Ainda que a pesquisa não tenha partido de hipóteses, um resultado não condizente com as
práticas empresariais internacionais vitoriosas já era esperado pelo pouco destaque do Estado
do Ceará nas estatísticas brasileiras de patentes, como já constatado por Albuquerque et all
(2002). Mesmo assim, o quanto os resultados apresentados destoam de maneira geral das
práticas indicadas na literatura foi motivo de destaque. É sabido que o setor empresarial
brasileiro não coloca em geral a pesquisa como uma prioridade, novamente quando
comparado com países industrializados. Reconhece-se que há uma falta de cultura para a
pesquisa no âmbito das empresas privadas. Definitivamente, não basta apenas ter estruturas
compatíveis com práticas inovadoras, é preciso que uma cultura inovadora esteja presente não
só na cúpula, mas em todas as áreas organizacionais.
Exemplo neste sentido é o relacionamento com a universidade, onde os resultados indicam
uma “distância” das empresas pesquisadas com este segmento, reconhecido pela sua
capacidade de pesquisa. Quando práticas internacionais de paises desenvolvidos demonstram
uma forte parceira da academia com o setor produtivo na geração de conhecimento, de certo
que se pode defender que estas práticas devem ser encorajadas e disseminadas. Infelizmente
tal situação não foi aqui encontrada e parece também ser a tônica em outras regiões do país
como já reconhecido. Urge que os gestores empresariais passem a assimilar que este é um
caminho já testado com sucesso no exterior e que os resultados positivos para a realidade
brasileira são bastante prováveis. Isso por si só já deveria ser suficiente para uma modificação
de tal quadro.
Sem ter a intenção de ser um relato prescritivo, os resultados aqui encontrados indicam que os
gestores cearenses deveriam reexaminar suas práticas em P,D&I como um caminho natural
para a competitividade. Ainda que alguns exemplos positivos fossem citados, o que
prevaleceu foi um cenário onde se negligencia a pesquisa e o desenvolvimento, fato
preocupante para uma realidade de concorrência elevada como prevalece hoje. Estes
resultados indicam uma necessidade, no mínimo, de mudança de postura gerencial e
estratégica destas organizações, se querem assumir um lugar de destaque no mercado.
Usando-se o modelo já comentado de Coutinho, Bomtempo e Weinberg (2003), as empresas
respondentes da pesquisa seriam classificadas como “seguidoras lentas”, que se caracterizam
por se limitarem a imitar ou comprar tecnologias disponíveis no mercado com raros
11
investimentos em P,D&I, ou seja, algo reconhecidamente deficitário do ponto de vista
estratégico.
Diante do consenso da importância de uma gestão da P,D&I com as ações estratégicas
empresariais, estes resultados, que podem estar se repetindo em outras regiões do país, são, no
mínimo, preocupantes e devem ser debatidos no intuito de se buscar meios, tanto na academia
quanto no setor empresarial, para que tais práticas sejam imediatamente modificadas em um
curto espaço de tempo e que o Brasil de forma geral venha a assumir um lugar de maior
destaque no competitivo cenário internacional.
Ainda que não se possa identificar uma relação direta de causa e efeito entre uma gestão
inadequada de P,D&I e a perda de competitividade empresarial, esta prática não deve ser
negligenciada. As conseqüências para o conjunto destas empresas pesquisadas podem ser
significativamente negativas e seria válido, diante das comparações com experiências
internacionais, que tais práticas fossem modificadas de forma célere, para contribuir no
alcance de níveis crescentes de competência organizacional que a competitividade
internacional impõe aos diversos atores empresariais. Ainda assim, novos e maiores estudos
desta natureza devem ser realizados para confrontar com os resultados aqui encontrados,
como a explicação dos reais motivos desta prática e quais caminhos possíveis para a mudança
desta realidade.
Referências Bibliográficas
ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas
Inovadoras. Como alavancar a inovação tecnológica nas empresas. São Paulo, 2004.
Disponível em: <http://www.anpei.org.br/download/estudo_fundo_anpei.pdf>
ALBUQUERQUE, E. da M.; SIMÕES, R.; BAESSA, A.; CAMPOLINA, B.; SILVA, L. A
Distribuição Espacial da Produção Científica e Tecnológica Brasileira: uma Descrição de
Estatísticas de Produção Local de Patentes e Artigos Científicos. Revista Brasileira de
Inovação v. 1, n. 2, Jul./Dez, 2002.
AMARAL, R. Ciência e Tecnologia: desenvolvimento e inclusão social. Brasília: UNESCO,
Ministério da Ciência e Tecnologia, 2003.
COUTINHO, P. L., BOMTEMPO, J. V., WEINBERG, G. New Typology for the Strategic Technological Positioning of Firms in Developing Countries. In: The 12th International
Conference on Management of Technology, Nancy, França, maio, 2003.
CRAVEIRO, A. M. Empresas esperam que a política de Inovação Tecnológica possa ser
definida
na
nova
gestão
à
frente
do
MCT.
Disponível
em:
<http://www.anpei.org.br/MostraArtigo> Acesso em: Jul. /2004.
ENRÍQUEZ, G.; COSTA, J. G. C. Sistemas Locais de Inovação Tecnológica, Incubadoras de
empresas
e
Desenvolvimento
da
Indústria
no
Pará.
Disponível
em:
http://www.desenvolvimento.gov.br/arquivo/sti/publicacoes>. Acesso em: jan. /2005.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: ATLAS, 1999.
GUIMARÃES, F. C. de M. S. A Política de Incentivo à Inovação. Disponível em:
<http://www.mct.gov.br/cee/revista/Parcerias9/12revistas9Fine.PDF>. Acesso em: Jul. /2004.
HASEGAWA, M.; FURTADO, A. T. Em direção a um modelo de criação e circulação do
conhecimento com redes de inovação. In: Encontro da ANPAD, 25., Anais... 2001.
ITAMI, H.; NUMAGAMI, T. Dynamic interaction between strategy and technology.
Strategic Management Journal, v. 13, p. 119-135, Winter. 1992.
LANGLEY, A., TRUAX, J. A Process Study of New Technology Adoption in Smaller
Manufacturing Firms. Journal of Management Studies, v. 31, n. 5, September, 1994.
12
MAÑAS, A. V. Gestão de Tecnologia e Inovação. São Paulo: Ética, 2001.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. The Knowledge-Creating Company, New York: Oxford
University Press, 1995.
OLIVEIRA, N. B. de; ALÁRIO JR., D. A Inovação Tecnológica e a Indústria Nacional.
Disponível em:<http://www.mct.gov.br/CEE/revista/rev08.htm>. Acesso em: 28/11/2004.
RODRIGUES, M. E.; BARBOSA, J. G. P.; GONÇALVES NETO, C.. O Sistema de
Inovação Brasileiro após 1990. In: Encontro da ANPAD, 28, Anais... 2004.
SANTOS, M. C. A. dos. A Competitividade e a Cadeia de Agregação de Valor. São Paulo:
Caderno de Pesquisas em Administração. v.1, n. 2, 1º Sem. / 1996.
SCHWARTZMAN, S. A pesquisa Científica e o Interesse Público. Revista Brasileira de
Inovação. v. 1, n. 2, Jul-Dez, 2002.
SCHUMPETER, J. A. A Teoria do Desenvolvimento Econômico: uma Investigação sobre
lucros, capitais, juro e o ciclo econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982.
SILVA, C. G. da; MELO, L. C. P. de (Coordenação). Ciência, Tecnologia e Inovação:
Desafio para a Sociedade Brasileira – Livro Verde. Brasília: Ministério da Ciência e
Tecnologia/Academia Brasileira de Ciências. 2001.
SOUZA, N. de J. Desenvolvimento Econômico. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
TAMBOSI, O. O Desafio de gerar, aplicar e divulgar o Conhecimento Cientifico. Disponível
em: <http://www.mct.gov.br/arquivo/sti/publicacoes>. Acesso em: Abr. / 2005.
TEECE, D. J.; PISANO, G. e SHUEN, A. Dynamic capabilities and strategic management.
Strategic Management Journal, v. 18, n. 7, p. 509-533, 1997.
VIEIRA, V. M. da M.; OHAYON, P. Novas Tendências Organizativas das Atividades de
P,D&I: as Redes de Inovação Tecnológica. In: Encontro da ANPAD, 26., Anais... 2002.
13
Download

1 Gestão da Inovação em Empresas Cearenses: O Quanto